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AEROPORTUÁRIOS
Rio de Janeiro
Setembro de 2016
MÉTODOS DE REPAROS DE FISSURAS EM PAVIMENTOS RÍGIDOS EM SÍTIOS
AEROPORTUÁRIOS
Examinada por:
________________________________
___________________________________
___________________________________
SETEMBRO de 2016
ii
Vitória, Pedro Ivo Saraiva Vitória
iii
"Não tema o futuro nem idolatre o passado. O insucesso é apenas uma oportunidade de
começar de novo com mais inteligência. O passado só nos serve para mostrar nossas
falhas e fornecer indicações para o progresso no futuro".
Henry Ford
iv
Agradecimentos
Em primeiro lugar gostaria de agradecer a toda a minha família, em especial ao meu pai
Luiz Cassiano, minha mãe Márcia de Fátima e ao meu irmão Mauro Carvalho, pelo apoio, amor,
carinho, fé e ensinamentos durante toda a minha vida e principalmente durante a faculdade,
além de terem me proporcionado a chance de estudar e conviver nos melhores lugares possíveis
para minha formação como pessoa.
À minha namorada, Laís Araujo, por esses 10 anos de companheirismo, entrega e amor,
que nos fizeram passar pelo ensino médio, vestibular e graduação juntos sempre apoiando um ao
outro e estando presente sempre que o outro precisava. Obrigado por ter me transformado no
homem que sou hoje.
À minha sogra, Lúcia Deborah, minha cunhada, Luísa, e meu cunhado Leonardo, por terem
me recebido tão bem desde o início do namoro e já há algum tempo posso dizer que são minha
família e meu porto seguro, sempre que preciso tenho uma segunda mãe, uma irmã que nunca
tive e um segundo irmão.
Aos meus amigos mais antigos, Adolfo, Ilitch, Matheus, Rudy, Taranto, Thiago e Zé Mário
por esses anos, com nossas brigas, brincadeiras e amizade acima de tudo fizeram de todos os
homens que somos hoje.
A todos os meus amigos da faculdade do Ex-Amigo, Leo, Eduardo, Fraiha, Matheus Baptista,
Roland, Romualdo, Bronze, Guilherme, Henrique, Giuliano, Garcia, Camilo, Caio, Rotava e Nathan.
À Paula Amaral e Diogo Queiroz que participaram ativamente nessa reta final de faculdade e
ajudaram o tempo passar mais rápido. Em especial a minha comissão de formatura, Pondé,
Nunes, Thais, Lídia e Dani por terem conseguido fazer a melhor festa de formatura que a
Engenharia Civil da UFRJ poderia ter. Com vocês faria mais 10.
Aos meus amigos botafoguenses, Maria Fernanda (essa já desde a infância), Bivar, Luiz
Alexandre, Eduardo, Miranda, Erick, Yurhi e Fred pelos momentos de lazer, indo aos jogos, saindo
para bater papo ou naquela praia suave. Normal.
A os meus companheiros de estágio do Consórcio Construtor Galeão, José Carlos, Mayco de
Souza, Pedro Monteiro, Daniel Haas, Matheus Lima, Raphael Madrid, Matheus Candal, Danielle
Castro, Juliana Ferreira, Jhéssica Neves e Fellipe Gonçalves pelos ensinamentos que tivemos
juntos e por terem feito o período de estágio melhor.
Aos meus líderes, Alexandre Pessanha, Gustavo Peres e Thiago Faria, por todos os
ensinamentos e confiança depositada em mim durante meu período de estágio. Muito obrigado
pelo que fizeram para a minha formação profissional. E também por todos que fizeram parte da
melhor Equipe de Qualidade que pode existir!
Ainda do CCG, queria agradecer a Amanda Cardoso, pelos momentos de diversão e apoio
na obra e Fábio Fili pelos ensinamentos, principalmente na área de pavimentação, que me
ajudaram a fazer esse trabalho. Também a Helder Lino, Joaldo Lemos e Geraldo Caracini.
Ao mentor Carlos Roberto Giublin, que, com seu conhecimento e seus ensinamentos, me
motivou a escrever sobre este assunto e que principalmente me ensinou a errar erros novos para
seguir em frente, sempre melhorando como profissional.
E principalmente à minha orientadora, Sandra Oda, não só pelas matérias que tive
oportunidade de fazer com ela, mas pela paciência, pelos ensinamentos, pela amizade e pela
ajuda imensa que me deu durante o processo de formação deste trabalho. Sem você este
trabalho não seria possível. Não poderia ter escolhido melhor a minha orientadora. Obrigado pela
orientação e ensinamentos!
v
Resumo do Projeto de Graduação apresentado à Escola Politécnica/ UFRJ como parte dos
requisitos necessários para a obtenção do grau e Engenheiro Civil
Setembro/2016
vi
Abstract of Undergraduate Project presented to POLI/UFRJ as a partial fulfillment of the
requirements for the degree of Engineer
Setember/2016
This study aims to present the modern techniques of crack repairs on Portland cement
concrete pavements. It is worth noting that the first step to an efficient repair is the
accurate diagnosis of each pathological manifestation. Due to its fundamental
importance, the basic concepts and types of Portland cement concrete pavements are
presented as well as the concepts, objectives and components of an Airport Pavements
Management System (APMS), since the crack repair services are one of the important
steps of the APMS, which is the review and maintenance of pavements. The main
pathological manifestations with main focus on the cracks and their possible causes and
suitable repair methods are also described. This paper was written through bibliographic
research and the monitoring of the application of crack repair methods in the field, based
on a work and its peculiarities to influence as little as possible in the operation of an
airport. The case study carried out the work of expansion of the International Airport
Antonio Carlos Jobim (Galeao Airport), allowing the identification of the different
pathological manifestations (types of cracks) in the field, as well as determining the most
appropriate repair method for each type of fissure.
vii
Lista de Figuras
Figura 1 - Perfis de pavimentos: flexível (esquerda) e rígido (direita) ............................................. 23
Figura 2 - Resposta mecânica de pavimento flexível: pressões concentradas (esquerda) e Resposta
mecânica de pavimento rígido: pressões distribuídas (direita) ....................................................... 24
Figura 3 - Pavimento de Concreto Simples ...................................................................................... 27
Figura 4 - Pavimento de Concreto Armado ...................................................................................... 27
Figura 5 - Pavimento de Concreto Protendido................................................................................. 27
Figura 6 - Pavimento de Concreto Pré-Moldado ............................................................................. 28
Figura 7 – Whitetopping ................................................................................................................... 28
Figura 8 - Whitetopping Ultradelgado.............................................................................................. 28
Figura 9 - Seção transversal de placa de pavimento de concreto armado ...................................... 30
Figura 10 - Aplicação de selante de juntas em um pavimento rígido .............................................. 31
Figura 11 - Comportamento de um pavimento de concreto sem BT (esquerda) e com BT (direita)
.......................................................................................................................................................... 32
Figura 12 - O Sistema de Gerência de Pavimentos .......................................................................... 37
Figura 13 - Custo de uma intervenção relacionado com o índice de serventia de um pavimento . 39
Figura 14 - Fluxograma dos componentes de um SGP em nível de rede e nível de projeto ........... 44
Figura 15 - Determinação do número mínimo de amostras (n) (e= ±5) .......................................... 47
Figura 16 - Modelo de ficha de inspeção. ........................................................................................ 48
Figura 17 - Modelo de Ficha de Inspeção de um trecho .................................................................. 49
Figura 18 - Conceito de serventia-desempenho .............................................................................. 50
Figura 19 - Escala de avaliação subjetiva de pavimentos ................................................................ 51
Figura 20 - Sistema de classificação do PCI (adaptada de Shahin, 1982 e ACRP, 2011) .................. 52
Figura 21 - Testemunho de concreto extraído do pavimento rígido (esquerda), Trincheira (meio) e
Poço de Sondagem (direita) ............................................................................................................. 54
Figura 22 - Cones dinâmicos de penetração em uso ....................................................................... 54
Figura 23 - Equipamento para a obtenção do IRI............................................................................. 56
Figura 24 - Ensaio de Viga Benkelman ............................................................................................. 56
Figura 25 - Equipamento para ensaio FWD (esquerda), detalhe deflectômetros (meio) e
computador com as leituras instantâneas (direita) ......................................................................... 57
Figura 26 - Detalhe equipamento Mu-Meter (esquerda) e ensaio em execução (direita) .............. 57
Figura 27 - Detalhe do equipamento Grip Tester para medição de atrito....................................... 58
Figura 28 - Quadro de F.O. no Galeão que mostra diversos objetos que podem ser um F.O.,
inclusive pedaços de concreto como podem ser vistos na parte inferior esquerda da imagem..... 59
viii
Figura 29 – Desenho esquemático de um alçamento de placas ...................................................... 62
Figura 30 - Alçamento de Placas ...................................................................................................... 63
Figura 31 - Desenho esquemático de uma fissura de canto ............................................................ 63
Figura 32 - Fissura de Canto ............................................................................................................. 64
Figura 33 - Desenho esquemático de uma placa dividida................................................................ 65
Figura 34 - Placa Dividida ................................................................................................................. 65
Figura 35 - Desenho esquemático de um escalonamento ............................................................... 66
Figura 36 - Escalonamento ou Degrau nas Juntas............................................................................ 66
Figura 37 - Variáveis da fórmula escalonamento ............................................................................. 67
Figura 38 - Rompimento do selante por tração ou compressão...................................................... 68
Figura 39 - Perda de aderência do selante às placas de concreto ................................................... 68
Figura 40 - Crescimento de vegetação ............................................................................................. 68
Figura 41 - Desnível Pavimento-Acostamento ................................................................................. 70
Figura 42 - Fissura Transversal ......................................................................................................... 71
Figura 43 - Fissura Longitudinal........................................................................................................ 71
Figura 44 - Grandes Reparos ............................................................................................................ 73
