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O MATRIARCADO NOS ESTUDOS

DE RELIGIÃO E NO FEMINISMO
Andressa Furlan Ferreira (PPGCR-UFPB/NEVE/VIVARIUM NE)
O MATRIARCADO NOS ESTUDOS DE RELIGIÃO
E NO FEMINISMO

1. Noções do conceito de matriarcado


2. Cynthia Eller
• O mito da Pré-História matriarcal
• Apropriações do mito da Pré-História matriarcal
3. Aili Nenola
• O folclore como um instrumento de consenso e
contestação
• O mito do matriarcado como folclore de consenso
• O folclore feminista
4. Considerações finais
O QUE É MATRIARCADO?
NOÇÕES DO CONCEITO DE MATRIARCADO

“O matriarcado foi tradicionalmente definido como uma sociedade ou grupo no


qual as mulheres têm poder sobre os homens. Antropólogos têm debatido até
que ponto tais sociedades existem. Matriarcados realmente existem, mas não da
forma que a definição habitual implica. Com base em seu estudo da sociedade
matriarcal Minangkabau (Sumatra Ocidental, Indonésia), a antropóloga Peggy
Sanday defende que os acadêmicos têm usado uma definição ocidental de
poder para definir matriarcado, que não se aplica a sociedades não-ocidentais.
Os Minangkabau definem a si mesmos como uma sociedade matriarcal,
significando que as mulheres têm poder econômico e social. Entretanto, os
Minangkabau não são governados por mulheres. As pessoas acreditam que a
ordem deveria ser consensual, incluindo homens e mulheres. Matriarcado existe,
mas não como espelho do patriarcado (Sanday 2002).”

ANDERSEN, Margaret; TAYLOR, Howard; LOGIO, Kim. Sociology: The Essentials. 9th edition. Cengage Learning, 2015, p. 266.
NOÇÕES DO CONCEITO DE MATRIARCADO

Merriam-Webster Dictionary:
• a family, group, or government controlled by a woman or a group of women
• a social system in which family members are related to each other through their mothers

Cambridge Dictionary:
• a type of society in which women have most of the authority and power, or a society in
which property belongs to women and is given to children by women rather than men

Dicionário Priberam da Língua Portuguesa:


• Tipo de organização social em que a autoridade é exercida pelas mulheres.

Dicionário Online de Português:


• Sociologia. Sistema social em que o poder predominante seria o da mulher. (Acreditou-se, no
século XIX, que este sistema teria dominado algumas civilizações antigas, entretanto não foram
encontrados registros empíricos que comprovem esta teoria).
Fonte: http://www.mapsofworld.com/around-the-world/matriarchy.html
NOÇÕES DO CONCEITO DE MATRIARCADO

• Ginecocracia  predominância das mulheres no governo.

• Matrilinearidade  classificação de uma sociedade cuja


descendência é pautada pela linhagem materna.

• Matriarcado  organização social em que a mulher-mãe teria


uma posição dominante em todas as esferas sociais.

• Culto a divindades femininas


O MATRIARCADO NOS ESTUDOS DE RELIGIÃO E NO FEMINISMO

Cynthia Eller
Claremont Graduate University (EUA)

ELLER, Cynthia. The Feminist Appropriation of Matriarcal Myth in the 19th and 20th Centuries. In: History
Compass 3, NA 179, 2005.
O MITO DA PRÉ-HISTÓRIA MATRIARCAL

 Mito da Pré-História matriarcal:


• Culturas de dominação masculina foram precedidas por culturas matriarcais
• Sociedades pré-históricas eram caracterizadas pela superioridade feminina
ou igualdade de gênero e foram destruídas por sociedades patriarcais entre
3000 e 1000 a.C.
• Implausível da perspectiva da História e da Arqueologia
 Origens intelectuais: século XIX  Bachofen (1861), McLennan (1865)
 O mito da história matriarcal tem um apelo óbvio para as feministas por afirmar
que o patriarcado não é universal no tempo e no espaço, que não é nem inevitável
nem é a única maneira de os seres humanos se organizarem.

