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Guia do

Trader

Gustavo
Abril/2020 Almeida
Antes de mais nada, preciso dizer:
é um grande prazer ter você junto comigo neste pri-
meiro passo da Sala de Trading Spiti. As próximas
linhas servirão como um importante ponto de apoio
à nossa jornada, que tem como objetivo principal
identificar oportunidades para gerar ganhos rápidos
e pontuais no mercado.

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Quero habilitar você a exercer com maestria a pro-
fissão de trader, independentemente do seu grau de
especialização no assunto. E, neste guia exclusivo,
apresento alguns pontos que considero essenciais
para o acompanhamento da nossa estratégia não
apenas na teoria, como também na prática.

Se você ainda é iniciante neste universo, não


se preocupe. No Guia Prático do Trader:
Primeiros Passos você encontrará resposta
às principais questões iniciais. Recomendo
que você comece por lá para, só depois, se-
guir com a leitura deste Guia do Trader.

Trader é, acima de tudo, o exercício de uma profissão


que não olha apenas para o longo prazo no merca-
do. Dedicando grande atenção ao cenário atual, sem-
pre busca uma boa oportunidade de entrada em uma
operação, a fim de multiplicar o capital investido de
forma substancial também no curto prazo.

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Em geral, o longo prazo nos apresenta um horizonte
muito incerto, principalmente em meio à grande velo-
cidade de mudança da economia. E é importante ter
em mente que, no curto prazo, desde que apoiados em
uma estratégia racional de análise, podemos nos po-
sicionar de maneira correta, sem correr riscos desne-
cessários. Não apenas para ganhar de forma concre-
ta, mas também para, após pegar o movimento, poder
colocar o seu capital para descansar de verdade.

Neste guia, quero dividir ensinamentos que aprendi


ao longo dos meus mais de 15 anos de mercado na
prática, como analista, investidor e trader de Bolsa.
Sem dúvida, foi um período de grande amadureci-
mento diário e de compreensão de como negociar no
mercado.

O foco principal da minha análise é estruturado com


base em três pilares fundamentais:

1. o ciclo dos preços;

2. as nossas capacidades e limitações;

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3. e a gestão do nosso próprio dinheiro
quando investimos.

E, depois, ao final, apresento conclusões que con-


sidero essenciais para o desenvolvimento da nossa
estratégia na prática, além de um apêndice com in-
dicações de corretoras, plataformas e mercados para
você atuar.

É um grande prazer ter


você comigo nesta jornada
que começa AGORA!

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1 O ciclo
dos preços
Não conheço nada na vida que
não se movimente em ciclos. Tudo
tem um início, um meio e um fim.
Sempre há um movimento e, que-
rendo ou não, há duas forças que
alternam de intensidade com o
passar do tempo. E isso aprende-
mos desde cedo.

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Quando eu estava no colégio, eu praticava tênis, com
torneios quase toda semana. Minha vida era dinâmi-
ca, e não linear. E a volatilidade, principalmente emo-
cional, era algo a que estava muito acostumado, já
que momentos felizes e tristes se alternavam muitas
vezes ao longo dos dias.

Depois, quando completei meu ciclo no colégio, che-


gou a hora de um novo ciclo. Minhas opções eram
claras: ou me tornava um profissional, ou estudava.
E, para um garoto do interior de Pelotas (RS) sem
grandes recursos, e com meu pai recém-quebrado
nos negócios, era impossível destinar recursos finan-
ceiros para uma aposta no esporte.

Foi então que “decidi” estudar, começando por Enge-


nharia da Computação. Logo depois viria um novo ciclo,
quando troquei o curso para Comércio Exterior, pois
queria aprender a realizar negócios, ser livre e dinâmico.

O fato é que pensar em uma vida linear nunca me pa-


receu ser algo que se enquadrasse ao meu perfil. Daí
para o dia a dia do mercado financeiro foi um pulo,
como você pode imaginar. Na Bolsa, por trás de cada
negociação, existem pessoas que são movidas por ci-
clos, como eu e você.

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E para que uma operação seja realizada, alguém pre-
cisa vender ou comprar, estendendo essa percepção
de ciclos à definição dos preços.

Fonte: Nelogica

Podemos ver, na imagem acima, as informações so-


bre os negócios realizados com as ações da SLC Agrí-
cola. A cada linha, temos uma transação concretiza-
da, com a especificação do comprador, do vendedor,
o valor do negócio, a quantidade de ações negociada
e o horário.

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Note que, na coluna mais à esquerda, esse horário da
transação chega a ser medido em milésimos de se-
gundo devido à enorme velocidade de negócios en-
volvendo as ações das empresas na Bolsa.

