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Introdução às

Ferramentas
Manuais e de
Medição
SEST – Serviço Social do Transporte
SENAT – Serviço Nacional de Aprendizagem do Transporte

Curso on-line – Introdução às Ferramentas Manuais e


de Medição – Brasília: SEST/SENAT, 2016.

108 p. :il. – (EaD)

1. Transporte - ferramentas manuais. 2. Transporte -


ferramentas de medição. I. Serviço Social do Transporte.
II. Serviço Nacional de Aprendizagem do Transporte. III.
Título.

CDU 656

ead.sestsenat.org.br
Sumário
Apresentação 8

Unidade 1 | Ferramentas de Uso Geral 9

1 Martelos e Macetes 10

1.1 Martelos de Cabeça Metálica 11

1.2 Martelo de Unha 12

1.3 Martelo de Estofador 12

1.4 Martelo de Pena 13

1.5 Martelo de Bola 13

1.6 Martelo de Face Macia 14

2 Chaves de Fenda 15

2.1 Chave de Fenda Comum 16

2.2 Chave de Fenda Phillips, Reed and Prince (Frearson) e Pozidriv 17

2.3 Chave de Fenda Robertson 18

2.4 Chave de Fenda Tri-wing 18

2.5 Chave de Fenda Torq-set 19

2.6 Chave de Fenda Spanner 19

2.7 Chave de Fenda em Z 20

2.8 Chave de Fenda Catraca ou Espiral 20

2.9 Chave de Fenda Tipo Toco 21

3 Alicates 21

3.1 Alicate Universal 22

3.1 Alicate de Corte Diagonal 22

3.2 Alicate de Bico Redondo 23

3.3 Alicate de Bico Fino ou Bico Meia-Cana 23

3.4 Alicate de Ponta Fina 24

3
3.5 Alicate de Bico Chato 25

3.6 Alicate de bico de pato 26

3.7 Alicate Ajustável de Duas Posições 26

3.8 Alicate Gasista 27

3.9 Alicate de Freno 28

3.10 Alicate Crimpador 29

3.11 Alicate Descascador de Fios 29

3.12 Alicate Cleco 30

3.13 Alicate para Anéis 31

3.14 Alicate de Pressão 31

4. Punções 32

4.1 Punção de Bico 34

4.2 Punção de Centro 34

4.3 Punção Extrator (Cônico) 35

4.4 Punção para Pinos 35

4.5 Punção de Transferência 36

4.6 Punção Automático 36

5 Chaves de Boca 37

5.1 Chaves Colar 38

5.2 Chaves Combinadas 38

5.3 Chaves Soquete 39

5.4 Chaves Ajustáveis 40

6 Ferramentas Especiais 40

6.1 Chaves Allen 41

6.2 Chave Torx 41

6.3 Chave de Gancho 42

4
6.4 Torquímetros 42

6.5 Chave de Correia 43

6.6 Chave de Impacto 43

6.7 Chaves Pé de Galinha (Crowfoot) 44

6.8 Tensiômetro 45

6.9 Clinômetro 46

Glossário 47

Atividades 49

Referências 50

Unidade 2 | Ferramentas para Cortar Metais 51

1 Tesouras Manuais 52

2 Arcos de Serra 54

3 Talhadeiras 55

4 Limas 57

4.1 Limas Mais Usadas 57

4.2 Métodos de Limagem 59

5 Máquinas de Furar Portáteis 60

6 Brocas 61

7 Alargadores 62

8 Escareadores 64

9 Ferramentas para Abrir ou Recuperar Roscas em Porcas e Parafusos 65

Glossário 67

Atividades 68

Referências 69

Unidade 3 | Metrologia 70

2 Sistema Internacional de Unidades (SI) 74

5
3 Sistema Inglês de Medidas 78

4 Conversão de Medidas 79

4.1 Conversão de Medidas do Sistema Internacional de Unidades para o


Sistema Inglês de Medidas 79

4.2 Conversão de Medidas do Sistema Inglês para o Sistema Internacional de Unidades 80

4.3 Conversão de Medidas em Polegada Fracionária para Polegada Milesimal 80

4.4 Conversão de Medidas em Polegada Milesimal para Polegada Fracionária 81

Glossário 83

Atividades 84

Referências 85

Unidade 4 | Ferramentas de Medição 86

1 Réguas Metálicas 87

2 Esquadro Combinado 88

3 Riscador 89

4 Compassos 89

5 Paquímetro 92

5.1 Composição de um Paquímetro (Partes Integrantes) 93

5.2 Tipos de Paquímetro 94

5.3 Leitura do Paquímetro 94

6 Micrômetro 96

6.1 Composição de um Micrômetro (Partes Integrantes) 96

6.2 Tipos de Micrômetro 97

6.3 Leitura de Micrômetro 97

7 Bloco-Padrão 98

8 Relógio Comparador 99

9 Gabaritos 100

6
9.1 Calibrador de Folga 100

9.2 Verificador 101

10 Goniômetro 103

Glossário 104

Atividades 105

Referências 106

Gabarito 107

7
Apresentação

Prezado(a) aluno(a),

Seja bem-vindo(a) ao curso Introdução às Ferramentas Manuais e de Medição!

Neste curso, você encontrará conceitos, situações extraídas do cotidiano e, ao final de


cada unidade, atividades para a fixação do conteúdo. No decorrer dos seus estudos,
você verá ícones que tem a finalidade de orientar seus estudos, estruturar o texto e
ajudar na compreensão do conteúdo.

O curso possui carga horária total de 20 horas e foi organizado em 4 unidades, conforme
a tabela a seguir.

Unidades Carga Horária


Unidade 1 | Ferramentas de Uso Geral 5h
Unidade 2 | Ferramentas para Cortar Metais 5h
Unidade 3 | Metrologia 5h
Unidade 4 | Ferramentas de Medição 5h

Fique atento! Para concluir o curso, você precisa:

a) navegar por todos os conteúdos e realizar todas as atividades previstas nas


“Aulas Interativas”;

b) responder à “Avaliação final” e obter nota mínima igual ou superior a 60;

c) responder à “Avaliação de Reação”; e

d) acessar o “Ambiente do Aluno” e emitir o seu certificado.

Este curso é autoinstrucional, ou seja, sem acompanhamento de tutor. Em caso de


dúvidas, entre em contato por e-mail no endereço eletrônico suporteead@sestsenat.
org.br.

Bons estudos!

8
UNIDADE 1 | FERRAMENTAS DE
USO GERAL

9
Unidade 1 | Ferramentas de Uso Geral
O termo ferramenta deriva do latim ferramenta, plural de ferramentum, podendo ser
um utensílio, dispositivo, ou mecanismo físico ou intelectual utilizado pelo homem
para facilitar a realização de alguma tarefa ou trabalho.

Alguns tipos de ferramentas de uso geral são representados por martelos e macetes,
alicates e alguns tipos de chaves. Ferramentas de uso especiais são representadas por
torquímetros, tensiômetro, clinômetro e por outros tipos de chaves.

1 Martelos e Macetes

Desde os primórdios, quando o homem começou a pensar e a refletir sobre suas


necessidades diárias relacionadas à sobrevivência (caçar, furar, quebrar, cortar,
defender, entre outros), novos artefatos foram criados por ele com o objetivo
de facilitar o seu trabalho e garantir sua segurança. Com isso, as ferramentas
foram surgindo. Com a evolução do homem, as ferramentas também foram sendo
aprimoradas, principalmente após o domínio da arte de trabalhar metais.

O martelo é uma das ferramentas mais primitivas criadas pelo homem, tendo sido
confeccionado artesanalmente com pedras e utilizando algum tipo de cabo. Ele foi
usado tanto para realizar trabalhos, quanto para servir de arma em batalhas que
ocorriam na época. Com o domínio do metal, o martelo foi aprimorado, sendo fabricado
em diversas formas e tamanhos.

O macete é semelhante ao martelo; contudo, sua cabeça é fabricada principalmente


em madeira, couro cru ou borracha. É utilizado em serviços que causariam danos
pelo impacto empreendido com o metal, para formar partes delgadas em chapas de
metais sem deixar mossas, e para bater em um formão ou em uma goiva, em que é
recomendado o uso de macete de madeira.

A seguir serão apresentados diversos tipos de martelos de possível utilização pelo


mecânico de aeronaves.

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1.1 Martelos de Cabeça Metálica

Nos martelos de cabeça metálica, as medidas são tomadas tendo por referência
somente o formato e o peso da cabeça, não sendo computada a parte do cabo,
que compõe esta ferramenta apenas como um acessório para sua aplicabilidade. O
mecânico deve escolher o martelo que for mais indicado ao serviço a ser realizado,
observando se o cabo foi montado corretamente para garantir a firmeza necessária.

Deve-se usar o martelo como sendo a extensão do antebraço, em que o cotovelo e o


pulso são dobrados durante o golpeamento. O golpe deve ser desferido por meio de
movimentos precisos e com muito cuidado, para que o trabalho seja conduzido sem a
ocorrência de acidentes.

As laterais do martelo não devem ser usadas para bater, pois o correto é utilizar as suas
faces, mantendo-as sempre lisas e sem dentes. Deve-se golpear de forma a manter a
perpendicularidade entre a face do martelo e o objeto, pois, além de evitar danos à
superfície trabalhada, o martelo será preservado e terá sua durabilidade aumentada.

1.2 Martelo de Unha

Esse é o tipo mais conhecido e mais


comum de martelo encontrado na
atualidade. Possui cabeça de aço com
cabo de madeira. Pode ser encontrado
também com cabo de aço e com
revestimento de borracha, para evitar
que o martelo escorregue da mão Figura 1 - Martelo de unha
durante a execução do trabalho e para
que o choque do impacto sobre a mão e o antebraço seja minimizado. É utilizado
tanto para fixar ou retirar pregos e outros objetos, quanto para abrir caixas com sua
extremidade em forma de unha fendida.

11
1.3 Martelo de Estofador

Esse é um modelo de martelo leve, fabricado


com a finalidade de pregar pregos finos, pinos
ou tachas (tachinhas). Ele é confeccionado com
a cabeça achatada na parte de trás, com uma
ranhura no meio para facilitar o apontamento
de pregos pequenos. Sua utilização é perfeita Figura 2 - Martelo de estofador
para serviços que requeiram agilidade e
cuidado, em que o emprego de martelos grandes e pesados tornariam a execução
do serviço impraticável, como é o caso da montagem de pinos de pequeno porte em
diversos equipamentos.

1.4 Martelo de Pena

O martelo de pena é considerado uma versão maior e mais pesada do martelo de


estofador. Ele é fabricado em dois formatos: o martelo de pena reta e o martelo de
pena cruzada. Eles são usados para bater em pregos pequenos, pinos ou tachas,
principalmente em espaços reduzidos, e também para recuperar chapas de metal com
pequenos amassados.

Figura 3 - Martelo chapeador de pena reta Figura 4 - Martelo de pena cruzada

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1.5 Martelo de Bola

Esse tipo de martelo apresenta a frente da


cabeça como a de um martelo comum, porém
tem a parte de trás em forma de uma bola.
É muito empregado em tarefas específicas
de ferraria e de funilaria (especialmente a
automotiva), mas na aviação pode ser usado Figura 5 - Martelo de bola

para dar forma a um metal maleável, ou mesmo


para a aplicação de rebites.

1.6 Martelo de Face Macia

Esse tipo de martelo é usado quando o trabalho é feito em superfícies que não podem
ser danificadas, ou para aplicar golpes em metais macios. Por essa razão, a cabeça é
feita de materiais mais macios que o aço, como o cobre, o latão, o alumínio, a borracha
dura, o plástico ou o nylon, o couro cru, ou mesmo os feitos de madeira.

Alguns modelos são fabricados de forma que as faces podem ser removidas e
substituídas conforme o tipo de aplicação, ou mesmo quando já estiverem sem
condições de uso. Martelos macios não podem ser utilizados no desempenho de
trabalhos grosseiros, nem para golpear ferramentas ou objetos finos de aço, pois
seriam danificados em pouco tempo.

Figura 6 - Martelos de face macia

13
Ao usar o martelo, deve-se utilizar óculos de segurança para

ee proteger os olhos e luvas para proteger as mãos. Nunca se deve


golpear um martelo contra o outro, nem utilizar martelos com
cabo solto ou danificado, ou ainda que apresentem rebarbas,
trincas ou desgaste excessivo da cabeça.

2 Chaves de Fenda

As chaves de fenda são ferramentas formadas por uma haste e um cabo e têm a
finalidade de colocar, afrouxar, apertar ou retirar parafusos em seus alojamentos.
Elas são classificadas pelo seu formato, pelo tipo, de acordo com o encaixe, e pelo
comprimento da haste. Tanto a haste quanto os cabos das chaves de fenda são
fabricados em diversos tamanhos, espessuras e formatos em sua ponta. Os cabos
normalmente são feitos de acrílico ou plástico.

Para escolher uma chave de fenda a ser utilizada, o mecânico deverá optar sempre pela
chave que possuir uma haste maior, o que possibilita uma boa fixação do parafuso. Para
isso, deve atingir, no mínimo, 75% de profundidade na respectiva fenda. Do contrário,
além de danificar o encaixe do parafuso, deixando rebarbas, a chave poderá deslizar e
danificar peças adjacentes ao local trabalhado, havendo também riscos de acidentes
pessoais.

Os tipos de chaves de fenda são denominados


em função dos cabeçotes dos parafusos,
podendo ser de fenda comum, fenda cruzada
(chave de fenda Phillips, Reed and Prince,
posidrive), tipo torx (estrela), allem (sextavada),
chave Robertson (quadrada) etc.

Além das chaves de fenda, existem as diversas


ponteiras de aço que são feitas para tais
encaixes e que são usadas juntamente com
uma chave na qual elas são fixadas. A seguir Figura 7 - Tipos de ponteiras
serão detalhadas as especificidades de cada
tipo de chave.

14
2.1 Chave de Fenda Comum

Esse tipo de chave de fenda somente será usado em parafusos ou prendedores com
encaixe tipo fenda na cabeça. O Airloch, também chamado entre os mecânicos de
Dizu, é um tipo de prendedor utilizado na fixação de carenagens em aeronaves, o qual
possui uma trava na extremidade, forçada por uma mola. Ao girá-lo com uma certa
pressão, ele prenderá ou soltará o componente.

Figura 8 - Chave de fenda comum

2.2 Chave de Fenda Phillips, Reed and Prince (Frearson) e


Pozidriv

Nesta chave, a extremidade é feita para parafusos de cabeçote com duas fendas
cruzadas, ou seja, duas fendas transversais entre si (parafuso cruzeta). A chave de
fenda Reed and Prince é semelhante à chave de fenda Phillips, mas com o encaixe em
forma de cruz perfeita e com a ponta bem aguçada, diferentemente da ponta da chave
Phillips, que é mais rombuda.

A chave de fenda Pozidriv (abreviatura da palavra em inglês positive drive) é muito


parecida com a chave de fenda Phillips; porém o cabeçote desses parafusos possui uma
depressão ou cavidade entre as partes que formam a cruzeta, para que a chave se
encaixe também nas ranhuras, reforçando ainda mais o acoplamento no parafuso. Esse
tipo de chave é utilizada para parafusos Pozidriv, TrafixPZ ou Supadriv, sendo
intercambiáveis, ou seja, não se pode usar uma para o tipo de encaixe da outra, pois
isso traria danos tanto para a ferramenta quanto para o encaixe do parafuso.

Figura 9 - Ponteiras tipo Phillips Figura 10 - Ponteira tipo Reed and Prince Figura 11 - Ponteira tipo Pozidriv

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2.3 Chave de Fenda Robertson

A chave de fenda Robertson é usada em parafusos com cabeçotes com encaixe


quadrado em seu centro. Como o idealizador desse tipo de chave e parafusos foi o
canadense Peter Lymburner Robertson, em 1908, o seu uso é muito comum em
indústrias automobilísticas no Canadá.

Figura 12 - Chave de fenda Robertson

2.4 Chave de Fenda Tri-wing

Essa chave é assim denominada por ser usada em parafusos com encaixes triangulares,
em forma de três entalhes radiais que saem de cada lado desse triângulo, os quais
parecem ter a forma de três asas. São muito utilizadas em equipamentos eletrônicos e
em carenagens de aeronaves.