ELLER, Cynthia. The Feminist Appropriation of Matriarcal Myth in the 19th and 20th Centuries. In: History Compass 3,
NA 179, 2005.
APROPRIAÇÕES DO MITO DA PRÉ-HISTÓRIA MATRIARCAL (SÉCULO XIX)

 Friedrich Engels (1884):


• Influência de Lewis Henry Morgan e August Bebel
• Morgan (1878)  meios de subsistência como importante
marcador de relações entre os sexos
Friedrich Engels
(1820-1895) • Bebel (1879)  análise do status das mulheres em Lewis H. Morgan
(1818-1881)
sociedades de dominância masculina e apelo à igualdade
sexual
• Engels (1884)  a sociedade humana teria começado
maravilhosamente, mas tomado um rumo muito errado;
oportunidade de instituir uma igualdade há muito tempo
perdida entre mulheres e homens
August Bebel
(1840-1913)

ELLER, Cynthia. The Feminist Appropriation of Matriarcal Myth in the 19th and 20th Centuries. In: History Compass 3, NA 179, 2005.
APROPRIAÇÕES DO MITO DA PRÉ-HISTÓRIA MATRIARCAL (SÉCULO XIX)

Primeira onda feminista

 Stanton (1888) e Gage (1891) afirmaram que:


• Uma sociedade governada por mulheres seria uma
sociedade centrada em torno da maternidade, e,
devido às tendências benéficas "naturais" das mães,
tal sociedade seria um bom lugar para se estar.
• A Pré-História foi caracterizada pela "supremacia"
das mulheres: as mulheres eram "as governantes" e
os homens seus inferiores sociais.
Elizabeth Cady Stanton Matilda Joslyn Gage
(1815-1902) (1826-1898)

ELLER, Cynthia. The Feminist Appropriation of Matriarcal Myth in the 19th and 20th Centuries. In: History Compass 3, NA 179, 2005.
APROPRIAÇÕES DO MITO DA PRÉ-HISTÓRIA MATRIARCAL (SÉCULO XIX-XX)

Primeira onda feminista

 Expansões do mito:
• Argumentos “darwinianos”  adaptação da teoria
da seleção sexual; mulheres designadas pela
natureza para escolher os melhores parceiros
• Ênfase na ideia de culto à deusa como
característica das sociedades matriarcais
 Matilda Gage (século XIX)  sociedades matriarcais
também seriam sociedades de culto à deusa; mulheres
como sacerdotisas e homens como filhos e amantes

ELLER, Cynthia. The Feminist Appropriation of Matriarcal Myth in the 19th and 20th Centuries. In: History Compass 3, NA 179, 2005.
APROPRIAÇÕES DO MITO DA PRÉ-HISTÓRIA
MATRIARCAL (SÉCULO XIX-XX)

 Rosa Frances Emily Swiney (1847-1922):


• Sufragista; influente no feminismo eduardiano
• The League of Isis (sociedade teosófica)  material
religioso, médico e antropológico
• supremacia biológica da mulher; a espécie humana
estaria em um processo rumo à androginia;
necessidade do retorno à sociedade matriarcal

MORT, Frank. Dangerous Sexualities – Medico-moral politics in England since 1830.


2nd edition. New York: Routledge, 2000, p. 109.

ROBB, George. Between Science and Spiritualism: Frances Swiney’s Vision of a Sexless
Future. In: Diogenes, vol. 52, n. 4, 2005.
APROPRIAÇÕES DO MITO DA PRÉ-HISTÓRIA
MATRIARCAL (SÉCULO XX)

Segunda onda feminista

 Início dos anos 1970; EUA


 Kate Millett, Robin Morgan, Gloria Steinem, Phyllis
Chesler  breves menções ao mito; preocupação em
explicar a natureza e a incerteza da autoridade patriarcal

ELLER, Cynthia. The Feminist Appropriation of Matriarcal Myth in the 19th and 20th
Centuries. In: History Compass 3, NA 179, 2005.
APROPRIAÇÕES DO MITO DA PRÉ-HISTÓRIA MATRIARCAL (SÉCULO XX)

Movimento feminista de espiritualidade

 Ápice da popularidade: anos 1980-90


 Wiccas individuais (Zsuzsanna Budapest, Morgan McFarland)
 O culto à deusa prevalece sobre a soberania política da mulher
Z. Budapest (1979) Margot Adler (1979)  Menos ênfase na maternidade
 Era matriarcal enaltecida pela harmonia com a natureza e pela
liberdade sexual
 Rejeição às religiões monoteístas (Merlin Stone, Mary Daly), por
manter a autoridade patriarcal
 Deusa: idealização do feminino