Figura 45 - Pequenos Reparos.......................................................................................................... 74
Figura 46 - Desgaste Superficial ....................................................................................................... 74
Figura 47 – Bombeamento ............................................................................................................... 75
Figura 48 - Quebra Localizada .......................................................................................................... 76
Figura 49 - Passagem de Nível.......................................................................................................... 77
Figura 50 - Fissuras Superficiais (Rendilhado) .................................................................................. 78
Figura 51 - Fissuras de Retração Plástica ......................................................................................... 79
Figura 52 - Diagrama para obtenção de estimativa da taxa de evaporação .................................... 80
Figura 53 - Desenho esquemático de um esborcinamento ou quebra canto .................................. 81
Figura 54 - Quebra Canto ................................................................................................................. 81
Figura 55 - Desenho esquemático de um esborcinamento de juntas ............................................. 82
Figura 56 - Esborcinamento de Juntas ............................................................................................. 82
Figura 57 - Desenho esquemático de uma placa bailarina .............................................................. 83
Figura 58 – Assentamento................................................................................................................ 84
Figura 59 – Brucaco .......................................................................................................................... 85
Figura 60 - Localização do Aeroporto Internacional Tom Jobim...................................................... 86
Figura 61 - Ampliação do Aeroporto do Galeão............................................................................... 87
Figura 62 - Reparos no Aeroporto do Galeão em andamento ......................................................... 88
Figura 63 - Marcação da placa a ser tratada com tinta.................................................................... 90
ix
Figura 64 - Corte interno na placa que está sendo demolida para preservar as adjacentes ........... 90
Figura 65 - Alinhamento das Barras de Transferência ..................................................................... 91
Figura 66 - Furação para colocação de uma nova Barra de Transferência ...................................... 92
Figura 67 - Armação das placas a serem reconstruídas ................................................................... 93
Figura 68 - Lançamento do concreto na placa a ser reparada ......................................................... 93
Figura 69 - Corte para delimitar área de quebra da parte a ser reparada da placa ........................ 94
Figura 70 - Quebra da área externa com martelete ........................................................................ 95
Figura 71 - Serra Circular .................................................................................................................. 96
Figura 72 - Armação na parte da placa que será reconstruída ........................................................ 97
Figura 73 - Exemplo de fissura ......................................................................................................... 98
Figura 74 - Exemplo de corte para o reparo .................................................................................... 99
Figura 75 - Retirada do concreto com a utilização do martelete ................................................... 100
Figura 76 - Corte da junta paralela em toda sua espessura inclusive as barras de transferência . 100
Figura 77 - Aplicação do graute epóxi ............................................................................................ 101
Figura 78 - Ranhura para abertura do vão ..................................................................................... 102
Figura 79 - Desenho esquemático da posição da barra de transferência ...................................... 103
Figura 80 – Retrofit......................................................................................................................... 104
Figura 81 – Espaços preparados para o grampeamento com barras paralelas ............................. 105
Figura 82 - Detalhe da ranhura preparada para o encaixe do grampo e no fundo uma ranhura
sendo aberta com o martelete....................................................................................................... 105
Figura 83 - Detalhe do grampo já colocado ................................................................................... 106
Figura 84 - Exemplo de grampeamento executado e selado com microcimento ......................... 107
Figura 85 - Aplicação de microcimento por gravidade .................................................................. 108
Figura 86 - Selagem de fissuras de retração plástica ..................................................................... 108
x
Lista de Quadros
Quadro 1: Camadas de um pavimento ............................................................................................ 22
Quadro 2: Classificação dos tipos de pavimentos ............................................................................ 22
Quadro 3: Tipos de Pavimentos de Concreto em Placas ................................................................. 26
Quadro 4: Elementos principais de um PCA .................................................................................... 29
Quadro 5: Principais diferenças entre rodovias e aeródromos ....................................................... 33
Quadro 6: Nível de Decisão na Gerência de Pavimentos ................................................................. 43
Quadro 7: Lista de Manifestações Patológicas de Pavimentos Rígidos - DNIT 061/2004-TER ........ 62
Quadro 8: Métodos de reparos de fissuras em pavimentos rígidos ................................................ 89
xi
Lista de Abreviaturas e Siglas
xiii
4.2.3. Placa Dividida ........................................................................................................... 64
4.2.4. Escalonamento ou Degrau nas Juntas...................................................................... 66
4.2.5. Falha na Selagem de Juntas ..................................................................................... 67
4.2.6. Desnível Pavimento-Acostamento ........................................................................... 70
4.2.7. Fissuras Lineares....................................................................................................... 70
4.2.8. Grandes Reparos ...................................................................................................... 73
4.2.9. Pequenos Reparos .................................................................................................... 73
4.2.10. Desgaste Superficial ................................................................................................. 74
4.2.11. Bombeamento .......................................................................................................... 75
4.2.12. Quebras Localizadas ................................................................................................. 76
4.2.13. Passagem de Nível .................................................................................................... 77
4.2.14. Fissuras Superficiais (Rendilhado) e Escamação ...................................................... 78
4.2.15. Fissuras de Retração Plástica ................................................................................... 79
4.2.16. Esborcinamento ou Quebra de Canto ...................................................................... 81
4.2.17. Esborcinamento de Juntas ....................................................................................... 82
4.2.18. Placa “Bailarina” ....................................................................................................... 83
4.2.19. Assentamento .......................................................................................................... 84
4.2.20. Buracos ..................................................................................................................... 85
5. Estudo de Caso ......................................................................................................................... 86
5.1. Breve Histórico ................................................................................................................. 87
5.2. Métodos de Reparos ........................................................................................................ 88
5.2.1. Reparo de Espessura Plena de Placa Inteira ............................................................ 89
5.2.2. Reparo de Espessura Plena de Placa Parcial ............................................................ 94
5.2.3. Reparo de Espessura Parcial .................................................................................... 97
5.2.4. Restauração de Trincas ou Juntas Transversais e Longitudinais de Transferência de
Carga (com barras de transferência) - Retrofit ...................................................................... 102
5.2.5. Restauração de Fissuras e Juntas Longitudinais (com barras de ligação) -
Grampeamento ...................................................................................................................... 104
5.2.6. Selagem de Fissura de Retração Plástica ............................................................... 107
5.2.7. Colmatação de Fissura de Retração Plástica .......................................................... 109
6. Considerações Finais .............................................................................................................. 110
Referências Bibliográficas .............................................................................................................. 112
ANEXO A – GRAUS DE SEVERIDADE E CRITÉRIOS PARA CONTAGEM DOS DEFEITOS .................... 116
ANEXO B – INSTRUÇÕES PARA O CÁLCULO DOS ICP...................................................................... 123
xiv
1. Introdução
15
e instalações com acesso livre tais como as salas de embarque e desembarque de
passageiros e carga, os estacionamentos veiculares, entre outras (DURAN, 2015).
As áreas pavimentadas dos dois lados, ar e terra, podem ser constituídas por
pavimentos flexíveis ou rígidos, dimensionados para cumprir as funções específicas de
cada área, possuindo características como espessura, qualidade e durabilidade suficiente,
que permitem suportar as cargas aplicadas e resistir à sua ação abrasiva, às condições
meteorológicas e a outros fatores (DURAN, 2015).
16
1.1. Justificativa
17
Um dos entraves à difusão da tecnologia por aqui está ligado à baixa prática
executiva: é a escassez de conhecimento entre empresas e profissionais da construção.
"Promovemos cursos, procuramos melhorar na medida do possível", comenta Ronaldo
Vizzoni, gerente de infraestrutura da ABCP (Associação Brasileira de Cimento Portland).
"Mas falta também o ensino universitário. Dá para contar nos dedos as faculdades que
ensinam pavimentação no Brasil", afirma (apud OLIVEIRA, 2008).