2.5 Chave de Fenda Torq-set

A chave Torq-set também é parecida com a chave de fenda Phillips. A diferença entre
elas está em possuir as quatro partes que compõem a sua cruzeta em desalinho, pois
não se cruzam ao meio como nas chaves de fenda cruzada. O parafuso para esse tipo
de chave também é utilizado na indústria aeronáutica, principalmente na fixação de
carenagens.

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2.6 Chave de Fenda Spanner

É a chave utilizada em parafusos Spanner, os quais possuem dois furos redondos em seu
cabeçote, sendo utilizados na indústria de elevadores e também nas estruturas do metrô
londrino. Esse tipo de encaixe é utilizado em montagens em que se deseja dificultar a
violação dos parafusos pela sua especificidade, o que requer o uso de chave apropriada.

Figura 13 - Chave de fenda spanner

2.7 Chave de Fenda em Z

Esse é um tipo de chave muito utilizada na


mecânica aeronáutica, pois foi projetada
para serviços em que o espaço vertical é
limitado. É utilizada tanto para parafusos
com fendas comuns, quanto para aqueles
de fendas cruzadas, tendo ambas as Figura 14 - Tipos de chaves de fenda em Z
extremidades dobradas a 90º da haste. Os
tipos de fenda comum possuem uma ponta
alinhada com o sentido da haste e a outra em
perpendicularidade com esta, para a retirada
ou a fixação de parafusos em locais também
com limitação do curso de giro.

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2.8 Chave de Fenda Catraca ou Espiral

A chave de fenda catraca ou espiral é uma chave especial e de ação rápida que gira o
parafuso no momento em que o punho é pressionado para baixo, o que, de acordo com
o acionamento do comando de seleção, pode ser girada no sentido de apertar ou
afrouxar, ou mesmo para ficar travada, admitindo a função de uma chave de fenda
comum.

Para prevenir o deslizamento da chave, deverá


ser aplicada uma pressão constante, evitando-
se danos ao parafuso ou à região ao redor
dele. Diversos tipos de ponteiras podem
ser utilizadas com ela (fenda comum, fenda
Phillips etc.), tornando-a uma chave prática e
que atende a uma gama de serviços que não
requeiram grandes esforços. Figura 15 - Chave de fenda catraca ou espiral
com ponteiras

2.9 Chave de Fenda Tipo Toco

É um tipo de chave de fenda com cabo e haste fabricados em tamanho reduzido, tanto
fenda comum quanto fenda cruzada. É utilizada para serviços executados em locais
com pouco espaço vertical, mas não tanto que seja necessário usar uma chave de fenda
em Z.

Figura 16 - Chave de fenda tipo toco

18
3 Alicates

Os alicates são ferramentas muito utilizadas na manutenção aeronáutica, sendo


fabricados em diversos tipos e tamanhos, variando de acordo com a especificidade
de cada serviço. Os mais usados em reparos e manutenção, em geral, são os alicates
de corte diagonal, alicate ajustável, alicate de ponta (bico redondo), alicate de bico de
pato e alicate de freno.

Ao se medir um alicate, deve-se considerar o seu comprimento total e como o seu


tamanho é determinado. Eles são fabricados em aço cromovanádio, além de
receberem tratamento térmico, o que lhes proporciona uma vida útil mais duradoura e
normalmente com o tamanho entre 5” e 12” polegadas.

A seguir serão apresentados detalhes dos principais tipos de alicates utilizados.

3.1 Alicate Universal

Esse tipo de alicate é o mais comum. Encontrado tanto em residências quanto em


oficinas em geral, é o mais conhecido e utilizado em quase todos os trabalhos. Possui
uma ponta bem ranhurada, uma parte ovalizada com dentes e uma ou mais partes
cortantes, tendo excelente resistência à pressão aplicada. É uma ferramenta muito
utilizada em trabalhos de mecânica, eletrônica e na construção civil.

Figura 17 - Alicate universal

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3.1 Alicate de Corte Diagonal

É um alicate que possui lâminas cortantes em diagonal com a parte lateral externa de sua
cabeça, as quais depreendem elevada potência ao realizar o corte. É usado para cortar
arames, fios, rebites, pequenos parafusos e contrapinos. Além disso, é uma ferramenta
indispensável para os serviços de instalação e remoção de frenagens com arame. É um
alicate muito utilizado na indústria, no artesanato e na manutenção eletrônica.

Figura 18 - Alicate de corte diagonal

3.2 Alicate de Bico Redondo


A cabeça desse alicate possui mordentes com um perfil cônico, afinando em direção à
sua extremidade. É perfeito para fazer voltas e loops em cabos, arames e fios elétricos,
de forma a mordê-los na ponta, enrolando-os no diâmetro proporcionado pela
conicidade do bico.

Figura 19 - Alicate de bico redondo

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Esse alicate não foi feito para trabalhos pesados, pois a aplicação de muita pressão
implicará a torção de seus mordentes, danificando-os de forma comprometedora.

3.3 Alicate de Bico Fino ou Bico Meia-Cana

Esse tipo de alicate tem praticamente a mesma função dos alicates universais, porém
a cabeça é mais alongada para alcançar acessos difíceis; não é usado para trabalhos
pesados. A aplicação de muita pressão também implicara a torção de seus mordentes,
os quais podem ser retos ou curvos. A sua cabeça tem a parte interna do mordente
plana, bem ranhurada e com uma parte cortante, e a parte externa, em formato circular,
podendo também desempenhar a função do alicate de bico redondo.

Figura 20 - Alicate de bico fino e alicate de bico meia-cana

É usado para segurar, puxar, dobrar, girar e cortar objetos dos mais diversos formatos,
feitos de metais macios, como, por exemplo, cabos, fios, arames e chapas finas de
metais.

3.4 Alicate de Ponta Fina

Os alicates de ponta fina são parecidos com os alicates de bico, porém possuem os
mordentes redondos e com suas extremidades mais finas, o que consequentemente
os tornam mais frágeis. Por isso, são apropriados para serviços mais leves.

21
Figura 21 - Alicate de ponta fina

Esses alicates são produzidos em diversos tamanhos e são usados para segurar objetos
pequenos, como é o caso de componentes elétricos e eletrônicos, para dobrar ou puxar
pontas de fios ao fazer a sua conexão ou, também, para trabalhos realizados em locais
com acesso reduzido.

3.5 Alicate de Bico Chato

Pela peculiaridade do seu formato, por possuir os mordentes quadrados, retos, bem
compridos e ranhurados, com as partes acopladas por meio de uma articulação que lhe
proporciona muita firmeza, o alicate de bico chato é o tipo mais adequado para executar
serviços de flanges (dobragem da extremidade de chapas finas de metais), pois suas
características lhe possibilitam a realização de curvas perfeitas e agudas.

Figura 22 - Alicate de bico chato

3.6 Alicate de bico de pato

Esses alicates assim são denominados por possuírem os mordentes finos, chatos e
semelhantes a um bico de pato. Sua aplicação em uma oficina de aeronaves é exclusiva
para os serviços de frenagens, com arames em porcas ou parafusos localizados nos
motores e em outras partes da aeronave. Em função de sua forma, por possuírem uma

22
área ideal de contato para manipular peças pequenas, também são muito utilizados na
produção industrial, na assistência técnica de eletrônica e macromecânica em serviços de
montagem de peças, na dobragem de fios e fitas metálicas e para fazer pequenos ajustes.

3.7 Alicate Ajustável de Duas Posições

Existem alguns tipos de alicates ajustáveis, porém os mais comumente encontrados


em uma oficina são os de duas posições, sendo fabricados com tamanhos entre 5 e
10 polegadas. Eles permitem uma grande abertura dos seus mordentes ao deslizar
no eixo, fazendo a abertura em dois pontos de apoio, o que possibilita a ação dos
mordentes para segurar peças com diâmetros variados.

O alicate combinado de 6 polegadas de comprimento tem tido preferência, pois, além


de possibilitar uma considerável abertura dos mordentes, é usado em locais de difícil
acesso. Os melhores dessa série são fabricados em aço forjado. Há outros tipos de
alicates ajustáveis, porém, por sua especificidade, serão estudados em outra
classificação, como é o caso do alicate bomba d’água.

Figura 23 - Alicate ajustável de duas posições

3.8 Alicate Gasista

Também são chamados de bico de papagaio ou bomba d’água, justamente por serem
muito utilizados em serviços de gás encanado, assemelharem-se ao formato do bico de
um papagaio. São muito usados em serviços de encanamento de água.

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Esses alicates são ajustáveis em relação ao eixo, que pode ser deslizante ou ranhurado,
possuindo os mordentes em ângulo com os cabos. São utilizados para apertar porcas
serrilhadas do sistema elétrico, tubos de gás encanado ou tubos hidráulicos e em
outros inúmeros serviços, adaptando-se rapidamente a variados diâmetros de canos
de PVC, ferro ou cobre e de mangueiras ou terminais. Por isso, são úteis e indispensáveis
no atendimento de serviços de emergência de vazamentos, por exemplo.

Figura 24 - Alicate gasista

3.9 Alicate de Freno

O alicate de freno é considerado um tipo especial de alicate, por ser muito versátil e
usado para executar as tarefas de três outros tipos de alicates: o alicate de corte
diagonal, o alicate de bico redondo e o alicate de bico de pato. Pode substituí-los com
praticidade e economia de tempo, por não precisar da troca de ferramentas na
execução das tarefas, assim como não precisa de muito espaço em relação à sua
alocação na caixa de ferramentas.

Figura 25 - Alicate de freno

Esse alicate é utilizado principalmente para frenar parafusos e porcas de uso


aeronáutico, realizando o travamento pela dupla torção em arames de aço próprios
para esse fim, permitindo ao mecânico aeronáutico colocar, trançar, cortar e torcer

24
as pontas finais do arame de travamento e, assim, realizar o acabamento de forma
ágil, rápida e segura. Apesar de ter o seu uso voltado, principalmente, aos serviços em
aeronaves, eles podem ser utilizados no travamento de bujões de óleo, de torneiras
de drenagem e de válvulas diversas, em serviços hidráulicos. Essas ferramentas são
fabricadas em aço cromovanádio, o que garante maior resistência, durabilidade e
segurança em sua aplicação.

3.10 Alicate Crimpador

É conhecido também como alicate grimpador ou alicate de prensar terminais. Consiste


em um tipo de alicate fabricado exclusivamente para a colocação de terminais em
cabos e fios, prensando-os para a sua fixação. Algumas dessas ferramentas também
são adaptadas para descascar fios finíssimos com precisão, por meio de pequenas
facas que cortam a cobertura do fio, facilitando a sua retirada, para posteriormente
realizar a prensagem do terminal no mesmo. É uma ferramenta extremamente útil aos
serviços de instalação elétrica e em serviços de manutenção eletrônica em aeronaves.

Figura 26 - Alicate crimpador

25
3.11 Alicate Descascador de Fios

O alicate descascador de fios foi desenvolvido justamente para função de descascar


fios, podendo possuir mordentes com diversas medidas de cortes para fios em sua
lateral, ou mordentes longos com terminais afiados, com um sistema composto por
uma porca e um parafuso para regulagem do diâmetro de corte a ser executado em
fios de diversas espessuras. Ao apertar os mordentes do alicate contra a capa isolante
dos fios, somente esta é retirada, com muita facilidade e rapidez, sem atingir o cobre
interno dos fios. É uma ferramenta usada em serviços de manutenção elétrica ou
eletrônica, principalmente quando o alicate crimpador é simples e não possui a parte
cortante para descascar os fios.

Figura 27 - Alicate descascador de fios

3.12 Alicate Cleco

Esse é um tipo especial de alicate utilizado em reparos estruturais, principalmente na


manutenção aeronáutica, em que as chapas precisam ser unidas por meio da rebitagem.
No processo, para se obter melhor alinhamento dessas chapas, são feitos furos em
locais determinados, nos quais são fixados os grampos cleco, que são aplicados pelo
uso desse tipo de alicate, evitando-se que ocorra o desalinhamento dos furos.

Figura 28 - Alicate cleco

26
3.13 Alicate para Anéis

Esse tipo de alicate é fabricado em dois tipos:


alicates para anéis internos e alicates para anéis
externos. São semelhantes aos alicates de bico
meia-cana, porém possuem nas extremidades
de seus mordentes duas pontas bem finas, que
têm a função de encaixar-se nos furos existentes
nas extremidades dos anéis de retenção, que são
circulares e possuem propriedades elásticas e
flexíveis como uma mola. Figura 29 - Alicate para anéis

Esses alicates também podem ter a forma de bico curvo ou de bico reto, de forma
que seja facilitado o trabalho de retirar ou colocar tais anéis de retenção em seus
alojamentos, de acordo com o acesso em que o trabalho seja realizado.

3.14 Alicate de Pressão

A denominação desse alicate é dada por sua própria função, pois uma enorme pressão é
obtida quando a força é aplicada e multiplicada por um sistema de alavancas que ele possui,
o sistema de trava. Esse sistema permite o travamento da peça após o aperto, de forma
que a potência empreendida nesse processo chega a aproximar-se de uma tonelada.

Figura 30 - Alicate de pressão

27
Eles são fabricados em diversos modelos e tamanhos. São usados para segurar e
fixar com determinada pressão peças e superfícies, para crimpar terminais na falta
de um alicate crimpador, e para, fugindo da regra geral aplicada aos diversos tipos
de alicates, apertar ou desapertar porcas e parafusos presos com torques baixos, ou
mesmo danificados, justamente por prendê-los de forma a ficarem travados. A pressão
aplicada em seus mordentes pode ser regulada pelo ajuste do parafuso que fica na
extremidade traseira do cabo superior.

hh
Os alicates nunca devem ser utilizados em serviços que excedam
sua capacidade, pois sofrerão torções e desgastes, formando
mossas em suas bordas, ou quebrarão, ficando assim impróprios
ao uso. Também não devem ser usados para girar porcas ou
parafusos, pois estes seriam danificados em poucos segundos,
em detrimento aos vários anos de uso que teriam se fosse
utilizada uma ferramenta correta. Uma exceção a essa regra é o
uso do alicate de pressão, que pode prensar e travar firmemente
parafusos ou porcas com torques não muito elevados.

4 Punções

O punção consiste em um bastão de metal com uma ponta moldada que pode ser
cônica ou não, tendo a outra extremidade adaptada para receber o golpeamento por
um martelo. Essa ferramenta pode ser fabricada para realizar diversas funções, sendo
utilizada para:

a) Marcar centros de desenhos circulares em chapas de


metal;

b) Marcar locais onde se queira fazer furações nas


peças em geral ou em chapas de metal;

c) Fazer a transferência da furação de um gabarito para


a peça original;
Figura 31.A - Punções sólidos

28
d) Estampar números ou letras em peças ou chapas de
metal;

e) Abrir furos por estampagem com diversos formatos


(desenhos) em metais ou em outros materiais (plástico,
couro etc.);

f) Remover rebites, pinos ou parafusos nos motores ou


outras partes na aeronave;
Figura 31.B - Punções ocos

g) Auxiliar na montagem de peças. De acordo a função


desempenhada, punções podem ser sólidos ou ocos,
fabricados geralmente em aço, materiais ultrarresistentes.

Os punções sólidos são classificados pela formatação de suas pontas. Conheceremos


alguns de seus tipos a seguir.

4.1 Punção de Bico

Esse é um tipo de punção usado para se fazer marcas de referência em metais. Também
pode ser utilizado para transferir medidas de um desenho no papel, que é usado como
gabarito, diretamente para a peça trabalhada. O papel é colocado sobre o metal, então
o puncionamento é realizado com o uso de um martelo nos pontos determinados,
sendo desferidos golpes leves para não se correr o risco de danificar a ferramenta, que
poderá ficar envergada e, consequentemente, causar sérios danos ao material
trabalhado. Esta marcação pode ser usada tanto para a furação, quanto para o
delineamento de pontos exteriores que irão servir de referência para o corte desse
material.

Figura 32 - Punção de bico

29
4.2 Punção de Centro

O punção de centro é semelhante ao punção de bico.


