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26/07/2020 O jovem Fernando de Bulhões

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Texto da aula Aulas do curso

Santo Antônio

O jovem Fernando de Bulhões


Antes mesmo de ingressar na vida religiosa, Fernando de Bulhões, nome com que foi
batizado nosso querido Santo Antônio de Lisboa, manifestou desde cedo um talento
singular para os estudos, com uma capacidade de memorização única, além de uma
sensibilidade espiritual promissora. É o que Pe. Paulo Ricardo apresenta nesta aula de
introdução à vida de Santo Antônio.

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No último dia 16 de janeiro, comemoramos os 800 anos do martírio dos


primeiros mártires franciscanos, mortos no Marrocos em 1220,
acontecimento decisivo na história da Igreja e ponto de inflexão na vida
de um cônego de Santo Agostinho, então residente no Mosteiro
coimbrense de Santa Cruz: o Pe. Fernando de Bulhões, mais conhecido
como S. Antônio de Lisboa (em referência ao lugar onde nasceu) ou S.
Antônio de Pádua (em referência ao lugar onde está sepultado).

Por isso, todo este ano de 2020 e, de modo particular, este mês de junho,
em que celebramos a memória de S. Antônio, constituem uma ocasião
propícia para iniciarmos uma série de vídeos sobre o santo frade
franciscano, marcado pela curiosa contradição de ser muito venerado e,
ao mesmo tempo, muito pouco conhecido.

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26/07/2020 O jovem Fernando de Bulhões

A primeira novidade, para nós, brasileiros, é o fato de S. Antônio ser de


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origem portuguesa. Nascido em Lisboa em 1195, pouco tempo depois do
surgimento do Reino de Portugal, e batizado como Fernando de Bulhões,
S. Antônio recebeu desde a infância uma educação esmerada. Aprendeu
as primeiras letras na Igreja de Santa Maria, onde foi instruído pelos
Cônegos Regrantes de Santo Agostinho no Trivium (gramática, lógica e
retórica) e Quadrivium (aritmética, geometria, música e astronomia),
bases do sistema educativo medieval. Manifestou desde cedo um talento
singular para os estudos, com uma capacidade de memorização única,
além de uma sensibilidade espiritual promissora.

Neste ponto, convém advertir contra a tendência, hoje muito estendida


entre certos historiadores, de reler a história da Igreja e os próprios
Evangelhos de uma perspectiva demasiado cética, quando não
preconceituosa. O resultado disso, entre outras coisas, são hagiografias
que pouco têm de santas. Na mão desses “especialistas”, a vida de
personagens até ontem ilustres, como um S. Francisco de Assis ou o
mesmo S. Antônio, é posta inteiramente abaixo: as virtudes e atos
heróicos que sempre se lhe atribuíram são relativizadas, despidas de
todo “elemento mágico” e apresentadas, se não como invenções tardias,
ao menos como fatos “ordinários”, sem nenhuma transcendência. O
objetivo de uma tal historiografia, dizem, é tornar os santos do passados
mais acessíveis à (poderíamos dizer) mediocridade dos homens do
presente.

O que parecem supor os que assim “reconstroem” a história, conforme


mais às suas preferências do que ao testemunho dos documentos do
passado, é que está totalmente proibido haver dentro da Igreja gênios
espirituais e homens de talento, como foi o caso do pequeno Fernando

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26/07/2020 O jovem Fernando de Bulhões

de Bulhões. Nele, ao contrário do que querem fazer crer os seus


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detratores, a graça divina encontrou uma natureza verdadeiramente
dotada e bem disposta. Foi sua grandeza espiritual, é verdade, que o
elevou à honra dos altares; mas nem por isso suas habilidades
intelectuais, mnemônicas e oratórias deixaram de merecer-lhe o justo
título de Doutor da Igreja [1], prenda ainda mais admirável em um santo
que não passou dos 36 anos de idade.

Na biografia mais antiga de S. Antônio, a Legenda “Assidua” (escrita por


um frade anônimo por volta de 1232), conta-se que, com cerca de 15 anos,
ao perceber que sua pureza estava em perigo, o jovem Fernando decidiu
entrar para a Ordem dos Cônegos Regrantes de Santo Agostinho, na qual
fora educado. O motivo do seu ingresso na vida religiosa, portanto, foi o
zelo pela pureza de corpo e alma e, por isso mesmo, o medo de ofender a
Deus com pecados tão baixos. Não por acaso, costuma-se retratar o
santo com um lírio nas mãos, símbolo da pureza intocável em que viveu,
por mais que alguma historiografia moderna queira desacreditar suas
virtudes, insinuando sem nenhum fundamento que Antônio teria, ainda
adolescente, cedido às tentações da carne.

O jovem Fernando de Bulhões ingressou, assim, no Mosteiro de São


Vicente de Fora, em Lisboa. Passados porém somente dois anos,
percebeu que a vida em Lisboa não lhe permitiria desligar-se como
desejava de sua antiga vida no mundo, dada a frequência com que
amigos e familiares o vinham visitar. Por isso, solicitou aos superiores
que fosse transferido para um lugar mais distante. Foi enviado então
para o Mosteiro de Santa Cruz, em Coimbra, onde se dará, poucos anos
depois, seu encontro decisivo com os corpos dos mártires franciscanos.

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26/07/2020 O jovem Fernando de Bulhões

Em Coimbra, com acesso a uma biblioteca riquíssima, Fernando teve


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melhores meios de estudar e aprofundar sua formação intelectual. Aqui,
no entanto, é preciso ter em mente que na vida de S. Antônio não houve
nunca uma real dicotomia entre estudo e piedade, entre leitura e
pregação: o mesmo cônego regrante que, na solidão do mosteiro,
compulsava tratados de teologia pregará depois, como frei, as verdades
tão arduamente estudadas e contempladas. Embora, é fato, a vida do frei
Antônio fosse mais abnegada e radical do que a do cônego recluso, entre
uma e outra fase não há solução alguma de continuidade nem, portanto,
a ruptura que alguns querem ver, mas apenas, se se prefere, uma
mudança de ênfase do estudo para a pregação popular. Com efeito, toda
a sua formação intelectual e o seu processo de santificação, ainda em
Coimbra, foram fundamentais para que ele decidisse entrar na Ordem
Franciscana e se tornasse o grande pregador que foi.

Vale a pena mencionar ainda o fato, do qual falaremos em detalhe nas


próximas aulas, de que a Coimbra que receberá o nosso S. Antônio é, já
nesta época, palco de diversos conflitos políticos — entre o rei D. Afonso
II, suas três irmãs (que, mesmo sendo religiosas, possuíam o título de
rainhas) e seu irmão mais novo, o infante D. Pedro —, que culminaram no
exílio no Marrocos do irmão mais novo do rei, que foi justamente quem
se encarregou de transladar os corpos dos mártires franciscanos para a
sede do Reino. Esse acontecimento será decisivo para que o Pe.
Fernando abra mão de tudo para seguir ao pobre e abnegado Francisco
de Assis.

Nota

1. Santo Antônio foi declarado “Doutor do Evangelho”, pela grandeza com que soube
pregá-lo e pela quantidade de citações bíblicas que fazia, de memória, em seus

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26/07/2020 O jovem Fernando de Bulhões

sermões; fato que também lhe rendeu o epíteto de “Arca do Testamento”.


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