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A Importância do Diretório Acadêmico para um Curso de Licenciatura em Música

Luana Cristina Moura de Sousa1; Jarbas de Morais Ferreira Junior2; Paula Maria Aristides de
Oliveira Molinari3 ;

Resumo:
A proposta deste trabalho é uma reflexão sobre a participação e representatividade
estudantil acadêmica dos alunos do curso de Licenciatura em Música da IES, através dos
relatos de experiência desde o período anterior com o Centro Acadêmico que representava os
cursos de Música e Artes Visuais, e logo após com a fundação do Diretório Acadêmico de
Música - DAM, e as primeiras gestões do mesmo na IES. O objetivo geral é refletir a
importância da Representação Estudantil no meio Acadêmico, especificamente dentro do
curso graduação em Licenciatura em Música, e como isso pode contribuir para a formação
intelectual, política e administrativa do Educador Musical.

Palavras-Chave: Representação Estudantil, Representação Acadêmica, Licenciatura em


Música, Diretório Acadêmico, Políticas Públicas na IES.

Introdução:
Essa reflexão surgiu a partir da insatisfação dos discentes, com parcela de participação
nas decisões colegiadas que diziam respeito ao curso superior, a saber, o curso de
Licenciatura em Música. Os alunos pensavam que fazia-se necessário um conjunto de
transformações visando a melhoria das condições, tanto de infraestrutura física quanto
pedagógica, como se podia inferir, graças aos estudos sobre didática e prática de ensino. Com
isso, dada a existência de uma junção entre dois cursos, num mesmo departamento, existia a
vinculação dos alunos a um centro acadêmico que representava dois cursos, o de artes visuais
e o de música. Herança do antigo curso de educação artística da IES.
O ponto central foi o fato de percebermos que poucos dentre os docentes, gestores e
discentes reconheciam a importância da representação estudantil como uma forma de abertura

1
Graduando do curso de Licenciatura em Música pela Universidade Federal do Piauí;
2
Graduando do curso de Licenciatura em Música pela Universidade Federal do Piauí;
3
​Docente da Universidade Federal do Piauí, Curso de Licenciatura em Música, Doutora em Comunicação e
Semiótica.
do diálogo, e também pela falta de informação dos próprios discentes sobre quais benefícios
que estariam relacionados a atuação dessa representação estudantil, quer seja pelo Centro
Acadêmico, Diretório Acadêmico ou por outras formas de representação estudantil existentes
na IES. O centro acadêmico existente não dava abertura suficiente para que os alunos do
curso de música assumissem uma postura mais diretiva, isso desencadeou o desmembramento
dos dois curso da representatividade acadêmica estudantil, e foi o pilar para a formação de um
Diretório Acadêmico, já que existiam dois cursos de licenciatura em música em
funcionamento na instituição, o extensivo e o intensivo, ou seja curso em ensino Regular e o
outro oferecido via PARFOR4. ​Fundou-se então um DA - Diretório Acadêmico, com a
representação dos discentes de ambos os cursos de música da instituição, partir das
necessidade dos discentes em debater e resolver problemas específicos do curso de
Licenciatura em Música - Extensivo e da Licenciatura em Música - Intensivo/PARFOR.
Neste contexto, podemos levar em consideração que:

[...] adentrar no debate da política educacional e de seus determinantes,


tendo presente o contexto do desenvolvimento do país e sabendo que o
alcance dos seus objetivos e metas decorre dos resultados das lutas concretas
entre grupos sociais com interesses distintos e diversos que disputam a
hegemonia nesse processo [...]. (DOURADO, 2010)

Da mesma forma, ao à referir-se educação como direito social, Dourado (2010, p. 680)
afirma que sua “[...] efetivação se dá em um contexto caracterizado como um campo de disputas de
concepções e projetos e, portanto, demarcada por posições políticas não apenas diferentes, mas
substantivamente contraditórias [...]”.

