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You are unfortunately the cause of my euphoria.

Você é, infelizmente, a causa da minha euforia.

- Yautcome
(JungKook)

Quando estava no fundo do poço ,ou melhor, perto de estar nele. Surgiu alguém que me fez
afundar cada vez mais , e isso me derrubou completamente, até que anos depois me
recordei dessa fase horrível.

Hoje, esse pessoa que me tirou todo o tipo de esperança, é alguém que quero lembrar para
o resto da minha vida. Ela não só me fez perder expectativas sobre meu futuro , que é algo
ruim, como também me mostrou a beleza da vida e por isso agradeço por ainda estar aqui.
Sozinho , mas bem. Sinto muita falta dela e queria estar com a mesma novamente , porque
não suporto viver sozinho.

Eu sinto sua falta. Espero te ver novamente, Soon Bok.

Essa era a carta que desejei enviar para a Soon Bok , mas infelizmente algo aconteceu. Ela
sumiu do mapa. A carta foi escrita antes de receber a noticia de seu desaparecimento.

"Jovem desaparece em um acampamento de escola" era o que estava escrito em muitos


noticiários e cartazes nas ruas.

Não parecia ser real.

Para meu azar, muitas pessoas nos conheciam e por isso quando esbarrava em alguém
conhecido na rua sempre me perguntavam como estava desde aquele dia. Eu sempre
respondia: "Estou seguindo em frente." Eles não acreditavam no que dizia e por isso ,logo
depois diziam: "Fique bem."

Penso nisso todos os dias e sempre me pergunto se todos combinaram em dizer a mesma
coisa, e após pensar muito concluo que nunca irei saber.

Existem dias que me pego imaginando em quantos locais ela poderia ter ido durante esses
três anos que desapareceu. Soon Bok gostava de ir para parques de diversão.
Provavelmente , hoje deve ter mudado seu gosto , ela sempre foi assim, enjoava facilmente
de muitas coisas.

Ela deve estar se perguntando agora: "Será que ele já almoçou? Conheceu alguém
diferente? Está apaixonado? Ele me esqueceu?"

É claro que isso é só uma hipótese minha, mas se ela realmente perguntasse isso para si
mesma, eu estaria bastante triste. Estaria triste porque ela foi minha primeira amiga e
paixão. Mesmo que esteja sobrevivendo em uma cidade completamente distante de Seul ou
até beijando outras bocas, quero que seja feliz. Não me importo em ser traído por Soon
Bok.
– Oppa! – gritou uma garota para um colega da nossa sala.

– Sim? – disse ele virando-se para ela.

– Me compre uma refeição.

–Qual? – perguntou.

–Bibimbap. – respondeu ela aproximando-se dele – Nunca mais saímos para comer. –
disse ela pegando em seu braço.

– Não acha Bibimbap muito caro?– disse ele passando a mão atrás da cabeça.

– Como assim? – disse soltando-o – Você falou que iria me pagar uma refeição depois
das aulas de matemática que te dei.

– Não posso ficar te devendo essa? – disse ele que parecia estar desconfortável.

– Esqueça. – falou ela afastando-se dele e voltando para sua carteira.

Ela não parecia estar muito contente com o que ele respondeu.

Soon Bok, eu estou bem alimentado. Conheci muitas pessoas diferentes. Estou
apaixonado. Nunca te esqueci.

Estou apaixonado por um cara legal , mas desleixado. Nunca pensei que começaria a
gostar de um garoto , muito menos um como ele. E confesso que me sinto confuso em
relação aos meus sentimentos. Quando me lembro de você , Soon Bok , meu coração
acelera ,como sempre. E quando penso nesse cara, também sinto a mesma sensação.

Estou ficando louco? É possível amar duas pessoas do mesmo jeito?

– Jungkook. – alguém me chama.

– Sim? – digo virando-me para trás.

Hwa Young havia me chamado. Ela estava mordendo um lápis imitando uma expressão
sexy. Não sei de onde ela tirou essa ideia de sempre conversar com alguém mordendo um
lápis.

– Oppa. – disse com voz uma voz sedutora e engraçada – Me compre uma refeição. –
continuou.

Para não deixa-la sem graça , respondi do mesmo jeito:

– Claro, com um pouco de molho picante no arroz. – digo imitando sua voz.

Ela riu em resposta.

Não vi se nossa colega havia escutado nossa pequena conversa, mas se tivesse deveria
estar mais revoltada que qualquer outra pessoa.

– Escutei muito sobre a historia desses dois.– sussurrou Hwa Young.

Nesse momento eu não queria saber de nada sobre o relacionamento da Myung Hee com
ele , por que me sentiria mal. Já estava um pouco deprimido essas ultimas semanas e isso
iria me deixa um pouco mais.

– Você esta escutando muitas fofocas essa semana. – disse eu relembrando da segunda-
feira dessa semana.

Hwa Young escutou muitas historias/fofocas sobre varias pessoas esses últimos dias e
tratou de me dizer os detalhes de cada uma delas. Não digo que não gostei de ter escutado
tudo aquilo, porque tinha certas situações engraçadas. Mas obviamente eu não iria contar
para mais ninguém, já que aquilo não era da minha conta e possivelmente, também não era
de outras pessoas.

– Espero que tenha gostado. – disse antes de virar-me para frente.

Ao me virar tive uma grande surpresa. Taehyung estava sentado de maneira errada em sua
carteira. De imediato cruzou os braços e começou a encarar-me. Eu não sabia o que dizer ,
mas sentia bem lá no fundo, uma grande vontade de rir , pelo motivo de ele estar engraçado
com duas atacas rosas dividindo o cabelo ao meio.

– Good morning. – disse ele lentamente.

– Bom dia.

– O que faz a essa hora da manhã conversando com uma erotizadora? – perguntou ele
desviando seus olhos de mim para prestar atenção na Hwa Young.

– Tenho liberdade de expressão. – disse ela sem aquela voz sedutora – E você está
ridículo com esse novo penteado.

– Eu também não gosto, mas é bem útil para quem não quer molhar o cabelo com a
oleosidade da pele.

Taehyung sempre foi vaidoso em relação ao cabelo. Mas dessa vez estava tirando sarro da
cara da Hwa Young que havia aparecido na aula de educação física com duas atacas na
franja.

– A beleza do homem esta no cabelo. – disse ele passando as duas mãos na parte de
trás do cabelo.

– Você é ridículo. – disse Hwa Young.

Nunca gostei da sinceridade exagerada da Hwa Young , parecia que ela não enxerga nada
além daquilo que se passa pela própria cabeça. E por isso, muitas vezes finjo que não ouço
tudo aquilo que usa como verdade para ferir outras pessoas. Acho que só com o tempo ela
poderia enxergar o que realmente sai da sua boca e que efeito essas palavras fazem em
outras pessoas.

No fundo, sinto que espero que alguém a machuque o suficiente para que ela perceba o
mal que faz. Hwa Young me feriu muitas vezes , por isso e muito mais motivos, espero que
sofra e mude.

Por pensar que quero que sofra para me sentir vingado, me trás muita revolta de mim
mesmo e...

– Já parou para pensar em quantas vezes piscamos por dia? – disse TaeHyung olhando
para mim.

– An ... – não pude dizer nada pelo fato de estar viajando na maionese .

– Eu também não. – disse ele.

Obrigado por responder para mim.

– Que pergunta mais sem sentido.– disse ela jogando uma borracha no rosto dele.

Como conheço o Taehyung , ele deve estar fervendo por dentro agora.

– Pesquisas dizem exatamente que piscamos 34,560 por dia. – disse ele ignorando o que
ela havia dito.

O cara que conheço é bastante resistente a guerra que é ser amigo da Hwa Young.

– Bem útil. – disse ela.

Uma vez Soon Bok me perguntou:

"Já sentiu como se você não fizesse parte de onde vive e mesmo assim permanece lá,
porque não tem outra escolha?"

Eu respondi:

"Sim, mas nunca parei para pensar se outras pessoas já passaram por isso. Acho que
poucas tem esse azar."

Ela com um sorriso brilhante disse:

"Ainda bem que não sinto isso quando estou com você." disse ela antes de me abraçar.

Então conclui:

"Oh, então somos almas gêmeas." falei dando um beijo no topo de sua cabeça.

"Eu tenho certeza disso."

Meu celular vibra dentro do bolso da minha calça. Olho para a tela de bloqueio e surgem
duas mensagens uma atrás da outra:

Jimin: Preciso da sua ajuda.

Jimin: Rapido! Estou sem tempo para esperar mais que dois minutos.

Mas o que ele quer comigo de novo? Ontem o ajudei o suficiente para que não precisasse
mais da minha ajuda.

Mando outra mensagem:

Jungkook: Calma. Onde você esta agora?

Jimin: Estou na cantina.

Porque ele sempre esta na cantina?

Jungkook: Esta certo.

Guardo o celular no bolso e levanto-me da carteira. Aviso ao Taehyung e a Hwa Young que
vou sair para resolver um problema intestinal , é assim que nós três definimos uma situação
que só nós mesmos podemos resolver sozinhos. Eles entenderam o que tinha dito e me
desejaram boa sorte. Problema intestinal é o nosso código de "esta acontecendo algo grave
que preciso resolver."

Depois que sai da sala andei civilizadamente até chegar no final do corredor ,que pelas
regras da escola não poderíamos correr em qualquer área interna dela. O ultimo caso de
um aluno que correu por esses corredores foi o tão conhecido 'desastre ambulante'. Que
acabou derrubando o diretor e sua esposa enquanto corria para o banheiro masculino.
Graças a esse aluno, os futuros atletas só iram praticar nesses corredores quando o nosso
diretor for demitido.

Quando chego na cantina logo avisto um rapaz de cabelo bagunçado , que era o único por
ali que esta batendo a cabeça na mesa , onde esta dois livros e um caderno aberto. Logo
imagino que ele precisa urgentemente de ajuda com as atividades escolares.

Antes de dar mais um passo , pensei em quanto tempo perdi ajudando-o com a matéria de
inglês ontem e também pensei em que buraco fui me enfiar quando aceitei em ajudar esse
garoto com os deveres de casa. Andei vagarosamente até chegar a mesa.

– Precisa da minha ajuda? – pergunto.

Ele levantou a cabeça com tanta rapidez que machucou o pescoço. Colocou uma das mãos
na nuca e depois corrigiu a postura das costas.

– Sim... – disse gemendo de dor – Queria te perguntar se esta livre essa semana.

An?

– Estou. – disse eu.

– Então poderia no sábado me ajudar com matemática ?– perguntou ele.

Porque eu não disse que estava ocupado a ponto de não ter tempo de respirar?

– Sim, é claro. – respondi.

Por dentro eu queria dizer o vantajoso "não".

– Ok. Amanhã ás 16:00 da tarde vou estar te esperando em frente a escola. – disse ele.

Ainda bem que depois desse sábado vou poder dizer um livre e sincero "não" para ele.
Nunca estive tão feliz por estar prestes a trabalhar , que mal podia esperar para a próxima
semana chegar.

Infelizmente , amanhã seria o sábado que eu não queria que chegasse.

– Era só isso que queria me dizer? – pergunto.

– Sim, me desculpe por ter te chamado. – disse Jimin pegando o celular que estava sobre a
mesa – E mais uma coisa.
– O que?

Levantou-se da cadeira e logo após essa ação mostrou-me a tela do celular. Nele estava
uma conversa por mensagem que dizia:

Pai: Diga que agradeço por ele ter te ajudado com os deveres de escola.

Pai: Estou muito grato a ele por fazer você voltar aos estudos.

O pai do Jimin será o meu futuro patrão da loja que irei trabalhar próxima semana.

– Ele só queria te agradecer por me ajudar na escola. – disse Jimin com um sorriso vazio.

– Certo. – disse eu que não estava suportando ficar de pé conversando com o filho do meu
futuro patrão.

– Obrigado , de novo. – disse ele.

Curvei-me em sinal de respeito e me afastei até estar longe o suficiente para acelerar o
passo e começar a correr.

Jimin havia me chamado dez minutos antes da primeira aula começar e imagino que ele
não esta muito preocupado com isso neste momento , pois faltam sete minutos para as
aulas começarem e ele ainda estava no refeitório.

(...)

Depois que as aulas do dia acabaram fui para casa e não esperei para que o jantar
estivesse pronto, dormi como uma pedra na minha cama. Consequentemente quando o
sábado chegou me veio logo a mente que iria me esgotar novamente por causa do Jimin.
Não reclamo da pessoa que ele é. Ele é por uma parte bacana, mas muito lerdo.

– Acorde criança. – disse Seokjin passando algo no meu rosto que imagino ser um
espanador – Lembro-me claramente que hoje é o dia da sua faxina.

Todos os sábados são meus dias de limpar a casa enquanto Jin passa o dia inteiro
trabalhando. Ele não me disse que tipo de trabalho é esse que de segunda-feira até sexta-
feira trabalha em meio período e no sábado vegeta desde ás 06:00 da manhã até 19:00 da
noite.

– Que horas são? – pergunto protegendo o rosto com as mãos.


– 05:00 da manhã. – respondeu.

Acho que não tem necessidade de acordar tão cedo só para limpar a casa, mas já que não
sou eu que pago as contas de casa irei obedecer.

– Entendi. – digo levantando-me da cama.

Coço meus olhos por causa do espanador que Seokjin havia esfregado na minha cara e
logo abro-os. De inicio vejo sua calça social em conjunto com um blazer preto. Nas
semanas anteriores ele não se vestia desse jeito. O que esta acontecendo aqui?

– Que roupa é essa , hyung?– pergunto.

– Irei trabalhar e em seguida vou a um encontro as cegas. – disse ele ajustando o blazer.

Meu Deus, ele vai finalmente sair com alguém depois de dois anos solteiro?

– Boa sorte. – disse eu pensando em tudo que poderia acontecer se esse encontro der
certo.

Jin é meu irmão mais velho e depois que nossos pais morreram ele ficou responsável por
mim e pelos impostos que ele paga todo mês da casa.

Ainda não acredito que alguém possa ter se interessado em ajuda-lo com uma mulher.
Impressionante.

– Não preciso. – disse ele dando-me as costas e direcionando-se para a porta do quarto
que estava aberta.

Passei quase trinta segundos parado pensando em como ele poderia impressionar uma
garota que mal conhece em um encontro as cegas. Desejo do fundo do meu coração muito
boa sorte para ele.

Depois que meu irmão saiu de casa para o trabalho eu comecei a limpar meu quarto e logo
após isso limpei toda a casa , que não era grande , mas me fazia ficar exausto só em limpar
o banheiro. Quando menos percebi já tinha passado mais ou menos a maior parte do dia
tirando toda a sujeira que Seokjin tem preguiça de limpar. Incluindo a poeira do tapete, por
trás dos moveis e em baixo da cama dele , que não sei o porque fica completamente cheia
de poeira e recheada de meias sujas. Certo dia encontrei uma revista de garotas
americanas peladas em baixo do colchão dele.

Não foi uma coisa ruim ter encontrado essa revista , mas foi degradante o que vi escrito nas
paginas:

"Muito vulgar." "Muito gorda." "Muito loira." "Não tem modos."


"Horrível." "Roupa não combina com corpo."

E um desenho de um palhaço no rosto de uma das modelos.

Me pergunto o porque ele tem tantas revistas e só tira proveito delas para escrever criticas
e desenhar palhaços.

Não sei quanto tempo gastei limpando a casa, mas tenho certeza que eu poderia ser um
bom dono de casa sem o Jin.

Sinto meu celular vibrado no bolso do meu casaco. Eu sei quem esta mandando
mensagem. Infelizmente tenho que virar professor hoje a tarde. Pego o celular e logo vejo
quatro mensagens da mesma pessoa.

Nelas esta escrito:

Jimin: Falta meia hora para as 16:00 e como eu sou pontual já estou na frente da escola.

Jimin: Você não esta aqui.

Jimin: Mora longe da escola?

Jimin: Vai demorar muito?

Ele é pior que a minha colega de sala que tem afeição em pedir refeição com voz
"sedutora".

Penso em um milhão de frases para fazer ele não me mandar mais mensagens e a unica
coisa que escrevo é:

Jungkook: Estou saindo de casa.

Jungkook: Não irei demorar muito.

Corro para o banheiro o mais rápido que posso e quando chego perto do chuveiro ligo-o.
Sem me importar em estar usando roupas e tomo banho assim mesmo.

Aproveito e lavo a roupa na hora já que hoje sou reponsavel pela casa e roupas sujas
também.

Depois de cinco minutos de banho sai desesperado da banheiro com minha calça pijama.
Pensando bem essa calça não é minha... Ela tem um estilo um pouco velho, não? Se Jin
descobrir que eu estava usando seu pijama estarei frito e empalhado.

Olhei para o relogio de parede e estava marcando 15:37 da tarde. Como estou muito
apressado corro para o meu quarto e troco de roupa. Quando vejo que não tem mais nem
um tipo de roupa de velho como as do Jin alojada em mim , coloco meus ténis e saiu de
casa com a famosa velocidade da luz. Demoraria dez minutos para chegar no ponto de
ônibus e mais dois minutos para esperar o veiculo chegar.

Não sei se chegarei a tempo de ver o Jimin ainda de pé na frente da escola.

Chegando na escola a primeira pessoa que possivelmente e infelizmente esta lá é o Jimin.


Aproximo-me dele e sem folego tento chama-lo.

– Jim...

– Sim? – disse ele virando-se para mim – Oh. Olá Jungkook.– disse de modo simpático.

– Me desculpe, cheguei atrasado dois minutos. – falei posicionando o relogio na minha


frente de modo que pudesse ver os números.

– Tudo bem.– disse Jimin – Minha casa é bem perto daqui então acho que podemos
chegar la bem tranquilos.

– Você quer que eu vá para sua casa? – pergunto.

– Sim... – respondeu – Algum problema com isso?

– Não. – disse eu nervoso.

Não. Só seu pai que irá ser meu futuro patrão, e eu acho um pouco evasivo entrar na casa
do cara que vai começar a me dar dinheiro toda semana para cuidar do caixa da loja que
ele tem propriedade.

– Então é melhor irmos. – disse Jimin.


Demoramos mais ou menos treze minutos para chegar na casa dele. No momento em que
entrei em sua casa achei tudo muito estranho, não tinha nem um tipo de barulho na
residência. Imagino que ele seja o unico que esta em casa. Tirei meus ténis para não sujar
o chão que estava um brinco.

– Meus foram jantar fora , porque hoje seria o aniversario de casamento deles. – disse
Jimin andando em direção ao que parecia ser um corredor – O meu quarto é por aqui. –
falou apontando para o corredor.

– Esta certo. – digo sentindo um terrivel pressentimento.

(JungKook)

"Antigamente esperava que alguém me dissesse que estava sendo idiota para que pudesse
mudar minhas atitudes." Disse Soon Bok olhando para seu antigo caderno de anotações.

"Porque esta me dizendo isso assim?" Perguntei.

"Porque estou sendo injusta com você." Respondeu colocando o caderno sobre o
travesseiro.

"Injusta?" Eu não entendia o que ela queria dizer. Então imaginei o que sairia a partir dai.

"Eu gosto de você. Sério mesmo." Disse colocando uma das mãos no peito.

Pensei em tantas frases que poderiam sair de sua boca e infelizmente não foi o que eu
esperava:

"Você é um ótimo amigo e eu te respeito muito."


Aquela palavra que você não quer escutar de alguém que gosta muito:

Amigo.

"Vá direto ao ponto." Disse eu.

"Eu sei que você olha de um jeito diferente para alguns garotos." Disse ela me deixando
surpreso.

"Eu olho?"

"Sim" Disse ela deitando-se e usando minha barriga como travesseiro.

Neste momento eu não sabia se meu coração batia de felicidade ou de dor. Felicidade por
estar com ela e saber que se sente segura perto de mim. Dor em lembrar que só saia da
sua boca a palavra "amigo", como resposta para o que eu sempre perguntava em silêncio.

Era comum Soon Bok vir pra minha casa e começarmos a conversar sobre o que aconteceu
durante a semana, ou até mesmo, tocar em assuntos como esse.

"Você não parava de olhar para o bonitinho de óculos." Disse Soon Bok.

Havia um brilho tão evidente em seus olhos ,que me perguntava se isso seria por me ver
observando um garoto ,que ela mesma dizia ser bonito, ou por outra coisa que me fazia
ficar confuso... Hoje ainda me faz ficar confuso.

"Não quer me shippar com ele , certo?"

"Quem sabe." Falou com um sorriso sem-vergonha.

Já ouviu falar em precisar pensar duas vezes antes de fazer algo?

E também , já ouviu falar sobre impulso?

"Oh, é mesmo?" Parecia ser uma boa oportunidade.

Passei uma das minhas mãos em seus fios de cabelo e a outra coloquei embaixo de seu
rosto. Me sentei fazendo-a ficar com a cabeça deitada em meu colo.

Pensei em tantas coisas, e nem uma delas se referia a fazer com que ela se sentisse
desconfortável perto de mim. Soon Bok não era tão bonita quanto as modelos coreanas, e
nem tão pouco como as garotas mais bonitas da minha escola. Ela apenas tinha sua própria
beleza.

"Você só é apenas paranoica." Falei bagunçando seu cabelo.

" Não faça isso com meu cabelo!"


Soon Bok levantou-se da cama e começou a arrumar o ninho que eu havia feito em sua
cabeça.

"Eu posso te ajudar." Digo puxando-a para que voltasse para a cama.

Ela permaneceu sentada na cama até que seu cabelo já estivesse penteado e sem
qualquer tipo de nó. Passei não sei quantos minutos tentando desembaraçar seu
cabelo ,que era liso e tinha fios muito finos.

Parecia uma eternidade.

"Deixe-me ver como você está." Disse eu virando seu rosto para mim.

Até de cabelo bagunçado Soon Bok era bonita.

Não sou muito de ter falta de controle na frente das pessoas, mas perto dessa garota que
além de ser minha amiga , era e ainda é, minha paixão.

Acho que qualquer um poderia me entender.

Quando entrei no quarto do Jimin ,senti uma nostalgia me contaminar. Quase tudo me
lembrava dela. Não tinha nada igual a seu gosto no quarto dele, mas pelo simples fato de
estar aqui me fez lembrar das vezes que ia visita-la e passava o dia inteiro deitado na cama
da Soon Bok comendo o que ela trazia da geladeira. Muitas cenouras e laranjas. Ela era
viciada em laranjas.

– Você esta com seu livro didático por aqui? – pergunto antes que as memórias que tenho
da Soon Bok me façam ficar dopado.

– Oh, sim. – disse ele indo em direção ao seu guarda-roupa.

Era interessante como o quarto dele era bagunçado e organizado ao mesmo tempo. Sua
cama estava completamente arrumada enquanto existia uma pilha de roupas jogadas ao
lado dela.

– Eu acho que esse é o livro de matemática.– disse ele mostrando em mãos um livro limpo
e aparentemente novo.

– Esse não é o livro da nossa escola?– pergunto já sabendo a resposta.


Ele deve ter passado todo esse tempo guardado no guarda-roupa .enquanto Jimin não se
interessava em tocá-lo. No meu caso, o meu esta sujo de café e molho de Ramen de
pimenta. Bom, eu fui responsável por comprar o livro ,e de certa forma não iria devolve-
lo ,é claro. Mas o simples fato de saber que há um livro limpinho como esse dá vontade de
folhear página por página para sentir o cheiro de algo novo.

– É sim. – disse Jimin abrindo-o de jeito desajeitado deixando o livro de cabeça para baixo.

Aproximo-me dele e pego gentilmente o coitado do livro que deve estar com dor de cabeça.
Sim, trato possíveis objetos como gente.

– Em que assunto você esta perdido? – pergunto folheando algumas paginas que ao meu
ver e sentir eram cheirosas.

– Todo o assunto desse bimestre da matéria de matemática.– respondeu com tanta


sinceridade que comecei a perceber que talvez ele não tenha esperanças em relação aos
estudos.

Eu as vezes não tenho esperança , mas me esforço muito quando se refere a matemática.

– Esta certo. – disse eu respirando fundo.

Acho que irá ser difícil ensina-lo em apenas uma noite todo assunto desse bimestre.

– Podemos estudar no chão? – pergunto a ele.

Já que a cama tinha uma pilha de roupas ao lado pensei em não chegar perto dela. O chão
seria uma boa opção para espalhar todas as folhas que poderíamos gastar fazendo os
cálculos.

– Podemos.– disse ele olhando para todos os lados, provavelmente procurando algo.

Me sentei um pouco próximo ao guarda-roupa onde podia encostar as costas quando


estivesse cansado de repetir a mesma explicação ao Jimin. Ele era muito lento em inglês,
que é uma matéria de humanas, imagino que em matemática seria pior.

Não sei o que tanto ele procurava que começou a bagunçar a pilha de roupas. Depois que
tirou todas as roupas saiu puxando um troço preto que parecia ser uma almofada gigante.
Jimin arrastou-a até minha frente e sentou-se nela.

– An... – tentei pensar em falar alguma coisa para não perguntar o que seria essa grande
almofada – Você tem alguns lápis e borrachas?
– Ah ! Tenho sim.– falou ele levantando-se da almofada e dando passos largos até uma
mesa onde tinha um monitor e CPU a amostra.

Ele deve ter boas condições já que seu pai é dono de uma loja de conveniências.

– Eu tenho muitos lápis novos. – disse ele virando-se em minha direção e mostrando um
copo cheio de lápis.

Ainda bem que não precisará comprar outros novos depois de fazer e refazer as pontas
hoje a noite.

– Ok. – digo colocando o livro no chão.

Imaginei milhares de formas possíveis para ensinar o primeiro calculo de matemática, e se


fosse possível, ele não entender nem um deles eu desistiria.

Depois de muitas horas ensinando-o a entender a metade do assunto do bimestre me senti


completamente exausto. Acho que provavelmente irei sonhar com todos os números e
letras das formulas que o fiz decorar. Também acho que não precisarei estudar para as
provas de matemática esse bimestre , porque só de ensinar tudo isso me deixou com medo
de pensar em um Y.

– Você conseguiu entender o ultimo calculo? – pergunto bocejando.

– Um pouco. – respondeu Jimin coçando os olhos.

Só irei sair daqui quando minha missão estiver completa.

– Quer que eu te explique mais uma vez?

– Não... Eu não tenho mais condições de estudar essa noite. – disse deitando-se na
almofada.

– Então tenho que voltar para casa. – disse eu logo passando as mãos nos bolsos.

Não sentia o celular em nem um deles até lembrar que saí tão apressado que não me
lembrei de coloca-lo no bolso do meu casaco.

– Jimin... – chamo-o.

– Hmm?
– Você pode me emprestar seu celular? – pergunto.

Ele coloca sua mão dentro do bolso da calça e tira o seu celular de la.

– Obrigado.– agradeci antes de pega-lo.

Digitei o numero do Jin e cliquei em ligar.

– Alo.– disse ele depois do primeiro toque.

Devia estar mandando mensagens para alguém.

– Você esta no trabalho?– pergunto.

– Não.

– Onde esta ?

– Esperando a garota do encontro as cegas.

Ah, é verdade. Ele vai conhecer alguém hoje.

– Sabe que horas esse encontro pode acabar?

– Não. Por que quer saber? Está sentido minha falta?

– Sim, muita.

– Oh, eu sei.

– Olá. – disse outra voz ao telefone.

– Oh, tenho que desligar. – disse ele que depois desligou na minha cara.

Droga, Jin.

Olho para a tela o celular e está marcado na tela de bloqueio 21:07 da noite. Eu poderia
estar em casa dormindo , mas estou aqui na casa de um garoto que não sabe nada sobre
matemática e que provavelmente vai me fazer aparecer aqui de novo por que não terminei
de explicar todo assunto.

Me felicito por ter ônibus disponivel vinte e quatro horas por dia, porque se não eu teria
que sair daqui correndo até chegar em casa.
Isso me faz lembrar das noites que passava dormindo na casa da Soon Bok enquanto ela
jogava no celular jogos um pouco chatos como os semelhantes a quebra-cabeças. Ela dizia
que a fazia dormir quando não estava com sono.

"Quando não consigo dormir jogo ou leio no celular." Disse ela colocando uma das peças no
lugar que achava certo.

"Ah, é mesmo é?" Disse eu passando o braço em volta de seu pescoço.

"Sim." Falou deitando sua cabeça em meu ombro.

Sua mãe na época não desconfiava de nós dois sozinhos no quarto dela. Pelo menos eu
espero que até hoje não desconfie.

"Hey." Chamei-a.

"Sim?" Ela levantou a cabeça.

Aqueles olhos pequenos e brilhantes me faziam ter um coração acelerado e ansioso.


Naquela noite eu havia dado um beijo na testa dela. Mas acidentalmente quando ela tentou
dar um em minha testa acabou me beijando nos lábios.

"Desculpa." Disse ela dramática como sempre de olhos arregalados.

"Não precisa se desculpar." Disse eu que no calor do momento foi aproveitador.

A beijei.

Como me conhecia bem olhei para baixo e encontrei um volume na calça. Não podia
lembrar de certas coisas que fiz com ela que logo me excitava. Verifiquei se Jimin estava
acordado e sai de seu quarto a procura do banheiro, quando o achei me senti aliviado. Abri
a porta e entrei rapidamente , depois a fechei.

– E agora?– disse eu nervoso.

Não é a primeira vez que fico excitado, mas só em ficar assim em um local não tão
reservado me deu o famoso desespero. Abri a tampa do vazo sanitário e desenrolei um
grande pedaço de papel higiênico. Baixei as calças e vi meu pénis ereto. As vezes me dá
raiva em saber que uma das funções de um pénis é ficar ereto nas piores ocasiões.

Coloquei minha mão no meu membro e respirei fundo.


Ouço batidas na portas.

– JungKook?– era a voz do Jimin do outro lado.

– Sim.– respondo.

– Você vai demorar muito tempo no banheiro? – perguntou.

– Não. – respondi.

Azar.

– Ok. – disse ele – Um cara que diz ser seu irmão está no celular.

Eu tenho muito azar.


Conversa antiga com a Soon Bok:

Soon Bok: Você está na escola?

Jungkook: Sim, porque?

Soon Bok: Não acha errado mandar mensagens durante a aula?

Jungkook: Pergunto o mesmo a você.

Soon Bok: Não estou na escola.

Jungkook: Onde você esta?

Soon Bok: Com o Chung Hee.

Jungkook: Você deixou de ir para a escola para ficar com ele?

Soon Bok: Ele é meu namorado, não é mesmo?

Soon Bok: E só irei faltar hoje.

Jungkook: Se ligarem para sua mãe?

Soon Bok: O celular dela esta descarregado.

Jungkook: Se você não for para a escola agora irei atras de você.

Soon Bok: Tente...

Soon Bok: Estou no ônibus com Chung Hee.

Soon Bok: Não vai querer parar um ônibus só por causa disso.

Jungkook: OK.
Jungkook: Até o final de semana.

Soon Bok: Serio , Kookie.

Soon Bok: Vai mesmo sair?

Soon Bok: Kookie?

Soon Bok: ???????????

Jungkook: Depois conversamos.

18:09

Soon Bok: Você já deve estar em casa.

Soon Bok: Esta chateado ainda?

Jungkook: Estava jogando.

Jungkook: Chegou bem em casa?

Soon Bok: Sim, só estou sozinha aqui.

Jungkook: Oh.

Jungkook: Vou voltar a jogar.

Soon Bok: Kookie, qual o problema?

Jungkook: Nem um.

Soon Bok: Quando você tiver uma namorada também vai ser assim.

Jungkook: Você conversa como se não tivesse acontecido nada semana passada.

Soon Bok: Combinamos em não falar sobre aquilo.

Jungkook: Não vamos fazer aquilo de novo. Me arrependo.

Soon Bok: Ok.

Jungkook: Eu vou sair.


Jungkook: Tchau.

(Jungkook)

– Ah, pode dizer a ele que irei retornar.– disse eu.

Meu coração batia com tanta força que o peito doía.

– Ele disse que era urgente.– disse Jimin.

O que farei agora?

– Você esta com algum problema no estômago? – perguntou – Seu irmão me disse que
você tem problema no estomago quando não come a noite.

Seokjin , considere-se morto.

Graças a isso posso passar mais tempo aqui.

Não sei se o mato ou agradeço.

– Oh, sim! Me desculpe , Jimin.– disse tentando manipular minha voz.

– Eu posso dizer a ele que você ligará depois.– disse Jimin.

Graças a Deus.

– Esta certo e obrigado.– digo sentindo um grande alivio no peito.

Infelizmente, minha amiga me fazia lembrar de momentos excitantes da minha vida.

"Jungkook." Disse Soon Bok afastando seu rosto do meu.

" Sim?" Eu já estava dopado depois daquele impulsivo beijo.

"Foi um acidente." Disse ela.

"Eu sei."Falei.

Naquele momento não aguentava mais olhar para Soon Bok , porque apenas ficar em
abraços e conversar engraçadas era de mais para mim.
Seu rosto mostrava algo familiar que eu também sentia.

Estava excitado e provavelmente ela também. Não perguntei se Soon Bok queria continuar,
porque enquanto estávamos nos beijando senti a metáfora da chama nos lábios dela. E
assim aproximei meu rosto novamente e senti seu ar quente aumentar a frequência.

"Só mais um." Disse ela olhando para meus lábios, ao contrario dela, eu fitava seus olhos
de uma maneira descontrolada.

Sorri em resposta , quando Soon Bok teve a atitude de aproximar nossos labios.

Meus lábios foram de encontro aos seus ,fazendo uma grande festa de sanções dentro de
mim resultando em uma puxada de ar nervosa. Soon Bok, provavelmente mais necessitada
que eu, pulou para meu colo e levou suas mãos ferozes em meu pescoço.

Em resposta, coloquei minhas mãos em sua coxa e cintura. Percebi alguns segundos
depois que meu pênis estava ereto. E dessa forma me permiti ter a consciência de que não
deveria transar com ela dessa maneira.

"Soon..." Eu disse entre nossos lábios.

"Calma." Falou ela descendo uma das mãos para minha calça.

Não Soon Bok.

"Nã..." Gemi.

Havia enfiado sua pequena mão dentro da minha calça, e sem nem um tipo de paciencia,
logo começou a fazer alguns movimentos lentos no meu membro.

Tínhamos uma amizade de infância que por minha parte acabou crescendo a cada dia que
se passava. Mas a forma como eu a queria era tão surreal que nem minhas próprias mãos
tinham controle.

"Soon Bo..." Gemi mais uma vez.

Meus olhos começaram a lacrimejar e um sentimento estranho começou a me consumir. Eu


não sabia o que isso significava, e até hoje não entendo o que aconteceu comigo naquela
noite.

"Só mais um pouco." Disse ela movimenta-se no escuro do quarto.

Ouvi o som de flash se abrindo, que imagino não ser o meu. Era o dela.

Pensei em quantas formas Soon Bok poderia me surpreender e ela acabou fazendo isso de
modo erótico. Vi um pouco da sombra de sua silhueta se levantando em seguida senti suas
mãos em meu membro, novamente.
"Soon Bok, você quer mesmo fazer isso?" Pergunto a ela.

"Chegamos aqui." Disse antes de ela mesma penetrar meu pênis em si."Se existisse um
jeito de parar, já teria feito."

Então ela gemeu. E esse foi o primeiro gemido que escutei sair dela.

Lembrar daquela noite enquanto estou ferrado no banheiro não é um ótimo jeito de lidar
com o que esta acontecendo agora.

Encostei minha mão esquerda na parede para que pudesse me apoiar antes de começar a
me masturbar. Coloquei novamente uma das minhas mãos no meu membro e comecei a
fazer movimentos repetitivos de frente para trás.

"Jung..." A lembrança de seu gemido soava em minha cabeça.

"Kookie... Me desculpa..." Gemeu mais uma vez com voz de choro.

Foi a partir daquele dia que comecei a questionar o que havia acontecido comigo e com ela.

Ao amanhecer nós estávamos deitados na cama. Parecia um sonho ver Soon Bok usando
meu casaco enquanto dormia.

Como sempre , ela ainda permanecia bonita com aquele cabelo bagunçado. Ainda ficava
mais bela enquanto dormia. Esse era um dos bons momentos que tinha com a Soon Bok,
quando dormíamos no mesmo quarto ,sem nem um tipo de vergonha de olhar um para o
outro depois de uma boa noite de sono.

"JungKookie." Chamou meu nome.

"Sim."

" Que horas são?"

Olhei para o despertador ao lado da cama e o mesmo marcava 05:45 da manhã. Séria cedo
de mais para acordar , já que hoje é sábado.

" Esta muito cedo." Disse eu.

" Então vou voltar a dormir." Disse ela pegando o travesseiro e colocando-o em cima do
próprio rosto.

Não tinha mudado nada entre nós pelo que vejo. E isso me fez pensar nessa noite tão
inesquecível.

Ela não era virgem.


Com quem teria dormido em sua primeira vez?

Nada daquilo fazia parte do meu presente, mas por teimosia ,agarrava as oportunidades
que tinha de me lembrar dela.

Após terminar de me masturbar peguei o papel higiênico , limpei minha mão e as bordas do
acento do vaso sanitário. Segundos depois parei para pensar em o que estava fazendo da
minha vida, e o porque ainda continuava loucamente apaixonado por ela.

Sei que muitas vezes me iludo lembrando das noites que passei com Soon Bok.
Infelizmente, sinto a falta dela a quase todo momento, e também não aceito o seu
desaparecimento. Acredito que ainda esteja por ai , conhecendo novas pessoas.

Abro a porta de banheiro e saiu pisando silenciosamente do mesmo. Olho para todos os
lados pedindo para que Jimin não esteja por perto e continuo a andar. Quando chego em
frente ao seu quarto escuto um barulho de algo pesado caindo no chão. Coloco minha
cabeça para dentro do local e vejo Jimin tentando pegar uma caixa de papelão do chão.
Decido entrar vagarosamente no quarto a fim de ver o que ele tentava fazer com aquela
grande caixa.

– Posso ajudá-lo?– pergunto.

Surpreso, olha para mim de boca aberta e logo em seguida solta a tal caixa.

– Oh, sim. – disse levando uma das mãos para trás da cabeça.

– Onde quer coloca-la? – pergunto.

– Em cima da cama. Pode ser? – respondeu apontando para o colchão.

– Ok. – disse eu aproximando-me da caixa e logo depois pegando-a.

Ao levantar a caixa de papelão senti alguns objetos caírem nos meus pés.

Baixei minha cabeça para ter uma boa visão dos possíveis objetos que estão sobre meus
pés. Depois de alguns segundos pude ver que caixa estava aberta por cima e por baixo
criando um fundo falso. Entre uma pequena brecha da parte de baixo vi um ursinho de
pelúcia e...

O que é isso?

(Jungkook)
Me abaixei para poder enxergar melhor todos os tipos de brinquedos que haviam caído.

Ele gosta de guardar brinquedos antigos.

Peguei um cubo de cores diferentes e o mesmo estava incompleto. Faltavam alguns


adesivos coloridos para dar efeito e deixa-lo completo.

– Me desculpe, Jungkook. – disse Jimin apressando-se para pegar todos os


brinquedos ,que podia carregar em seus braços.

– Tudo bem. – disse eu tentando acompanhar sua velocidade – É só colocar uma fita na
parte de baixo da caixa e irá estar melhor.

Viro a abertura da caixa para baixo deixando possível ver a outra parte mal fechada da
mesma. Tento procurar entre os seus brinquedos algum tipo de fita que pudesse reforçar
um pouco o papelão rasgado , para que ele não precisasse pegar outra caixa.

Jimin surpreende-me colocando uma fita adesiva em frente aos meus olhos. Em resultado
de sua atitude inesperada,pego a fita encostando meus dedos nos seus, que estavam
gelados.

Parecia pele de morto.

Nem o inverno de Seul me fez ficar com as mãos tão geladas quanto as dele.

– Você esta bem , Jimin?– perguntei.

Como a pele de alguém pode ser tão fria?

– Sim. Porque?– respondeu puxando-a para si.

– Acho que suas mãos estão geladas. – disse eu.

– Não, deve ser impressão sua.– disse juntando as próprias mãos para sentir a
temperatura.

Ele não conseguiria sentir o quanto estava gelada as suas mãos juntando-as desse jeito,
porque tinham a mesma temperatura. Jimin olhou para mim e balançou a cabeça indicando
que não sentia o mesmo que eu.

– Você só consegue sentir a temperatura da sua mão se coloca-la no rosto.– disse eu


levantando-me.

Pego em uma das suas mãos e coloco-a em seu rosto, no mesmo instante que sua pele foi
tocada pelos próprios dedos, arregalou os olhos demonstrando surpresa. As vezes me
pergunto se ele se faz de bobo ou realmente não tem muito conhecimento sobre muitas
coisas.
– Bom, se você não me dissesse isso, eu nunca saberia. – disse ele.

Olhei diretamente para seus olhos percebendo que o mesmo também o fazia, e por isso um
efeito estranho estranho se fez dentro de mim. Então para que essa sensação não durasse
por muito tempo, tirei rapidamente minha mão da sua e voltei minha a atenção para a caixa
de papelão que precisava de uma fita potente.

– Posso te ajudar?– perguntou Jimin.

– Não. Eu termino de lacrar a caixa rapidinho.– disse eu com intenção de fazê-lo


permanecer no mesmo lugar.

Lacro a parte de baixo o mais rápido que posso e viro-a deixando a parte de cima exposta.
Pego os brinquedos que estavam espalhados pelo chão e coloco-os na caixa. Jimin por sua
vez, surge em minha frente com os outros brinquedos e os coloca na caixa. Afasto-me para
dar mais espaço a ele , e sem seguida piso em algo pontudo que machuca a sola do meu
pé. Rapidamente viro a parte de baixo dele para cima e vejo um pequeno caco de vidro
enfiado no mesmo.

Como pode surgir um caco de vidro em meio a brinquedos?

Pulo com um pé só até a cama do Jimin e sento-me, logo tento tirar o caco que ao tentar
puxar para fora, senti uma pequena dor invadir minha pele.

Como isso entrou ai? Perco um pouco do resto de paciência que me resta e puxo com
força até sair a parte pontuda. Como resultado gemi em tom baixo e me apressei para
tampar a parte cortada com a mão.

– Jimin. – o chamei.

– Sim?– disse ele virando-se.

– Você tem algum tipo de curativo?– pergunto.

– Tenho.– respondeu.

– Pode me ajudar ?– disse eu mostrando o ferimento causado pelo vidro.

Logo que viu apressou-se em direção a sua mesa de estudos e abriu uma das gavetas.
Tirou uma caixa plástica branca e após abrir a caixa veio até mim com uma pequena
garrafa de álcool, gaze, atadura e esparadrapo.

– Pode soltar seu pé?– perguntou ele levando uma de suas mão em direção a minha
panturrilha.

Jimin abaixou-se lentamente agachado no chão ,logo depois se sentou colocando meu pé
sobre sua coxa. Provavelmente ele iria limpar a parte do corte com álcool e depois colocaria
a gaze , e em sequência finalizaria com atadura e esparadrapo. Mas o sangue que estava
escorrendo? Aquilo mancharia sua calça.

– Jimi... – fui interrompido por uma ardência após ele ter derramado álcool no pequeno
corte.

– Sim? – disse enquanto estava concentrado limpando a abertura com o gaze.

Isso dói!

– Você vai manchar sua calça com o sangue. – disse eu olhando atentamente para o jeans
claro de sua calça ,que se escurecia pelo motivo de o sangue ter escorrido junto ao álcool.

– Não tem problema. – falou Jimin que parecia estar se preocupando mais com o meu
pé ,ao invés de se importar com o que sua mãe irá dizer quando ver sua calça manchada.

Acho que ele tem algum problema.

Depois que terminou de passar o esparadrapo na atadura ,guardou os curativos dentro da


caixa de plástico e a pós de volta na gaveta de sua mesa. Logo notei que a parte de trás de
sua calça estava mais ensanguentada que a parte posterior , por isso senti um pouco de
culpa por tê-lo deixado cuidar do meu pé.

Eu deveria ser mais atento em olhar para onde piso.

– Você deveria ligar para seu irmão.– disse ele.

– Oh, certo... – disse eu lembrando-me que esqueci do celular em casa – Você poderia me
emprestar seu celular novamente?– pergunto.

– Claro. – respondeu ele levando sua mão esquerda até o bolso da própria calça e em
seguida tirando seu celular do mesmo.

– Vamos fazer uma nova reconciliação próximo ano.– ouço a voz do pai do Jimin.

– Jungkook. Filho!– gritou uma mulher.

Jimin olha atentamente para a porta de seu quarto e depois franziu as sobrancelhas.
Imagino que ele não tenha escutado direito ou até mesmo não entenda o porque de sua
mãe estar lhe chamando. Rapidamente me entregou o celular e saiu do quarto deixando a
porta aberta.

– Sim?!– gritou de volta.

– Me ajude com seu pai. – falou ela com voz tremula.

Não me arrisquei em levantar da cama e ir atrás dele para saber o que estava acontecendo.
Me aprecei em digitar o numero do Jin para em seguida ligar para o mesmo. Quando digito
seus primeiros quatro números surgi um nome de contato salvo. Estava salvo como: "Irmão
do Jungkook". Precipito-me em clicar no número e depois permiti a ligação e esperei
Seokjin atender.

– Hello.– disse ele após atender.

– Pode vir me buscar na casa do meu colega?– pergunto.

– Novamente fazendo novas amizade ,Jungkookie! Eu gostei disso.– disse ele com voz
sorridente.

Como posso perceber, Jin também não esqueceu o que passei com Soon Bok.

– Claro que posso lhe buscar , meu caro.– falou Jin que parecia estar em rua
movimentada, porque podia-se escutar alguns sons de buzina.

– Hyung, vamos dar mais uma rodada.– disse uma outra voz.

– Agora não posso beber. – disse Seokjin logo em seguida rindo – Me mande o endereço
da rua em que a casa do seu amigo se localiza. Até daqui a pouco. – disse antes de
desligar.

– Eu não quero tomar banho! – gritou o pai do Jimin.

Em seguida, ouço um som de algo caindo no chão, arrastar de moveis e passos pesados.

– Não posso mais curtir minha reconciliação com minha mulher?!


(Jimin)

É injusta a forma como tudo acontece. Para conquistar algo deve-se lutar até o fim , ele
sendo ou não gratificante.

Meu pai acabou de chegar bêbado ,depois de passar algumas horas comemorando sua
festa de alguns anos de casamento com minha mãe. Ele é um bom homem e não ligo se o
mesmo chegou em casa bêbado. Só me sinto desconfortável por ter que ajuda-lo a tomar
banho depois de convidar um colega de sala para me ajudar com matemática, e
possivelmente, esse meu colega deve ter se assustado com meu pai.
Eu nunca fui muito próximo do meu pai a ponto de conversar sobre meus problemas
pessoais, ou coisa parecida. E mesmo que eu não tenha esse tipo de intimidade com ele,
ainda permaneço ajudando-o. Porque é isso que os bons filhos fazem, certo?

– Abeoji, por favor. – disse eu levantando-o do chão.

– Eu amo minha mulher. – disse meu pai abraçando-me.

Ele acha que sou a mamãe?

Assim que sentir seu abraço, como se quisesse me beijar , desviei meu rosto e o virei em
direção ao corredor onde se localizava o banheiro. Por mais que seja engraçado quando
esta embriagado , me faz passar muita vergonha quando tento ajuda-lo. Infelizmente , me
sinto tão envergonhado por ter um pai descontrolado como este , que as vezes me sinto
forçado a ódia-lo, sempre que tenho oportunidade de sentir isso. Aposto que minha mãe
também se sente envergonhada por ter um marido que abusa do álcool em dias de festa.

– Me acompanhe até o banheiro , abeoji. – falei enquanto o arrastava até a entrada do


corredor.

Quando levei-o até o banheiro liguei o chuveiro e o sentei no chão deixando a água morna
no suficiente, para que ele não morresse de hipotermia na minha frente. Logo em
seguida ,chamei minha mãe para que ela pudesse ajuda-lo no banho, porque enquanto isso
poderia ir ao meu quarto para ajudar o Jungkook a chegar na porta de casa e sair.

Meus pais não sabiam que havia convidado-o. Isso foi até bom ,porque eles não deixariam
que trouxesse um garoto para casa ,pelo motivo de saberem que eu tenho uma
"preferência" por garotos.

Semana passada , minha mãe tentou resolver o meu problema, trazendo uma garota de
classe média, que na mesma semana tive dois encontros com a mesma. E acabei
descobrindo que ela gostava de de ramens de pimenta, porque todas as duas vezes que
nos encontrávamos ela pedia por ramen de pimenta, o que de inicio me assustou. Mas
depois descobri que ela gostava de comer coisas apimentadas porque sentia frio com
frequência, então me acostumei com essa pequena condição que ela tinha.

Em países do ocidente é mais aceitável ter homossexuais que na Coreia. Muitas


vezes ,finjo não escutar certos comentários dos meus pais em relação a minha preferência
sexual , porque os mesmo não entendem como é gostar de alguém do mesmo gênero. E de
alguma forma, para eles é algo nojento de se sentir. Eles não, ele, meu pai.

Nas breves oportunidades que tem, meu belo pai tenta fazer minha mãe concordar com
seus comentários nojentos , e isso me incomoda tanto que muitas vezes sinto vontade de
querer quebrar meu pai na porrada.

Quando chego no quarto vejo Jungkook levantando-se da cama. E a partir dai lembro-me
que ele havia deixado os seus tênis na porta de entrada de casa. Não sei se minha mãe
notou esses tênis ou se estava preocupada de mais com o meu pai para que toda sua
atenção caísse somente para ele.

– Tudo bem, Jungkook? – pergunto aproximando-me com intenção de ajuda-lo.

– Sim. – respondeu ele que já estava de pé se apoiando em uma das pernas.

