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GRADUAÇÃO

Fundamentos da
Medicina Tradicional
Chinesa
DR. DANIEL VICENTINI DE OLIVEIRA

Híbrido
GRADUAÇÃO
Fundamentos
da Medicina
Tradicional Chinesa
Dr. Daniel Vicentini de Oliveira

ACESSE AQUI O SEU LIVRO


NA VERSÃO DIGITAL!
EXPEDIENTE

DIREÇÃO UNICESUMAR
Reitor Wilson de Matos Silva Vice-Reitor Wilson de Matos Silva Filho Pró-Reitor de Administração Wilson de
Matos Silva Filho Pró-Reitor Executivo de EAD William Victor Kendrick de Matos Silva Pró-Reitor de Ensino de
EAD Janes Fidélis Tomelin Presidente da Mantenedora Cláudio Ferdinandi

NEAD - NÚCLEO DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA


Diretoria Executiva Chrystiano Mincoff, James Prestes, Tiago Stachon Diretoria de Design Educacional
Débora Leite Diretoria de Graduação e Pós-graduação Kátia Coelho Diretoria de Permanência Leonardo
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Diogo Ribeiro Garcia Gerência de Projetos Especiais Daniel Fuverki Hey Supervisão do Núcleo de Produção
de Materiais Nádila Toledo Supervisão Operacional de Ensino Luiz Arthur Sanglard

FICHA CATALOGRÁFICA

C397 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE MARINGÁ.


Núcleo de Educação a Distância. OLIVEIRA, Daniel.

Fundamentos da Medicina Tradicional Chinesa.


Daniel Vicentini de Oliveira.

Maringá - PR.: Cesumar, 2020.


104 p.
“Graduação - EaD”.

1. Medicina 2. Tradicional 3. Chinesa. EaD. I. Título.

Impresso por: CDD - 22 ed. 615.321 Pró Reitoria de Ensino EAD Unicesumar
CIP - NBR 12899 - AACR/2 Diretoria de Design Educacional
ISBN 978-65-5615-139-7
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BOAS-VINDAS

Neste mundo globalizado e dinâmico,


nós trabalhamos com princípios éticos
e profissionalismo, não somente para Tudo isso para honrarmos a nossa missão,
oferecer educação de qualidade, mas que é promover a educação de qualidade
nas diferentes áreas do conhecimento,
também, acima de tudo, gerar a conversão
formando profissionais cidadãos
integral das pessoas ao conhecimento. que contribuam para o desenvolvimento
Baseamo-nos em quatro pilares: de uma sociedade justa e solidária.
intelectual, profissional, emocional e
espiritual.
Assim, iniciamos a Unicesumar em 1990,
com dois cursos de graduação e 180
alunos. Hoje, temos mais de 100 mil
estudantes espalhados em todo o Brasil,
nos quatro campi presenciais (Maringá,
Londrina, Curitiba e Ponta Grossa) e em
mais de 500 polos de educação a distância
espalhados por todos os estados do Brasil
e, também, no exterior, com dezenas de
cursos de graduação e pós-graduação. Por
ano, produzimos e revisamos 500 livros e
distribuímos mais de 500 mil exemplares.
Somos reconhecidos pelo MEC como uma
instituição de excelência, com IGC 4 por
sete anos consecutivos e estamos entre os
10 maiores grupos educacionais do Brasil.
A rapidez do mundo moderno exige dos
educadores soluções inteligentes para as
necessidades de todos. Para continuar
relevante, a instituição de educação
precisa ter, pelo menos, três virtudes:
inovação, coragem e compromisso com a
qualidade.Por isso, desenvolvemos para
os cursos híbridos, metodologias ativas,
as quais visam reunir o melhor do ensino
presencial e a distância.

Reitor
Wilson de Matos Silva
MINHA HISTÓRIA
MEU CURRÍCULO

Olá, aluno(a), tudo bem? Meu nome é


Daniel Vicentini de Oliveira, mas todos
me chamam de Vicentini. É um prazer ter
você aqui. Vou te contar um pouco sobre
mim e a minha jornada de vida até me tor-
nar professor. Sou apaixonado pelas áreas
que me formei (educação física, fisiotera-
pia e gerontologia), pois gosto de entender
melhor o organismo humano, assim como
suas disfunções, principalmente aquelas
relacionadas ao envelhecimento huma-
no. Foi durante estas graduações que co-
meçou a despertar o meu interesse em
ensinar as pessoas a trabalharem com o
exercício físico, o movimento humano e
a saúde. Voltando um pouco no tempo, é
importante informá-lo(a) que fui diagnos-
ticado, aos 25 anos, com Transtorno de
Ansiedade Generalizada (TAG). Para o tra-
tamento, tenho que tomar medicamentos
ansiolíticos, leves, mas que me ajudaram
Aqui você pode e me ajudam. Para diminuir a dosagem
conhecer um destes medicamentos, em 2017, iniciei a
pouco mais sobre prática de meditação, o que me fez apai-
mim, além das xonar pelas Práticas Integrativas e Com-
informações do plementares (PICs). Conhecer e escrever
meu currículo. sobre novas técnicas para reabilitação de
problemas de saúde das pessoas é um dos
meus hobbies. Além disso, adoro estudar,
dar aulas, meditar, ir para academia e, é
claro, sair com amigos e me divertir.
Curriculo Lattes disponível em: http://
lattes.cnpq.br/2388265927737135
RECURSOS DE
IMERSÃO
REALIDADE AUMENTADA: Sempre que encontrar esse ícone, esteja conectado
à internet e inicie o aplicativo Unicesumar Experience. Aproxime seu disposi-
tivo móvel da página indicada e veja os recursos em Realidade Aumentada.
Explore as ferramentas do App para saber das possibilidades de interação
de cada objeto.

PODCAST: professores especialistas e convidados, ampliando as discussões


sobre os temas.

PÍLULA DE APRENDIZAGEM: uma dose extra de conhecimento é sempre bem-


vinda. Posicionando seu leitor de QRCode sobre o código, você terá acesso
aos vídeos que complementam o assunto discutido.

PENSANDO JUNTOS: ao longo do livro, você será convidado(a) a refletir, questionar


e transformar. Aproveite este momento!

EXPLORANDO IDEIAS: com este elemento, você terá a oportunidade de explorar


termos e palavras-chave do assunto discutido, de forma mais objetiva.

EU INDICO: enquanto estuda, você pode acessar conteúdos online que ampliaram a
discussão sobre os assuntos de maneira interativa usando a tecnologia a seu favor.

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CAMINHOS DE
APRENDIZAGEM
PROVOCAÇÕES INICIAIS
7

FUNDAMENTOS DA MEDICINA TRADICIONAL CHINESA

1 9 2 31

A Energia Vital na
Bases da Medicina
Medicina Tradicional
Tradicional Chinesa
Chinesa - O Qi

3 53 4 79

Avaliação e Técnicas Métodos da Medicina


de Tratamento na Tradicional Chinesa
Medicina Tradicional Utilizados para a
Chinesa Qualidade de Vida
PROVOCAÇÕES

INICIAIS
FUNDAMENTOS DA MEDICINA
TRADICIONAL CHINESA

Caro(a) estudante, você sabia que o nosso Sistema Único de Saúde (SUS) implantou as técnicas da Me-
dicina Tradicional Chinesa em seu protocolo de atendimentos? Mesmo o SUS tendo como princípio a
universalidade, ou seja, atender a toda a população, independentemente de classe social e econômica,
muitas pessoas não possuem condições financeiras de se beneficiar das técnicas da Medicina Tradicio-
nal Chinesa, como auriculoterapia, cromoterapia, massoterapia, dentre outras. Essas e outras técnicas
terapêuticas trazem benefícios incríveis a toda pessoa, como diminuição de dores, melhora do fluxo
sanguíneo, aumento da digestão e, consequentemente, melhora da qualidade de vida. Pense como isso
é importante para a história da saúde pública do nosso país.
É a Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares (PNPIC) que visa ampliar o acesso de toda
a população brasileira aos serviços e produtos das práticas integrativas complementares (PICs), nas redes
de atenção à saúde, de forma segura, eficaz e com atuação multiprofissional em conformidade com os
princípios e diretrizes do SUS. As técnicas da medicina tradicional chinesa se incluem nesta política, que
possui linguagem e visão próprias sobre a saúde, o sujeito e o processo de adoecimento.
Bom, agora é hora de colocar a mão na massa. Entre no site do Sistema Único de Saúde (SUS), no link:
http://bvsms.saude.gov.br/bvs/folder/medicina_tradicional_chinesa.pdf, e liste as técnicas da Medicina
Tradicional Chinesa que são ofertadas pelo SUS a toda a população brasileira. Além disso, quero que
pesquise e cite quais os principais benefícios de cada uma destas técnicas. Bom trabalho!
PROVOCAÇÕES

INICIAIS
FUNDAMENTOS DA MEDICINA
TRADICIONAL CHINESA

Após conhecer as técnicas e benefícios da Medicina Tradicional Chinesa, reflita sobre elas. Veja o quão
importante elas são para a saúde das pessoas. Afinal, quem nunca teve períodos de dor crônica ou aguda
e que precisava de tratamento rápido e confortável? Quem nunca pensou em estar cada vez mais belo e
melhorar algo em seu corpo? As técnicas da Medicina Tradicional Chinesa podem auxiliar na diminuição
de dores e melhorar a estética do nosso corpo. Pense nisso!
A Medicina Tradicional Chinesa compreende técnicas manuais e instrumentais variadas, oriundas do
Oriente Médio, em diversas épocas da história. Estas técnicas, em geral, possuem como objetivos a
diminuição de dores musculares e articulares, a melhora de aspectos psicológicos e cognitivos (compor-
tamental), o aumento do tônus muscular e cutâneo (pele), o equilíbrio vital do organismo (yin e yang) e
melhora da qualidade de vida.
Vários são os tipos de dores, correto? Ela pode ser pontual, em queimação; vibratória, em vibração. Ela
pode ser aguda, subaguda ou crônica. Diante do que foi exposto e de seu estudo até o momento, você
usaria as técnicas de Medicina Tradicional Chinesa para tratar todos estes tipos de dores ou alguma
delas? Em todas as etapas da dor (aguda, subaguda ou crônica), as técnicas da Medicina tradicional
Chinesa fariam efeito?
Até o momento você conheceu as bases conceituais da Medicina Tradicional Chinesa, o nome e benefí-
cios das técnicas que a compõem. Acho que chegou o momento de mergulhar nesse incrível mundo das
terapias alternativas e da saúde. Você já pensou como cada terapia da Medicina Tradicional Chinesa foi
criada, desenvolvida e é aplicada? Agora é a hora de aprender. Tenha uma boa experiência.
1 Bases da Medicina
Tradicional Chinesa
Dr. Daniel Vicentini de Oliveira

OPORTUNIDADES
DE
APRENDIZAGEM
Caro(a) estudante, na Unidade, 1 você terá a oportunidade de mergulhar
no universo das bases da medicina tradicional chinesa. Dentro destas,
incluem-se, principalmente, Qi ou Chi e o Yin-Yang. A partir daí, nós ire-
mos nos aprofundar melhor nestas forças, assim como o desequilíbrio e
o relacionamento entre elas. Ainda nesta unidade, você irá compreender
sobre a teoria dos cinco elementos (água, fogo, madeira, terra e metal) e
sua relação com os aspectos da natureza e do corpo humano. Também
serão o foco desta primeira unidade a relação entre as teorias Yin-Yang e
os cinco elementos, e as teorias dos seis estágios, dos quatro estágios e do
triplo aquecedor. Vamos lá!
UNICESUMAR

Olá, estudante! Primeiramente, questiono: você já parou para pen-


sar como muitas pessoas são estressadas e ansiosas? Será que estas
características se dão devido à alta jornada de trabalho ou seriam
problemas pessoais, dentre outros? Você é uma delas? Ou trabalha
com pessoas nesta situação de angústia e dor? Além disso, você sabia
que muitas pessoas sofrem também de autoestima baixa, problemas
mal resolvidos da infância, por problemas estéticos que poderiam
ser resolvidos? Muitas técnicas complementares de tratamento po-
dem ajudar a aliviar o estresse, a ansiedade e aumentar a autoestima.
Será que o estresse, a ansiedade e as dores musculares são reflexos
de algo? Os dois primeiros, principalmente, podem ser genéticos?
Será que o componente genético é importante na gênese destes
comportamentos e das doenças mentais, sem, no entanto, ser sua
causa determinante? Mesmo podendo ser de causas genéticas, as
técnicas da Medicina Tradicional Chinesa (MTC) podem contribuir
na prevenção, alívio e tratamento destes sintomas.
O estresse, a ansiedade e a baixa autoestima são temas relativa-
mente atuais, pois diminuem a qualidade de vida da pessoa, piora
o bem-estar e pode desenvolver a depressão e outros problemas
psicológicos e sociais. Diante disso, várias pesquisas e técnicas de
prevenção e tratamento foram e são desenvolvidas e atualizadas
para amenizar estes e outros problemas de saúde física e mental. A
MTC se enquadra nestas técnicas.
Agora é hora de experimentar e pensar. Quando as pessoas
saem de férias, muitas procuram ir para a praia; ou na hora de
fazer exercícios, procuram fazer atividades ao ar livre, em contato
com a natureza. Na sua opinião, por que será? Qual a relação entre
natureza, ar livre e satisfação?
Agora que você já está um pouco mais familiarizado com o
tema, questiona-se: o que vem a ser o Qi, o Yin-Yang e os cinco
elementos do corpo humano? Por que precisamos entender sobre
eles, primeiramente, para saber aplicar as técnicas da MTC?

