Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Tornando inclusivo
o futuro do trabalho
das pessoas com deficiência
Uma publicação conjunta da Fundação ONCE com a Rede Global de Empresas e Deficiência
da OIT, desenvolvida dentro da estrutura do Disability Hub Europe, um projeto conduzido pela
Fundação ONCE e cofinanciado pelo Fundo Social Europeu
Tornando inclusivo
o futuro
do trabalho
das pessoas com
deficiência
Uma publicação conjunta da Fundação ONCE com a Rede Global
de Empresas e Deficiência da OIT, desenvolvida dentro da
estrutura do Disability Hub Europe, um projeto conduzido pela
Fundação ONCE e cofinanciado pelo Fundo Social Europeu
edição
Santa Causa Boas Ideias & Projetos
São Paulo
2021
A edição original deste trabalho foi publicada pela OIT, em Genebra, Suíça, sob
o título “Making the Future of Work Inclusive of Persons with Disabilities”.
ISBN 978-65-89751-00-7
Tradução
Romeu Kazumi Sassaki
Projeto Romeu Sassaki - Sociedade Inclusiva/apoia.se
Com a colaboração de Aline Morais e Rafael Públio
Autorização da tradução
Direitos de Autor e Licenças
Organização Internacional do Trabalho
Autorização da publicação
Memorandum of Agreement assinado em 16/03/2020 por
representantes da Organização Internacional do Trabalho e da
Santa Causa Boas Ideias & Projetos
Espaço da Cidadania
E-mail: ecidadania@ecidadania.org.br
21-58366 CDD-362.40484
Índices para catálogo sistemático:
PREFÁCIO ................................................................................................. 8
REFERÊNCIAS .......................................................................................... 41
AGRADECIMENTOS ................................................................................ 44
8
O futuro do trabalho ainda será esculpido e todos nós podemos influenciar
nisso consideravelmente. Estimulada por esta ideia e consciente da urgência
para agir, a Rede Global de Empresas e Deficiência da OIT e a Fundação ONCE
desenvolveram esta publicação. Este é o primeiro exercício para conectar di-
versas áreas de debate, examinando as principais tendências do futuro do tra-
balho pela perspectiva da deficiência e procurando identificar ações específicas
necessárias a fim de moldar o futuro do trabalho de uma maneira que inclua
mais a deficiência.
Esta publicação deve ser vista como o começo de uma jornada. Uma jornada
que exige o envolvimento e a colaboração de todas as entidades apoiadoras
para executarem ações concretas a fim de assegurar um futuro do trabalho
que inclua pessoas com deficiência.
9
RESUMO EXECUTIVO
10
Foram identificados os cinco objetivos principais para a inclusão de pessoas
com deficiência no futuro do trabalho, a saber:
11
1. Trabalho e deficiência: uma visão geral da atual
situação
Em 2018, a força de trabalho mundial consistia de 3,5 bilhões de pessoas — dos
quais 3,3 bilhões estavam empregados(1), Naquele cenário, a desigualdade foi
um dos riscos crescentes.
Dados procedentes de oito regiões do mundo mostram que 36% das pessoas
com deficiência em idade de trabalhar têm emprego, comparados aos 60% das
pessoas sem deficiência. Na maioria dos países, pessoas com deficiência em-
pregadas estão provavelmente em empregos vulneráveis ou ganhando menos
que as pessoas sem deficiência(3).
12
O percentual de Um percentual Pessoas com
pessoas com alto de jovens deficiência
deficiência que com deficiência correm maior
participam no abandona o sistema risco de pobreza e
mercado de educacional mais exclusão social do
trabalho(5), é mais cedo em comparação que pessoas sem
baixo que o das com jovens sem deficiência.
pessoas sem deficiência.
deficiência.
O índice de
desemprego das
mulheres com
deficiência na faixa
de 20 a 64 anos é
muito mais alto que As projeções eram de que em 2020(6)
o de mulheres sem existiriam 120 milhões de pessoas com
deficiência deficiência na União Europeia.
18,8% vs 10,6%
Figura 1 (7) : Principais dados sobre a situação atual do mercado de trabalho europeu.
Fonte: Elaboração própria baseada em estatísticas da Comissão Europeia de 2017.
5. É considerada pessoa ativa aquela em idade de trabalhar, que tenha um emprego ou que esteja
inscrita como candidata em um serviço de colocação laboral.