Starhawk (1979) Riane Eisler (1987)

ELLER, Cynthia. The Feminist Appropriation of Matriarcal Myth in the 19th and 20th Centuries. In: History Compass 3, NA 179, 2005.
AS ESTATUETAS DE VÊNUS (SÉCULO XX-XXI)

 Anos 1970  as teorias da arqueologia se


distanciam dos cultos de fertilidade e dos cultos à
deusa
 Marija Gimbutas, incentivada por feministas
espirituais, continua a defender o mito; encontrou
epifanias da Deusa em tudo e acreditou ter
desvendado o simbolismo religioso do período
Neolítico
 Estudos recentes:
• Pamela Russell (1998); Olga Soffer, James
M. Adovasio, David C. Hyland (2000);
Richard Lesure (2002); Douglass Bailey
(2009); Kaylea Vandewettering (2015)

ELLER, Cynthia. The Feminist Appropriation of Matriarcal Myth in the


19th and 20th Centuries. In: History Compass 3, NA 179, 2005.
HAGIA – INTERNATIONAL ACADEMY FOR MODERN MATRIARCHAL STUDIES

 Fundada em 1986
 Heide Goettner-Abendroth
 Cécile Keller
HAGIA – INTERNATIONAL ACADEMY FOR
MODERN MATRIARCHAL STUDIES

“Matriarcados não são simplesmente o contrário do


patriarcado, com mulheres governando sobre homens —
conforme interpretações errôneas e usuais. Matriarcados são
sociedades centradas na mãe e têm base em valores
maternais: cuidado, alimentação, maternalidade, que se
aplicam para todos: para mães e aqueles que não são mães,
para mulheres e homens.
Sociedades matriarcais são conscientemente construídas em
cima desses valores maternais e função maternal, por isso
são muito mais realistas do que patriarcados. Elas são, a
princípio, orientadas pela necessidade. Seus preceitos
almejam atender as necessidades de todos com o maior
benefício. Assim, nos matriarcados, a maternidade — que se
origina como um fato biológico — é transformada em um
modelo cultural. Esse modelo é muito mais apropriado à
condição humana do que o modo como os patriarcados
conceitualizam maternidade e a utilizam para tornar as
mulheres, especialmente mães, em escravas.”

Fonte: http://www.hagia.de/en/matriarchy.html
O MATRIARCADO NOS ESTUDOS DE RELIGIÃO E NO FEMINISMO

Aili Annikki Nenola


University of Helsinki (Finlândia)

NENOLA, Aili. Gender, Culture, and Folklore. Translated by Laura Stark-Arola. In: ELO – Estudos de
Literatura Oral, n. 5, 1999.
GÊNERO, CULTURA E FOLCLORE

 Tradições culturais e as mulheres


 Folclore como um instrumento de consenso e contestação
 O status das mulheres e o mito do matriarcado
 Uma tradição de contestação?
 Mulheres e tradições culturais

NENOLA, Aili. Gender, Culture and Folklore. Translated by Laura Stark-Arola. In:
ELO – Estudos de Literatura Oral, n. 5, 1999.
TRADIÇÕES CULTURAIS E AS MULHERES

 Práticas, divisão de trabalho e respectivos deveres


associados, imagens, conceitos e ideais  cultura
tradicional de qualquer sociedade; “instituições
masculinas”
 Objetivos dos estudos feministas:
• Entender como funcionam as estruturas e práticas
que oprimem as mulheres, inclusive seus métodos
e estratégias
• Demonstrar o que as mulheres tem sido
historicamente e o que são no presente
 Invisibilidade da mulher

NENOLA, Aili. Gender, Culture and Folklore. Translated by Laura Stark-Arola. In:
ELO – Estudos de Literatura Oral, n. 5, 1999.
TRADIÇÕES CULTURAIS E AS MULHERES

 O nascimento da cultura escrita significou a exclusão


das “pessoas comuns”, inclusive das mulheres; elite
mantenedora da cultura dominante

 Objetivo do feminismo folclórico:


• identificar o papel das mulheres na tradição oral
• identificar quais tipos de tradições elas usaram
• identificar como elas usaram as tradições

NENOLA, Aili. Gender, Culture and Folklore. Translated by Laura Stark-Arola. In: ELO – Estudos de Literatura Oral, n. 5, 1999.
FOLCLORE COMO UM INSTRUMENTO
DE CONSENSO E CONTESTAÇÃO

 O folclore pode ser usado tanto para manter


quanto para desafiar um status quo dentro de uma
comunidade.
 Folclore como cultura de contestação, (Luigi
Lombardi-Satriani, 1974)
 O folclore reflete e suporta a integridade de uma
comunidade e sua cultura de uma geração para
outra ao transmitir um senso de continuidade em
termos de valores, normas e estrutura social.

NENOLA, Aili. Gender, Culture and Folklore. Translated by Laura Stark-Arola.


In: ELO – Estudos de Literatura Oral, n. 5, 1999.
FOLCLORE COMO UM INSTRUMENTO DE CONSENSO E CONTESTAÇÃO

 Perspectiva funcionalista (William Bascom, 1965)  o folclore é usado para socializar os membros de
uma comunidade e mantê-los em seus lugares

 Nenola critica a perspectiva funcionalista  como instrumento de contestação, o folclore é uma “arma”
usada pelos oprimidos contra os opressores, a fim de questionar, ridicularizar ou invalidar ideias e
perspectivas dominantes

 O folclore de contestação pode surgir a partir de um contexto de dominação

NENOLA, Aili. Gender, Culture and Folklore. Translated by Laura Stark-Arola. In: ELO – Estudos de Literatura Oral, n. 5, 1999.
FOLCLORE COMO UM INSTRUMENTO DE CONSENSO E CONTESTAÇÃO

 As relações de dominação entre os gêneros e etnias


são frequentemente baseadas em condições políticas
e econômicas, racionalizadas pela cultura e religião

 A maioria do folclore das mulheres reflete valores


masculinos; a percepção “geral” do mundo é definida
e avaliada pelos homens

 Para haver um folclore de contestação, deve haver


um grupo que se veja como parte de uma entidade
maior e que seja unido pela experiência comum da
opressão

NENOLA, Aili. Gender, Culture and Folklore. Translated by Laura Stark-Arola. In: ELO – Estudos de Literatura Oral, n. 5, 1999.
O STATUS DAS MULHERES E O MITO DO
MATRIARCADO

 A abordagem interpretativa que prevalece na antropologia após


Malinowski tem sido a funcionalista: mitos justificam e reforçam a
organização da sociedade e suas instituições culturais

 Para os narradores, os mitos representam histórias verdadeiras,


mas, ao contrário do que propôs Bachofen, o valor dessa
verdade é sociológico em vez de histórico

NENOLA, Aili. Gender, Culture and Folklore. Translated by Laura Stark-Arola. In:
ELO – Estudos de Literatura Oral, n. 5, 1999.
O STATUS DAS MULHERES E O MITO DO MATRIARCADO

 Mitos são “história sagrada” (sacred


history)  eles consentem o presente ao
oferecer uma explicação “histórica” para o
que aconteceu em algum momento no
passado

 Os criadores e preservadores da maioria


das tradições sagradas são homens; o
retrato que eles oferecem da situação
atual e sua continuidade é seletiva, vista e
racionalizada por uma perspectiva
subjetiva masculina

NENOLA, Aili. Gender, Culture and Folklore. Translated by Laura Stark-Arola. In: ELO – Estudos de Literatura Oral, n. 5, 1999.
O STATUS DAS MULHERES E O MITO DO MATRIARCADO

Joan Bamberger (1974):

“Os mitos constantemente reiteram que as mulheres não sabiam como manejar o poder
quando elas o tinham. A perda é justificada desde que as mulheres escolham aceitar o mito. Em
vez de apresentar um futuro promissor, as mulheres remetem a um passado de falhas
repetidas. Na verdade, se as mulheres liderarem algum dia, elas precisam, primeiramente, se
livrar do mito que declara que elas foram incapazes de assumir papéis de liderança.”