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UNIDADE 1

Caro(a) aluno(a), você viu que a MTC tem como base o reconhecimento de filosofias fundamentais
que controlam o funcionamento do organismo/corpo humano, assim como a sua interação com o
ambiente, objetivando a aplicação desta compreensão no tratamento das doenças e na manutenção
da saúde por meio de diversos métodos e técnicas. Diante disso, reflita comigo:
• A MTC é a base de todas as especialidades da medicina na China.
• A MTC reflete o método da medicina chinesa na determinação de tratamentos e formas de
prevenção de doenças, lesões e condições negativas de saúde.
• A MTC é baseada em conceitos Taoístas e energéticos, e tem como foco o indivíduo como um
todo e como parte integrante do universo.
• O Qi é um sistema filosófico, cultural, religioso e científico, e relaciona a energia com todas as
coisas e com os seres vivos.
• As forças polares são o Yin (Terra) e Yang (Céu), e se complementam e dependem uma da outra
para existir.
• Os cinco elementos são representações elementares, que transcendem a concepção estritamente
física do ser humano.

Agora é a hora de aprofundarmos o conhecimento sobre a MTC, mesmo que você já tenha entendido
um pouco sobre o que é esta área da medicina e da saúde. Tenha uma boa experiência!
Lembre-se que a MTC se baseia em conceitos Taoístas e energéticos. Estes conceitos enfocam o
indivíduo como um todo e como parte integrante de todo o universo. Na MTC, o indivíduo é cons-
tituído por um conjunto de energias e forças provenientes da terra e do céu e que fluem por todo o
corpo e necessitam estar em constante equilíbrio. Ocorrendo o desequilíbrio, doenças e disfunções
podem ocorrer. As técnicas da MTC possuem como objetivo o reestabelecimento do fluxo da energia
vital pelo organismo.
Para, futuramente, entender melhor sobre as técnicas da MTC, você precisa estudar sobre alguns
fundamentos básicos e introdutórios desta área complementar da saúde. Vou iniciar explicando sobre
o Qi.

Neste artigo, o antropólogo José Neto faz uma descrição da cultura


Taoista muito interessante, pois os estudos etnográficos são do seu
trabalho de campo de sua tese.

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UNICESUMAR

Quero indicar a você um vídeo que traz informações introdutórias sobre


a MTC, o Yin e Yang, os cinco elementos e outros conteúdos que serão
abordados neste material.

Qi (Chi)

O Qi, ou Chi (Figura 1), desenvolvido no Oriente Médio há milênios, é considerado um sistema cultural,
filosófico, científico e religioso, que relaciona uma energia com todas as outras coisas do mundo, em
especial os seres vivos. No Japão, o Qi, como é chamado na China, é conhecido como Ki (SILVA, 2009).

Qi é energia, e é um dos conceitos mais importantes da medicina oriental, principalmente


chinesa. Wang Chong (27 a 97 d.C.) foi um sábio que afirmou que a vida e a morte são uma
agregação e dispersão do Qi. Resumindo, praticamente tudo o que existe é definido pelo seu
Qi, a base da vida e de tudo o que existe é o seu movimento.

Qi é considerado a energia em movimento; a energia universal que permeia as coisas inanimadas e


animais; é semelhante às ondas ultravioleta ou ondas de rádio, pois não pode ser visto, mas podemos
reconhecê-lo pelos seus efeitos.
Os cientistas naturais da China antiga, ao observarem criteriosa-
mente os próprios corpos e do mundo que os cercava, concluíram
que a energia do organismo humano não é apenas um combustível.
O corpo humano possui energia materializada, assim como tudo no
universo. O universo e tudo o que nele pode ser detectado, como os
seres humanos, formam uma grande teia de aglomerados, conexões,
fluxos e trocas energéticas.
Podemos considerar o Qi como a base da vida, a base da nos-
sa saúde. Quando o Qi está no auge equilibrado, nosso sistema
de defesa está forte. Contudo, quando está desequilibrado, nossa
imunidade diminui e nos tornamos um alvo fácil para invasões. É
Figura 1 - Qi (Chi) por isso que as pessoas reagem de formas diferentes ao meio que

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UNIDADE 1

as cerca. Você já percebeu que algumas pessoas ficam mais vezes


doentes e com maior intensidade do que outras, mesmo o ambiente
sendo o mesmo?
A energia é a base para toda cura e a própria manutenção da
saúde. Os padrões de energia são individuais, cada um tem a sua.
O Qi vai determinar a maneira como os seres humanos reagem
ao mundo, o nível de vitalidade, a resposta a condições adversas
e a melhora diante de inúmeros tratamentos. São essas reservas
individuais de energia capazes de proporcionar a força interna que
nos mantêm saudáveis.
O Qi é considerado pelos orientais, que se referem aos escritos
filosóficos e cosmetológicos, como um sopro original que originou
Yin-Yang (que você irá estudar a seguir). Por sua vez, os acupuntu-
ristas utilizam mais a palavra “energia”, para considerar o Qi, como
informado anteriormente.
Vou tentar simplificar para você. Conforme Auteroche e Na-
vailh (1992), Qi dá origem ao céu e à terra; os ligeiros sopros, mais
Yang, sobem e formam o céu; os sopros pesados, mais Yin, descem
e formam a terra. E entre o céu e a terra se encontra o homem, que
possui sua própria energia e é submetido às leis do céu e da terra.
Mesmo a energia Qi sendo única, ela pode ser classificada em
três tipos. Essa classificação é segundo suas funções:
1. Yuan Qi (energia ancestral): nasce da junção do óvulo
com o espermatozoide, trazendo o código genético (DNA)
para cada ser. Esta energia decresce durante a vida e seu
esgotamento é responsável pela morte não acidental, en-
contra-se principalmente na região inferior do abdome e
está presente em todas células do corpo. Após o nascimento,
o Yuan Qi precisa ainda ser completado pela energia da
alimentação.
2. Yong Qi (energia da alimentação): proveniente do ar
(Yeung Chi) e dos alimentos (Kou Chi), é a energia essencial.
3. Wei Chi (energia defensiva): responsável pela defesa e
proteção do organismo (imunidade).

Tudo o que existe no mundo obedece ao que chamamos de Prin-


cípio Absoluto, ao Tao. Este é um princípio que não existe sinô-
nimo literal na linguagem aqui do ocidente, mas aproxima-se do
que entendemos por “caminho certo”; o caminho certo a seguir.
O Tao é um cósmico processo, um dinâmico fluxo energético
capaz de envolver todas as coisas, por meio de processo contínuo

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UNICESUMAR

de mutação. Podemos compreender o Tao como as águas do rio que continuamente fluem, onde
a sabedoria está em aprender a seguir seu curso, seu caminho correto.
Tao é a energia primordial do universo, é a realidade, o fundamento do ser e do não ser. Possui rea-
lidade e clareza, mas não possui ação ou forma. Pode ser transmitido às coisas e pessoas, mas não pode
ser recebido. Pode ser atingido, mas não pode ser visto. O Tao existe por si e por meio de si. Existia antes
do céu e da terra. É a razão da divindade dos deuses e da criação do nosso mundo. Não é velho, mas
é mais velho do que o mais idoso. Os chineses acreditavam (e ainda acreditam) que o Tao é realidade
última, subjacente e que unifica todas as coisas e fatos que observamos. É o processo cósmico no qual
todas as coisas estão envolvidas (SILVA, 2009).
Por fim, a principal característica do Tao é a natureza cíclica de seu movimento e sua mudança
constante. Ele reflete a ideia que tudo o que ocorre na natureza apresenta padrões cíclicos de ida e
vinda, de expansão e contração. Esta concepção do Tao recebe uma precisa estrutura com a introdução
dos opostos polares, o Yin e Yang. As manifestações do Tao são formadas pela relação dinâmica dessas
duas forças polares, que você estudará a seguir.

Vou deixar aqui outra indicação de vídeo que é sobre o conceito do Tao
na fala da pesquisadora chinesa Lucia Lee.

Basicamente, a MTC foi estruturada em princípios de cunho empírico e filosófico. Para os chineses
antigos, que viviam da pecuária e da agricultura, algumas manifestações da natureza levavam ao
significado que sempre há uma polaridade presente em todos os seus fenômenos: luz e sombra, dia e
noite, tempo para plantar e outro para colher. Eles perceberam que um movimento só existia a partir
do seu oposto.
Eles denominaram estas forças polares de Yin e Yang. Temos então uma diferenciação em duas
energias (Yin e Yang) a partir de uma energia única (Qi). Yin e Yang são opostas e complementares,
ao mesmo tempo (veja na Figura 2). De acordo com a filosofia da MTC, o Tao deu origem a um;
o um deu origem a dois; o dois deu origem a três; o três deu origem aos dez mil seres; e os dez mil
seres carregam o Yin nas costas e abraçam Yang.

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UNIDADE 1

Quero indicar a você um artigo muito


interessante, de Coutinho e Dulcetti
(2015), que teve o objetivo de estudar
o movimento da dupla Yīn e Yáng na
doutrina médica chinesa, buscando co-
nhecer como se desenvolveu essa linha
de pensamento e a sua contribuição
na elaboração do sistema diagnóstico
Figura 2 - Tao com o Yin e Yang e terapêutico.

Respectivamente, Yin e Yang corresponde aos lados ensolarado e ensombrado de uma montanha.
Perceba como os fenômenos da natureza são constituídos pela transformação e movimento dos dois
opostos aspectos do Yin e do Yang, como o tempo claro e o escuro, o dia e a noite, a atividade e o re-
pouso, o calor e o frio, a terra e a água, dentre outros.
Podemos representar o Yin pelo lado escuro de uma montanha, e o Yang pelo lado ensolarado. Estas
energias opostas, Yin e Yang, objetivam manter o equilíbrio e a harmonia do corpo. A sombra só existe
devido à existência da luz, e vice-versa.

O canal de YouTube do professor Fernando Braga produziu um vídeo


com uma breve e fácil explicação sobre o Yin e o Yang.

Em qualquer outra manifestação, podemos encontrar estas oposições. É sempre pela oposição que Yin
e Yang têm efeito condicionante sobre o outro. Sempre haverá uma derrota e uma vitória; a superio-
ridade de um sobre o outro, ou seja, seu desequilíbrio, irá desenvolver uma doença. O Yin estará mais
forte, quando o Yang estiver doente, e vice-versa (MACIOCIA, 2017).
Em um indivíduo com bom estado de saúde, os dois opostos não coexistem de modo pacífico e
sem relação de um sobre o outro. Na verdade, eles se afrontam e se repelem. Entretanto, esta oposição
cria um dinâmico equilíbrio, originando o desenvolvimento e a transformação dos objetos.

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UNICESUMAR

A teoria do Yin e Yang classifica os diversos fenô-


menos (os citados anteriormente, por exemplo) e
manifestações segundo alguns critérios, conforme:
1. Caracteres físicos. Aquilo que está em
movimento, ascendente, exterior, quente,
funcional, luminoso, que corresponde à
ação é Yang. E tudo que está tranquilo,
em repouso, interior, descendente, frio,
material, sombrio, que corresponde a uma
substância é Yin.
2. A natureza da manifestação. O céu está no
alto (Yang), a terra está embaixo (Yin). A
água é de natureza fria e escorre (Yin). O
Figura 3 - Aspectos opostos do Yin e Yang - Os cinco ele- fogo é de natureza quente, suas chamas se
mentos elevam (Yang).

3. As transformações. Yang transforma-se em Qi, e o Yin torna-se matéria. Por um lado, Yin pode
transformar-se em Yang, e vice-versa e, por outro lado, os fenômenos podem se fragmentar
em partes Yin e em partes Yang. O dia é Yang, mas a manhã é Yang dentro de Yang, e a tarde é
Yin dentro de Yang.

Em todos os aspectos da teoria chinesa, estão presentes os princípios do Yin Yang, que objetivam ex-
plicar as funções fisiológicas e a estrutura orgânica do corpo humano, as leis referentes à evolução e
causa das doenças, servindo de guia no diagnóstico e no tratamento clínico de doenças e disfunções.
Conforme a filosofia do Yin Yang, o organismo humano é considerado um todo organizado, com-
posto de duas partes estruturalmente ligadas, mas opostas, o Yin e o Yang. A parte mais superior (alta)
do corpo pertence ao Yang, a parte inferior (baixa), pertence ao Yin; a superfície (superficial) do corpo
pertence ao Yang, o interior (profundo) ao Yin; a parte dorsal (posterior) pertence ao Yang, a parte
ventral (anterior) ao Yin; o lado externo pertence ao Yang, o lado interno ao Yin (SILVA, 2009).
A filosofia do Yin e Yang, aplicada ao corpo humano, diferencia os órgãos, que é Zang, e as vísceras,
que é Fú. O Zango apresenta características Yin, e o Fú, características Yang. Os Fú, denotados com
ideia de “talher", pelo ideograma Chinês, são assim denominados porque transformam em energia e
sangue os materiais que recebem do exterior. E por estarem relacionados com o exterior e produzirem
energia, caracterizam-nos com sendo Yang.
Os Fú são: intestino delgado, estômago, intestino grosso, rim, vesícula biliar e triplo aquecedor (que
será abordado adiante). Por outro lado, os Zang são representados pelo «tesouro» e presidem a purifi-
cação e circulação do sangue. Eles apresentam características Yin, visto que controlam a vida interna e
o sangue. Os órgãos são: pulmão, fígado, coração, pâncreas, baço e rim, além da circulação-sexualidade.