6. Relatório Progressivo sobre a Implementação da Estratégia Europeia de Deficiência (2010-2020).
Comissão Europeia, 2017.
7. O percentual de pessoas com deficiência que estão no mercado de trabalho é mais baixo que o
das pessoas sem deficiência (60% vs 82%). Um alto percentual de jovens com deficiência abandona
o sistema educacional mais cedo, em comparação com jovens sem deficiência (22,5% vs 11%).
Pessoas com deficiência se encontram na pobreza e na exclusão social, comparadas às pessoas
sem deficiência (30% vs 21,5%). O índice de desemprego das mulheres com deficiência na faixa de
20 a 64 anos é bem mais alto que o das mulheres sem deficiência (18,8% vs 10,6%).
13
Pessoas com deficiência – um bilhão no mundo(8) – constituem uma fonte
de talento para o emprego e para o desenvolvimento de novos produtos e
serviços. Porém, a cada dia, elas enfrentam desafios que as impedem de usar
sua plena capacidade e de contribuir igualmente com nossas sociedades. Esta
não é somente uma violação de seus direitos, mas também uma perda para a
nossa sociedade e para a diversidade da sociedade(9). Há também um efeito ne-
gativo sobre a economia, considerando-se o valor que estas pessoas poderiam
gerar se elas estivessem trabalhando.
A tabela abaixo mostra desafios “atuais”, que deverão ser enfrentados, uma
vez que eles continuam sendo relevantes e com frequência ainda mais no fu-
turo. Eles não são específicos ao futuro do trabalho, nem surgiram como
uma consequência das tendências comumente concordadas no futuro do
trabalho, mas, a menos que ações sejam tomadas, os desafios persistirão.
14
Desafios atuais à inclusão laboral de pessoas
com deficiência
Falta de ambiente habilitador
• Barreiras de acesso em ambientes construídos, transportes, produtos e
serviços.
• Benefícios pessimamente elaborados em relação à deficiência, os quais
geralmente resultam em pobreza das pessoas com deficiência.
• Insuficiência dos serviços de apoio, os quais não são transferíveis de um
país para outro.
• Educação não inclusiva e treinamento profissional que resultam em
níveis mais baixos de escolarização e qualificação laboral entre as pessoas
com deficiência.
• Apoio inadequado aos jovens com deficiência que estejam em transição
da escola para o mundo do trabalho.
• Baixo nível de capacidade dos serviços públicos de emprego para apoiar
pessoas com deficiência.
• Descumprimento geral das cotas laborais onde esta obrigatoriedade
exista.
Sociedade em geral
• Pessoas com deficiência são, com frequência, vistas com estigma e
estereótipo pela sociedade.
• Discriminação e altos níveis de exposição a situações de violência e
assédio, também no local de trabalho.
15
Entretanto, há muitos desenvolvimentos encorajadores em termos de legisla-
ção, políticas e práticas. Tanto no setor privado como no público, as vantagens
da inclusão da deficiência(10) estão sendo reconhecidas com frequência cada vez
maior. Com frequência, isto se chama “Estudos sobre a Inclusão Laboral da Pessoa
com Deficiência”. As principais ideias sobre isto se encontram a seguir:
Pessoas com deficiência têm sido estimuladas a desenvolver habilidades, tais como
perseverança, solução de problema, agilidade, disposição prévia, pensamento ino-
vativo e um desejo de experimentar a fim de se adaptar ao mundo ao redor delas(11).
Todas estas habilidades são indispensáveis para enfrentar a realidade do amanhã.
Estudos têm demonstrado que a contratação de pessoas com deficiência torna os
locais de trabalho mais inclusivos e melhores para todos(12), criando assim ambientes
livres de estigmas(13).
Além disso, a rotatividade das pessoas com deficiência é 48% menor que a das pesso-
as sem deficiência(15). Ademais, a rotatividade da equipe em geral pode ser reduzida
em até 30% se houver pessoas com deficiência na força de trabalho.
10. Refere-se à significativa participação de pessoas com deficiência em toda a sua diversidade, à pro-
moção de seus direitos e à consideração de perspectivas relativas à deficiência, em conformidade com a
Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência, da ONU. Definição extraída da Estratégia de
Inclusão da Deficiência das Nações Unidas.
