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É um tanto quanto complicado – O submundo & os Halflings

Existem tduas subespécies de Halflings, aquelas criaturinhas menores que os anões e mais
sortudas do que um trevo de quatro folhas, porém todas elas têm uma coisa em comum: você
nunca entende muito do está sendo dito, ainda mais se for um pés-leves falando. A língua dos
halflings é um amalgama de coisas, não é élfico, não é língua comum e nem mesmo Erin, bem, é
apenas halfling – o que quer dizer que é tudo isso, ao mesmo tempo e falado extremamente
rápido. Mas não se engane, isso é ótimo, especialmente para os negócios.
Quando falamos de Halflings estamos falando, na maior parte do tempo, de pés-leves.
Eles são pequenos, em média 1 metro, astutos e sortudos, curiosos, extrovertidos (ainda que cheio
de segredos) e, sobretudo, desapegados da terra. O que isso quer dizer? Quer dizer que eles nunca
passam muito tempo no mesmo, vivem de acampamento em acampamento. Mesmo aqueles que
se fixam de forma mais permanente viajarão mais do que o mais desapegado dos humanos. Em
verdade, existem Hins1 fazendeiros e que tem uma pacata vida “parada”, estes usualmente são
Hins coração-forte2 ou descendentes de famílias mistas, contudo a vontade de viajar e conhecer o
mundo jamais os abandona completamente.
Também quer dizer que eles não tem registro, não tem endereço e nem uma obediência
em especial para com os reinos e governos locais. A lealdade de um halfling é para com a
família3, para com seu clã, o que não quer dizer que eles não aprendam e nem se adaptem aos
costumes e hábitos daqueles que o cercam (na verdade, eles fazem isso muito bem).
Presentes em todo o continente, principalmente nas grandes cidades das outras raças, eles
costumam viajar em caravanas (em barcos ou vagões), comumente compostas por várias famílias
e clãs, ou em grupos menores. O intercambio de membros entre as caravanas é bastante comum.

1 Hin é como os halflings costumam se chamar.


2 Essa subespécie costuma ser um pouco mais baixa e entrocada que os pés-leves. Podemos dizer
que os corações-fortes se assemelham mais aos anões e os pés-leves aos elfos (conforme alguns
sábios de foi o que de fato ocorreu após a diáspora do povo de sua terra natal) mas isto é mais para
termos de compreensão. Halflings costumam ser bons cultivadores de flores e ervas (especialmente
das flores e ervas que costumam ser utilizadas como preparado para cachimbos). Erva-de-fumo
halfling costuma ser o nome coletivo dessas misturas.
3 Em termos religiosos os Hin não diferem muito dos humanos e de outros humanoides, inclusive é
prática comum os halflings adorarem mais fervorosamente os deuses mais populares da região onde
habitam. A deusa Yollana é considera sua padroeira, considerada a matriarca do panteão da raça ela
é adorada por outras raças. Todos os halflings estão sujeitos a “Lei Hin”, que pode ser descrita como
um conjunto de práticas morais, religiosas e comunitárias que surpassam as demais crenças
religiosas e as leis seculares, a Lei define os taboos, algumas práticas rituais e certas crenças
essenciais.
Excelentes artesões e comerciantes, eles costumam se envolver rapidamente na vida das
comunidades que os cercam, tanto em atividades lícitas, afinal eles são ótimos trabalhadores,
como em atividades não tão honestas assim.
Porto Duque, por ser um entreposto comercial e uma das cidades mais cosmopolitas da
costa do Mar de Ferro, costuma sempre ter uma grande comunidade de halflings, seja nos
acampamentos, no Distrito do Porto ou mesmo nos bairros do Distrito Ribeirinho. Algumas
famílias se estabeleceram na cidade de forma permanente (em termos halflings, bem seja dito)
como os Bomcompanheiros, os Cachimbolongos e os Forteventos. A prosperidade dessas
famílias, que logo se tornaram clãs com várias famílias sobre sua tutela, torna a cidade
especialmente atraente para as caravanas. Lá eles podem se reagrupar, encher a barriga e, quiça,
até os bolsos. O fato rendeu a Porto Duque o apelido de Ducado Hin entre o povo pequeno.
Os três clãs cuidam de muitas atividades e fazem parte de economia formal e informal da
cidade. Os Bomcompanheiros se especializaram no comércio (e contrabando) de joias e pedras
preciosas4, além de trabalharem com importação de insumos raros e exportação (e contrabando,
novamente) de itens manufaturados igualmente raros, dado essa atividade de grande risco, a
família acumulou uma grande quantidade de capital e são conhecidos como os banqueiros dos
Hins (e como os pequenos agiotas pelos demais). Eles são a cabeça da organização Hin da
cidade, sendo também o grupo mais truculento e que não tem problema em contratar guarda-
costas de outras raças para sua defesa ou para o malefício de outros. Ocupam especialmente os
bairros que compões o Distrito Portuário.
Os Cachimboslongos cuidam da importação e comercialização de produtos agrícolas e
artesanais. O principal item de venda é a erva-de-fumo e o vinho d’ouro, para isso eles se valem
da vasta rede de caravanas, dos barcos Hins e das excelentes fazendas de fumo da raça. Além
disso, eles tem um bom envolvimento com os artesãos da cidade, especialmente com marceneiros
e costureiros e com as organizações políticas das guildas obreiras. Com isto nunca faltam
trabalhos para os Hin habilidosos e nem oportunidades para uma boa e velha pressão sindical
(greves, extorsão e demais práticas como controle de preços são a especialidade deles). São o
segundo maior clã que atua em Porto Duque e costumam se cercar das proteções institucionais da
cidade.

