Você está na página 1de 24

FACULDADE PITÁGORAS

CURSO DE ENFERMAGEM

DANIELLE FERNANANDES GARCIA

HISTÓRIA DA ENFERMAGEM

São Luís

2014
DANIELLE FERNANDES GARCIA

HISTÓRIA DA ENFERMAGEM

Trabalho apresentado á disciplina de


Enfermagem e Ciência do Curso de Enfermagem
da Faculdade Pitágoras, Ministrado pela
Professora Helene Faray.

São Luís

2014
INTRODUÇÃO

Desde seus primórdios, a Enfermagem vem exercendo um trabalho


acrítico, resultado de uma formação, em que o modelo de assistência era centrado
no cumprimento de tarefas e procedimentos rápidos e eficientes, conduzido por
rígida disciplina. Em sua caminhada histórica, sofreu diversas influências, que foram
moldando seu perfil tendo absorvido, de maneira mais marcante, aquelas advindas
do paradigma religioso-militar.

Institucionalizada na Inglaterra no século XIX, por Florence Nightingale, e


no Brasil no inicio do século XX, teve sua origem determinada muito antes, no seio
da comunidade tribal primitiva, expressa pelo ato instintivo de cuidar, que era
garantia da conservação da própria espécie. No Maranhão, a Enfermagem iniciou
efetivamente, como em todo o Brasil, a partir das congregações religiosas. Em 1948
foi fundada a Escola da Enfermagem São Francisco de Assis, por iniciativa das
irmãs Terceiras Capuchinhas e de um grupo de médicos que, até consolidar-se
realmente como uma instituição universitária de ensino, foram percorridos longos
caminhos. Só a partir da institucionalização, seu saber foi organizado e
sistematizado, dando origem à Enfermagem moderna.
A ORIGEM DA PROFISSÃO: O DESENVOLVIMENTO HISTÓRICO DAS
PRÁTICAS DE SAÚDE.

O desenvolvimento das praticas de saúde está intimamente associado às


estruturas sociais das diferentes nações em épocas diversas. Cada período histórico
é determinado por uma formação social especifica, trazendo consigo uma
caracterização própria que engloba sua filosofia, sua política, sua economia, suas
leis e sua ideologia.

As praticas de saúde instintiva foram às primeiras formas de prestação de


assistência. Numa primeira fase da civilização, estas ações garantiam ao homem a
manutenção da sua sobrevivência, estando sua origem, associados ao trabalho
feminino, caracterizado pela pratica de cuidar nos grupos nômades primitivos, tendo
como cenário as concepções evolucionistas e teológicas. Todavia, o conhecimento
dos meios de cura passou a denotar poder, o homem, aliando este conhecimento ao
misticismo, fortaleceu tal poder e apoderou-se dele. Influenciadas pelas doutrinas e
dogmas das mais diversas correntes religiosas.

No período Pré-cristão as doenças eram vistas como um castigo de Deus


ou resultavam do poder do demônio. Por isso os sacerdotes ou feiticeiros
acumulavam funções de médicos e enfermeiros.

O tratamento consistia em “acalmar” as divindades, afastando os maus


espíritos por meio de sacrifícios. Utilizavam-se: massagens e banho de água fria ou
quente, purgativos e substâncias provocadoras de náuseas. Mais tarde os
sacerdotes adquiriram conhecimentos sobre plantas medicinais e passaram a
ensinar pessoas, delegando-lhes funções de enfermeiros e farmacêuticos.

Além da Grécia clássica e de Roma, que, na visão ocidental, fornece


dados relevantes para a história que serviram de base para este estudo, encontra-se
também em diferentes regiões do mundo diversos documentos históricos, como
papiros, runas, livros e monumentos que constituem verdadeiros testemunhos da
história da enfermagem e do cuidado com os doentes.

Focalizando as variáveis sociopolíticas e econômicas a que essas


práticas estão historicamente condicionadas, Faz- se uma retrospectiva do
desenvolvimento das praticas de saúde e, em particular, da Enfermagem, no mundo
primitivo, medieval e moderno.

A periodização corresponde à relação do objeto de pesquisa com a


realidade histórica e é identificada por pontos críticos, em que ocorre transformação
qualitativa ou mudança significativa nessa relação, ficando assim subdivida:

 As práticas de saúde instintivas: Caracteriza-se a pratica de cuidar nos


grupos nômades primitivos, tendo como pano de fundo as concepções
evolucionistas e teológicas.
 As práticas de saúde mágica- sacerdotais: Aborda a relação mística
entre as práticas religiosas e as práticas de saúde primitivas desenvolvidas pelos
sacerdotes nos templos. Este período corresponde à fase de empirismo, verificada
antes do surgimento da especulação filosófica que ocorre por volta do século V a.C.
 As práticas de saúde no alvorecer da ciência: Relaciona a evolução
das práticas de saúde ao surgimento da filosofia e ao processo da ciência, quando
estas, então, baseavam-se nas relações de causa e efeito. Inicia-se no século V
a.C., estendendo-se até os primeiros séculos da Era Cristã.
 As práticas de saúde monástico-medievais: Focaliza a influência dos
fatores socioeconômicos e políticos do medievo e da sociedade feudal nas práticas
de saúde e as relações destas com o cristianismo. Esta época corresponde ao
aparecimento da Enfermagem como prática leiga,desenvolvida por religiosos,
abrangendo o período medieval compreendido entre os séculos V e XIII.
 As práticas de saúde pós-monásticas: Evidencia a evolução das
práticas de saúde e as relações destas com o cristianismo. Está época corresponde
ao período que vai do final do século XIII ao inicio do século XVI.
 As práticas de saúde no mundo moderno: Analisa as práticas de saúde
e, em especial, a de Enfermagem sob a ótica do sistema político-econômico da
sociedade capitalista e ressalta o surgimento da Enfermagem como prática
profissional institucionalizada. Esta análise inicia-se com a Revolução Industrial no
século XVI e culmina com o surgimento da Enfermagem moderna na Inglaterra, no
século XIX.
1.1 Período Florence Nightingale: a reorganização hospitalar e o
surgimento da Enfermagem moderna

