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PANORAMA - SP
PÓS-GRADUAÇÃO EM TEOLOGIA REFORMADA
2019
Orientadora:
Dra. Angélica Maria Lima Mansano Garcia
PANORAMA - SP
2019
OliveirOliveira, Thiago da Mata de
O48s A soberania de Deus diante da existência de conflitos
internos na Igreja Medieval entre os séculos XIII e XIV / Thiago
da Mata de Oliveira. Panorama, 2019.
19 f.
CDD 270
BANCA EXAMINADORA
_______________________________________________
Profa. Orientadora: Dra. Angélica Maria Lima Mansano Garcia
Faterge – Faculdade de Teologia Reformada Genebra
Panorama - SP
DEDICATÓRIA
A Deus Pai, amado Senhor Jesus e ao Espírito Santo, pela eterna fonte de
inspiração e verdade. Foi Ele quem me deu vida, salvação e o ministério.
Sou grato à minha esposa Pâmela, companheira fiel nas vitórias, alegrias, lutas e
tribulações. Quem pacientemente compreendeu e soube dar o devido tempo e
espaço para produção desta monografia. É a maior incentivadora para o meu
ministério.
À Valéria Dias Jorge que aceitou cordialmente o desafio de revisar esta monografia,
investindo tempo e amor. Deus seja louvado por sua vida.
Aos pastores Batistas Reformados e à igreja Bíblica Unidos no Senhor pelo incentivo
aos estudos.
E também a você que lerá esta monografia. Que toda honra e glória sejam dadas ao
nosso Deus.
Louvado seja o Senhor, que me nutre desde a infância, que alimenta todas as
criaturas. Enche nossos corações de alegria e gozo, assim que sempre vivamos vida
plena sejamos ricos para toda boa obra em Cristo Jesus, nosso Senhor, ao qual
contigo e o Espírito Santo, sejam a glória, honra e poder em eternidade. Amém.
João Crisóstomo, 340-407
RESUMO
O presente trabalho tem por objetivo apresentar as possíveis causas dos conflitos
existentes dentro da igreja nos séculos XIII e XIV, também conhecida como a igreja
papal no período das trevas, escolástico ou medieval. Essas causas caminharam no
âmbito doutrinário e relacional, onde resultaram no declínio da mesma nesse
período conduzindo desta forma para a reforma que se concretizou no século XVI
com Martinho Lutero e outros reformadores. Nesse período de conflito Deus
levantou homens, entre eles João Wycliffe e João Huss, conhecidos na história
cristã como os pré-reformadores. Estes confrontaram as práticas e os ensinos
errôneos da igreja, o que levou ao afastamento da Palavra de Deus, e deixaram um
grande legado para a futura reforma que só se concretizaria séculos após suas
mortes. Todos os acontecimentos fazem parte dos planos soberanos de Deus, por
isso, o presente trabalho tem por objetivo mostrar a Soberania de Deus.
1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 08
2 CAUSAS DOS CONFLITOS NA IGREJA ............................................................. 09
2.1 ÂMBITO DOUTRINÁRIO.................................................................................... 09
2.2 ÂMBITO RELACIONAL ...................................................................................... 09
2.2.1 Corrupção do clero .......................................................................................... 10
2.2.2 Degradação da religião ................................................................................... 10
2.2.3 O povo abandonado ........................................................................................ 10
2.3 A QUEDA DO PAPADO (1309 – 1439) .............................................................. 11
2.3.1 Bonifácio VIII ................................................................................................... 11
2.3.2 O cativeiro Babilônico (1309 – 1377) .............................................................. 11
2.3.3 O grande cisma (1378 – 1417) ........................................................................ 12
3 OS PRECURSORES DA REFORMA – HOMENS PIEDOSOS ............................. 13
3.1 JOÃO WYCLIFFE (1324 – 1384) ........................................................................ 13
3.2 JOÃO HUSS (1369 – 1414) ................................................................................ 15
CONSIDERAÇÕES FINAIS ...................................................................................... 18
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ......................................................................... 19
8
1 INTRODUÇÃO
O período conhecido na história cristã como idade das trevas está entre os
séculos V a XV. A igreja nesse período andou em trevas e uma das evidências que
marcou esse tempo foi o abandono da doutrina apostólica, isto é a Palavra de Deus.
No entanto, apesar de andar por caminhos escuros, ocorreram situações bem
positivas ao longo desse período como por exemplo: a produção literária.
Esse abandono da Palavra levou a igreja a descaminhos bíblicos que foram
observados por irmãos piedosos, o que paulatinamente acabaram levando às
discordâncias doutrinárias. Desta forma, os conflitos dentro da igreja foram
inevitáveis, o que de certa forma corroborou para a reforma no século XVI.
O objetivo deste trabalho é mostrar as causas e consequências dos
descaminhos bíblicos da igreja.
De forma didática, esse trabalho está dividido em quatro capítulos. O
primeiro capítulo apresenta o objetivo e conteúdo do documento.