Infelizmente, tive que usar como desculpa essas aulas extra que tenho com ele para me
aproximar , porque Jungkook é um cara interessante. Mesmo que meus pais não me
apoiem em relação a minha sexualidade, irei fazer o que for possível para viver de um jeito
que me faça me sentir livre. Jungkook não seria essa a minha porta de liberdade, é claro,
pois mal o conheço e possivelmente ele pode até não se interessar por garotos.

– Posso lhe ajudar?– pergunto.

Ele responde balançando a cabeça em sinal de não querer ajuda.

– Meu irmão pode chegar daqui a pouco e preciso estar lá fora o esperando. – disse ele
tentando dar um passo que o faz desequilibrar.

– Eu posso te levar até a porta.– disse eu apoiando-o em meus ombros.

– A... – antes que ele pudesse dizer algo coloquei-o nas minhas costas.

A forma mais rápida de tira-lo da minha casa seria essa ou fazê-lo sair correndo, mas isso
não seria possível já que o mesmo não podia dar se quer um passo sozinho.

Não vi a profundidade do corte em seu pé , mas posso garantir que enquanto passava
álcool em sua ferida não parava de jorrar sangue. Não sei ao certo se o que o perfurou foi
algum vidro que estivesse perambulando pelo chão ou até mesmo uma das minhas laminas
de barbear.

– Vou te levar até a parte de fora de casa.– disse eu dando alguns passos até a porta do
quarto.

– Está certo. – disse Jungkook que não parecia estar confortável com minha atitude.

– Jimin, ajude-me a achar uma toalha para seu pai!– gritou minha mãe do banheiro.

E no banheiro não tinha uma?

– Estou indo, eomeoni! – gritei de volta – Vou te levar para fora , Jungkook.– disse eu
passando pela porta do quarto.

Apressei-me em leva-lo para fora enquanto ainda restava algum tempo ,e logo depois corri
em direção ao banheiro onde encontrei meu pai sentado dentro do box olhando de uma
forma deprimente para a parede a sua frente. Fazia muito tempo em que não via meu pai
com essa expressão no rosto. Da ultima vez que o vi assim foi quando ele descobriu que
seu pai havia morrido e que seu único filho tinha se relacionado com outros homens , ou
seja, esse seria eu.

Mas desta vez era diferente, não dei nem um motivo para que ele ficasse desse jeito. Será
que ele e minha mãe brigaram?

– Abeoji? – chamo-o.

– O que esta fazendo parado me olhando desse jeito? – perguntou ele.

– Na...

– Então me ajude a sair dessa caixa de vidro. – disse ele tocando no vidro do box.

– Pai, porque esta desse jeito?– pergunto enquanto aproximo-me da porta de vidro.

– Acabei bebendo de mais e briguei com sua mãe.– respondeu passando as mãos no rosto
em sinal de estresse.

Arrasto o vidro do box para o lado e entro no mesmo ,logo depois posicionando-me para
levantar meu velho pai daquele chão molhado. Me movo vagarosamente enquanto puxo
seus braços para cima de meus ombros.

– Qual seria o motivo dessa vez?– pergunto-lhe.

Ele respirou fundo antes de dizer algo, coisa que nunca havia feito antes.

– Esqueci do presente de aniversario, enquanto ela já havia me dado um.– disse ele.

Que vacilo , pai.

– Oh, entendo. – disse eu colocando-o em minhas costas.

Acho que hoje me transformei em um burro de carga.

– Jimin, não precisa de... – disse minha mãe após chegar no banheiro com uma toalha
branca.

– Irei leva-lo para o quarto.– disse eu andando com cuidado para não escorregar.

Logo após ter levado o meu pai para seu quarto, voltei para o meu com intenção de deixar
que , não pela primeira vez , eles conversassem sozinhos. Ao contrario do quarto dos meus
pais o meu não é tão organizado e possivelmente não tinha o mesmo aroma.

Quando cheguei no meu quarto lembrei que não havia informado ao Jungkook, que meus
pais não sabiam que ele estava aqui. Mas se tivesse dito a eles que traria um colega da
escola para casa pensariam que estava usando minha própria casa como motel.
Espero que Jungkook não tenha dado de cara com algum vizinho meu , porque
possivelmente iriam querer saber quem seria o jovem que saiu da minha residencia. E
logicamente iriam perguntar aos meus pais. Só meus pais sabem que tenho interesse por
garotos , mas os mesmo suspeitam que os vizinhos também saibam, eu também suspeito.

Ter vizinho fofoqueiro não é fácil.

Ouço meu celular tocar. Ando com meus olhos pelo quarto a procura do meu celular e o
encontro sobre a cama. Pela distancia que estava dele poderia ver quem estava me
ligando.

Na tela estava escrito seu nome e foto de perfil:

Young-Soo.

O que será que ela quer comigo agora? O ultimo encontro não foi ruim o suficiente?

Ultimas mensagens do Jimin:

Jimin: Jungkook, chegou em casa?

Jungkook: Sim. Obrigado por se preocupar.

Jimin: Encontrou alguns dos meus vizinho na rua?

Jungkook: Não...

Jungkook: Porque?

Jimin: Me desculpe por não te dizer antes, mas te levei para minha casa sem meus pais
saberem.

Jungkook: Esta tudo bem.

Jungkook: E em relação aos estudos... Para concluir o assunto podemos estudar na


biblioteca.

Jimin: Certo.

Jimin: E me desculpe pelo seu pé. Na minha caixa tinha muitos brinquedos quebrados.

Jungkook: Tudo bem.

Jungkook: E obrigado por emprestar seu celular.

Jungkook: Poderia não comentar com mais ninguém sobre meu problema de estomago?

Jimin: ????

Jimin: Oh!

Jimin: Tudo bem. Não digo para ninguém.

Ultima conversa com Jin:

Jin: Ohhh! Jungkook.

Jin: Estou na frente da rua do seu amigo.

Jin: OOOh.

Jin: Parei meu carro ,porque não tenho certeza se essa realmente é a rua do seu amigo.

Jungkook: Estou vendo o farol de seu carro. Pode continuar.

Jin: Porque não aproveitamos esse momento para bater um papo?

Jungkook: Estou com o pé ferido e não estou com bom humor.

Jin: Estou namorando agora.

Jin: Ela é muito legal.


Jungkook: Tão rapido assim?

Jin: Sim.

Jungkook: Não pensou em conhecer a familia dela primeiro?

Jin: Ainda não.

Jin: O irmão dela iria achar isso muito louco.

Jungkook: Concordo com ele.

Jin: YAAA!

Jin: Você conhece o Nam Joon?

Jungkook: Aquele cara que te quebrou a perna ano passado?

Jin: Melhor conversarmos pessoalmente... Acho que vou ser multado se permanecer aqui.

(Jungkook)

Havia chegado na casa dela. Soon Bok estava um pouco estranha e logo imaginei o
porque.

"O que houve?" Pergunto-lhe.

"Como assim?" Disse ela enquanto colocava sua mochila na cama.

"Você esta estranha." Disse eu fechando a porta do quarto.

"Eu estou bem." Falou Soon Bok antes de deitar-se na cama.

"Você vai dormir?" Pergunto.

"Esta perguntando de mais hoje." Expressou raiva.

Sim, porque você saiu com aquele idiota essa semana e ainda por cima não quer me dizer
o que esta acontecendo.
"Me desculpe." Falei andando em direção a sua cama e logo depois pulando na mesma.

" Tudo bem." Disse Soon Bok cobrindo-se com o cobertor.

"Mas não esta muito cedo para dormir?"

Eu realmente queria que ela me confirmasse o porque de estar desse jeito. Queria que
dissesse que aquele filho da puta fez algo de errado para me sentir melhor.

"Não." Disse enquanto cobria seu rosto.

"Soon Bok." Chamei sabendo que a mesma tinha escondido o rosto porque estava
chorando.

Ela tinha esse costume de entrar dentro do cobertor quando estava triste ou chateada com
algo, era um pouco infantil ,mas o que só me restava seria perguntar o que tanto
incomodava.

"Eu quero ficar sozinha." disse ela.

Traduzindo: Preciso de ajuda.

" Eu também quero ficar sozinho." Falei entrando para dentro do cobertor.

"É sério." Sua voz estava com som melancólico.

" Também estou falando serio." Disse eu enquanto a abraçava "Quero ficar sozinho com
você."

Soon Bok sempre jogava todas as suas lagrimas para fora quando recebia um abraço,
principalmente quando estava triste.

Com alguns segundos depois a ouvi soluçar baixinho. Passei minhas mãos por suas costas
demonstrando solidariedade.

Talvez eles tenham terminado.

Talvez eu esteja tendo expectativas em vão.

"Me desculpa." Disse Soon Bok abraçando-me pelo pescoço.

"Tudo bem." Falei dando alguns tapinhas em suas costas.

"Me desculpa mesmo." Disse colocando sua cocha sobre meu quadril.

Isso me fazia lembrar da semana em que eu a escutei gemendo. E por mais que neste
momento Soon Bok esteja frágil , eu gostaria de ouvi-los novamente.
"Você esta melhor?" Perguntou-lhe.

" Um pouco." Disse ela acariciando meus fios de cabelo.

Somente eu sinto essa necessidade de beija-la?

Fitei com desejo o seu pescoço. Não deu mais que um segundo, já estava passando meus
lábios pela sua pele macia que arrepiava-se enquanto beijava o beijava. Caminhei meus
lábios até sua bochecha e tive a iniciativa de me movimentar para fazê-la ficar por baixo de
mim. Passei minha mão por sua cintura e logo me veio a mente uma pergunta que queria
fazer a Soon Bok:

"Você ainda quer dormir?" Perguntei.

"Não."

"Posso tirar sua blusa?"

Seria um pouco idiota da minha parte saber se ela gostaria que a toca-se? Ou seria uma
forma de respeito?

Soon Book demorou para responder, mas respondeu:

" Pode." Sussurrou ela.

E assim afoguei minhas mãos em sua roupa e tirei cuidadosamente. Pude ver seu sutiã
amarelo exibir-se sutilmente e logo após isso olhei em seus olhos que, infelizmente ainda
saiam lágrimas.

Ela me fitava de jeito tão vazio que tive medo de perguntar se o que estava acontecendo
nesse exato momento não significaria nada para ela.

Me desculpe, mas não posso fazer isso com você.

"É melhor dormir." Falei afastando meu corpo do seu , depois cobrindo seus seios quase
expostos com a blusa que havia tirado.

"Não me deixa dormir, por favor." Disse antes de aproximar-se e enterrar rapidamente ,
seus lábios nos meus.

Nunca pensei que iria pensar em pedir socorro depois de tanto desejar algo assim. E dessa
vez peço mentalmente por socorro , porque não irei ter piedade em fazê-la sentir o que eu
também sinto.

Desculpe-me, Soon Bok.

Novamente tive uma lembrança dela enquanto dormia e como todas as vezes que isso
acontece estou devidamente excitado.
– Bom dia! – disse Jin encostado perto da porta – Vou sair novamente, espero que se
comporte.

Ontem Seokjin quase me fez quebrar seu braço por causa da sua forma ridícula de dirigir.
Ele havia dito que não estava bêbado, mas senti o cheiro de bebida alcoólica sair enquanto
o mesmo falava.

– Serio?

Olho para a janela e a mesma mostra o céu em um azul quase escuro. Provavelmente seria
05:00 da manhã.

– Tenho coisas a fazer e preciso que você fique acordado desde cedo. – disse ele
sorridente.

As vezes tenho vontade de mata-lo.

– Ok.– digo levantando-me da cama – Mas porque sempre acordar cedo aos domingos? Eu
posso cuidar da casa dormindo também.

Ninguém iria roubar nada nessa casa , se essa for a preocupação dele.

– Ya!– gritou ele tirando o tênis do pé e jogando-o em mim – Você nunca acorda antes das
10:00 horas da manhã aos domingos.

Não me recordo disso. Mas se eu quiser ainda ter onde morar devo fazer o que ele me diz.

– Esta tudo bem. – disse eu pegando seu tênis do chão – Mas isso aqui ... – digo
apontando para o tênis – Esta fedendo.

– Ya! Você deve estar com problemas no nariz. – disse Jin apontando para meu rosto.

– Pelo contrario, nunca esteve melhor. – disse eu jogando-o de volta para ele.

– Não acredito em você.– falou ele colocando o tênis perto do nariz.

Logo depois tossiu e o calçou antes que, provavelmente, enfestasse o quarto.

– Eu vou para o banheiro.– disse eu dirigindo-me para meu guarda-roupa.

– O que vai fazer lá?– perguntou Jin me fazendo lembrar do meu membro ereto.

Olhei para baixo percebendo o volume ainda estar por ali. Assim tento me acalmar antes de
dar alguma resposta a ele. Mas o que deveria dizer? Que vou bater uma punheta?

– Tomar banho.– falei de costas para Seokjin.


– Oh. Serio?– disse ele irônico.

– Sim. – falei enquanto abria a porta do guarda-roupa.

– Certo. Então, até daqui a pouco.– disse ele antes de sair e fechar a porta.

Foi por pouco ou ele percebeu o que tinha entre minhas calças?

(...)

Mais tarde , me encontrei pensando do pedaço de vidro que entrou no meu pé. E pior que
isso, pensei em como o Jimin fez aquele curativo. Pelo jeito que me conheço, posso estar
me interessando por ele, mas infelizmente sei que estou lembrando dele só por um simples
e idiota motivo. Estou me sentido carente. Isso me faz recordar que gosto de duas pessoas
ao mesmo tempo e não quero incluir o Jimin nessa roubada.

Myung Suck, esse seria o meu segundo amor não correspondido. Me pergunto o porque de
me apaixonar tão fácil e ainda por cima não ser correspondido em todas essas vezes. Para
quem olha de fora imagina que eu nunca tentei gosta de mais ninguém além da Soon Bok ,
mas infelizmente isso não é verdade. Tentei me apaixonar por uma garota em um encontro
as cegas e não consegui nem um retorno. Entre muitas pessoas que já tentei ter algo, uma
delas me fez sentir algo semelhante ao que sinto por Soon Bok. Myung Suck é o
responsável por esse sentimento.

Além de estudarmos na mesma sala, nos encontramos quase todos os dias no ponto de
ônibus. E nesses previstos encontros ele acaba tentando conversar comigo. Eu não sou de
conversar muito, mas ele sim. E infelizmente é sempre um assunto que não faz parte das
minhas ideias ou até mesmo do que gosto.

Soon Bok , Myung Suck e talvez ... Jimin?

Ouço um toque na minha campainha. Levanto-me do chão e corro mancando até a porta de
saída da casa.

Logo depois que estou de frente a ela, arrumo a camisa do pijama de velho do Jin e após
isso abro a porta.

– Olá... – disse eu antes de ver o rosto da pessoa a minha frente.

– Preciso de sua ajuda.– disse ele mais pálido que as nuvens.

– O que houve, Jimin?


Mensagens enviadas para Jimin:

Young Soo: Oppa.

Young Soo: Você esta bem?

Young Soo: Porque não atendeu o celular?

Young Soo: Encontrei seus pais na rua.

Young Soo: Podemos nos encontrar no domingo?

Young Soo: Estarei te esperando naquela lanchonete.


(Jimin)

Se algum dia pudesse fazer Young Soo ser minha amiga, seria muito bom. Porque agora
ela é só uma garota que eu quero me livrar, além de também ser a mais indicada pelos
meus pais para que ser minha namora-esposa.

Imagino como seria se atendesse esse celular e após isso escutar um "eu acho que é
melhor pararmos por aqui , oppa." Iria ser um dos melhores momentos de libertação da
minha vida, onde Young Soo desiste de me procurar e eu por estar livre dela começaria a
ser uma nova pessoa longe dos meus pais.

Talvez algum dia possa dizer ao meu pai que mesmo que ele não me aceite estarei feliz em
viver do jeito que eu sempre quis. Mas sinto que isso não acontecerá tão cedo.

– Jimin?– minha mãe me chama do lado de fora do quarto.

– Sim?

– Seu celular estar tocando?– perguntou.

– Não , omma.– disse eu ,escondendo meu celular atrás das minhas costas.

– Seu pai precisa de remédios para a enxaqueca.– disse ela – E eu não sei onde foram
parar todas as cartelas. Você pode ir comprar?

– Posso.

Ele tem costume de tomar três cápsulas todas as vezes que sente dores causas dela
enxaqueca. Acho que esse deve ser o motivo de as cartelas terem sumido.

– Devo pagar usando o cartão? –pergunto.

– Sim. –disse minha mãe – Quando voltar deixe o remédio no quarto do seu pai.– falou
saindo da porta do quarto.
No quarto do meu pai? O quarto não é de vocês?

Assim que ouvi seus passos se distanciando , guardei o celular dentro do bolso da minha
calça e procurei por um casado na pilha de roupas que havia deixado ao lado da cama. Não
sei se Jungkook percebeu a existência dessa montanha de roupas sujas , mas se essa
possibilidade existir espero que o mesmo não pense que sou desleixado. Não tem algo pior
que alguém ter uma primeira impressão errada sobre o outro e julga-lo por isso.

Após vestir o casaco saiu do meu quarto e vou rapidamente até a porta de saída da casa,
onde a mesma está fechada. Abro-a até ouvir o som de uma leve chuva se estender do lado
de fora, em seguida olho atentamente para a rua antes de pegar um guarda-chuva
preto ,que estava ao lado de um pequeno cômodo de madeira.

Me pergunto o porque de sempre chover quando resolvo sair de casa.

Ao chegar na farmácia onde costumamos comprar todos os nossos medicamentos,


cumprimentei o farmacêutico curvando-me.

– Annyeonghaseyo.– disse eu.

– Olá, Jimin.– disse o senhor Suck Chin.

– Eu preciso de alguns remédios para enxaqueca. – falei aproximando-me do balcão.

– Esta sentido dores?– perguntou.

– Ah, não. Nós sempre compramos para algum caso de emergência.– respondi.

Desde o inicio minha mãe sempre me dizia que não poderia informar a nem um
farmacêutico sobre quem seria a pessoa que usaria os medicamentos , porque meu pai
tem um histórico com vicio por drogas lícitas. E o senhor Suck Chin não sabe sobre esse
problema que meu pai enfrenta, por causa disso a cada seis meses apareço em sua
farmácia procurando por cartelas. Enquanto meus pais vão para outros estabelecimentos
alimentar esse vicio.

– É claro! – disse ele colocando a mão na cabeça – Como poderia me esquecer?


Raramente você vem aqui ,Jimin. – disse virando-se para a prateleira.

Talvez esse seja um mal costume que ele aplique a si mesmo para se sentir protegido. Ou
deva ser um problema psicológico.

– O senhor poderia me indicar um tipo de remédio que ajude a aliviar cólica menstrual? –
pergunto.

Como era de se esperar ele virou-se para mim com uma expressão confusa.

– Sua mãe esta precisando?


Minha mãe menstrua ainda?

– Sim, ela me entregou a receita medica , mas acabei perdendo. – falei enquanto pensava
em alguma ideia para conseguir um remédio extra.

– Vou lhe entregar o que minha mulher usa. – disse ele abaixando-se.

Será mesmo que ele vai me dar um medicamento sem receita medica?

– A maioria das mulheres usam e dizem que é muito bom. – falou o senhor Suck Chin se
levantando com uma garrafinha com liquido laranja.

Que coisa era aquela na garrafa?

– O que é isso? – pergunto.

– Remédio em forma liquida tem efeito rápido. – disse Suck Chin colocando a garrafa sobre
o balcão – Agora entendo a minha mulher. – falou pensativo.

– Oh, então, irei precisar entregar receita medica?

– Não, esse resolve o problema da sua mãe rapidamente. Não tem contraindicações. –
disse ele.

– Tudo bem , então. – disse eu entregando a receita do remédio de enxaqueca.

– Dessa vez esta precisando usar um mais forte. – falou senho Suck Chin com expressão
preocupante.

– Boa noite , hyung. – disse um rapaz entrando no estabelecimento.

– Boa noite, Hoseok. – disse o farmacêutico – Por onde andava?

– Fui comprar ramen de pimenta. – disse ele aproximando-se de uma prateleira de doces
– A vovó me disse para trazer. – falou pegando uma barra de chocolate.

– Não chame minha esposa de vovó. – disse Suck Chin.

– Desculpa, hyung. – disse o rapaz sorrindo.

Esse cara não me é estranho.

Ele aproxima-se do caixa e abre uma gaveta do mesmo para colocar duas notas de mil
wons. O farmacêutico apressa-se em me entregar os remédios dentro de uma bolsa de
papel. Pego o cartão da minha carteira e entrego-a para ele.

Espero que o cartão não falhe como da ultima vez.


– Espero que chegue em casa e limpe a bagunça que fez na cozinha. – disse Suck Chin
colocando meu cartão de credito na maquininha.

– É claro , senhor Suck Chin. – disse ele fazendo gesto de soldado.

– Coloque a senha ,Jimin. – disse ele para mim.

Depois de ter pagado tudo sai da farmácia pensando em conseguir algum tipo de remédio
que não causa efeitos colaterais no corpo. Além disso, não sabia como achava o rapaz que
apareceu no estabelecimento familiar.

– Ow! Jimin! – ouço alguém me chamar – Jimin! – gritou novamente meu nome e assim
pude reconhecer sua voz.

– O que ela quer? – pergunto a mim mesmo.

Viro-me em direção a sua voz e a encontro parada a alguns centímetros de distancia de


mim. Isso me faz levar um susto que quase me arrancou o coração da caixa torácica.

Ela estava bastante ofegante e acredito que seja pelo motivo de ter corrido até chegar aqui.

– Oppa , você esta bem? – perguntou.

Quer mesmo saber?

– Estou bem. – respondo.

O que me deixa mais intrigado é como ela conseguiu chegar aqui , no mesmo lugar que eu
após ter me ligado há minutos atrás.

– Como chegou aqui? – pergunto.

– Pedi carona ao meu irmão. – disse ela puxando a corda do capuz do meu casaco.

– O Namjoon esta aqui? – perguntei ,surpreso por ele ter tido boa vontade em ajudar a
irmã mais nova.

– Ya, Jimin! – disse ele surgindo nada, depois puxando Young Soo para longe de mim –
Quanto tempo.
Não sei quantos anos se passaram , mas ele mudou muito o estilo de se vestir.

Mensagens para Jungkook:

Jin: Prepare a mesa.

Jin: Estarei trazendo minha namorada para casa hoje!!

Jin: Nosso domingo irá ser bom.

Jin: Quando ela chegar quero que trate muito bem dela.

Jin: Vou logo avisando que o nome dela é Young Soo.

Jin: E finja que falei muito sobre ela com você.

Jin: Young Soo gosta disso.

Jin: Entendido?

Jin: Tchauzinho.
Mensagens para Jin:

Jungkook: Porque tenho que saber disso logo agora?

Jungkook: Então era por isso que queria que eu ficasse acordado desde cedo?

Jungkook: Você acha que "prepare a mesa" é a expressão correta para usar?

Jungkook: VOCÊ ACHA QUE EU SEI COZINHAR ALGUM TIPO DE COMIDA SOZINHO?

Jungkook: YYYYYAAAAAAAAAAAA!!!!

Jungkook: Hyung, você esta assinando seu atestado de óbito.

Jungkook: E porque tenho que saber sobre o nome dela agora?

Jungkook: Vou ganhar algum prêmio?

Jungkook: Nem parece que sou seu irmão mais novo. Acho que sou o hyung da casa.

Jungkook: Traga a comida. Só irei decorar a mesa.

(Jimin)
– Você esta bem , oppa? – perguntou Young Soo.

– Sim, estou.– respondi da maneira mais seca possível.

– Fico feliz.– disse ela com voz infantil.

Em situações como essa é comum que eu faça alguma careta ou até mesmo suspirar, e
dessa vez não foi diferente.

Tentei andar vagarosamente para que nós não chegássemos em sua casa a tempo do
jantar. É bastante comum que a Young Soo sempre me faça visitar seus mais quando
saímos para encontros, e parece que hoje seria um desses encontros desconfortáveis.

E o motivo de não querer participar disso é simples. Eu não gosto dela. Não do jeito que
meus pais querem.

Observei rapidamente o seu irmão e o mesmo estava nos acompanhado lentamente com
seu carro no asfalto. Como esperava , Namjoon tem a mesma atitude que todas as vezes
tem enquanto esta com a irmã, ele se torna seu guarda costas.

Acho que por estar segurando a mão dela nesse momento, me faz ser o foco principal do
Namjoon e isso me da um grande motivo para sentir medo. Se ela tentar me beijar como da
ultima vez e ele entender errado, estarei frito.

– Queria te ver hoje, oppa.– disse ela apertando minha mão.

– Porque? – pergunto.

Eu realmente quero saber o motivo de sempre ser tão grudenta.

– Porque acho que meu pai vai nos separar. – respondeu – E não quero desobedece-lo.

– Como ele vai nos separar?– perguntei.

Isso esta realmente acontecendo?

– Me fazendo namorar com outro cara. – disse ela apoiando sua cabeça em meu ombro.

Isso é real? O pai dela manda nela? Acho que não sou o único que é vulnerável ao
progenitor.
– Estou triste por isso. Realmente gosto muito de você, Jimin. – disse Young Soo
abraçando meu braço.

Não se importa em perguntar se gosto de você ou não?

– Young Soo.– chamei seu nome.

– Sim?– disse atenta.

– Pelo qual motivo começou a sair comigo? – pergunto, sentindo uma pequena revolta
dentro de mim.

– Porque meu pai disse que você poderia ser um bom rapaz.– respondeu.

– Você só queria agrada-lo ,certo?– disse eu– Young Soo, eu sei que as vezes é difícil lidar
com as decisões de nossos pais. Mas porque não disse logo a ele que não queria?–
perguntei não querendo exatamente uma resposta– Eu posso até ser insensível por diz
isso, mas eu não quero nada com você Young Soo.

– O que? – falou depois de arregalar os olhos – Como assim , oppa?

– Me desculpe por não te demonstrar tudo o que sinto em respeito a isso. – confirmei o
que provavelmente ela não queria acreditar– Nós podemos ser amigos, mas além disso ,
não.

Lentamente, Young Soo solta meu braço e afasta-se de mim como se tivesse levado
choque.

Imagino que minhas palavras foram um pouco amargas para ela, mas o que eu poderia
fazer?

– Oppa, vamos conversar sobre isso... – disse ela antes de ser surpreendida por seu irmão
colocando uma mão no ombro dela.

– Vamos para casa. – falou ele.

– Mas... – murmurou Young Soo com os lábios tremendo.

– Pare de fazer tanta questão em chorar por causa disso. – disse Namjoon puxando-a para
trás – Obrigado, Jimin, por ser sincero.– falou com um tipo de olhar compreensivo que me
vez engolir minha saliva por estar quase morrendo de medo que esteja enganado sobre a
analise de sua expressão.

Pelo ultima vez, olhei para Young Soo, paralisada olhando para o nada, como se aquilo
fosse realmente algo de se ficar em choque.

Parecia que ela não iria sair do lugar ,então ele colocou-a nos braços e levou seu corpo
imóvel para o banco de traz do carro.
Fiquei surpreso por não ter levado um soco ou ter apanhado até ficar inconsciente.

Namjoon apenas ligou o carro e foi embora com Young Soo.

Não acredito no que acabou de acontecer.

(Jimin)

Demorou um pouco para que eu me desse conta de que falei tudo aquilo para ela e isso
não teria mais volta. Meu pai não iria me deixar em paz depois disso.

Pensei que dormir a noite toda resolvesse o meu sentimento de culpa por ter feito aquilo na
madrugada passada. Parece que não deu um bom resultado.

Me sinto drogado e não usei nem um tipo de droga ilícita. Olhei para a minha mesa de
estudos e sobre ela estava um pote de cápsulas quase vazio. Sim, lembro-me agora. Tomei
quase todos os comprimidos de sedativos que pude achar no banheiro do quarto dos meus
pais.

– Omma... – chamei-a com voz fraca.

Infelizmente , segundos depois pude lembrar que ela não tinha voltado a noite passada por
causa do meu pai. Ela nunca havia feito isso. Parece que perdeu o medo de ficar sem seu
marido. Minha mãe sempre me dizia que tinha medo de perder meu pai para alguma mulher
mais jovem que ela. Dessa vez parece que decidiu deixa-lo de lado e seguir o que tem
vontade de fazer.

"Sua mãe vai voltar." Foi o que meu pai disse quando lhe perguntei sobre ela.

Hoje seria domingo. Eu acho. Acho que não vou ter mais aquele encontro com a Young
Soo. Ainda bem.

Para meu azar, tomei despreocupadamente aqueles remédios e não sei como esse efeito
de drogado vai passar. Minha mãe sempre me dava a dosagem certa quando estava
ansioso. Além de ter crises de ansiedade tenho déficit de atenção que acaba me fazendo
me sentir cada vez mais vulnerável ao que meu pai me faz.

Depois que ele soube que tenho déficit de atenção nunca mais me deixou em paz.

"Se nossa família descobrir que você tem isso vão começar a me olhar de jeito
vergonhoso."

Sim, pai. Eu sou uma vergonha para família , se é isso que você quer que eu entenda.

– Preciso sair de casa. – falei enquanto levantava-me da cama.

– Jimin. – chamou-me meu pai, sua voz estava distante.

– Sim, appa?

– Traga-me uma xícara de café. – disse – Estou na sala.

– Sim, appa.

Espero que consiga disfarçar minha indisposição.

Ando vagarosamente até a porta do quarto e abro-a até sentir um fedor estranho, em
seguida saiu rapidamente pelo corredor em direção a sala. Assim vejo meu pai com um
jornal em suas mãos.

Como pode ficar parado lendo essa porcaria depois que a esposa saiu de casa?

– Bom dia. – falei antes de passar por ele.

Como sempre , não me cumprimentou de volta.

Como já estava acostumado , o ignorei e caminhei até a cozinha onde fiz o café do jeito
que meu pai gosta, sem açúcar. Eu não gosto de café e não consigo imaginar como alguém
possa gostar dele sem açúcar. Após estar pronto coloco a xícara no braço do sofá e deixo-o
lá sem me preocupar se meu pai viu.

Despreocupadamente , volto para meu quarto e deito em minha cama. Aqueles


comprimidos fizeram algo de errado no meu organismo, porque me sinto destruído ,
incapacitado de mover meu corpo sem usar bastante esforço. Ou seja, se não fizer força até
para me levantar, não saiu da cama.

Devo pesquisar na internet sobre os efeitos do uso exagerado de remédios que ajudam a
dormir por causa da insonia? A final de contas, onde esta meu celular?

Tateei preguiçosamente as cobertas da cama a procura do celular. Infelizmente não o acho


entre aquela bagunça, então ouço um som familiar dentro do quarto. Meu despertador
estava tocando. Olhei detalhadamente para a mobília do quarto pensando que eu iria
encontrar meu celular sobre algum deles.

Só tenho 10 segundos para acha-lo até o toque do despertador acabar.

Onde coloquei esse maldito?

Tento relembrar da noite passada, mas as únicas memorias que vem a minha mente são do
momento em que, cheguei em casa e me entupi de remédios, e quando já estava jogado na
cama observando o teto.

Eu sou péssimo em recordar de algo que fiz antes de dormir.

Mesmo me sentindo derrotado olho por baixo da cama para ver se ainda existia um sinal
físico dele, e graças a minha esperança o achei piscando em baixo do meu sapato social.
Como ele foi parar ai , eu não sei, mas ainda bem que o encontrei.

– Como eu ainda tenho um sapato social?– pergunto a mim mesmo.

Tiro-o de cima do meu celular e pego o desgraçado que me fez gastar minha energia
procurando-lo. Desativo o alarme e checo minha caixa de mensagens. Tinha duas
mensagens da Young Soo e outras cinco da minha mãe.

Mensagens de Young Soo:


Young Soo: Oppa, não quero deixar de conversar com você.

Young Soo: Vamos sair de novo como amigos. Quero que você conheça meu novo
namorado.

É nessa hora que desejo colocar um pouco de juízo na cabeça dela.

Depois de ter lido as mensagens inoportunas da Young Soo, fui ler todas as palavras de
ordem que minha mãe fez:

Omma: Vou passa um tempo na casa da sua tia.

Omma: Não deixe aquelas roupas entulhadas no seu quarto, limpe-as.

Omma: Tome aquele sujo de maracujá no lugar dos remédios.

Omma: Não cozinhe Ramen picante todo dia.

Omma: Coma arroz.

Em seguida chega uma outra mensagem:

Hyung( Proibido falar): Eu soube que você esta fazendo aulas de matemática em casa.

Ignoro-o e vou para o navegador do dispositivo para pesquisar sobre os remédios que
tomei. Digitei rapidamente:

Existe algum problema em tomar muitos comprimidos contra ansiedade ou insonia?

Logo encontro na primeira pesquisa:

Medicamento usado de jeito exagerado pode causar alguns problemas no corpo,


principalmente se for realmente em grande quantidade a ponto de fazer a pessoa que
ingeriu sentir menos batimentos cardiacos que o normal ou até mesmo entrar em coma.

Eu estou ferrado.
– Espero que exista algum jeito de cortar o efeito desses comprimidos. – disse eu
movendo-me da cama com intenção de sair da mesma.

Caiu de costas no chão machucando a parte de trás da minha cabeça. Ponho as mãos no
local dolorido ,como se isso pudesse tirar o desconforto e levanto-me com dificuldade ,
apoio um dos braços no colchão da cama para facilitar que minhas pernas me suportem até
ficar de pé.

– Agora estou com medo de tomar qualquer tipo de comprimido e ficar assim.– digo
caminhando como uma tartaruga até minha mesa de estudos – Essa desgraça... – disse
eu jogando o pequeno recipiente de cápsulas na lixeira que estava ao lado da mesa.

(...)

Minutos depois me encontro olhando uma porta marrom escura. Não sei como cheguei aqui
e estou com medo de saber. Observo ao meu redor, casas e mais casas. Era evidente que
não seria a minha rua e possivelmente antes de ter recuperado meus sentidos de frente a
casa de alguém, me faz ter a ideia de que não tomei somente remédios para ansiedade.

Ouço uma porta abrir-se e viro-me em direção ao som. Será que aproveito para sair
correndo ou finjo que estou pedindo ajuda para encontrar uma casa da mesma rua? Devo
mentir sobre meu nome também?

– Olá... – disse ele antes de franzir a sobrancelhas.

Sinto-me aliviado em ver seu rosto. Era ele, o Jungkook.

– Preciso da sua ajuda. – disse sem pensar duas vezes.

– O que houve , Jimin?– perguntou com expressão confusa.

Eu responderia se minha visão não tivesse sumido e se não sentisse meu corpo cair como
um prédio em demolição.

– Meu Deus!
(Jungkook)

– Meu Deus! – exclamei antes de pega-lo do chão.

Como isso pode acontecer agora?

– Jimin-ssi.– chamei seu nome enquanto puxava seu corpo para dentro da minha casa –
Jimin-ssi!– gritei.

Ele parecia que tinha acabado de sair de um refrigerador , porque sua pele estava gelada e
bastante pálida.

Toquei em seu pescoço procurando por uma veia que indicasse que estava ainda vivo.
Infelizmente , eu estava tão nervoso que minhas mãos tremiam o suficiente para só sentir
minha pulsação. Mas logo um pouco depois consegui achar sua carótida, o que me deixou
um pouco mais aliviado.

Olho detalhadamente para ele tentando ter uma ideia de algo que poderia fazer com Jimin
antes que possa morrer só porque foi demente. E em meio a uma triste e dolorosa falta de
imaginação a única coisa que me veio a mente foi leva-lo para meu quarto , assim poderia
procurar algo para que pudesse o acordar.

Pego em seus dois braços e tento ficar de pé sem machucar o ferimento que acabei
ganhando na noite passada. Coloco vagarosamente meus braços por baixo de suas axilas e
apoio seu corpo enquanto tento dar alguns passos até a porta do meu quarto ,que ficava a
dois metros de distancia de onde estava.

Quando consigo leva-lo até o tapete do meu quarto sinto uma ardência miserável por causa
daquele maldito corte. Em poucos segundos decido soltar Jimin no chão para poder ver o
que aconteceu com o meu ferimento. Mas por ironia do destino ouço meu celular tocar.
Pego-o de baixo do travesseiro ,onde havia deixado e olho para a tela sentido raiva por
saber que seria Jin .o culpado de me perturbar agora.

Jin: Prepare a mesa.

Jin: Estarei trazendo minha namorada para casa hoje!!

Jin: Nosso domingo irá ser bom.

Jin: Quando ela chegar quero que trate muito bem dela.

Jin: Vou logo avisando que o nome dela é Young Soo.

Jin: E finja que falei muito sobre ela com você.

Jin: Young Soo gosta disso.

Jin: Entendido?

Jin: Tchauzinho.

Indignado decido responder:

Jungkook: Porque tenho que saber disso logo agora?

Jungkook: Então era por isso que queria que eu ficasse acordado desde cedo?
Jungkook: Você acha que "prepare a mesa" é a expressão correta para usar?

Jungkook: VOCÊ ACHA QUE EU SEI COZINHAR ALGUM TIPO DE COMIDA SOZINHO?

Jungkook: YYYYYAAAAAAAAAAAA!!!!

Jungkook: Hyung, você esta assinando seu atestado de óbito.

Jungkook: E porque tenho que saber sobre o nome dela agora?

Jungkook: Vou ganhar algum prêmio?

Jungkook: Nem parece que sou seu irmão mais novo. Acho que sou o hyung da casa.

Jungkook: Traga a comida. Só irei decorar a mesa.

– Eu quero água.– disse Jimin em um tom de voz tão baixo que quase não consegui
intender o que saia de sua própria boca – Água...

Será mesmo que ele precisa de água ou esta apenas delirando? Aproximo-me lentamente
do seu peito para que conseguisse ouvir seus batimentos cardiacos. Batiam
freneticamente.

Em relação ao comportamento do organismo do corpo humano eu não sei de muitas coisas


e por isso me sinto cada vez mais nervoso por não saber o que fazer.

– Preciso de água...– disse ele novamente engolindo a própria saliva.

– Ok.– digo antes de sair correndo do quarto.

Vou diretamente a cozinha onde reviro a geladeira em busca de um uma garrafa de água.
Jin havia comprado muitas garrafas para que pudesse usa-la quando estivesse correndo
em uma praça perto do Rio Han.

A propósito, ele me disse que deveria arrumar a mesa.

Pego a única garrafa que encontro e viro-me em direção a mesa da cozinha que estava
praticamente arrumada com um jarro de flores vermelhas no meio. Acho que ele só queria
me fazer de palhaço.

Só em pensar que ele me fez perder tempo em responder aquelas mensagens me da um


pouco de raiva.

Mas a final de contas, eu não deveria estar pensando nele agora. Preciso fazer alguma
coisa com o Jimin , antes que o mesmo me cause problemas.

Apreço-me para chegar o mais rápido possível em meu quarto sem derrubar aquela garrafa
que estava me dando tanto trabalho em carregar. Ela estava escorregadia por causa o ar
gélido da geladeira. Quando chego em frente a porta quase entrando no quarto ouço a voz
do meu irmão do lado de fora da casa.

– Oh, meu irmão esta em casa sim.– disse ele me fazendo lembrar que estava usando a
camiseta de seu pijama.

Obviamente ele não poderia me ver com sua camiseta se não Jin iria me matar.

Entro no meu quarto antes que o namorador perceba que estou usando sua roupa de velho.
Logo tiro a camisa e procuro por meu casaco por baixo do coberto. Como sempre, não
estava lá. Então tomei a atitude de ir até meu guarda-roupa para procurar algo que me
fizesse parecer menos desajeitado.

– Jungkook! Temos visita. – disse ele.

Pode se exibir mais. Daqui a pouco vai estar solteiro novamente.

– Espero que tenha comprado a comida , porque não sou seu escravo. – murmurei.

Vesti a primeira roupa que vi e sai do quarto antes que Seokjin me chamasse novamente.

– Estou aqui , hyung. – disse eu fechando a porta.

Jin estava observando a mesa enquanto sua namorada colocava algumas sacolas pretas
sobre a mesma. Olhei atentamente para ele que estava praticamente babando. Nunca vi
alguém babar tanto em uma garota como meu irmão.

Aproximei-me para ver sua expressão com mais facilidade até que o mesmo se recompôs
quando sua nova namorada falou algo que não ouvi direito.

– Sim, esta muito bonito. – disse Seokjin acompanhado de um sorriso.


Devo te matar por me fazer perder tempo?

– Oh, você deve ser o Jeon. – disse ela me fazendo virar em sua direção.

– Sim... – me interrompi ao perceber que meu irmão acertou em encontrar uma garota
bonita.

– Seu irmão me falou sobre você. – disse ela tentando ser simpática.

Meu irmão falou sobre o nome dela?

– Eu espero que ele tenha falado bem de mim. – falei tentando não virar meu rosto para ver
a falta de vergonha na cara que meu irmão tinha.

– Não, ele falou muito bem de você.– disse ela de jeito fofo.

Meu irmão nunca foi de gostar de meninas assim. O que aconteceu com ele?

– Vamos parar um pouco a conversa e começar a preparar a mesa. – disse Jin pegando
as sacolas e abrindo-as.

– Você irá jantar ? – perguntou ela curiosa.

– Não, eu preciso estudar para a algumas provas.– falei um pouco sem jeito.

Não poderia deixar o Jimin naquele estado sozinho. E eu gostaria de saber como ele
conseguiu chegar em minha casa sendo que nunca tive nem tipo de contato com ele antes
dessas aulas que dou a ele.

– Oh, que pena. – disse parecendo não se importar.

– Com licença. – falei curvando-me antes de dar as costas.

Parando para pensar , ela é um pouco estranha.

Ao chegar no meu quarto tranco a porta com as chaves e começo a procurar por algo que
possa acorda-lo em meu banheiro. No meu pequeno armaria havia escovas e creme dental.
Ou seja, não tinha nada que pudesse me ajudar. Eu costumava guardar muitas coisas no
banheiro, mas parece que meu irmão acabou fazendo uma limpeza por lá.

Definitivamente não sabia o que fazer naquele momento, porque não tinha ideia de como
ele foi parar em frente a minha casa e não imaginava o que havia acontecido com Jimin
para que ficasse nesse estado.

Quando me surgiu algo que prestasse para ajuda-lo era basicamente meia noite e por isso
me senti esgotado. A namorada do Jin havia saído uma hora atrás e ele estava nesse
momento dormindo em seu quarto. Espero que de algum jeito tenha aproveitado o jantar
com ela , porque agora terei que acorda-lo para me ajudar a levar Jimin para o hospital.

Sei que deveria ter pensado na opção do hospital antes , mas como poderia leva-lo para lá
se a localização do hospital mais próximo é muito distante da minha casa e obviamente eu
não tenho um carro ou até mesmo o numero do pai dele , que seria meu futuro chefe.

Sentido que poderia receber uma bela de uma reclamação por ter deixado um colega de
escola desmaiado no quarto bati na porta do quarto do Seokjin. Ele não gosta que ninguém
o acorde a essa hora , mas se não fizer isso posso matar alguém sem querer.

Depois de esperar alguns segundos vi a maçaneta se mover e assim a porta se abriu


mostrando meu irmão com cara de sono olhando para mim como se quisesse me matar.

– O que foi agora? – disse ele apoiando-se na porta.

– Eu preciso de sua ajuda para levar um amigo meu para o hospital.– falei colocando as
mão dentro dos bolsos do meu casaco.

– Agora? – perguntou ele.

– Agora. – respondi.

– Ele não tem familia?

– Ele tem, mas o problema é que não tenho numero do pai dele e também não sei como
posso leva-lo até o hospital sem ser com sua ajuda. – disse eu.

– Onde ele mora?– perguntou baixando a cabeça por causa do sono.

– Jin...

– Hmm?

– Ele esta no meu quarto.– disse eu fazendo-o levantar rapidamente a cabeça.

(...)

Agora estou sentado de frente a uma mulher que esta explicando ao meu irmão que o Jimin
tomou muitos remédios de uma vez e por isso estava tentos tais reações. Mas depois que
ela o disse isso chamou Jin para uma conversa privada um pouco longe de mim.
Meu irmão assumiu que seria o guardião do Jimin por hoje porque não sabíamos como nos
comunicar com o pai dele. Imagino que essa mulher seja a medica responsável pelos
exames que chegaram a poucos minutos. Eu não sei ler exames médicos , por isso não me
preocupei em olhar nada.

É um pouco desconfortável saber que é tarde da noite e não poder dormir por estar
esperando alguém terminar de tomar soro para finalmente poder voltar para casa. Então
sentei-me em uma das cadeiras da recepção e cobri minha cabeça com o capuz. Tenho
muita experiência em dormir sentado por isso acho que não vai ser tão difícil dormir sem
que alguém me incomode, nem que seja só por alguns minutos. Cruzo meus braços para
aquecer um pouco e deixo meu chapuz cobrir meus olhos.

– Jungkook. – chamam-me.

Não me permitiram nem se quer fechar os olhos.

– Sim? – disse eu levantando a cabeça para ver o individuo que me chamava.

– Você esta bem? – perguntou Jimin segurando um tipo de metal que apoia soro.

Ele já acordou?

– Oh! Jimin-ssi.

– Oi. – disse ficando corado em seguida.

– Você parece estar melhor. – falei descruzando os braços – Eu sei que pode ser um
pouco cedo de mais para perguntar isso, mas ... – tentei achar as palavras certas – Como
você conseguiu chegar a minha casa?

– Oh... – disse arregalando os olhos – Eu não me lembro muito bem. – disse um pouco
nervoso.

Porque algo me diz que ele esta mentido?

– Você viu o meu celular? – perguntou.

– Não. – respondi.

Eu deveria ter dito que enquanto ele estava apagado procurei por seu celular, mas preferi
não dizer porque ele pode estar escondendo algo e devo respeitar , porque provavelmente
não tenho nada haver com isso.

– Esta certo então. – disse Jimin mostrando desconforto em sua expressão.

– Garotos, – disse Jin aproximando-se de nós – preciso que fiquem no hospital até que a
medica libere o Jimin.

– Isso vai demorar muito? – perguntou ele.

– Não, quando seu soro acabar ela vai conversar com você. – respondeu Jin um pouco
serio.

Aconteceu alguma coisa.

– Jimin, você sabe como é o numero do seu pai? – perguntou Seokjin.

– Não, eu não o decorei. – respondeu.

– Ok. – disse Jin – Irei para casa enquanto Jungkook fica com você por aqui. – disse ele
tirando seu celular do bolso – Até mais tarde.

Meu irmão dá um ultimo aceno e vai embora sem ao menos me explicar o porque de eu ter
que ficar cuidando do Jimin enquanto ele vai para casa provavelmente dormi.

– Me desculpe por isso tudo, Jungkook. – disse Jimin baixando a cabeça.

– Esta tudo bem. – falei batendo no assento da cadeira em sinal de que ele deveria
sentar-se ali – Sente-se , irá demorar para que o pacote de soro acabe.

A única coisa que me restava era ficar aqui esperando.

– Tudo bem. – disse sentando-se na cadeira que ficava ao lado da minha.

Porque ele não diz como chegou na minha casa? Qual era o problema em me dizer?

– Jungkook. – me chamou.

– Sim?

– Você conhece a Soon Bok? – perguntou Jimin.

– Soon Bok?
Ele esta falando da mesma que conheci?

– Sim, ela namorava com Chung Hee. – falou com olhos curiosos.

– Porque? – perguntei.

– Eu conheci o namorado dela. – respondeu – Já tive um relacionamento com ele.

– Que tipo de relacionamento?– pergunto.

– Ele já foi meu namorado.

Jimin é gay?

– Mas porque esta me perguntando isso?

– Porque foi ele que me trouxe para frente da sua casa.– disse nervoso.

Algo não esta certa.

– Ele me contou sobre você. – continuou falando.

– O que ele disse?– perguntei tentando não demonstrar que estava com raiva.

– Falou que você foi o culpado por Soon Bok ter desaparecido.– disse.

Isso não é surpresa, Chung Hee nunca gostou de mim.

Não entendo porque Jimin esta me contado isso assim do nada. Normalmente as pessoas
guardam algumas duvidas para elas próprias e não ficam perguntando sobre boatos para
um dos personagens de tais histórinhas.

– Onde você quer chegar me dizendo tudo isso?

– Eu queria te perguntar se aceitaria ser meu namorado de mentira.– disse abaixando a


cabeça.

– O que? – falei sem acreditar – Porque?

– Porque seria uma boa saída para nós dois.– disse – Eu ficaria em paz e você não
precisaria explicar nada sobre ela para ele. Você poderia dizer que é gay para ele.

– Que... – me interrompi indignado.

– É simples , seus pais não iram saber e muito menos os meus.

– Eu não sei como você teve essa ideia tão absurda. – falei inconformado – Não tenho
medo do Chung Hee e não vou fazer isso só para ele parar de me incriminar por algo que
não fiz.

– Tem certeza? – perguntou Jimin.

– Tenho.

– Posso fazer você mudar de ideia.– falou ele me fazendo relembrar do jeito que Soon Bok
dizia a mesma frase para mim.

"Posso fazer você mudar de ideia." Sempre dizia isso quando estava querendo muito
alguma coisa.

– Não, não pode.– falei irritado.

Da mesma forma que as palavras saíram da minha boca , rapidamente. Foi assim que senti
Jimin puxar meu capuz do lado direito me fazendo virar o rosto para ele. Vi sua boca se
mover silenciosamente como se estivesse falando palavras secretas.

"Me desculpa" Foi o que identifiquei sair de seus lábios.

Foi mais rápido do que pude calcular. Sua boca estava grudada na minha , com certa
forma de desespero movimentou seus labios nos meus deixando sua respiração quente
tocar em meu rosto.

O que é isso? Estou novamente beijando alguém do mesmo gênero que o meu?

Prometi a mim mesmo que isso nunca mais iria acontecer, muito menos dentro de um
hospital onde muitas pessoas podem olhar e me julgar.
Algumas horas antes de desmaiar.

(Jimin)

Arrastei minha perna até a porta da loja de conveniências e entrei no estabelecimento.


