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ACESSIBILIDADE

Autora: Gisele Cristina de Souza

UNIASSELVI-PÓS
Programa de Pós-Graduação EAD
CENTRO UNIVERSITÁRIO LEONARDO DA VINCI
Rodovia BR 470, Km 71, no 1.040, Bairro Benedito
Cx. P. 191 - 89.130-000 – INDAIAL/SC
Fone Fax: (047) 3281-9000/3281-9090

Reitor: Prof. Ozinil Martins de Souza

Diretor UNIASSELVI-PÓS: Prof. Carlos Fabiano Fistarol

Coordenador da Pós-Graduação EAD: Prof. Norberto Siegel

Equipe Multidisciplinar da
Pós-Graduação EAD: Profa. Hiandra B. Götzinger Montibeller
Profa. Izilene Conceição Amaro Ewald
Profa. Jociane Stolf

Revisão de Conteúdo: Prof. Ivan Álvaro

Revisão Gramatical: Sandra Pottmaier



Diagramação e Capa: Centro Universitário Leonardo da Vinci

Copyright © UNIASSELVI 2013


Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri
UNIASSELVI – Indaial.

362.4
S729a Souza, Gisele Cristina de
Acessibilidade / Gisele Cristina de Souza.
Indaial : Uniasselvi, 2013.
126 p. : il

ISBN 978-85-7830-658-8

1. Deficiência física.
I. Centro Universitário Leonardo da Vinci.
Gisele Cristina de Souza

Mestre em Saúde e Gestão do Trabalho


pela Universidade do Vale do Itajaí (UNIVALI).
Prêmio Mérito Estudantil no curso de graduação
de Fisioterapia da UNIVALI, primeiro lugar com
o Trabalho de Conclusão de Curso apresentado
na VIII Semana de Iniciação Científica do Curso de
Fisioterapia da UNIVALI. Fisioterapeuta escolar e
clínica no Centro Municipal de Educação Alternativa
de Itajaí (CEMESPI). Professora de pós-graduação.
Desenvolve pesquisas relacionadas à inclusão escolar
e às práticas da educação física inclusiva. Publicou:
Avaliação da Mobilidade Torácica e Capacidade Vital
em Crianças Saudáveis do Sexo Masculino através da
Cirtometria e Ventilometria; Avaliação da capacidade
vital pela ventilometria em crianças saudáveis do sexo
masculino de 7 a 11 anos; Formação Continuada em
Estimulação neuropsicomotora para professores da
educação infantil da rede municipal de ensino de
Itajaí: Projeto “Primeiros Passos”; A Prevenção
dos Problemas da Coluna Vertebral para os
Professores de Berçário e Maternal da Rede
Municipal de Ensino de Itajaí; Reorientação
didático pedagógica da educação física na
perspectiva da inclusão escolar.
Sumário

APRESENTAÇÃO...................................................................... 7

CAPÍTULO 1
Compreendendo a Acessibilidade.................................................. 9

CAPÍTULO 2
Legislação................................................................................. 33

CAPÍTULO 3
Acessibilidade na Escola: Abrindo Novos Caminhos
para a Aprendizagem.................................................................. 49

CAPÍTULO 4
Os Diversos Espaços da Escola Acessível para Todos ............. 75

CAPÍTULO 5
A Acessibilidade nos Caminhos para a Escola............................ 111
APRESENTAÇÃO
Caro(a) pós-graduando(a):

A garantia do acesso e permanência de toda criança na escola está registrada


no bojo das políticas públicas do Brasil na Constituição de 1988. Mas tornar toda
a escola acessível para os alunos com e sem deficiência trata-se de um grande
processo que vai além das normas e técnicas de acessibilidade brasileiras. A
escola precisa estar apta a permitir a aprendizagem do aluno de forma a garantir
um saber que lhe é próprio, e que faz sentido no seu mundo particular e social.

Nós profissionais da educação, devemos ter a consciência de que a
acessibilidade é necessária e boa para todos, todos os alunos, com e sem
deficiência indistintamente; da mesma forma que, nas audiências sociais todos
nós precisamos de acessibilidade para ir e vir com autonomia e independência
usufruindo o nosso direito de cidadão livre.

A este respeito, nosso caderno de estudos de acessibilidade, considera


a perspectiva de que os profissionais da educação também fazem parte da
acessibilidade escolar, não a acessibilidade que vence a barreira física, mas a
acessibilidade humana, a atitude docente que proporciona a todo o aluno (com e
sem deficiência) o direito de aprender com relevância moral.

A fim de abordar tamanha perspectiva, apresentamos os conteúdos que


estudaremos juntos no nosso caderno de estudos.

No capítulo I estaremos abordando o tema geral Compreendendo a


Acessibilidade; subdividido em: Conceito e Orientações; Considerações Gerais
sobre Acessibilidade Espacial; e Recursos e Adaptações.

Já no capítulo II nosso foco recai sobre a Legislação; dividindo o assunto em


dois subtítulos: Conhecendo as Normas Brasileiras; e Entendendo as leis.

E, por fim, o capítulo III encerra nosso caderno de estudos fazendo uma
análise a respeito da Acessibilidade na escola: Abrindo novos caminhos para a
aprendizagem; subdividindo este tema em: A acessibilidade na escola e a inclusão:
possibilidades e desafios; A escola, os seus diversos ambientes, espaços e o
entorno: a adaptação necessária para atender a todos.

Desejo a todos nós, bons estudos!

A autora.
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LISTA DE SIGLAS

ABNT = Associação Brasileira de Normas Técnicas


AEE = Atendimento Educacional Especializado
AVD’S = Atividades de Vida Diárias
IBDD = Instituto Brasileiro dos Direitos da Pessoa com Deficiência
CB = Comitê Brasileiro
CEET = Comissões de Estudos Especiais Temporárias
CONADE = Conselho Nacional dos Direitos da Pessoa com Deficiência
CONAMA = Conselho Nacional do Meio Ambiente
CONFEA = Conselho Federal de Engenharia, Arquitetura e Agronomia
DOSVOX1 = Sistema de Software utilizado para a Acessibilidade de Pessoas com
Deficiências Visuais
FUNDEB = Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica
IBGE = Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
IFES = Instituição Federal de Ensino Superior
MEC = Ministério da Educação
MPF = Ministério Público Federal
MR = Módulo de Referência
NBR = Norma Brasileira
OMS = Organização Mundial da Saúde
ONS = Organismos de Normalização Setorial
ONU = Organização das Nações Unidas
PARAJESC = Jogos Escolares Paradesportivos de Santa Catarina
PcD = Pessoa com Deficiência
PCR.= Pessoa em Cadeira de Rodas
PDF = Pessoa com Deficiência Física
PMR = Pessoas com Mobilidade Reduzida
PO = Pessoa Obesa
RI = Rehabilitation International
SC = Santa Catarina
UFRJ = Universidade Federal do Rio de Janeiro
UFSC = Universidade Federal de Santa Catarina
C APÍTULO 1
Compreendendo a Acessibilidade

A partir da perspectiva do saber fazer, neste capítulo você terá os seguintes


objetivos de aprendizagem:

� Propor o conceito de acessibilidade e apresentar as principais orientações;

� Interpretar as considerações gerais sobre acessibilidade espacial na escola;

� Discutir a questão da acessibilidade a partir dos meios de adaptações e dos


recursos disponíveis para a pessoa com deficiência;

� Identificar e refletir sobre as adaptações escolares necessárias para a vida


diária do educando com deficiência.
Capítulo 1 Compreendendo a Acessibilidade

Contextualização
Para iniciarmos nosso estudo vamos observar o conceito de acessibilidade
que o dicionário da língua portuguesa descreve segundo Luft (1991, p. 7)
acessibilidade é um substantivo feminino cujo significado é “que se pode chegar
ou ter acesso”. Partindo deste conceito inicial e do que nos oferece a Constituição
de 1988, segundo Brasil (1988), compreendemos que a acessibilidade de toda a
criança na escola faz parte do comprometimento de toda a sociedade; ou seja,
não se restringe a estrutura concreta das escolas, mas também a permissão
de que toda criança possa frequentar a escola, que possa locomover-se com
autonomia e independência sem qualquer tipo de constrangimento, prejuízo ou
adaptação pessoal à sociedade. Pois, é a própria sociedade a encarregada de
adaptar-se de todas as maneiras para que todos tenham acessibilidade e possam
transitar livremente e, ainda, a escola é a instituição designada por essa mesma
sociedade como lugar de ensino e de formação do indivíduo para a cidadania, o
que nos parece no mínimo razoável que esta seja também o espaço primordial no
qual a acessibilidade se concretize e mais que isso, se naturalize perante todos.

Neste sentido as orientações primordiais de acessibilidade perpassam


a sociedade civil e atingem o modo como o governo disponibiliza os recursos,
leis, normas, técnicas, verbas e informa aos cidadãos sobre a compreensão e
a viabilização do direito à acessibilidade. Sob este ponto de vista sugerimos a
você leitor, que observe neste capítulo a compreensão de acessibilidade sob um
contexto amplo, pois contextualizar é devidamente estar como parte integrante do
todo, e é o todo social que compõe a acessibilidade para cada um de nós, para
cada pessoa com ou sem deficiência.

Conceitos e Orientações
Para conhecermos um conceito mais preciso e completo de
acessibilidade descreveremos primeiramente a definição apresentada Acessibilidade:
possibilidade
pela Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT, 2004, p.10)
e condição de
através da Norma Brasileira (NBR) 9050 que estabelece o seguinte:
alcance, percepção
“acessibilidade: possibilidade e condição de alcance, percepção e entendimento
e entendimento para a utilização com segurança e autonomia de para a utilização
edificações, espaço, mobiliário, equipamento urbano e elementos” (no com segurança
capítulo II veremos com detalhes o que é a ABNT e a NBR 9050). e autonomia
de edificações,
De acordo com a ABNT acessibilidade perpassa a condição espaço, mobiliário,
equipamento urbano
de edificar calçadas, rampas etc.; tal conceito avança no sentido de
e elementos.
entender e utilizar com segurança e autonomia diversos segmentos

11
Acessibilidade

que estão descritos acima. Primeiro vamos analisar como as pessoas com e sem
deficiência podem alcançar, perceber, entender e utilizar a acessibilidade com
segurança e autonomia. Faça uma auto-reflexão: Você percebe, entende e utiliza
com autonomia a acessibilidade em sua casa e em seu trabalho?

Após sua auto-reflexão, observe o estudo que Duarte e Cohen (2006)


realizaram sobre a avaliação da acessibilidade. Os autores entrevistaram pessoas
que estudavam no Colégio de Aplicação da UFRJ, as respostas das entrevistas
revelaram que alguns dos informantes foram submetidos a situações no espaço
do colégio que lhes causaram constrangimento. Quando qualquer pessoa sofre
constrangimento, tal fato impede de definir com acessibilidade o local, pois
bloqueia a autonomia e segurança da pessoa e, autonomia e segurança são
elementos que compõem o conceito de acessibilidade.

Apresentamos o conceito de autonomia de acordo com Luft


(1991, p. 99) substantivo feminino que significa: “faculdade de se
governar por leis próprias; independência”.

Para mais esclarecimentos apresentamos algumas estatísticas da


O censo oficial do literatura. Rozicki (2007, p. 1) cita o dado da Organização Mundial de
Instituto Brasileiro
Saúde (OMS): a “OMS diz que há 600 milhões de deficientes físicos
de Geografia e
Estatística (IBGE) no mundo”. E, o censo oficial do Instituto Brasileiro de Geografia e
realizado em 2010 Estatística (IBGE) realizado em 2010 no Brasil verificou que 45,6
no Brasil verificou milhões de pessoas têm algum tipo de deficiência no país, este
que 45,6 milhões de valor atinge 24% do total da população brasileira. De acordo com a
pessoas têm algum Secretária de Estado dos Direitos da pessoa com deficiência (PcD)
tipo de deficiência de São Paulo, Dra. Linamara Rizzo Battistella, este alto índice permite
no país, este valor
que as considerações de acessibilidade possam ser revistas como
atinge 24% do
total da população necessidade de uma grande parcela da população, e não mais como
brasileira. interesse de uma minoria (SÃO PAULO, 2011).

Observando os dados mundiais e brasileiros, obtivemos uma


perspectiva ampla dos números atuais. É importante conhecer tais números
para que o governo destine adequadamente os recursos financeiros suficientes
à população. Para que encontremos o recorte da acessibilidade, com números
e projeções sob uma perspectiva menor, vamos observar mais estudos que
anunciaram a acessibilidade escolar como objeto de interesse.

Ely et al (2006, p. 2748) denunciam alguns problemas de acessibilidade que


encontrou no seu estudo no Colégio de Aplicação da UFSC:

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Capítulo 1 Compreendendo a Acessibilidade

Os passeios na via pública, que dão acesso à escola,


apresentam pisos irregulares. A entrada é inacessível,
uma vez que, o acesso principal é feito por uma escadaria
e o secundário por entrada para veículos com inclinação
inadequada. Deve-se salientar que a escada se configura
como um elemento arquitetônico intransponível para os alunos
com restrição motora.

Pereira (2011, p. 4), por sua vez, em seu estudo sobre acessibilidade narrou
um fato da seguinte maneira,

lembro-me de uma história, onde um aluno era carregado


pelas professoras e pela mãe, por não poder andar. A escola
tem dois prédios e ele só ia a um deles por ser difícil de
carregá-lo para o outro prédio, pois o acesso só se fazia por
escada e assim, ele não podia participar de muitas atividades.
A mãe cansou de pedir que fizessem uma rampa de acesso
para o outro prédio e a resposta era sempre a mesma: “é
inviável”. Até o dia em que “alguém” orientou a mãe e esta
não teve dúvidas, foi ao Ministério Público e fez a denúncia.
O resultado, é que de uma hora pra outra, a prefeitura que
até então não tomara providências, alegando inviabilidade,
arranjou um jeito de fazer a rampa que garantiu ao aluno,
acesso aos dois prédios da escola. Isso é um fato verídico, a
escola fica no ABC Paulista.

Refletindo sobre as condições das escolas que os autores


A falta de
supracitados nos referiram, fica evidente que ainda há escolas
acessibilidade de
brasileiras que não estão de acordo com a lei e não garantem a seus espaços e o
acessibilidade para todos os educandos. Nos dois casos (acima modo como estes
enunciados) foram realizadas denúncias ao Ministério Público Federal estão concebidos
(MPF), que é o órgão do governo que fiscaliza o cumprimento das faz com que
leis; lembre-se que qualquer cidadão pode ter contato com o MPF os alunos com
deficiência se
em um Fórum próximo. Observe ainda, o que Ely et al (2006, p. 9)
tornem dependentes
relataram na conclusão do seu estudo: “a falta de acessibilidade de da ajuda alheia,
seus espaços e o modo como estes estão concebidos faz com que quando têm o
os alunos com deficiência se tornem dependentes da ajuda alheia, direito à autonomia,
quando têm o direito à autonomia, conforto e segurança.” O que conforto e
os autores concluíram confirma que autonomia e segurança são segurança.
parte de suma importância na definição de acessibilidade, conforme
enunciamos anteriormente.

Além disso, já pontuamos que as estatísticas e a literatura brasileira


confirmam que há dificuldades e necessidade de apoio e estudos com relação
à acessibilidade nas escolas. Contudo, lembre-se, segurança e autonomia são
parte do significado de acessibilidade, mas ainda há outros componentes que
vamos conhecer adiante. Sendo assim, vamos desmembrar os componentes

13
Acessibilidade

para compreender a utilização de edificações e espaços. As edificações são


as estruturas físicas compostas por: solo, paredes, tetos, componentes para
iluminação, ventilação, para circulação, acesso e mobilidade de pessoas; são as
construções que abrigam as atividades humanas. Já os espaços podem ser os
locais com áreas construídas ou áreas ambientais livres ou áreas urbanizadas
(como uma rua); são públicos ou privados, mas também se destinam as atividades
humanas. Abaixo segue o significado de equipamento urbano, elemento e
mobiliário urbano, citado por ABNT (2004, p. 3):

Equipamento urbano: todos os bens públicos e privados,


de utilidade pública, destinados a prestação de serviços
necessários ao funcionamento da cidade, implantados
mediante autorização do poder publico, em espaços públicos
e privados (...) Elemento: qualquer dispositivo de comando,
acionamento, comutação ou comunicação. São exemplos
Podemos enfim de elementos: telefones, intercomunicadores, interruptores,
simplificar o torneiras, registros, válvulas, botoeiras, painéis de comando,
significado de entre outros (...) Mobiliário urbano: todos os objetos, elementos
acessibilidade como e pequenas construções integrantes da paisagem urbana, de
a possibilidade de natureza utilitária ou não, implantados mediante autorização
atingir e utilizar do poder público em espaços públicos e privados.
com segurança e
autonomia todos os Todos os conceitos descritos anteriormente são componentes do
locais construídos significado de acessibilidade. Com base nos autores e nos estudos
e espaços livres,
citados, podemos enfim simplificar o significado de acessibilidade
sejam eles públicos
ou privados; e como a possibilidade de atingir e utilizar com segurança e autonomia
todos os objetos todos os locais construídos e espaços livres, sejam eles públicos ou
urbanos de privados; e todos os objetos urbanos de manuseio em geral, como
manuseio em geral, telefones, maçanetas etc. Subjetivando o recorte de interesse para a
como telefones, acessibilidade nas escolas apresentamos abaixo uma pequena síntese
maçanetas etc.
descrita por ABNT (2004, p.87):

Entrada [acessível] (...) rota acessível interligando o acesso


de alunos as áreas administrativas, de prática esportiva,
de recreação, de alimentação, salas de aula, laboratórios,
bibliotecas, centros de leitura e demais ambientes pedagógicos
(...) um sanitário para cada sexo, de uso dos alunos, devem
ser acessíveis (...) um sanitário para cada sexo, de uso de
funcionários e professores, devem ser acessíveis (...) todos
os elementos do mobiliário interno devem ser acessíveis,
garantindo-se as áreas de aproximação e manobra e as faixas
de alcance manual, visual e auditivo (...) nas salas de aula,
quando houver mesas individuais para alunos, pelo menos
1% do total de mesas, com no mínimo uma para cada duas
salas de aula deve ser acessível a P.C.R. (...) as lousas devem
ser acessíveis e instaladas a uma altura inferior máxima de
0,90 metros do piso (...) todos os elementos do mobiliário
urbano da edificação como bebedouros, guichês e balcões
de atendimento, bancos de alvenaria, entre outros, devem ser

14
Capítulo 1 Compreendendo a Acessibilidade

acessíveis (...) as escadas devem ser providas de corrimões


em duas alturas.

Para auxiliar a compreensão de acessibilidade listamos o


significado de alguns termos que já foram escritos, segundo a ABNT
(2004):

• Rota acessível: trajeto contínuo, desobstruído e sinalizado; é o caminho para


movimentar-se com segurança e autonomia, pode ser externo ou interno;

• Áreas de aproximação e manobra: espaço sem obstáculos


para que a pessoa em cadeira de rodas possa manobrar e
movimentar-se para utilizar o mobiliário ou elemento com
autonomia e segurança;

• Faixas de alcance manual, visual e auditivo: área com espaço


para o alcance manual e visual do mobiliário urbano ou elemento
com autonomia e segurança. A faixa com alcance auditivo trata-
se de espaços com dispositivos auditivos que emitem som para
guiar a movimentação com autonomia e segurança;

• P.C.R.: pessoa em cadeira de rodas.

Neste momento, vamos praticar o processo reflexivo crítico através da


primeira atividade de estudo.

Atividade de Estudos:

1) Releia a síntese escrita anteriormente retirada da NBR 9050


(2004) por ABNT (2004, p. 87) e dela retire e relacione os
itens que devem ser adaptados para que a acessibilidade seja
garantida a todos. Em seguida, escolha uma escola que você
conheça bem e indique se cada item relacionado está de acordo
com a NBR 9050 (2004), ou seja, se está adequado de forma que
garanta a acessibilidade.
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Acessibilidade

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A partir de agora, destinamos nosso olhar para um tipo de barreira à


acessibilidade: a barreira humana. Para tanto, é necessário perceber as relações
afetivas, os motivos atitudinais e os emocionais que se desenvolvem, indo um
pouco além dos espaços, do entorno e da construção física (VILLAROUCO, 2010).

Neste sentido Mello e Martins (2007) contribuem ao dizerem que eliminar


barreiras arquitetônicas não garante a acessibilidade, pois há implicações
emocionais. Para compreendermos melhor tais implicações presentes, basta
lembrar que a definição de acessibilidade abrange autonomia e segurança,
que por sua vez, conduzem a questões emocionais. Em seu estudo, os autores
acima pontuaram que além da barreira física, a barreira humana também tornou
inacessível que uma PcD continuasse estudando na mesma turma. Isto ocorreu
porque esta turma foi para o segundo piso, e não havia rampa ou elevador, então
a direção retirou apenas o educando com deficiência da turma e o transferiu para
o piso térreo (em outra turma de mesmo nível). No entanto, os autores sugeriram
que poderia ter sido realizada a transferência de todos os alunos para o piso
térreo, pois assim, o educando com deficiência não teria sido privado do convívio
de toda a sua turma.

Villarouco (2010) também pontua como é importante chamar atenção para a


relação homem ambiente, pois além de calçadas irregulares, pisos inadequados,
sinalização ineficiente e iluminação deficiente, tornam-se indispensáveis também
as relações humanas, as questões psicológicas relacionadas à acessibilidade,
e a questão perceptual que são determinantes para o desenvolvimento da
interação homem-ambiente. Refletindo sobre isso, vamos adentrar novamente

16
Capítulo 1 Compreendendo a Acessibilidade

no contexto escolar e explorar a influência dos valores relacionais


Sanches e Cabral
para a acessibilidade no ambiente educacional. Em comentário a essa
(2009) relatam o
questão, Sanches e Cabral (2009) relatam o quanto é essencial a boa quanto é essencial
influência da relação humana para vencer a barreira física, e sugerem a boa influência da
que o professor pode perguntar a criança com naturalidade quais são as relação humana
suas necessidades, pois podem ser necessárias medidas simples, como para vencer a
fixar o papel com fita crepe na carteira, ou até outras adaptações mais barreira física, e
elaboradas como, regular a altura da carteira, verificar a melhor posição sugerem que o
professor pode
da lousa e averiguar se o banheiro pode ser utilizado por uma PcD.
perguntar a criança
com naturalidade
Demonstrando consonância com os demais autores quais são as suas
apresentados, Tagliari et. al. (2006, p. 10) asseveram que o estudo que necessidades.
realizaram aponta para a “total falta de estrutura, informação e treino
dos funcionários e dos pais em relação às necessidades dos alunos PDF [Pessoa
com Deficiência Física] que estão sob sua responsabilidade”. Portanto, os autores
sugeriram que fossem realizadas palestras explicativas e demonstrativas sobre
a forma de vencer as barreiras humanas para melhorar a qualidade de vida dos
educandos com deficiência física.

Nesse estudo, Tagliari et. al (2006) consideraram para a acessibilidade da


PcD física na escola, tanto as barreiras ambientais, quanto as arquitetônicas e
humanas. Ely et al (2006), por sua vez, corroboram com essa questão afirmando
que ao tratar de acessibilidade espacial das PcD, é relevante considerar tanto as
barreiras arquitetônicas quanto as atitudinais, já que ambas impedem,
reduzem ou retardam a inclusão social. Gostaríamos de
salientar que
a questão da
Em relação ao que foi mencionado no texto até aqui,
acessibilidade diz
gostaríamos de salientar que a questão da acessibilidade diz respeito a todos de
respeito a todos de uma maneira geral, compreendendo a estrutura uma maneira geral,
do meio e o modo como as pessoas interagem entre si e com o compreendendo a
ambiente. Desta forma, todos nós fazemos parte da acessibilidade, estrutura do meio
pois nos relacionamos constantemente para vivermos com e o modo como as
segurança e autonomia. Após essas orientações iniciais seguimos pessoas interagem
entre si e com
com algumas considerações gerais com o recorte do conteúdo
o ambiente.
direcionado a acessibilidade espacial.