É na reorganização da instituição hospitalar e no posicionamento do


médico, como principal responsável por essa reordenação, que vamos encontrar as
raízes do processo de disciplinarização e seus reflexos na Enfermagem, ao ressurgir
da fase sombria em que esteve submerso, até então.

Assim explica Foucault a reordenação hospitalar, a partir do processo


denominado por ele de disciplinização:

“A partir do momento em que os exércitos se tornam mais técnicos e


dispendiosos em que os soldados precisam ser adestrados, levando-se em
consideração, não a força do seu corpo ou a sua coragem, mas a sua habilidade e
eficácia máxima no manejo da artilharia, surge a necessidade de uma disciplina
classificatória e hierarquizada, dentro de um espaço individualizado.
Consequentemente, organiza-se o sistema de graus militares que vai do general ao
soldado e o sistema de inspeção de tropas que implica em vigilância e manutenção
da disciplina”.

Tendo como principal objetivo o aproveitamento máximo do individuo em


sua singularidade, esse sistema assegura paralelamente o livre exercício do poder,
dentro dos espaços disciplinados. Nos hospitais, os mecanismos disciplinares são
introduzidos pelas mãos do médico que, ancorado na transformação do seu saber e
da sua prática, vem ocupar uma nova posição no contexto hospitalar,
dimensionando os objetivos da instituição e projetando a medicalização.

Segundo Foucault, é garantida nessa fase pelo controle sobre o


desenvolvimento das ações, pela distribuição espacial dos indivíduos no interior do
hospital e pela vigilância perpétua e constante destes.

Obedecendo aos princípios da disciplinarização, os hospitais militares são


os primeiros a se reorganizarem sob a premência das questões econômicas a que
os exércitos estavam afetos e sob o impacto das guerras imperialistas que lhes
reduziam as fileiras. A evolução crescente dos hospitais não melhorou, entretanto,
suas condições de salubridade; diz-se mesmo que foi a época em que estiveram sob
piores condições, devido, principalmente, à predominância de doenças
infectocontagiosas e à falta de pessoas preparadas para cuidar dos doentes.

Tanto é que, apesar de manterem os hospitais, os ricos continuavam a


ser tratados em suas próprias casas, enquanto os pobres, além de não terem esta
alternativa, tornavam-se objeto de instrução e experiências que resultariam em
maior conhecimento sobre as doenças em beneficio da classe abastada.

É nesse cenário que a Enfermagem passa a atuar, quando Florence


Nightingale (1820-1910) é convidada pelo Ministro da Guerra da Inglaterra, para
trabalhar junto aos soldados feridos em combate na Guerra da Crimeia (1854-1856)
e que, por falta de cuidados, morriam em grande quantidade nos hospitais militares,
chamando a atenção das autoridades inglesas.

Fazendo parte da elite econômica e social e amparada pelo poder


político, Florence que já possuía algum conhecimento de Enfermagem, adquirido
com as diaconistas de Kaiserwerth e que, segundo os historiografia, era portadora
de grande aptidão vocacional, para tratar de doentes – foi a precursora dessa nova
Enfermagem que, como a Medicina, encontrava-se vinculada à política e a ideologia
da sociedade capitalista.

O padrão moral e intelectual das mulheres que participaram com Florence


para esse tipo de atividade era submetido a exame criterioso. Elas deveriam ter
abnegação absoluta, altruísmo, espírito de sacrifício, integridade, humildade e,
acima de tudo, disciplina.

As concepções teórico-filosóficas da Enfermagem desenvolvidas por


Florence Nightingale apoiaram-se em observações sistematizadas e registros
extraídos de sua experiência prática no cuidado aos doentes e destacavam-se
quatro conceitos fundamentais: ser humano, meio ambiente, saúde e Enfermagem.

Florence enfatizou em seus dois livros, Notas sobre Hospitais (1858) e


Notas sobre Enfermagem (1859), que a arte da Enfermagem consistia em cuidar
tanto dos seres humanos sadios quanto dos doentes, entendendo como ações
interligadas da Enfermagem o triângulo cuidar-educar-pesquisar. Entendeu,
também, que a cura não resultava da ação médica ou de Enfermagem, mas que era
um privilégio da natureza; portanto, as ações de Enfermagem deveriam visar à
manutenção do doente em condições favoráveis à cura para que a natureza
pudesse atuar sobre ele.

Após a guerra, Florence fundou uma escola de Enfermagem no Hospital


Saint Thomas, que passou a servir de modelo para as demais escolas, que foram
fundadas posteriormente. A disciplina rigorosa, do tipo militar, era uma das
características da escola nightingaleana, bem como a exigência de qualidades
morais das candidatas. O curso, de 1 ano, consistia em aulas diárias ministradas por
médicos.