Ouvi o som do sino que estava a cima de mim balançar indicando que alguém havia
entrado. Ou seja, eu.

– Boa noite.– disse a moça do caixa.

Olhei rapidamente para ela sentindo um pouco de raiva por ter escutado sua voz ecoar em
meus ouvidos. A porcaria dos remédios estavam dando um efeito muito estranho e por isso
senti meu coração acelerar.

– Ah, mas amanhã eu tenho que ir a faculdade.– disse uma voz um pouco familiar.

– Cara, tem uma boate te esperando hoje! E é seu aniversario.– disse outra pessoa.

Virei meu rosto em direção as prateleira de salgados. Tinham dois garotos por lá, eles
estavam agachados no chão pegando algumas pipocas e batatas. Um com jaqueta de
couro e outro com um casaco de frio. Infelizmente os reconheci só em ver suas costas.

– Vão ter garotas. – disse o de casaco – Aquela Hwa Young daquele colégio vai estar por
lá. – tentou sussurrar , mas até a moça do caixa escutou , porque a expressão dela não foi
uma das melhores.

– Fala baixo cara.– disse o outro levantando-se – Não gosto de ir naquele colégio.

– Porque? – perguntou acompanhando o seu colega – É por causa daquilo? – perguntou


novamente.

– Não. – respondeu grosseiramente o de jaqueta apreçando-se para chegar ao caixa.

Travei por dois segundos e decidi sair da loja rapidamente antes que eles me notassem ali.
Quando já estava do lado de fora sentei-me em uma das mesas vazias e tentei disfarçar
meu rosto colocando o meu capuz sobre a cabeça.

"Eu acho melhor pararmos de nos falar." Foi o que ele me disse da ultima vez que nos
encontramos.

– Vamos para uma festa.– falou um deles enquanto saiam pela porta.

– Você esta maluco? – perguntou– Eu disse que não.

Alguns minutos atrás havia me dado um chute na perna porque dizia não gostar de
"aberrações". Agora o encontro de novo conversando com outra pessoa como se nada
tivesse acontecido.

Graças a você tive que mancar até aqui para comprar curativos.

Três anos atrás ouvi ele me dizer que estava namorando com uma garota e que preferia
ficar com ela em vez de namorar um garoto que provavelmente iria lhe fazer passar por
problemas. Só por causa da opinião dos seus pais , imagino. Agora, Chung Hee permanece
ileso de qualquer sofrimento enquanto eu tenho que fingir que ele não me ferio emocional e
fisicamente.

– Você é chato , para o caralho.– disse Chung Hee andando em direção a outra mesa.

– Você não gosta de festa?– perguntou.

– É surdo ou se faz?– perguntou Chung Hee.

– Quem? – disse seu amigo passando a mão suja de algo que não identifiquei no próprio
casaco– Eu? – apontou para si mesmo.

– Não. – disse abrindo uma garrafa de soju.

Pelo que vejo os dois vão demorar para sair daqui.

Esperei por uma hora sentado digitando em meu celular diversas vezes o numero da
policia. Fiquei tanto inquieto durante esse tempo que quase não escutei a conversa dos
dois. A uníca coisa que entendi foi que Chung Hee não queria ir para a tal festa que
começariam as 22:00 da noite.

– Amanhã é... seu aniversario e... eu sei disso.– disse pausadamente– Mas isso não quer
dizer que você não possa ir comigo para aquela desgraç...– foi interrompido com Chung
Hee empurrando Ramen em sua boca.
– Me pergunto se existe algum tipo de tapa buraco que possa fechar sua boca.– falou
tirando os hashis dos dentes do seu amigo.

– Eu estou bêbado!– exclamou – Quantas vezes vou ter que te dizer isso?

– Você nem tomou a garrafa inteira.– disse Chung Hee –Won Shik, lamento por não te
ensinar a ser forte com a bebida.

– Você quer morrer?– disse Won Shik apontando a garrafa para o rosto do amigo.

– Pode vim.– disse pegando a garrafa e jogando-a no chão.

– Ya!

Won Shik levantou-se de jeito desengonçado vindo diretamente para cima de mim.
Desgraçado.

– Me desculpe.– falou distanciando-se – Você me fez cair em cima dele. Venha aqui.–
disse indo para cima de Chung.

– Ah, pare com isso, você esta me envergonhado.– falou empurrando-o de volta para a
cadeira – Me desculpe. – disse ele para mim.

Se soubesse que sou eu não falaria desse jeito.

– Eu não o machuquei , an?– disse Won.

– Perguntou isso a ele ou esta dizendo isso porque acha que não foi nada de mais?

– O que quer que eu faça?– disse de jeito grosseiro.

– Você esta bem?– perguntou Chung.

– Sim, com licença. – respondi em seguida levantando-me e saindo de perto dos dois.

O jeito seria sair desse lugar antes que me reconhecesse.

Ajeitei o capuz e andei ligeiramente até um ponto em que estivesse distante deles. Assim
pude andar normalmente com a perna um pouco dolorida.

Coloquei as mãos dentro dos bolsos do casaco e continuei caminhando até sentir falta do
meu celular que não estava em nem um deles. Olhei para trás pensando que algum dos
dois iria fazer a caridade de ir atrás de mim para entregar o celular, mas nada disso
aconteceu.

Talvez eu tenha deixado na mesa.


Só em pensar que teria que voltar se quisesse o celular de volta me deu preguiça e raiva.
Então movi minhas pernas em direção ao caminho que iria ter que percorrer novamente
com o pensamento de que nunca mais voltaria para esse mesmo lugar.

Quando cheguei pela segunda vez no mesmo local vi Won Shik jogando ele no ar como se
fosse bolas de um artista de circo. Aquilo me fez despertar o medo de que ele o derrubasse
no chão. Rapidamente corri em direção a ele e peguei meu celular. O desgraçado acabou
pegando algo que não era dele.

– Qual o seu problema?– disse deixando o cheiro de alcool sair de sua boca.

– Você pegou meu celular. – falei indignado.

– Achado não é roubado.– falou balançando o dedo indicador.

– O que foi ,Won Shik? – perguntou ele saido novamente da loja com uma bolsa plastica
preta – Jimin? – disse surpreso.

Ele me reconheceu.

– Esse era aquele cara que ficava te mandando cartinhas? – perguntou em seguida deu
uma gargalhada– Esse filho de papai gosta de encher o saco dos outros. – continuou
rindo.

– Você contou para ele?– perguntei olhando diretamente para Chung que estava olhando
para baixo.

Eu era muito ingênuo na epoca e sempre fazia isso com quem gostava. Eu era um trouxa,
para simplificar tudo.

– Olha aqui ... – falou Won enquanto se levantava– Deixa meu amigo em paz , palhaço.–
disse puxando a gola do meu casaco.

– Para com isso Shik! – ordenou.

Chung sempre falava desse jeito com as pessoas, acho que com seu amigo não seria
diferente.

– Espera um pouco.– disse Won fechando um dos punhos e distanciando-o.

Ele estava tão fora de si que eu poderia derruba-lo com um dedo.

Mas Chung avançou com velocidade para cima dele e o colocou de volta na mesa. Logo
direcionou-se a mim e olhou para rua.

– Me desculpe pela ultima vez. – se referiu ao chute – Eu estava...

– Perto dos seus amigos e prefere ser conhecido desse jeito, eu sei.– falei entediado –
Obrigado pela ajuda.– disse antes de dar as costas para ele.

– Espera ,cara.– disse Chung segurando meu braço – É serio, me desculpa mesmo pelo
que aconteceu alguns anos atrás.– falou com voz melancólica.

Virei o rosto em sua direção para ver sua face que antes me trazia felicidade e que agora
só me dá nojo.

– Parou de pagar um de hetero e começou a se assumir?– perguntei – Se você parar de


mentir como um desesperado , talvez eu te perdoe.– falei afastando meu braço
violentamente.
(Jimin)
Ele se afastou bruscamente como se eu tivesse lhe queimado. Jungkook olhou para todos
os lados tentando ver quem poderia ter notado nós dois nos beijando, ou melhor, eu o
beijando.

– Você é o que? – sussurrou endireitando-se em sua cadeira – Você é maluco?

– Se mudar de ideia estou disponível.– falei enquanto me levantava – Eu vou voltar para a
cama. – disse olhando para baixo tentando não ver sua expressão.

Fui rápido em sair da recepção antes que ele falasse mais alguma coisa. Não queria
escutar suas reclamações por causa do que fiz, porque talvez mais tarde ele mudasse de
ideia. Chung havia me dito que Soon Bok contava tudo sobre a vida do Jungkook para ele e
até as fraquezas mais profundas dele. Achei muito idiota da parte dela dizer tantos
problemas pessoais para o namorado como se ele fosse realmente guarda tudo aquilo para
si.

Quando cheguei até a cama que antes estava deitado percebi que a mesma tinha sido
arrumada, porque o lençol não estava mais amassado e tinha uma flor ao lado do
travesseiro.

Imagino que foi ele que passou por aqui.

Foi um pouco desconfortável ter que aguentar Chung falar tudo o que sabia sobre Jungkook
e depois disso dizer que o garoto era culpado pelo desaparecimento da Soon Bok ,como se
isso pudesse fazer algum sentido ou até mesmo livrar a angustia que Chung Hee tem da
própria namorada.

"O Won Shik quando esta bêbado se torna insurpotável." Disse enquanto segurava
firmimente o volante.

Naquele momento, olhei para trás tendo uma melhor percepção do Won deitado no banco
de trás do carro ,depois tentei saber se ele realmente estava acordado após de tomar duas
garrafas de soju.

"Eu não sei como você conheceu o Jeon e muito menos sei como você voltou para Seul
assim tão cedo."Disse sorrindo como se aquilo fosse engraçado.

"Voltei porque meu pai disse que não precisava morar em outra cidade só porque descobriu
que o filho gostava de homens." Falei friamente ,enquanto virava meu rosto em direção a
janela que estava ao meu lado.

Na verdade, eu não estava morando simplesmente em outra cidade.

"Imagino que..." Disse olhando rapidamente para mim e depois voltando a prestar atenção
na rua. " Você tenha voltado não só porque seu pai quis."

"Eu voltei por causa dele, na verdade." Falei.


Espero que Chung não pense que voltei porque quero vê-lo de novo.

"Tudo bem." Aparentava estava decepcionado.

Qual é o problema dele? Não gostava o suficiente na Soon Bok?

"Porque tocou no nome do Jungkook?" Perguntei. " Você me mandou uma mensagem hoje
de manhã."

"Fiquei sabendo que você tem algumas aulas com ele." Respondeu. "Fiquei preocupado por
você estar perto do Jeon."

"Qual o problema nisso?"

"Ele foi um dos motivos da Soon Bok sumir." Disse deixando sua voz tensa.

"Motivo?"

"Sim, ela sumiu depois que ele confessou os sentimentos dele para ela."

Depois de ouvi-lo fiquei calado ,porque não acreditei que esse fosse o verdadeiro motivo de
ela ter desaparecido. Quem sumiria só porque recebeu uma confissão de alguém? Talvez
tenha sido sequestrada ou até pode estar morta.

E porque tocava no nome dela expressando o pensamento que ela possa estar viva? Não
entendo.

– Você é o paciente que chegou a alguns minutos? – perguntou uma mulher com uniforme
do hospital.

Voltei aos meus sentidos e pensei em falar algo até que vi Jungkook vindo em nossa
direção.

– Eu sou o responsável por ele. – disse ele.

– Só vim aqui para avisar que só saia da cama quando o soro acabar. – falou ela colocando
sobre a cama uma garrafa de leite de morango com um ramen preparado dentro da
embalagem – Me pediram para trazer. – disse ela logo afastando-se para ir atrás de outro
paciente.

Espero que ela não esteja fazendo favor ao Chung.

– Quem te mandaria comida essa hora? Seu pai? – perguntou Jungkook com olhar faminto
para o ramen.

– Eu não sei, mas não vou comer de qualquer jeito. – falei pegando o leite de morando – Se
você quiser comer o ramen... – disse enquanto empurrava-o para perto dele.
– Você realmente não quer? – perguntou.

– Não. – respondi.

Era o mínimo que poderia fazer depois de ter feito Jungkook me levar até o hospital ,
mesmo não sabendo do porque ter aparecido na sua porta sem explicações. É triste admitir
isso, mas não sei o motivo de ter surgindo em frente a sua casa e o que me deixa ainda
mais confuso é que me sentia dopado naquele momento.

Tenho medo de criar uma historia em minha cabeça e ela se tornar real ,pelo simples fato
de ter acontecido antes de fazer uma teoria que poderia ser considerada como paranoia
para outras pessoas.

– Tudo bem então. – disse Jungkook pegando o pote descartável.

Talvez Jungkook seja a vitima dessa historia inacreditável que Chung Hee me contou.

Lamentavelmente , isso me fez recordar que tive muitas atitudes que até mesmo eu
desaprovo ter feito. O dia que me confessei para Chung Hee.

"Eu gosto muito de você, hyung." Falei enquanto andava de mãos dadas com ele.

"Também gosto de você." Disse ele como se aquilo fosse um 'Oh, também gosto da sua
amizade'.

"É serio." Parei por um instante para intensificar minhas palavras. "Saranghae."

Provavelmente Chung ficou confuso após ter ouvido tais palavras que direcionei a ele , pois
nunca havia dito algo parecido antes.

Assim soltei sua mão notando que ele não tinha o mesmo sentimento que eu, por isso no
mesmo instante Chung virou-se em minha direção e disse as seguintes palavras:

"Sinto muito por ter confundido seus sentimentos, Jimin"

Mas aquilo não valeu de nada em questão a semana seguinte, que considerei a melhor da
minha vida. E justamente nessa mesma semana ele estava bêbado. Foi assim que tudo
começou.

"Jimin-ah." Chamou-me enquanto se apoiava em meus ombros.

"O que foi?" Perguntei.

"Qual o seu problema cara?" Disse pegando repentinamente em meu rosto amassando
minhas bochechas. "Porque teve que gostar da minha pessoa?"

"Vamos para casa ,Chung."Falei magoado. " Você bebeu porque quis."
"Estamos de frente a minha casa..." Parou voltando a apoiar-se em mim. " Porque não me
ajuda a vestir outra roupa?" Disse com um sorriso debochado.

O empurrei para dentro do prédio em que morava e pedi ajuda ao recepcionista. Não fazia a
miníma ideia de como era a senha da porta do apartamento dele, por isso pedi um cartão
magnético para que pudesse entrar sem me esforçar muito.

Após ter entrado com ele nas costas o joguei no sofá como se fosse um saco de lixo
prestes a ser colocado no cesto.

"Jimin-ah." Chamou-me novamente.

"Oi." Disse arfando.

"Me faz um favor." Disse ele.

"Diga."

"Me dá um beijo." Aquelas palavras me pareceram muito sóbrias para alguém que estava
embriagado.

"Eu não vou mais perder tempo com você." Falei de jeito tosco.

"Aproveita o momento em que não estou me arrependendo de nada." Disse puxando meu
braço.

Sim, eu senti vontade de fazer aquilo, mas não tomei atitude alguma.

O encarei por alguns segundos para tentar entender se era realmente isso o que ele queria
ou eu estava delirando.

"Só um." Disse puxando-me mais uma vez.

Não deveria estar naquele lugar.

Percebi seus olhos analisarem bem meu rosto , que naquela altura não estava levando o
que ele dizia a serio.

"Você esta chateado comigo?" Perguntou ele sentando-se no sofá enquanto eu permanecia
de per ao seu lado. "Me desculpa por ser tão frio com você." Disse pegando em meu outro
braço pelo pulso.

"Eu não vou brincar de traição com você , Chung."

Sua expressão mudou com tanta facilidade que notava-se que Chung estava surpreso.
Fazia alguns dias que tinha descoberto que ele estava namorando e por isso me senti tão
magoado que não quis falar com ele durante uma semana.
"Como descobriu isso?" Perguntou se referindo a seu namorada.

"Não sou idiota."

Levantou-se rapidamente quase cambaleando de volta para o sofá. Segurou-me na cintura


e envolveu seus braços na mesma. Estava tão zangando com Chung que não demonstrei
nem um tipo de recaída emocional após me abraçar.

"Desculpa o hyung." Falou deitando sua cabeça sobre meu ombro. "Ele não sabe o que
faz."

Gosto muito de você para te dizer que agora esta sendo muito estúpido comigo.

– Você... – disse Jungkook com dificuldade por causa da temperatura em que o ramen
estava – Realmente não sabe onde esta o seu celular? – perguntou.

Eu diria se soubesse onde Chung esta nesse momento, porque provavelmente ele sabe
onde esta.

– Vou arrumar um jeito de ... Aish! – exclamou de boca aberta deixando o vapor da comida
sair pela mesma.

– Não se preocupe, eu pago um táxi para me levar para casa. – disse eu brincando com os
canudos que estavam enterrados no lacre de alumínio da garrafa de leite de morango.

– Mas eu fiquei responsável por você.– disse cobrindo a boca – O que direi ao meu irmão?

Não sei porque Soon Bok era tão disputada entre Jungkook e Chung Hee, ela não era tão
bonita assim e me pergunto o porque Chung não teve nem uma oportunidade de dar em
cima desse garoto. Ele não é de se jogar fora. Até falando com boca cheia , que fica horrível
em muitas pessoas, nele isso permanece de um jeito fofo.

Sinto um pouco de inveja da Soon Bok, ter uma chance de tê-lo como amigo.

– Eu incomodei muito vocês por uma noite. – falei me sentindo culpado por ainda estar
deixando Jungkook cuidar de mim de barriga vazia.

– Mas sou responsável por você até que esteja em casa.– falou desta vez com a boca
vazia.

Parece um coelhinho. Deixei um pequeno sorriso escapar por causa do leve pensamento
que tive.

– Obrigado, mas eu me viro depois que chegar em casa.

Meu pai deve estar se perguntando onde fui parar. Ele nunca foi de se preocupar, mas
quando se relacionava a sua segunda empregada , que sou eu, ficava maluco por não ver
seu prato de comida pronto na mesa.

Após ter esperado ser liberado do hospital, fui diretamente para casa de táxi. Sei que
Jungkook estava encarregado de me deixar em casa, mas já se passava das 04:00 da
manhã e precisava entrar na minha residência antes que meu pai surtasse.

Enquanto abria a porta do meu quarto pensei em vários tipos de desculpa que poderia dar a
ele caso perguntasse algo.

– Jimin?– ouvi a voz da minha mãe ecoar entre as paredes do corredor.

Olhei para ela que estava saindo de um dos quarto vazios da casa com uma expressão um
tanto confusa.

– O que faz fora de casa a essa hora?– perguntou.

(Jungkook)

Sonhei com ele me beijando.

– Coma. – disse Taehyung oferecendo uma colher de sopa para Hwa Young.

– Eu não sou nem uma criança ,Taehyung. – falou afastando a mão dele com a sua.

– Por favor, coma. – disse ele tentando ser fofo.


– Ela não quer ,Taehyung. – falei enquanto soprava minha comida antes de colocar na
boca.

Se não os conhecesse acharia que estão namorando.

– Deveria deixar de ser ridículo. – falou ela cruzando os braços – Também deveria cortar
esse cabelo.

– Não. – disse ele colocando as mãos na cabeça protegendo o cabelo– No meu mullet
ninguém toda.

Uma vez li um livro que falava sobre sonhos. Aprendi que nossos sonhos são divididos em
algumas partes e duas delas se referem ao medo e desejo que guardamos para nos
mesmos.

Talvez esse fosse um belo tipo de pergunta que deveria me fazer todos os dias: Tenho
medo ou desejo muito? Ou melhor ainda. Tenho medo de desejar?

– Vai continuar com essa mania de colocar atacas no cabelo?– perguntou ela – Parece
uma menininha. – disse Hwa Young.

Se eu fosse ela não diria isso.

– Não me importo. – disse Taehyung.

No fundo ele sabe que isso é uma mentira. Ele se importa mais qualquer outra pessoa.

No fundo a Hwa Young também sabe que não pensa nada disso sobre ele. Ela só não
sabe demonstrar seu afeto perto de nós, principalmente dele, que é alguém que ela sente
mais inveja.

– Vocês deveriam parar de brigar.– falei enquanto levantava-me da mesa com minha
marmita – Eu vou ao banheiro. – disse empurrando a cadeira para facilitar minha
passagem.

Na verdade eu não iria para o banheiro. Eu precisava me afastar um pouco desses dois
antes de explodir de tanto estresse.

– Ok.– disse Taehyung.

Viro-me em direção a saída do refeitório em busca de um jeito de sair entre as mesas sem
esbarrar em ninguém, até que meus olhos encontram Jimin sentado a algumas mesas de
distancia da minha.

Assim como eu, ele se levantou de sua mesa e pegou sua bandeja da mesma
direcionando-se ao local onde colocavam as suas respectivas bandejas para que as
cozinheiras limpassem-as. Depois de ter feito , saiu do refeitório sem olhar para trás.
Obviamente ele não me notou , porque estava sentado de costas para mim e por isso acho
que não pode me ver como o vi.

– Jungkook-ah. – chamou-me Taehyung.

– Sim? – disse olhando-o por cima do meu ombro.

– Porque você esta parado ai? – perguntou ele me fazendo lembrar que deveria estar na
sala de aula guardando a marmita, para que depois não me esquecesse dela no refeitório
como em todas as vezes em que venho para cá.

– Oh, eu estava um pouco distraído. – respondi com um sorriso envergonhado – Já estou


indo. – falei logo dando alguns passos largos até a porta de saída.

Pelo fato de ter visto Jimin pela primeira vez depois de uma madrugada esperando-o no
hospital me deixou nervoso. E me pergunto o porque disso. Será que foi por causa daquele
beijo inesperado?

– Eu estou ficando maculo. – disse para mim mesmo ,enquanto andava rapidamente pelo
corredor a procura da minha sala de aula.

Me envolver amorosamente com um garoto novamente me deixa nervoso e desesperado


para sair de tal sentimento. Sim, me recordo que já senti certa atração por alguns garotos ,
mas isso não quer dizer que me apaixonei profundamente por cada um deles. Sem incluir
Myung Suck, que agora não sei se realmente gosto dele.

Nunca me envolvi emocionalmente com um cara.

Chegando em minha sala fui pra meu armário onde coloquei rapidamente minha marmita,
depois fechando-o com o cadeado.

– Jungkook-ssi?– disse Myung Suck parado de frente a sua carteira.

– Oh, olá ,hyung.– falei curvando-me.

– O que faz aqui sozinho?– perguntou.

– Vim trazer minhas coisas para meu armário.– respondi tentando conter meu nervosismo.

– Ok.– disse ele afastando-se da carteira – Até mais tarde. – falou saindo da sala.

Eu sou um grande idiota.

Me irritei por perceber que ainda sentia alguma coisa ,e por isso, tive a desagradável atitude
de bater minha testa contra o armário de metal ,para me punir por ainda ter tais sentimentos
não recíprocos.
Acho que poucos iriam entender sobre minhas atitudes. Nunca ouvi ninguém dizer que lutou
muito para conquistar alguém até a ultima chance lhe surgir de dizer "acabou, siga em
frente".

Gostar de alguém sem reciprocidade é tão difícil que muitas vezes me vejo desistir da
minha vida amorosa.

Acho que ninguém entenderia.Ninguém entenderia meus sentimentos confusos e


desastrosos.

Nunca ouvi alguém dizer "eu não gosto de você" e continuar sorrindo sem nem um pouco
de desespero por dentro após despedaçar o coração de um pobre ser apaixonado.

A ultima vez que ouvi uma confissão de sentimentos foi há três anos , quando decidi dizer o
que sentia para Soon Bok. Quer dizer, eu me ouvi passar por esse vexame.

Ela chorou tanto no mesmo dia , depois disso me senti tão culpado por não ter pensado
nela. Na verdade eu pensei de mais nela, mas não da forma apropriada.

" Saranghae , Soon Bok"

Eu sou tão estupido que acreditei que isso me fizesse ter ela completamente para mim.

"Me desculpe, Jungkook."

Muitas vezes me pergunto se quando outras pessoas tem essa atitude pensam o que
realmente pode acontecer depois que tudo for revelado. Pela minha parte, não pensei que
ela fosse me rejeitar. Também não pensei que todas aquelas noites que passamos juntos
não valesse a pena no final de toda a historia.

Muitas vezes fui tão frio com outras pessoas e exageradamente tão gentil com ela que isso
me faz pensar em. como perdi meu tempo evitando outras pessoas só para ter mais tempo
com ela.

Fui burro.

"Nunca pensei que você fosse tão louco a ponto de gostar de mim, Jungkook."

Uma vez ouvi minha mãe dizer que não importava o quanto eu sofresse, ainda viriam outras
pessoas para jogar pedra por cima de cada ferida que tivesse. E ao relembrar dessa
sabedoria ilimitada da minha mãe, percebi que ela me deixou um pouco dela também.

Enquanto andava de vagar pelo corredor pude ver a porta do banheiro masculino aberta,
com um garoto segurando uma vassoura de rodo e um balde azul cheio de água com
sabão. Nunca imaginei que ele gostasse tanto de se ocupar pela escola.

– Jimin-ah.– falou uma garota com a franja amarrada para cima com um elástico branco –
Eu não quero sair sem que você tenha terminado de limpar esse banheiro de porcos.
Aquela não era a irmã da Hwa Young?

Me aproximei mais um pouco para ver o que estava acontecendo, e assim pude ter uma
visão mais clara das suas meias de flores que subiam até os joelhos. Pelo que eu saiba é
proibido usar meias assim.

Elas eram familiares.

– Mi Ok!– escutei a voz da Hwa Young fazer barulho pelo corredor.

Ah, é! Ela me fez lembrar que aquelas meias eram da Hwa e que provavelmente iria
acontecer um verdadeiro UFC com direito a banho e briga de cabos de vassoura.

Hwa Young estava tão longe de sua irmã que, todas as pessoas presentes olharam para ela
como uma fila de domino caindo um por um.

– Fique ai!– gritou ela antes de começar a correr , com tanta velocidade que não pude ver
suas pernas se movimentando – O que acha que esta fazendo com minhas coisas?– disse
quando chegou perto o suficiente da Mi Ok a ponto de puxar suas orelhas.

– Ah! Unnie!– gritou Mi Ok segurando o braço da irmã para que não arrancasse suas
pequenas orelhas.

Isso me lembra que era assim que eu pegava no meu coelho de estimação, pelas orelhas.

– Me devolva minhas meias!– gritou entre os dentes.

Durante esses poucos segundos de briga Jimin estava ali observando-as com expressão de
tédio apoiando-se no cabo do seu rodo. Estava tão entediado que virou seu rosto para o
lado onde eu estava olhando acidentalmente para mim.

Não vou dizer que meu coração não me agrediu violentamente com esse olhar, porque não
seria verdade.

Então ele deu um sorriso curvando um pouco a boca e voltou a olhar para as garotas
briguentas.

– Devolva toda intimidade que não te dei.– disse Hwa Young chutando uma das pernas
da Mi Ok.

– Me desculpe ,unnie.– disse agora puxando os cabelos da Hwa – Mas você é minha irmã e
tudo que é seu é meu.

– Repede de novo!– gritou pegando Mi Ok pela cintura e empurrando-a para dentro do


banheiro masculino.

Meninas são proibidas de entrar em banheiros masculinos, pelo que eu saiba.


– Hwa!– Taehyung apareceu de repente ao meu lado me dando um susto de arrancar o
coração do peito – Não entre em banheiros sujos como esse!

Pelo que conheço dela, vai obrigar a irmã a tomar banho com a água suja dos baldes de
limpeza.

(Jungkook)

– Quero saber o que estava acontecendo no banheiro.– disse o diretor sentando em sua
cadeira de braços cruzados olhando diretamente para nós.

Hwa Young e Mi Ok estavam de cabeça baixa enquanto eu e Taehyung olhavamos um para


o outro com um "socorro" escrito nos olhos.

– Porque duas garotas estariam brigando no banheiro?– perguntou o diretor – E para piorar
a situação. O que vocês garotos também faziam lá?

Pensei em varias explicações , mas nem uma me safaria de sair daqui sem que o Jin fosse
chamado para resolver meu problema.

Assim que abri minha boca para falar algo que me salvasse desse vexame Taehyung disse:

– As garotas começaram a brigar e acabamos tentando separa-las. – sua voz estava


soando tão tensa que me fez paralisar.

Hwa vai ficar irritada com ele. Ela vai come-lo vivo.
– Isso é verdade , Jeon Jungkook?– perguntou agora olhando somente para mim.

– Sim.– respondi fitado meus sapatos ,que agora estavam sujos por causa dos pisões que
levei enquanto puxava Mi OK para longe da irmã.

– Ótimo.– falou sorrindo, mas não de felicidade – Podem sair. Só vocês dois.– disse logo
fechando a cara.

Me curvei em sua direção em sinal de respeito e andei rapidamente até a porta ,onde abri e
sai rapidamente sentindo meu estomago revirar.

Após sair morrendo de medo de ser suspenso, me encontrei na parede do lado da porta da
diretoria colocando uma das mãos no peito como se tivesse prestes a ter um infarto.

– Em nível de cagada, essa foi uma diarreia.– disse Taehyung se apoiando na parede ao
meu lado.

– Essa não é uma boa hora para fazer piadas.– falei tentando respirar fundo antes que
morrer.

– Nós estamos vivos cara.– falou dando um leve tapa em meu ombro – Só vamos deixar
as meninas se safarem sem nossa ajuda agora.

Realmente estou preocupado com elas. Sei que foi justo terem que ficar lá dentro dando
explicações ao diretor, mas ainda assim me sinto mal por ver Hwa Young se meter em
confusões como esta.

– Estou me relacionando com a Hwa. – disse ele direto, sem palavras fofas como sempre
diz quando esta pegando alguma garota.

Suspeitei e mesmo assim me surpreendi.

– Como você tem coragem de...

Coragem de ficar com uma amiga nossa e ainda por cima dizer isso para mim desse jeito?

– Beijar ela? Eu não sei. – disse olhando para baixo.

Essa expressão me lembra Seokjin quando esta aterrorizado com algo.

– Você anda fazendo apostas com a Hwa? – pergunto.

Ele costumava apostar algumas vezes por semana quando não tinha o que fazer. E essas
apostas envolviam a Hwa Young como fonte de dinheiro. Taehyung sempre ganhava nas
apostas que fazia com ela e por isso sempre comprava algo para levar na escola ,quando
não queria comer a comida da cantina.

– Sim. – respondeu – Faz alguns dias que eu perdi e estou me sentindo estranho.
– Porque?

Não me diga que esta gostando dela.

– Eu estou começando a gostar dela. – falou como se aquilo fosse algo terrível.

Talvez seja mesmo terrível.

– Que horrível cara. – disse eu dando um tapa em seu braço.

– Eu não posso conversar sobre isso com você aqui. – falou olhando para o fim e inicio do
corredor – Vamos para a sala de musica.

A sala de musica vivia aberta e vazia na segunda semana do mês , por isso muitos alunos
iam para lá fazer qualquer coisa que quisessem , menos quebrar os equipamentos.

Taehyung colocou o dedo indicador de frente a boca indicando que seria melhor fazer
silencio. Ele pegou em meu antebraço e me puxou em direção ao final do corredor onde
ficavam localizadas as salas de aula de dança e musica.

E sentindo um pouco de nostalgia por estar sendo puxado do mesmo jeito que Soon Bok
fazia me fez lembrar da ultima vez que ela fez isso.

"Vamos , Jungkook." Dizia ela segurando meu braço enquanto andavamos entre as árvores
de Namiseom.

– Eu não quero que ninguém saiba dessa vergonha que estou passando de pensar tais
coisas sobre a Hwa Young.– disse ele me fazendo voltar para a realidade.

– Isso seria um problema se ela não sentir o mesmo que você.– disse eu deixando meu
amigo paralisado como uma estatua segurando a maçaneta.

– É verdade.– falou olhando para sua mão ocupada com um tipo de metal giratório feito
para abrir e fechar portas – Será que sou um completo idiota?

Eu me pergunto isso todos os dias.

– Não sei, mas quero saber como vocês tiveram essa ideia de apostas envolvendo toques
e ... – parei para pensar em algo que não gostaria que estivesse passando pela minha
cabeça.

– O que você esta pensando?


– Em nada. – falei tentando tirar aquela loucura que acabei deixando consumir meu
estomago.

É horrível pensar que meu melhor amigo esta fazendo certas coisas com uma garota ,
principalmente se ela for a Hwa Young. Aquele robô sem coração.

– Você as vezes é muito estanho.– falou abrindo a porta com uma expressão assustada
em seu rosto.

Não me diga isso, foi você que disse que esta começando a gostar da Hwa.

Enfiou a cabeça dentro da sala e começou a move-la para ver se havia alguém lá dentro.
Ele acenou para mim dizendo que poderiamos entrar.

– Jungkook? – escutei uma voz familiar me chamar.

Olhei para trás e vi Jimin com o mesmo balde e rodo nas mãos.

– O que vocês estão fazendo ai?– perguntou fitando Taehyung que estava encostado da
porta.

A sala de musica estava aberta , mas isso não significava que os alunos poderiam entrar
nela quando quisessem. Só entramos porque somos enxeridos.

– Estamos dando uma olhada nos instrumentos. – respondeu Taehyung.

Eu não consegui dizer nada.

E ainda assim me perguntava o porque de Jimin estar limpando a escola sozinho. Só quem
esta sendo punido que faz essas coisas. O que ele aprontou?
"Assuma o que realmente sente e deixe esse medo bobo de lado."
Três anos atrás.

(Soon Bok)

Havia acabado de entrar em um dormitório masculino e provavelmente iria ser jogada para
fora dele se descobrissem que estou aqui. Pensariam que sou uma daquelas garotas
taradas que invadem os quartos dos garotos para fazer algo explicito enquanto dormem e
depois foge sem deixar pistas.

Tinha acabado de me vestir com roupas escuras para que ninguém me reconhecesse no
dormitório em que Chung Hee estudava. Muitas vezes fazia isso quando queria vê-lo e hoje
séria seu aniversario. Trouxe até um bolo de morango para ele.

– Você gosta dela ,hyung? – ouvi alguém dizer enquanto eu passava pela porta do quarto
do meu namorado.

– Sim, porque eu não gostaria dela? – respondeu ainda fazendo uma pergunta retorica.

– Ontem há noite você me disse uma coisa que me fez pensar que não gostava.– disse a
outra pessoa que estava com ele.

– Eu estava bêbado, Jimin. – disse Chung Hee , meu namorado.

O que ele disse?

– Esta certo, hyung. – disse o rapaz em tom baixo.

– Ya, pare com isso. Somos amigos. – disse ele animado.

O que ele esta tentando dizer com tudo isso?

– Então o que a gente fez naquela noite não vai mudar em nada?– perguntou o garoto.

Enquanto me apoiava cuidadosamente na porta que por coincidência estava encostada


deixando uma brecha que poderia capacitar qualquer pessoa de escutar o que eles
estavam conversando.

– Aquilo foi um acidente , Jimin. – disse meu namorado.

– Que acidente? Você disse que deveríamos aproveitar enquanto você não se arrependia
de nada. – disse o garoto parecendo estar suplicando por algo – Hyung, se for assim eu
não quero mais ser seu amigo.

– Pare com isso ,Jimin. – disse ele.

– Eu gosto de você , hyung! – disse antes de ouvir estalos semelhantes a lábios se


mexendo. Semelhante a um beijo.

Para ter certeza e não criar ilusões em minha cabeça, aproximei meu rosto da brecha e abri
mais um pouco a porta. Quando tive a visão daquilo que, não imaginava que poderia existir
entre os dois, me levantei rapidamente e sai correndo pelo corredor largando o bolo de
frente a seu quarto.

Eu realmente fui traída diante dos meus olhos.


(Jimin)

Estou fazendo uma das coisas mais humilhantes da minha vida. Lavando o banheiro
masculino e provavelmente, irei lavar a sala de musica que fica no ultimo andar da escola.

– Vocês sabem que é proibido qualquer aluno vim para essa sala sem um professor? –
disse eu colocando o balde no chão.

Passei quase a manhã inteira lavando aquele banheiro. Teria terminado se duas garotas
não começassem a brigar por causa de uma meia feia.

– Sabemos. – respondeu o garoto de voz grossa – E o que você esta fazendo aqui?

– Limpando algumas salas. – respondi – Essa seria a próxima.

Não quero criar nem um tipo de intriga, só quero terminar de limpar essa porcaria.

– Pode ir então. – disse ele empurrando a porta e fazendo depois um sinal com a mão
para que eu entrasse.

– Obrigado. – falei enquanto pegava na alça do balde.

Jungkook estava com ele, mas não aparentava estar muito bem, por isso ignorei.

Entrei despreocupado na sala e larguei o rodo no chão sentindo raiva por ter que lavar um
lugar sujo como este, cheio de teias por ai. E o pior de ter ficado nesse castigo foi porque
cheguei atrasado muitas vezes esse mês e por isso meu pai resolveu ligar para o diretor
permitindo que eu pudesse ser punido do jeito que ele quisesse.

– Vamos falar sobre aquilo em outro lugar.– disse o rapaz antes de fechar a porta e me
deixar sozinho naquele ambiente.

Sobre o que eles pretendiam conversar?

Quando percebo que estou sendo curioso lembro-me do famoso ditado: "A curiosidade
matou o gato." Será mesmo que a curiosidade fez o pobre gato morrer por causa de uma
panela cheia de água quente? Sempre penso que o gato estava querendo saber o que
existia dentro de uma panela de água fervente.
Desta vez segurei um pouco do meu interesse sobre a vida alheia e apoiei minha mão firme
no cabo daquele rodo, decidi esquecer tudo aquilo que ouvi e colocar em ação essa maldita
limpeza.

Uma hora depois de ter quase morrido de tanto espirrar por causa da poeira daqueles
instrumentos guardei o balde e o rodo no quarto de limpeza do colégio.

Será que meu pai não acha errado ter que me fazer passar por isso depois de sair do
hospital?

Após ter feito tudo o que precisava fazer, fui para minha sala pegar minha mochila do
armário, para poder ir embora, mas algo me impediu. Ou melhor dizer, alguém. Aquele
garoto que estava com Jungkook mais cedo permanecia parado de frente a porta da minha
classe, me encarando como se quisesse me matar ali mesmo.

– Boa tarde.– disse eu enquanto tentava passar por ele , mas o cretino colocou o braço
no batente da porta me impedindo de sair – Licença.

– Onde você pensa que vai? – perguntou ele.

Quanto ódio gratuito.

– Preciso sair. – respondi.

– Eu também.– disse ele.

– Taehyung!– ouvi a voz de Jungkook ecoar pelo corredor – Vamos, Hwa Young esta
pronta.– disse ele quando estava mais próximo do amigo.

– Ok. – disse saindo da minha frente.

Eu fiz algo de errado?

Ele decidiu me deixar ir quando Jungkook o chamou pela segunda vez, e assim pude
perceber que tipo de idiota pode existir no mundo. Eu só imagino que ele tenha ficado
desse jeito porque interferi sua conversa com o amigo. Se não , não sei o que possa ser.

Esperei os dois se afastarem mais um pouco até que não pudessem me notar sair pela
porta. Assim que coloquei meus pés para fora da escola senti um grande alivio, me
deixando menos sufocado por causa a grande quantidade de poeira que me fez espirrar
durante aquele tempo que fiquei trancado limpando os instrumentos. Mas estar livre do
colégio por hoje não me fez estar livre para outras coisas, ou melhor dizer, de alguém.

Chung estava de frente ao portão de braços cruzados olhando para o relógio do pulso como
se estivesse impaciente. Aproveitei que ele permanecia distraído com o relógio e passei
rapido pelo portão antes que o mesmo me visse. Acelerei meus passos em direção ao outro
lado da rua e me direcionei para a entrada da rua mais próxima.

Mas uma risada prendeu minha atenção. Curioso como sou, virei minha cabeça para trás
deixando meus olhos encontrarem Jungkook, seu amigo e uma garota de cabelo médio
andando em direção ao portão despreocupados. Ele sorria para aqueles dois como se eles
tivessem lhe contado uma piada.

Quando me encontro alegre de mais ,como ele, me lembro que momentos ruins vem de
surpresa para acabar com tudo isso. "Hoje estou muito feliz , mais do que o normal. Preciso
ficar triste para normalizar tudo."

– Olá, Jeon.– disse Chung olhando para Jungkook.

Jungkook paralisou quando o ouviu chamar seu nome, por isso deu um passo para trás.
Parece que seus amigos não o conheciam, a expressão no rosto deles diziam isso.

Infelizmente, eu conseguia escuta-lo e por esse motivo fiquei parado esperando por algo
pior.

– O que faz aqui?– perguntou Jungkook.

– Vim visitar o amigo da minha namorada.– respondeu sorrindo.

Agora, desejaria que ela estivesse morta só para puxar seu pé enquanto você dorme,
imbecil.

– Como vai sua vida depois de três longos anos, Jungkook-ssi?– perguntou ele de um jeito
debochado.

– Quem é você?– perguntou a garota que estava com eles.

– Depois você me responde quando estiver disponível, Jungkook-ssi.– disse Chung dando
as costas para os três e indo embora para o outro lado da rua.

Parece que carro dele estava estacionado por ali.

– O que deu naquele cara, Jungkook-ah?– perguntou a garota de cabelo médio.

"Você pode me ajudar a me vingar dele." disse Chung Hee para mim quando estava me
dando uma carona na noite passada.

Foi desse jeito que percebi que Jungkook e eu estavamos ligados nessa historia desde o
dia que comecei a andar com Chung. E foi por causa desse imbecil que toda essa minha
pertubação mental começou.

Olhei detalhadamente para o jeito que ele abria a porta de seu carro. Ele estava irritado. Vi
Jungkook movimentar-se para o asfalto com suas companhias, não sei para onde
desejavam ir, e se não conhecesse Chung Hee nem pensaria que ele faria algo tão baixo.

Chung deslocou seu carro do estacionamento e o direcionou para a mesma direção em que
o trio estava.

Droga.

"Me desculpe, me perdoe."


(Jungkook)
– Vamos fingir que nunca o vimos.– disse eu respondendo a pergunta da Hwa Young.

– Você conhece pessoas muito estranhas.– falou Taehyung colocando as mãos dentro dos
bolsos da própria calça.

– Vamos comer uma pizza?– perguntou Hwa Young enfiando sua mão em baixo do braço
do Taehyung.

Ele me disse que os dois só apostaram ficar por um mês juntos, porque duvidavam um do
outro que alguém poderia gostar da Hwa ou do Taehyung. Resumindo tudo, eles duvidam
que alguém possa ter um relacionamento duradouro com os mesmo e por isso fizeram a
aposta.

– É uma boa ideia.– disse eu tentando ignorar o fato de os dois serem muito malucos de
aceitarem tal aposta só por causa de uma duvida estupida – Vamos. – falei dando alguns
passos em direção ao asfalto da rua.

Talvez Hwa já gostasse dele e só pensou em fazer essa brincadeira para aproveitar a
oportunidade de tê-lo por algum tempo.

Se fosse eu não pensava em apostar com a Hwa por um bom tempo. Imagino que daqui a
pouco vão começar a namorar e eu vou ficar sobrando nesse triangulo de amizade.

– Eu quero pizza de camarão.– disse Hwa com voz fofa.

Nunca escutei ela falar desse jeito. E ouvi-la pela primeira vez me dá uma certa dor de
ouvido.

– Vamos para o mercado Gwangjang!– disse meu amigo animado.

– Ah não!– exclamou Hwa.

– Vamos comer pé de galinha apimentada.– disse ele novamente animado.

– Você quer morrer?– disse ela enojada.

– Qual é o problema nisso?– perguntou ele não entendendo o porque de Hwa Young
estar assim.

Eles vão mesmo discutir sobre comida no meio da rua? Precisamos ir para o ponto de
ônibus antes de anoitecer. Taehyung demorou muito tempo explicando sobre o motivo de
ele estar beijando a Hwa escondido de todo mundo. Todo mundo mesmo. Nem ele gosta de
olha-la enquanto estão se beijando.

– Então vamos comer polvo. – disse eu me envolvendo na discussão.

– Vamos.– disse ela concordando.


– O que? Porque?– disse Taehyung sendo puxado por ela – Você prefere as ideias dele?

Detesto ver o meu amigo decepcionado por causa de uma garota, principalmente se ela for
a Hwa Young, pedra no meu sapato.

– Sim.– respondeu ela apressando-se e levando consigo o novo "namorado" em direção a


rua do ponto de ônibus.

– Jungkook-ah!– gritou Taehyung por mim olhando para minha direção como se estivesse
pedindo por ajuda.

– Me desculpe.– murmurei.

Parei por um momento esperando que o casal se movimenta-se para bem longe, não queria
escutar Hwa Young dando um milhão de motivos pelo qual queria tanto comer polvo em vez
de pés de galinha.

Assim escutei repentinamente um barulho ensurdecedor de rodas de carro arrastando-se no


asfalto e por isso me virei em direção ao mesmo ,tendo uma terrível visão de faróis quase
me cegando. Para minha sorte ou azar, senti ser puxado para trás com tanta força que mal
consegui juntar as informações do que estava acontecendo.

– Cuidado. – disse ele mostrando sua expressão de desespero.

– O que você...– disse eu antes de perceber que quase fui atropelado.

E possivelmente o carro que iria me amassar como paçoca no chão seria o mesmo que me
cegou poucos segundos atras. Então notei o veiculo seguindo sua rota ,me possibilitando
de ver a placa dos números.

Aquele carro era muito familiar para meu gosto. E isso é ruim.

– Não fique parado quando um carro vim em sua direção.– disse Jimin soltando meu
braço – Boa noite.– falou afastando-se apressado.

– Jimin-ssi!– o chamei ,sabendo que não precisava falar tão alto pois ele ainda estava por
perto.

– O que?– disse ele.

Nossa, o que devo dizer agora?

– O Jin queria saber como você estava depois de ter saído do hospital.– falei pensando em
mais algum assunto que poderia tocar.

– Sim, estou bem.– disse dando-me as costas – Cuidado com os carros.– falou enquanto
apressava-se para atravessar a rua.
Qual é o seu problema , cara? O que deu em você para querer se aproximar do Jimin
desse jeito? Foi por causa daquele beijo? Sinceramente, Jeon Jungkook.

– Mas... – murmurei.

Deixei que ele fosse embora sem ter nem um tipo de atitude. Nunca pensei que um beijo de
merda fizesse isso comigo. Mas deveria esperar de tudo de mim, porque já me apaixonei
por alguém só de olhar o seu cabelo.

– Onde esta o Jungkook-ah?– disse Hwa olhando para mim em uma distancia de alguns
metros – Não vem?

– Ah, vou sim!– respondi logo depois correndo atrás do casal não oficializado.

Após chegarmos ao mercado Gwangjang escolhemos ir para a barraca onde vendia polvo
picado. A "namorada" do meu fiel companheiro optou por comprar feijão com açúcar antes
de começarmos a comer o polvo. Estávamos sentados de frente a barraca da mulher que
cozinhava , aqueles bancos eram bastante aquecidos, poderia ficar por aqui um longo
tempo comendo e observando a cara de pau do Taehyung abraçando a nossa amiga como
se já estivesse em um relacionamento sério.

– Não sei porque você nunca me escuta.– disse ele levando para a boca um pedaço de
tentáculos de polvo se movendo.

– Você não gosta do que eu gosto.– disse ela com as bochechas inchadas de feijão.

– Vocês tem certeza que não estão namorando?– eu perguntei olhando para a dona da
barraca que cortava ferozmente aqueles tentáculos.

– Jungkook, não perda tempo perguntando tais coisas.– disse ela virando o copo de feijão
deixando todo o liquido descer pelo seu esófago.

– Claro que não estamos.– respondeu Taehyung pela Hwa Young.

– É o que?– disse ela incrédula.

– E não é verdade?– questionou ele.

Mais uma discussão sem fundamento.

– Taehyung!– exclamou levantando-se do banco.

– Vai ficar com frio, é melhor se sentar.– disse eu tentando minimizar a frescura que a Hwa
tem.
– Ahgassi!– disse a dona da barraca que fez Hwa virar seu rosto rapidamente para ela –
Sente-se antes que comecem a lhe encarar. Isso diminui os clientes.– disse ela apontando
o facão para a plateia que observava a minha colega se exaltar.

– Ela tem razão. – concordei.

– Garoto sensato, merece um desconto. – falou ela voltando a cortar o pobre polvo.

Hwa Young voltou a se sentar no banco enfurecida por causa da resposta do "namorado".

Eu sabia que isso ia acabar de um jeito embaraçoso.

– Eu quero pudim.– disse ela cruzando os braços parecendo uma menina emburrada.

Ela estava emburrada. E ficava mais feia do que já era.

Se você atender esse pedido eu te mato. Pensei enquanto encarava Taegyung que estava
ocupado comendo deprimidamente aquele tentáculo que parecia estar vivo. Ainda bem que
estou acostumado com essas coisas.

– Estou sem tempo para comprar pudim para você , Hwa.– disse ele empurrando o prato
para longe mostrando que não queria mais comer – Esta tarde, tenho que voltar para
casa.– falou levantando-se.

– Tudo bem, eu fico por aqui.– disse ela pegando seu prato.

– Eu vou com você ,Taehyung.– falei levantando-me.

Queria mostrar um pouco de solidariedade pelo meu amigo por isso me levantei
rapidamente sem antes pensar em nada.

– Mas e eu? Vou ficar sozinha?– perguntou ela tentando fazer voz fofa.

Será que ela sabe que sua voz fica irritante quando tenta ser fofa?

– Você já voltou para casa sozinha depois de beber como uma louca.– disse ele dando as
costas para nós.

– Mas isso foi diferente, agora estou sóbria.– disse ela.

– Eu também.– falou ele dando alguns passos em direção a um atalho de saída mais
rapida do mercado.

– Até amanhã, Hwa Young.– acenei para ela sem nem um tipo de remorso por deixa-la ali.