Considerações Gerais sobre


Acessibilidade Espacial
Dando prosseguimento as nossas reflexões vamos entender melhor o
significado e o que representa em termos práticos a acessibilidade espacial e

17
Acessibilidade

como ela pode representar um avanço e um bem comum tanto para as PcD como
para a população em geral.

Diante disso destacamos que a acessibilidade espacial diz


Destacamos que respeito à possibilidade de participação da população na sociedade em
a acessibilidade
condições igualitárias e sem qualquer tipo de discriminação; há que se
espacial diz
respeito à ter a perspectiva de que a acessibilidade não apenas se refere às PcD,
possibilidade mas também a todos os indivíduos, favorecendo-os da mesma forma
de participação (MEC, 2011; VASCONCELOS; PAGLIUCA, 2006).
da população
na sociedade Além disso, Duarte e Cohen (2006) e Godoy (2002) descrevem
em condições que a acessibilidade ao espaço construído não deve ser compreendida
igualitárias e sem
como um conjunto de medidas que favorece apenas às PcD, pois, tal
qualquer tipo de
discriminação fato, poderia até aumentar a exclusão espacial e a segregação das
PcD. Desta forma, esclarecemos que acessibilidade avança no sentido
de atingir medidas técnico-sociais destinadas a acolher todos os
cidadãos. Por exemplo:

• uma mãe gestante que está levando a filha na escolha;

• um idoso levando um neto e que provavelmente ambos terão alguma


dificuldade em subir e descer escadas;

• uma pessoa obesa que poderá ter dificuldade em passar em algum corredor e
assim por diante.

Não são pessoas com deficiência, mas são pessoas que também precisam
usufruir dos benefícios da acessibilidade nos espaços.

Lembre-se a acessibilidade espacial significa muito mais do que o


Lembre-se a acesso a um determinado meio de transporte ou a um determinado local.
acessibilidade É necessário que a pessoa possa situar-se e orientar-se no espaço,
espacial significa deslocar-se e movimentar-se sem impedimentos e barreiras, encontrar-
muito mais do que se nos ambientes sem precisar fazer uso de questionamentos.
o acesso a um
determinado meio
Além disso, toda a estrutura, os espaços, os mobiliários e
de transporte ou
a um determinado equipamentos devem estar de acordo para que todos possam participar
local. das atividades de forma segura, confortável e com independência. As
barreiras físicas existentes interferem nessas atividades, restringindo
a mobilidade e prejudicando o uso dos espaços e dos equipamentos.
Por isso, Lovato e Zych (2008) e Villarouco (2010) consideram importante a
preocupação com a acessibilidade espacial e adequação ergonômica dos espaços
e/ou ambientes. E mais importante ainda é chamar a atenção do poder público e
da sociedade em geral para a observação dessa necessidade.

18
Capítulo 1 Compreendendo a Acessibilidade

A respeito dos diversos tipos de barreiras e impedimentos a serem


• Orientação
considerados sobre a acessibilidade espacial, MEC (2009), Oliveira
Espacial/Informação:
e Ely (2006) e Ely et al (2006), descrevem quatro (4) componentes É determinado
listados abaixo: pelas características
ambientais e
• Orientação Espacial/Informação: É determinado pelas características compreensão do
ambientais e compreensão do espaço a partir de sua configuração espaço a partir de
sua configuração
arquitetônica e da organização funcional. É a orientação necessária
arquitetônica e
que precisa se ter para sair do lugar onde se está e ir em direção da organização
ao lugar desejado. Todo esse percurso deve conter suportes funcional. É
informativos que auxiliem e os levem ao destino. Os suportes a orientação
informativos podem ser de diversos tipos, tais como: placas, necessária que
sinais, mapas, desenhos, informações sonoras, letreiros, imagens, precisa se ter para
sair do lugar onde
iluminação, cores, disposição de objetos e/ou equipamentos, tipo e
se está e ir em
qualidade do piso. Lembrando sempre que existem diversos tipos de direção ao lugar
deficiências físicas e incapacidades, então temos que saber que as desejado.
informações adicionais devem ser acessíveis a todos. Um exemplo
do que descrevemos acima, é mostrado por Ferrés (2006, p. 25), Os suportes
informativos podem
a organização interna dos espaços deve ser ser de diversos
claramente perceptível, evitando becos, áreas tipos, tais como:
sem uso e qualquer outra configuração que possa placas, sinais,
causar confusão ou isolamento de pessoas com mapas, desenhos,
senso de orientação reduzido, como espelhos, informações
portas de vidro, portas vai-vem (...) Caso existam sonoras, letreiros,
zonas não acessíveis, com corredores estreitos imagens,
ou desníveis sem rampas, deve-se sinalizar essas iluminação, cores,
rotas antecipadamente, para evitar acidentes
disposição de
e trajetos desnecessários. Faixas guias táteis
objetos e/ou
devem projetar uma rota desde a entrada até
equipamentos, tipo e
diferentes pontos de interesse no interior (...) Os
pisos devem ter superfície regular, firme, estável qualidade do piso.
e antiderrapante sob qualquer condição, que não
provoquem trepidação em dispositivos com rodas (...) Atenção
especial deve ser dada aos tapetes e forrações: estes devem
ser embutidos, fixados e nivelados.

• Deslocamento: refere-se à condição de realizar o que chamamos de percursos


horizontais (corredores) e os percursos verticais (elevadores, rampas,
escadas). Ou seja, precisa haver possibilidade de umã pessoa deslocar-se
de forma independente, segura e confortável em todos os ambientes, sem
barreiras físicas e obstáculos. Além disso, o aspecto do deslocamento também
inclui toda a estrutura interna do lugar (sanitários, salas, pátios, jardins etc).
Em comum acordo com os autores supracitados, Vasconcelos e Pagliuca
(2006, p. 495) afirmam que

as pessoas com deficiência possuem limitações físicas,

19
Acessibilidade

sensoriais ou mentais que muitas vezes geram dificuldades


e impossibilidades de execução de atividades comuns às
outras pessoas, resultando na dificuldade de deslocamento
de um lugar a outro. Diante disto, impõem-se a utilização
de equipamentos que permitam melhor convívio, dadas as
barreiras do ambiente físico.

• Uso: Refere-se à possibilidade efetiva de fazer uso de tudo


Os equipamentos
precisam ser que envolve o ambiente. Tanto o espaço físico, como os objetos,
adequados aos equipamentos e mobiliários inseridos no mesmo. Além disso, é
usuários, os preciso também gerar condições para que todos possam participar
mobiliários de das atividades existentes e fazer uso de objetos e materiais de
forma ergonômica forma independente. Os equipamentos precisam ser adequados aos
para que possam
usuários, os mobiliários de forma ergonômica para que possam permitir
permitir livre acesso
aos usuários. livre acesso aos usuários. Pagliuca et al (2007, p. 582) também faz
referência a este assunto:

as pessoas com deficiência física para exercerem esses


direitos e fortalecerem sua participação como cidadãos, há
necessidade de se atingir alguns objetivos, como o direito
a acessibilidade em edificações de uso público. Assim, a
conquista por espaços livres de barreiras arquitetônicas
implica a possibilidade e a condição de alcance para que
portadores de deficiência utilizem com segurança e autonomia
as edificações, mobiliários, os equipamentos urbanos, os
transportes e meios de comunicação.

• Comunicação: Refere-se à troca de informações e à interação entre as


pessoas e entre pessoas e ambiente. É necessário que todos consigam se
comunicar de forma simples, com ou sem suportes informativos. Como já
explicamos no primeiro componente que é o de “orientação espacial”, todos
os suportes podem ser utilizados sem problemas, visando sempre estabelecer
de forma mais eficaz possível à comunicação entre todos.

Para investigar a acessibilidade Oliveira e Ely (2006), observaram o


componente deslocamento através do chamado passeio acompanhado. Os
autores acompanharam um idoso, uma pessoa em cadeira de rodas, uma PcD
visual e uma PcD auditiva; no deslocamento de suas casas até um centro cultural.
Relataram que alguns locais estavam inadequados para receber as pessoas,
principalmente as pessoas com restrição física. E, ainda observaram de perto
quais foram as dificuldades reais que essas pessoas apresentaram no acesso,
deslocamento e uso daqueles espaços. Desta forma, descreveram que as
dificuldades existiam além do centro cultural, pois estavam presentes no caminho
afetando assim, a mobilidade de muitas pessoas.

Para registrar quantas pessoas são afetadas por dificuldades no acesso,

20
Capítulo 1 Compreendendo a Acessibilidade

destacamos que: do censo realizado em 2000 em relação ao realizado em 2010,


há um expressivo crescimento no número de pessoas que declararam algum
tipo de deficiência ou incapacidade. Em 2000, 24.600.256 pessoas (ou 14,5% da
população total) declararam algum tipo de deficiência ou incapacidade, como nos
mostra a tabela abaixo.

Tabela 1 - População residente por tipo de deficiência - Brasil – 2000

Tipo de deficiência População residente


Mental 2.844.937
Física 1.416.060
Visual 16.644.842
Auditiva 5.735.099
Motora 7.939.784

Fonte: IBGE, Censo Demográfico (2000).

E, em 2010 houve um aumento de mais de 20 milhões de pessoas, com


relação aos valores de 2000. Sendo assim, podemos considerar de forma
conclusiva que a acessibilidade espacial é uma ação importante para que os
cidadãos possam exercer os seus direitos.

Diante disso, acrescentamos a contribuição de Ely et al (2006), os autores


relatam que é necessário garantir a acessibilidade por meio da superação das
barreiras físicas e espaciais, criando espaço inclusivo, espaço que proporcione
conforto, segurança e autonomia para todas as pessoas. E, ainda, Brasil (2009, p.
34) em seu artigo 9, do capítulo da Convenção sobre Direitos das Pessoas com
Deficiência esclarece,

a fim de possibilitar às pessoas com deficiência viver de forma


independente e participar plenamente de todos os aspectos
da vida, os Estados-Partes tomarão as medidas apropriadas
para assegurar às pessoas com deficiência o acesso, em
igualdade de oportunidade com as demais pessoas, ao meio
físico, ao transporte, à informação e comunicação, inclusive
aos sistemas e tecnologias da formação e comunicação, bem
como a outros serviços e instalações abertos ao público ou de
uso público (...). Essas medidas, que incluirão a identificação e
a eliminação de obstáculos e barreiras à acessibilidade, serão
aplicadas.

Enfatizamos que é importante que as medidas supracitadas sejam aplicadas


pelo Estado (órgãos e entidades do poder público) para que todas as PcD possam
viver com autonomia, pois têm os seus direitos assegurados perante a lei e de
acordo com a convenção internacional. As medidas aplicadas assegurarão
às PcD o pleno exercício de seus direitos básicos, como o direito à educação,

21
Acessibilidade

à assistência social, à saúde, ao trabalho, ao lazer, à cultura, à moradia, ao


transporte etc.

Em seu trabalho Barbosa (2003) também faz menção ao que


Compete ao poder foi supracitado, colocando que compete ao poder público, promover
público, promover
e fiscalizar a implantação de novas obras e a prestação de serviços,
e fiscalizar a
implantação de garantindo dessa forma, a possibilidade de inclusão social de todos os
novas obras e cidadãos. Assim, os direitos humanos e liberdades fundamentais devem
a prestação de ser respeitados e visando de forma objetiva e concreta a promoção da
serviços, garantindo acessibilidade às PcD. E quando voltamos essa discussão para a área
dessa forma, a da educação, que nos próximos capítulos será o foco principal, fica
possibilidade de claro que sem instalações, estruturas e mobiliários adequados não se
inclusão social de
pode haver um trabalho educativo com acessibilidade eficiente.
todos os cidadãos.

A respeito do acesso à educação Sanches e Cabral (2009, p. 36)


afirmam que

a promoção da acessibilidade é de suma importância para


garantir a efetivação da inclusão no âmbito escolar, eliminando
assim as barreiras físicas e atitudinais que estão presentes
na vida da pessoa com deficiência. É essencial reconhecer
que as pessoas com deficiência têm características pessoais
específicas oriundas das deficiências. Para o processo de
inclusão escolar, é preciso uma mudança qualitativa no
trabalho educacional no interior das escolas, no acesso da
criança até à escola, e isso requer um envolvimento de todos
os profissionais da educação, alunos e pais, na reorganização
do espaço.

Os dados relacionados à acessibilidade nos espaços e ambientes da escola


estudaremos no capítulo 3.

Para concluir, apresentamos uma frase de Duarte e Cohen (2004, p. 2): “uma
mente brilhante impedida de estudar pela simples existência de uma escadaria...
não há forma mais cruel de segregação social do que as barreiras para as
[pessoas com deficiências] PcDs”. Tal frase é para nos fazer pensar em tudo que
já estudamos até aqui.

Recursos e Adaptações
Para demonstrar alguns dos recursos e adaptações disponíveis que auxiliam
a garantir a acessibilidade para todas as pessoas, vamos primeiramente observar
os objetivos apresentados no manual do Programa Escola Acessível do Ministério
da Educação

22
Capítulo 1 Compreendendo a Acessibilidade

promover a acessibilidade e inclusão de alunos com deficiência,


transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades/
superdotação matriculados em classes comuns do ensino
regular, assegurando-lhes o direito de compartilharem os
espaços comuns de aprendizagem, por meio da acessibilidade
ao ambiente físico, aos recursos didáticos e pedagógicos e
às comunicações e informações. Adequar arquitetônica ou
estruturalmente, os espaços físicos reservados à instalação
e funcionamento de salas de recursos multifuncionais, a fim
de atender os requisitos de acessibilidade; adequar sanitários,
alargar portas e vias de acesso, construir rampas, instalar
corrimão e colocar sinalização tátil e visual. Adquirir mobiliário
acessível, cadeira de rodas, material desportivo acessível e
outros recursos de tecnologia assistiva (MEC, 2011, p. 7).

Analisando a referência acima é possível compreender que os recursos


e adaptações que proporcionam acessibilidade compõem uma grande gama
de dispositivos e ferramentas, tais não são somente para vencer as barreiras
ambientais e arquitetônicas, eles envolvem diversas estruturas, como: mobiliário,
equipamentos de manuseio em geral, equipamentos/materiais pedagógicos,
equipamentos para a comunicação sonora, equipamentos visuais, recursos
eletrônicos e demais recursos razoáveis em forma de tecnologia assistiva.

Tecnologias assistivas são equipamentos tecnológicos gerais que


auxiliam a PcD a ter autonomia. Por exemplo: softwares (programas
de computador) especiais de acessibilidade, como o Headmouse, que
estabelece a comunicação entre usuário e computador sem o uso do
teclado ou mouse, apenas através dos movimentos dos olhos.

Para nos auxiliar a visualizar quais são estes recursos e adaptações


seguimos explorando a NBR 9050 (2004) já que MEC (2011) indica que para a
elaboração das ações do Programa Escola Acessível devem ser observadas as
normas de acessibilidade previstas nesta normativa.

Um exemplo de equipamento de comunicação muito comum e conhecido


por todos, é o telefone. O telefone é um recurso de acessibilidade a PcD
quando apresenta teclado, para a acessibilidade da pessoa surda; ou quando
apresenta amplificador sonoro, para a acessibilidade da PcD auditiva (que tem
perda auditiva). Outro recurso de acessibilidade a PcD é o piso tátil. O piso tátil,
figura 1, ABNT (2004, p. 37) compõe a sinalização tátil de alerta direcional para
a PcD visual, garantindo segurança para locomover-se na direção desejada
(ABNT, 2004).
23
Acessibilidade

Figura 1 - Piso tátil

Fonte: Disponível em: <http://www.haiah.com.br/espec_


pisotatil.htm>. Acesso em: 10 jan. 2013.

Além desses recursos, Baranauskas e Mantoan (2001) relatam que há


a acessibilidade no contexto de software através de dispositivos especiais
incorporados ao computador em hardware (equipamento de informática) ou
software, um exemplo é o programa DOSVOX1 utilizado para a acessibilidade de
pessoas com deficiências visuais (cegos ou com de visão subnormal).

DOSVOX1 é um sistema de software comercial constituído de


um conjunto de 60 programas que “falam” ao usuário durante o
uso de determinadas aplicações como telnet, ftp, navegadores,
editores de texto, etc. Enquanto a comunicação do usuário
com o computador continua sendo feita via teclado, a saída de
informação do computador para o usuário é falada em língua
portuguesa (BARANAUSKAS; MANTOAN, 2001, p.14).

O DOSVOX1 é um recurso de acessibilidade para a pessoa cega. Contudo, é


importante ressaltar que a PcD pode apresentar mais de um comprometimento de
suas funções (físico, visão, audição, cognição). Nestes casos a pessoa apresenta
deficiência múltipla. Nas escolas há educandos com deficiência múltipla que
precisarão dos recursos ambientais e arquitetônicos, como: calçadas, corredores
livres, rampas, elevadores; que se destinam a auxiliar no comprometimento
físico. Além disso, estes educandos também precisarão de outros recursos de
acessibilidade para auxiliar no comprometimento da função da visão, audição etc.

Na minha experiência como funcionária da educação no município de Itajaí


(SC) já assessorei escolas que possuíam matriculados alunos com deficiência
múltipla. Estes alunos foram assistidos com recursos e adaptações tanto para
o comprometimento físico quanto para o comprometimento visual. Por isso é
importante compreender que os recursos e adaptações para a pessoa com
24
Capítulo 1 Compreendendo a Acessibilidade

comprometimento físico, podem ir além das barreiras físicas, quando se trata de


uma pessoa com deficiência múltipla.

Segundo ABNT (2004) algumas das adaptações necessárias para as PcD


vencerem as barreiras arquitetônicas são: portas com vão livre de 0,80 metros
para a circulação da P.C.R. e altura de 2,10 metros; elevador vertical ou inclinado;
rampas (com largura mínima de 1,50 metros e inclinação de acordo com a
equação e tabela disponíveis no item 6.5 da NBR 9050, 2004).

Quanto há alguns recursos que podem auxiliar a PcD física, podemos


exemplificar o teclado colmeia de acrílico (figura 2 e 3) e o mouse em esfera
(figura 4); ambos são muito úteis no atendimento ao educando com deficiência
física na escola.

Figura 2 - Teclado colmeia em acrílico

Fonte: Disponível em: <http://ceacm30.blogspot.com.br/2011/05/


novo-laboratorio.html>. Acesso em: 10 ago. 2012.

Figura 3 – Teclado colmeia em uso por PcD física

Fonte: Disponível em: <http://intervox.nce.ufrj.br/~beatriz/


microfenix/tecno.htm>. Acesso em: 22 ago. 2012.

25
Acessibilidade

Figura 4 - Mouse em esfera

Fonte: Disponível em: <http://www.clik.com.br/clik_01.html>. Acesso em: 22 ago. 2012.

Confira nestes links o vídeo que demonstra como funciona a


cadeira de rodas extensora e a sua importância http://www.youtube.
com/watch?v=awx0ldk5e1o (Exponor 2009 - Portugual); http://www.
youtube.com/watch?v=SfnoU-AZHhI (Reatech 2012).

Para esclarecer algumas barreiras que impossibilitam a acessibilidade, segue


abaixo uma síntese escrita por Lovato e Zych (2008, p. 6):

acessibilidade arquitetônica, sem barreiras ambientais físicas


em todos os recintos internos e externos da escola e nos
transportes coletivos. Acessibilidade comunicacional, sem
barreiras na comunicação interpessoal (face-a-face, língua
de sinais, linguagem corporal, linguagem gestual, etc), na
comunicação escrita e na comunicação virtual (acessibilidade
digital). Acessibilidade metodológica, sem barreiras nos
métodos e técnicas de estudo de ação comunitária e de
educação dos filhos (novos métodos e técnicas nas relações
familiares, etc). Acessibilidade instrumental, sem barreiras
nos instrumentos e utensílios de estudo, de atividades da
vida diária e de lazer, esporte e recreação... Acessibilidade
programática, sem barreiras invisíveis embutidas em políticas
públicas, em regulamentos e em normas de um modo geral.
Acessibilidade atitudinal, por meio de programas e práticas de
sensibilização e de conscientização das pessoas em geral e
da convivência na diversidade humana resultando em quebra
de preconceitos, estigmas, estereótipos e discriminações.

Após a citação acima podemos refletir sobre exemplos de alguns recursos e


adaptações para a PcD que proporcionam alcançar a acessibilidade arquitetônica,
comunicacional, metodológica, instrumental, e programática. Além disso, podemos
refletir sobre como as pessoas sem deficiência podem auxiliar as PcD a conviver
harmonicamente com a plena acessibilidade atitudinal.

26
Capítulo 1 Compreendendo a Acessibilidade

Atividade de Estudos:

1) Releia a síntese escrita acima por Lovato e Zych (2008, p. 6).


Agora elabore uma pequena lista, relacionando dois exemplos
de recursos ou adaptações para cada acessibilidade. São elas,
acessibilidade: arquitetônica, comunicacional, metodológica,
instrumental, programática e atitudinal.
_____________________________________________________
_____________________________________________________
_____________________________________________________
_____________________________________________________
_____________________________________________________
_____________________________________________________
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_____________________________________________________
_____________________________________________________
_____________________________________________________
_____________________________________________________

Para finalizar nosso capítulo, exemplificamos um recurso importante de


acessibilidade comunicacional que se refere à sinalização visual. Este recurso é
o símbolo internacional de acesso (Figura 5). ABNT (2004, p. 18) contribui que: “a
representação do símbolo internacional de acesso consiste em pictograma branco
sobre fundo azul (...) a figura deve estar sempre voltada para o lado direito (...)
nenhuma modificação, estilização ou adição deve ser feita a este símbolo”.

Figura 5 – Símbolo Internacional de Acesso

Fonte: Disponível em: <http://www.cedipod.org.br/


w6simbol.htm>. Acesso em: 22 ago. de 2012.

27
Acessibilidade

Uma curiosidade interessante para finalizar o capítulo 1 é a


história do símbolo internacional de acesso. O símbolo internacional
de acesso foi adotado durante o XI Congresso Mundial de
Reabilitação do Portador de Deficiência, realizado em 1969 pela
Rehabilitation International (RI). Com sede em Nova lorque, a RI
é uma entidade não-governamental que congrega organizações
nacionais e internacionais que oferecem serviços de reabilitação,
possuindo o status de órgão consultivo da Organização das Nações
Unidas (ONU).

A adoção do símbolo foi o ponto culminante de um programa de


três anos desenvolvido pelo Comitê Internacional de Ajudas Técnicas
da RI, o qual nomeou um grupo de nove peritos, ligados a diversas
áreas pertinentes, para julgar os muitos trabalhos apresentados.

Alguns dos critérios da seleção: o desenho não poderia ser


ambíguo; sua forma seria simples, porém estética; seu significado
teria de ser facilmente reconhecível; o desenho seria identificável
mesmo a certa distância; sua reprodução seria viável em todos os
tamanhos e tipos de material.

O trabalho que satisfez a todos os requisitos foi o de Susanne


Koefoed, da Dinamarca, exposto no seminário promovido em julho
de 1968 pela Organização Escandinava de Estudantes de Desenho.
O símbolo vencedor traz, sobre um fundo quadrado exato, o desenho
estilizado de uma pessoa sentada em cadeira de rodas representando
todas as pessoas portadoras de deficiências: paraplégicos, cegos,
amputados etc.