Entretanto apresenta um corpo mais pesado, com uma
estrutura mais resistente à aplicação de golpes fortes
com martelos, sendo a ponta afiada com um ângulo de
aproximadamente 60º, tornando-a mais resistente às
deformações. É usado para realização de marcações profundas
em metais, mas deve-se sempre ter o cuidado de não aplicar
muita força no golpeamento, devido à possibilidade de
causar o afundamento do material que circunda a marcação,
ou ocasionar uma protuberância no outro lado da chapa
trabalhada. Figura 33 - Punção extrator

4.3 Punção Extrator (Cônico)

Esse punção também é denominado de punção cônico, o qual é utilizado para a extração
de rebites danificados, de pinos ou de parafusos que, por diversos motivos, ficam
emperrados em seus alojamentos, situados em várias partes da aeronave, em
automóveis, em motocicletas ou em outros equipamentos.

Figura 34 - Punção de centro

O punção extrator é fabricado com uma face plana em sua extremidade ao invés de
uma ponta, tendo seu corpo cônico até a medida da largura da haste a ser golpeada, o
que permite um golpeamento mais forte, sendo o mais adequado para se iniciar esse
tipo de serviço. Sua medida é determinada pela largura da face, a qual normalmente
varia de 1/8 a 1/4 de polegada.

30
4.4 Punção para Pinos

O punção para pinos, também denominado de punção toca pinos, tem a mesma
finalidade do punção extrator, mas é menos resistente ao golpeamento, de forma a
empenar facilmente por possuir a haste de ação paralela e na mesma medida de sua
face. Sua medida varia de 1/16 a 3/8 de polegada de diâmetro, e este deve ser utilizado
para complementar o serviço iniciado pelo uso do punção extrator, sendo aplicado na
finalização do trabalho executado.

Figura 35 - Punção para pinos

Jamais utilizar o punção de bico ou o punção de centro para

ee proceder a remoção de pinos ou parafusos de seus alojamentos,


pois suas pontas irão dilatar o diâmetro da face desses pinos ou
parafusos, o que dificultará a sua remoção.

4.5 Punção de Transferência

Esse tipo de punção normalmente é fabricado com 4


polegadas de comprimento, sendo um tipo especial
utilizado na marcação precisa em uma chapa de metal. Ele
visa à furação para uma posterior rebitagem com o uso de
um gabarito para a confecção de um novo revestimento. O
punção de transferência possui uma espiga com o mesmo
diâmetro do furo em que será fixado o rebite, existindo no Figura 36 - Punção de
transferência
centro de sua face uma minúscula ponta, a qual garante que
toda a marcação seja procedida com exatidão do centro.

31
4.6 Punção Automático

O uso desse punção, devido à sua praticidade, é mais requisitado quando há muitos
furos a serem realizados e que exijam certa precisão. Sua ponta deve ser posicionada
no local que se queira marcar; então, deve-se exercer uma pressão manual sobre o seu
cabo, de forma que sua ponta seja pressionada por uma mola comprimida até o final de
seu curso. Ela então é liberada repentinamente, golpeando sua ponta e procedendo a
marcação com exatidão no local determinado do metal a ser trabalhado. A força a ser
aplicada nesse golpeamento é sujeita à regulagem, devendo ser ajustada pela ação de
girar a outra extremidade do punção automático no sentido de aperto.

Figura 37 - Punção automático

5 Chaves de Boca

São chaves sólidas que possuem a extremidade com uma abertura paralela que a
permite encaixar em porcas ou parafusos, apertando ou afrouxando-os, podendo ter
esta boca em uma ou em ambas extremidades. São fabricadas em diversos modelos e
em aço cromovanádio, o que lhes garante maior durabilidade e resistência, podendo
ter suas aberturas paralelas com o punho formando um ângulo de 15º, que é a mais
comum encontrada em oficinas. Encontram-se também formando um ângulo de 90º
em uma das suas extremidades e um ângulo de 15º na outra, sendo esta usada em
acessos difíceis e com limitação de giro.

Essas chaves podem ser encontradas tanto em milímetros como em polegadas,


possuindo duas medidas diferentes, uma em cada boca. A medida de uma boca em
milímetros varia de 1 mm entre suas bocas e em polegadas varia de 1/16. Estas são as
medidas mais encontradas, porém existem chaves em polegadas com aberturas em
divisões de 32 e também de 64 avos da polegada.

Figura 38.A - Chave de boca Figura 38.B - Chave com boca em Figura 38.C - Chave com uma das
comum apenas umas das extremidades bocas com ângulo de 90°

32
5.1 Chaves Colar

Também são denominadas de chaves estrela ou


chaves caixa por envolver em sua totalidade porcas,
parafusos e outras peças que permitam o encaixe
e o giro nas mesmas, procedendo ao aperto ou
afrouxamento desses itens. São fabricadas com 6,
8 e 12 pontos, sendo esta última a mais utilizada
por permitir o giro em acessos com deslocamento
limitado de até 15º, podendo ser fixa ou de catraca,
que é uma evolução desse tipo de ferramenta. Suas Figura 39 - Chave colar
medidas são semelhantes às medidas das chaves
de boca.

5.2 Chaves Combinadas

Dependendo do acesso, se o giro não for limitado,


é mais prático e rápido o uso de uma chave de boca
para afrouxar um parafuso ou uma porca. Porém,
como a chave colar é mais segura para tirar o torque,
o uso da chave combinada é a melhor solução, pois
esta é formada por uma chave de boca em uma das
extremidades e uma chave colar na outra, a qual Figura 39 - Chave colar
também pode ser de catraca ou articulada, tendo
ambas as mesmas medidas.

5.3 Chaves Soquete

As chaves soquetes tanto são fabricadas com encaixe de quatro, seis ou 12 pontos,
quanto são destacáveis. Os encaixes dessas chaves são semelhantes aos das chaves
colar, mas com uma área de contato bem maior por sua profundidade.

33
As destacáveis possuem um encaixe quadrado do outro lado para colocação de uma
chave auxiliar, que pode ser uma chave catraca, uma chave de fenda quadrada, um
arco de velocidade, um cabo articulado, ou um cabo em T, os quais têm um encaixe
macho quadrado em sua extremidade com uma esfera sob ação de mola para fixá-los
no encaixe da soquete. As chaves soquetes podem ser curtas ou longas e são muito
utilizadas na manutenção aeronáutica, devido à sua praticidade e possibilidade de giro
rápido e pelo uso de diversos acessórios. É o caso das extensões e da junta articulada,
que permite que o trabalho seja realizado em diversas posições e acessos.

Figura 41.A - Chave soquete Figura 41.B - Maleta com chaves


soquetes e acessórios

5.4 Chaves Ajustáveis

Essas chaves são utilizadas com a mesma função de uma chave de boca, possuem um
mordente fixo e outro regulável, sendo movimentado por um sem-fim no setor
dentado do punho, o que permite aberturas em várias medidas, desde zero a 1/2”
(meia polegada) ou mais. O ângulo de abertura da boca em relação ao punho é de 22
graus e meio, e a força de tração deve ser aplicada sempre sobre o mordente fixo.
Apesar de sua versatilidade, ela não foi feita com a finalidade de substituir as chaves
de boca, colar ou soquete padronizadas, as quais suportam maior torque ao retirar ou
fixar parafusos ou porcas.

Figura 42 - Chave ajustável

34
6 Ferramentas Especiais

São ferramentas não convencionais, destinadas a serviços específicos em uma aeronave,


de forma a garantir a qualidade e a segurança no atendimento da manutenção em
geral. Várias são as ferramentas desta categoria, porém serão apresentadas somente
as mais utilizadas.

6.1 Chaves Allen

Esse tipo de chave possui o corpo hexagonal, com a extremidade virada em forma de
L, o que facilita o seu giro. É usada em parafusos com cabeçotes com uma depressão
sextavada em seu centro. São feitas em aço cromovanádio, normalmente nas medidas
entre 3/64 a 1/2. Apesar de atualmente seu uso ser comum, ela ainda é considerada
como uma ferramenta especial.

Figura 43 - Jogo de chaves Allen

6.2 Chave Torx

A chave Torx é encontrada com o formato em L,


com punho fixo ou como ponteira, sendo usada em
parafusos que têm um encaixe em forma de estrela,
ou seja, são fabricadas com seis pontos de apoio para
apertar ou afrouxar os parafusos.
Figura 44 - Chave Torx

35
6.3 Chave de Gancho

A chave de gancho pode ser fixa ou regulável, sendo usada em porcas redondas lisas de
diversos diâmetros com ranhuras ou furos em seu exterior, consistindo em um cabo
(punho) em uma extremidade e um arco na outra, que abraça a parte circular da porca
ou peça cilíndrica a ser girada. Tem um pino ou ressalto em sua extremidade, o qual é
encaixado nos furos ou nas ranhuras. Também se pode encontrar a chave de gancho
em forma de U, a qual possui uma série de ressaltos, tanto em torno da parte interna
do U para encaixar nos entalhes ou ranhuras de uma porca ou de um plugue, quanto
fixados no plano vertical em relação ao cabo, sendo encaixados na face da porca a ser
removida.

Figura 45 - Chave de gancho

6.4 Torquímetros

O torquímetro é uma ferramenta de alta precisão


utilizada para, como o nome já sugere, empregar
torques previamente estabelecidos em porcas ou
parafusos. É formado por um punho indicador do
torque desejado e por adaptadores próprios para
cada ferramenta (normalmente soquetes) a ser
acoplada, de forma que a quantidade de força de
torção ou de giro possa ser medida antes da execução
do trabalho. Logo, os boletins de manutenção são Figura 46 - Tipos de torquímetros
cumpridos em relação às suas medidas de torques
determinadas, garantindo segurança e elevado grau
de profissionalismo.

36
Os tipos mais comuns de torquímetros encontrados em uma oficina são o de catraca,
barra flexível, relógio, estrutura rígida e o eletrônico (digital), todos dotados de
instrumentos indicadores montados em seus punhos onde os torques são percebidos
visualmente ou pelo som de um estalo (impulso repentino) ao atingir-se o torque
ajustado. Essa ferramenta de precisão deve ser inspecionada antes do uso, tanto no
quesito de seus aspectos físicos, quanto no quesito da validade de uso, pois está sujeita
a calibrações periódicas, que devem ser cumpridas à risca, visando obter o máximo de
garantia na exatidão da leitura do torque realizado.

6.5 Chave de Correia

Também pode ser chamada de chave de cinta, sendo uma ferramenta muito útil para
apertar ou afrouxar peças frágeis que seriam danificadas pelo uso de alicates ou outras
ferramentas de aço. Vários componentes de aeronaves, tais como tubos, pequenas
peças circulares ou mesmo com formatos irregulares, podem ser trabalhados com ela,
de forma a ser empreendida força suficiente para uma correta montagem.

Figura 47 - Chave de correia

6.6 Chave de Impacto

Essa é uma ferramenta muito utilizada na manutenção aeronáutica, sendo usada na


retirada de parafusos emperrados. Sua importância é acentuada nesse momento, pois
ela possui um sistema interno em forma de espiral com ação de uma mola, com um
corpo resistente a grandes impactos, de forma que, ao golpeá-la com um martelo,
é conferida a ela uma grande quantidade de torque, forçando o giro, o que irá
desatarrachar o parafuso emperrado. É muito versátil por permitir o uso de diversos
tipos de bits (ponteiras) e soquetes.

37
Figura 48 - Chave de impacto

6.7 Chaves Pé de Galinha (Crowfoot)

São ferramentas desenhadas para serviços em acessos difíceis, podendo ter a forma
de chaves de boca, chaves sextavadas ou chaves colar, porém, com tamanho reduzido,
ou mesmo com articulações, justamente para que parafusos ou porcas em locais que
não seriam alcançados com chaves comuns possam ser trabalhados.

Figura 49 - Chave pé de galinha

38
6.8 Tensiômetro

O tensiômetro é uma ferramenta


especial com a finalidade de conferir a
quantidade de tensão que foi aplicada
em um cabo de comando de superfícies
de comando em uma aeronave, sujeito
a calibrações periódicas; ao ser usado
corretamente, garante uma precisão de
98% em sua leitura.

Ele possui uma alavanca de comando que


é afastada para colocação do cabo a ser
Figura 50 - Tensiômetro com calços e tabela para
testado, o qual é posicionado sob dois ajustes
blocos de aço endurecido chamados de
bigornas. Então, a alavanca é acionada e empurra o levantador (calço que pode ser
trocado de acordo com o diâmetro do cabo) para cima, o qual exerce pressão sobre
esse, transmitindo para o equipamento a leitura da tensão que foi aplicada. O diâmetro
do cabo a ser analisado e a temperatura ambiente exercem influência direta no uso
desta ferramenta. Com esse objetivo, há tabelas que são consultadas para a escolha do
levantador apropriado e, também, para a correta leitura da tensão aplicada de acordo
com a temperatura ambiente em que é realizada a manutenção.

6.9 Clinômetro

O clinômetro também pode ser chamado de


inclinômetro e é utilizado para a conferência do
grau aplicado às superfícies de comando em uma
aeronave, medindo a sua amplitude na regulagem
dos sistemas que controlam esses comandos de
voo, conferindo-lhes um correto deslocamento,
podendo ser usado para medir aileron, leme de
profundidade, ângulo de deslocamento do flape
etc.
Figura 51 - Clinômetro analógico

39
Resumindo

Nesta unidade foram mostradas ferramentas de uso geral utilizadas na


manutenção de aeronaves, assim como algumas ferramentas especiais que
também são usadas na manutenção. Foi destacada a importância da
conservação das ferramentas e principalmente a segurança ao executar o
trabalho, pois cada tipo de ferramenta foi projetada para atender a uma ou
mais funções específicas. Logo, não se deve utilizá-las para exercer uma
função para a qual não foram fabricadas.

O uso correto, assim como a limpeza e o cuidadoso armazenamento darão


ao indivíduo responsável pela manutenção a condição de realizar qualquer
trabalho com extrema responsabilidade, conservando a estrutura física das
ferramentas para obter o máximo de vida útil destas, além de garantir mais
segurança e exatidão no resultado final dos trabalhos de manutenção
desenvolvidos. Deve-se sempre visar a busca incessante pela melhoria da
qualidade dos serviços a serem realizados.

Glossário

Airloch: tipo de prendedor fixado em uma carenagem e que possui uma trava forçada
por uma mola.

Artefatos: utensílios ou objetos fabricados pelo homem.

Cabeçotes dos parafusos: tipo de fendas na cabeça dos parafusos.

Calibrações: verificação periódica das incertezas de medidas por meio de gabaritos,


sendo as ferramentas ajustadas até atingir valores aceitáveis em seus resultados.

Conicidade do bico: forma cônica do bico que vai afinando seu diâmetro até a ponta.

Contrapinos: pinos feitos de arames de aço bem resistente, formado por duas hastes
em uma extremidade, e com a outra extremidade curvada para serem colocados no
furo, que passa pela porca e pelo parafuso, dobrando-se as hastes, uma para cada lado,
o que trava esse conjunto.

40
Crimpador: que é utilizado para prensar terminais, acoplando o cabo no plug específico
por meio de deformação das partes que ficarão conectadas.

Cromovanádio: tipo especial de aço formado pela combinação de diferentes ligas.

Delgadas: afuniladas, que vai se afinando em relação à sua espessura ou à sua largura.

Dizu: nome dado ao airloch no cotidiano da manutenção aeronáutica.

Flanges: formatação cônica na extremidade de tubos para vedação por encaixe;


dobragem feita na extremidade de chapas de metal.

Frenagens: travamento feito com arames de aço na cabeça dos parafusos de forma
que, se um girar no sentido de afrouxamento, o outro irá girar no sentido de aperto, e
vice-versa.

Goiva: ferramenta de seção côncavo-convexa, com o corte do lado côncavo, utilizada


por artesãos e artistas para talhar os contornos de peças de madeira, metal ou pedra.

Grimpador: sinônimo de crimpador.

Mordentes: bicos dos alicates com partes internas ranhuradas.

Mossas: pequenos amassados.

Perpendicularidade: que forma um ângulo reto (90 graus) com outra linha ou plano.

Ponteiras: pontas de aço formatadas em diversos tipos de fendas, que tem o corpo
sextavado para ser acoplada a uma chave soquete.

Ranhurada: com entalhes ou sulcos feitos em suas faces.

Rombuda: termo técnico usado para representar uma ponta que não é delgada, ou
seja, não é fina.

