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Critérios de Tresca e Von

Mises

Caroline Croce
Bianca Medeiros
Erika Gusmão
Manoela Pedroni
Raiane Oliveira

Engenharia Metalúrgica
Instituto Federal do Espírito Santo - IFES
Introdução

Os elementos estruturais e os componentes de máquinas são


projetados de modo que o material que os compõem, sendo material
dúctil, não venha a escoar pela ação dos carregamentos esperados.
Deve estabelecer um limite superior para o estado de tensão que
defina a falha do material.

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Métodos de Cálculo de Tensões e
Deformações
O emprego dos métodos de cálculo em conformação plástica
tem por objetivo determinar os esforços, tensões e deformações a
que estão submetidas a peça conformada e as ferramentas afim
de:

• Prever possíveis falhas durante o processamento tais como:


imperfeições de escoamento, acúmulo de tensões em regiões
críticas, defeitos nos produtos;
• Definir o tipo e a capacidade dos equipamentos a empregar;
• Definir o número de etapas necessárias ao processamento de
uma dada peça metálica.

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Hipóteses simplificadoras
A fim de simplificar os modelos aplicados aos métodos de
cálculo, assume-se algumas hipóteses a respeito do material a
conformar, das ferramentas e de algumas variáveis de
processamento. Sobre o material a conformar, assume-se que
sejam:

• Isotrópicos, ou seja, apresentam as mesmas propriedades


mecânicas em todas as
• Direções de solicitação;
• Incompressíveis, não apresentam variação de volume durante o
processo. Na realidade,ocorre um pequeno aumento de volume
devido ao aumento da densidade de discordâncias;

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Hipóteses simplificadoras

• Contínuos, não apresentam poros ou vazios que comprometam


sua continuidade;

• Homogêneos e uniformes, apresentam a mesma composição


química, morfologia de grãos e distribuição de partículas ao
longo de seu comprimento.

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Falhas

• Podem ser:
por deslocamentos excessivos;
por escoamento;
por fratura – (materiais frágeis) descontinuidades geométricas;
progressiva;
por critérios operacionais;

Material dúctil: falha será especificada pelo início do escoamento;


Material frágil: especificada pela fratura.

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Teoria da plasticidade

A fim de avaliar o início do escoamento plástico de um material


metálico durante um processo de conformação, torna-se necessário
relacionar os diversos estados de tensão deformação aos esforços
externos desenvolvidos. Para tanto algumas definições são feitas:

• Estado de tensão plana, onde as tensões normais atuam num plano


em direções perpendiculares entre si, sendo nula a tensão normal na
terceira dimensão, como pode ser assumido no caso de uma chapa
fina submetida a tensões no plano da chapa.

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Teoria da plasticidade

• Estado de deformação plana, onde o escoamento ocorre em

planos paralelos a um dado plano. Na direção normal a esse


plano a deformação é desprezível, como é o caso da torção pura
e da laminação de chapas largas em que somente a espessura e
o comprimento são deformados (Figura 1).

Figura 1 -Representação do estado plano de deformação

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No caso da laminação

Assume-se que não há mudança de volume, a deformação na


espessura é igual à do comprimento porém de sinais contrários.
No estado de deformação plana, existe o componente de tensão
normal na terceira dimensão (z),como mostrado:

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Critério de Resistência
• COEFICIENTE DE SEGURANÇA:
Coeficientes de segurança arbitrários não garantem um projeto
seguro;
Seja um ponto qualquer, pertencente a um corpo em equilíbrio,
submetido a um estado de tensões

Chama-se de coeficiente de segurança (s) ao número, maior que a


unidade, que ao multiplicar o estado de tensões provoca a ruína do
material.

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Chama-se de Tensão equivalente (σeq) uma tensão de tração simples
que multiplicada pelo mesmo coeficiente de segurança do estado de
tensão leva o material à ruína por tração.

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Ruína: está associado à falência do funcionamento do equipamento
no qual o corpo se insere.
Assim:

Deve-se, entretanto, estabelecer uma forma de determinação da


tensão equivalente para que ela possa representar com eficácia o
estado de tensões existente no ponto em estudo.

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Critérios de escoamento

Os critérios de escoamento foram elaborados a fim de definir o


estado limite de tensão que define o escoamento plástico dos
materiais metálicos. Ou seja, a partir de qual valor de tensão
aplicada, dar-se-á o início do processo de deformação plástica.

O primeiro critério foi desenvolvido por TRESCA (1865).