Nas primeiras escolas de Enfermagem, o médico foi, de fato, a única


pessoa qualificada para ensinar. A ele cabia, então, decidir quais das suas funções
poderia colocar nas mãos das enfermeiras. Florence morre no dia 13 de agosto de
1910, deixando florescente o ensino de Enfermagem. Assim a Enfermagem surge
não mais como uma atividade empírica, desvinculada do saber especializado, mas
como uma ocupação assalariada que vem atender a necessidade do saber
especializado, mas como uma ocupação assalariada que vem atender a
necessidade de mão de obra nos hospitais. Constituindo-se como uma prática social
institucionalizada e especifica.

2.JURAMENTO FLORENCE

“Juro livre e solenemente, dedicar minha vida profissional a serviço da


pessoa humana, exercendo a enfermagem com consciência e dedicação: guardar:
guardar sem desfalecimento os segredos que me forem confiados, respeitando
desde a concepção até a morte: não participar voluntariamente de atos que
coloquem em risco a integridade física ou psíquica do ser humano: manter e elevar
os ideais da minha profissão obedecendo aos preceitos da ética e da moral,
preservando sua honra, seu prestigio e suas tradições. Florence Nightingale
3.PRIMEIRAS ESCOLAS DE ENFERMAGEM

Apesar dos problemas que as precursoras da Enfermagem tiveram que


encarar, devido à incompreensão dos valores necessários ao desempenho da
profissão, as escolas se espalharam pelo mundo, a partir da Inglaterra. Nos Estados
Unidos a primeira Escola foi criada em 1873.

Em 1877 as primeiras enfermeiras diplomadas começam a prestar


serviços a domicílio em New York. As escolas deveriam funcionar de acordo com a
filosofia da Escola de Florence Nightingale, baseada em quatro ideias-chave:

1. O treinamento de enfermeiras deveria ser considerado tão importante


quanto qualquer outra forma de ensino e ser mantido pelo dinheiro público.

2. As escolas de treinamento deveriam uma estreita associação com os


hospitais, mas manter sua independência financeira e administrativa.

3. Enfermeiras profissionais deveriam ser responsáveis pelo ensino no


lugar de pessoas não envolvidas em Enfermagem.

4. As estudantes deveriam, durante o período de treinamento, ter


residência à disposição, que lhes oferecesse ambiente confortável e agradável,
próximo ao hospital.

4.SISTEMA NIGHTINGALE DE ENSINO

As escolas conseguiram sobreviver graças aos pontos essenciais


estabelecidos:

1º. Direção da escola por uma enfermeira.

2º. Mais ensino metódico, em vez de apenas ocasional.

3º. Seleção de candidatos do ponto de vista físico, moral, intelectual e


aptidão profissional.
5. A ENFERMAGEM NO BRASIL

A Enfermagem na sociedade brasileira pode ser analisada, utilizando-se


critérios de periodização, segundo os quais o desenvolvimento da Enfermagem
latino- americana considera três fases principais, a saber:

A primeira caracteriza-se pela organização da Enfermagem sob o controle


de ordens religiosas; a segunda, pelo desenvolvimento da educação institucional e
das práticas de saúde pública; e a terceira corresponde ao processo de
profissionalização da Enfermagem. Em seguida, esboçamos a enfermagem
contemporânea no contexto da modernidade, tecendo comentários acerca de sua
prática e principalmente de sua evolução na área educacional.

5.1 A Organização da Enfermagem na Sociedade Brasileira

 A organização da Enfermagem na Sociedade Brasileira - abrange


desde o período colonial até o final do século XIX e avalia a organização da
Enfermagem no contexto da sociedade brasileira em formação. Desde o princípio da
colonização foi incluída a abertura das Casas de Misericórdia, que tiveram origem
em Portugal.
 A primeira Casa de Misericórdia foi fundada na Vila de Santos, em
1543. Em seguida, ainda no século XVI, surgiram as do Rio de Janeiro, Vitória,
Olinda e Ilhéus. Mais tarde Porto Alegre e Curitiba, esta inaugurada em 1880, com a
presença de D.Pedro II e Dona Tereza Cristina. No que diz respeito à saúde do
nosso povo, merece destaque o Padre José de Anchieta. Ele não se limitou ao
ensino de ciências e catequeses; foi além: atendia aos necessitados do povo,
exercendo atividades de médico e enfermeiro. Em seus escritos encontramos
estudos de valor sobre o Brasil, seus primitivos habitantes, clima e as doenças mais
comuns.
 A terapêutica empregada era à base de ervas medicinais
minuciosamente descritas. Supõe-se que os Jesuítas faziam a supervisão do serviço
que era prestado por pessoas treinadas por eles. Não há registro a respeito. Outra
figura de destaque é Frei Fabiano de Cristo, que durante 40 anos exerceu atividades
de enfermeiro no Convento de Santo Antônio do Rio de Janeiro, (Séc. XVIII). Os
escravos tiveram papel relevante, pois auxiliavam os religiosos no cuidado aos
doentes. Em 1738, Romão de Matos Duarte consegue fundar no Rio de Janeiro a
Casa dos Expostos. Somente em 1822, o Brasil tomou as primeiras medidas de
proteção à maternidade que se conhecem na legislação mundial, graças à atuação
de José Bonifácio Andrada e Silva.
 A primeira sala de partos funcionava na Casa dos Expostos em 1822.
Em 1832 organizou-se o ensino médico e foi criada a Faculdade de Medicina do Rio
de Janeiro. A escola de parteiras da Faculdade de Medicina diplomou no ano
seguinte a célebre Madame Durocher, a primeira parteira formada no Brasil. No
começo do século XX, grande números de teses médicas foram apresentados sobre
Higiene Infantil e Escolar, demonstrando os resultados obtidos e abrindo horizontes
a novas realizações. Esse progresso da medicina, entretanto, não teve influência
imediata sobre a Enfermagem. Assim sendo, na enfermagem brasileira do tempo do
Império, raros nomes de destacaram e, entre eles, merece especial menção o de
Ana Neri.