O símbolo internacional de acesso é visto hoje no mundo inteiro,


onde quer que tenham sido removidas as barreiras ambientais. Para
o público em geral, ele mostra que as pessoas com deficiências
estão tendo acesso às mesmas oportunidades que todos os cidadãos
devem ter para participar da vida comunitária.

A presença do símbolo é a garantia do exercício de um direito


igual ao das demais pessoas: o direito de se locomoverem por toda
parte em busca de educação, trabalho, lazer, saúde, segurança,
cultura, e também para poderem cumprir seus deveres como cidadãos.

O símbolo internacional de acesso significa que o edifício ou

28
Capítulo 1 Compreendendo a Acessibilidade

logradouro onde está afixado é acessível às pessoas portadoras de


deficiências (em especial aquelas que utilizam cadeiras de rodas)
permitindo-Ihes livre trânsito por seus recintos.

Assim, somente deverão ostentar o símbolo os locais públicos


onde uma pessoa portadora de deficiência possa entrar sem
assistência, realizar o que veio fazer e retomar ao tráfego de pedestres
ou ao seu automóvel estacionado, sem encontrar barreiras físicas de
construção.

Fonte: Disponível em: <http://www.ppd.caop.mp.pr.gov.br/modules/


conteudo/conteudo.php?conteudo=58>. Acesso em: 23 jun. 2012.

Algumas Considerações
Nesse primeiro capítulo estudamos um pouco sobre a definição de
acessibilidade. Percebemos que acessibilidade envolve uma gama ampla
de condições para que todas as pessoas possam usufruir com autonomia e
independência dos espaços, edificações, mobiliários e equipamentos urbanos.

Interpretamos para você leitor que as considerações de acessibilidade


espacial abrangem uma adequada orientação espacial e deslocamento sem
barreiras para chegar onde se quer; o uso de equipamentos produzidos
adequadamente para que todos possam utilizá-los com autonomia; e uma
comunicação facilitadora para a independência da mobilidade pessoal.

Além disso, discutimos e refletimos sobre os recursos e adaptações de


acessibilidade que garantem a PcD uma vida com autonomia e independência.
Dentre os meios de acessibilidade identificamos equipamentos que auxiliam o
uso do computador, como o teclado em colmeia; e edificações que auxiliam a
locomoção, como uma rampa de acesso.

Ao fim deste primeiro capítulo propomos uma reflexão sob a citação de


Lovato e Zych (2008, p. 1) “a acessibilidade significa dar condições e possibilitar
a todos, segurança, autonomia, garantia de direitos, a fim de que possam viver
com dignidade. Para garantir a acessibilidade precisamos respeitar e conhecer os
direitos humanos coletivos e individuais.”

No próximo capítulo apresentaremos a importância das leis como garantia dos


direitos pessoais e sociais de uma adequada acessibilidade para todo o cidadão.

29
Acessibilidade

Referências
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GODOY, Herminia Prado. Inclusão de alunos portadores de deficiência física


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LOVATO, Jessana; ZYCH, Anizia Costa. A questão da acessibilidade do

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Capítulo 1 Compreendendo a Acessibilidade

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31
Acessibilidade

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de deficiência física nas escolas da rede pública de Passo Fundo e o papel do
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VILLAROUCO, Vilma. Acessibilidade em diversos olhares. In: ORNSTEIN,


Sheila Walbe; ALMEIDA PRADO, Adriana Romeiro de; LOPES, Maria Elisabete
(Org.). Desenho universal: caminhos da acessibilidade no Brasil. São Paulo:
Annablume, 2010. p. 290-292.

32
C APÍTULO 2
Legislação

A partir da concepção do saber fazer, neste capítulo você terá os seguintes


objetivos de aprendizagem:

� Apresentar e discutir a legislação brasileira relacionada à acessibilidade;

� Apresentar e discutir as principais Normas Brasileiras da Associação Brasileira


de Normas Técnicas;

� Interpretar alguns dos manuais do MEC sobre a escola acessível;

� Investigar e analisar quais são as referências da lei que estão presentes na escola;

� Propor uma breve reconstrução histórica da questão da acessibilidade e da


legislação relacionada aos direitos das pessoas com deficiência.
Capítulo 2 Legislação

Contextualização
Quando citamos legislação no Brasil, é necessário destacar a Constituição
Federal de 1988, pois foi a partir dela que o país obteve a base firmadora para
o bojo das políticas públicas brasileiras. Com relação a acessibilidade, temos na
Constituição de 1988, uma ampla gama de normas que asseguram as condições
de acesso a PcD. E no campo das políticas internacionais, nosso país é signatário
da Convenção da Organização das Nações Unidas (ONU) sobre os direitos
das pessoas com deficiência realizada desde 2008; quando o então presidente
Luiz Inácio Lula da Silva promulgou o documento da Convenção lançando dois
decretos legislativos em 2008.

Atualmente o Conselho Nacional dos Direitos da Pessoa com Deficiência


(CONADE) é o órgão de apoio a conquista de uma melhor qualidade de vida, como
fruto da acessibilidade em todos os espaços vividos (BRASIL, 2012). Porém, no
que se refere às leis, cada cidadão, cada pessoa com ou sem deficiência, é parte
responsável para conhecer as leis e fazê-las difundidas e implementadas. Neste
sentido, o presente capítulo oferece a você leitor, elementos para a compreensão
das leis que se destinam a discutir acessibilidade no nosso país, adentrando
também no foco do contexto escolar.

Conhecendo as Normas Brasileiras


As normas brasileiras que compõem as bases em valores numéricos
das medidas necessárias à acessibilidade, não estão escritas em um artigo ou
decreto da legislação; estão descritas nos parâmetros nacionais elaborados
pela Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT. Estes parâmetros são
registrados e chamados de NBR (Normas Brasileiras). Contudo, o decreto-lei nº
5296 de 2004, indica que as considerações numéricas de acessibilidade sejam
observadas e cumpridas conforme os parâmetros apresentados pela ABNT na
NBR 9050. Desta forma vamos conhecer as normas brasileiras da ABNT.

Inicialmente, é importante esclarecer que a ABNT é composta pelo Fórum


Nacional de Normalização, que por sua vez é constituído pelos seguintes
membros: os Comitês Brasileiros (ABNT/CB), os Organismos de Normalização
Setorial (ABNT/ONS) e das Comissões de Estudos Especiais Temporárias
(ABNT/CEET). As pessoas que participam como membros constituintes são:
os produtores, por exemplo, o produtor do piso tátil; os consumidores e outros
(universidades, laboratórios etc).
35
Acessibilidade

Vale lembrar que atualmente a ABNT propõe para as considerações


Vale lembrar que
de acessibilidade, a norma brasileira NBR 9050. Tal norma é citada em
atualmente a ABNT
propõe para as lei como referência a ser observada para garantir parâmetros e a forma
considerações de padrão de acessibilidade em todo o nosso país.
acessibilidade, a
norma brasileira A ABNT NBR 9050 foi elaborada no comitê brasileiro de
NBR 9050. Tal acessibilidade (ABNT/CB-40) pela Comissão de Estudos e
norma é citada em Edificações e Meio (Ce - 40:001.01). O projeto circulou em
lei como referência Consulta Pública conforme o Edital nº 09 de 30/09/2003, com
a ser observada o número Projeto NBR 9050 (ABNT, 2004, p. 7).
para garantir
parâmetros e a É importante que conheçamos a NBR 9050, pois esta norma
forma padrão de apresenta detalhadamente os dados exatos de algumas das
acessibilidade em
adaptações e dos recursos de acessibilidade. A NBR 9050 é intitulada:
todo o nosso país.
acessibilidade a edificações, mobiliário, espaços e equipamentos
urbanos; e estabelece

Esta norma estabelece critérios e parâmetros técnicos a


serem observados quando do projeto, construção, instalação e
adaptações de edificações, mobiliário, espaço e equipamentos
urbanos as condições de acessibilidade. No estabelecimento
desses critérios e parâmetros técnicos foram consideradas
diversas condições de mobilidade e de percepção do
ambiente, com ou sem a ajuda de aparelhos específicos,
como: próteses, aparelhos de apoio, cadeiras de rodas,
bengalas de rastreamentos, sistemas assistivos de audição
ou qualquer outro que venha complementar necessidades
individuais. Esta norma visa proporcionar a maior quantidade
possível de pessoas, independentemente da idade, estatura ou
limitação de mobilidade ou percepção, a utilização de maneira
autônoma e segura do ambiente, edificações, mobiliário,
equipamentos urbanos e elementos. Todos os espaços,
edificações, mobiliário e equipamentos urbanos que vierem a
ser projetados, construídos, montados ou implantados, bem
como as reformas e ampliações de edificações e equipamentos
urbanos, devem atender ao disposto nesta Norma [NBR 9050,
2004] para serem considerados acessíveis (ABNT, 2004, p. 1).

Além desta norma também é relevante citar que algumas outras auxiliam com
dados para a acessibilidade; segue abaixo a relação, com as devidas titulações,
segundo a ABNT (2004, p. 1)

* ABNT NBR 9077:2001 saídas de emergência em edificações –


procedimentos;

* ABNT NBR 9283:1986 mobiliário urbano – classificação;


36
Capítulo 2 Legislação

* ABNT NBR 9284:1986 equipamento urbano – classificação;

* ABNT NBR 10283:1988 revestimentos eletrolíticos de metais e


plásticos sanitários – especificações;

* ABNT NBR 10898:1999 sistemas de iluminação de emergência;

* ABNT NBR 13994:2000 elevadores de passageiros – elevadores


para transporte de pessoa portadora de deficiência.

Observando os títulos de cada NBR acima é possível identificar algumas


situações que necessitam das condições de acessibilidade, como por exemplo: as
saídas de emergência.

Como acessibilidade envolve muitas condições e é para todas as pessoas,


conforme já discutimos no primeiro capítulo, a NBR 9050 estabeleceu um
parâmetro de tamanho das pessoas e de medidas necessárias para que as
pessoas se desloquem. Tal parâmetro é calculado por base entre 5% a 95%
da média da altura e da largura corporal da população brasileira (ABNT, 2004).
Analise na figura 6 abaixo, as medidas necessárias para que as pessoas se
desloquem com acessibilidade.

Figura 6 - Apresentação das dimensões referenciais


para deslocamento de pessoas em pé

Fonte: ABNT (2004, p. 5).

37
Acessibilidade

E, a fim de determinar um valor padrão de referência para um


E, a fim de
espaço adequado de locomoção para qualquer pessoa, a ABNT (2004)
determinar um
valor padrão de considerou na NBR 9050 a projeção de 0,80 metros por 1,20 de largura
referência para um no piso, conforme visualiza-se na figura 7 abaixo
espaço adequado
de locomoção para Figura 7 — Dimensões do módulo de referência (M.R.)
qualquer pessoa,
a ABNT (2004)
considerou na NBR
9050 a projeção
de 0,80 metros por
1,20 de largura
no piso.

Fonte: ABNT (2004, p. 6)

Tal projeção é denominada módulo de referência e deve ser


Há um parâmetro
adotada para garantir a acessibilidade em qualquer local. Além
para o alcance
manual frontal disso, há um parâmetro para o alcance manual frontal de objetos ou
de objetos ou equipamentos. De acordo com ABNT (2004) este parâmetro da NBR
equipamentos. 9050, sugere valores para situar a altura do chão, por exemplo, de um
orelhão, de forma acessível tanto para uma pessoa em pé - Figura 8,
quanto para uma pessoa sentada em cadeira de rodas – Figura 9.

Figura 8 - Dimensões máximas, mínimas e confortáveis


para alcance manual frontal da pessoa em pé

Fonte: ABNT (2004, p. 9).

38
Capítulo 2 Legislação

Figura 9 - Dimensões máximas, mínimas e confortáveis para


alcance manual frontal da pessoa em cadeira de rodas

Fonte: ABNT (2004, p. 10).


As superfícies de
Destacamos também a área da superfície de trabalho para a trabalho necessitam
de altura livre de
P.C.R. na Figura 10. Nas escolas é necessário que a superfície de
no mínimo 0,73 m
trabalho esteja adequada para o aluno em cadeira de rodas. Segundo entre o piso e a sua
a ABNT (2004, p. 11) “as superfícies de trabalho necessitam de altura parte inferior e altura
livre de no mínimo 0,73 m entre o piso e a sua parte inferior e altura de de 0,75 m a 0,85 m
0,75 m a 0,85 m entre o piso e a sua superfície superior”. entre o piso e a sua
superfície superior.

39
Acessibilidade

Figura 10 – Superfície de Trabalho

a) A1 x A2 = 1,50 m x 0,50 m = alcance máximo para atividades eventuais;

b) B1 x B2 = 1,00 m x 0,40 m = alcance para atividades sem necessidade de


precisão;

c) C1 x C2 = 0,35 m x 0,25 m = alcance para atividades por tempo prolongado.

Fonte: ABNT (2004, p. 11).

Agora que já conhecemos um pouco sobre as normas brasileiras reflita se


na escola que você trabalha há presente nos mobiliários e nos equipamentos,
os padrões dispostos pela ABNT. Observe principalmente se os educandos
usufruem do módulo de referência e da superfície de trabalho de modo
a poderem acompanhar os trabalhos da sala de aula com conforto e em
condições de aprendizagem. Em prosseguimento a apresentação e reflexão das
normas brasileiras, vamos continuar o capítulo apresentando algumas leis que
proporcionam o suporte legal à acessibilidade no Brasil.

É importante
enfatizar que a
Entendendo as Leis
acessibilidade
Segundo Melo e Martins (2007, p. 15) “é importante enfatizar
das pessoas com
deficiência ao que a acessibilidade das pessoas com deficiência ao espaço urbano
espaço urbano da da sociedade brasileira é garantida por lei, através do Artigo 227 da
sociedade brasileira Constituição Federal de 1988”. Segue abaixo o recorte do artigo 227
é garantida por lei, que se refere à acessibilidade
através do Artigo
227 da Constituição II - criação de programas de prevenção e atendimento
Federal de 1988. especializado para as pessoas portadoras de deficiência física,

40
Capítulo 2 Legislação

sensorial ou mental, bem como de integração


social do adolescente e do jovem portador de Além do artigo 227
deficiência, mediante o treinamento para o da Constituição de
trabalho e a convivência, e a facilitação do acesso 1988, também há na
aos bens e serviços coletivos, com a eliminação legislação referente
de obstáculos arquitetônicos e de todas as à acessibilidade,
formas de discriminação... § 2º - A lei disporá a Portaria nº
sobre normas de construção dos logradouros e 3.284/2003, do
dos edifícios de uso público e de fabricação de Decreto Presidencial
veículos de transporte coletivo, a fim de garantir
nº 5.296/2004,
acesso adequado às pessoas portadoras de
deficiência (BRASIL, 1988, sem página).
que trata de
algumas questões
de acessibilidade
Conhecendo a lei observamos que desde 1988 já estava demarcado dirigidas aos
constitucionalmente a facilitação do acesso e a eliminação de obstáculos educandos com
arquitetônicos, bem como, a criação de normas para a acessibilidade em deficiência física.
edificações e transporte público. E, além do artigo 227 da Constituição
de 1988, também há na legislação referente à acessibilidade, a Portaria
nº 3.284/2003, do Decreto Presidencial nº 5.296/2004, que trata de
Apresentamos o
algumas questões de acessibilidade dirigidas aos educandos com
decreto nº 5.296
deficiência física, conforme relata MEC (2006, p. 277): de dezembro de
2004, que é o mais
§ 1º Os requisitos de acessibilidade de que se atual registro legal
trata no caput compreenderão no mínimo: I(1) - que dispõe sobre
com respeito a alunos portadores de deficiência
as atribuições
física: a) eliminação de barreiras arquitetônicas
da lei referentes
para circulação do estudante, permitindo acesso
aos espaços de uso coletivo; b) reserva de vagas à acessibilidade
em estacionamentos nas proximidades das e regulamenta
unidades de serviço; c) construção de rampas algumas leis
com corrimãos ou colocação de elevadores, anteriores.
facilitando a circulação de cadeira de rodas; d)
adaptação de portas e banheiros com espaço
suficiente para permitir o acesso de cadeira
de rodas; e) colocação de barras de apoio nas
paredes dos banheiros; f) instalação de lavabos, Lei n° 10.048, de
bebedouros e telefones públicos em altura 8 de novembro
acessível aos usuários de cadeira de rodas. de 2000, que
dá prioridade
Confira que a redação da portaria pontua sobre: o transporte de atendimento
às pessoas que
público, a adequada área para circulação da cadeira de rodas, os
especifica; e lei n°
banheiros, bebedouros e telefones públicos com altura acessível. 10.098, de 19 de
Pois lembre-se, que as medidas indicadas no módulo de referência dezembro de 2000,
apresentadas no início deste capítulo, devem constar tanto na área de que estabelece
circulação, como na altura do bebedouro e do telefone público. normas gerais e
critérios básicos
para a promoção
Em sequência a portaria nº 3.284/2003 apresentamos o decreto
da acessibilidade
nº 5.296 de dezembro de 2004, que é o mais atual registro legal que (BRASIL, 2004).

41
Acessibilidade

dispõe sobre as atribuições da lei referentes à acessibilidade e regulamenta


algumas leis anteriores (também relativas a acessibilidade). As duas leis anteriores
que o decreto nº 5.296/2004 regulamenta são: lei n° 10.048, de 8 de novembro
de 2000, que dá prioridade de atendimento às pessoas que especifica; e lei n°
10.098, de 19 de dezembro de 2000, que estabelece normas gerais e critérios
básicos para a promoção da acessibilidade (BRASIL, 2004). A este respeito ELY
et. al. (2006, p. 2) contribui afirmando que

Em 2000, foram promulgadas duas leis específicas (Nº


10.048 e Nº 10.098) que tratam da acessibilidade espacial
das pessoas com deficiência, a fim de eliminar barreiras
arquitetônicas e atitudinais que impedem, reduzem ou
retardam a inclusão social. Por sua vez, o Decreto n° 5296,
de dezembro de 2004, elaborado para regulamentar essa lei,
estabelece um prazo de 30 meses a partir de sua publicação,
para que todos os edifícios públicos tenham boas condições
de acessibilidade espacial. De acordo com estas leis, a Norma
Brasileira de Acessibilidade recentemente revista (ABNT NBR
9050/2004) torna-se obrigatória e seus parâmetros e critérios
técnicos devem ser observados durante o projeto, construção,
instalação e adaptação de edificações, mobiliário, espaços e
equipamentos urbanos.
Os
estabelecimentos De acordo com os autores supracitados as leis anunciadas
de ensino
atribuem-se à promoção de acessibilidade sob um amplo aspecto:
de qualquer
nível, etapa ou atendimento prioritário a PcD, eliminação de barreiras arquitetônicas
modalidade, e atitudinais, consentir prazo determinado (que atualmente já expirou)
públicos ou para que os edifícios públicos tenham acessibilidade espacial
privados, adequada, e ainda tornar obrigatoriedade os parâmetros e critérios
proporcionarão técnicos da ABNT NBR 9050 (2004). Com esta observação é possível
condições de
concluir que as leis estão em consonância com a grande abrangência
acesso e utilização
de todos os seus da definição de acessibilidade (definição esta, que destacamos no
ambientes ou primeiro capítulo).
compartimentos
para pessoas Quanto à acessibilidade na escola, o artigo 24 do decreto nº
portadoras de 5.296/2004, pronuncia as seguintes considerações
deficiência ou
com mobilidade
Art. 24. Os estabelecimentos de ensino de qualquer nível,
reduzida, inclusive etapa ou modalidade, públicos ou privados, proporcionarão
salas de aula, condições de acesso e utilização de todos os seus ambientes
bibliotecas, ou compartimentos para pessoas portadoras de deficiência ou
auditórios, ginásios com mobilidade reduzida, inclusive salas de aula, bibliotecas,
e instalações auditórios, ginásios e instalações desportivas, laboratórios,
desportivas, áreas de lazer e sanitários. § 1o Para a concessão de
laboratórios, autorização de funcionamento, de abertura ou renovação de
áreas de lazer e curso pelo Poder Público, o estabelecimento de ensino deverá
sanitários. comprovar que: I - está cumprindo as regras de acessibilidade
arquitetônica, urbanística e na comunicação e informação

42
Capítulo 2 Legislação

previstas nas normas técnicas de acessibilidade da ABNT, na


legislação específica ou neste Decreto; II - coloca à disposição
de professores, alunos, servidores e empregados portadores
de deficiência ou com mobilidade reduzida ajudas técnicas que
permitam o acesso às atividades escolares e administrativas
em igualdade de condições com as demais pessoas; e III - seu
ordenamento interno contém normas sobre o tratamento a ser
dispensado a professores, alunos, servidores e empregados
portadores de deficiência, com o objetivo de coibir e reprimir
qualquer tipo de discriminação, bem como as respectivas
sanções pelo descumprimento dessas normas. § 2o As
edificações de uso público e de uso coletivo referidas no
caput, já existentes, têm, respectivamente, prazo de trinta e
quarenta e oito meses, a contar da data de publicação deste
Decreto, para garantir a acessibilidade de que trata este artigo
(BRASIL, 2004, sem página).

O termo ajudas técnicas se refere aos “produtos, instrumentos, equipamentos


ou tecnologia adaptados ou especialmente projetados para melhorar a
funcionalidade da pessoa portadora de deficiência ou com mobilidade reduzida,
favorecendo a autonomia pessoal, total ou assistida” (BRASIL, 2004, sem página).

Atividade de Estudos:

Leia o texto abaixo:

O decreto nº 5.296/2004 no artigo 24, inciso primeiro (§ 1º)


sustenta que para autorização de funcionamento a escola deverá
comprovar que está cumprindo as regras de acessibilidade presentes
nas normas técnicas da ABNT, na legislação específica ou no próprio
decreto nº 5.296/2004.

1) Agora relate por escrito dois exemplos de escolas (com nome e


local) registrando duas especificações que tais escolas cumprem
ou descumprem (total ou parcialmente) de acordo com o que
anuncia o inciso primeiro. Veja neste capítulo duas especificações
que você já estudou e que estão presentes nas normas técnicas
da ABNT, como por exemplo, o módulo de referência.
_____________________________________________________
_____________________________________________________
_____________________________________________________
_____________________________________________________
_____________________________________________________
_____________________________________________________
_____________________________________________________

43
Acessibilidade

_____________________________________________________
_____________________________________________________
_____________________________________________________
_____________________________________________________
_____________________________________________________
_____________________________________________________

Diante do que já apresentamos neste capítulo, convém evidenciar, para ter


uma breve síntese, que consideramos importante no acervo legislativo sobre
acessibilidade do nosso país: o artigo 227 da Constituição de 1988, a Portaria
nº 3.284/2003, e o Decreto Presidencial nº 5.296/2004. Além disso, também
desejamos registrar alguns manuais dispostos pelo Ministério da Educação:
Manual de acessibilidade espacial para escolas: o direito à escola (MEC, 2009); o
Programa escola acessível: manual do programa escola acessível (MEC, 2011);
e o Manual de obras DEDES/SESU, para as Instituições Federais de Ensino
Superior (IFES) (MEC, 2007).

Para saber um pouco mais leia esta sugestão de leitura sobre o


Plano Nacional dos Direitos das Pessoas com Deficiência: Viver sem
Limites 2011. Fonte: Agência Brasil - Secretaria de Direitos Humanos.
Disponível em:

http://www.pessoacomdeficiencia.gov.br/app/sites/default/files/
arquivos/%5Bfield_generico_imagens-filefield-description%5D_0.pdf.
Acesso em 22 ago. de2012.