4 Isso se deu ao bom contato deles com diversas comunidades de anões e gnomos, que preferem
negociar diretamente com eles do que com raças maiores e potencialmente mais perigosas.
Os Forteventos ocupam os bairros que compõe o Distrito Ribeirinho. Está é uma dos clãs
de Hin que gostam mais da proa de um barco do que da terra firme, amantes dos rios e dos
pântanos, eles compõe o grosso da população halfling na cidade. Trabalhadores honestos, hábeis
artesãos (suas cordas são as melhores de toda a região) e bons navegadores eles fornecem suas
habilidades para toda cidade e atuam como os músculos e olhos das operações das outras
famílias. A maioria das caravanas que chega na cidade entra em contato com os outro clãs por
intermédio deles (apesar de parentes não faz mal tirar uma casquinha pela ajuda, dizem eles), por
isso podemos dizer que são um dos grupos mais bem informados da cidade.
O leitor pode se perguntar como um grupo de foras da lei desta estirpe pode estar a solta,
ou mesmo como seres tão pequenos e “inofensivos” podem ter um papel no submundo, contudo
essas perguntas são frutos de um olhar enviesado para com os Hin. Imagine-se tendo apenas um
metro de altura e uma constituição franzina, você não tem nem o número nem a força dos
humanos, não tem a resiliência dos anões nem o intelecto dos elfos. Tudo que você tem a sua
disposição são pés ligeiros, um olhar aguçado, muita esperteza, um pouco de sorte e o principal:
sua família.
Viver assim é um desafio que os halflings continuam a superar. Estes pequeninos estão
presentes em todo mundo e não é por sorte, mas sim por suas qualidades, por sua valentia, por
sua lealdade familiar e por seu forte senso de união, que fazem com que permaneçam unidos e
sempre dispostos a ajudar uns aos outros, afinal são eles contra o mundo, e não se engane, eles
utilizaram tudo que tem para perseverar (e, se possível, para ter um pouco de conforto).
Seu envolvimento com atividades escusas não se devem a uma tendência da raça pra o
mau, mas sim ao senso de autopreservação – quando uma família ou o clã vai bem ela pode
ajudar todas as demais a superarem seus obstáculos, assim Hins unidos são Hins fortes. As regras
de outros povos, portanto, podem, e por vezes devem, ser relativizadas para o bem do povo e a
felicidade geral dos halflings. Além disso, suas habilidades os tornam úteis ao ecossistema
econômico e político das cidades onde se assentam, o que gera um certo grau de tolerância para
com eles e suas atividades mais “cinzentas”.
Apesar das dificuldades e dos caminhos que este povo tem que trilhar, nem tudo são
pedras, os halflings são um povo alegre e acolhedor, que admira o belo e aprecia os prazeres
simples da vida – sempre estão dispostos a tomar um bom vinho (especialmente se for um vinho
d’ouro5), a comer uma boa refeição cheia de queijos de boa qualidade e pão fresco, a cantar,
dançar e festejar.