11. O que as empresas ganham incluindo pessoas com deficiência? Fórum Econômico Mundial, 2019.
12. O que as empresas ganham incluindo pessoas com deficiência? Fórum Econômico Mundial, 2019.
13. Não há uma medida única para um ambiente livre de estigma, mas incluem-se questões como um
claro compromisso de alto nível para a não discriminação, treinamento sobre preconceito inconsciente,
campanhas internas sobre temas como a saúde mental.
14. Chegando ao igual: A vantagem da inclusão da deficiência. Accenture, 2018.
15. Emprego e Inclusão da Deficiência: Seu guia ao sucesso. Workplace Initiative, 2017.
16
Empregar pessoas com deficiência em uma empresa traz também benefícios
para a reputação(16). Um levantamento conduzido pelo Conselho Nacional de
Empresa e Deficiência dos EUA mostrou que 78% dos consumidores comprarão
bens e serviços de empresas que facilitam o acesso para pessoas com deficiência
em seus locais físicos(17).
16. O que as empresas ganham incluindo pessoas com deficiência? Fórum Econômico Mundial, 2019.
17. Um Mercado Oculto: O poder de compra de adultos com deficiência em idade de trabalhar.
Instituto Americano de Pesquisa, 2018.
18. Estudo “O impacto da inclusão social e laboral de pessoas com deficiência na reputação da empre-
sa”, 2019, cofinanciado pelo ESF (disponível em espanhol).
19. Relatório Anual 2016: A Economia Global da Deficiência. Retorno sobre Deficiência, 2016.
17
Empresas estão cada vez mais conscientes de que, para maximizar os benefí-
cios e criar valor de longo prazo (relacionado às estratégias de Sustentabilidade
ou Responsabilidade Social), elas necessitam corresponder às expectativas de
todos os seus agentes apoiadores — desde acionistas até comunidades locais
em geral. Portanto, uma abordagem abrangente é requerida ao considerar
pessoas com deficiência, conforme está refletida nas perspectivas de 360º(20).
Trabalhadores
Comunidade
Fornecedores
18
2. As megatendências do futuro do trabalho
e as pessoas com deficiência
Durante o curso da história, a natureza do trabalho evoluiu a passos acelerados.
A inércia das novas forças criou cenários que seriam inimagináveis há alguns
anos(21). Desde o início do século 21, houve uma transformação, não somente
dos meios de produção, mas também do suprimento e demanda de produtos e
serviços. Isto se deve basicamente à crescente interconexão e cooperação entre
pessoas e tecnologia.
21. Trabalhem por um futuro melhor. Comissão Global da OIT sobre o Futuro do Trabalho, 2018.
22. Refere-se a como uma combinação de tecnologias está mudando o modo como vivemos, trabalha-
mos e interagimos. Conceito de Klaus Schwab, fundador e presidente executivo do Fórum Econômico
Mundial.
23. Trabalhem por um futuro melhor. Comissão Global da OIT sobre o Futuro do Trabalho, 2018.
24. Livro Verde, p.7. Ministério Federal do Trabalho e Assuntos Sociais da Alemanha, 2015.
19
• Mudança demográfica, inclusive o envelhecimento populacional, a
urbanização e a migração, embora variando de acordo com a região,
colocará tensões no mercado de trabalho e no sistema de seguridade
social(25).
25. Trabalhem por um futuro melhor, p.10. Comissão Global da OIT sobre o Futuro do Trabalho,
2018.
20
O futuro do trabalho
Big data
Indústria 4.0
Automação
Revolução tecnológica
Inteligência artificial
Digitalização
Habilidades compatíveis
Habilidades transversais
Revolução de habilidades
Sustentabilidade
Relações trabalhistas
Envelhecimento da população
Migração
Novos padrões
21
É essencial identificar os desafios enfrentados e as oportunidades oferecidas por
essa transformação, a fim de abrir caminho para uma sociedade mais inclusiva, ao
mesmo tempo em que oferecem segurança financeira, igualdade de oportunidades
e justiça social para as pessoas com deficiência. Isso significa que governos, empre-
sas, ONGs de pessoas com deficiência, sindicatos e cidadãos devem desempenhar
sua parte(26).