Sem-fim: tipo de rosca aplicado em ferramentas reguláveis.

Torques: quantidade de força aplicada no aperto de uma porca ou parafuso.

41
Atividades

aa
1) Julgue verdadeiro ou falso. O uso do martelo, deve ser
pensado como sendo a extensão do antebraço, em que o
cotovelo e o pulso são dobrados durante o golpeamento. O
golpe deve ser desferido por meio de movimentos precisos e
com muito cuidado, para que o trabalho seja conduzido sem a
ocorrência de acidentes.

( ) Verdadeiro ( ) Falso

2) Julgue verdadeiro ou falso. A chave de fenda Reed and


Prince é muito parecida com a chave de fenda Phillips, mas é
mais rombuda.

( ) Verdadeiro ( ) Falso

42
Referências

ALBERTAZZI, A. Fundamentos de Metrologia Científica e Industrial. 1 ed. Barueri:


Manole, 2008.

CNI. Unidade de Competitividade Industrial. Metrologia: conhecendo e aplicando na sua


empresa. 2. ed. rev. Brasília, 2002. Disponível em: <http://arquivos.portaldaindustria.
com.br/app/conteudo_24/2012/09/06/268/20121127191041432016u.pdf>. Acesso
em: 7 abr. 2015.

FAA – FEDERAL AVIATION ADMINISTRATION. Handbooks & Manuals – FAA Chapter 9.


Disponível em: <https://www.faa.gov/.../FAA-8083-30_Ch09.pdf>. Acesso em: 10 mar.
2015.

LIRA, Francisco Adval de. Metrologia na Indústria. 8. ed. São Paulo: Érica, 2011.

NETO, João Cirilo da Silva. Metrologia e controle dimensional: conceitos, normas e


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SANTANA, Reinaldo Gomes. Metrologia. 1. ed. Curitiba: Livro Técnico, 2012.

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<http://bmalbert.yolasite.com/resources/Telecurso%202000%20-%20Metrologia.
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______. Companhia Siderúrgica de Tubarão. Programa De Certificação Operacional


CST: metrologia básica. [S.l: s.n], 200-]. Disponível em: <http://www.abraman.org.br/
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SILVA, I. História dos pesos e medidas. São Carlos: EdUFSCar, 2008.

SOCIEDADE TORRE DE VIGIA DE BÍBLIAS E TRATADOS. Estudo Perspicaz das


Escrituras. Nova York, EUA: Associação Torre de Vigia de bíblias e tratados, 1990.
Volume 1.

______. BÍBLIA. Tradução do Novo Mundo da Bíblia Sagrada. Nova York, EUA: 2015.
Revisão de 2015.

STEFANELLI, Eduardo J. Simuladores e exercícios de paquímetros e micrômetros.


Disponível em: <http://www.stefanelli.eng.br/>. Acesso em: 10 mar. 2015.

43
UNIDADE 2 | FERRAMENTAS
PARA CORTAR METAIS

44
Unidade 2 | Ferramentas para Cortar Metais
O mecânico de aeronaves utiliza diversas ferramentas ao proceder ao corte de
metais e empregá-los nos reparos estruturais necessários durante a manutenção das
aeronaves em geral, como, por exemplo, ferramentas tesouras manuais, arcos de serra,
talhadeiras, limas, máquinas de furar portáteis, brocas, alargadores, escareadores e
ferramentas utilizadas para abertura de roscas internas e externas. O conhecimento
dessas ferramentas é essencial para que o mecânico consiga moldar corretamente
as chapas de metais e para que ele possa aplicá-las nas carenagens das aeronaves,
fazendo pequenos ou grandes reparos.

Também não se pode esquecer da importância do uso dos equipamentos de proteção


individuais (EPIs) na realização dos serviços de reparos estruturais. EPIs, como óculos,
luvas, máscaras de proteção facial, aventais de couro etc., são essenciais na prevenção
de acidentes; nesse tipo de serviço o risco de acontecer um acidente é grande, devido
ao fato do corte ou do desbaste de metal formar arestas cortantes antes de receberem
o acabamento final.

1 Tesouras Manuais

Tesouras manuais são ferramentas muito utilizadas para realização de cortes em


reparos das carenagens de aeronaves em geral. As mais comuns, atualmente em uso,
são as tesouras retas, tesouras curvas (com corte em círculo), tesouras bico de falcão e
as tesouras de aviação.

A tesoura de corte reto é utilizada quando o corte em linha reta, a ser realizado em uma
chapa, não pode ser feito por uma guilhotina e, também, para realizar cortes circulares
na parte exterior de curvas em chapas de metais. Já as tesouras de bico curvo e as de
bico de falcão servem para o corte circular da parte interna de uma curva, ou mesmo
para o corte de raios diversos traçados nas chapas.

As tesouras de aviação são fabricadas com três tipos de corte: corte reto, corte direito e
corte esquerdo. São muito utilizadas para cortar materiais macios, como chapas de ligas
de alumínio tratadas a quente, ou de aço inoxidável e, também, para o alargamento de
pequenos furos, pois suas lâminas possuem pequenos dentes na face de corte, o que
permite o corte de pequenos diâmetros circulares e de linhas irregulares.

45
Os punhos são como os dos alicates, nos quais a força é aplicada para incidir em suas
lâminas uma grande pressão de corte, por meio da articulação que faz a transmissão
dessa força por alavancamento; pode cortar chapas com .051” (cinquenta e um
milésimos da polegada) ou mais.

Figura 52.A - Tesoura reta

Figura 59.B: Tesoura bico de falcão

Figura 52.C - Tesouras de aviação

Pelo fato de não remover uniformemente todo o material, quando o corte é feito,
ocorrem pequenas fraturas ao longo deste e torna-se necessário realizar o corte à
1/32” de distância da linha demarcada, para depois ser feito o desbaste da chapa com
uma lima de mão até atingir essa linha.

hh
Essas tesouras não são apropriadas para o corte de metais muito
duros, pois estes, consequentemente, danificariam as suas
lâminas cortantes.

46
2 Arcos de Serra

É uma ferramenta manual composta por um punho, que pode ser reto ou tipo pistola,
e por um arco metálico de aço carbono, que pode ser fixo ou ajustável, com pinos
em suas extremidades, onde uma lâmina dentada e temperada de aço tungstênio,
ou aço com alto teor de carbono, é montada. Possui um furo em cada extremidade
para ser encaixado nos pinos do arco. Um dos pinos é regulável e permite o ajuste
do tensionamento da lâmina, evitando-se que esta entorte ou desalinhe, devendo ser
montada com os dentes voltados para frente a partir do cabo.

As lâminas são fabricadas nos tamanhos entre 15 e 40 centímetros (de seis a 16


polegadas) de comprimento, podendo ser dura, a qual é temperada em toda a sua
extensão. Este tipo é recomendado para cortes em metais sólidos ou flexíveis. Pode-se
encontrar lâminas que possuem apenas os dentes endurecidos, que são indicadas para
o corte em peças ocas e metais de seção delgada, sendo a lâmina de 25 centímetros
(dez polegadas) a mais encontrada em uma oficina.

O passo dos dentes indica a quantidade destes por polegada, sendo mais utilizadas
as que têm o passo de 14, 18, 24 ou 32 dentes por polegada. Na hora de realizar o
trabalho, o mecânico deve escolher a lâmina correta e com o passo adequado a cada
tipo de material a ser cortado.

A lâmina com 14 dentes por polegada é usada para cortes em aço de máquina, aço
laminado ou aço estrutural. A que tem o passo de 18 dentes, é utilizada para cortes em
barras sólidas de alumínio, bronze, aço ferramenta e ferro fundido. Recomenda-se a
lâmina com passo de 24 dentes por polegada para serrar perfis finos de tubulações e
chapas de metal. E por fim, a lâmina com 32 dentes por polegada é recomendada para
o corte de aços mais duros e resistentes (latão, aço de ferramentas, ferro fundido e
materiais de seção sólida).

A peça a ser cortada deve ser presa preferencialmente em uma morsa, o que garantirá
uma melhor fixação desta, devendo-se usar a quina de uma lima para fazer um pequeno
sulco na extensão a ser cortada, que servirá de guia para a serra.

Figura 60.A: Arco de serra com punho tipo pistola Figura 53.B - Arco de serra com punho reto

47
3 Talhadeiras

São ferramentas fabricadas em aço duro, criteriosamente endurecidas e temperadas


para cortar e desbastar todo tipo de metal com estrutura mais macia que as delas
próprias, como por exemplo, arames ou fios, tiras de ferro, ou pequenas barras e varas
de metal. Nas aeronaves, elas podem ser usadas em acessos difíceis para cortar rebites
ou para a retirada de porcas presas e parafusos danificados.

Sua medida é determinada pela largura da parte cortante, com o comprimento variando
entre 12 cm (cinco polegadas) e 20 cm (oito polegadas), e o ângulo de corte de sua
extremidade cortante deve ser afiado entre 60º e 70º. Ao proceder ao corte, deve-se
segurar firmemente a talhadeira com umas das mãos e golpeá-la com um martelo bola
ou de pena.

Existem vários tipos de talhadeiras, cada uma com características específicas. O


bedame chato é um tipo especial de talhadeira laminada a frio, tendo a largura de sua
parte cortante mais estreita e com a lateral mais larga que sua haste, o que garante
maior reforço e resistência ao impacto. É usado para cortar cantos em esquadros ou
ranhuras.

A talhadeira de ponta arredondada deve ser usada em cortes realizados em ranhuras


redondas ou semicirculares, em cantos com formas circulares e também para
redirecionar uma broca ao centro no local a ser furado. Já a talhadeira com ponta em
diamante é utilizada para o corte de ranhuras e ângulos agudos internos, sendo
fabricada com quatro faces cônicas, com uma afiação que lhe proporciona uma ponta
aguda com forma de diamante.

Figura 61.B: Bedame chato

Figura 61.A: Talhadeira comum

Figura 61.C: Talhadeira com ponta em diamante


Fonte: http://anvils.co.uk/products/list/37

48
4 Limas

São ferramentas fabricadas em aço com alto teor de carbono em sua composição,
sendo endurecidas e temperadas para adquirir maior resistência no desbaste de
superfícies. São utilizadas para desbastar extremidades em esquadro, limar arestas
arredondadas, remover rebarbas e lascas de metais, retificar bordas irregulares, limar
orifícios e ranhuras e para alisar superfícies ásperas.

Como existem diversos tipos de limas, com tamanhos variados e com características
diferentes, elas são identificadas e catalogadas pelo comprimento, que é medido da
ponta até a haste do cabo. Isso sem contar com o tamanho da espiga que se acopla
no cabo, pela forma da seção reta, que é o formato do perfil da própria lima (redonda,
triangular, quadrada etc.), e pelo corte, que pode ser simples (picado simples), com
fileiras de dentes que se estendem pelo corpo da lima em uma só direção em um ângulo
de 65º a 85º. Pode ser também duplo (picado cruzado), com uma fileira, formando um
ângulo entre 40º a 45º (chamada de primeiro corte ou Overcut), e uma outra (chamada
segundo corte ou Upcut no sentido contrário), que cruza com a primeira num ângulo
entre 65º e 85º em relação à lateral; é mais fina e menos profunda que a primeira fileira.
O corte também é classificado pela granulação dos dentes (grau do picado), podendo a
lima ser muito grossa, grossa, bastarda, de corte médio (bastardinha), murça e murça
fina.

4.1 Limas Mais Usadas

A lima de mão é paralela na largura, porém tem


sua espessura adelgaçada e possui uma de
suas bordas lisas para realização de limagem
em cantos ou locais onde não se queira
desbastar. Ela tem corte duplo e também
é muito utilizada para dar acabamento em
superfícies planas.

Figura 62: Tipos de limas mais usadas


Fonte: http://www.casadomatrizeiro.com.br/
produtos_57.html

49
A lima chata possui corte duplo em ambas as faces e corte simples em suas bordas,
sendo levemente adelgaçadas na largura e também na espessura, a partir de sua ponta.
São as mais comuns e mais utilizadas em uma oficina.

As limas MILL são específicas para acabamentos, sendo usadas para limar metais
macios. São levemente adelgaçadas tanto na espessura quanto na largura, o que
compreende um terço do seu tamanho. Possuem corte simples na extensão de suas
faces e nas bordas laterais.

A lima quadrada possui corte duplo, podendo ser adelgaçada ou não em sua extensão.
É muito requisitada para limagem de ranhuras, encaixes de chavetas, ou mesmo para
a limagem de superfícies. Logicamente, as limas redondas possuem a sua seção reta
circular, podendo ser adelgaçadas ou rombudas em relação às suas pontas, sendo
fabricadas com cortes simples ou duplos. Normalmente, são usadas na limagem de
superfícies com perfis circulares ou côncavos, podendo ser utilizadas também para
recuperação ou alargamento de furos.

A lima triangular possui sua seção reta em forma de um triângulo equilátero, sendo
de corte simples e utilizadas para limagem e afiação dos dentes de serras ou serrotes,
assim como na limagem de superfícies. Já o limatão triangular possui corte duplo e
é usado para limar ângulos internos, fios de rosca em parafusos, peças com roscas
externas e para a limagem de ferramentas de corte.

A lima meia-cana é fabricada com um lado plano e o outro em forma de um arco


circular, possuindo corte simples ou duplo em ambos os lados. É usada na limagem de
superfícies circulares ou côncavas e de superfícies retas. A grosa possui a seção reta
semelhante à da lima meia-cana, porém, com os dentes granulados bastante grossos,
fabricada especificamente para o uso em madeiras.

A lima para chumbo possui corte simples e é fabricada em diversos tamanhos,


especificamente para limagem em metais extremamente macios. A lima retangular
pontiaguda tem sua seção reta retangular, porém é adelgaçada até ficar pontiaguda,
sendo usada na limagem em espaços bastante reduzidos.

A lima faca possui a seção reta com o formato de uma faca, com uma de suas bordas
mais larga e lisa, e a outra afunilada e cortante, sendo usada para fazer ferramentas e
moldes, na limagem de ângulos agudos e em espaços estreitos. As limas Vixen possuem
os dentes curvos, sendo utilizadas para trabalhos rápidos de limagem e acabamento
fino, tanto em metais, quanto em madeiras.

50
As que têm o corte regular são adaptadas para limagem em ferro fundido, aço macio,
cobre, latão, alumínio, madeira, ardósia, mármore, fibra, borracha etc. Já as de corte
fino são usadas em serviços que necessitem de pouca retirada de material, mas que
exijam um acabamento com excelente qualidade, possibilitando surpreendentes
resultados na limagem de superfícies de aço, ferro fundido, bronze fosforoso, latão
branco e de todos os metais duros.

4.2 Métodos de Limagem

Primeiramente, a lima deve estar com o cabo corretamente fixado em sua espiga.
Para realizar a limagem reta, movimenta-se a lima sobre todo o comprimento da peça,
deslizando-a levemente na diagonal (limagem cruzada), pegando o punho com a ponta
apoiada na parte carnuda da mão e com o polegar pressionando a parte superior do
cabo, de forma a segurar a outra ponta da lima com o polegar e os outros dois primeiros
dedos da outra mão. O desbaste é realizado com o movimento para a frente, devendo-
se aliviar a pressão no retorno da lima.

Na limagem por arrasto, posiciona-se a lima na transversal da peça, movimentando-a


ao longo de seu comprimento e produzindo um efeito de cisalhamento pelos dentes
da lima, o que possibilita um acabamento mais fino do que o método por limagem reta.
Para proceder ao arredondamento em quinas, o método pode variar de acordo com o
ângulo e a largura da superfície, iniciando o movimento da lima com a ponta inclinada
em um ângulo de 45º para baixo, realizando o movimento de gangorra e terminando o
movimento com a parte lisa da lima aproximada da superfície curva, utilizando todo o
comprimento da lima.

Sempre escolha a lima mais apropriada ao material e ao trabalho a ser realizado. As


limas devem ser guardadas separadamente umas das outras para não sofrerem danos
pelo atrito entre elas, e em locais secos, para evitar a corrosão. A fim de manter a lima
limpa durante o trabalho, deve-se golpeá-la contra a bancada a cada cinco limadas,
soltando as limalhas que ficam presas nos dentes. Utiliza-se também uma escova de
aço para concluir a limpeza ao término do serviço, o que manterá o corte e evitará
possíveis arranhões nas superfícies trabalhadas.