Background

A noite estava quieta e tranquila, mesmo dentro dos muros de Porto Duque. Os barcos
Nin, atracados a pequena doca, balançavam suavemente, ajudando a embalar o sono das crianças.
Apenas três botes da caravana dos Arroiomanso havia conseguido atravessar os muros antes de
subirem as correntes no poente, os que ficaram para trás resolveram unir-se aos Pesdágua nos
arredores da cidade e fazer um banquete, como apenas os halflings sabem fazer, e comemorar o
noivado de Mêrrian e Kezia. No dia seguinte haveria uma reunião das famílias halflings da
cidade, o conselho trataria sobre questões de justiça, finanças e, o mais importante, sobre as
festividades em homenagem a mãe Yollana.
Naquele ano os Arroiomanso haviam sido os responsáveis por trazer em romaria a estátua
da deusa até Porto Duque. O ancião responsável por resguardar a estátua e conduzir os ritos, era o
velho Queline (seu tio por parte de mãe) e ele gostava de chegar sempre mais cedo para
confraternizar com os outros anciãos dos Fortevento (o que queria dizer jogar carteado enquanto
embebedavam-se de vinho d’ouro). No dia anterior você tinha, junto com seus primos, amarrado
junto os três barcos dos Bombarril como vingança contra o velho Perri (ele tinha dado uma surra
por ter pego vocês roubando os bolos de fruta que a velha Cora estava preparando para as
festividades da deusa) – dado que você cometeu um pecado grave, fora pego com a mão na
massa, ficou de castigo tendo que auxiliar o velho Queline enquanto seus amigos, irmãos, primos
e pais, ficaram para a festa de noivado.
Quando Ne’Shala rompeu o céu e atacou Brandeleone e Porto Duque, você ficou a salvo
graças aos magos e seu poderoso feitiço, contudo, a maioria de seus parentes não teve a mesma
sorte. Você era uma alegre criança, cheia de amigos e parentes, sempre a viajar e observar a
beleza e alegria do mundo e agora perdera tudo que considerava mais importante. Graças aos
deuses você ainda tinha familiares na cidade, o velho Queline tomou a responsabilidade de