Sai em disparada atrás do meu amigo deprimido. Me aproximei dele um pouco preocupado
por sua expressão estar caída. Andamos silenciosamente por um tempo até abrir minha
boca e perguntar algo para que esquecesse da Hwa por um tempo:

– Você realmente não gosta de polvo?

– E você? Você gosta?– perguntou ele.

– Eu tento.– respondi.

Ele me encarou sem acreditar no que eu disse e riu para disfarçar um pouco a tristeza que
estava sentindo. Sei muito bem porque ele esta assim. Gostar da Hwa deve ser difícil,
principalmente se ela não concorda com nada que ele diz. Os opostos se atraem.

– Vamos para minha casa? – perguntou ele.

– Tenho que chegar cedo em casa , cara. – respondi.

Taehyung baixou a cabeça e por um instante pensei ter esquecido algo, então olhei para
trás. Esqueci que meu amigo deixou a garota que gosta para trás. Será que seria isso que o
deixou assim ou algo que o mesmo ainda não me contou?

Você gosta tanto assim dela? Perguntei em pensamento.

– Taehyung... –ao dizer seu nome ouvi um estalo próximo a nós, e por isso movi meus
olhos em direção ao som.

Uma mulher tinha acabado de derrubar uma caixa de garrafas de soju de frente a um
homem que neste momento estava de costas para mim , fazendo com que o rosto da
mulher também não fosse mostrado, assim como o dele. Ele parecia estar bravo, por isso
foi rápido em repreender a mulher jogando um prato descartável com comida na moça ,que
a fez cambalear para trás e cair por cima de alguns cacos de vidro. Revoltada, se levantou
e começou a falar alguns palavrões.

– Você acha que sou sua vadia para jogar comida em mim?– gritou ela limpando suas
mãos que estavam um pouco ensanguentadas no avental.

– Trabalhe direito antes de falar alguma coisa.– gritou ele de volta.

– Ah é?– disse balançando suas mãos de proposito para mancha-lo de sangue – Quando
chegar o dia de se sacrificar para colocar comida em casa me fale alguma coisa.

O homem avançou para cima dela segurando em seu pescoço. Foi dessa maneira que
consegui ver o rosto da moça. Ela era familiar. Tristemente familiar.

Era a mãe da Soon Bok.

– Você não tem direito de falar nada!– disse ele entre os dentes.

Me virei para Taehyung me sentindo nervoso por não dividir esse fato tão triste da minha
vida, que é ser ainda apaixonado por alguém que não sei se esta viva. E também por nunca
lhe dizer que tive uma vida tão miserável ,depois daquele desaparecimento que demorei um
ano para voltar a fazer amigos novamente.

– Taehyung.– o chamei.

– Sim?– disse ele que também estava prestando atenção na briga.

– Preciso fazer uma coisa.– falei tocando em seu ombro.

– O que você quer fazer?– perguntou ele assustado.

– Eu conheço aquela mulher.– foi o que eu disse antes de dar as costas para ele.

(Jungkook)

Eu deveria ter tido mais coragem em dizer o que sentia para alguém como você. Deveria ter
descoberto a farsa que era mentir para mim, dizendo que não gostava o suficiente de você.

Me desculpe.

Foi essa uma das cartas que escrevi para ela naquela época. Me arrependo de ter feito
isso, porque nunca pensei em beijar alguém se não fosse ela, e agora que me vejo nervoso
novamente por causa de outra pessoa, me sinto inútil.

– Senhor.– falei tocando em seu ombro e depois puxei o desgraçado para trás ,fazendo o
mesmo soltar o pescoço dela.

– Quem é você? Filho dela?– perguntou gritando – Marido?


Eu sou um idiota ,pra dizer a verdade.

– Não, senhor.– respondeu Taehyung por mim.

Olhei para meu amigo ao meu lado com a expressão mais assustadora que vi em seu rosto.

– Aposto que o senhor não sabe que bater em mulheres é muito baixo.– falou deixando
sua voz grossa assustar até a mulher que foi agredida – E quase foi um ato de feminicídio.

A senhora Eun Kyung deveria estar passando por um grande problema para começar a
trabalhar no mercado popular de Seul, onde muitas mulheres e homens se sacrificam para
ganhar pouco dinheiro.

– Senhora Eun Kyung, esta tudo bem?– me aproximei dela ,que nesse momento estava
caída no chão segurando o próprio pescoço – Precisa de ajuda?– perguntei tocando em
seu antebraço.

– O que você faz aqui a essa hora , Jungkook?– perguntou Eun Kyung tentando fazer sua
voz sair.

– Você tem algum problema com mulheres?– perguntou Taehyung.

O homem fez cara feia ao ouvir Taehyung e por isso esticou seu braço ate a mesa da
barraca e pegou uma garrafa de soju.

– Eu tenho mais o que fazer.– disse ele fuzilando meu amigo com os olhos, logo depois saiu
cambaleando bêbado em direção a outra barraca.

– Obrigado, Taehyung.– agradeci enquanto tentava levantar a senhora Kyung.

– Volte para casa, eu tenho que continuar o meu trabalho.– disse ela limpando as mãos
novamente no próprio avental.

O que esta acontecendo com a senhora?

– Mas a senhora esta machucada.– lembrei.

– Isso não é nada comparado a sujeira que eu fiz.– falou pisando na parte seca de onde
estávamos – Rápido, vão para casa.– disse , dessa vez sem paciência.

– Vamos.– sussurrou Taehyung em meu ouvido puxando levemente meu braço– Você
pode depois compra curativos para ela.– continuou ele.

É verdade, depois que tudo isso pudesse estar mais suave eu poderia voltar.

– Esta tudo bem então.– falei curvando-me rapidamente – Até qualquer dia senhora
Kyung.– disse eu deixando Taehyung me puxar consigo.
Enquanto pensava em dizer algo mais inteligente para ela , ele me tirou de perto daquela
barraca assim me deixando mais atordoado por não ter dito mais nada depois daquilo.
Pouco tempo depois estava fora do Mercado Gwangjang relembrando cada pedaço das
palavras que Taehyung disse ao homem acompanhado de uma voz assustadora que nem
eu mesmo conhecia.

– Porque você me ajudou daquele jeito? – perguntei.

– Queria saber porque você agiu daquele jeito também. – disse ele escondendo suas mãos
atrás das costas.

– Me desculpe, por não ter te dito antes.

– Não ter dito o que? – questionou ele parando de andar.

– Aquela mulher é mãe de uma amiga de infância minha. – falei olhando-o e aguardando
alguma palavra sua.

Ele apenas me observou.

– Eu perdi a amizade dela depois que ela desapareceu no acampamento da própria


escola.– continuei.

– Porque você não me contou essa historia sua?– perguntou com o rosto vazio de
sentimentos.

– Porque eu queria esquecer isso sozinho.

Era difícil esquecer o rosto dela ,e também o seu nome. Todos ao meu redor me lembravam
dela e por isso queria que Taehyung não fizesse parte dessa historia. Na verdade, queria
que todo mundo parasse de olhar para mim e sentir pena pelo que aconteceu três anos
atrás.

– Você tem um costume idiota de lidar com os problemas.– disse ele continuando a andar
sozinho me deixando para trás.

– Ya!– exclamei.

– Se precisar de ajuda me chame.– falou distanciando-se cada vez mais.

Então fiquei paralisado vendo ele continuar a andar até que o mesmo parou e olhou para
trás.

– Você não vem? – perguntou.

– Pensei que iria me deixar aqui.– falei me sentindo aliviado.

– Porque deixaria? É você quem vai me ajudar a beber hoje.– disse ele.
Faz tempo que ele não bebe.

– Tem algum motivo especial para isso?– questiono.

– Minha falta de sorte.

Se eu bebesse todas as vezes que me achasse azarado estaria doente.

– É melhor não , Taehyung.– disse eu aproximando-me dele – Não é uma boa ideia você
beber a essa hora.– falei tocando em seu ombro.

– Prefiro isso ao em vez de fumar.– disse ele parecendo um pouco irritado.

Será que ele esta assim por causa da Hwa Young?

– Você esta assim por causa dela?

– Não sei do que você esta falando.– disse dando um sorriso sarcástico – Não me importo
com aquela cretina.

Diz isso agora ,mas depois vai estar chorando porque foi rejeitado pela milésima vez.

Mas não parecia que ela estava tratando-o como a Hwa de antes, algo tinha mudado.

– Te conheço ,Taehyung.– finalizei o assunto dando um leve tapinha em seu ombro –


Vamos beber se é isto que você quer.

– Finalmente.– pareceu aliviado.

Me sinto muitas vezes sortudo perto do Taehyung, ele tem muita facilidade em se apaixonar
e por isso todas as mil vezes que ficou com alguma garota , desde o inicio pensava
romanticamente nela. Por isso me acho sortudo. Estou até hoje esperando alguém que
provavelmente não vai voltar e esse é um grande motivo para que eu desista de tudo ,para
recomeçar a minha vida como gente de verdade.

Quando chegamos a uma loja de conveniências fui rapidamente atrás de uma garrafa de
soju e tratei de pagar pela bebida antes que Taehyung se oferecesse para fazer isso.

Ajeitei a gola do casaco que ele me emprestou para que a moça do caixa não visse meu
uniforme do colégio. Me apressei em sair da loja para encontrar Taehyung que, neste
momento, estava sentado em frente a uma mesa desconsolado olhando para o céu ,como
se nada mais em sua vida tivesse sentido.

Posso estar exagerando, mas é assim que a cabeça dele esta agora.
Desci o ultimo degrau da saída do estabelecimento e fui em direção a ele. Pensei que ele
estaria pior que a ultima vez que gostou de alguma garota, mas parece que agora as coisas
deram uma melhorada. Não é Taehyung? Pode pensar duas vezes antes de se envolver
emocionalmente com alguém.

– Eu trouxe sua bebida.– disse eu sentando-me ao seu lado.

– Obrigado.– agradeceu pegando a garrafa das minhas mãos – Acho que vou querer dormir
na sua casa hoje.

Imaginei que quisesse dormir lá mesmo.

– Eu ligo para sua mãe dizendo que você...

– Eu mesmo ligo para ela.– me interrompeu – Minha mãe não esta em casa essa semana.

– O que ela anda fazendo?

– Está planejando se casar de novo com um cara mais jovem que ela. – disse tirando a
tampa da garrafa.

– Sinto muito ,cara.

– Eu também sinto.– levou o soju para a boca.

Senti meu celular vibrar no bolso e assim tive a atitude de pega-lo rapidamente tendo em
mente que Hwa poderia estar pedindo ajuda ou qualquer coisa do tipo.

Mas eram outras mensagens:

Jimin: Tenha cuidado quando sair pela rua.

Senti meu coração vacilar pela surpresa que tive.

Jimin: Mudou de ideia sobre aquela proposta?


Um ano atrás.

(Jimin)

– Quero mais remédios.– ouvi meu pai dizer enquanto conversava com minha mãe.

– Calma, falta mais uma semana pra irmos ao médico.– disse ela quase em um sussurro.

– Não é você que esta sustentando uma dor miserável na cabeça, mulher! – exclamou ele.

– Fale baixo, Jiminie esta dormindo.– sussurrou ela.

– Ele é nosso filho , não devo esconder uma dor de cabeça dele.– falou dando alguns
passos pela sala.

Depois da sala existia uma escada e um corredor. Eu dormia em um dos quartos do


corredor. Meus pais trocavam de quarto uma vez ou outra e quando brigavam dormiam
separados.

– Precisamos ir atrás daquela senhora que vende remédios sem receita médica.– disse ele
rapidamente como se estivesse desesperado.

Eram 00:00 da madrugada e eles ainda conversavam sobre a dor de cabeça que meu pai
estava aguentando. Muitas vezes eu acordava com ambus discutindo sobre o
relacionamento estranho que eles tinham e por incrível que pareça sobre os remédios
também. Talvez meu pai esteja tão desesperado para que essa dor acabe que tinha
facilidade em causar uma briga com minha mãe a respeito de coisas desnecessárias.

– Só usamos daquela vez porque você não estava suportando tanta dor.– disse minha
mãe.

– Agora estou do mesmo jeito!– gritou – Não esta vendo meu desespero?

– Esta se tornando um viciado.– falou com tanta frieza para meu pai que me surpreendi.

– Na Rae, você não sabe o que é sentir uma dor insuportável atrás da cabeça.– disse entre
os dentes.

Eu nunca a escutei usar esse tom de voz com alguém, principalmente com ele que quando
estou presente entre os dois o trata como se fosse empregada dele.

Ela normalmente me trata como uma criança e por isso quase sempre usa palavras doces,
mas quando quer reclamar de algo pega um pouco pesado.

Sem nem um pingo de paciência para permanecer escutando toda a discussão ,peguei meu
celular que estava até então em baixo do meu travesseiro, onde guardo todas as noites
para quando não conseguir dormir procurar algo que me distraia.

Procurei na minha caixa de mensagens por alguém que não me responde faz uma semana.
Ingrato. Mas só encontro a ultima mensagem que mandei para Tyler, um dos amigos que fiz
quando viajei para estudar fora da Coreia.

Estava escrito:

Jimin: I like pears.

Sorri quando lembrei o motivo de ter dito aquilo. Então cliquei na mensagem que mandei
para ele e revi toda a nossa conversa.

Foi bom ter visto , mas também foi triste ter que lembrar que ele não me mandava
mensagens desde ontem.

Tyler: Hi Jimin. ( Oi Jimin.)

Tyler: It's been a while since I've seen you.(Faz tempo que não te vejo.)

Tyler: What was it like to go home after that little time studying with me?(Como foi ir para
casa depois de pouco tempo estudando comigo?)

Jimin: How long, young man.(Há quanto tempo, rapaz.)

Jimin: It was lonely to return to Seoul.(Foi solitário retornar a Seul.)


Jimin: I miss our conversations about pears.(Sinto falta das nossas conversas sobre as
peras.)

Tyler: We only talked about pears.(Nós só falamos sobre peras.)

Tyler: Especially when I wondered out loud if there was any cake made of pears.
(Especialmente quando eu me perguntei em voz alta se havia algum bolo feito de peras.)

Tyler: I'd like some pizza now. (Eu gostaria de um pouco de pizza agora.)

Jimin: Hope you do not want a pear pizza. ( Espero que você não queira uma pizza de
pera.)

Tyler: Yes, I thought just that.(Sim, pensei apenas isso.)

Jimin: You are weird.(Você é estranho.)

Tyler: I like pears.( Eu gosto de peras.)

Jimin: Me too.(Eu também.)

Jimin: I like pears.(Eu gosto de peras.)

Deveria ter me respondido seu amante de peras.

Pena que agora esse maluco não esta online para continuarmos nossa conversa insana
sobre peras e pizza feitas de peras.

– Porque não volta para a casa da sua mãe? – perguntou meu pai – Ela deve estar
sentindo sua falta.

– Eu não sou tão covarde como você que gosta de me trair com aquelas vagabundas. –
disse ela.

– Repita de novo. – disse em um tom frio.

Logo depois escutei um estalo de tapa. Isso foi o suficiente para me levantar da cama e
abrir a porta.

Quando vi minha mãe cobrindo o próprio rosto depois que meu pai a machucou, senti meu
sangue ferver como nunca havia fervido antes.
(Jimin)

Depois que acordei naquele horário no hospital, me lembrei de alguns acontecimentos que
foram o motivo de ter desmaiado de frente a casa do Jungkook.

Primeiro, sai de casa com a cabeça completamente perturbada por causa dos remédios.

Pouco tempo depois de esfriar a cabeça quando voltei para casa após chegar do hospital
me lembrei de alguns detalhes da caminhada que dei em direção a faixa de pedestres.
Tinham mais ou menos dez pessoas andando na mesmo direção que eu. Foi neste
momento em que esbarrei em um cara, era o Chung Hee.

Segundo, também me recordei da briga que tive com ele antes de sair correndo para
qualquer lugar que fosse longe o suficiente para que me deixasse em paz. Não sei bem
qual foi o motivo da briga, porque minutos depois senti levar um chute na perna ,e por isso
corri mancando até chegar em uma loja de conveniências que infelizmente acabei o
encontrando lá também.

Terceiro, ele me deu uma carona até a casa do Jungkook e durante o caminho inteiro ele
tocava no nome do Jungkook usando 'Jeon'. Dessa forma teve diversos assuntos sobre ele
e o principal ponto em que ele tocava era de como Jungkook fez a Soon Bok odia-lo por
algo que ele não entendia o motivo. Depois então disse que ela havia descoberto sobre nós
dois no dia do seu aniversario. Recordo-me muito bem desse dia e desejo esquece-lo
completamente. Pensei que eu seria o seu presente de aniversario naquela data , mas
acabei sendo usado para satisfaze-lo.

Quarto, ele queria se livrar do Jungkook para se vingar da traição que a namorada cometeu
com ele. E naquele momento disse que concordava com sua ideia, mas era para que ele
me deixasse ir embora.

Foi assim que parei de frente ao Jungkook, o deixando preocupado.

Sim, eu fui um idiota, mas tive motivo.


– Filho, arrume o quarto.– disse minha mãe colocando sua cabeça para dentro do meu
quarto.

– Sim, omma.– falei levantando-me da cama para fingir que já estava arrumando as coisas.

Quando ela me viu arrumando o lençol da cama saiu de perto da porta e seguiu em direção
a sala. Assim tive a oportunidade de voltar para o celular e continuar digitando mensagens
para o Jungkook.

Jimin: Se quiser se encontrar comigo me diga o dia e a hora.

Jungkook: Eu não sei se irei mudar de ideia em relação ao que você disse antes.

Jimin: Porque?

Jimin: Não quer se livrar daquele cara?

Jungkook: Eu não me importo com ele.

Jimin: Esta certo então.

Jimin: Mas as minhas aulas de matemática ainda estão de pé?

Jungkook: Sim.

Essa é a minha chance.

Jimin: Pode me ajudar hoje?

Jungkook: Não, eu tenho que trabalhar hoje.

Jimin: Nesse horário?

Jungkook: Sim.

Quem trabalharia a noite? Principalmente um garoto que ainda esta no ensino médio?
Jimin: Onde você trabalha?

Jungkook: Quer mesmo saber?

Jimin: Sim.

Jungkook: Seu pai é meu chefe.

Jimin: Como assim?

Jungkook: Eu vou trabalhar em uma das lojas dele.

Meu pai é dono de três lojas de conveniência na cidade.

Jimin: Você começa a trabalhar que horas?

Jungkook: 19:00.

Devo ser rápido ou espero mais um pouco?


(Jimin)

Abri pela terceira e ultima vez a porta de uma das três lojas que meu pai tem como posse.
Entrei cansado na loja e procurei com meus olhos o expositor ,que logo depois vi o brilho
das lampadas do mesmo me chamarem a atenção. Fui em direção a parte de gelados do
estabelecimento e abri a porta do expositor de bebidas onde havia muitas garrafas com
diferentes tipos de sucos.

– Posso lhe ajudar?– perguntou-me ele arrumando seu boné segurando-o pela ponta.

Fiquei alguns segundos pensando no sacrifício que estava fazendo só por causa de um
imbecil ,que não sabe controlar a própria raiva diante do melhor amigo da ex-namorada.

– Sim, quero ajuda com os exercícios de matemática.– respondi soltando a porta que
depois fechou-se sozinha.

– Eu estou trabalhando.– disse depois de mostrar surpresa ao me reconhecer.

– Eu sei.– falei me permitindo olhar para seus sapatos comparando-os com os meus.

O chão estava um pouco úmido e meus sapatos estavam sujos pelo motivo de não ter me
lembrado de limpa-los antes de sair da minha casa. E por estarem um pouco sujos também
deixaram um pouco de areia escapar fazendo com que o chão tivesse pequenas marcas de
areia molhada.

– Seu pai sabe que veio aqui?– perguntou.

– Não. Só o avisei que iria para a casa de um amigo continuar meus estudos.– respondi
sabendo que aquilo era mentira.

– Nós poderíamos fazer isso amanhã na escola.– falou ele – Ou você pode fazer aula
com um professor particular de matemática.

Não posso usar um professor para que o Chung Hee me deixe em paz. Ele não iria se
impactar se eu estivesse de mãos dadas com um homem de meia idade.

Quando aquele cretino me propôs uma possível vingança contra Jungkook fiquei tão
desconfortável com sua insistência que acabei aceitando para que o mesmo parasse de
falar tantas besteiras.
"Jimin." Disse ele segurando meu braço com firmeza.

"O que você quer?" Perguntei afastando-me até tocar minhas costas na porta do carro.

"Eu gosto muito de você, serio." Disse ele fitando-me de jeito assustador.

"Certo..."Falei tentando soltar meu braço de sua mão.

"Gosto tanto que quero que você me ajude a me livrar dele."

Aquele psicopata me fazia sentir calafrios. Enquanto o escutava milhares de vezes na


minha cabeça , me dizendo que tudo aquilo que ele me pediu era para "o nosso bem" e que
quando Jungkook sumisse nossas vidas iriam mudar, assim perdi a noção do tempo.

– Prefiro aprender matemática com você.– disse eu sentindo nojo de mim por ter que fazer
isso tudo para me livrar de alguém.

– Eu não tenho mais tempo livre, Jimin.– falou deixando escapar um pouco da sua raiva
por causa da minha insistência.

"Ele fez minha namorada fugir e ainda mandou a Soon Bok terminar comigo antes de sumir
daquele jeito. Você acha isso certo?"

"Mas e eu?" Disse me sentindo magoado "E eu que fiquei com você daquela vez? E as
outras vezes que dormimos juntos? Você não acha que isso é certo também?"

Fui deixado de lado por um psicopata que amava.

"Eu faço o que você quiser depois que se vingar dele por mim." Falou Chung ignorando
tudo o que eu disse anteriormente.

"Mal conheço esse garoto e ainda devo fazer o que você quer ,só porque esta obcecado por
um namoro terminado há 3 anos?" Me indignei "Você é maluco? Acha que sou uma piada?"

"Não , você foi importante para mim." Respondeu minhas ultimas perguntas "Não gosto de
te ver distante de mim." Disse passando sua mão em meu rosto.

Sim, senti nojo. Nojo de seu toque, nojo da sua existência.

"Se você, Jimin. Não fazer o que estou te pedindo..." Parou de falar por um instante até
surgir com uma seringa na mão ,que antes segurava a marcha do carro.

Chung Hee enfiou seus dedos em meus fios de cabelo e puxou-me em sua direção. Foi
depois disso que senti algo penetrar dolorosamente em meu pescoço.
Eu deveria ter pegado a primeira chance que tive de ligar para policia e denunciar esse
idiota. Mas o que eu fiz? Fiz o contrario disso, por medo.

– Então esta tudo bem. – falei sentindo uma grande pontada no peito.

Foram aquelas palavras que relembrei ,que me fizeram arriscar mais um pouco.

– Podemos estudar na minha casa de novo.– disse eu – E se não tiver realmente muito
tempo aqui posso fazer você se tornar meu professor para que meu pai te pague por horário
extra.

Ele deveria estar precisando de dinheiro por isso arrumou esse emprego de meio período.

– É uma boa ideia.– falou Jungkook pensativo – Mas acho que seria de mais trabalhar
como seu professor.

– Meu pai já te viu antes ou alguém te contratou no lugar dele?– perguntei.

– Ele me viu.– respondeu.

Ótimo.

– Então você pode me dar aulas em casa.

"Aquelas pessoas desgraçadas que você chama de família, estão comprando remédios
ilegalmente com uma mulher que conheço." Disse Chung calmamente "Se você não me
obedecer vou entregar seus pais e aquela desgraçada que vende drogas junto com eles."

Eu estaria livre dos meus pais depois que fossem presos, mas decidi aceitar pelo simples
fato de ele estar com uma agulha no meu pescoço.

"Eu gosto de você , Jimin, mas prefiro pensar em mim primeiro." Falou ele antes empurrar
todo o liquido da seringa para dentro do meu pescoço "Boa sorte com o garoto Jeon."
Foram suas ultimas palavras.

Porque tenho sempre que deixar que as pessoas tomem o controle da minha vida?

– Porque esta insistindo tanto em ter aulas de matemática comigo? – perguntou ele.

Imagino que já saiba.

– Apenas quero melhorar minhas notas para que no próximo ano possa estudar sozinho.–
respondi.

Não era bem isso. Queria que você aceitasse minha proposta de namoro falso.

– Acredito que exista um bom professor para isso.– falou ele esticando-se para pegar o
cabo de um rodo.
– Você não quer ganhar dinheiro?

– Quero.– dessa vez baixou sua cabeça para observar a parte de baixo do rodo.

– Essa ideia que tive pode te ajudar.– me encostei no expositor permitindo que o ar frio da
porta me refrescasse um pouco.

– É , – deixou um suspiro sair – pode ser.

Eu não deveria insistir mais.

– Se ainda quiser me avise.– disse eu me sentindo um fracassado.

Acho que deixo as pessoas tomarem controle da minha vida ,porque não consigo ter
atitudes inteligentes e tenho medo de me arriscar com pequenas coisas. Quero dizer, agora
tenho medo de me arriscar, por que antes não pensava duas vezes antes fazer algo
estupido.

Persegui Chung até que ele aceitasse meus sentimentos.

Sai escondido de casa quando meus pais estavam dormindo.

Comi todo o bolo de aniversario que comprei para o Tyler e depois para não me sentir mais
culpado do que já estava , comprei um maior.

Me afastei da sessão de gelados e fui diretamente para a saída da loja ,onde me convenci
que tinha perdido minha paz depois que conheci Chung Hee.

– Jimin! – escutei Jungkook me chamar.

– Sim?– virei para trás tendo uma bela vista de um garoto bonito ,que sofreu de amores por
uma garota idiota.

– Acho que sua ideia de eu ser seu professor pode dar certo.– disse ele.

Sim, ela era muito idiota. Tão idiota que senti pena dela. Muita pena. Espero que agora
esteja morta para pagar tudo o que perdeu, principalmente um garoto como esse.

– Eu posso falar com meu pai sobre as aulas que você vai me dar a partir dessa
semana.– falei com um pequeno sorriso satisfeito no rosto.

(Jungkook)
– Eu posso falar com meu pai sobre as aulas que você vai me dar a partir dessa semana.–
disse ele mostrando um sorriso que não pude descrever seu formato, porque estava muito
perdido.

Eu realmente estou perdido.

Horas antes estava conversando com Jimin por mensagem até que o mesmo me perguntou
se poderia ajuda-lo com matemática, mas felizmente acabei me lembrando que teria que
aparecer no meu primeiro dia de trabalho.

Levei Taehyung para minha casa e liguei para sua mãe informando-a que ele passaria a
noite em minha casa. Claro, ela não estava em casa, mas se no caso voltasse mais cedo
saberia onde o filho estava.

– Ok, Jimin. – falei recordando-me da ultima vez que fui para a casa dele acabei com um
machucado no pé ,que até agora esta em processo de cicatrização.

– Até amanhã , então.– disse ele dando as costas para mim.

Poucos segundos depois percebi que estava olhando-o partir para o outro lado da rua até
que não estivesse mais visível aos meus olhos, ficando cada vez mais difícil de enxerga-lo.
E assim me lembrei que estava sem o meu óculos de grau.

– Aigoo! – exclamei apressando-me em ir ao balcão do caixa.

Havia deixado minha mochila em baixo da cadeira onde sento, e antes de ter saído do caixa
acabei me esquecendo de colocar meus óculos. Tenho costume de usa-los quando estou
usando meu celular ou para ler algum livro.

Quando abaixo-me para pegar a mochila escuto a porta do estabelecimento se abrir.

– Boa noite. – disse eu levantando-me rapidamente para que o cliente posse me ver.

– Boa noite. – falou ele com duas olheiras no rosto.

– O que aconteceu com você , hyung? – pergunto a Seokjin.

– Vim te visitar no seu primeiro dia. – respondeu meu irmão revelando sua voz rouca ,que
parecia ter acabado de acordar.

Ele não estava assim hoje de manhã.

– O que houve com você? – pergunto.


– Acabei levando dois socos no rosto. – disse apontando para os olhos.

Ah, então as olheiras são manchas roxas.

– Sinto muito por você... – disse eu parando para pensar em como ele acabou apanhando
desse jeito – Porque você apanhou?

– Minha namorada. – disse ele.

– Ela bateu em você? – perguntei surpreso.

Nunca pensei que uma garota como ela seria tão violenta.

– Não foi ela. – disse movendo-se em direção a prateleira onde havia curativos.

– Então quem foi? Não me deixe confuso.

– Foi o Namjoon. Ele é irmão dela. – falou tirando um curativo da prateleira. – Ele poderia
bater em qualquer lugar, menos no meu rosto. – disse passando uma das mãos na própria
bochecha.

Aconteceram muitas coisas em um dia só. Primeiro, a Hwa Young acabou na


diretoria ,porque brigou com a irmã. Segundo, Taehyung gosta da Hwa Young e esta
sofrendo sozinho assistindo anime em meu quarto neste momento. E agora meu irmão
acabou apanhando do irmão da nova namorada.

– Eu acho que estou sendo amaldiçoado. – pensei alto.

– Quem te jogou o feitiço dessa vez? – perguntou Seokjin colocando os curativos sobre o
balcão.

– Hã? – olhei para ele tentando entender o porque da pergunta, então recordei que havia
soltado uma frase no ar – Nada. – respondi indo diretamente para o computador calcular
quanto ele precisaria pagar pelo que pegou.

Depois me agachei novamente para pegar meus óculos de dentro da minha mochila. Logo
após pela-lo coloquei em meu rosto e me sentei na cadeira.

– Custam 2,000 mil wons. – disse eu.

– Esta caro.– falou Jin jogando as notas no balcão.

Vendo pela quantidade de curativos que ele comprou deveria custar mais caro.

– Você pegou muitos desses. – falei apontando para eles empilhados um em cima do outro
– Você apanhou tanto assim?
– Saberá quando chegar em casa. – disse pegando-os e colocando cada um deles nos
bolsos – Você vai me ajudar a tampar as feridas.

– É serio? – perguntei preocupado.

– Sim. – respondeu antes de sair sem olhar para mim.

Assim que ele saíu outro cliente entrou, então tive que largar minha preocupação para
fazer meu trabalho.

– Boa noite. – disse eu sem tirar meus olhos da janela de vidro, onde me possibilitava de
ainda ter a visão do meu irmão andando pela rua.

Após ter fechado a loja ás 22:30 da noite peguei um ônibus para chegar em casa com mais
rapidez. Minha preocupação com Jin era maior que qualquer coisa neste momento e por
isso quando cheguei em casa, joguei meus pertences no sofá e corri para seu quarto, onde
o mesmo estava sentado na cama conversando com Taehyung.

– Oh, ele chegou! – disse Taehyung levantando uma garrafa de soju quase vazia.

– Isso não é hora de beber. – falei observando Jin jogando-se no colchão.

– Eu ainda não bebi, preciso trabalhar amanhã. – disse Jin.

– Como ele conseguiu outra garrafa? – perguntei – Nós não costumamos guardar bebida
alcoólica.

– Eu já tinha uma na minha mochila. – respondeu Taehyung sorrindo como uma criança –
Não fique assim Jungkook-ah.

– Como assim você tinha uma... – fui interrompido por ele curvando-se para baixo deixando
sair um liquido branco da boca.

– Esta sujando meu chão! – gritou Seokjin levantando-se da cama.

– Não era para deixa-lo beber. – disse eu aproximando-me do meu amigo.

– Ele havia bebido antes? – perguntou Jin.

– Sim ,cinco horas atrás. – respondi.

Pego a garrafa de suas mãos e a deixo no chão para facilitar que pudesse coloca-lo nas
minhas costas. Assim que estava com ele nas costas sai do quarto do meu irmão e fui para
o banheiro e o sentei no chão do box , logo depois liguei o chuveiro deixando que um pouco
de água morna desperta-se esse bêbado desiludido.

– Como posso ter um amigo tão triste? – me perguntei encostando minha cabeça no vidro
do box.
– Porque começou a chover do nada? – perguntou ele, que logo ignorei por saber que o
mesmo estava bêbado – Jungkook-ah, a chuva deve estar passando pelo inferno antes de
parar nas nuvens.

– Porque esta dizendo isso?

– Ela esta muito quente. – falou fechando os olhos.

Coloquei minhas mãos em baixo do chuveiro para sentir o calor da água e a mesma estava
realmente quente.

– Me desculpe, Taehyung. – me desculpei antes de ajustar a temperatura da água.

– Porque esta pedindo desculpa? Você não é o tio Lucifer pelo que eu saiba. – disse ele
pondo as mãos em cima das sobrancelhas para fazer um guarda-chuva com os dedos.

– Quando você esta alcoolizado é muito engraçado. – digo tentando conter um risada que
poderia ficar descontrolada.

– Eu tento.

Ele realmente tenta. Nunca vi um cara tentar tanto como ele e muitas vez imagino o porque
de continuar desse jeito com algo que, todos sabem que não vai dar certo. Até Taehyung
sabe que nada disso que ele quer irá ter bom resultado.

– Aproveitando o momento em que você está bêbado, me responda uma coisa.– disse eu
baixando-me para ficar no mesmo nível de altura que ele – Você não se cansa de ter
expectativas o tempo todo?

Taehyung abriu a boca e arregalou os olhos parecendo surpreso com minha pergunta.

– Porque perguntar algo tão cruel como isso?– disse ele demonstrando seu lado sóbrio.

– Pelo motivo de estar cansado de ouvir todo mês uma historia de uma nova garota que
você esteja gostando.– joguei minha sinceridade.

– Acho que você não sabe como é gostar de alguém e não ser correspondido.– disse ele.

Na verdade, eu sei sim.

– Porque esta me dizendo isso?– senti minhas sobrancelhas franzirem.

– Toda vez que decido ficar com alguma garota acabo me apaixonando.– ele tirou as
mãos da testa para provavelmente deixar a água do chuveiro cobrir as lagrimas que havia
voltado um segundo atrás.

– Eu também já me apaixonei e não fui correspondido.


Não sei dizer se isso foi uma paixão ou uma obsessão descontrolada. Também não tenho a
minima ideia de como posso esquece-la, depois de três anos me dedicando a me socializar
com o mundo. Após ela ter sumido durante esse tempo acabei aceitando que Soon Bok
nunca mais iria voltar, foi dessa maneira que usei muitas memórias que tinha de nós dois
para me fazer saciar a vontade de vê-la, de dizer que agradeço que tenha desaparecido,
mesmo que isso não seja bom.

– Como um cara como você não foi correspondido?– perguntou ele.

– Um cara como eu?

– Sim.

– Mas eu não tenho nada de interessante...

– Ah, tem sim.– disse meu irmão colocando sua cabeça para dentro do box.

– Hyung, não é correto escutar a conversa de outra pessoa.– falei tentando suportar meus
batimentos cardíacos.

– Olha só quem fala.– diz pegando um pouco da água do chuveiro – Não compartilho
com você o ramen que fiz – continuou a falar , mas desta vez jogou aquela água morna de
lagrimas em mim.

Ele molhou meu rosto e meus óculos.

– Não se preocupe – soprei um pouco da água que tinha em meus lábios – não gosto
muito do jeito que você cozinha.

– Ele cozinha bem.– Taehyung se intrometeu.

Que tipo de amigo é você? Pelo menos não fale nada enquanto discuto com ele, mesmo
que eu esteja mentindo sobre Seokjin cozinha mal.

– Em fim, se apressem ou morram de fome.– disse saindo do banheiro.

Voltando para o que Taehyung disse, eu já fui rejeitado. Inúmeras vezes pela mesma
pessoa. Qualquer um se sentiria triste por ver a pessoa que ama sorrir apaixonadamente, e
esse sorriso não ser direcionado especialmente para você. Isso machuca muito.
Talvez ,meu amigo Taehyung não me conheça completamente. Não é de se esperar que
ele conheça todas as minhas versões, porque as escondo de mim muitas vezes.

Meses atrás descobri que estava obcecado por Soon Bok e isso me feria muito. Eu deveria
aceitar que ela não vai mais voltar. Que tudo isso que se passa em minha cabeça tem
limite, assim como a vida de todas as pessoas que aguardam seus dias de descanso. O
sono eterno.
Queria realmente esquece-la de uma vez por todas, pelo motivo de querer viver como
nunca vivi antes. Mas algo dentro de mim me diz que devo ainda acreditar que ela possa
estar viva e que quando voltar estará disponível para mim, o que não é verdade, eu sei
disso.

Pode ser que sua mãe esteja ainda te esperando voltar do acampamento , Soon Bok sua
ingrata.

Mensagens enviadas para Jungkook:

Jimin: Consegui convencer o meu pai a contratar um professor particular.

Jungkook: Ok.

Jimin: Agora o senhor, professor Jungkook, vai me ajudar com matematica.

Jungkook: !!!!!!

Jungkook: Pensei que tivesse contratado realmente um professor.


Jungkook: Mas como você fez para que ele me contratasse se estou trabalhando na loja
dele?

Jimin: Foi por causa disso que ele deixou que você me ajudasse, porque sua hora extra vai
ser comigo.

Jimin: :)

Não sei porque, mas isso me soou como se ele tivesse falado em segundo sentido.

(Jungkook)

Só sei que depois daquela atitude estupida do Jimin, nunca mais pensei em outra coisa.

Eu me pergunto porque estou pensando tanto naquele beijo.

Será que foi por causa desse longo tempo sem me relacionar com alguém que me deixou
carente? E só por causa disso estou agora pensando em um beijo roubado?

Eu sou um idiota, não sou?

– Taehyung.– chamei meu amigo.


– Sim?– disse ele enquanto digitava no celular.

– O que você faria se não conseguisse esquecer alguém depois de muitos anos apaixonado
por ela?– perguntei esperando por uma resposta sua e a unica coisa que consigo receber é
uma expressão assustada em seu rosto – O que foi?

– Quem ficaria tanto tempo obcecado por alguém?– perguntou ele começando a digitar
mais rápido.

– Não sei.– menti.

Talvez essa seja mesmo a palavra correta para definir o que passei durante todo esse
tempo.

"Obcecado."

– Bom, acho que ser obcecado por alguém é muito doentio e por isso a pessoa que esta
tendo esse tipo de sentimento deveria se avaliar.– disse ele guardando o celular em baixo
do travesseiro.

– Mas se ele não conseguir ver isso antes de ficar completamente doente?– perguntei
pensando na minha situação atual.

Nós estávamos deitados no chão com um grande travesseiro em baixo de nossas cabeças
escutando a opinião do outro sobre estar apaixonado , ou melhor dizer, doente.

Esse é o valor da amizade, certo? Um ajudar o outro em momentos difíceis, mesmo


sabendo que as palavras usadas para revelar a verdade machuquem.

– Não acho que ele não tenha percebido isso antes de algo ruim acontecer.– falou
Taehyung virando seu rosto em minha direção – É você não é?

– Não.– ainda bem que nesse momento estava observando-o pelo canto do olho com o
rosto posicionado para cima, como se eu estivesse olhando para o teto.

– Tem certeza?– perguntou.

Não.

– Não.– respondi.

– Quem é ela? – sua voz parecia estar tão calma , tão contraria a minha que estava
revelando toda minha tensão.

Eu não queria lhe dizer o que estava acontecendo. Tudo aquilo parecia ser um pesadelo
voltando do meu lado obscuro, e isso não era nem um pouco confortável de se falar
naturalmente, como se tudo tivesse passado.
Porque não passou.

Talvez o amor que eu sentia por ela tenha se desgastado com o tempo, e como resultado
se tornou isso que é hoje.

Falar sobre minha historia com Soon Bok me trás tanta insegurança quanto medo. Medo de
ser julgado.

– Soon Bok é a minha amiga que desapareceu três anos atrás.– falei tão rápido que não
sei se ele realmente entendeu.

– Ah, porque você ainda não esqueceu?

É isso que ainda me pergunto todos os dias antes de passar pelo mesmo portão de colégio
que estudei antes do seu desaparecimento. A placa do nome do colégio ainda me faz
lembrar de quando ela me esperava no portão para que fossemos sair para tomar sorvete.

– Eu não sei.– disse sentindo uma lagrima quente descer pelo olho direito.

– Acho que você só deve estar sentindo a falta dela.– falou Taehyung passando sua mão
pelo meu cabelo – Pelo que eu saiba você já tentou sair com alguns caras da nossa
escola.– disse ele revelando que já sabia da minha vida amorosa destruída.

– Eu nunca te contei sobre esses caras.– falei enxugando meu rosto.

– Você é muito ruim em esconder suas emoções , Jungkook.

Obrigado por me fazer ficar constrangido agora.

– Sério?– disse desejando que ele dissesse que 'não'.

– Sério.

Merda.

– Olha, depois que te vi se interessando por aqueles caras estranhos me senti enojado.–
disse com tanta sinceridade que me assustei.

– Porque?– perguntei sabendo a resposta que iria sair, mas gostaria de ouvi-las sair.

– Não achava certo essa coisa de dois caras se beijando.– respondeu – Mas depois refleti
sobre isso e tirei uma conclusão.

– Qual?

– Que a felicidade dos outros não é da minha conta, por isso não devo atrapalhar ou pensar
que deva ser errado.– falou Taehyung ,me fazendo ficar surpreso.
Meu amigo mudou.

– Jungkook, se ela desapareceu mesmo – disse fazendo-me virar o meu rosto em direção
ao seu – e não voltou ainda. Aproveite esse tempo para aceitar que ela possa nunca mais
voltar. Ela pode ter morrido , cara.

"Ela pode ter morrido." É isso que tento colocar na minha cabeça depois de anos
esperando-a. E isso só fez sentindo para mim agora.

– Se você estiver gostando de outro cara agora, aproveite e se descubra mais uma vez. –
disse – Não pode passar o resto da vida esperando por algo que não pode ser seu. Tem
outras coisas que estão te esperando por ai, só você que não enxerga isso.

Ele tinha razão, eu não enxergava isso.

Talvez eu não quisesse enxergar.

Dias depois.

(Jimin)

– Pai, este é meu colega que me ajudou com os exercícios de matemática. – disse eu
apresentando Jungkook para ele.

Meu pai não se preocupou muito em olha-lo, porque Jungkook havia dito que tinha sido
contratado por ele , e talvez por esse motivo ele tenha dado mais atenção ao que estava
nas próprias mãos.

– Olá, Jungkook, ensine bem ao meu filho. – disse ele folheando o jornal sem tirar os olhos
das noticias estampadas em negrito.

– Sim, senhor. – falou Jungkook curvando-se para ele.

Apara evitar que ele quisesse pronunciar algo para meu pai decide tomar a iniciativa de
leva-lo para meu quarto.
– Jungkook, vou te levar para estudarmos no meu quarto. – disse eu enquanto o
direcionava para o corredor.

– Deixe a porta aberta! – disse meu pai ,quando eu já estava no corredor.

Não esperava que ele dissesse isso.

– Sim, pai. – falei enquanto pisava forte no chão contendo meu constrangimento.

Homofobico.

Tentei ser natural ao abrir a porta, mas quando coloquei minha mão na maçaneta meus
dedos tremeram. Não poderia deixar de notar que ele acabou percebendo como estava me
sentindo e por isso colocou sua mão por cima da minha e moveu a maçaneta para baixo,
fazendo com que a porta abrisse.

– Vamos? – disse ele mostrando um pequeno sorriso no rosto que deixava-o fofo.

Definitivamente não seria sacrifício fingir namorar com você, Jeon Jungkook. Mas
infelizmente não posso dizer que estou namorando com você sem sua permissão, se não
iria estragar todo esse plano idiota.

– Vamos. – falei tirando minha mão de baixo da sua e entrei em meu quarto.

Sim, eu estou em um beco sem saída neste momento. Pensei após ter colocado meus pés
dentro do quarto.

Muitos que acreditam em Deus devem pedir forças a ele, mas no meu caso, que não
acredito nele, devo me virar sozinho.

Se hoje conseguir fazer o que tanto planejei durante esses últimos dias, talvez possa me
sentir mais aliviado em relação ao Chung, aquele psicopata. Como pude aceitar que um
idiota como aquele dominar minha vida e depois acabar com o resto dela?

Talvez eu não tenha coragem de tomar conta de mim.

– Você vai continuar me ajudando com matemática, certo? – perguntei , indo em direção a
minha cama.

– Sim.– respondeu Jungkook empurrando seus óculos para a parte de cima do nariz.

Não entendo porque Soon Bok não se derreteu por esse garoto depois que se tornaram
adolescentes. Ele é bonito, tem um corpo legal. Acho que ela tinha mau gosto , assim como
eu que me apaixonei por um maluco que curtia , e ainda curte, usar pessoas como
brinquedo sexual.

Ainda me recordo do dia em que vi Chung Hee dopando uma garota com bebida, e depois
que ela estava totalmente inconsciente tirou suas vestes logo em seguida abusou de seu
corpo.

– Os livros e cadernos estão aqui.– falei tocando nos livros que estavam sobre o colchão
da minha cama.

– Certo.– disse aproximando-se timidamente da cama – Você entendeu algo sobre o ultimo
exercício?

Que exercício?

– Não me lembro de nada que você me ensinou da ultima vez.– falei sentindo vergonha da
minha capacidade de me lembrar de não coisas importantes, como o ultimo calculo de
matemática e todo o resto.

– Tudo bem então.– Jungkook pegou meu caderno e folheou cada uma das folhas com
uma cara tão assustada que me deu medo de perguntar o motivo. Porque eu já sabia.

– Vamos começar tudo de novo?– perguntei.

– Sim.– respondeu suspirando – Mas dessa vez vou mostrar de um jeito rápido o que
estudamos da ultima vez.

Sinto que esta será uma noite longa.

(...)

Pensei que seria o primeiro a dormir depois de praticamente três horas de estudo até que
olho pra Jungkook deitado ao meu lado com um seu óculos torto por baixo do rosto.

– Se eu fosse você também desistiria de tentar colocar matemática na minha cabeça. –


falei enquanto tirava seus óculos.

Eu deveria desistir dessa história maluca de obedecer Chung Hee, não acha? Pensei
durante minha breve analise sobre seu rosto.

Você é muito bonito para ser mal tratado por um idiota como ele. Não sei o verdadeiro
motivo de um maluco como aquele ter tanto ódio de você , Jungkook. O que você fez para
que ele te detestasse tanto? Descobrir que você transou com a namorada dele não é o
suficiente para me fazer acreditar que ele te odiei por causa disso. Ele fez pior.

Será que tenho que te conquistar antes de fazer esse jogo imbecil começar? Ou devo
seguir o plano de fingirmos estar namorando? Confesso que não seria um desperdício
tentar fazer uma dessas opções, já que em alguns momentos vou te beijar para que as
pessoas acreditem na nossa mentira.
Ou melhor, te fazer acreditar na minha mentira.

– Jimin... – Jungkook chamou o meu nome.

Será que ele percebeu que estava observando-o?

Despreparado de qualquer coisa que pudesse acontecer escutei um gemido dolorido seu
depois que tentou se deitar de barriga para baixo.

"É comum chamar alguém enquanto dorme quando se esta sonhando com ela." Sorri ao
lembrar desse fato.

Essa seria uma boa oportunidade para fazer qualquer coisa com ele, mas não deveria fazer
algo do tipo. Certo? Por isso decidi fazer algo mais amigável.

Me levantei da cama e fui até meu guarda-roupa e peguei um cobertor cinza , que era o
meu favorito. Esse cobertor era bom para aquecer rapidamente qualquer corpo gelado e por
esse motivo cobri Jungkook cuidadosamente para que ele não acordasse.

Boa noite , futuro namorado.


(Jungkook)

– Jungkook.– ouvi a voz de Jimin ecoar por meus ouvidos.

Porque sera que estou escutando Jimin no lugar do meu irmão?

– Jin, que horas são agora?– perguntei.

– Jungkook, são nove horas da noite.– respondeu novamente a voz de Jimin.

Abri os meus olhos para confirmar que eu estava louco.

Felizmente não estava.

–Jimin?

– Sim.– sorriu , mas não era um sorriso simpático, era como se eu estivesse contando uma
piada.

Olhei para o teto procurando pela minha lampada com desenhos de sol no vidro , mas não
estava lá.

Então lembrei que não tinha saído da casa do Jimin.

– Ainda estou na sua casa.– disse sentindo vergonha de mim mesmo.

– Sim.– confirmou – Percebi que você pensou que estava em sua casa.
Dei um sorriso sem graça para mascarar um pouco da minha vergonha, por ainda ter
dormido em sua cama. E pior que tudo isso, estou usando seu cobertor.

Me levantei da cama como uma tartaruga e cocei os meus olhos, mas logo após ter feito
isso notei que não estava usando meus óculos e por isso entrei em desespero. Tateei por
baixo do cobertor imaginando que exista uma possibilidade de ter quebrado meu único
óculos.

– Eu acho que perdi meus óculos. – falei quando já havia procurado até dentro dos meus
bolsos.

– Na verdade não.– disse Jimin trazendo-o em suas mãos – O guardei porque pensei que
você poderia quebra-lo enquanto dormia.

– Obrigado, Jimin.– agradeci pegando-o pela parte do meio.

– Minha mãe esta preparando um lanche para nós dois.– disse ele – Você quer alguma
coisa?

Cairia bem um lanche agora, mas como meu irmão me diz varias vezes: "É errado comer da
comida dos outros sem saber o que há nela."

– Eu não estou com fome.– menti.

– Pelo que eu saiba , você tem problema no estomago.– disse Jimin me fazendo ter raiva
do Jin por ter me dedurado.

– Não é grande coisa.– falei ajeitando meu óculos em meu rosto.

– É impressão minha ou você esta com vergonha de comer na minha casa?– perguntou.

Talvez.

– Não é isso. Eu realmente estou sem fome.– respondi sentindo minhas bochechas
queimarem.

– Alguém disse fome?– disse uma mulher entrando no quarto com uma bandeja cheia de
frutas, salgados e doces.

Jimin virou-se para ela com uma rápida atitude de pegar a bandeja de suas mãos. Depois
deu um beijo em sua testa e trouxe toda aquela comida até a cama.

