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ÉTIMA EDIÇÃO
S
REPRODUÇÃO ANIMAL
Sétima
Edição
Editado por
B. Hafez e E. S. E. Hafez
Co-Directors
Reproductive Health Center
IVF/Andrology International
Kiawah Island, South Carolina, USA
CIP-BRASIL. CATALOGAÇÃO-NA-FONTE
SINDICATO NACIONAL DOS EDITORES DE LIVROS, RJ.
H159r
Hafez, B.
Reprodução animal
/ B. Hafez, E. S. E. Hafez ; [coordenador de tradução da 7. ed. original Renato Campanarut Barnabe]. – Barueri, SP :
Manole, 2004 il.;
Tradução de: Reproduction in farm animals
ISBN 85-204-1222-X
a
7 edição brasileira – 2004
Impresso no Brasil
Printed in Brazil
Durante a década passada houve uma série de
importan tes avanços nos principais conceitos da
reprodução animal resultantes da biotecnologia
moderna, tais como o uso de hormônios liberadores
de gonadotrofinas e seus análogos, a reprodução
assistida em tecnologia/andrologia (ARTA), genética,
biologia molecular, imunologia, toxicologia e far
macologia. Cinco novos capítulos foram
A primeira edição, publicada em 1962, tratou dos acrescentados nesta edição:
aspectos básicos e comparativos da fisiologia da
reprodução, de maneira simplificada, no intuito de 1. Reprodução em lhamas e alpacas
preencher as neces sidades de estudantes de 2. Engenharia genética
biologia reprodutiva, medicina veterinária e zootecnia. 3. Fatores farmacológicos e reprodução
Esse objetivo continua válido nesta sétima edição, 4. Imunologia da reprodução
constituída de dissertações condensadas e concisas 5. Biologia molecular da reprodução
sobre a fisiologia e a bioquímica da reprodução de
animais domésticos. O livro está dividido em seções Técnicas modernas de bioengenharia de animais
maiores que, por sua vez, estão ordenadas em dois domés ticos envolvem microinseminação,
domínios: os com ponentes do sistema reprodutivo e recombinação de DNA, manipulação in vitro,
a regulação do processo reprodutivo, desde o transferência e expressão de genes. Essas técnicas
controle da ovulação até o início do parto. O leitor irá foram muito melhoradas com o uso de com
notar profundas diferenças entre as várias espécies putadores, microcomputadores e kits analíticos de
animais. Para atingir esse propósito, estipulamos diagnósti cos, disponíveis no comércio. Grande
abrangências das maiores espécies em separado, variedade de técnicas tem sido empregada para
quando jul gadas apropriadas, de modo que o avaliação de sêmen, por exemplo, avaliação da
estudante de reprodução possa inteirar-se das capacidade fertilizante dos espermatozóides
semelhanças e das diferenças entre elas.
PREFÁCIO
B. Hafez e E. S. E. Hafez
Kiawah Island, South Carolina USA
vii
COLABORADORES
ix
x COLABORADORES
..1
CAPÍTULO 1
Anatomia da Reprodução Masculina . . . . .
Prefácio . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . v . 3 E. S. E. Hafez
SUMÁRIO C APÍTULO 2
Anatomia da Reprodução Feminina . . . . .
. 13 B. Hafez e E. S. E. Hafez
CAPÍTULO 8
Agradecimentos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . PARTE II
. vii Colaboradores . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Fisiologia da Reprodução . . . . . . . . . . .
. . . . ix . 31
CAPÍTULO 3
Hormônios, Fatores de Crescimento e
PARTE I Reprodução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
33 E. S. E. Hafez, M. R. Jainudeen e Y. Rosnina
Reprodução Anatômica Funcional ...
CAPÍTULO 4 CAPÍTULO 16
Ciclos Reprodutivos . . . . . . . . . . . . . . . . . . Reprodução em Aves: Macho e Fêmea . .
. 55 E. S. E. Hafez e B. Hafez . 237 D. P. Froman, J. D. Kirby e J. A.
Proudman
CAPÍTULO 5
Foliculogênese, Maturação Ovocitária e
PARTE IV
Ovulação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
69 E. S. E. Hafez e B. Hafez Falha Reprodutiva . . . . . . . . . . . . . . . . .
CAPÍTULO 6
Transporte e Sobrevivência de Gametas . 2
. . 83 E. S. E. Hafez e B. Hafez
5
CAPÍTULO 7
Espermatozóides e Plasma Seminal . . . . .
. . 97 D. L. Garner e E. S. E. Hafez 9
Fertilização e Clivagem . . . . . . . . . . . . . . .
111 E. S. E. Hafez e B. Hafez
x
CAPÍTULO 9
Implantação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . i
CAPÍTULO 10
CAPÍTULO 17
Gestação, Fisiologia Pré-natal e Parto . . .
Falha Reprodutiva em Fêmeas . . . . . . . . .
141 M. R. Jainudeen e E. S. E. Hafez
261 M. R. Jainudeen e E. S. E. Hafez
CAPÍTULO 11
Bovinos e Bubalinos . . . . . . . . . . . . . . . . . PARTE V
. 159 M. R. Jainudeen e E. S. E. Hafez Mecanismos Fisiopatológicos . . . . . . .
. 291
CAPÍTULO 12
Ovinos e Caprinos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . CAPÍTULO 19
173 M. R. Jainudeen, H. Wahid e E. S. E. Hafez Comportamento Reprodutivo . . . . . . . . . .
. 293 B. Hafez e E. S. E. Hafez
CAPÍTULO 13
Suínos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . CAPÍTULO 20
183 L. L. Anderson Genética das Falhas Reprodutivas . . . . . .
307 Y. Rosnina, M. R. Jainudeen e E. S. E.
CAPÍTULO 14 Hafez
Eqüinos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
193 E. S. E. Hafez e B. Hafez CAPÍTULO 21
CAPÍTULO 15
Engenharia Genética em Animais
Lhamas e Alpacas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Domésticos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 319
219 J. B. Sumar C. A. Pinkert
399 M. R. Jainudeen e E. S. E. Hafez
CAPÍTULO 22
Fatores Farmacotoxicológicos e CAPÍTULO 29
Reprodução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Indução da Ovulação, Produção e
. . 333 A. E. Archibong e S. E. Abdelgadir Transferência de Embriões . . . . . . . . . . . .
409 M. R. Jainudeen, H. Wahid e E. S. E. Hafez
CAPÍTULO 23
Imunologia da Reprodução . . . . . . . . . . . . CAPÍTULO 30
345 P. J. Hansen Preservação e Criopreservação de
Gametas e Embriões . . . . . . . . . . . . . . . . . .
CAPÍTULO 24 . . . . . . . . 435 E. S. E. Hafez
Biologia Molecular da Reprodução . . . . . .
359 R. Juneja e S. S. Koide CAPÍTULO 31
Micromanipulação de Gametas e
Embriões: Fertilização In Vitro e
PARTE VI Transferência de Embriões (FIV/TE) . . . . .
Tecnologia da Reprodução Assistida . . . . . . . . . . . . . 447 B. Hafez e E. S. E. Hafez
. . 367
CAPÍTULO 25 Glossário . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
Avaliação do Sêmen . . . . . . . . . . . . . . . . . .
369 R. L. Ax, M. R. Dally, B. A. Didion, R. W. 471 Glossário de Abreviações Comuns . .
Lenz, C. C. Love, D. D. Varner, B. Hafez e M. E.
. . . . . 479
Bellin
CAPÍTULO 26 Apêndices
Inseminação Artificial . . . . . . . . . . . . . . . .
381 R. L. Ax, M. R. Dally, B. A. Didion, R. W. APÊNDICE I
Lenz, C. C. Love, D. D. Varner, B. Hafez e M. E. Número de Cromossomos das Espécies
Bellin Bovinae, Equinae e Caprinae . . . . . . . . . . .
. . . . . . . 481
CAPÍTULO 27
Cromossomos X e Y: Espermatozóides APÊNDICE II
Transportadores . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Número de Cromossomos e Habilidade
395 E. S. E. Hafez e B. Hafez Reprodutiva em Híbridos de Eqüinos,
Bovinos e Caprinos . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
CAPÍTULO 28 . . . . . . 482
Diagnóstico da Gestação . . . . . . . . . . . . . .
SUMÁRIO xiii
APÊNDICE VIII
. . 501
Livros/Companhias de FIV . . . . . . . . . . . .
490
APÊNDICE IX
Fertilização In Vitro por Microinjeção . . .
Reprodução
P ARTE I
Anatômica Funcional
CAPÍTULO 1
Anatomia da Reprodução
Masculina E. S. E. HAFEZ
As gônadas masculinas (testículos) situam-se fora do abdome, no escroto, uma estrutura semelhante
a uma bolsa, derivada da pele e da fáscia da parede abdominal. O testícu lo localiza-se dentro do
processo vaginal, uma extensão separada do peritôneo, o qual atravessa a parede abdominal pelo
canal inguinal. Os anéis inguinais profundos e superfi ciais são as aberturas profundas e superficiais
do canal ingui nal. Os vasos e os nervos alcançam os testículos no funícu lo espermático, que se
posiciona dentro do processo vaginal; o ducto deferente acompanha os vasos, mas se separa deles no
orifício do processo vaginal para se unir à uretra. Além de permitir a passagem do processo vaginal e
de seu conteúdo, o canal inguinal também dá passagem a vasos e nervos para o suprimento da
genitália externa.
Os espermatozóides deixam o testículo pelos dúctulos eferentes e vão em direção ao ducto espiralado
do epidídi mo, que continua como ducto deferente. As glândulas aces sórias eliminam seus conteúdos
no ducto deferente ou na porção pélvica da uretra.
A uretra se origina no colo da bexiga. Em toda sua extensão, ela é rodeada pelo tecido vascular
cavernoso. Sua porção pélvica, que é envolvida pelo músculo estriado ure tral e recebe secreções de
várias glândulas, leva à porção secundária do pênis na saída pélvica. Nesse local unem-se mais dois
corpos cavernosos para formar o corpo do pênis, que se localiza abaixo da pele da parede corpórea.
Alguns músculos agrupados ao redor da saída pélvica contribuem para a constituição da raiz do pênis.
O ápice ou parte livre do pênis é coberto por pele modificada – o tegumento peniano –, o restante está
incluso no prepúcio. As caracte rísticas topográficas dos órgãos de importantes espécies de animais
domésticos estão demonstradas na Figura 1-1.
O testículo e o epidídimo são supridos pela artéria testi cular, que se origina da aorta dorsal, próxima
ao sítio embrionário do testículo. A artéria pudenda interna supre a genitália pélvica e seus ramos
partem do arco isquiático da pelve para nutrir o pênis. A artéria pudenda externa deixa a cavidade
abdominal via canal inguinal para suprir o pênis, o
escroto e o prepúcio. A linfa do testículo e do epidídimo é drenada para os linfonodos aórtico
lombares. A linfa das glândulas acessórias, da uretra e do pênis é drenada para os nodos sacral e
ilíaco medial. A linfa do escroto, do prepúcio e dos tecidos ao redor do pênis é drenada para os
linfonodos inguinais superficiais.
Nervos aferentes e eferentes (simpáticos) acompanham a artéria testicular para os testículos. O plexo
pélvico supre as fibras autônomas (simpáticas e parassimpáticas) para a genitália pélvica e para os
músculos lisos do pênis. Os ner vos sacrais suprem as fibras motoras para os músculos estria dos do
pênis e as fibras sensoriais para a parte livre do pênis. Fibras aferentes do escroto e do prepúcio
atravessam princi palmente o nervo genitofemoral.
DESENVOLVIMENTO
Desenvolvimento Pré-natal
3
4 PARTE I: REPRODUÇÃO ANATÔMICA FUNCIONAL
TOURO
CARNEIRO
CACHAÇO GARANHÃO
FIGURA 1-1. Diagrama do trato reprodutor masculino visto em dissecação lateral esquerda. a, ampola; bu, glândula
bulbouretral; cab. e, cabeça do epidídimo; caud. e, cauda do epidídimo; cp, crus esquerda do pênis, separada do
ísquio esquerdo; dd, ducto deferente; dp, divertículo dorsal do prepúcio; ppp, prepúcio pré-peniano; pl, parte livre
do pênis; pp, prega prepucial; p, próstata; r, reto; rp, músculo retrator do pênis; e, escroto; fs, flexura sigmóide; t,
testículo; pu, processo uretral; gv, glândula vesicular. (Adaptado de Popesko, Atlas der topographischen anatomie
der Haustiere. Vol. 3, Jena: Fischer, 1968.)
A descida dos testículos dirige-se ao escroto na metade da vida fetal (touro, carneiro), no último quarto da vida fetal (cachaço) ou
apenas pouco antes/após o nascimento (garanhão).
Desenvolvimento Pós-natal
Algumas vezes, os testículos não entram no
Cada componente do trato reprodutor de todos os
escroto. Nessa condição (criptorquidismo), os
ani mais domésticos desenvolve-se em tamanho
testículos e o epidídi mo não encontram a
relativo ao tamanho do corpo e passa por
temperatura necessária, embora a fun ção endócrina
diferenciação histológica. A competência funcional
do testículo não esteja prejudicada. Machos
não é concluída simultaneamente em todos os
criptorquídicos bilaterais, portanto, mostram desejo
componentes do sistema reprodutor. Assim, no touro,
sexual discreto mas são estéreis. Ocasionalmente,
a capacidade de ereção do pênis precede o apareci
algumas vísceras abdominais passam pelo orifício do
mento do espermatozóide no ejaculado em vários
processo vaginal e entram no escroto; a hérnia
meses. Em carneiros, o segmento terminal do
escrotal é particularmente comum em porcos.
epidídimo torna-se mor fologicamente “adulto” em 6 testicular é revestida por epitélio cuboidal
semanas, o que não acontece com o segmento inicial não-secretório.
até a 18ª semana (5). Na puberdade, todos os O tamanho testicular varia ao longo do ano em
componentes do sistema reprodutor masculino animais de estação reprodutiva sazonal (carneiro,
alcançam suficiente estágio avançado de garanhão, came lo). A remoção de um testículo
desenvolvimento para que o sistema como um todo resulta em considerável aumento da gônada
seja funcional. O período de rápido desenvolvimento remanescente (mais de 80% de aumen to no peso).
que precede a puberdade é conhecido como período No criptorquídico unilateral, a remoção do tes tículo
pré-puberdade, embora algumas vezes também seja que desceu pode ser seguida pela descida do
referido como “puberdade”. Durante o período testículo abdominal à medida que ele cresce.
pós-puberdade, o desenvolvimento continua e o trato As células intersticiais (Leydig), que se situam
reprodutor alcança maturidade sexual total após entre os túbulos seminíferos, secretam hormônios
meses ou até mesmo anos da idade em que ocorreu masculinos nas veias testiculares e nos vasos
a puberdade. Em cavalos, um aumento significativo linfáticos. As células esper matogênicas do túbulo
no peso testicular, na produção diária de dividem-se e diferenciam-se para formar
espermatozóides e na reserva de esperma epididimal espermatozóides. Pouco antes da puberdade, as
ocorre até 15 anos de idade. Algumas importan tes células de sustentação (Sertoli) do túbulo formam
mudanças anatômicas que ocorrem durante o uma barreira (6) que isola as células germinativas em
desenvol vimento pós-natal estão resumidas na diferen ciação da circulação geral. Essas células de
Tabela 1-1. sustentação contribuem para a produção do fluido
TESTÍCULOS E ESCROTO tubular e podem pro duzir o fator inibidor Mülleriano
encontrado no fluido da rede em machos adultos (2).
Os testículos estão protegidos na parede do As células de sustentação não aumentam em número
processo vaginal ao longo da linha de fixação após a chegada da puberdade. Este pode ser o limite
epididimal. A posição no escroto e a orientação do da espermiogênese. A produção de esper ma
eixo maior do testículo diferem de acordo com as aumenta com a idade no período pós-puberdade e
espécies (Fig. 1-1). A organização dos túbulos e dos está sujeita às mudanças sazonais em várias
ductos dentro do testículo do touro é mostra da na espécies. A castra ção de machos pré-púberes
Figura 1-2. As características histológicas e suprime o desenvolvimento sexual. Mudanças
citológicas dos componentes celulares dos túbulos regressivas no comportamento e na
seminíferos estão resumidas na Tabela 1-2. A rede
6 PARTE I: REPRODUÇÃO ANATÔMICA FUNCIONAL
Espermatogônia
Espermatócitos
primários
Espermatócitos
secundários
Espermátides
Células de Sertoli
Cápsula branca, espessa, de tecido conjuntivo que envolve os
testículos; formada principalmente de séries entrelaçadas de fibras colágenas.
Aparecem como grandes estruturas isoladas, com perfil arredondado ou oblongo; aparência varia
devido ao complexo enovelado dos túbulos em muitos ângulos e níveis diferentes. Entre os túbulos localizam-se
massas de células intersticiais (Leydig) que
produzem o hormônio sexual masculino.
Situa-se na região mais externa do túbulo; núcleos arredondados aparecem como uma camada irregular dentro
do tecido
conjuntivo circundante. Os
núcleos são pequenos e de
coloração escura devido à
presença de um grande número de grânulos de cromatina.
Divisões de maturação e
espermatócitos secundários
normalmente não são visualizados no túbulo devido à curta duração desses estágios.
Localizadas internamente em relação aos espermatócitos primários. A camada de espermátides pode conter
várias células em espessura. Os espermatozóides situam-se ao longo da margem do lúmen. As cabeças dos
espermatozóides estão alojadas em profundas pregas na superfície das células de Sertoli.
EPIDÍDIMO E DUCTOS
DEFERENTES
Três componentes anatômicos do epidídimo são reco nhecidos (Fig. 1-2). A cabeça do epidídimo, na
qual há um número variável de dúctulos eferentes (13 a 20) (12), une se ao ducto do epidídimo. Isso
forma uma estrutura achata da aplicada a um dos pólos dos testículos. O estreito corpo do epidídimo
termina no pólo oposto à cauda expandida do epidídimo. A região central de cada ducto eferente
mostra grande atividade secretória (13). O enovelado ducto do epi
CAPÍTULO 1: A NATOMIA DA REPRODUÇÃO MASCULINA 7
dídimo é muito longo (touro, 36 m; cachaço, 54 m). A parede do ducto do epidídimo possui uma
proeminente camada de fibras musculares circulares e um epitélio pseudo-estratifica do de células
colunares. Três segmentos de ductos do epidí dimo podem ser distintos histologicamente; isto não
coinci de com a região anatômica macroscópica (14).