Compreendemos
que o nosso
país possui um
ótimo acervo de
políticas públicas Refletindo sobre a síntese apresentada acima, compreendemos
que asseguram que o nosso país possui um ótimo acervo de políticas públicas que
a acessibilidade
asseguram a acessibilidade e garantem as orientações adequadas.
e garantem as
orientações
adequadas.

44
Capítulo 2 Legislação

Contudo, levantamos uma questão: por que os órgãos


responsáveis pelas escolas não usufruem de forma plena e correta
de todas estas informações para proporcionar a acessibilidade
adequada no ensino?

Difícil de elaborar, saber e compreender esta resposta, pois quase não


há justificativa para negativas, já que a lei proporciona tamanho suporte e as
campanhas eleitorais difundem com ênfase a necessidade da disposição de
recursos financeiros à Educação.

Neste sentido, MEC (2009, p. 15) contribui

É urgente cumprir as normas e a legislação de acessibilidade,


e melhorar as condições de acesso e uso das escolas
brasileiras, seja por meio de reformas das edificações
existentes, seja da construção de novas escolas acessíveis.
Essa urgência deve-se ao fato de que a maioria de nossas
escolas funciona em edificações construídas anteriormente às
novas normas, sem levar em consideração as necessidades
de pessoas com deficiência. Para que isso ocorra, são
necessárias a concessão de verbas para realização de
obras e a difusão de conhecimento técnico específico aos
profissionais responsáveis pela avaliação, projeto, fiscalização
e manutenção dos espaços escolares.

Em consonância com a afirmação supracitada, MEC (2011, p. 6) pontua a


responsabilidade financeira citando o decreto lei correspondente:

O Decreto nº 6.571/2008 assegura que o Ministério da


Educação prestará apoio técnico e financeiro para a
adequação arquitetônica de prédios escolares, elaboração,
produção e distribuição de recursos educacionais para
a acessibilidade, visando prover condições de acesso,
participação e aprendizagem no ensino regular aos alunos
público alvo da educação especial.

E, com relação às IFES, o manual de obras para as universidades, propõe


que os recursos orçamentários estão previstos nas seguintes fontes básicas:

Lei Federal nº 8.666 de 21 de junho de 1993 e respectivas


alterações; Lei Complementar nº 101 de 4 de maio de 2000;
Lei Federal nº 6.496/77; Lei Federal nº 5.194/73; Lei Federal
nº 4.320/64; Lei Federal Acessibilidade – NBR9050/2004;

45
Acessibilidade

Lei Federal Eficiência Energética; Instrução Normativa N°


001/1997-STN; Manual do MP sobre obras públicas: Projeto,
Construção e Manutenção; Normas Técnicas da Associação
Brasileira de Normas Técnicas   ABNT; Resoluções do
Conselho Nacional do Meio Ambiente   CONAMA; Resoluções
do Conselho Federal de Engenharia, Arquitetura e Agronomia 
CONFEA; Lei de Diretrizes Orçamentárias de 2007 – Art. 115
(MEC, 2007, p. 15).

Compreende-se Diante disso, compreende-se que o MEC dispõe nos seus


que o MEC dispõe manuais (nomeados anteriormente) as orientações necessárias para a
nos seus manuais acessibilidade adequada no ensino, estando todas estas informações
(nomeados respaldadas nas leis com relação às verbas e condições orçamentárias.
anteriormente)
as orientações
Para finalizar nosso capítulo, faça uma reflexão observando a
necessárias para
a acessibilidade citação abaixo que refere como é amplo o desafio da acessibilidade,
adequada no e ainda exemplifica como as melhorias são capazes de promover
ensino, estando a acessibilidade no ensino para os mais diversos educandos, sendo
todas estas educandos com ou sem deficiência.
informações
respaldadas nas
leis com relação às prevenir ou eliminar barreiras para promover acessibilidade
verbas e condições significa um desafio ainda maior, pois, além da necessária
orçamentárias. transformação das concepções e práticas do ensino, é também
fundamental adequar os meios pedagógicos e os espaços
escolares (...) As características dos espaços escolares e do
mobiliário podem aumentar as dificuldades para a realização
de atividades, o que leva a situações de exclusão. Um simples
degrau, por exemplo, impede o acesso à sala de aula para
um aluno que utiliza cadeira de rodas. A colocação de uma
rampa, com inclinação apropriada, elimina essa barreira física
e permite o deslocamento desse aluno. A colocação, nessa
rampa, de sinalização tátil, a fim de avisar o início e fim da
rampa, permite, por sua vez, que um aluno cego se desloque
com segurança (MEC, 2009, p. 15).

Algumas Considerações
No decorrer do nosso capítulo apresentamos a NBR 9050 que se refere
às normas e técnicas brasileiras sobre acessibilidade elaboradas pela ABNT.
Discutimos que a NBR 9050 dispõe de parâmetros numéricos que servem como
referência para a legislação.

Quanto à legislação relacionada à acessibilidade resgatamos um breve


histórico e ressaltamos que atualmente o decreto nº 5.296/2004 trata as principais
disposições legais.

46
Capítulo 2 Legislação

Com relação à escola, investigamos que o MEC dispõe de dois manuais:


Manual da Escola Acessível, e Manual de Acessibilidade Espacial para a Escola;
nos quais define as orientações necessárias para a acessibilidade adequada no
ensino, e respalda nas leis a concessão orçamentária.

Desta forma, finalizamos este capítulo e anunciamos que abordaremos no


capítulo três do nosso caderno de estudos as considerações de acessibilidade nos
diversos ambientes da escola e as possibilidades e os desafios da acessibilidade
na inclusão.

Referências
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 9050:
Acessibilidade a edificações, mobiliário, espaços e equipamentos urbanos. 2.
ed. Rio de Janeiro: ABNT, 2004.

BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil.


Brasília/DF.: Senado, 1998.

____. Lei de Acessibilidade. Decreto-lei nº 5296, de 2 de dezembro de 2004.


Brasília, 2 de dezembro de 2004. 183° da Independência e 116° da República.
Luiz Inácio Lula da Silva, José Dirceu de Oliveira e Silva. Publicado no D.O.U, nº
232, sexta-feira, de 03 de dezembro de 2004.

____. A Convenção sobre Direitos das Pessoas com Deficiência Comentada. 4.


ed. Brasília: Secretaria Especial dos Direitos Humanos, 2012.

ELY, Vera H. Moro Bins; DISCHINGER, Marta; BRANDÃO, Milena de M.;


LUZ, Greyce. Avaliação das condições de acessibilidade espacial no colégio
de aplicação da UFSC. In: XI Encontro Nacional de Tecnologia no Ambiente
Construído: A construção do futuro, 2006, Florianópolis. Anais. Florianópolis:
UFSC, 2006. p. 2742-2751.

MELO, Francisco Ricardo Lins Vieira de; MARTINS, Lúcia de Araújo Ramos.
Acolhendo e atuando com alunos que apresentam paralisia cerebral na classe
regular: a organização da escola. Revista Brasileira de Educação Especial,
Marília, v.13, n.1, p.111-130, jan./abr. 2007.

MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO. Direito à Educação: Subsídios para a Gestão dos


Sistemas Educacionais, Orientações Gerais e Marcos Legais. 2. ed. Brasília:
MEC/SEESP, 2006.

47
Acessibilidade

____. Manual de obras DEDES/SESU. Brasília: Secretaria de Educação


Superior. Departamento de Desenvolvimento da Educação Superior, 2007.

____. Manual de acessibilidade espacial para escolas: o direito à escola


acessível. Brasília: Ministério da Educação. Secretaria de Educação Especial,
2009.
____. Programa escola acessível: manual do programa escola acessível.
Brasília: Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização, Diversidade e
Inclusão, 2011.

48
C APÍTULO 3
Acessibilidade na Escola:
Abrindo Novos Caminhos para
a Aprendizagem

A partir da perspectiva do saber fazer, neste capítulo você terá os seguintes


objetivos de aprendizagem:

� Compreender a importância da acessibilidade para o acesso igualitário de


todos ao ensino regular;

� Conhecer e discutir a acessibilidade nos ambientes de aprendizagem da


escola;

� Debater as possibilidades da inclusão escolardoponto de vista da


acessibilidade;

� Discutir a questão da inclusão escolar além da acessibilidade, identificando


e propondo soluções aos desafios que surgem a partir do acesso da PcD
física à escola.

49
Capítulo 3 Acessibilidade na Escola: Abrindo
Novos Caminhos para a Aprendizagem

Contextualização
De tudo o que já discutimos nesse caderno de estudos, neste momento
chegamos ao ponto que realmente nos interessa: a acessibilidade em cada
espaço e ambiente da escola, fato e local com que nos deparamos diariamente e
conhecemos por vivência própria. Contudo, será que também convivemos, todos
os dias, com a acessibilidade em nosso local de trabalho? Nesse sentido, há
muito que se refletir sobre os diversos aspectos que interferem no fato de haver
ou não uma escola acessível a todos àqueles que a ela têm direito.

E, nós sabemos: educar é uma tarefa desafiadora; mas é também um dos atos
mais sublimes para a sociedade. Diluído nessa importante tarefa social, encontra-
se o movimento da inclusão escolar, sob a perspectiva da diversidade do alunado.
Porém, em nossa realidade atual a rotina educacional nos remete a educar
crianças em salas de aula, quando vivenciar os vários conteúdos pedagógicos em
diferentes espaços acrescenta valores inestimáveis ao currículo escolar.

Dessa forma, a escola na sua mais completa diversidade de edificação,


mobiliário urbano, equipamentos e materiais didáticos, deve estar apta a receber
e proporcionar adequadamente a acessibilidade. Sendo assim, seguimos nosso
caderno de estudos focados na visão da inclusão escolar e da acessibilidade para
os ambientes de aprendizagem.

A Acessibilidade na Escola e a
Inclusão: Possibilidades e Desafios
Para iniciarmos nossa discussão nesse tópico, vamos refletir: o
que acessibilidade e inclusão têm em comum? Uma resposta simples:
tanto a acessibilidade quanto à inclusão convêm para todas as pessoas,
indiscriminadamente. Além disso, ambas são asseguradas por lei
(conforme destacamos no capitulo 3); e permitem que a sociedade
A escola inclusiva
usufrua da riqueza da diversidade humana. Contudo, o que podemos
é para todos os
pensar da acessibilidade na escola inclusiva?
educandos, com
ou sem deficiência.
Vale lembrar, que a escola inclusiva é para todos os educandos, E, a acessibilidade
com ou sem deficiência. E, a acessibilidade garante a autonomia e garante a autonomia
a independência de cada educando no ambiente escolar e também e a independência
no trajeto até à escola. Portanto, quando pensamos em acessibilidade de cada educando
no ambiente escolar
como elemento inerente à inclusão, não podemos pensar somente
e também no trajeto
em barreiras físicas, já que são várias as condições que interferem
até à escola.
na concretização da acessibilidade em qualquer ambiente, como:
51
Acessibilidade

acessibilidade arquitetônica, comunicacional, digital, metodológica, instrumental,


programática e atitudinal, conforme discutido no capítulo 1. Para que a escola seja
realmente inclusiva, todas essas características relativas à acessibilidade devem
ser levadas em consideração, de acordo com as necessidades educacionais
especiais e com as particularidades de cada educando.

Essas ideias conferem com os dados levantados por Souza (2011), em seu
estudo sobre a reorientação da educação física sob a perspectiva da educação
inclusiva. Nesse estudo, o autor apresenta um comentário de um professor que
afirma: “É, mas as pessoas acham que colocando a rampa e adaptação no
banheiro, pronto! A escola já está pronta!” (informação verbal) (SOUZA, 2011,
p. 70). Por meio dessa fala, percebe-se que o referido professor fez referência
à visão simplista que os gestores do local possuem sobre inclusão, ao não
considerarem outros detalhes o apoio à formação em serviço, a acessibilidade
instrumental (tecnologias assistivas, etc). Além disso, este estudo produziu
uma análise das dificuldades, limites, alcances e desafios da inclusão mediante
as ações pedagógicas que os professores executavam nas aulas. No Tabela 2
podemos verificar as ações levantadas sobre o contexto da educação física
inclusiva, no momento da realização do estudo.

Tabela 2 – Representação das dificuldades, limites, alcances


e desafios da inclusão no estudo de Souza

DIFICULDADES LIMITES ALCANCES DESAFIOS


(...) Falta de materiais Comprometimento de Parada pedagógica/ Estudo
adaptados; [acessibilida- toda a escola com a Conselho de Classe: de Caso:
de instrumental] turma que possui aluno apropriação sobre a inclu- profissionais e
com deficiência; são e a deficiência; família;
Formação inicial e contí- Comunidade e a valori- Ficha com o histórico de Registro so-
nua do professor (pouco zação do professor; vida da criança; bre o histórico
aborda a inclusão); [aces- pedagógico;
sibilidade atitudinal]
Ambiente físico: quadra Apropriação da Inclusão
descoberta, buracos, no Projeto Político-Peda-
goteiras, acesso sem pro- gógico;
teção do tempo, entulhos
na quadra. [acessibilida-
de arquitetônica]
(...) Pouca interação da
turma de forma inclusiva:
comportamento inadequa-
do e Bullying; [acessibili-
dade atitudinal]

Fonte: Souza (2011, p. 124).

52
Capítulo 3 Acessibilidade na Escola: Abrindo
Novos Caminhos para a Aprendizagem

Observando a tabela 2, é possível constatar que as dificuldades


Alguns recursos
com relação a acessibilidade instrumental, atitudinal e arquitetônica
comuns de
representavam barreiras para a concretização da educação física acessibilidade
inclusiva. Em consonância com essas ideias relativas à dificuldade instrumental
de acessibilidade estão os dados apurados no estudo de Lourenço que podem ser
(2008), que avaliou o acesso de educandos com encefalopatia crônica utilizados em nossas
não progressiva da infância ao computador nas escolas brasileiras. escolas para que
O autor verificou que o recurso tecnológico que garantia o acesso do os educandos com
deficiência física
educando com deficiência ao computador não estava presente nas
tenham acesso ao
escolas públicas, pois possuía alto valor de custo, o que confere a computador, são
ausência da acessibilidade digital e/ou instrumental nas escolas as órteses (tutores,
brasileiras. Alguns recursos comuns de acessibilidade instrumental estabilizadores etc).
que podem ser utilizados em nossas escolas para que os educandos
com deficiência física tenham acesso ao computador, são as órteses (tutores,
estabilizadores etc). A figura 11 abaixo demonstra vários tipos de órteses que
se tratam da acessibilidade instrumental, tão importante para o educando com
deficiência física, pois facilita o manuseio dos objetos escolares.

Figura 11 – Representa o conjunto escolar com: mesa,


cadeira e órteses (equipamentos acessíveis)

 
 
 
 
 
 
 
 

Fonte: Disponível em: <http://www.expansao.com/inclusao_


escolar.htm>. Acesso em: 07 ago. 2012.

1. TFF4 Facilitador de Punho e Polegar com Ac 13 pincel pequeno


[usa-se para segurar o pincel];

2. TFF5 Aranha mola com lápis [usa-se para segurar o lápis];

3. Porta-livro de Tuboform [na figura o papagaio é o livro em cima do


porta-livro];

4. TFF3 Facilitador Dorsal com Ac 11 apontador finger [este apontador

53
Acessibilidade

é usado para pressionar as teclas do notebook];

5. TFF2 Facilitador Palmar Dorsal com Ac10 giz de cera [usa-se para
segurar o giz de cera];

6. Porta-folha imantado [segura/fixa a folha na mesa enquanto o


educando escreve];

7. TFF1 Facilitador de Preensão com Ac12 imã [bom para segurar


objetos, pois fixa com o imã];

8. Pulseira imantada [fixa objetos para fácil acesso];

9. Tesoura Mola [facilitador para segurar e manusear a tesoura];

10. Engrossador Jolu [para segurar o lápis];

11. Engrossador Tijolinho [para segurar o lápis];

12. Pulseira de Peso [facilita a fixação do braço do educando];

13. Colher torta engrossada [facilita o manuseio dos talheres].

Fonte: Disponível em: <http://www.expansao.com/


inclusao_escolar.htm>. Acesso em: 07 ago. 2012.

Diante disso, Duarte e Cohen (2006) confirmam o quanto é


É importante para
a socialização importante para a socialização entre os educandos uma adequada
entre os educandos acessibilidade no ambiente escolar. Pois, quando o educando com
uma adequada deficiência tem o acesso fácil ao ensino, aos espaços e ambientes
acessibilidade no escolares, ele estará incluso e integrado a todas as atividades
ambiente escolar. educacionais, sem barreiras físicas, atitudinais ou arquitetônicas.

Dessa forma, torna-se imprescindível que as escolas


estejam acessíveis para todos os educandos (dentro do sentido amplo de
acessibilidade), porque a acessibilidade é benéfico a todas as pessoas, com ou
sem deficiência. Nesse sentido, tornar a escola acessível envolve a disposição
de materiais didáticos, pedagógicos e instrumentais específicos, de acordo
com as necessidades educacionais especiais de cada educando. Além disso,
acessibilidade abrange também uma adequada gestão escolar participativa que
invista nas pessoas, nos profissionais da educação. Afinal, é necessário que
cada um faça a sua parte no todo da acessibilidade; só assim teremos escolas
verdadeiramente acessíveis.

54
Capítulo 3 Acessibilidade na Escola: Abrindo
Novos Caminhos para a Aprendizagem

Na sequência de nosso capítulo abordaremos uma questão muito específica,


que trata-se de algumas considerações que são necessárias para que os
equipamentos, mobiliários e ambientes escolares estejam em acordo com os
padrões de acessibilidade discriminados nas leis e normas brasileiras.

A Escola, os Ambientes de
Aprendizagem: as Condições
Necessárias para Atender a Todos
Com a intenção de discutir as questões de acessibilidade escolar,
continuaremos nosso caderno de estudos entendendo melhor quais são as
adaptações e medidas básicas necessárias para tornar acessível as instalações
frequentemente utilizadas na escola. Nesse sentido, a ABNT (2004, p. 87),
anuncia que na escola

deve existir pelo menos uma rota acessível interligando


o acesso de alunos às áreas administrativas, de prática
esportiva, de recreação, de alimentação, salas de aula,
laboratórios, bibliotecas, centros de leitura e demais ambientes
pedagógicos. Todos estes ambientes devem ser acessíveis.

Vale lembrar que no capítulo 1 já descrevemos o conceito de rota acessível.


Contudo, Brasil (2006, p. 11) reitera que rota acessível é considerada como

trajeto contínuo, desobstruído e sinalizado que conecta


ambientes externos ou internos de espaços e edificações,
e que pode ser utilizado de forma autônoma e segura por
todas as pessoas, inclusive as com deficiência. A rota
acessível externa pode incorporar estacionamentos, calçadas
rebaixadas, faixas de travessia de pedestres, rampas; a
interna pode incluir corredores, pisos, rampas,
escadas, elevadores.
Nossas escolas,
com certeza,
Nesse sentido, Lovato (2008) nos coloca que, nossas escolas, ainda precisam
com certeza, ainda precisam de modificações, de uma estrutura de modificações,
melhor, de profissionais capacitados e de um maior comprometimento de uma estrutura
melhor, de
por parte dos governantes. De acordo com a colocação do autor
profissionais
acima, Marquezine et al (2003, p. 72) colabora que capacitados e
de um maior
a observação de que a estrutura física das comprometimento
escolas deve ser modificada para receber os por parte dos
alunos especiais é outro fator muito importante governantes.
que deve ser considerado no momento da

55
Acessibilidade

inserção do aluno especial, principalmente no caso dos alunos


que apresentam deficiências físicas.

A este respeito percebemos a real importância da acessibilidade em todos


os ambientes da escola. E entendemos que o primeiro aspecto a ser considerado
é a adaptação da estrutura física, visto que, caso não esteja adequada, vai
impossibilitar todo o processo de aprendizagem. Em consonância com essas
ideias, Silva (2009, p.12) contribui afirmando que

de um modo abrangente, pode-se dizer que a acessibilidade


visa adaptar algo (objetos, construções, etc.) à realidade
do maior número de indivíduos possível. Já quando esta é
analisada tendo como ponto de vista pessoas com limitações,
a mesma visa incluir estes indivíduos no mesmo contexto
daqueles que não as possuem, facilitando de certa forma, a
mobilidade dos mesmos.

Diante disso, reflita como é importante que um educando em cadeira de


rodas esteja numa escola totalmente acessível, pois tal aspecto promoverá uma
vivência com liberdade dos tempos e espaços propícios para sua formação
pedagógica e para a sua socialização (AMBRÓSIO, 2009).

Além disso, é importante lembrar que, na escola acessível o Símbolo


Internacional de Acesso, apresentado no capítulo 1, deve estar presente como
sinalização anunciando que o local é acessível para a PcD. A sinalização reforça
o sentido de autonomia e independência no conceito de acessibilidade, sentido
este que já descrevemos e refletimos no início desse nosso caderno de estudos.
Contudo para atender às necessidades dos alunos com deficiência, algumas
mudanças devem ser previstas na organização do ambiente escolar. Desta forma,
destacamos separadamente os ambientes de aprendizagem: a) sala de aula; b)
biblioteca; c) sala de atendimento educacional especializado/sala de recursos
multifuncional; d) quadra esportiva; e) laboratórios e sala de artes; e f) auditório.

a) Sala de aula:

As salas de aula normalmente possuem: lousa, cadeiras e mesas dispostas


em fileiras, mesa do professor, armário para guardar material didático e objetos
pessoais (mochilas, lancheiras etc). De acordo com ABNT (2004) tem que ser
observado o ângulo de alcance visual da P.C.R., conforme demonstra a figura 12:

56
Capítulo 3 Acessibilidade na Escola: Abrindo
Novos Caminhos para a Aprendizagem

Figura 12- Representa as dimensões


referenciais para o ângulo de
alcance visual da P.C.R

Fonte: ABNT (2004, p. 16).

Devemos lembrar que essas medidas são muito importantes dentro


de uma sala de aula, afinal o ângulo de alcance visual vai ajudar o O ângulo de alcance
aluno a ter um fácil acesso a lousa, ao professor e a todas as etapas de visual vai ajudar o
aluno a ter um fácil
aprendizagem. Observe mais um pouco a figura 3 e identifique que se o
acesso a lousa,
professor estiver parado a aproximadamente um metro e meio de distância
ao professor e a
do educando, ele terá um cone visual pequeno de aproximadamente 20 todas as etapas de
a 38 para ver o professor (pois o educando está sentado e o professor aprendizagem.
em pé). Por isso a acessibilidade atitudinal pede ao professor que ele se
aproxime a menos de um metro do educando em cadeira de rodas.

De acordo com o MEC (2009) outros itens importantes que precisamos


levar em consideração são: porta de entrada com as medidas adequadas para
possibilitar o acesso da cadeira de rodas e que possua maçanetas de fácil manejo,
como mostra a figura 13.

Figura 13 – Representa a porta


de entrada da sala de aula,
a maçaneta e o puxador

Fonte: UBERLÂNDIA ( 2008, p. 4).

57
Acessibilidade

Outro aspecto a ser considerado acessível é o piso da sala de aula. Para isso,
deve haver um contraste de cor entre o piso, a parede e os móveis. É importante
que o piso seja regular, firme, antiderrapante (IBDD, 2008), e apresentar corredor
com espaço adequado para a passagem de cadeira de rodas.

Quanto ao espaço adequado entre a lousa e/ou mural e as


Quanto ao espaço carteiras, deve ter as medidas da rota acessível para poder possibilitar
adequado entre a a passagem e manobra de cadeira de rodas. Além de altura acessível
lousa e/ou mural e da lousa para poder ser utilizado por crianças cadeirantes. Segundo
as carteiras, deve
ABNT (2004), as lousas devem ser acessíveis e instaladas a uma altura
ter as medidas da
inferior máxima de 0,90 m do piso, conforme figura 14.
rota acessível para
poder possibilitar
Figura 14 – Representa a altura adequada da lousa
a passagem e
manobra de cadeira
de rodas.