5.2 Ana Neri

Aos 13 de dezembro de 1814, nasceu Ana Justina Ferreira, na Cidade de


Cachoeira, na Província da Bahia. Casou-se com Isidoro Antônio Neri, enviuvando
aos 30 anos. Seus dois filhos, um médico militar e um oficial do exército, são
convocados a servir a Pátria durante a Guerra do Paraguai (1864-1870), sob a
presidência de Solano Lopes. O mais jovem aluno do 6º ano de Medicina, oferece
seus serviços médicos em prol dos brasileiros. Ana Neri não resiste à separação da
família e escreve ao Presidente da Província, colocando-se à disposição de sua
Pátria. Em 15 de agosto parte para os campos de batalha, onde dois de seus irmãos
também lutavam. Improvisa hospitais e não mede esforços no atendimento aos
feridos. Após cinco anos, retorna ao Brasil, é acolhida com carinho e louvor, recebe
uma coroa de louros e Victor Meireles pinta sua imagem, que é colocada no Edifício
do Paço Municipal. O governo Imperial lhe concede uma pensão, além de medalhas
humanitárias e de campanha. Faleceu no Rio de Janeiro a 20 de maio de 1880. A
primeira Escola de Enfermagem fundada no Brasil recebeu o seu nome. Ana Neri
como Florence Nightingale, rompeu com os preconceitos da época que faziam da
mulher prisioneira do lar.
5.3 Desenvolvimentos da Educação em Enfermagem no Brasil

Ao final do século XIX, apesar de o Brasil ainda ser um imenso território


com um contingente populacional pouco elevado e disperso, um processo de
urbanização lento e progressivo já se fazia sentir nas cidades que possuíam áreas
de mercado mais intensas, como São Paulo e Rio de Janeiro. As doenças
infectocontagiosas, trazidas pelos europeus e pelos escravos africanos, começam a
propagar-se rápida e progressivamente.

A questão saúde passa a constituir um problema econômico-social. Para


deter esta escalada que ameaçava a expansão comercial brasileira, o governo, sob
pressões externas, assume a assistência à saúde através da criação de serviços
públicos, da vigilância e do controle mais eficaz sobre os portos, inclusive
estabelecendo quarentena Revitaliza, através da reforma Oswaldo Cruz introduzida
em 1904, a Diretoria-Geral de Saúde Pública, incorporando novos elementos à
estrutura sanitária, como o Serviço de Profilaxia da Febre Amarela, a Inspetoria de
Isolamento e Desinfecção e o Instituto Soroterápico Federal, que posteriormente
veio se transformar no Instituto Oswaldo Cruz. Mais tarde, a Reforma Carlos Chagas
(1920), numa tentativa de reorganização dos serviços de saúde, cria o
Departamento Nacional de Saúde Pública, órgão que, durante anos, exerceu ação
normativa e executiva das atividades de Saúde Pública no Brasil.

A formação de pessoal de Enfermagem - para atender inicialmente aos


hospitais civis e militares e posteriormente, às atividades de saúde pública -
principiou com a criação, pelo governo, da Escola Profissional de Enfermeiros e
Enfermeiras, no Rio de Janeiro, junto ao Hospital Nacional de Alienados do
Ministério dos Negócios do Interior. Esta escola, que é de fato a primeira escola de
Enfermagem brasileira, foi criado pelo Decreto Federal nº 791, de 27 de setembro de
1890, e denomina-se hoje Escola de Enfermagem Alfredo Pinto, pertencendo à
Universidade do Rio de Janeiro - UNI-RIO.
5.4 Cruz Vermelha Brasileira

A Cruz Vermelha Brasileira foi organizada e instalada no Brasil em fins de


1908, tendo como primeiro presidente Oswaldo Cruz. Destacou-se a Cruz Vermelha
Brasileira por sua atuação durante a I Guerra Mundial (1914-1918). Fundaram-se
filiais nos Estados. Durante a epidemia de gripe espanhola (1918), colaborou na
organização de postos de socorro, hospitalizando doentes e enviando socorristas a
diversas instituições hospitalares e a domicílio. Atuou também socorrendo vítimas
das inundações, nos Estados de Sergipe e Bahia, e as das secas do Nordeste.
Muitas das socorristas dedicaram-se ativamente à formação de voluntárias,
continuando suas atividades após o término do conflito.

5.5 Saúde Pública

No desenvolvimento das organizações sanitárias no Brasil, aparecem dois


grandes médicos: Oswaldo Cruz, responsável pela criação da medicina preventiva
entre nós e Carlos Chagas, pela sua contribuição à enfermagem em Saúde Pública.
Em dois de janeiro de 1920, pelo Decreto 3.987, foi criado o Departamento Nacional
de Saúde Pública.

No setor de Profilaxia da Tuberculose, iniciou-se o serviço de visitadores.