Há uma progressiva diminuição na altura do epitélio e dos estereocílios e um aumento do lúmen ao
longo dos três segmentos. Os dois primeiros segmentos estão relacionados com a maturação
espermática, enquanto o segmento termi nal destina-se ao armazenamento de esperma.
O lúmen dos túbulos do epidídimo é revestido por um epitélio de camada basal formado por células
pequenas e por uma camada superficial de células ciliadas colunares altas.
A mucosa do ducto deferente dispõe-se em pregas lon gitudinais. Próximo à terminação do epidídimo,
o epitélio assemelha-se ao epidídimo: as células não-ciliadas têm pequena atividade secretória. O
lúmen é revestido por epi télio pseudo-estratificado. A ampola do ducto deferente é recoberta por
ramificações das glândulas tubulares, as quais, no garanhão, são altamente desenvolvidas e contri
buem com ergotioneína no ejaculado. O ducto ejaculatório entra na uretra. A absorção do fluido e a
espermiofagia ocorrem no epitélio do ducto ejaculatório (15). A micros copia eletrônica de varredura
tem sido usada para avaliar a ultra-estrutura funcional dos órgãos reprodutivos com ênfase à
espermatogênese (Fig. 1-3). Grandes volumes de fluido (mais de 60 ml no carneiro) partem dos
testículos diariamente, e a maior parte é absorvida na cabeça do epi dídimo pelo segmento inicial do
ducto do epidídimo. O transporte de espermatozóides ao longo do epidídimo ocorre por volta de 9 a 13
dias. A maturação dos espermatozóides ocorre durante a passagem pelo epidídimo e a sua motilida
de aumenta quando eles entram no corpo do epidídimo. O meio ambiente da cauda do epidídimo
fornece aos esperma tozóides fatores que acentuam a habilidade da fertilização. Os espermatozóides
dessa região possuem maior fertilidade que os encontrados no corpo do epidídimo (14).
O armazenamento de espermatozóides no epidídimo conserva a capacidade de fertilização durante
várias sema nas; a cauda do epidídimo é o principal órgão de armazena mento e contém cerca de
75% do total dos espermatozóides epididimários. A habilidade especial da cauda do epidídimo em
armazenar espermatozóides depende da manutenção da temperatura escrotal baixa e da ação do
hormônio sexual masculino (16). O depósito de espermatozóides na ampola constitui somente uma
pequena parte da reserva de esper matozóides extragonadais. Pequeno número de espermato zóides
sem motilidade aparece constantemente no ejaculado coletado semanas ou meses após a castração.
GLÂNDULAS ACESSÓRIAS
A próstata e as glândulas bulbouretrais eliminam suas secreções na uretra, onde, por ocasião da
ejaculação, essas secreções são misturadas com a suspensão fluida dos esperma tozóides e com
secreções ampulares do ducto deferente.
8 PARTE I: REPRODUÇÃO ANATÔMICA FUNCIONAL
FIGURA 1-3. Micrografias eletrônicas de varredura (MEV) (A). Superfície luminal do ducto eferente
com células ciliadas e não-ciliadas e um espermatozóide. (B) Microvilos pequenos na superfície
luminal e células não-ciliadas nos ductos eferentes. A gota citoplasmática do espermatozóide (CD),
o acrossomo (A) e a peça intermediária (MP) são visíveis (6.500 3). (C) Secção transversal do
túbulo seminífero (ST). Note os vários “estágios” da espermatogênese revestindo o tecido
muscular. (A e B extraídos de Connell CJ. Spermatogenesis. In: Hafez ESE, ed. Scanning Electron
Microscopy of Human Reproduction. Ann Arbor, MI: Ann Arbor Science Pubs, 1978. C, cortesia do
Dr. Larry Johnson, de Johnson L, et al. Am J Vet Res 1978.)
Função
Além de fornecer veículo líquido para o transporte de espermatozóides, a função das glândulas
acessórias é pouco conhecida, embora muito se saiba sobre os agentes químicos específicos com os
quais elas contribuem para o ejaculado (20, 21). Frutose e ácido cítrico são importantes componen tes
das secreções da vesícula seminal dos ruminantes domes ticados. Ácido cítrico isolado é encontrado
na vesícula seminal de garanhões; a vesícula seminal de cachaços con
CAPÍTULO 1: A NATOMIA DA REPRODUÇÃO MASCULINA 9
tém pouca frutose e é caracterizada por conter grande quan tidade de ergotioneína e inositol.
Os espermatozóides da cauda do epidídimo são capazes de fertilização quando inseminados sem a
adição de secreções das glândulas acessórias. A fração semelhante ao gel forma um tampão na
vagina das fêmeas acasaladas. Na prática da insemi nação artificial, tal fração é removida do sêmen
por filtração.
Em animais grandes, é possível palpar por via retal algu mas glândulas acessórias. As posições
dessas glândulas em relação ao corpo do pênis estão demonstradas na Figura 1-4.
Touro Carneiro
Cachaço Garanhão
inteiro castrado
FIGURA 1-4. A genitália pélvica, entre os ossos pélvicos, em vista dorsal. a, ampola; be, músculo bulboesponjoso;
bu, glândula bulbouretral; dd, ducto deferente; ic, músculo isquiocavernoso; cp, corpo da glândula prostática; u.
pel, uretra pélvica; rp, músculo retrator do pênis; vu, vesícula urinária; gv, glândula vesicular. (Diagramas do touro,
cachaço e garanhão redesenhados por Nickel R. Tierarztl Umschau 1954;9:386.)
10 PARTE I: REPRODUÇÃO ANATÔMICA FUNCIONAL
No porco, o tamanho das glândulas bulbouretrais pode ser usado para diferenciar o animal
criptorquídico do castra do. Após a castração pré-puberdade, as glândulas bulboure trais são
pequenas. Em cachaços com testículo retido, as glândulas são de tamanho normal (22). Essas
diferenças podem ser facilmente percebidas, ventralmente ao reto, com o dedo inserido no ânus.
PÊNIS E PREPÚCIO
Estrutura
No pênis dos mamíferos, três corpos cavernosos são agregados ao redor da uretra peniana. O corpo
esponjoso do pênis – que envolve a uretra – é amplo. Esse bulbo é recober to por músculo
bulboesponjoso estriado. O corpo cavernoso do pênis surge como uma parte da crus do arco
isquiático, o qual é recoberto por músculo isquiocavernoso. Uma cober tura espessa (túnica albugínea)
inclui os corpos cavernosos. Em ruminantes e suínos, o músculo retrator do pênis contro la o
comprimento efetivo do pênis e sua ação na flexura sig móide.
No garanhão, os corpos cavernosos contêm espaços cavernosos grandes; durante a ereção, o
considerável aumento de tamanho resulta do acúmulo de sangue nesses espaços. No touro, carneiro
e cachaço, os espaços caverno sos do corpo cavernoso do pênis são pequenos, exceto na crus e na
curva distal da flexura sigmóide.
Em ruminantes e suínos, o orifício do prepúcio é contro lado pelo músculo cranial do prepúcio; um
músculo caudal também pode estar presente. No cachaço, há um grande divertículo dorsal no qual a
urina e debris epiteliais se acu mulam.
Ereção e Protrusão
A estimulação sexual produz a dilatação das artérias que suprem os corpos cavernosos do pênis
(especialmente a crus). O pênis endurecido e reto dos ruminantes é determi nado pelo músculo
isquiocavernoso, que bombeia sangue dos espaços cavernosos da crus para dentro do restante do
corpo cavernoso do pênis.
Falhas de ereção (impotência) são provocadas por defeitos estruturais bem como por causas
psicológicas (23). O aumen to da pressão no corpo cavernoso do pênis produz considerável
alongamento com pequena dilatação no pênis dos ruminantes e suínos (24). Quando o pênis do touro
é protruído, o prepú cio é invertido e estendido acima do órgão protruído.
Em serviço normal, isso ocorre após a introdução. Se isso ocorrer antes, o pênis entra no vestíbulo e a
introdução não pode ser concluída.
A penetração do pênis do touro dura cerca de 2 segundos e seu enrijecimento após o
desembainhamento através do prepúcio, com freqüencia ocorre abruptamente assim que o ligamento
apical dorsal assegura sua ação de conservar o órgão ereto. O recolhimento do pênis para dentro do
prepúcio se dá após cessar a pressão nos espaços cavernosos. A arquitetura fibrosa do corpo
cavernoso do pênis na região da flexura sig móide tende a formar novamente a flexão, que é auxiliada
pelo
encurtamento do músculo retrator do pênis. A porção termi nal de mais ou menos 5 cm do pênis do
cachaço é espiralada (Fig. 1-5), e durante a ereção o comprimento total visível da extremidade livre do
pênis mostra-se espiralado (24). A intro dução do pênis dura até 7 minutos, tempo em que é ejaculado
um grande volume de sêmen. O desvio em espiral não ocorre no carneiro ou bode, e a introdução é de
curta duração. No cavalo, ela perdura por vários minutos.
Emissão e Ejaculação
A emissão consiste de movimentação do fluido esper mático ao longo do ducto deferente para a uretra
pélvica, onde ele é misturado com secreções das glândulas acessórias. A ejaculação é a passagem do
sêmen resultante ao longo da uretra peniana. A emissão ocorre por ação dos músculos lisos sob o
controle do sistema nervoso autônomo. A estimulação elétrica da ejaculação nos animais domésticos
não passa de uma imitação dos mecanismos naturais complexos. Durante o serviço natural, as
terminações nervosas sensoriais do tegu mento peniano e dos tecidos penianos profundos são essen
ciais no processo de ejaculação.
A passagem do sêmen através dos ductos deferentes é contínua durante a inatividade sexual. Prinz e
Zaneveld (25) sugerem que durante a inatividade sexual ocorre um complexo processo cíclico ou
casual de remoção de esperma tozóides da cauda do epidídimo, o que pode ajudar na regu lação das
reservas de espermatozóides. A excitação sexual e
Touro
Touro
Carneiro
Cachaço
Garanhão
FIGURA 1-5. Diagramas mostrando a forma da extremidade livre do pênis. (A1) A forma do pênis pouco antes da
introdução. (A2) A forma após a introdução, quando o desvio em espiral já ocorreu. (B) A forma do pênis durante a
monta natural. (C) Não demonstra o grau total de espiralação que ocorre durante a monta. (D) Esquema após a
injeção, demonstrando a dilatação dos corpos eréteis. (A1, A2 e B obtidas de fotografias. C e D, de espécimes
fixados. Não esquematizados em escala.)
a ejaculação são acompanhadas por contrações da cauda do epidídimo e do ducto deferente, as quais
aumentam a taxa de fluxo. O número total de espermatozóides que passa no ducto deferente não
sofre aumento com a atividade sexual.
A contração muscular da parede do ducto é controlada por nervos autônomos simpáticos do plexo
pélvico derivado dos nervos hipogástricos. Em garanhões normais, a estimulação de receptores e o
bloqueio de receptores aumentam a concen tração de espermatozóides no ejaculado (26).
Durante a ejaculação, o músculo bulboesponjoso com prime o bulbo peniano e, então, bombeia o
sangue dele para dentro do restante do corpo esponjoso do pênis. Diferente do corpo cavernoso do
pênis, este corpo cavernoso é nor malmente drenado pelas veias distais; a pressão máxima durante a
ejaculação é muito inferior àquela do corpo caver
CAPÍTULO 1: A NATOMIA DA REPRODUÇÃO MASCULINA 11
noso do pênis (27). As ondas de pressão que passam abaixo da uretra peniana podem ajudar a
transportar o ejaculado. As mudanças de pressão que ocorrem no corpo esponjoso do pênis durante a
ejaculação são transmitidas para o corpo esponjoso da glande; a glande peniana aumenta de tamanho
no carneiro, no bode e no garanhão, mas não no touro.
ANIMAIS DE LABORATÓRIO
Diferenças dos órgãos reprodutores masculinos entre espé cies são mostradas na Figura 1-1. Esses
órgãos podem se mover de uma posição totalmente escrotal para uma totalmente abdo minal. As
diferenças em relação ao tamanho das glândulas aces sórias são refletidas nas características do
sêmen (Tab. 1-3).
CONCENTRAÇÃO ESPERMÁTICA
INÍCIO DA VIDA REPRODUTIVA
EJACULADO
108 POR ML
ESPÉCIES
Idade
(meses)
Peso
Corporal Variação Variação Média Média
Gato 9 3,5 kg 0,01-0,3 0,04 1,5-28 14 Cão 10-12 varia 2-25 9,0 0,6-5,4 1,3 Cobaia (Cavia porcellus) 3-5 450 g
0,4-0,8 0,6 0,05-0,2 0,1 Coelho 4-12 varia 0,4-6 1,0 0,5-3,5 1,5 De Hamner CE. The semen. In: Hafez ESE, ed.
Reproduction and Breeding Techniques for Laboratory Animals. Philadelphia: Lea & Febiger, 1970.
REFERÊNCIAS
12 PARTE I: REPRODUÇÃO ANATÔMICA FUNCIONAL
SUGESTÕES DE LEITURA
CAPÍTULO 2
Anatomia da Reprodução
Feminina B. HAFEZ E E. S. E. HAFEZ
EMBRIOLOGIA
O sistema reprodutivo fetal consiste de duas
Os órgãos femininos da reprodução são
gônadas não diferenciadas sexualmente; dois pares
compostos de ovários, ovidutos, útero, cérvix uterina,
de ductos; um seio urogenital; um tubérculo genital, e
vagina e genitália externa. Os órgãos genitais internos
pregas vestibulares (Fig. 2-1). Este sistema origina-se
(o primeiro de quatro componentes) são sustentados
primariamente de duas cristas germinativas, na
pelo ligamento largo. Este consiste do mesovário, que
parede dorsal da cavidade abdominal, e diferencia-se
suporta o ovário; do mesossal pinge, que suporta os
em sistema masculino ou feminino.
ovidutos e do mesométrio, que supor ta o útero. Em
bovinos e ovinos, a união do ligamento largo é O sexo do feto depende dos genes herdados, da
gonado gênese e da formação e maturação dos
dorsolateral na região do ílio, local onde o útero
órgãos reprodutivos acessórios.
Tanto os ductos de Wolff quanto os de Müller devido à presença de uma fossa de ovulação definida
estão pre sentes no embrião sexualmente e a uma incisura na borda unida do ovário. O ovário
indiferenciado. Na fêmea, os ductos de Müller dos suínos asse melha-se a um cacho de uvas, em
desenvolvem-se em um sistema ducto gonadal e os decorrência dos folículos salientes e dos corpos
ductos de Wolff atrofiam-se, ocorrendo o opos to nos lúteos que obscurecem o tecido ova riano subjacente.
machos. Os ductos de Müller femininos fundem-se A porção livre do ovário, que não se encontra
caudalmente para dar origem ao útero, à cérvix e à presa ao mesovário, fica exposta e saliente na
porção cranial da vagina. cavidade abdominal. O ovário, composto de medula e
No feto masculino, o andrógeno testicular age na córtex, é envolto pelo epitélio superficial, conhecido
persis tência e desenvolvimento dos ductos de Wolff e comumente como epitélio germinati vo. A medula
na atrofia dos ductos de Müller. ovariana é constituída por tecido conjuntivo
fibroelástico irregularmente distribuído e por nervos
OVÁRIO extensos e sistemas vasculares, que atingem o ovário
mediante seu hilo. As artérias são distribuídas de
O ovário, diferentemente dos testículos, forma espiralada. O córtex ova riano contém folículos
permanece na cavidade abdominal. Ele desempenha ovarianos e/ou corpos lúteos em vários estágios de
funções exócrinas (liberação de óvulos) e endócrinas desenvolvimento e regressão (Tab. 2-1).
(esteroidogênese). O tecido predominante do ovário é A vascularização do ovário modifica-se de acordo
o córtex. As células germi nativas primordiais têm com as diferentes situações hormonais. As variações
origem extragonadal e migram do saco vitelino na arquitetura dos vasos permitem adaptações do
mesentérico para as cristas genitais. Durante o suprimento sangüíneo con forme as necessidades do
desenvolvimento fetal, as oogônias são produzidas órgão. A distribuição intra-ovariana de sangue é
por mul tiplicação mitótica. Esta é seguida pela alterada durante o período pré-ovulatório.
primeira divisão meiótica, formando vários milhões de O fluxo sangüíneo arterial para o ovário varia em
oócitos, um processo interrompido na prófase. Uma pro porção à atividade luteínica. As modificações
atresia subseqüente reduz o número de oócitos por hemodinâmi cas parecem ser importantes no controle
ocasião do nascimento, uma redução pode ocorrer na da função e duração do corpo lúteo (CL). Assim,
puberdade e somente algumas centenas estarão modificações no fluxo sangüí neo precedem o
presentes durante a senescência reprodutiva. declínio na secreção de progesterona, enquanto a
No nascimento, uma camada de células regressão do fluxo sangüíneo ovariano causa
foliculares cir cunda os oócitos primários no ovário regressão do CL prematuro. Na época da luteólise em
para formar os folícu los primordiais. O formato e o ove lhas, há uma redução no fluxo sangüíneo
tamanho do ovário variam de acordo com a espécie ovariano (1).
animal e com a fase do ciclo estral (Fig. 2-2). Em
bovinos e ovinos, o ovário tem formato de amêndoa; 13
enquanto nos eqüinos, ele tem formato de feijão
14 PARTE I: REPRODUÇÃO ANATÔMICA FUNCIONAL
FIGURA 2-1. Esquema simplificado da diferenciação embrionária em sistemas genitais masculino e feminino. (Centro) O
sistema indife renciado com longos mesonéfrons, ductos mesonéfricos, ductos de Müller e gônadas indiferenciadas. Note
que os ductos de Müller e meso néfricos cruzam antes de entrar nos cordões genitais. (Direita) O sistema feminino, em que
o ovário e os ductos de Müller se diferenciam enquanto os remanescentes dos mesonéfrons e dos ductos mesonéfricos se
atrofiam no epoóforo, paraóforo e ducto de Gartner. (Esquerda) Sistema masculino, no qual os testículos e os ductos
mesonéfricos (Wolff) se diferenciam e os únicos remanescentes dos ductos de Müller são o apêndice testicular e o utrículo
prostático (vagina masculina). A, ampola; B, bexiga; C, cérvix; Co, córtex ovariano; Ep, epidídimo; D. Mül., ductos de Müller;
O, ovário; T. S., túbulos seminíferos; T, testículo; U, útero; S. U-G., seio urogenital; V. D., vaso deferente.
ocorre ao mesmo tempo em que há regressão do CL
(2).