Fonte: Ministério da Educação e Cultura (2009, p. 42).

As janelas da sala devem ser amplas para facilitar a boa iluminação do


As cadeiras ambiente; e ainda devem existir aberturas em paredes opostas, podendo
precisam ter a ser portas ou janelas, para que seja possível a ventilação cruzada.
mesma altura do
assento da cadeira
As cadeiras e carteiras devem ser adequadas para crianças
de rodas, cerca de
obesas ou com estatura diferente da média do grupo de alunos. Além
0,46 metros; e as
carteiras precisam disso, as cadeiras precisam ter a mesma altura do assento da cadeira
ter dimensões de rodas, cerca de 0,46 metros; e as carteiras precisam ter dimensões
que permitam a que permitam a aproximação de uma cadeira de rodas, garantindo o
aproximação de espaço adequado para a circulação (IBDD, 2008).
uma cadeira de
rodas, garantindo o Figura 15 – Representa a dimensão
espaço adequado adequada da carteira para
para a circulação permitir o acesso do aluno
(IBDD, 2008).

Fonte: Ministério da Educação e Cultura (2009, p.42).

58
Capítulo 3 Acessibilidade na Escola: Abrindo
Novos Caminhos para a Aprendizagem

A respeito das carteiras escolares ABNT (2004, p. 88) complementa que,

nas salas de aula, quando houver mesas individuais para


alunos, pelo menos 1% do total de mesas, com no mínimo
uma para cada duas salas de aula, deve ser acessível a
P.C.R. Quando forem utilizadas cadeiras do tipo universitário
(com prancheta acoplada), devem ser disponibilizadas mesas
acessíveis a P.C.R. na proporção de pelo menos 1% do total
de cadeiras, com no mínimo uma para cada duas salas.

Outro mobiliário que deve estar adequado são os armários que guardam
materiais didáticos e mochilas. Estes devem estar acessíveis tanto para os
educadores, como para os educandos. Sobre isso, ABNT (2004, p. 78) afirma que

a altura de utilização de armários deve estar entre 0,40 m e


1,20 m do piso acabado. A altura de fixação dos puxadores
e fechaduras deve estar em uma faixa entre 0,80 m e 1,20
m. (...) A projeção de abertura das portas dos armários não
deve interferir na área de circulação mínima de 0,90 m e as
prateleiras, gavetas e cabides devem possuir profundidade e
altura que atendam às faixas de alcance manual e visual (...).

Há que se considerar também que para facilitar as atividades pedagógicas é


necessário respeitar a faixa de conforto. De acordo com IBDD (2008), a faixa de
conforto é a altura entre 0,80 m e 1,00 m que facilita a aproximação em atividades
que exijam a manipulação contínua; e ainda para as atividades sem uso de força
ou coordenação motora fina deve-se ter um espaço livre na faixa dos braços
com a distância de 0,62 m (Figura 16). Para fazer uma adaptação adequada do
espaço, essas medidas devem ser implementadas.

A figura 16- Representa as medidas da área de conforto

Fonte: IBDD (2008, p. 249).

Ainda segundo o IBDD (2008), precisamos saber que os controles de


aparelhos, registros, tomadas, maçanetas, interfone, interruptor, quadro de luz
etc, tem que estar a uma altura adequada, conforme demonstra a figura 17.
59
Acessibilidade

Figura 17 – Representação dos parâmetros de altura adequada

Fonte: IBDD (2008, p. 250).

Todas essas considerações, dimensões e medidas, de uma sala de aula,


devem ser respeitas para que todos os alunos possam fazer uso de todo o espaço
físico, do mobiliário e dos equipamentos com acessibilidade, garantindo um bom
aproveitamento dos recursos e materiais disponíveis e por consequência ter um
rendimento escolar e um processo de socialização eficiente.

b) Biblioteca:
A medida mínima
para a largura
Segundo MEC (2009), as bibliotecas costumam ser divididas em
de corredores
é de 0,90m, o três ambientes: um local com mesas de estudo, outro com estantes
que permite a para livros e um balcão ou mesa para empréstimos. Pode, ainda, ter
passagem de mesas com computadores para acesso à Internet.
apenas uma
cadeira de rodas ou
Já para ABNT (2004), as bibliotecas e centros de leitura, os
uma pessoa cega
ou com deficiência locais de pesquisa, fichários, salas para estudo e leitura, terminais de
visual. No entanto, consulta, balcões de atendimento e áreas de convivência devem ser
é mais indicada a acessíveis. Também sobre isso, IBDD (2008, p. 251) contribui que
largura de 1,20m
(...). a medida mínima para a largura de corredores é de 0,90m,
Dessa forma, o que permite a passagem de apenas uma cadeira de rodas
é possível a ou uma pessoa cega ou com deficiência visual. No entanto, é
passagem, lado mais indicada a largura de 1,20m (...). Dessa forma, é possível
a lado, de uma a passagem, lado a lado, de uma cadeira de rodas e um
cadeira de rodas e indivíduo (...).
um indivíduo (...).

60
Capítulo 3 Acessibilidade na Escola: Abrindo
Novos Caminhos para a Aprendizagem

Figura 18 - Representa as medidas adequadas necessárias para a passagem


nos corredores de um cadeirante e um cadeirante e um indivíduo

Fonte: IBDD (2008, p. 252).

Conforme MEC (2009), mesas com obstáculos, como pés, gaveteiros e/ou
altura inadequada impedem a aproximação e devem ser evitados. E, ABNT (2004)
pontua que pelo menos 5% das mesas devem ser acessíveis e pelo menos outros
10% sejam adaptáveis para acessibilidade. Segue a descrição abaixo com relação
às medidas de mesas a serem respeitadas (ilustração das medidas na figura 10):

as mesas ou superfícies devem estar localizadas


junto às rotas acessíveis e, preferencialmente, Deve ser garantida
distribuídas por todo o espaço (...) devem possuir uma faixa livre de
altura livre inferior de no mínimo 0,73 m do piso. circulação de 0,90 m
Deve ser garantido um M.R. posicionado para a e área de manobra
aproximação frontal, possibilitando avançar sob para o acesso às
as mesas ou superfícies até no máximo 0,50 mesmas. (...) Altura
m. (...) Deve ser garantida uma faixa livre de deve estar entre
circulação de 0,90 m e área de manobra para o
0,75 m e 0,85 m do
acesso às mesmas. (...) Altura deve estar entre
piso (ABNT,
0,75 m e 0,85 m do piso (ABNT, 2004, p. 92).
2004, p. 92).

Figura 19 – Representação das medidas das mesas

Fonte: ABNT (2004, p. 92).

Para complementar as informações, IBDD (2008, p. 259) relata a relação das


mesas e superfícies de estudo com o solo, conforme demonstrado na Figura 20.
61
Acessibilidade

Mesas e demais superfícies de apoio devem estar em rotas


Na aproximação acessíveis e distribuídas por todo o espaço, com altura livre
frontal, deve ser inferior de, no mínimo, 0,73 m do piso. Na aproximação
possível avançar frontal, deve ser possível avançar até 0,50 m sob as mesas ou
até 0,50 m sob superfícies, com faixa livre de circulação de 0,90 m e área de
as mesas ou manobra. A altura deve estar entre 0,75 m e 0,85 m do piso.
superfícies.
Figura 20 – Medidas da mesa em relação ao solo

Fonte: IBDD (2008, p. 259).

Figura 21 – Representa as medidas em relação às estantes de livros e fichários

Fonte: IBDD (2008, p. 259).

Conforme demonstrado na Figura 21, em relação ao acesso às estantes de


livros e fichários, ABNT (2004, p. 88) descreve que
A distância entre
pelo menos 5%, com no mínimo uma das mesas devem ser
estantes de livros acessíveis (...). Recomenda-se, além disso, que pelo menos
deve ser de no outros 10% sejam adaptáveis para acessibilidade. A distância
mínimo 0,90 m de entre estantes de livros deve ser de no mínimo 0,90 m de
largura (...). Nos largura (...). Nos corredores entre as estantes, a cada 15 m,
corredores entre as deve haver um espaço que permita a manobra da cadeira de
estantes, a cada 15 rodas. Recomenda-se a rotação de 180°. A altura dos fichários
m, deve haver um deve atender às faixas de alcance manual e parâmetros visuais.
espaço que permita
a manobra da Além disso, as bibliotecas devem possuir materiais e publicações em
cadeira de rodas. braille ou qualquer outro tipo de material audiovisual. E caso a biblioteca
Recomenda-se a
possua computadores para acesso à Internet ou para consulta de livros
rotação de 180°.
existentes na biblioteca, esses devem ser de fácil acesso para que possa

62
Capítulo 3 Acessibilidade na Escola: Abrindo
Novos Caminhos para a Aprendizagem

ser utilizado por qualquer pessoa e principalmente pelas PcD e por outras pessoas
com algum tipo de limitação (PALUDO, 2010; IBDD, 2008; ABNT, 2004).

Atividade de Estudos:

1) Vamos olhar para a nossa escola? Analise a biblioteca de uma


escola ou universidade mais próxima a você. Observe o que
está escrito na quinta coluna da tabela abaixo e assinale um “X”
em “sim” ou em “não”, conforme o caso. E ainda, você poderá
preencher a nona coluna com alguma observação que desejar.

A tabela foi proposta no estudo de Duarte e Cohen (2006) para


avaliar a acessibilidade em escolas. A primeira coluna é apenas
informacional, pois somente marca o número do registro para dar
uma identificação aos dados abordados no estudo dos autores.

Na “segunda e terceira colunas, encontra-se a referência à


legislação pertinente ao assunto tratado (sejam normas, leis ou
recomendações publicadas)” (DUARTE; COHEN, 2006, p. 6).

63
Acessibilidade

A quarta coluna indica se o quesito de acessibilidade é: uma


E=exigência; ou uma R=recomendações; ou uma permissão
P=permitido. A quinta coluna é a pergunta sobre a acessibilidade;
que você deve responder na sexta e sétima colunas assinalando um
‘X’ em “sim” ou “não”.

Vamos lá!!!


c) Sala de atendimento educacional especializado/Sala de recursos
multifuncional:

O Manual de Orientação intitulado de Programa de Implantação de


As salas de
sala de recursos multifuncionais apresenta que
recursos
multifuncionais são
em 2008, o Decreto nº 6.571 institui no, âmbito do FUNDEB,
ambientes dotados
o duplo cômputo da matrícula dos alunos público alvo da
de equipamentos, educação especial, uma em classe comum da rede pública
mobiliários e de ensino e outra no atendimento educacional especializado
materiais didáticos (AEE). Conforme definição deste Decreto, as salas de recursos
e pedagógicos multifuncionais são ambientes dotados de equipamentos,
para a oferta mobiliários e materiais didáticos e pedagógicos para a oferta
do atendimento do atendimento educacional especializado (MEC, 2010, p. 5).
educacional
especializado Correa e Rosa (sem data, sem página) afirmam que uma sala
(MEC, 2010, p. 5).
multifuncional trata-se de

um espaço organizado com materiais didáticos, pedagógicos,


equipamentos e profissionais com formação para o
atendimento às necessidades educacionais especiais,
projetadas para oferecer suporte necessário à estes alunos,
favorecendo seu acesso ao conhecimento (...). É uma
forma de garantir que sejam reconhecidas e atendidas as
particularidades de cada aluno com deficiência.

A sala de recurso multifuncional deverá ser de fácil acesso ao aluno, sendo


que na porta deverá ter uma placa de identificação que também esteja escrita em
braille. Não podemos esquecer, que o espaço interno da sala deverá ser suficiente
para que a P.C.R. possa se movimentar e manobrar durante o atendimento. Além
disso, esta sala deve respeitar as considerações já estudadas anteriormente
nesse capítulo.

Vale lembrar que o atendimento educacional especializado não pode ser


confundido com atividades de repetição de conteúdos desenvolvidos em sala
de aula, mas constituir um conjunto de procedimentos específicos mediadores
64
Capítulo 3 Acessibilidade na Escola: Abrindo
Novos Caminhos para a Aprendizagem

do processo de apropriação e produção de conhecimentos (AGNOL et al, 2010).


E, de acordo com Correa e Rosa (sem data, sem página), a sala de recurso
multifuncional foi projetada para atender a

aqueles [educandos] que apresentam alguma necessidade


educacional especial, temporária ou permanente (...).Também
fazem parte destes grupos, os alunos que enfrentam limitações
no processo de aprendizagem devido a condições, distúrbios,
disfunções ou deficiências, tais como: autismo, hiperatividade,
déficit de atenção, dislexia, deficiência física, paralisia cerebral
e outros.

O trabalho desenvolvido na sala de recurso multifuncional deve oportunizar


autonomia, independência, e valorização das ideias dos educandos, desafiando-
os a empreenderem o planejamento de suas atividades (AGNOL et al, 2010).
E, sobre os materiais e recursos pedagógicos que podem ser utilizados para o
trabalho, Correa e Rosa (sem data e sem página) destacam:

os jogos pedagógicos que valorizam os aspectos lúdicos, a


criatividade e o desenvolvimento de estratégias de lógica e
pensamento; os jogos adaptados, como aqueles confeccionados
com simbologia gráfica, livros didáticos e paradidáticos
impressos em letra ampliada, em Braille, digitais em Libras,
livros de histórias virtuais, livros falados; recursos
específicos como reglete, punção, soroban, guia
de assinatura, material para desenho adaptado, A sala de recurso
lupa manual, calculadora sonora, caderno de pauta multifuncional
ampliada, mobiliário adaptados e muitos outros. é o local de
apoio, estímulo
Finalizamos nosso estudo sobre o tópico (c) com as ideias de Agnol ao crescimento,
et al (2010), que afirma que a sala de recurso multifuncional é o local de desenvolvimento e
busca do saber.
apoio, estímulo ao crescimento, desenvolvimento e busca do saber.

d) Quadra esportiva: Todas as portas


existentes na
rota acessível,
Os locais para prática de esportes, como quadras, podem estar
destinadas à
ao ar livre ou em ginásios e devem possuir bancos ou arquibancada, circulação de
é o que relata MEC (2009). Quanto às áreas destinadas à prática praticantes de
esportivas, ABNT (2004, p.85) acrescenta que esportes que
utilizem cadeiras
todas as portas existentes na rota acessível, de rodas do tipo
destinadas à circulação de praticantes de esportes “cambadas”, devem
que utilizem cadeiras de rodas do tipo “cambadas”, possuir vão livre de
devem possuir vão livre de no mínimo 1,00 m, no mínimo 1,00 m,
incluindo as portas dos sanitários e vestiários. incluindo as portas
(...). As áreas para prática de esportes devem ser dos sanitários e
acessíveis, exceto os campos gramados, arenosos vestiários.
ou similares (...). Os sanitários e vestiários

65
Acessibilidade

acessíveis devem estar localizados tanto nas áreas de uso


público quanto nas áreas para prática de esportes.

Em consonância com essas ideias, MEC (2009) contribui sugerindo outros


itens da quadra de esportes acessível:

• Rota acessível que permita às pessoas chegarem à quadra esportiva, bancos


e arquibancadas, sanitários e vestiários acessíveis;

• Piso tátil para direcionar às PcD até local desejado (quadra, arquibancada,
sanitários);

• Vãos de acesso largos para passagem de cadeiras de rodas quando as


quadras forem fechadas e/ou cercadas por telas;

• Cores contrastantes do piso e demais elementos da quadra esportiva (traves,


redes, cestas etc);

• Espaços destinados à permanência de pessoas com cadeira de rodas entre


bancos e arquibancadas;

• Opção de escolha de assentos (no sol, na sombra).

A figura 13 apresenta a ilustração onde aparecem as adaptações que devem


ser feitas para facilitar a acessibilidade da PcD em uma quadra esportiva.

Figura 22 – Representação ilustrativa de uma quadra esportiva acessível

A prática esportiva
por parte da PcD
física está em
constante expansão
e desenvolvimento
e cada vez mais Fonte: Ministério da Educação e Cultura (2009, p. 61).
aumentará a
participação e A prática esportiva por parte da PcD física está em constante
abrangência
expansão e desenvolvimento e cada vez mais aumentará a participação
em programas
desportivos e abrangência em programas desportivos adaptados. Com relação aos
adaptados. materiais utilizados pelas PcD, Bagnara (2010, p.1) aconselha a

66
Capítulo 3 Acessibilidade na Escola: Abrindo
Novos Caminhos para a Aprendizagem

utilizar materiais macios para indivíduos com dificuldades de


percepção (...) utilização de materiais alternativos e adaptados.
(...) cada acessório deverá ser utilizado em situações em que
existe a necessidade. Proteger os materiais para evitar que os
mesmos machuquem os outros participantes. Antes de iniciar
a prática esportiva com cadeiras de rodas, proteger a mesma
com espumas nas extremidades evitando que o contato com
outras pessoas possa lesar ou machucar.

A prática de atividade física por PcD, não importando se a deficiência é de


natureza visual, auditiva, mental ou física, pode proporcionar além de benefícios
que vão garantir a saúde, o bem estar e a integração social, também a oportunidade
de testar seus limites e potencialidades, prevenindo assim lesões futuras em
decorrência de sua deficiência. A este interesse, Vieira (2009, p.1) explica que

as crianças com deficiência descobrem que, no universo das


atividades físicas, existem possibilidades de convivência com
colegas sem deficiências. Já estes últimos têm a oportunidade
de vivenciar e conhecer atividades físicas e esportivas
que podem ser realizadas por crianças com deficiências e
percebem que estas podem ser ativas e capazes.

É importante ressaltar que uma quadra com acessibilidade possibilita a


prática esportiva de forma a contemplar a inclusão escolar.

Confira a prática esportiva de alguns educandos nos vídeos


sobre o PARAJESC (Jogos Escolares Paradesportivos de Santa
Catarina). Alguns educandos com encefalopatia crônica nao
progressiva da infância jogam a bocha Paralímpica na 3ª edição dos
jogos, em Brusque (SC). Disponível em: http://www.youtube.com/
watch?v=yCMNKdhRLSg

No outro vídeo, temos os 12 educandos de Itajaí (SC) que foram


classificados para participar das Paralimpíadas que acontecerão em
São Paulo (SP).

Disponível em: http://www.youtube.com/watch?v=-btc8b7c0BU

E viva o esporte!!!

e) Laboratórios e Sala de Artes:


67
Acessibilidade

Para um país onde muitos estudantes nunca tiveram a oportunidade de entrar


em um laboratório de ciências, há que se pensar que a acessibilidade começa
na oportunidade do educando usufruir de um laboratório, já que na maioria das
escolas eles simplesmente não existem (BORGES, 2002).

Precisamos entender como é importante para o crescimento pessoal e


educacional dos alunos participarem de aulas práticas em laboratórios e salas de
artes, para estimular outros saberes. E mais uma vez, esses espaços precisam
ter acessibilidade para todos.

Conforme MEC (2009), laboratórios de Ciências, Informática e sala de Artes


são locais para atividades especiais e possuem mesas de trabalho, mesas de
computador, bancadas com pia, armários e estantes. Portanto, precisamos prestar
atenção a alguns detalhes, dentre eles listamos:

• Mesas ou pias sem obstáculos (pés, gaveteiros) para poder ficar acessível o
acesso de uma cadeira de rodas e com altura adequada, conforme já descrito
neste capítulo e ilustrado na Figura 23.

Figura 23 – Representação das medidas para possibilitar o acesso ao balcão e/ou mesa

Fonte: ABNT (2004, p. 93).

• As prateleiras e/ou estantes precisam ter fácil acesso e altura adequada para
que o educando possa usá-la com independência;

• Computadores acessíveis para pessoas com deficiência visual;

• Corredores largos que permitam a passagem de pelo menos um cadeirante e


uma outra pessoa, sendo que as cores da parede, piso e móveis devem ser
contrastantes;

• Acessórios como toalheiros, cesta de lixo e saboneteiras devem ser instalados


em alturas adequadas para que o aluno possa fazer uso sem auxílio e as
torneiras de fácil manuseio;

• Substâncias, objetos e instrumentos perigosos devem estar em armário


fechado (MEC, 2009).

68
Capítulo 3 Acessibilidade na Escola: Abrindo
Novos Caminhos para a Aprendizagem

Além disso, Pereira e Costa (2009) contribuem afirmando que o professor


de artes não pode esquecer de que a relevância da arte para o educando não
reside apenas no aspecto social e cultural, mas também permeia os aspectos
afetivos e emocionais. Desta forma, o professor de artes pode ser considerado
um multiplicador da acessibilidade atitudinal, pois a arte envolve os aspectos
relacionais.

f) Auditório:

As escolas geralmente possuem um auditório para palestras e atividades


coletivas. Normalmente, o auditório possui um piso inclinado que facilita a
visualização do palco e, dependendo do número de pessoas que comporta,
é necessário porta de emergência (MEC, 2009). Contudo, vale lembrar que
alguns equipamentos de emergência, como extintores de incêndio e placas de
identificação podem provocar acidentes à pessoa cega ou com baixa visão quando
estiverem posicionados em obstáculos aéreos. Por isso, devem ser colocados em
parede adjacente à circulação ou em suporte apropriado (IBDD, 2008).

Além disso, os auditórios das escolas devem apresentar

carpetes embutidos no piso [que] não podem ter sobrelevação


acima de 1,5 cm e forrações [que] devem ter as bordas
firmemente fixadas. Dessa forma, evita-se que o cadeirante
[P.C.R.] tenha dificuldades no acesso e que a pessoa cega
sofra qualquer tipo de acidente.

A Tabela 3 faz uma relação de acordo com a quantidade dos espaços que
precisam ser reservados para P.C.R. e assentos para P.M.R. e P.O. nos auditórios.

Tabela 3 – Relação de acordo com a quantidade de espaços que precisam ser reservados

Fonte: ABNT (2004, p. 80)

69
Acessibilidade

ABNT (2004) e MEC (2009) concordam que, além dos espaços reservados
(descritos na figura 15); também é necessário fazer adaptações atendendo a
algumas condições:

• Quanto ao piso, cadeiras e paredes, é importante que haja contraste de cores;

• Esses espaços reservados também precisam estar em locais de


Os assentos
fácil acesso, garantindo boa visibilidade, boa acústica e conforto;
preferenciais devem
estar próximos
aos corredores de • Os assentos preferenciais devem estar próximos aos corredores
acesso, em local de acesso, em local de piso horizontal, e devem ser identificados por
de piso horizontal, placas;
e devem ser
identificados
• Devem ser identificados por sinalização no local e na bilheteria
por placas;
(símbolo internacional de acesso);

• Os espaços reservados devem estar instalados ao lado de cadeiras removíveis


e articuladas para permitir ampliação da área de uso por acompanhantes ou
outros usuários (P.C.R. ou P.M.R.);
• Deve apresentar uma faixa sinalizadora em cor contrastante nas bordas dos
degraus, das rampas e na borda do palco;

• Deve possuir um local bem visível e iluminado para o intérprete de Libras.

• O espaço para P.C.R. deve possuir as dimensões mínimas de 0,80 m por 1,20
m, acrescido de faixa de no mínimo 0,30 m de largura, localizada na frente,
atrás ou em ambas as posições, conforme a figura abaixo.

Figura 24 – Representa as dimensões necessárias entre as cadeiras

Fonte: Uberlândia (2008, p. 12).

70
Capítulo 3 Acessibilidade na Escola: Abrindo
Novos Caminhos para a Aprendizagem

• Assentos para P.M.R. devem possuir um espaço frontal de no mínimo 0,60 m.