Nas últimas décadas, tomando como base a experiência rodoviária, foram sendo
adotados sistemas de gestão de pavimentos como forma de organizar, sistematizar e
racionalizar as atividades de conservação dos pavimentos aeronáuticos e, dessa forma,
facilitar a seleção da técnica mais adequada para solucionar o problema identificado. No
entanto, a prática nacional nos diversos níveis de administração não prioriza planos de
manutenção e, como consequência, as obras emergenciais frequentemente provocam
prejuízos, com fechamento de pistas e atrasos de voos (MACEDO, 2008).
18
1.2. Objetivo
19
No capítulo cinco, é apresentado o estudo de caso, com os métodos de reparos
para cada tipo de fissura apresentada no capítulo anterior e o detalhamento preciso de
cada etapa de cada método de reparo.
20
2. Pavimentos de Concreto de Cimento Portland
2.1. Pavimentos
2.1.1. Conceitos
O subleito é considerado como fundação do pavimento e não faz parte deste. Sua
capacidade de suporte define a espessura de cada camada do pavimento. Subleitos ruins
exigem uma espessura total de pavimento maior. Como as solicitações no pavimento são
maiores, à medida que se afasta do subleito em direção à superfície, nas camadas
superiores utilizam-se materiais mais nobres que aqueles utilizados nas camadas
21
inferiores (SENÇO, 1997). O Quadro 1 mostra um resumo das camadas que um pavimento
pode conter.
Quadro 1: Camadas de um pavimento
2.1.2. Classificação
Por outro lado, não é difícil encontrar autores que classifiquem os pavimentos em
apenas dois tipos, em função apenas do material de revestimento do pavimento,
desconsiderando as camadas intermediárias, ou seja, pavimento flexível, aquele
executado com revestimento de material asfáltico, e pavimento rígido, aquele executado
com revestimento de concreto de cimento Portland. Quando se tem, sob o revestimento
22
asfáltico, uma base cimentada, o pavimento é dito semirrígido (DE MEDINA e MOTTA,
1997).
Balbo (2007) determina que a diferença mais expressiva entre pavimentos rígidos
e flexíveis é a forma como cada qual distribui no solo da fundação (subleito) os esforços
sobre si aplicados. Enquanto uma dada carga atuante sobre um pavimento flexível impõe
nessa estrutura um campo de tensões muito concentrado, nas proximidades do ponto de
aplicação dessa carga (Figura 2), em um pavimento rígido, verifica-se um campo de
tensões bem mais disperso, com os efeitos da carga distribuídos de maneira semelhante
em toda a dimensão da placa, o que proporciona menores magnitudes de esforços
verticais (pressões) sobre o subleito. Assim, em linhas gerais, um pavimento com resposta
mecânica rígida impõe pressões bem mais reduzidas sobre o subleito, para uma mesma
carga aplicada. (BALBO, 2007).
23
Figura 2 - Resposta mecânica de pavimento flexível: pressões concentradas (esquerda) e
Resposta mecânica de pavimento rígido: pressões distribuídas (direita)
24
Foi somente a partir de 1824, entretanto, com o advento do cimento Portland,
que o concreto assumiu um lugar de destaque entre os materiais de construção, devido à
versatilidade que oferecia, comparativamente aos demais produtos, possibilitando a
moldagem, com relativa facilidade, das mais diversas formas arquitetônicas. Surgiram,
então, as primeiras especificações para concreto baseadas no estudo científico de seus
elementos constitutivos e das suas propriedades físicas (MEHTA e MONTEIRO, 1994).
Nos Estados Unidos, também nesse mesmo ano, na cidade de Bellafontaine, Ohio,
era construído o primeiro pavimento urbano de concreto – fato bem documentado, ao
contrário do caso francês, que, embora mal documentado, é atestado por alguns
pesquisadores europeus na primeira metade do século XX (BALBO, 2007).
Balbo (2009) descreve que, de uma certa forma, ele continua com a dúvida, pois
os europeus eram usuários compulsivos do concreto, e não os americanos.
25
2.2.2. Tipos de Pavimentos de Concreto
26
Figura 3 - Pavimento de Concreto Simples
Fonte: http://rodrigorcarvalho.com.br/artigos/piso-de-concreto-protendido/
27
Figura 6 - Pavimento de Concreto Pré-Moldado
Fonte: http://precast.org/wp-content/uploads/docs/PCPSinfoandcommentary.pdf
Figura 7 – Whitetopping
Fonte: http://solucoesparacidades.com.br/mobilidade/1-apoio-a-execucao-mobilidade/passo-a-
passo-whitetopping/
Fonte: http://sites.poli.usp.br/ptr/lmp/wtu.htm
28
O tipo de pavimento de concreto de cimento Portland mais conhecido e utilizado
em sítios aeroportuários no Brasil é o pavimento de concreto armado, que trabalha sob a
ação de esforços de flexão, e a densidade de armadura resistente nessas placas, bem
como de retração, é considerável. Ele é o objeto do estudo de caso deste trabalho.
29
Todos esses elementos se encontram na figura 9, que mostra uma seção
transversal de uma placa de concreto armado genérica, que serve de referência para todo
o estudo que será desenvolvido nos próximos capítulos.
Loturco (2005) define junta longitudinal como mini juntas de contração, que são
necessárias para evitar o trincamento e as quebras ocasionadas pela movimentação
térmica das placas, tendo a profundidade de 1/3 da espessura do revestimento. Elas
30
devem ser cortadas 24 horas após a concretagem. A junta transversal tem função idêntica
à da junta longitudinal, porém provoca pré-conceito de desconforto ao rolamento dos
pavimentos rígidos e seu corte deve ocorrer de 6 a 12 horas após o lançamento do
concreto.
Balbo (2009) ainda afirma que, exatamente nas juntas transversais são
posicionadas as barras de transferência de carga (BT) de tal sorte que as cargas aplicadas
sobre a placa, próximas à junta transversal, têm seus efeitos aliviados pela presença das
BT, que deslocam parte dos esforços para a placa subsequente, fazendo com que as
placas sucessivas trabalhem solidariamente naquela região. Esse efeito é denominado
“transferência de carga” e ocorre em qualquer junta de pavimentos de concreto em
placas, conforme mostra a Figura 11.
31
Figura 11 - Comportamento de um pavimento de concreto sem BT (esquerda) e com BT (direita)
Nas juntas longitudinais são dispostas as chamadas barras de ligação (BL), cuja
função é evitar o deslocamento horizontal relativo entre placas lateralmente dispostas,
que ocorre pelo engastamento da armadura em ambas as placas de concreto (BALBO,
2009).
32
aeroportuários como os rodoviários baseiam-se nos mesmos critérios para o
dimensionamento, no entanto o valor que cada um assume é bastante diferente.
Quadro 5: Principais diferenças entre rodovias e aeródromos
Característica Rodovias Aeródromos
Pressão de
100 a 120 psi (0,69 a 0,83 MPa) para 130 a 250 psi (0,90 a 1,72 MPa) para
enchimento dos
caminhões pesados aeronaves de médio e grande porte
pneus
Distribuição
transversal da carga
nas pistas
33
No caso dos pavimentos aeroportuários, o peso total das aeronaves é superior ao
dos veículos que circulam nas rodovias, não obstante o número de repetições de cargas é
superior nos pavimentos rodoviários do que nos aeroportuários.
34
3. Sistemas de Gerência de Pavimentos Aeroportuários (SGPA)
35
No ano de 1990, a AASHTO publicou mais um guia de SGP, elaborado por Fred
Finn e Dade Paterson, mais completo que a versão de 1985, entretanto o mesmo foi
substituído por um guia de SGP mais recente chamado Pavement Management Guide
(AASHTO, 2001).
36
dos Pavimentos, respectivamente. Posteriormente, as referidas normas foram revisadas e
substituídas respectivamente, pelas Normas DNER-ME 024/94 e DNIT 009/2003-PRO.
Albuquerque (2007) cita que, no início dos anos 2000, o Brasil migrou para a
utilização do novo modelo de análise técnica e econômica de rodovias do Banco Mundial,
o HDM-4. Muitos estados brasileiros o utilizam atualmente, mas estão em fase de
implantação de SGPs próprios para suas malhas rodoviárias (a maioria em estruturação
de Bancos de Dados).
37
Dentro de um Sistema de Gerência de Pavimentos é de grande importância a
execução das atividades de manutenção e reabilitação (M&R). Não bastam a escolha da
melhor estratégia de intervenção e o estabelecimento da melhor lista de prioridades, é
necessário também que os serviços sejam executados corretamente (FERNANDES JR. et
al., 1999).
Traçando um paralelo com o custo gerado por uma alteração de projeto ao longo
de uma obra onde se a alteração acontece no início temos um custo relativamente baixo,
mas se porventura acontecer a necessidade de uma alteração de projeto com uma boa
parte da obra já concluída, será gerado um custo muito maior do que se o problema fosse
antecipado e a alteração acontecesse no início da obra. Assim acontece quando se tem
atrasos nas atividades de manutenção e reabilitação, como é mostrado na Figura 13, pois
as estruturas dos pavimentos sofrem deterioração acelerada, quando tem algum dano
que pode ser recuperado.