– Comam tudo.– disse ela antes de sair.

Jimin deve se sentir realizado por ter pais que cuidem dele. Deve se sentir realizado por ter
uma mãe que ainda faz seu café , almoço e janta. Mesmo que seu pai seja um pouco rude,
ele ainda o tem vivo em casa ao contrario de muitas pessoas como eu que tenho que lidar
com a morte dos meus.
Tem momentos em que sinto falta deles , principalmente quando chegam datas especiais ,
como dia das mães, dia dos pais e ano novo. Sei que nunca fui muito próximo deles e por
isso me sinto vazio e culpado, porque não aproveitei o tempo em que estavam vivos e
saudáveis.

– Você parece ser bem próximo da sua mãe.– disse eu observando-o comer uma maça
verde.

– E porque eu não seria? – disse ele estranhando meu comentário – Uma mulher como
aquela merece todo amor do mundo.

– Tem razão.– disse eu dando um sorriso.

E desta vez ele me olhou novamente da mesma forma que Taehyung quando esta tentando
descobrir o que se passa pela minha cabeça. Mas ao contrario do Jimin , ele não fica calado
e finge que não viu nada. Taehyung acaba me fazendo confessar todos os meus problemas
pessoais me ameaçando com um travesseiro.

– Você não vai mesmo comer? – perguntou.

Bem que eu queria, mas a vergonha é maior.

– Não. Já esta tarde ,não acha? – falei olhando para minhas roupas que estavam
amaçadas.

O que meu irmão irá pensar depois que me ver voltar para casa desse jeito?

– Acho melhor você dormir aqui hoje. – disse ele.

Arregalei meus olhos, não por estar surpreso, mas porque essa foi uma ideia muito absurda
de se compartilhar.

O que o pai dele iria achar de mim depois disso? Ele é meu chefe!

– O seu professor de matemática particular não pode dormir no mesmo quarto que você
e ... – me interrompi depois que senti minhas bochechas queimarem.

– E? – falou Jimin, mordendo a maçã de maneira lenta fazendo o som de seus dentes
em contato com ela se tornarem bem mais perceptível aos ouvidos.

– Seu pai é o meu chefe. – continuei logo depois respirando fundo.

– Tem razão, mas se você sair agora sem comer nada , minha mãe vai ficar ofendida. –
disse ele levantando-se da cama – E eu não vou mentir para ela dizendo que você comeu
tudo.

As vezes tenho medo e raiva de você , Jimin.


– Come comigo. – disse puxando-me em direção a cama.

Esse "come comigo" me pareceu ter dois sentidos e por isso senti o frio dos polos do
planeta Terra em meu estomago.

– Pelo menos quando chegar em casa irá poder ir direto pra cama sem precisar comer algo
antes de dormir.– disse ele depois que me fez ficar sentado.

– Querido! – ouvi a voz da senhora Park.

Jimin completamente assustado olhou em direção a porta de seu quarto e saiu correndo
para fora dele. Com um pouco de curiosidade fui atras dele para saber o que havia
acontecido, então quando cheguei na sala vi a mãe do Jimin segurando o marido pelos
braços. O filho do casal foi rápido em pegar o pai e coloca-lo deitado no chão antes de
verificar se ele estava respirando.

Jimin estava tenso.

– Omma, ligue o carro, precisamos leva-lo para o hospital.– disse ele pondo uma de suas
mãos no pescoço do senhor Park , provavelmente procurando por batimentos cardíacos.

O observei cobrir o rosto com as mãos.


(Jimin)

Será que dessa vez estarei livre dele?

Cobri meu rosto com minhas mãos e imaginei minha vida sem o meu pai.

Ela seria uma ótima vida.

Durante todos esses anos cuidando do meu pai , tentando arrumar um jeito de faze-lo ficar
de pé sabendo que seu problema do coração havia se agravado nunca me veio a mente
que ele realmente iria me deixar em paz.

Então ri entre a palma das minhas mãos. Um riso libertador.

– Ele morreu. – disse eu sentindo algumas lagrimas descerem do meu rosto.

Levantei meu rosto para cima e assim pude ver Jungkook de pé em frente ao corredor
olhando para mim com uma expressão de confusão no rosto.

Eu realmente queria fazer uma piada com tudo isso. Queria dizer que Jungkook poderia ter
ganhado um novo chefe. E que esse chefe seria minha mãe ou até mesmo eu.

As lagrimas que desciam em minhas bochechas não era de tristeza e muito menos de um
problema ocular. Eu estava realmente chorando, mas era de felicidade.

Talvez minha mãe mais tarde perceba que esta livre de um machista que a usava como
empregada todos os dias.

Talvez mais tarde eu possa desfrutar um pouco dessa liberdade.

Talvez você seja o meu primeiro alvo , Jungkook.

– Jimin? – me chamou.

– Você não deveria estar aqui, Jungkook. – disse tentando disfarçar minha voz.

– O que esta acontecendo com seu pai? – perguntou ele.


Ele morreu, felizmente.

– Eu não sei.– menti – Minha mãe foi ligar o ... – parei de falar quando escutei a porta da
sala se abrir.

– Vamos, Jimin.– disse minha mãe após entrar– Oh, Jungkook. – falou surpresa – Me
desculpe por essa confusão toda. Meu marido tem problema cardíaco e desmaiou.

Provavelmente minha mãe iria começar a explicar sobre cada problema de saúde do meu
pai, por isso, me apressei em pegar meu pai e coloca-lo em minhas costas. Não esperei
para que minha mãe me ajudasse a jogar esse homem morto dentro do carro, para que
depois levássemos ele para o hospital e a partir desse momento ser oficial sua morte.

Algum dia , mãe, vai me agradecer por ter que deixa-lo morrer.

Quando havia chegado de frente ao carro que esta estacionado de frente a nossa casa ,
abri a porta do banco de trás e coloquei meu pai lá dentro.

Para outras pessoas , minha atitude pode ter sido macabra, mas ninguém sabe o que é
passar a vida suportando o próprio pai sendo ele homofóbico e machista. Um ser que não
deve ser chamado de humano.

– Adeus, appa.– disse eu fechando a porta do carro.

(...)

Depois que chegamos no hospital meu pai foi atendido por um enfermeiro que tentou sentir
seus batimentos cardíacos. O enfermeiro fez uma expressão sombria no rosto e informou a
minha mãe que estava do lado do meu pai:

– Vou trazer um medico para ele.– disse ele antes de se afastar do nós.

Após esperarmos alguns minutos para que o medico chegasse o mesmo apareceu com um
desfibrilador. Como qualquer médico faria, ele pediu para que todos se afastassem do meu
pai antes de colocar o equipamento no peitoral do defunto.

Como esperado, quando ele deu o primeiro choque em meu pai nada aconteceu, ele não
acordou.

E novamente, o senhor deu mais outro choque, e nada aconteceu.

Então, o médico abriu os olhos dele para ver suas pupilas.

Ele esta morto, pare de tentar faze-lo acordar.

– Senhora, preciso informa-la que seu marido teve um ataque cardíaco e não será
possível faze-lo voltar a vida.– disse o médico entregando o desfibrilador para o enfermeiro
que antes tinha atendido meu pai.

Minha mãe ficou em silencio e balançou a cabeça dizendo que tinha compreendido o que o
homem havia dito.

Observei minha mãe dar as costas para o médico e andar em direção a recepção, onde
acredito que vá procurar por informações sobre a funerária da cidade.

Minha mãe nunca presenciou alguém morrer em sua frente e muito menos teve
responsabilidade em ter que levar um morto para ser cremado, por isso, foi diretamente a
recepção.
(Jungkook)

Pela segunda vez me encontro no mesmo hospital olhando para Jimin ,que esta sentado
ao meu lado mexendo no celular como se nada tivesse acontecido.

– Acho que minha mãe não vai querer que nem um amigo do meu pai apareça na
funerária.– disse ele guardando o celular dentro do bolso da calça.

– Porque esta dizendo isso?

– Os únicos amigos que ele teve só foram dois e a família do meu pai não gosta dele.–
respondeu – Até com os amigos meu pai era seletivo e por isso acabou sozinho.

Não me permiti dizer mais nada, porque quando meus pais morreram fiquei da mesma
forma que Jimin, fui frio. Mas depois de algumas semanas tive os primeiros sintomas do
meu luto. Passei muitas semanas sofrendo por me sentir culpado por não ter me
relacionado da forma correta com meus pais.

– Acho que vou até a minha mãe informa-la que irei atrás de algo para comer.– falou Jimin
levantando-se – Espere aqui, ok?

– Ok.– disse eu , observando-o caminhar em direção a recepcionista do hospital.

Sinto muito pela sua perda ,Jimin. Depois que perceber que seu pai não esta mais
presente vai se sentir vazio e culpado por não ter feito o suficiente para deixa-lo vivo.
Espero que tenham feito o suficiente.

Sinto meu celular vibrar no bolso, então pego-o e desbloqueio a tela.

Mensagens do Taehyung:

Taehyung: Jungkook-ah, é a Young Hwa.

Taehyung: Onde o Taehyung guardou a caixa azul? Ele disse que você sabia.

A caixa azul era onde ele costumava guardar as camisinhas.

O que Hwa esta querendo fazer com as camisinhas do meu amigo? Será que ele não
contou a ela que ainda guarda preservativos por la?
Jungkook: Porque você quer saber onde esta essa caixa?

Taehyung: Não é da sua conta.

Jungkook: Devolve o celular do Taehyung, preciso conversar com aquele imbecil.

Taehyung: Ele esta tomando banho.

Só espero que eles não façam o que estou pensando.

Jungkook: Não me diga que vocês vão fazer o que estou pensando.

Taehyung: Sim, vamos.

Taehyung: Me desculpa , Jungkook, voltei.

Taehyung: Ela quer pegar meus preservativos.

Jungkook: Você não tem juízo?

Taehyung: Cara, você se lembra do dia que eu estava bêbado?

Taehyung: Liguei para ela enquanto você estava trabalhando e falei sobre a caixa.

Eu deveria ter queimado o celular dele quando ainda tinha chance.

Taehyung: Eu tinha dito que costumava levar preservativos quando ia ficar com alguma
garota.

Jungkook: Porque você não me disse que havia feito isso? Faz alguns dias que você bebeu
como um desesperado e não me avisou sobre essa palhaçada.

Taehyung: Me desculpa, Jungkook.

Taehyung: Eu estava bêbado.

Jungkook: Eu sei que você estava bêbado.


Jungkook: Só quero saber o que a Hwa esta fazendo no mesmo ambiente que você?

Taehyung: Nós transamos.

Não vou perguntar mais nada.

Jungkook: Boa sorte com essa responsabilidade, Kim Taehyung.

Taehyung: '-'

Taehyung: Eu fiz algo de errado , não foi?

Jungkook: Vocês nem namoram e já estão comendo um ao outro.

Jungkook: Espero que saiba lidar com as consequências.

Taehyung: Pelo menos usei preservativo.

Jungkook: Ela era virgem?

Taehyung: ...

Jungkook: Kim Taehyung?

Taehyung: Você quer mesmo saber?

Jungkook: Me arrependi de ter perguntado.

Jungkook: Virgindade para mulheres é sagrado, cara.

Taehyung: Não tenho culpa se ela também quis.

Isso já entrega tudo.

Jungkook: É serio que ela era virgem?


– Jungkook?– Jimin me chamou.

Ele estava em minha frente com as mãos nos bolsos olhando para mim , como se tivesse
visto tudo o que eu havia escrito.

– Sim... – respondi guardando o celular no bolso.

– Você ainda não comeu então... – disse ele passando uma das mãos na nuca – Pode
jantar comigo?

Pelo menos não disse "come comigo" como da ultima vez.

– Esta muit...

– Então pode vir comigo.– disse ele pegando em meu pulso e me puxando para a porta de
entrada do hospital.

(Jimin)

Antes de sair do hospital, avisei a minha mãe que iria comer em uma lanchonete próxima
ao hospital. Ela tinha me dito que no hospital à um tipo de refeitório para os pacientes ,e
que eu deveria ir para lá. Então arrumei uma desculpa de que antes de comer iria levar
Jungkook para casa. Ela concordou e me deixou partir.

– Jungkook, você quer comer ramen apimentado ou prefere comer outra coisa? –
perguntei.

– Um ramen apimentado sera bem vindo agora.– respondeu ele puxando seu pulso da
minha mão.

Olhei para seu rosto tentando identificar o tipo de expressão que carregava e o mesmo
mostra que está desconfortável.

Se acalme, namoradinho.

– Vamos para uma loja de conveniências.– disse eu indo em direção ao estacionamento.

– Ok.– falou com voz tensa.

Eu ficaria magoado com sua tensão se não soubesse que ele teria sonhado comigo minutos
atrás.

Enquanto andava pelo estacionamento escutava seus tênis pisando no asfalto gelado.
Tinha somente nós dois no mesmo lugar, e por isso senti a breve nostalgia de ter andado
com alguém sozinho sem me sentir vigiado. Mesmo que ele não seja nada meu ainda, sei
que algum dia farei Jungkook me ajudar com essa vingança.

Não quero entrar no jogo do Chung e sair perdendo.

– Vamos para a loja de conveniências mais próxima.– falei quando cheguei de frente ao
carro.

– Pensei que quisesse ir para a loja do seu pai.– disse.

Corrigindo , minha loja.

– Ah, não. – disse abrindo a porta.

– Que loja seria essa?– perguntou.

Agora, sua voz estava mais baixa.

De alguma forma isso me comoveu, e por isso me virei em sua direção, o observei
atentamente. Jungkook olhava para baixo como se estivesse pensando em algo
deprimente.

Ele fica mais bonito quando esta triste e isso me deixa indignado.

– Você quer algo além de ramen apimentado?– perguntei.


– Não.– respondeu arregalando os olhos.

– Esta certo.– falei voltando a dar atenção para o carro – Vamos, entre.– disse eu após ter
entrado.

Esperei para que ele também adentrasse no veiculo para depois liga-lo. Jungkook sentou-
se no banco ao meu lado, e rapidamente colocou o sinto de segurança.

Quando coloquei meu pai no banco de trás, pensei com cuidado em relação ao que farei a
partir deste momento em que, estou livre dele e que não preciso mais me guardar. Não
estou me esquecendo da minha mãe, é claro. Ela desde o inicio não ligou muito para minha
sexualidade e por isso não estou nem um pouco preocupado com sua opinião.

– Jungkook, você quer beber algo enquanto comemos ramen?– perguntei.

Esse seria meu jogo de estrategia.

– Beber?

– Sim. Qualquer bebida, eu pago.– disse eu.

Se for álcool melhor ainda.

– Ok.

Satisfeito com sua resposta movi a marchar e pisei no acelerador.

(...)

A partir do momento em que cheguei na loja , fui diretamente para a geladeira de serviço do
local e peguei uma garrafa de soju.

Jungkook estava escolhendo os ramens na ultima seção da loja. E por ele ainda estar
lá ,aproveitei o momento para pegar alguns doces antes de encontra-lo para pagarmos a
nossa comida.

Não sou bom em conquistar garotos, eu sei disso. Mas gostaria de fazer um agrado, sabe.
Um dia recebi um conselho de um amigo e ele me explicou que para ganhar o coração de
alguém é preciso expressar o que estaria sentindo de forma evidente. Então, imagino que
se eu demonstrar que pensei nele quando comprei os doces, ele pode perceber algo de
diferente e começar a fazer pequenas teorias sobre o motivo das minhas atitudes. É claro,
ele não sabe realmente o que quero, mas pode iniciar um tipo de trabalho mental para
descobrir o porque que fiz aquilo.
"É desse jeito que você faz alguém se apaixonar." Disse Tyler para mim, quando ele estava
na primeira semana de namoro com a July, a moça do caixa.

Tyler tinha feito tantos corações em varias notas de dólares que pensei que ele iria acabar
marcando todas as notas de dois dólares da America. Ele comprava pastilhas no mesmo
supermercado e sempre pagava no mesmo caixa. Por isso July era conhecida por nós
como a moça do caixa.

– Jimin-ssi, peguei o que precisamos.– disse ele com dois pacotes de ramen e outros
pacotes de salgadinhos.

Ele parecia um garoto esfomeado pegando o que visse pela frente. Mordi meus lábios para
não rir da sua situação.

– Vamos levar para o caixa.– falei apressando-me em ficar na sua frente, para que não me
visse rindo.

Apos pagar todos os lanches e os ramens que Jungkook havia pegado, fomos para uma
mesa que fica de frente a janela de vidro do estabelecimento. Coloquei o soju sobre a mesa
e organizei os pacotes para que pudéssemos comer sem fazer muita bagunça.

Jungkook parecia estar com bastante fome, porque antes de sentar-se abriu uma
embalagem de um salgado de lula seca com amendoim.

– Você tinha me dito que não estava com come.– disse eu olhando para ele de um jeito
assustado.

Jungkook parou por um instante e olhou para mim, abriu a boca para falar algo, mas depois
decidiu não dizer nada e enfiou lula seca com amendoim para dentro da boca.

– Você é engraçado.– falei sorrindo.

Ele realmente é engraçado. Talvez Jungkook imagine que sua pinta de garoto serio iniba
essa parte atrapalhada e engraçada que ele tem.

– Eu não sou, não.– disse ainda com a boca cheia.

Que fofinho.

Pego meu celular do bolso da calça e coloco na câmera frontal. Posiciono a tela do celular
de frente a Jungkook e provo que ele esta, e é, realmente engraçado.

– Não é isso que suas bochechas dizem.

Quando vê que seu rosto esta todo sujo de pó, passa as mãos pelas bochechas e limpa
uma parte de toda a porcalhada que fez.
– Jungkook, você ainda esta todo sujo.– disse eu levando minhas mãos em direção ao
seu rosto– Esta com tanta fome para deixar seu rosto desse jeito?– falei limpando seu
queixo com meus polegares.

– Obrigado.– agradeceu com olhar fixo.

– Por nada.– falei logo em seguida limpando minhas mãos.

– Jimin-ssi.– chamou-me.

– Sim? – disse eu sentando-me na cadeira de metal.

– Nunca te vi andando com alguém na escola. – disse ele – Na verdade, raramente te


vejo acompanhado.

– E porque tocou nesse assunto? – perguntei.

Eu não sou de fazer muitos amigos. Quando tem intervalo na escola procuro por um lugar
vazio para ficar pensando na minha vida entediante.

– Eu fiquei curioso pelo fato de você sempre andar sozinho. – respondeu.

Esta sentindo pena de mim?

– Você esta com pena? – perguntei.

– Não, eu só fiquei curioso. – disse puxando a cadeira que antes estava muito distante dele
– Não acha isso muito solitário?

Nunca parei para pensar nisso. Sempre me distraia assistindo series e novelas, e nunca
tinha exatamente tempo para pensar em coisas assim. Na verdade, fui muito mimado
durante toda a minha vida e por isso não sentia necessidade de fazer amigos.

Tyler foi o único que consegui fazer amizade durante todos esses anos.

– Eu sempre fui muito mimado pela minha família, Jungkook. – respondi – Nunca parei
para pensar sobre ter um bom amigo.

Bom amigo, não um que me usasse como boneco.

– Foi por esse motivo que você me procurou no terraço da escola? – perguntou ele.

Aquele foi o primeiro contato que tive com Jungkook. Estava precisando de ajuda com o
inglês e um dos melhores alunos no ranking de notas era o Jungkook, por isso o procurei
por toda a escola até encontra-lo no terraço.

"Ya!" Gritei.
Ele estava sentado em um banco de praça com um dos fones no ouvido.

"Sim?" Respondeu ele virando em minha direção.

"Você se chama Jeon Jungkook, certo?" Perguntei.

"Sim. Porque pergunta?"

"Alguns professores me disseram que você é bom com inglês."

– Não, foi porque eu realmente precisava de ajuda com algumas matérias, principalmente o
inglês. – respondi.

– Então quer dizer que você me fez te ensinar inglês e depois matemática ,porque estava
com dificuldade? – disse ele – Não pelo motivo de querer fazer um amigo?

Você tem o que na cabeça?

– Porque você começou a pensar que eu poderia querer fazer amizade usado como
desculpa as aulas que você me dava? – perguntei.

Por um instante o vi pensativo.

– Escutei de uma amiga minha que você vivia e ainda vive muito sozinho. – respondeu.

Nesse momento estou usando as aulas que tenho com você para conseguir outra coisa.

– Sabe, Jungkook. – falei levantando-me – Tenho muitos motivos para insistir nessas aulas.
– me aproximei dele e toquei em seu ombro, fazendo-o sentar-se na cadeira, que antes
havia puxado – Você se recorda da ultima vez que te perguntei se queria fingir ser meu
namorado? – perguntei.

– Me lembro, mas você sabe minha resposta.– respondeu Jungkook olhando para baixo.

Não pensei muito para saber para onde ele estava fitando.

– Sei?– perguntei aproximando meu rosto do seu.

– Sim.

Antes de tomar uma atitude , primeiro olhei para trás, para saber se o garoto do caixa
estava olhando, depois voltei para Jungkook.

– Então eu não preciso perguntar mais nada.– disse antes de pegar em seu queixo e
aproximar novamente nossos rostos.
"Eu não sei se irei mudar de ideia em relação ao que você disse antes." Foi o que ele me
respondeu.

– O que você esta fazendo?– perguntou ele.

Não tive muito tempo para responder, pelo simples motivo de estar colando nossos lábios
suavemente.

Como havia esperado, ele me correspondeu. De inicio , seus lábios acompanharam os


meus lentamente até que pudesse sentir um pouco da sua pequena experiencia.

Chung me avisou que Jungkook dificilmente ficava com alguém depois que a Soon Bok
sumiu. Imagino que ele tenha dado um de stalker na vida do Jeon Jungkook. E para me
provar que sabia tudo sobre ele, disse o tipo sanguíneo do Jeon , que foi algo que me
espantou um pouco. Me espantou não pelo fato de ele ter um tipo sanguíneo recessivo,
mas porque Chung Hee se arriscou tanto para saber os detalhes da vida do Jungkook que
me sinto um verdadeiro cúmplice.

E eu não quero ser esse cúmplice.

Quero me vingar desse babaca psicopata chamado Chung Hee, antes que Jungkook
descubra tudo.

Algum dia te devolvo o que Chung tirou de você, Jungkook.

Separei nossas bocas para dar uma pequena olhada no rapaz do caixa. Não sei como um
cara como este ainda permanece trabalhando como caixa em uma loja de conveniências.
Ele estava tão distraído com o celular que não olhou para os arredores do estabelecimento.

Então, para terminar o beijo, voltei para Jungkook e o dei um selinho.

O observei por alguns segundos depois de ter me afastado, e percebi o quanto ele estava
sedendo. Seu rosto estava vermelho e o volume da calça parecia um pouco alto.

– Quer que eu resolva isso para você? – perguntei apontando para o volume entras as suas
pernas.
(Jungkook)

Agora me pergunto , porque estou deixando ele fazer isso comigo?

– Só um minuto.– disse Jimin encostando-me na parede.

Antes de parar em um beco escoro perto de um estabelecimento de alimentos, estava tendo


uma conversar saudável com ele , até que o mesmo mostrou o verdadeiro motivo de ainda
persistir em que eu lhe dê aulas a noite.

E respondendo a minha própria pergunta, eu me sinto fraco.

Quero recuperar todo o tempo que perdi me masturbando, para descobrir um novo jeito de
esquecer a Soon Bok. Acho que encontrei um bom motivo para não pensar nela.

Senti seus lábios beijarem meu pescoço de forma delicada como se minha pele fosse
sensível de mais para um toque mais agressivo. Permiti que colocasse sua mão por dentro
da minha calça , deixando-o massagear meu membro. Em resposta ao que fez respirei
fundo para não sair nem um som da minha boca.
Passei minha mão em seu pescoço até chegar aos fios de cabelo escuros e macios que o
mesmo tinha. Com a outra mão o puxei para mais perto e senti seu membro também
volumoso ao lado do meu. Abri o ziper da calça do Jimin e o empurrei para parede ,logo
para depois adentrar minha mão livre em sua calça facilitando o toque.

Jimin afastou-se um pouco com um gemido baixo e depois olhou para mim de um jeito
indescritível.

– Sua mão esta gelada.– disse ele puxando-me de volta , colocando minhas mão atrás de
suas costas– Elas podem esquentar desse jeito.– sussurrou em meu ouviu , me fazendo
sentir arrepio.

– Você acha?– perguntei descendo minhas mãos para suas nádegas.

– Tenho certeza agora – disse sorridente – , Jungkook-ssi.– falou antes de juntar nossos
lábios.

Estava cansado de ficar negando meus instintos.

Não acho agora que tenha algo de errado em me sentir atraído por homens, certo?

Eu não vou voltar atrás em relação que me fazia negar que realmente gosto disso, não é?

Jimin subiu ambas as mãos para meu pescoço, fazendo meu corpo pegar fogo. Senti sua
língua em meu lábio inferior pedindo permissão para que pudesse adentrar a minha boca.
Abri permitindo que ele aprofundasse nosso beijo. Sua língua dançava sincronizadamente
com a minha e isso fazia ficar mais exitado.

Assim que meus corpo não aguentava mais ficar "calado" juntei nossos quadris de forma
que nossas ereções de encontrassem.

– Jungkook.– disse meu nome com voz fraca – Não acha que devemos continuar isso
depois?

– Porque? – perguntei.

A minha pergunta o fez rir.

– Nós deixamos nossa comida na mesa da loja e o caixa pode pensar que saímos para não
voltar.– respondeu – Eu posso aliviar seu amigo antes de voltarmos.– disse me fazendo
ficar nervoso.

Não entendo porque estou me sentindo assim se ele já tocou meu membro antes ,e quando
fez isso não me senti nem um pouco nervoso ou envergonhado.

Jimin se aproximou do meu ouvido e senti os mesmo dar um sorriso.


– Eu vou coloca-lo para fora e espero que não sinta muito frio.– avisou antes de enfiar a
mão novamente dentro da minha calça.

Ele puxou meu membro para fora deixando-o livre para fazer o que quisesse. De inicio ele
fez movimentos lentos usando sua mão direita. Afastou-se um pouco sem tirar seu rosto de
onde estava antes , escondido em meu pescoço, e continuo os movimentos até começar a
acelera-los de forma mais intensa.

– Jimi...– soltei seu nome no ar como se fosse um tipo de libertação ao que estava
sentindo no momento.

Quando olhei para minha genital percebi que o mesmo estava começando a soltar os
espermatozoides e quando o vi soltar tido de uma só vez tentei conter meu gemido.

– Acho que podemos ir.– falou Jimin soltando-o e depois fitando meu rosto sem baixar seu
olhos para minha ereção– Se quiser demorar mais um pouco vou te esperar no carro. –
disse depois me dando um selinho.

Assenti com a cabeça e assim ele deu-me as costas e saiu.

Eu estou ficando louco, não estou? Pensei olhando para meu membro genital.
(Jimin)

– Fez o que eu pedi?– perguntou Chung Hee ao telefone.

"Tenta fazer esse filho da puta gostar de você ou expõe ele para todo mundo." Tinha dito
ele ontem em um audio mandado por mensagem.

– Eu vou dar um jeito de tentar fazer a primeira opção.– respondi enquanto baixava o vidro
da janela do carro – Só não entendo o porque que você me deu essas duas opções.

– Para você se divertir um pouquinho. E eu sabia que você não iria resistir em se
aproveitar um pouco da primeira opção.– disse ele com voz sorridente.

Enquanto converso com Chung observo a saída do beco, onde Jungkook ainda estava.
Olho pelo motivo de não querer que ele ouça nossa conversa.

– Depois que você conseguir fazer o Jeon se apaixonar , quero que comece a sair com
outras pessoas.– falou – A partir que esse momento chegar ,não quero que você faça mais
nada. Apenas curta com qualquer pessoa , menos com Jeon Jungkook.– disse ele antes de
desligar na minha cara.

O tempo não mudou nem um pouco a forma grossa que ele pode tratar alguém.

– Filho da ... – me interrompi pensando que sua mãe não tinha culpa de ter um filho tão
desumano.
Bati minha mão contra o volante para conter um pouco da minha raiva e depois respirei
fundo para o resto dela sair.

Segundos após ouvi passos se aproximando do carro então olhei para fora da janela do
mesmo e vi Jungkook apressando-se em direção ao banco de trás, e depois entrou pelo
mesmo lugar.

– Onde está a comida?– perguntou ele.

Me senti ofendido. Pensei que iria dizer "estou pronto" para confirma que foi bom o que fiz
lá no beco.

– Esta aqui.– respondi pegando o copo de ramen e entregando-o.

– Obrigado.– disse quando o pegou.

Minha mãe deve estar me esperando no hospital, então acho que devo ser rápido em
relação a ter que levar Jungkook para casa antes de ela perceber que não cheguei ainda na
recepção.

– Será que você poderia comer enquanto dirijo até a sua casa?– pergunto ligando o carro.

– Você vai me levar?– perguntou ele com a boca cheia e arregalando os olhos.

Isso foi engraçado.

– Sim.– respondi sorrindo.

– Você esta com muita pressa para voltar para o hospital?– perguntou – Acho que depois
de vocês saírem de lá iram arrumar a papelada para cremar seu pai, não é?– fez outra
pergunta.

– Sim e sim.– respondi.

Finalmente irei ter a liberdade que não tive durante todos esses anos.

– Espero que você consiga superar essa barra toda.– disse ele enquanto enfiava macarrão
na boca.

Mal sabe ele que isso me deixa feliz.

– Para dizer a verdade, eu não me importo em ter perdido um pai.– falei olhando-o pelo
retrovisor.

Ele olhou para mim com olhos assustados e bochechas inchadas de ramen.

– Porque? Vocês não eram próximos?– perguntou.


– Não , nem um pouco.– disse eu observando a chave parada no seu encaixe.

Eu apenas liguei o carro e não o movi de onde esta estacionado. Virei o meu rosto para trás
, onde encontrei Jungkook comendo ramen com a mesma expressão de antes, assustado.

– Eu não costumo dizer essas coisas para ninguém, então não fale sobre isso com outras
pessoas, certo?– pedi.

Deveria ter tirado a porcaria do carro desse local. Mas explicar para ele sobre tudo isso
seria mais importante, não é?

– Tudo bem, eu te entendo.– disse Jungkook limpando a boca com a manga da camiseta.

Acho que isso não é realmente possível. Me entender é bastante complicado e por isso não
gosto de me abrir para qualquer pessoa.

– Geralmente, me entender é difícil.– digo desligando o carro.

– Nesse caso, não acho que seja.– disse.

– É sim.– insisti– Até eu não me entendo.– falei pegando meu copo de ramen.

– Eu também.– falou.

Para que pudesse continuar nossa conversa de um jeito mais confortável, me desloquei
para o banco de trás, para ficar mais próximo dele. Abri o meu copo e em seguida misturei o
ramen com o tempero que esta dentro do recipiente.

– Acho que vou comer com você.– disse dobrando minhas pernas.

– E sua mãe?

Já tinha me esquecido dela.

– Ela pode esperar um pouco, não acha?– disse eu enrolando o macarrão no rachi.

– Ok.– disse sorrindo.

Talvez esse plano de me aproximar do Jungkook não seja uma má ideia. Pode ser que
depois de hoje as coisas fiquem menos complicadas para nós dois.
(Jungkook)

– Ela pode esperar um pouco, não acha?– disse Jimin.

Ela é sua mãe, Jimin. Como pode deixa-la em segundo plano?

– Ok.– falei dando um sorriso para disfarçar meu desconforto.

Te entendo pelo fato de saber como se sente depois que seu pai morreu.

Te entendo porque você também se sente como alguém complicado.

Observo-o atentamente enquanto o mesmo come o ramen com tanta vontade ,que parecia
guardar a fome há anos.

– Jungkook-ssi.– disse ele me despertando da minha viagem interna.

Porque existem momentos em que me sinto confortável com você e em outros me sinto
completamente inseguro? Estou carente ou doente? Quero saciar minha vontade de fazer
o que não fiz ,ou simplesmente, você tem esse talento para me fazer ficar descontrolado?

– Sim?

– Você quer namorar comigo?– perguntou ele.

Senti meu rosto mudar de expressão com tanta rapidez que fiquei paralisado.

– O que você disse?– perguntei.

Eu tinha escutado, mas não acreditava que ele estava falando serio.

– Eu usei como desculpa o fato de ter me encontrado com Chung para poder sair com
você.– disse ele.

Você é doente?
– Jimin-ssi...– disse eu ,e assim Jimin aproximou-se de mim com uma velocidade que nem
mesmo eu conseguiria ter.

– Estou brincando.– falou ele sorrindo – Eu entendi que você não quer nada comigo. –
disse ele voltando para onde estava – Nada serio, eu espero.– completou.

Aquilo que tivemos no beco foi insano e se acontecer novamente irei aceitar, é claro. Mas
não quero que ele pense que só porque nos tocamos daquele jeito, queira dizer que temos
um relacionamento.

– Podemos ter uma amizade colorida.– falou.

Podemos?

Só gostaria de saber a finalidade de ter me beijado daquele jeito. Se não é porque quer
namorar comigo, seria por qual motivo? Se aproximar de mim só para fazer uma amizade
colorida não é algo sujo?

– Você tem certeza que me chamou para ter aulas de inglês e matemática com a finalidade
de aprender?– pergunto.

– No inicio sim.– respondeu – Mas te achei bacana e me atrai por ... – parou de falar para
olhar em alguma coisa que estava a cima da minha cabeça – Sua inteligencia.

Verdade?

– Serio?

– Sim.– falou ele esticando-se em direção ao painel de controle do carro – Eu acho que
preciso fechar a janela.– disse ele enquanto a janela de vidro da porta do carro subia– Esta
muito frio. Deixar a janela aberta facilita resfriado e roubos.– falou voltando para o acento.

– Não acha muito estranho que nós dois fiquemos sozinhos aqui depois de ter... – ele me
interrompeu.

– Depois de termos dado uns amassos no beco?– perguntou – Para mim isso é normal,
sabe.

Normal?

– Porque seria normal?– perguntei.

Jimin passou as mãos pelo cabelo e suspirou.

– Eu já sai com muitos caras.– respondeu – Então não é coisa de outro mundo para mim
ficar com alguém e depois fingir que nada aconteceu.– disse ele.
– Entendo.– menti.

– Eu acho que você não sabe, mas você é bastante desejado pelas meninas do nosso
colégio.– disse ele olhando para o copo de ramen em suas mãos – Pelo motivo de ser
bonito e inteligente, entende?

Eu nunca pensei que isso fosse possível, alguém se atrair por mim.

– Posso te contar uma coisa?– perguntou ele.

Se não for algo desnecessário, pode.

– Pode.– respondi.

– Eu e Chung Hee...– disse engolindo em seco – Nós tivemos um relacionamento enquanto


ele namorava com a Soon Bok.

Chung Hee era ga...

Então me lembrei do que Jimin havia me dito quando estávamos no hospital. Chung já teve
um relacionamento com ele, mas eu não sabia que isso aconteceu quando Soon Bok
estava com ele.

Permaneci calado para escutar o que ainda estava por vir:

– E eu te contei que ele foi atras de mim um dia desses, lembra? – disse ele – Chung me
procurou para resolver algumas coisas e ele queria que você fosse punido pelo que fez.–
disse Jimin.

– Não fiz nada.– me posicionei.

– Sei disso, mas ele não pensa assim e ... – ele parou.

– E?– exigi que falasse.

– Ele esta fora do carro.– falou Jimin com suas mãos tremulas.

(Jimin)

– E eu te contei que ele foi atras de mim um dia desses, lembra? – disse eu – Chung me
procurou para resolver algumas coisas e ele queria que você fosse punido pelo que fez.

Chung esta aqui, eu vi rosto dele na janela.


– Não fiz nada.– falou Jungkook mostrando um pouco de estresse.

– Sei disso, mas ele não pensa assim e ... – minha voz não saia devido ao nervosismo.

– E?– exigiu continuidade.

– Ele esta fora do carro.– finalmente consegui dizer o que queria.

Ele realmente me enganou. Ele quer acabar comigo. Eu deveria ter esperado por isso.

Chung Hee sempre fazia o que queria quando se relacionava a vingança.

Da ultima vez que ele se vingou de alguém precisou de duas garotas e um extintor de
incêndio.

"Tragam uma caixa de fosforo , só isso que peço." dizia ele ao celular.

A mulher da cantina da escola havia denunciado Chung para a policia porque ele tinha
ameaçado a filha dela com uma faca de cozinha no banheiro feminino.

"Só isso mesmo, obrigado." disse antes de desligar o celular.

"O que pensa em fazer?" perguntei.

"É uma pena que eu só apareci aqui por causa de você e descobri que tenho algo a mais
para resolver." disse sem responder a minha pergunta.

"Mas o que você quer fazer com ela?"

"Vou tocar fogo na cantina e colocar a culpa na cozinheira, que é a mãe da vadia." disse
colocando seu braço por cima do meu ombro.

"Você vai fazer elas trazerem o que pediu e o que mais?"

"Vou mandar as duas colocarem fogo , porque se algo der errado quem vai levar a culpa
não sou eu." falou dando um beijo em minha testa.

Ele sempre tinha um segundo plano, e nesse Chung se aproveitava para sair bem na
historia enquanto outras pessoas se feriam. E agora que estou dentro do carro sem
conseguir mover um músculo para fugir desse maluco, serei o próximo a sofrer com o seu
segundo plano, se é que esse seria mesmo o seu segundo.

Se fosse possível, ele tocaria fogo no carro antes que eu conseguisse fugir.

– Pare com isso , Jimin-ssi.– disse Jungkook irritado – Já basta ter que me fazer vir aqui e
ainda me convencer de ficar com você em um local quase publico.

Não venha me dizer que se sente arrependido de ter feito aquilo, não te obriguei.

– Eu vou embora.– anunciou ele colocando a mão na porta.

– Jungkook.– disse pegando em seu braço com toda força que tinha.

– Você tem algum problema ,Jimin? – perguntou– Por favor, pare de ir atrás de mim com
segundas intenções. Eu não gosto disso.

– Eu nã...– quando iria responder, ele abriu a porta e saiu.

Não!

– Por favor, Jungkook...– falei apressando-me em sair do carro.

Quando sai para faze-lo voltar senti ser puxado e depois empurrado para dentro do mesmo.
Então senti o molho do ramen esquentar meu antebraço, após ter derrubado
acidentalmente o copo no banco.

Me levantei rapidamente para observar onde Jungkook estava e o que Chung Hee
pretendia fazer. Olhei pela a janela traseira do carro, para onde Jungkook estava andando,
depois vi Chung andar em direção a ele.

E agora?

Se eu não fizer nada ele pode fazer o que sempre esta desposto a fazer.

A ultima vez que ele tentou machucar Jungkook foi usando o próprio carro.

Espera... Carro!
(Jungkook)

– Ya!– gritou um cara atrás de mim.

Olhei para trás, então vi Chung Hee.

– Desgraçado.– murmurei.

– Vai ir embora sem falar comigo, cara?– disse ele de jeito sarcástico.

Não se aproxima, filho da puta.

– Cai fora, Chung.– falei dando as costas para ele.

Agora sei porque Jimin e Chung acabaram namorando, porque um merece o outro.

– Ah, eu caiu fora sim. – disse ele – Mas antes... – foram essas as palavras que ouvi
antes de sentir uma pressão nas costas.

Cai no chão de joelhos ,em seguida minha cabeça foi empurrada para o asfalto me fazendo
sentir ardência no lado esquerdo do crânio.

– Deixa de ser imbecil , palhaço. – disse ele surgindo na minha frente como se estivesse
pulado por cima do meu corpo – Você acha que só porque me fez ter dois chifres na
cabeça, vai sair sem punição? – falou pegando no meu colarinho.

– O que acha que esta fazendo? – pergunto tentando ignorar a dor de cabeça – Qual é o
seu problema, em cara?

Já não basta todo esse sofrimento, ele ainda quer ferir outras pessoas para se sentir
vingado porque foi chifrado? E para lembrar um pouco do seu histórico Chung não é nem
um anjo, se for um caiu do céu por ter sido rebelde.

– Você traiu a Soon Bok enquanto ela estava viva e agora quer se vingar? – falei
pegando em seu pulso – Se vingar de exatamente o que? Hipócrita.

– Do que esta falando , órfão? – perguntou sem esconder a sua parte sonsa.

Porque quer me provocar usando o fato de não ter mais meus pais? Qual o problema de
não ter um pai e uma mãe? Que direito você tem de usar essa palavra para me ofender?

– Pelo menos não escondo quem sou, namorando com garotas que nem mesmo gosto. –
toquei no assunto.

Não entendo o porque de ter usando Soon Bok como placa de outdoor para dizer a todos
que esta namorando. Ela era tão linda, doce e gostava tanto dele ,que me doía olhar para
seu rosto toda semana ,pelo fato de seus sorrisos bobos não serem direcionados a mim.

– Eu amava a Soon Bok mais que qualquer coisa nesse mundo, Chung. – revelei –
Nunca faria o que você inventou de fazer para se satisfazer com um garoto que agora morre
de medo de você, pelo motivo de se sentir ameaçado.

– Ah, ele disse isso para você? – perguntou sorrindo.

Chung Hee me puxou pelo colarinho para que pudesse ficar de pé.

Vi um sorriso branco se formar em seus lábios e depois se desfazer ao olhar para o local
onde o carro do Jimin estava. Segundos depois voltou a me fitar com o olhar vazio.

– Se você conseguir falar com ele novamente , diga que o ex-namorado dele esta de
volta. – falou lentamente com se quisesse que eu decorasse todas as suas palavras – Boa
noite, Jeon. – foi exatamente o que Chung disse antes de me empurrar para a calçada ,
onde bati o meu ombro em um dos postes de luz.

Então escutei um barulho familiar na rua e após isso olhei diretamente para a direção que
se originava o tal barulho. O carro do Jimin estavam vindo em direção ao Chung.

– É esse o Jimin? – disse ele rindo e apontando para o carro como se aquilo fosse divertido.

Quando o veiculo aproximou-se o suficiente do Chung Hee, ele se desviu rapidamente para
o outro lado da rua, então o vi tirar algo do quadril de sua calça.

Era uma arma.


– Não faça isso. – foi o que saiu dos meus lábios, quando me levantei e tomei impulso
para correr na direção dele.

Ele não pode fazer isso. Ele não pode.

(Jungkook)

– Deixa ele dormir.– ouvi uma voz feminina sussurrar.

– Porque? Já faz dois dias que ele não acorda, o medico disse que pod...

– Cala a boca , você é muito escandaloso.– sussurrou a voz novamente.

Ao contrario da segunda pessoa que estava falando , a primeira tentava deixar sua voz sair
um pouco mais baixa, enquanto o outro dizia em altura de som normal.

– Ele nem ao menos comeu.– disse a segunda pessoa.

– Eu sei.– falou ela seguido de um estalo de um tapa.

Acho que sei quem são os seres que me fizeram acordar.

Abri lentamente meus olhos para confirmar quem seriam os responsáveis por tanto
"barulho". Taehyung e Hwa Young, como havia esperado. Eles estavam abraçados olhando
um para o outro como se sua conversa fosse muito particular, tão particular que me
envolveram nela.

– Calem a boca vocês dois.– disse liberando minha voz rouca e fraca.

Nossa, que dor de garganta.

Hwa foi a primeira a olhar para mim espantada , com uma mão no rosto do Taehyung, como
se estivesse o acariciando. Observei o breve ato de Taehyung em afastar-se dela e depois
dar um sorriso triste.

– Finalmente.– falou ele , colocando as mãos nos bolsos da calça.

– Que medo, Jungkook.– disse Hwa pondo as mãos no meio do peito com uma expressão
de desespero no rosto.

– Medo?– perguntei.

– Você passou dois dias dormindo depois do que aconteceu naquele dia, e acorda nos
assustando.– respondeu de forma dramática.

Ela nunca se preocupou com ninguém , quem sou eu para que Hwa decida abrir esse
coração de pedra gelada?

– Você atua super mal.– disse Taehyung com um sorriso, desta vez verdadeiro.

– Não pedi sua opinião.– falou ela tirando as mãos do peito para ataca-lo– Você acha que
tem direito de dizer essas coisas?

– Não é uma opinião e sim um fato.– disse pegando nos pulsos dela para se defender.

Então as memorias de quando estava apanhado cruelmente de Chung, chegaram como


bomba em minha cabeça.

"Ah, ele disse isso para você?"

Senti meu coração acelerar com rapidez, fazendo a maquina de batimentos cardíacos
aumentar a velocidade de bips.

– Onde esta o Jimin?– perguntei tirando uma especie de prendedor do meu dedo
indicador.

Taehyung apressou-se e soltou Hwa para pegar em meus braços, me fazendo ficar imóvel
na cama. Seu rosto mostrava um certo tipo de medo ao me pressionar contra a cama.

– Taehyung, o que esta acontecendo?– perguntei olhando para seus olhos.

– Nada.– respondeu arregalando os olhos.


– Enfermeira!– gritou Hwa depois de abrir a porta do quarto– Chame um medico!– gritou
mais uma vez.

O que ele esta me escondendo? Porque esta tão assustado? Aconteceu alguma coisa com
o Jimin?

– Taehyung, onde esta o Jimin?– perguntei.

Ele permaneceu calado apertando com mais formar os meus braços.

– Diz logo, Taehyung-ah.– disse Hwa Young.

– Dizer o que?– falou ele – Não tenho que dizer nada.

Qual é o problema?

Tirei meus olhos dele para observar Hwa Young , que não está nem um pouco confortável
com a situação.

– Quer saber?– disse ela – Ele esta em um dos quartos desse hospital vegetando.– falou
Hwa , jogando como bomba todas palavras que prendia.

Meu amigo largou os meus braços e se dirigiu ao sofá ,que antes havia somente duas
almofadas, mas quando Taehyung aproximou-se jogou todas no chão.

Eu não me recordo de muitas coisas daquela noite. As dores que suporto no estomago
começam a me lembrar do socos e chutes que recebi enquanto tentava tirar a arma das
mãos do Chung. E de forma , quase que perturbadora, vem a minha mente pedaços de
memorias , onde ele corre em direção a um carro e aponta sua arma para o mesmo.

– Onde esta o desgraçado do Chung Hee?– pergunto.

Hwa olha-me com expressão confusa no rosto, depois vira seu rosto para Taehyung que
cruza os braços demonstrando irritação.

– Quem seria esse Chung Hee?– perguntou ela.

– Aquele cara que passou de frente a nossa escola com cara de drogado.– respondeu meu
amigo.
– Pegaram aquele desgraçado?

– Não sei se 'pegar' seria a palavra correta para definir o que aconteceu.– disse Taehyung
colocando uma das mãos no bolso da jaqueta– Depois daquela noite muitas noticias saíram
pela internet.

– Noticias?

O que acabaram falando nos sites de noticias? Será que relembraram de três anos atrás,
quando ele estava com ela?

– Sim. – ele tirou do bolso seu celular e mostrou o que havia na tela – Essa foi uma das
fotos que tiraram do acidente.– disse Taehyung apontando para a foto.

Que acidente? O que esta acontecendo?

– Do que você esta falando?– perguntei dando um sorriso nervoso.

– Jungkook-ah, você não se lembra do que aconteceu?– perguntou ele.

– Onde esta essa enfermeira rapariga?– disse Hwa Young dirigindo-se para o lado de fora.

Porque não me recordo de nada ?

– Não.– respondi – Não me lembro.

– Jimin acabou se envolvendo em um acidente enquanto dirigia em alta velocidade.– disse


ele levantando-se do sofá.

Meu Deus, o que você foi fazer, Jimin?


Antes do acidente.

(Jimin)

– Você é um traíra.– disse Chung entrando no carro com uma arma apontada para mim.

– Me deixe em paz.– falei, voltando a pisar no acelerador.

– Eu te falei que tudo iria se resolver depois disso mas fui muito idiota para confiar em
você.– disse ele colocando sua mão no volante – Agora quero que pague pela
desobediência.

O carro virou para uma rua , onde havia muitas pessoas andando. Para controlar toda a
situação , girei o volante em direção a um poste.

– Não vamos morrer aqui! – gritou ele – Dirija esse caralho para outra rua...– disse
levantando sua arma para meu rosto – Agora.
Texto escrito no bloco de notas do celular da Soon Bok:

Sim, sou egoísta em querer morrer para me livrar de todo esse sofrimento e deixar todos
vocês sozinhos, e tristes por minha culpa.

Não ligo se não vão me entender se algum dia me encontrarem morta.

Anos depois.

(Jungkook)
– Ele não é aquele moço que prendeu o meu pai?– perguntou a criança para a mãe ,que
permaneceu calada.

Fechei meu punho para esconder meu sentimento de culpa.

Como me sinto tão mal por ter colocando aquele homem na cadeia se todas as provas
apontavam somente para ele? Porque?

– Eu vim fazer uma denuncia.– disse a mulher.

– Continue.– falou o meu colega de trabalho , Hui Jae – E sente-se, por favor. – disse
apontando para a cadeira a sua frente.

Ela fez o que ele pediu e colocou o pequeno filho no colo. Seu rosto estava tão sombrio que
me deu medo de olhar para ela diretamente.

Porque me sinto tão culpado?

– Com licença, sunbaenim.– disse eu curvando-me para ele.

Hui Jae não gostava da forma como o chamava todas as vezes que queria conversar com
ele.

"Pare de me chamar assim. Me sinto velho o bastante só em olhar para você." Dizia ele
enquanto atendia um telefonema.

– Pode ir.– disse ele irritado.

Me afastei de sua mesa tentando ignorar a senhora com o garoto no colo, e fui em direção a
porta da pequena sala , onde havia uma cafeteira. Quando entrei a primeira pessoa que vi
foi Hwa Young sentada em uma das cadeira da minuscula mesa que só os funcionários
ficavam.

Ela quer me ver desempregado.

– Hwa! – exclamei.

– Jungkook-ah, como vai?– disse levando sua mão em direção a xícara de café sobre a
mesa – Você fica muito bonito com essa pinta de detetive.– falou ela antes de levar a xícara
até a boca.