Os para P.O. devem ter largura equivalente a de dois assentos e possuir um
espaço livre frontal de no mínimo 0,60 m. E devem suportar uma carga de no
mínimo 250 kg (ABNT, 2004), conforme demonstra a figura 25.

Figura 25 – Representação do espaço frontal necessário

Fonte: ABNT (2004, p. 83).

Além disso, nos teatros e/ou auditórios a localização dos espaços para P.C.R.
e dos assentos para P.M.R. deve ser calculada de forma a garantir a visualização
da atividade desenvolvida no palco, conforme a figura 26.

Figura 26 – Representação do campo visual

Fonte: ABNT (2004, p. 81).

Além de tudo o que estudamos, é preciso lembrar também que o acesso


ao palco é fundamental a todos, ou seja, a PcD pode ser a própria palestrante, a
professora responsável pelas aulas, uma convidada especial da escola, o artista
em destaque, o orador da turma. Enfim, todo palco deve ter acessibilidade; pois o
educando com deficiência também pode utilizar esta área na rotina escolar.

71
Acessibilidade

Algumas Considerações
Neste capítulo estudamos sobre a importância da acessibilidade e da inclusão
como condições adequadas para que todos os educandos possam usufruir do seu
direito à educação. Pois ao educando com deficiência física, deve ser assegurada
a eliminação de barreiras dentro da escola para que a falta de acessibilidade não
interfira no seu desempenho escolar.

A respeito dos aspectos que determinam a acessibilidade no ambiente


escolar, analisamos os seguintes ambientes de aprendizagem: sala de aula;
biblioteca; sala de atendimento educacional especializado/sala de recursos
multifuncional; quadra esportiva; laboratórios e sala de artes; e auditório.

Para cada ambiente identificamos e propomos as medidas, dimensões,


recursos e adaptações que garantem as soluções de acessibilidade para todos os
educando.

No próximo capítulo, seguimos analisando a acessibilidade nos demais


ambientes da escola.

Referências
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Acessibilidade a edificações, mobiliário, espaços e equipamentos urbanos. 2. ed.
Rio de Janeiro: ABNT, 2004.

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Escola Municipal de Ensino Fundamental D. João Becker. Modelo de projeto de
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Acesso em: 30 jul. 2012.

AMBROSIO, Danton Rabelo. O acesso de cadeirantes nas escolas estaduais


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Conclusão de Curso (TCC). Curso de Licenciatura em Educação Física. Centro
Universitário Metodista de Minas Izabela Hemdrix. Belo Horizonte, 2009.

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Acesso em: 30 jul. 2012.

72
Capítulo 3 Acessibilidade na Escola: Abrindo
Novos Caminhos para a Aprendizagem

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Colégio Técnico da UFMG. Belo Horizonte (MG). Cad. Brás. Ens. Fís., v.19, n.3:
p. 291-313, dez., 2002.

BRASIL. Ministério do Turismo. Secretaria Nacional de Políticas de Turismo.


Turismo e acessibilidade: manual de orientações / Ministério do Turismo,
Coordenação - Geral de Segmentação. – 2. ed. – Brasília: Ministério do Turismo,
2006. p. 294.

CORREA, Rosélia Prussiano; ROSA, Silandra Badch. Sala de Recursos


multifuncionais: viabilizando a inclusão. p. 11 sem data. Disponível em: <http://
www.sieduca.com.br/2007/admin/upload/55.doc>. Acesso em: 06 ago. 2012.

DUARTE, Cristiane Rose de Siqueira; COHEN, Regina. Proposta de Metodologia


de Avaliação da Acessibilidade aos Espaços de Ensino Fundamental. In: Anais
NUTAU 2006: Demandas Sociais, Inovações Tecnológicas e a Cidade. São
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IBDD. Instituto Brasileiro dos Direitos da pessoa com deficiência. Inclusão social
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LOURENÇO, Gerusa Ferreira. Protocolo para avaliar a acessibilidade ao


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LOVATO, Jessana; ZYCH, Anizia Costa. A questão da acessibilidade do


educando com deficiência física na escola. Revista Eletrônica Lato Sensu, ano
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acessível. Brasília: Ministério da Educação. Secretaria de Educação Especial,
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_____. Manual de Orientação: Programa de Implantação de sala de recursos


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PALUDO, Maria de Lourdes. Acessibilidade à educação por pessoas

73
Acessibilidade

deficientes em uma biblioteca universitária (BU). 49 fls. Trabalho de


Conclusão de Curso (TCC). Curso de Biblioteconomia. Universidade Federal do
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visual em sala de aula: informações gerais para professores de artes. Revista
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SOUZA, Gisele Cristina de. Reorientação didático-pedagógica da educação


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Secretaria Municipal de planejamento urbano e meio ambiente, Diretoria de
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VIEIRA, Alexandre. O deficiente e a atividade esportiva. 2009. Disponível em:


<http://www.artigos.etc.br/o-deficiente-e-a-atividade-esportiva.html>. Acesso em:
28 jul. 2012.

74
C APÍTULO 4
Os Diversos Espaços da Escola
Acessível para Todos

A partir da perspectiva do saber fazer, neste capítulo você terá os seguintes


objetivos de aprendizagem:

33 Identificar e propor condições gerais de acessibilidade nos espaços da escola;

33 Apresentar e discutir a acessibilidade em alguns ambientes da escola;

33 Investigar e analisar o acesso nas áreas de lazer da escola;

33 Compreender a importância das sinalizações de acessibilidade na escola.


Capítulo 4 Os Diversos Espaços da
Escola Acessível para Todos

Contextualização
Você já observou todos os espaços da escola? Porque quando pensamos
em acessibilidade na escola não podemos somente analisar a sala de aula. Todo
educando tem direito ao acesso e livre circulação com autonomia e independência
em toda a escola.

No capítulo anterior, conhecemos e discutimos a acessibilidade nos


ambientes de aprendizagem da escola: sala de aula; biblioteca; sala de
atendimento educacional especializado/sala de recursos multifuncional; quadra
esportiva; laboratórios e sala de artes; e auditório.

Para tanto, temos que identificar os demais ambientes e alguns espaços


que também são importantes para as necessidades dos educandos. Foi sob
este ponto de vista que escrevemos este capítulo, para propor toda uma escola
acessível. Desta forma vamos estudar as considerações de acessibilidade em
alguns espaços/ambientes da escola. Vamos lá!

A Acessibilidade em Alguns
Ambientes da Escola
Para propor as considerações de acessibilidade na escola temos que
identificar as necessidades dos educandos, que vão além da aprendizagem;
trata-se das atividades de vida diária (AVD’s). As AVD’s são atividades comuns
que realizamos, como: refeições, utilizar o sanitário, realizar a higienização oral e
etc. Os educandos realizam diariamente na escola algumas AVD’s, e para isso, é
necessário acessibilidade nestes ambientes específicos às AVD’s.

Neste sentido apresentamos alguns ambientes internos da escola, como:


(a) refeitório, cozinha, bebedouros e guarda copos; (b) sanitários; (c) vestiário e
fraldário; (d) recepção; (e) pátio escolar; (f) parque infantil. A seguir, discriminamos
cada um desses itens.

a) Refeitório, cozinha, bebedouros e guarda copos:


O ambiente do
O ambiente do refeitório deve ser acessível e agradável para refeitório deve
ser acessível e
todos os educandos, sendo assim, MEC (2009) relata que pode
agradável para
haver contraste de cores entre piso, parede e móveis para facilitar a todos os educandos.
identificação e visualização dos mesmos.

77
Acessibilidade

Além disso, o balcão para servir os alimentos necessita abranger os diversos


tamanhos e condições dos educandos. Segundo ABNT (2004, p. 93), os balcões
podem avançar 0,30 cm de aproximação frontal, e também deve ter “uma parte
da superfície do balcão, com extensão de no mínimo 0,90 m, deve ter altura de no
máximo 0,90 m do piso. Deve ser garantido um M.R. [módulo de referência, ver
capítulo II] posicionado para a aproximação frontal ao balcão”.

As mesas do refeitório podem apresentar-se integradas, não sendo


O balcão para necessário que as mesas destinadas às P. C. R. estejam separadas. As
servir os alimentos
mesas devem proporcionar adequadamente a faixa livre de circulação,
necessita abranger
os diversos a área de aproximação e a altura para as P.C.R. As cadeiras devem
tamanhos e oferecer proporções diferentes de acordo com a diversidade do
condições dos tamanho e das características de mobilidade dos educandos (ABNT,
educandos. 2004; MEC, 2009).

Para os bebedouros, a altura mínima acessível é de 0,73 m e a bica deve


ser instalada no lado da frente com acionamento fácil e próximo e área de
aproximação para a P.C.R. (Figura 27). Além disso, os bebedouros acessíveis têm
que permitir a utilização de copos e o guarda copos tem que estar disposto a no
máximo 1,20 m do solo (ABNT, 2004).

Figura 27 – Representa as dimensões do bebedouro

Fonte: ABNT (2004, p. 90).

Rios e Matos (2011) nos colocam ainda que, o ideal seriam bebedouros com
controles de acionamento localizados na frente do mesmo, próximo à lateral da
borda frontal, conforme ilustrado na Figura 28.

78
Capítulo 4 Os Diversos Espaços da
Escola Acessível para Todos

Figura 28 – Botões de acionamento do bebedouro

Para apresentar
acessibilidade na
cozinha há que se
considerar a área de
circulação, a área
para alcance dos
utensílios e armários
Fonte: Rios e Matos (2011, p. 1) e, além disso, “as
pias devem possuir
Para apresentar acessibilidade na cozinha há que se considerar a altura de no máximo
0,85 m, com altura
área de circulação, a área para alcance dos utensílios e armários e, além
livre inferior de no
disso, “as pias devem possuir altura de no máximo 0,85 m, com altura livre mínimo 0,73 m”.
inferior de no mínimo 0,73 m”, conforme figura 29 (ABNT, 2004, p. 85).

Figura 29 – Representa a cozinha

Fonte: ABNT (2004, p. 85).

O sanitário
reservado para
b) Sanitários: a pessoa com
deficiência
Os lavatórios e vasos sanitários acessíveis podem estar física deve estar
localizados juntos aos sanitários comuns, feminino e masculino, localizado em rota
podendo compartilhar do mesmo acesso. Há, também, a possibilidade acessível, próximo
de localizar-se em um sanitário exclusivo para PcD (MEC, 2009). da circulação
principal e dos
Vale lembrar que o sanitário reservado para a pessoa com demais sanitários
e devidamente
deficiência física deve estar localizado em rota acessível, próximo da
sinalizados (RIOS;
circulação principal e dos demais sanitários e devidamente sinalizados
MATOS, 2011).
(RIOS; MATOS, 2011).

79
Acessibilidade

Os sanitários e vestiários acessíveis devem obedecer aos


parâmetros no que diz respeito à instalação de bacia, mictório,
lavatório, boxe de chuveiro, acessórios e barras de apoio,
além das áreas de circulação, transferência, aproximação e
alcance. (...) Em sanitários acessíveis isolados é necessária
a instalação de dispositivo de sinalização de emergência ao
lado da bacia e do boxe do chuveiro, a uma altura de 400 mm
do piso acabado, para acionamento em caso de queda (ABNT
2004, p. 64).

Confira os dados citados na figura 30.

Figura 30 – Sanitário reservado para PcD

Fonte: Rios e Matos (2011, p. 1).

Segundo o MEC (2009), temos alguns fatores que precisam ser levados em
consideração quanto aos sanitários; como:

• Porta de entrada com largura adequada, pisos e paredes com cores


contrastantes e piso antiderrapante e regular;

• Espaço interno que possibilite as manobras de um cadeirante, por exemplo;

• Todos os acessórios (toalheiro, descarga, cesto de lixo, saboneteira e espelho)


com alturas que permitam o fácil acesso;

• Descarga tipo alavanca, torneira de fácil manuseio (alavanca ou de


pressionar), espelho inclinado e barras de apoio adequadamente posicionadas
e dimensionadas.

As medidas adequadas de cada objeto, peça e equipamento descreveremos


posteriormente neste capítulo.

80
Capítulo 4 Os Diversos Espaços da
Escola Acessível para Todos

Figura 31 – Ilustração de um sanitário acessível

Fonte: Ministério da Educação e Cultura (2009, p. 55).

Nas entradas dos sanitários, além da sinalização com o símbolo internacional


da acessibilidade, as maçanetas devem estar postas de maneira que possam ser
abertas com apenas um movimento e devem possuir também uma sinalização
tátil em braile, indicando o sanitário feminino/masculino acessível.

Figura 32 – Maçaneta acessível e identificação em braile da porta de um sanitário

Todas as barras
de apoio utilizadas
em sanitários
devem suportar a
resistência a um
esforço mínimo de
Fonte: Rios e Matos (2011, p. 1). 1,5 KN em qualquer
sentido, ter diâmetro
entre 3 cm e 4,5 cm,
Em relação às barras de apoio (Figura 33) localizadas nos
e estar firmemente
sanitários ABNT (2004, p. 65), contribui afirmando que: fixadas em paredes
ou divisórias a uma
todas as barras de apoio utilizadas em sanitários distância mínima
devem suportar a resistência a um esforço mínimo destas de 4 cm da
de 1,5 KN em qualquer sentido, ter diâmetro entre
face interna
3 cm e 4,5 cm, e estar firmemente fixadas em
da barra.
paredes ou divisórias a uma distância mínima

81
Acessibilidade

destas de 4 cm da face interna da barra. Suas extremidades


devem estar fixadas ou justapostas nas paredes ou ter
desenvolvimento contínuo até o ponto de fixação com formato
recurvado. Quando necessários, os suportes intermediários de
fixação devem estar sob a área de empunhadura, garantindo
a continuidade de deslocamento das mãos (...). Quando
executadas em material metálico, as barras de apoio e seus
elementos de fixação e instalação devem ser de material
resistente à corrosão, e com aderência.

Figura 33 – Dimensões em centímetros das barras de apoio

Fonte: ABNT (2004, p. 65).

Para a instalação dos vasos sanitários, os mesmos precisam ser adequados


para que as PcD possam utilizá-los de forma fácil e com autonomia. Devem
ser previstas áreas de transferência lateral, perpendicular e diagonal, conforme
podermos observar na figura 34.

Figura 34 – Exemplos de transferência lateral, perpendicular e diagonal

Fonte: Uberlândia (2008, p. 6).

82
Capítulo 4 Os Diversos Espaços da
Escola Acessível para Todos

Além das transferências descritas e ilustradas acima, ABNT (2004) nos


apresenta outras dimensões (figura 35), relacionadas à movimentação da cadeira
de rodas com relação à parede ao fundo do sanitário.

Figura 35 – Áreas de transferência próximas ao vaso sanitário

A distância entre o
eixo da bacia e a
face da barra lateral
ao vaso deve ser
de 0,40 m, estando
esta posicionada
a uma distância
mínima de 0,50 m
da borda frontal da
Fonte: ABNT (2004, p. 66).
bacia. A barra da
parede do fundo
E, para complementar, as barras de apoio próximas ao vaso deve estar a uma
sanitário, devem atender as seguintes condições: distância máxima de
0,11 m da sua face
junto à bacia sanitária, na lateral e no fundo, externa à parede
devem ser colocadas barras horizontais para e estender-se no
apoio e transferência, com comprimento mínimo mínimo 0,30 m além
de 0,80 m, a 0,75 m de altura do piso. (...) A do eixo da bacia, em
distância entre o eixo da bacia e a face da barra direção à
lateral ao vaso deve ser de 0,40 m, estando esta parede lateral.
posicionada a uma distância mínima de 0,50 m

83
Acessibilidade

da borda frontal da bacia. A barra da parede do fundo deve


estar a uma distância máxima de 0,11 m da sua face externa à
parede e estender-se no mínimo 0,30 m além do eixo da bacia,
em direção à parede lateral. Na impossibilidade de instalação
de barras nas paredes laterais, são admitidas barras laterais
articuladas ou fixas (com fixação na parede de fundo),
desde que sejam observados os parâmetros de segurança e
dimensionamento. (...) A distância entre esta barra e o eixo da
bacia deve ser de 0,40 m, sendo que sua extremidade deve
estar a uma distância mínima de 0,20 m da borda frontal da
bacia. (...) No caso de bacias com caixa acoplada, deve-se
garantir a instalação da barra na parede do fundo, de forma
a se evitar que a caixa seja utilizada como apoio. A distância
mínima entre a face inferior da barra e a tampa da caixa
acoplada deve ser de 0,15 m (ABNT, 2004, p. 67).

Para exemplificar todas as medidas e dimensões que foram descritas na


citação acima, observe as figuras 36, 37, 38 e 39.

Figura 36 – Parâmetros para sanitário

Fonte: Uberlândia ( 2008, p. 7).

84
Capítulo 4 Os Diversos Espaços da
Escola Acessível para Todos

Figura 37 – Vaso sanitário – Barra de apoio lateral e de fundo

Fonte: ABNT (2004, p. 67).

Figura 38 - Vaso sanitário – Exemplo de barra de apoio


lateral com fixação na parede de fundo

Fonte: ABNT (2004, p. 68).

Figura 39 – Vaso sanitário com caixa acoplada

Fonte: ABNT (2004, p. 68).

85
Acessibilidade

Segundo ABNT (2004), os vasos sanitários devem estar a uma


Segundo ABNT
altura entre 0,43 m e 0,45 m do piso acabado, medidas a partir da
(2004), os vasos
sanitários devem borda superior, sem o assento. Com o assento, esta altura deve ser de
estar a uma altura no máximo 0,46 m (figuras 40 e 41).
entre 0,43 m e 0,45
m do piso acabado, Figura 40 – Adequação de altura do vaso sanitário suspenso
medidas a partir da
borda superior, sem
o assento. Com o
assento, esta altura
deve ser de no
máximo 0,46 m.

Fonte: ABNT (2004, p. 68).

Figura 41 – Adequação de altura do vaso sanitário alongado

Fonte: ABNT (2004, p. 69).

Quando o vaso sanitário tiver altura inferior a essas especificadas, este deve
ser ajustado de uma das seguintes formas: instalação de sóculo na base do vaso
(figura 42), devendo acompanhar a projeção da base da bacia não ultrapassando
em 0,05 m o seu contorno ou utilização de assento que ajuste a altura final do
vaso para a medida estipulada (ABNT, 2004; UBERLÂNDIA, 2008).

Sóculo: na arquitetura é uma base produzida em materiais


diversos, para apoio de molduras de portais e/ou pórticos, além de
sanitários adaptados para cadeirantes. São geralmente produzidos
com volume maior e formato diferente da moldura, para criar destaque.

86
Capítulo 4 Os Diversos Espaços da
Escola Acessível para Todos

Figura 42 – Adequação de altura do vaso sanitário com sóculo

Fonte: ABNT (2004, p. 69).


Os acessórios
para sanitários
Além disso, os acessórios para sanitários (saboneteiras e (saboneteiras e
toalheiros, espelhos, papeleiras, porta objetos e cabide) devem ter sua toalheiros, espelhos,
área de utilização dentro da faixa de alcance manual (figuras 43 e 44) papeleiras, porta
objetos e cabide)
para que se tornem confortáveis e acessíveis a todas as PcD.
devem ter sua área
de utilização dentro
da faixa de alcance
manual.

Figura 43 – Acessórios presentes nos sanitários

Fonte: ABNT (2004, p. 78).

87
Acessibilidade

Figura 44 – Parâmetros de alturas para louças e metais dos sanitários

Fonte: Uberlândia ( 2008, p. 8).

Para o lavatório deve ser prevista área de aproximação frontal


Os lavatórios
devem ser para P.M.R. e para P.C.R, devendo estender-se até o mínimo de 0,25
suspensos, sendo m sob o lavatório (ABNT, 2004). As demais medidas e considerações a
que sua borda serem respeitadas são:
superior deve estar
a uma altura de os lavatórios devem ser suspensos, sendo que sua borda
0,78 m a 0,80 m superior deve estar a uma altura de 0,78 m a 0,80 m do piso
do piso acabado e acabado e respeitando uma altura livre mínima de 0,73 m na
respeitando uma sua parte inferior frontal. O sifão e a tubulação devem estar
altura livre mínima situados a no mínimo 0,25 m da face externa frontal e ter
de 0,73 m na sua dispositivo de proteção do tipo coluna suspensa ou similar. Não
é permitida a utilização de colunas até o piso ou gabinetes.
parte inferior frontal.
Sob o lavatório não deve haver elementos com superfícies
cortantes ou abrasivas. As torneiras de lavatórios devem
ser acionadas por alavanca, sensor eletrônico ou dispositivo
equivalente. Quando forem utilizados misturadores, estes
devem ser preferencialmente de monocomando. O comando
da torneira deve estar no máximo a 0,50 m da face externa
frontal do lavatório (ABNT, 2008, p. 74).

Essas medidas podem ser visualizadas por meio das figuras 45 e 46.

88
Capítulo 4 Os Diversos Espaços da
Escola Acessível para Todos

Figura 45 – Área de aproximação para P.M.R. e área de aproximação para P.C.R.

Fonte: ABNT (2004, p. 74).

Figura 46 – Lavatórios embutidos em bancadas

Fonte: ABNT (2004, p. 75).

Sobre os espelhos, ABNT (2004, p. 76) afirma que a altura de instalação dos
mesmos

[...] deve atender às seguintes condições: a) quando o espelho


for instalado em posição vertical, a altura da borda inferior deve
ser de no máximo 0,90 m e a da borda superior de no mínimo
1,80 m do piso acabado. b) quando o espelho for inclinado
em 10º em relação ao plano vertical, a altura da borda inferior
deve ser de no máximo 1,10 m e a da borda superior de no
mínimo 1,80 m do piso acabado.

Figura 47 – Espelhos

Fonte: ABNT (2004, p. 75).

89
Acessibilidade

Além disso, os sanitários devem ter papeleiras. As papeleiras embutidas para


serem acessíveis devem estar localizadas a uma altura de 0,50 m a 0,60 m do
piso e a distância máxima de 0,15 m da pia (figura 48). No caso de papeleiras
não embutidas, estas devem estar alinhadas com a pia e o acesso ao papel deve
estar entre 1,00 m e 1,20 m do piso acabado (ABNT, 2004).

Figura 48 – Exemplos de prateleiras embutidas e não embutidas

Quanto às medidas
dos cabides e os
porta-objetos, ABNT
(2004) afirma que Fonte: ABNT (2004, p. 77).
os mesmos devem
ser instalados a Quanto às medidas dos cabides e os porta-objetos, ABNT (2004)
uma altura entre
afirma que os mesmos devem ser instalados a uma altura entre 0,80 m
0,80 m a 1,20
m do piso e em a 1,20 m do piso e em local que não interfira nas áreas de transferência
local que não e manobras das cadeiras de rodas. E, o mictório deve possuir barras
interfira nas áreas verticais de apoio, fixadas com afastamento de 0,60 m, a uma altura
de transferência de 0,75 m do piso (figura 49). Os mictórios suspensos devem estar
e manobras das localizados a uma altura de 0,60 m a 0,65 m do piso acabado.
cadeiras de rodas.
Figura 49 – Exemplos de mictórios

Fonte: ABNT (2004, p. 78).

Atividade de Estudos:

1) Observe a lista apresentada por MEC (2009, p. 54) sobre os

90
Capítulo 4 Os Diversos Espaços da
Escola Acessível para Todos

problemas mais comuns nos sanitários das escolas:

• Não existem sanitários com vasos e lavatórios masculino e


feminino acessíveis na escola;

• Sanitários acessíveis, localizados em pavimento onde não é


possível chegar com cadeira de rodas;

• Portas dos sanitários muito estreitas para a passagem de


uma cadeira de rodas;

• Espaço de circulação dentro do sanitário muito apertado


para uma pessoa manobrar sua cadeira de rodas até o vaso
sanitário e o lavatório;

• Não existem lavatórios, vasos sanitários e descargas em


altura adequada para crianças de baixa estatura;

• Falta de contraste de cor entre piso, parede e equipamentos.