E é aqui que começamos a orientar nosso foco: um


trader procura negociar ações de empresas com um
volume expressivo de negócios.

Todo o negócio realizado nos mercados deixa uma


marca de variação do preço. Uma forma de acompa-
nharmos essas variações é utilizando um gráfico que
reúne todas essas operações, mas com as informa-
ções mais relevantes marcadas. Isso nos ajuda a in-
terpretar melhor o movimento ao longo do tempo.

Um gráfico possui dois eixos: um horizontal, que nos


dá uma referência de tempo, para voltarmos para trás
e olharmos em um determinado momento histórico
qual foi a oscilação do mercado; e um vertical, que
nos mostra a variação do preço.

Observe abaixo:

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Fonte: Nelogica

O gráfico acima mostra a variação diária das ações


da SLC Agrícola ao longo do tempo. Porém, essa in-
formação está limitada ao último negócio do dia. E,
como já vimos, existem muitos outros negócios – na
verdade, centenas e até mesmo milhares – que ocor-
rem em preços variados.

Por isso, os investidores de um passado muito distan-


te, lá no Japão, criaram um outro tipo de gráfico, o de
velas, popularmente conhecido como de candlesticks,
um nome até simpático para o volume e a carga de in-
formação que ele nos entrega.

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Um candlestick nos mostra bem mais do que o último
negócio: ele mostra o valor do primeiro negócio, do
último negócio, do negócio mais alto e do mais baixo
em um dia. Ele forma uma figura que possui um corpo
e um pavio, conforme você pode ver abaixo:

Fonte: Spiti

Um corpo vazado (claro) indica alta, enquanto um


corpo fechado (escuro) indica baixa. Como identificar
isso? Bem, a parte inferior de um corpo claro indica
o primeiro negócio ocorrido no candle, e o topo do
corpo indica o último negócio ocorrido no candle –
e cada candle mostra o comportamento do mercado
em certo período de tempo.

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Os pavios, que são as linhas que saem do corpo, indi-
cam as oscilações fora desse limite de abertura e fe-
chamento; máxima e mínima. Nos candles fechados,
escuros, o primeiro negócio ocorre no topo do corpo
do candle, e o último, na base do corpo do candle.

Quanto maior o corpo, maior é a intensidade de alta


ou queda que o mercado está tendo e mais forte é a
tendência. Quanto menor o corpo, menor a intensi-
dade e maior é a incerteza que o mercado está tendo.

Fonte: Nelogica

Essas duas forças, de alta e de baixa, estão constan-


temente presentes no mercado. Como trader, você
consegue olhar para elas no que chamamos Livro
de Ofertas (também chamado de Book de Ofertas),
como no exemplo abaixo:

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Fonte: Nelogica

Há duas colunas: a da esquerda (azul), que identifica


os compradores, ou seja, todos aqueles que querem
comprar ações por um preço específico; e a da direita
(vermelha), que marca os vendedores, todos aqueles
que querem vender as ações.

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No Livro de Ofertas, conseguimos também verificar
qual corretora está querendo comprar e vender um
ativo e a quantidade que deseja negociar. Mas o mais
interessante é pensarmos que existem muitas pes-
soas querendo negociar uma determinada ação pelo
mais variado preço.

Obviamente, sob determinados valores, teremos


mais pessoas querendo comprar, enquanto sob ou-
tros, mais pessoas estarão querendo vender. E isso
faz parte. Como você bem deve saber, o mercado é
dinâmico e não existe uma verdade absoluta.

Nesse mar de negociações, o preço vai oscilando ao


longo do tempo, alternando-se entre movimentos de
alta e queda. E é aí, nesse sobe e desce constante,
que você, como trader, encontra as oportunidades
para gerar ganhos rápidos e pontuais no mercado.

Esses movimentos possuem certo padrão de com-


portamento, o que facilita muito na hora de decidir
negociar. Esses padrões são como ondas, que se pa-
recem com um “M” ou um “W”.

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Agora proponho um exercício
rápido: você consegue identificar
onde estão os Ws?

Fonte: Nelogica

Na imagem abaixo, destaquei para que ficasse mais


claro pra você.

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Fonte: Nelogica

E os Ms, onde estão?

Fonte: Nelogica e análise Spiti

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É fácil notar nas imagens como os ciclos dos preços
se desenvolvem e se alternam. E aí vem a pergunta
inevitável: quando negociar, então?

Eis um belo aprendizado sobre o mindset para você,


analista profissional ou que ainda pretende ser trader:
precisamos aprender a fazer escolhas, e uma escolha
nada mais é do que um processo de abandono.