Corpo Lúteo
O fluxo sangüíneo do ovário bovino é alto durante O CL desenvolve-se após um colapso no folículo
ovula tório. A parede interna do folículo desdobra-se
a fase luteínica, decresce com a regressão luteínica e
em pregas macro e microscópicas, que penetram na
aumenta pouco antes da ovulação. O fluxo sangüíneo
cavidade central. Essas pregas consistem de uma
ovariano aumenta com o desenvolvimento de um
porção central de estroma e
novo CL. Um declínio abrupto no fluxo sangüíneo
FIGURA 2-2. Anatomia útero-ovariana em animais domésticos. (A) Mudanças no ciclo estral do ovário bovino. 1, folículo
maduro; 3, superfície do folículo colapsado, pregas e paredes tingidas de sangue; 9, corpus albicans (Arthur, 1964). (B)
Organização celular do CL da ovelha no cio: a, corpo hemorrágico; b, CL do segundo dia após o cio; c, CL do 4o dia após o
cio. (C) Folículo de Graaf: Co, cumulus oopho rus; Eg, epitélio germinativo; Lf, líquido folicular; Mg, membrana granulosa. (D)
Estruturas da parede do folículo de Graaf demonstrando como as células da granulosa não têm suprimento sangüíneo da
membrana basal (Baird, 1972). (E) Formato da zona pelúcida (ZP) rodean do um oócito no folículo de Graaf. Formam-se
microvilosidades do oócito interdigitado com processos das células da granulosa (G). Esse processo penetra no citoplasma
do oócito (C), provisão de nutrientes/proteína materna, N, núcleo oócito (Baker, 1972). (F) Anatomia vas cular do ovário de
bovinos (J. H. Wise et al., 1982). (G) Anatomia do ovário e do oviduto de ovinos. A, ampola; F, fímbria; In, infundíbu lo; I,
istmo; M. o., mesovário; O, ovário; A. o., artéria ovariana; B. o., bolsa ovárica; U, útero. Note a alça suspensa à qual se une a
bolsa ovárica. O oviduto da ovelha é pigmentado.(H) Principais segmentos do oviduto. (I) Seções transversal e longitudinal
dos diferentes seg mentos do oviduto; 1 representa o istmo; 8 representa o infundíbulo. Note a variabilidade no grau de
complexidade das pregas da mucosa.
Cio
Diestro
Rede
capilar
Células da
teca interna
Células da
granulosa
Fluido
folicular
Membrana
basal
CAPÍTULO 2: A NATOMIA DA REPRODUÇÃO FEMININA 15 Superfície
Corpo lúteo
Artéria ovariana
Artéria
uterina
Artéria útero-ovariana
Veia ovariana
Infundíbulo Ampola Istmo Fímbria
UNIDADE
ANATÔMICA FUNCIONAL CARACTERÍSTICAS HISTOLÓGICAS
Tecido conjuntivo frouxo contendo nervos, vasos linfáticos e
Epitélio superficial Túnica albugínea
sangüíneos tortuosos de parede fina, fibras colágenas e
Córtex ovariano
elásticas e fibroblastos.
Pobremente diferenciado, células parecidas com as
embrionárias mesenquimatosas, capazes de sofrer
Medula ovariana
alterações morfológicas complexas durante a vida
reprodutiva; as células do estroma podem originar as
Estroma ovariano
células da teca interna.
As células musculares lisas estão presentes em todo o
ovário, especialmente no estroma cortical. As células
Musculatura lisa
mióides ovarianas são similares às células musculares lisas
de outros tecidos. Grande número de microfilamentos estão
dispostos em feixes característicos.
Células musculares lisas e elementos nervosos podem
estar diretamente envolvidos na ovulação. A presença de
FOLÍCULOS células musculares lisas, especialmente nas regiões
OVARIANOS perifoliculares, pode estar envolvida na “compressão do
Folículo primário folículo” durante a ovulação.
Folículo em crescimento
Folículo secundário Folículo terciário Oócito envolvido por uma única camada de células
foliculares planas ou cubóides. Oócito com diâmetro
(vesicular)
aumentado e maior número de camadas de células
foliculares; a zona pelúcida está presente ao redor do
oócito.
Células da granulosa planas do folículo primordial ou
Folículo de Graaf unilaminar proliferam. Sob a influência das gonadotrofinas
hipofisárias, as células da granulosa dos folículos com
camadas múltiplas secretam um fluido, o liquor folicular, que
se acumula nos espaços intercelulares. A secreção
Folículo pré-ovulatório contínua e o acúmulo de liquor folicular resultam na
Camada superficial de epitélio frouxo (conhecido dissociação das células da granulosa, que causa a
incorretamente como epitélio germinativo). Densa, tecido formação de uma grande cavidade cheia de fluido – o antro.
conjuntivo fibroso cobrindo todo o ovário logo abaixo do A zona pelúcida é circundada por uma massa sólida de
epitélio superficial. Contém vários folículos primários (com células foliculares radiais, formando a coroa radiata.
oócitos em estágio quiescente) e poucos folículos grandes. As células foliculares aumentam de tamanho; o antro fica
Durante cada ciclo estral, um número variável de folículos cheio de fluido folicular (liquor folicular). O oócito é
passa por rápido crescimento e desenvolvimento, pressionado para um lado, circundado pelo acúmulo de
culminando no processo da ovulação. células foliculares (cumulus oophorus); em qualquer outra
parte da cavidade folicular forma-se um epitélio de
espessura regularmente uniforme, chamado membrana visível cicatriz do tecido conjuntivo. Remanescentes
granulosa. do corpus albi cans bovino persistem durante vários
Uma estrutura semelhante a uma vesícula projeta-se da ciclos sucessivos. O CL bovino começa a regredir
superfície ovariana devido ao rápido acúmulo de fluido de 14 a 15 dias após o cio, e seu tamanho diminui
folicular e ao adelgaçamento da camada granulosa. O pela metade em 36 horas.
viscoso líquido folicular é formado de secreções das células
da granulosa e proteínas plasmáticas transportadas para
LUTEÓLISE. A luteólise induzida por estrógenos
dentro do folículo por transudação.
durante o ciclo estral da ovelha, provavelmente
Grandes modificações ocorrem no nível subcelular,
particularmente no complexo de Golgi, que está envolvido mediada pela pros taglandina uterina, é
na formação da zona pelúcida. responsável pela regressão normal do CL. Um
O oócito, na prófase da meiose, prossegue várias horas embrião deve estar presente no útero de 12 a 13
antes da ovulação. dias após o acasalamento, para que o CL seja
A primeira divisão meiótica (maturacional) está associada à mantido. Esse período representa o estado em que
expulsão do primeiro corpúsculo polar. o útero inicia as primei ras providências que levarão
à luteólise.
A veia uterina e a artéria ovariana são os
principais com ponentes, proximal e distal, de um
mecanismo local artério venoso, envolvido nos
de grandes vasos venosos que se distendem. As efeitos luteolíticos e antiluteolíticos. A histerectomia
células desenvolvem-se poucos dias antes da elimina o efeito luteolítico e mantém o CL. Em
ovulação e regridem rapidamente. Após 24 horas suínos, a luteólise está associada ao aumento de
da ovulação, todas as células remanescentes da prostaglandi na plasmática na veia útero-ovariana
teca encontram-se em estado avançado de (4).
degeneração. Inicia-se um processo hipertrófico e As modificações no fluxo sangüíneo para o
de luteini zação das células da granulosa após a ovário lutei nizado podem ser atribuídas às
ovulação. alterações no fluxo para o CL, que recebe a maior
A progesterona é secretada pelas células parte do suprimento sangüíneo. A irrigação
luteínicas na forma de grânulos. Em ovelhas, sangüínea do CL exerce um papel regulador
parece que esse processo atinge seu grau máximo nessas glândulas e atua no controle da atividade
no décimo dia do ciclo, começando a diminuir dos hormônios gonadotróficos no nível celular
notavelmente no 12o. A atividade secretora declina luteínico.
gradualmente até o 14o dia.
Em animais de idade avançada, as funções do CORPO LÚTEO E GESTAÇÃO. As substâncias com
CL decli nam resultando na inabilidade das células ativida des progestacionais são necessárias para a
foliculares (teca interna e granulosa) em responder manutenção da gestação. Algumas servem como
aos estímulos, modifica ções quantitativas e/ou precursoras imediatas para outros esteróides,
qualitativas da secreção hormonal e na redução de também necessários durante a gestação. Com
estímulos para a secreção hormonal. exceção da égua, nas demais espécies domésticas
há a necessidade obrigatória de atividades
DESENVOLVIMENTO. O aumento de peso do CL é secretoras contínuas do CL durante toda a
rápido no início. Geralmente, o período de gestação, porque a placenta não secre ta
crescimento ultrapassa a metade do ciclo estral. Na progesterona. A ovariectomia em marrãs, durante
vaca, o peso e o conteúdo de progesterona do CL qual quer fase da gestação, resulta em abortamento
aumentam rapidamente entre o tercei ro e o 12o dia dentro de 2 a 3 dias. Após a remoção de um ovário
do ciclo, e permanecem relativamente cons ou dos corpos lúteos de cada ovário no 40o dia da
gestação, é necessário o mínimo de cinco corpos
lúteos para mantê-la.
tantes até o 16o dia, quando se inicia a regressão.
Na porca e na ovelha, os corpos lúteos aumentam RECONHECIMENTO MATERNO DA GESTAÇÃO.
rapidamente de peso e conteúdo de progesterona Blastocistos devem estar presentes aos 12 dias
do segundo ao oitavo dia, per manecendo após a ovulação em ovelhas, e aos 13 dias em
relativamente constantes até o 15o dia, quando marrãs, para estender a vida útil do CL. Nos
começa a regressão (3). O diâmetro do CL maduro bovinos, o reconhecimento materno da gestação
é maior que o do folículo de Graaf maduro, exceto ocorre entre o 15oe o 17o dias de gestação.
na égua. Concentrações plasmáticas de progesterona são
mais altas nas vacas prenhes do que nas não
REGRESSÃO. Caso não ocorra a fertilização, o CL prenhes dentro de 8 dias após o acasalamento.
regri de, permitindo a maturação de outros grandes CAPÍTULO 2: A NATOMIA DA REPRODUÇÃO FEMININA 17
folículos ova rianos. À medida que essas células
degeneram, todo o órgão diminui de tamanho, O CL da gestação é conhecido como corpus
tornando-se branco ou castanho claro e passando a luteum verum (corpo lúteo verdadeiro) e pode ser
se chamar corpo albicans (corpus albicans). Depois maior que o cor pus luteum spurium (falso corpo
de dois ou três ciclos, permanece apenas uma amarelo) do ciclo estral. Nos bovinos, ele aumenta
de tamanho durante 2 ou 3 meses da gestação, e pólo superior do ovário, que assegura sua
regride por 4 ou 6 meses. Após esse período, o aproximação da superfície ovariana. As técni cas
tamanho do CL permanece relativamente constante usadas in vivo e in vitro no estudo das funções do
até o parto, degenerando-se uma semana depois. oviduto estão descritas na Tabela 2-2.
A ampola, que corresponde a cerca da metade
do com primento do oviduto, funde-se com a
OVIDUTO porção constrita conhecida como istmo. O istmo
está conectado diretamen te ao útero, penetrando
Há uma íntima relação anatômica entre o ovário no corno uterino da égua na forma de uma
e o oviduto. Em mamíferos domésticos, o ovário pequena papila. Na porca, essa junção é
situa-se em uma bolsa ovárica aberta, ao contrário guarnecida por longas digitações mucosas. Na
de algumas espécies (exemplos: rata, vaca e na ovelha existe uma flexura na junção
camundongo), em que ele se instala dentro de uma uterotubárica, principalmente duran te o cio. O
bolsa fechada. Nos animais domésticos, essa bolsa espessamento da musculatura aumenta da extre
é uma invaginação, que consiste de uma fina prega midade ovariana para a extremidade distal do
peritoneal do mesossalpinge, ligada em uma alça oviduto.
suspensa na porção superior do oviduto. Na vaca e
na ovelha, a bolsa ovárica é larga e aberta. Na Mucosa do Oviduto
porca, ela é bem desenvolvida e aberta, porém
envolve o ovário em sua grande parte. Nos A mucosa do oviduto é formada por pregas
eqüinos, ela é estreita, semelhante a uma fenda e primárias, secundárias e terciárias. A mucosa da
envolve somente a fossa da ovulação. ampola possui pregas que se projetam para cima,
em direção ao istmo, e para baixo, no sentido da
Anatomia junção uterotubárica. A complexa disposição das
pregas da mucosa na ampola preenche quase
O comprimento e o grau de circunvoluções do totalmente o lúmen, de forma que existe apenas um
oviduto variam nos mamíferos domésticos. O único espaço poten cial. O fluido é mínimo e
oviduto pode ser divi dido em quatro segmentos constitui-se como uma massa do cumulus em
funcionais: as fímbrias, com for mato de franjas; a contato com a mucosa ciliada (Fig. 2-4). A muco sa
abertura abdominal próxima ao ovário, com formato consiste de uma camada de células epiteliais
de funil, o infundíbulo; a ampola dilatada mais colunares e o epitélio é constituído de células
distalmente, e uma estreita porção proximal do ciliadas e não-ciliadas.
oviduto, ligando-se ao lúmen uterino, o istmo (Fig.
2-3). As fímbrias são livres, exceto num ponto no
18 PARTE I: REPRODUÇÃO ANATÔMICA FUNCIONAL
FIGURA 2-3. Fisiologia, histologia e citologia do oviduto. (A) Epitélio tubário. A, células secretoras evidenciando o material
ciliado/secre tor celular com cinecílios (foto do professor S. Reinius). (B) Contração das fímbrias em relação à superfície
ovariana, um mecanismo pelo qual os ovos são captados pelo infundíbulo. (C) A musculatura do oviduto em ungulados. A,
ampola: a musculatura consiste em fibras espi rais arranjadas quase circularmente; B, istmo: note diferenças na morfologia
das fibras musculares; C, junção uterotubária: note a muscu latura longitudinal de origem uterina bem como as fibras
peritoneais (Schilling. Zentralbl Veterinaermed 1962;9:805). (D) Células cilia das do oviduto (direita) e útero (esquerda). Note
a presença de microvilos na superfície apical das células. (E) Células secretoras mostran do biossíntese, empacotamento,
estocagem, liberação e distribuição do material secretório, que é o maior componente do fluido luminal no oviduto e no útero.
A ação dos cinecílios facilita a liberação da secreção granular da superfície das células.
ovulação ou logo após, quando a pulsação dos
cílios na porção do oviduto provida de fímbrias está
intima mente sincronizada e direcionada para o óstio.
A ação de pulsação do epitélio ciliado parece facilitar
CÉLULAS CILIADAS. As células ciliadas da mucosa que o óvulo, rodeado pelas células do cumulus, seja
do oviduto possuem motilidade ciliar reduzida desnudado da superfí cie dos folículos em colapso em
(cinecílios), que se estende para o lúmen. O ritmo de direção ao óstio do oviduto.
pulsação dos cílios é afetado pelos níveis de
hormônios ovarianos, com atividade máxima na
CAPÍTULO 2: A NATOMIA DA REPRODUÇÃO FEMININA 19
TABELA 2-2. Técnicas In Vivo e In Vitro Usadas para o Estudo das Funções
Tubárias FUNÇÃO SOB ESTUDO TÉCNICAS
Muco
RF Plasma seminal:
prostaglandinas,
Hipófise anterior enzimas seminais Secretora
(biossíntese)
FSH, LH
Progesterona
Leucócitos:
Contração do fagócitos
miométrio
Secreção do
Capacitação
endométrio
Criptas cervicais: Batimento
reservatório de ciliar. Célula
espermatozóide, barreira secretora
aos espermatózoides,
filtro de espermatozóides Muco cervical:
propriedades biofísicas,
propriedades
bioquímicas
Micelas:
Secretora
macromoléculas, (esvaziada)
micromoléculas
Ciliar
REFERÊNCIAS
P ARTE I I
Fisiologia da Reprodução
CAPÍTULO 3
Hormônios, Fatores de
Crescimento e Reprodução
E. S. E. HAFEZ, M. R. JAINUDEEN E Y. ROSNINA
definição clássica.
Além dos hormônios das glândulas endócrinas,
duran te a última década inúmeras pesquisas
revelaram o papel dos fatores de crescimento
peptídicos, normalmente conhe cidos como “Fatores
Ao longo do tempo, o controle da reprodução dos de Crescimento” em reprodução. Os fatores de
mamí feros deixou de ser considerado como regulado crescimento são substâncias relacionadas aos hor
apenas pelo sis tema nervoso central (SNC), mônios e que controlam o crescimento e o
passando a ser visto como uma função controlada por desenvolvimen to de diversos órgãos, tecidos e
dois sistemas separados: o sistema ner voso central e células em cultivo. Diferentemente dos hormônios, os
o sistema endócrino (Fig. 3-1). A seguir, desco briu-se fatores de crescimento são produzidos e secretados
que o hipotálamo ligava esses dois sistemas por meio por células de diferentes tecidos para se difundirem
do sistema porta-hipotálamo-hipofisário, coordenando por meio das células-alvo.
as funções das gônadas. Entretanto, muitos Este capítulo está dividido em duas seções. A
fenômenos não podiam ser explicados primeira aborda a estrutura bioquímica, os modos de
exclusivamente pelo controle neuroendócrino. comunicação e a função dos mecanismos de
Portanto, a última década testemunhou a descoberta retroalimentação na maioria dos hormônios
de deter minados mensageiros químicos (fatores de reprodutivos nos animais domésticos. A segunda
crescimento), bem como a presença de sistemas seção trata de uma revisão sobre os fatores de cres
regulatórios parácrinos e autócri nos no nível das cimento, seus respectivos modos de comunicação e
gônadas. Tais avanços ajudaram a desvendar seu papel nos processos reprodutivos dos animais
fenômenos que não conseguiam ser explicados domésticos. Maiores detalhes podem ser vistos nos
apenas pelo controle neuroendócrino. próximos capítulos.