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Critério de tresca
• Quando a tensão de cisalhamento máxima no ponto crítico do
componente atingir o mesmo valor da tensão de cisalhamento
máxima do corpo de prova no momento do seu escoamento, num
ensaio de tração, tem-se o limite de referência do critério.

• Definia que o escoamento tem início quando a tensão de


cisalhamento máxima (tmax) atinge um valor crítico, característico e
constante para um dado material (condições definidas de
microestrutura, velocidade e temperatura de trabalho)
independentemente do estado de tensão aplicado.

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Para os materiais dúcteis o principal mecanismo de deformação
plástica é o de escorregamento nos planos de maior densidade
atômica.

Figura 2 – Escoamento do aço

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Pela análise do círculo de Mohr, verifica-se que:

Ou seja,
tmax = A
(A constante para um dado material sob condições específicas
de microestutura e propriedades)
Assim, no ensaio de tração:

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• Onde σ0 é definida como tensão limite de escoamento sob tração,

facilmente medida nos ensaios de tração convencionais. Já no


ensaio de torção, o valor da tensão limite de escoamento sob
cisalhamento puro (k) não é facilmente obtido. Utilizando-se o
critério de TRESCA, tem-se:

O critério de TRESCA apresenta como erro o fato de não


considerar a tensão intermediária, a qual apresenta influência
significativa no comportamento plástico dos materiais.

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Se qualquer ponto do material estiver sujeito a um estado plano de
tensões e suas tensões principais no plano forem representadas
pelas coordenadas σ1 e σ2 (marcadas no limite ou fora da área
hexagonal sombreada), o material escoará no ponto e ocorrerá
falha.

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Critérios de falha por escoamento
(aplicação do critério de tresca)
• O estado de tensões em um ponto pode ser escrito em termos de
suas tensões principais (σ1, σ2, σ3);
• O material não pode ultrapassar σesc;
• Deve existir uma função que permita verificar se o escoamento
ocorreu;
• Válido para materiais dúcteis;
• A tensão de cisalhamento desempenha o papel +
• Importante para o início do escoamento ocorrer.

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Teoria da Energia de Distorção Máxima -
Critério de Von Mises

Um material quando deformado por uma carregamento externo


tende a armazenar energia internamente em todo o seu volume. A
energia por unidade de volume do material é chamada densidade de
energia de deformação e, se ele estiver sujeito a uma tensão uniaxial,
σ , essa densidade é escrita como:

(1)

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Este critério de falha é baseado nas distorções provocadas pela
energia de deformação.A densidade de energia de deformação em
um elemento de volume do material submetido às três tensões
principais σ 1 , σ 2 e σ 3 , como na Figura 3.a é dada por:

(2)

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Se o material se comporta de maneira linear elástica a lei de
Hooke se aplica. Portanto, substituindo a equação:

(3)

Na equação (2) e simplificando obtemos:

(4)

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Essa densidade de energia de deformação é considerada a soma de
duas partes, uma das quais representa a energia necessária para
provocar uma mudança de volume do elemento sem mudar a sua
forma; e a outra, a energia necessária para distorcer o elemento.
Especificamente a energia armazenada no elemento como resultado da
sua mudança de volume é provocada pela aplicação da tensão principal
média, σ med = (σ 1 +σ 2 +σ 3 )/3, uma vez que essa tensão provoca
deformações principais iguais no material, como apresenta a Figura 4.b.
A parte restante da tensão, (σ1 −σmed), (σ2 −σmed) e (σ3 −σmed) , provoca a
energia de distorção como apresenta a Figura 3.c.

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Figura 3 – Deformação de um elemento de volume do material. σavg =σmed .

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Substituindo-se σ1 , σ2 e σ3 por (σ1 −σmed), (σ 2 −σ med )e (σ 3 −σmed) ,
respectivamente, na equação (4) teremos o seguinte resultado:

(5)

No caso do estado plano de tensões, σ3 = 0 e assim,

(6)

Em um teste de tração uniaxial, σ1 =σE , σ2 =σ3 = 0 e assim:

(7)

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Como a teoria da energia de distorção máxima requer que (ud)= (ud)E,
então temos que
(8)

A equação (8) está representada graficamente através da curva da


Figura 4:

Figura 4 – Critério de Von Mises (teoria da energia da distorção máxima).

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Caso um ponto do material estiver tracionado de tal forma que a
coordenada da tensão (σ1 ,σ2) esteja posicionada no limite ou fora da
área sombreada, diz-se que o material falhou.

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Comparação dos Critérios de Tresca e Von Mises

São “concorrentes”  Ambos são aplicáveis a materiais com o


mesmo comportamento dúctil.