No ano seguinte, pensou-se em estender essa assistência ao setor de doenças
venéreas e outras doenças transmissíveis. Por iniciativa de Carlos Chagas, então
diretor do Departamento, e com a cooperação da Fundação Rockfeller, chegou ao
Rio, em 1921, um grupo de enfermeiras visitadoras que iniciou um curso intensivo.

Fundada a Escola de Enfermagem Anna Nery que redimensionou o


modelo de Enfermagem profissional no Brasil. Ao selecionar para seus quadros
moças de camadas sociais mais elevadas, com apoio de uma política interessada
em fomentar o desenvolvimento da profissão, atendeu diretamente ao projeto então
estabelecido, passando a ser padrão de referência para outras escolas. Considerada
como formadora de grupos de elite, a Escola tornou-se tradicional. No contexto
educacional brasileiro; e suas enfermeiras, consideradas padrão, durante muito
tempo, personificaram a imagem da verdadeira enfermeira brasileira.
Para muitas pessoas, ser enfermeira subentendia ser formada pela
Escola Anna Nery. As primeiras alunas foram logo contratadas pelo Departamento
Nacional de Saúde Pública. Teve início então um trabalho de educação sanitária nos
setores de profilaxia da tuberculose e higiene infantil, estendendo-se depois, à
higiene pré-natal e visitação aos portadores de doenças transmissíveis.

6. A HISTÓRIA DA ENFERMAGEM NO MARANHÃO

A introdução do ensino superior de enfermagem no Maranhão ocorreu


com a fundação da Escola São Francisco de Assis em 19 de julho de 1948 por
iniciativa da Madre Josefa Maria de Aquiraz, superiora geral da Congregação das
Irmãs Terceiras Capuchinhas, destinando-se ao ensino profissional de enfermagem
tendo como objetivo formar enfermeiras para os serviços de saúde pública e
hospitalar.

A fundação da escola contou com a colaboração da enfermeira Ir.


Metildes Maria de Pentecostes diplomada pela Escola Anna Nery, naquela época
considerada padrão de referência para as demais escolas de enfermagem no país,
e, representantes da elite médica do Maranhão. A Escola São Francisco de Assis
era de alto padrão aos moldes da Escola Anna Nery no Rio de Janeiro.

Nos anos 30 e 40, a Escola Anna Nery funcionou como padrão oficial de
ensino da enfermagem moderna para o país repercutindo na expansão de novas
escolas. Tanto que, em 1939 existiam sete escolas de Enfermagem aumentando
para 23 em 1949.

A Escola São Francisco de Assis constituiu um marco importante no


ensino de Enfermagem no Maranhão, pois foi a primeira escola a instituir o ensino
superior de Enfermagem no Estado a fim de preencher as lacunas existentes pela
falta de profissionais enfermeiras qualificadas para atender a demanda para uma
assistência à saúde a nível hospitalar e ambulatorial, o que representou uma atitude
louvável frente as condições sanitárias da população.

O momento expressivo de júbilo pela inauguração da escola em 28 de


julho de 1948 é enfatizado em documentos da época destacando a presença de
representantes médicos, políticos e religiosos da sociedade maranhense, além das
futuras alunas e pessoas da sociedade.

A criação da primeira escola superior de Enfermagem no Maranhão por


uma ordem religiosa expressa a forte relação da profissão com a religião católica,
resquícios históricos do período medieval, quando a institucionalização dos cuidados
de Enfermagem nos hospitais era desempenhada por religiosas. Nesse contexto, a
Enfermagem no Maranhão também floresceu sob a égide dos princípios católicos
configurando-se, à época, como a única escola católica de ensino superior no
Maranhão. O Hospital Tarquínio Lopes Filho, Hospital Geral, serviu de berço da
nova escola nos seus dois primeiros anos e em 1950, passou a funcionar na própria
sede situada na rua Rio Branco nº 308, no Centro de São Luís.

O prédio foi doado pelo Governador do Estado, Sebastião Archer, sob a


determinação de que se perderia o direito de doação, se por qualquer razão,
deixasse de funcionar por um período de dois anos consecutivos. Em 11 de março
de 1952 a escola foi reconhecida pelo Decreto Federal nº 30628, após inspeção do
Ministério de Educação e Saúde, sob os padrões da Escola Anna Nery.

6.1 A estruturação do curso de Enfermagem

De acordo com o regimento do curso em 1948 a escola propunha-se a


ministrar o Curso Superior, Especialização e Auxiliar de Enfermagem. Porém, a
escola começou a funcionar apenas com o Curso de Enfermagem, cujas aulas
tiveram início em 2 de agosto de 1948 com uma turma de onze alunas, das quais
quatro deixaram a escola e sete concluíram o curso. A segunda turma com uma
matrícula de onze alunas, teve início das aulas em março de 1949. Somente quatro
destas prosseguiram até o fim do curso que juntamente com as da primeira turma
diplomaram-se em 18 de maio de 1952, após o reconhecimento da Escola São
Francisco de Assis.

A primeira turma de concludentes de Enfermagem, intitulada de


"Pioneiras de 1952", foi composta de onze alunas. O quadro da 1ª Turma encontra-
se, hoje, no Acervo do Memorial Cristo Rei. Era comum àquela época os quadros
que registravam as turmas de concludentes, serem esculpidos em madeira. As
fotografias no quadro revelam a origem da história da Enfermagem maranhense
representada na imagem das jovens enfermeiras recém-graduadas e denota o
caráter feminino da profissão à época. Merece destaque a lâmpada como símbolo
da Enfermagem que representa a vigília durante a assistência. A simbologia da
lâmpada faz alusão a precursora da Enfermagem moderna, Florence Nightingale,
que realizava supervisões noturnas aos feridos de guerra demonstrando a
importância do cuidado e assistência criteriosa aos doentes.