5 O vinho d’ouro é um vinho natural e encorpado de sabor doce e forte que é produzido pelos halflings
da região de Douro, sobre tudo na Vila Nova de Yollana e Pinheiro Velho, onde fica armazenado nas
cavernas sob a colina.
terminar de criar você e alguns outros órfãos (para isso ele estabeleceu-se na cidade com ajuda
dos Fortevento).
Apesar de não ter ficado desamparo, sua criação, assim como a dos outros garotos, foi
mais desordenada do que o normal e logo cedo você se viu envolvido no lado cinzento das
atividades dos Hins. Com pés e ligeiros e mãos suaves (até mesmo para um halfling) você se
destacou por sua habilidade em performar truque de mãos, jogos de enganação e aposta, e em
frutar bolsos de turistas distraídos, em pouco tempo você já chamava atenção dos
Bomcompanheiros que, para o desespero do velho Queline, o apadrinharam.
Você passou a atuar em furtos de residência, contrabando e eventuais extorsões e assim
foi galgando a confiança dos anciãos (especialmente de Fernão “o Duque” Bomcompanheiro, o
segundo Hin mais importante da família). Apesar de não ocupar um lugar muito importante na
organização você é considerado um homem de confiança, por está razão Fernão o enviou como
embaixador para fechar negócios com a gangue dos Bandanas Vermelhas (grupo que tomara
certa proeminência no submundo e que tem sede em Algueirão (Algueirão de Karruk) – o líder
do grupo é o misterioso Glasstaf).
O objetivo de Fernão como os bandidos ia além de uma simples negociação, você fora
enviado para sondar se eles sabiam algo sobre a lendária mina de mirthil (uma obsessão pessoal
de Fernão). Quando eles desconfiaram de seus interesses as negociações foram interrompidos e
eles preparam uma emboscada para você e seus companheiros (mais dois halflings, Eldon e
Roscoe, e dois humanos que serviam de guarda-costas, Carl e Danton) e acabaram por matar
todos, você escapou por muito pouco. O grupo ainda quer sua cabeça mas eles entenderão o
significado da frase: amarga como a vingança de um Hin6.
Personalidade
A vida foi dura com você, logo cedo ficou órfão e teve que conviver com a dor de não ter
mais seus pais e nem a companhia dos rios e das estradas. Rapidamente você aprendeu a defender
os seus, o que se intensificou quando os meninos que cresceram com você o colocaram no lugar
de líder e “modelo”, isso o tornou leal e confiável (para quem merece). Apesar dessa
6 Existe uma famosa lenda sobre um fantástico cozinheiro halfling que após ser humilhado e maltratado
por seus patrões, os reis de um pequeno reino, passou anos preparando sua viangança. Enquanto
ele trabalhava fielmente ele maquinava a hora de se vingar, quando ele ficou encarregado de
preparar o casamento da filha do soberano ele logo tratou de colocar uma poção para dormir na
comida e no poço do castelo, quando todos os convidados estavam no mais profundo sono ele e o
grupo de saltimbancos (também Hins) que animavam a festa trataram de assassinar todos os
convidados. O único que escapou vivo foi um senhor que tinha achado tudo muito amargo naquele
lugar comida e resolveu não se deliciar, dai origina-se a frase: amarga como a vingança de um Hin.
responsabilidade e do peso da morte da caravana você é um jovem alegre e gosta de festejar,
tocar seu bandolim e deseja ver o mundo por si próprio, descobrir os segredos que o mundo
guarda, afinal você foi apartado das viagens muito cedo.
Você faz o que lhe parece melhor na hora, tem um código de conduta muito pessoal e
obviamente se arrepende de algumas atitudes passadas, mas, pessoalmente, você não tem
interesse (e nem acredita que seja possível) em tornar o mundo um lugar melhor, também não
tem interesse em torná-lo pior e nem em causar sofrimento desnecessário.
Principais Relações:
 Queline – seu tio e pai adotivo, um idoso Hin que é um fervoroso devoto dos deuses e
tentou criar você e seus irmãos na linha. Ele não o recrimina por seu caminho de vida mas
está longe de estar orgulhoso.
 Fernão, o Duque – esse Hin de meia idade é um dos líderes dos Bomcompanheiros, apesar
de já estar na meia idade ele é um dos halflings mais fortes que você já viu. Ele é sério e
parece sempre estar preocupado, sempre com um cachimbo aceso, e é duro com quem
desvia da linha. Faz de tudo par manter os negócios seguros e fluindo (ele que teve a ideia
de envolver a família no negócio no tráfico de joias e insumos arcanos).
 Finn – Seu melhor amigo de infância e irmão adotivo, ele sempre foi mais responsável do
que você e sempre lhe ajudou com todos os problemas, ele é quem sempre lhe coloca de
volta nos trilhos (ele era o líder dos meninos mais cedo resolveu abandonar o posto e você
assumiu no lugar dele), ele também não está contente com o rumo que você tomou na
vida. Ele já é um pai de família e é um excelente marceneiro, gosta de contar piadas
bestas e de pescar.
 Brock, o Cegueta – um dos seus contatos mais próximos entre os povos grandes. Não da
bem para chamá-lo de amigo – Brock é um salafrário de marca maior e passa a perna em
qualquer um por qualquer motivo (as vezes basta ser uma boa história). Apesar disso o
desgraçado lhe ensinou muito da “profissão”, coisas como: arrombar fechaduras, os
melhores truques com moedas, o melhor lugar para esfaquear alguém pelas costas e toda a
ciência da invasão domiciliar e da ética profissional. Boatos correm que ele perdeu o olho
quando tentou a sorte como aventureiro, outros dizem que foi por conta de dívidas,
ninguém sabe ao certo. Ele já está com seus 50 anos, adora andar maltrapilho e usa um
tapa-olho de couro, apesar de não ser confiável ele é um dos melhores no que faz.

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