Ambos os sistemas, nervoso e endócrino,
funcionam no sentido de iniciar, coordenar ou regular GLÂNDULAS ENDÓCRINAS
as funções do sistema reprodutivo. Diferentemente do
sistema nervoso, que contro la as funções orgânicas Antes de discutir sobre os hormônios da
por meio de rápidos impulsos nervosos elétricos reprodução, julgamos ser oportuna uma breve revisão
como, por exemplo, a regulação do sistema muscu da anatomia fun cional do hipotálamo, da hipófise e
loesquelético, o sistema endócrino utiliza-se de das gônadas.
mensageiros químicos ou hormônios para regular Hipotálamo
processos orgânicos mais lentos, como, por exemplo,
o crescimento e a reprodução. O hipotálamo ocupa apenas uma porção do
Um hormônio é classicamente definido como uma cérebro. Ele consiste da região do terceiro ventrículo,
subs tância química fisiológica, orgânica, sintetizada e estendendo-se do quiasma óptico aos corpos
secretada por uma glândula endócrina sem ducto e mamilares (Fig. 3-2). Existem conexões neurais entre
transportada via corrente circulatória. Os hormônios o hipotálamo e o lobo posterior através do trato
têm a ação básica de inibir, estimular ou regular a hipotálamo-hipofisário e conexões vascula res entre o
atividade funcional de seus órgãos ou tecidos-alvo. hipotálamo e o lobo anterior da hipófise (Fig. 3- 3). O
Entretanto, órgãos como o útero e o hipotálamo sangue arterial ganha a hipófise através da artéria
produzem hormônios que não se encaixam nessa hipofisária superior e inferior. A artéria hipofisária
superior forma alças capilares no nível da eminência
média e pars nervosa. Destes capilares, o sangue flui
para o sistema porta-hipotálamo-hipofisário, o qual Hipófise
começa e termina em capilares sem a passagem pelo A hipófise está localizada na sela túrcica, uma
coração. Parte do fluxo venoso que sai da hipófise depres são óssea localizada na base do cérebro. A
anterior se dá através de um fluxo retrógrado, que glândula está dividida em três partes anatômicas
expõe o hipotálamo a altas concen trações dos distintas: os lobos ante rior, intermediário e posterior.
hormônios da hipófise anterior. Tal fluxo san güíneo Existem variações conside
possibilita ao mecanismo hipofisário a retroalimen
tação negativa de regulação das funções 33
hipotalâmicas. Esse tipo de retroalimentação é
conhecido como retroali mentação de alça curta.
34 PARTE II: FISIOLOGIA DA REPRODUÇÃO
Cérebro
Cérebro Cérebro Cérebro
Hipotálamo
Hipotálamo Hipotálamo
Hipófise Hipófise Hipófise
Ativinas
Inibinas
Gônadas
Gônadas Gônadas Gônadas
Esteróides Esteróides
Esteróides
Comportamento sexual Polipeptídeos
FIGURA 3-1. Cronologia da modificação dos conceitos sobre o controle da reprodução em mamíferos. (A) O sistema nervoso
central atua através das vias nervosas (controle nervoso). (B) A descoberta do sistema endócrino (SE) mudou a ênfase do
SNC para ES (controle endócrino). Os hormônios gonadotróficos da hipófise anterior controlaram a secreção de hormônios
gonadais (esteróides). Os esteróides, por meio de um mecanismo de retroalimentação negativo, diminuíram/aumentaram a
emissão de hormônio da hipófise anterior. (C) Mais tarde, o reconhecimento do sistema porta-hipotalâmico-hipofisário
propiciou a rota para os hormônios hipotalâmicos controlarem a hipófise anterior (controle neuroendócrino). (D) Os
reguladores intragonadais ou “fatores de crescimento”, agindo via mecanismos autócrinos/parácrinos, modulam a secreção
dos hormônios gonadotróficos hipofisários.
hormônio adrenocorticotrófico (ACTH); os
mamótrofos, responsáveis pela secreção da
ráveis entre as espécies com relação à anatomia da prolactina; os tireótrofos, que secretam o hor mônio
glândula da hipófise. Por exemplo, a pars intermedia tiro-estimulante (TSH), e os gonadótrofos, que
é bem desenvol vida na hipófise de bovinos e secretam o hormônio folículo estimulante (FSH) e o
eqüinos. hormônio luteini zante (LH).
Os tipos celulares da hipófise anterior têm sido Gônadas
tradicional mente classificados, de acordo com suas
características de colo ração, em cromófilos Em ambos os sexos, as gônadas desempenham
granulares e agranulares. Os cromófilos são divididos um papel duplo: a produção das células germinativas
em acidófilos e basófilos. Tal classificação foi (gametogênese) e a secreção dos hormônios
revisada com o advento da imunoquímica e da gonadais. As células intersticiais locali zadas entre os
microscopia eletrônica. A hipófise anterior tem cinco túbulos seminíferos são denominadas células de
tipos diferentes de células, que secretam seis Leydig. As células de Leydig secretam testosterona
hormônios: os somatótrofos, que secretam hormô no macho, enquanto as células da teca interna do
nios do crescimento; os corticótrofos, que secretam o folículo ovulatório são a
fonte primária dos estrógenos circulantes. Após a
ruptura do folículo (ovulação), as células da granulosa
e da teca são substi tuídas pelo corpo lúteo (CL), que
secreta a progesterona.
Células nervosas
hipotalâmicas
Glândula Pineal
Hipotálamo
A glândula pineal (epífise) origina-se como uma
evaginação neuroepitelial do teto do terceiro
ventrículo sob a extremidade posterior do corpo
caloso. A glândula pineal dos anfíbios funcio na como
um fotorreceptor, que envia informações ao cérebro, e
a dos mamíferos comporta-se como uma glândula Plexo capilar
Artéria hipofisária
endócrina.
CAPÍTULO 3: HORMÔNIOS, FATORES DE CRESCIMENTO E REPRODUÇÃO 35
A atividade hormonal da glândula pineal é
influenciada tanto pelo ciclo claro/escuro quanto pelo
Estrutura dos Hormônios
ciclo estacional, exercendo, portanto, papel
importante no controle neu roendócrino da De acordo com suas estruturas químicas, os
reprodução. A glândula converte informa ções neurais hormônios da reprodução são divididos em quatro
provenientes dos olhos sobre a duração do dia em grupos:
uma liberação endócrina de melatonina, secretada na
Proteínas: são hormônios polipeptídeos, com
corrente sangüínea e no líquido cerebroespinal.
peso mole cular variando entre 300 e 70.000
dáltons. Exemplos: ocitocina, FSH e LH.
HORMÔNIOS
Esteróides: são hormônios derivados
Os hormônios podem ser classificados de acordo principalmente do colesterol, com peso molecular
com suas estruturas bioquímicas ou modos de ação. variando entre 300 e 400 dáltons. Exemplo:
A estrutura bioquímica dos hormônios inclui testosterona.
glicoproteínas, polipeptí deos, esteróides, ácidos Ácidos graxos: são derivados do ácido
graxos e aminas. araquidônico, com peso molecular em torno de
400 dáltons.
Aminas: são compostos derivados da tirosina ou
do trip tofano. Exemplo: melatonina.
LIGANTES
(hormônio, fator
de crescimento,
neurotrofina)
FATOR DE
CRESCIMENTO
FIGURA 3-4. Modos de comunicação intercelular. Fatores de crescimento produzidos localmente agindo de modo
autócrino/parácrino intermedeiam a ação endócrina nas células-alvo.
Retroalimentação inibitória ou negativa. Esse sistema envolve inter-relações recíprocas entre duas
ou mais glândulas e órgãos-alvo. Por exemplo, a estimulação dos ovários pelo FSH eleva a secreção
de estrógenos, os quais, aumentando na corrente circulatória, conseqüentemente fazem com que a
secreção do FSH diminua. De modo semelhante, quando os hormônios hipofisários alcançam um
determinado nível, alguns núcleos hipotalâmicos respondem diminuindo a produ ção de seus
hormônios liberadores específicos, há um declínio na secreção do hormônio trófico hipofisário e,
finalmente, uma diminuição do nível funcional da glândula-alvo.
Retroalimentação positiva ou estimulatória. Nesse sistema, a elevação de determinado hormônio
provoca o aumento de um outro hormônio. Por exemplo, o aumento dos níveis de estrógeno durante a
fase pré-ovulatória acarre ta um pico do LH hipofisário. Esses dois eventos são preci samente
sincronizados, uma vez que o pico de LH é neces sário para a ruptura do folículo ovariano.
Hormônios hipotalâmicos. Tanto os hormônios hipofisá rios como os hormônios esteróides regulam
a síntese, o armaze namento e a liberação dos hormônios hipotalâmicos por meio de dois mecanismos
de retroalimentação: um deles denominado de alça longa e outro, de alça curta. O mecanismo de
retroali mentação de alça longa envolve a interação entre a gônada, a hipófise e o hipotálamo,
enquanto o de alça curta permite às gonadotrofinas hipofisárias influenciar a atividade secretória dos
hormônios liberadores sem a mediação das gônadas (ver Hipotálamo - fluxo sangüíneo retrógrado no
hipotálamo).
REFLEXO NEUROENDÓCRINO. Além dos mecanismos de retroalimentação anteriormente mencionados, o
sistema nervoso também pode controlar a liberação de hormônios por meio de vias nervosas, como,
por exemplo, a descida do leite pela ocitocina e a liberação de LH após a cópula, como será tratado
mais adiante.
CONTROLE IMUNOENDÓCRINO. Os sistemas endócrino e imune interagem extensivamente regulando-se
um ao outro. Diversos órgãos endócrinos estão envolvidos em alguns aspectos desse processo
regulatório: hipotálamo, hipófise, gônadas, adrenais, pineal, tireóide e timo. Muitos desses órgãos são
afetados pela função imune.
Receptores Hormonais
Cada hormônio tem um efeito seletivo em um ou mais órgãos-alvo. Tal efeito é atingido por meio de
dois mecanismos:
Cada órgão-alvo possui um método específico de se ligar a um determinado hormônio não encontrado
em outro tecido.
Os órgãos-alvo possuem determinadas vias metabólicas capazes de responder às vias
metabólico-hormonais, fato este que não é compartilhado por tecidos diferen tes do tecido-alvo.
O sistema de ligação específica é o mecanismo usual. Por exemplo, todos os tecidos-alvo que
respondem a hor mônios esteróides contêm um receptor protéico no inte rior da célula, o qual se liga
especificamente ao hormônio ativador. Dentro da célula-alvo, o hormônio esteróide é encontrado no
citoplasma, ligado a uma proteína relativa mente grande (peso molecular = 200.000 dáltons). Tal
ligação resulta na transformação ou ativação do complexo proteína-esteróide, permitindo que ele se
mova (translo cação) para o núcleo da célula. No sítio nuclear, o com plexo esteróide se liga a um
receptor específico, causando uma seqüência de respostas fisiológicas para aquela célula (Fig. 3-5).
As células-alvo da hipófise anterior possuem receptores de membrana celular que reconhecem e
seletivamente se ligam a hormônios protéicos, incluindo as gonadotrofinas (Fig. 3-6). Tal fenômeno de
ligação desencadeia a síntese e a secreção dos hormônios hipofisários por meio do sistema do AMP
cíclico-proteína quinase próprio da célula. Os níveis estrogênicos, por sua vez, influenciam os
receptores gonadotróficos (1).
Ensaios Hormonais
Diversas técnicas são utilizadas para estudos endocrino lógicos: ablação de glândulas, terapia de
reposição orgânica e isolamento de hormônios. Medidas quantitativas dos hor mônios são baseadas
em bioensaios, ensaios imunológicos e radioimunoensaios (RIEs).
VASO
SANGÜÍNEO
VASO
SANGÜÍNEO
Proteína
Hormônio
Adeninato
CITOPLASMA ciclase
Esteróide Receptor
CITOPLASMA
Difusão? NÚCLEO
Enzima
Síntese de proteína
MEMBRANA CELULAR MEMBRANA CELULAR
TABELA 3-1. Resumo da Origem e da Função dos Neuro-hormônios Que Regulam a Reprodução
qu es entram em
HORMÔNIOS ea Nú contato com receptores na
do cle pele e na genitália de
Hormônio inibidor
os espécies com ovulação
de prolactina (PIH)
su reflexa
Hormônio liberador
pr
de prolactina (PRH) Sensações tácteis da
a-
glândula mamária, útero
óp
Hormônio liberador de e cérvix
tic
gonadotrofina
os
(GnRH)
Retina via fibras retino
Eminência média
Hormônio liberador de hipotalâmicas
gonadotrofina Ár FUNÇÕES PRINCIPAIS Inibe
(GnRH) ea
a liberação de prolactina
hip
ot
Estimula a liberação de
alâ
prolactina
mi
Ocitocina ca
Estimula a liberação tônica
an
de FSH e LH
ter
ior
Melatonina Nú Estimula a onda
ORIGEM cle pré-ovulatória de FSH e
os LH
Hipotálamo
pr
é-
óp
tic Induz contrações
Nú os Pineal uterinas, descida do
cle Núcleo supraquiasmáticoVIAS NERVOSAS leite e facilita o
o Neurônios contendo transporte de gametas
ve dopamina no núcleo
ntr Nú arqueado Inibe a atividade
o- cle gonadotrófica em
m os reprodutores de dias
edi pa longos, p. ex., hamster
al ra Retroalimentação negativa Estimula o início da estação
Nú ve das gônadas de monta em reprodutores
cle ntr de dias curtos, p. ex.,
o icu Células hipotalâmicas ovinos
ar lar sensíveis ao estrógeno
folícu lo-estimulante estimula o crescimento e a
maturação do folí culo ovariano ou folículo de De
Graaf. O FSH por si só não causa secreção de
comum a ambos, FSH e LH, entre as espécies,
estrógenos no ovário; ao contrário, ele necessita da
enquanto a subunidade beta é diferente e confere
presença do LH para estimular a produção estro
especificidade a cada gonadotrofina. As subunidades
gênica. No macho, o FSH atua nas células germinais,
alfa e beta de qualquer um desses hormônios não
nos túbulos seminíferos dos testículos e é
possuem atividade biológica de modo separado. A
responsável pela esper matogênese até o estágio de
prolactina não é uma glicoproteína.
espermatócitos secundários; num passo mais adiante,
Como dito anteriormente, tanto o GnRH como os os andrógenos dos testículos atuam nas fases finais
este róides gonadais regulam a secreção das
da espermatogênese.
gonadotrofinas. Além disso, peptídeos gonadais
regulam a secreção de FSH. Tais peptídeos podem HORMÔNIO LUTEINIZANTE. O hormônio luteinizante é
estimular (ativinas) ou inibir (inibi nas, folistatina) a uma glicoproteína composta de uma subunidade alfa
secreção de FSH, como será discutido mais adiante e uma beta com peso molecular de 30.000 dáltons e
neste capítulo. meia-vida bio lógica de 30 minutos. Níveis tônicos ou
basais de LH atuam em conjunto com o FSH no
HORMÔNIO FOLÍCULO-ESTIMULANTE. O hormônio
sentido de induzir a secreção de estrógenos do sistema porta-hipotálamo-hipofisário até a
folículo ovariano desenvolvido. O pico pré ovulatório adeno-hipófise.
do LH é responsável pela ruptura da parede foli A prolactina inicia e mantém a lactação. É
cular e ovulação. O LH estimula as células intersticiais reconhecida como um hormônio gonadotrófico por
tanto no ovário quanto nos testículos. No macho, as causa das suas pro priedades luteotróficas
células intersticiais (células de Leydig) produzem (manutenção do corpo lúteo) em roedores. Entretanto,
andrógenos depois do estímulo do LH. em animais domesticados, o LH é o principal
hormônio luteotrófico, sendo que a prolactina
PROLACTINA. A prolactina é um hormônio
desempenha um papel menos importante no
polipeptídi co secretado pela adeno-hipófise. Como
complexo luteotrófico. A prolactina pode ainda estar
dito anteriormente, ela não é uma glicoproteína como
envolvida na mediação dos efeitos estacionais e
as outras gonadotrofinas. A prolactina ovina é uma
lactacionais na reprodu ção em animais domésticos.
proteína com 198 aminoácidos e peso molecular de
24.000 dáltons. A molécula da prolactina tem uma
estrutura similar ao hormônio do crescimento, em
algumas espécies estes hormônios têm propriedades TABELA 3-2. Resumo dos Hormônios
biológi cas semelhantes. Reprodutivos Secretados pela Hipófise
Um hormônio inibitório denominado fator inibidor CAPÍTULO 3: HORMÔNIOS, FATORES DE CRESCIMENTO E REPRODUÇÃO 39
da pro lactina (PIF) regula a secreção da prolactina. O
PIF é, provavel mente, a catecolamina, dopamina, ocitocina é o reflexo de liberação do leite. Na fêmea
uma amina de baixo peso molecular sintetizada a lactante, estímulos tácteis e visuais associados à
partir da L-tirosina. Ela é secretada dos terminais sucção ou ordenha induzem a liberação de ocitocina na
nervosos, predominantemente no núcleo arqueado corrente circulatória. A
localizado na eminência média, e transportada pelo
das células mioepiteliais etapa envolve a enzima
HORMÔNIOS
(células musculares lisas) formadora de melatonina,
que circundam os alvéolos hidroxiindol
Hormônio na glândula mamária, O-metil-transferase
estimulante do folículo (FSH) resultando na descida do (HIOMT) (Fig. 3-8).
leite (Fig. 3-7). A síntese e a secreção de
Proteína, A ocitocina ovariana está melatonina encontram-se
Hormônio Mamótrofos no lobo anterior envolvida na função luteíni signi ficativamente
luteinizante ca. Ela age no endométrio elevadas durante os
(LH) induzindo a liberação de períodos de dias curtos.
Proteína,
Armazenada no lobo posterior prosta glandina F2α(PGF 2α), Longos períodos diários de
da hipófise que possui uma ação secreção elevada de
luteolítica (regressão do melatonina provavelmente
FUNÇÕES são responsáveis pela
corpo lúteo).