26. Trabalhem por um futuro melhor. Comissão Global da OIT sobre o Futuro do Trabalho, 2018.
27. Trabalhem por um futuro melhor, p.10. Comissão Global da OIT sobre o Futuro do Trabalho, 2018.
28. Livro Verde, p.16-17. Ministério Federal do Trabalho e Assuntos Sociais da Alemanha, 2015.
29. Relatório sobre Risco Global 2018, 13ª ed. Fórum Econômico Mundial, 2019.
22
A transformação tecnológica pode, se for realizada de forma inclusiva,
oferecer às pessoas com deficiência um melhor acesso ao mercado de tra-
balho. A tecnologia digital facilita a participação no treinamento em formato
de arranjos de aprendizagem mais flexíveis e condensados. Plataformas digi-
tais podem ser utilizadas para a busca de emprego, oferecendo acesso direto
ao emprego e aos empregadores. No entanto, é vital que essas plataformas
estejam acessíveis desde o início. Para plataformas utilizadas para mediação
de empregos, isso levanta a questão de saber se as pessoas com deficiência
devem informar sobre sua deficiência e quaisquer necessidades diretamente
relacionadas à deficiência. Isso levanta questões éticas e de proteção de dados,
que requerem mais reflexão.
O ritmo de mudança e inovação é tão rápido que, a menos que o Desenho Uni-
versal esteja no centro das equipes encarregadas da inovação, os novos
produtos e serviços podem criar novas barreiras e, quando a acessibilidade for
adicionada, esses produtos e serviços já terão sido substituídos. Ter pessoas
com deficiência diretamente envolvidas nos processos de inovação é funda-
mental para isso e também levará a melhores produtos e serviços para todos,
um exemplo claro de como a inclusão de deficiência contribui para a inovação
e a competitividade. Neste contexto, os Grupos de Recursos dos Funcionários
podem desempenhar um papel importante na garantia de que novos produtos
e serviços levem em conta o Desenho Universal desde o início.
23
Por último, mas não menos importante, o desenvolvimento de novas tecno-
logias está alimentando a “economia gigante”, caracterizada por arranjos de
trabalho flexíveis e apoiados por plataformas que permitem compromissos de
curto prazo entre empregadores e empregados. As implicações para as pesso-
as com deficiência serão discutidas na seção sobre mudanças culturais.
24
A SourceAmerica e a World Infor- A empresa israelense Atvisor criou
mation Technology and Services um sistema baseado em inteligência
Alliance (WITSA) publicaram uma artificial (IA) para consulta e aquisição
política para abordar os imperativos online de tecnologia assistiva (TA),
sociais e econômicos do emprego que pode fornecer consultoria a
das pessoas com deficiência e empresas, pessoas com deficiência
estabelecer um roteiro para que a e profissionais a respeito do melhor
indústria de TIC cresça como líder produto disponível. Embora não seja
no apoio ao emprego de pessoas específico para o local de trabalho,
com deficiência. Esta colaboração inclui TAs que podem ser fornecidas
é um bom exemplo do tipo de na forma de adaptações no local de
iniciativas necessárias para tornar a trabalho. A empresa colabora com os
indústria de TIC mais inclusiva(31). Ministérios relevantes e, portanto, é
um bom exemplo de parceria entre
os setores público e privado.
25
continuamente seus conhecimentos e habilidades devido a processos cada vez
mais condensados de inovação. Este cenário exige que empresas, instituições
de ensino e administrações públicas forneçam o treinamento necessário para
cobrir as habilidades em demanda. Da mesma forma, eles devem garantir o
treinamento contínuo dos colaboradores, acompanhando-os ao longo de um
processo de aprendizagem ao longo da vida(36).
Sair do, e voltar ao, mercado de trabalho se tornará mais uma realidade e
melhores políticas precisarão ser projetadas para isso, o que também pode
beneficiar pessoas com deficiência, inclusive aquelas com distúrbio em saúde
mental.
Uma importante barreira que precisa ser abordada diz respeito à falta de trans-
ferência de serviços de apoio às pessoas com deficiência (também na União
Europeia), em um contexto em que se torna ainda mais importante que as
pessoas se beneficiem de poder estudar e trabalhar no exterior, entre outras
coisas, para desenvolver algumas das habilidades que podem se tornar rele-
vantes no futuro. A não resolução desta questão colocará as pessoas com defi-
ciência, que necessitam desses serviços de apoio, em desvantagem em relação
às pessoas que não precisam deles.