Desde quando Hwa bebe cafe?

– Você gosta de café?– perguntei.

– Não estou bebendo isso que vocês dizem que contem cafeina.– respondeu devolvendo a
xícara para a mesa.

– O que faz aqui? – pergunto.

– Faz três meses que não te vejo , pombinho.– falou jogando o cabelo longo e castanho
para trás.

Depois que descobriu que combina com a cor castanha no cabelo, nunca mais deixou de
pintar.

– Eu estava e ainda permaneço trabalhando.– falei enquanto fechava a porta.

– Nunca vi um garoto tão esforçado como você.– disse ela imitando voz fofa.

Será que devo dizer a ela que fica realmente assustadora com essa voz?

– Pare com isso , Hwa Young.– pedi.

– Parar com o que?– continuou.

– O Taehyung ainda ri de você quando começa a falar desse jeito?– perguntei.

– Não sei, ele nunca riu de mim.– respondeu olhando para as unhas dos pés.

Você que pensa.

– Você que pensa.– murmurei.

– O que?– perguntou ela levantando seus olhos.

– Nada.
Pelo que me lembro, vim para esse lugar pensando em beber um copo de café e Hwa
Young acabou me tirando do foco.

Me apressei em ir para o armário , onde os saquinhos de café estavam.

– E como esta o Jimin?– perguntou ela.

Jimin?

Parei por um instante antes de por minhas mãos na porta do armário e pensei em que
resposta deveria dar a ela. E nada me veio como algo concreto para que não duvidasse da
resposta.

– Não falo mais com ele.– decidi dizer a verdade.

– Porque? Depois do dia em que ele acordou daquele coma te agradeceu por ter se
preocupado com ele ,e tudo mais.– falou Hwa Young.

Sim, ele ficou grato por ter me importado com ele depois de dois anos visitando-o uma vez
por mês, que era pouca coisa. Eu deveria ter feito muito mais pelo Jimin. Ele quase morreu
naquele acidente por conta de um idiota que queria se vingar, pelo fato de ter sido traído
pela segunda vez. Não me admiro que depois de ser preso de frente a própria casa , após
fugir do acidente que o mesmo causou, acabasse em um hospital psiquiátrico.

Chung, foi preso, felizmente, mas nada poderia apagar as sequelas que ele deixou em mim
e no Jimin.

– Ele deve ter bons motivos.– disse eu abrindo a porta do armário.

Jimin se afastou de mim pelo fato de não precisar me usar como boneco para se livrar do
Chung Hee ,que foi preso antes do Jimin acordar. Eu também não queria ser usado dessa
forma, mas com o passar do tempo acabei me sentindo carente por não ter que transar com
ele toda semana.

Eu sei, não deveria pensar nele só pela falta de sexo que tenho na minha vida. E por estar
assim me sinto sem energia esses últimos anos, não paro de pensar em transar na horas
que estou tenso. Então ele me vem a mente.

Depois de ter saído do coma, eu e ele mantemos nossa amizade colorida por algum tempo
até que o Jimin decidiu por um fim , porque estava sentindo culpado por ter me usado antes
e após a prisão de Chung.

E para que essa falta de contato com o Jimin se torne mais difícil, ele ainda anda pelo
mesmo caminho que eu e finge não me ver quando passamos pela faixa de pedestres.

– Nunca vi uma coisa como essa.– disse ela levantando-se – Eu vou embora, só vim te
visitar porque estava sentindo falta da sua cara de nerd gost...– se interrompeu –
egocêntrico.

Jurava que ela iria dizer outra palavra.

– OK.– falei enfiando meu braço para dentro do armário, a procura do pacote de café.

– Tchau. – falou antes de sair pela porta, depois deixando-a aberta – Ah! E mais uma
coisa.– disse colocando sua cabeça para dentro da sala– Taehyung esta querendo fazer
uma festa esse final de semana.

Acho que ela não sabe que meu emprego não pode dar folga.

– Estarei ocupado.– falei virando meu rosto em sua direção – Mas dou um jeito de visitar
vocês.

Hwa Young deu um sorriso branco e logo abriu a boca para falar alguma coisa mas foi
interrompida:

– Não achei a caneta que você me pediu, Jungkook-ah.– disse a esposa do meu irmão
quase empurrando Hwa para dentro.

Ainda me pergunto como deixam elas ainda entrarem aqui como se fosse a casa delas.

– Como conseguiu entrar? – perguntei.

– Eu disse que te conhecia.– respondeu Young Soo.

– Serio? – disse Hwa.

– Quem é você?– perguntou Young Soo.

– Amiga dele.– disse apontando para mim.


A esposa do meu irmão olhou para mim incrédula. Ela gosta de ser exclusiva em certa
coisas.

– Pensei que fosse a unica que conseguisse entrar aqui.– falou ela.

Preciso resolver essa exclusividade das duas antes que o meu superior venha reclamar
comigo.

– Meu Deus.– disse eu deixando de lado o café que estava louco para tomar – Mais tarde
converso com vocês.– falei indo em direção as duas– E esse final de sem...– me interrompi
por um segundo ao ver alguém muito familiar.

– Você quer fazer isso mesmo?– disse ele para um rapaz ao seu lado.

– Sim. Você não?– perguntou o rapaz a ele.

– Quero, sabe disso , não sabe?– disse ele colocando uma das mãos no ombro do outro.

O que está fazendo aqui Jimin?

(Jimin)

So Ra, a mais recente namorada do meu amigo Tyler , acabou recebendo uma ameaça
por carta depois de uma apresentação.

– Você quer falar com quem sobre isso?– perguntei sabendo que ele esta bastante nervoso
por causa disso.

Nunca vi Tyler tão apaixonado por alguém depois que terminou com a moça do caixa. Após
o termino saiu com tantas garotas que fiquei assustado com a quantidade de meninas que
me ligavam pedindo satisfações sobre tais encontros. Meu amigo Tyler, quando estava
bêbado dizia para as garotas que iria arrumar um encontro comigo. Não sei que tipo de
álcool é este que faz alguém esquecer que o seu melhor amigo é gay, e ainda por cima
entrega seu numero para mulheres desconhecidas em bares.
– Faz pouco tempo que aprendi coreano. Como posso dizer a um dos policiais que
descobri que existe um filho da puta que ameaça minha namorada por cartas?– disse ele
em coreano.

Desde o dia em que ele decidiu aprender coreano para se dar bem aqui em Seul a nossa
comunicação facilitou bastante.

– Primeiro, você deveria ter levado ela ate aqui.– disse eu.

– Ela não viria.– falou Tyler.

– Segundo, não foi você quem sofreu a ameaça.– disse por ultimo.

– Então porque me levou aqui?– perguntou ele.

Verdade. Porque?

– Nem me lembro.– respondi virando meu rosto em direção a saída.

Mas por ironia do destino meus olhos encontram outra coisa, ou melhor, outra pessoa.
Jungkook estava ali no meio de duas mulheres aparentemente bonitas, e uma delas era a
Hwa Young. Nunca pensei que iria achar a Hwa bonita nessa altura do campeonato.

E foi por encontrar o rosto do Jungkook que me recordei do motivo de estar aqui.

Eu queria vê-lo.

– Posso ajuda-los?– perguntou uma moça baixinha de cabelo preto e oculos redondos.

– Como é o processo de uma denuncia?– perguntou Tyler.

– Você sofreu alguma coisa ou alguém?– perguntou ela.

Voltei a olhar para os três que estavam de frente a uma porta que havia escrito "Só para
funcionarios" . Hwa que antes não tinha me visto se surpreendeu ao perceber que estou
aqui, por isso seus olhos estavam maiores que o normal. E para complementar ,havia outra
mulher alem dela com Jungkook.

Young Soo.

Ela não percebeu minha presença ,que ao contrario de Jungkook que tomou a atitude de
sair de perto das duas e vir diretamente em minha direção.

Eu não acredito que ele esta vindo até mim.

(Jungkook)

– O que faz aqui? – perguntei a Jimin , que esta imóvel a minha frente.

– Hã? – disse ele com seus olhos arregalados.


– Eu disse: O que você faz aqui? – perguntei novamente.

Eu preciso saber o que ele esta fazendo aqui. Preciso saber se esta querendo resolver algo
grave novamente. Desde o dia que Chung Hee fez aquilo com ele, me senti responsável por
protege-lo , mas só continuaria fazendo isso até o momento em que dissesse que não
queria mais a minha ajuda.

Esse dia chegou, mas infelizmente ainda sinto a responsabilidade de protege-lo , mesmo
ele não querendo.

– Vim... – parecia que ele estava planejando dizer uma mentira – Ajudar o meu amigo
com uma denuncia. – respondeu.

Ah, então ele é seu amigo. Legal.

Estava pensando que ele era o seu novo namorado.

– Ele já esta resolvendo tudo. – disse apontando para o cara que antes estava com ele.

O rapaz não tem origem oriental como os demais aqui. Seu cabelo é loiro e não esta de
acordo com o padrão de beleza coreano.

– Como ele se chama? – perguntei.

– Tyler. – respondeu.

"Você é o único que esta sem caso depois do maluco-do-carro." Dizia Han Gil , meu
parceiro no trabalho.

– Jungkook, tenho que ir. – disse Young Soo surgindo do meu lado – Irei avisar ao Jin
que você chegara tarde de novo hoje. – falou ela antes de sair puxando a Hwa pelo braço.

– O que pensa que esta fazendo? Eu já estava saindo. – disse Hwa Young andando até a
saída, contra a própria vontade.

Esperei que ambas estivessem fora do meu ambiente de trabalho para respirar
normalmente. E quando havia saindo com a Young Soo a Hwa gritou:

– Isso doi! Me larga, quenga!


Ela nunca teve limites.

– Jeon! – um dos meus colegas me chamou – Preciso de sua ajuda.

Era o Han Gil.

Viro-me para ele com a intenção de deixa Jimin de lado para atende-lo.

– Licença, Jimin-ssi. – disse eu tocando em seu ombo usando isso como um aviso para
que soubesse que eu iria deixa-lo sozinho.

Chegando perto de Han Gil me apoiei em sua mesa para ver com mais clareza o seu rosto.
Geralmente consigo saber quando ele esta bem para seguir um bom dia de trabalho , e
parece que hoje não é o seu dia , provavelmente também não será o meu.

– Diga. – falei.

– Aqui fica localizado os casos desse mês ,certo? – perguntou apontando para a papelada
em sua mão direita.

– Sim. – respondi.

O que ele quer com todos esse documentos?

Espera... Porque estão imprimidos se é bem melhor deixa-los no arquivo digital?

– O que essa droga faz sobre a minha mesa? – perguntou.

– E porque esta me perguntando isso?

No nosso trabalho, cada um fica com seus relatórios arquivados no computador. Então,
cada um tem o dever de imprimir o próprio relatório.

– Eu não imprimi nada essa semana, muito menos na anterior. – disse – Então , quem
seria a unica pessoa que tem acesso a senha do meu computador? – perguntou.

Eu, claro. Mas não fui o responsável.

– Hyung... – tentei juntar um pouco de paciência para não gritar com ele no meio de todo
mundo.
Han Gil sempre me acusa quando se refere a algo privado que somente eu e ele sabemos
dos detalhes. Infelizmente, sempre a alguém que se entromete e acaba nos fazendo brigar
por besteira. Espero que desta vez , não seja a mesma pessoa que teve a brilhante de ideia
de abrir os arquivos do Han para me fazer levar o credito de culpado.

– Não fui eu, não tive nem tempo de dormir essa semana. – respondi.

– Quem foi o salafrário que mexeu no meu computador?! – gritou ele para que todos os
funcionários ouvissem.

– Fui eu, sunbae. – disse Ma Eum, ajeitando o óculos.

– Ah, você? – disse sarcástico.

– Sim, o meu superi...

– Não ligo para o seu parceiro. Diga a ele que não é o dono dessa merda só porque o pai é
rico. – Han se revoltou.

– Eu estou ouvido, Han Gil. – disse ele levanto-se da mesa em que trabalha – Não sou o
dono, mas combinamos que iriamos trabalhar no mesmo caso por causa das complicações.
– disse ele pegando um pirulito do bolso da jaqueta.

– Isso não quer dizer que deva pegar a minha senha fazer essa bagunça na minha mesa!

Seul Ki, parceiro da Ma Eum, colocou o pirulito na boca e o rodou dentro da mesma
tentando de alguma maneira irritar Han.

– Ah, é? – disse ele jogando a embalagem do doce sobre a propria mesa – Ouvi que Ma
Eum conseguiu um novo caso e que vocês dois vão trabalhar conosco. – falou Seul Ki
sorridente.

Han não gostava que fosse provocado só pelo fato de não conseguir bons casos durantes
esses ultimos anos.

– Isso é verdade. É mais um caso que precisamos de mais pessoas do que o habitual. –
disse ela entregando-me uma folha com palavras digitadas de forma desorganizada.

– O que é isso? – perguntei.


– Uma jovem violinista foi ameaçada essa semana após sua apresentação em um teatro de
Seul. – disse Ma.

No papel estava escrito:

You.

Eu de gosto uma. Como habilidade posso você gostar de vadia violinista com tanta ?

– O namorado dela veio me entregar mais uma carta com o mesmo tipo desorganizado de
palavras , mas dessa vez tinha o significado da anterior.– disse ela com outro papel.

No outro papel havia:

Eu gosto de você. Como posso gostar de uma vadia violinista com tanta habilidade?

Are.

Posso sua com acabar vida , sabia?

Mais um psicopata na minha lista de crimes difíceis de resolver.


(Jungkook)

A violinista que sofreu algumas ameaças com pedaços de papel enfiados dentro de um
maldito envelope ,que agora se denomina carta, escondia outras em sua casa, e isso me
deixou assustado. Claro, não devo perder o controle com tais situações em casos como
esse, e por esse motivo me controlei enquanto procurava as ameaças escritas.

"Jungkook-ssi, encontrei uma caixa cheia de cartas semelhantes as quais recebemos."


disse Ma Eum arrumando sua mascara no rosto. Ela tinha problema com poeira e a casa
parecia ter sido abandonada pela vitima a bastante tempo.

A quantidade de sujeira ignorada na casa era tão visível que qualquer faxineira teria coceira
quando olhasse para os moveis.

Observei Ma Eum com cuidado, e dessa forma, percebi que ela estava dispersa do
ambiente em que estávamos.

"Ma Eum-ssi." A chamei.

"Sim?" Ela voltou a realidade olhando para mim com seus olhos arregalados.

"Você esta bem?" Perguntei.


"Sim." Respondeu " Só estava pensando na possibilidade de a vitima ter guardado essas
ameaças por muito tempo, sabe. Pelo motivo de ter medo."

Ela tinha razão. A violinista nos permitiu revirar sua casa para buscar qualquer coisa que
fizesse o tal idiota-das-cartas ter acesso a sua vida pessoal. Talvez ela tenha tido medo de
dizer aos amigos que estava sendo ameaçada para não comprometer a vida de cada um.

" So Ra deveria esta assustada com tudo isso." disse Ma Eum " Eu como mulher, a entendo
completamente."

Qualquer um ficaria apavorado em uma situação como esta.

"Tem razão."

Quando Ma Eum me levou até o local da casa , onde havia as cartas que a mesma
encontrou , tive um grande susto. Minha parceira de trabalho espalhou as cartas no chão de
forma organizada baseando-se na data que o remetente enviou.

Em cada papel existia uma palavra escrita em inglês e por esse motivo todos que estão no
caso disseram que cada palavra fazia parte de um grande texto ou frase. E todos tiveram
essa ideia a partir de duas únicas folhas com frases desorganizadas.

E quando estava diante de varias cartas velhas e empoeiras, comecei a pensar diferente.

A primeira carta enviada para So Ra , escrita da mesma forma que as outras:

I Love You.

"Oi, eu sei que é bem clichê da minha parte mandar cartas assim, mas não há outro jeito de
ser seu admirador sem ser descoberto. "

Segunda carta:

Smile.

"Você permanece com o mesmo sorriso bonito que meses atrás quando te enviei a primeira
carta."

Terceira:
Hello.

" Ela esta bem em minha frente , mas eu não sei o que fazer."

Quarta:

Reach.

"Chegará o dia em que segurarei a mão dela?"

Todas as frases das cartas anteriores tem o mesmo estilo romântico até chegar a quinta
carta enviada.

Boy.

"Vi aquele garoto te empurrando no corredor. Quer que eu o mate?"

"Jungkook, sera que esse homem que envia palavras tão agressivas para a So Ra é o
mesmo de anos atras?" perguntou Ma Eum.

Talvez essa pergunta que ela havia me feito, não seja realmente um questionamento e sim
uma afirmação.

Mas como um cara poderia continuar fazendo as mesmas coisas durante tantos anos com a
mesma pessoa?

Será que ele esta preparando um tipo de esquema para sequestrar a So Ra? Ou somente
quer colocar medo?

– Eu estou ficando maculo! – grito sentado no vaso sanitário.

– Ei, meu irmão. – disse um homem – Tá difícil ai dentro? Quer um remédio? – perguntou
ele.

– Quem esta ai? – perguntei.

– Sou um dos policiais do ... – se interrompeu – Bom, eu trabalho por aqui.

– Oh, entendo. – falei tentando me estabilizar.


Acabei me esquecendo que não estou em casa para ter minhas crises de gritos.

Olho para meu pulso com intenção de saber as horas, mas infelizmente não estou com ele.
E acabei lembrando-me que deixei o celular na minha mesa de trabalho. Isso quer dizer que
pode ser que eu , Jeon Jungkook , seja o ultimo a sair do trabalho hoje.

– Senhor... – o chamei.

– Sim? – respondeu.

– Poderia me dizer que horas são agora? – perguntei esperando por alguns segundos a sua
resposta.

– 22:03 da noite.

– Obrigado.– agradeci.

Se não tivesse uma porta atrapalhando a visibilidade de nós dois agradeceria da forma
correta, mas já que não é o caso...

Young Soo me trouxe comida hoje a tarde e parece que o que estava dentro da marmita me
fez mal. Agora estou ocupado no banheiro esperando o estomago esvaziar. Quando chegar
em casa reclamo da forma mais revoltada que tenho para Young Soo , que se recusa a
fazer aulas de culinária.

Depois de sair do meu local de trabalho, fui direto para o restaurante de sopa de arroz a
procura de algo para preencher meu estomago de todo o esforço que fiz para me livrar da
comida que me fez mal a noite inteira.

– Ahjuma!– chamei a dona do local.

– Sim?

– Uma porção de sopa.

– Esta bem! – respondeu outra mulher.

Hm, parece que a dona no restaurante conseguiu uma nova cozinheira para ajuda-la com a
demanda de comida.
Agora não preciso esperar por tanto tempo a minha sopinha da noite.

Como quem não queria nada, olhei para a janela transparente do ambiente para esperar de
um jeito menos cansativo a chegada da minha janta, a sopa.

E fugindo um pouco do meu desejo por sopa... Estou preocupado com Jimin. Ele conseguiu
meu novo numero de celular, e agora resolveu me mandar mensagens perguntando sobre
como esta indo o caso que resolvi me envolver, o caso da So Ra.

Ainda tenho as primeiras mensagens que ele me enviou essa semana.

– Que nostálgico, Jimin.– digo pegando o celular do bolso da minha jaqueta.

E o impressionante é que ele me enviou três perguntas ontem, e não foram relacionadas ao
meu trabalho.

Jimin: Bom dia.

Jimin: Você esta bem?

Jimin: Esta livre essa semana?

Jimin: Gostaria de sair comigo , So Ra e Tyler esse final de semana?

Não respondi até agora.

Sera que devo responder?

(Jimin)
Estou ansioso.

Ele vai responder ou não vai?

Sinto a água molhar minhas mãos, me fazendo despertar para a realidade, em seguida me
dou conta de que estou lavando os pratos que Tyler se dá o trabalho de sujar e não limpar
nada.

Espero que ele limpe-se quando sair do banheiro, porque ninguém merece isso.

– Tyler! – gritei por seu nome.

– Oi!– respondeu.

– Você esta pronto?– pergunto.

Faz meia hora que ele esta dentro do banheiro , fazendo sei la o que.

– Pronto para o que?– gritou do banheiro.

Se ele estiver na punheta até agora , irei reclamar com a So Ra por isso.

Nós combinamos de sair para a uma festa de aniversario de uma amiga nossa, e estaria
combinado de sairmos ás 20:00 horas e agora são 20:10. Ela nem deve ter começado a
festa, mas só para apressa-lo mais um pouco, estou dando uma pressãozinha.

– Jimin , eu sou um homem vaidoso, tenho que colocar minha beleza em primeiro lugar.–
disse ele.

Esta escrito em uma das regras de convívio entre nós a seguinte frase:

Não mentiras sobre a pratica obscena em qualquer local da casa, principalmente no


banheiro.

Movo-me da cozinha e vou em direção a porta do banheiro ,que não ficava tão longe da
pia. Bato na porta duas vezes e espero Tyler dizer algo.

– Oi?– falou ele.

– Você esta fazendo o que estou pensando?– digo encostando o ouvido na madeira.
– Porque quer saber?– perguntou.

Faz meia hora que esta ai e esse seria um péssimo momento para praticar tal ato ,
justamente quando iriamos nos arrumar para ir a uma comemoração especial de uma
amiga.

– Tyler...– tentei não mostrar toda a raiva ,que está visivelmente me consumindo – Faz 30
minutos que você esta trancafiado neste buraco de banheiro. E eu só gostaria de saber o
porque de tanta demora sabendo que vamos sair para a festa de aniversario da Yeo Reum.

– O aniversario dela não é amanhã?– disse ele– Pensei que estivéssemos nos arrumando
para sair e beber.

– Não! – gritei – Se arruma, caralho.

Chutei a porta como um tipo de aviso para afirmar que , sim , eu estou extremamente
estressado.

Voltei para a pia e olhei novamente para meu celular sobre a mesma.

Havia duas mensagens:

Jungkook: Não estou livre pelo motivo de estar resolvendo o caso da So Ra.

Jungkook: Me desculpe.

Ótimo. O plano de fingir que So Ra e Tyler iriam sair conosco no final de semana foi para o
ralo.

A ideia inicial era usar o nome do casal para dizer que iriamos sair para nos conhecer, mas
na hora em que eu e ele estivéssemos lá, iria dizer que Sora e Tyler se atrasaram um
pouco. E bingo! Jungkook só para mim.

Seria legal se ele tivesse um tempo livre.

– Voltei e estou pronto.– disse meu amigo.

Viro-me para ele com intenção de saber como esta suas roupas ,e o filho da puta ainda esta
vestido com o pijama da namorada. So Ra acabou dormindo aqui em casa ontem e deixou
as roupas intimas no quarto dele. Sim, Tyler gosta de usar camisola feminina.

– Não é festinha do pijama e mesmo que fosse , você não iria, só eu. – falei dando as costa
para ir em direção a geladeira.

– Ok, então.– disse ele– Mas porque só você iria?– perguntou.

Viro-me para ele com uma expressão matadora.

– Não finja que não sabe o motivo.

Tyler parecia confuso ao ouvir minhas palavras até que o seu rosto mudou completamente.

Sim, meu amigo, isso mesmo.

O belo motivo de meu amigo do peito não poder comparecer a festas como festa do pijama
ou qualquer outra que envolva bebida , é pelo fato de esse safado perder o juízo quanto
esta loucamente bêbado. Da ultima vez que ele se embriagou e Yeo Reum , infelizmente ,
estava presente.

"Ju-ju-bi... Yeo é sapatão." disse ele levantando uma garrafa de vinho como se fosse um
troféu "Onde esta a jujuba da Yeo?"

Yeo Reum odiava ser chamada de jujuba. Ela ganhou esse apelido do Tyler ,porque ele a
encontrou caída no chão com esse doce grudado nos fios de cabelo. E sabe porque ela
estava no chão?

"Yeo não aguenta uma pegada forte na bunda porque é sapatão!" gritava ele esbarrando
em um casal que estavam conversando "Ela é sapatão também?" perguntou apontando
para garota.

"Você não tem o que fazer?" disse o cara empurrando Tyler , fazendo-o esbarrar em outra
pessoa que estava atrás.

Yeo caiu no chão depois que pegou uma briga com um dos convidados da festa. Ele tinha
tentado abusa-la , mas felizmente Yeo sabia se defender. Por coincidência havia jujubas
espalhadas pelo chão , e só por isso ela acabou caindo.

– Você só vai dessa vez para o aniversario dela porque Yeo te perdoou.– falei abrindo a
geladeira e logo depois tirando uma garrafa de água.

– Eu estava bêbado.– disse Tyler.

– Não vai beber essa noite, sinto muito.– disse eu saindo da cozinha com intenção de ir
para o quarto.

– E porque eu não posso?– gritou ele quando percebeu que eu estava no corredor.

– Porque ela não gosta de te ver bêbado chamando-a de jujuba.– respondi da mesma
forma, gritando.

Se Tyler não pode beber, isso quer dizer que posso me chapar de álcool e quem irá se
responsabilizar por me levar em casa é o senhor-meu-amigo-tyler.

(...)

Após esperar que ele se arrumasse fomos para o ponto de ônibus.

– Você não acha que estou muito descolado?– perguntou ele – Talvez eu possa fazer
qualquer garota se apaixonar por mim.– disse cobrindo o peitoral com os braços.

Como se as amigas da Yeo gostassem de ocidentais.

– Não se preocupe, eu sou gay e não me senti atraído por você por causa dessa sua
roupa de playboy.– falei cruzando os braços para me proteger do frio.

Esta tão frio em Seul que a parede de vidro do ponto de ônibus esta marcado.

– Eu não estou atraente?– perguntou Tyler , fazendo com que eu virasse meu rosto para
ver o seu.

– Que cara é essa ,Tyler?– perguntei olhando para sua expressão de cachorro sem dono.

– Eu não estou atraente?– perguntou novamente, desta vez aproximando-se de mim.


Dei um passo de distancia dele , sentindo minhas sobrancelhas franzirem.

Olhei para Tyler dos pés a cabeça com minha expressão de sai-daqui-se-não-quiser-que-
eu-te-chute.

Antes que ele fizesse qualquer coisa que mais tarde se arrependesse, o ônibus chegou
como sua salvação, mesmo que ele não soubesse disso.

– Vamos.– falei indo para a porta do veiculo.

Acho que depois que sai da casa da minha mãe as coisas ficaram mais difíceis, como
minha locomoção por Seul. Hoje em dia tenho que usar metro ou ônibus para ir trabalhar,
antes usava o carro dela ,mas com o tempo tomei vergonha na cara e decidi cuidar de mim.
Ela não merecia me suportar em casa sabendo do que fiz.

Sei que meu pai morreu de ataque cardiaco e sei também que poderia ter feito uma
massagem cardiaca nele antes de leva-lo para o hospital. Mas não tentei, e por esse motivo
minha mãe se sentiu magoada.

"Meu filho é um assassino." dizia ela depois de me dar um tapa no rosto.

– Você não vai pagar?– perguntou o motorista.

Despertei do meu breve transe e peguei minha carteira do bolso, logo depois pagando a
minha passagem com o cartão.

– Me desculpe.– falei assim que paguei.

Após sentar-me no primeiro banco vazio que encontrei voltei a pensar na minha mãe.

Ela me odeia tanto assim?

Eu a livrei de um monstro.Como não ficar grata por isso?

– Qual foi a bebida que você tomou?– disse Tyler sentando-se ao meu lado – Eu quero
também.

– Eu bebi?– perguntei.

– Não sei. – respondeu.


Se você não sabe imagine eu que ... Não, espera.

Falando em bebida ele tocou em um assunto super importante.

– Tyler. – o chamei.

– Sim?

– Você não vai beber, lembre-se disso. – falei logo olhando para a janela.

– Porra.– murmurou ele.

Ele anda bebendo muito essa semana por causa do que aconteceu com a So Ra. Ela disse
que essa não seria a primeira vez que recebia cartas do tal admirador ,e que durante o
namoro do dois ela tentava se encontrar com esse cara. Tyler aparentemente não reclamou
muito sobre isso com ela, raramente se opõe sobre algo quando esta incomodado e como
resultado desconta as frustrações na bebida.

Espero que essa noite de festa não resulte em uma traição pela parte dele.

– Jimin, aquele cara ali não é o Jungkook?– disse Tyler apontando para uma janela de
vidro de um restaurante.

Como amigo, Tyler sabe como sou um pouco louco pelo Jungkook desde o dia em que eu
disse que gostaria de me redimir com quem gosto. Ou seja, ele. Até hoje, Tyler tenta me
lembrar do dia em que falei sobre meus sentimentos pelo Jungkook. E Tyler sempre ri da
minha cara porque isso aconteceu quanto eu estava bêbado.

Desde aquele momento em que Jungkook foi , assim como eu, vitima do Chung Hee, me
senti culpado e responsável por me redimir com ele. Sei que depois de dois anos tive uma
amizade colorida com ele e acabei estragando tudo, porque me senti nojento em estar me
aproveitando do que restou entre nós. Iniciei uma amizade de um jeito para coloca-lo em
andamento de uma forma tão idiota que quando cheguei no limite da minha raiva, me
separei dele.

– Você quer mesmo ir para a festa da Yeo Reum?– perguntou ele.

Não.

– Se importa em dizer para ela que não vou? – pergunto a ele sabendo da resposta.
– Vai , porra! Eu vou inventar um desculpa.– disse ele.

Vou atrás do Jungkook ou cuido do meu amigo que pode beber e fazer muitas pessoas
passarem vergonha?

– Tchau.– disse eu saindo do banco e me direcionando a porta.

Minha sorte que o ponto de ônibus esta perto do restaurante onde Jungkook esta.

(Jimin)

– Ele esta ali. – falei para mim mesmo sentindo meu coração pegar fogo.

Antes de decidir ter a atitude de correr atrás do Jungkook ganhei um bom conselho da
minha companheira de noite, So Ra. Sei que ela é namorada do Tyler e que ele tem ciúme
quando ela esta conversando com outro cara que não seja ele. No dia que recebi o seu
conselho , ele estava na cozinha olhando para nós dois como se quisesse me matar se eu
fizesse algo que envolvesse toque físico.

"Porque você começou a gostar dele?" perguntou So Ra.

Lembro-me que tentei achar um bom motivo para ter esse sentimento por ele.

"Eu não sei, apenas aconteceu." respondi.


"Sei como se sente." Disse ela sorrindo "Quando comecei a me apaixonar pelo Tyler, já era
tarde de mais para voltar atrás."

Não sei como alguém pode sentir tal coisa pelo Tyler se ele... Oh, não devo dizer nada
sobre isso, porque no inicio de nossa amizade tive um interesse por ele.

"Ele todos os dias aparecia na minha aula de musica e era o único cara diferente por lá."
Disse ela olhando para baixo com um sorriso apaixonado nos lábios.

Eu sei de toda essa historia de Tyler querer ficar com uma garota e acabar gostando da So
Ra por acidente. E por isso fecho minha boca para a verdade por trás do romance desses
dois.

"E quando Tyler começou a conversar com minha amiga se tornou mais fácil nossa
comunicação." Disse So Ra.

Era a amiga dela que ele queria.

Sorri para ela tentando demonstrar minha felicidade pelos dois.

Acho que ela não sabe da versão completa da historia.

"Mas já que, no seu caso ele não é amigo de nem um amigo seu, você tem que ser direto
se quiser realmente algo." Disse ela.

Isso só funcionou quando eu disse que queria masturba-lo no beco de uma loja de
conveniência. E não foi porque eu estava com vontade, e sim porque deveria fazer aquilo se
quisesse minha vida normal de volta. O que no final das contas não adiantou de nada.

"Bom, eu sei que ele te olha muito quando vocês cruzam o caminho." Disse ela.

Isso não é mentira.

" Isso quer dizer que você tem uma chance com ele." Falou sorridente "Seja atencioso."

Quando chego perto da porta do restaurante em que ele esta verifico se sua mesa tem algo
alem de um prato de sopa. Então encontro seu celular do outro lado da mesa. Se eu não
tivesse cuidado não conseguiria enxerga-lo ali.

" Sempre arrume um jeito de mandar mensagens para ele." Dizia So Ra.
Peguei o meu celular do bolso e coloquei na caixa de mensagens:

Jimin: Oi.

E depois de mandar a mensagem esperei para que ele visse.

Olhei atentamente para Jungkook que ainda estava focado em sua sopa até a tela de seu
celular acender.

Certo, ele viu.

A expressão de seu rosto parecia ser de confusão. Então o mesmo pegou o celular e digitou
algo.

Jungkook: Precisa de alguma coisa?

Jimin: Você esta livre hoje?

Se ele mentir para mim vou ter que usar outro plano.

Jungkook: Daqui a pouco estarei indo para casa.

Jimin: Posso te acompanhar?

Jungkook: Porque você gostaria de me acompanhar?

Olhei para seu rosto novamente e o mesmo estava com os olhos arregalados.

Jimin: Posso te responder pessoalmente. Onde você esta?

Então o observei de novo. Ele parecia aliviado dessa vez.

Jungkook: Estou em um dos restaurantes de sopa perto de um ponto de ônibus. Você


conhece?

Jimin: Acho que sei que lugar é esse.


É agora.

Entrei tentando não mostrar o meu nervosismo por estar ali. Me aproximei da mesa onde
Jungkook estava e arrastei a cadeira para trás antes de me sentar.

– Boa noite. – falei para ele colocando meus braços por cima da mesa.

Agora agradeço ao Tyler por demorar quase duas horas e trinta e dois minutos procurando
pelo sapato nojento dele, porque este é o exato momento em que posso aproveitar minha
vontade desesperada por recuperar tudo o que não fiz durante esses últimos anos, evitando
Jungkook.

– Oi. – disse ele surpreso – Você sabia que eu estava aqui, não é?

– Sim, então aproveitei a oportunidade de lhe fazer companhia. – digo pousando meu
rosto sobre minha mão.

– Certo. – disse pondo o celular de volta a mesa – Você precisa de alguma coisa? –
perguntou.

De você.

Não, eu só acho que fui muito infantil de ter parado de falar com você e agora estou
tentando retomar o que havia parado no ultimo dia que ficamos juntos.

Será que devo usar como resposta o que Tyler usou da ultima vez que tentou visitar a So
Ra?

– Não, eu estava passando por aqui e decidi bater um papo com você. – respondi – Você
parecia um pouco solitário.

Espero que ele não saiba detectar mentiras.

– Ok. – disse pegando a colher – Então não se importa de me ver comendo?

– Não.

É muito gratificante vê-lo comer.

Lembro-me da vez em que pedimos uma encomenda de frango frito e que quando comeu
sujou-se de uma forma tão engraçada que não pude me segurar da risada.

"Porque esta rindo? Isso queima."Dizia ele pegando a coxa de frango de cima da camiseta.

Havia molhado o frango no molho do ramen e por isso permitiu que a bagunça se alastrasse
pela roupa.

"Essa camisa não é minha, é do meu irmão." Disse segurando a parte manchada.

"Eu posso lavar para você." Falei.

Ele naquele momento me olhou de um jeito tão envergonhado que me fez ficar vermelho.

"Posso também emprestar minha camiseta até que a do seu irmão seque." Disse eu.

Na verdade , tinha outras intensões por trás da minha "generosidade".

Sorri ao recordar da minha falta de vergonha na cara ,que resultou em um Jungkook


olhando para mim de forma assustada.

– Do que esta rindo? – perguntou.

– Me lembrei de uma piada. – respondi.

– Hm, pode me contar como seria essa piada?

Me ferrei.

– Talvez você não ache engraçado. – falei sentindo minha alma sair do corpo.

Por um instante esperei para que ele dissesse algo, mas nada veio. Talvez ele tivesse
acreditado ou decidiu que não iria insistir.

– Esta bem.– disse com um pequeno sorriso de desanimo e então voltou a comer.

Jungkook parecia tenso.

– Você está bem? – pergunto.

Ele se engasgou aparentemente surpreso.


– Sim.– responde de maneira seca.

Acho que não deveria estar aqui o incomodando. Já fui bastante chato mandando
mensagens quase todos os dias. E talvez ele não queira mais nada comigo, porque faz
muito tempo que não conversamos e durante este maldito tempo eu o ignorei
completamente.

Eu sou um babaca.

Como minha mãe dizia: "Valorize as pessoas enquanto ainda as tem por perto."

– Acho que esta tarde.– digo levantando-me da mesa – Tenha uma boa noite ,Jungkook.–
falei sentindo que falhei completamente com o meu plano besta.

Andei rapidamente até a porta e liberei a tensão que senti ao ver que sou muito ruim em ter
algumas atitudes que outras pessoas se sairiam bem efetuando-as.

Fui rapidamente para o primeiro poste que encontrei e me encostei no mesmo, tentando
deixar que minhas pernas ficassem erguidas. Estou tão nervoso por ter falhado que meus
nervos estão fazendo uma terrível festa dentro do meu corpo.

Quando erro em fazer algo sempre vem aquelas frases que diminuem qualquer pessoa
sensível:

"Fiz merda de novo."

"Ele deve estar me achando um idiota."

"Acho que ele deve me odiar por ter tirado seu tempo."

"Será que posso me livrar disso bebendo?"

– Jimin-ssi.– ouvi sua voz.

Estou tão maluco que escuto sua voz dentro da minha cabeça toda hora.

– Jimin-ssi.– senti uma mão tocar meu ombro e assim me virei para vê-lo de um melhor
angulo.
– Sim?– disse eu tentando fingir que não estava pensando em me embriagar por causa de
uma suposta rejeição que criei em minha cabeça.

– Você esqueceu seu celular em cima da mesa.– disse ele erguendo sua mão para mostrar-
me o meu aparelho telefônico.

Desgraçado. Você se esqueceu até do seu órgão mais útil do corpo, o celular.

– Obrigado.– falei pegando-o de sua mão– Me desculpe o incomodo.

– Tudo bem.– disse ele de forma natural.

– O que? O que você disse?– perguntei.

– Esta tudo bem, isso acontece.– falou dando um sorriso diferente do anterior que havia
mostrado minutos atrás dentro do restaurante.

– Sério mesmo?

Ele franziu as sobrancelhas demonstrando estranheza.

– Sim.– disse – Eu vou voltar para casa. Boa noite.– falou ele afastando-se.

Quando Jungkook estava distante o suficiente pensei na oportunidade de ligar para Tyler.

Quero contar para ele a idiotice que fiz.

Desbloqueei o celular e digitei algumas mensagens para ele.

Jimin: Eu não quero mais tentar fazer isso , Tyler.

Jimin: Eu sou muito ruim no ramo da conquista.

Jimin: Quero beber.

Tyler: Estou na casa da aniversariante.

Tyler: Nunca vi uma mulher chorar tanto por causa do álcool.

Tyler: Vem aqui, não aguento ficar sozinho.


Jimin: E quanto a minha ansiedade de querer beber?

Tyler: Você só vai beber quando estiver em casa.

Tyler: Aproveita e apaga o numero daquele doido do seu ex-amigo.

Tyler: Nunca vi alguém insistir tanto em uma pessoa por quase quatro anos.

Tyler: Vem logo, porra.

Será mesmo que devo apagar o numero dele pelo motivo de estar sendo rejeitado?

Mas olhando por um lado, Tyler tem razão. Quanto mais escuto o nome dele ou até mesmo
vejo-o, me sinto cada vez mais motivado a seguir em tentar conseguir algo dele de volta.

Vou até a lista de contatos e digito seu nome:

Jungko...

Estava prestes a terminar de digita-lo até que encontro seu contato com o nome modificado.

Jungkook-ssi <3 <3 <3

Eu não salvei o numero dele desse jeito.

Anos atrás.

(Soon Bok)

– Ele me traiu.– falei tentando me fazer acreditar que aquilo realmente aconteceu.

Ele gosta de homem!


Nunca pensei que isso aconteceria.

Meu namorado gosta de garotos.

Eu deveria ter percebido as atitudes do Chung de primeira. Mas sou muito idiota. Tão idiota
que transei com meu melhor amigo por vingança.

No momento em que ele passou a demonstrar que tinha mais interesse em um de seus
amigos , em vez de mim, deveria ter notado.

Porque eu não percebi!?

Coloco meu cabelo para trás dos ombros facilitando que tudo o que tinha no meu estomago
saisse pela boca. Respiro fundo para recuperar o resto de força que tenho e puxo a tampa
do vaso sanitário , fechando o mesmo.

Apoio meus braços sobre a tampa e levanto-me lentamente, depois levo minha mão para a
alavanca de descarga e afasto-me em direção a pia.

Levanto meu rosto sentindo meu estomago doer. Olho para meu reflexo no espelho e
percebo o quanto deixei de me amar por causa de um imbecil como Chung Hee.

– Eu preciso devolver na mesma moeda.– disse para mim mesma permitindo que as
terríveis lagrimas guardadas durante todos esses dias se libertassem.

Por um lado entendo o porque de ter me traído.

Ele deve ser gay.

Ele deve ter namorado comigo para que ninguém descobrisse.

Agora sei o porque ele sempre saia com aquele garoto, Jimin. Ele é bonito, me lembra de
todos os garotos fofos que conheci durante minha vida. Mas ele tinha um tipo de beleza
diferente que me faz ter inveja e raiva de ser mulher.

Jungkook esta dormindo no meu quarto nesse exato momento, e sinto que devo me livrar
de toda essa sujeira que fiz comigo e com ele. Porque sei que ele é muito ingenuo e pode
pensar que quero algo a mais com ele.

Foi um grande erro ter feito sexo com ele.

(Jungkook)

Espero que o Jimin não note tão cedo a modificação que fiz no meu contato em seu
celular.

– Isso é hora de chegar em casa?– disse meu irmão após me ver fechando a porta da sala.

Como sempre, Jin se preocupando comigo desnecessariamente. Parece que ele não
percebeu que sou adulto e que tenho um emprego que cobra de mim bastante esforço e
horas extras.

– Estava trabalhando.– falei direcionando-me para a porta do meu quarto.

– Deveria ter dormido por lá.– disse Jin me fazendo olha-lo mais uma vez.

O que não havia notado antes, ele estava usando o roupão roxo da esposa.

Tentei conter minha risada ao perceber que ele divide as roupas com ela, mas me mataria
se pegasse uma camiseta sua emprestada.

– Gostei do seu estilo.– disse eu girando a maçaneta – Ainda bem que ela não se importa
de te ver assim.

Entrei em meu quarto antes que ele falasse mais alguma coisa.
Jin não gosta que façam piada das roupas que costuma usar, principalmente se estiver
usando algo rosa.

– Eu estava com frio , por isso usei esse roupão!– gritou do outro lado da porta.

– Não precisa se explicar! – gritei – Eu sei que você gosta de coisas peculiares.

– Me respeita.– disse e depois chutou a minha porta.

Ri por lembrar que ele costuma ficar descalço em casa e pelo que percebo o chute foi
intenso.

Boa sorte , Seokjin.

Ando vagarosamente até a minha cama e jogo-me sobre a mesma aguardando o efeito de
ter meu corpo aconchegado pelo colchão. Fecho meus olhos deixando de lado todas as
preocupações do meu trabalho, para entrar em um sono profundo sem me preocupar em
tomar banho.

Sei que passei o dia inteiro procurando por evidencias e criando teorias para aquelas
porcarias de cartas que encontramos na casa da violinista. E mesmo depois de quase
morrer de tanto pensar em como aquelas cartas tem ligação com as outras mais recentes ,
decido esquecer isso tudo porque estou agora na minha casa , não na minha mesa de
trabalho ouvindo meus colegas reclamando sobre a falta de café.

– Para onde aqueles pacotes de café foram parar?– pergunto para mim mesmo colocando
as mãos no rosto me forçando a lembrar onde coloquei aquela maldita caixa de cafeina.

É difícil ter varias pessoas viciadas ao seu redor, sofrendo por abstinência.

Da ultima vez que toquei naquela maldita caixa foi quando Han me pediu para trazer três
copos para ele e dois para Ma Eum. E por tocar nesse assunto, Han esta se comportando
de jeito suspeito com a Eum. Devo me preocupar?

E após pensar no suposto casal que criei em minha cabeça, dormi de boca aberta com a
barriga para cima.

– Jungkook! – gritou Taehyung enquanto sacudia meus ombros.

– O que!?– disse eu atordoado.


– Você não trabalha , não? Vagabundo.– disse ele soltando-me.

E que horas são agora? Mal consigo ver a luz do sol através da janela do meu quarto?

– O sol não esta exposto.– disse eu voltando a fechar meus olhos.

– São cinco da manhã.– disse ele.

E parando para analisar um pouco... O que Taehyung faz na minha casa as cinco da
manhã?

Abro meus olhos e me permito observa-lo de forma detalhada. Taehyung estava com seu
pijama azul de bolinhas brancas acompanhado de um óculos quadrado no rosto.

– Taehyung.– chamo-o.

– Sim?– diz ele.

– Porque você esta aqui?– pergunto.

– Eu dormi aqui.– respondeu sentando-se na cadeira da minha escrivania.

E como eu estou sabendo disso somente agora? Ele tem a casa dele, pelo que eu saiba.

– Porque dormiu aqui?– pergunto sentando-me na beirada da cama.

– Briguei com a Hwa.– respondeu rápido como um flash.

Eles moravam junto? Estou esquecendo de alguma coisa? Será que estou muito afetado
pelo meu trabalho?

– Não sabia que vocês moravam juntos.– disse eu.

Ele arregalou os olhos e levantou-se da cadeira, depois vindo até mim colocando sua mão
em minha testa e pescoço.

– Jungkook-ah...– disse ele com sua voz grossa – Faz dois anos que moro com ela.– seu
rosto ficou alguns centímetros perto do meu me fazendo afastar um pouco o meu corpo de
perto do seu.
– Pode sair de perto, você esta tirando meu espaço pessoal. – disse eu tirando sua mão do
meu pescoço.

– Pare de se esforçar desse jeito , Jungkook. – disse ele voltando para a cadeira – Vai
ficar com problemas graves aos 26 anos?– disse ele.

Olha só o cara que foi despedido três vezes esse ano porque dormiu durante o trabalho.

– Eu estou bem, cara. – disse eu.

Taehyung me analisou por mais alguns segundos parecendo estar desvendando tudo o
que existe em minha expressão facial e depois bufa , como se estivesse desistindo.

– Enfim. Eu briguei com a Hwa porque ela disse que não suporta mais nossa amizade.–
disse ele empurrando a cadeira com os pés no chão.

Ah! A amizade colorida de vocês, sei.

– Já esperava que isso acontecesse, vocês eram mais namorados que amigos, sabia?–
disse eu lembrando-me de anos atrás quando eles começaram a se relacionar sem
compromisso, e Taehyung como um cara carente se apaixonou por ela no mesmo instante.

Ele paralisou seus olhos em mim e assim pude ver o mesmo engolir seco.

– Quem se preocupa com ela? Não é?– disse ele rindo de nervoso.

Eu sei o que esta acontecendo aqui.

– Kim Taehyung, você não deixou de gostar dela mesmo tendo muitos encontros não é
mesmo?– perguntei sabendo que era verdade.

Ele não deixou de esta apaixonado por ela, acho que por isso ele não conseguiu parar de
sair com aquelas garotas que conhecia nas boates, porque queria esquece-la.

– Do que esta falando?– perguntou ele.

– Se confesse para ela antes que ela te chute completamente da casa e da paz que você
tem.– disse eu levantando-me da cama– Não faça o mesmo que eu, que fui covarde o
suficiente para dizer que gostava de alguém logo quando já não havia mais tempo.
Me virei para a porta do quarto e sai do mesmo sentindo que fui sinceramente insensível
com meu amigo, mesmo sabendo que Hwa Young não gosta reciprocamente dele.

Antes de ir para a cozinha olhei cuidadosamente para todo o espaço da sala , onde
encontrei meu irmão deitado no sofá maior com seus sapatos pretos nos pés e seu terno
jogado no chão.

Meu irmão esta de cueca e camiseta branca no sofá da sala?

– Jin?– chamei.

– Hm.– respondeu ainda de olhos fechados.

– O que esta fazendo ai?– perguntei.

Ele levantou-se do sofá parecendo um homem de idade com problema de coluna.

– Estou me vestindo para o trabalho, não esta vendo?– disse ele ficando de pé.

Não sabia que no trabalho dele pode se usar roupas tão ... confortáveis.

– Interessante o seu jeito de se vestir, cuidado para a sua esposa não ver isso.– falei
passando pela sala para chegar na cozinha– Vocês brigarão?– perguntei parado na porta
da cozinha.

– Me deixa em paz.– disse pegando o sapato de um de seus pés e o apontando em mim.

– Bom dia ,hyung.– disse Taehyung saindo do meu quarto.

– Não me desejem bom dia.– disse meu irmão voltando a se deitar.

Seokjin as vezes tem comportamento semelhante a uma criança e por esse motivo , me
sinto varias vezes, mais velho que ele. Jin tem mais que trinta anos de idade.

– Como quiser.– disse eu dando as costas para ir em direção a mesa da cozinha.

Na mesa tinha tantas cenouras espalhadas ,que fiquei com medo de nosso café da manhã
ser somente cenouras.

– Meu Deus.– falou Taehyung assim como eu, espantado– Aconteceu a terceira guerra
mundial na sua cozinha. Vou pegar algo na geladeira.– disse correndo para ela e abrindo-a
parecendo um desesperado.

Prefiro comer no restaurante que fica próximo ao meu local de trabalho em vez de ficar aqui
aturando esses preguiçosos.

– Eu vou dar uma volta.– disse eu antes de sair da cozinha e voltar para meu quarto.

Fechando a porta por trás das costas, analiso rapidamente os moveis em busca do meu
celular e a toalha de banho. Quando finalmente decido que preciso me mover para
encontra-los , corro para o banheiro e vou para o box rapidamente , tirando minha roupa
para depois ligar o chuveiro.

"Você disse que tudo aquilo que disse sobre sua amiga era só uma suposição." disse Jimin.