PRINCIPAIS indução dos ciclos ova
Estimula o cresci mento
MELATONINA. A melatonina rianos em ovelhas e pela
Prolactina (PRL) Ocitocina folicular na fêmea e a (N-acetil-5-metoxitripta inibição da ciclicidade em
espermatogêne se no macho mina) é sintetizada pela éguas.
glândula pineal. As células Diferenças interespecíficas
Estimula a ovula ção e a luteinido parênquima pineal
zação dos folí culos ovarianos são evidentes no efeito da
ESTRUTURA E FONTE captam o aminoácido administração exógena de
(corpo lúteo)
triptofano da cir culação e o melatonina nas gônadas e
Glicoproteína, Gonadótrofos na fêmea e a
secreção de tes tosterona no
convertem em serotonina no intervalo de tratamento.
no lobo anterior (2). Duas etapas do
macho A melatonina exógena
metabolismo da serotonina regula a ati vidade gonadal
Promove a lacta ção e o com estão sob controle neural.
ovina; a administração
Glicoproteína, Gonadótrofos portamento A pri meira é a conversão contínua de melato nina
no lobo anterior materno da serotonina em induz a atividade
Estimula as con trações do N-acetil-serotonina, que reprodutiva em ovelhas
útero prenhe e promove a eje depois é convertida em acíclicas em
ção do leite melatonina. A segunda
ocitocina causa contração
ocitocina (o hormônio da descida do leite) e
Hormônios Neuro-hipofisários
vasopressina (o hormônio antidiurético ou ADH) são,
Os hormônios da hipófise posterior na verdade, produzi dos no hipotálamo. Esses
(neuro-hipófise) diferem dos outros hormônios hormônios são transferidos do hipotálamo para a
hipofisários pelo fato de que eles não se originam da hipófise posterior não através do sistema vascular
hipófise, mas são apenas armazena dos ali até mas ao longo dos axônios do sistema nervoso.
quando forem necessários. Os dois hormônios, OCITOCINA. A ocitocina é sintetizada no núcleo
supra óptico do hipotálamo e transportada em podem ser de quatro tipos: andrógenos, estrógenos,
pequenas vesículas envoltas por uma membrana progestágenos e relaxi na. Os três primeiros tipos são
através dos axônios do nervo hipotálamo-hipofisário. esteróides, enquanto o quarto é uma proteína. Os
Elas são armazenadas nos terminais nervosos ovários produzem dois hormônios esteróides
próximos dos leitos capilares na neuro-hipófise até a (estradiol e progesterona) e um protéico (relaxina); o
sua liberação para a corrente circulatória (Fig. 3-3). testículo secreta um único hormônio (testosterona)
Como afirmado anteriormente, a ocitocina é também (Tab. 3-3).
produzida pelo corpo lúteo. Portanto, a ocitocina tem Os hormônios esteróides secretados pelos
dois sítios de ori gem: um ovariano e outro ovários, testícu los, placenta e córtex adrenal têm um
hipotalâmico. núcleo básico em comum denominado ciclo
A ocitocina também desempenha um importante pentanoperidrofenantreno. Este núcleo con siste de
papel no processo reprodutivo. Durante a fase três anéis fenantrênicos com seis átomos de carbono
folicular do ciclo estral e durante os últimos estágios completamente hidrogenados (peridro), designados A,
da gestação, a ocitocina estimula as contrações B e C, e um anel de cinco átomos de carbono
uterinas, que facilitam o transporte do esperma para o (ciclopentano), designado com a letra D (Fig. 3-9). Um
oviduto durante o cio. esteróide com dezoito átomos de carbono possui
A dilatação da cérvix no momento do parto, atividade estrogênica; com dezenove átomos de
causada pela passagem do feto, estimula a liberação carbono, atividade androgênica, e com 21, possui
reflexa de ocitocina (reflexo de Ferguson). Porém, a atividade pro gestacional. O colesterol, um esteróide
ação mais bem conhecida da com 27 átomos de car bono, converte-se em
meados do verão. pregnenolona (vinte átomos de carbono) quando sua
cadeia lateral é clivada. A pregnenolona é subse
Hormônios Esteróides Gonadais qüentemente convertida em progesterona, que, por
sua vez, converte-se em andrógenos e estrógenos
Os hormônios esteróides gonadais são
(Fig. 3-10).
produzidos primaria mente nos ovários e nos
As vias biossintéticas em todos os órgãos
testículos. Órgãos não-gonadais, tais como as
endócrinos que produzem hormônios esteróides são
adrenais e a placenta, também secretam uma certa
similares, os órgãos
quantidade de hormônios esteróides. Tais hormônios
40 PARTE II: FISIOLOGIA DA REPRODUÇÃO
Núcleos supra-ópticos –
núcleos paraventriculares do
hipotálamo
Via nervosa
Neuro-hipófise
Liberação de ocitocina
no sangue
Artéria
Estímulo da
teta
Vaso
sangüíneo
Serotonina
N-acetil
transferase
diferem apenas quanto aos sistemas enzimáticos que con têm. Os testículos primariamente sintetizam
andrógenos, enquanto os ovários sintetizam dois tipos principais de este róides: os estrógenos, com
dezoito átomos de carbono, e os progestágenos, com 21 átomos de carbono.
No plasma sangüíneo, a maior parte dos hormônios esteróides está ligada à albumina, uma proteína
plasmática com baixa afinidade e alta capacidade para esteróides. Uma outra parte dos hormônios
esteróides encontra-se ligada a uma ou mais proteínas específicas de alta afinidade.
A meia-vida dos esteróides naturais no organismo animal é muito curta. Portanto, diversos esteróides
com estruturas quí micas modificadas têm sido sintetizados para uso clínico.
Células do parênquima pineal
Vaso
N-acetil-serotonina
Hidroxiindol-0
-metil
transferase
Melatonina
Melatonina
sangüíneo
COLESTEROL
PREGNENOLONA
PROGESTERONA
TESTOSTERONA
ESTRADIOL
FIGURA 3-10. Biossíntese dos hormônios esteróides a partir do colesterol. Este esquema reflete uma visão
simplista de um processo complicado e altamente organizado que requer múltiplos sistemas enzimáticos.
A progesterona desempenha as seguintes funções:
Prepara o endométrio para a implantação e a manutenção da prenhez, aumentando a atividade
secretora das glândulas do endométrio e inibindo a motilidade do miométrio.
Atua sinergisticamente com os estrógenos na indução do comportamento de cio.
Auxilia no desenvolvimento do tecido secretor (alvéo los) da glândula mamária.
Provoca a inibição do cio e do pico pré-ovulatório do LH quando em níveis elevados. Portanto, a
progestero na desempenha papel fundamental na regulação hormo nal do ciclo estral.
Inibe a motilidade uterina.
Alguns progestágenos sintéticos estão disponíveis para sincronização do ciclo estral de ruminantes.
Os progestágenos atuam inibindo a secreção hipofisária de LH. Tais hormônios podem ser
administrados por via oral ou inseridos no interior da vagina por meio de um dispositivo intravaginal
pelo perío do correspondente a um ciclo estral. Ao encerrar-se esse trata mento, os animais mostrarão
cio e ovularão em 48 a 72 horas.
ANDRÓGENOS. Os andrógenos são esteróides com deze nove átomos de carbono (C19), uma hidroxila
ou um oxigê nio nas posições 3 e 17 e uma dupla ligação na posição 4. Os andrógenos são chamados
17-cetoesteróides quando um oxi gênio é encontrado na posição 17 (Fig. 3-10). A testostero na é um
andrógeno produzido pelas células intersticiais (células de Leydig) dos testículos (Tab. 3-3), sendo
uma pequena quantidade produzida pelo córtex adrenal.
A testosterona (Fig. 3-11) é transportada na corrente circulatória por uma α-globulina designada
globulina liga dora de esteróides. Cerca de 98% da testosterona circulante encontra-se na forma
ligada; permanecendo o restante na forma livre, capaz de adentrar a célula-alvo, onde uma enzi ma
citoplasmática converte a testosterona em diidrotestos terona (DHT), que atua no respectivo receptor
nuclear.
TESTOSTERONA
DIIDROTESTOSTERONA
(biologicamente ativa)
FIGURA 3-11. A testosterona não é a forma biologicamente ativa, mas é convertida em diidrotestosterona, que se
liga ao receptor nuclear.
O cavalo é o único animal que produz altos níveis de testosterona também no epidídimo e nos túbulos
seminífe ros. Criadores de cavalos sabem, há séculos, que se parte do epidídimo for deixada ligada ao
ducto deferente durante a castração, o animal continuará parecendo e se comportando como um
garanhão. Isso acontece porque os andrógenos são produzidos pela porção não-retirada do epidídimo.
O ato da não-retirada total do epidídimo é denominado “cortar o orgulho de um cavalo”. O alto nível de
andrógeno prolonga a vida do esperma epididimário no garanhão ao invés de atuar nas características
sexuais secundárias.
As funções da testosterona são:
Estimular os estágios finais da espermatogênese e pro longar a vida útil do esperma epididimário.
Promover crescimento, desenvolvimento e atividade secretora das glândulas sexuais acessórias do
macho.
Manutenção das características sexuais secundárias e do comportamento sexual (libido) do macho.
Os andrógenos sintéticos, propionato de testosterona e androstenediona, são freqüentemente
utilizados para a pre paração de rufiões para a detecção do cio. As vacas e as ove lhas
androgenizadas possuem a vantagem de não transmitir doenças venéreas.
Relaxina
A relaxina é um hormônio polipeptídico que consiste de uma subunidade alfa e outra beta, conectadas
por duas pontes dissulfídicas e possui peso molecular de 5.700 dáltons. Inibinas e insulina são
estruturalmente similares, mas as suas ações bio lógicas são diferentes. A relaxina é secretada
primariamente pelo corpo lúteo durante a gestação (Tab. 3-3). Em algumas espécies, a placenta e o
útero também secretam relaxina. A principal ação biológica da relaxina é a dilatação da cérvix e da
vagina antes do parto. Ela também inibe as contrações ute rinas e causa crescimento das glândulas
mamárias quando administrada em conjunto com o estradiol. No porquinho-da índia, a relaxina
provoca a separação da sínfise púbica cerca de 6 horas após sua injeção. Nessa espécie, a
separação da sínfise púbica normalmente ocorre durante o parto.
Inibinas e Ativinas
As inibinas e as ativinas foram isoladas de fluidos gona dais por causa de seus efeitos na produção de
FSH (Tab. 3- 3). Elas são reguladores parácrinos, pois modulam o sinal endócrino do LH.
INIBINAS. As gônadas são a principal fonte de inibina e proteínas correlatas, que contribuem para a
regulação endó crina do sistema reprodutivo. A células de Sertoli, no macho, e da granulosa, na
fêmea, são produtoras de inibinas. As inibinas não são esteróides, mas proteínas compreenden do
duas subunidades e interligadas por pontes dissulfídi cas. No macho, as inibinas são secretadas
pelos vasos linfá ticos e não venosos, como nas fêmeas (3).
As inibinas desempenham um papel importante na regulação hormonal da foliculogênese ovariana
durante o
CAPÍTULO 3: HORMÔNIOS, FATORES DE CRESCIMENTO E REPRODUÇÃO 43
ciclo estral. Elas atuam como sinalizadores químicos para a hipófise sobre o número de folículos em
crescimento no ová rio. A inibina reduz a secreção de FSH até um certo nível, o que mantém o número
de ovulações espécie-específico tanto nas espécies mono quanto poliovulatórias (4). Pela inibição da
liberação do FSH sem alteração da liberação do LH, as inibinas podem ser parcialmente responsáveis
pela liberação diferenciada de LH e FSH pela hipófise.
Além da regulação do FSH hipofisário, proteínas relacio nadas à inibina regulam as funções da célula
de Leydig (5).
ATIVINAS. O fluido folicular contém uma fração que esti mula ao invés de inibir a secreção de FSH (6).
As proteínas responsáveis por essa atividade são caracterizadas como ativi nas (Fig. 3-12). Ativinas
são potentes dímeros liberadores de FSH (dímeros de subunidades da inibina) e estão presentes nos
fluidos gonadais, como, por exemplo, no fluido folicular e no fluido da rete testis. Esses hormônios
heterodiméricos são compostos de subunidades e uma das duas subunidades ( ou ). A ativina é
um membro completamente funcio nal dos fatores de crescimento (6).
FOLISTATINA. A folistatina é uma outra proteína isolada do fluido folicular. Ela não somente inibe a
secreção de FSH similarmente à inibina, mas também liga-se à ativina, neu tralizando sua atividade
biológica. Portanto, constitui-se num agente modulatório da secreção de FSH.
Hormônios Placentários
A placenta secreta diversos hormônios idênticos ou com atividades biológicas similares aos hormônios
reprodu tivos dos mamíferos. São eles: gonadotrofina coriônica eqüi na (eCG), gonadotrofina coriônica
humana (hCG), lacto gêneo placentário (PL) e proteína B (Tab. 3-4).
GONADOTROFINA CORIÔNICA EQÜINA. O hormônio eCG (originalmente chamado PMSG) foi descoberto
quando se verificou que o sangue de éguas prenhes produzia maturida de sexual quando injetado em
ratos imaturos. A eCG é uma glicoproteína com subunidades e similares ao LH e ao FSH; porém,
com um conteúdo de carboidrato mais elevado (especialmente o ácido siálico). O alto conteúdo de
ácido siá lico parece contribuir para a longa meia-vida de diversos dias da eCG. Portanto, uma única
injeção de eCG possui efeitos biológicos na glândula-alvo por mais de uma semana.
O útero eqüino secreta essa gonadotrofina placentária, sendo os cálices endometriais a fonte
específica da eCG. Tais cálices, que são formados ao redor de 40 dias, permanecem até 85 dias de
gestação. A eCG possui atividade biológica seme lhante tanto ao FSH quanto ao LH, porém,
predominante mente ao FSH. A eCG circula na corrente sangüínea de éguas prenhes e não é
excretada na urina. A secreção da eCG esti mula o desenvolvimento de folículos ovarianos (Tab. 3-4).
Alguns folículos ovulam, mas a maioria transforma-se em folí culos luteinizados devido à ação da eCG
semelhante ao LH. Tais corpos lúteos acessórios produzem progesterona, o que mantém a prenhez na
égua. A eCG foi uma das primeiras gonadotrofinas comercialmente disponíveis usadas para indu ção
da superovulação em animais domésticos.
44 PARTE II: FISIOLOGIA DA REPRODUÇÃO
Inibina Ativina
Gônadas Placenta
Hipófise
inibinas e das ativinas. Raven Press, 1994;34).
(Adaptado de Vale W, Estrógenos Andrógenos
Bilezikjian LM, River C. hCG
Reproductive and other roles
of inhibins and activins. In: Progesterona Ativina
Knobil E, Neill JD, eds.
FIGURA 3-12. Resumo das Inibina
Reproductive Physiology,
ações fisiológicas das FSH
Vol. 1, 2nd Ed. New York:
(vacas de baixa pro dução leiteira).
PROTEÍNA B. O concepto bovino produz uma série
de sinais durante o início da prenhez. Atualmente,
somente uma proteína oriunda do tecido placentário
foi parcialmen te purificada, a proteína B específica da
prenhez bovina (bPSPB) (7). A ação fisiológica da
proteína B parece estar
envolvida na prevenção da luteólise no início da
prenhez da vaca ou da ovelha (Tab. 3-4). Esse
GONADOTROFINA CORIÔNICA HUMANA. A glicoproteí hormônio placentário tem o potencial de ser o
na hCG consiste de uma subunidade e outra com primeiro teste hormonal de prenhez confiável para
peso molecular de 40.000 dáltons. A subunidade ruminantes.
possui 92 ami noácidos e duas cadeias de
carboidrato. A subunidade do hCG é similar à Prostaglandinas
subunidade do LH em humanos, suínos, ovinos e
bovinos. A subunidade possui 145 aminoácidos e As prostaglandinas, primeiramente isoladas de
cinco cadeias de carboidrato. O hCG é primariamente fluidos das glândulas sexuais acessórias, receberam
lutei nizante e luteotrófico, possuindo baixa atividade essa nomencla tura por causa de sua associação
de FSH. As células do sinciciotrofoblasto na placenta com a glândula prostática, sendo que quase todos os
dos primatas são responsáveis pela síntese do hCG, tecidos orgânicos podem secretá las. Todas as
que pode ser encontrado tanto no sangue como na prostaglandinas são ácidos graxos hidroxilados
urina (Tab. 3-4). Sua presença na urina no início da insaturados com vinte átomos de carbono e um anel
gestação constitui a base de vários testes ciclo/pentano. O ácido araquidônico, um ácido graxo
laboratoriais para a gravidez humana. Ela pode ser essen cial, é o precursor da maioria das
detectada na urina por meio de imunoensaios prostaglandinas mais inti mamente associadas com a
sensíveis a partir de 8 dias após a concepção. PGF e a
reprodução, principalmente a 2α
LACTOGÊNIO PLACENTÁRIO. O lactogênio placentário prostaglandina E (PGE
é uma proteína com propriedades químicas similares 2 2) (Fig. 3-13).
à prolac tina e ao hormônio do crescimento. Seu peso A maior parte das prostaglandinas atua
molecular é de 22.000 a 23.000 dáltons em ovinos localmente no seu sítio de produção numa interação
com 192 aminoácidos. O lactogênio placentário é célula a célula e, por tanto, não se encaixa
isolado do tecido placentário, porém, não pode ser perfeitamente na definição clássica de um hormônio.
detectado no soro do animal prenhe antes do último Ao contrário de outros agentes humorais, as
trimestre da gestação (Tab. 3-4). O lacto gênio prostaglandinas não estão localizadas em um único
placentário é mais importante por suas propriedades tecido em particular. Elas são transportadas na
de hormônio do crescimento do que por suas corrente circulató ria para atuar num tecido-alvo
propriedades de prolactina. Ele é importante na distante do sítio de produção. Algumas formas nunca
regulação da passagem de nutrientes maternos para aparecem na corrente circulatória, enquanto outras
o feto e, possivelmente, no cresci mento fetal. O e pelos
lactogênio placentário pode ainda desempe nhar são degradadas após circularem pelo fígado
funções na produção do leite, uma vez que seus pulmões. A PGF
2 é o agente luteolítico natural
níveis são mais elevados em vacas leiteiras (vacas de
associado ao final da fase luteínica (corpo lúteo) do
alta produ ção leiteira) do que em vacas de corte
ciclo estral, permitindo, assim, o início de um novo
ciclo quando da ausência de fertilização. Ela é da musculatura lisa dos tratos reprodutivo e
particularmente potente na interrupção da prenhez gastrintestinal, a ereção, a ejaculação, o transporte
em sua fase inicial. espermático, a ovulação, a formação do corpo lúteo,
As prostaglandinas podem ser consideradas o parto e a ejeção do leite. As prostaglandinas estão
hormônios que regulam diversos fenômenos ainda envolvidas na ovulação
fisiológicos e farmacológicos, tais como a contração
CAPÍTULO 3: HORMÔNIOS, FATORES DE CRESCIMENTO E REPRODUÇÃO 45
FLUIDOS ORGÂNICOS
B da gestação Ovinos, Proteína, Tecido
HORMÔNIOS placentário FUNÇÕES PRINCIPAIS
bovinos
Gonadotrofina Atividade LH, mantém
coriônica humana Proteína do concepto o corpo lúteo da
(somente gestação em
ESPÉCIE EM QUE
primatas) (hCG) primatas
Ovinos, bovinos HORMÔNIOS ESTÃO
Gonadotrofina Humanos, Atividade FSH,
ESTRUTURA E PRESENTES
coriônica eqüina estimula a formação
LOCAL
(eCG/PMSG) Sangue, urina de corpos lúteos
macacos Glicoproteína, acessórios na égua
Estrógenos Células
sinciotrofoblásticas Sangue
Progesterona Eqüinos Manutenção da
Glicoproteína, gestação
Lactogênio Cálices Sangue
Ovinos, endometriais de Regula o transporte de
origem fetal Sangue nutrientes da mãe ao
bovinos Esteróide, feto, embora não
placentário Proteína Unidade Sangue comple
Ovinos, fetoplacentária tamente elucidado
Esteróide, Reconhecimento
bovinos Unidade materno da gestação
fetoplacentária Sangue
referências em diversos capítulos deste livro
relacionadas a uma plêiade de aplicações hormonais,
(8). Por exemplo, na ovelha e na vaca, a ovulação é quer seja em produção animal ou em medicina
bloqueada pela administração de indometacina, uma veterinária.
inibidora da síntese de prostaglandinas (9). Uma vez
que a liberação de LH não é afetada nesses animais, REGULAÇÃO HORMONAL DA REPRODUÇÃO
envolve a PGF
a ação ao nível do folículo ovariano 2, O hipotálamo funciona como uma interface entre
a PGE
2ou ambas. o sis tema nervoso e o sistema endócrino,
Uma elevação nos níveis de estrógenos, os quais desempenhando um papel crucial na regulação
promo vem crescimento do miométrio, estimula a hormonal da reprodução. Edqvist apresentou uma
ração de PGF . Em fêmeas prenhes, revisão do controle endógeno dos processos
síntese e a libe 2 reprodutivos nos animais domésticos (10). Como
o embrião em desen
volvimento envia um sinal ao mencio nado anteriormente, os hormônios gonadais
inibem a libe ração de LH e FSH em ambos os sexos
útero (reconhecimento materno da prenhez),
(retroalimentação negativa), enquanto aumentam a
PGF
prevenindo os efeitos luteolíticos da 2 (ver liberação de LH e FSH somente na fêmea
Capítulo 10). (retroalimentação positiva).