36. Trabalhem por um futuro melhor, p. 24. Comissão Global da OIT sobre o Futuro do Trabalho, 2018.
26
A IBM investiu no modelo de Modis, a consultoria de tecnologia da
educação P-TECH, que conecta o informação, engenharia e ciências da
ensino médio, as faculdades e o vida, do Grupo Adecco, desenvolveu
mundo dos negócios para preparar um programa abrangente para os
os alunos para trabalhos de tecno- alunos com Asperger, em parceria
logia do futuro, incluindo segurança com a Grenoble EM Business School.
cibernética. O programa visa a capacitação de 75
alunos (25 por ano) para os cargos
Através do P-TECH, estudantes de analistas de dados e codificadores
de ensino médio público podem de dados. A Modis investe tempo
ganhar tanto um diploma de ensino e energia na concepção do treina-
médio quanto um diploma pós-se- mento, além de ajudar os alunos a
cundário reconhecido pela indústria se integrarem com sucesso em seu
sem nenhum custo para eles ou futuro ambiente de trabalho.
suas famílias, enquanto trabalham
com parceiros do setor como a IBM
em mapeamento de habilidades,
mentoria, experiências no local de
trabalho e estágios.
27
O Escritório do Prefeito para
Pessoas com Deficiência (MOPD), A Sun ITeS Consultoria Particular
em Nova York, lançou, em parceria Limitada é uma empresa de serviços
com a Cisco, uma inovadora acade- de tecnologia e gestão com sede em
mia de treinamento de Tecnologia Bangalore que tem trabalhado com
da Informação e Comunicação (TIC), Leonard Cheshire para incentivar e
que busca preencher a lacuna de apoiar ativamente o emprego de pes-
habilidades de TIC para pessoas com soas com deficiência, desde 2012. A
deficiência fornecendo treinamento Sun ITeS vem treinando pessoas com
em segurança cibernética para deficiência nas habilidades necessá-
entrar na indústria de tecnologia. A rias para se tornarem profissionais de
academia de treinamento recrutou Tecnologia da Informação (TI). Depois
pessoas com deficiência, anterior- de realizar um bom recrutamento
mente desempregadas, para um especial na JSS Polytechnic, 20 candi-
programa gratuito de treinamento datos, 17 dos quais eram mulheres,
de TIC, financiado por uma par- foram selecionados para se tornar
ceria público-privada. Os alunos Executivos de Processos de Trainees.
aprendem habilidades de segurança Os 20 candidatos selecionados foram
cibernética e estão prontos para treinados em processos da empresa
a preparação do trabalho em um por um treinador da Sun ITeS. Um
programa baseado em sala de intérprete de língua de sinais também
aula de 6 meses. É seguido por um foi fornecido para apoiar candidatos
aprendizado de 3 meses, o que surdos. Após esse treinamento, todos
leva diretamente a uma posição os 20 candidatos foram contratados
de analista de segurança de rede pela Sun ITeS.
pagando a taxa de mercado. Vários
empregadores da cidade de Nova
York estão participando para ter
acesso prioritário aos talentos de
segurança cibernética sob demanda.
Como resultado de seu sucesso e
demanda de talentos empregado-
res, este modelo está agora sendo
planejado para introdução em vários
outros mercados de contratação e
locais nos Estados Unidos.
28
2-3. Mudança cultural
A sociedade está experimentando mudanças culturais e sociais. A forma como as
novas gerações organizam sua vida profissional e os produtos e serviços que neces-
sitam estão sendo transformados(37). Esta mudança cultural é sustentada por novas
abordagens na relação entre as pessoas e o mundo do trabalho, bem como por uma
maior consciência socioambiental. As pessoas pedem um mundo de trabalho justo e
responsável que lhes permita encontrar um melhor equilíbrio entre trabalho e vida(38),
ao mesmo tempo em que há desafios relacionados à necessidade de estar conectado
24 horas por dia, 7 dias por semana.
O Relatório Anual de 2016 do Grupo de Retorno sobre a Deficiência mostrou que ape-
nas 4% das empresas estão comprometidos em incluir pessoas com deficiência em
suas estratégias(39).
37. Livro Verde, p.7. Ministério Federal do Trabalho e Assuntos Sociais da Alemanha, 2015.
38. Livro Verde, p.7. Ministério Federal do Trabalho e Assuntos Sociais da Alemanha, 2015.
39. Relatório Anual de 2016 – A Economia Global da Deficiência. Retorno sobre o Grupo da Deficiência, 2016
29
Além disso, esses métodos de trabalho oferecem a oportunidade para as pes-
soas com deficiência adaptarem seu cronograma de trabalho às suas necessi-
dades.