De acordo com Baptista e Barreira, o fato da Escola de Enfermagem


Anna Nery ter sido uma escola exclusivamente feminina contribuiu para que as
escolas de Enfermagem criadas no Brasil, de acordo com o “padrão Anna Nery”,
tenham permanecido voltadas para a profissionalização de mulheres. Assim, o
desenvolvimento da enfermagem no Brasil sempre esteve relacionado à condição da
mulher em nossa sociedade.

O modelo social da década de 1940 configurava-se como um mundo


essencialmente masculino. Quando a Enfermagem moderna foi implantada a figura
masculina foi excluída desse movimento, pois rapazes de boa formação e família
eram herdeiros das profissões hegemônicas com conquistas de espaços
privilegiados no mundo social. Assim, o caminho profissional aceitável para as
mulheres era o magistério e a enfermagem. Isso, também, explica o fato das
primeiras turmas da enfermagem terem sido constituídas exclusivamente por
mulheres maranhenses de boa formação eram candidatas a seguir a profissão com
a pretensão de contribuir para o desenvolvimento do ensino e a assistência à saúde
no Maranhão.

Dessa forma, as diplomadas das primeiras turmas foram trabalhar nos


ambulatórios do Instituto de Aposentadorias, Pensões e Comércio (IAPC) no Rio de
Janeiro e em São Luís, e neste último, ainda, no Hospital Tarquínio Lopes Filho, na
Santa Casa de Misericórdia e no Hospital Português. Outras ingressaram como
corpo docente da escola, pois a falta de professores era notável. A denominação
“enfermeira diplomada” denotava que essa profissional era portadora de um diploma
que simbolicamente significava propriedade de um capital cultural e reconhecimento
de um título oficial que a autorizava para o exercício de suas competências técnico-
científicas profissionais.

Para o ingresso ao curso de enfermeiras profissionais, além do certificado


de conclusão do curso ginasial ou normal, as candidatas deveriam encaminhar um
requerimento à diretora da escola juntamente com certidão de registro civil
comprovando idade mínima de 16 anos e a máxima de 38 anos; atestado de boa
saúde física e mental; atestado de vacina antivariólica e atestado de idoneidade
moral firmado por duas pessoas idôneas, a juízo da diretora da escola.

Cabe ressaltar que este último requisito visava à certificação das


qualidades pessoais das candidatas preponderantes na orientação moral que o
curso exigia, uma vez que uma boa enfermeira deveria ser, também, uma boa
mulher.

As alunas frequentavam 8 horas diárias de aulas, sendo 4 horas de aulas


práticas nos hospitais e centros de saúde, no turno da manhã, e 4 horas de aulas
teóricas na própria escola à tarde. Tinha como campo de estágio o Hospital
Tarquínio Lopes Filho, o Departamento da Criança, que compreendia os serviços de
maternidade e pediatria, a Colônia Nina Rodrigues, Ambulatórios do Instituto de
Aposentadorias, Pensões e Comércio (IAPC) e os Centros de Saúde, onde
aplicavam os conhecimentos teóricos e adquiriam habilidade técnica no cuidado aos
doentes.

Em fins da década de 40 e durante a década de 50, o curso tinha duração


de três anos e o programa comportava as seguintes disciplinas: Anatomia, Ortopedia
e Traumatologia, Química Biológica, Farmacologia e Terapêutica, Administração
Hospitalar, Socorros de Urgência, Patologia Geral, Microbiologia e Urologia,
Dietoterapia, Nutrição, Doenças Transmissíveis, Tisiologia,

Otorrinolaringologia, Oftalmologia, Sociologia e Saúde Pública,


Ginecologia e Obstetrícia, Massagem, Enfermagem em Ortopedia, Enfermagem em
Psiquiatria, Enfermagem em Dermatologia, Enfermagem em Sifiligrafia, Enfermagem
em Venereologia, Enfermagem em Pediatria, Atadura, Técnica de Enfermagem,
Ética Profissional, Higiene em Saneamento, História da Enfermagem, Sala de
Operação, Enfermagem em Obstetrícia e Ginecologia, Enfermagem em Clínica
Cirúrgica e Clínica Médica, Dietética Infantil e Aplicada, Enfermagem em
Oftalmologia, Enfermagem em Saúde Pública, Enfermagem em Doenças
Transmissíveis, Religião e Formação Religiosa, Psicologia, Deontologia,
Puericultura, Serviço Social, Psiquiatria, Dermatologia, Venereologia, Sifiligrafia,
Fisiologia, Pediatria, Clínica Médica e Cirúrgica, Enfermagem em Socorros de
Urgência.

Esse programa nos apresenta a importância que algumas disciplinas


singulares assumiram nesse contexto e que foram suprimidas da grade curricular
nos anos posteriores. Porém, havia uma insatisfação pelo acúmulo de disciplinas,
preferindo-se um programa mais suave e a extensão do curso para 4 anos, em vez
de 3 anos19.

Observamos que o currículo de enfermagem atendia às incipientes


especialidades médicas e professores médicos participavam de seu corpo docente,
o que lhes oportunizaram uma grande aceitação no campo.

No início do curso o corpo docente é constituído principalmente por


médicos, posteriormente já aparecem como professoras algumas das alunas
diplomadas da 1ª turma.

