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Edição:

Tornando inclusivo
o futuro do trabalho
das pessoas com deficiência
Uma publicação conjunta da Fundação ONCE com a Rede Global de Empresas e Deficiência
da OIT, desenvolvida dentro da estrutura do Disability Hub Europe, um projeto conduzido pela
Fundação ONCE e cofinanciado pelo Fundo Social Europeu
Tornando inclusivo
o futuro
do trabalho
das pessoas com
deficiência
Uma publicação conjunta da Fundação ONCE com a Rede Global
de Empresas e Deficiência da OIT, desenvolvida dentro da
estrutura do Disability Hub Europe, um projeto conduzido pela
Fundação ONCE e cofinanciado pelo Fundo Social Europeu

edição
Santa Causa Boas Ideias & Projetos
São Paulo
2021
A edição original deste trabalho foi publicada pela OIT, em Genebra, Suíça, sob
o título “Making the Future of Work Inclusive of Persons with Disabilities”.

Direitos autorais ©2020 OIT.

“Tornando Inclusivo o Futuro do Trabalho das Pessoas com Deficiência” (Making


the Future of Work Inclusive of Persons with Disabilities), de autoria e publicação
do original da Organização Internacional do Trabalho, em Genebra, Suíça, em
novembro de 2019. Versão em língua portuguesa, publicada pela Santa Causa
Boas Ideias & Projetos, em São Paulo-SP, Brasil, em 2021, 48 páginas.

ISBN 978-65-89751-00-7

Traduzido e publicado no Brasil com permissão da OIT.

As denominações utilizadas em publicações da OIT, que estão em conformi-


dade com a prática das Nações Unidas, e a apresentação do material nesse
sentido, não implicam a expressão de nenhuma opinião, qualquer que ela seja,
por parte da OIT no que se refere ao status legal de qualquer país, região ou
território ou de suas autoridades, ou no que se refere à delimitação de suas
fronteiras.

A responsabilidade pelas opiniões expressas nos estudos e outras contribui-


ções repousa somente com seus autores, e a publicação não constitui um en-
dosso pela OIT das opiniões expressas neles.

A referência a nomes de organizações e produtos e processos comerciais não


implica o endosso deles pela OIT, e a não menção de alguma organização em
particular, algum produto ou processo comercial, não constitui um sinal de de-
saprovação.

A OIT não aceitará nenhuma responsabilidade pela validade ou completude


da tradução ao português ou por quaisquer incorreções, erros ou omissões ou
pelas consequências resultantes do uso deles.

Este livro tem distribuição gratuita e está disponível


para download em: www.blogstacausa.com.br/ebooks/
CRÉDITOS
Título original
Making the Future of Work Inclusive of Persons with Disabilities

Tradução
Romeu Kazumi Sassaki
Projeto Romeu Sassaki - Sociedade Inclusiva/apoia.se
Com a colaboração de Aline Morais e Rafael Públio

Autorização da tradução
Direitos de Autor e Licenças
Organização Internacional do Trabalho

Autorização da publicação
Memorandum of Agreement assinado em 16/03/2020 por
representantes da Organização Internacional do Trabalho e da
Santa Causa Boas Ideias & Projetos

Projeto gráfico/diagramação/revisão editorial/edição digital


Rafael Abílio Públio & Aline Oliveira Morais
Santa Causa Boas Ideias & Projetos

Parceiros na divulgação desta tradução

Associação Nacional do Emprego Apoiado (Anea)


Site: www.anea.brasil.org.br

Espaço da Cidadania
E-mail: ecidadania@ecidadania.org.br

Projeto de Inclusão da Pessoa com Deficiência no Mercado de


Trabalho
E-mail: jose.carmo@mte.gov.br

Projeto Romeu Sassaki – Sociedade Inclusiva


Site: apoia.se/romeusassaki

Santa Causa Boas Ideias & Projetos


E-mail: stacausa@stacausa.com.br

Sindicato do Comércio Varejista de Gêneros Alimentícios do


Estado de São Paulo – Programa Coexistir
E-mail: coexistir@sincovaga.com.br
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
(Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)

Tornando inclusivo o futuro do trabalho das


pessoas com deficiência [livro eletrônico] :
uma publicação conjunta da fundação ONCE com a
rede global de empresas e deficiência da OIT...
/ Organização Internacional do Trabalho ;
tradução Romeu Kazumi Sassaki. -- 1. ed. -- São
Paulo : Santa Causa Boas Ideias & Projetos,
2021.
PDF

Título original: Making the future of work


inclusive of people with disabilities
ISBN 978-65-89751-00-7

1. Acessibilidade 2. Direito do trabalho 3.


Inclusão social 4. Pessoas com deficiência -
Acessibilidade 5. Trabalho - Aspectos sociais I.
Organização Internacional do Trabalho.

21-58366 CDD-362.40484
Índices para catálogo sistemático:

1. Pessoas com deficiência : Acesso ao mercado de


trabalho : Ação social : Bem-estar social
362.40484

Aline Graziele Benitez - Bibliotecária - CRB-1/3129


SUMÁRIO

PREFÁCIO ................................................................................................. 8

RESUMO EXECUTIVO ...............................................................................10

1. Trabalho e deficiência: Uma visão geral da atual situação .....................12

2. As megatendências do futuro do trabalho


e as pessoas com deficiência ................................................................... 19

2-1. Revolução tecnológica ...................................................................... 22

2-2. A revolução das habilidades ............................................................ 25

2-3. Mudança cultural .............................................................................. 29

2-4. Mudança demográfica ..................................................................... 30

2-5. Mudança climática ............................................................................ 32

3. Roteiro para um futuro inclusivo do trabalho ...................................... 34

TABELA DAS FIGURAS ............................................................................ 40

REFERÊNCIAS .......................................................................................... 41

AGRADECIMENTOS ................................................................................ 44

PRINCIPAIS ORGANIZAÇÕES DESTA PUBLICAÇÃO .............................. 46


PREFÁCIO
No contexto de um mundo em rápida transformação, o Futuro do Trabalho é
uma questão que chama a atenção de muitas pessoas e organizações. Ele cons-
titui uma preocupação global, destacando importantes desafios que precisam
ser enfrentados com urgência. Um destes desafios trata de como garantir que
o Futuro do Trabalho seja inclusivo, sem deixar ninguém para trás e incluindo
um bilhão de pessoas com deficiência existentes em nosso planeta.

A Declaração Centenária para o Futuro do Trabalho, da OIT, adotada em junho


de 2019, enfatiza a necessidade de uma abordagem centrada no ser humano
e incorpora uma referência explícita à necessidade de garantir iguais oportuni-
dades e modos de lidar em relação às pessoas com deficiência.

A Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável oferece a estrutura para os


esforços inclusivos do desenvolvimento sustentável global da próxima década.
As pessoas com deficiência são consideradas um dos grupos que merecem
atenção específica na Agenda 2030, cujos Objetivos do Desenvolvimento Sus-
tentável (ODS) fazem referência explícita a pessoas com deficiência, incluindo-
-as no contexto do trabalho decente e do crescimento econômico.

Centrada em direitos, a abordagem às pessoas com deficiência, refletida na


Agenda 2030, está alinhada com a Convenção sobre os Direitos das Pessoas com
Deficiência (CDPD). A CDPD continuará a prover uma importante estrutura para
promover inclusão e iguais oportunidades para pessoas com deficiência tam-
bém no mundo do trabalho. As desigualdades experienciadas no mundo do
trabalho por pessoas com deficiência continuam significativas e precisam ser
enfrentadas, caso contrário o futuro do trabalho replicará o passado.

A boa notícia é que um crescente número de organizações está reconhecendo


a deficiência como uma fonte de diversidade, talento e inovação. Empresas
têm maiores oportunidades, nunca vistas antes, para incluir pessoas com de-
ficiência como consumidoras e clientes, trabalhadoras e gestoras e, com isso,
as empresas alcançam vantagens competitivas. Pois, para pessoas com defici-
ência, o trabalho decente significa que elas podem exercer o empoderamento
para levar uma vida mais independente e contribuir para o bem-estar de seus
familiares, comunidades e sociedades em geral, construindo juntos uma eco-
nomia mais inclusiva.

8
O futuro do trabalho ainda será esculpido e todos nós podemos influenciar
nisso consideravelmente. Estimulada por esta ideia e consciente da urgência
para agir, a Rede Global de Empresas e Deficiência da OIT e a Fundação ONCE
desenvolveram esta publicação. Este é o primeiro exercício para conectar di-
versas áreas de debate, examinando as principais tendências do futuro do tra-
balho pela perspectiva da deficiência e procurando identificar ações específicas
necessárias a fim de moldar o futuro do trabalho de uma maneira que inclua
mais a deficiência.

Esta publicação deve ser vista como o começo de uma jornada. Uma jornada
que exige o envolvimento e a colaboração de todas as entidades apoiadoras
para executarem ações concretas a fim de assegurar um futuro do trabalho
que inclua pessoas com deficiência.

Shauna Olney José Luis Martínez Donoso

OIT FUNDAÇÃO ONCE


Chefe do Serviço de Gênero, Diretor Geral
Igualdade e Diversidade &
Departamento de Condições de
Trabalho e Igualdade

9
RESUMO EXECUTIVO

O futuro trará grandes desafios para a sociedade em geral e para o mundo do


trabalho em particular. Estes desafios precisam ser enfrentados antes que eles
surjam, a fim de garantir que ninguém será deixado para trás, especialmente
aqueles mais vulneráveis, como as pessoas com deficiência.

Faz parte da Agenda 2030 dos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável ga-


rantir um futuro inclusivo no mundo do trabalho. Mais ainda, o artigo 27 da
Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência, da ONU, reconhece
o direito das pessoas com deficiência de trabalhar em bases iguais com as de-
mais pessoas.

Os dados sobre a empregabilidade de pessoas com deficiência são difíceis de se


obter, mas os dados disponíveis mostram que o índice de participação destas
pessoas é menor que o das pessoas sem deficiência. A situação das mulheres
trabalhadoras com deficiência é pior. Com as mudanças previsíveis no futuro
mercado de trabalho, esta lacuna se alargará mais e ações devem, portanto,
ser tomadas para assegurar que isto não aconteça.

As megatendências da Quarta Revolução Industrial que moldará o futuro do


trabalho são: a revolução tecnológica; as novas habilidades que serão exigidas;
as mudanças culturais sendo testemunhadas na sociedade; as mudanças de-
mográficas e a atenuação da mudança climática. Todas estas tendências estão
intimamente interligadas.