51
5 Máquinas de Furar Portáteis

Na manutenção aeronáutica, as máquinas de furar portáteis são extremamente


necessárias, sendo requisitadas tanto para realização de furos (de 0 a 1/4” ou mais) para
a frenagem, fixação de contrapinos, ou na extração de parafusos, quanto para fixação
ou remoção de parafusos e porcas, após a retirada do torque com chave apropriada
(punho de força, chave de impacto), dando agilidade e tornando o serviço mais rápido
e seguro.

As primeiras máquinas de furar utilizadas foram as chamadas batedeira de ovos, pois


elas possuíam uma alavanca e um sistema de engrenagens que transmitem o giro ao
mandril manualmente. Depois, surgiram as furadeiras pneumáticas e elétricas,
fabricadas em diversos formatos e tamanhos, com acessórios que facilitam o trabalho,
como é o caso do apoio que é fixado no corpo da furadeira que possibilita o uso do
peso do corpo para a força aplicada sobre a broca. Entre estas, a furadeira pneumática
é a mais indicada para serviços em áreas próximas a materiais inflamáveis, justamente
por não gerar centelhas e não representar perigo de fogo ou explosão, como serviços
realizados próximos aos tanques de combustível.

Figura 63.A: Batedeira de ovos

Figura 63.B: Furadeira elétrica

52
Figura 63.C: Furadeira pneumática

Figura 63.D: Furadeira à bateria


Fonte: http://lista.mercadolivre.com.br/furadeiras-manuais#D[A:furadeiras-manuais]; e http://lista.
mercadolivre.com.br/furadeiras-portateis-pneumaticas#D[A:furadeiras-portateis-pneumaticas].

6 Brocas

As brocas são ferramentas desenvolvidas para furação em diversos tipos de materiais,


constituindo-se em uma haste cilíndrica de aço endurecido com uma parte sólida para
sua fixação nas furadeiras, e outra estriada, formando dois canais em espiral até a
ponta, que são destinados à saída do material cortado.

Figura 64: Brocas


Fonte: http://www.solucoesindustriais.com.br/empresa/metais-e-artefatos/taegutec-do-brasil-ltda/
produtos/ferramentas/broca-intercambiavel

53
Para a furação de aço ou ferro fundido, a ponta das brocas é afiada em um ângulo de
aproximadamente 59º em relação ao eixo, formando duas arestas cortantes no final de
cada estria. A parte sólida da haste de uma broca pode ter diversos formatos, porém as
mais utilizadas são a haste reta, que é usada em máquinas de furar manuais (pequenas
ou grandes) e em máquinas elétricas portáteis, e a haste quadrada ou pua, usada em
arco de pua.

Pode-se encontrar também brocas que possuem hastes cônicas, próprias para o
encaixe cônico fêmea das furadeiras de coluna ou de bancada, e brocas com um encaixe
especial, como o Slotted Drive System (SDS) que é um sistema de encaixe rápido, no qual
a haste possui duas ranhuras e uma chaveta para fixação e travamento na furadeira. O
corpo da broca compreende toda a parte helicoidal, ou seja, começa no início da estria
e se estende até a ponta e possui uma margem na parte externa da estria que serve
de guia, tendo o diâmetro menor após esta margem, o que ajuda a diminuir o atrito
entre a broca e a parede do furo. Se houver a perda do corte, a broca deve ser afiada
imediatamente, obedecendo-se alguns procedimentos, de forma que a ponta fique
com um ângulo de 59º para a maioria dos aços, ou com um ângulo de 90º para metais
mais macios, verificando, por meio de um calibrador de afiação, se ambas as arestas
cortantes estão na mesma medida e no ângulo desejado.

7 Alargadores

Os alargadores são utilizados para aumentar a medida de um orifício, ou mesmo


recuperá-lo ao retirar rebarbas em suas paredes. São fabricados de aço carbono ou de
aço rápido, sendo estes os mais duradouros, e podem ser manuais ou para máquinas. Os
manuais possuem a haste paralela com uma ponta quadrada para que, com o uso de um
desandador, a ferramenta seja girada e realize o desbaste do material. Os alargadores
para máquinas possuem a haste cônica, própria para o engate direto nessas máquinas.

Ao realizar o alargamento de um furo, não se deve remover mais que .007” (sete
milésimos da polegada), pois um corte além dessa medida pode danificar as lâminas
dos alargadores pela resistência do material retirado, que é consequentemente
aumentada. Suas lâminas recebem tratamento térmico, sendo endurecidas a tal
ponto que podem ser quebradas facilmente, por isso há a necessidade de manuseá-
los com muito cuidado. Ao ajustar um furo, os alargadores devem ser girados sempre

54
no sentido do corte das lâminas, com firmeza e movimentos constantes, o que evita
vibrações na ferramenta e garante furos trabalhados sem marcas ou defeitos em suas
paredes internas.

Existem diversos tipos de alargadores: alargadores manuais retos, manuais cônicos,


retos para máquinas, em espiral para máquinas, de expansão ou ajustáveis. Esses
alargadores são os mais comuns utilizados. Algumas particularidades sobre eles: os de
estrias retas têm o custo mais baixo que os de estria helicoidais, porém estes últimos
garantem melhor acabamento por tenderem a causar menores vibrações. Para facilitar
o início do alargamento do furo, alguns alargadores são fabricados com o início da
ponta cônico, porém, quando se deseja ajustar furos cegos até atingir o seu final,
utiliza-se alargadores sem conicidade, ou seja, retos até a ponta.

Figura 65.A: Alargador reto (manual)


Fonte: http://www.abraspar.com
br/?pagina=produto&id=9966&PHPSESSID=c52f0e16fb1cf6aec91212fc29eaa41c

Figura 65.B: Alargador cônico (manual)


Fonte: http://adesperafico.com.br/produto-detalhe.php?id=3

Figura 65.C: Alargador reto (de máquina)


Fonte: http://www.luminariaparamaquina.com.br/index.asp?secao=detalhes&id=4089

55
Figura 65.D: Alargador em espiral de expansão ou ajustável (de máquina)
Fonte: http://portuguese.alibaba.com/product-gs/taper-shank-machine-purpose-1-10-taper-
reamer-509679699.html

Figura 65.E: Alargador em espiral de expansão ou ajustável (manual)


Fonte: http://macec.com.br/alargador-expansivo/

Outro tipo muito utilizado por sua praticidade é o de expansão, que normalmente é
fabricado nas medidas entre 1/4” e uma polegada de diâmetro, variando gradualmente
em 1/32” a medida de um para a do outro. O alargador ajustável também é muito
utilizado, por permitir o ajuste em diversas medidas de diâmetros, o que o torna muito
versátil e prático. Têm-se também os cônicos, utilizados para ajuste em orifícios cônicos
que exijam um perfeito ângulo de conicidade em seus encaixes.

8 Escareadores

Os escareadores são ferramentas usadas para rebaixamento em conicidade das bordas


de furos quando é necessário o embutimento de rebites ou parafusos, a fim de que
estes fiquem no mesmo nível das superfícies a serem fixadas. Eles são fabricados com
diversos ângulos, porém o escareador-padrão possui um ângulo de 100º em sua ponta
cortante.

56
Figura 66: Escareador
Fonte: http://www.brcbosch.com.br/produtos/64-brocas-para-metal

O escareador com batentes limitadores é um tipo especial, o qual garante que a


profundidade do escareamento seja a mais correta possível, pois permite o ajuste
desta profundidade por um dispositivo com regulagem micrométrica em variações
de .001” (um milésimo da polegada), evitando-se o enfraquecimento da resistência da
junta embutida pelo excesso de retirada de material, o que deve ser observado no uso
de qualquer um dos tipos dessas ferramentas.

9 Ferramentas para Abrir ou Recuperar Roscas em Porcas e


Parafusos

Determinadas ferramentas são utilizadas para abertura ou recuperação de roscas


internas (em porcas ou alojamentos internos), denominadas de macho ou de roscas
externas (parafusos ou prisioneiros), denominadas de Cossinete.

Figura 67: Jogo de machos e cossinetes com acessórios


Fonte: http://www.celmar.com/produto/jogo-de-machos-e-cossinetes--toptul-jgai4001

57
São fabricadas em aço temperado e classificadas em quatro tipos diferentes: National
Coarse (UNC), National Fine (UNF), National Extra Fine e National Pipe. No entanto os
dois primeiros tipos são os mais comumente utilizados.

Os machos normalmente são fabricados formando um conjunto de três peças para


cada tipo de rosca, um cônico, usado para o início do trabalho, no qual a conicidade
compreende de 6 a 7 fios de rosca; o semicônico, que complementa o trabalho deste
em um material mais espesso; e o paralelo, que é utilizado para finalizar a abertura da
rosca, deixando-a com o acabamento desejado.

Existem dois tipos de cossinetes: os sólidos ou comuns e os ajustáveis. Os sólidos


são fabricados na medida-padrão de cada tipo de rosca. Já os ajustáveis possuem um
parafuso que regula o diâmetro da ferramenta e, ao ser apertado, aumenta o diâmetro
desta, criando folga na rosca. Para proceder a rosca, os machos e os cossinetes devem
ser girados, o que acontece pelo uso do punho em T e de desandadores, que, quando
acoplados aos cossinetes, formam um conjunto denominado de tarraxa.

Resumindo

Todas as ferramentas devem ser utilizadas dentro da capacidade para a


qual foram fabricadas, devendo ser limpas e acondicionadas em locais
próprios, visando à sua preservação e garantia da funcionalidade que cada
uma deve ter em sua aplicação.

58
Glossário

Adelgaçada: delgada, que vai afinando ao longo de seu comprimento.

Bastarda: granulação média dos dentes de uma lima.

Desandadores: cabos acessórios para girar machos ou cossinetes na abertura de


roscas em porcas ou parafusos.

Escareamento: retirada de material da borda de furos de forma a ficar com conicidade,


para que parafusos fiquem no mesmo nivelamento da superfície da chapa.

Espiga: parte componente da lima que é fixada dentro do punho.

Limalhas: restos de materiais retirados de um objeto pelo processo de limagem ou


esmerilhamento.

Mandril: parte frontal giratória de uma furadeira onde são fixadas as brocas ou as
ponteiras com fendas diversas.

Murça: granulação fina dos dentes de uma lima.

Passo: quantidade de dentes ou fios de rosca em uma polegada de extensão.

Rebarbas: sobra de material pelo desbaste de peças.

Tarraxa: conjunto formado por um desandador e um cossinete.

Temperada: que sofreu tratamento térmico para o endurecimento de sua estrutura


física, ficando mais resistente ao atrito.

59
Atividades

aa
1) Julgue verdadeiro ou falso. Os desandadores são cabos
acessórios para girar machos ou cossinetes na abertura de
roscas em porcas ou parafusos.

( ) Verdadeiro ( ) Falso

2) Julgue verdadeiro ou falso. A lima para chumbo tem sua


seção reta retangular, porém é adelgaçada até ficar
pontiaguda.

( ) Verdadeiro ( ) Falso

60
Referências

ALBERTAZZI, A. Fundamentos de Metrologia Científica e Industrial. 1 ed. Barueri:


Manole, 2008.

CNI. Unidade de Competitividade Industrial. Metrologia: conhecendo e aplicando na sua


empresa. 2. ed. rev. Brasília, 2002. Disponível em: <http://arquivos.portaldaindustria.
com.br/app/conteudo_24/2012/09/06/268/20121127191041432016u.pdf>. Acesso
em: 7 abr. 2015.

FAA – FEDERAL AVIATION ADMINISTRATION. Handbooks & Manuals – FAA Chapter 9.


Disponível em: <https://www.faa.gov/.../FAA-8083-30_Ch09.pdf>. Acesso em: 10 mar.
2015.

LIRA, Francisco Adval de. Metrologia na Indústria. 8. ed. São Paulo: Érica, 2011.

NETO, João Cirilo da Silva. Metrologia e controle dimensional: conceitos, normas e


aplicações. Rio de Janeiro: Elsevier, 2012.

SANTANA, Reinaldo Gomes. Metrologia. 1. ed. Curitiba: Livro Técnico, 2012.

SENAI. Metrologia módulos especiais: mecânica. São Paulo: [s.n.], 200-]. Disponível em:
<http://bmalbert.yolasite.com/resources/Telecurso%202000%20-%20Metrologia.
pdf>. Acesso em: 7 abr. 2015.

______. Companhia Siderúrgica de Tubarão. Programa De Certificação Operacional


CST: metrologia básica. [S.l: s.n], 200-]. Disponível em: <http://www.abraman.org.br/
arquivos/48/48.pdf>. Acesso em: 7 abr. 2015.

SILVA, I. História dos pesos e medidas. São Carlos: EdUFSCar, 2008.

SOCIEDADE TORRE DE VIGIA DE BÍBLIAS E TRATADOS. Estudo Perspicaz das


Escrituras. Nova York, EUA: Associação Torre de Vigia de bíblias e tratados, 1990.
Volume 1.

______. BÍBLIA. Tradução do Novo Mundo da Bíblia Sagrada. Nova York, EUA: 2015.
Revisão de 2015.

STEFANELLI, Eduardo J. Simuladores e exercícios de paquímetros e micrômetros.


Disponível em: <http://www.stefanelli.eng.br/>. Acesso em: 10 mar. 2015.

61
62
UNIDADE 3 | METROLOGIA

63
Unidade 3 | Metrologia
A metrologia é uma ciência complexa, importante e necessária para a manutenção
aeronáutica. Ela tem grande importância nas relações comerciais e econômicas
da humanidade na busca pela padronização dos procedimentos, como o sistema
internacional de unidades e o sistema inglês de medidas, além das relevantes relações
existentes entre as medidas nesses dois sistemas.

O mecânico de aviões deve estar apto a reconhecer esses dois sistemas de medidas, a
compreender e proceder as transformações entre as medidas do sistema inglês para o
sistema internacional de unidades, assim como as transformações realizadas dentro do
próprio sistema inglês, em relação às medidas de polegadas fracionárias e milesimais.

1 Introdução Histórica

O homem sempre teve a necessidade de usar padrões como referência na hora de


quantificar medidas ou objetos diversos. As unidades primitivas de medida eram
baseadas, principalmente, em partes do corpo humano, dando origem a medidas de
padrão, como a polegada, o palmo, o côvado, o cúbito, o pé, a jarda, a braça, o passo
e a milha. Elas serviam de base tanto para as construções, quanto para as negociações
de cunho econômico.

Figura 68: Côvado

Figura 69: Cúbito


Fonte: http://www.ebah.com.br/content/ABAAAgOyIAH/material-complementar-metrologia-fevereiro-2013

64
Como cada pessoa possui membros com medidas diferentes, tomou-se por base
as medidas do corpo do rei, para que todos se sujeitassem a elas, tendo em vista a
autoridade real. Na própria Bíblia encontram-se trechos que fazem menção à medida
em côvados (ÊXODO 25:10), que corresponde aproximadamente à distância entre
o cotovelo e a ponta do dedo médio. Um côvado mede, aproximadamente, 44,5 cm
(SOCIEDADE TORRE DE VIGIA DE BÍBLIAS E TRATADOS, v. 1, 1990 p.577).

Um exemplo é o relato da construção da Arca de Noé. O cúbito era usado pelos egípcios,
há aproximadamente 4.000 anos. Os egípcios também desenvolveram um cúbito-
padrão único, o qual foi gravado nas paredes dos seus principais templos, dando origem
ao cúbito-padrão, que servia de base para a conferência das barras de madeira
confeccionadas por cada um, ou mesmo para servir de modelo para confecção de uma
nova barra.

Figura 70: A jarda, o passo e a braça

Figura 71: A polegada, o palmo e o pé


Fonte: http://www.ebah.com.br/content/ABAAAgOyIAH/material-complementar-
metrologia-fevereiro-2013

65
O próprio Sócrates (470-399 antes de Cristo – a.C.), quatro séculos a. C., disse que “a
faculdade de pesar, de medir e de contar permite ao espírito humano livrar-se das
aparências sensoriais” (SILVA, 2008, p.10). Ou seja, pesos ou medidas não devem ser
quantificados de forma subjetiva, por apenas parecerem estar em equidade, sendo
necessário estabelecer modelos padronizados, que não obrigatoriamente têm que ser
os mais precisos, mas, sim, aqueles aceitos por consenso e que atendam a todos os
envolvidos, em dado contexto social.