40. Cooperativas & Economia Social e Solidária – Respostas às questões principais no relatório da
Comissão Global sobre o Futuro do Trabalho. OIT, 2019.
41. Futuro do Trabalho, Principais Tendências. OIT, 2018.
30
Na União Europeia – do ponto de vista geral – há uma clara tendência para
o envelhecimento populacional, provocada pela queda da taxa de natalidade
combinada com o aumento da expectativa de vida, que pode muito bem repre-
sentar o desafio demográfico mais premente enfrentado pelo atual e futuro
mundo do trabalho.
31
Além disso, espera-se que a população residente na cidade continue a aumen-
tar, enquanto a população nas áreas rurais diminuirá ainda mais. Esse êxodo
agrava os problemas de isolamento rural, como a falta de emprego e estabe-
lecimentos educacionais, entre outros(44). Portanto, o futuro do trabalho coloca
desafios específicos para as pessoas com e sem deficiência que vivem em áreas
rurais e remotas, considerando, no entanto, o maior impacto sobre as pessoas
com deficiência que não podem acessar o transporte devido a problemas de
acessibilidade e de facilidades de acesso ao trabalho. Consequentemente, o
investimento para melhorar a conectividade com as áreas rurais é necessário
para desacelerar a urbanização(45) e reduzir a exclusão, e é importante que es-
sas medidas sejam projetadas para que também beneficiem plenamente as
pessoas com deficiência que vivem em áreas rurais e remotas.
32
A transição para uma economia de baixo carbono também resultará na subs-
tituição de alguns empregos existentes. Um exemplo são as operações rela-
cionadas ao aterro que podem ser substituídas por operações de reciclagem e
reforma. Essa mudança de emprego pode exigir uma atualização de habilida-
des ou programas de habilidades voltadas às políticas do verde(48). Mais uma
vez, se o processo de recapacitação for feito de forma que inclua o tema da
deficiência, ele pode trazer novas oportunidades de trabalho para pessoas com
deficiência.
48. Pessoas com deficiência e uma transição justa para a economia de baixo carbono. Rede Global de Empre-
sas e Deficiência da OIT, 2019.
49. Pessoas com deficiência e uma transição justa para a economia de baixo carbono. Rede Global de Empre-
sas e Deficiência da OIT, 2019.
50. Perspectiva Social Mundial do Emprego. OIT, 2018.
51. Emprego e Desenvolvimentos Sociais na Europa. Comissão Europeia, 2019.
33
3. Roteiro para um futuro inclusivo do tra-
balho
Mudanças que transformam o futuro mundo do trabalho estão ocorrendo em
um ritmo acelerado. Medidas precisam ser implementadas com urgência para
garantir que grupos atualmente desfavorecidos, inclusive pessoas com defi-
ciência, se beneficiem dessas transformações. Como mostra esta publicação,
muitas das mudanças relacionadas ao futuro do trabalho representam não
apenas riscos, mas também oportunidades para pessoas com deficiência.
A análise das cinco megatendências por meio de uma lente de deficiências le-
vou à identificação de 5 objetivos fundamentais para a inclusão das pessoas
com deficiência no futuro do trabalho:
34
Autoridade
Pública
O desenvolvimento de habilidades e a
2 aprendizagem ao longo da vida possibilitam
a inclusão de pessoas com deficiência
Tecnologias assistivas,
existentes e futuras, sejam
4 de baixo custo e disponíveis
ONG
Sindicato Medidas para incluir pessoas com de
5 deficiência nas áreas de crescimento
e desenvolvimento da economia
PcD
52. Declaração Conjunta: Rumo ao Sistema de Proteção Social Inclusivo que Apoie a Participação Plena e
Efetiva de Pessoas com Deficiência. OIT e IDA, 2019.
35
de proteção social adaptativos serão cruciais para permitir que as pessoas com
deficiência participem positivamente no futuro do trabalho.