Ao longo deste documento, estas principais tendências são analisadas pela


perspectiva da deficiência e as ações específicas estão identificadas como sen-
do exigidas no roteiro rumo ao futuro do trabalho. Este exercício foi conduzido
ciente da diversidade dentro da população com deficiência, não apenas consi-
derando os diversos tipos de deficiência, mas também os outros fatores, tais
como o gênero, a idade ou o contexto econômico.

As supostas transformações no futuro do trabalho impõem riscos para pesso-


as com deficiência, mas elas também oferecem oportunidades. Para atenuar
estes riscos e maximizar as oportunidades, devem ser tomadas urgentes me-
didas e é essencial que as pessoas com deficiência desempenhem um papel
ativo na tomada de decisão relacionada às futuras políticas de emprego.

10
Foram identificados os cinco objetivos principais para a inclusão de pessoas
com deficiência no futuro do trabalho, a saber:

1. Novas formas de trabalho e de relações de emprego que facilitem a


inclusão de pessoas com deficiência.

2. Desenvolvimento de habilidades e aprendizagem ao longo da vida que


incluam pessoas com deficiência.

3. Desenho Universal presente no desenvolvimento de todos os novos


produtos, serviços e infraestruturas.

4. Tecnologias assistivas, tanto as existentes como as futuras, devem ser


de baixo custo e estar disponíveis.

5. Medidas que incluam pessoas com deficiência nas áreas da economia


em crescimento e desenvolvimento.

Governos, empresas, organizações não governamentais de pessoas com de-


ficiência, sindicatos e universidades devem ser estimulados a assumir com-
promissos e contribuir em prol da realização destes objetivos mediante ações
diversas. Um futuro inclusivo para o trabalho pode ser alcançado através de
coordenações e alianças entre os diversos apoiadores.

Propósito e metodologia desta publicação


Esta publicação tem o objetivo de contribuir para a visibilida-
de das pessoas com deficiência nos debates sobre o futuro do
trabalho. Ela deverá também oferecer elementos para assegurar
que os profissionais comprometidos em promover o emprego
de pessoas com deficiência tenham um melhor entendimento
sobre o como adaptar constantemente o próprio trabalho que
desempenham.

Baseada nos trabalhos mais importantes dos autores líderes,


esta publicação foi desenvolvida de um modo participativo, con-
duzindo consultas com principais peritos, mencionados na seção
de agradecimentos. Estas páginas incluem também exemplos de
iniciativas que foram realizadas por empresas, pelo setor público
e por organizações da sociedade civil, iniciativas estas que mos-
tram o caminho à frente. Os exemplos não seguem critérios re-
presentativos, tais como setor geográfico ou econômico, mas eles
servem principalmente como uma ilustração de possíveis ações
relacionadas às tendências descritas no texto. Alguns exemplos
foram extraídos de outras publicações e demais exemplos foram
coletados e elaborados especificamente para esta publicação.

11
1. Trabalho e deficiência: uma visão geral da atual
situação
Em 2018, a força de trabalho mundial consistia de 3,5 bilhões de pessoas — dos
quais 3,3 bilhões estavam empregados(1), Naquele cenário, a desigualdade foi
um dos riscos crescentes.

Enquanto o número de pessoas desempregadas permanece alto — mais de


190 milhões — outra fonte de preocupações é a precária qualidade do empre-
go atual e futuro. Em 2017, estimou-se que 42% dos trabalhadores ao redor
do mundo estavam envolvidos em formas vulneráveis de emprego(2), e este
percentual deverá aumentar em um futuro próximo.

Apresentar pessoas com deficiência em uma equação não é fácil. As estatísticas


sobre o emprego de pessoas com deficiência não se encontram sempre dispo-
níveis e, mesmo disponíveis, não são comparáveis em termos internacionais.

Além disso, é oportuno mencionar que o percentual de participação de pesso-


as com deficiência no mercado de trabalho é significativamente mais baixo que
o das pessoas sem deficiência. Frequentemente, esta situação não consta em
estatísticas oficiais, pois muitas pessoas com deficiência nem sempre são con-
tadas quando estão desempregadas. A posição das mulheres com deficiência é
geralmente pior que a dos homens com deficiência.

Dados procedentes de oito regiões do mundo mostram que 36% das pessoas
com deficiência em idade de trabalhar têm emprego, comparados aos 60% das
pessoas sem deficiência. Na maioria dos países, pessoas com deficiência em-
pregadas estão provavelmente em empregos vulneráveis ou ganhando menos
que as pessoas sem deficiência(3).

Os dados abaixo indicam as diferenças do mercado de trabalho entre pessoas


com ou sem deficiência na Europa. É importante mencionar que os números
apresentados são da União Europeia, uma vez que há dados mais recentes dis-
poníveis naqueles países. Contudo, os números são semelhantes aos de outros
países da OECD e podem ser extrapolados(4). [OECD é sigla em inglês referente
à Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico. N.T.]

1. Situação e Prospectos Econômicos Mundiais. Nações Unidas, abril 2019.


2. Emprego Mundial e Perspectiva Social – Tendências 2018. OIT, 2018.
3. Relatório sobre Deficiência e Desenvolvimento: “Atingindo Objetivos Sustentáveis por, para e com
Pessoas com Deficiência”. Nações Unidas, 2018.
4. Dados comparativos europeus sobre a Europa 2020 & pessoas com deficiência: Relatório final
2017. Rede Acadêmica de Peritos Europeus sobre Deficiência.

12
O percentual de Um percentual Pessoas com
pessoas com alto de jovens deficiência
deficiência que com deficiência correm maior
participam no abandona o sistema risco de pobreza e
mercado de educacional mais exclusão social do
trabalho(5), é mais cedo em comparação que pessoas sem
baixo que o das com jovens sem deficiência.
pessoas sem deficiência.
deficiência.

60% vs 82% 22,5% vs 11% 30% vs 21,5%

O índice de
desemprego das
mulheres com
deficiência na faixa
de 20 a 64 anos é
muito mais alto que As projeções eram de que em 2020(6)
o de mulheres sem existiriam 120 milhões de pessoas com
deficiência deficiência na União Europeia.

18,8% vs 10,6%

Figura 1 (7) : Principais dados sobre a situação atual do mercado de trabalho europeu.
Fonte: Elaboração própria baseada em estatísticas da Comissão Europeia de 2017.

5. É considerada pessoa ativa aquela em idade de trabalhar, que tenha um emprego ou que esteja
inscrita como candidata em um serviço de colocação laboral.
6. Relatório Progressivo sobre a Implementação da Estratégia Europeia de Deficiência (2010-2020).
Comissão Europeia, 2017.
7. O percentual de pessoas com deficiência que estão no mercado de trabalho é mais baixo que o
das pessoas sem deficiência (60% vs 82%). Um alto percentual de jovens com deficiência abandona
o sistema educacional mais cedo, em comparação com jovens sem deficiência (22,5% vs 11%).
Pessoas com deficiência se encontram na pobreza e na exclusão social, comparadas às pessoas
sem deficiência (30% vs 21,5%). O índice de desemprego das mulheres com deficiência na faixa de
20 a 64 anos é bem mais alto que o das mulheres sem deficiência (18,8% vs 10,6%).

13
Pessoas com deficiência – um bilhão no mundo(8) – constituem uma fonte
de talento para o emprego e para o desenvolvimento de novos produtos e
serviços. Porém, a cada dia, elas enfrentam desafios que as impedem de usar
sua plena capacidade e de contribuir igualmente com nossas sociedades. Esta
não é somente uma violação de seus direitos, mas também uma perda para a
nossa sociedade e para a diversidade da sociedade(9). Há também um efeito ne-
gativo sobre a economia, considerando-se o valor que estas pessoas poderiam
gerar se elas estivessem trabalhando.

A tabela abaixo mostra desafios “atuais”, que deverão ser enfrentados, uma
vez que eles continuam sendo relevantes e com frequência ainda mais no fu-
turo. Eles não são específicos ao futuro do trabalho, nem surgiram como
uma consequência das tendências comumente concordadas no futuro do
trabalho, mas, a menos que ações sejam tomadas, os desafios persistirão.

8. Banco Mundial, 2019.


9. Miroslav Lajcák, presidente da Assembleia Geral da ONU na 72ª Sessão da AG das Nações Unidas,
no Dia Internacional das Pessoas com Deficiência em 2017.

14
Desafios atuais à inclusão laboral de pessoas
com deficiência
Falta de ambiente habilitador
• Barreiras de acesso em ambientes construídos, transportes, produtos e
serviços.
• Benefícios pessimamente elaborados em relação à deficiência, os quais
geralmente resultam em pobreza das pessoas com deficiência.
• Insuficiência dos serviços de apoio, os quais não são transferíveis de um
país para outro.
• Educação não inclusiva e treinamento profissional que resultam em
níveis mais baixos de escolarização e qualificação laboral entre as pessoas
com deficiência.
• Apoio inadequado aos jovens com deficiência que estejam em transição
da escola para o mundo do trabalho.
• Baixo nível de capacidade dos serviços públicos de emprego para apoiar
pessoas com deficiência.
• Descumprimento geral das cotas laborais onde esta obrigatoriedade
exista.

Empregadores (públicos e particulares)


• Ausência geral de consciência e confiança a respeito de como incluir
pessoas com deficiência nos locais de trabalho.
• Inacessibilidade dos ambientes e ferramentas de trabalho, inclusive das
tecnologias da informação e comunicação (TIC).

• Provisões inadequadas de adaptações nos locais de trabalho.


• Falta de apoio às pessoas com deficiência para manter o emprego e
construir o desenvolvimento de carreira.
• Ausência de apoio específico às pequenas e médias empresas a fim de
contratarem pessoas com deficiência.

Sindicatos & associações de empregadores


• Nível insuficiente de atenção pessoas com deficiência, tanto as que es-
tão trabalhando como as que procuram entrar no mercado de trabalho.

Sociedade em geral
• Pessoas com deficiência são, com frequência, vistas com estigma e
estereótipo pela sociedade.
• Discriminação e altos níveis de exposição a situações de violência e
assédio, também no local de trabalho.

Figura 2: Desafios atuais à inclusão laboral de pessoas com deficiência.

15
Entretanto, há muitos desenvolvimentos encorajadores em termos de legisla-
ção, políticas e práticas. Tanto no setor privado como no público, as vantagens
da inclusão da deficiência(10) estão sendo reconhecidas com frequência cada vez
maior. Com frequência, isto se chama “Estudos sobre a Inclusão Laboral da Pessoa
com Deficiência”. As principais ideias sobre isto se encontram a seguir:

Estudos sobre a inclusão laboral da pessoa com


deficiência

Pessoas com deficiência como contratadas


Concepções errôneas sobre trabalho de profissionais com deficiência continuam
a persistir, inclusive a falsa ideia de que contratar pessoas com deficiência poderia
ocasionar uma perda de produtividade, assim como impactos negativos sobre os
resultados financeiros das empresas. Têm sido demonstradas que estas concepções
não são válidas e que, ao contrário, a inclusão da deficiência resulta em um impacto
positivo no desempenho dos negócios.