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UNIDADE 1

Entende-se que o resultado do desequilíbrio Yin-Yang é a doen-


ça, a patologia. Diante disso, os métodos MTC possuem o objetivo
de restabelecer o equilíbrio entre estes dois elementos. As doenças
com características Yang são fortes, agitadas, secas, quentes, agudas
e hiperfuncionantes. As com características Yin são fracas, calmas,
úmidas, frias, crônicas e hipofuncionantes.
Pela teoria/filosofia do Yin e Yang, entende-se que a fisiologia
do organismo humano é resultado da manutenção da relação har-
moniosa da chamada “unidade dos contrários” dos dois princípios.
Essa unidade explica a relação existente entre a “função” (Yang) e
“a matéria” (Yin).
A fisiologia humana tem como base “a matéria”, pois sem o Yin,
nada há para produzir a energia Yang. Por sua vez, a fisiologia que
resulta da ação da energia Yang irá produzir a essência Yin. Caso
Yin e Yang estiverem desequilibrados e se separarem, será detida a
atividade vital do homem (MACIOCIA, 2017).
Quando Yin e Yang estão em seu estado natural, normal, con-
trolam-se mutuamente, mantendo um equilíbrio relativo. O Yin e o
Yang coexistem, então, em um processo comum de interdependên-
cia e oposição, ligando-os de modo indissociável. O Yin representa
a substância, e o Yang, a função vital, o primeiro sendo a base do
segundo e o segundo a força motora da produção do primeiro.
O aparecimento de doenças e suas evoluções nos seres huma-
nos estão ligados a dois fatores em oposição: o fator de resistência
à doença, denominado energia correta (ZhengQi) do homem; e o
fator patogênico, chamado energia perversa (Xie Qi). O ZhengQi
abrange uma parte Yin e uma parte Yang. A oposição dos dois fa-
tores pode gerar um desequilíbrio, e a doença aparecerá segundo
um destes três processos patológicos:
a) O fortalecimento de um aspecto Yin ou Yang acarretará o
enfraquecimento do outro aspecto.
b) A fraqueza do Yin ou do Yang reforçará o aspecto oposto,
segundo a fórmula: “Yin deficiente, Yang desmedido. Yang
deficiente, Yin florescente”.
c) Fraqueza simultânea dos dois aspectos.

Quer um exemplo? Se no início os sintomas revelam um déficit de


Yin, como a tosse, se a doença evoluir durante um longo tempo, o
déficit de Yin compromete o Yang que, por sua vez, torna-se insufi-
ciente, causando o surgimento de sinais de deficiência Yang, asma.

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UNICESUMAR

A Teoria dos Cinco Elementos considera que a natureza é


constituída de cinco elementos básicos (Figura 3 e 4): madeira,
fogo, terra, metal e água, e que existe uma relação de interdependên-
cia e inter-restrição entre eles, gerando um estado de movimento
e mutação constante. Estes elementos também são chamados de
“movimentos”.
FOGO

MADEIRA
TERRA

5 ELEMENTOS

ÁGUA METAL

Figura 4 - Os cinco elementos

Estes elementos geram-se mutuamente em uma ordem específica:


a madeira gera o fogo; o fogo gera a terra, e sua combustão produz
cinzas; a terra gera o metal, e estes nascem na terra; o metal gera
água, quando se liquefaz; a água gera a madeira, pois a nutre; e a
madeira gera o fogo, ao se queimar e, assim, fecha-se o ciclo (AU-
TEROCHE; NAVAILH, 1992).
O elemento gerador é denominado “elemento mãe”, e o elemento
gerado é denominado de “elemento filho”. De acordo com essa teoria,
o movimento constante de geração levaria a um desequilíbrio do
universo. Para frear esse desequilíbrio, temos a lei da dominância
agindo simultaneamente. A madeira domina a terra; a terra domina
a água; a água domina o fogo; o fogo domina o metal; e o metal
domina a madeira.
Em alguns casos, aparece a contra dominância, em que o domi-
nado passa a dominar por uma deficiência do dominante ou, por
excesso do dominado, o dominante passa a ser inibido. Qualquer
objeto, fenômeno ou manifestação existente na natureza (como as
estações, as cores, os órgãos, os tons musicais, os sabores) pode cair
dentro da esfera de algum desses elementos.

18
UNIDADE 1

No ciclo da produção, para esta teoria, Auteroche e Navailh (1992, p. 25) reforçam:


a madeira produz o fogo, o fogo produz a terra, a terra produz o metal, o metal produz a água, a água
produz a madeira. No ciclo de controle, a madeira bloqueia a terra, a terra bloqueia a água, a água
bloqueia o fogo, o fogo bloqueia o metal, o metal bloqueia a madeira. O ciclo de produção delineia
um pentágono e a cadeia de controle delineia uma estrela de cinco pontas. Essas interações e relacio-
namentos formam o esboço para diferentes escolas de filosofia.

A interação destes cinco elementos ajuda os taoístas na classificação e observação de dados empíricos.
Observando a interação entre as coisas, elas são classificadas em um destes cinco elementos.

Outra dica que deixo para você é o canal do YouTube “Papo de Acupun-
turista”, que traz, em especial, um vídeo explicando os cinco elementos
da MTC de maneira bem simples.

Há descrições da classificação dos órgãos do corpo humano segundo estes cinco elementos. O coração
pertence ao elemento fogo; o fígado pertence ao elemento madeira; o baço e o pâncreas pertencem ao
elemento terra; os rins pertencem ao elemento água; e o pulmão pertence ao elemento metal. O Qi dos
rins alimenta o fígado (madeira), que estoca sangue ajudando o coração (fogo); este calor do coração
irá aquecer o baço e o pâncreas, que se transformarão na essência (energia) dos alimentos, que irão
encher o pulmão (metal). O pulmão purifica e auxilia os rins (água).
Quadro 1 - Os cinco elementos e sua relação com o corpo humano
CINCO
MADEIRA FOGO TERRA METAL ÁGUA
ELEMENTOS
Órgãos Zang Fígado Coração Baço Pulmão Rins
Órgãos Fu Vesícula Biliar Intestino Delgado Estômago Intestino Grosso Bexiga
Órgãos dos
Olho Língua Boca Nariz Orelha
sentidos Guan
Músculos e
Corpo e Forma Pulso Carne Pele e Pêlos Ossos
Tendões
Emoções Raiva Prazer Pensamento Tristeza Temor
Fonte: Auteroche e Navailh (1992, p. 24).

A teoria dos cinco movimentos e sua classificação em cinco elementos submetidos às leis de dominação,
transformação e agressão explica a fisiologia humana e a patologia humana e é considerada um guia
para a elaboração do diagnóstico e do tratamento de pacientes.

19
UNICESUMAR

Como você viu no Quadro 1 apresentado, cada órgão do nosso corpo pertence a um elemento,
e devido às propriedades de cada um destes elementos, explica-se as particularidades da atividade
fisiológica dos órgãos corporais, por exemplo:

O Yang do coração tem a função


de aquecimento; a natureza de
fogo é o calor de Yang; o coração
Figura 5 - Fígado pertence, então, ao fogo.

O fígado é regulador e tem a


função de drenagem; a natureza
da madeira produz e faz crescer, Figura 6 - Coração
o fígado pertence à madeira.

O baço é considerado a ori-


gem das transformações e
dos nascimentos; a natureza
da terra produz e transforma
todas as coisas; o baço per-
tence à terra.

Figura 7 - Baço

Figura 8 - Pulmão
Os rins têm a função de co-
O Qi do pulmão tem a função mandar a água e de conter
de “purificar e fazer descer”; a o Jing; a natureza da água é
natureza do metal é ser puro à “umedecer a parte baixa”; os
volta a si mesmo; o pulmão per- rins pertencem à água.
tence ao metal.
Figura 9 - Rins

20
UNIDADE 1

A teoria dos cinco movimentos também explica as relações do corpo humano com as quatro estações
do ano, os cinco Qi do mundo externo e os cinco sabores dos alimentos (Quadro 2). Isso, aplicado à
fisiologia humana, expressa o caráter das relações que existem, de um lado entre os órgãos e os tecidos
do corpo humano, do outro lado entre o corpo humano e o mundo exterior.
Quadro 2 - Os cinco elementos e sua relação com as estações do ano
CINCO
MADEIRA FOGO TERRA METAL ÁGUA
ELEMENTOS
Verão prolon-
5 Estações Primavera Verão Outono Inverno
gado
5 Direções Leste Sul Centro Oeste Norte
5 Estados Vento Calor Úmido Seco Frio
Desenvolvimento Mutação e
5 Mutações Nascimento Recepção Conservação
e Crescimento Transformação
5 Cores Azul Vermelho Amarelo Branco Preto
5 Sabores Ácido Amargo Doce Picante Salgado
Fonte: Auteroche e Navailh (1992, p. 24).

A teoria dos cinco movimentos explica também as influências dos órgãos corporais entre eles nas
situações de doença/disfunções. Por exemplo, a doença do fígado pode se transmitir ao baço; uma
doença do baço pode também ter influência sobre o fígado. Quando estes dois órgãos estão doentes
simultaneamente, influenciam-se mutuamente. A mesma coisa acontece para a evolução patológica
dos outros órgãos do nosso corpo. Podemos nos servir das relações de produção, dominação, agressão,
“ultraje”, para explicar as relações patológicas desses órgãos.
As modificações anormais e/ou patológicas na funcionalidade dos órgãos do corpo humano e
em suas relações podem se refletir no apetite, na cor do rosto, no som da voz, no pulso (frequência
cardíaca), servindo, então, para restabelecer o diagnóstico clínico de um paciente. Na prática, não é
possível separar as teorias do Yin-Yang daquelas dos cinco elementos que estão em relação recíproca.
Os seis estágios correspondem a uma série de padrões que irão mapear o curso das doenças cau-
sadas por influências externas que entram no corpo e causam, principalmente, febre. Geralmente, tais
doenças começam no primeiro estágio e seguem até o sexto, porém, uma doença pode ir direto para
qualquer estágio, pular estágio ou se mover no sentido inverso.
Os seis estágios são:
1. Tai Yang.
2. Yang Ming.
3. Shao Yang.
4. Tay Yin.
5. Shao Yin.
6. Jue Yin.

21
UNICESUMAR

O primeiro estágio (Tai Yang), também chamado de Grande Yang,


caracteriza-se como medo do frio ou do vento, dores de cabeça, febre
e pulso (frequência cardíaca) superficial. Um exemplo: quando há
falta de sudorese, considera-se excesso e quando há sudorese, con-
sidera-se deficiência. Outro exemplo: a dor occipital (Figura 10) e
torcicolo podem aparecer por afetar este canal (Tai Yang) - bexiga e
intestino delgado (Figuras 11 e 12, respectivamente) (ARCE, 2018).

Figura 10 - Dor na Região Occipital

Figura 11 - Bexiga Urinária

22
UNIDADE 1

O segundo estágio (Yang Ming), também chamado


de Yang brilhantes, caracteriza-se por transpiração,
febre, irritabilidade, pulso rápido, sede, sem medo do
frio e com medo do calor. Este estágio marca o início
do desenvolvimento interno da doença.
O terceiro estágio (Shao Yang), ou pequeno
Yang, caracteriza-se por febre oscilante, calafrios,
distensão no peito, gosto amargo na boca, falta
de apetite, irritabilidade e urgência para vomitar.
Esse estágio é relacionado com os meridianos do
triplo aquecedor (que você estudará adiante), e
da vesícula, e é associado com dor nas laterais do
corpo e visão borrada.
Estes três estágios iniciais são padrões de excesso.
Os estágios quatro e cinco são padrões de deficiência
e interioridade e não consideram influências perver-
Figura 12 - Intestino Delgado sas ou fatores patogênicos externos (ARCE, 2018).

O quarto estágio (Tai Yin), ou Grande Yin, caracteriza-se por falta de sede e apetite, vômito, distensão
abdominal e dor ocasional. Este padrão é considerado deficiência do Yang do baço.
O quinto estágio (Shao Yin), ou pequeno Yin, é mais profundo e perigoso. Seu sinal mais presente
é um pulso pequeno e grande vontade de dormir. Outros sinais/sintomas incluem a aversão ao frio,
frio nos membros e falta de febre. É considerado uma falta de Yang dos rins.
O sexto e último estágio (Jue Yin), ou Yin absoluto, é um padrão misto de Yin e Yang agindo no
corpo de uma maneira mais complexa, em que algumas áreas são quentes e outras são frias.
O padrão dos quatro estágios, criado por médicos da dinastia Ming e Qing, visa corrigir as ina-
dequações dos padrões dos seis estágios, citados anteriormente. Aqui, as doenças febris entram em
quatro níveis distintos de profundidade. São eles:
1. Wei Feng Zheng.
2. Qi Fen Zheng.
3. Yin Nutritivo.
4. Xue.