PRINCIPAL OBJETIVO 1:
Novas formas de trabalho e de relações de emprego completam a inclusão de pessoas com deficiência
• Promova
• Apoie mais adaptações
cumprimento das razoáveis, inclusive
medidas de ação através de horários
afirmativa, inclusive flexíveis de trabalho
cotas e alvos
• Fomente emprego
inclusivo no setor
público
36
PRINCIPAL OBJETIVO 2:
Desenvolvimento de habilidades e aprendizado ao longo da vida tornados inclusivos para PcD
PRINCIPAL OBJETIVO 3:
Desenho Universal no desenvolvimento de todos os novos produtos, serviços e infrastruturas
Autoridade Pública Empresa ONG de PcD Sindicato Universidade
• Apoie inovação e • Aplique o princípio • Promova o • Amplie a • Inclua o Desenho
P&D (pesquisa & do mainstream Desenho consciência Universal no
desenvolvimento) (inserção na Universal e sobre a formato e no
acessíveis coletividade geral) ofereça importância da conteúdo do
com a abordagem orientação abordagem de treinamento a ser
• Promova legislação de Desenho técnica Desenho prestado
e compras públicas Universal em Universal e também nos
em prol do Desenho produtos e • Participe no projetos de
Universal e proteja serviços desde o desenvolvimento pesquisa a serem
contra início, envolvendo e testagem de desenvolvidos
discriminação no pessoas com projetos de
projeto de novos deficiência em Desenho
produtos e serviços todas as etapas. Universal
37
PRINCIPAL OBJETIVO 4:
Tecnologias assistivas, existentes e futuras, devem custar pouco e estar disponíveis
• Introduza subsídios
para pesquisa &
demonstração em
tecnologias
assistivas
PRINCIPAL OBJETIVO 5:
Medidas para incluir pessoas com deficiência em setores da economia em crescimento e desenvolvimento
• Apoie a inclusão
de pessoa com
deficiência no
contexto das
alianças e das
coalisões do setor
privado nas áreas
em crescimento
38
Recomendações transversais
39
Tabela das figuras
40
Referências
• Accenture (2018). The Accesibility Advantage: Why businesses should care about
inclusive design.
https://www.accenture.com/_acnmedia/pdf-91/accenture-accessibility-advantage-pov-fi-
nal.pdf
• Australian Human Rights Comission (2018). Human Rights Technology Issues Papel.
https://www.humanrights.gov.au/sites/default/files/document/publication/AHRC-Human-
-Rights-Tech-IP.pdf
• European Anti-Poverty Network (2018). The Future of Work Labour markettrends and
their implications for risks of poverty and social exclusion.
https://www.eapn.eu/wp-content/uploads/2018/04/EAPN-2018-Future-of-Work-EAPN-a-
nalysis.pdf
• European Disability Forum (2018). Plug and pray? A disability perspective on artificial
intelligence, automated decision-making and emerging technologies
http://www.edf-feph.org/sites/default/files/edf-emerging-tech-report-accessible.pdf
41
• European Political Strategy Centre (2016). The Future of Work, Skills and Resilience
for a World of Change.
https://www.skillsforemployment.org/KSP/enDetails/?dn=WCMSTEST4_176856
• European Political Strategy Centre (2018). Global Trends to 2030: The Future of Work
and Workplaces.
https://espas.secure.europarl.europa.eu/orbis/document/global-trends-2030-future-
-work-and-workplaces
• Federal Ministry of Labour and Social Affairs of Germany (2015). Re-imagining work:
Green Paper.
https://www.bmas.de/SharedDocs/Downloads/DE/PDF-Publikationen/arbeiten-4-0-green-
-paper.pdf? blob=publicationFile&v=2
• Forbes (2011). Global Diversity and Inclusion: Fostering Innovation through a Diverse
Workforce.
https://images.forbes.com/forbesinsights/StudyPDFs/Innovation_Through_Diversity.pdf
• Forbes (2019). How The Gig Economy is reshaping careers for the next generation.
https://www.forbes.com/sites/johnfrazer1/2019/02/15/how-the-gig- economy-is-reshapin-
g-careers-for-the-next-generation/#42db349549ad
• Hunt, A., & Samma, E (2019). Gender and the Gig Economy.
https://www.odi.org/sites/odi.org.uk/files/resource-documents/12586.pdf
• Istrate, D. E., & Harris, J. (2017). The Future of Work: The Rise of the Gig Economy.
https://www.naco.org/sites/default/files/documents/Gig-Economy.pdf
• OECD (2017). Employment Implications of Green Growth: Linking jobs, growth and
green policies.
https://www.oecd.org/environment/Employment-Implications-of-Green-Growth-OECD-Re-
port-G7-Environment-Ministers.pdf
• Schwab, K. (2016). The Fourth Industrial Revolution: what it means, how to respond.