Pessoas com deficiência têm sido estimuladas a desenvolver habilidades, tais como
perseverança, solução de problema, agilidade, disposição prévia, pensamento ino-
vativo e um desejo de experimentar a fim de se adaptar ao mundo ao redor delas(11).
Todas estas habilidades são indispensáveis para enfrentar a realidade do amanhã.
Estudos têm demonstrado que a contratação de pessoas com deficiência torna os
locais de trabalho mais inclusivos e melhores para todos(12), criando assim ambientes
livres de estigmas(13).

Um estudo publicado pela Accenture(14) em 2018 analisa a correlação entre o desem-


penho financeiro de organizações e o número de empregados com deficiência em
seus locais de trabalho. Os resultados mostram que empresas que contratam pessoas
com deficiência estão acima da média em termos de proficuidade (receita bruta e
lucro líquido) e de criação de valor (margem de lucro econômico).

Além disso, a rotatividade das pessoas com deficiência é 48% menor que a das pesso-
as sem deficiência(15). Ademais, a rotatividade da equipe em geral pode ser reduzida
em até 30% se houver pessoas com deficiência na força de trabalho.

10. Refere-se à significativa participação de pessoas com deficiência em toda a sua diversidade, à pro-
moção de seus direitos e à consideração de perspectivas relativas à deficiência, em conformidade com a
Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência, da ONU. Definição extraída da Estratégia de
Inclusão da Deficiência das Nações Unidas.
11. O que as empresas ganham incluindo pessoas com deficiência? Fórum Econômico Mundial, 2019.
12. O que as empresas ganham incluindo pessoas com deficiência? Fórum Econômico Mundial, 2019.
13. Não há uma medida única para um ambiente livre de estigma, mas incluem-se questões como um
claro compromisso de alto nível para a não discriminação, treinamento sobre preconceito inconsciente,
campanhas internas sobre temas como a saúde mental.
14. Chegando ao igual: A vantagem da inclusão da deficiência. Accenture, 2018.
15. Emprego e Inclusão da Deficiência: Seu guia ao sucesso. Workplace Initiative, 2017.

16
Empregar pessoas com deficiência em uma empresa traz também benefícios
para a reputação(16). Um levantamento conduzido pelo Conselho Nacional de
Empresa e Deficiência dos EUA mostrou que 78% dos consumidores comprarão
bens e serviços de empresas que facilitam o acesso para pessoas com deficiência
em seus locais físicos(17).

Ainda mais, implementar políticas de diversidade e inclusão, desde o recruta-


mento até o desenvolvimento, trará oportunidades mais amplas para atrair e
reter talento.

Um recente estudo promovido pela Fundação ONCE e pelo Reputation Institute


com o cofinanciamento do ESF mostrou que a inclusão de pessoas com deficiên-
cia em empresas impacta positivamente a reputação delas (+ 5,3%) e negativa-
mente quando não a consideram (- 15,9%)(18).

Pessoas com deficiência como consumidoras


Em um mundo cada vez mais complexo e dinâmico, produtos inovadores, servi-
ços e ambientes acessíveis para todo mundo são, ao mesmo tempo, exigidos e
trazem vantagens competitivas.

Quando consideram pessoas com deficiência como consumidoras, as empresas


podem alcançar um maior número de pessoas. Existe um bilhão de pessoas com
deficiência no mundo, as quais representam mais de 1,2 trilhão de dólares em
renda anual disponível. Levando em conta o esperado envelhecimento da popu-
lação, a remoção de barreiras arquitetônicas para consumidores com deficiência
deixa claro que ficará mais fácil para todos os clientes o acesso aos bens e
serviços.

Além disso, considerando pessoas com deficiência como clientes e consumido-


ras, as empresas ganharão a lealdade de suas famílias e de ambientes próximos,
o que aumentará a potencial renda disponível a ser gasta em até 8,1 trilhões de
dólares(19).

Figura 3: Estudos sobre a inclusão laboral da pessoa com deficiência.

16. O que as empresas ganham incluindo pessoas com deficiência? Fórum Econômico Mundial, 2019.
17. Um Mercado Oculto: O poder de compra de adultos com deficiência em idade de trabalhar.
Instituto Americano de Pesquisa, 2018.
18. Estudo “O impacto da inclusão social e laboral de pessoas com deficiência na reputação da empre-
sa”, 2019, cofinanciado pelo ESF (disponível em espanhol).
19. Relatório Anual 2016: A Economia Global da Deficiência. Retorno sobre Deficiência, 2016.

17
Empresas estão cada vez mais conscientes de que, para maximizar os benefí-
cios e criar valor de longo prazo (relacionado às estratégias de Sustentabilidade
ou Responsabilidade Social), elas necessitam corresponder às expectativas de
todos os seus agentes apoiadores — desde acionistas até comunidades locais
em geral. Portanto, uma abordagem abrangente é requerida ao considerar
pessoas com deficiência, conforme está refletida nas perspectivas de 360º(20).

Trabalhadores

Empregadores Pessoas com


deficiência
Clientes

Comunidade

Fornecedores

Figura 4: Abordagem de 360º às pessoas com deficiência.


Fonte: Disability Hub Europe

20. Termo inventado no âmbito do Disability Hub Europe.

18
2. As megatendências do futuro do trabalho
e as pessoas com deficiência
Durante o curso da história, a natureza do trabalho evoluiu a passos acelerados.
A inércia das novas forças criou cenários que seriam inimagináveis há alguns
anos(21). Desde o início do século 21, houve uma transformação, não somente
dos meios de produção, mas também do suprimento e demanda de produtos e
serviços. Isto se deve basicamente à crescente interconexão e cooperação entre
pessoas e tecnologia.

Alguns se referem a isto como a Quarta Revolução Industrial(22), que é entendida


como uma série de mudanças significantes na maneira como o valor econômico,
político e social está sendo criado, intercambiado e distribuído, fundamentalmen-
te pelas novas tecnologias, tais como a inteligência artificial, a digitalização ou a
corrente plana articulada. Isto tem o potencial de melhorar a nossa qualidade
de vida enquanto aumenta os níveis globais de renda, conforme as revoluções
anteriores o fizeram, mas não sem os desafios significativos.

A figura 5 apresenta as tendências que moldarão este futuro do trabalho, de


acordo com os peritos neste campo(23) e mostra que elas estão interconectadas.
Estas cinco tendências servem como a estrutura básica para as seções 3.1 a 3.5.

Tendências que moldarão o futuro do trabalho:


• A revolução tecnológica, que inclui, entre outras, a digitalização, a inteli-
gência artificial, o uso da biometria, a automação, a robótica e os big data,
é uma das principais forças motrizes por trás das mudanças que varrem o
mercado de trabalho.

• Esta revolução tecnológica afetará os empregos do futuro e exigirá habi-


lidades diferentes das de hoje, criando uma importante incompatibilidade
de habilidades. Em uma sociedade onde o conhecimento será mais fácil
de adquirir, as habilidades transversais se tornarão muito mais relevantes,
pois o conteúdo e o know-how serão permanentemente atualizados.

• O futuro do trabalho será afetado não somente pelas novas tecnologias,


mas também pela mudança cultural alterando as preferências, necessida-
des e demandas das próximas gerações(24). As relações de trabalho respon-
sáveis, os valores sociais do equilíbrio ‘trabalho/vida’ e a sustentabilidade
precisarão ser incorporados nas organizações do futuro.

21. Trabalhem por um futuro melhor. Comissão Global da OIT sobre o Futuro do Trabalho, 2018.
22. Refere-se a como uma combinação de tecnologias está mudando o modo como vivemos, trabalha-
mos e interagimos. Conceito de Klaus Schwab, fundador e presidente executivo do Fórum Econômico
Mundial.
23. Trabalhem por um futuro melhor. Comissão Global da OIT sobre o Futuro do Trabalho, 2018.
24. Livro Verde, p.7. Ministério Federal do Trabalho e Assuntos Sociais da Alemanha, 2015.

19
• Mudança demográfica, inclusive o envelhecimento populacional, a
urbanização e a migração, embora variando de acordo com a região,
colocará tensões no mercado de trabalho e no sistema de seguridade
social(25).

• Por fim, a mudança climática, como parte da sustentabilidade, é um


dos principais problemas que preocupa a sociedade em geral e está
cada vez mais regulada. A transição para uma economia de baixo carbo-
no, os impactos adversos das mudanças climáticas e os novos padrões
nos modelos de produção também moldarão o futuro do trabalho.

25. Trabalhem por um futuro melhor, p.10. Comissão Global da OIT sobre o Futuro do Trabalho,
2018.

20
O futuro do trabalho
Big data

Indústria 4.0
Automação
Revolução tecnológica
Inteligência artificial

Digitalização

Habilidades compatíveis
Habilidades transversais
Revolução de habilidades

Sociedade do conhecimento Valores sociais

Equilíbrio entre vida profissional


Mudanças culturais

Sustentabilidade

Relações trabalhistas

Envelhecimento da população

Urbanização Mudanças demográficas

Migração

Impactos adversos Economia com baixa


Mudanças climáticas emissão de carbono

Novos padrões

Figura 5: Principais tendências no futuro do trabalho.


Fonte: Produção própria com base nas principais publicações sobre o Futuro do Trabalho

As consequências da transformação são incertas, mas o aumento das desigual-


dade e os efeitos sobre aqueles setores mais desamparados da sociedade, tais
como as pessoas com deficiência, constituem uma questão preocupante.

21
É essencial identificar os desafios enfrentados e as oportunidades oferecidas por
essa transformação, a fim de abrir caminho para uma sociedade mais inclusiva, ao
mesmo tempo em que oferecem segurança financeira, igualdade de oportunidades
e justiça social para as pessoas com deficiência. Isso significa que governos, empre-
sas, ONGs de pessoas com deficiência, sindicatos e cidadãos devem desempenhar
sua parte(26).

Este capítulo analisará cada uma das megatendências identificadas, fornecendo


detalhes das mudanças que estão ocorrendo ou provavelmente ocorrerão e, em
seguida, focando nos aspectos que parecem ser particularmente relevantes do
ponto de vista da deficiência. Isso não é fácil, pois as pessoas com deficiência são
um grupo muito diversificado e, portanto, o futuro das tendências de trabalho pode
ter impactos muito diferentes sobre elas, dependendo de seu tipo de deficiência,
circunstâncias sociais, incluindo educação, idade, gênero, local de residência, para
citar apenas alguns. Uma área que certamente exigirá mais atenção e pesquisa é a
relação entre gênero e deficiência no contexto do futuro do trabalho.