A insatisfação quanto a deficiência no diálogo efetivo entre os diversos órgãos


administrativos da universidade, desde os mais próximos ao mais distantes, no âmbito da
estrutura da universidade pública, da administração do curso para como os discentes deixava a
impressão do descaso, o mesmo descaso que se sentia pela circulação nos espaços de
convivência do curso. O mato crescendo nos espaços coletivos entre as salas de aula, salas
com chave para não serem usadas, banheiros mal cheirosos, sujos e equipamentos pedindo
manutenção. Às vezes, um novo laboratório inaugurado e as coisas, apesar de novas, sem
serem devidamente instaladas, ficavam sem uso e ainda assim, guardadas a muitas chaves, as

4
Plano Nacional de Professores da Educação Básica.Programa emergencial instituído para atender o disposto no
artigo 11, inciso III do Decreto nº 6.755, de 29 de janeiro de 2009 e implantado em regime de colaboração entre
a Capes, os estados, municípios o Distrito Federal e as Instituições de Educação Superior – IES. ( Capes,2010)
reais e as que as condições criavam. Tudo isso gerava uma base de desinteresse, levando
muitos discentes a um desânimo que, se não significava trancamento, significava uma postura
de “vou para onde a vida me levar”. Era uma falta que levava a outra, e isso gerava uma
sensação de inexistência de subsídios, limitações de espaço físico, poucas salas de estudos,
falta de flexibilidade nos horários, bem como a restrição de equipamentos para estudos e/ou
ensaio individuais e coletivos, a não-fomentação de eventos acadêmicos, falta de
equipamentos para apresentações, recitais, shows ao vivo, dentre outros.

[...] Art. 4º - Fica assegurado aos Estudantes de cada curso de nível superior
o direito à organização de Centros Acadêmicos - CAs ou Diretórios
Acadêmicos - DAs como suas entidades representativas.
Art. 5º - A organização, o funcionamento e as atividades das entidades a que
se refere esta Lei serão estabelecidos nos seus estatutos, aprovados em
assembleia-geral no caso de CAs ou DAs e através de congressos nas demais
entidades [...]. (BRASIL, Brasília. Lei, nº7.395, de 31 de Outubro de 1995)

Método:
O atual registro configura-se como um relato de experiências de participantes, durante
o período de Setembro de 2014 à Setembro de 2016. Desde o antigo Centro Acadêmico que
representava os cursos de Música e Artes Visuais, até a fundação do Diretório Acadêmico de
Música – DAM e sua atual representação.
Consultamos registros pessoais, documentos de fundação do Diretório Acadêmico,
atas de nossas assembleias estudantis, ata de reuniões com o Diretório Central dos Estudantes
– DCE, atas de reuniões das gestões, anotações de reuniões com professores da IES, também
relatos dos nossos encontros e reuniões com as representações administrativas da IES, como
Procurador Geral da IES, os Coordenadores do Curso de Licenciatura em Música – CCM e
com os Coordenadores de Artes Visuais - CAV, Chefe do Departamento de Música e Artes
Visuais - DMA, Diretor do Centro de Ciências da Educação – CCE, e com o Magnífico Reitor
da IES, tendo sempre o foco nas relações qualitativas do processo.
Segundo o Estatuto do DAM (Estatuto do Diretório Acadêmico de Música – DAM,
Art. 02º, 2015) diz “[...] viabilizar interesses dos alunos junto com os órgãos competentes da
IES [...]”.
.
Resultados e Discussão:

Com o ingresso da turma de calouros de 2013.1 no curso de Licenciatura em Música


da IES, houve inesperadamente um grupo de alunos com grande senso crítico e
responsabilidade, auxiliados com a visão “outside” da nova gestão da Coordenação do Curso
de Música, foi possível mostrar mais possibilidades e direitos a estes discentes sobre o que
averiguar, e sobre o que era apresentado no curso de música da IES. Sob o novo prisma, estes
começaram a se questionar sobre a forma de como era apresentado e ministrado o conteúdo
das disciplinas, e sobre as restrições impostas, sobre a espaços físicos, e sobre os
equipamentos que estavam guardados, instrumentos inutilizados, quebrados (avariados), sobre
a falta de professores que havia naquele momento, sendo que muitos estavam no programa de
doutorado fora do país, e outros que estavam prestes a partir para o mesmo, e a contratação de
professores substitutos que era muito demorada, e demandava uma grande solicitação da parte
dos alunos e professores ao departamento, que era pouco aberto e propenso a essas melhorias.
E para tal começaram a surgir os primeiros abaixo-assinados para contratação de professores
(substitutos e/ou efetivos), documentos estes que surgiram da iniciativa da turma de 2013.1,
levando essa reivindicação para os demais alunos da Licenciatura em Música. Desse espírito
nasceu a representação de turma para o curso de Música, uma iniciativa da Coordenação de
Música - CCM, pois havia um centro acadêmico que não representava o discentes de música,
visto não havia representantes do curso a várias gestões no Centro Acadêmico de Música e
Artes Visuais, ou seja, a representatividade do discentes de música havia caído no
esquecimento a vários anos, nem mesmo alunos mais antigos se interessavam em participar da
gestão do Centro Acadêmico de Música e Artes Visuais, pois eles sabiam da dificuldade que
era trabalhar com os alunos do curso de artes visuais que monopolizavam a representatividade
segregando ao invés de unir forças, e obtinham sempre o aval do Departamento de Música e
Artes Visuais - DMA, visto que o mesmo já contava com Chefe do Departamento que sempre
era do curso de Artes Visuais, sem falar que o contingente de professores de artes visuais
ainda era maior do que os de música. A quantidade de doutores no curso de artes visuais
também era maior, o que ajudou a tornar o clima para eles propício para a monopolização dos
recursos que chegavam ao departamento, em geral sempre destinado a melhoria do curso de
artes visuais e nunca para melhorias no curso de Licenciatura em Música.
Em decorrência dos fatos citados, em fevereiro de 2015 houve a ruptura entre
os Centros acadêmicos de Música e Artes Visuais e a fundação do Diretório Acadêmico de
Música. E durante a primeira gestão, o foco foi voltado para organização do mesmo, e para o
reconhecimento, logo, ter um Diretório Acadêmico apenas do curso era algo novo para todos,
discentes e docentes. Durante este período, de Maio de 2015 a Maio de 2016, foram feitos:
um pedido para que o diretório tivesse uma sede (uma sala na IES), para que os discentes
fossem atendidos em local adequado para reuniões, para organização e discussão de pautas
internas e externas, que posteriormente foi conseguida; Foi feito uma solicitação via DA para
Reitoria da IES para que houvesse a separação do Departamento de Música e Artes Visuais,
que o mesmo foi encaminhado pelo Reitor da IES e pelo Chefe do Centro de Ciências da
Educação-CEE, que estimularam a tramitação natural dessa separação, e com isso este pedido
foi atendido em Julho de 2015, possibilitando a independência do Curso de Licenciatura em
Música do extinto DMA, favorecendo diretamente os discentes e docentes a terem mais
autonomia sobre o curso, o que trouxe, e continua trazendo benefícios aos alunos. bem como
ter mais acesso as salas e instrumentos, dentre outros. Também realizamos uma eleição para
Representante Discente no Conselho Departamental, que deste da data da fundação do curso
não havia representantes. Vale lembrar também que após a criação do Diretório Acadêmico
de Música, o diálogo discente/Reitoria se tornou muito mais acessível e praticável, com
inúmeras reuniões realizadas com Magnífico Reitor, facilitando que algumas necessidades
fossem atendidas com prontidão, Necessidades estas já existiam há muitos anos no curso, mas
que nunca haviam sido são reivindicadas antes da ruptura do Centro Acadêmico de Música e
Artes Visuais, somente após a fundação e atuação do Diretório Acadêmico de Música -
DAM..
A partir de Junho de 2016 iniciou-se uma nova gestão, com a proposta de
continuidade, com a adesão de membros da gestão anterior, discentes veteranos e ingressantes
motivaram-se a participar desse processo de construção e luta, ao observar a importância de se
manter representação estudantil ativa e atuante. O foco dessa nova gestão, nesta fase, é tentar
suprir as necessidades de eventos acadêmicos e culturais que ajudem os alunos a ampliarem
seus conhecimentos teóricos e práticos, estimulando a participação massiva dos discentes,
além de procurar solucionar pendências da gestão anterior, que não foram possíveis de serem
solucionadas anteriormente, mas que porém, foram encaminhadas a gestão atual, conforme
encaminhamentos deixados pela gestão anterior em ATA de Assembleia. Fora o que já foi
citado, houveram várias solicitações, desde o pedido de mais instrumentos à reformas de
salas, que aos poucos estão sendo atendidas, e outros projetos de eventos que estão sendo
executados e planejados.