Agora, escolha três problemas da lista supracitada e escreva,


para cada um, uma proposta de solução.
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91
Acessibilidade

c) Vestiário e fraldário:

Os vestiários escolares devem possuir, segundo Lourenção et al (2006):


área de giro para usuários de cadeira de rodas, banco provido de encosto (figura
50), barras de apoio e espelhos (inclinados), cabides, armários com aproximação
frontal e altura entre 0,30m e 1,20m do piso para pessoas em cadeiras de rodas.

Da mesma forma, os vestiários acessíveis devem obedecer aos


Os vestiários
parâmetros da norma da ABNT (2004) no que diz respeito: à instalação
escolares devem
possuir, segundo do vaso sanitário, lavatório, barras de apoio e acessórios, além das
Lourenção et al áreas de circulação, transferência e aproximação. Além disso:
(2006): área de giro
para usuários de Os bancos devem ser providos de encosto, ter profundidade
cadeira de rodas, mínima de 0,45 m e ser instalados a uma altura de 0,46 m
banco provido de do piso acabado. Recomenda-se espaço inferior de 0,30 m
encosto (figura livre de qualquer saliência ou obstáculo, para permitir eventual
área de manobra. Deve ser reservado um espaço de 0,30
50), barras de
m atrás do banco para garantir a transferência lateral. Os
apoio e espelhos bancos devem estar dispostos de forma a garantir as áreas de
(inclinados), manobra, transferência e circulação (ABNT, 2004, p. 78).
cabides, armários
com aproximação Figura 50 – Representação dos bancos para vestiários
frontal e altura entre
0,30m e 1,20m do
piso para pessoas
em cadeiras
de rodas.

Fonte: ABNT (2004, p. 79).

Com relação aos armários dos vestiários alguns aspectos devem se


considerados, como:

a altura de utilização de armários deve estar entre 0,40 m e 1,20


m do piso e a altura de fixação dos puxadores e fechaduras
deve estar em uma faixa entre 0,80 m e 1,20 m. A projeção de
abertura das portas dos armários não deve interferir na área
de circulação mínima de 0,90 m e as prateleiras, gavetas e
cabides devem possuir profundidade e altura que atendam às
faixas de alcance manual e visual (ABNT, 2004, p. 78).

Quando o vestiário possuir cabides, os mesmos devem ser instalados em


altura dentro da faixa de alcance entre 0,80 m e 1,20 m do piso (figura 51).
Recomenda-se, segundo a ABNT (2004), que não sejam instalados atrás de
portas e que não criem saliência pontiaguda.

92
Capítulo 4 Os Diversos Espaços da
Escola Acessível para Todos

Figura 51 – Representação do cabide acessível

Fonte: ABNT (2004, p. 78).


A cabina é
importante para
Como exemplo de fraldário acessível para a pessoa em cadeira o educando com
de rodas, (ABNT, 2004) refere a cabina acessível para vestiário, deficiência física
ilustrada na figura 52. A cabina é importante para o educando com que usa fralda;
pois é um espaço
deficiência física que usa fralda; pois é um espaço acessível para que acessível para que
ele troque a sua fralda, realizando com segurança esta AVD. ele troque a sua
fralda, realizando
com segurança
Figura 52 – Cabina para vestiário acessível esta AVD.

Fonte: ABNT (2004, p. 79).

Vale lembrar que o fraldário é considerado um espaço reservado dentro do


sanitário e/ou vestiário; para MEC (2006, p. 56) o fraldário é

um ambiente com maca, utilizado para a higiene das crianças


com deficiência que necessitam de troca de roupa e fraldas.
É importante localizá-lo separado dos sanitários comuns,
para que haja maior privacidade. O ideal é ter o trocador no
mesmo ambiente do sanitário acessível, caso esse esteja

93
Acessibilidade

separado dos demais sanitários da escola. Nesse caso, pode-


se acrescentar um chuveiro para facilitar a higiene.

Ainda em relação ao fraldário (figura 53), MEC (2009) afirma que algumas
características precisam ser levadas em consideração, tais como:

• A mesa para troca de fraldas e/ou roupas deve ser revestida com material
lavável e com medidas adequadas de altura;

• Próximo à mesa de troca devem estar presentes cesta de lixo, saboneteira,


papeleira e lavatório;

• Se possível, deve existir um banco embaixo da mesa de troca, para que a


pessoa possa utilizá-lo para facilitar as trocas de fraldas e/ou roupas.

Figura 53 – Representação de um fraldário

Fonte: Ministério da Educação e Cultura (2009, p. 57).

É importante ressaltar que a mesa para a troca de fraldas deve estar em


consonância com a altura da cadeira de rodas (0,46 cm do chão).

d) Recepção

Normalmente, em quase todas as escolas, existe um espaço que é


considerado como recepção, onde, alunos, pais e familiares, educadores,
visitantes terão acesso às salas da direção, coordenação pedagógica e secretaria.

De acordo com MEC (2009), o balcão de atendimento deve ser visível a


partir da entrada e deve estar devidamente sinalizado. Deve possuir uma sala de
espera, com espaço adequado para movimento e circulação de uma cadeira de
rodas (figura 54).
94
Capítulo 4 Os Diversos Espaços da
Escola Acessível para Todos

Figura 54 – Representação de uma recepção escolar

Fonte: Ministério da Educação e da Cultura (2009, p. 37).

O piso, parede e móveis da recepção devem ter cores


O piso, parede e
contrastantes para facilitar a visualização e piso tátil direcional que
móveis da recepção
conduza a PcD até o mapa tátil. Além disso, devem existir placas em devem ter cores
braile ao lado das portas, na altura das mãos, indicando os ambientes contrastantes
da escola (MEC, 2009). para facilitar a
visualização e piso
tátil direcional que
conduza a PcD até o
O Acesso nas Áreas de Lazer mapa tátil.

da Escola
Destacamos duas principais áreas de recreação para os educandos na
escola, são elas: (a) pátio escolar; e (b) parque infantil. Seguimos com as
considerações destes itens.

a) Pátio escolar

Os pátios escolares compreendem todos os espaços de


Os pátios escolares
recreação da escola, podendo ser cobertos ou ao ar livre; com áreas compreendem
gramadas e com árvores (MEC, 2009). todos os espaços
de recreação da
Um pátio acessível (figura 55) que forneça segurança para a PcD escola, podendo
deve seguir as seguintes recomendações: ser cobertos ou ao
ar livre; com áreas
gramadas e com
• Pisos adequados e antiderrapantes, nivelados, pavimentados e
árvores (MEC,
em boas condições, sendo que deve ser utilizado o piso tátil até a
2009).
área das atividades;
95
Acessibilidade

• Áreas diversas como: gramados, piso pavimentado, áreas para brincar, áreas
para sentar;

• Os pátios não devem possuir muitos obstáculos que atrapalhem a passagem e


a circulação, como: vasos de plantas, lixeiras, bancos, bebedouros, telefones,
extintores de incêndio;

• É necessário ter pátio com grades para os locais que possam ser perigosos
para as PcD.

Figura 55 – Representação ilustrativa de um pátio escolar

Fonte: Ministério da Educação e da Cultura (2009, p. 63).


Observe neste vídeo a ideia criativa de um pai para a


Sempre que recreação de seu filho. É um exemplo de superação, pois o pai
os parques conseguiu através de uma bota (acessibilidade instrumental por
apresentarem produção própria) fazer o filho com deficiência jogar futebol.
pavimentação,
mobiliário ou
http://www.youtube.com/watch?v=35JDbrmU6Wc
equipamentos
edificados ou
montados,
estes devem ser
acessíveis e nos
locais onde as b) Parque infantil:
características
ambientais sejam Muitas escolas possuem parques infantis com brinquedos para
legalmente diferentes idades. Esses parques podem estar junto aos pátios ou
preservadas às quadras, ou em áreas específicas, como as próximas a educação
deve-se buscar o infantil (MEC, 2009).
máximo grau de
acessibilidade com
Sempre que os parques apresentarem pavimentação, mobiliário
mínima intervenção
no meio ambiente. ou equipamentos edificados ou montados, estes devem ser acessíveis
e nos locais onde as características ambientais sejam legalmente
96
Capítulo 4 Os Diversos Espaços da
Escola Acessível para Todos

preservadas deve-se buscar o máximo grau de acessibilidade com mínima


intervenção no meio ambiente (figura 56). Além disso, o piso das rotas devem ser
acessíveis (ABNT, 2004).

De acordo com MEC (2009) algumas características precisam ser


consideradas em relação ao parque infantil, tais como:

• Deve possuir piso adequado e piso tátil que direcione a PcD ao ambiente e/ou
brinquedo desejado;

• Evitar que os brinquedos fiquem muito próximos uns dos outros e precisam estar
em boas condições de uso para que não ocorra nenhum eventual acidente;

• Elaboração de alguns brinquedos acessíveis que estimulem todos os sentidos


(como visão, tato, audição);

• Bancos para familiares e para os próprios alunos do parque infantil, em local


com sombra e que não atrapalhem a circulação do local;

• Cores contrastantes entre o piso, brinquedos e mobiliários existentes;

• Caso possua jardim (grama, arbustos, árvores, flores), estes devem ser sem
espinhos e que não atrapalhem a circulação.

Figura 56 – Representação de um parque infantil

Fonte: Ministério da Educação e da Cultura (2009, p. 65).

Considerações Gerais Sobre as


Sinalizações Acessíveis
Além das considerações de acessibilidade descritas nos ambiente da

97
Acessibilidade

escola listados nos itens de (a) a (f) na primeira seção desse capítulo, também
é importante destacar outros espaços e as principalmente as sinalizações de
acessibilidade. Portanto, seguimos relatando: (a) corredores, porta de entrada
e janelas; (b) área de circulação; (c) rampas e elevador; (d) sinalização de
emergência; (e) sinalização de corrimãos e degraus.

a) Corredores, porta de entrada e janelas:

Conforme já foi descrito nos capítulos anteriores, o educando com deficiência


física deve ter livre circulação com independência e autonomia na escola. Para
isso as dimensões dos corredores devem ser:

A medida mínima para a largura de corredores é de 0,90 m,


o que permite a passagem de apenas uma cadeira de rodas
ou uma pessoa cega ou com deficiência visual. No entanto,
é mais indicada a largura de 1,20 m para locais com trânsito
um pouco mais intenso. Dessa forma, é possível a passagem,
lado a lado, de uma cadeira de rodas e um indivíduo. Para
a circulação de duas cadeiras de rodas é recomendada uma
largura de 1,50 m. Deve haver, a cada 15 m, uma área de
manobra para cadeira de rodas, que permita, no mínimo,
rotação de 180º (IBDD, 2008, p. 251).

Em comum acordo, ABNT (2004) e MEC (2009), também contribuem


afirmando que os corredores (figura 57) devem ser dimensionados de acordo com

o fluxo de pessoas, assegurando uma faixa livre de barreiras


ou obstáculos. As larguras mínimas para corredores em
edificações e equipamentos urbanos são: 0,90 m para
corredores de uso comum com extensão até 4,00 m; 1,20 m
para corredores de uso comum com extensão até 10,00 m;
e 1,50 m para corredores com extensão superior a 10,00 m;
1,50 m para corredores de uso público; maior que 1,50 m para
grandes fluxos de pessoas (ABNT 2004, p. 50).

Figura 57 – Parâmetros para corredores

Fonte: Uberlândia (2008, p. 14).

98
Capítulo 4 Os Diversos Espaços da
Escola Acessível para Todos

As portas, inclusive às de elevadores, devem ter um vão livre de no mínimo


de 0,80 m e altura mínima de 2,10 m. Devem ter condições de serem abertas com
um único movimento e as maçanetas devem ser do tipo alavanca, instaladas a
uma altura entre 0,90 m e 1,10 m (ABNT, 2004; UBERLÂNDIA, 2008).

Figura 58 – Representação dos espaços necessários junto às portas,


para sua transposição por P.C.R. (aproximação de porta frontal)

Fonte: ABNT (2004, p. 51).

Figura 59 - Representação dos espaços necessários junto às portas,


para sua transposição por P.C.R. (aproximação de porta lateral)

Fonte: ABNT (2004, p. 51).

99
Acessibilidade

Além disso, recomendam-se que as portas tenham na parte


Todas as portas
inferior um revestimento resistente, para os casos de cadeiras de
devem seguir
as mesmas rodas, bengalas, andadores que possam vir a fazer algum tipo de
dimensões, contato (figura 60). No geral, todas as portas devem seguir as mesmas
independentemente dimensões, independentemente de serem portas de sanitários,
de serem portas elevadores, vestiários ou salas. A diferença vai acontecer na maçaneta,
de sanitários, que pode ser do tipo alavanca, por acionamento com sensores
elevadores, ópticos ou com puxador horizontal (ABNT, 2004; UBERLÂNDIA, 2008;
vestiários ou
MORAES, 2007).
salas. A diferença
vai acontecer na
Figura 60 – Parâmetros para três tipos de portas
maçaneta, que
pode ser do tipo
alavanca, por
acionamento
com sensores
ópticos ou com
puxador horizontal
(ABNT, 2004;
UBERLÂNDIA,
2008; MORAES,
2007).

Fonte: Uberlândia (2008, p. 4).

A respeito das janelas Lourenção et al (2006, p. 45) refere que

as janelas devem ser abertas com um único movimento,


empregando-se o mínimo esforço e devem ser fechadas com
A área de circulação
trincos tipo alavancas. É desejável que a altura do peitoril
envolve todo o
possibilite o maior alcance do cone visual.
caminho a ser
percorrido até que
se chegue ao local
desejado. Dessa b) Área de circulação:
forma, devem-se
considerar vários A área de circulação envolve todo o caminho a ser percorrido até
itens, tais como: que se chegue ao local desejado. Dessa forma, devem-se considerar
tipo de piso, vários itens, tais como: tipo de piso, desníveis, grelhas, tapetes e
desníveis, grelhas,
carpetes quando existirem, objetos pendurados e etc. Sobre isso ABNT
tapetes e carpetes
quando existirem, (2004, p. 39) complementa afirmando que
objetos pendurados
e etc. os pisos devem ter superfície regular, firme, estável e

100
Capítulo 4 Os Diversos Espaços da
Escola Acessível para Todos

antiderrapante sob qualquer condição, que não provoque


trepidação em dispositivos com rodas (cadeiras de rodas
ou carrinhos de bebê). Admite-se inclinação transversal
da superfície até 2% para pisos internos e 3% para pisos
externos e inclinação longitudinal máxima de 5%. Inclinações
superiores a 5% são consideradas rampas.

É importante ressaltar que a sinalização tátil no piso é obrigatória, pois


tem a função de alertar a PcD a desviar o passo de uma possível barreira
existente. Da mesma forma, as faixas com cores e texturas diferenciadas
servem para facilitar a identificação do trajeto e para indicar o caminho certo a
seguir (IBDD, 2008).

O piso tátil de alerta (figura 61) deve ser utilizado para sinalizar situações
que envolvem risco de segurança, cujo material deve ser de cromo diferenciado
ou deve estar associado à faixa de cor contrastante com o piso adjacente
(LOURENÇÃO et al, 2006).

Figura 61– Parâmetro para piso tátil

Fonte: Uberlândia (2008, p.25).

Além disso, o piso tátil direcional deve ser utilizado quando da ausência
ou descontinuidade de linha-guia identificável, como guia de caminhamento em
ambientes internos ou externos, ou quando houver caminhos preferenciais de
circulação (LOURENÇÃO et al, 2006).
101
Acessibilidade

Há que se considerar que os desníveis devem ser evitados em


Há que se
rotas acessíveis. Eventuais desníveis de até 5 mm não demandam
considerar que os
desníveis devem tratamento. Desníveis de 5 mm até 15 mm devem ser tratados em forma
ser evitados em de rampa e desníveis maiores que 15 mm devem ser considerados
rotas acessíveis. como degraus e ser sinalizados (ABNT, 2004).
Eventuais desníveis
de até 5 mm
De comum acordo, o IBDD (2008) e a ABNT (2004) relatam que
não demandam
tratamento. as grelhas no piso ou juntas de dilatação não devem exceder 1,5 cm e
Desníveis de 5 mm devem estar fora do fluxo principal de circulação, evitando assim atritos
até 15 mm devem em pontas de bengalas, muletas, andadores e cadeiras de rodas.
ser tratados em
forma de rampa e
desníveis maiores Os carpetes devem ser embutidos no piso e não podem ter
que 15 mm devem sobrelevação acima de 1,5 cm; as forrações devem ter as bordas
ser considerados firmemente fixadas para evitar que a PcD tenha algum tipo de dificuldade
como degraus e no acesso e venha a sofrer algum tipo de acidente (IBDD, 2008).
ser sinalizados
(ABNT, 2004).
Quanto aos tapetes, a ABNT (2004, p. 40) informa que a

altura da felpa do carpete em rota acessível não deve ser


superior a 6 mm. Deve ser evitado o uso de manta ou forro sob
o carpete. Deve-se optar por carpetes com maior resistência
a compressão e desgaste, que devem ser confeccionados em
felpa laçada com fios bem torcidos, com no mínimo, 10 tufos
por cm². (...) Tapetes devem ser evitados em rotas acessíveis.

Outros itens que também devemos observar e que são muito importantes
para poder criar uma rota acessível são os obstáculos aéreos, como extintores de
incêndio e placas de identificação que podem provocar acidente quando se trata
de pessoa cega ou com baixa visão. Por isso, segundo o IBDD (2008), devem ser
colocados em parede adjacente à circulação ou em suporte apropriado, e sempre
bem indicados por piso tátil.

c) Rampas e elevador:

Há que se considerar que acima de 5% de inclinação, todo o piso


Há que se
considerar que é considerado rampa (Figura 62) e necessita das seguintes disposições
acima de 5% de específicas:
inclinação, todo o
o limite de inclinação transversal é de 2%; a largura mínima
piso é considerado permitida é de 1,20 m, sendo 1,50 m a medida recomendável.
rampa. Devem ser construídos patamares no início e término da
rampa, com no mínimo 1,20 m na direção do movimento, além
da área de circulação adjacente, e patamares externos com
inclinação transversal máxima de 2% (IBDD, 2008, p. 254).

102
Capítulo 4 Os Diversos Espaços da
Escola Acessível para Todos

Figura 62 – Parâmetro para rampa

Fonte: Uberlândia (2008, p. 16).

Para garantir a acessibilidade nas rampas algumas dimensões


devem estar de acordo com a quantidade de educandos que Para garantir a
frequentam a escola, sobre isso ABNT, (2004, p. 43) refere que acessibilidade nas
rampas algumas
A largura das rampas deve ser estabelecida
dimensões devem
de acordo com o fluxo de pessoas. A largura estar de acordo
livre mínima recomendável para as rampas em com a quantidade
rotas acessíveis é de 1,50 m, sendo o mínimo de educandos que
admissível 1,20 m. Quando não houver paredes frequentam
laterais as rampas devem incorporar guias a escola.
de balizamento com altura mínima de 0,05 m,
instaladas ou construídas nos limites da largura
da rampa (ABNT, 2004, p. 43).

Para proporcionar mais segurança e autonomia para as pessoas que circulam


nas rampas devem-se considerar algumas recomendações (figura 63):

Em cada lado da rampa, corrimãos a uma distância mínima de


4,0 cm da parede permitem boa empunhadura e deslizamento,
e com prolongamento de, pelo menos, 0,30 m antes do início
e após o término da rampa. Devem ter seção circular, sem
arestas vivas e com diâmetro entre 3,0 cm e 4,5 cm (IBDD,
2008, p. 254).

A este respeito IBDD (2008, p. 255) contribui que

entre os segmentos de rampa devem ser previstos patamares


com dimensão longitudinal mínima de 1,20 m sendo
recomendável 1,50 m. Os patamares situados em mudanças
de direção devem ter dimensões iguais à largura da rampa
(IBDD, 2008, p. 255).

103
Acessibilidade

Figura 63– Representação das medidas previstas

Fonte: IBDD (2008, p. 55).

Em edificações com escadarias e principalmente onde existe mais


A cabine do
de um andar, o uso de elevadores é fundamental para garantir o acesso
elevador deve
ter área mínima às PcD. Sobre as dimensões e características dos elevadores para
de 1,54 m² com transporte de cadeiras de rodas, IBDD (2008) descreve que a cabine do
profundidade elevador deve ter área mínima de 1,54 m² com profundidade mínima de
mínima de 1,40 m. 1,40 m. E, os comandos do elevador devem estar a uma altura máxima
E, os comandos de 1,50 m do piso da cabine. A figura 64 nos mostra um elevador com
do elevador devem suas respectivas medidas e considerações. Os números de 1 a 5
estar a uma altura presentes na figura serão detalhados em sequência na legenda.
máxima de 1,50 m
do piso da cabine. Figura 64 – Representação de um elevador acessível

Fonte: SECR (1997, p.1).

Legenda:
1) Cabine do elevador: deve apresentar uma dimensão mínima 1,10
104
Capítulo 4 Os Diversos Espaços da
Escola Acessível para Todos

m x 1,40 m e de preferência com espelho na face oposta à porta.


Dessa forma, permitindo que possa ser feita a visualização dos
pavimentos;

2) Porta: deve ter um vão livre de no mínimo 0,80 m. E a área em


frente à porta deverá ter sua menor dimensão de 1,50 m, além da
abertura da porta;

3) Botoeiras e comandos: devem ter comunicação tátil (Braille) e


auditiva (quando houver números de paradas superior a dois);

4) Piso: deve ser antiderrapante sob qualquer situação, seca ou


molhada. Quando revestido com carpete, este deverá ser fixado
perfeitamente à superfície;

5) Indicação visual de acessibilidade: deve-se fixar o Símbolo


Internacional de Acesso junto à porta do elevador (SECR, 1997).

Para proporcionar mais autonomia as pessoas Lourenção et al (2006, p. 57)


destaca outras recomendações sobre elevadores:

Sempre que houver reforma em elevadores, é conveniente a


instalação de sinalização sonora, anunciando os andares. Nas
cabines com dimensões de 1,10 m por 1,40 m, a instalação
de um espelho na face oposta à porta permite a identificação
dos andares pela pessoa sentada em cadeira de rodas, de
costas para a porta. É aconselhável, sempre que possível,
a colocação de um revestimento de reforço na parte inferior
das portas de entrada e dos elevadores, desde o chão até a
altura mínima de 40 cm, para prevenir arranhões provocados
por pedais de cadeiras de rodas. Os números nas portas das
salas devem ser preferencialmente em relevo, para facilitar
a orientação da pessoa cega. A cor das portas contrastando
com a cor das paredes proporcionam melhor orientação para
pessoas com pouca visão.

d) Sinalização de emergência:

As formas de comunicação e sinalização acessíveis, segundo Moraes (2007),


podem ser visuais (através de textos ou figuras); táteis (através de caracteres
em relevo, Braille e figuras em relevo) e sonoras (realizadas através de recursos
auditivos). Segundo ABNT (2004, p. 38),

105
Acessibilidade

Nas escadas que interligam os diversos pavimentos, inclusive


As formas de nas de emergência, junto à porta corta-fogo, deve haver
comunicação sinalização tátil e visual informando o número do pavimento.
e sinalização A mesma sinalização pode ser instalada nos corrimãos (...).
acessíveis, Em saídas de emergência devem ser instalados alarmes
segundo Moraes sonoros e visuais. Os alarmes sonoros, bem como os
(2007), podem ser alarmes vibratórios, devem estar associados e sincronizados
visuais (através de aos alarmes visuais intermitentes, para alertar as pessoas
textos ou figuras); portadoras de deficiência visual e as pessoas com deficiência
auditiva. Os mecanismos e dispositivos de emergência devem
táteis (através de
conter informações táteis e visuais, representadas através de
caracteres em símbolos (...).
relevo, Braille e
figuras em relevo) e
sonoras (realizadas É importante salientar que os alarmes sonoros devem ter
através de recursos intensidade e frequência entre 500 Hz e 3.000 Hz e com frequência
auditivos). variável entre som agudo e grave, com intermitência de 1 a 3 vezes por
segundo. Já os alarmes visuais devem apresentar-se com aparência
intermitente e serem instalados a uma altura superior a 2,20 m acima
do piso. (ABNT, 2004).

e)Sinalização de corrimãos e degraus:

Os corrimãos devem ser instalados em ambos os lados dos


Os corrimãos
degraus isolados, das escadas fixas e das rampas e possuir uma largura
devem ser
instalados em de 3,0 cm a 4,5 cm e preferencialmente serem circulares (figuras 65 e
ambos os lados dos 66). Deve existir um espaço livre de no mínimo 4,0 cm entre a parede e
degraus isolados, o corrimão (ABNT, 2004; MORAES, 2007).
das escadas fixas
e das rampas e Figura 65 – Empunhadura de corrimão
possuir uma largura
de 3,0 cm a 4,5 cm
e preferencialmente
serem circulares.