Quando disponíveis, serão fornecidos exemplos de iniciativas que mostrem o que


pode ser necessário para maximizar as oportunidades e enfrentar os desafios. Os
exemplos não seguem critérios representativos, como geografia ou setor econô-
mico. Alguns foram extraídos de outras publicações e outros foram coletados e
elaborados especificamente para esta publicação.

2.1. Revolução tecnológica


A revolução tecnológica das últimas décadas é responsável pelo ritmo em que o
mundo está sendo transformado.

Novas tecnologias criarão novos empregos, ao mesmo tempo em que tornarão


obsoletos os outros(27). Espera-se que uma fenda no mundo do trabalho seja aber-
ta devido a uma menor demanda por qualificações de nível médio e uma maior
demanda por conhecimentos de baixo e alto níveis(28). A diferença salarial deve,
portanto, aumentar, com a elevação dos salários ligados a empregos altamente
qualificados e uma queda naqueles associados a empregos menos qualifica-
dos(29). O impacto sobre as pessoas com deficiência que já estão na força de traba-
lho dependerá dos empregos que têm atualmente e dos esforços que estão sendo
feitos pelos próprios empregadores e do apoio das administrações públicas, para
migrarem para empregos em que permaneçam e, idealmente, para empregos alta-
mente qualificados. Tecnologias que melhoram e apoiam os empregos sem substi-
tuí-los podem ser relevantes para alguns trabalhadores com deficiência, separando
as tarefas que eles podem não ser capazes de executar ou podem executá-las, em-
bora não tão efetivamente como os outros colaboradores.

26. Trabalhem por um futuro melhor. Comissão Global da OIT sobre o Futuro do Trabalho, 2018.
27. Trabalhem por um futuro melhor, p.10. Comissão Global da OIT sobre o Futuro do Trabalho, 2018.
28. Livro Verde, p.16-17. Ministério Federal do Trabalho e Assuntos Sociais da Alemanha, 2015.
29. Relatório sobre Risco Global 2018, 13ª ed. Fórum Econômico Mundial, 2019.

22
A transformação tecnológica pode, se for realizada de forma inclusiva,
oferecer às pessoas com deficiência um melhor acesso ao mercado de tra-
balho. A tecnologia digital facilita a participação no treinamento em formato
de arranjos de aprendizagem mais flexíveis e condensados. Plataformas digi-
tais podem ser utilizadas para a busca de emprego, oferecendo acesso direto
ao emprego e aos empregadores. No entanto, é vital que essas plataformas
estejam acessíveis desde o início. Para plataformas utilizadas para mediação
de empregos, isso levanta a questão de saber se as pessoas com deficiência
devem informar sobre sua deficiência e quaisquer necessidades diretamente
relacionadas à deficiência. Isso levanta questões éticas e de proteção de dados,
que requerem mais reflexão.

Aplicações de Inteligência Artificial (IA) podem criar oportunidades im-


portantes para pessoas com deficiência se forem projetadas para todos,
mas, se não, podem causar ameaças consideráveis ao emprego de pessoas
com deficiência. Um exemplo dessas ameaças é o software baseado em IA uti-
lizado por algumas grandes empresas para apoiar processos de recrutamento,
que filtra candidatos antes de qualquer intervenção humana. Alguns desses
softwares têm sido criticados por levar à exclusão dos candidatos por causa de
sua deficiência. Nesse sentido, a legislação sobre proteção contra discrimina-
ção em relação às novas formas de tecnologia é essencial para garantir que os
direitos humanos sejam garantidos nessa transformação.

O ritmo de mudança e inovação é tão rápido que, a menos que o Desenho Uni-
versal esteja no centro das equipes encarregadas da inovação, os novos
produtos e serviços podem criar novas barreiras e, quando a acessibilidade for
adicionada, esses produtos e serviços já terão sido substituídos. Ter pessoas
com deficiência diretamente envolvidas nos processos de inovação é funda-
mental para isso e também levará a melhores produtos e serviços para todos,
um exemplo claro de como a inclusão de deficiência contribui para a inovação
e a competitividade. Neste contexto, os Grupos de Recursos dos Funcionários
podem desempenhar um papel importante na garantia de que novos produtos
e serviços levem em conta o Desenho Universal desde o início.

O Padrão Europeu EN 17161:2019 (Desenho para Todos - Acessibilidade se-


guindo uma abordagem de Desenho para Todos em produtos, bens e serviços
- Ampliando a gama de usuários) foi criado para ajudar as organizações a lidar
com a acessibilidade de produtos, bens e serviços para pessoas com deficiência.

As tecnologias assistivas (TA) estão criando novas oportunidades na socieda-


de e no mercado de trabalho. É importante que essas tecnologias estejam am-
plamente disponíveis e façam parte do catálogo de adaptações razoáveis
a serem fornecidas por empregadores e instituições de treinamento. As
Tecnologias da Informação e Comunicação (TIC) também podem ser úteis na
conscientização sobre as soluções existentes e contribuir para garantir que as
adaptações mais adequadas sejam fornecidas para cada pessoa, dependendo
de suas necessidades individuais e do trabalho real.

23
Por último, mas não menos importante, o desenvolvimento de novas tecno-
logias está alimentando a “economia gigante”, caracterizada por arranjos de
trabalho flexíveis e apoiados por plataformas que permitem compromissos de
curto prazo entre empregadores e empregados. As implicações para as pesso-
as com deficiência serão discutidas na seção sobre mudanças culturais.

Alguns exemplos de como incluir pessoas com deficiência na revolução tecno-


lógica são os seguintes:

A Samsung tem como objetivo A organização Teach Access, nos


oferecer produtos acessíveis para EUA, é uma colaboração entre
pessoas com deficiência e, para universidade, indústria e defensores
isso, a empresa desenvolve seus das pessoas com deficiência, formada
produtos sob os Princípios 4C para para abordar a necessidade urgente
o desenho de experiências de aces- de aprimorar as habilidades dos
sibilidade: Consideração, Coerência, estudantes de ensino superior à
Compreensibilidade [abrangência. medida que aprendem a projetar e
N.T.] e Cocriação. A empresa tam- desenvolver dispositivos móveis e
bém usa o ‘Guia de Projetos de tecnologias de desktop. O objetivo é
Acessibilidade para Experiências garantir que as tecnologias futuras
do Usuário’ e a ‘Lista de Verificação’ “nasçam acessíveis”, proliferando
para garantir que seus projetistas habilidades fundamentais e conceitos
e desenvolvedores considerem e de projeto e desenvolvimento de
integrem fatores de acessibilidade tecnologia acessível em projetos
ao processo de desenho de produ- de “mainstream” (“inserção na
coletividade geral”. N.T.), ciência da
tos do mundo real(30).
computação e outras disciplinas
relacionadas.

A ‘Inteligência Artificial (IA) na A Atos assinou a campanha ‘Valuab-


Acessibilidade’ é um programa de le 500’ para destacar seu compro-
subvenção da Microsoft que apro- misso com a implementação dos
veita o poder da IA para ampliar a valores de inclusão e acessibilidade
capacidade humana para pessoas a partir do nível da diretoria para
com deficiência. O programa ‘IA toda a organização.
na Acessibilidade’ é executado por
meio de subvenções, investimentos Como organização de tecnologia, a
em tecnologia e expertise. O ‘IA na Atos tem contribuído para os pa-
Acessibilidade’ concede subvenções drões globais e a profissionalização
em áreas vitais para a construção da acessibilidade para garantir que a
de um futuro sustentável para as tecnologia do futuro seja projetada
pessoas com deficiência: emprego com princípios acessíveis em mente,
(IA para desenvolver habilidades desde o início do processo.
mais avançadas e para contratação
inclusiva); vida cotidiana (tornando
mais inteligentes e contextualmente
relevantes os softwares e disposi-
tivos ) e comunicação e conexão
(criando novas possibilidades
através da tecnologia).

30. Relatório de Sustentabilidade e Deficiência, p.25. Fundação ONCE e GRI, 2019.

24
A SourceAmerica e a World Infor- A empresa israelense Atvisor criou
mation Technology and Services um sistema baseado em inteligência
Alliance (WITSA) publicaram uma artificial (IA) para consulta e aquisição
política para abordar os imperativos online de tecnologia assistiva (TA),
sociais e econômicos do emprego que pode fornecer consultoria a
das pessoas com deficiência e empresas, pessoas com deficiência
estabelecer um roteiro para que a e profissionais a respeito do melhor
indústria de TIC cresça como líder produto disponível. Embora não seja
no apoio ao emprego de pessoas específico para o local de trabalho,
com deficiência. Esta colaboração inclui TAs que podem ser fornecidas
é um bom exemplo do tipo de na forma de adaptações no local de
iniciativas necessárias para tornar a trabalho. A empresa colabora com os
indústria de TIC mais inclusiva(31). Ministérios relevantes e, portanto, é
um bom exemplo de parceria entre
os setores público e privado.

2-2. A revolução das habilidades


O ciclo de vida das habilidades no local de trabalho está mais curto do que
nunca devido à adaptação da tecnologia e as mudanças estão acontecendo em
um ritmo sem precedentes (que continuará acelerando).

Como mencionado anteriormente, a criação de novos empregos e a eliminação


de outros estão alterando os perfis profissionais demandados, associados ao
know-how (conhecimento) e às habilidades de natureza tecnológica. São neces-
sários perfis de Ciência, Tecnologia, Engenharia e Matemática(32) [STEM, na sigla
em inglês. N.T.] e candidatos altamente qualificados capazes de acompanhar
o progresso tecnológico constante. Um estudo publicado pelo Fórum Econô-
mico Mundial(33) mostra que os empregos mais procurados nos próximos anos
estarão relacionados a dados, à inteligência artificial e ao aprendizado através
de máquinas, onde as capacidades de resolução de problemas se tornarão es-
senciais. O novo paradigma do emprego também prioriza habilidades sociais e
pessoais (cujo valor não pode ser substituído por processos tecnológicos) mais
que a perícia específica(34). Habilidades como pensamento crítico, capaci-
dade analítica, inteligência emocional e flexibilidade cognitiva podem se
tornar essenciais nesta nova realidade.

As organizações estão enfrentando escassez e incompatibilidades de habili-


dades(35). Os trabalhadores são confrontados com a necessidade de atualizar

31. Liderança em Tecnologia da Informação e Comunicação no Emprego Inclusivo de Pessoas com


Deficiência: Um Imperativo Econômico e Social. WITSA/SourceAmerica, 2018.
32. Ciência, Tecnologia, Engenharia e Matemática [STEM, na sigla em inglês. N.T.].
33. Principais Achados: O Futuro dos Trabalhos. Fórum Econômico Mundial, 2019.
34. Livro Verde, p. 29. Ministério Federal do Trabalho e Assuntos Sociais da Alemanha, 2015.
35. Livro Verde, p. 45. Ministério Federal do Trabalho e Assuntos Sociais da Alemanha, 2015.