38
Índice de Serventia R$ 1,00
gasto neste
ponto …
75 %
5
40%
Custará
R$ 4,00 se
adiado até
40% este ponto
17%
0
5 10 15 20 TEMPO (ano)
Fernandes Jr. et al. (1999) ainda afirmam que um dos objetivos principais de um
SGPA é fornecer respostas para as seguintes questões:
O que precisa ser feito numa determinada rede de pavimentos? (Seleção da estratégia
ótima).
Como devem ser executados os serviços? (Definição das atividades de manutenção e
reabilitação para cada seção).
Quando serão necessárias intervenções para evitar a ruptura e prolongar a vida em
serviço do pavimento?
Onde se localizam os projetos prioritários?
Segundo o DNIT (2011) a tarefa de determinar como fazer, o que fazer e quando
fazer serviços de restaurações nos pavimentos pode ser desenvolvida por meio de
modelagem, como um problema de otimização. A meta é maximizar a condição média da
rede rodoviária para um horizonte de planejamento plurianual.
O emprego dos SGPA traz inúmeros benefícios. Do ponto de vista técnico, os SGPA
incluem um banco de dados informatizado que armazena toda informação inerente aos
pavimentos. O banco de dados facilita o acesso e a consulta da informação, permitindo
obter relatórios dos dados disponíveis sobre a condição do pavimento de uma
determinada rede. Assim, o principal benefício de um SGPA é fornecer uma forma mais
eficiente de monitorar a condição dos pavimentos e sugerir planos de M&R adequados. A
possibilidade de analisar tendências de deterioração do pavimento nas várias seções que
constituem uma rede é também um benefício dos SGPA. Com um SGPA é possível
40
desenvolver modelos de previsão de desempenho que preveem a evolução da condição
dos pavimentos ao longo do tempo, permitindo localizar as seções da rede que precisam
de intervenção, estabelecer prioridades e determinar a melhor solução com base em
atividades de M&R que atendam aos critérios da melhor relação custo/benefício (DURAN,
2015).
Segundo Duran (2015), um SGPA deve conter um banco de dados com todas as
informações relacionadas com a condição dos pavimentos, que deve ser coletada e
atualizada periodicamente, assim como as estratégias de M&R que devem ser
identificadas, juntamente com os critérios de decisão e as políticas de manutenção
correspondentes para determinar quais procedimentos de M&R devem ser aplicados.
Além disso, os SGPA precisam conter modelos de previsão de desempenho, custos de
estratégias alternativas e procedimentos de otimização que levem em conta o ciclo de
vida completo do pavimento. Um SGPA que cumpre com esses critérios geralmente inclui:
41
Procedimentos para determinar as consequências na condição do pavimento e o custo
do ciclo de vida para um determinado orçamento de M&R;
Estratégias específicas para determinar as necessidades de orçamento e cumprir os
objetivos da gerência, como a conservação de uma condição mínima;
Procedimentos necessários para a formulação e priorização de projetos de M&R.
Os componentes essenciais de um SGPA incluem (DURAN, 2015):
Banco de dados: deve armazenar informações sobre a estrutura do pavimento, assim
como o histórico das manutenções feitas na estrutura, incluindo custos, dados de
tráfego e da condição do pavimento, são elementos indispensáveis para selecionar as
estratégias de M&R mais adequadas e fazer uma boa manutenção do pavimento.
Estrutura do pavimento: data em que o pavimento foi originalmente construído,
espessuras e materiais que compõem sua estrutura, assim como os recapeamentos
e reabilitações subsequentes.
Histórico de manutenção: registro de todas aquelas atividades de M&R que foram
executadas no pavimento e seus respectivos custos.
Dados de tráfego: informações sobre o número de pousos e decolagens e sobre o
tipo de aeronaves operando no aeródromo.
Dados da condição do pavimento: obtida através da avaliação objetiva, sistemática
e precisa da superfície. Um sistema de classificação da condição do pavimento
oferece uma classificação da condição da superfície de um pavimento que pode ser
relacionado com o seu desempenho estrutural. O levantamento periódico desses
dados é essencial para monitorar e modelar o desempenho do pavimento e
preparar um cronograma de atividades de M&R.
Recursos do sistema: representam a estrutura de um SGPA (DURAN, 2015).
Previsão da condição futura do pavimento: para posteriormente desenvolver planos
plurianuais de M&R de forma ótima.
Determinação dos melhores planos de M&R: identificar onde e quando as
atividades de M&R serão necessárias e aproximadamente quanto isso vai custar, de
forma a definir quais prioridades se encaixam nos recursos disponíveis.
Determinação das exigências orçamentárias: um SGPA deve ser capaz de conservar
os pavimentos acima de uma condição ou nível de serviço especificado e a execução
42
das principais necessidades de M&R ao longo de um determinado período.
Formulação e priorização dos projetos de M&R: para transformar um plano ideal de
M&R em um projeto prático e executável.
43
Figura 14 - Fluxograma dos componentes de um SGP em nível de rede e nível de projeto
Fonte: FERNANDES JR. et al., 1999.
O DNIT (2011) ainda afirma que nos estudos de um SGP em nível de projeto, além
da realização de levantamentos e ensaios específicos, são determinadas as quantidades
de serviços e os custos das diferentes alternativas de intervenção. Os benefícios advindos
das melhorias da condição do pavimento, e consequentemente de sua vida útil, são
avaliados, as necessidades são quantificadas, as prioridades são estabelecidas,
contemplando programas e, depois de selecionadas as estratégias, os custos são
estimados. Enfim, o SGP em nível de projeto possibilita que seja feita uma melhor
avaliação das causas de deterioração, ensejando a seleção de estratégias que sejam mais
adequadas para a manutenção dos trechos.
45
corretiva até a situação mais extrema, que seria a reconstrução total do pavimento. O
conjunto de medidas a serem tomadas é função do conhecimento do estado em que o
pavimento se encontra. Este diagnóstico é realizado com base em uma série de
parâmetros que definem o comportamento do pavimento.
47
Durante o levantamento, as placas avaliadas deverão ser demarcadas e
cuidadosamente inspecionadas, de modo que se tenham os tipos de defeitos (Capítulo 4
deste trabalho), grau de severidade (conforme o Anexo A) e o número de placas afetadas
por um tipo de defeito na amostra que pode ser mapeado conforme a Figura 16.
48
É importante frisar que, para uma inspeção precisa, é necessário que o trecho
esteja limpo, pois melhora a condição de se identificar corretamente o defeito e em que
área o mesmo está localizado na placa de concreto inspecionada.
49
3.6.1. Avaliação Subjetiva
A Inspeção da pavimentação define que cada trecho deverá ser inspecionado por
três avaliadores de maneira independente. O avaliador deve preencher uma ficha de
avaliação e, ao final, dar uma nota, de acordo com a escala mostrada na Figura 19,
mantendo sua avaliação em sigilo em relação aos outros avaliadores.
50
Figura 19 - Escala de avaliação subjetiva de pavimentos
Fonte: DNIT 063/2004-PRO.
51
Figura 20 - Sistema de classificação do PCI (adaptada de Shahin, 1982 e ACRP, 2011)
Fonte: DURAN (2015)
A atribuição dos conceitos dos trechos inspecionados será feita em função das
notas atribuídas pelos três avaliadores, que terão que se reunir e, após revelarem suas
avaliações, devem debater sobre a condição do pavimento inspecionado e atribuir
conceitos aos pavimentos. Caso não haja consenso, o conceito será o correspondente à
média aritmética das três notas.
É importante frisar, segundo Fernandes Jr. et al. (1999) que essas avaliações
deverão ser feitas sob condições climáticas favoráveis (sem chuva, nevoeiro, neblina etc.),
os aspectos geométricos devem ser ignorados e desprezar as eventuais irregularidades
causadas por recalques de bueiros.
52
3.6.2. Avaliação Objetiva
53
outros e quanto ao corpo de prova, pode-se se fazer ensaios de resistência a compressão
e resistência a tração à flexão, que é o índice principal para pavimentos aeroportuários.
54
1.1.1.3. Método Não -Destrutivo
De acordo com Domingues (1993 apud FERNANDES JR. et al., 1999) o desempenho
do pavimento, ou seja, sua capacidade de servir ao tráfego com conforto, segurança e
economia, está intimamente relacionado com a irregularidade longitudinal. A
irregularidade longitudinal, definida como o desvio de pontos da superfície do pavimento
em relação a um plano de referência e medida ao longo da trajetória dos veículos (“trilhas
de roda”), afeta a qualidade de rolamento (conforto e segurança), as cargas dinâmicas
transmitidas ao pavimento e os custos de operação dos veículos (consumo de
combustível e lubrificante, desgaste dos pneus etc.). Pode ser quantificada por
perfilômetros, perfilógrafos e veículos equipados com acelerômetros ou medidores do
tipo “resposta”.