https://www.weforum.org/agenda/2016/01/the-fourth-industrial-revolution-what-it-me-
ans-and-how-to-respond/
• The Universal Declaration of Human Rights at 70 (2018). Putting Human Rights at the
Heart of the Design, Development and Deployment of Artificial Intelligence.
https://48ba3m4eh2bf2sksp43rq8kk-wpengine.netdna-ssl.com/wp-content/uplo-
ads/2018/12/UDHR70_AI.pdf
• United Nations (2017). Making the SDGs Count for Women and Girls with Disabilities.
https://www.unwomen.org/-/media/headquarters/attachments/sections/library/publica-
tions/2017/making-sdgs-count-for-women-with-disabilities.pdf?la=en&vs=731
• World Economic Forum (2018). Global Risk Report 2018, 13th Edition.
http://www3.weforum.org/docs/WEF_GRR18_Report.pdf
• World Economic Forum (2019). What companies gain by including persons with
disabilities.
https://www.weforum.org/agenda/2019/04/what-companies-gain-including-persons-disa-
bilities-inclusion/
• World Health Organization & World Bank (2012). World Report on Disability.
https://www.who.int/disabilities/world_report/2011/en/
43
Agradecimentos
As equipes líderes desta publicação na Rede Global de Empresas e Deficiências
da OIT e na Fundação ONCE gostariam de agradecer as seguintes pessoas e
organizações por suas diversas contribuições, participando no contraste do re-
latório e/ou facilitando o processo da contribuição. Elas são mencionadas em
ordem alfabética das organizações representadas:
• Sabina Lobato, Virgina Carcedo, Ana Juviño, Edurne Alvarez de Mon (Fundaci-
ón ONCE-Inserta Empleo)
• Elisabeth Anna Resch, Griet Cattaert, Julie Kofoed, Lauren Gula, Mari-lou Du-
pont (United Nations Global Compact)
44
Projeto & Leiaute:
A Rede Global de Empresa e Deficiências (Global Business and Disability Ne-
twork) da OIT e a Fundação Organização Nacional de Cegos da Espanha (ONCE)
gostariam de agradecer também a ILUNION pelo projeto da publicação e trata-
mento da acessibilidade.
• KPMG, atuando como Secretariado Técnico do Disability Hub Europe: Ramón Puey,
Teresa Royo, Alicia Goya, Cristina Irujo
45
A Rede Global de Empresas e Deficiência O principal objetivo da Fundação ONCE
(GBDN) da OIT tem como objetivo criar para a Cooperação e Inclusão Social das
uma cultura global de força de trabalho Pessoas com Deficiência (Fundação ONCE)
que seja respeitosa e acolhedora das é promover a qualidade de vida das pesso-
pessoas com deficiência. Seu objetivo é as com deficiência e seus familiares, com
garantir que as políticas e práticas de em- foco nas áreas de treinamento, emprego e
prego em empresas de todos os tipos se- acessibilidade universal de ambientes, pro-
jam inclusivas de pessoas com deficiência dutos e serviços.
em todo o mundo. A GBDN também tra-
balha para aumentar a conscientização Com sede na Espanha e fundada pela
sobre a relação positiva entre inclusão ONCE (Organização Nacional dos Cegos
de pessoa com deficiência e sucesso nos Espanhóis), a Fundação ONCE tem ampla
negócios. experiência na inclusão laboral de pessoas
com deficiência, e tem colaborado além
A GBDN é uma plataforma única para das fronteiras com empresas particulares,
apoio de empresa-para-empresa e governos de todos os níveis e outras orga-
aprendizado de-igual-para-igual sobre nizações da sociedade civil, tornando a di-
questões de deficiência. A GBDN facilita mensão da deficiência neste campo muito
a troca de conhecimentos por meio de mais visível.
encontros globais, regionais e nacionais,
tanto presenciais quanto online, além de Website: www.fundaciononce.es
grupos de trabalho, publicações conjun-
tas e ferramentas.
Webiste: disabilityhub.eu
46
Este documento é uma contribuição para a Agenda 2030 e para os
Objetivos do Desenvolvimento Sustentável, especificamente o Objetivo 8:
“Trabalho Decente e Crescimento Econômico” e o alvo específico 8.5:
“Por volta de 2030, conquistar o emprego pleno e produtivo e o trabalho
decente para todas as mulheres e todos os homens, inclusive jovens e
.
pessoas com deficiência, e o pagamento igual pelo trabalho de igual valor.”