25
continuamente seus conhecimentos e habilidades devido a processos cada vez
mais condensados de inovação. Este cenário exige que empresas, instituições
de ensino e administrações públicas forneçam o treinamento necessário para
cobrir as habilidades em demanda. Da mesma forma, eles devem garantir o
treinamento contínuo dos colaboradores, acompanhando-os ao longo de um
processo de aprendizagem ao longo da vida(36).

Neste contexto, garantir que as pessoas com deficiência tenham as habilidades


adequadas se tornará ainda mais relevante e precisará abordar tanto aquelas
que buscam entrar no mercado de trabalho quanto aquelas que podem estar
em risco de perder seus empregos. O aprendizado ao longo da vida será
fundamental para todos e precisa incluir as pessoas com deficiência.

Sair do, e voltar ao, mercado de trabalho se tornará mais uma realidade e
melhores políticas precisarão ser projetadas para isso, o que também pode
beneficiar pessoas com deficiência, inclusive aquelas com distúrbio em saúde
mental.

Uma importante barreira que precisa ser abordada diz respeito à falta de trans-
ferência de serviços de apoio às pessoas com deficiência (também na União
Europeia), em um contexto em que se torna ainda mais importante que as
pessoas se beneficiem de poder estudar e trabalhar no exterior, entre outras
coisas, para desenvolver algumas das habilidades que podem se tornar rele-
vantes no futuro. A não resolução desta questão colocará as pessoas com defi-
ciência, que necessitam desses serviços de apoio, em desvantagem em relação
às pessoas que não precisam deles.

Um número ainda pequeno, mas crescente, de exemplos, alguns incluídos


abaixo, mostram que há um potencial para iniciativas de treinamento que
visam pessoas com deficiência, e se concentram em habilidades e empregos
que estão em alta demanda. Os exemplos também mostram a relevância da
colaboração entre o setor privado, o setor público, as ONGs de pessoas com
deficiência e as instituições de ensino superior.

36. Trabalhem por um futuro melhor, p. 24. Comissão Global da OIT sobre o Futuro do Trabalho, 2018.

26
A IBM investiu no modelo de Modis, a consultoria de tecnologia da
educação P-TECH, que conecta o informação, engenharia e ciências da
ensino médio, as faculdades e o vida, do Grupo Adecco, desenvolveu
mundo dos negócios para preparar um programa abrangente para os
os alunos para trabalhos de tecno- alunos com Asperger, em parceria
logia do futuro, incluindo segurança com a Grenoble EM Business School.
cibernética. O programa visa a capacitação de 75
alunos (25 por ano) para os cargos
Através do P-TECH, estudantes de analistas de dados e codificadores
de ensino médio público podem de dados. A Modis investe tempo
ganhar tanto um diploma de ensino e energia na concepção do treina-
médio quanto um diploma pós-se- mento, além de ajudar os alunos a
cundário reconhecido pela indústria se integrarem com sucesso em seu
sem nenhum custo para eles ou futuro ambiente de trabalho.
suas famílias, enquanto trabalham
com parceiros do setor como a IBM
em mapeamento de habilidades,
mentoria, experiências no local de
trabalho e estágios.

Embora este programa se aplique


atualmente a todos os alunos, com
e sem deficiência, em 2019, a IBM
implantará programas “New Collar”
fora dos Estados Unidos visando
jovens com deficiência trabalhando
com ONGs locais.

A Academia Digital, da Fundação No Quênia, a Cisco Networking


ONCE, foi lançada em 2018, com o Academy oferece cursos de
cofinanciamento do Fundo Social Tecnologia da Informação para
Europeu, para aprimorar habilidades quase 400 pessoas com deficiência
digitais ligadas a empregos auditiva, desde 2012, por meio
altamente demandados entre de parcerias com o Deaf Aid e o
jovens com deficiência, incluindo Instituto de Treinamento Técnico
Robótica, Internet das Coisas, Karen para Surdos.
Inteligência Artificial, Realidade
Aumentada, Impressão 3D, Big Data Sessenta e cinco por cento dos
ou segurança cibernética. participantes estão empregados ou
realizando estágios.
O programa envolve duas fases,
proporcionando habilidades
mais genéricas e treinamento
especializado. Em 2018, 220 jovens
com deficiência participaram da
Academia.

27
O Escritório do Prefeito para
Pessoas com Deficiência (MOPD), A Sun ITeS Consultoria Particular
em Nova York, lançou, em parceria Limitada é uma empresa de serviços
com a Cisco, uma inovadora acade- de tecnologia e gestão com sede em
mia de treinamento de Tecnologia Bangalore que tem trabalhado com
da Informação e Comunicação (TIC), Leonard Cheshire para incentivar e
que busca preencher a lacuna de apoiar ativamente o emprego de pes-
habilidades de TIC para pessoas com soas com deficiência, desde 2012. A
deficiência fornecendo treinamento Sun ITeS vem treinando pessoas com
em segurança cibernética para deficiência nas habilidades necessá-
entrar na indústria de tecnologia. A rias para se tornarem profissionais de
academia de treinamento recrutou Tecnologia da Informação (TI). Depois
pessoas com deficiência, anterior- de realizar um bom recrutamento
mente desempregadas, para um especial na JSS Polytechnic, 20 candi-
programa gratuito de treinamento datos, 17 dos quais eram mulheres,
de TIC, financiado por uma par- foram selecionados para se tornar
ceria público-privada. Os alunos Executivos de Processos de Trainees.
aprendem habilidades de segurança Os 20 candidatos selecionados foram
cibernética e estão prontos para treinados em processos da empresa
a preparação do trabalho em um por um treinador da Sun ITeS. Um
programa baseado em sala de intérprete de língua de sinais também
aula de 6 meses. É seguido por um foi fornecido para apoiar candidatos
aprendizado de 3 meses, o que surdos. Após esse treinamento, todos
leva diretamente a uma posição os 20 candidatos foram contratados
de analista de segurança de rede pela Sun ITeS.
pagando a taxa de mercado. Vários
empregadores da cidade de Nova
York estão participando para ter
acesso prioritário aos talentos de
segurança cibernética sob demanda.
Como resultado de seu sucesso e
demanda de talentos empregado-
res, este modelo está agora sendo
planejado para introdução em vários
outros mercados de contratação e
locais nos Estados Unidos.

Há um grande potencial para marketing e replicação de iniciativas como estas e


será importante usar as lições aprendidas com estas experiências para garantir
que as iniciativas de mainstream (inserção na coletividade geral) incluam a
deficiência.

Um exemplo de reprodução consiste no projeto e implementação do


modelo “Centro de Neurodiversidade”, da DXC Technology and Untapped.
Esta é uma comunidade de práticas em várias universidades e empresas
na Austrália, nos EUA e no Reino Unido. O Centro de Neurodiversidade
(NDH, na sigla em inglês) se concentra em ajudar alunos neurodiversos a
terminarem seus cursos e aumentarem sua probabilidade de conseguir
um emprego e começar uma carreira. Empregadores parceiros do
NDH podem oferecer aconselhamento, experiência de trabalho ou
oportunidade de estágio, os quais ajudarão a construir uma fonte
de informações sobre estudantes para empregadores amigáveis da
neurodiversidade. O programa de atividades co-curriculares do NDH está
disponível globalmente através do site do NDH: www.neurodiversityhub.
org/resources, e inclui uma riqueza de recursos para estudantes, seus
pais e cuidadores, empregadores e professores universitários.

28
2-3. Mudança cultural
A sociedade está experimentando mudanças culturais e sociais. A forma como as
novas gerações organizam sua vida profissional e os produtos e serviços que neces-
sitam estão sendo transformados(37). Esta mudança cultural é sustentada por novas
abordagens na relação entre as pessoas e o mundo do trabalho, bem como por uma
maior consciência socioambiental. As pessoas pedem um mundo de trabalho justo e
responsável que lhes permita encontrar um melhor equilíbrio entre trabalho e vida(38),
ao mesmo tempo em que há desafios relacionados à necessidade de estar conectado
24 horas por dia, 7 dias por semana.

Novas tecnologias e a globalização trouxeram uma ruptura ao mundo do trabalho.


Hoje é muito mais fácil para os trabalhadores qualificados mudarem de emprego. As
possibilidades são quase infinitas, livres das amarras da localização geográfica, quase
qualquer um pode encontrar um emprego em qualquer lugar do mundo, desde que
tenha as habilidades e meios de acesso adequados. A rotatividade de funcionários está
se tornando um problema para muitas empresas, um dos fatores que está levando
muitas organizações a garantir o bem-estar de seus funcionários. Para isso, devem
incorporar as demandas de seus colaboradores em sua cultura corporativa, estabele-
cendo iniciativas para garantir que suas necessidades sejam atendidas e alinhando-se
aos valores dos colaboradores. Neste sentido, as empresas do futuro promoverão
ambientes de trabalho mais sustentáveis e serão menos hierárquicas e mais fle-
xíveis, diversas e inclusivas.

A deficiência — assim como a etnia, a idade, as crenças religiosas ou a orientação se-


xual, além do gênero, — é um fator de diversidade dentro da população e da força de
trabalho, mas ainda não há organizações suficientes que incluam o tema da deficiência
em seu trabalho sobre diversidade e inclusão. As empresas, do setor privado ou pú-
blico, que afirmam ser diversificadas e inclusivas devem garantir que seus locais
de trabalho e ambientes sejam concebidos como acessíveis e livres de quaisquer
barreiras físicas, digitais ou sociais para as pessoas com deficiência.

O Relatório Anual de 2016 do Grupo de Retorno sobre a Deficiência mostrou que ape-
nas 4% das empresas estão comprometidos em incluir pessoas com deficiência em
suas estratégias(39).

Uma organização preocupada com o bem-estar de seus colaboradores estabelecerá


iniciativas e políticas de teletrabalho e flexibilidade de horários. Essas novas for-
mas de trabalho também seriam relevantes para as pessoas com deficiência e pode-
riam ajudar a superar as barreiras atuais que enfrentam. Por um lado, barreiras físicas,
que muitas vezes tornam suas jornadas mais difíceis e, por outro, sociais. Por exemplo,
não ter de ir a um escritório pode ser altamente benéfico para pessoas com fobias
sociais.