Pois é, se você se sente mais confortável em negociar


em situações de alta da Bolsa, precisa entender que,
quando elas ocorrerem, você vai ganhar dinheiro com
elas. Mas quando for a vez das quedas, você ficará de
fora, apenas olhando a Bolsa cair sem margem para agir.

Não tem como ganhar ao mesmo tempo na alta e na


baixa, e saber escolher é fundamental para se ter su-
cesso. Aprender a exercitar o abandono de um des-
ses movimentos é um bom avanço para sermos bem-
-sucedidos nas nossas operações.

Esses movimentos em Ms e Ws possuem uma padro-


nização no comportamento. Podemos denominar es-
sas marcações pelas seguintes letras: X, A, B, C e D.

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Um ciclo ocorre quando existe a estrutura completa.

É importante termos em mente que, quando pensa-


mos em negociar, geralmente buscamos situações
sobre as quais tenhamos certeza, pois não queremos
colocar o nosso dinheiro em risco em ambientes incer-
tos. E tem mais: na Bolsa, quando todos temos certe-
za de algo, é porque os movimentos já ocorreram.

Ou seja, para negociarmos bem, precisamos apren-


der a encarar as incertezas futuras, pois serão elas
que nos trarão a rentabilidade, o ganho, o dinheiro
que vai nos satisfazer.

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Sendo assim, como olhar para os ciclos dos mercados?

1. Identificar um ciclo M ou W fechado,


pois esse será o nosso passado (certeza);

2. Deixar o mercado realizar o movimen-


to AB do W ou do M;

3. Esperar o movimento BC ocorrer;

4. Negociamos a perna CD quando a


cotação superar a região do ponto B.

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Outro ponto importante que podemos observar nas
imagens é que toda perna CD de um ciclo M vira uma
perna XA de um movimento W.

Sabe por que isso ocorre? Pense comigo: nas nego-


ciações em que sempre temos um comprador e um
vendedor, uma coisa não é isolada da outra. Então,
um movimento para uma direção se torna uma força
potencial para o movimento na outra direção.

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2 Nossas
capacidades
e limitações

Ser trader é ter como maior virtude


a sua capacidade de escolha, com
o livre-arbítrio muito vivo consigo.
Só que, ao mesmo tempo em que o
trader tem o direito de livre esco-
lha dentro das opções existentes
no mercado, as suas obrigações
recaem diretamente sobre o resul-
tado de suas escolhas.

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Não existe direito sem obrigações. E, quanto mais
cedo descobrirmos isso, mais rápido colheremos
os frutos das operações na prática.

Com a evolução da tecnologia e das plataformas, as


corretoras entregaram cada vez mais possibilidade
de alavancar o nosso dinheiro, e, assim, negociar vo-
lumes financeiros maiores do que aqueles que pos-
suímos. Isso fez com que as possibilidades de ganhos
se acelerassem muito.

Mas, com todo esse benefício, vieram consequências


nem tão positivas, pois muitas pessoas não sabem o
que é alavancagem, por exemplo, e acabam perden-
do tudo aquilo que investiram.

Tenho certeza de que, assim como eu, você não quer


sofrer perdas relevantes no seu capital. Por isso, chegou
a hora de aprendermos três conceitos fundamentais do
mercado de ações: assimetria, stop e alavancagem.

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Cada um deles pavimenta o caminho para que você
consiga desenvolver um bom entendimento sobre
segurança na gestão do seu dinheiro.

Vamos conhecê-los mais a fundo?

ASSIMETRIA
É a relação de risco e retorno da operação que você
vai realizar. Na condição de trader, toda a operação
(negociação) é matematicamente analisada. A alea-
toriedade não faz parte do processo.

Analisar a assimetria é fundamental para saber di-


zer “não” a algumas oportunidades que parecem ser
interessantes, mas que na realidade não são. Uma
relação mínima aceitável para uma negociação que
valha a pena ser executada tem de ter um retorno
de pelo menos três vezes o risco.

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STOP
Um trader calcula as suas operações e sabe que errar
faz parte da jornada, mas sabe também que, quanto
antes identificar o erro, menos tempo e dinheiro ele
perde. Por isso, no início de cada operação, é mui-
to importante sempre ter definido qual é o máximo
que está disposto a perder. Tudo é controlado para
que não haja surpresas pelo meio do caminho.

ALAVANCAGEM
Um trader utiliza a alavancagem a seu favor. Ala-
vancar é utilizar uma força extra para gerar retornos
maiores do que a utilização do nosso capital permite,
por exemplo, na modalidade de negociações em que
compramos e vendemos no mesmo dia (day trade)
a corretora exige do trader uma margem de garan-
tia que é um valor percentual do volume financeiro
negociado. O uso de alavancagem não é uma obriga-
toriedade, principalmente para quem tem um capi-
tal maior pois os ganhos absolutos sobre um capital
maior satisfazem mais do que um ganho absoluto de
um capital menor.