"Era até receber um telefonema da mãe dela dizendo que iria desistir de procurar pela filha."
falei levantando-me da cama do Jimin "Eu vou tomar banho, ok?"

"Posso ir com você?" perguntou pegando no meu pulso me fazendo olha-lo para saber se
aquilo era realmente serio.

Ele queria tomar banho comigo?

"Jimin-ssi..."

"É sério, podemos tomar banho juntos?" ele me interrompeu.

Um pouco nervoso, não o respondi e assim me afastei de sua cama e fui para o banheiro. A
ultima fez que nos tocamos foi há dois anos, quando ele não havia sofrido nem um tipo de
acidente que o fizesse ficar em coma.

"Jungkook." me chamou quando já havia entrado e fechado a porta "Eu sei que você não
me vê com os mesmo olhos que antes, mas por favor, finge que nada daquilo aconteceu."

Ele queria mesmo esquecer tudo o que aconteceu no passado e me fazer de escravo
sexual?

"Jimin, não sinto nem um tipo de atração por você." falei sabendo que era mentira.

"Não foi isso que você disse enquanto dormia." disse aproximando-se com tanta rapidez
que não pude ter tempo de raciocinar "Eu sei que não sou muito paciente com você em
relação a essas coisas e por isso peço que não se assuste."

Dei um passo para trás , logo me apoiando no vidro do box.

"Jimi..." após isso não consegui dizer mais nem uma palavra.

(Jungkook)

Aquelas memorias que tenho do Jimin me faziam e ainda fazem, me sentir completamente
fora de controle ao lembrar-me delas.
Desde o momento em que tivemos um tipo de amizade colorida, Jimin foi sempre o primeiro
a ter a iniciativa de me provocar com aqueles toques ,que eu nunca deixei que outra pessoa
fizesse.

E isso me traumatizava, pelo motivo de muitas vezes ,enquanto ele me fazia sentir aqueles
sentimentos tão confusos , eu me recordava dela com medo de continuar tudo aquilo. Não
sei se esse medo era de ter que lembrar dela a quase todo momento em que eu e ele nos
beijávamos ou se era mais um tipo de proteção ao que estaria por vir. Prazer.

"Eu estou bem , Jungkook, e sei que você também quer isso tanto quando eu." dizia Jimin
sussurrando em meu ouvido como se tudo aquilo fosse uma verdade absoluta.

Não sabia se realmente era verdade, então deixei que ele fizesse o que quisesse comigo.

Aquele foi um dos primeiros dias em que Jimin me permitiu libertar um pouco do medo de
descobrir se eu realmente queria aquilo.

E então, depois de vários e vários momentos com ele, percebi que queria muito esta com
Jimin e isso me assustava. Minhas lembranças sobre ela também me assustavam enquanto
trocava toques com Jimin, e enquanto nós fazíamos tudo o que o momento proporcionava,
eu mesmo me forçava a esquecer tudo o que passei naquela noite com ela.

Durante dias, me surgia a vontade de gritar por não entender o porque nunca esqueci Soon
Bok e isso me deixava frustrado. Eu sentia que a amava, mas depois sentia que odiava
Soon Bok mais que qualquer outra pessoa que já me fez sentir raiva.

Então, com toda aquela raiva contida em mim, descontava um pouco da minha revolta no
Jimin enquanto nos beijávamos.

"Você esta mais elétrico hoje." dizia ele entre nossos lábios.

Como resposta ao que ele dizia, eu tirava minhas mãos de seu rosto e apertava sua cintura
como um lembrete para mim de que a pessoa que recebia minhas caricias não era a Soon.

E esse tipo de ato me fez perceber que fazia efeito, eu esquecia dela quando informava ao
meu cérebro que quem me fazia sentir prazer não era ela.

Depois de mais ou menos um ano tendo uma amizade colorida maluca com ele , percebi
que não lembrava dela como um atraso na minha vida. Não tinha pensamentos
necessitados quando seu nome ou seu rosto vinha em minha cabeça. Quando finalmente
me permite libertar toda aquela raiva e um amor quase que insuportável , pude dizer para
mim mesmo que podia desfrutar de outros sentimentos desconhecidos que tinha por Jimin.
Que ainda tenho.

"Eu acho que não é saudável nossa amizade, Jungkook." falou Jimin pela primeira vez.

"Porque esta dizendo isso?" perguntei.

"As vezes quando nós nos beijamos sinto culpa." respondeu ele olhando para sua xícara de
café sobre a mesa.

Nós estávamos em sua cozinha, Jimin havia saído de casa porque não queria viver com a
mãe, o motivo de ter feito isso ele não tinha me dito e por isso não me preocupei em lhe
perguntar ,porque ele sempre desabafava quando estava se sentindo confortável para isso.

"Me aproveitei de você para me livrar do Chung e isso me deixa muito revoltado." continuou
" Muitos dias me permito ficar com ódio de mim mesmo por ter feito isso, e depois como se
nada tivesse acontecido continuamos com as mesmas coisas." ele dizia sem olhar para
mim.

Depois de ter ouvido essas palavras imaginei que ele queria parar de falar comigo, e isso
não seria surpresa , porque esperava que ele me largasse, pelo motivo de saber que Jimin
se sentia desconfortável quando me olhava enquanto tomava banho com ele no chuveiro.
Não que só isso me fizesse ter alguma suspeita, também tinham os vários momentos em
que percebia seu olhar quando ele me via com Taehyung e a Hwa, depois quando estava
apenas sozinho estudando para a minha faculdade.

Eu sei que não deveria estar pensando nisso tudo agora, porque hoje não sou mais o
Jungkook do ensino médio ou o Jungkook da faculdade, agora sou um cara muito diferente.

Pelo menos é isso o que penso. Pensei enquanto encostava minha testa na parede do
banheiro , deixando a água gelada do chuveiro me despertar novamente.

– Eu preciso ir trabalhar.– disse me forçando a tirar todas aquelas lembranças da minha


mente.

– Jungkook-ah, o que esta acontecendo? Eu quero tomar banho também!–disse Taehyung


do outro lado da porta.
– Que horas são, Taehyung?–perguntei.

– 05:50. Sai logo.– respondeu.

Eu precisava tomar banho rapidamente para ir ao trabalho e ainda teria que comer antes de
olhar para a cara dos meus colegas de trabalho.

Como muitas vezes, enquanto pensava sobre o que havia acontecido comigo e com o Jimin
quando estávamos juntos, me ensaboei mais que o necessário e por isso passei um pouco
mais de tempo para tirar toda espuma antes de sair do banheiro.

Quando sai, já estava com a toalha enrolada em volta do meu quadril e quando mal dei
atenção ao Taehyung , que estava do lado da porta do banheiro me encarando como
expressão confusa.

– O que voc...

– Eu tenho que tomar café antes de trabalhar.– o interrompi sabendo qual seria a
pergunta.

Fui para o guarda-roupa e peguei minhas roupas e depois as vesti sem me importar se
Taehyung estava ali me olhando e por isso , tirei rapidamente a toalha e vesti minha cueca
antes de colocar a calça e a camiseta.

– Você tem malhado?– peguntou ele.

O olhei para ele percebendo seus olhos surpresos.

Na verdade, eu tinha que continuar fazendo exercícios físicos enquanto focava 80% da
minha atenção nos casos criminais que apareciam, e por isso me alongava e tirava meia
hora para me exercitar , se não iria acabar ficando sedentário e entediado.

– Não, eu não tenho malhado.– respondi fechando o guarda-roupa – Me exercito as


vezes.– disse logo depois pegando meu celular sobre a cama.

– Você mudou muito depois que se tornou detetive.– disse ele pensativo.

Notei que ele estava um pouco triste ao dizer isso e por esse motivo perguntei:

– Isso é um problema?
– Não!– exclamou de olhos arregalados – Só que você não tem muito tempo para os seus
amigos e vez ou outra troca mensagens comigo e com a Hwa Young.

Eu sei que meu trabalho me fez um cara sério e ranzinza , mas não tinha mais nada a fazer
sobre isso. Aceitei a condição de mudar um pouco a minha personalidade para continuar no
ramo de investigações. Eu nunca tinha sonhado em ser detetive , mas quando me surgiu a
oportunidade de descobrir como seria encontrar pistas sobre desaparecimentos de pessoas
e crimes mal resolvidos , me senti apaixonado por aquilo. Não era só por causa da minha
ambição de querer encontra a Soon Bok, que no meio do caminho me senti impossibilitado
de resolver algo sobre seu desaparecimento, o motivo era muito mais sentimental em
relação as aventuras que eu poderia viver.

Me tornei o cara que gosta de sair de casa para resolver casos, muito diferente do
Jungkook que passava dias estudando para passar de ano no ensino médio.

Na época em que ainda tinha mais contato com o Taehyung e a Hwa, que foi até o meio do
meu curso na faculdade, ainda me sentia preguiçoso em sair do meu quarto do dormitório.
Depois que me afastei do meus amigos, tudo mudou, não que eles tenham me atrapalhado,
não era isso. Eu acho que usava um pouco do meu apego a eles para sair de casa, muito
contrario do agora que não ligo se estou sozinho em um restaurante ou lanchonete como
antes.

Me tornei mais solitário do que nunca.

– Eu sei, me perdoe por isso.– disse pegando meus sapatos – Prometo que qualquer dia
desses resolvo tirar uma folga para sair com vocês.

Isso seria difícil de acontecer, porque todos os dias surgi um novo vagabundo para fazer
brincadeirinhas sem graça nas lojas de conveniência , e novos psicopatas aparecem para
fazer joguinho de palavras.

Eu deveria mandar todos eles se fuderem.

– Isso é impossível. – disse Taehyung – Mas eu espero.

Lutando contra minha vontade de dizer que me sinto mal por tudo isso, apertei meus labios
e sai do quarto sem dar mais nem uma palavra. Não iria falar mais nada porque ele sabia
que não dependia de mim todo esse tempo gasto no trabalho.

Acho que Taehyung, mesmo que triste com tudo isso, se acostumou com meus "oi, tudo
bem?" por mensagem e "Também estou bem, agora preciso sair. Estou ocupado."
Realmente não queria que minha vida se tornasse tão limitada desse jeito, mas pelo menos
estou fazendo algo que gosto e por isso não irei lagar meu emprego para fazer outra coisa.
Me esforcei muito para chegar aqui e não vou ceder a qualquer obstaculo.

Não mesmo.

– Jin, estou indo.– falei em tom alto e me direcionei a porta de saída de casa.

Até mais tarde , família.

Eu nunca parava para falar sobre meus pais que acabaram morrendo, na verdade, a unica
vez que falei sobre isso foi quando não tive mais controle sobre minha tristeza fantasiada de
fúria. Desabafei como um louco para Taehyung e meu irmão. Naquele momento pensei que
iria morrer de tanto chorar, mas após colocar tudo pra fora me recuperei de tudo aquilo.

Muitas pessoas devem se perguntar como é perder os pais, e eu só fui sentir a dor da perda
depois que percebi que não os via mais em casa , não podia perguntar a minha mãe que
horas faltavam para que pudesse tomar meu antialérgico. Houve dias em que não tomava
meus remédios por causa disso e acabei ficando doente por falta de informação, porque Jin
não sabia que eu fazia tratamento e muitos menos sabia o horário que precisaria tomar os
remédios.

Só me dei conta de que tinha perdido meus pais depois que tudo começou a desandar.
Parece que a morte deles foi uma peça de uma fila de dominós que caiu derrubando todas
as outras que estavam atrás.

Chegando de frente a primeira lanchonete que encontrei próxima ao meu local de trabalho,
ignorei o restaurante que havia também por perto e comprei alguns lanches antes de partir.

– Ei, Jungkook! – ouvi a voz do Han me chamar.

Olhei rapidamente para a direção onde o som de sua voz saia e então vi o mesmo com
duas sacolas plasticas nas mãos com uma cara de eu não dormi direito.

– Oi! – respondi acenando para ele.

Para quem esta com rosto domado pelo sono , sua voz me saiu como alguém que estivesse
bastante disposto.

– Vamos comer! – disse ele levantando uma das sacolas.


Porque esta sendo tão gentil agora , Han Gil?

Desconfiado , me aproximei dele vagarosamente tentando analisar sua expressão facial


antes de chegar perto o suficiente.

Ele não costumava me convidar para comer durante todo esse tempo trabalhando comigo.
Quando chegava de casa para a mesa em que ficamos discutindo sobre alguns casos
difíceis de serem entendidos, ele sempre era o homem mal educado que não se importava
em ser ridiculamente exibido.

– Você esta bem? – perguntei olhando para suas mãos.

– Estou. – respondeu logo me entregando uma das sacola –Vamos trabalhar, aquele caso
das cartas da violinista recebeu mais uma pista. – disse ele dando-me as costas.

Como assim? Eu nem dormi direito.

Andei mais rápido que pude para acompanhar seus passos.

– Ela estava ensaiando ontem a noite no local onde a mesma tem aulas, e apareceu uma
caixa com seu nome e um bilhete com aquelas frases bagunçadas. – disse ele quando eu
havia conseguido ficar ao seu lado.

Nós não costumamos ser lentos em crimes assim. Por isso Han aparentou ficar preocupado
durante esse últimos dias, ele não parava de me mandar mensagens com novos tipo de
teorias, mesmo eu estando em casa.

Então pude entender o porque dele esta com o rosto derrotado desse jeito. Han passou a
noite trabalhando, talvez nem tenha dormido.

– Como você conseguiu essas informações? – perguntei.

– Ela me mandou rapidamente uma mensagem e foto do que havia recebido na calada da
noite. – respondeu – Isso me deixou completamente irritado , porque eu já estava indo
dormir depois de fazer a pocaria dos relatórios. – disse ele enquanto entramos pela porta
de vidro do prédio.

Ao passar pelos seguranças os cumprimentei com um gesto de baixar e levantar a cabeça e


após isso corri em direção a entrada da área onde todos os meu colegar ficam em suas
mesas fazendo os relatórios e pesquisando sobre os casos.
– Então finalmente apareceu. – disse Han olhando para um moça de cabelos longos.

– Me desculpe por mandar as mensagens tão tarde. – disse ele curvando-se.

Para minha surpresa, Jimin estava ao seu lado, segurando o braço dela como se ela
precisasse de apoio físico.

– Esse é o meu trabalho, então se preocupe. – disse Han colocando a sacola do lado de
sua mesa.

– Eu trouxe a caixa. – disse ele com suas mãos trêmulas.

Jimin parecia mais assustado que ela e isso me deixava tenso.

Volte.

Não sei quantas vezes terei que te dizer isso.

Eu te amo.

Não sei até que ponto cheguei para permanecer chorando por você.

Eu te amo tanto que meu coração chega a doer.

Te persegui por muitos lugares até você me notar.

Até quando você vai me notar?


Até quando irei te amar.

Ate quando chegarei ao fundo do posso?

Eu gosto de você.

Sabe disso.

Então porque não vem até mim?

Será que vou suportar mentir para mim mesmo?

Será que aqueles beijos que te dei eram falsos?

Você acredita em mim?

Acredita que posso continuar te fazendo feliz?

Eu gosto tanto de você.

Mas agora não sei mais.

Onde esta você , meu amor?

Onde eu fui parar?

Porque estou tão triste?

Porque estou te traindo?

Nunca pensei que séria um ser tão terrível.

Pensei que fosse fiel.

Mas eu não sou, não é?

Eu não sou.

Tem razão.
Eu te trai.

Te trai dizendo que te amava.

Porque na verdade eu não te amo.

Eu nunca senti nada tão verdadeiro como o odio que tenho por você agora.

Eu te trai.

Me perdoe.

Eu te trai.

Agora devo ser fiel a você novamente.

Devo expressar meus sentimentos verdadeiros.

Assim você voltara a me amar como antes.


(Jimin)

Eles querem faze-la de isca para conseguir pistas de como é o tal psicopata.

– So Ra, sabe que isso quer dizer que você precisa se arriscar? – perguntei a ela.

Ela baixou a cabeça parecendo estar assustada com tudo o que os detetives estavam
falando. So Ra precisava ensaiar no palco onde irá se apresentar essa semana como um
tipo de teste para confirmar se aquele seu perseguidor sabe de cada uma de suas ações.

– Sei. – respondeu mostrando tensão em sua voz.

Jungkook nos olhava de uma forma tão fria que eu me assustei ao encontrar seus olhos
fitando os meus. Parecia que com o passar do tempo eles começavam a brilhar como um
tipo de aviso. Mas que aviso?

– Meu namorado não sabe que estou aqui, então, não digam nada a ele. – disse ela com os
lábios tremendo.

Era verdade, ele não sabia. Porque ela não quer que ele saiba? Sera que foi por causa da
discussão deles sobre ela ter se "encontrado" com esse psicopata?

O que você quer esconder dele, So Ra? Perguntei mentalmente segurando em sua mão
gelada.

Fitei seu rosto por mais alguns segundos e percebi que...

– Eu trouxe xá. – disse uma moça de cabelo escuro e óculos de grau.

– Nós precisamos da sua confirmação, So Ra. – disse Jungkook cruzando os braços e


logo depois travando o maxilar.

Ele também estava tão tenso quanto ela?


– Eu vou fazer o que vocês me pedirem. – disse ela levantando seu rosto para ele – Só me
prometam que meu namorado não pode saber disso.

– Porque esta preocupada com isso? – perguntou a moça de óculos.

– Eu... – ela parou de falar me fazendo pensar que realmente queria dizer o motivo – Acho
que ele pode ficar com ciúmes e preocupado.

Olhei para todos presentes entre nós e vi os olhar penetrante do outro detetive, ele tinha
um tipo de crachá na camiseta escrito Han Gil. Parecia que ele estava jugando-a pelos seus
pensamentos.

– Tudo bem, não diremos nada. – disse Jungkook.

– Seu namorado tem direito de saber, foi ele quem teve a atitude de denunciar o homem
por trás disso. – disse Han Gil colocando as mão dentro dos bolsos frente de sua calça.

– Eu só não quero que ele saiba. – ela falou baixando novamente a cabeça.

O que está acontecendo com você So Ra?

– Vamos agendar um dia para fazer o combinado. – disse a moça de óculos entregando
o xá para a So Ra – Não se preocupe. – disse com um sorriso sem dentes.

Ela é bem fofa.

Realmente, não é muito seguro fazer ela de isca para conseguir algo daquele maniaco e
pode ser que ele nem apareça visivelmente por lá. E se ele estiver no mesmo lugar em que
ela estiver estarei pronto para proteger a namorada do meu amigo, porque não a nada mais
terrível que se envolver em coisas como esta para dar fim ao seu sofrimento.

– É verdade que você recebia cartas dele?– perguntou Jungkook pondo-se de frente para
ela – Você alguma vez leu aquelas cartas?– fez outra pergunta.

Ela levantou o rosto rapidamente com seus olhos arregalados.

– Eu...– se interrompeu com um gesto nervoso– Eu não tinha escolha a não ser ficar calada
durante todos esse anos, senhor.– ela respondeu.

Eu nunca tinha visto essa versão da So Ra, afetada por uma pergunta.
Ela sempre demonstrou ser autoconfiante , nunca hesitava em responder qualquer
pergunta. Será que tudo isso era apenas um mascara para esconder todas as ameaças?
Porque sinto que ela esta escondendo algo? Porque?

Jungkook se abaixou para ficar na mesma altura que ela, que neste momento esta
sentada encarando-o.

– Se você não contar toda a verdade tudo o que vai acontecer depois vai ser pior.– disse
Han colocando as mãos na própria cintura.

Tenho um pouco de medo desse cara.

– A garota chegou?– disse uma voz por trás de nós.

Virei o meu rosto em direção ao dono da pergunta. Ele era um pouco alto e usava óculos de
sol por cima da cabeça fazendo seus cabelos ficarem presos para trás.

– Pensei que iriam leva-la para um sala especifica para interrogatório.– disse ele
aproximando-se de nós – Aqui não é um ambiente adequado.– falou olhando para o
espaço do local.

– Estamos trabalhando, não atrapalhe.– disse Han Gil.

– Se você quiser podemos verificar todos os lugares que ensaiou durante esses anos.–
disse a moça de óculos.

– Se ela quiser?– disse o cara de óculos de sol em tom debochado– É nosso dever verificar
todos os locais e tirar qualquer tipo de pista que acharmos pra encontrar esse safado.–
falou ele parecendo revoltado.

– É a primeira vez que te vejo trabalhando direito, Seul Ki.– falou Han olhando-o
entendiado.

– Olhe o jeito que fala comigo.– disse o rapaz que agora sei o seu nome , Seul Ki.

– Nós podemos ficar a sós , So Ra?– perguntou Jungkook , que finalmente me dei conta
que ainda estava ali.

– Sozinhos?– perguntou ela apertando minha mão.


Ela deve estar com medo.

– Sim, só eu e você.– respondeu com voz mansa, muito diferente de antes– Não se
preocupe, eu não quero lhe fazer responder essas perguntas na frente de todos.– ele disse.

Eu senti que, além da So Ra, somente nós estávamos o escutando. Os outros estavam
muito alheios discutindo sobre quem trabalha melhor na delegacia.

Ela se levantou da cadeira soltando minha mão.

É parece que fui esquecido.

(Jungkook)

Meu Deus, porque eu estou sentindo raiva dessa mulher?

So Ra esta sentada diante de mim olhando para as próprias mãos sobre a mesa,
aparentemente com medo das possíveis perguntas que lhe farei.
Sei que ela esta escondendo algo, seus olhos não mentem.

– Porque não quer que seu namorado saiba?– pergunto.

– Oi?– disse ela distraída.

– Porque não quer que seu namorado saiba sobre você ser a isca?– pergunto.

Ela passeou seus olhos pela mesa, aparentemente buscando algo para dizer.

Mentirosa.

– Ele tem ciúmes.– respondeu sem olhar para mim.

Diga logo a verdade.

Faz um bom tempo que estudo sobre linguagem corporal e ela não esta colaborando muito
para se safar desse perseguidor.

Para refrescar um pouco minha memoria, lembro plenamente que de inicio , quem teve a
atitude de denunciar essas ameaças foi o seu próprio namorado. Ela não queria se
posicionar em ralação a isso e depois de alguns dias apareceu aqui dizendo que queria
ajudar na investigação e até nos deu acesso a sua casa.

– Pode dizer o que realmente esta acontecendo So Ra.– disse eu colocando minhas mãos
sobre a mesa para me aproximar dela.

Na verdade, depois que olhei para So Ra, pode perceber o que estava acontecendo. Após
ler todas as cartas enviadas para ela, descobri algo que nem ela e muito menos o seu
namorado se fez questão de dizer.

– Vocês já se encontraram, não foi?– perguntei.

Em algumas cartas mais recentes diziam:

"Você não me viu, mesmo querendo me encontra, não foi?"

"Aquela praça estava realmente bonita, não acha? Você até trouxe flores para mim, meu
amor."
"Amor, você acha que estou morto?Porque me trouxe flores naquele dia?"

São frases que se encaixam com um único sentido.

– Sim.– respondeu apertando as próprias mãos.

– Não minta novamente, você pode ser presa.– falei afastando-me da mesa.

De acordo com as cartas, ele a conhece faz alguns anos e ela não denunciou nada sobre
ele por algum motivo. E supostamente isso envolve um pouco de medo e algo tão
inacreditável que não gosto de falar, mas que agora devo.

– Você gosta dessa chantagem toda?– perguntei olhando-a para ver sua reação e não foi
diferente do que eu esperei.

Ela arregalou os olhos e ficou vermelha. Ela gosta disso.

– Eu sei que é estranho, mas sim, eu gosto.– respondeu– Não sei porque, mas eu gosto
disso.

– O prazer em ter uma ameaça é bom? –perguntei.

– Eu me senti especial, senti que alguém me notava de um jeito diferente. Eu gosto.–


respondeu.

Pelo que eu li em todas as cartas, ele sabe disso e esta preparando-a para o abate e acho
que isso não esta muito distante de acontecer.

– Não vou mais fazer qualquer pergunta.– falei passando as mãos pelos rosto– Pode ir.

So Ra se levantou e com um gesto de educação curvou-se e saiu da sala silenciosamente.


Mal consegui olhar para seu rosto após ter a certeza de que o que eu pensava era verdade.

Ela manteve esse segredo por anos, até quando estava com o namorado se deixou levar
por um psicopata. Por um lado entendo que existiam palavras bonitas que amoleceriam
qualquer coração, mas com o passar dos anos essas cartas se tornaram uma ameaça. Ele
fazia uma carta se tornar bipolar e obsessiva. Isso me deixa puto.

Tudo isso me fazia lembrar do que Ma Eum dizia enquanto examinava as cartas comigo.
"Nossa, ele tem palavras tão bonitas. Não iriam critica-la por alguma vez ter se apaixonado
por esse psicopata." foi o que ela disse.

"Porque acha isso?" perguntei.

"Olha." mostrou a parte escrita do papel "Euphoria. Sinto um frio na barriga quando te
encontro de frente a aquele teatro." citou a frase.

"Você acha isso envolvente?" pergunto.

"Sim, além dessa tem outras muito românticas."disse revirando a montanha de cartas
antigas jogadas no chão empoeirado.

Eu li tantas frases parecidas com aquelas que me peguei pensando em como alguém não
iria se apaixonar daquela forma.

Um dos motivos por estar com raiva da So Ra é que ela se rendeu a tudo aquilo. Mais um
motivo, eu vi como ela estava apoiada em Jimin.

Não sei se foi meu ciúme, ou meus sentidos aguçados. Mas ela me parecia ser alguém que
trai facilmente o namorado. E eu não gostaria de deixar Jimin ser proximo nessa teia,
mesmo sabendo que ele não se interessa por mulheres.

Jogando todos os pensamentos enciumados , volto ao local onde todos estão reunidos
conversando sobre ... óculos escuros?

– Esse combina com você, Ma Eum.– disse meu superior Han Gil.

Depois que descobri que ele estava saindo com ela essa ultima semana fiquei ainda mais
desconfiado. Ele não é um homem que se deva confiar deixar sozinho com um mulher.
Principalmente com a Ma Eum , que é uma mulher sensível , qualquer coisa já deixa-a
apaixonada.

Mas Jimin e So Ra não estavam mais ali.

– Onde esta o Jimin e a So Ra?– perguntei.

– Eles foram embora e decidiram nos deixar cuidar da caixa.– disse Seul Ki com a mesma
caixa que ela havia trazido.
– Vamos abrir?– perguntou Ma Eum.

– Sim, devemos.– respondeu seu superior.

– Além da carta bipolar que o homem deixou, deve haver outras coisas dentro da caixa.–
disse Han aproximando-se do Seul Ki que estava colocando a caixa sobre a sua mesa.

– Seja o que Deus quiser.– disse Ma Eum.

Antes de me questionar do porque de ele ter enviado isso para So Ra, escutei o papel
embalado ser rasgado aos poucos até mostrar completamente o que existia dentro dela.

– Filho da puta.– disse Seul Ki dando passos para trás evitando ficar perto da caixa.

Ela era de plastico transparente , evidenciando o que tinha por dentro.

(So Ra)

Cedo ou tarde eles iriam abrir aquela caixa e descobrir o que aquele homem queria me
mostrar.

Mas na verdade, aquela caixa não era para mim.

Com meu celular em minhas mãos vejo novamente a mensagem que ele me mandou horas
antes de chegar aqui.

Estranho: Eu descobri seu numero, So Ra.

Estranho: Então fique calada e faça o que eu disser.

Estranho: Mande uma mensagem para um dos responsáveis pela droga da investigação
que você deixou acontecer e junto a mensagem coloque a foto da caixa que te mandei.
Estranho: Estou de olho em você, meu amor.

Estranho: Se me obedecer vou lhe trazer um presente apropriado que nunca mais ira
esquecer.

Estranho: Prometo.

Porque me deixei levar por um homem como esse? Eu nem sei se ele é um homem, na
verdade. Também não sei se tudo isso é mais uma armadilha para me deixar vulnerável
novamente.

Ainda estava de frente ao local onde fazemos as denuncias e Jimin permanece comigo até
então. Me sinto tão fragilizada por ter que precisar de sua ajuda com isso tudo ,que esqueço
o medo que tenho de que meu namorado descubra.

Porque estou ainda namorando com ele se não me sinto mais a vontade com nosso
relacionamento? Porque? Qual a probabilidade de ainda ter chances de gostar de Tyler
novamente? Qual?

Para calar todas a minhas perguntas recebo mais algumas mensagens. E elas não vindas
dele.

Estranho: Meu amor.

Estranho: Estou te vendo com um garoto adorável.

Estranho: Livre-se dele por mim.

Estranho: Sera recompensada rapido dessa vez.

Todas as suas recompensas se resumiam em me deixar em paz por muitos meses e por
isso eu me deixava levar por todas elas. Porque realmente, não conseguia ter controle
sobre o que fazer comigo mesma diante de todo esse medo que tenho dele.

Era um medo misturado com um pouco de paixão doentia, que me submetia a ser uma
mulher que se rende a qualquer ofensa e frases de dominação. E isso me deixa perdida em
todos os aspectos.
E as mensagens que ele me enviou agora são uma grande prova de que esta me vigiando,
e isso me deixa completamente apavorada. Tão apavorada que parei de descer as escadas
que ficavam de frente ao prédio , completamente paralisada com a imensa vontade de
morrer aqui mesmo, pelo motivo de nunca mais querer ter esse sentimento de submissão
dentro de mim.

– So Ra?– ouvi a voz do Jimin por perto e senti a leve vontade de gritar, gritar tão alto que
qualquer pessoa da cidade poderia escutar.

– Eu quero morrer.– falei.

– O que você esta dizendo?– perguntou – Vamos para casa.

Eu não quero voltar.

Eu não quero voltar.

Eu não quero voltar.

Então como esperava , eu gritei:

– Eu não quero voltar! – gritei.

E gritei novamente sem usar palavras.

Ele me segurava pelas mãos tentando buscar respostas em minhas suplicas e por isso me
deixei completamente descontrolada. Só foi questão de tempo para vê-lo cair após ter
empurrado-o com minhas mãos.

Eu feri o Jimin.

(Jimin)

Ela realmente me empurrou? Não acredito que estou jogado no chão esperando meu corpo
responder ao que aconteceu.

Mas meu corpo já havia respondido, o resultado foi sentir meu sangue passar por meu
nariz, depois continuar seu trajeto por minha bochecha.

– Jimin... – me chamou ela surgindo em minha frente com os olhos marejados e boca
trêmula – Eu sinto muito, ele me pediu. – disse So Ra colocando suas mãos em meu rosto,
que imagino estar ensanguentado.

Quem te pediu para fazer isso?

– So Ra.– chamei sentindo o sol das nove da manhã me perturbando – O que você quer
dizer com "Ele me pediu"?

Não entendi muito bem o que ela quis dizer com as palavras que vieram em seguida,
porque meu ouvidos não estavam mais captando sons. Só consegui voltar a escutar algo
quando ela já estava terminando de falar.

E suas últimas palavras foram:

– Ele está aqui.

O que está acontecendo, So Ra?

– Jimin, me ajuda. Ele está aqui. – foi o que So Ra disse olhando para todos os lados,
como se ela estivesse procurando por algo desesperadamente.

Então, quando entendi o que ela queria dizer com todo aquele desespero senti meu
estômago revirar.

Quem as nove da manhã tem disposição para cometer crime com uma pessoa como a So
Ra?

– Eu estou muito perturbada, eu sei disso. – ela disse deixando suas lágrimas saírem de
seus olhos para molharem o meu rosto – Te deixar deitado nessa situação me faz querer
morrer por não saber o que fazer.

Eu não tenho o que dizer, pelo motivo de esperar que ela estivesse escondendo algo.

Mas algo saiu da minha boca:


– Jungkook.

– O que? – disse ela sem entender – Jungkook?

Por qual motivo eu quis chama-lo?

Sem entender completamente o que havia me acontecido, minha vista escureceu.

"Eu gosto de você, Jimin." dizia Jungkook permitindo sair um odor de cerveja de sua boca.

"Jungkook, você está bêbado?" perguntei.

Ele acabou me abraçando meio desajeitado e para que eu não caísse no chão por causa de
seu peso, o segurei e me apoiei no braço do sofá mais próximo.

Eram 00:00 da madrugada e ele estava acordado, bêbado e corajoso para se declamar pra
mim?

"Eu não vivo sem você." disse afastando-se fazendo seu rosto ficar de frente ao meu
"Porque é tão difícil gostar de você? Não sei como continuar sendo seu amigo se quase
toda semana nós nos encontramos e trocamos..."

Ele parou de falar parecendo tentar lembrar de uma palavra que defina o que ele quer dizer.

"Carícias?" finalmente disse.

Mesmo achando seu jeito de falar engraçado, não ri porque queria saber o motivo de ele
estar bebendo a essa hora.

Como se não fosse o suficiente, chegavam velhas memórias como um tipo de seleção de
piores momentos da minha vida.

Meu pai gritando com minha mãe por motivos que até mesmo ela não entendia.

Eu sendo dopado pelo Chung na noite em que apareci na casa do Jungkook.

Vendo Jungkook apanhar por causa de uma vingança sem sentido.

Eu novamente sendo fantoche do Chung, enquanto o mesmo me obrigava a dirigir o carro


para onde ele quisesse.
Mesmo não sabendo para onde todas essas memorias iriam me levar continuei lembrando
de cada um delas até que a última lembrança permaneceu, como se eu estivesse lá
novamente.

"Você acha que só por tentar fugir vai se dar bem?" disse ele me empurrando para fora do
carro "Eu deveria te dar uma surra."

Quando vi que ele levantou sua arma outra vez em minha direção, meu coração disparou e
minhas pernas congelaram no local.

Com certeza, seria meu último dia naquele momento mais algo me fez acreditar que não.

Minha mãe.

Ela precisa de mim.

"Eu comprei tudo pra você, sua desgraçada, e é assim que me trai?" disse ele
aproximando-se de mim "Acha que não sei que você esteve com ele naquela noite?" falou
pegando no meu rosto.

Nunca vi aquele psicopata chorar na minha vida. Suas lágrimas desciam com tanta
facilidade que pensei que havia algo em suas pálpebras fazendo-o chorar como um
desesperado.

"Mas eu vou te perdoar, meu amor." foi a última coisa que ele disse antes de me puxar para
si e selar nossos lábios.

Eu nunca senti tanto nojo como naquele naquele dia.

"Eu vou te matar para acabar com tudo isso." disse pondo sua arma em meu ombro "Sei
que não é o suficiente, mas eu tenho que me livrar de você antes que ele descubra."
parecia que ele tinha engolido o choro depois de liberar todas aquelas palavras.

"Ele quem?" perguntei.

"Eu fiz uma aposta com aquele desgraçado, e agora ele quer você morta, Soon Bok." ele
disse.

Ele não estava falando comigo.


Meu Deus, como eu pude conhecer um louco como ele?

"Vou te matar de pressa pra você não sofrer, ta bom?" disse me dando mais um selinho
demorado acompanhado de uma lágrima descendo pela própria bochecha "Vai ser rápido."
disse afastando-se o suficiente para que pudesse ver sua silhueta por completo.

Suas mãos tremiam tanto que eu tive pena, pela primeira vez, senti pena do Chung Hee.

"Acho que tenho uma ideia melhor." disse se aproximando do carro "Vamos morrer juntos,
Soon Bok."

Ele sorria. Era um sorriso bobo de alguém apaixonado, com o enorme desejo de admirar
sua paixão.

Aquilo parecia tão surreal que vi um pouco da sua loucura nos olhos.

"Você está doente, hyung." falei.

Desejei nunca ter dito aquilo na minha vida.

"Onde está minha namorada?" perguntou olhando para os lados.

Procurando um jeito de sair sem que ele percebesse , corri em direção ao lado oposto em
que ele estava olhando.

Eu tenho que sobreviver.

"Jimin!" o ouvi gritando meu nome.

– Jimin.– escutei ser chamado novamente , mas dessa vez por outra voz.

Estava tão atordoado que não conseguia abrir os olhos até que decidi fugir completamente
do Chung.

– Jimin?– mais uma vez.

Quando os abri tive o maior alivio da minha vida.


Eu não estava correndo, apenas estava deitado em uma cama em conjunto com lugar
familiar , com cortinas ao redor de mim e um cara em minha frente, que tive que esperar
minha vista melhorar para reconhece-lo.

– Você esta bem?– perguntou Jungkook.

– Sim?– respondi , sem realmente saber se estava mesmo.

– Espero que esteja.– disse uma outra pessoa que somente fui perceber que também nos
acompanhava quando olhei para o mesmo– Aquela garota é sua amiga mesmo, meu
jovem?– perguntou o cara que se chamava Han.

– Ele acabou de acordar, sunbaenim.– disse Jungkook.

– Estou sendo profissional, Jungkook.– falou colocando as mãos na cintura – Quando


estiver melhor, nos procure.– foi o que disse antes de sair, me deixando sozinho com o
Jungkook.

Olhando para ele , percebi seus olhos focados em minhas mãos , que por incrível que
pareça, estava entrelaçada com seus dedos.

Perdi um pouco do meu ar quando me dei conta de que ele , de verdade, estava
demonstrando preocupação e um pouco de afeto.

– Pensei que tivesse morrido.– disse ele– Os médicos quase não conseguiram achar seus
batimentos cardíacos enquanto te analisavam.– quando falou isso , olhou para meu
rosto ,depois focando somente em minha testa.

Então todas as lembranças que tive foi um tipo de flashback sobre minha vida?

Descobri que não quero , de forma nem uma, morrer. Até na morte tenho que sofrer
lembrando de coisas horríveis?

– Você vai ficar com uma cicatriz feia na testa.– disse me fazendo refletir em um tipo de
penteado que disfarce a tal cicatriz.

Mas , por outro lado vai ser bom, eu gosto de Harry Potter.

– Pelo menos o Harry Potter não vai ser o único a ter uma cicatriz depois de ser quase
morto pelo cara lá.– falei tentando minimizar minha situação.
Eu sou um idiota mesmo.

– Claro.– disse Jungkook dando uma pequena risada ,que me fez sentir bem em ter falado
algo tão infantil– Jimin.– falou meu nome, dessa vez de jeito serio.

Como ele consegue ser bipolar desse jeito?

– Eu agora estou responsável por você.

Responsável por mim? Não sei dizer se isso me deixou feliz ou assustado.

– P-porque?– pergunto.

Ele suspirou, em seguida fechou os olhos e apertou um pouco a minha mão.

– So Ra, nos disse que ele estava atrás de todas as pessoas que são próximas a ela, e por
isso peguei a primeira oportunidade que tive para ficar responsável por você. – respondeu–
Então, você não pode mais morar na mesma casa que morava antes.– disse ele.

Então deve ser muito sério.

– Está certo.– falei tentando juntar tudo o que ele explicou para que pudesse entender o
que diabos So Ra permitiu que aquele nojento fizesse com ela.

– Você vai ter que morar em um quarto em um hotel até isso tudo se resolver. – falou
aliviando o aperto que fez em minha mão – Comigo.
(Jungkook)

– Acho que por enquanto esse lugar esta ótimo.– falei colocando as chaves do quarto em
um criado-mudo– Tem duas camas de solteiro , uma televisão, geladeira e banheiro.– disse
sentando-me na cama.

– É mesmo necessário morar em um lugar distante dos meus amigos?– perguntou ele.

Não, mas para a segurança dele eu deveria fazer isso, porque tenho uma divida com Jimin.
Ele salvou minha vida muitos anos atrás e é a minha vez de retribuir.

– Sim, So Ra foi bem clara em relação ao que o psicopata disse.– respondi mentindo um
pouco.

Essa mentira não tem somente um tipo de intenção por minha parte, eu queria ficar perto
dele.

Jimin me ignorou por tanto tempo que me senti vulnerável ao perceber ,que poderia ter sua
atenção novamente. Quando apareceu propositalmente atrás de mim no restaurante ,com
uma desculpa esfarrapada de que estava passando pelo local , fiquei tão desconfiado que
no final das contas percebi sua verdadeira intenção.

Ele finalmente vai assumir que quer algo comigo agora?

– Então devo me sentir seguro por estar aqui?– perguntou puxando sua mala para a
segunda cama.

– Sim.– respondi– Estando comigo você esta seguro.

E ele realmente estava.

– Tudo bem, então.– disse dando um sorriso tímido.

Muitas vezes me pergunto porque nunca tive a oportunidade de me confessar para você da
maneira correta, Jimin. Será que naquela época eu fui tão imaturo ao ponto de ignorar o
que tanto queria de você? Que não era somente sexo.

Talvez eu deva cuidar dele da madeira correta agora.


"Você nunca quis me dar o verdadeiro motivo para continuar me visitando , Jungkook." dizia
ele enquanto se distanciava de mim.

"Não esta na cara?" disse eu quebrando a distancia entre nós dois.

"Me deixa em paz." disse ele dando uma passo para trás , aumentando nossa distancia "Eu
só quero que você viva sua vida como qualquer outra pessoa."

– Você quer sair para comer alguma coisa?– perguntei.

Esperei que ele me respondesse , mas o mesmo estava focado na própria mala , tirando
todas as roupas que havia colocado horas antes de chegar aqui.

– Jimin.– chamei.

– Sim?– disse levantando a cabeça rapidamente.

– Quer algo para comer?– perguntei de maneira diferente dessa vez.

Mudar minhas perguntas sempre me fez ser um idiota covarde.

– Não, obrigado.– respondeu voltando a focar em suas roupas.

– Ok.– falei me conformando com sua resposta – Se precisar de mim estarei...– hesitei
antes de completar essa informação e por isso pensei em outra coisa – Se quiser alguma
coisa é só me ligar.– disse finalmente.

Existem certos medos que ninguém perde, infelizmente.

Sai do quarto tentado esquecer um pouco da minha falta de coragem em relação a revelar
meus sentimentos. Ou demonstrar um pouco deles.

Andei vagarosamente pelo corredor pensando sobre que tipo de comida Jimin ainda poderia
gostar. Mesmo que ele tenha dito que não queria comer nada, quero pelo menos guardar
um pouco de comida para ele , já que não passarei muito tempo no quarto.

Trabalhar com a policia é difícil, exige gastar muitas horas do dia procurando por provas e
aguentar os colegas de trabalho se estapeando.

Quando desci pelo elevador pude ver uma mulher no balcão da recepção, então fui até a
mesma para poder pedir uma pequena informação.

– A senhora pode me dizer onde fica a loja de conveniências mais próxima?– perguntei a
recepcionista que parecia ser muito mais velha que eu.

– Senhora?– disse repetindo o que eu havia dito inicialmente– Eu sou muito jovem para
me chamar assim...– falou ela não parecendo estar afetada com isso – Sim, garoto, tem
uma loja aqui pertinho.– disse dando as costa para mim, depois abaixando-se– Tem uma
perto de uma cafeteria.

Foi essa informação que ela me deu, e era o suficiente, porque eu sabia de que cafeteria
ela estava falando.

– Obrigado, senhora.– agradeci logo me distanciando.

– Ah, garoto!– chamou ela.

Voltei a olha-la e assim vi a mesma mostrando um sorriso no rosto.

– Cuidado com a porta, ela travou da ultima vez que um hóspede passou por ela.– disse
ante que o telefone tocasse– Aló?– disse colocando-o no ouvido.

– Obrigado de novo.– agradeci novamente antes de sair.

Será que vou deixar essa porta do mesmo jeito que ela disse que o ultimo hóspede deixou?
E porque eu estou me preocupando com isso? Portas giratórias só param se algo de errado
estiver acontecendo com a manutenção do hotel.

Olhei para a recepcionista novamente ,e após isso, passei pela porta sem pensar em mais
nada.

Precisei passar um bom tempo procurando as comidas que ainda lembro que o Jimin
gostava. Se quando chegar no quarto do hotel com todas essas sacolas nas minhas mãos e
ele depois me dizer que nada daquilo que eu trouxe com tanta atenção não o satisfaz mais,
vou comer tudo sozinho para deixa-lo sem nada.

Depois de andar despreocupadamente até o hotel, coloquei algumas comparas na


geladeira e as outras na mesinha de centro que fica de frente a televisão. Escutei o som do
chuveiro ligado, então conclui que Jimin estivesse tomando banho.
Até escutar um outro som saindo do banheiro.

– Jimin?– chamei indo rapidamente para a porta, depois batendo na mesma– O que houve?

– Esta tudo bem.– respondeu – Eu só cai no chão.– foi o que disse.

Eu só poderia acreditar nele se pudesse vê-lo, mas não quero incomoda-lo com minha
possível paranoia de achar que ele foi agredido lá dentro.

– Se precisar de alguma coisa pode me chamar.– disse eu afastando-me da porta.

– E-eu preciso, na verdade.– sua voz parecia sem jeito.

– Precisa de quê?– perguntei.

– Deixei minha toalha na cama e...– se interrompeu.

– E?

Sera que ele quebrou alguma coisa? Pagar por objetos em hotéis é caro.

– Você se incomodaria em me levar até a cama?– perguntou.

Talvez ele não tenha quebrado nada do banheiro.

– Eu preciso te levar para o hospital também?– pergunto.

– Não.– respondeu rapidamente, o que foi estanho.

Porque ele respondeu tão rapido? Há algo de errado no hospital ou ele tem medo de ir?

– Eu vou abrir a porta e você me passa a toalha.– disse com sua voz parecendo estar mais
proxima.

– Esta certo.– falei dando as costas para a porta, depois indo para a cama , onde havia
uma toalha jogada no travesseiro.

Voltando para a porta bati duas vezes antes de avisa-lo:

– Já estou com ela nas mãos.


– Ok.– ouvi ele dizer baixinho.

Encostei minha cabeça na madeira lisa e branca esperando que ele abrisse-a e depois que
senti a porta ser puxada para dentro.

Olhei para pequena brecha que me possibilitou ver um pedaço da parede branca do
banheiro, depois a mão pequenina do Jimin apareceu aberta.

Eu juro que queria aperta-la nesse momento.

– Onde esta a toalha?– perguntou.

– Aqui.– respondi entregando-a lentamente, tentando sentir a pele de sua mão.

Só de lembrar que essas mãos já me fizeram sentir certas coisas , me dá uma grande
vontade de entrar no banheiro para fazer aquilo acontecer de novo. Mas meu lado
consciente me proíbe disso.

Ele levou o pano para dentro do banheiro e fechou a porta.

É, talvez ele saiba que eu pensei essas putarias.

Esperei mais um pouco e depois escutei o mesmo dizer:

– Pode vim, Jungkook.

Isso me fazia lembrar das vezes que ele falava essa frase com outras intenções.

Respirei fundo antes de abrir a porta, então quando já estou dentro do ambiente vejo Jimin
sentado no vaso-sanitário com as duas mãos sobre os joelhos.

– Eu cai ali.– disse apontando para a parte metálica do box de vidro, que se encontrava no
chão.

Havia sangue ali.

– Jimin, tenha cuidado.– falei aproximando-me dele– Onde esta ferido?

Sem me responder verbalmente, Jimin olhou para baixo e mordeu a parte interna do proprio
lábio. Em seguida olhou pra mim mostrando seus olhos brilhante e perturbados.
– Foi na cocha.– respondeu.

Ele nunca gostou de como tinha facilidade em se machucar , principalmente em suas


cochas. Todas as vezes que isso acontecia ele acabava se tornando uma fera, mas parece
que após anos isso mudou.

Ele não é mais o mesmo.

Algo dentro de mim diz que não estou contente com isso e o outro permanece orgulhoso
por sua evolução.

– O que foi?–perguntou ele.

– Hm?

– Porque ficou tão calado?– perguntou.

Talvez eu tenha me silenciado por um bom tempo. Muito tempo, na verdade.

– Me desculpe.– falei posicionando-me para colocar meus braços por baixo de suas pernas.

– Não.– disse colocando suas mãos em meus ombros.

Fiquei confuso por alguns segundos até entender o que ele esta negando.

– Me desculpe de novo.– disse tirando meus braços que antes estavam por baixo de suas
cochas– Quer que eu lhe coloque nas costas?

Ele disse que sim com um movimento com a cabeça.

Talvez ele tenha mudado muito.


(Jimin)

Durante esse tempo que estive afastado dele, percebi o quanto me fechei para algumas
coisas. Minha vida nunca mais foi a mesma depois do acidente. Não, acho que foi muito
antes disso.

Ao me lembrar que antes de tudo isso acontecer, havia perdido o meu pai que por um lado
o amava, e do outro queria que ele sumisse da vida da minha família, esse foi o ponto
crucial para que eu tenha deixado minha vida desandar.

Me deixei levar por uma vingança de esperar o tempo tira-lo de nós.

Ele sumiu, não? Então porque as coisas ruins que achei que iriam ir embora junto a ele
continuaram vindo?
– Espero que não tenha ficado fico.– disse Jungkook me ajudando a sentar na beira da
cama.

Acho que tudo de ruim continuaram caminhando até mim ,porque nunca soube resolver
nada da forma correta.

– Vou pegar alguns curativos.– falou me deixando sozinho na cama.

Faz um bom tempo que cuidei das feridas do Jungkook. A primeira vez que fiz isso foi no
dia em que meu pai chegou bêbado com o pior humor do mundo.

Aquela foi a primeira vez que levei Jungkook para minha casa.

– Não acho que esteja profundo.– disse eu colocando a mão sobre a parte cortada da
minha coxa ,que agora esta coberta pela toalha.

– Uma vez machuquei o meu pé e acabei descobrindo que estava tão fundo que precisei
levar alguns pontos.– disse ele aproximando-se com uma sacola de plastico.

Será que isso aconteceu por causa daquele dia que me ajudou com matemática?

– Quando isso aconteceu?– perguntei.

Ele deu um pequeno sorriso e tirou da sacola uma pomada com vários outros curativos da.

– Eu estava jogando com alguns colegas da minha faculdade.– respondeu vindo em minha
direção – Então bati meu pé em uma pedra pontuda perto do muro de grades que
protegiam o local.

Só em ouvir que ele bateu o pé em uma pedra , me lembra do dia que machuquei o meu na
perna da mesa da cozinha da casa do Tyler.

– Deve ter sido ruim.– falei.