O primeiro estágio (Wei Feng Zheng), ou padrão da invasão da porção da energia defensiva, caracte-
riza-se pelo medo leve de frio, febre, tosse, cefaleia, pouca sede com ou sem transpiração, com o corpo
ou a ponta da língua levemente vermelha (HUIHE; BAINE, 2012).

23
UNICESUMAR

O segundo estágio (Qi Fen Zheng), ou padrão de invasão de porção do Qi, é caracterizado por febre
sem aversão ao frio, similar ao estágio anterior. Diversos padrões irão depender do órgão afetado, por
exemplo, no pulmão, o calor vai causar febre alta, tosse, língua amarelada e sede. Calor no estômago causa
febre alta, sudorese, urina escura e pouca, constipação, dor abdominal e epigástrica e pulso superficial.
O terceiro estágio Ying Fen Zhen (Yin Nutritivo) é o padrão de invasão do Yin. Aqui, o Yin descreve
o aspecto nutritivo do Qi associado com o sangue. Os principais sinais são falta de sono, língua aver-
melhada, irritabilidade, coma ou delírio, sede, febre alta a noite, pulso fino (fraco) e rápido, e erupções
vermelhas na pele.
No quarto estágio (Xue) (sangue), o indivíduo pode ter problemas mentais e emocionais, como
depressão, déficit de memória, dificuldade de raciocínio, insônia ou sonolência; em casos mais extre-
mos, pode haver perda de consciência. (HUIHE; BAINE, 2012).
O Triplo Aquecedor, conhecido também como três forneiros, três queimadores e três sedes de
energia, possui uma constituição tripla que inclui o sistema respiratório, digestivo e genito-urinário.
Tem a função de manter a vida humana pela integração ao corpo humano da energia absorvida do
ar e dos alimentos.
O Yuan Qi passa pelo triplo aquecedor e, em cada nível (superior, médio e inferior), atravessa as
vísceras (Zang Fú), o que provoca uma atividade funcional de cada uma delas. Diante disso, permite
a digestão, a assimilação, a distribuição e a excreção dos líquidos e dos alimentos.

Aquecedor
Superior

Aquecedor
Médio

Aquecedor
Inferior

Figura 13 - Triplo aquecedor


Fonte: Portal Unisaude (2019, on-line)1.

24
UNIDADE 1

Veja, na Figura 13, que a sede superior está situada no tórax,


acima do músculo diafragma e tem a função de assimilar a energia
do ar. A sede média está entre o músculo diafragma e o umbigo e
tem a função de produzir energia a partir da absorção dos alimen- REALIDADE
tos e eliminar resíduos da digestão para a sede inferior. Por fim, a
AUMENTADA
sede inferior está entre o umbigo e o osso púbis e tem a função de
reproduzir, eliminar resíduos e elaborar a energia defensiva Wei,
além de conter a energia ancestral.

Caro(a) estudante, você chegou ao final da Unidade 1. Estas infor-


mações estudadas são a base para, futuramente, aplicar as técnicas
de MTC na área da saúde e da estética. Sem esta introdução, con-
ceitos, definições e filosofia da MTC, as técnicas não têm sentido.
Todas as técnicas que você irá aprender nesta disciplina foram e
são embasadas nestes conceitos de Yin e Yang, Qi, Tao, dos cinco
elementos, dos seis e quatro estágios e do triplo aquecedor. Suponha
que você irá atender uma pessoa com insuficiência cardíaca e que Relação do Triplo Aquecedor
precisa de técnicas de relaxamento. Quais dos cinco elementos está com os 5 Elementos
em desequilíbrio nesse paciente?

25
Agora, para testar os conhecimentos que você adquiriu até aqui, preencha o mapa mental com
os principais conceitos sobre cada tema estudado.

MEDICINA TRADICIONAL CHINESA

5 ELEMENTOS 6 ESTÁGIOS
MAPA MENTAL

26
1. Foi desenvolvido no Oriente Médio e é considerado um sistema cultural, filosófico, científico e
religioso, que relaciona uma energia com todas as outras coisas do mundo, em especial os seres
vivos. É energia e é um dos conceitos mais importantes da medicina oriental, principalmente
chinesa. Assinale a alternativa que indique o termo que o enunciado está se referindo.
a) Yin.
b) Yang.
c) Qi.
d) Tao.
e) Xue.

AGORA É COM VOCÊ


2. A Medicina Tradicional Chinesa é permeada em princípios empíricos e filosóficos e traz que al-
gumas manifestações da natureza e do corpo humano apresentam sempre com polaridade. Ela
acredita que um movimento só existe a partir do seu oposto. Conforme o estudado, assinale a
alternativa que indique a denominação destas forças.
a) Qi e Chi.
b) Xue e Tao.
c) Wei e Qi.
d) Yin e Yang.
e) Yang e Tao.

3. Na Medicina Tradicional Chinesa, os órgãos do corpo humano são classificados segundo cinco
elementos (madeira, fogo, terra, metal e água). Sabe-se que existe uma relação de interdepen-
dência e inter-restrição entre eles, o que gera um estado de movimento e mutação constante.
Assinale a alternativa que indique o órgão do elemento fogo:
a) Fígado.
b) Coração.
c) Baço.
d) Pulmão.
e) Rim.

27
1. C. O Qi é considerado a energia em movimento; a energia universal que permeia as coisas inanimadas e
animais. Foi desenvolvido no Oriente Médio e relaciona a energia com tudo ao nosso redor.

2. D. O Yin e Yang, do taoismo, são conceitos que retratam a dualidade de tudo que existe no universo. São
forças fundamentais opostas e complementares.

3. B. A teoria dos cinco elementos considera que a natureza é constituída de cinco elementos básicos (madei-
ra, fogo, terra, metal e água). Há descrições da classificação dos órgãos do corpo humano segundo estes
cinco elementos. O coração pertence ao elemento fogo; o fígado pertence ao elemento madeira; o baço e
o pâncreas pertencem ao elemento terra; os rins pertencem ao elemento água; e o pulmão pertence ao
elemento metal.
CONFIRA SUAS RESPOSTAS

28
ARCE, J.A.G. Medicina Tradicional Chinesa. São Paulo: Editora Isis, 2018.

AUTEROCHE, B.; NAVAILH, P. O Diagnóstico na Medicina Chinesa. São Paulo: Andrei, 1992.

HUIHE, Y.; BAINE, Z. Teoria Básica da Medicina Tradicional Chinesa. Rio de Janeiro: Atheneu, 2012.

MACIOCIA, G. Os Fundamentos da Medicina Chinesa. São Paulo: Roca, 2017.

SILVA, G. A. 26 Dicas de Saúde da Medicina Oriental. São Paulo: Longevidade.net, 2009. Disponível em:
https://www.academia.edu/10547636/26_Dicas_de_Sa%C3%BAde_da_Medicina_Oriental-_Gilberto_Ant%-
C3%B4nio_Silva_26_Dicas_de_Sa%C3%BAde_da_Medicina_Oriental. Acesso em: 20 maio 2020.

Referência on-line

Em: http://www.portalunisaude.com.br/arquivos/file/Aulas%20PDF/AULA%20TRIPLO%20
1

AQUECEDOR%202019.pdf. Acesso em: 08 maio 2020.

REFERÊNCIAS

29
MEU ESPAÇO

30
2 A Energia Vital na
Medicina Tradicional
Chinesa - O Qi
Dr. Daniel Vicentini de Oliveira

OPORTUNIDADES
DE
APRENDIZAGEM
Caro(a) estudante, na Unidade 2, você terá a oportunidade de aprofun-
dar seus conhecimentos sobre o Qi, e o equilíbrio/desequilíbrio dele no
organismo. Você aprenderá sobre fluxo de energia e os canais de energia
(ou meridianos energéticos). Estes meridianos são divididos em regulares,
principais, divergentes, extraordinários, tendinomusculares e secundários. A
energia (o Qi) percorre os meridianos por uma ordem específica, podendo,
então, estar em equilíbrio ou não. A Medicina Tradicional Chinesa (MTC)
procura aliviar estes desequilíbrios ajustando a circulação do Qi. Prepara-
do(a)? Vamos lá!
UNICESUMAR

Caro(a) estudante, na sua opinião, por que as pessoas ficam doentes quando saem do seu estado de
equilíbrio fisiológico? Por que quando saem de um lugar que costuma ser quente e mudam-se para
um mais frio, acabam adoecendo? Por que algumas pessoas não se sentem bem ao ingerir alimentos
que não são de seu costume?
Nós temos o Qi do sangue, de defesa, dos órgãos, nutricional, além de outros que descrevem a ener-
gia que gera doenças e disfunções, provenientes do meio exterior, como o Qi da umidade, do vento,
do calor, do frio e da seca. Por isso, é importante entendermos sobre o Qi e seus desequilíbrios, assim
como os meridianos que percorrem no corpo, pois, assim, saberemos como e quais técnicas da MTC
devem ser aplicadas para melhorar a saúde do indivíduo.
Agora é hora de refletir e experimentar. Pesquise e verifique o porquê de algumas pessoas ficarem
mais doentes do que outras quando ingerem certo tipo de alimento ou quando se mudam para um
lugar mais ou menos frio. Busque informações que também possam explicar a importância do equi-
líbrio energético para a saúde das pessoas. Boa pesquisa!
A partir da pesquisa que você fez, quais são as principais razões do porquê de algumas pessoas
ficarem mais doentes do que outras quando ingerem certo tipo de alimento, ou mudam-se para um
lugar mais ou menos frio?
Para MTC, não falamos somente em linfa, sangue e plasma, mas também em energia, o Qi (que
você estudou na Unidade 1). Essa é uma das principais diferenças entre a MTC e a Medicina Ocidental.
Para MTC, trata-se não apenas de determinar o diagnóstico (doença) do indivíduo ou qual órgão
foi atingido. A MTC e suas técnicas aprofundam nas informações que dizem respeito às perturbações
que desequilibram e desarranjam a harmonia do sistema de energia vital do organismo e, ao mesmo
tempo, entre o organismo e os elementos do meio externo (ARCE, 2018).

Vamos entender um pouco melhor sobre a MTC e o equilíbrio de energia


do corpo humano? Assista ao vídeo!

Você, futuro(a) profissional, poderá, dessa forma, prescrever um tratamento apropriado, voltado às
técnicas da MTC, por meio da estimulação de pontos precisos; a estimulação pode ser realizada com
o uso de agulhas (acupuntura - Figura 1), de massagens ou do calor (moxabustão), assim como com
a prática de ginásticas tradicionais, que foram desenvolvidas para a manutenção do fluxo de energia
vital. O Tai Chi Chuan (Figura 2) é um forte exemplo.

32
UNIDADE 2

Figura 1 - Acupuntura

Figura 2 - Tai Chi Chuan

Para quem estuda a MTC, existem dois tipos básicos de doenças:


a) A doença por “Excesso”. Aqui, de forma invariável, temos a presença de um fator patogênico,
que pode ser o Frio, o Vento, a Umidade, a Secura ou o Calor, ou uma estagnação, que pode ser
de Energia ou de Sangue.
b) A doença por “Deficiência”. Aqui, de forma invariável, existe a falta de alguma substância vital,
que pode ser Energia (Qi, Yin ou Yang) ou Sangue (AUTEROCHE; NAVAILH, 1992).

Desta forma, a energia está presente nestes dois tipos de doença. Mais precisamente, na doença, há
o desequilíbrio energético. Portanto, você precisa entender que, para MTC, existem vários tipos de
energia, que é o foco desta unidade.

33
UNICESUMAR

Caro(a) estudante, como mencionado anteriormente, o Qi é uma energia, uma matéria fun-
damental que constitui o nosso Universo. Seus movimentos e transformações resultam em tudo
o que há no mundo. Para o ser humano, só existe um Qi, que é a raiz dele.
O Qi pode se apresentar de duas maneiras:
a) O que participa na formação dos elementos constitutivos do corpo e permite a manifestação
da vida. Ele é representado pela essência, por exemplo, o Qi da respiração (Figura 3) (sendo
Qi do céu) (Figura 4), de natureza Yang; e pela substância, por exemplo, o Qi da alimentação
(Qi da terra), de natureza Yin.

Figura 3 - Qi da Respiração Figura 4 - Qi do Céu

b) O que é constituído pela atividade fisiológica dos tecidos orgânicos, por exemplo, o Qi dos
vasos sanguíneos (Figura 5) e dos órgãos.

