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Morro do Chapéu
Janeiro 2020
FACULDADE DOM ALBERTO
Morro do Chapéu
2020
TEMPOS MODERNOS: O PAPEL DA TERAPIA COGNITIVA
COMPORTAMENTAL – TCC E A RE-SIGNIFICAÇÃO DO CASAMENTO
Declaro que sou autor deste Trabalho de Conclusão de Curso. Declaro também que o mesmo foi
por mim elaborado e integralmente redigido, não tendo sido copiado ou extraído, seja parcial ou
integralmente, de forma ilícita de nenhuma fonte além daquelas públicas consultadas e corretamente
referenciadas ao longo do trabalho ou daqueles cujos dados resultaram de investigações empíricas por
mim realizadas para fins de produção deste trabalho.
Assim, declaro, demonstrando minha plena consciência dos seus efeitos civis, penais e
administrativos, e assumindo total responsabilidade caso se configure o crime de plágio ou violação aos
direitos autorais. (Consulte a 3ª Cláusula, § 4º, do Contrato de Prestação de Serviços).
RESUMO – A união de duas pessoas em matrimônio está intrinsecamente ligada à renuncia de diversos
modelos aprendidos de comportamentos e vivências individuais. Passando os sujeitos singulares
envolvidos, a compartilhar espaço físico, rotinas e adaptações à nova vida, onde dois, são agora três.
Apesar do baixo número de artigos relacionados à Terapia Cognitiva Comportamental – (TCC) para a
terapia de casais, esse trabalho trás à baila o conceito ao qual a TCC pode auxiliar casais na construção
de uma relação saudável, estável e prazerosa para ambos. O presente artigo foi produzido através de
pesquisa bibliográfica nos periódicos nacionais, literaturas e artigos acadêmicos devidamente
referenciados.
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geofigueredo@gmail.com
1 INTRODUÇÃO
Casal é um par de pessoas que matem relações entre si e que tem semelhanças
em comum quanto aos elementos fundamentais da vida. Atualmente, inicia-se de forma
natural com a união conjugal de dois amantes, que geralmente apaixonados
vislumbram uma vida em comum. A busca pelo prazer, o sentimento de felicidade e
crescimento do indivíduo caracteriza o casamento como um ato de egoísmo, no bom
sentido da palavra, colocando as suas expectativas e desejos individuais implicitamente
um no outro, na busca pela união marital para criar um novo conceito de vida. No
entanto, com o passar dos anos, vão surgindo demandas e obrigações que deixam o
relacionamento fragilizado, quando o casal não se percebe enquanto protagonista da
situação. “Para Caillé, cada casal cria seu modelo único de ser casal, que ele chama de
"absoluto do casal", que define a existência conjugal e determina seus limites. A sua
definição de casal, contém, portanto os dois parceiros e seu "modelo único", seu
absoluto.”
Atualmente lidar com frustrações e/ou situações que permitam colocar o sujeito
em algum tipo de vulnerabilidade, está se tornando insustentável. No mundo onde as
pessoas necessitam de respostas rápidas e curas milagrosas, o processo de
autoconhecimento é uma utopia como afirma Zigmund Baumam em seu livro, (Amor
Líquido), “E assim é numa cultura consumista como a nossa, que favorece o produto
pronto para uso imediato, o prazer passageiro, a satisfação instantânea, resultados que
não exijam esforços prolongados, receitas testadas, garantias de seguro total e
devolução do dinheiro. A promessa de aprender a arte de amar é a oferta (falsa,
enganosa, mas que se deseja ardentemente que seja verdadeira) de construir a
“experiência amorosa” à semelhança de outras mercadorias, que fascinam e seduzem
exibindo todas essas características e prometem desejo sem ansiedade, esforço sem
suor e resultados sem esforço.” (Amor Líquido, pág. 18, 2004)
Nesse processo, os sujeitos envolvidos não estão dispostos a compreenderem o
que os uniu e por vezes relativizam o amor desconsiderando o tempo desprendido em
detrimento do prazer passageiro. Para que uma relação exista e possa ser duradoura, é
importante que os sujeitos envolvidos estejam dispostos a compreenderem seus
processos de crises e se permitam avaliar as situações problemas de forma consciente
e crítica, considerando seus padrões comportamentais disfuncionais e a busca pela
imediata correção. Segundo Beck (1995) “muitos problemas vivenciados dentro do
casamento também poderiam estar relacionados às cognições disfuncionais de ambos
os parceiros. Alguns estudos ratificaram essa hipótese sobre o papel negativo dos
pensamentos, crenças, expectativas, atribuições, entre outros, na qualidade dos
relacionamentos maritais (ver, e.g., Baucom, Epstein, Sayers & Sher, 1989; Eidelson &
Epstein, 1982; Epstein, Baucom & Rankin, 1993).”
Já Berger e Kellner (1970) consideram que “a reconstrução do mundo no
casamento ocorre principalmente através do discurso. Na conversação conjugal, a
realidade subjetiva do mundo é sustentada pelos parceiros, que confirmam e
reconfirmam a realidade objetiva internalizada por eles. O casal constrói assim, não
somente a realidade presente, mas reconstrói a realidade passada, fabricando uma
memória comum que integra os dois passados individuais.” As disfunções
comportamentais ou cognitivas estão intimamente ligadas aos processos de crise no
casamento atualmente. Os parceiros pouco se falam, evitam discutir ou quando o
fazem, geralmente não permitem ao outro o direito de expressar o que pensa, para que
juntos possam eliminar o comportamento não funcional. Nessa vertente, a Terapia
Cognitiva Comportamental, relativiza os pensamentos automáticos disfuncionais que
podem ser influenciados por distorções cognitivas. “Estas seriam distorções
sistemáticas no processamento da informação, falhas de interpretação e raciocínios
desprovidos de lógica (Beck & Alford, 2000).” Por exemplo, acreditar que é possível ler
a mente do parceiro.