55
Figura 23 - Equipamento para a obtenção do IRI
Fonte: http://astec.eng.br/iri/
Fernandes Jr. et al. (1999) afirma que ensaios estruturais não destrutivos
envolvem a medida de deflexões superficiais causadas por um carregamento conhecido.
Para a avaliação estrutural não destrutiva têm sido utilizados a viga Benkelman (Figura
24), os defletômetros vibratórios e os defletômetros de impacto (FWD, Falling Weight
Deflectometer, Figura 25).
56
Figura 25 - Equipamento para ensaio FWD (esquerda), detalhe deflectômetros (meio) e
computador com as leituras instantâneas (direita)
Fonte: PEDRO VITÓRIA, 2016.
57
Figura 27 - Detalhe do equipamento Grip Tester para medição de atrito
Fonte: DYNATEST, 2014.
58
FAA recomenda que os aeroportos sigam ASTM D 5340, Método Padrão de Teste para
Pesquisas do Índice de Condição de Pavimentos Aeroportuários, quando das inspeções de
manutenção preventiva (Federal Aviation Administration - FAA, 2007).
Figura 28 - Quadro de F.O. no Galeão que mostra diversos objetos que podem ser um F.O.,
inclusive pedaços de concreto como podem ser vistos na parte inferior esquerda da imagem
Fonte: PEDRO VITÓRIA, 2016.
59
3.7.1. Manutenção Preventiva
Esses danos podem ser detectados tanto pelos operadores do aeroporto, quanto
pelos próprios pilotos de aeronaves que identificam alguma deficiência no sistema e
reportam aos operadores.
60
4. Manifestação Patológica
4.1. Conceito
Da Silva (2011) ainda afirma que, desse modo, uma fissura não é uma patologia,
mas sim um sintoma cujo mecanismo de degradação (doença) poderia ser corrosão de
armaduras, deformação excessiva da estrutura, reação álcali-agregado, e cuja terapia (o
que fazer para restabelecer a estrutura) deve levar em conta as causas da doença.
61
Quadro 7: Lista de Manifestações Patológicas de Pavimentos Rígidos - DNIT 061/2004-TER
1 Alçamento de Placas
2 Fissura de Canto
3 Placa Dividida
4 Escalonamento ou degrau nas juntas
5 Falha na selagem de juntas
6 Desnível pavimento – acostamento
7 Fissuras lineares
8 Grandes reparos
9 Pequenos reparos
10 Desgaste superficial
11 Bombeamento
12 Quebras localizadas
13 Passagem de nível
14 Fissuras superficiais (rendilhado) e escamação
15 Fissuras de retração plástica
16 Esborcinamento ou quebra canto
17 Esborcinamento de Juntas
18 Placa “bailarina”
19 Assentamento
20 Buracos
Fonte: DNIT061/2004
62
Figura 30 - Alçamento de Placas
Fonte: GIUBLIN, 2015.
É a fissura que intercepta as juntas a uma distância de, no máximo, 1,8 m das
bordas ou juntas do pavimento (longitudinal e transversal), medindo-se a partir do seu
canto. Esta fissura atinge toda a espessura da placa (Figuras 31 e 32).
63
Figura 32 - Fissura de Canto
Fonte: GIUBLIN, 2015.
64
Figura 33 - Desenho esquemático de uma placa dividida
Fonte: DNIT, 2010.
A divisão de uma placa em quatro ou mais partes se deve às fissuras que ocorrem
nestas placas nos diversos sentidos (transversal, longitudinal e diagonal). A causa deste
defeito está relacionada com as causas que deram origem a estas fissuras. Considerando
a existência de várias fissuras, e em diversos sentidos, em uma mesma placa, isto pode
ser decorrente das seguintes anomalias:
Deficiência no suporte da fundação do pavimento;
Subdimensionamento da espessura do pavimento;
Fadiga do concreto.
65
4.2.4. Escalonamento ou Degrau nas Juntas
O degrau que ocorre em uma junta é causado pela perda progressiva da eficiência
nesta junta, que é definida como sendo a capacidade de uma placa transmitir uma carga à
placa adjacente, sendo esta eficiência determinada pela expressão:
2 × 𝑑′
𝐸( ) = × 100
𝑑 + 𝑑′
E: Eficiência da Junta
d: deslocamento vertical do lado carregado da junta, em mm
d’: deslocamento vertical do lado descarregado da junta, em mm
66
Figura 37 - Variáveis da fórmula escalonamento
Fonte: DNIT, 2010.
A causa deste defeito costuma ser a falta ou deficiência dos dispositivos capazes
de garantir esta transmissão de carga nas juntas, tais como barras de transferência,
encaixe tipo macho-fêmea ou entrosagem dos agregados, quando a junta é executada
por serragem. Outra causa pode ser qualquer deficiência na sub-base ou o
dimensionamento de placas de dimensões curtas, aliada à passagem de tráfego pesado e
canalizado.
67
Figura 38 - Rompimento do selante por tração Figura 39 - Perda de aderência do selante às
ou compressão placas de concreto
Fonte: PEDRO VITÓRIA, 2016. Fonte: PEDRO VITÓRIA, 2016.
68
O defeito mais comum tem sido o descolamento do selante das bordas da junta,
que pode ser decorrente da falta de aplicação de um primer, que é necessário para a
maioria dos selantes disponíveis no mercado, como também pode ser decorrente da falta
de limpeza das superfícies internas da junta, que devem estar limpas, secas e livres de
óleos gordura e outros agentes contaminantes.
Outro problema que ocorre tem sido a fissuração do material selante, que pode se
apresentar sob a forma de pequenas fissuras ou, então, com fissuras maiores, geralmente
no sentido longitudinal da junta. Quando estas fissuras são pequenas, elas podem ser
decorrentes da ação de raios ultravioletas, que incidem no material selante, quando ele
ainda está em processo de cura e não recebe nenhuma proteção contra a ação destes
raios. As fissuras maiores podem ser decorrentes de esforços aplicados sobre o selante,
pela passagem de veículos ou por vibrações, enquanto ele está ainda em processo de
cura.
69
A aplicação do selante além do nível da placa facilita que o tráfego remova o
material aplicado e gere problemas de eficiência na junta, por isso é recomendado que o
selante seja aplicado 5 mm abaixo do nível da placa.
70
As fissuras lineares são classificadas em:
Fissuras transversais, que ocorrem na direção da largura da placa, perpendicularmente
ao eixo longitudinal do pavimento (Figura 42);
Fissuras longitudinais, que ocorrem na direção do comprimento da placa,
paralelamente ao eixo longitudinal do pavimento (Figura 43);
Fissuras diagonais, que são fissuras inclinadas que interceptam as juntas do
pavimento, a uma distância maior que a metade do comprimento dessas juntas ou
bordas.
As fissuras são descontinuidades que ocorrem na placa de concreto, que não são
previstas no projeto do pavimento.
71
abertura, que raramente ultrapassa 0,5 mm. De uma maneira geral, estas fissuras
costumam abranger toda a espessura da placa.
72
E no caso de fissuras diagonais, as fissuras são provocadas por deficiência no
suporte da fundação, ou são oriundas da formação simultânea de fissuras transversal e
longitudinal.
Entende-se como "grande reparo" uma área do pavimento original maior que
0,45 m², que foi removida e posteriormente preenchida com um material de enchimento
(Figura 44).
Entende-se como pequeno reparo uma área do pavimento original menor ou igual
a 0,45 m², que foi removida e posteriormente preenchida com um material de
enchimento (Figura 45).
73
Figura 45 - Pequenos Reparos
Fonte: PEDRO VITÓRIA, 2016.
74
O desgaste superficial do pavimento, bem como a sua escamação e o
lasqueamento, são provocados pelas seguintes causas:
Emprego de concreto de baixa qualidade;
Emprego de agregados sujos ou com pó aderente;
Excesso de água de mistura no concreto;
Concreto com exsudação elevada por deficiência de finos;
Descolamento da pasta ou argamassa de cobrimento, devido ao acúmulo de água na
superfície do pavimento depois do seu acabamento, que costuma ser evitado pela
raspagem da superfície do concreto.
4.2.11. Bombeamento
Figura 47 – Bombeamento
Fonte: GIUBLIN, 2015.
75
A expulsão de finos plásticos existentes no solo de fundação do pavimento,
através das juntas, bordas ou trincas, quando da passagem das cargas solicitantes,
provoca inicialmente o amolecimento da fundação e posteriormente o descalçamento
das placas que cobrem a área afetada.
São áreas das placas que se mostram trincadas e partidas, em pequenos pedaços,
tendo formas variadas, situando-se geralmente entre uma trinca e uma junta ou entre
duas trincas próximas entre si (em torno de 1,5 m) (Figura 48).
76
A quebra localizada é provocada pelas seguintes causas:
Espessura das placas insuficiente.
Perda de suporte da fundação.
Deficiência de construção localizada (ocorrência de vazios ou ninhos, por falta de
adensamento do concreto).
Resistência do concreto à tração abaixo da especificação.