Artéria Veia

Veia Artéria
Arteríola Vênulas

Capilares
Figura 5 - Vasos Sanguíneos

34
UNIDADE 2

Esses dois aspectos do Qi têm relações interdependentes: o primeiro é a base material do segundo, o
segundo é a manifestação da atividade do primeiro.
Mesmo o Qi sendo único (como você estudou na Unidade 1), são múltiplas as suas representações,
sendo associado sempre um qualificativo que determina sua função ou localização, como veremos a
seguir.
Como já vimos na Unidade 1, Yin e Yang Qi são as partes da energia de base e são antagônicas.
Em relação à função e matéria, a energia Yang indica as funções, a energia Yin indica a matéria. Em
relação às vísceras, a energia Yang será a das vísceras (Fu), a energia Yin será a dos órgãos (Zang).
Em relação à energia protetora (Wei Qi) e à energia nutriente (Ying Qi), a energia Yang é protetora,
a energia Yin é nutriente. Em relação à direção dos movimentos e sua natureza, um movimento
para o exterior, que prospera, reforça ou acalma, para o alto, é Yang Qi, enquanto um movimento
para o interior, que oprime, entorpece ou enfraquece, para baixo, é Yin Qi (ARCE, 2018).
Jing Qi é a quinta essência (Figura 6), o princípio principal, armazenado nos rins, e é composto
de duas partes:
a) O Jing Qi inato, recebido no momento da concepção, de origem parental, chamado também
“do céu anterior”. Ele não pode ser renovado. Serve para preparar a base material, para receber
o Jing Qi dos alimentos.
b) O Jing Qi, também chamado de “Jing Qi da nutrição”, provém da digestão e da assimilação dos
alimentos. É um Jing Qi adquirido, “do céu posterior”. Dá assistência e suporte ao Jing Qi inato.

Em uma concepção ampla, o


Shen Shen significa o aspecto ex-
terno das atividades vitais do
corpo. Significa a consciência,
o espírito, englobando o inte-
lecto e a mente.
O Shen é formado pelo
Shen pré-natal (oriundo dos
pais), com o Shen pós-natal
(interação do Jin e do Qi). O
Qi Shen mostra a emanação da
vitalidade do corpo e da cons-
ciência. Ele vitaliza o corpo e a
Jing consciência e promove a força
motriz por detrás da persona-
lidade.
Figura 6 - Shen, Qi e Jing

35
UNICESUMAR

O Qing Qi, Qi puro ou Tian Qi (Qi do céu), existe no ar que se respira, na natureza. É inalado
e penetra no corpo pelos pulmões (Figura 7). Combinado com o Jing Qi do alimento, dará o Zong
Qi (HUIHE; BAINE, 2012).

Figura 7 - Pulmões

Yuan Qi é a «energia original» e pode ser escrito com dois ideogramas, um significando o princípio
original, o outro, a fonte, portanto, a origem. Esta energia é, algumas vezes, chamada de “energia
verdadeira» (Zhen Qi).
Do corpo humano, é o Qi mais importante de todos e é produzido, primeiramente, pela trans-
formação do Jing inato. Após o nascimento do indivíduo, ele ainda precisa ser alimentado, nutrido e
completado pelo Jing adquirido da nutrição (AUTEROCHE; NAVAILH, 1992).
Este Qi é repartido pelo triplo aquecedor (que estudamos na Unidade 1) nos órgãos, o Zang Fu;
no meio exterior, ele atinge os músculos, o espaço subcutâneo e a pele. Interessante salientar que não
há um lugar onde este Qi não penetre. O Zhen Qi (a energia verdadeira) é recebido do céu, unindo-se
ao Qi da alimentação e enche o corpo. Todos os diversos tecidos do corpo humano (orgânicos) que
recebem o impulso do Yuan Qi poderão cumprir suas diferentes funções.
Muitas vezes, o Zong Qi é chamado de “energia ancestral”, ou “fundamental”, “essencial”. Além
disso, significa “a síntese”. Esse Qi é formado pela reunião do Qi verdadeiro e puro, o Qing Qi,
inalado pelos pulmões, e do Qi da alimentação, que é produzido e colocado em circulação pelo
baço (Figura 8) e o estômago.

36
UNIDADE 2

A essencial atividade deste Qi é impulsionar a


circulação do sangue e a respiração pulmonar. O
Zong Qi acumula-se no peito, sai pela garganta,
atravessando o vaso do coração e põe a respiração
em funcionamento. Analisa-se o estado do Zong
Qi por meio da observação da força ou fraqueza
das batidas do coração.
Yin Qi, conhecido também por Rong Qi ou
Yong Qi, é a chamada “energia nutriente”, prove-
niente do Jing Qi da alimentação, elaborada pelo
baço e o estômago. É a essência dos alimentos
(MACIOCIA, 2017).
O Yin Qi atravessa as vísceras e atinge os ór-
gãos. Acomodado pelas vísceras (Fu), é distribuí-
do pelos órgãos (Zang) antes de ser introduzido
nos vasos. Este Qi circula com o sangue nos vasos,
o qual mantém relações estreitas. Diante disso,
Figura 8 - Baço pode-se distingui-los, mas não se pode separá-los.
Sua atuação é de nutrir o corpo inteiro.
O Ying Qi circula com o sangue e percorre o organismo seguindo os meridianos (que você estudará
ainda nesta unidade), em um movimento duplo, realizando uma revolução corporal a cada 24 horas.
A primeira circulação ocorre conforme a ordem dos meridianos, começando às três horas da manhã
ao nível dos pulmões. Percorre o conjunto dos meridianos em 24 horas, demorando duas horas em
cada um dos meridianos. Durante essa “pausa”, que chamamos de “maré energética”, a energia no órgão
associado ao meridiano está no seu máximo. Doze horas após esta maré energética, ocorre o mínimo
energético (MACIOCIA, 2017).
A Segunda circulação tem início nos pulmões às três horas da manhã e continua nos dois meridianos
Du Mai e Ren Mai, nos quais irá circular também durante 24 horas.
Wei Qi é o que chamamos de energia protetora ou de defesa. Ele é de natureza fluida, contida
nos vasos, circula na pele e entre os músculos. Entra nas membranas do diafragma (Figura 9) para
se espalhar nas cavidades torácicas e abdominais.

37
UNICESUMAR

Figura 9 - Músculo Diafragma

A atuação do Wei Qi é diversa, destacando-se:


• Controlar a abertura das glândulas sudoríparas.
• Proteger a superfície do corpo contra as agressões do meio externo.
• Regular a temperatura do corpo e aquecer os órgãos.
• Dar brilho à pele e lustro aos pelos.

A circulação do Wei Qi é própria, por completo, fazendo 50 voltas no organismo em 24 horas, divididas
em 25 voltas durante o dia na parte Yang do corpo, percorrendo os meridianos, e 25 voltas durante
a noite, circulando na parte Yin do corpo (SILVA, 2009).
Zhen Qi é a energia correta, verdadeira, é o termo genérico da associação dos Yuan Qi, Zong
Qi e Wei Qi dos órgãos.
O Qi tem função extremamente importante para o corpo humano. Suas principais características
funcionais incluem:
a) A colocação em movimento (a impulsão).
b) A regulação da temperatura do corpo.
c) A proteção.
d) A atividade de controle.
e) A atividade de transformação (Qi Hua).

38
UNIDADE 2

Veja, a seguir, um pouco sobre cada uma dessas características.

A Colocação em Movimento - A Impulsão


A atividade fisiológica dos órgãos e dos meridianos, o cresci-
mento do corpo, a circulação sanguínea e a repartição dos líquidos
orgânicos, para serem corretos, precisam da impulsão dada pelo Qi.
Se a energia, ou seja, o Qi, estiver vazia, sua capacidade de im-
pulsão diminuirá, a atividade fisiológica dos órgãos e dos meridia-
nos será confusa, o crescimento vai ser retardado ou, então, vão se
manifestar estagnação de líquidos corporais e de sangue.

A Regulação da Temperatura do Corpo


O Qi rege o aquecimento e é importante na termorregulação do
organismo. Uma falha desta função do Qi, em específico, acarretará
temor do frio e resfriamento do corpo e dos membros superiores e
inferiores (SILVA, 2009).

A Proteção
O Qi é capaz de proteger a pele e os músculos, impedindo agentes
patogênicos intrusos. Este agente é denominado de Xi e flui onde há
vácuo (deficiência) de Qi. Além disso, quando um agente patogênico
conseguir penetrar no interior do organismo, o Qi poderá lutar com
ele e, se conseguir expulsá-lo, readquire-se a saúde.

A Atividade de Controle
Essa atividade do Qi se manifesta controlando o sangue que im-
pede de transbordar dos vasos (artérias, veias, capilares) no controle
da expulsão da urina e da transpiração, assim como no controle do
esperma.
As atividades de controle e de impulsão do Qi estão em relação
de oposição complementar. Por exemplo, em relação ao sangue, de
um lado a impulsão lhe dá movimento, do outro lado, a atividade de
controle o mantém no interior dos vasos. Se o Qi estiver em estado
de vazio, e sua ação de impulsão diminui, a circulação sanguínea
irá se retardar, o que corre o risco de ocasionar “afluxos de sangue”.
Se o Qi estiver em estado de vazio e sua função de controle abaixa,
isso poderá suscitar extravasamento de sangue.

39
UNICESUMAR

A Atividade de Transformação (Qi Hua)


Essa atividade de transformação tem dois sentidos. O primeiro
designa as transformações recíprocas que podem existir entre o Jing
e o Qi, o sangue e os líquidos orgânicos. As transformações do Qi
produzem o Jing; os sabores (alimentação) estarão em equilíbrio e
o corpo poderá crescer.
O segundo sentido designa a atividade funcional dos órgãos e
das vísceras (Zang Fu), distribuição da energia e do sangue, o mo-
vimento de subida, descida, entrada e saída da energia. Por exem-
plo, a bexiga tem uma função subalterna e local de retenção dos
humores e de emissão do sopro transformado. A emissão do sopro
transformado designa a função de expulsão das urinas pela bexiga
(AUTEROCHE; NAVAILH, 1992).
Estes diversos Qi que você estudou possuem múltiplos deslo-
camentos, realizando troca de movimentos. Estas trocas (saídas
e entradas) e os movimentos (descida e ascensão) são objetos de
constantes cuidados por parte das pessoas. Sem essas trocas, não
há mais nascimento, crescimento, maturidade e velhice. Sem movi-
mentos, não se nasce, cresce, amadurece, recolhe-se. Não há trocas
e movimentos que sejam importantes, demorados ou imediatos.
A ascensão-descida e a entrada-saída do Qi se manifestam de
forma concreta na atividade funcional de cada órgão do corpo, as-
sim como nas relações de coordenação entre eles. Apenas quando há
essa troca e movimento do Qi de cada órgão (assim como quando
a atividade de todos os órgãos está coordenada) que pode haver
equilíbrio fisiológico normal de um organismo. Uma circulação
detida ou desordenada do Qi, com movimentos desregrados, irá
repercutir sobre o conjunto dos órgãos do Alto e do Baixo, do In-
terno e do Externo, provocando as doenças. Por exemplo: a energia
do fígado congestionada; o Qi do Fígado em posição oblíqua; o Qi
do estômago subindo em sentido contrário; o Qi do baço que se
afunda; o pulmão perdendo sua capacidade de difusão; rins não
encerrando o Qi; o coração e rins não estando relacionados etc.
Os meridianos são conhecidos como “canais de energia” utiliza-
dos na MTC, principalmente na acupuntura. Determina-se a saúde e
trata-se as doenças graças aos meridianos (Figura 10). Eles ocupam
um lugar importante na MTC, que se estende ao conjunto da medi-
cina e não se limita ao único domínio da acupuntura (ARCE, 2018).

40
UNIDADE 2

Figura 10 - Meridianos

O canal do Youtube “Humaniversidade” traz vídeos muito interessantes


sobre diversos temas. Este, que indico, é sobre os meridianos e o Qi (ou
Chi, como mostra o vídeo).

Jing Lua é o termo genérico que engloba os meridianos e suas ra-


mificações. Jing tem o sentido de “caminho”, de “via”. Os meridianos
são os ramos principais de um sistema de canais que percorrem o
corpo humano.
Lua significa “rede”. Os Luo são os ramos dos meridianos que se
cruzam em diagonal e que cobrem o conjunto do corpo. Os Jing
Luo são locais privilegiados que ligam os órgãos e os membros,
fazem comunicar o alto e baixo, a superfície e o interior, regulam o
funcionamento de cada parte do corpo e nas quais circulam o Qi
e o sangue.
Os meridianos (Jing) se dividem em três categorias: os meri-
dianos comuns ou regulares (Jing Mai), os meridianos particu-
lares, também chamados de extraordinários, curiosos, estranhos
(Qi JingMai) e os meridianos distintos ou separados (Jing Bie)
(MACIOCIA, 2017).

41
UNICESUMAR

Há 12 meridianos regulares (Figura 11) compostos de:


• Três meridianos Yin do membro superior.
• Três meridianos Yin do membro inferior.
• Três meridianos Yang do membro superior.
• Três meridianos Yang do membro inferior.
MERIDIANOS CORPORAIS

Dois meridianos da linha central

Navio de concepção
Navio governante

12 meridianos principais

Meridiano do estômago
Meridiano do baço

Meridiano do intestino delgado


Meridiano do coração

Meridiano da bexiga
Meridiano do rim

Meridiano do pericárdio
Meridiano do triplo aquecedor

Meridiano da vesícula biliar


Merdiano do fígado

Meridiano do pulmão
Meridiano do intestino grosso

Frente Costas

Figura 11 - Meridianos Corporais

Primeiro, os nomes deles são determinados pela natureza Yin ou Yang da víscera em comunicação
com o meridiano e, em seguida, pelo membro (superior ou inferior) dentro do qual circulam. Os me-
ridianos Yang correspondem às vísceras Fu e circulam na zona externa dos membros. Os meridianos
Yin correspondem aos órgãos Zang e circulam na parte interna dos membros.