A capacidade da PGF Mecanismos Endócrinos
2 em induzir a luteólise foi Os mecanismos endócrinos a serem discutidos
explorada para a manipulação do ciclo estral e
aqui incluirão puberdade, ciclo estral, gestação e
também para a indução do parto.
parto, função testicular, células de Sertoli, ativinas e
inibinas.
UTILIZAÇÃO CLÍNICA DE HORMÔNIOS
PUBERDADE. Por definição, um macho ou uma
Quase todos os hormônios discutidos fêmea alcança a puberdade quando se mostra capaz
anteriormente são utilizados na melhoria da eficiência de liberar seus gametas e exibir comportamento
reprodutiva em animais domésticos. O leitor encontra sexual. O início da puber dade é regulado pela
maturação do eixo hipotalâmico adeno-hipofisário ao Vias nervosas tam bém estão associadas com o
invés da inabilidade da hipófise em produzir momento da ovulação (Fig. 3-14).
gonadotrofinas ou pela insensibilidade ovariana aos Liberação tônica de LH e FSH. Os níveis tônicos
seus efeitos. É sabido de longa data que uma novilha, de LH e FSH são controlados pela retroalimentação
marrã ou cordeira pré-púbere normalmente ovula negativa das gônadas. O nível tônico de LH não é
após administra ção exógena de gonadotrofinas. estacionário, mas mostra oscilações
aproximadamente a cada hora. Os níveis séricos
tônicos de LH são elevados após a gonadotectomia
Neurotransmissores
Hipotálamo
m
anteriorHipófise
i
ã
l
ç
a posterior
t a
n o
r
e
t
R
LH e FSH e as manifestações psíquicas de cio
diminuem. O ani mal ovula 24 a 30 horas após a onda
máxima inicial de gonadotrofinas.
VIAS NERVOSAS. Existem várias vias nervosas entre
o sistema reprodutivo e o eixo
Estrógeno
hipotalâmico-hipofisário. A
progesterona
Figura 3-14. Relação endócrina-neuroendócrina entre
Andrógeno hipotálamo, hipófise e gônadas (ovário-testículo). Material
FIGURA 3-15. Inter-relações hipotálamo, hipófise anterior eneurossecretor hipotalâmico (GnRH) é transportado pelos
ovário. As setas indicam efeitos estimulatórios e setas capilares-porta para as células da hipófise anterior. O FSH
tracejadas indicam efeitos inibidores. e o LH estimulam as gônadas. Os estrógenos e os
andrógenos secretados pelas gônadas exercem uma
Liberação Pré-ovulatória de LH e FSH. Umretroalimentação.
segundo tipo de liberação de LH e FSH, denominado cobertura pode modular a onda pré-ovulatória de LH
onda pré-ovulatória de LH e FSH, é evidente na mais em função do prolongamento da duração da
fêmea antes da ovulação. O aumento na liberação de LH do que do aumento das
concentração de estrógenos circulantes tem efeito de concentrações plasmáticas.
retroalimen tação positiva sobre o hipotálamo, A cobertura afeta o momento da ovulação nas
induzindo uma onda repenti na de liberação de espécies de ovulação espontânea, como a ovina.
GnRH, acompanhada pela onda pré-ovulató ria de LH Em gado de corte, o estí mulo do clitóris acelera o
e FSH. As ondas pré-ovulatórias de LH e FSH duram início da ovulação e o estímulo da
de 6 a 12 horas e são responsáveis pela ovulação.
Os níveis de estradiol declinam após as ondas de
cérvix reduz o tempo desde o início do cio até a ocorrência da onda de LH. Em porcas, a cobertura
natural afeta a ovulação pelo encurtamento do intervalo do início do cio à ovulação e pela redução do
intervalo da primeira à última ovulação. Porcas cobertas naturalmente apresentam concentrações mais
altas de LH plasmático imediatamente após a cobertura.
GESTAÇÃO E PARTO. Tanto a manutenção da gestação quanto o início do parto estão sob controle
endócrino. A progesterona é um hormônio importante necessário para a continuidade da gestação. Em
todos os animais domésticos, a progesterona secretada pelo corpo lúteo é essencial para a
manutenção da gestação inicial. Porém, na égua, a placenta assume a função de secreção de
progesterona (ver Capítulo 9). À medida que o parto se aproxima, o declínio dos níveis de
progesterona aciona uma interação complexa envolvendo o feto e a mãe. Alguns dos hormônios
PGF
associados com o parto são 2 ,estrógenos, ocitocina e cortisol fetal.
FUNÇÃO TESTICULAR. O controle neuroendócrino da função testicular é similar àquele das fêmeas. O
controle endócrino da reprodução masculina foi revisado (3). O FSH e os andrógenos mantêm a
função gametogênica, enquanto o LH controla a secreção de testosterona pelas células de
CAPÍTULO 3: HORMÔNIOS, FATORES DE CRESCIMENTO E REPRODUÇÃO 47 Hipotálamo
Hipófise anterior
Testosterona Inibina de LeydigCélulas
curtas e ultracurtas. A alça longa envolve FSH, inibina e interações LH-testosterona (Fig. 3-16). A alça
curta entre os epitélios intersticial e seminífero envolve fatores do cresci mento e hormônios. A alça
ultracurta regula as interações células de Sertoli/células germinativas/células mióides. No touro, cada
pulso de LH resulta em um pico de testosterona cerca de 30 a 45 minutos mais tarde.
Garanhões produzem e excretam grandes quantidades de estrógeno comparadas àquelas produzidas
pelos machos da maioria das espécies de mamíferos. Os testículos produ zem estrógenos. As
concentrações de 17ß-estradiol (estra diol) são estacionais no garanhão, paralelas às concentra ções
de LH e testosterona.
ATIVINAS E INIBINAS. As ativinas e as inibinas atuam dentro das gônadas e na placenta como
moduladores autó crinos e parácrinos da produção de esteróides e outros hor mônios e fatores de
crescimento. Como já foi mencionado, as inibinas e as ativinas são produzidas pelas células de Sertoli.
Estas regulam a secreção de FSH mas têm um efeito mínimo sobre a secreção de LH. Para uma
discussão detalha da do papel reprodutivo e de outros com relação às ativinas e inibinas, o leitor deve
procurar em outro local (6).
Comportamento Sexual
COMPORTAMENTO SEXUAL MASCULINO. A castração de machos é um procedimento rotineiro em
programas de manejo da reprodução de animais domésticos. A ação depressiva da castra ção varia
de acordo com as espécies, os indivíduos e os estados fisiológico e comportamental do animal na
época da operação.
Em touros e carneiros, uma certa atividade de monta é conservada após a castração pré-puberal, mas
o subdesenvolvi mento do trato genital resultante da falta de andrógenos durante a ontogenia inibe
drasticamente a cópula.
Dois parâmetros de comportamento sexual normal parecem um tanto independentes: o desejo do
animal de montar com impulso e a habilidade para ejacular. Após a castração, o desejo de monta é
mantido por um período mais longo do que a habili dade de ejacular. O alcance de uma ereção é o
último aspecto de comportamento sexual normal a desaparecer após a castração.
48 PARTE II: FISIOLOGIA DA REPRODUÇÃO de cresci mento de nervos, fator I de crescimento
semelhante à insulina (IGF-I), ativinas e inibinas e
COMPORTAMENTO SEXUAL FEMININO. Ele depende de fatores de cresci mento epidérmico (EGF).
um balanço endócrino apropriado resultando no
Citocinas, produzidas por macrófagos e linfócitos,
desenvol vimento de folículos ovarianos. A
são importantes na regulação do sistema
ovariectomia inibe o comportamento sexual mas, na
imunológico.
vaca e na porca ovariecto mizadas, o comportamento
sexual é restaurado após a inje ção de uma dose
mínima de estrógeno depois de 8 a 12 dias de um Fatores estimulantes de colônias (CSF), que
pré-tratamento com progesterona. Na porca e na ove regulam a proliferação e a maturação de células
lha, há uma relação linear dose-resposta entre a sangüíneas bran cas e vermelhas.
duração do cio e o logaritmo da dose de estrógeno.
Existe também uma relação entre a duração do cio Métodos de Estudo
natural e o número de ovula ções nessas duas
espécies. Os fatores de crescimento são normalmente
definidos por sua capacidade de estimular a
ESPECIFICIDADE SEXUAL. A especificidade sexual multiplicação da célula alvo; sua atividade é medida
dos hormônios esteróides-andrógenos para machos e por ensaios em que se determi na o aumento das
estrógenos e progestágenos para fêmeas propicia a populações celulares ou, então, a incorpo ração de
possibilidade de uma influência direta do hormônio timidina marcada no DNA. Nos últimos anos, vários
sobre a resposta comporta mental. O ritmo de estudos foram conduzidos sobre os fatores de cresci
secreção, porém, difere entre os sexos e uma mento relacionados à reprodução masculina e
possível sexualização do cérebro pode influenciar a feminina, tanto na espécie humana quanto nos
rea ção. O tratamento de animais gonadectomizados animais.
com o hor mônio do sexo oposto mostra que a
especificidade sexual do hormônio está limitada tanto Mecanismo de Ação
quanto estão envolvidas as respostas Os fatores de crescimento obtêm respostas
comportamentais. Injeções diárias de estrógenos celulares ligando-se a células específicas, receptores
permitem uma recuperação completa da atividade superficiais em seus tecidos-alvo. Fatores de
masculi na em carneiros castrados, enquanto um crescimento polipeptídeos regulam a proliferação
único tratamento com testosterona induz uma sobre muitos tipos celulares e regulam também o
receptividade feminina normal na ovelha castrada. crescimento do trato reprodutivo. Esses fatores
MECANISMOS NERVOSOS. O sinal fisiológico que apresentam uma grande variedade de tipos celulares
inicia a motivação sexual é a secreção de hormônios que expressam os receptores adequados dos fatores
esteróides. Uma vez liberados na corrente sangüínea, de crescimento (11).
os hormônios são rapidamente ligados a sítios
receptores no SNC. Níveis máximos de estrógenos no Fatores de Crescimento
sangue de ovelhas e porcas ocor rem cerca de 24 Neste capítulo, a discussão sobre os fatores de
horas antes do início do cio. Quando o ani mal está crescimento está restrita às fisiologias testicular e
sexualmente motivado, iniciam-se os eventos ovariana. A Tabela 3-5 menciona alguns fatores de
comportamentais. Estímulos sensoriais específicos ou crescimento relacionados à reprodu ção de animais
não específicos, atuando sobre órgãos sensitivos por domésticos. A Tabela 3-6 apresenta estudos recentes
meio de mecanismos inatos ou adquiridos, são sobre a regulação da função ovariana (12-31).
integrados no cérebro para deduzir reações motoras As descrições dos fatores de crescimento,
apropriadas. relevantes para este capítulo, foram compiladas de
várias fontes (2, 6, 32-34).
FATORES DE CRESCIMENTO
CITOCINAS. Citocinas são mensageiros químicos
Os fatores de crescimento tornaram-se cada vez seme lhantes a hormônios secretados por linfócitos e
mais importantes em muitas áreas da fisiologia macrófagos que afetam o sistema imunológico. Uma
reprodutiva. Fatores de crescimento são polipeptídeos vez estabelecida a seqüência aminoácida de um fator,
semelhantes a hor mônios e proteínas, o nome muda para inter leucina, p. ex., interleucina 1
predominantemente parácrinos e autó crinos na (IL-1) ou interleucina 2 (IL 2). Esta última é um fator
promoção de atividade mitogênica em proliferação de de crescimento produzido por células T4, que
tecido local e remodelamento, p. ex., transformação aumenta a síntese de células T8 e ßB.
do folículo ovariano em corpo lúteo. Grande parte das
pesqui sas sobre os fatores de crescimento está FATOR DE CRESCIMENTO EPIDÉRMICO (EGF). É um
dirigida às suas ações promotoras de crescimento. poli peptídeo com potente atividade mitogênica em
Os fatores de crescimento podem ser divididos vários tipos de células in vivo e in vitro. O fator foi
em três classes: originalmente isolado das glândulas submaxilares do
camundongo, urina humana e outras fontes.
Agentes que promovem a multiplicação e/ou o
desen volvimento de vários tipos celulares – fator FATOR DE CRESCIMENTO DE FIBROBLASTO (FGF). É um
polipeptídeo originalmente isolado da hipófise de parácrinos/autócrinos de FSH e LH. A estrutura, a
bovinos. É angiogênico (isto é, estimula o fonte e as ações foram discutidas anteriormente.
crescimento de vasos sangüí neos), sendo também
INSULINA E FATORES DE CRESCIMENTO SEMELHANTES À
mitogênico. A síntese de FGF no ová rio estimula as
INSULINA (IGFs). IGFs ou somatomedinas são fatores
células luteínicas bovinas, mas atrasa a dife
de cres cimento polipeptídicos secretados pelo fígado
renciação de células da granulosa bovinas em
e por vários teci
cultura.
INIBINAS E ATIVINAS. São importantes reguladores
CAPÍTULO 3: HORMÔNIOS, FATORES DE CRESCIMENTO E REPRODUÇÃO 49
SUPOSTOS
REGULADORES ECF
ECF + IGF-I
EGF + IGF-I
EGF, TGF
PDGF
EGF, IGF
VEGF
TGF-
GM-CSF
IGF-I
IGF-I, Insulina
Interferon-bovino (IFN )
Função secretora do corpo lúteo de bovinos durante o ciclo estral e gestação in vitro
Estimulação do desenvolvi mento de embriões bovinos
Alterações das quantidades intrafoliculares durante a seleção do folículo dominante da primeira onda (DFI)
RESULTADOS/ACHADOS/
CONCLUSÕES
O efeito maturação/promoção foi evidente para oócitos desnudos
Estímulo da expansão do cumulus, maturação nuclear e clivagem após a fertilização de oócitos bovinos in vitro
Ambos os fatores de crescimento, agindo isolados ou juntos, estimulam a expansão do cumulus e realçam a
maturação nuclear em oócitos circundados por células compactas do cumulus
Aumenta o número de ovos fertilizados que se desenvolveram até o estágio de blastocisto
Efeitos estimuladores do PDGF sobre o desenvolvimento do embrião bovino podem ser derivados do epitélio do
oviduto e também das plaquetas
Pelo menos quatro peptídeos relacionados ao EGF são expressos em ovários suínos, porém, é difícil predizer sua
regulação fisiológica
O VEGF é expresso no tecido luteínico durante o ciclo estral ovino e a expressão de mRNA codificando VEGF é
regulada durante o rápido desenvolvimento luteínico
TGF- e PDGF estimulam a liberação de P4, particularmente no final da gestação
Molécula útil para aumentar as taxas de produção de blastocistos em sistemas de cultura livre de soro
Meios de cultura contendo altas
concentrações de IGF-I combinados com soro de vaca em cio e células da
granulosa melhoram o desenvolvimento de embriões produzidos in vitro
Insulina e IGF- melhoram o
desenvolvimento in vitro de embriões bovinos
bIFN suprime a secreção de prostaglandina nas células epiteliais do endométrio, o que sugere um papel
antiluteolítico
O declínio das concentrações do hormônio folículo-estimulante no soro altera os fatores-chave de crescimento
intrafolicular envolvidos na seleção do folículo dominante em novilhas
REFERÊNCIAS
Lonergan et al. (12) Rieger et al. (13) Lorenzo et al. (14)
continua
CAPÍTULO 3: HORMÔNIOS, FATORES DE CRESCIMENTO E REPRODUÇÃO 51
IGF-I
Células da granulosa e
PROJETOS tecais do folículo dominante
EXPERIMENTAIS/HIPÓTESES pré A ausência de IGFBPs,
IGF-I outros que não o IGFBP-3,
Modificações associadas ovulatório (DO) e folículos nos folículos pré-ovulatórios
com a capacidade não-ovulatórios (DNO)
bovinos pode permitir o
esteroidogênica que ocorrembovinos aumento da disponibilidade
de IGF-I, que é importante desmame precoce de vacas
para a maturação do oócito de corte em anestro
e a ovulação influenciado pelo BCS
Quantidades baixas de
IGFBP-2 e aumento de REFERÊNCIAS Funston et al.
locais de ligação tecal para o (26)
hCG/LH estão relacionados
ao estabelecimento do
folículo dominante durante a
primeira
onda folicular em bovinos
Stewart et al. (27)
Papel significativo na
mitogênese celular tecal e
esteroidogênese celular
tecal induzida por LH,
durante o Stewart et al. (28) Bao et al.
desenvolvimento folicular em
bovinos Proliferação
potencial pareceu ser
desligada durante os últimos
(29)
estágios de maturação de
folículos DNO e ligada após
Um possível papel regulador
regressão luteínica induzida
dos IGFBPs na maturação
e salvamento de folículos
folicular e na atividade
DO
aromatase
Echternkamp et al. (30)
O número de pulsos de LH
ao desmame, IGF-I sérico e
Bishop et al. (31)
o intervalo ao início da
atividade ovariana após o
útero, câncer do trato reprodutivo feminino, maturação
placentária e desenvolvimento embrionário (38).