Jungkook se agachou em minha frente com uma pomada na mão direita e um pacote de
algodão na esquerda. Olhando assim, parece que ele sabe o que esta fazendo, mas já que
eu tenho muita pratica com essas coisas, em minha opinião, não é uma boa escolha.
Principalmente pela parte da pomada.

– Foi sim, mas não me impediu de continuar jogando.– disse colocando os itens de suas
mãos ao lado direito do meu corpo – Você pode subir um pouco o pano da toalha para
colocar a pomada?

– Q-que?– disse eu, surpreso.

Puta que pariu, faz tempo que ele não me vê sem roupa. Eu nem deveria estar
envergonhado por estar quase pelado na frente dele, certo? Já ficamos pelados um para o
outro, e nessa época minha vergonha nunca deu as caras.

– Posso sim.– finalmente falei.

Levei minha mão até o final da toalha e a puxei para cima exibindo minha coxa
ensaguentada com um corte filho da puta ,que estava ardendo tanto ,que pensei que iria
perder a perda.

– Caramba.– disse ele apressando-se em abrir o pacote de algodão – Não pensei que você
sangraria dessa forma.

Eu também não.

Quando Jungkook pressionou o algodão contra a parte ferida da minha pele, tive o impulso
de colocar minha mão sobre a sua , para que pudesse evitar que o mesmo colocasse mais
força.

– Jungkook.– o chamei, prendendo minha respiração – É melhor que eu cuide disso.–


disse soltando todo o ar.

Por alivio , talvez?

Sorte de qualquer outra pessoa que não tenha visto nele um enfermeiro ou cirurgião, até um
paciente dopado de anestésicos sentiria toda dor que senti agora.

– Tudo bem , então. – ele falou sotando o algodão.

Eu pensei que ele iria me deixar cuidar sozinho daquela dor infeliz, mas quando pisquei o vi
por sua mão novamente , mas dessa vez sobre minha mão.

Senti um grito interno se intensificar e como resultado fez meu rosto queimar, minha barriga
congelar.
– Eu sei que não é o momento apropriado.– disse olhando para baixo– Mas poderia me
responder uma coisa?– perguntou ele, olhando esperançosamente para mim.

Não vou mentir, meu coração mudou para o lado direito do corpo , quando percebi a
quantidade de intensidade que ele deixou transbordar por seus olhos em forma de um brilho
que poderia iluminar qualquer apagão noturno.

Sem coragem para liberar nem um tipo de palavra, respondi balando com a cabeça.

– O que você fez durante esses últimos anos?

Suportei a vontade de não falar o que eu estava fazendo durante todas as noites mal
dormidas.

– Eu me mudei para dividir uma casa com o meu amigo Tyler e...– parei de falar para
pensar em mais alguma coisa, mas nada veio.

Porque além de ter trabalhado em algumas lojas e sair da faculdade , estou


constantemente preocupado com as contas que tenho que pagar. Agora tenho que me
preocupar com um filho da puta que perturba a namorada do meu amigo e tanto de outras
coisas que se resumem ao rapaz que esta em minha frente.

– Tenho trabalhado muito.– falei ignorando a parte de estar desempregado por duas
semanas.

– Me falaram que você não esta trabalhando.– disse ele franzindo as sobrancelhas.

Quem foi o filho da puta que espalhou minha vida pessoal para um policial?

– Faz duas semanas que sai daquele emprego, mas agora estou trabalhando em casa com
outras coisas.– respondi lembrando dos pratos sujo que lado todos os dias.

– Certo.– disse ele suspirando– Depois que resolvermos esse caso podemos sair para
comer alguma coisa?– perguntou.

Estou sendo chamado para sair para um encontro?

– S-sim.– respondi , logo dando um sorriso sem dentes para disfarçar a gaguejada que dei.

– Não estamos muito longe de resolver isso , então acho que daqui a um semana podemos
sair.– disse levantando-se sem tirar sua mão da minha.

Parece que o tempo faz a pessoas mudarem. Jungkook nunca me pediu para sair ou
perguntou coisas do tipo sem estar sóbrio.

E no meu caso, os anos só me fizeram ficar medroso e inseguro. Ter passado dos 26 anos
de idade nunca foi tão doloroso em questão aos outros.

– Vou deixar você ter mais privacidade para trocar de roupa.– disse ele , agora afastando
também sua mão– Até a hora da janta.– falou antes de dar as costas para mim.

Se é que você vai chegar a tempo de comermos juntos, certo?

Ouvi do detetive Han Gil enquanto ele conversava com os outros colegas de trabalho , que
também estavam no hospital , assim como Jungkook, todos os policiais passam muito
tempo trabalhando até a madrugada para resolver muitas coisas. Escutei também que é
comum se ferirem enquanto vão atrás de bandidos durante as perseguições.

Jungkook deve ter se machucado muitas vezes por causa disso.

Antes que pudesse perguntar a ele que hórario exato poderia chegar no quarto depois do
trabalho, o vi fechando a porta após sair.

Ele deve se machucar feio nesses dias de tensão.

Lembrando disso me fez pensar em outra coisa, o dia que ele foi agredido pelo Chung.
Não tive a terrível oportunidade de vê-lo no hospital depois daquilo , logo quando acordei
daquele coma a primeira pessoa que procurei foi por ele. Mas infelizmente, Jungkook não
sabia que eu estava acordado. Todos diziam que ele me visitava uma vez por mês e que
além da minha mãe, Jungkook era o único que me trazia flores.

Eu nunca o agradeci o suficiente por isso.

Mesmo recebendo auxilio dos psicologo depois de estar acordado, não me senti totalmente
recuperado psicologicamente. Depois de ser torturado naquela noite estranha e medonha,
assim como as outras coisas que aconteceram em seguida, os vários psicólogos que
acompanhei me disseram que a pressão do meu pai também foi um tipo de tortura.

"Você não tem déficit de atenção, Park Jimin." foi o que ele disse.
"Não?" falei assustado.

"Não sei como um psicologo teve a capacidade de lhe diagnosticar com TDA." falou calmo
"Você tem um certo tipo de dificuldade em entender algumas coisas, mas isso não lhe faz
ter esse tipo de transtorno."

"Então o que isso quer dizer?" perguntei.

"Você só tem raciocínio lento e precisa de esforço para entender problemas ou explicações
que não são de primeira, entendidas por seu cérebro."

Precisei me acostumar com a ideia de ser lento com o passar dos anos e por isso, hoje em
dia me sinto enganado pela minha família e mais revoltado do que nunca com o meu pai.

"Se quiser que verifiquemos os documentos do local onde você foi atendido, pode nos
avisar."

Foi nesse momento que eu descobri que o psicologo que me diagnosticou nunca existiu.
Sua carteira de identidade era falsa, o hospital que ele dizia ter trabalhado nunca teve
envolvimento com ele.

A ultima coisa que me fez ter mais raiva ,foi quando soube que ele era amigo do meu pai.

O resultado de toda essa confusão me fez perceber que minha vida era uma mentira, e meu
pai também foi uma delas.
(Jungkook)

– Foi divertido a ida ao hotel, Jungkook?– perguntou Han Gil sentado em sua cadeira de
rodinhas com os pés apoiados na mesa de trabalho– Soube que você tem gostos
peculiares.

É sério que vai puxar o meu saco com isso de novo?

– Bom dia, Han.– falei tentando ignorar seu comentário nojento.

Sem um pigo de paciência, sentei em minha mesa e liguei o computador antes que Han
começasse a fazer as velhas piadas preconceituosas que quase todo mês decide exibir
para todo mundo.

Eu nunca contei sobre minha orientação sexual para nem um dos meus colegas de
trabalho, e por isso, muitas vezes fico desconfiado quando Han Gil começa a tocar em
certos assuntos relacionados a homossexualidade , porque...

– Bom dia, colegas.– disse Seul Ki carregando uma mochila nas costas.

Ele nunca veio com nada nas mãos e hoje decidiu trazer algo, interessante.

– Esta bem humorado hoje, Seul Ki?– disse Han Gil tirando os pés da mesa– O que é isso
na mochila? Nunca veio com nada no trabalho, além da sua arrogância.

Olha só quem fala.


– Eu trouxe bom senso para você, pena que não é o suficiente.– respondeu Seul parando
de frente a mesa da sua parceira– Onde esta a minha cobaia?– perguntou sobre a Ma Eum.

– Entrou em ferias.– disse Han levantando-se.

Seul fez uma careta para o meu parceiro e depois deu as costas , indo em direção a própria
mesa.

– O caso do psicopata das cartas foi resolvido dessa vez, ou eu vou ter que pedir mais uma
ajudinha? – disse dando um sorriso sarcástico diretamente para o Han.

Me informaram que os dois brigaram a madrugada inteira ,pelo fato de não terem pegado o
cara que fez essa palhaçada com a So Ra.

– Vou esperar a cobaia chegar para trabalharmos mais rápido e com eficiência.– falou
estalando a língua no céu da boca em sinal de provocação.

– Vai se fuder , riquinho de merda.– disse Han mostrando toda sua revolta.

Minha boca quase parou no chão quando ouvi Han xingar Seul Ki daquele jeito.

Meu Deus, eu perdi alguma coisa, não foi?

– Parece que alguém quer me ofender.– falou depois começou a rir alto , como se aquilo
fosse realmente divertido.

Mesmo que eu esteja curioso para saber o que estava acontecendo entre eles não pude
perguntar, porque não era da minha conta. Então fiz o que qualquer profissional faria:

– Vamos voltar a focar no trabalho, se não podemos deixar outra pessoa se machucar,
porque nos ocupamos em ficar xingando um ao outro.– falei levando minhas mãos até a
tecla do computador.

Como sempre, preciso colocar senha no bloqueio do computar antes de poder acessar
todas as informações que guardo de todos os casos.

– O novato tem razão.– disse Seul Ki– Vamos trabalhar.– disse , novamente de forma
provocativa e isso fez Han ficar ainda mais irritado.

– Cansei de vocês.– disse ele colocando as mãos na cintura– Que morram todos.– foi o
que disse antes de andar em direção a porta de saída da sala.

Muitas vezes, ele decide sair do prédio quando esta com a cabeça cheia de problemas , ou
quando não aguenta mais escutar o nosso colega falando besteiras.

Ele não é como todos que conheço, e todos eles mostram ao extremo dos seus defeitos,
enquanto Han Gil decide a hora certa de fazer isso. Não sei bem definir o que seria essa
perfeita ocasião para destruir a paciência de alguém, porque é difícil vê-lo explodindo.

– Jeon Jungkook.– ouvi Seul Ki me chamar.

Olhei para ele desviando de minhas analises comportamentais sobre meu parceiro de
trabalho.

– Sim?– digo de forma suave.

– Pare de viajar na maionese como na maioria das vezes faz e leve essa bolsa para o
perito.– disse ele como se eu fosse a Ma Eum, e por lembrar disso, ele tem que mudar esse
comportamento nojento com ela.

– Não trabalho com você dessa forma e quem deveria esta fazendo isso é você.– disse eu
voltando a olhar para a tela do computador.

Não vem me fazer de escravo ,não. Desgraçado.

– Nossa! – ouvi sua voz mostrar surpresa– Parece que depois de alguns meses
trabalhando aqui , você se tornou um homem corajoso. Até esta falando essas coisas para
seus superiores.– disse com uma risada no final– Boa sorte, se não for demitido.– essa foi a
ultima coisa que disse antes de se levantar e sair.

Eu deveria esperar por isso, não deveria?

Depois de passar o dia inteiro trabalhando e suportando meus colegas, tive mais três longas
horas durante a noite fazendo relatórios sobre tudo o que vi hoje quando fui com os rapazes
procurar por provas para incriminar novos filhos da puta. E como o esperado, estava
totalmente destruído.

Estou mais destruído que os outros dias, pelo motivo de hoje ter visto uma testemunha que
diz ter sido abordada por um dos homens que procuramos.
"Ele era loiro, sabe."Dizia ela enquanto mexia nos fios de cabelo de sua franja"Não sei se
devo considera-lo sexy o suficiente para me deixar louca."

"Minha senhora, estamos aqui para falar sobre o que viu no suposto suspeito." Falou Ma
Eum, que parecia mais cansada que eu.

"Ah, claro, mas vocês devem saber sobre toda a minha historia com ele antes de chegar ao
ponto, porque se não for dessa forma não irá fazer sentido."

De inicio eu e Ma concordamos com aquilo, mas com o passar dos minutos ficava cada vez
mais cansativo escutar a mulher com suas possíveis aventuras com o tal homem.

"As vezes ele me chamava de Paloma, a mexicana que ele tinha um caso antes de mim.
Depois de Yuno, aquela japonesa que ele defendia ser o amor da sua vida e por fim So Ra."
Foi exatamente o que ela disse.

So Ra. Claro, não devo tirar conclusões precipitadas porque existem milhares de mulheres
com este nome, o que me deixou intrigado no começo até que a mesma disse outra coisa
ainda mais semelhante:

"Ele disse que ela tocava violino como ninguém e que isso o fazia se sentir renovado."
Falava de forma tão dramática que vi uma lagrima cair em sua bochecha.

"Ela morava aqui?" Perguntei.

"Sim!"Respondeu"Que bom que perguntou, ela até tinha um namorado."

Tinha?

"Ela tinha um namorado?"Perguntou Ma Eum digitando como um raio.

"Ele me disse que era só de fachada para que as pessoas não soubesse do seu romance
com ela."Disse baixando sua cabeça."Eu não acredito que nunca percebi que ele era um
desgraçado desses."

No final das contas valeu a pena ter feito tudo aqui para que no final pudesse terminar o
relatório e guarda-lo no meu pendrive, onde escondi em uma das gavetas da minha mesa.

Nessa altura do campeonato não poderia confiar em mais ninguém.


Depois que sai do prédio fui para minha casa pegar algumas roupas e após isso voltei para
o hotel onde havia deixado o Jimin hospedado. Foi um pouco cansativo, admito , mas era
muito prazeroso fazer todo esse esforço para ficar com ele a noite inteira, mesmo que não
pudesse demonstrar tanto os meus sentimentos porque estou ainda em horário de trabalho.

– Cheguei em casa.– falei entrando no quarto carregando uma mochila nas costas.

– Em casa?– escutei Jimin dizer enquanto virava seu rosto em minha direção– Vai querer
morar em um hotel agora?

Eu disse "casa"?

(Jimin)
– Não, claro que não.– disse ele dando um sorriso constrangido – Me desculpe, estou um
pouco cansado e por isso disse essas coisas.– falou como se tivesse cometido um grande
pecado.

– Tudo bem.– falei voltando a olhar para a televisão, que neste momento estava passando
um programa de culínaria.

– Você nunca gostou desse tipo de programa.– disse sentando-se na cama com uma
mochila familiar.

Eu comecei a gostar quando decidi morar com o Tyler porque o cretino não sabia cozinhar.

Nossa, ele ainda tem aquela mochila!

– Essa mochila...– falei olhando atentamente para cada detalhe ainda inteiro daquela coisa.

– O que tem ela?– disse ele um pouco assustado com minha reação e por isso verificou o
que havia de errado na mesma.

Era a mesma que usava no ensino médio e no inicio da faculdade.

– Como ela sobreviveu durante todos esses anos?– perguntei impressionado com a
imortalidade daquela coisa.

– Na verdade, eu gostei tanto do modelo que fizeram dela que comprei uma igual.–
respondeu dando um sorriso, que acabou derrubando uma parte de mim no chão.

Como você ainda permanece com a mesma beleza que anos atrás , Jeon Jungkook?

– Como esta sua coxa?– perguntou deixando de lado a mochila para se aproximar de mim.

Não se aproxima mais, por favor, eu posso ficar nervoso e agir como uma estatua.

– Ela esta bem.– disse eu cobrindo-a com a coberta da cama – Você deveria descansar.

Havia melhorado da dor, mas infelizmente ainda encomodava quando tinha que me levantar
para fazer algo.
– Vou sim, só depois que você me garantir que esta tudo bem com o ferimento.– disse
sentando-se ao meu lado.

Socorro, você esta muito perto.

– Não, tudo bem.– falei rapidamente– Ela esta muito bem, e não precisa se preocupar.

– Na verdade preciso.– disse se ajeitando no colchão no meu lado esquerdo, enquanto


levava seu braço até o meu lado esquerdo da cama.

Puta que pariu.

– Se não me certificar que você esta realmente bem, vou ter uma boa punição no meu
trabalho, porque você faz parte do meu horario de trabalho agora.– disse olhando
diretamente para os meus olhos.

Onde esta o Tyler nessa hora para me orientar nesses momentos de nervosismo?

– Esta certo.– disse forçando ainda mais o cobertor contra a minha coxa – Mas só a minha
confirmação entre as palavras não iria te fazer acreditar que sim?

Ele apertou um pouco os olhos e aproximou seu rosto do meu.

– Talvez, mas existe muitas chances de você estar mentindo.– falou libertando um pouco do
ar quente de sua respiração.

Eu poderia te beijar agora, não poderia?

– Mas estou sendo muito verdadeiro em questão a isso.– disse dando um sorriso nervoso.

– Jimin.– ouvi sua voz ficar tensa.

– Sim?

– Porque passou tanto tempo distante?– perguntou deixando visivel uma expressão triste.

Você sabe o porque. Não me sentia bem com tudo aquelido depois do que aconteceu.

– Eu acho que te expliquei o motivo.– disse eu olhando para minha mão sobre o pano
grosso do cobertor.
– Foi porque eu disse que gostava de você , não foi?– disse ele.

Fechei meus olhos sentindo raiva de mim por ter deixado que isso afetasse nossa amizade.
Eu deveria te proteger enquanto me restava forças para isso, mas o que fiz foi o contrario
disso, te abandonei.

Me desculpa, Jungkook.

– Não era isso.– respondi ainda forçando meus olhos para não olha-lo.

Na verdade, parte de mim dizia que sim, esse era um dos motivos de tê-lo distanciado. O
motivo mais forte entre todos os outros seria o fato de Chung ainda ter me deixado
traumatizado.

Jungkook, você faz parte do meu passado triste e eu queria te tirar dele para viver sua vida.

– Então, o que era?– perguntou.

Em seguida sentia um gota de água morna cair em minha mão , o que me fez abrir os
olhos. É uma lagrima. E ela não era minha.

– Eu não queria te fazer sofrer, Jungkook, ele ainda me fazia sentir medo, mesmo estando
preso.– respondi levantando minhas mãos até o seu rosto molhado de lagrimas.

Eu não sabia que alguém poderia chorar tanto em apenas alguns segundos.

– Porque você...

– Eu ainda gosto de você, Jimin.– disse afastando seu rosto das minhas mãos– Parece que
quanto mais o tempo passa, mais eu gosto de você. E eu não quero esconder isso, mesmo
que muitas vezes eu tenha que esconder.

O que eu faço agora? Tyler!

– Por isso eu gostaria que você saísse comigo depois que esse caso fosse resolvido.
Porque não aguento mais guardar isso para mim.– ele olhou para baixo e depois mordeu o
labio inferior– E agora que sabe que ainda gosto de você, pode me dizer se quer sair
comigo?

Eu era o idiota que há alguns dias te mandava mensagens perguntando como você estava,
para ter o prazer de me aproximar de você e dizer tudo isso.

– Podemos sair agora se você quiser.– falei.

(Jungkook)

Eu falei, eu finalmente consegui falar.

– Você quer ir agora?– perguntei surpreso – Não vai te incomodar por estar de noite
agora?
– Não. Pode ser que esse caso seja resolvido daqui a milhares de anos. – falou em tom
de brincadeira– Eu não acredito que esse imbecil vá ser pego. Faz anos que ela

Então o que isso quer dizer? O que você quer dizer com tudo isso, Jimin?

– Jimin, você vai aceitar sair comigo mesmo depois de eu me confessar para você?–
perguntei esperando algo a mais.

– Sim.– respondeu.

Sim? Não tem mais nada a dizer?

Esperei ele dizer algo além disso e o mesmo não disse nada até que:

– Nós podemos nos aproximar mais depois disso.– disse ele dando um sorriso sem dentes
– Não é isso que você quer?

Mas você quer, Jimin? Você quer ter alguma proximidade comigo?

– Só se você quiser também. – falei sentindo um pouco de tensão em meus ombros, como
resultado apertei o lençol que cobria a cama – Você quer?

Ele abriu a boca com intensão de me responder, imagino, e por isso fiquei ainda mais tenso.
(Jimin)

– Sim, eu quero.– respondi sentindo a liberdade me abraçar– Eu quero muito mesmo.

(Jungkook)

Ele quer. Meu Deus, ele quer.

– Então quer dizer que...


– Você gosta de mim, certo?– perguntou ele, e eu assenti com a cabeça tão hipnotizado
que mal pude ver suas mãos tocando as minhas– Vamos dizer que eu também gosto de
você?

Senti suas mãos sobre as minhas tremerem e isso me fez querer protege-lo de tudo que o
ameaça.

– Vamos sair hoje.– disse ele engolindo a própria saliva.

Você esta tão nervoso quanto eu.

– Jimin, eu sei que o que vou fazer agora é rápido de mais para quem ainda não saiu para
um encontro e...– parei de falar para escolher as palavras certas– Depois de tanto tempo
sem te ver ou falar com você, me fez sentir que não aguentava mais.

Jimin franziu as sobrancelhas e depois as deixou da forma anterior, me provando que ele
sabia o que eu queria fazer.

– Você tem permissão para fazer qualquer coisa.– foi o que ele disso.

Só Deus sabe o quanto precisava de você, Jimin. E a forma como você deixa claro que não
tem receio que eu o faça me deixa cada vez mais nervoso e necessitado.

– Eu senti sua falta.– falei aproximando meu rosto do seu, com tanta rapidez que tive
medo de não ter a bela visão dos eu rosto antes de beija-lo– Me desculpa, eu não tenho
vergonha de dizer isso.– essa foi a ultima coisa que eu disse antes de afogar lentamente
meus lábios nos seus.

Te desejar me faz sentir raiva de mim. Mas depois me recordo que esse desejo sempre
existiu com ou sem sentimentos. Agora gosto tanto de você que parece que minha vida só
faria sentido se você estivesse comigo.

E eu odeio o fato de querer sempre estar com você.

Porque nada nesse mundo me faz parar de gostar de você e eu deveria aceitar tudo isso.
Não acha? Por isso estou me entregando novamente para Park Jimin, que me fez ter um
dos beijos mais inesperados do mundo de frente a varias pessoas em um hospital. Foi você
que me fez desistir de procurar por uma garota desaparecida, que a cada dia que se passa
me convenço que ela esta morta.
Especialmente, morta dentro de mim.

– Calma.– disse ele entre nossos lábios, quando o beijo se tornou momentaneamente
intenso– Assim não iremos sair para o jantar, lembra?– disse voltando a selar nossos
lábios novamente.

Não parece que você quer ir agora, assim como eu também não quero.

– Nós podemos fazer isso depois.– falei separando nossos lábios– Eu realmente quero
comer alguma coisa.– disse olhando atentamente para meus olhos.

Suas palavras me fizeram suspirar, porque eu realmente queria aproveitar a noite de uma
forma diferente. Mas não queria fazer algo contra a vontade dele. Quando um não quer,
dois não brigam.

– Tudo bem.– falei sedendo.

– Podemos sair para uma loja de conveniências, como nos tempos em que ainda
andavamos juntos.– disse ele passando suas mãos em meus cabelos, aparentemente
tentando arruma-los.

Queria que você deixasse aquela época infame para trás.

– Ou podemos comer o que eu trouxe de manhã para comermos.– falei levantando-me da


cama.

– Eu comi tudo.– disse ele.

Poxa.

– Sério? – perguntei– Nem deixou nada para mim.

– É.– respondeu baixando a cabeça , envergonhado.

Pelo menos você não morre de fome.

E isso me fez lembrar que aqui no hotel tem uma área feita para alimentação. Bom, eu não
deveria me preocupar com o custo disso tudo, porque quem esta responsável pela conta do
hotel é a delegacia.
– Podemos comer aqui no hotel mesmo.– falei arrumando minha roupa.

– Seria uma boa ideia.– disse ele levantando-se.

Antes de poder dizer algo ou até mesmo dar um passo em direção a porta senti meu celular
vibrar no bolso.

Respirei fundo por já saber quem seria a pessoa que estava me atrapalhando nesse
momento.

Quando vou pegar o maldito vejo na tela no nome do Han Gil.

– Alô?– disso depois de atender.

– Achamos o bonitão das cartas da So Ra.– disse ele.

Olhei brevemente para Jimin e senti mais raiva ainda de estar nessa situação.

– Temos as provas e tudo mais, agora o negocio é deixar esse safado preso até o
tribunal.– falou Han Gil– Você tem que vim aqui agora.

Eu esperava por isso. Ser interrompido em um dos momentos mais esperados da minha
vida.

– Venha logo, Jungkook-ssi.– disse Seul do outro lado da linha.

Odeio o meu trabalho.

(Jungkook)

Depois de arrumar um jeito de dizer ao Jimin que eu iria resolver o caso do maluco das
cartas, o mesmo tentou demonstrar para mim que estava tudo bem.

Não está.
– Vocês deveriam cuidar disso sozinhos!– exclamei depois de ouvir que eles haviam
quebrado o suspeito de porrada.

– Não fale assim conosco, você é o novato por aqui.– disse Seul Ki apontando o dedo para
o meu rosto.

– Não fale desse jeito com meu parceiro, filhinho de papai.– disse Han empurrando a mão
do Seul para longe de mim.

– Vai deixar ele falar com nós dois como se fosse nosso superior?– perguntou ele para Han
Gil, que ignorou Seul Ki.

– Vamos dar um jeito de mante-lo preso até que decidam o dia do tribunal.– disse Han para
mim de maneira calma.

Ele não tem costume de me tratar assim, o que me deixa com uma pulga atrás da orelha.
Mesmo assim finjo não estar desconfiado e por isso assinto e continuo calado.

– Seul, vamos chamar a sua parceira para nos ajudar a achar um advogado e algo que nos
faça cuidar desse cara sem envolver espancamento.– disse Han Gil massageando as
têmporas

Ele estava tão cansado quanto eu.

O que eu acho estranho é que eles conseguiram isso rápido de mais, nem esperaram por
mim e muito menos pela Ma Eum.

– Eu chamo a Ma Eum.– digo afastando-me da mesa do Han com o objetivo de ir telefonar


para a Ma Eum.

Ela deveria saber o que esses dois inventaram fazer enquanto estavamos longe de ambos.

Eles não tinham esse direito de assumir a busca pelo suspeito sem nós dois por perto, isso
não é parceria, combinamos que todos os quatro iriam resolver tudo da melhor forma
possível. E estavamos quase lá, porque após o depoimento da mulher que dizia ter se
relacionado com o tal homem nós começamos a ter um pouco de certeza sobre onde o
desgraçado vivia. Mas mesmo assim foi estranho, essa testemunha surgiu sem que
ninguém esperasse e mesmo assim aceitamos.

Assim que fiquei distante o suficiente deles peguei meu celular e liguei para a Eum, que a
essa hora deveria estar dormindo.

Enquanto digitava o número dela olhei para todos os lados verificando se havia alguém me
olhando, então quando consegui discar e achar o seu contato cliquei em ligar.

– Alô?– disse ela depois do primeiro toque.

– Eum, acho que nossos superiores estão tramando algo.– falei andando em direção a
saída do prédio– Você esta em casa?– perguntei.

– Sim, mas porque eles estariam planejando algo ruim?– perguntou ela.

Eu não tenho segurança o suficiente para falar sobre isso com ela perto do nosso local de
trabalho, seria arriscado.

– Você se importa que eu vá até a sua casa agora?– pergunto torcendo para que ela não
pense outras coisas.

– Jungkook-ssi, porque esta me perguntando isso?

– Na sua casa seria mais seguro falar sobre algumas desconfianças que tenho.– respondi
atento a qualquer coisa que me fizesse escutar, ver , sentir que eles estariam por perto.

– Então pode vim.

– Obrigado.– falei antes de desligar.

É injusto fazermos todo o trabalho sujo de pegar as provas e pistas sobre aquele maluco e
acabarmos ficando por ultimo depois de tanto esforço e poera colhida. Eu e a Ma Eum
limpamos muita poeira da casa da violinista e quase morremos de tanto tossir.

Despertando da minha breve revolta sobre ter me esforçado para fazer toda essa porcaria
ser resolvida, senti o celular vibrar e assim olhei novamente para a tela do celular, onde
estava uma mensagem da Eum com a localização de sua casa.

Ah, é verdade, eu não sei onde ela mora.

Obrigado, por notar isso antes que eu, Ma Eum.

Antes que pudesse pensar mais alguma coisa, liguei para um táxi confiável que não
quisesse me cobrar o olho da cara por causa do caminho que iria percorrer para casa da
minha colega de trabalho.

Quando cheguei na casa dela, a mesma abriu a porta para mim toda enrolada com um
coberto me falando que eu deveria entrar se não quisesse morrer de frio.

– O que você acha que esta acontecendo, Jungkook?– ela me perguntou depois que tirei
meus sapatos– Porque eu não entendo o porque você veio aqui com tanta urgência.

– Eles disseram que pegaram o suspeito que manda cartas para a So Ra.

– Eita.– ela disse sentando-se em seu sofá branco– Mas porque não nos chamaram? Não
esta certo.

– Concordo com você e por isso estou aqui.– falei juntando-me a ela– O que acha que
devemos fazer sobre isso?

– Seria bom se esquecêssemos isso.– disse me fazendo ficar confuso.

Ela não quer que eles justifiquem o que houve ou pelo menos fazer algo sobre o assunto?

– Porque?– perguntei.

– Faz um bom tempo que trabalho com o Seul Ki. E não seria nada legal e muito menos
fácil de lidar com ele.– respondeu de uma forma um pouco vaga para mim– Seul Ki é pior
que qualquer outra pessoa que você possa conhecer, Jungkook. Porque quando não
acontece algo do jeito que ele quer, Seul dá um jeito de ferrar com quem atrapalha.

Eu ainda não tinha visto esse lado dele. Talvez não tenha me aproximado o bastante do
Seul Ki.

– Infelizmente, não posso fazer nada sem sair prejudicada.– suspirou ela olhando para os
próprios pés, que estavam nus.

Ela deveria esta deitada em sua cama quando bati na porta, porque ainda estava enrolada
em seu cobertor e também pelo motivo de os pés estarem sem nem uma meia.

– Você estava dormindo quando te liguei?– perguntei me sentindo culpado por ter
perturbado seu momento de descanso.
Pude ver que Ma Eum mordeu a parte interna do lábio , o que me fez perceber que, sim, eu
a atrapalhei.

– Tudo bem, eu deveria acordar para tomar meus remédios de cólica.– disse ela
respondendo de forma diferente a minha pergunta– Em questão de eles terem nos excluído,
podemos falar disso amanhã.

É verdade, mal percebi quantas horas eram e por isso me autorizei de visita-la tão tarde.

– Sim, espero que durma bem, Ma Eum.– digo levantando-me do sofá.

– É, mas antes de sair, queria saber como o Jimin está.– disse ela.

– Ele esta melhor.– falei com um sorriso miúdo.

Fora a parte de ter sofrido um acidente no banheiro.

– As vezes acho que vocês são bastante próximos.– falou ela com uma expressão
assustada– Você parece com alguém que acabou de iniciar um namoro.

Eu queria que isso fosse verdade. Será que não é cedo de mais?

– Você esta exagerando.– disse eu sorrindo nervosamente.

– É , talvez eu esteja.– falou ela dando um sorriso sem dentes– Volte bem para casa,
Jungkook-ssi.

Vou tentar chegar bem.

– Irei.– disse para tranquiliza-la– Você pode abrir a porta para mim?– perguntei.

– Ah, sim!– disse ela levantando-se rapidamente do sofá– Quando chegar em casa ligue
para o Jimin e pergunte como ele esta.– falou indo em direção a porta.

Se ela soubesse que eu estou dormindo no mesmo quarto que ele iria me achar precipitado
de mais.

– Tudo bem.

– Posso te dar uma opinião de colega e amiga? – perguntou ela parando de frente a porta.
Somente balancei a cabeça respondendo a sua pergunta.

– Seria bom se você dormisse perto do Jimin. Qualquer pessoa pode ser suspeita de
querer fazer algum mal a quem é próximo da So Ra.– falou ela abrindo a porta– Até mesmo
o namorado dela.

Ela tem razão, qualquer pessoa poderia correr o risco de ser machucado por este homem
que ameaça a violinista. E o namorado dela poderia ser a próxima vitima.

– Obrigado pelo conselho, vou tentar fazer o que você disse.– falei dando um sorriso
enquanto andava em direção a porta– Boa noite, Ma Eum.

– Boa noite.– foi a ultima coisa que ela disse antes de eu ir embora.

Depois de chegar no quarto do hotel, vi Jimin deitado em sua cama todo encolhido com o
cobertor cobrindo metade de seu corpo. Essa era a melhor visão que tive hoje, após
suportar um dia inteiro de pressão no trabalho.

Assim que me permiti deitar na cama vazia, deixei meu corpo cobrir completamente o
colchão.

– Jungkook?– ouvi ele me chamar, então olhei para o mesmo buscando pelo seu rosto.

– Sim?– disse eu virando meu corpo vê-lo de um jeito mais confortável.

– Você conseguiu resolver o que estava acontecendo no trabalho?– perguntou olhando-me


com seus olhos inchados por causa do sono, acredito eu.

Não, e provavelmente não conseguiria tão cedo.

– Sim.– menti – Agora estou um pouco cansado, podemos conversar amanhã?– falei
tentando fugir do assunto.

– Sim, boa noite.– disse ele dando um pequeno sorriso sonolento antes de fechar os olhos.

Eu acho que não sou só apaixonado por você, Jimin. Existe algo que nem mesmo eu sei
definir e isso me deixa um pouco inquieto as vezes.

Não entender que gosto de você durante esses anos me perturbar de uma forma tão
intensa ,que muitas vezes sinto falta da minha infância, quando não sentia nada além de
alegria de e criar amigos imaginários.

Eu queria ter uma vida adulta feliz, assim como um pedaço da minha infância foi.

– Boa noite.– falei sabendo que ele poderia estar profundamente dormindo.

Boa noite, Jimin. Tenha bons sonhos e não se esqueça que eu estarei te protegendo da
mesma forma como você também me protegeu, a ponto de ter salvado minha vida.

Sou grato a você.

(Jimin)

Ele esta dormindo agora. Acho que hoje foi realmente cansativo.

Quando Jungkook havia chegado eu estava tentando dormir, mas não consegui, mesmo
estando com muito sono. Acho que a preocupação me dominou hoje.

E agora que ainda permaneço acordado, vejo que passei muito tempo longe dele. Não sei
quanto tempo, mas realmente sinto que foi o bastante para morrer de arrependimento.
Vendo-o agora me faz perceber que ele esta mais bonito que antes e isso me dá um pouco
de frio na barriga.

Porque não me apaixonei tão rápido quando pude, Jungkook? Qualquer pessoa poderia se
apaixonar por você e me admiro por você ainda estar solteiro.

Solteiro. Isso me preocupa.

Será que depois de anos ele ainda está tão afetado quanto eu por causa do Chung e suas
malicias? É claro, eu passei mais tempo com o Chung para suportar ainda mais essas
sequelas , mas e o Jungkook? Ele realmente desistiu de procurar pela Soon Bok como anos
atrás havia me dito? Espero que sim.

Olhando-o com mais precisão, fiquei com vontade de chegar perto dele e abraça-lo até
acordarmos no outro dia. Seria pedir de mais ,coragem?
– Pensei que você tivesse dormido.– disse ele ainda de olho fechados.

Que mandinga é essa? Como ele pode saber que estou acordado de olhos fechados?

– Eu estou com um pouco de dificuldade para dormir. Só isso.– falei me virando para o
outro lado da cama com a intensão de disfarçar meu constrangimento– Mas agora vou
dormir. Boa noite.

É agora que eu não durmo mesmo. Ele vai ficar me observando a noite toda?

– Jimin.– chamou meu nome.

– Sim? – respondi apertando fortemente o cobertor para conter meu nervosismo.

– Você ainda tem aquele problema de dormir em cama de solteiro?– perguntou ele.

Nossa, ele se lembra.

Quando nós estavamos juntos naquela época, eu tinha um pouco de dificuldade de dormir
sozinho em camas de solteiro. Não sei porque, mas as vezes penso que enquanto dormir
irei me movimentar a ponto de cair da cama. Por isso sempre comprava camas de casal
depois que me recuperei daquele acidente. Acho que aquele hospital me deixou com
trauma de cama de solteiro.

Agora não penso muito sobre cair da cama por causa da minha inquietação na mesma.
Mas já que Jungkook me lembrou disso, estou com medo de dormi nessa cama.

– Se quiser que eu una nossas camas...

– Não!– o interrompi– Eu estou bem. Só não estou acostumado a dormir em lugares assim.
– justifiquei.

– Ok.– disse ele.

Então o silencio voltou e eu fechei os meus olhos sentindo que fui exagerado ao ponto de
ser grosso.

Merda.

Mas segundos depois, senti o resultado disso. Senti Jungkook me abraçar enquanto se
deitava na minha cama.

Foi nesse instante que meu coração acelerou.

Socorro, ele esta me abraçando.

Um de seus braços passou por baixou do meu pescoço e o outro por cima da minha cintura.
A cabeça dele deixou-se sobre a minha o que me fez ficar congelado. Sem reação ao que
ele tinha feito olhei diretamente pera um pedaço do seu nariz que esta ainda mais visível no
angulo que estou.

– J-jungkook?

– Hm?

– O que esta fazendo aqui?– perguntei.

– Esta tão ruim assim?– perguntou de um jeito brincalhão.

– Não, eu só não esperava que você – quase fui interrompido quando ele apertou seu
abraço em meu corpo , me fazendo ficar sem forças para continuar falando– estivesse
aqui.– engoli em seco.

– Me desculpe.– disse ele– Faz um bom tempo que não tive essa oportunidade de ficar
perto de você e agora que posso quero aproveitar tudo.– disse acomodando sua cabeça em
meu pescoço.

No pescoço não.

– Boa noite.– disse ele, deixando escapar o ar quente de sua respiração em minha pele.

Socorro.

– Boa noite.– falei com a voz falha.

Eu tomei foi no meu cu agora.

Acho que não vou conseguir dormir enquanto estiver nervoso desse jeito.

Na época que ainda conversava com Jungkook eu sempre tinha a iniciativa de me esforçar
para ter certas relações com ele, porque o mesmo era muito tímido com essas coisas.
Embora ou soubesse que ele pensava em safadeza quando estava carente e curioso.

Parece que os anos fizeram bem a você Jungkook.

Te fizeram bem, mas me fizeram mal.

– Você realmente não consegue dormir em camas de solteiro.– disse ele me despertando
do pequeno devaneio.

– Eu não pensava muito nisso até você me lembrar.– falei.

– Me desculpe.– pediu desculpas de novo e dessa vez deslocou a cabeça e colocou sua
mão sobre meu cabelo– Parece que não superou muitas coisas.

– Não.– disse me sentindo um pouco triste por isso.

Espero que superar isso tudo seja menos doloroso que a forma como ganhei.

– Eu escutava muitas vezes minha mãe dizer certas coisas que me fazia ficar melhor.–
disse aleatório.

– Sua mãe?– perguntei lembrando que ela havia morrido muitos anos atrás– O que ela
dizia?

– Dizia que não importava o quanto estivesse triste e ferido, outras pessoas que não tem
olhos especiais nunca iriam enxergar minhas feridas e tomar cuidado para não pisar em
nenhuma delas.– disse com um tom melancólico.

Porque essa vida tem que ser tão triste?

– Ela tinha razão.– falei tentando me virar em sua direção– Mas ainda bem que existem
pessoas que tem esse olhos especiais.– disse , agora de frente para ele.

Para combinar com o tipo de assunto que ele tinha tocado seus olhos estavam um pouco
marejados, o que possibilitou de pensar que Jungkook estivesse com saudades da mãe.
Mas acho que não era apenas isso.

– Porque você mudou tanto, Jungkook?– pergunto.


– Eu também me pergunto isso sobre você.– disse ele.

Ele pensa em mim desse jeito?

– Eu?

– Sim, faz anos que nunca conversamos e anos que vivemos afastados um do outro por um
motivo tão triste.– disse Jungkook– Depois que você se afastou de mim, passei por um
preparamento psicológico que me faz ser frio em certas ocasiões. Mas quando se trata de
você e minha família, eu me sinto muito fraco.

– Fraco?

Isso doeu em mim e não sei porque.

– Fraco por ainda ter sentimentos por você e me culpar por não ter sido bom o suficiente
para minha família.– dizia ele com os labios tremendo, provavelmente iria chorar de novo.

– Me desculpe por não ter ficado com você depois de...– parei de falar porque sabia que
se me lembrasse daqueles momentos iria ficar pior que ele– Me desculpe.

– Você gosta mesmo de mim?– perguntou ele esperançoso– Ou só fala isso por pena?

Entendo que ele pense assim, eu fui muito covarde com ele deixando-o sozinho por causa
dos meu problemas pessoais. Covarde por não ter me interessado nele de outra forma.

Mas agora é diferente. Eu gosto do Jungkook. É tão difícil enxergar isso?

– Eu seria louco se não gostasse de você.– falei levando minha mão até seu rosto– É difícil
gostar de você e ainda ficar com medo, Jungkook. Eu entendo o porque você pensa essas
coisas, eu também pensaria.

– Do que você tem medo?– perguntou.

De me apaixonar por você como um desesperado e não conseguir me recuperar disso se


algum dia você dizer um não para mim.

– Eu só gostei desesperadamente de poucas pessoas na minha vida e acho que você esta
no caminho de ser uma delas e...– fui interrompido por um beijo seu.
– Não diga isso.– disse depois dando um selinho– Eu não vou te abandonar, Jimin. Acho
que passar por essas coisas novamente quer dizer que esse é o nosso destino.

Destino?

– Nosso destino?

– Sim, me apaixonar por você tem sido a coisa mais fácil nesses últimos dias e isso me
deixa inconformado.– disse.

Como alguém ficaria inconformado de estar apaixonado? E como isso funciona?

– E porque você ficaria inconformado?– pergunto.

– Porque amar você e não poder te ter por perto, dói mais que qualquer quer soco que já
levei na minha vida.– respondeu.
(Jungkook)

Eu era naturalmente romântico com a minha melhor amiga ,quando estava apaixonado por
ela, e falar certas coisas para o Jimin sem nem um tipo de esforço me deixa assustado com
o que esse sentimento pode me proporcionar.

Olhei diretamente para os olhos dele e vi um brilho tão chamativo que acabei engolindo o
resto da saliva que guardava na boca.

– Você sempre foi romântico assim? – perguntou ele um pouco desacreditado– O tempo fez
bem a você, não acha?

Sim, o tempo me fez bem. Também me fez pensar nas coisas que ainda poderíamos ter
feito se nada de ruim tivesse nos prejudicado.

– Eu sou romântico com pessoas especificas.– disse eu sentindo um sorriso bobo se


formar em meus lábios.

– Ta bom.– falou ele também sorrindo, fazendo suas bochechas ficarem rosadas.

Acho que Jimin foi especialmente esculpido pelos anjos e colocando em um tipo de cesta
magica que foi levada até os braços de sua mãe antes da mesma dizer que aquele seria
seu filho.

– Você me deixa sem graça me olhando desse jeito.– falou ele olhando para o meu lado
oposto.

– Mas não existe outra forma de olhar para você se não for essa.– digo levando minhas
mãos até seu rosto, fazendo-o olhar diretamente para mim.

– Não existe é?– perguntou aproximando lentamente seu rosto do meu.


– Não.– respondi olhando-o hipnotizado pelos seus olhos pequenos e fofos.

– Como posso acreditar nisso?– perguntou Jimin, desta vez com outras intenções ao olhar
rapidamente para meus lábios.

Ao entender o que ele quis dizer com essa pergunta aproximei meus lábios dos seus
facilitando a mistura das nossas respirações.

Sentir falta de alguém é tão doloroso que muitas pessoas acidentalmente se tornam frias a
ponto de não querer mais se importar como o mundo além dele mesmo.

Gostar é diferente de se apaixonar.

Se apaixonar é diferente de amar.

Para os amantes de suspense. Para os viciados em jogos. Para os solitários de plantão.

Encontrar o significado de amar pode ser tão difícil quanto deixar de sentir esse sentimento.
Talvez algum dia saberei se realmente o amor é definido dessa forma ou de outra, não
importa agora.

Talvez eu esteja desprepara. Talvez eu morra antes de descobrir. Mas se não tentar agora
nunca sentirei os primeiros sintomas de ser correspondido romanticamente.

Jimin se tornou alguém que sinto falta corporal e emocionalmente. Por isso decidi esquecer
um pouco do passado para aproveitar o que nunca deixei ser degustado anos atrás.

Toca-lo com o sentimento de liberdade de mim mesmo.

Toca-lo tendo a certeza que eu sou apaixonado por ele.

Não existe algo melhor que sentir que alguém necessita do seu corpo como também da sua
alma, porque é assim que as almas se tocam.

– Você não deixou de ser pervertido.– disse Jimin com um sorriso safado.

Nem você, Jimin.

Não perdi tempo em responde-lo da mesma forma, então me afoguei em seus lábios
lentamente para poder sentir o gosto inesquecível que Park Jimin tem.
Acho que minha felicidade ganhou nome e cabelos negros.

(Han Gil)

Esta em baixo do seu próprio nariz.


Meses depois.

(Jungkook)

Ele me disse que havia se resolvido com a mãe, fico feliz por isso. Após a morte do pai ele
começou a se afastar aos poucos da própria mãe, o que me deixou confuso. Logo depois ,
Jimin me explicou o que estava acontecendo. A mãe dele estava muito triste pela perda do
marido ,por isso e muitas outras coisas, eles se afastaram.

– Não acredito que Han Gil foi preso.– disse ele colocando uma das mãos dentro do seu
casado de inverno– Como alguém pode ser tão esperto?

Estávamos voltado da casa de sua mãe, porque a mesma precisava conversar com ele
sobre o fato de agora ser dono de uma das lojas de conveniências ,que antes era de seu
pai.

– Eu não sei, amor.– falei apertando nossos dedos entrelaçados para protege-lo do frio–
Existem pessoas que nascem dotadas com mais esperteza que outras.

Han foi preso por cobrir os mal feitos do homem que ameaçava a So Ra durante anos. Eu
também não entendo o porque alguém poderia ser tão ruim a ponto de proteger um
psicopata como aquele que quase fez a So Ra tirar a vida do Jimin naquela escadaria.

– Que pena que usam isso para o mal.– falou ele soprando vapor gelado– Esta muito fria a
noite de Seul. Será que podemos parar em algum lugar antes de voltar para casa? –
perguntou nos fazendo parar de andar.

Parece que ele esta com fome.

– Você quer ir para aquele restaurante de sopa?– pergunto.

– O mesmo que eu que encontrei naquele dia que te mandei varias mensagens?–
perguntou entusiasmado.

Ele se lembra.

– Se você quiser podemos ir.– falei dando um sorrindo bobo, como sempre quando vejo-o
se recordando de momentos que somente nós sabemos que aconteceu.

– Mas eu vou querer outro tipo de sopa, aquela era muito ruim.– disse ele fazendo careta.

Tão fofo.

– Até fazendo careta você fica bonito, Jimin.– falei tirando minha mão do bolso do casaco
para tocar suas bochechas.

– Eu já te disse para parar de me elogiar quando estou fazendo careta.– disse ele– O único
bonito por aqui é você. Qualquer coisa fica bonita em você, inferno.– falou fastando minha
mão de seu rosto para depois me dar um selinho– Sua boca esta muito gelada. Deixa eu
esquentar.– disse soltando a minha mão.

– Não vai adiantar muito me esquentar aqui.– disse eu rindo da forma como ele unia as
próprias mãos para aquece-las.

– Espere e verá.– falou levando suas pequenas mãos até o meu rosto– Pelo menos seu
rosto tem que ficar aquecido.

As vezes acho que ele se preocupa mais comigo que qualquer outra pessoa que já conheci.
E sua preocupação me deixa cada vez mais derretido e por isso tenho medo de perde-lo.

– Jimin.– o chamei.

– Oi?

– Te amo.– declarei.

Como resposta, ele deu sorriso mostrando todos os seus dentes brancos.

– Pensei que nunca escutaria isso de você.– falou antes de aproximar seu rosto do meu–
Te amo.– foi a ultima frase que me disse antes de selar nossos lábios.

Verdade, depois de quase sete meses namorando com Jimin nunca disse que o amava
desse forma. Nunca gostei de demonstra-lo que o amava em palavras, sempre tinha
atitudes que expressassem bem o que eu sentia por ele.

– Te amo.– falei novamente entre nossos lábios– Não se esqueça disso.


E por fim nós dois sorrimos entre nossos lábios selados antes de continuar nossa jornada
até o restaurante de sopa ,onde Jimin , pela primeira vez depois de muito tempo, decidiu me
dizer um 'oi' civilizado.

– Jungkook.– ele me chamou enquanto entravamos no restaurante.

O olhei atento para escutar o que o mesmo queria dizer para mim.

– Uma vez vi uma carta aquele homem que ficava perturbando a So Ra e li uma frase que
ele havia deixado lá e...– ele parou de falar enquanto colocava uma de suas mão dentro do
bolso– Nessa frase dizia 'You are unfortunately the cause of my euphoria'.

– Verdade, havia isso escrito em uma das cartas. Mas porque esta dizendo isso agora?–
perguntei confuso.

– Se tirarmos o 'unfortunately' como ficaria a frase traduzida em coreano?– perguntou com


um pequeno sorriso ,que só fui entender depois que traduzi mentalmente a frase.

– Você é a causa da minha euforia.– respondi.

– Você é a causa da minha euforia, Jungkook.– disse ele me fazendo dar um sorriso bobo.

Eu amo esse homem.

– Você é a causa da minha euforia, Jimin.

FIM.

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