42
UNIDADE 2

Neste vídeo que sugiro, Sérgio Santos


ensina e mostra os principais meridia-
nos do corpo humano.

Há oito meridianos particulares:


• Du Mai.
• Ren Mai.
• Chong Mai.
• Dai Mai.
• Yin Qiao Mai.
• Yang Qiao Mai.
• Yin Wei Mai.
• Yang Wei Mai.

Esses são chamados particulares, porque não têm relações, nem


comunicação especial com as vísceras. E ainda, não há correspon-
dência nem união entre eles, e compreendem um forro na parte
externa.
É nisso que são diferentes dos meridianos regulares que cruzam
e lhes pedem pontos emprestados. Estão agrupados em quatro
meridianos Yang: Du Mai, Dai Mai, Yang Qiao Mai, Yang Wei Mai;
e quatro meridianos Yin: Ren Mai, Chang Mai, Yin Qiao Mai, Yin
Wei Mai.
Sua atuação principal é de reforçar as conexões entre os meridia-
nos regulares, a fim de regularizar o Qi e o sangue. O excesso de Qi
e de sangue dos 12 meridianos se escoa e se concentra nestes oito
meridianos particulares, em que é guardado como reserva para ser
distribuído quando há insuficiência de Qi e de sangue nos Jing Mai.
Os meridianos particulares estão em relação com as vísceras
especiais (útero, cérebro, medula espinal) e também, até certo ponto,
com o fígado e rim.

43
UNICESUMAR

Os meridianos distintos (Jing Bie), em número de 12, partem dos 12 meridianos principais
e, assim, dependem deles. Eles possuem ação importante, assegurando a ligação entre dois meri-
dianos, sendo um interno e o outro de superfície, permitindo ligação entre os órgãos e as partes
do corpo que não podem ser alcançadas pelos meridianos regulares, cuja ação eles completam.
Cada meridiano possui diversos pontos definidos, por onde se atua para interferir na energia que
o percorre. As formas mais comuns de atuação são:
• A agulha (geralmente de metal, embora haja relatos sobre agulhas de pedra na história antiga
da acupuntura chinesa).
• A moxa (é como se fosse um pequeno «incenso» colocado sobre a pele) (Figura 12).
• A pressão dos dedos.

Cada ponto tem uma caracte-


rística determinada para atuar
na energia do meridiano. Exis-
tem, por exemplo, pontos para
tonificação (aumentar o fluxo
de energia no meridiano), pon-
tos de sedação (diminuir o fluxo
de energia no meridiano), pon-
tos de alarme (pontos doloridos
que avisam sobre alterações im-
portantes nas energias do meri-
diano), pontos de origem, pon-
Figura 12 - Moxabustão tos de união e outros. Pontos
de Massagem: locais nos quais
podemos encontrar o Qi e o Xue com maior facilidade. Por meio destes, temos acesso aos meridianos,
que equivalem aos pontos acessados na acupuntura.
Diante disso, veja a importância dos meridianos para a aplicação das técnicas da MTC. Não apenas
para a acupuntura, mas também para todas as demais técnicas que você estudará nesta disciplina.

Caro(a) estudante, você chegou ao final da Unidade 2. Nela, você pôde entender melhor sobre o Qi e
sua importância para o estudo da MTC e suas técnicas. O Qi é a energia vital do organismo, e dese-
quilíbrios nele podem gerar as diversas doenças e disfunções que você, futuro profissional, irá tratar.
Além disso, você pôde conhecer um pouco sobre os meridianos, ou seja, o caminho em que este Qi,
essa energia vital, percorre no organismo humano. As técnicas da MTC são aplicadas levando em
consideração estes pontos do meridiano, para tratamento e reabilitação da saúde

44
Caro(a) estudante, neste mapa mental, preencha o nome de cada um dos Qi estu-
dados. Não há uma ordem, apenas veja que o Jing Qi já está preenchido e você deve,
neste caso em específico, denominar os dois tipos de Jing. Os demais tipos, preencha
sem uma ordem específica. Bom trabalho!

Jing Qi_________
_________Qi _________Qi
Jing Qi
_________Qi
Jing Qi_________
Qi _________Qi

_________Qi

_________Qi _________Qi
_________Qi

MAPA MENTAL

45
MAPA MENTAL

46
1. Mesmo o Qi sendo único, são múltiplas as suas representações, sendo associado sempre um
qualificativo que determina sua função ou localização. Diante disso, assinale a alternativa que
indique o Qi que é considerado a quinta essência, o princípio principal e está armazenado nos rins.
a) Yin Qi.
b) Jing Qi.
c) Yang Qi.
d) Quing Qi.
e) Yuan Qi.

AGORA É COM VOCÊ


2. O Qi é uma energia, uma fundamental matéria que constitui o nosso universo, sendo tudo no
mundo o resultado de suas transformações e movimentos. E diversos são os tipos de Qi. Portanto,
assinale a alternativa que indique relação com o Quing Qi.
a) É o Qi mais importante de todos, e é produzido, primeiramente, pela transformação do Jing inato.
b) É a “energia original”, e pode ser escrito com dois ideogramas.
c) Formado de duas partes. São partes da energia de base e são antagônicas.
d) Existe no ar que se respira, na natureza. É inalado e penetra no corpo pelos pulmões.
e) É considerado a quinta essência, o princípio principal e está armazenado nos rins.

3. Os meridianos são os canais de energia, utilizados na MTC, que determinam a saúde e tratam
as doenças. Os meridianos se dividem em três categorias. Assinale a alternativa que indica as
informações sobre os meridianos particulares.
a) São em número de 12.
b) Partem dos 12 meridianos principais e, assim, dependem deles.
c) Não têm relações, nem comunicação especial com as vísceras.
d) Possuem ação importante, assegurando a ligação entre dois meridianos, sendo um interno e o
outro de superfície.
e) Os nomes deles são determinados pela natureza Yin ou Yang da víscera em comunicação com
o meridiano.

47
1. B. O Jing Qi é a quinta essência, o princípio principal, armazenado nos rins e composto de duas partes: o Jing
Qi inato (recebido no momento da concepção, de origem parental, chamado também “do céu anterior”) e
o Jing Qi (também chamado de “Jing Qi da nutrição”, provém da digestão e da assimilação dos alimentos).

2. D. O Quing Qi é Qi puro ou Tian Qi (Qi do céu), existe no ar que se respira, na natureza. É inalado e penetra
no corpo pelos pulmões (Figura 7). Combinado com o Jing Qi do alimento dará o Zong Qi.

3. C. Há oito meridianos particulares. Esses são chamados particulares porque não têm relações, nem comu-
nicação especial com as vísceras. E ainda, não há correspondência nem união entre eles e compreendem
um forro na parte externa.
CONFIRA SUAS RESPOSTAS

48
ARCE, J. A. G. Medicina Tradicional Chinesa. São Paulo: Editora Isis, 2018.

AUTEROCHE, B.; NAVAILH, P. O Diagnóstico na Medicina Chinesa. São Paulo: Andrei, 1992.

HUIHE, Y.; BAINE, Z. Teoria Básica da Medicina Tradicional Chinesa. Rio de Janeiro: Atheneu, 2012.

MACIOCIA, G. Os Fundamentos da Medicina Chinesa. São Paulo: Roca, 2017.

SILVA, G. A. 26 Dicas de Saúde da Medicina Oriental. São Paulo: Longevidade.net, 2009. Disponível
em: https://www.academia.edu/10547636/26_Dicas_de_Sa%C3%BAde_da_Medicina_Oriental-_Gilber-
to_Ant%C3%B4nio_Silva_26_Dicas_de_Sa%C3%BAde_da_Medicina_Oriental. Acesso em: 20 maio 2020.

REFERÊNCIAS

49
MEU ESPAÇO

50
51
MEU ESPAÇO
MEU ESPAÇO

52
3
Avaliação e Técnicas
de Tratamento na
Medicina Tradicional
Chinesa
Dr. Daniel Vicentini de Oliveira

OPORTUNIDADES
DE
APRENDIZAGEM
Na Unidade 3, você terá o ensejo de estudar sobre a patogenia (distúrbios)
na Medicina Tradicional Chinesa (MTC). Patogenia é o modo de evolução ou
origem de qualquer doença ou disfunção. Você também aprenderá sobre
os princípios de diagnóstico e tratamento na MTC, e já conhecerá três téc-
nicas de tratamento, a auriculoterapia, a ventosaterapia e a moxabustão.
Preparado(a)? Vamos lá!
UNICESUMAR

Olá, estudante. Na Medicina Tradicional Chinesa (MTC), tratamos


de diversas doenças e disfunções. Entretanto, antes de tudo, deve-se
ter um diagnóstico do caso clínico do paciente. Na sua opinião, qual
a importância de um bom diagnóstico no tratamento de doenças e
disfunções? Por que um diagnóstico mal feito, errado, pode trazer
sérias consequências para o paciente?
O diagnóstico é considerado um processo de que se vale o pro-
fissional da saúde ao exame de uma doença, disfunção ou de um
quadro clínico, para se chegar a uma conclusão. Sem essa conclusão,
não há como elaborar o melhor tratamento para o cliente/paciente.
O bom, e bem feito, diagnóstico poderá gerar ótimos resultados no
tratamento.
Agora é hora de experimentar. Pesquise e verifique as possíveis
consequências do diagnóstico de hepatite autoimune para o pa-
ciente que apresenta, na verdade, hepatite relacionada ao álcool.
Aproveite e busque informações sobre a diferença no tratamento
de ambas as doenças/distúrbios. Boa pesquisa!
A partir da pesquisa que você fez, quais são as principais razões
do porquê muitos diagnósticos são feitos errados, mesmo as doenças
sendo parecidas e afetando o mesmo órgão?
O estado de saúde de uma pessoa caracteriza-se pelo equilíbrio
entre o Yin-Yang. O desequilíbrio do Yin-Yang acarretará, portanto,
o aparecimento de uma doença ou disfunção. Esse aparecimento
está ligado igualmente à existência de dois processos, conforme
Arce (2018):
1. Perda da resistência do corpo, causada por diminuição da
energia vital, o Zhen Qi (Qi Correto, ou “O Correto”, ou “Qi
Reto).
2. Influência do agente patogênico sobre o corpo. O agente
é chamado Xie Qi, ou Energia Perversa (“O Perverso”) ou
Energia Nociva (“O Nocivo).

O surgimento e o desenvolvimento de uma doença ou disfunção


serão as consequências da luta entre “O Correto” e o “O Perverso”.
A MTC se importa muito com a presença do Correto, pois ele de-
terminará o estado de saúde da pessoa.

54
UNIDADE 3

A fraqueza ou força do Correto se determina pela existência de diversos fatores:


• A constituição física do indivíduo.
• O estado mental do indivíduo.
• O meio externo (ambiente).
• A alimentação do indivíduo.
• A resistência adquirida pelo treinamento físico.

A constituição física está ligada, principalmente, à hereditariedade, à genética, visto que as qualidades
físicas transmitidas pelos pais a seus descendentes irão formar os caracteres específicos do indivíduo.
Por sua vez, o estado mental tem ação imediata na atividade e capacidade funcional do Qi e do sangue
dos órgãos e, consequente, ação sobre a fraqueza ou força do Correto (AUTEROCHE; NAVAILH, 1992).
O meio externo, o ambiente e os hábitos de vida influenciam também no aparecimento das doen-
ças e disfunções, como vimos a pouco. Excessos e uma vida desregrada acarretarão perturbações da
atividade fisiológica que são nocivas à integridade do Correto. Inclui-se, aqui, a poluição do ambiente
(Figura 1), o sedentarismo (Figura 2) e a alimentação considerada inadequada (Figura 3).

Figura 1 - Poluição do ambiente Figura 2 - Sedentarismo

A alimentação e o exercício físico


(Figura 4) reforçam o estado do
Correto. Uma alimentação equi-
librada, combinada com exer-
cício físico, aumentará o Qi e o
sangue, desenvolverá a aptidão
física e irá prevenir as doenças.
Em compensação, a alimentação
desequilibrada, associada a uma
vida sedentária, irá enfraquecer o
Correto. Diante disso, o sangue e a
energia vital não circularão bem,
diminuirá a resistência ao Perver-
so e aparecerão as doenças e dis-
Figura 3 - Alimentação desequilibrada funções (HUIHE; BAINE, 2012).

55
UNICESUMAR

Figura 4 - Exercício físico

Nesse fenômeno, o lugar concedido ao Correto no surgimento das doenças não suprime a importante
ação do Qi Perverso. Em alguns casos, como nas epidemias, pandemias e doenças causadas por um
agente externo, o Perverso é o elemento principal. Para prevenir doenças infecciosas, é necessário
conservar no organismo a força do Qi Reto (MACIOCIA, 2017).

O canal de Youtube “Ephraim Medeiros” traz uma videoaula muito interes-


sante e completa sobre a etiopatogenia na Medicina Tradicional Chinesa.
Assista-a para aprofundar seu conhecimento nesta temática.

