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Esperança nas casas

“O drama das Escrituras”


Ato 1 | Deus estabelece seu reino: Criação

Texto(s) de Referência: Gênesis 1:1, 2:4; Êxodo 3, 6:1-12

Introdução
A narrativa bíblica é chamada de “narrativa da redenção" porque a redenção é um dos seus
pontos mais importantes. A “redenção” existe porque houve um “problema” no “estado original”.
É por isso que a narrativa bíblica começa com a Criação. Nosso estudo não vai se focar em
como o universo surgiu, mas em quem o fez surgir: O Senhor Deus.

De salvador para Senhor de todas as coisas.


Depois de 400 anos de escravidão, o público original do Pentateuco tinha sido influenciado na
sua visão de origem do mundo. Então foi necessário reeducar. Na linha do tempo, os israelitas
primeiro passam a conhecer a Deus (por meio de Moisés) como seu Redentor: Ele os salva da
escravatura; somente mais tarde tomam conhecimento do seu papel como Criador de todas as
coisas. Cada aspecto da história contada é intencional. Embora algumas coisas possam
parecer estranhas para nós, precisamos lembrar que faziam sentido para o povo de Israel.
Quando lemos que Deus criou a luz, a água e a terra, por exemplo, é Deus dizendo “aquele Rá
(sol) que era adorado no Egito, aquele Geb (terra) ou aquela Nu (água), foi Eu quem criei”.
Moisés tinha que contar a história verdadeira.
O pastor e professor do Antigo Testamento John Stek, declara:
“A intenção [...] de Moisés era proclamar o conhecimento do verdadeiro Deus,
como ele revelou a si mesmo em suas obras de criação, proclamar um entendimento
correto da humanidade, do mundo e da história que o conhecimento do verdadeiro
Deus acarreta e proclamar a verdade a respeito dessas questões em face das noções
de falsas religiões que eram predominantes em todo o mundo de sua época”.
O relato da Criação, então, proclama a verdade sobre Deus, a humanidade e sobre o mundo. É
um ato introdutório que nos apresenta os atores principais na peça (Deus e a humanidade), e o
mundo no qual a história bíblica se desenrola.

A humanidade como a imagem de Deus


Esta narrativa não fica aí. Ela também revela quem nós somos e para que nós somos. O
primeiro que esta narrativa diz é que nós todos fomos criados à imagem de Deus em Gênesis
1:27. Numa sociedade onde a hierarquia era um consenso, dizer que todos éramos iguais era
um ato revolucionário. E não somente isso, pois o homem e a mulher desfrutam de um
relacionamento pessoal ímpar com Deus. Em Gênesis 3:8 vemos que Deus tinha o hábito de
se encontrar com eles; como Gordon Wenham descreve, “o jardim é semelhante ao
tabernáculo, no qual Deus habita entre seu povo”. Esse era o relacionamento.
Os chamados dois relatos do Gênesis examinam duas diferentes dimensões desta realidade:
Gênesis 1 examina a humanidade em seu relacionamento com o mundo; Gênesis 2 concentra-
se no homem e na mulher em seu relacionamento um com o outro e com Deus.
Ter sido criados à semelhança com Deus tem a ver com a vocação singular da humanidade,
seu chamado ou comissão feitos pelo próprio Deus. Sob Deus, a humanidade deve dominar
sobre as partes não humanas da criação na terra, do mesmo modo que Deus é o dominador
supremo sobre tudo. No reino de Deus, fomos criados para Ele e devemos servir como vice-
regentes ou administradores, trabalhar no cuidado do mundo criado, dominar sobre a criação a
fim de que a reputação de Deus seja realçada em seu reino cósmico. Eis a ideia de
relacionamento múltiplo: com o Senhor Deus, consigo mesmo, com o mundo através do
trabalho, e com outros seres humanos.

O mundo como reino de Deus


Como mordomos da criação, os cristãos não podemos sermos alheios ao mundo. A Bíblia
descreve o mundo material e criado como o próprio teatro da glória de Deus, o reino sobre o
qual Ele reina. O mundo foi criado bom, pois procede de Deus, refletindo de modo maravilhoso
o seu próprio desígnio e plano para ele: na sua complexidade e diversidade, a criação produz
uma sinfonia de louvor ao Criador.
O trabalho de Adão e Eva marca o início de um longo processo pelo qual seus filhos e seus
descendentes desenvolverão as riquezas deste maravilhoso parque criado por Deus. A
mordomia real de Adão e Eva será uma versão pequena do que Deus quer que aconteça com
toda a criação à medida que a história se desenrola.

Conclusão
O único modo de descobrir nosso lugar na história bíblica, é compreendermos como essa
história bíblica vai se desenrolando. É necessário voltar ao início da Bíblia e ler a história em
seus vários atos, começando com “No princípio…”

Aplicação
A Bíblia deve deixar ser ser simplesmente uma sucessão de fragmentos devocionais
desconexos destinados principalmente à moralidade e a espiritualidade individual, e se tornar
uma narrativa que nos ajude a explicar as quatro grandes perguntas de uma cosmovisão:
“Quem sou”?, “Onde estou?”, “O que está errado?”, “Qual é a solução?”. Na medida que fomos
respondendo estas perguntas, estaremos descobrindo o nosso lugar na história de Deus.

Perguntas para Discussão em Grupo


1. Qual foi a intenção de Moisés ao escrever a história das origens?
2. Segundo o estudo, quem somos e para que somos?
3. Como uma perspectiva bíblica e correta de quem somos e para que somos pode ajudar
em nosso relacionamento com Deus?

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