FATOR DE CRESCIMENTO DO ENDOTÉLIO VASCULAR
(VEGF). Os órgãos reprodutivos exibem marcante
crescimento periódico e regressão acompanhado por
modificações igualmente notáveis nas taxas do fluxo
FATOR DE CRESCIMENTO DERIVADO DE PLAQUETAS sangüíneo. Esses são alguns dos poucos teci dos
(PDGF). É um polipeptídeo produzido por plaquetas, adultos nos quais ocorre angiogênese como um
macrófagos e célu las endoteliais. É um potente processo normal. Folículos ovarianos e corpos lúteos
mitógeno para a musculatura lisa vascular e acelera o produzem fatores angiogênicos. Estes parecem ser
fechamento de feridas. O PDGF aumenta também a heparina ligados e pertencem a famílias de proteínas
produção de progestina estimulada por FSH. do fator de crescimento de fibroblasto (FGF) e fator
FATOR SEMELHANTE À RELAXINA (RLF). É um novo de crescimento endotelial vascular (VEGF). O VEGF
mem bro da família da insulina/fator de crescimento foi demonstrado primeiro no corpo lúteo bovino e
semelhante à insulina, que parece ser mais tarde no corpo lúteo ovino. As mudanças
predominantemente expresso nas células de Leydig cíclicas associadas com a formação e a regressão do
dos testículos. Além disso, ele é produzido no ovário corpo lúteo estão relacionadas com a formação de
de uma série de espécies, tanto nas células novos vasos sangüíneos – angiogênese (19).
foliculares da teca como no corpo lúteo cíclico e no da
Fatores de Crescimento e Reprodução
gestação (36). O RLF pode substituir funcionalmente
a relaxina na vaca (37). Já está suficientemente estabelecido que o FSH e
FATOR DE CRESCIMENTO DE TRANSFORMAÇÃO (TGF ou o LH regulam as funções ovariana e testicular.
TGFa). Intimamente relacionado ao EGF, liga-se aos Todavia, é difícil explicar processos reprodutivos
recep tores EGF, exercendo efeitos similares. TGFb é como foliculogênese, sele ção de folículos ovulatórios
produzido na granulosa, células da teca e no oócito. e atrésicos, e maturação de oóci tos simplesmente
por modificações dos níveis de gonadotro finas.
FATOR DE NECROSE TUMORAL (TNF ou TNFa). Tem Durante a década passada, as atenções foram
sido tradicionalmente associado com inflamação, mas dirigidas sobre os fatores produzidos localmente e
várias comuni cações descrevem uma potencial ativados por meca nismos autócrinos e parácrinos
função no trato feminino. O TNF está envolvido no capazes de modular a capaci-
desenvolvimento dos gametas, mudan ças cíclicas no
52 PARTE II: FISIOLOGIA DA REPRODUÇÃO
dade de respostas das células-alvo ao FSH e ao LH. Esses agentes autócrinos e parácrinos podem
servir para alterar a sensibilidade ou a capacidade de resposta do FSH ou do LH de uma maneira
estimuladora ou inibidora.
REGULADORES INTRA-OVARIANOS. O folículo ovariano sofre uma rápida proliferação celular durante seu
crescimen to inicial, que aparentemente é independente de gonadotro finas circulantes. Talvez os
agentes ovarianos autócrinos e parácrinos regulem o início do crescimento folicular.
Muitos fatores de crescimento e citocinas alteram a capa cidade de resposta das células da teca ao LH
e das células da gra nulosa ao LH e ao FSH in vitro (39). Esses fatores incluem ati vinas, inibinas,
IGF-I, EGF, FGF, TGF-a e TGF-b, TNFa, interleucina-1, interferon-g e endotélio. Contudo, as ações de
apenas uns poucos desses fatores foram demonstradas in vivo.
Em 1995, Campbell testou os fatores de crescimento in vivo por infusão intra-arterial em ovelhas com
transplantes ovarianos (40). Ele descobriu que EGF, TGFa, FGF básico, inibina e flui do folicular de
bovino livre de esteróide inibiram a função ova riana, enquanto IGF-1 estimulou a secreção hormonal.
Aparentemente, o controle do desenvolvimento e a seleção do folículo ovulatório ocorre em três níveis
(21):
As gonadotrofinas iniciam o desenvolvimento folicular.
O folículo ovulatório produz fatores de crescimento que suprimem o desenvolvimento de outros
folículos por meio de mecanismos dependentes de gonadotrofinas.
Fatores dentro do folículo ovulatório modulam as ações das gonadotrofinas.
A esse respeito, as inibinas e as ativinas são potenciais sistemas reguladores intra-ovarianos. A
bioquímica das ati vinas e inibinas já foi comentada anteriormente. Cada uma é composta de duas de
três unidades peptídicas. No ovário, a expressão das subunidades peptídicas das ativinas e inibi nas
parece ser regulada pelo desenvolvimento.
IMPLANTAÇÃO E GESTAÇÃO. Os fatores de crescimento controlam a proliferação celular, a diferenciação, a
migração e a invasão durante o desenvolvimento da pré-implantação, implantação e estágios
subseqüentes da gestação. Na ovelha, o principal produto da pré-implantação do blastocisto é o trofo
blasto ovino proteína-1 (oTP-1), atualmente classificado como um q-interferon (IFN). Um interferon
trofoblasto simi lar (IFN), trofoblasto bovino proteína-1 (bTP-1) ou IFNt é um produto secretório do
efeito
concepto bovino. In vivo, esses inter ferons prolongam a duração do ciclo estral por meio de um
antiluteolítico sobre a produção uterina de PGF
2a(24).
EMBRIÃO PRECOCE. Vários fatores de crescimento estão envolvidos na implantação do blastocisto.
PDGF, uma glicopro teína (peso molecular de 30.000 dáltons), garante o crescimento das células
soro-dependentes (Tab. 3-6). O PDGF, normalmente confinado às ações parácrinas e autócrinas, é
secretado por alguns blastocistos humanos e está presente nas secreções uterinas humanas. Os
fatores de crescimento no zigoto, na mórula e nos blastocistos incluem fatores de crescimento
transformadores (TGFB1), fator-a de crescimento transformador (TGFF-a), IGF (IGF-II), PDGF e
interleucina-6 (IL-6).
Outros fatores de crescimento e isoformas relacionadas que não são transcritos pela mórula e pelo
blastocisto incluem IGF-1, fator de crescimento epidérmico (EGF) e fator de crescimento de nervos.
CONTRAÇÕES UTERINAS. O fator de crescimento deriva do de plaquetas (PDGF) e os receptores de
insulina possuem efeitos profundos sobre as células endometriais e miome trais, estimulando a sua
nas.
proliferação. O PDGF libera ácido araquidônico e a subseqüente conversão em prostaglandi
PGF
2aestimula as contrações uterinas.
FUNÇÃO DA CÉLULA DE LEYDIG. O papel das inibinas e das proteínas relacionadas não é restrito à
regulação do FSH hipofi sário. Essas proteínas são hoje reconhecidas como fatores de crescimento e
diferenciação e, nos testículos, regulam as funções celulares epiteliais e intersticiais. Em roedores e
suínos, as inibi nas e as ativinas são reguladores da esteroidogênese parácrina, por onde eles
modulam o sinal endócrino do LH. As ativinas têm um papel significativo no desenvolvimento das
células de Leydig no testículo fetal e na puberdade, isto é, as ativinas (como a TGFb) mantêm o
crescimento das células de Leydig em inatividade até a diferenciação ou puberdade (5).
Peptídeos opióides endógenos (EOP) parecem ter efeitos reguladores parácrino e autócrino sobre a
esteroidogênese das células de Leydig e participam do controle intratesticular da per meabilidade
vascular. A b-endorfina está presente no fluido tes ticular intersticial (TIF) em uma concentração muitas
vezes mais alta do que a encontrada no plasma.
REFERÊNCIAS
CAPÍTULO 3: HORMÔNIOS, FATORES DE CRESCIMENTO E REPRODUÇÃO 53
CAPÍTULO 4
Ciclos Reprodutivos
E. S. E. HAFEZ E B. HAFEZ
Definição retroalimentação negativa dos
esteróides das gônadas. O aumento
radiantes, levemente expandidas,
de gonadotrofinas resulta na elimi
compactas ou ausentes, únicas ou em
massa nação do controle inibidor do sistema
presente em fina matriz de ácido nervoso central quan do o
mucopolissacarídeo, matriz densa ou desenvolvimento corpóreo atinge
ausente, distribuição única ou em massa progressivamente um nível
quantidade de citoplasma, agregação compatível com a reprodução (Fig.
Termo
frouxa ou de aparência compacta, cor 4-1).
Células da corona pálida ou escura e em massa
No início do período da puberdade, Gônadas
aumenta a secreção de Durante a vida pré-natal e neonatal,
Massa do cumulus expandido gonadotrofinas. Esse processo a gametogênese e a
ocorre não somente em ani mais esteroidogênese parecem ser
normais, como também nos que independentes, tornando-se
Células foram castrados preco cemente,
da granulosa da intimamente relacionadas no início
sendo que nestes o processo é mais da puberdade (Tab. 4-1).
membrana folicular
evidente devi do à ausência da
O ciclo reprodutivo relaciona-se com vários fenômenos: puberdade e maturidade sexual, estação
de monta, ciclo estral, atividade sexual pós-parto e
envelhecimento. Esses componentes são regulados da secreção gonadotrófica. Em suí nos, ocorre uma
por fatores ambientais, genéticos, fisiológicos, secreção transitória de testosterona ao redor do dia
hormonais, comportamentais e psicossociais. O nível 55, quando as células de Leydig se diferenciam;
de fertilidade da época da puberdade é mantido duran depois essa secreção cai até que o feto comece a
te alguns anos antes de um declínio gradual em secretar LH pouco antes do parto. No início da
virtude do envelhecimento. Animais domésticos, puberdade, a secreção de gona dotrofina é reiniciada
porém, são abatidos bem antes de seus níveis de e as células de Leydig são reativadas. Em suínos, as
fertilidade diminuírem. células de Leydig, que estavam ativas durante a vida
fetal e neonatal, ocupam grandes áreas entre os túbu
FISIOLOGIA PRÉ-NATAL E NEONATAL los, sendo que, após a puberdade, as células
peritubulares são mais ativas.
Gonadotrofinas OVÁRIOS. A estrutura ovariana inicial não é
fundamen talmente diferente daquela dos testículos.
A secreção das gonadotrofinas FSH e LH e de O aparecimento precoce da prófase meiótica é uma
seu fator liberador hipotalâmico, hormônio LHRH, das principais diferenças entre a evolução celular
inicia-se durante a vida fetal. Na ovelha e na vaca, ela germinativa dos ovários e dos testí culos. Contudo, à
começa mais cedo, logo após a diferenciação sexual medida que as oogônias desaparecem
(no primeiro ou segundo mês de gestação), enquanto completamente, os oócitos formados durante o
na porca ocorre apenas no final da vida fetal (cerca período fetal e neonatal são a única fonte de oócitos
de 1,5 mês após a diferenciação sexual das gôna avaliáveis durante toda a vida sexual.
das). Essa secreção regride temporariamente: ela é
levemente reduzida 2 meses antes do nascimento em PUBERDADE
bovinos, quase a termo nos ovinos e 1 mês após o
nascimento em suínos. Os níveis de gonadotrofinas De um ponto de vista prático, um animal macho
permanecem baixos até o início da puberdade. A ou fêmea atinge a puberdade quando se torna capaz
duração dessa “infância” é extremamente variá vel. de liberar gametas e de manifestar seqüências de
Ela dura poucos dias no rato, 1 mês em ovinos e comportamento sexual completo. Basicamente, a
suínos, 3 meses em bovinos e 6 a 7 anos na espécie puberdade é o resultado de
humana.
TESTÍCULOS. As células de Leydig são 55
gonadotrofinas sensitivas e sua atividade
esteroidogênica continuada depende essencialmente
56 PARTE II: FISIOLOGIA DA REPRODUÇÃO
Secreção de
Evolução variável durante o
gonadotrofinas
?
Retroalimentação positiva
Completo
crescimento
folicular e
esteroidogênese
OVULAÇÃO
Reativação da
esteroidogênese
Início da
espermatogênese
envelhecimento
OVÁRIO Oogênese Foliculogênese, Diferenciação TESTÍCULOS
espermática
ENVELHECIMENT
O
Taxa de ovulação
Qualidade
Fertilidade de maturidade. Perda completa devida ao
ESPERMATOZÓIDES envelhecimento do útero
Idade na Puberdade
um ajuste gradativo entre o aumento da atividade trófica e a habilidade das gônadas em assumir
gonado simultanea mente a esteroidogênese e a
CAPÍTULO 4: CICLOS REPRODUTIVOS 57 gametogênese.
Mecanismos Endócrinos da Puberdade Em condições normais de criação, a puberdade
ocorre ao redor de 3 a 4 meses de idade em coelhos;
No início da puberdade, as concentrações 6 a 7 meses em ovinos, caprinos e suínos; 12 meses
circulantes de gonadotrofinas aumentam em em bovinos e 15 a 18 meses em eqüinos.
conseqüência do aumen to simultâneo da amplitude e A idade da puberdade é influenciada pelo
da freqüência dos impulsos periódicos de ambiente físi co, fotoperiodismo, idade e raça da mãe,
gonadotrofinas. Isso resulta dos esteróides sexuais e raça do pai e dife rentes reprodutores dentro da raça,
possivelmente de um aumento da capacidade de heterose, temperatura ambiente, peso corpóreo
resposta do hormônio GnRH, secretado pelo afetado pela nutrição e taxas de crescimento antes e
hipotálamo para regular as gonadotrofinas. Em após o desmame. O início da puberdade está mais
cordeiros de 2 a 8 sema nas, as freqüências de intimamente relacionado com o peso corpóreo do que
pulsos aumentam de 1 a 5 em um período de 6 horas com a idade. O gado leiteiro atinge a puberdade quan
(Fig. 4-2). do o peso do corpo representa 30 a 40% do peso
adulto, e no gado de corte essa porcentagem é maior
(45 a 55% do peso adulto) (3). A mesma diferença
Castrados ocorre em ovinos (ovelhas Romney: 40%; Suffolk:
50%; Scottish Blackface: 63% do peso adulto) (4).
Níveis de nutrição modulam a idade da puberdade.
Se o crescimento for acelerado por supernutri ção, o
animal atinge a puberdade em idade mais jovem. Por
outro lado, se o crescimento for retardado por
Ovariectomia Normais subnutrição, a puberdade também sofre atraso.
A puberdade e a regularidade dos ciclos estrais
em marrãs são afetadas pela raça, pelo tipo de
alojamento e pela estação do ano durante a
maturação sexual. Marrãs criadas em confi namento
Idade (semanas)
ou não e que foram expostas a um cachaço atingi ram
FIGURA 4-2. Evolução comparativa dos níveis plasmáticos de a puberdade em uma idade inferior às que não foram
LH em cordeiras normais e castradas. O aumento sub metidas a essa exposição. Em reprodutores
pré-púbere ocorre na mesma idade em ambos os animais, estacionais, a idade da puberdade depende da
sendo mais pronunciado nos castrados. (De Foster DL, estação do nascimento. Ovelhas nascidas em janeiro
Lemons JA, Jaffe RB, Niswender GD. Sequential patterns of atingem a puberdade 8 meses mais tarde, ao passo
circulating luteinizing hormone and follicle stimulating que aquelas nascidas em abril tornam-se púberes aos
hormone in female sheep from early postnatal life through 6 meses de idade (durante a plena estação de monta
the first estrous cycles. Endocrinology 1975;97:985.) de adul tos em ambos os casos). A puberdade ocorre
mais precoce mente em marrãs criadas junto a um
Gametogênese grupo do que sozinhas. A presença de um cachaço
adulto acelera a puberdade em ambas as situações
A manipulação de certos fatores durante o (5). Uma eficiência reprodutiva plena não é atin gida
período pré púbere pode adiar o início da puberdade em qualquer espécie por ocasião do primeiro cio ou
ou aumentar a pro porção do crescimento testicular. eja culação. Há um período de “esterilidade
Os gonócitos desenvolvem se ao acaso nos testículos adolescente”, acen tuadamente curto (algumas
para espermatogônias A definitivas. Esse fato, semanas) em animais domésticos se comparado com
juntamente com a formação das células de Sertoli, a espécie humana (1 ano ou mais).
marca o final do período pré-púbere e o início da
espermato gênese (1). A concentração da motilidade APLICAÇÕES PRÁTICAS DA IDADE DA PUBERDADE. A
progressiva dos espermatozóides, a concentração da idade da maturidade sexual em ovelhas está
proteína seminal e a por centagem de relacionada com a ingestão adequada de energia e
espermatozóides com morfologia normal da cabeça, com o peso corporal sufi ciente. O início precoce da
cauda e acrossoma aumentam a partir da puberdade maturidade sexual traz vanta gens econômicas pelo
por 16 semanas após a mesma. Rápidos aumentos aumento da taxa reprodutiva vital. Desse modo, é
da porcen tagem de espermatozóides com cabeças vantajoso maximizar as taxas de crescimento das
morfologicamente normais (excluindo acrossomas) e cordeiras destinadas a fazer parte do rebanho de
motilidade estão associados com rápidas diminuições reprodu ção. A aplicação de sistemas de partos
da porcentagem de espermatozóides com gotas múltiplos permite a criação de cordeiros ao longo das
citoplasmáticas proximais (2). Os primeiros folícu los várias estações do ano.
antrais aparecem durante o período pré-púbere O melhoramento genético conseguido por meio
(porca, coelha) e até mais cedo (vaca, ovelha). da inse minação artificial e da transferência de
Porém, o desenvolvi mento folicular completo, o embriões em gado leiteiro resultou da utilização de
recomeço da meiose do oócito e a ovulação são reprodutores provados. A obtenção de sêmen na
observados somente quando o FSH e o LH atingem idade mais precoce possível, de tou ros submetidos a
perfis adultos (Figs. 4-2, 4-3, 4-4). testes de progênie é altamente desejável para
acelerar a identificação de reprodutores superiores.