56
UNIDADE 3

O termo “etiologia” significa estudo da origem. É o ramo do co-


nhecimento no qual o objetivo é pesquisar e determinar as causas
e origens de um determinado fenômeno, geralmente em saúde.
O desequilíbrio que se produz no Yang é devido à chuva, ao vento,
ao Frio ou ao Calor. Aquele que se produz no Yin é de origem resi-
dencial, alimentar, afetiva ou sexual. Na MTC, há uma classificação
tripla das doenças:
1. O sistema dos meridianos é atacado por um agente patogê-
nico, ou seja, que origina a doença, que penetra nos órgãos.
Há ataque interno do organismo.
2. A partir dos quatro membros e dos nove orifícios, há trans-
missão pelos vasos sanguíneos, que serão obstruídos. Há
ataque externo, pela pele.
3. Há lesão pela fadiga, armas brancas, insetos e outros animais.

Como causas externas de doenças, temos os seis patogênicos exces-


sos climáticos. Como causas internas, temos as “emoções” dos cinco
órgãos (fígado, coração, baço, pulmão e rim). A fadiga, a alimentação,
as fraturas, as lesões, as feridas por armas brancas, os ataques pelos
insetos e os animais são consideradas causas secundárias, não sendo
internas, nem externas (ARCE, 2018).
Entre todas as etiologias, algumas apresentam, em nosso dia a
dia, uma preponderante importância, que são: os seis excessos e os
sete sentimentos.
Os seis excessos são o Frio, Fogo, Vento, Seca, Umidade,
Canícula. Estes são modificações climáticas normais, chamadas
de “as seis energias” (6 Qi). Os seres humanos são capazes de se
adaptar às mudanças, as seis energias não são então patogênicas.
No entanto, variações climáticas mais intensas ou anormais e/
ou a diminuição da capacidade de resistência do organismo
podem tornar nocivas essas seis energias que, então, tornam-
-se patogênicas, agridem o corpo e produzem doenças. Nesse
caso, as seis energias são chamadas de “os seis excessos” (6 Yin)
(ARCE, 2018).

57
UNICESUMAR

Os mais importantes fatores patogênicos de origem externa


são:
a) A doença e a disfunção possuem relação com o clima da
estação ou com o meio ambiente. Veja exemplos: na prima-
vera, há doenças do Vento; no verão, há doenças da Canícula
(Shu); no verão prolongado (Zhang Xia) ou no início do
outono, há doenças da Umidade; no meio do outono, há
doenças da Secura; e no inverno há doenças do Frio.
b) Os seis excessos podem atuar de forma isolada ou asso-
ciados com dois ou mais excessos, causando a doença. Em
casos de gripes (Gan Mao), há agressão pelo Frio e Vento.
Nas diarreias, há associação do Calor e da Umidade. Nas
doenças reumáticas, ataque pelo Vento, o Frio e a Umidade.
c) Os seis excessos não somente podem agir uns com os ou-
tros, mas têm a capacidade de se transformar um no outro,
no curso da evolução das doenças. O Xie do Frio pode se
transformar em Calor. A Umidade-Canícula pode tornar-se
Secura e lesar o Yin.
d) Doenças que entram no organismo pelo nariz ou pela boca
são chamadas “Doenças de Origem Externa”. Elas fazem isso
pelo invólucro muscular destas regiões.

Além das características climáticas, os seis excessos abrangem ma-


nifestações patológicas, que são provocadas por fatores biológicos,
como vírus, bactérias e fungos, e químicos ou físicos, que atuam
sobre o organismo.
Sinais e sintomas provenientes de um mau funcionamento da
atividade fisiológica dos órgãos serão classificados igualmente com
os seis excessos de origem externa. Os sinais e sintomas são se-
melhantes àqueles relacionados ao Vento, Frio, Umidade, Secura
e Fogo, de origem externa. Para diferenciá-los, são denominados:
Vento interno, Frio interno, Umidade interna, Secura interna, Fogo
interno (SILVA, 2009).
O Vento é o principal Qi da primavera, mas pode se produzir em
qualquer estação. Seu agente patogênico pode ser Vento externo ou
interno. O externo causa doença por agressão ao organismo, a partir
de um fator oriundo do ambiente físico. Para o interno, a causa da
doença está em um mau funcionamento do Fígado.
Diferencia-se também a doença e disfunção do Frio externo e
do interno. O Frio externo designa o agente patogênico. Conforme
seus efeitos patológicos, é diferenciado em Shang Han e Zhong Han.

58
UNIDADE 3

O primeiro corresponde ao Xie Frio, que fere o invólucro muscular, e o segundo atinge os órgãos dire-
tamente. O Frio interno é produzido por uma insuficiência do Yang Qi do organismo. O Frio externo
e o interno estão constantemente relacionados, influenciando-se mutuamente (MACIOCIA, 2017).
O Calor (Re) e o Fogo (Ruo) são produzidos por meio da abundância do Yang, porém, essas energias
não são totalmente idênticas. O Calor geralmente pertence aos excessos externos da categoria Yang,
como Calor-Canícula, Calor-Vento e Calor-Umidade. Por outo lado, o Fogo é um Qi correto quando
está encerrado nos órgãos, tendo como função aquecer e produzir transformações.
Existe um tipo de Calor, o Calor Wen, que é da mesma natureza que o Fogo (Ruo) e o Calor (Re).
Wen significa Calor, porém, em relação a ele, tem de um lado uma conotação de Umidade, sendo menos
violento que Re. O Re é um fator patogênico das doenças “quentes” de origem externa (AUTEROCHE;
NAVAILH, 1992).
Para o Fogo e o Calor, distingue-se uma patologia interna e uma patologia externa. A patologia
interna é proveniente do mau funcionamento dos Zang Fu, do Yin Yang, do sangue e do Qi, enquanto
a patologia externa é derivada de um ataque pelo agente nocivo do Calor.
No “verão prolongado”, a Umidade é o Qi principal. Essa estação se encontra na junção do outono
e do verão. O Calor Yang diminui, o vapor de água sobe e se aquece, o Qi da água eleva-se. E devido à
Umidade ser abundante, é a estação onde o Qi da Umidade é mais importante.
Existe um fator patogênico de Umidade externa e outro de Umidade interna. A patologia da Umi-
dade externa se relaciona à agressão do corpo pelo Xie da Umidade externa, em um clima úmido, ou
quando se atravessou a água, que se molhou pela chuva, ou que se mora em lugar úmido. A Umidade
interna é produzida, porque o Baço não exerce mais sua função de “resistência e transporte” e que a
Água-Umidade se acumula (AUTEROCHE; NAVAILH, 1992).
No pleno Outono, a Secura é o Qi principal. Nesta estação, o ar é falho de água e umidade, o tempo
torna-se extremamente seco e os dias começam a refrescar ou ficar frios.
Existe um fator patogênico da Secura externa e outro da Secura interna. O da Secura externa cor-
responde a uma agressão pelo Xie Secura que está presente no ambiente climático vizinho. Em geral,
o Xie penetra pela boca e nariz, e a doença se inicia, muitas vezes, no Pulmão e no Wei Qi (o Qi pro-
tetor). Por outro lado, na Secura interna, em uma condição crônica, fluídos corporais se esgotam com
o tempo. Ela pode ser tanto a causa como o resultado do Yin ou da deficiência do sangue. É bastante
observada em pessoas idosas.
Os sete sentimentos (Qi Qing) são: Alegria, Raiva, Preocupações, Pensamento, Tristeza, Medo
e Pavor. Eles representam as modificações do espírito em reação à percepção de mensagens emo-
cionais transmitidas pelo ambiente. Os Qi Qing fazem parte da atividade normal da mente. Eles
não são agentes patogênicos, propriamente ditos, porém podem se tornar, após casos de estresse
mentais mais extremos e prolongados, pois aí provocam uma desordem funcional no Qi ou no
sangue dos Zang Fu.
Diferentemente daquela dos seis excessos, a ação patogênica dos sete sentimentos consiste na
não penetração no organismo. Age diretamente aos órgãos, visto que se considera os sete senti-
mentos como os principais fatores das doenças de origem interna (Nei Shang).

59
UNICESUMAR

Na teoria dos cinco movimentos, os sete sentimentos referem-se aos cinco elementos e têm o
nome de cinco emoções (Wu Zhi): Alegria, Raiva, Pensamento, Tristeza e Medo.
O ser humano possui cinco órgãos que elaboram cinco energias (madeira, fogo, terra, água,
metal), que geram a Alegria, a Raiva, a Tristeza, o Pensamento e o Medo. A emoção do Baço é o
Pensamento; do Coração é a Alegria; do Rim é o Medo; do Pulmão é a Tristeza; e do Fígado é a
Raiva. Um excesso de emoção pode ferir o correspondente órgão, afetando sua funcionalidade,
acarretando um desequilíbrio do Qi. As cinco emoções esvaziam os cinco órgãos, fazendo com
que Qi e o sangue percam conteúdo (HUIHE; BAINE, 2012).

Caro(a) estudante, o Dr. Gustavo Lima explica, neste vídeo, sobre as emo-
ções e os sentimentos relacionados ao Fígado, na visão da Medicina Tra-
dicional Chinesa. Vale conferir!

A manifestação da emoção revela a natureza do distúrbio, ou seja, se é excesso ou insuficiência que afeta
o órgão. Por exemplo, o Qi do Baço em estado de Vazio se manifesta por astenia mental e depressão;
o Qi do Baço em estado de Plenitude se manifesta por ideia fixa, obsessão; o Qi do Rim em estado de
Vazio se manifesta por apreensão e indecisão; o Qi do Rim em estado de Plenitude se manifesta por
extravagância e autoritarismo; o Qi do Pulmão em estado de Vazio se manifesta por angústia; enquanto
o Qi do Pulmão em estado de Plenitude, por superexcitação.
A Raiva, Alegria, Medo, Tristeza e Preocupações que não são controlados irão perturbar o curso
natural do Qi e originar sintomas de Fogo: insônia, irritabilidade, dores torácicas, amargor na boca,
hemoptise e tosse.
Entende-se patogenia como o estudo do mecanismo segundo o qual as causas nocivas atuam
no organismo, gerando uma doença ou disfunção específica. Conforme Arce (2018), a patogenia
contempla dois elementos:
1. A constituição mental e física do paciente, que é determinada pela sua energia vital (Zheng Qi).
2. O fator patogênico (Xie Qi).

Quando um agente nocivo ataca um organismo, há desequilíbrio do Yin e do Yang do corpo, provocan-
do um desregramento de “subida e descida” do Qi dos órgãos, e alterações no Qi e também no sangue.
A patogenia das doenças pode, então, ser restritas nos processos de:
• Luta entre a energia vital do organismo – o Zheng Qi – e o Qi patogênico – o Xie Qi –, causando
um desequilíbrio do Yin e do Yang,
• Desregramento da “subida-descida” do Qi dos órgãos.

60
UNIDADE 3

A luta do Zhen Qi (também chamado de “correto” ou “reto”) e do Xie Qi (também chamado de per-
verso ou nocivo) irá determinar a eclosão das doenças, assim como sua evolução. Esse confronto se
expressa pelos fenômenos de vazio e de plenitude, a dominação de um ou de outro, determinando o
agravamento ou a regressão da doença.
A luta do Zhen Qi e do Xie Qi expressa-se pelo crescimento de um em detrimento do outro, ou
seja, quando o Correto cresce, há o decréscimo do Perverso, e vice-versa.
A Plenitude se encontra, sobretudo, em fases iniciais e intermediárias das doenças que são pro-
vocadas pelos seis excessos de origem externa, assim como nas doenças devidas a estagnações, por
exemplo, a aterosclerose (Shi li) (Figura 5) e coágulos de sangue (Yu Xue) que bloqueiam o interior
dos vasos sanguíneos (SILVA, 2009).

Figura 5 - Aterosclerose

Os sintomas da plenitude incluem: febre importante (Zhuang Re) (Figura 6), demência agitada (Kuang
Zao), respiração rude e ruidosa, ventre dolorido não acalmado pela pressão, parada das exonerações
(fezes e urinas), pulso cheio e vigoroso.

