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O Canadá é um exemplo de país que tem políticas públicas voltadas para

o multiculturalismo e a consequente ampliação da diversidade étnico-racial. O


Canadá tem uma sociedade heterogênea, onde as minorias étnico-raciais
contam com auxílio governamental que apoia sua identidade e pluralidade e
combate problemas como desemprego, baixa renda, segregação social desses
grupos. Todas as raças e etnias contribuem para a igualdade, unidade nacional,
harmonia social e prosperidade econômica.
Porém, apesar dos esforços do governo canadense, ainda há preconceito
e discriminação das minorias, pois não é fácil modificar uma sociedade baseada
no multiculturalismo liberal. O programa multicultural canadense, por ser muito
amplo, perde o foco e direcionamento. O resultado é a falta de diálogo,
dificuldades para tomar decisões e o objetivo de incluir as minorias nem sempre
alcançado.
Assim como no Canadá, vemos que Brasília foi construída sob o
multiculturalismo, porém os projetos que há aqui não recebem apoio
governamental o suficiente (quando há) e a própria sociedade nem sempre
reconhece a importância das minorias para a formação da identidade (política,
econômica e social) para a formação da identidade do nosso território.
O projeto baiano “Educação e culturalismo- formação para diversidade”
valoriza a cultura étnico-racial afrodescendente. “Escolas do amanhã” e o nome
do projeto da Secretaria Municipal de Educação do Rio de Janeiro e vincula
escola àquela comunidade. O que ambos projetos têm em comum? Eles focam
na construção da identidade individuais e coletivas étnico-raciais e na formação
humanística do ser humano, além de utilizar as escolas como veículo
transformador. Observa-se que o indivíduo que sofre preconceito e
discriminação geralmente tem baixo desempenho acadêmico, com afetivo,
intelectual e autoestima também afetados, pois se nega o direito ao respeito e
inclusão de sua cultura. Esses projetos, ao valorizarem o multiculturalismo,
respeitam a identidade do indivíduo sem comparações, auxiliam na recuperação
dos processos afetivos, cognitivos e a autoestima.
Em Brasília observa-se que na maioria das escolas, o indivíduo terá direito
a mostrar sua identidade, talvez por falta de conhecimento sobre a importância
do multiculturalismo ou por regras que não contemplam as minorias. Algumas
escolas elaboram projetos interdisciplinares culturais onde os alunos podem
demonstrar a sua cultura étnico-racial através da gastronomia, vestimentas,
artesanato, por exemplo. Também há o estudo étnico-racial multidisciplinar,
enfatizando a cultura africana e indígena desde suas origens, relacionando-as
ao passado, presente e, porque não, ao futuro.
O projeto “Ocupação horizontal do Complexo cultural Planaltina” utiliza a
internet (devido à pandemia) para oferecer, gratuitamente, oficinas sobre a
diversidade da cultura popular. As oficinas abordam temas como tradução de
libras na cultura popular e o conhecimento sobre as matrizes africanas e
indígenas. Outro projeto cultural de Brasília, também desenvolvido durante a
pandemia, e o “Territórios culturais” que conta com uma rede de espaço coletivos
e projetos culturais diversos, nas quais prevalecem atuações socioculturais,
defesa do direito humano, defesa do direito à cidade e a promoção da cidadania.
“Territórios culturais” ocorre em todas as regiões administrativas do Distrito
Federal, Brasília e visa que cada região conheça e defenda sua região, pois aqui
em Brasília há regiões onde há maioria nordestina, outras com maioria sulista,
por exemplo, e, às vezes, há preconceito e discriminação devido a origem étnico-
racial brasileira. E o que será que esses dois projetos têm em comum com os
projetos canadense, baiano e carioca? Todos visam a promoção dos direitos
humanos e do ser humano em sua identidade, valorização dos seus saberes,
visibilidade cultural e social, formação de uma sociedade baseada na igualdade,
observação dos problemas da minoria. Resumindo, visam a democracia plural.
Brasília é muito multicultural. Suas origens são multiculturais. Brasília não
possui um sotaque, por exemplo, porque somos a união de todos os sotaques
brasileiros. Mas será o que compõem esse caldeirão cultural em que vivemos?
Um projeto realizado nas escolas, com auxílio da comunidade, onde cada aluno
pesquise e entreviste sobre a cultura (entendida não só no campo das artes e
músicas) dos seus pais e/ou avós. Depois, uma apresentação do que foi
pesquisado, sendo a plateia formada pelos familiares. Além da valorização e
conhecimento do multiculturalismo étnico-racial, estarão presentes o trabalho
com aluno/escola/família e a aprendizagem afetiva, tão importante para a
aprendizagem efetiva.

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