Fonte: ABNT (2004, p. 46).

Além disso, as instalações dos corrimãos devem seguir algumas


recomendações:

Quando embutidos na parede, os corrimãos devem estar


afastados 4,0 cm da parede de fundo e 15,0 cm da face superior
da reentrância. Os corrimãos laterais devem prolongar-se pelo

106
Capítulo 4 Os Diversos Espaços da
Escola Acessível para Todos

menos 30 cm antes do início e após o término da rampa ou


escada, sem interferir com áreas de circulação ou prejudicar
a vazão. Para degraus isolados e escadas, a altura dos
corrimãos deve ser 0,92 m do piso (MORAES, 2007, p. 48).

Figura 66 – Corrimão em escada e em rampa

Fonte: (ABNT, 2004, p. 46)

A altura dos corrimãos deve ser de 0,92 m do piso, para rampas


A altura dos
e opcionalmente para escadas, os corrimãos laterais devem ser corrimãos deve
instalados a duas alturas: 0,92 m e 0,70 m do piso. Conforme, observar ser de 0,92 m do
na figura 67. piso, para rampas
e opcionalmente
para escadas,
Figura 67– Altura dos corrimãos em rampas e escadas os corrimãos
laterais devem ser
instalados a duas
alturas: 0,92 m e
0,70 m do piso.

Fonte: (ABNT, 2004, p. 49)

Vale lembrar que além dos corrimões laterais podem ser necessários
corrimãos intermediários. Sobre isso Moraes (2007, p.49) contribui que

Quando se tratar de escadas ou rampas com largura superior


a 2,40 m, é necessária a instalação de corrimão intermediário.
Os corrimãos intermediários somente devem ser interrompidos
quando o comprimento do patamar for superior a 1,40 m,
garantindo o espaçamento mínimo de 0,80 m entre o término
de um segmento e o início do seguinte.

107
Acessibilidade

Figura 68 – Vista superior de um corredor com corrimão

Fonte: ABNT (2004, p. 47).

ABNT (2004) relata que os degraus e escadas fixas em rotas acessíveis


devem estar associados à rampa e não devem ser utilizados com espelhos
vazados (figura 69). Quando for utilizado bocel ou espelho inclinado, a projeção
da aresta pode avançar no máximo 1,5 cm sobre o piso.

Figura 69 – Altura e largura do degrau

Fonte: ABNT (2004, p. 44).

A dimensão do espelho de degraus isolados deve ser menor que 0,18 m e


maior que 0,16 m. Devem ser evitados espelhos com dimensão entre 1,5 cm e 15
cm. Para degraus isolados recomenda-se que possuam espelho com altura entre
0,15 m e 0,18 m, é o que afirma ABNT (2004). E ainda, a respeito da sinalização
dos degraus (figura 70) Lourenção et al (2006, p. 36), afirmam que

108
Capítulo 4 Os Diversos Espaços da
Escola Acessível para Todos

todo degrau ou escada deve ter sinalização visual na borda


do piso, em cor contrastante com a do acabamento, medindo
entre 0,02 m e 0,03 m de largura. Essa sinalização pode estar
restrita à projeção dos corrimãos laterais, com no mínimo 0,20
m de extensão.

Figura 70 – Sinalização visual nos pisos do degrau

Fonte: Lourenção (2006, p. 36).

Considerações Finais
No decorrer do nosso capítulo apresentamos os aspectos de acessibilidade
em alguns ambientes dos quais os educandos realizam suas AVD’s dentro da
escola. Portanto, estudamos as condições acessíveis dos seguintes locais:
refeitório, cozinha, bebedouros e guarda copos, sanitários, vestiário e fraldário, e
recepção.

Contudo, também foi relevante olhar para o acesso nas áreas de lazer. Por
isso, verificamos mais alguns ambientes nos quais os educandos desfrutam de
momentos de recreação na escola, como: o pátio escolar e o parque infantil.

Além disso, relatamos a importância das sinalizações de acessibilidade em


alguns espaços em que os educandos circulam, como: os corredores, portas
de entrada e janelas; a área de circulação; as rampas e o elevador; pontuando
adequadamente a sinalização de emergência e a sinalização de corrimãos e
degraus necessários nas escolas.

Desta forma, seguimos para o último capítulo do nosso caderno de estudos


analisando a acessibilidade nos caminhos para a escola.

109
Acessibilidade

Referências
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 9050:
Acessibilidade a edificações, mobiliário, espaços e equipamentos urbanos. 2.
ed. Rio de Janeiro: ABNT, 2004.

IBDD. Instituto Brasileiro dos Direitos da pessoa com deficiência. Inclusão social
da pessoa com deficiência: medidas que fazem a diferença. Rio de Janeiro:
IBDD, 2008. p. 312.

LOURENÇÃO, Elisabeth Soares P.; FERREIRA, Luiz Antônio Miguel; SILVA,


Mariana Giunta da Silva. Inclusão e acessibilidade no equipamento urbano
da escola. Relatório de orientação para adaptação de escolas. Presidente
Prudente (SP): 2006. p. 66.

MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO. Direito à Educação: Subsídios para a Gestão


dos Sistemas Educacionais, Orientações Gerais e Marcos Legais. 2. ed. Brasília:
MEC/SEESP, 2006.

____. Manual de acessibilidade espacial para escolas: o direito a escola


acessível. Brasília: Ministério da Educação. Secretaria de Educação Especial,
2009.

MORAES, Maria Grava. Acessibilidade e inclusão social em escolas. 83


fls. Trabalho de Conclusão de Curso (TCC). Curso de Ciências. Universidade
Estadual Paulista. Bauru (SP): UNESP, 2007.

RIOS, Frederico; MATOS, Alice Furrer. Acessibilidade na Prática. 2011.


Disponível em: <www.acessibilidadenapratica.blogspot.com.br>. Acesso em: 30
jul. 2012.
SECR – Secretaria do Estado de Criança e Assuntos de família. Acessibilidade
nos meios arquitetônico e urbanos. Paraná: 1997. Disponível em: <www.
rampadeacesso.com>. Acesso em: 01 ago. 2012.

UBERLÂNDIA (Cidade). Cartilha de Acessibilidade. Prefeitura de Uberlândia.


Secretaria Municipal de planejamento urbano e meio ambiente. Diretoria de
planejamento aplicado ao núcleo de acessibilidade. Secretaria Municipal de
Gestão Estratégica e Comunicação. Uberlândia (MG), 2008.

110
C APÍTULO 5

A Acessibilidade nos Caminhos


para a Escola

A partir da perspectiva do saber fazer, neste capítulo você terá os seguintes


objetivos de aprendizagem:

33 Investigar o acesso à escola;

33 Verificar a acessibilidade a partir do portão de entrada da escola;

33 Analisar os aspectos de acessibilidade da rua da escola;

33 Compreender a importância do transporte escolar acessível para todos.


Capítulo 5 A Acessibilidade nos
Caminhos para a Escola

Contextualização
Como já vimos nos capítulos anteriores, acessibilidade não são somente
rampas dentro da escola. Por isso, neste capítulo vamos observar os caminhos
que nos levam a escola, ou seja, vamos pensar em condições acessíveis para o
transporte escolar, para o ponto de ônibus e para a rua da escola. Porque para
o educando em cadeira de rodas deve ser assegurada a acessibilidade para
se chegar até a escola, eliminando as barreiras físicas do caminho. Por isso,
devemos ter este olhar ampliado voltado para as áreas externas da escola.

Além disso, vamos identificar o acesso na entrada da escola, da seguinte


forma: observando a faixa de pedestres, a calçada, o jardim e o portão. Todos
estes aspectos devem estar acessíveis para todos!

Lembre-se das considerações importantes que compõem a acessibilidade:


a livre circulação com autonomia e independência. Refletindo sobre isso
compreendemos que nenhum educando com deficiência pode ser impedido de
chegar até a escola devido a ausência de acesso nos seus caminhos. Portanto,
vamos todos em frente!

As Condições de Acessibilidade na
Área de Entrada da Escola
A escola, não importa se esteja em área rural ou urbana, sempre
A escola, não
deve respeitar as condições de acessibilidade. Desta forma vamos
importa se esteja
verificar os seguintes aspectos referentes às áreas externas da em área rural ou
escola: (a) portão de entrada; (b) jardim; (c) calçada externa e faixa de urbana, sempre
pedestre em frente à escola. deve respeitar
as condições de
acessibilidade.
a) Portão de entrada:

Ao entrar pelo portão da escola, geralmente há um pátio e um caminho a


percorrer que leva até a porta principal, podendo haver uma área para recreação,
jardins, bancos e estacionamentos (MEC, 2009).

A este respeito observe algumas considerações importantes e que podem


ser facilmente observadas na figura 1 são:

113
Acessibilidade

• A entrada de pedestres deve ser separada das vagas de estacionamento;

• O caminho de pedestres deve ser pavimentado, com piso regular e


antiderrapante;

• Devem existir vagas de estacionamento reservadas às PcD, com a pintura do


símbolo internacional de acesso no chão;

• Devem existir rampas em caso de desníveis, facilitando o trajeto até a porta


da escola.

Figura 71 – Representa a área do portão até a porta de entrada da escola

Fonte: Ministério da Educação e da Cultura (2009, p. 35).

É importante lembrar que o portão dever ter vão livre que permita a passagem
de uma pessoa em cadeira de rodas ao lado de outra pessoa.

b) Jardim:

Segundo ABNT (2004), os elementos da vegetação tais como ramos


pendentes, plantas entouceiradas, galhos de arbustos e de árvores não
devem interferir com a faixa livre de circulação de pessoas. Muretas, orlas,
grades ou desníveis no entorno da vegetação também não devem interferir na
faixa de circulação. Em relação a isso, (LOURENÇÃO, 2006, p. 62) contribui
afirmando que

a arborização dos espaços deve evitar a invasão da área de


circulação de forma que permita o acesso de todas as pessoas
a quaisquer lugares. Para isso, os elementos da vegetação
tais como ramos pendentes, plantas entouceiradas, galhos de
arbustos e de árvores não devem interferir com a faixa livre

114
Capítulo 5 A Acessibilidade nos
Caminhos para a Escola

de circulação que deve ter faixa livre mínima de circulação de


1,20 m. Vegetação espinhosa ou venenosa, invasiva, ou que
desprenda muitas folhas, flores, frutos ou substâncias que
tornem o piso escorregadio não são recomendas.

Além disso, para facilitar a sinalização acessível o jardim deve apresentar o


piso tátil de sinalização na calçada que esteja localiza ao lado da vegetação.

c) Calçada externa e faixa de pedestre em frente à escola:

Para as faixas de pedestres serem eficientes para as PcD, é necessário


que as calçadas sejam rebaixadas. Além disso, esses rebaixamentos devem ser
sinalizados com piso tátil indicativo de alerta de rampa (Figuras 72 e 73). E a
largura deve ser a mesma da faixa de pedestres, sem haver desnível (PALMAS,
2008).

Figura 72 - Representação de guia rebaixada junto à faixa de pedestre

Para as faixas de
pedestres serem
Fonte: Palmas (2008, p. 17).
eficientes para as
PcD, é necessário
que as calçadas
sejam rebaixadas.
Além disso, esses
rebaixamentos
devem ser
sinalizados com piso
tátil indicativo de
alerta de rampa.

115
Acessibilidade

Figura 73 - Parâmetro para rebaixamento e rampa em calçada

Fonte: Uberlândia (2008, p. 19).

Os rebaixamentos de calçada podem estar localizados nas esquinas, nos


meios de quadra e nos canteiros divisores de pistas, conforme podemos observar
nas figuras 74, 75 e 76:

Figura 74 - Exemplos de rebaixamento de calçada na esquina

Fonte: ABNT (2004, p. 59).

116
Capítulo 5 A Acessibilidade nos
Caminhos para a Escola

Figura 75 – Exemplos de rebaixamento de calçada no meio de quadra

Fonte: ABNT (2004, p. 60).

Figura 76 - Exemplo de rebaixamento em canteiro divisor de pistas

Fonte: ABNT (2004, p. 60).

As calçadas devem
ser rebaixadas
Além disso, Moraes (2008, p.51) relata que junto às travessias
de pedestres
sinalizadas, não
As calçadas devem ser rebaixadas junto às
travessias de pedestres sinalizadas, não devendo
devendo haver
haver desnível entre o término do rebaixamento desnível entre
da calçada e o leito carroçável e os rebaixamentos o término do
devem ser construídos na direção do fluxo de rebaixamento da
pedestres. A largura dos rebaixamentos deve calçada e o leito
ser igual à largura das faixas de travessia de carroçável e os
pedestres, quando o fluxo de pedestres calculado rebaixamentos
ou estimado for superior a 25 pedestres/ devem ser
min/m. Em locais onde o fluxo de pedestres for construídos na
igual ou inferior a 25 pedestres/min/m e houver direção do fluxo
interferência que impeça o rebaixamento da
de pedestres.
calçada em toda a extensão da faixa de travessia,

117
Acessibilidade

admite-se rebaixamento da calçada em largura inferior até um


limite mínimo de 1,20 m de largura de rampa.

A seguir a figura 77, demonstra como os rebaixamentos de calçadas devem


ser sinalizados.

Figura 77 – Vista superior de calçada com rebaixamento

Fonte: ABNT (2004, p. 57).

Atividade de Estudos:

1) Observe a lista apresentada por MEC (2009, p. 34) sobre os


problemas mais comuns presentes no caminho do portão até a
porta de entrada da escola:

• Caminho sem pavimentação ou com buracos e degraus;

• Pavimentação escorregadia em dias de chuva ou ofuscante


em dias de sol;

• Caminho estreito e com muitos obstáculos que atrapalham


a circulação das pessoas, como placas, floreiras, lixeiras,
postes, galhos de árvores, toldos, entulho etc;

• Caminho muito amplo, sem limites definidos, não possui piso

118
Capítulo 5 A Acessibilidade nos
Caminhos para a Escola

tátil direcional para guiar pessoas com deficiência visual até a


porta da escola;

• Porta de entrada: é difícil identificar;

• Há degraus em frente à porta de entrada, e não existe rampa.

Agora, escolha três problemas da lista supracitada e escreva,


para cada um, uma proposta de solução.
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Considerações Gerais Sobre o


Transporte Escolar e a Rua da
Escola
Como já estudamos no capítulo 1, acessibilidade também se refere à
locomoção sem barreiras para se chegar até onde se deseja. Portanto, vamos
compreender a importância do transporte escolar acessível e analisar a
acessibilidade da rua em frente à escola.

119
Acessibilidade

a) Rua em frente à escola:

A localização da escola tem relação direta com o fluxo de carros e pedestres.


A rua em frente à escola pode apresentar parada de ônibus, faixa de pedestre,
semáforo e outros elementos (Figura 78), como lixeiras, floreiras, telefones
públicos e placas de trânsito (MEC, 2009).

Com relação aos telefones públicos há que se considerar que

telefônicos públicos (orelhões) devem ter a parte superior a


1,20 m do piso para atender os usuários de cadeira de rodas
e pessoas com nanismo. As prateleiras para colocação dos
catálogos devem estar a 0,80 m do piso (IBDD, 2008, p. 258).

Figura 78 – Representação de uma rua em frente à escola

Fonte: Ministério da Educação e Cultura (2009, p. 33).

Na rua em frente à escola deve existir uma faixa de segurança e um semáforo


para facilitar a entrada e saída dos alunos da escola. A calçada deve ser rebaixada
junto à faixa de pedestre. E o portão de entrada da escola, segundo MEC (2009)
deve ser facilmente identificado desde a calçada, por possuir cores contrastantes
com a do muro e o nome da escola em letras grandes.

A parada do ônibus (área de embarque e desembarque) escolar deve estar


próxima à entrada principal da escola, sendo que deve haver piso tátil direcional
indicando o percurso. Com relação às vagas de estacionamento em frente à
escola, as figuras 79, 80 e 81 demonstram de forma ilustrativa esta área.

120
Capítulo 5 A Acessibilidade nos
Caminhos para a Escola

Figura 79 – Parâmetro para estacionamentos

Fonte: Uberlândia (2008, p. 20).

Figura 80 – Parâmetro para estacionamentos

Fonte: Uberlândia (2008, p. 21).

121
Acessibilidade

Figura 81 – Parâmetro para estacionamentos

Fonte: Uberlândia (2008, p. 22).

Para a PcD é necessário que seja levado em consideração que as


vagas preferenciais apresentem segurança e conforto no ato de embarque e
desembarque para chegar até a escola.

Para finalizar este item (a) é importante destacar que a escola deve estar
bem situada, ou seja, há que se fazer um estudo e planejamento para o local de
escolha da escola. Sobre isso IBDD (2008, p. 265) contribui que “a localização
[da escola] indicada é a mais próxima de acessos ou pólos de atração, garantindo
que o caminho a ser percorrido seja o menor possível e livre de barreiras.”

b) ônibus escolar/transporte coletivo:



A localização [da No nosso país, tão cheio de necessidades sociais, é muito
escola] indicada importante que os nossos educandos tenham ônibus escolar ou
é a mais próxima
transporte coletivo adequados, pois o modo como o educando chega
de acessos ou
pólos de atração, até a escola também faz parte da acessibilidade escolar.
garantindo que
o caminho a ser Para isto, o município deve atender as áreas da escola com um
percorrido seja o bom serviço de transporte público, de forma acessível. E, o ônibus
menor possível e
escolar dever ter equipamento ou sistema que possibilite a entrada da
livre de barreiras.
cadeira de rodas (como uma plataforma elevatória) - figuras 82 e 83;
122
Capítulo 5 A Acessibilidade nos
Caminhos para a Escola

e no interior do veículo deve conter o espaço reservado à cadeira de rodas com:


dimensões do módulo de referência (ver capítulo 2), barras de apoio, cinto de
segurança e sinalização indicando o uso preferencial (MEC, 2009).

Figura 82 – Representação do transporte escolar acessível

Fonte: Ministério da Educação e Cultura (2009, p. 70).

Figura 83 – Representação da plataforma elevatória para ônibus

Fonte: Ministério da Educação e Cultura (2009, p. 70).

123
Acessibilidade

Para a garantia e permanência de toda a criança na escola o olhar acessível


também deve estar voltado para o modo como a criança chega até a escola; pois
é direito da PcD o transporte com acessibilidade para que o caminho até a escola
seja livre de barreiras!

Para assistir a um filme muito interessante sobre a busca por


direitos e desejos das PcD veja o filme “Colegas”, premiado com
o Kikito de melhor longa-metragem brasileiro no 40º Festival de
Cinema de Gramado (SC) em 2012. No site abaixo confira o trailer,
com audiodescrição (acessibilidade comunicacional) deste filme.

http://www.youtube.com/watch?v=M3c1joyTWgc

PARA REFLETIR

A escola tem que ser atraente e acessível para todos que lá


estejam. Para isso é necessário uma ampla base de considerações,
pois inclusão e acessibilidade envolvem várias condições a favor do
ser humano, a favor da vida em liberdade. Vidas de pessoas que são
únicas e tão diferentes em suas características... E tão iguais em sua
vontade: a vontade de viver... Viver com qualidade (LOURENÇÃO,
2006, p. 65).

Algumas Considerações
Neste último capítulo do nosso caderno de estudos, apresentamos a você,
pós-graduando, a acessibilidade necessária na área de entrada da escola.
Portanto, verificamos algumas condições acessíveis presentes desde a calçada
externa, o portão de entrada e o jardim da escola.

Além disso, observamos as considerações gerais sobre o acesso na escola,


que envolve desde a disponibilidade do ônibus escolar/transporte coletivo, o

124
Capítulo 5 A Acessibilidade nos
Caminhos para a Escola

ponto de ônibus, e a rua em frente à escola. Desta forma, compreendemos que o


caminho que a criança faz até a escola deve conter acessibilidade para garantir a
autonomia e independência de cada educando. Sobre isso, Lourenção (2006, p.
65) contribui

A manutenção da autonomia e independência é uma tarefa


complexa que resulta de conquistas, sobretudo social. A
escola é um dos equipamentos públicos mais abertos e
interativos com o cotidiano das pessoas, sendo o espaço físico
parte integrante do processo pedagógico.

Diante disso, temos que compreender que as pessoas não se locomovem


da mesma forma e cabe a sociedade adequar-se para que todos conquistem
autonomia e independência. Portanto, a escola deve ser acessível e respeitar
a mobilidade dos educandos que nela estudam, sejam pessoas com ou sem
deficiência.

Referências
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 9050:
Acessibilidade a edificações, mobiliário, espaços e equipamentos urbanos. 2. ed.
Rio de Janeiro: ABNT, 2004.

BAGNARA, Ivan Carlos. Educação Física e esporte adaptado para pessoas com
deficiência física. EFDesportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, año 15, n.
148, Septiembre de 2010. Disponível em: <http://www.efdesportes.com>. Acesso
em: 30 jul. 2012.

IBDD. Instituto Brasileiro dos Direitos da pessoa com deficiência. Inclusão social
da pessoa com deficiência: medidas que fazem a diferença. Rio de Janeiro:
IBDD, 2008.

LOURENÇÃO, Elisabeth Soares P.; FERREIRA, Luiz Antônio Miguel; SILVA,


Mariana Giunta da Silva. Inclusão e acessibilidade no equipamento urbano
da escola. Relatório de orientação para adaptação de escolas. Presidente
Prudente (SP), 2006. p. 66.

MEC. Manual de acessibilidade espacial para escolas: o direito a escola


acessível. Brasília: Ministério da Educação. Secretaria de Educação Especial,
2009.

125
Acessibilidade

MORAES, Maria Grava. Acessibilidade e inclusão social em escolas. 83


fls. Trabalho de Conclusão de Curso (TCC). Curso de Ciências. Universidade
Estadual Paulista. Bauru (SP): UNESP, 2008.

PALMAS (Cidade). Acessibilidade para uma cidade melhor. Ministério Público


Estado do Tocantins e Instituto de Arquitetos do Brasil. Palmas (TO), 2008. p. 39.

UBERLÂNDIA (Cidade). Cartilha de Acessibilidade. Prefeitura de Uberlândia.


Secretaria Municipal de planejamento urbano e meio ambiente. Diretoria de
planejamento aplicado ao núcleo de acessibilidade. Secretaria Municipal de
Gestão Estratégica e Comunicação. Uberlândia (MG), 2008.

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