37. Livro Verde, p.7. Ministério Federal do Trabalho e Assuntos Sociais da Alemanha, 2015.
38. Livro Verde, p.7. Ministério Federal do Trabalho e Assuntos Sociais da Alemanha, 2015.
39. Relatório Anual de 2016 – A Economia Global da Deficiência. Retorno sobre o Grupo da Deficiência, 2016

29
Além disso, esses métodos de trabalho oferecem a oportunidade para as pes-
soas com deficiência adaptarem seu cronograma de trabalho às suas necessi-
dades.

No entanto, essas soluções também representam desafios, comuns a outros


trabalhadores da plataforma, tanto em termos de qualidade de emprego,
quanto de riscos de isolamento e exclusão, que podem ser especialmente pre-
ocupantes para as pessoas com deficiência.

A mudança cultural também está relacionada à demanda de trabalhar em


empresas socialmente conscientes e alinhadas com um futuro sustentá-
vel. Novos modelos de crescimento econômico focados no bem-estar social,
como a Economia Social e Solidária (ESS), estão se tornando cada vez mais re-
levantes. A ESS coloca as pessoas, e não o lucro, no centro de suas estratégias.
Esses modelos trazem soluções inovadoras para questões que ainda não foram
adequadamente abordadas. Eles apoiam valores como autoajuda, igualdade e
equidade e visam alcançar o crescimento econômico por meio da cooperação
e dos processos democráticos(40).

A ILUNION, projeto de negócios do Grupo Social ONCE, é


impulsionada pelos princípios de inclusão e diversidade,
demonstrando que uma economia mais inclusiva é possível. Com
mais de 50 linhas de negócios, o pessoal da ILUNION é composto
por 35.800 funcionários, dos quais 41% são pessoas com
deficiência. Uma das empresas do grupo, a ILUNION Tecnologia e
Acessibilidade (ILUNION T&A), com mais de 100 trabalhadores –
mais da metade com deficiência – oferece soluções tecnológicas
e acessíveis de qualidade, contribuindo para criar ambientes
digitais que atendam às necessidades de todos e para promover
a transformação digital não deixando ninguém para trás.

2-4. Mudança demográfica


A crescente urbanização e o envelhecimento populacional, também em países
como a China e a Índia, moldam as mudanças demográficas que ocorrem. Pa-
rece que nas próximas décadas haverá declínios globais na taxa de crescimen-
to populacional e algumas mudanças no peso global da população em idade de
trabalho. Espera-se que a África veja sua participação na população global em
idade de trabalhar aumentar consideravelmente. Outras regiões, com exceção
da Europa e da Ásia Central, desacelerarão a taxas semelhantes e, portanto,
seu peso não mudará muito nos próximos anos(41).

40. Cooperativas & Economia Social e Solidária – Respostas às questões principais no relatório da
Comissão Global sobre o Futuro do Trabalho. OIT, 2019.
41. Futuro do Trabalho, Principais Tendências. OIT, 2018.

30
Na União Europeia – do ponto de vista geral – há uma clara tendência para
o envelhecimento populacional, provocada pela queda da taxa de natalidade
combinada com o aumento da expectativa de vida, que pode muito bem repre-
sentar o desafio demográfico mais premente enfrentado pelo atual e futuro
mundo do trabalho.

As sociedades e o mundo do trabalho devem enfrentar os desafios colocados


pelas tendências demográficas, sobretudo o envelhecimento populacional.
As habilidades de membros mais idosos da sociedade que desejam continuar
trabalhando devem ser aproveitadas, e o mundo do trabalho deve, portanto,
adaptar-se às suas necessidades. O envelhecimento populacional está con-
tribuindo significativamente para um maior índice de pessoas com defi-
ciência entre a população. As sociedades em envelhecimento precisam,
portanto, tornar prioritária a inclusão de pessoas com deficiência para
poder atender às exigências atuais e futuras de uma grande porcentagem de
seus membros.

A Lowe’s, uma empresa varejista da área da construção civil, está fornecendo


aos funcionários nos EUA um simples exoesqueleto para ajudá-los em seu
trabalho. A empresa desenvolveu essa tecnologia em parceria com a Virginia
Tech. Esses uniformes, principalmente para funcionários mais idosos, facilitam
o levantamento e a movimentação de objetos pesados. Se essa tecnologia for
desenvolvida de forma inclusiva, pode trazer novas oportunidades não só para
os trabalhadores mais idosos, mas também para as pessoas com deficiência.

As tensões causadas pelo envelhecimento da população e a queda das taxas


de natalidade, como a diminuição dos pagamentos de pensões, o crescente
custo da saúde e a extensão da vida profissional das pessoas, podem levar a
importantes desafios à sociedade(42).

Estes desafios podem incluir dificuldades para a entrada de jovens trabalhado-


res no mercado de trabalho. O aumento da idade de aposentadoria em alguns
países pode reduzir as oportunidades de emprego para os jovens trabalhado-
res(43) e levar à falta de empregos estáveis, ao aumento das responsabilidades
de cuidado dos familiares mais idosos, à difícil transição da escola para o mun-
do do trabalho e ao baixo acesso à proteção social. Os jovens com deficiência
são mais vulneráveis e com maior risco de exclusão, se não levados em
conta ao se projetar oportunidades de transição.

O envelhecimento populacional junto com a migração, outra importante ten-


dência demográfica, está levando a uma mão de obra mais diversificada. Neste
contexto, as organizações terão de fazer maiores esforços para criar am-
bientes de trabalho inclusivos. Isto pode ser benéfico para as pessoas com
deficiência, uma vez que a diversidade será incorporada no centro das organi-
zações.

42. O futuro do trabalho e os jovens. Fórum Europeu da Juventude, 2018.


43. O futuro do trabalho e os jovens. Fórum Europeu da Juventude, 2018.

31
Além disso, espera-se que a população residente na cidade continue a aumen-
tar, enquanto a população nas áreas rurais diminuirá ainda mais. Esse êxodo
agrava os problemas de isolamento rural, como a falta de emprego e estabe-
lecimentos educacionais, entre outros(44). Portanto, o futuro do trabalho coloca
desafios específicos para as pessoas com e sem deficiência que vivem em áreas
rurais e remotas, considerando, no entanto, o maior impacto sobre as pessoas
com deficiência que não podem acessar o transporte devido a problemas de
acessibilidade e de facilidades de acesso ao trabalho. Consequentemente, o
investimento para melhorar a conectividade com as áreas rurais é necessário
para desacelerar a urbanização(45) e reduzir a exclusão, e é importante que es-
sas medidas sejam projetadas para que também beneficiem plenamente as
pessoas com deficiência que vivem em áreas rurais e remotas.

Impact Sourcing, uma iniciativa da Global Impact Sourcing


Coalition (GISC), é uma colaboração entre empresas para
construir cadeias de suprimentos globais mais inclusivas que
buscam fornecer emprego significativo para pessoas que vivem
em áreas rurais e remotas, e podem oferecer oportunidades para
pessoas com deficiência que vivem nessas áreas, se projetadas
de forma inclusiva. Um dos kits de ferramentas preparados pela
GISC trata de pessoas com autismo.

2-5. Mudança climática


O Acordo de Paris, a Agenda 2030 e os Objetivos do Desenvolvimento Susten-
tável da ONU colocaram a mitigação das mudanças climáticas no centro da
agenda global. A transição para uma economia de baixo carbono é uma das
ações que podem contribuir melhor para alcançar esse objetivo(46). Isso terá um
impacto relevante na economia e no mundo do trabalho que afeta os modelos
de produção, uma vez que o uso de produtos ou processos poluentes será
reduzido e a mudança dos padrões de demanda, como produtos limpos, será
mais barata nos países que adotam políticas verdes(47).

O enfrentamento das mudanças climáticas afetará o emprego, gerando no-


vos empregos e exigindo novas habilidades. Isto pode mitigar a polarização do
trabalho resultante de novas tecnologias as quais criam oportunidades de tra-
balho que podem não exigir habilidades digitais e tem o potencial de oferecer
novas oportunidades para pessoas com deficiência, se bem abordadas.

44. Pobreza rural na União Europeia. Comissão Europeia, 2017.


45. Trabalhem por um futuro melhor. Comissão Global da OIT sobre o Futuro do Trabalho, 2019.
46. Pessoas com deficiência e transição justa para uma economia de baixo carbono. Rede Global de
Empresas e Deficiência da OIT, 2019.
47. Implicações do Crescimento Verde para o Emprego: Conectando empregos, crescimento e políticas
verdes, p. 6. OECD, 2017.

32
A transição para uma economia de baixo carbono também resultará na subs-
tituição de alguns empregos existentes. Um exemplo são as operações rela-
cionadas ao aterro que podem ser substituídas por operações de reciclagem e
reforma. Essa mudança de emprego pode exigir uma atualização de habilida-
des ou programas de habilidades voltadas às políticas do verde(48). Mais uma
vez, se o processo de recapacitação for feito de forma que inclua o tema da
deficiência, ele pode trazer novas oportunidades de trabalho para pessoas com
deficiência.

A substituição dos processos poluidores e a transição para mais eficiência


energética e hídrica em setores como a agricultura podem, também, resultar
na eliminação de determinados empregos sem reposição direta. Neste contex-
to, o acesso a programas de desenvolvimento de habilidades e programas de
proteção social são essenciais para garantir que ninguém fique para trás(49).

Estimativas sugerem que, no geral, a transição para economias de baixo car-


bono em todo o mundo será um gerador líquido de empregos, com cerca
de 18 milhões de novos empregos aparecendo globalmente(50) e 1,2 milhão
na União Europeia até 2030(51).

Em Hull, Reino Unido, a Siemens Gamesa Renewable Energy


fez uma parceria com a Pathway Plus, em 2017, para oferecer
estágios a estudantes com deficiência e, posteriormente, for-
necer-lhes emprego na Siemens Gamesa, no Reino Unido. Os
estagiários receberam colocações laborais em vários departa-
mentos da fábrica de pás de turbina eólica para desempenhar
sua capacidade e desenvolver habilidades necessárias para o
emprego na fábrica.

A Cúpula de Ação Climática, realizada em setembro de 2019, lançou o projeto


“Ação Climática por Empregos”. Esta é uma iniciativa que fornece um roteiro
para garantir que os empregos e o bem-estar das pessoas estejam no cen-
tro da transição para uma economia neutra em carbono e exorta os países a
formularem planos nacionais para uma transição justa que crie um trabalho
decente para todos. Além disso, estabelece medidas específicas para a inclusão
nos planos, como a “elaboração de políticas inovadoras de proteção social para
proteger trabalhadores e grupos vulneráveis”.

48. Pessoas com deficiência e uma transição justa para a economia de baixo carbono. Rede Global de Empre-
sas e Deficiência da OIT, 2019.
49. Pessoas com deficiência e uma transição justa para a economia de baixo carbono. Rede Global de Empre-
sas e Deficiência da OIT, 2019.
50. Perspectiva Social Mundial do Emprego. OIT, 2018.
51. Emprego e Desenvolvimentos Sociais na Europa. Comissão Europeia, 2019.