Análise comparativa
Considerar somente os estados planos de tensão.

Definição:
O estado de tensão é um estado plano de tensão quando o vetor
de tensão referido a um dado plano é o vetor nulo.

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Comparação dos Critérios de Tresca e Von Mises

Considerar
Estado plano de tensão definido pelas tensões principais σ1,
σ2 e σ3=0.

Objetivo
Comparar o resultado da aplicação de cada um dos critérios a
qualquer caso possível de combinação dos valores de σ1 e σ2.

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Comparação dos Critérios de Tresca e Von Mises

Considerando o Critério de Tresca:


Tresca
(i) Se σ1 e σ2 têm mesmo sinal  Condição limite de
resistência: Max (σ 1
; σ 2 ) = σ escoamento
(lugar geométrico dos pontos que satisfazem esta equação os segmentos

retos AB, BC, DE e EF);

(ii) Se σ1 e σ2 têm sinais opostos  Condição limite de


resistência: σ 1 − σ 2 = σ escoamento
(lugar geométrico dos pontos que satisfazem esta equação os segmentos
retos CD e AF)

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Comparação dos Critérios de Tresca e Von Mises

O polígono ABCDEFA é designado habitualmente por hexágono de Tresca.

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Comparação dos Critérios de Tresca e Von Mises

Considerando o Critério de Von Mises:


Mises
Condição limite de resistência:

σ + σ − σ 1σ 2 = σ
1
2 2
2
2
E

(lugar geométrico dos pontos que satisfazem esta equação é uma


elipse que passa exatamente pelos vértices do hexágono de Tresca).

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Comparação dos Critérios de Tresca e Von Mises

Figura comparativa entre os Critérios de Tresca e Von Mises.

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Comparação dos Critérios de Tresca e Von Mises

Análise da figura comparativa:

1. Limites de resistência calculados pelos critérios de Tresca e de Von


Mises são, de grosso modo, muito próximos.
Nos seis vértices do hexágono, as duas teorias de falha coincidem  predizem que o
escoamento ocorrerá se o estado de tensão (plano) for neste ponto.

2. Critério de Tresca  Estimativa mais conservadora (ou seja, um valor


menor) para as tensões necessárias para produzir escoamento, pois o
hexágono se situa sobre ou dentro da elipse (lado da segurança quando se
trata de realizar um dimensionamento).

É possível dizer que o critério de Von Mises está mais de acordo com os
resultados experimentais que têm sido obtidos em ensaios reais. Por
isso, são geralmente mais utilizados [DOMINGUES].

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Conclusão

Teoria da Tensão de Cisalhamento Máxima ou


Critério de Tresca

Teoria usada para prever a tensão de falha de um material


dúctil submetido a qualquer tipo de carregamento com ruptura
por cisalhamento (45°).

O escoamento do material começa quando a tensão de


cisalhamento máxima absoluta atinge o valor da tensão de
cisalhamento que provoca escoamento do material quando ele
está submetido apenas à tensão axial.

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Conclusão

Teoria da Energia de Distorção Máxima ou


Critério de Von Mises

Correlaciona melhor com os dados experimentais.


O escoamento ocorre quando a energia de distorção por
unidade de volume é igual ou excede esta mesma energia
quando encontrada num ensaio de tração.

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Conclusão

Se o estado de tensão
para qualquer ponto no
corpo corresponde a
um ponto de tensão
que se situe fora das
regiões do hexágono
de Tresca ou da elipse
de Von Mises ou em
suas fronteiras, diz-se
que ocorreu a falha.
Figura comparativa entre os Critérios de Tresca e
Von Mises.

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Referências

• LIMA, L.R.O. Capítulo 2 - Critérios de Resistência


(Escoamento/Plasticidade e Ruptura). Universidade Estadual do Rio de
Janeiro – UERJ. Disponível em: <
www.labciv.eng.uerj.br/rm4/Cap_2_criterios.pdf >. Acesso em: 10 de
outubro de 2010.
• DOMINGUES, J. S. Critérios de Resistência. Instituto Superior de
Engenharia do Instituto Politécnico do Porto - ISEP . Disponível em: <
www.dem.isep.ipp.pt/docentes/jsd/Apont_Teoric/criterios.pdf >. Acesso em:
10 de outubro de 2010.
• BUFFONI, S. Critérios de Falha. Escola de Engenharia Industrial
Metalúrgica de Volta Redonda – UFF. Disponível em: <
www.professores.uff.br/salete/res1/aula141.pdf > Acesso em: 10 de
outubro de 2010.

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