Um aspecto a ser considerado são as alterações na grade curricular na


evolução do ensino de Enfermagem. As mudanças entre os programas curriculares
do início do curso e após a federalização é um indicativo dessa evolução. Nesta
segunda fase o currículo era dado em quatro anos dividido em dois campos:
disciplinas de Enfermagem e disciplinas afins.

O primeiro era formado por: Fundamentos de Enfermagem, Enfermagem


Médica, Enfermagem Cirúrgica, Enfermagem em Centro Cirúrgico, Enfermagem
Psiquiátrica, Enfermagem Obstétrica e Ginecológica, Enfermagem Pediátrica, Ética
(Moral, Deontológica e Problemática), História da Enfermagem, Pedagogia e
Didática, Administração aplicada à Enfermagem e Enfermagem em Saúde Pública.
As disciplinas afins eram: Anatomia e Fisiologia, Bioquímica, Microbiologia e
Parasitologia, Nutrição e Dietética, Psicologia (Geral, do Desenvolvimento e da
Personalidade),Ciências Sociais (Sociologia, Relações Humanas e Antropologia),
Higiene e Saneamento, Estatística e Bioestatística e Epidemiologia

Quanto ao corpo discente o número de candidatas ingressantes, nos anos


subsequentes a 1ª turma, era variável de ano para ano. Observamos que a média do
número de matrículas entre 1950 e 1955 era de sete alunas considerando para
esses anos um número respectivo de oito, três, seis, onze e sete alunas
matriculadas. Em 1962 no preliminar foram matriculadas apenas três alunas, no 1º,
2º e 3º ano, oito, sete e cinco respectivamente.

Um panfleto de divulgação do curso apelava para que as moças


maranhenses pensassem na sua vocação, na profissão que deveriam seguir, pois
“homem feliz é aquele que é útil à humanidade, é aquele que serve, é aquele que
coloca suas capacidades físicas, intelectuais e morais a serviço e pela promoção do
outro”.

As entrelinhas desse texto remetem-nos aos valores simbólicos da


profissão da

Enfermagem reproduzida historicamente ao longo dos séculos, onde a


enfermeira é representada como aquela figura bondosa e caridosa que tem a
profissão como um sacerdócio, uma devoção.

6.2 As dificuldades encontradas

Nessa época a maioria das Escolas de Enfermagem mantinha internatos


exclusivos para suas alunas. Assim, a escola mantinha em média 15 alunas
gratuitamente, sob o regime de internato, incluindo as religiosas estudantes,
mantidas pela Congregação das Irmãs Capuchinhas e pelo Estado que fornecia
anualmente uma subvenção de sessenta mil cruzeiros para esse fim. Um maior
número de alunas como internas não poderia ser aceito por falta de verbas para
mantê-las, além da deficiência de instalações adequadas.

A escola também encontrou dificuldades em desenvolver o seu programa


de curso pela deficiência de salas e material técnico para as aulas práticas. Diante
desse contexto de dificuldades financeiras e materiais para garantir a manutenção e
ampliação das atividades do curso, as religiosas solicitavam auxílios para a escola,
inclusive a particulares estrangeiros. Os esforços para que o curso superior de
Enfermagem fosse mantido, não impediu que a diretora, Irmã Patrícia Maria de
Areia, solicitasse ajuda diretamente ao Presidente Juscelino, as limitações
financeiras impossibilitavam o pagamento dos salários dos professores.

Assim, no início dos trabalhos da Escola, as aulas eram ministradas


gratuitamente por um grupo de médicos influentes na sociedade maranhense. Após
a formação das primeiras turmas algumas enfermeiras diplomadas ingressaram no
corpo docente da Escola ministrando a parte de técnicas de Enfermagem e o corpo
médico à parte teórica e científica. Isso nos remete ao poder atribuído ao médico em
detentor do conhecimento teórico, enquanto à Enfermagem cabia o conhecimento
prático e manual.

A Escola São Francisco de Assis funcionou, até 1960, sem nenhum


vínculo com outra instituição de Ensino Superior, sendo mantidas pela Congregação
das Irmãs Terceiras Capuchinhas e subvenções do Governo do Estado, além de
contribuições de particulares. Porém, em 1961 foi agregada à Universidade Católica
do Maranhão, Instituição criada pela Arquidiocese de São Luís em 1961
congregando a Escola de Enfermagem São Francisco de Assis a Faculdade de
Serviço Social do Maranhão, a Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras e a
Faculdade de Ciências Médicas, todas ligadas diretamente à Igreja Católica.

6.3 A integração à Universidade

A política ministerial de incentivo à organização de universidades,


mediante a federalização e aglutinação de instituições de ensino superior,
impulsionou o movimento de ingresso das escolas de enfermagem na Universidade.
Em 1967 a Lei 5152/66 incorporou o curso de Enfermagem da Escola São Francisco
de Assis à Fundação Universidade Federal do Maranhão. Com autonomia didática,
administrativa e financeira, conferida por lei, a Fundação tomou uma série de
medidas: elaboração do seu Estatuto, reforma didática e administrativa, criação dos
Conselhos, departamentos acadêmicos e coordenações de cursos, vestibular
unificado, além da implementação do ciclo básico

A Fundação Universidade Federal do Maranhão assumiu todas as


responsabilidades da Escola São Francisco de Assis com o curso de Enfermagem,
inclusive o pagamento dos salários dos professores.

Presume-se que o regime de incertezas no qual sobrevivia a escola


diante das dificuldades de recursos tenha contribuído para a decisão da integração.