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1% de R$ 100.000,00 é R$ 1.000,00

1% de R$ 1.000,00 é R$ 10,00

Ganhar 1% de um valor de R$ 100.000,00 permite


que façamos bem mais coisas do que ganhar 1% em
cima de um valor de R$ 1.000,00.

E, quando você busca potencializar os ganhos dessa


forma, tem de entender que também potencializa as
suas perdas. Existem instrumentos financeiros que,
por natureza, já são alavancados, como é o caso dos
contratos futuros (índice e dólar) e de opções, que
são direitos de compra e venda de uma ação em uma
data futura. Tem um link ao final deste arquivo que
explica cada um destes instrumentos financeiros.

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3 Gestão do
próprio
capital

O objetivo do profissional de tra-


ding é fazer com que o seu dinhei-
ro cresça ao longo do tempo. Ele
se aproveita da situação do mo-
mento e faz uma gestão muito cui-
dadosa do seu capital, pois, sem
o capital, ele não tem como traba-
lhar no mercado.

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Vou contar uma experiência pessoal, e que gostaria mui-
to que fosse levada em consideração na hora de você
investir, para encerrar o nosso Guia do Trader.

Quando comecei a negociar em tempo integral, e so-


mente com o meu dinheiro, eu me vi em apuros. Em
2009, em uma única operação, eu quebrei. Perdi nada
menos que 95% do meu dinheiro. E sabe o que é mais
interessante? Eu quebrei não por não ter interpretado
o ciclo do preço, mas, sim, porque utilizei de muita ala-
vancagem sem um stop. Então, em vez de sair da ope-
ração e retornar, resolvi manter a minha posição e perdi.

Após eu encerrar a minha ordem, o mercado se compor-


tou exatamente da forma que eu acreditava, indo para
onde eu achava que ele iria. Mas já era tarde demais, e
tive de recomeçar do zero.

O fato é que, quando começamos a jornada, ou melhor,


quando começamos a negociar, o dinheiro que está
sendo exposto é aquele que ganhamos como resultado
de nossos esforços. Este dinheiro tem uma “memória”
que não é a do ganho na Bolsa, ou seja, ele tem vários
simbolismos como horas de trabalho, herança, privação
de uso etc.

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No entanto, um trader está dedicado ao seu processo
de crescimento financeiro, então, precisa ver o retorno
acontecendo na prática para se manter motivado e ter
compensado o seu trade off, ou seja, a escolha em ficar
acompanhando o mercado em vez de estar fazendo ou-
tra coisa da sua vida.

Sendo assim, o processo de gestão do capital depende


muito dos seus objetivos financeiros e da sua atual situ-
ação financeira, de quanto de dinheiro tem e de quanto
desse capital está disposto a investir.

Em resumo, o que recomendo para você que deseja


começar a atuar como trader é:

1. Defina quanto de dinheiro vai desti-


nar para realizar o trade;

2. Defina também o máximo que você


aceita perder desse dinheiro e lembre-
-se: um trader conhece os seus riscos
sempre com antecipação;

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3. Desse valor, estipule quanto aceita
arriscar em cada operação. Esse mon-
tante será o máximo que irá perder
caso a negociação não dê certo;

4. Verifique quantas operações negati-


vas você precisa ter para atingir o má-
ximo de perda aceitável sobre o seu
dinheiro. Esse será o seu pior cenário
nesta profissão;

5. Determine a menor relação de


risco vs retorno aceitável para rea-
lizar alguma negociação;

6. Defina metas de ganhos e perdas na


semana, mês e semestre, para reava-
liar o que está sendo feito;

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7. Reflita se as metas são possíveis ou
estão muito irreais;

8. Estipule quanto (em porcentagem)


gostaria de aumentar seu capital men-
sal e semestralmente.

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APÊNDICE DAS AULAS

1. Vídeo de abertura de conta em corretora

2. Corretoras sugeridas

a. www.xpi.com.br

b. www.clear.com.br

c. www.rico.com.vc

d. www.modalmais.com.br

e. www.btgpactualdigital.com

f. www.orama.com.br

g. www.easyinvest.com.br

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3. Plataformas de trade com simuladores
para treinar

a. www.nelogica.com.br

b. www.flashtrader.com.br

c. www.itevolution.com.br

d. www.tryd.com.br

4. Melhores ativos para day trade e swing


trade

a. Mercado Futuro

b. Mercado de opções

c. Ações que estão no Ibovespa

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