Esses modelos padronizados podem ser estendidos à universalização de acordo com


seu uso e aceitação, com a finalidade de que a distribuição dos bens sociais e a produção
dos bens materiais sejam realizadas de forma padronizada e em equidade, buscando-
se garantir um senso de justiça, o que, de fato, evidencia uma finalidade mais explícita
da metrologia, a do “seu conteúdo social (SILVA, 2008, p. 12).

Já a polegada, o pé, a jarda e a milha correspondem aos padrões desenvolvidos e muito


utilizados pela Inglaterra por volta dos séculos XV e XVI e também nos dias atuais, apesar
da Inglaterra ter aderido ao Sistema Internacional de Unidades (SI). A Toesa foi um
padrão considerado como um relevante avanço de medição no século XVII, consistindo
em uma barra de ferro com dois pinos nas extremidades chumbada na parede externa
do Grand Chatelet em Paris, a qual equivale a seis pés (aproximadamente 182,9 cm).
Depois disso, houve na França a necessidade de se criar um padrão facilmente copiado,
no qual os múltiplos fossem definidos com base no sistema decimal, que já havia sido
criado na Índia (400 a.C.), tornando-se lei e dando origem ao metro.

O metro recebeu diversas definições: primeiramente foi considerado como “a décima


milionésima parte de um quarto do meridiano terrestre” (SILVA, 2008, p. 107),
materializando-se em uma barra de platina para servir de padrão, sendo denominado
de metro dos arquivos. Em uma outra analogia, o metro foi considerado como “a
distância entre os dois extremos da barra de platina depositada nos Arquivos da França
e apoiada nos pontos de mínima flexão, sob a temperatura de zero grau Celsius”.
(SILVA, 2008, p. 107)

O sistema métrico, por sua eficiência e simplicidade, foi adotado por vários países
no século XIX. Com o avanço científico, construiu-se um padrão reforçado com seção
transversal em X, o qual tinha dois traços limitadores para precisar sua medida, que
recebeu uma adição de 10% de irídio em sua composição, tornando-se mais durável.
Esse fato culminou, em 1889, em uma terceira definição:

66
Metro é a distância entre os eixos de dois traços principais
marcados na superfície neutra do padrão internacional depositado
no B.I.P.M. (Bureau Internacional des Poids et Mésures), na
temperatura de zero grau Celsius e sob uma pressão atmosférica
de 760 mmHg e apoiado sobre seus pontos de mínima flexão.
(Bureau Internacional des Poids et Mésures, 1889).

Em 1960, na 11ª Conferência-Geral de Pesos e Medidas (CGPM), houve uma mudança


na definição de metro, baseando-se no comprimento de onda de uma radiação do
criptônio 86. A definição atual aprovada pelo Instituto Nacional de Metrologia,
Qualidade e Tecnologia (INMETRO) é baseada na velocidade da luz, sendo o metro o
comprimento do trajeto percorrido pela luz no vácuo durante um intervalo de tempo
de 1/299.792.458 de segundo. Também houve mudança na temperatura de referência
para a calibração, que atualmente é de 20º C.

Assim,

Metrologia é a ciência que agrupa os conhecimentos sobre a arte


de medir e interpretar as medições realizadas. Abrange todos os
aspectos teóricos e práticos relativos às medições, qualquer que
seja a incerteza, em quaisquer campos da ciência ou da tecnologia
(SILVA, 2008, p. 18).

2 Sistema Internacional de Unidades (SI)

Esse sistema foi desenvolvido em 1960 e consiste em uma modernização do antigo


Sistema Métrico de Medidas desenvolvido na França, que abrange sete grandezas: o
comprimento (metro – m), a massa (quilograma – kg), o tempo (segundo – s), a corrente
elétrica (ampere – A), a temperatura termodinâmica (kelvin – K), a quantidade de
matéria (mol) e a intensidade luminosa (candela – cd).

O SI é adotado em quase todo o mundo moderno, em comum acordo na busca por


uniformizar e melhorar as relações internacionais nas diversas medições realizadas,
facilitando os acordos comerciais e ajudando no próprio desenvolvimento tecnológico
e econômico mundial. O SI não é um sistema fechado, ele se sujeita à evolução mundial,

67
acompanhando-a de forma a proporcionar que modificações sejam feitas, logicamente
por meio de acordos entre os países que o adotaram, visando sempre estar em
harmonia com os avanços tecnológicos que possam ocorrer.

Antes de ter ocorrido a padronização das medidas baseadas no SI, diversos países
definiam por conta própria suas unidades de medidas, o que trazia dificuldades na hora
de realizar as transações comerciais, assim como na hora de proceder ao intercâmbio
científico entre eles. Evidencia-se com isso a importância da unificação dessas medidas,
além da implementação de meios para que essas padronizações sejam mantidas e
protegidas.

Nos dias atuais, o órgão que tem essa importante incumbência é o Bureau International
des Poids et Mesures (BIPM), localizado na França, o qual tem a responsabilidade de
manter a padronização dos protótipos de medidas aceitos internacionalmente.

Entre as grandezas abrangidas pelo SI, está a de comprimento metro (m), que é uma
unidade básica de medida. Já houve várias definições para o metro, porém, a mais
atual, acordada é: “O metro é o comprimento do trajeto percorrido pela luz no vácuo
durante um intervalo de tempo de 1/299 792 458 de segundo” (17ª CGPM, 1983). Isso
se fixando a velocidade da luz no vácuo em 299 792 458 m/s.

Mesmo com essa nova definição, o protótipo internacional original do metro, aprovado
na 1ª CGPM (1889) continua sendo cuidadosamente conservado no BIPM. Também, em
1889, foi determinado que, das 32 barras-padrão fabricadas na França em 1826, a de nº
26 destinava-se ao Brasil, sendo guardada e preservada criteriosamente até os dias de
hoje no Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT).

Para atender a várias necessidades em relação às medidas de comprimento, o metro


é abordado de forma escalonada em múltiplos e submúltiplos, sendo as variações de
medidas mais comuns as seguintes: quilômetro (km), hectômetro (hm), decâmetro
(dam), metro (m), decímetro (dm), centímetro (cm) e milímetro (mm).

Logicamente, existem subdivisões em graduações maiores ou menores que estas no


SI, com múltiplos e submúltiplos do metro. A Tabela 1 mostra alguns desses valores.

68
Tabela 1: Múltiplos e submúltiplos do metro (m)

Nome da unidade de Fator de multiplicação Equivalência numérica em


medida (Símbolo) em função do metro função do metro
Exâmetro (Em) 1018 1 000 000 000 000 000 000 m
Peptâmetro (Pm) 1015 1 000 000 000 000 000 m
Terâmetro (Tm) 1012 1 000 000 000 000 m
Gigâmetro (Gm) 109 1 000 000 000 m
Megâmetro (Mm) 106 1 000 000 m
Quilômetro (km) 103 1 000 m
Hectômetro (hm) 102 100 m
Decâmetro (dam) 101 10 m
Metro (m) 10 1m
Decímetro (dm) 10-1 0,1 m
Centímetro (cm) 10-2 0,01 m
Milímetro (mm) 10-3 0,001 m
Micrômetro (µm) 10-6 0,000001 m
Nanômetro (nm) 10-9 0,000000001 m
Picômetro (pm) 10-12 0,000000000001 m
Fentômetro (fm) 10-15 0,000000000000001 m
Attômetro (am) 10-18 0,000000000000000001 m

Para realizar a transformação de uma unidade do metro para outra, basta multiplicar
o valor da medida pela soma do valor absoluto dos expoentes de seus fatores de
multiplicação na base 10, quando a transformação segue no sentido da maior unidade
para a menor.

Exemplo: ao transformar 15 metros em milímetros, multiplica-se 15 m por 100 + 103


(fator de multiplicação do mm = 10-3, cujo valor absoluto é = 103), que será igual a
15000 milímetros.

69
Quando a transformação seguir da menor unidade para a maior, soma-se o valor
absoluto dos expoentes na base 10, multiplicando-se o resultado por -1, para então
multiplicar esse resultado pela medida em questão.

Exemplo: para transformar 12 centímetros em hectômetro, soma-se o valor absoluto


dos expoentes 10(-2) + 102 que será 102+2 =104, multiplica-se a soma dos expoentes
por (-1) 104x(-1) = 10-4 e, então, multiplicam-se 12 cm x 10-4 = 0,0012 hm.

Outra forma fácil de fazer essa transformação é usar a tabela para escrever as medidas
corretamente. Então, faz-se o deslocamento da vírgula que separa a parte inteira da
parte decimal dessas medidas, movimentando-a da coluna da unidade dada para a
coluna da unidade para a qual se quer proceder a transformação. Têm-se como exemplo
as seguintes medidas a serem transformadas:

• 0,0345 dão em mm;

• 56,87m em hm;

• 49 cm em km.

Medidas escritas na tabela métrica conforme unidades apresentadas:


Tabela 2: Medidas nas unidades apresentadas

km hm dam m dm cm mm
0, 0 3 4 5
5 6, 8 7

Transformação das medidas para as unidades desejadas (deslocamento da vírgula):


Tabela 3: Medidas transformadas para as unidades requeridas

Km hm dam m dm cm mm
3 4 5,
0, 5 6 8 7

70
3 Sistema Inglês de Medidas

A jarda é o padrão do sistema inglês de medidas e foi criado por alfaiates ingleses a
partir do uso de varas que serviam de padrão em suas medições. Foi oficializado pelo
rei Henrique I devido à enorme demanda de seu uso nas relações comerciais daquela
sociedade. Consiste na distância que vai da ponta do nariz do rei até o seu polegar, isso
com o braço esticado. Também foram instituídas nesse sistema, por meio de leis, as
relações entre a jarda, o pé e a polegada, de forma que 1 pé = 12 polegadas, 1 jarda =
3 pés, e 1 milha terrestre = 1.760 jardas.

Com isso, tanto a Inglaterra quanto os territórios sob seu domínio utilizaram esse
sistema de medidas para facilitar suas transações comerciais e outras atividades que
o exigissem. Esse sistema é totalmente diferente do sistema métrico ou do SI, que é o
mais utilizado mundialmente, de forma que, em 1959, houve a definição comparativa
da jarda e das suas subdivisões em função do metro, no qual uma jarda (yd) corresponde
a 0,91440 metros (m), um pé (ft) a 304,8 milímetros (mm), e uma polegada (inch) a 25,4
milímetros (mm).

A polegada divide-se em frações ordinárias com denominadores escalonados em uma


relação íntima entre eles, pelo simples fato de serem múltiplos entre si, podendo ser:
dois, quatro, oito, 16, 32, 64 e 128. Exemplo: 1/2” (meia polegada), 1/4” (um quarto da
polegada), 1/8” (um oitavo da polegada), 1/16” (um dezesseis avos da polegada), 1/32”
(um trinta e dois avos da polegada), 1/64” (um sessenta e quatro avos da polegada) e
1/128” (um cento e vinte e oito avos da polegada). Nesse sistema fracionário, deve-
se atentar para que o numerador seja simplificado até formar uma fração irredutível
inteira, ou seja, o numerador se torne um número ímpar.

Exemplo: → = = =

Nesse sistema, a polegada é dividida em 16 partes, tendo cada divisão a medida de


1/16”. Cada uma dessas 16 partes é subdividida em oito partes, tendo cada subdivisão
a medida de 1/128”. Como esse sistema fracionário dificulta os cálculos tanto na
indústria quanto nas transações comerciais, também foi criada a divisão decimal da
polegada, visando melhorar essas relações, de forma a obter-se a leitura pelo menos
em milésimos da polegada, ou seja, com pelo menos três casas após o ponto (mesma
função da vírgula), ou em décimos de milésimos da polegada, com quatro casas após

71
o ponto. Há medidas que requerem maior precisão de leitura, sendo realizadas em
milionésimos da polegada, sendo chamadas de micropolegadas (micro inch ou μ inch).
Exemplo:

• .250” = 250 milésimos da polegada;

• 1.1247” = 1 polegada e 1 247 décimos de milésimos;

• .725” = 725 milésimos da polegada; e

• .000003” = 3 μ inch (micropolegadas).

4 Conversão de Medidas

Assim como é fundamental para o mecânico de aeronaves conhecer as medidas de


peças das aeronaves fabricadas que utilizam o SI e também as fabricadas pelo Sistema
Inglês de Medidas, ou seja, peças com medidas em milímetros e em polegadas, é
relevante que este profissional tenha o domínio tanto sobre as relações existentes
dentro de cada sistema, como entre ambos, pois o mesmo, muitas vezes, irá deparar-
se com situações em que precisará entender e proceder a tais conversões. A partir de
agora, serão estudadas cada uma dessas relações, e as conversões necessárias à boa
formação do mecânico de aeronaves.

4.1 Conversão de Medidas do Sistema Internacional de


Unidades para o Sistema Inglês de Medidas

Uma polegada corresponde à aproximadamente 25,4 mm. Para transformar milímetros


em polegadas, basta dividir a medida dada em polegadas por 25,4mm, de forma que
o resultado da divisão já estará na leitura milesimal da polegada. Quando o resultado
tiver menos de três casas após a vírgula, acrescentam-se zeros até completá-las, e a
vírgula deve ser substituída por ponto.

72
Não se esquecer de colocar as aspas, pois são elas que

ee representam a polegada como símbolo de sua unidade de


medida.

Exemplo:

• 12,7 mm ÷ 25,4 = 0,5 .500” – quinhentos milésimos da polegada; e


4,7625 mm ÷ 25,4 = 0,1875 .1875” – mil oitocentos e setenta e cinco décimos de
milésimos da polegada.

4.2 Conversão de Medidas do Sistema Inglês para o Sistema


Internacional de Unidades

Para realizar essa conversão, multiplica-se a medida dada em polegada por 25,4. O
resultado será diretamente o valor da medida que se quer em milímetros.

Exemplo:

• .625” x 25,4 = 15,875 mm;

• 2.250” x 25,4 = 57,15 mm;

• .750” x 25,4 = 19,05 mm.

4.3 Conversão de Medidas em Polegada Fracionária para


Polegada Milesimal

Esta conversão é um processo simples, devendo-se apenas dividir o numerador pelo


denominador, atentando-se para que o resultado tenha pelo menos três casas após o
ponto. Outra situação relevante é o fato de que, quando houver polegadas inteiras na

73
medida dada, ela não entra no cálculo, pois já fará parte do resultado, expressando a
quantidade de polegadas inteiras da medida. Somente a parte fracionária deverá ser
convertida.

Exemplo:

• 5/16” 5 ÷ 16 = 0,3125 .3125”;

• 4.3/8” 3 ÷ 8 = 0,375 4.375”;

• 1/4” 1 ÷ 4 = 0,25 .250”.

4.4 Conversão de Medidas em Polegada Milesimal para


Polegada Fracionária

Há duas formas de se fazer essa conversão, utilizando somente a parte milesimal para
proceder ao cálculo, pois a parte inteira da polegada já fará parte do resultado.

Na primeira forma, deve-se colocar o valor da medida milesimal da polegada,


desconsiderando-se o ponto, no numerador. Após isso, coloca-se o número 1 no
denominador, acrescido de tantos zeros quantas forem as casas decimais da medida
dada e, depois, procede-se à simplificação, de preferência inicia-se pelo número 25 ou
múltiplo deste, o que facilitará chegar ao resultado.

Exemplo:

• 250” = →R = ;

• 1.1875” = = → R = 1. ;

• .0625” = = →R= .

Na segunda forma, multiplica-se o valor da medida milesimal da polegada por 128,


que é a menor subdivisão da polegada. Desta vez, considera-se o ponto que exercerá
a função de vírgula, ficando o resultado no numerador da fração. Depois, coloca-
se o número 128 também no denominador, para então proceder-se à realização da
simplificação dessa fração, até ela se tornar na menor fração inteira possível.

74
Exemplo:

• .5625” → = = = →R= ;

• 5.15625” = = = → R = 5. ;

• 7.625” = = = → R = 7. .