33
3. Roteiro para um futuro inclusivo do tra-
balho
Mudanças que transformam o futuro mundo do trabalho estão ocorrendo em
um ritmo acelerado. Medidas precisam ser implementadas com urgência para
garantir que grupos atualmente desfavorecidos, inclusive pessoas com defi-
ciência, se beneficiem dessas transformações. Como mostra esta publicação,
muitas das mudanças relacionadas ao futuro do trabalho representam não
apenas riscos, mas também oportunidades para pessoas com deficiência.

As pessoas com deficiência e a perspectiva da deficiência precisam ser


centrais em todas as discussões relacionadas ao futuro do trabalho em
níveis global, regional, nacional e local. A Convenção sobre os Direitos das
Pessoas com Deficiência, da ONU, e a Agenda 2030 para o Desenvolvimento
Sustentável estão orientando estruturas para a formação de um futuro do tra-
balho que inclua as pessoas com deficiência.

Como afirma a Declaração Centenária sobre o Futuro do Trabalho, da OIT,


adotada em junho de 2019, a própria OIT deve trabalhar para, entre outras
questões:

“Garantir igualdade de oportunidades e de tratamento no mundo do trabalho


para pessoas com deficiência, bem como para outras pessoas em situação de
vulnerabilidade.”

Há uma série de questões-chave que serão particularmente relevantes para ga-


rantir que, em um mundo em constante mudança, as abordagens de trabalho
sejam centradas na pessoa. Muitas dessas questões se baseiam em iniciativas
que já estão sendo empreendidas para tornar inclusivo o mundo do trabalho
para as pessoas com deficiência. Os esforços para incluir pessoas com defici-
ência no emprego e no trabalho já foram orientados para futuros inclusivos e
equitativos, mas é necessário um movimento mais mundial e articulado com a
participação de todos os agentes apoiadores.

A análise das cinco megatendências por meio de uma lente de deficiências le-
vou à identificação de 5 objetivos fundamentais para a inclusão das pessoas
com deficiência no futuro do trabalho:

34
Autoridade
Pública

Novas formas de trabalho e


Universidade 1 relações de emprego integram
a inclusão da deficiência Empresa

O desenvolvimento de habilidades e a
2 aprendizagem ao longo da vida possibilitam
a inclusão de pessoas com deficiência

Desenho universal incorporado no


3 desenvolvimento de todos os novos
produtos, serviços e infraestruturas

Tecnologias assistivas,
existentes e futuras, sejam
4 de baixo custo e disponíveis
ONG
Sindicato Medidas para incluir pessoas com de
5 deficiência nas áreas de crescimento
e desenvolvimento da economia
PcD

Figura 6: Principais objetivos para a inclusão de pessoas com deficiência;


Fonte: Produção própria

Para conseguir atingir esses objetivos, a inclusão da pessoa com deficiência


precisa ser ainda mais combinada com outras iniciativas que contribuam para
um futuro equitativo do trabalho. Haverá um escopo considerável para for-
talecer a conexão entre ações de igualdade de gênero e inclusão da pessoa
com deficiência, ou para desenvolver ainda mais as conexões entre deficiência
e iniciativas de saúde mental e bem-estar no emprego, por exemplo. Tornar
inclusivas essas iniciativas exigirá a participação ativa das pessoas com defici-
ência e de suas organizações nos processos de tomada ou implementação de
decisões relevantes.

Paralelamente aos cinco objetivos fundamentais, os sistemas de proteção social


são um importante complemento para as pessoas com deficiência alcançarem
um futuro inclusivo no trabalho. Estudos recentes da OIT e de outros parceiros
têm focado na transformação dos sistemas de proteção social para garantir os
direitos das pessoas com deficiência e possibilitar uma relação positiva entre
proteção social e trabalho(52). À medida que a sociedade muda, transformando
o mundo do trabalho e a forma como a deficiência é vivenciada, os sistemas

52. Declaração Conjunta: Rumo ao Sistema de Proteção Social Inclusivo que Apoie a Participação Plena e
Efetiva de Pessoas com Deficiência. OIT e IDA, 2019.

35
de proteção social adaptativos serão cruciais para permitir que as pessoas com
deficiência participem positivamente no futuro do trabalho.

O engajamento e a conscientização imediatos, ativos e adequados de to-


dos os agentes apoiadores são fundamentais para desbloquear o poten-
cial que o futuro do trabalho oferece às pessoas com deficiência. A tabela
abaixo mostra e desenvolve as principais ações que os agentes apoiadores
devem implementar para alcançar os cinco objetivos identificados.

PRINCIPAL OBJETIVO 1:
Novas formas de trabalho e de relações de emprego completam a inclusão de pessoas com deficiência

Autoridade Pública Empresa ONG de PcD Sindicato Universidade


• Promova inclusão • Inclua o tema da • Tome ação de • Considere as • Envolva a
do tema da deficiência na defensoria em todas pessoas com perspectiva da
deficiência e empresa inteira e as iniciativas que deficiência nos deficiência na
proteção contra a nas estratégias levem a mudanças processos de produção dos
discriminação na empresariais nos sistemas de consulta e conhecimentos
legislação e em proteção social e a negociação
políticas públicas novas formas de
quando tratar de • Assegure-se de que trabalho e de
novas formas de a inclusão da relações de
trabalho e de deficiência é uma emprego
relações de parte da
emprego Diversidade e
Inclusão e está
refletida nos • Dissemine e
• Inclua pessoas com compartilhe
deficiência nas relatórios de
conhecimentos
mudanças em sustentabilidade
sistemas de
proteção social • Estimule um
relativas ao futuro ambiente livre de
mundo do trabalho estigmas

• Promova
• Apoie mais adaptações
cumprimento das razoáveis, inclusive
medidas de ação através de horários
afirmativa, inclusive flexíveis de trabalho
cotas e alvos

• Fomente emprego
inclusivo no setor
público

36
PRINCIPAL OBJETIVO 2:
Desenvolvimento de habilidades e aprendizado ao longo da vida tornados inclusivos para PcD

Autoridade Pública Empresa ONG de PcD Sindicato Universidade


• Invista e estimule a • Assegure que o • Promova e apoie • Apoie o direito • Desenvolva, para
educação e o treinamento seja treinamentos dos trabalha- estudantes com
treinamento de acessível para que focalizem as dores com deficiência,
pessoas com trabalhadores habilidades deficiência de plataformas de
deficiência focando com deficiência exigidas pelo receberem os conhecimento
em especial as mercado de mesmos abertas e
habilidades digitais, • Contrate e apoie trabalho treinamentos acessíveis, bem
inclusive treinamen- programas de de outros como programas
to (aprendizado) no treinamento que colaboradores específicos sobre
local de trabalho e promovam a as habilidades em
no empreendedoris- inclusão de demanda
mo pessoas com
deficiência no
contexto do
futuro do
trabalho

PRINCIPAL OBJETIVO 3:
Desenho Universal no desenvolvimento de todos os novos produtos, serviços e infrastruturas
Autoridade Pública Empresa ONG de PcD Sindicato Universidade
• Apoie inovação e • Aplique o princípio • Promova o • Amplie a • Inclua o Desenho
P&D (pesquisa & do mainstream Desenho consciência Universal no
desenvolvimento) (inserção na Universal e sobre a formato e no
acessíveis coletividade geral) ofereça importância da conteúdo do
com a abordagem orientação abordagem de treinamento a ser
• Promova legislação de Desenho técnica Desenho prestado
e compras públicas Universal em Universal e também nos
em prol do Desenho produtos e • Participe no projetos de
Universal e proteja serviços desde o desenvolvimento pesquisa a serem
contra início, envolvendo e testagem de desenvolvidos
discriminação no pessoas com projetos de
projeto de novos deficiência em Desenho
produtos e serviços todas as etapas. Universal

37
PRINCIPAL OBJETIVO 4:
Tecnologias assistivas, existentes e futuras, devem custar pouco e estar disponíveis

Autoridade Pública Empresa ONG de PcD Sindicato Universidade


• Disponibilize • Forneça • Participe em • Apoie a • Fomente
verbas e assistência tecnologias inovação e provisão de pesquisa &
técnica para assistivas novos desenvol- tecnologias demonstração
tecnologias relevantes como vimentos assistivas para em tecnologias
assistivas no local uma forma de pessoas com assistivas
de trabalho como adaptação deficiência no
adaptações razoável, local de
razoáveis, com solicitadas por trabalho
atenção especial às trabalhadores no
pequenas e médias local de trabalho
empresas

• Introduza subsídios
para pesquisa &
demonstração em
tecnologias
assistivas

PRINCIPAL OBJETIVO 5:
Medidas para incluir pessoas com deficiência em setores da economia em crescimento e desenvolvimento

Autoridade Pública Empresa ONG de PcD Sindicato Universidade


• Garanta a inclusão • Estimule a • Envolva-se • Promova a • Produza e
de pessoas com inclusão de ativamente com inclusão de dissemine
deficiência em pessoa com iniciativas que pessoas com conhecimentos
iniciativas que deficiência em estão focadas deficiência na sobre
mirem as novas iniciativas ligadas nas novas áreas transição justa, oportunidades para
áreas de aos empregos em de crescimento não deixando pessoas com
crescimento. Por áreas em ninguém para deficiência no futuro
exemplo: o baixo crescimento trás do trabalho
carbono e a (mudança
economia “verde” climática)

• Apoie a inclusão
de pessoa com
deficiência no
contexto das
alianças e das
coalisões do setor
privado nas áreas
em crescimento

38
Recomendações transversais

• Na implementação de todas estas iniciativas, a igualdade de gê-


nero e os links com outras identidades intersetoriais precisarão
ser plenamente integrados.

• Atenção particular deve ser prestada a pessoas com deficiência,


inclusive pessoas com deficiência intelectual e pessoas com de-
ficiência psicossocial, que já enfrentam desafios para ingresar e
permanecer no mercado de trabalho.

• Para atingir os 5 objetivos e de acordo com o Objetivo do De-


senvolvimento Sustentável nº 17 “Parceria pelos objetivos”, a
colaboração multilateral é crucial e deve ser fortalecida. Pessoas
com deficiência e suas organizações representativas devem ser
incluídas na tomada de decisões e outros processos que moldam
o futuro do trabalho.