De acordo a TCC, é possível recriar rotinas, pensamentos, relacionamentos
assertivos, quando o casal decide junto buscar ajuda terapêutica no resgate do amor
outrora vivido. Por vezes é comum amor e desejo andarem em lados opostos, como
afirma Baumam “se o desejo quer consumir, o amor quer possuir. Enquanto a
realização do desejo coincide com a aniquilação de seu objeto, o amor cresce com a
aquisição deste e se realiza na sua durabilidade. Se o desejo se autodestrói, o amor se
auto-perpetua”. O amor como regente da vida afetiva, tende a mesclar-se com o desejo
que com o passar do tempo pode gerar ruídos na convivência e na formação do “nós”,
enquanto casal.
Nesse paralelo, a Terapia Cognitiva Comportamental compreende a importância
de o casal estar em sintonia afetiva, considerando as emoções individuais que são
aprendidas ainda na infância e levadas por longos períodos da vida. “Sentimentos como
raiva, medo, ansiedade e tristeza podem influenciar de forma negativa as cognições e
os comportamentos de ambos os parceiros. Por outro lado, emoções como amor e
felicidade podem influenciar positivamente o convívio conjugal. Casais que há muito
tempo estão vivenciando grandes níveis de estresse em seus relacionamentos tendem
a ter mais os primeiros sentimentos do que os segundos. Por exemplo, uma parceira
que solicita a ajuda do marido para carregar um objeto pesado, e esse não a atende por
problemas de saúde que ela ainda desconhece, pode ficar com raiva ao não ser
atendida em sua solicitação. Ela pode pensar: “ele nunca me ajuda” e gritar que ele é
egoísta”.
Essa crença disfuncional, aliada à falta de diálogo que frequentemente remete o
casamento duradouro, pode causar desgaste na relação, eliciando novos padrões
comportamentais que podem gerar conflitos conjugais. Segundo Baument, “O fracasso
no relacionamento é muito freqüentemente um fracasso na comunicação.” Ainda que
em tempos modernos, onde o processo de comunicação ficou mais facilitado com a
chegada de novas tecnologias, aparelhos sofisticados, internet de alta velocidade, os
cônjuges por vezes, não conseguem sozinhos identificar as situações que geram os
comportamentos disfuncionais na relação, buscando caminhos menos espinhosos para
sair da zona de risco/conflito, que se puseram como aponta “Jablonski (1991), quando
formula o conceito de "fam-ilha", versão contemporânea da família tradicional, ou seja,
uma ilha regida pela ideologia individualista, onde vigoram concomitantemente
demandas paradoxais. A vida a dois é descrita por ele "quase como impossível", tendo
em vista as contradições presentes no casamento contemporâneo: como conciliar
monogamia e permissividade, permanência e apelo ao novo, vida familiar e realização
pessoal?”
A facilidade em desistir do casamento e iniciar uma nova relação amorosa, com
outro sujeito, tem se tornado a decisão mais cômoda nos momentos de crise. Gerir os
desgastes e problemas de uma vida a dois é algo que exige esforço, cuidado e
dedicação mútua, para Baument, “se não há uma boa solução para um dilema, se
nenhuma medida aparentemente sensata e efetiva consegue fazer com que a saída
pareça ao menos um pouco mais próxima, as pessoas tendem a se comportar de modo
irracional, aumentando o problema e tornando ainda menos plausível resolvê-lo.
Ao buscar auxílio terapêutico, o casal se despe dos preconceitos e medos que
giram entorno do processo de autoconhecimento enquanto sujeitos singulares dentro
da pluralidade da relação. Como afirma Walter Riso em seu livro (Amar ou depender?)
“uma boa relação de casal também deve se fundamentar no respeito, na comunicação
sincera, no desejo, nos gostos, na religião na ideologia, no humor, na sensibilidade e
em mais cem adminículos de sobrevivência afetiva”. Por vezes esses pontos são
esquecidos ou ignorados pelo casal no convívio diário. “A TCC segundo Beck &
Freeman (1993) oferece uma proposta de compreensão e intervenção psicológica
integrando os procedimentos técnicos de abordagens behavioristas e cognitivas,
compreendendo os problemas psicológicos como um sistema de respostas que se
apresentam de forma a intercalar o cognitivo, afetivo/fisiológico e comportamental.”
(SILVA, Ana Paula Melo da - UNIVAG PARO, Eliane - UNIVAG)
3 CONCLUSÃO
4 REFERÊNCIAS
DATTILIO, F.M; Padesky, C.A. (1990) Terapia Cognitiva com casais. Porto
Alegre: Artmed
NICHOLS. M.P; SCHWARTZ. R.C. Terapia familiar: conceitos e métodos. Porto
Alegre: Artmed, 2007.
BACK, Judith S.. Terapia cognitiva: teoria e prática. Porto Alegre: Artes Médicas,
1997.