Nessas duas formas de conversão, foram trabalhadas medidas exatas, porém haverá
situações em que será necessário fazer uma aproximação no valor do numerador, o que
é aceitável por se tratar de medidas milesimais da polegada. Desta forma, o resultado
estará dentro de uma margem de tolerância.

Resumindo

Nesta unidade, foi abordado o que é a metrologia e foi feito breve resumo
do desenvolvimento histórico dela até chegar aos padrões utilizados no
mundo atualmente.

Também, foram apresentados ao mecânico de aeronaves os sistemas inglês


e internacional de unidades, de forma a proceder às transformações de
medidas necessárias dentro de cada sistema, assim como nas relações
entre ambos. Esta é uma ação fundamental e rotineira na hora de realizar a
manutenção das aeronaves, que visa garantir a qualidade desses serviços,
primando pela segurança, que é uma constante que não pode ser
negligenciada.

75
Glossário

Braça: medida compreendida entre a ponta dos dois dedos médios, estando a pessoa
com os braços abertos e bem esticados.

Côvado: medida antiga que equivale a três palmos.

Cúbito: medida antiga usada no Egito que representa a distância entre o osso do
cotovelo e a ponta do dedo médio.

Jarda: medida inglesa que compreende o espaço entre a ponta do nariz e a cabeça do
dedo polegar, estando a pessoa com a mão fechada e o braço esticado.

Padrões: objetos com medidas aceitas como referência em acordo entre os


interessados, servindo como base para conferência de medidas ou para confecção de
outras réplicas destes.

Toesa: antiga unidade de medida de comprimento originária da França pré-


revolucionária, equivalente a seis pés, ou aproximadamente um metro e oitenta e dois
centímetros.

Valor Absoluto: valor numérico, independentemente de sinal negativo ou positivo.

76
Atividades

aa
1) Julgue verdadeiro ou falso. A jarda é o padrão do sistema
inglês de medidas e foi criado por alfaiates ingleses a partir
do uso de varas que serviam de padrão em suas medições.

( ) Verdadeiro ( ) Falso

2) Julgue verdadeiro ou falso. Para transformar milímetros


em polegadas, basta multiplicar a medida dada em polegadas
por 25,4mm, de forma que o resultado da divisão já estará na
leitura milesimal da polegada.

( ) Verdadeiro ( ) Falso

77
Referências

ALBERTAZZI, A. Fundamentos de Metrologia Científica e Industrial. 1 ed. Barueri:


Manole, 2008.

CNI. Unidade de Competitividade Industrial. Metrologia: conhecendo e aplicando na sua


empresa. 2. ed. rev. Brasília, 2002. Disponível em: <http://arquivos.portaldaindustria.
com.br/app/conteudo_24/2012/09/06/268/20121127191041432016u.pdf>. Acesso
em: 7 abr. 2015.

FAA – FEDERAL AVIATION ADMINISTRATION. Handbooks & Manuals – FAA Chapter 9.


Disponível em: <https://www.faa.gov/.../FAA-8083-30_Ch09.pdf>. Acesso em: 10 mar.
2015.

LIRA, Francisco Adval de. Metrologia na Indústria. 8. ed. São Paulo: Érica, 2011.

NETO, João Cirilo da Silva. Metrologia e controle dimensional: conceitos, normas e


aplicações. Rio de Janeiro: Elsevier, 2012.

SANTANA, Reinaldo Gomes. Metrologia. 1. ed. Curitiba: Livro Técnico, 2012.

SENAI. Metrologia módulos especiais: mecânica. São Paulo: [s.n.], 200-]. Disponível em:
<http://bmalbert.yolasite.com/resources/Telecurso%202000%20-%20Metrologia.
pdf>. Acesso em: 7 abr. 2015.

______. Companhia Siderúrgica de Tubarão. Programa De Certificação Operacional


CST: metrologia básica. [S.l: s.n], 200-]. Disponível em: <http://www.abraman.org.br/
arquivos/48/48.pdf>. Acesso em: 7 abr. 2015.

SILVA, I. História dos pesos e medidas. São Carlos: EdUFSCar, 2008.

SOCIEDADE TORRE DE VIGIA DE BÍBLIAS E TRATADOS. Estudo Perspicaz das


Escrituras. Nova York, EUA: Associação Torre de Vigia de bíblias e tratados, 1990.
Volume 1.

______. BÍBLIA. Tradução do Novo Mundo da Bíblia Sagrada. Nova York, EUA: 2015.
Revisão de 2015.

STEFANELLI, Eduardo J. Simuladores e exercícios de paquímetros e micrômetros.


Disponível em: <http://www.stefanelli.eng.br/>. Acesso em: 10 mar. 2015.

78
UNIDADE 4 | FERRAMENTAS DE
MEDIÇÃO

79
Unidade 4 | Ferramentas de Medição
Ferramentas de medição são ferramentas de precisão utilizadas para se conferir
medidas em geral. São tipos de ferramentas de medição réguas metálicas, esquadro
combinado, riscador, compassos, paquímetro, micrômetro, blocos-padrão, relógio
comparador, gabaritos e goniômetros.

Na área da manutenção, será dada ênfase às ferramentas usadas tanto na fabricação


de peças, quanto na complexa e importante verificação de tolerâncias de desgastes
que estas venham a sofrer com o decorrer de seu uso na manutenção das aeronaves.
Isto é um controle essencial para segurança e prevenção de acidentes aeronáuticos.

1 Réguas Metálicas

As réguas metálicas são fabricadas em aço, podendo ser rígidas ou flexíveis. São
constituídas basicamente em dois estilos: graduadas somente com um tipo de sistema
de medidas, que pode ser em polegadas ou pelo Sistema Internacional de Unidades
(SI); ou graduadas com os dois sistemas, um em cada metade, ou seja, escala em
polegadas, normalmente grafadas na borda inferior e escala em milímetro na borda
superior da régua.

Figura 72: Réguas metálicas


Fonte: http://www.preciolandia.com/ar/regla-pie-metalico-30-cm-acero-inoxidabl-7z07lz-a.html

80
Na manutenção aeronáutica, o trabalho em aeronaves tanto pode ser executado com
medidas em milímetros, quanto com medidas em polegadas. As divisões no SI podem
ser grafadas de milímetro em milímetro, ou de meio em meio milímetro.

As divisões no sistema de polegadas, por sua vez, são grafadas na forma fracionária da
polegada, em submúltiplos divididos em partes iguais, sendo essas em metades (1/2”),
em quartos (1/4”), em oitavos (1/8”), em dezesseis avos (1/16”), em trinta e dois avos
(1/32”) e em sessenta e quatro avos da polegada (1/64”), de forma que uma polegada é
dividida em 16 partes iguais, a partir das quais se extraem os múltiplos e submúltiplos
dessa divisão fracionária.

No sistema de polegadas, as medidas podem ser expressas tanto na forma fracionária,


quanto na forma decimal, ou seja, os decimais equivalentes de uma fração da polegada.

2 Esquadro Combinado

O esquadro combinado é usado da mesma


forma que um esquadro comum, porém é
mais versátil que este por ser regulável.
Ele pode ser fixado em diversas posições
na régua que está encaixada nele por
meio de uma ranhura central desta, Figura 73: Esquadro combinado
deslizando para a posição desejada para Fonte: http://produto.mercadolivre.com.br/MLB-
652881555-esquadro-combinado-12-com-nivel-_
ser usado tanto na traçagem de linhas JM#redirectedFromParent
em ângulos de 45º, como para medir a
profundidade ou a altura de uma peça.

A cabeça do esquadro possui um nível bolha que lhe proporciona, além de checar
ou colocar peças no esquadro, conferir o nível de ambos os lados que formam esse
esquadrejamento e também um riscador, que é montado de forma pressionada por
meio de uma bucha de latão. Esta parte pode ser separada da régua metálica para ser
utilizada como um nível comum.

Como parte integrante do esquadro combinado, há o transferidor, que é fixado na


régua e ajustado para medição de diferentes ângulos ou para traçagem de linhas em
uma variedade de ângulos nos desenhos. Existe também o centralizador, ou a cabeça de
centrar, que é utilizada para confirmação dos centros dos eixos ou de peças cilíndricas.

81
3 Riscador

O riscador é uma ferramenta acessória


de medição, usada para traçagem de
linhas em superfícies metálicas. São
confeccionados em aço para ferramentas,
ou com pontas de aço endurecido por
tratamento térmico, nos tamanhos
entre quatro e 12 polegadas. Podem ser Figura 74: Riscador
Fonte: http://www.ferramentaskennedy.com.br/
encontrados com as duas extremidades loja/subcategorias/32/380/riscadores-e-marcadores
bem pontiagudas, sendo uma reta e a
outra dobrada a 90° para facilitar a marcação por meio de furos. Também, podem ser
totalmente retos, porém possuem somente uma das extremidades pontiagudas, ou
mesmo em forma de uma caneta, feitos de metal macio com ponta de aço endurecido.

Ao proceder a traçagem, a régua deve ser firmemente segurada para não haver o
deslocamento dela. O riscador deve ser conduzido apoiado em sua borda, inclinado
em ângulo no sentido do riscamento, com pressão suficiente para marcar o metal de
forma a não se aprofundar além do necessário.

4 Compassos

Os compassos, além de serem utilizados para riscar arcos e círculos, são considerados
como ferramentas de medição por serem usados para transferência de medidas de
um desenho para o trabalho, ou mesmo para a comparação das dimensões das peças
trabalhadas com as medidas de uma régua ou outra escala apropriada. São compostos
por duas hastes, apresentando diversas formas e unidas por um eixo em uma das
extremidades, sendo pressionadas, ou não, por uma mola. Alguns possuem um
dispositivo de regulagem de sua abertura.

82
Figura 75.A: Medidas hermafroditas internas com mola

Figura 75.B: Medidas comum externas com mola

Figura 75.B: Medidas comum externas com mola

Figura 75.D: Medidas internas

83
Figura 75.E: Medidas externas

Figura 75.F: Medidas externas com mola

Os compassos comuns possuem a ponta de uma de suas hastes pontiagudas e a outra


com um suporte para fixação de grafite, já os compassos usados na mecânica para
riscarem chapas de metais possuem as duas extremidades de aço e pontiagudas.

Existem diversos tipos de hastes voltadas à medição de comprimentos ou distâncias,


diâmetros internos ou externos, ou mesmo para fazer comparações de medidas em
relação às tolerâncias estabelecidas em manuais de aeronaves, em locais de difícil
acesso, onde não exista possibilidade de utilização de outros instrumentos de precisão
na realização da leitura das medidas. Os mais utilizados para esse fim são:

• Compasso de medidas internas – tem a ponta de suas hastes curvadas para fora,
podendo possuir mola ou não no ponto de união destas. São usados para medição
de diâmetros internos de tubos, furos, ou mesmo de larguras em ranhuras,
distâncias entre peças e partes componentes em motores ou em superfícies
diversas;

84
• Compasso de medidas externas – tem as hastes com formato circular encurvadas
para dentro e pode possuir mola, ou não, no ponto de união destas. É utilizado para
medição em diâmetros externos de peças circulares, ou mesmo de espessuras de
partes componentes nas peças em geral; e

• Compasso hermafrodita – pode exercer a função dos dois compassos anteriores,


porém em medidas que não requeiram elevada precisão. Esse tipo de compasso
tem uma haste com ponta cilíndrica e ajustável, e a outra haste reta e encurvada
na ponta para dentro. É usado para traçar linhas paralelas, para a localização ou
confirmação de centros, para transferência de medidas, ou para conferência de
medidas a partir de uma borda.

5 Paquímetro

O paquímetro é uma ferramenta de


precisão também denominado de Calibre
Vernier. É usado na medição de peças
em geral, tanto na fabricação destas,
quanto na conferência dos desgastes
sofrido por elas, averiguando medidas
internas, externas, de profundidade
e, também, conferência do passo de
roscas. São fabricados em aço inoxidável
e em variedade de tipos e modelos,
os quais recebem graduações tanto Figura 76: Paquímetro digital e paquímetro
em milímetros, quanto em polegadas, analógico
podendo ser analógicos, digitais ou de Fonte: http://www.balitek.com.br/produto/
paquimetros
relógio.

85
5.1 Composição de um Paquímetro (Partes Integrantes)

O paquímetro é composto por uma haste ranhurada, graduada em milímetros,


polegadas ou em ambas as escalas, que possui um bico fixo e uma orelha fixa por um
cursor móvel, grafado com a graduação Vernier também em décimos ou centésimos do
milímetro, em frações ou milésimos da polegada ou por ambas as escalas.

Essa ferramenta possui um botão impulsor usado para movimentá-lo, um parafuso de


trava para fixá-lo em determinada medida, um bico, uma orelha e uma haste fina, os
quais deslizam sobre a haste fixa do paquímetro para realização das medições.

Figura 77: Composição do paquímetro


Fonte: https://pensandocomtesla.wordpress.com/2012/09/08/hello-world/

86
5.2 Tipos de Paquímetro

Os paquímetros podem ser analógicos, digitais ou de relógio. Será enfatizado o modelo


analógico, que é o mais complexo, de forma que a compreensão deste tipo sirva de
base para o entendimento dos demais.

Os paquímetros analógicos são fabricados no modelo convencional, podendo ser grafados


tanto na escala fracionária da polegada, com resolução de precisão de 1/128” (um cento
e vinte e oito avos da polegada) e na escala em milímetros com resolução de precisão de
0,05 mm (cinco centésimos de milímetros), quanto na escala milesimal da polegada, com
resolução de precisão de .001” (um milésimo da polegada) e na escala em milímetros com
resolução de precisão de 0,02 mm (dois centésimos de milímetros), respectivamente.
Em um modelo específico para verificação de medidas de profundidade, os paquímetros
analógicos podem ser grafados com escalas em milímetros ou polegadas.

5.3 Leitura do Paquímetro

Para a medição de peças, o cursor do paquímetro deve ser impulsionado por meio
do botão impulsor, de forma suave, sem forçá-lo, até que a peça seja tocada. O
travamento se dá ao apertar o parafuso de travamento. Isso fornecerá a leitura da
medida verificada, sendo os bicos fixo e móvel utilizados para medidas externas, as
orelhas fixa e móvel, para as medidas internas, e a haste fina, que desliza no centro da
haste fixa do paquímetro (dentro da ranhura), para as medidas de profundidade.

A referência da leitura será o intervalo compreendido entre o zero grafado na haste


fixa do paquímetro e o zero do Vernier grafado no cursor, de forma que, nas escalas
grafadas em milímetros, se verifica a quantidade de milímetros inteiros que ficaram
compreendidos nesse intervalo após a abertura dos bicos, das orelhas ou da extensão
da haste fina do paquímetro, o que dará a parte inteira da medida em milímetros.
Verifica-se então, no Vernier do cursor, qual é o traço grafado que coincide no mesmo
alinhamento de qualquer um dos traços grafados na haste fixa do paquímetro, que
corresponderá à parte decimal da medida realizada. Se a resolução for de 0,05 mm,
o Vernier representará a medida de um milímetro dividida em dez partes, tendo cada
uma o valor de 1/10 do milímetro (0,1 mm). Cada parte decimal destas é subdividida
em duas partes, tendo cada uma o valor de 1/20 do milímetro (0,05 mm).

87
Se a resolução for de 0,02 mm, o Vernier representará a medida de um milímetro
dividida em dez partes, tendo cada uma o valor de 1/10 do milímetro (0,1 mm); cada
parte decimal dessas é subdividida em cinco partes, tendo cada uma o valor de 1/50
do milímetro (0,02 mm). Somente um dos traços do Vernier corresponderá ao traço
da escala em milímetros da haste fixa, o que complementará a medida em milímetros
expressando a sua parte decimal ou centesimal.

Em relação às escalas grafadas em polegadas (Sistema Inglês de Medidas), estas podem


ser encontradas na forma fracionária ou milesimal, sendo a parte decimal escrita
após um ponto, e não após uma vírgula como no sistema internacional de unidades.
Não há necessidade de se escrever o zero à esquerda desse ponto. A referência para
medição será primeiramente o intervalo compreendido entre o zero grafado na haste
do paquímetro e o zero do Vernier, correspondendo à parte fracionária ou milesimal da
polegada dessa medição iniciada.