O segundo capítulo apresenta as causas e resultados dos conflitos
existentes na igreja nos séculos XIII e XIV. O terceiro capítulo apresenta dois
homens, dentre outros, desse período que foram relevantes na história e entraram
em conflito com a igreja pelas suas doutrinas erradas e práticas equivocadas ao
longo do tempo. Por fim, o quarto capítulo onde são apresentadas as considerações
finais e algumas aplicações práticas para os cristãos dos dias de hoje.
9
Neste âmbito, fica evidente que os religiosos que dirigiam a igreja medieval
tomaram decisões à parte da Palavra de Deus, o que a levaram às doutrinas
heréticas. Para ter uma noção dessas práticas e ensinos o Reverendo Hernandes
Dias Lopes1 escreveu:
1 Lopes, p.43.
10
2 Nichols, p.139.
3 Idem, p.140.
4 Idem, p.141.
11
A partir de 1305, durante 70 anos, todos os Papas foram escolhidos pelo rei
da França e ficaram submissos a ele. A queda aconteceu de fato, afinal “o poder que
governava o mundo fora publicamente envergonhado, e não houve ninguém que
levantasse a mão para defendê-lo”7.
5 Idem.
6 Ishy, p.25.
7 Nichols, p.144.
12
A sede do Papa foi transferida de Roma para Avignon, sul da França (1305-
1377) e por isso foram submissos ao Imperador, isto é, ao rei da França. O fato de
mudar-se de Roma constituiu uma queda irreparável de autoridade. Até mesmo os
mais ignorantes sentiram isso. As ordens papais eram desrespeitadas, inclusive a
excomunhão.
Grande cisma havia chegado ao fim. Sua longa duração, porém, abalara
seriamente a autoridade papal. Assim, quando talentosos sacerdotes
reformistas, como Wycliffe, questionaram a atuação da igreja, apenas
repetiam a estratégia dos cardeais e bispos que, ao permitir que a situação
chegasse ao ponto de haver tres papas ao mesmo tempo, tinham provado
que nenhum deles possuía autoridade divina9.
8 Idem, p.145.
9 Blainey, p.157.
10 Cairns, p.221.
13
11 Lopes, p.48.
12 Blainey, p.154.
13 Idem.
14 Nichols, p.146.
15 Cairns, p.225.
14
Wycliffe defendia a ideia de que todo o mundo deveria poder ler as Escrituras
na própria língua. Afirmou: “Visto que a Bíblia contém Cristo – tudo o que é
necessário para a salvação – ela é necessária para todos os homens, e não apenas
para os sacerdotes”17. Ele cria piamente na suficiência das Escrituras. James C.
Robertson18 diz:
Com isso é importante salientar que de forma errônea muitos acreditam que o
retorno à Bíblia começou com João Calvino e, ou Martinho Lutero, mas não é
verdade. Antes da reforma, houve tentativas de fazer a igreja e o próprio papa
caminhar no sentido do retorno às Escrituras para sair do declínio do prestígio e do
poder do papa através de reformas de várias espécies, inclusive interna. Dentro
dessas reformas os conflitos estavam ocorrendo e como ressaltou o Dr. Earle E.
Cairns19:
16 Ishy, p.33.
17 Idem.
18 Robertson, cap.51.
19 Cairns, p.219.
15
Por causa desses ensinos, Wycliffe foi condenado como herege pelo concílio
eclesiástico de Constança20 em Londres (1382). Desta forma, foi obrigado a
abandonador seu pastorado em Lutterworth. Diante disso, ele fez o seu grande
apelo ao povo inglês. Em muitos tratados, escritos em linguagem acessível ao povo
comum, atacou todo o sistema da igreja medieval e declarou que a Bíblia é a única
verdadeira regra de fé e prática.
Seu maior trabalho foi traduzir A Bíblia da Vulgata latina para o Inglês, o Novo
Testamento em 1380 e em 1384, com ajuda de outros e sobretudo de Nicolau de
Hereford21, o Velho Testamento.
O interessante como bem colocou Nichols é que antes de falecer:
20 Lopes, p.49.
21 Cairns, p.226.
22 Idem, p.14.
16
23 Lopes, p.49.
24 Cairns, p.227.
25 Nichols, p.146-147.
26 Blainey, p.155.
27 Aguiar, p.102-103.
17
não tivesse a intenção de, se possível, livrar os homens dos seus pecados. Hoje
morrerei satisfeito28” e profetizou: Hoje vocês estão matando um ganso (Huss), mas
em breve Deus levantará uma águia (Lutero), e a ela vocês não poderão matar.
Assim foi condenado e queimado em 1415.
Os perseguidores podem destruir o corpo dos homens, mas não podem
destruir ideias, e as de Huss foram disseminadas por seus seguidores. Não foi sem
motivo que os ensinos e o exemplo de Huss foram uma inspiração para Lutero
quando enfrentou problemas semelhantes na Alemanha de seus dias29.
28 Ishy, p.34.
29 Cairns, p.227.
18
CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
AGUIAR, Thiago Borges de. Jan Hus: cartas de um educador e seu legado imortal.
São Paulo: Annablume; Fapesp; Consulado Geral da República Tcheca, 2012.
CAIRNS, Earle Edwin. O cristianismo através dos séculos: uma história da igreja
cristã. Tradução Israel Belo de Azevedo, Valdemar Kroker. 3. ed. São Paulo: Vida
Nova, 2008.