77
4.2.14. Fissuras Superficiais (Rendilhado) e Escamação
78
4.2.15. Fissuras de Retração Plástica
A causa deste tipo de fissura é a retração plástica, que é aquela que ocorre no
concreto antes do início da sua pega, sendo formada praticamente sem a necessidade de
nenhuma energia, pois o concreto ainda não iniciou a sua fase de endurecimento, não
tendo ainda nenhuma resistência.
79
A Figura 51 mostra um ábaco que fornece o valor da taxa de evaporação da água
do pavimento de concreto, em função das temperaturas do ar e do concreto e da
velocidade do vento. Alguns autores afirmam que uma taxa de evaporação maior ou igual
a 0,5 kg/m²/h eleva o risco de fissuração, enquanto alguns outros autores apontam 1,0
kg/m²/h.
80
Outras causas para este tipo de fissura são problemas relacionados com os
aditivos empregados no concreto (qualidade ou superdosagem), que podem retardar
demasiadamente a pega do concreto, agravando as consequências da retração plástica.
São quebras que aparecem nos cantos das placas, tendo forma de cunha, que
ocorrem em uma distância não superior a 60 cm do canto (Figuras 53 e 54). Este defeito
difere da fissura de canto, pelo fato de interceptar a junta num determinado ângulo
(quebra em cunha), ao passo que a fissura de canto ocorre verticalmente em toda a
espessura da placa.
81
As quebras e esborcinamento de cantos e bordas são decorrentes da retirada das
fôrmas nestes locais de maneira brusca, ou com o concreto tendo ainda uma resistência
baixa. Podem, também, ocorrer devido à utilização imprópria dos veículos pesados,
quando eles trafegam fora das trilhas consideradas no projeto.
82
O esborcinamento nas juntas pode ter como causas:
Remoção precipitada das fôrmas;
Serragem prematura da junta, quando o concreto ainda não apresenta uma resistência
adequada;
Infiltração de materiais incompressíveis na junta, quando ela está muito aberta (em
tempo frio), que posteriormente irão comprimir as bordas da junta, quando o tempo
se tornar quente e as juntas se fecharem.
83
Este defeito costuma progredir com o tempo, acarretando o surgimento de trincas
e fissuras na placa, além de facilitar o bombeamento.
4.2.19. Assentamento
Figura 58 – Assentamento
Fonte: GIUBLIN, 2015.
84
4.2.20. Buracos
Figura 59 – Brucaco
Fonte: PEDRO VITÓRIA, 2016.
85
5. Estudo de Caso
86
Figura 61 - Ampliação do Aeroporto do Galeão
Fonte: PEDRO VITÓRIA, 2016.
Nesta época, os antigos Hidroaviões foram aos poucos substituídos por aviões
maiores, dotados de rodas, que precisavam de pistas em terra. Desde os anos da Segunda
Guerra Mundial, além de movimentada base aérea da Força Aérea Brasileira, o Aeroporto
foi campo de pouso para aviões internacionais.
88
No que diz respeito aos métodos de reparos de fissuras em pavimentos de
concreto de Cimento Portland em sítios aeroportuários, serão detalhados os métodos
apontados no Quadro 8 abaixo, para facilitar o entendimento de como os mesmos devem
ser executados.
Quadro 8: Métodos de reparos de fissuras em pavimentos rígidos
Reparo de Espessura Plena de Placa Inteira
Reparo de Espessura Plena de Placa Parcial
Reparo de Espessura Parcial
Restauração de Trincas ou Juntas Transversais e
Longitudinais de Transferência de Carga (com barras de
transferência) - Retrofit
Restauração de Fissuras e Juntas Longitudinais (com barras
de ligação) - Grampeamento
Selagem de Fissuras de Retração Plástica
Colmatação de Fissuras de Retração Plástica
Primeiramente a área onde será realizado o reparo deverá ser isolada e a placa a
ser demolida deverá ser marcada por giz, tinta (Figura 63) ou marcador industrial para
melhor indicação para a equipe que realizará o serviço.
89
Figura 63 - Marcação da placa a ser tratada com tinta
Fonte: GIUBLIN, 2015.
Na interface com as placas íntegras que serão mantidas deve-se cortar o concreto
verticalmente, seguindo o perímetro da área delimitada. Sugere-se execução de um corte
interno, com serra circular de corte, distando 30 cm das bordas do reparo, na
profundidade da placa, a fim de facilitar a remoção do concreto e evitar quebra destas
bordas. Remover o concreto quebrado, conforme mostra a Figura 64.
Figura 64 - Corte interno na placa que está sendo demolida para preservar as adjacentes
Fonte: PEDRO VITÓRIA, 2016.
A parte interna da área delimitada pode ser demolida com equipamentos mais
robustos, como, por exemplo, o picão mostrado na Figura 64, e para área externa (área
mais próxima as placas adjacentes) deve ser usado um equipamento mais leve para não
danificar as outras placas, como por exemplo um martelete.
90
Após a quebra da placa danificada, o concreto quebrado deve remover o concreto
quebrado e realizar a limpeza da área, para que em seguida se possa avaliar a drenagem e
a sub-base remanescente com relação a sua integridade. Caso necessite recompor a sub-
base deve-se remover o material da fundação até uma espessura de no mínimo 10 cm,
reforçar a fundação com material adequado que deverá ser compactado até atingir o
grau de compactação especificado, observar que ela fique bem nivelada, com os
caimentos definidos e garantia de atendimento a espessura mínima de projeto.
91
Figura 66 - Furação para colocação de uma nova Barra de Transferência
Fonte: PEDRO VITÓRIA, 2016.
Após isto feito, a sub-base e as faces das placas remanescentes deverão ser limpas
com água e jato de ar limpo.
92
Figura 67 - Armação das placas a serem reconstruídas
Fonte: PEDRO VITÓRIA, 2016.
Após tudo isso feito, deverá se proceder a concretagem (Figura 68) com concreto
novo de acordo com as características de projeto. Deverão ser realizadas todas as
atividades subsequentes ao lançamento do concreto, isto é, adensamento, texturização,
cura, corte das juntas e selagem das juntas.
93
5.2.2. Reparo de Espessura Plena de Placa Parcial
Na interface com as placas íntegras que serão mantidas deve-se cortar o concreto
verticalmente, seguindo o perímetro da área delimitada. Sugere-se execução de um corte
interno, com serra circular de corte, distando 30 cm das bordas do reparo no caso de uma
placa adjacente e de 20 cm se for na mesma placa, na profundidade da placa, a fim de
facilitar a remoção do concreto e evitar quebra destas bordas (Figura 69). O comprimento
mínimo será de 1,80 m e o reparo terá toda a largura da placa. A área delimitada deverá
ter um formato geométrico de um quadrado ou retângulo. Deve ser removido o concreto
quebrado.
Figura 69 - Corte para delimitar área de quebra da parte a ser reparada da placa
Fonte: PEDRO VITÓRIA, 2016.
94
A parte interna da área delimitada pode ser demolida com equipamentos mais
robustos, como por exemplo o picão mostrado na Figura 64, e para área externa (área
mais próxima as placas adjacentes) deve ser usado um equipamento mais leve para não
danificar as outras placas, como por exemplo um martelete (Figura 70).
95
barras até o endurecimento do epóxi). Antes da concretagem, todas as barras de
transferência expostas deverão ser pintadas e engraxadas.
Após isto feito, a sub-base e as faces das placas remanescentes deverão ser limpas
com água e jato de ar limpo.
96
Nas duas faces da placa no sentido longitudinal no local do reparo colocar um
elemento separador, semelhante ao mostrado na Figura 77, para marcar onde está e
ficará a junta após a concretagem.
Após tudo isso feito, deverá se proceder a concretagem com concreto novo de
acordo com as características de projeto. Deverão ser realizadas todas as atividades
subsequentes ao lançamento do concreto, isto é, adensamento, texturização, cura, corte
das juntas e selagem das juntas.
Este reparo de espessura parcial é indicado na maioria dos casos para tratamento
das seguintes manifestações patológicas: pequenos buracos, delaminações, marcas de
patas de animais e esborcinamentos de juntas. O reparo parcial se aplica sempre que a
profundidade do reparo for menor que 1/3 da espessura da placa de concreto.
97
Porém no caso de uma fissura ativa, que esteja no máximo a 0,60 m de uma junta,
podendo ser transversal ou longitudinal, que se inicie próximo da junta e principalmente
em placas de concreto que não terão tráfego de aeronaves (Figura 73), pode-se proceder
com esse método de reparo.
Após isolar a área de trabalho, deve-se delimitar a área danificada de tal forma
que o reparo tenha um formato geométrico de um quadrado ou retângulo, cujas
dimensões mínimas de reparo são as seguintes: comprimento ≥ 30 cm e largura ≥ 20 cm.
As arestas delimitadoras deverão ultrapassar de 5 a 15 cm, para cada lado do defeito
(Figura 74). Se houver duas áreas a serem reparadas, distando uma da outra em 60 cm,
no máximo, sugere-se que se faça um único reparo parcial.