Considerações Finais:
No decorrer dos fatos, podemos observar o quão importante é a representação
estudantil, e como isso pode ser um fator crucial no desenvolvimento do curso de Música,
quer seja bacharelado ou licenciatura. Pois poder enxergar através do olhar do discente, no
qual é o principal prejudicado com os problemas existentes dentro do curso de Música,
contribui bastante para um diagnóstico mais apurado dos fatos, e viabiliza uma possível
resolução de problemas. Com isso podemos dizer que ocorreu uma melhora significativa
dentro do curso de Licenciatura em Música da IES, desde que o curso começou a ter
representantes estudantis ativos.
Entretanto, há ainda um caminho longo a percorrer, pois ainda há resistência dentro do
curso de Licenciatura em Música em relação ao Diretório Acadêmico, visto que ainda há
discentes que desconhecem ou desacreditam na importância de termos um diretório
acadêmico ativo, mesmo com todos os feitos aqui citados, mesmo com o reconhecimento do
corpo docente. Portanto reconhecer tal importância é extremamente necessário para que os
trabalho de representatividade acadêmica possam ter continuidade no que foi conquistado
antes com muito esforço e determinação destes representantes acadêmicos. Só que ainda há
muito a ser conquistado, como por exemplo mais salas e mais equipamentos, dentre outros
aqui não-citados. Porém acreditamos veementemente que ao decorrer dos anos vão surgir
novas gestões dentro do Diretório Acadêmico de Música, e com estes, novos desafios, novas
perspectivas de trabalho, devido a novas realidades que vão se modificando com o passar dos
anos, conforme essas possam aparecer, muitos dificuldades poderão encontrar resolução
através do ajuda efetiva do Diretório Acadêmico. E em suma temos que instigar os discentes,
desde os ingressantes, até os veteranos a participar dentro do Diretório Acadêmico e a
colaborar diretamente com o mesmo, para que políticas públicas dentro curso de Licenciatura
em Música funcionem, e para tal, é fundamental o diálogo entre os discentes e docentes e
setores administrativos da IES, para que não retrocedamos com os avanços dessas conquistas,
e para que assim possamos avançar como um curso digno e de sucesso. Assim, deste modo,
ressaltamos que; ter uma representação estudantil através do Diretório Acadêmico é ter voz
dentro do curso de Licenciatura em Música, o que é fundamental para a formação de líderes,
manutenção da autoestima da comunidade acadêmica, pois fomenta a pró-atividade
individual, fora a experiência de se aprender como funcionam todos os trâmites de uma IES, e
a partir daí, tomar posse desses conhecimentos para solucionar problemas e sugerir melhorias,
tornando o discente muito mais que educadores musicais, mas sobretudo cidadãos mais
críticos e conscientes.

Referências:

DOURADO, L. F. ​Avaliação do Plano Nacional de Educação 2001-2009: questões


estruturais e conjunturais de uma política​. Educação & Sociedade, v. 31, n. 112, p.
677-705, jul./set. 2010.
CAPES. PARFOR Presencial. ​Fundação Capes​, 2010. Disponivel em:
<http://www.capes.gov.br/educacao-basica/parfor>. Acesso em: 19 Setembro 2016.
BRASIL, Brasília. Lei, nº7.395, de 31 de Outubro de 1995. ​Dispõe sobre os órgãos de
representação dos estudantes de nível superior e dá outras providências​. Decreto (da
República Federativa do Brasil), Brasília, Art. 4º e Art. 5º. Disponível em:
<​http://www2.camara.leg.br/legin/fed/lei/1980-1987/lei-7395-31-outubro-1985-367914-publi
cacaooriginal-1-pl.html​>. Acesso em: 07 de Outubro de 2016.
BRASIL, Teresina, Estatuto do Diretório Acadêmico de Música - DAM/UFPI, 2015.

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