NENOLA, Aili. Gender, Culture and Folklore. Translated by Laura Stark-Arola. In: ELO – Estudos de Literatura Oral, n. 5, 1999.
O STATUS DAS MULHERES E O MITO DO MATRIARCADO

Martha Weigle (1986) faz referência a figuras de


deusas e alerta contra tomá-las como exemplos, pois
as deusas que nos foram legadas no decorrer do
tempo e de diferentes fontes “foram definidas e
celebradas por homens” e “aparecem mais
frequentemente como monstruosas e perigosas do
que criadoras primordiais e heroínas culturais”.

NENOLA, Aili. Gender, Culture and Folklore. Translated by Laura Stark-Arola. In:
ELO – Estudos de Literatura Oral, n. 5, 1999.
O STATUS DAS MULHERES E O MITO DO MATRIARCADO

 Os mitos dos matriarcados podem ser


classificados como folclore de consenso, pois
eles foram e ainda são usados para explicar e
reiterar a justificação do poder masculino

 O folclore das mulheres também reflete valores


masculinos; através do folclore, as mulheres
podem ser doutrinadas para aceitarem seus
postos na vida e considerá-los naturais

NENOLA, Aili. Gender, Culture and Folklore. Translated by Laura Stark-Arola. In: ELO – Estudos de Literatura Oral, n. 5, 1999.
UMA TRADIÇÃO DE CONTESTAÇÃO?

 Costumes e celebrações das mulheres (povos fino-úgricos):


• Vótios  likopäivä e klaccina (Paul Ariste, 1966; Ilmar
Talve, 1981)
• Setos  paaba-praasnik
• Mordovianos  bratsina e akkojen kalja-juhla
 A tradição dos festivais das mulheres não é uma tradição
feminista, pois seu objetivo não é emancipação nem
revolução, mas, em uma cultura masculina centrada no
patriarcado, certamente oferece uma imagem da
contracultura feminina.

NENOLA, Aili. Gender, Culture and Folklore. Translated by Laura Stark-Arola. In:
ELO – Estudos de Literatura Oral, n. 5, 1999.
Ucranianas bebendo vodka caseira
durante um festival na vila Pirogovo (2004)
UMA TRADIÇÃO DE CONTESTAÇÃO?

 A cultura das mulheres e seus significados e valores


estão presentes no folclore de muitas maneiras (ex.: o
papel das mulheres na produção e performance do
folclore reflete a divisão sexual do trabalho)
 Quando um gênero folclórico é produzido
completamente ou majoritariamente por mulheres,
suas possibilidades para revelar aspectos que são
importantes para as mulheres ou para a comunidade
feminina é maior
 Ex.: lamento

NENOLA, Aili. Gender, Culture and Folklore. Translated by Laura Stark-Arola. In:
ELO – Estudos de Literatura Oral, n. 5, 1999.
MULHERES E TRADIÇÕES CULTURAIS

 A vantagem da tradição oral é que, a partir dela, temos


informação a respeito de tradições produzidas tanto por homens
quanto por mulheres

 As mulheres enquanto sujeitos produtores de cultura, antes da


era das escritoras, são mais facilmente alcançadas através do
folclore do que de fontes escritas

 Nos estudos das mulheres e nos estudos de gênero, há


tentativas de esclarecer se as mulheres realmente foram vítimas
complacentes dentro de uma cultura masculina ou se os sinais
de sua busca ativa por expressões alternativas podem ser
identificados a partir de suas tradições orais

NENOLA, Aili. Gender, Culture and Folklore. Translated by Laura Stark-Arola. In: ELO – Estudos de Literatura Oral, n. 5, 1999.
O MATRIARCADO NOS ESTUDOS DE RELIGIÃO
E NO FEMINISMO

1. Noções do conceito de matriarcado


2. Cynthia Eller
• O mito da Pré-História matriarcal
• Apropriações do mito da Pré-História matriarcal
3. Aili Nenola
• O folclore como um instrumento de consenso e
contestação
• O mito do matriarcado como folclore de consenso
• O folclore feminista
4. Considerações finais
O MATRIARCADO NOS ESTUDOS DE RELIGIÃO
E NO FEMINISMO

Considerações finais:
• Ideologia vs pesquisa acadêmica
• Investigar o passado sem julgá-lo
• Desmistificar o passado e projetar o futuro

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