98
Figura 74 - Exemplo de corte para o reparo
Fonte: PEDRO VITÓRIA, 2016.
99
Figura 75 - Retirada do concreto com a utilização do martelete
Fonte: PEDRO VITÓRIA, 2016.
O próximo passo é cortar a junta paralela à fissura em toda a sua espessura, com
disco diamantado de 3 mm, inclusive as barras de transferência (Figura 76), para isolar a
parte do concreto que originou a fissura. Este corte visa a deixar a fissura inativa.
Figura 76 - Corte da junta paralela em toda sua espessura inclusive as barras de transferência
Fonte: PEDRO VITÓRIA, 2016.
100
Antes do preenchimento com o produto de reparo, colocar um elemento pré-
moldado (forma), semelhante ao mostrado na Figura 77, no alinhamento da junta e a
superfície deverá estar limpa e seca antes da aplicação do produto.
A maioria dos grautes epóxi é formada por três componentes, sendo 2 partes
líquidas e uma parte sólida, e os fabricantes determinam que, para a mistura do material,
primeiro seja executada apenas as partes líquidas e essa mistura pode ser usada como
ponte de aderência, ou seja, pode se passar uma pincelada dessa mistura no substrato e
depois de misturar com a parte sólida (agregado), aplica-se o graute epóxi para garantir
uma melhor aderência do mesmo.
101
É importante que esse reparo tenha uma coloração semelhante com a do
pavimento que foi restaurado, pois para um piloto que esteja taxiando uma aeronave, se
ele avistar um reparo escuro ele pode não diferenciar o mesmo de um buraco e com isso
gerar transtornos para a operação do aeroporto.
102
Em seguida se dá a remoção do concreto empregando um martelete leve, que tem
por finalidade evitar a microfissuração do substrato e a possível falta de aderência entre
material de reparo e concretos adjacentes. O martelete deverá ser empregado formando
um ângulo de 45° com a horizontal. A remoção final do concreto deverá ser executada
com apicoamento manual.
Depois se realiza a limpeza da ranhura com jato de ar limpo. Para isto deverá ser
empregado um compressor de ar. Com a superfície limpa e seca, aplicar uma fina camada
de epóxi como ponte de aderência e então colocar as barras de transferência (com
diâmetro, comprimento, quantidade, conforme definido no projeto de restauração), com
espaçadores, graxa na barra inteira, luva de expansão etc., observando um perfeito
alinhamento das mesmas, conforme mostra a Figura 79.
103
Figura 80 – Retrofit
Fonte: GIUBLIN, 2015.
104
Figura 81 – Espaços preparados para o grampeamento com barras paralelas
Fonte: PEDRO VITÓRIA, 2016.
Figura 82 - Detalhe da ranhura preparada para o encaixe do grampo e no fundo uma ranhura
sendo aberta com o martelete
Fonte: PEDRO VITÓRIA, 2016.
105
O passo seguinte é remover o concreto empregando um martelete leve. Tem por
finalidade evitar a microfissuração do substrato e a possível falta de aderência entre
material de reparo e concretos adjacentes. O martelete deverá ser empregado formando
um ângulo de 45° com a horizontal. A remoção final do concreto deverá ser executada
com apicoamento manual e executar os furos de fixação dos grampos no fundo das
ranhuras.
Em seguida deve-se efetuar a limpeza dos furos e ranhuras. Com a superfície limpa
e seca, aplicar uma fina camada de ponte de aderência, à base de epóxi e colocar os
grampos nos furos, verificando que os mesmos fiquem posicionados na metade da placa
(linha neutra) conforme na Figura 83.
106
Figura 84 - Exemplo de grampeamento executado e selado com microcimento
Fonte: PEDRO VITÓRIA, 2016.
107
O material de reparo recomendado é o microcimento, que deverá garantir boa
aderência e desempenho semelhante ao da placa de concreto. Sua aplicação pode se dar
por meio de bicos injetores, porém o mais simples é a aplicação por gravidade, que é feito
com o auxílio de um aplicador com o material já misturado (Figura 85).
O reparo somente pode ser considerar como terminado (Figura 86) quando a
fissura não absorver mais o material.
108
No caso de a selagem ficar mais alta que a cota do pavimento, pode se lixar a
fissura selada para garantir um melhor acabamento do reparo realizado.
109
6. Considerações Finais
Apesar dessa longevidade maior da vida útil dos pavimentos rígidos em relação
aos flexíveis, as manifestações patológicas vão aparecer, seja na época da construção
quanto com o uso contínuo do pavimento. No entanto, em alguns casos, erros de projeto,
execução ou falta de manutenção, tem contribuído para o surgimento de manifestações
patológicas que reduzem a qualidade da pista e diminuem a vida útil dessas estruturas e
têm exigido reparos com pouco tempo de uso, ou até mesmo antes da liberação ao
tráfego.
110
E o que este trabalho mostra é que para um reparo adequado e com um bom
desempenho, tudo se inicia com um diagnóstico correto sobre a manifestação patológica
que possa vir a acontecer, e só assim se pode determinar o método de reparo adequado.
111
Referências Bibliográficas
CORINI, F. Scienza e Tecnica dele Costruzioni Stradali e Ferroviarie. Milão: Editore Hoepli
Milano, 1947.
112
DNIT. 059/2004-ES – Pavimento rígido – Pavimento de concreto de cimento Portland,
compactado com rolo – Especificação de Serviço – Departamento Nacional de
Infraestrutura de Transportes, 2004.
113
DURÁN, J. B. C. Sistema de Gerência de Pavimentos Aeroportuários: Estudo de Caso no
Aeroporto Estadual de Araraquara. Dissertação (Mestrado). Programa de Pós-
Graduação em Engenharia de Transportes – Área de concentração: Infraestrutura
de Transportes. Escola de Engenharia de São Carlos da Universidade de São Paulo,
EESC/USP. 202 p. São Carlos, SP, 2015.
114
MACEDO, M. de C. Um Sistema de Gerência de Pavimentos e suas Aplicações na Agência
Reguladora. Agência Nacional de Aviação Civil. VII SINTRAER. Simpósio de
Transporte Aéreo. Rio de Janeiro, RJ. pp. 870-879 – Tr. 553. 26 a 28 de novembro de
2008.
OLIVEIRA, T. Pavimentos de Concreto. PINI: Revista Construção Mercado Ed. 86, 2008.
SENÇO, W. de. Manual de Técnicas de Pavimentação. Volume 1. São Paulo: Pini, 1997.
SENÇO, W. de. Manual de Técnicas de Pavimentação. Volume 2. São Paulo: Pini, 2001.
SHAHIN, M. Y. Pavement Management for Airports, Roads and Parking Lots. 2nd Edition.
Chapman & Hall, New York, USA. 2005.
YODER, E. J.; WITCZAK, M. W. Principles of Pavement Design. 2nd Edition. John Wiley &
Sons, Inc., 711p., New York, USA, 1975.
115
ANEXO A – GRAUS DE SEVERIDADE E CRITÉRIOS PARA CONTAGEM DOS
DEFEITOS
a) Grau de Severidade:
– Médio (M): o defeito causa um médio desconforto de rolamento, sem causar prejuízo ao
trafego,
b) Contagem:
– Quando o alçamento ocorrer em uma fissura, ele será registrado como ocorrendo em uma única
placa,
– Quando localizar-se em uma junta atingindo duas placas, ambas deverão ser contadas.
a) Grau de Severidade:
– Baixo (B): a área compreendida entre a fissura de canto e as juntas não está fissurada,
– Médio (M): a área compreendida entre a fissura de canto e as juntas apresenta no máximo duas
fissuras;
– Alto (A): a área compreendida entre a fissura de canto e as juntas apresentam mais de duas
fissuras.
b) Contagem
– Duas ou mais fissuras de canto com diferentes graus de severidade (nesse caso apenas o grau
de severidade mais elevado é registrado).
a) Grau de Severidade
116
b) Contagem
Se a placa tiver um grau de severidade médio ou alto, nenhum outro defeito deverá ser
registrado.
b) Contagem:
Nota: o desnível em uma fissura não é tido como defeito isolado, mas é levado em conta para se
definir o grau de severidade dessa fissura.
a) Grau de Severidade:
– Baixo (B): o selante apresenta bom estado e desempenho em todo o trecho, com um mínimo de
defeitos em áreas localizadas.
– Médio (M): o selante apresenta condições razoáveis em todo o trecho, com um ou mais tipos de
defeitos ocorrendo em grau moderado.