Após ultrapassar a medida de uma polegada (1”), a referência será o intervalo


compreendido entre cada polegada inteira ultrapassada e o zero do Vernier, o que
corresponderá à quantidade de polegadas inteiras que a medida representa, escritas
à esquerda do ponto. Em uma escala grafada na forma fracionária da polegada, esta
é dividida em 16 partes, tendo cada parte o valor de 1/16 avos da polegada. O Vernier
grafado no cursor representa o intervalo entre cada uma dessas 16 partes subdivida
em outras oito partes, cada uma com o valor de 1/128 avos da polegada (1/16” 8 =
1/128”).

A partir da referência, contam-se quantas divisões de 16 estão compreendidas no


intervalo até o zero do Vernier, resultado que será somado à fração da subdivisão
mostrada pelo traço do Vernier que estiver alinhado com qualquer um dos traços das
16 divisões grafadas na haste fixa do paquímetro. Isto indicará a fração percorrida
pelo zero do cursor antes de atingir a próxima divisão das 16 partes da polegada em
questão, sendo esse resultado escrito à direita do ponto.

No caso da escala em polegadas na forma milesimal, a polegada é dividida em dez


partes com o valor de .100” (cem milésimos da polegada) cada, sendo cada uma
dessas partes subdivididas em quatro outras partes com o valor de .025” (vinte e cinco
milésimos da polegada) cada, as quais são grafadas na haste fixa do paquímetro. A
escala grafada no Vernier do cursor representa cada uma dessas quatro subdivisões,
porém subdividida novamente em 25 outras partes com o valor de .001” (um milésimo
da polegada) cada uma. A partir da referência, soma-se cada uma das dez divisões de
.100”, assim como cada uma das quatro subdivisões de .025” ultrapassadas pelo zero

88
do Vernier do cursor. Assim, será somado a este resultado uma das 25 subdivisões do
Vernier grafadas no cursor e indicada pelo traço desse Vernier que ficar alinhado com
qualquer traço da escala grafada na haste fixa do paquímetro. O resultado final dessa
somatória será o valor da parte milesimal desta medida, a qual também deverá ser
escrita à direita do ponto.

6 Micrômetro

O micrômetro é uma ferramenta de


alta precisão, sendo mais preciso
que o paquímetro. Ele também é
usado na medição de peças em geral,
na verificação de medidas internas,
externas, de profundidade e também
para roscas. São fabricados em diversos
Figura 78: Micrômetro
tamanhos e modelos, os quais recebem Fonte: http://www.solucoesindustriais.com.br/
graduações tanto em milímetros, quanto empresa/instalacoes_e_equipamento_industrial/
em polegadas, podendo ser analógicos silmar-equipamentos-e-ferram-ltda/produtos/
instrumentacao/micrometros-2
ou digitais.

6.1 Composição de um Micrômetro (Partes Integrantes)

O micrômetro é composto por partes fixas, como o arco, a bainha e o encosto (contato
fixo), e por partes móveis, sendo estas o tambor e a haste (fuso). Esta haste movimenta-
se e afasta-se do encosto quando o tambor é girado, por meio de um parafuso
micrométrico existente no seu prolongamento e por uma porca, que é presa na bainha,
de forma que o espaço entre as faces da haste e do encosto seja a medida requerida.
O tambor possui em sua extremidade uma catraca, que é utilizada para que as faces
de medição sejam encostadas na peça de forma suave, sem exageros no aperto. As
medidas são grafadas no tambor e na bainha.

89
Figura 79: Partes componentes de um micrômetro
Fonte: https://projetowae.wordpress.com/micrometro/

6.2 Tipos de Micrômetro

Os tipos de micrômetros mais utilizados são basicamente quatro, sendo eles para
medidas externas, para medidas internas, de profundidade e para roscas. São fabricados
tanto para medidas em polegadas (de 0 a 1/2”, 0 a 1”, 1 a 2”, 2 a 3”, 3 a 4”, 4 a 5”, 5 a 6”,
entre outras), quanto para medidas em milímetros (de 0 a 25 mm, 25 a 50 mm, entre
outras). O tipo mais utilizado é o micrômetro para medidas externas, utilizado para
medição de diâmetros e espessuras em geral.

6.3 Leitura de Micrômetro

Deve-se ter muito cuidado ao manusear o micrômetro durante a leitura de medidas,


pois se trata de um instrumento sensível e sujeito a sérios danos por quedas, impactos,
atritos sofridos por suas faces ou mesmo pelo excesso de pressão ao apertar a haste
móvel. Qualquer dano comprometeria uma correta leitura das medidas.

No micrômetro milimétrico, a bainha é grafada com uma linha central com traços
acima, representando um milímetro cada (1 mm), e com traços abaixo, representando
meio milímetro cada (0,5 mm). O tambor é grafado com traços que completam meio
milímetro ao dar uma volta inteira, representando um centésimo de milímetro cada um
(0,01 mm). A referência para a medida é o espaço compreendido entro o zero grafado
na bainha e a borda do tambor, devendo-se somar a quantidade de milímetros que a

90
borda ultrapassou e a metade do milímetro representada pelo traço inferior da linha
central da bainha se este também for ultrapassado. Esse resultado deve ser somado
com o valor indicado pelo traço do tambor que estiver alinhado com a linha central
da bainha, ou que tiver ultrapassado essa linha no sentido vertical para baixo, o que
resultará no valor final da medida.

Para as medidas em polegada, a bainha é grafada com uma linha central e com traços
acima desta, os quais dividem uma polegada em dez partes com o valor de .100”
(cem milésimos da polegada) cada, sendo cada uma dessas partes subdivididas em
quatro outras partes com o valor de .025” (vinte e cinco milésimos da polegada) cada,
semelhantemente como é grafado na haste fixa do paquímetro, e o tambor com traços
de .001” (um milésimo da polegada) cada, até completar uma volta representando a
medida de .025” (vinte e cinco milésimos da polegada). Deve-se somar cada uma das dez
divisões de .100”, assim como cada uma das quatro subdivisões de .025” ultrapassadas
pela borda do tambor, somando-se esse resultado com o valor indicado pelo traço do
tambor que estiver alinhado com a linha central da bainha, ou que tiver ultrapassado
essa linha no sentido vertical para baixo, o que também resultará no valor final da
medida.

Para micrômetros com leitura em décimos de milésimos, apenas acrescenta-se, na


quarta casa decimal, o valor da linha da bainha (linhas paralelas à linha central) que se
alinhar com qualquer das linhas grafadas no tambor.

7 Bloco-Padrão

Por mais simples que pareçam, os blocos-


padrão são primordiais para a metrologia.
É por meio de suas medidas que os
diversos instrumentos e ferramentas
utilizados para realizar medições são
calibrados, em uma relação de valores e
incertezas previamente estabelecidas
das medidas por eles fornecidas.

Figura 80: Blocos-padrão


Fonte: http://www.starrett.com.br/produtos.
asp?pagina=3&pagina=5&cat=1&linha=51

91
Podem ser fabricados em aço tratado termicamente, com dureza acima de 800 HV
(Vikers Hardness), de cerâmica de zircônio cujo uso é recente, mas que possui vantagens
sobre o aço, com dureza acima de 1400 HV, utilizados também como bloco protetor, e
em tungstênio, que são utilizados como bloco protetor por ser mais resistentes que os
de aço e por ter maior dureza, acima de 1500 HV.

Esses blocos padrão são fundamentais para a rastreabilidade dimensional em nível


internacional, os quais servem de base para que haja o controle de qualidade na
indústria em geral, sendo peças vitais nesse processo. Os blocos protetores possuem
1 ou 2 mm de espessura e são montados em conjunto com os blocos-padrão para
protegê-los contra desgastes pela constância do uso por serem mais resistentes que
estes.

8 Relógio Comparador

O relógio comparador é um instrumento


muito sensível que faz a medição
por comparação entre diâmetros ou
superfícies de peças em geral. Tem
a finalidade de ajudar a controlar a
confecção de peças em série, as medições
em superfícies verticais e horizontais
de forma apurada, as medidas de
profundidade e de espessuras a partir de
referenciais, entre outras aplicações. Figura 81: Relógio comparador
Fonte: http://www.stefanelli.eng.br/webpage/
metrologia/p-simulador-relogio-comparador-
É constituído por um relógio graduado
milimetro-resolucao-centesimo.html
com ponteiro e uma haste móvel ligada a
este por um sistema interno, de forma que, quando a haste é pressionada, o ponteiro
gira no sentido horário, indicando uma marcação positiva, ou seja, a medida é maior
que a outra anterior. Da mesma forma, se o ponteiro girar no sentido anti-horário,
indicará uma diferença negativa, sendo a medida em questão menor que a anterior,
tida como referência.

92
Os relógios comparadores são encontrados em vários modelos, analógicos ou digitais,
em milímetros ou polegadas. Existem, ainda, acessórios para facilitar o emprego desses
instrumentos, como é o caso de bases imantadas para sua fixação e uso posterior.

9 Gabaritos

São ferramentas de medição simples, fabricadas em aço e utilizadas como parâmetros


para controle de superfícies (ângulos, curvas, entre outros formatos diversos),
analisadas ao encostá-las contra o encaixe do gabarito. A comparação é feita ao
observar, apenas visualmente, o fio de luz que passa entre a peça e o gabarito, sem a
atribuição do valor de desvio nos pontos observados.

Os gabaritos mais utilizados são os verificadores de raios, os gabaritos de ângulo fixo


para ferramentas de corte, os escantilhões para roscas métricas e Whitworth, o pente
de rosca, o calibrador de folga, o compasso, o pente de raio, a fieira, entre outros.

Calibradores de folga e verificadores são os dois tipos mais comuns de gabaritos.

9.1 Calibrador de Folga

São gabaritos extremamente importantes para montagem desde a fabricação, até a


manutenção em geral de motores automotivos, de aviação, diesel e agrícola. Sua
utilização é feita em trabalhos experimentais ou finais de calibração, na verificação de
folgas, canais estreitos ou ajustes de peças usadas em conjuntos mecânicos, como é o
caso da regulagem de válvulas montadas nos cabeçotes de motores.

Figura 82: Calibradores de folga


Fonte: http://www.kingtools.com.br/categorias/calibradores-de-folga.html

93
São fabricados em aço endurecido por cementação, ou revestido de cromo duro,
carboneto de tungstênio, entre outros metais, adquirindo resistência à abrasão, pois
seu uso é constante. Normalmente, são constituídos por um conjunto de lâminas
substituíveis de 13 mm ou 1/2” de largura, as quais recebem tratamento térmico e
abrangem uma gama de medidas máximas e mínimas em um intervalo determinado,
constituindo-se em padrões com baixa incerteza de medição.

9.2 Verificador

Também são gabaritos resistentes à abrasão, devido ao seu uso constante, sendo
fabricados em aço endurecido por cementação, ou revestido de cromo duro, carboneto
de tungstênio, entre outros metais, os quais possuem dimensões máximas e mínimas
visando atender à determinada forma geométrica. São utilizados na conferência de
ângulos ou espessuras de ferramentas de usinagem, de ângulos de peças, de raios
internos ou externos, do passo de roscas, de diâmetros internos de furos ou tubos,
entre outros tipos.

Figura 83.A: Verificador de ângulo

Figura 83.B: Verificador de escantilhão

94
Figura 83.C: Verificador de raio

Figura 83.D: Verificador de rosca

Figura 83.E: Verificador de diâmetro interno


Fonte: http://catalogo.tecnoferramentas.com.br/produtos/starrett/

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10 Goniômetro

O goniômetro é um instrumento simples, fabricado em aço, sendo composto por um


transferidor graduado em 180º e uma haste central. Pode possuir também uma régua
graduada em sua lateral. É utilizado para conferência da medição de ângulos externos
em peças e superfícies que não exijam extrema precisão. Sua haste é posicionada no
centro da base do transferidor, por meio de um articulador com sistema de trava para
fixação desta no ângulo desejado.

Figura 84: Goniômetros


Fonte: http://www.lojacarci.com.br/5102

Resumindo

Foram abordados os principais instrumentos e ferramentas de medição


que são de extrema importância ao mecânico de aeronaves. Estudou-se
tanto as ferramentas mais complexas, com partes móveis e delicadas,
quanto as ferramentas simples, que funcionam como importantes
acessórios para realização das tarefas de medição.

Tais ferramentas devem ser usadas com extremo cuidado, requerendo um


controle rigoroso, tanto em sua armazenagem quanto em sua calibração.
Esse controle deve ser periódico, a fim de garantir que a leitura do
instrumento esteja dentro da tolerância aceitável, ou seja, o mais correta
possível. Elas são fabricadas por máquinas de alta precisão, por meio das
quais recebem, de forma acurada, as marcas de suas gradações. Isto exige
do mecânico o máximo de cuidado para evitar quedas, ou mesmo sofrer
outros impactos, atritos e torções, pois seriam danificadas e teriam sua
precisão de leitura comprometida.

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Glossário

Calibre vernier: Instrumento usado na medida de comprimentos e ângulos. Seu nome


é homenagem a Pierre Vernier, matemático francês que o inventou no século XVII.

HV: Unidade de medida de dureza das superfícies, sendo uma abreviatura do método
Vikers Hardness.

Incerteza: Diferença entre a medida existente em vários padrões de medidas utilizados


e a leitura desses padrões em determinado instrumento, visando proceder a calibração
deste para um patamar aceitável de tolerância.

Precisão: Alto índice de confiabilidade em relação às suas leituras de medidas.

Rastreabilidade dimensional: É a capacidade de traçar o histórico de determinado


padrão de medida, se a sua aplicação está de acordo com os padrões determinados,
por meio de informações previamente registradas.

Resolução de precisão: Menor medida que pode ser lida em um instrumento de


medição.

97
Atividades

aa
1) Julgue verdadeiro ou falso. Na manutenção aeronáutica, o
trabalho em aeronaves tanto pode ser executado com
medidas em milímetros, quanto com medidas em polegadas.
As divisões no SI podem ser grafadas de milímetro em
milímetro, ou de meio em meio milímetro.

( ) Verdadeiro ( ) Falso

2) Julgue verdadeiro ou falso. O micrômetro é uma ferramenta


de alta precisão, sendo mais preciso que o paquímetro. É
usado na medição de peças em geral, na verificação de
medidas internas, externas, de profundidade e também para
roscas.

( ) Verdadeiro ( ) Falso

98
Referências

ALBERTAZZI, A. Fundamentos de Metrologia Científica e Industrial. 1 ed. Barueri:


Manole, 2008.

CNI. Unidade de Competitividade Industrial. Metrologia: conhecendo e aplicando na sua


empresa. 2. ed. rev. Brasília, 2002. Disponível em: <http://arquivos.portaldaindustria.
com.br/app/conteudo_24/2012/09/06/268/20121127191041432016u.pdf>. Acesso
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FAA – FEDERAL AVIATION ADMINISTRATION. Handbooks & Manuals – FAA Chapter 9.


Disponível em: <https://www.faa.gov/.../FAA-8083-30_Ch09.pdf>. Acesso em: 10 mar.
2015.

LIRA, Francisco Adval de. Metrologia na Indústria. 8. ed. São Paulo: Érica, 2011.

NETO, João Cirilo da Silva. Metrologia e controle dimensional: conceitos, normas e


aplicações. Rio de Janeiro: Elsevier, 2012.

SANTANA, Reinaldo Gomes. Metrologia. 1. ed. Curitiba: Livro Técnico, 2012.

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CST: metrologia básica. [S.l: s.n], 200-]. Disponível em: <http://www.abraman.org.br/
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SILVA, I. História dos pesos e medidas. São Carlos: EdUFSCar, 2008.

SOCIEDADE TORRE DE VIGIA DE BÍBLIAS E TRATADOS. Estudo Perspicaz das


Escrituras. Nova York, EUA: Associação Torre de Vigia de bíblias e tratados, 1990.
Volume 1.

______. BÍBLIA. Tradução do Novo Mundo da Bíblia Sagrada. Nova York, EUA: 2015.
Revisão de 2015.

STEFANELLI, Eduardo J. Simuladores e exercícios de paquímetros e micrômetros.


Disponível em: <http://www.stefanelli.eng.br/>. Acesso em: 10 mar. 2015.

99
Gabarito

Questão 1 Questão 2

Unidade 1 V F

Unidade 2 V F

Unidade 3 V F

Unidade 4 V V

100

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