Antes era um pagamento simbólico, nem todos os professores recebiam,


ensinavam gratuitamente, por generosidade, aos quais somos muito gratas. No ato
da transferência do curso de Enfermagem da Escola São Francisco de Assis para a
Fundação Universidade do Maranhão as Irmãs Capuchinhas apresentaram como
condições o direito de indicar lista tríplice ao Reitor da Universidade para nomeação
da diretora da mesma Escola e a transferência dos encargos financeiros. Em
contrapartida, foi cedido, por comodato, à Fundação o prédio situado na Rua Rio
Branco nº 3, enquanto nele funcionasse a Escola de Enfermagem, além dos móveis,
o acervo bibliográfico e os laboratórios de técnica e bioquímica, Pertencentes à
Escola Kubischek na busca de meios que alterasse o quadro de dificuldades.

A integração à Universidade deu forma para uma nova fase do curso que
adquiriu uma maior visibilidade e dinamicidade e ampliou suas atividades, seguindo
na formação de enfermeiras e enfermeiros para o Estado. Essa inserção das
escolas de Enfermagem no mundo universitário lhes exigiu um novo
posicionamento, mais propriamente acadêmico e um discurso mais bem
fundamentado na investigação científica.
CONCLUSÃO

De acordo com Geovanini (1995) “A enfermagem é a arte e a ciência do


cuidar, necessária a todos os povos e a todas as nações, imprescindível em época
de paz ou em época de guerra e indispensável à preservação da saúde e da vida
dos seres humanos em todos os níveis, classe ou condições sociais”.

A profissão de enfermeiro (a) está intimamente ligada à vida humana


desde a sua origem. A grande precursora da Enfermagem Moderna foi Florence
Nighingale, (1820-1910) e Ana Neri (1814-1880) foi uma enfermeira brasileira e foi a
pioneira da enfermagem no Brasil, mulheres que com inteligência incomum,
tenacidade de propósitos, determinação e perseverança ficarão para sempre na
historia da enfermagem.

A enfermagem no Brasil surgiu nas práticas de saúde no decorrer dos


períodos históricos, desde o princípio da colonização foi incluída a abertura das
Casas de Misericórdia, que tiveram origem em Portugal. A primeira Casa de
Misericórdia foi fundada na Vila de Santos, em 1543. Em seguida, ainda no século
XVI, surgiram as do Rio de Janeiro, Vitória, Olinda e Ilhéus. Mais tarde Porto Alegre
e Curitiba, esta inaugurada em 1880, com a presença de D.Pedro II e Dona Tereza
Cristina. No que diz respeito à saúde do nosso povo, merece destaque o Padre José
de Anchieta. Ele não se limitou ao ensino de ciências e catequeses; foi além: atendia
aos necessitados do povo, exercendo atividades de médico e enfermeiro.

Merece destaque na historia da enfermagem brasileira a criação da Cruz


Vermelha que foi organizada e instalada no Brasil em fins de 1908, tendo como
primeiro presidente Oswaldo Cruz. Destacou-se a Cruz Vermelha Brasileira por sua
atuação durante a I Guerra Mundial (1914-1918) e a saúde pública com
contribuições do próprio Oswaldo Cruz de Carlos chagas e de Ana Neri para o
desenvolvimento das organizações sanitárias no Brasil.
No Maranhão, vale considerar que a Escola de Enfermagem São
Francisco de Assis apresentou-se como uma importante instituição para a
profissionalização do Ensino de Enfermagem no estado contribuindo para elevar o
campo da saúde. Criada para desenvolver a formação de enfermeiras no Maranhão,
a Escola viu-se muitas vezes tolhida pelas condições financeiras e materiais que
envolviam o seu trabalho, tendo enfrentado esses problemas apelando ao Estado ou
buscando alternativas junto à particulares, dispondo muitas vezes da mobília
particular para a efetivação da missão de instruir. Inferimos que a carência material e
financeira tenha contribuído para a sua integração à Fundação Universidade do
Maranhão, porém mesmo após a integração a Escola continuou cultivando a
profissão por meio do curso técnico de Enfermagem permanecendo até os dias de
hoje.

A criação da Escola de Enfermagem São Francisco de Assis contribuiu


para a formação local de uma profissão até então escassa no Maranhão. Apesar da
natureza religiosa vinculada à profissão, durante séculos, contribuiu para a
laicização profissional, colocando à disposição da sociedade maranhenses
sucessivas turmas de enfermeiras e, ao se integrar a Fundação Universidade do
Maranhão, ganhou maior visibilidade com a profissionalização crescente de
enfermeiras (os) voltado para a assistência, a gestão, a docência e a pesquisa
científica, contribuindo para o enriquecimento do cabedal teórico da profissão e
consequentemente para o seu engrandecimento junto à sociedade.
REFERÊNCIAS

TURKIEWICZ, Maria. História da Enfermagem. Paraná, ETECLA, 1995.

GEOVANINI, Telma; (et.al.) História da Enfermagem: versões e


Interpretações. Rio de Janeiro, Revinter, 1995.

BRASIL, Leis, etc. Lei 5.905, de 12 de julho de 1973. Dispõe sobre a


criação dos Conselhos Federal e Regionais de Enfermagem e dá outras
providências. Diário Oficial da União, Brasília, 13 de jul. 1973. Seção I, p. 6.825

CONSELHO FEDERAL DE ENFERMAGEM. Documentos Básicos de


Enfermagem.

Você também pode gostar