– Alto (A): o selante está em más condições, apresentando um ou mais tipos de defeitos em graus
elevados, necessitando de substituição imediata.
b) Contagem:
117
6 Defeito: Desnível Pavimento - Acostamento
a) Grau de Severidade:
Nota: A partir do grau de severidade M recomenda-se que o reparo seja feito imediatamente,
para evitar o comprometimento da segurança de rolamento.
b) Contagem:
O desnível é caracterizado pela média entre o menor e o maior valor observado numa mesma
placa; cada placa é registrada separadamente com o respectivo grau de severidade.
a) Grau de Severidade:
– Baixo (B): Fissuras sem tratamento (selagem), com menos de 12mm de largura, ou fissuras com
qualquer abertura, com tratamento em boas condições. Não existem degraus
– Fissuras sem tratamento, com abertura entre 12 e 50mm, medida na parte superior da placa de
concreto
– Fissuras sem tratamento, com abertura de até 50mm e degraus com menos de 10mm, medida
na parte superior da placa de concreto;
– Fissuras com tratamento, com qualquer abertura e com degrau menor que 10mm, medida na
parte superior da placa de concreto;
– Fissuras não tratadas com abertura superior a 50mm, medida na parte superior da placa de
concreto;
Nota: fissuras capilares, curtas e que não atingem toda a espessura da placa são tidas como
“fissuras de retração plástica”.
118
– Fissuras com médio e alto de graus de severidade são normalmente consideradas como defeitos
estruturais.
b) Contagem:
– Se ocorrem duas fissuras com grau médio de severidade, a placa é registrada como tendo uma
fissura de alto grau de severidade.
a) Grau de Severidade:
– Baixo (B): reparo apresenta bom desempenho, com pouca ou nenhuma deterioração;
– Médio (M): reparo parcialmente deteriorado ou com esborcinamento das bordas; o material de
reparo pode ser removido com algum esforço;
b) Contagem:
– Se uma placa tiver mais de um reparo, será considerado apenas o de maior grau de severidade.
Nota: se a causa do reparo for mais grave, apenas o defeito original é anotado.
a) Grau de Severidade:
– Baixo (B): reparo com bom desempenho, com pouca ou nenhuma deterioração;
– Médio (M): reparo parcialmente deteriorado podendo, com esforço ser removido;
b) Contagem:
– Se uma placa tiver mais de um reparo, será anotado apenas o de maior grau de severidade.
Nota: se a causa do reparo for mais grave, apenas o defeito original é registrado.
a) Grau de Severidade: não há uma definição de graus de severidade, entretanto o defeito deverá
ser anotado.
119
b) Contagem: faz-se o apontamento de cada placa que apresente o desgaste superficial.
11 Defeito: Bombeamento
b) Contagem:
– Se o bombeamento ocorrer numa junta entre duas placas, ambas serão catalogadas;
– Caso as demais juntas de uma dessas placas apresentem bombeamento, as placas contíguas a
essas juntas deverão também ser anotadas.
a) Grau de Severidade:
b) Contagem:
– Se uma placa tiver mais de uma dessas áreas, será contada como apresentando apenas a de
maior grau de severidade.
a) Grau de Severidade:
– Médio (M): a passagem de nível causa um razoável desconforto de rolamento, sem, contudo,
comprometer a segurança do tráfego;
a) Grau de Severidade:
– Baixo (B): existem fissuras superficiais em grande parte da placa; sua superfície está em boas
condições com um mínimo de escamação;
120
– Médio (M): existe escamação em menos de 15% da área da placa;
b) Contagem: cada placa com escamação é anotada. No caso deste defeito apresentar um baixo
grau de severidade, só é registrado se a escamação for iminente.
a) Grau de Severidade: não há graus de severidade definidos, bastando apenas relatar sua
ocorrência.
a) Grau de severidade:
b) Contagem:
– Caso ocorra uma ou mais quebras de canto com o mesmo grau de severidade numa mesma
placa conta-se esta placa como “uma placa com quebra de canto”
Nota: quebras cujos lados tenham menos do que 13 cm ou que possuam área inferior a 65cm2
são desprezadas
a) Grau de Severidade:
121
b) Contagem:
– Se ocorrer na borda de uma parte, torna-se uma placa com esborcinamento de junta;
– Se o esborcinamento ocorrer em mais de uma junta de uma mesma placa, o grau de severidade
mais elevado é anotado e registra-se como uma única placa afetada.
– Caso o esborcinamento ocorra entre duas placas, cada uma delas deverá ser apontada como
tendo junta esborcinada.
a) Grau de Severidade:
19 Defeito: Assentamento
a) Grau de Severidade:
– Médio (M): assentamento visível que embora proporcione boas condições de rolamento
compromete a segurança do tráfego; há necessidade de sinais de advertência;
– Alto (A): assentamento abrupto, não oferece boas condições de tráfego nem de segurança; há
necessidade de recuperação imediata do trecho.
b) Contagem:
– Para o cálculo do ICP, serão considerados apenas aqueles outros ocorridos na área sujeita ao
assentamento.
20 Defeito: Buracos
122
ANEXO B – INSTRUÇÕES PARA O CÁLCULO DOS ICP
1 Disposições iniciais
Para se calcular o ICP de uma amostra, subtrai-se de 100 (que é o valor do ICP, quando não há
nenhum defeito visível na amostra), um somatório de "valores deduzíveis" (CVD), que é função
dos tipos dos graus de severidade e das densidades de defeitos das placas defeituosas visíveis
registradas na Ficha de Inspeção da amostra, conforme item 5 deste Anexo.
Antes de ser subtraído, deve esse somatório ser corrigido (VDC), de acordo com o número de
valores deduzíveis e sua influência na condição estrutural do pavimento.
∑ 𝐼𝐶𝑃 = 100 − ∑
𝑗=𝑖 𝑖=𝑗
Em que:
A = valor deduzível, dependente do tipo do defeito (Ti), do grau de severidade (Sj) e da densidade
de defeitos (Dij);
F (t,q) = uma função de ajustamento para defeitos múltiplos que varia com o valor deduzível
somado (t) e o número de deduções (q).
c) corrigir o somatório dos valores deduzíveis obtendo o VDC. Para isso, o avaliador deverá utilizar
o gráfico do item 7 deste Anexo;
123
d) por último, chegar ao valor do ICP, por meio da seguinte subtração: 100-VDC.
Se o tipo de inspeção utilizado for o "Inspeção em todo o trecho", o valor do ICP do trecho será a
média aritmética dos valores dos ICP obtidos para as amostras.
a) não há amostras adicionais. Nesse caso, o valor do ICP do trecho será a média aritmética dos
ICP obtidos para amostras;
b) há amostras adicionais inspecionadas. O ICP do trecho será obtido por meio da seguinte
fórmula:
𝑁−𝐴 𝐴
𝐼𝐶𝑃 = 𝐼𝐶𝑃1 + 𝐼𝐶𝑃2
𝑁 𝑁
Em que:
4 Disposições finais
O cálculo do ICP é calcado nas informações contidas na Ficha de Inspeção. O avaliador, após
analisar todas as informações fornecidas pela inspeção visual e pelo cadastro documental da
rodovia, poderá discordar do conceito atribuído ao trecho, em função do ICP calculado. Por ser
uma avaliação objetiva, prevalecerá o conceito com base no cálculo. Nesse caso o avaliador fará
constar no laudo da avaliação sugestão para alteração do conceito, devidamente
consubstanciada.
124
5 Ficha de inspeção - exemplo
125
b) Qual(ais) a(s) causa(s) provável(is) das avarias? Assinale com X: material selante inadequado ( );
execução das juntas inadequada ( X ).
a) Qual(ais) a(s) causa(s) provável(is) da avaria? Assinale com X: solicitação intensa do tráfego ( X
); concreto de baixa qualidade ( ); agregados sujos ( ).
5.1.3.1 Assentamento ( 19 )
5.1.3.2 Buracos ( 20 )
a) Que tipos de defeitos atípicos foram detectados no trecho? E em que placas? Alçamento de
placas e passagem de nível nas placas ( 6,2 ), ( 6,3 ), ( 7,2 ), ( 7,3 ) .
b) Quais as prováveis causas? Encontro com estrutura de ponte e trilhos de ferrovias que cortam
a amostra .
126
5.2 Informações complementares - exemplo
127
6 Curvas para a determinação de valores deduzíveis dos defeitos
128
6.2 Fissura de canto
129
6.3 Placa dividida (rompida)
130
6.4 Escalonamento ou degrau
131
6.5 Defeitos na selagem das juntas
Os defeitos existentes no selante não são avaliados por densidade (quantidade), mas em função
da condição dos sistemas de selagem como um todo, na amostra inspecionada.
132
6.6 Desnível pavimento – acostamento
133
6.7 Fissuras lineares
134
6.8 Grandes reparos existentes (> 0,45m2)
135
6.9 Pequenos reparos existentes (≤ 0,45 m2)
136
6.10 Desgaste superficial
137
6.11 Bombeamento
138
6.12 Quebras localizadas
139
6.13 Passagem de nível
140
6.14 Fissuras superficiais (rendilhado) e escamação do concreto
141
6.15 Fissuras de retração plástica
142
6.16 Esborcinamento ou quebra de canto
143
6.17 Esborcinamento de juntas
144
6.18 Placa bailarina
145
7 Valor deduzível corrigido, para pavimentos de concreto simples
146
147