39
Tabela das figuras

Figura 1: Principais dados sobre a atual


situação do mercado de trabalho europeu................................................ 13

Figura 2: Atuais desafios da inclusão


laboral de pessoas com deficiência .......................................................... 15

Figura 3: Estudos sobre a inclusão


laboral da pessoa com deficiência ............................................................ 17

Figura 4: Abordagem de 360º às pessoas com deficiência ..................... 18

Figura 5: Principais tendências no futuro do trabalho .............................. 21

Figura 6: Principais objetivos da inclusão


de pessoas com deficiência ..................................................................... 35

40
Referências

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https://www.accenture.com/_acnmedia/pdf-89/accenture-disability-inclusion-research-re-
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• Accenture (2018). The Accesibility Advantage: Why businesses should care about
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https://www.accenture.com/_acnmedia/pdf-91/accenture-accessibility-advantage-pov-fi-
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https://www.eapn.eu/wp-content/uploads/2018/04/EAPN-2018-Future-of-Work-EAPN-a-
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• European Commission (2017). Rural Poverty in the European Union.


http://www.europarl.europa.eu/RegData/etudes/BRIE/2017/599333/EPRS_
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News=yes

• European Committee for Standardization (CEN); European Committee for Electrotech-


nical Standardization (CENELEC) (2019). EN 17161:2019 ‘Design for All- Accessibility
following a Design for All approach in products, goods and services- Extending the
range of users’
https://www.cencenelec.eu/News/Brief_News/Pages/TN-2019-019.aspx

• European Disability Forum (2018). Plug and pray? A disability perspective on artificial
intelligence, automated decision-making and emerging technologies
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• European Economic and Social Committe (2018 ). Future of work/ skills.


https://www.eesc.europa.eu/en/our-work/opinions-information-reports/opinions/future-
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• European Parliament (2017). The future of work in the European Union.


http://www.europarl.europa.eu/thinktank/en/document.html?reference=EPRS_
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41
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• European Political Strategy Centre (2018). Global Trends to 2030: The Future of Work
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• Forbes (2011). Global Diversity and Inclusion: Fostering Innovation through a Diverse
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• Fundación ONCE; Global Reporting Initiative (2019). Disability in Sustainability Repor-


ting.
https://biblioteca.fundaciononce.es/publicaciones/colecciones-propias/programa-operati-
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• Hunt, A., & Samma, E (2019). Gender and the Gig Economy.
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• International Labour Organization (2014). Business as unsual: Making workplaces


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• International Labour Organization (2018 ). World Employment and Social Outlook -


Trends.
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• International Labour Organization (2018). The economics of artificial intelligence:


Implications for the future of work.
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• McKinsey & Company (2018). Delivering through diversity.


https://www.mckinsey.com/~/media/McKinsey/Business%20Functions/Organization/
Our%20Insights/Delivering%20through%20diversity/Delivering- through- diversity_full-re-
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• Microsoft (2019). New practical guide to inclusive computer science education.
https://ngcproject.org/microsoft-philanthropies-and-inclusive-computer-science-educa-
tion

• OECD / European Commission (2014). Policy Brief on Entrepreneurship for People


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https://www.oecd.org/cfe/leed/Policy-brief-entrepreneurship-people-disabilities.pdf

• OECD (2017). Employment Implications of Green Growth: Linking jobs, growth and
green policies.
https://www.oecd.org/environment/Employment-Implications-of-Green-Growth-OECD-Re-
port-G7-Environment-Ministers.pdf

• OECD (2019). Employment Outlook: The future of Work.


https://www.oecd-ilibrary.org/employment/oecd-employment-outlook-2019_9ee00155-en

• Return on Disability (2016). Annual Report: The Global Economics of Disability.


https://www.rod-group.com/content/rod-research/edit-research-2016-annual-report-glo-
bal-economics-disability

• Schwab, K. (2016). The Fourth Industrial Revolution: what it means, how to respond.
https://www.weforum.org/agenda/2016/01/the-fourth-industrial-revolution-what-it-me-
ans-and-how-to-respond/

• SourceAmerica (2018). The Future of Work and the Disability Community.


https://www.sourceamerica.org/future-work-and-disability-community

• The Universal Declaration of Human Rights at 70 (2018). Putting Human Rights at the
Heart of the Design, Development and Deployment of Artificial Intelligence.
https://48ba3m4eh2bf2sksp43rq8kk-wpengine.netdna-ssl.com/wp-content/uplo-
ads/2018/12/UDHR70_AI.pdf

• United Nations (2017). Making the SDGs Count for Women and Girls with Disabilities.
https://www.unwomen.org/-/media/headquarters/attachments/sections/library/publica-
tions/2017/making-sdgs-count-for-women-with-disabilities.pdf?la=en&vs=731

• United Nations (2019). World Economic Situation Prospects.


https://www.un.org/development/desa/dpad/publication/world-economic-situation-and-
-prospects-2019/

• World Bank (2016). World Development Report 2016: Digital Dividends.


https://www.worldbank.org/en/publication/wdr2016

• World Economic Forum (2018). Global Risk Report 2018, 13th Edition.
http://www3.weforum.org/docs/WEF_GRR18_Report.pdf

• World Economic Forum (2019). Key Findings: The future of jobs.


http://www3.weforum.org/docs/WEF_Future_of_Jobs_2018.pdf

• World Economic Forum (2019). What companies gain by including persons with
disabilities.
https://www.weforum.org/agenda/2019/04/what-companies-gain-including-persons-disa-
bilities-inclusion/

• World Health Organization & World Bank (2012). World Report on Disability.
https://www.who.int/disabilities/world_report/2011/en/

43
Agradecimentos
As equipes líderes desta publicação na Rede Global de Empresas e Deficiências
da OIT e na Fundação ONCE gostariam de agradecer as seguintes pessoas e
organizações por suas diversas contribuições, participando no contraste do re-
latório e/ou facilitando o processo da contribuição. Elas são mencionadas em
ordem alfabética das organizações representadas:

• Daniel Ellerman (Accenture)

• Bruce Roch (Adecco Group)

• Neil Milliken (ATOS)

• Susan Scott-Parker (Business Disability International)

• Pilar Villarino (CERMI)

• Josefa Torres (CERMI, Labour Inclusion Committee)

• Susanne Bruyere (Cornell University)

• Yvette Sweringa (CSR Europe)

• María Trigo, Rogier Reinders (DOW)

• Haydn Hammersley, Loredana Dicsi (European Disability Forum)

• Inmaculada Placencia (European Commission)

• Germán Granda, Ricardo Trujillo (Forética)

• Sabina Lobato, Virgina Carcedo, Ana Juviño, Edurne Alvarez de Mon (Fundaci-
ón ONCE-Inserta Empleo)

• Yves Veulliet (IBM)

• Martin Ostermeier (ILO)

• Margaret Johnston-Clarke, Veronica Lalov (L’Oréal)

• Christopher Prinz (OECD)

• Debra Ruh (Ruh Global Impact)

• Melissa Soh (Standard Chartered Bank)

• Patrick J. Romzek (Three Talents)

• Elisabeth Anna Resch, Griet Cattaert, Julie Kofoed, Lauren Gula, Mari-lou Du-
pont (United Nations Global Compact)

• Alexandre Bloxs (World Federation of the Deaf, International Disability Allian-


ce)

44
Projeto & Leiaute:
A Rede Global de Empresa e Deficiências (Global Business and Disability Ne-
twork) da OIT e a Fundação Organização Nacional de Cegos da Espanha (ONCE)
gostariam de agradecer também a ILUNION pelo projeto da publicação e trata-
mento da acessibilidade.

Equipes líderes desta publicação


• GBDN da OIT: Stefan Tromel, Jürgen Menze, Peter Torres Fremlin

• Fundação ONCE: Carla Bonino, Maria Tussy

• KPMG, atuando como Secretariado Técnico do Disability Hub Europe: Ramón Puey,
Teresa Royo, Alicia Goya, Cristina Irujo

45
A Rede Global de Empresas e Deficiência O principal objetivo da Fundação ONCE
(GBDN) da OIT tem como objetivo criar para a Cooperação e Inclusão Social das
uma cultura global de força de trabalho Pessoas com Deficiência (Fundação ONCE)
que seja respeitosa e acolhedora das é promover a qualidade de vida das pesso-
pessoas com deficiência. Seu objetivo é as com deficiência e seus familiares, com
garantir que as políticas e práticas de em- foco nas áreas de treinamento, emprego e
prego em empresas de todos os tipos se- acessibilidade universal de ambientes, pro-
jam inclusivas de pessoas com deficiência dutos e serviços.
em todo o mundo. A GBDN também tra-
balha para aumentar a conscientização Com sede na Espanha e fundada pela
sobre a relação positiva entre inclusão ONCE (Organização Nacional dos Cegos
de pessoa com deficiência e sucesso nos Espanhóis), a Fundação ONCE tem ampla
negócios. experiência na inclusão laboral de pessoas
com deficiência, e tem colaborado além
A GBDN é uma plataforma única para das fronteiras com empresas particulares,
apoio de empresa-para-empresa e governos de todos os níveis e outras orga-
aprendizado de-igual-para-igual sobre nizações da sociedade civil, tornando a di-
questões de deficiência. A GBDN facilita mensão da deficiência neste campo muito
a troca de conhecimentos por meio de mais visível.
encontros globais, regionais e nacionais,
tanto presenciais quanto online, além de Website: www.fundaciononce.es
grupos de trabalho, publicações conjun-
tas e ferramentas.

A GBDN também apoia iniciativas de ne-


gócios de nível nacional sobre inclusão de
pessoa com deficiência, particularmente
em países em desenvolvimento. Presta
assistência técnica e facilita contatos com
iniciativas nacionais de negócios e defi-
ciências, organizações de pessoas com
deficiência, parceiros e escritórios da OIT.
A Fundação ONCE executa o Programa
Operacional Espanhol “Inclusão Social e
Website: Economia Social 2014-2020”, cofinanciado
www.businessanddisability.org/
pelo Fundo Social Europeu, que permite
desenvolver diversas atividades-chave, in-
clusive a iniciativa transnacional “Disability
Hub Europe para o Crescimento Sustentá-
vel e Inovação Social”, que tem como foco
o intercâmbio de melhores práticas, a di-
vulgação, a aprendizagem mútua e a cons-
cientização sobre a deficiência binomial e
a sustentabilidade. Alinhado com a Agenda
de 2030 e os ODS, o Disability Hub Europe
serve como o marco desta publicação.

Webiste: disabilityhub.eu

46
Este documento é uma contribuição para a Agenda 2030 e para os
Objetivos do Desenvolvimento Sustentável, especificamente o Objetivo 8:
“Trabalho Decente e Crescimento Econômico” e o alvo específico 8.5:
“Por volta de 2030, conquistar o emprego pleno e produtivo e o trabalho
decente para todas as mulheres e todos os homens, inclusive jovens e
.
pessoas com deficiência, e o pagamento igual pelo trabalho de igual valor.”

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