Basicamente, o impacto genético de um reprodutor produzidos, uma função direta do tamanho testicular.
superior é limitado pelo número de espermatozóides
58 PARTE II: FISIOLOGIA DA REPRODUÇÃO
Fertilização
Nascimento
280 dias
Vaca
Ovelha
Porca
Coelha
Diferenciação
sexual
Divisões
oogoniais
Prófase meiótica
Atresia
Nascimento
MACHO
GonócitoPERÍODO
FETAL e
PÓS-NATAL
PRÓFASE
MEIÓTICA
FÊMEA
Gonócito
Oogônia
Folículo primordial
Nascimento
Coelha
Porca
Todos os
mamíferos
Gonócito
Folículo em crescimento Folículo antral
Atresia
Vaca, ovelha mulher
Reserva de células-tronco Ao
Espermatogônia
Espermatócito
Espermatócito
Espermiogênese
EspermiogêneseDegeneração
Espermatozóides
MEIOSE Espermatócito
Espermiogênese
MEIOSE
INÍCIO DA
PUBERDADE
PUBERDADE
Folículo em crescimento Folículo antral
Atresia
Crescimento final
Espermatozóides
FIM DA MEIOSE
Folículo de Graaf
Ovulação Atresia
FIGURA 4-4. Comparação da gametogênese em mamíferos machos e fêmeas desde a vida fetal até a vida sexual
ativa. A o, reserva de células-tronco; A Ecélula-tronco da espermatogônia.
Ovulação
Menstruação
Ovulação
Cio
Ovulação
Menstruação
Ciclo menstrual
Ovulação
Cio
CAPÍTULO 4: CICLOS REPRODUTIVOS 59
FIGURA 4-5. Diagrama com parativo demonstrando diferen ças nos padrões e estágios do ciclo estral em animais
domésticos em relação ao ciclo menstrual da mulher. Note a incidência de ovulação em relação ao cio e à
menstruação. (Adaptado de uma
CICLOS ESTRAIS
A cobertura é limitada pela duração do cio, coincidindo com o momento da ovulação. Na espécie
humana e em outros primatas, a cópula não é restrita a determinado tempo do ciclo menstrual e a
ovulação ocorre no meio do ciclo (Fig. 4-5). A duração do ciclo estral em diferentes espécies é: ovelha,
16 a 17 dias; vaca, porca e cabra, 20 a 21 dias; égua, 20 a 24 dias. A duração do cio é
espécie-dependente e varia ligeiramente de uma fêmea para outra dentro da mesma espécie. Isso
também é válido para o momento da ovulação, que ocorre de 24 a 30 horas após o início do cio na
maior parte das ovelhas e vacas, 35 a 45 horas em porcas e 4 a 6 dias em éguas (Tab. 4-2). O muco
cervical sofre notáveis modificações ultra-estruturais no decorrer do ciclo.
DURAÇÃO
A duração do cio e o momento da ovulação também variam de acordo com fatores internos e externos.
Em ove lhas, o intervalo entre o início do cio e a onda ovulatória de LH (portanto, o intervalo entre o cio
e a ovulação) prolon ga-se à medida que aumenta o número de ovulações.
Regulação Endócrina de Ciclos Estrais
(Figs. 4-6 a 4-9)
O ciclo estral é regulado por mecanismos endócrinos e neuroendócrinos, principalmente os hormônios
hipotalâmi cos, as gonadotrofinas e os esteróides secretados pelos testí culos e ovários. A regulação
da secreção de gonadotrofina durante o ciclo estral requer um esmerado balanceamento entre
complexas interações hormonais. Um componente
Ovelha
Cabra Porca
Vaca
Égua
DO CICLO
ESTRAL
(DIAS)
16–17
21–22
19–25
DURAÇÃO DO CIO
(HORAS)
24–36
32–40
20–35
48–72
18–19
4–8 dias
MOMENTO DA
OVULAÇÃO
30-36 horas a partir do
início do cio Inavaliável
FIGURA 4-6. Aparecimento da onda de LH em ovelhas de acordo com o número de ovulações (raça Île-de-France).
(De Thimonier, Pelletier. Ann Biol Anim Biochim Biophys 1971;11:559.)
60 PARTE II: FISIOLOGIA DA REPRODUÇÃO
HIPÓFISESNC
SNC prolactina
secreção tônica LH, Onda
FSH, prolactina ovulatória HIPÓFISE
cíclica
Retroalimentação
negativa
Progesterona e/ou
estradiol
Fim da
Menstruação Fase secretora
ENDOMÉTRIO
ÚTERO
UTERINA ENDOMÉTRIO UTERINO
p
amamentação em suínos pode ser eficiente para a
o
indu ção do cio na fêmea antes do desmame e
ó
s
a
cobertura após o desmame. Em geral, porcas com
a
prolongados intervalos do desmame ao cio
r
u
apresentam-se magras. O consumo de energia
t
r
durante a lac tação é inversamente relacionado à
b
e
perda de peso pela porca durante a lactação, assim,
o uma baixa ingestão de energia durante a lactação
pode causar o retardamento do cio após o desmame
c
(Fig. 4-8).
a
r
i
m
FATORES ENDÓCRINOS. Um nível relativamente alto
de progesterona é estritamente necessário durante
i
a
contínua de progesterona elimina o cio e, na maioria
d
i dos mamíferos, a ovulação.
Após o parto, a progesterona cai a níveis
l
i
e
indetectáveis, sendo possível que ocorram o cio e a
F ovulação. A porca exibe cio dentro de 48 horas após
o parto, embora sem ovu lação. O alto aumento de
Meses após o parto estrógeno plasmático após o parto (10) pode explicar
o comportamento de cio em porcas. Em éguas, ocorre
FIGURA 4-9. Fertilidade do gado leiteiro na primeira um cio fértil 1 a 3 semanas após o parto. Em vacas,
cobertura após o parto. (De Casida. Wisc Expt Sta ovelhas e cabras, podem ocorrer ovulações
Research Bull No. 270.1968.) silenciosas 2 a 3 semanas após o parto, porém, ciclos
estrais férteis vol tam somente mais tarde (11-13).
Fêmeas anéstricas pós parto apresentam ciclos
estrais curtos em resposta ao desma me.
chamado de fase luteínica, que dura de 14 a 15 dias Aproximadamente 80% das vacas anéstricas
em ove lhas e de 16 a 17 dias em vacas e porcas. A pós-parto que exibiram cio dentro de 10 dias após o
fase folicular, desde a regressão do corpo lúteo até a desmame de seus bezerros apresentam ciclos estrais
ovulação, é relativa mente curta: 2 a 3 dias em de 7 a 12 dias com um pequeno aumento da
ovelhas e cabras e 3 a 6 dias em vacas e porcas. progesterona sérica após o primeiro cio. O declínio
Essa fase folicular curta não reflete a verda deira precoce de progesterona após o primeiro cio não é
duração do crescimento do folículo de Graaf. Assim, a devido à falta de LH no soro. Contudo, níveis mais
duração do ciclo estral está intimamente relacionada baixos de FSH antes da primeira ovulação podem ser
com a duração da fase luteínica. A regressão do devi dos à reduzida vida útil do corpo lúteo (Tabs. 4-1,
corpo lúteo não é causada por uma diminuição da 4-2) (14).
secreção de hormô nios luteotróficos hipofisários (LH 62 PARTE II: FISIOLOGIA DA REPRODUÇÃO
e prolactina), mas sim pela ação do fator luteolítico,
Parece que os corpos lúteos associados a ciclos
curtos em bovinos têm uma vida útil também curta ao cio depois de cerca de 1 mês, enquanto ovelhas
como conseqüên cia de (a) falta de suporte em amamentação apresentaram cio algu mas
luteotrófico; (b) falha do tecido luteínico em semanas mais tarde. Em ovinos e bovinos, a duração
reconhecer uma luteotrofina e/ou (c) secreção do anestro pós-parto varia com a raça e parece ser
aumentada de um agente luteolítico. constante para a mesma fêmea durante sucessivas
gestações.
ALEITAMENTO E LACTAÇÃO. A duração do anestro pós
parto depende do grau de estimulação mamária que a
mãe recebe e de sua condição nutricional no final da A fertilidade é baixa por ocasião do primeiro cio,
gestação e no início da lactação. Durante esse parti cularmente quando a fêmea amamenta. A
período de freqüente amamentação, as fertilidade máxi ma na vaca ocorre 60 a 90 dias após
concentrações séricas de prolactina são elevadas e o parto. Em porcas, a fertilidade é nula durante a
inversamente relacionadas às concentrações cir amamentação, mas um cio alta mente fértil ocorre
culantes de FSH e LH (15). Em gado leiteiro, o poucos dias após o desmame.
intervalo do parto à primeira ovulação está A seqüência da involução uterina ocorre da
relacionado ao nível de pro dução leiteira, sendo mais seguinte maneira:
longo em vacas com potencial genético mais alto para
Parto
essa finalidade. Devido ao fato de as vacas de alta
produção não poderem manter um balanço energético a) enrugamento preliminar do endométrio
positivo no início da lactação e necessitarem mobilizar b) necrose das carúnculas
reservas orgânicas, a atividade ovariana pós-parto c) desprendimento/descarga de tecidos
está mais intimamente associada com a produção d) regeneração/renovação do endométrio
leiteira do que com a ingestão de nutrientes e) novo revestimento epitelial totalmente restaurado
digestíveis totais (8). f) renovação retardada durante a estação
A relação inibidora entre a glândula mamária e a não-reprodutiva
função reprodutiva pode ser devida ao estímulo Existem notáveis diferenças entre espécies
neural, à secreção de uma substância inibidora ou ao quanto ao mecanismo de
meio hormonal. O nível de nutrição também influi na desprendimento/renovação/regeneração do
reprodução pós-parto, embora o efeito da endométrio de mamíferos. Nos ruminantes, as
amamentação não esteja relacionado ao efeito carúnculas são desprendidas e expulsas dentro de 4
nutricional. O intervalo do parto à involução uterina a 6 semanas. Em suí nos, ocorrem discretas
pode ser encurtado pela amamentação. Vacas em eliminações de fluido até uma sema na após o parto,
amamentação apresentam intervalos mais curtos para seguidas de regeneração do epitélio colunar e total
a involução uterina. restauração do endométrio em 3 a 4 semanas.
O intervalo do parto à primeira ovulação é
encurtado em vacas com ovariectomia unilateral
quando a cirurgia é feita 5 dias após o parto. Existe ESTAÇÃO DE MONTA
também uma interação sig nificativa entre o efeito da
Em animais selvagens, há uma estação de monta
amamentação e a ovariectomia unilateral. Esta
bem definida, com ambos os sexos em atividade
cirurgia encurta o intervalo para o primeiro cio
sexual. O ovino Barbary, uma raça selvagem,
pós-parto, ocorrendo uma hipertrofia ovariana
apresenta duas estações sexuais, uma de outubro a
compen satória nos animais que amamentam. Em
janeiro e outra de abril a junho. Em mamí feros
animais que não amamentam, a ovariectomia
domesticados, a natureza e a duração da estação de
unilateral não exerce influên cia sobre o intervalo já
monta são variáveis. Bovinos e suínos não exibem
curto (16).
estacio nalidade da reprodução, enquanto ovinos,
Em vacas de corte amamentando, o intervalo do
caprinos e eqüi nos têm uma estação de monta que
parto ao primeiro cio varia de 60 a 100 dias. Várias
varia em duração.
tentativas com desmames precoces, amamentação
limitada, tratamento com hormônio liberador de NATUREZA DA ESTAÇÃO DE MONTA. Em ovinos e capri
gonadotrofinas ou com uma combinação de nos existem importantes diferenças raciais quanto à
esteróides sexuais foram feitas para desenca dear os duração da estação de monta. Ovinos Pré-Alpinos e
ciclos ovarianos em vacas de corte anéstricas, em Merinos são reprodutores de estação longa, enquanto
amamentação, e todas induziram a ovulação. Blackface e Southdown são de estação curta. A
Todavia, a fase luteínica do primeiro ciclo estral duração da estação sexual dessas raças é 260, 200,
pós-parto e o primeiro ciclo estral após o desmame 139 e 120 dias, respectiva mente. Uma estação
precoce com amamentação limitada e tratamento com sexual longa é um caráter genético dominante. Todos
GnRH foram mais curtos do que em ciclos estrais os cruzamentos de Merino exibem uma estação
normais. sexual longa como o Merino. O cruzamento de Dorset
A importância da amamentação sobre a duração Horn com ovelha Persa produziu uma raça – Dorper –
do anestro pós-parto foi demonstrada em ovelhas que apresenta anestro de apenas 1 mês (Fig. 4-10).
com gestação experimentalmente induzida no anestro Ciclos ovulatórios silenciosos ocorrem sempre no
estacional, de modo que o parto ocorresse durante a início e no fim da estação sexual e continuam durante
estação de monta. Ovelhas desmamadas retornaram o período de anestro em um número variável de
ovelhas. Em ovelhas Ile-de France e Pré-Alpinas, a ligeiramente ativos de fevereiro a março e quiescen
freqüência de ciclos silenciosos aumen ta tes de abril a julho; a atividade é abruptamente
temporariamente na primavera. Com um carneiro reiniciada em todas as cabras em setembro.
presente, o cio comportamental aparece, permitindo Ovulações silenciosas são menos freqüentes do que
uma segunda esta ção sexual anual nessas raças. em ovelhas. Como estas, em climas tropicais, cabras
Em caprinos, a estação sexual é bem definida em Crioulas exibem contínua atividade sexual.
climas temperados. Os ovários da cabra Alpina são
ovelhas outras, como a estrais
adultas Welsh duplicam ou
na Mountain, triplicam a
apresentaram duração usual
Nº de cio/ uma estação ocorrida, o que
ovelha
(média) de monta é devido às
Blackface M. restrita. Em ovulações
quase todos os silenciosas ou
casos, a à falha na
Welsh M. estação de
monta
situou-se
B. Leicester dentro do
período dos
equinócios de
Romney M.
outono e de
primavera, e o
Suffolk meio da
estação
correspondeu
Welsh M.
Dorset H. mais
intimamente ao
dia mais curto
Dorset H.
do ano, ou
seja, 21 de
Equinócio Dia mais longo FIGURA 4-10. Grã-Bretanha. dezembro. Isso
de outono
Diferenças Algumas raças, ilustra a íntima
Duração da raciais quanto como a Dorset relação entre a
estação de monta Equinócio de outono
(média) dias Dia mais curto à duração da Horn, tiveram estação de
CAPÍTULO 4: estação de uma estação monta e a
CICLOS monta e de de monta duração do dia.
Dia mais curto REPRODUTIVOS 63 períodos sem prolongada, Note que
Equinócio
de primavera cobertura de enquanto alguns ciclos
Jul Set Nov Jan Mar Maio Jul Set Nov Cio Ovulação silenciosa
(Após Hafez ESE. J Agric Sci 1952;42:305.) janeiro a agosto, e aumenta subitamente no início da
esta
( o
P e
c
Condições repro dutivas locais freqüentemente
mascaram sua expressão. Em
i
Carneiro
Meses
ção, que podem mudar de ano para ano. As vacas A experiência mais conclusiva mostrando o
são as principais responsáveis pela variação controle da reprodução pelo fotoperiodismo foi
estacional da fertilida de, conforme demonstrado conduzida em ovinos. Com dois ciclos
pelos índices de não retorno após inseminações na fotoperiódicos por ano, as ovelhas passam
primavera e outono com sêmen congelado colhido no FIGURA 4-11. (A) Variação estacional do peso testicular no
outono ou na primavera. A fertilidade na porca é mais carneiro Île-de-France (o peso testicular é ajustado ao
baixa no verão e, conseqüentemente o tamanho da peso corporal) (47° N). (De Pelletier. Tese de PhD.
leitegada também é menor (Fig. 4-13). Universidade de Paris, 1971). (B) Variações estacionais
dos níveis de testosterona plasmática em carneiros
Île-de-France e bode Alpino. (Carneiro: de Attal. Tese de
PhD, Universidade de Paris, 1970; Bode: de Saumande,
Rouger. CR Acad Sci Paris D 1972;274:89.)
Meses
64 PARTE II: FISIOLOGIA DA REPRODUÇÃO
a
0
d
0
a
1
.
g
p
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Meses
é
Porcas
Marrãs
Meses de um ano
FIGURA 4-12. Variação estacional da fertilidade em bovinos com 320.000 inseminações artificiais durante sete anos
(raça Montbéliard no Jura Francês, 47° N). O índice de não retorno é mais baixo na primavera e mais alto no
outono. (De Courot et al. Ann Biol Anim Biochim Biophys 1968;8:209.)
por duas estações de monta anuais (Fig. 4-14). Quando é per mitido à ovelha acasalar-se
meses, sendo que aos 5 meses de gestação segue
regularmente, os partos ocorrem a cada 6 1/2 se
mês. A égua é uma repro
um anestro lactacional de 1 1/2 dutora estacional de dias longos, com
ciclicidade reprodutiva ocorrendo de maio a outubro nas latitudes norte, o que é considerado cedo. A
determinação arbitrária de 1º de janei ro como data de nascimento de todos os potros de determi nado
ano criou uma demanda na indústria eqüina, como a administração de hormônios para adiantar o
início da esta ção de monta natural de éguas por 3 a 4 meses. Assim, os potros nascerão mais
próximos ao primeiro dia do ano.
No hemisfério norte, o aumento da luz diária para 16 horas em novembro e dezembro adianta o início
da estação
a
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ç
a
Estação de monta
FIGURA 4-13. Evolução do tamanho da leitegada em porcas e marrãs inseminadas artificialmente no oeste da
França (46° N). Esse estudo inclui 4.510 marrãs e 13.324 porcas e corresponde a 3 anos consecutivos. (De
Courot, Bariteau. Comunicação pessoal, 1978). A fertilidade suína é mínima sob condições de dias longos e
temperaturas altas, conforme ficou evidenciado pelas leitegadas menores de julho nas porcas e marrãs. Note que
porcas adultas tiveram 1,5 leitão a mais por leitegada do que as marrãs durante o ano inteiro.
sexual da égua; a primeira ovulação ocorre até 3 meses mais cedo do que sob o fotoperiodismo
natural. Ciclos induzidos são normais e férteis endocrinologicamente (17). Vários tra tamentos
hormonais foram utilizados com variado sucesso, como a gonadotrofina sérica de égua prenhe
(PMSG), gona dotrofina coriônica humana (hCG), hormônio liberador de gonadotrofinas (GnRH),
progesterona e extrato hipofisário eqüino (18). Manipulações similares também são eficientes com
carneiros. Usando dois ciclos fotoperiódicos por ano, o carneiro exibe dois períodos de atividade
espermatogênica
Natural
Artificial
Meses
FIGURA 4-14. Períodos de atividade sexual em ovelhas Limousine. Acima: Sob periodicidade natural, o cio ocorre
normalmente durante o período de diminuição da luz do dia. Abaixo: Sob ciclos de fotoperiodismo de 6 meses, o
cio ocorre durante o período de aumento da luz do dia. (De Mauleon, Rougeot. Ann Anim Biochim Biophys
1962;2:209.)