61
UNICESUMAR

Figura 6 - Febre, um sintoma da plenitude

O Vazio irá aparecer nos organismos de frágil constituição, nas fases finais de doenças graves, no de-
curso de doenças que desgastam a energia essencial, por exemplo: vômitos, transpiração significante,
diarreias e hemorragias grandes. Isto enfraquece o Yang Qi e os líquidos Yin, causando diminuição da
energia vital. As diversas técnicas e modalidades da MTC podem restaurar esta energia em desequilíbrio.
Dentre os sintomas do Vazio, temos: rosto abatido, astenia mental e física, dispneia, palpitações,
suores noturnos, suores profusos, calor nas palmas das mãos, na região precordial e na sola dos pés,
membros frios e pulso vazio e fraco.
Existem doenças nas quais a Plenitude e o Vazio se misturam. Essas patologias/desordens/disfunções
são mais complexas e ocorrem em dois casos principais: 1) Durante as doenças crônicas não trans-
missíveis, quando o Qi Nocivo fica no mesmo lugar e enfraquece o Correto; 2) Quando o Correto, de
forma congênita, está em estado de Vazio, ficando mais fraca a expulsão o Qi Pernicioso. Esses casos
estão na origem de obstrução por acúmulo de humores viscosos, mucosidades, água e sangue.
Na Medicina Tradicional Chinesa, o diagnóstico resulta da confrontação das observações efetuadas
no momento de uma boa avaliação física e funcional. O ideal é que um especialista em MTC faça a
avaliação do paciente, caso você for atendê-lo por meio de técnicas da MTC. O diagnóstico determinará
a escolha de um princípio terapêutico; o sucesso do tratamento confirmará a exatidão do diagnóstico.
Existem vários métodos de diagnóstico na MTC, sendo o mais conhecido o denominado dos “8
princípios” (Ba Gang). De fato os sintomas de uma doença podem ser agrupados de modo simples
em quatro duplas:

62
UNIDADE 3

1. Interior e Exterior.
2. Frio e Calor.
3. Vazio e Plenitude.
4. Yin e Yang.

Os “8 princípios” são as regras gerais empregadas nos outros méto-


dos de diagnóstico, pois sua simplicidade levou, evidentemente, a
elaborar outras classificações para atenuar suas imprecisões (AU-
TEROCHE; NAVAILH, 1992).
Assim, no decorrer dos séculos, desenvolveram-se as classifica-
ções do Qi, do Sangue, dos líquidos orgânicos, assim como as dos
órgãos e das vísceras. Estas classificações estão fundamentadas nas
teorias de base da MTC, e servem para doenças Za (Za Bing), isto
é, as doenças de medicina interna, com exclusão daquelas causadas
por fatores exógenos.
Os oito princípios, dentro da MTC, permitem identificar a lo-
calização e a natureza de desarmonias e desequilíbrios corporais
(emocionais, físicos e mentais), assim como estabelecer o prin-
cípio correto de tratamento que será escolhido pelo profissional.
Para as desarmonias e desequilíbrios corporais (estado emo-
cional, físico e mental), dá-se o nome de Síndromes ou Padrões,
e cada um deles possui sinais e sintomas diferentes, que podem
ser classificados dentro destes oito princípios.
Os princípios interior e exterior se referem à profundidade da
doença ou disfunção, bem como à direção da sua evolução. As doen-
ças externas são relativas às camadas superficiais do corpo, tendendo
à penetração do exterior para o interior do organismo. Por outro
lado, as internas acontecem no interior do corpo, podendo se ins-
talar em níveis mais profundos (AUTEROCHE; NAVAILH, 1992).
As doenças externas se associam a uma invasão dos fatores pa-
togênicos externos, sendo os sintomas geralmente agudos. A pessoa
pode apresentar aversão ao frio e ao vento, calafrios, febre, dor de
cabeça, garganta irritada e/ou dolorida, congestão nasal e um pulso
superficial. As doenças internas podem ser resultado de uma pene-
tração de fatores externos e podem ter origem nas desarmonias dos
Zang-Fu, pelas desarmonias internas dos Zang-Fu ou por invasão
de fatores externos.
Os princípios frio e calor estão associados à agressão do corpo
por fatores patogênicos externos (vento, umidade e frio) e a de-
ficiências ou excessos internos, provocados pela desarmonia dos
Zang-Fu, Qi, Xue, Yang (ARCE, 2018).

63
UNICESUMAR

Os padrões de Frio apresentam os sintomas de frio nos quatro membros (superiores e inferiores),
palidez na face, aversão ao frio, urina e secreções abundantes e de cor mais clara, ausência de sede,
fezes aquosas, língua pálida, movimentos retardados e pulso lento. A dor e desconforto pioram com
o frio e melhoram com o calor. Estas doenças e disfunções aparecem devido a uma invasão de fatores
externos, tais como: vento frio e frio-umidade.
Os padrões de Calor apresentam os seguintes sinais e sintomas: pele e face avermelhada; secreções
e urina reduzidos; aversão ao calor; excitabilidade; sede; dor e desconforto que pioram com o calor
e melhoram com o frio; língua vermelha com revestimento amarelo; movimentos rápidos; e pulso
rápido. Estes sinais e sintomas aparecem devido a uma invasão de fatores patogênicos externos, tais
como: calor de Verão, calor, secura, vento calor e calor umidade.
Como já vimos até agora nesta disciplina, Yin e Yan são os mais importantes na base da patolo-
gia, fisiologia e diagnóstico da MTC. Todos os fatores podem ser vistos em termos da desarmonia
fundamental por meio do Yin e Yang. O padrão de desarmonia Yin pode ser subdividido em pa-
drões de frio, deficiência e interior, enquanto o padrão de desarmonia Yang pode ser subdividido
em calor, excesso e exterior.
Ao falarmos em Deficiência, estamos nos referimos à insuficiência da energia vital. Quando
falamos de excesso, estamos nos referindo ao predomínio da energia perversa.
As doenças e disfunções são determinadas pelos fatores de deficiência e de excesso. Estes, por
sua vez, associam-se ao exterior/interior, frio/calor, criando manifestações clínicas ainda mais
complexas. Aqui, existe a chance da deficiência e o excesso se transformarem um no outro (AU-
TEROCHE; NAVAILH, 1992).

Indico a você este vídeo dos Professores Fábio Fonseca e Leandro Galvão.
Nele, os professores discutem sobre os oito princípios no diagnóstico da
Medicina Tradicional Chinesa.

Diversas são as técnicas de tratamento da MTC, mais precisamente são oito os principais métodos de
tratamento: Fitoterapia chinesa (utilização de fármacos), Acupuntura, Tuina (um tipo de massagem e
osteopatia chinesa), Dietoterapia (terapia alimentar chinesa), Auriculoterapia, Moxabustão, Ventosa-
terapia e alguns tipos de práticas físicas (exercícios integrados de respiração e circulação de energia e
meditação como: Chi Kung, o Tai Chi Chuan). Todos estes são considerados métodos profiláticos para
a manutenção da saúde ou formas de intervenção para recuperá-la. Nesta unidade, você irá estudar
sobre a Auriculoterapia, a Moxabustão e a Ventosaterapia.

64
UNIDADE 3

A auriculoterapia (Figura 7) constitui uma parte muito impor-


tante da MTC, e é um ramo da Acupuntura, sendo oficializada como
uma terapia de microssistema pela Organização Mundial de Saúde
(OMS). Ela compreende um método pouco invasivo, fazendo com
que seja bem aceito pelos pacientes (FONSECA, 2018).

Figura 7 - Auriculoterapia

Consiste na estimulação mecânica de específicos pontos do pa-


vilhão auricular (Figura 8) com o objetivo de aliviar dores, tratar
problemas psíquicos e físicos, diagnosticar doenças e disfunções por
meio da observação de alterações nestes pontos (SCAVONE, 2016).

Figura 8 - Estimulação mecânica de específicos pontos do pavilhão auricular

65
UNICESUMAR

E por que é feita esta estimulação na região da orelha? Esta é uma


região bastante importante do corpo, pois constitui um micros-
sistema que pode refletir mudanças fisiopatológicas das vísceras
e órgãos, do tronco, membros, tecidos e dos órgãos dos sentidos.
Quando se tem uma doença ou disfunção em qualquer parte do
corpo, ela reflete na orelha por meio de reações positivas de caráter
e diferentes localidades, específicos a cada doença.
Pontos auriculares se caracterizam por zonas específicas dis-
tribuídas na superfície auricular que, fielmente, refletem a fun-
cionalidade de todo o organismo. A maioria desses pontos tem a
característica de se tornarem reativos ante um processo patológico
em sua zona correspondente no corpo. Todas as regiões e órgãos
do corpo humano estão representados na orelha, como se a orelha
fosse um feto em posição cefálica, ou seja, de cabeça para baixo
(SCAVONE, 2016).
Há uma grande diversidade de pavilhões auriculares que va-
riam quanto à forma e tamanho, porém em todos encontram-se
distribuídos os pontos auriculares, seguindo os mesmos princípios.
Em caso de disfunções/doença/desordens, reações se manifes-
tam fielmente no ponto ou área específica da região comprometi-
da, por meio de mudanças morfológicas, da coloração da pele, do
surgimento de dor à exploração táctil, da presença de edemas ou
nódulos de tensão muscular (trigger points), detectados na palpa-
ção, mudanças na resistência elétrica, eczemas ou teleangiectasias.
Todas estas reações podem aparecer antes que a enfermidade
se manifeste e também desaparecer depois da cura da doença. Os
pontos diagnosticados como positivos são selecionados para o tra-
tamento, utilizando a estimulação mecânica.
O tratamento consiste na colocação, após assepsia rigorosa, de
um material esférico e de superfície lisa, que pode ser um pequeno
cristal ou mais comumente sementes de mostarda, presos à pele
com pequenos pedaços de esparadrapo, de forma que façam pressão
nos pontos auriculares.
Na prática clínica, tem-se verificado que, ao estimular um ponto
auricular, podemos nos deparar com diferentes manifestações sen-
tidas pelo paciente, como sensação de corrente, energia que corre
pelo corpo, calor que corre pelo pavilhão da orelha e que se reflete
em partes específicas do corpo (FONSECA, 2018).

66
UNIDADE 3

Indica-se que o paciente estimule várias vezes ao dia as esferas e evite deslocar e molhar o espa-
radrapo colocado. As esferas podem permanecer na orelha por um máximo período de sete dias, e
utiliza-se um período mínimo de 24 horas com a orelha livre para refazer o tratamento.
Caso a orelha esteja machucada, com eczemas ou úlceras, a técnica não deve ser empregada. É
necessário também observar os cuidados de higiene geral do paciente.

De uma forma muito simples e didática, o fisioterapeuta Marcos Minello


explica neste vídeo sobre a auriculoterapia.

A Moxabustão (Figura 9) é caracterizada pela combustão de uma quantidade pequena de pó de arte-


mísia vulgaris ou sinensis, estimulando um ponto de acupuntura (SILVA FILHO, 2015).

Figura 9 - Moxabustão

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UNICESUMAR

Utiliza-se a moxabustão em todas afecções onde a acupuntura é contraindicada. A artemísia possui


o poder de extrair a energia Yang do Yin, sendo muito utilizada em crianças, idosos e em pacientes
muito fracos.
Existem duas maneiras de se utilizar as moxas: diretamente sobre o ponto; e indiretamente, colo-
cando-se camadas de sal, gengibre ou alho entre a pele do paciente e a moxa (SILVA FILHO, 2015).
Para preparar as moxas, primeiro deve ser feito um cone pequeno com o pó de artemísia (Figura
10) amassando-o com os dedos. Este, depois, será colocado sobre o acuponto que já estará umedecido
com um pouco de água, isto para melhor fixação do cone. A seguir, coloca-se fogo no cone. Quando a
combustão estiver se aproximando da base, o paciente irá perceber o ardor da queimadura e relatará
ao profissional.

O ideal é retirar a moxa no momento em que se


inicia uma intensa sensação de calor, evitando
assim desconforto e queimaduras. Contudo, isso
depende muito de cada profissional.
Na aplicação, com o objetivo de tonificar um
ponto, deve-se deixar que a artemísia queime,
para depois massagear o ponto com o dedo. Para
sedação, deve-se soprar o fogo, assim a moxa irá
queimar. O ideal é de três a quatro sessões para
sedar, e de sete a dez para tonificar (SILVA FILHO,
2015).

Figura 10 - Preparação da moxa

Caro(a) aluno(a), quer aprender um pouco mais sobre a moxabustão? Dê


uma olhada neste vídeo. Ele explica de uma forma mais detalhada sobre
esta prática da MTC.

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UNIDADE 3

A Ventosaterapia é um tratamento com a utilização de copos (também chamados de cups) (Figura


11) com o objetivo de produzirem vácuo quando são contraídos na pele. O vácuo que é criado na
pele pela ventosa promove sua sucção, é desta maneira que são liberados os tecidos musculares e
há melhora da circulação sanguínea (CAMPOS, 2014).

Figura 11 - Ventosaterapia

A ventosaterapia é um tipo de tratamento natural, no qual são criados vácuos por sucção da pele (por
meio de ventosas). O vácuo formado estimula a circulação sanguínea e com este processo são libera-
das as toxinas existentes do sangue. Quando a circulação é ativada por meio da ventosa, o aumento
de sangue favorece a nutrição de músculos, aliviando as tensões e as dores musculares e articulares.
O funcionamento da ventosa ocorre quando o vácuo libera os tecidos e o sangue fica mais oxige-
nado, nutrindo melhor os tecidos. Isso explica o alívio da fadiga, da tensão muscular e das dores no
paciente. A ventosaterapia também pode ser aplicada na estética, no tratamento de fibroedema geloide
e estrias. Cada sessão de ventosaterapia pode variar de cinco a quinze minutos. Isso irá depender de
cada caso (CHIRALI, 2001).
Dentre os benefícios da ventosaterapia, temos: alívio de dores musculares, desintoxicação do orga-
nismo, fortalecimento dos vasos sanguíneos, alívio de cefaleia, aumento da circulação sanguínea local
e periférica, aumento da produção de líquido sinovial nas articulações, redução de fibroedema geloide
e estrias, e o relaxamento do corpo e da mente.
Entretanto, nem todos podem realizar o procedimento, sendo contraindicado em casos de trom-
boflebite, trombose, distúrbios hemorrágicos, feridas, varizes, fratura no local a ser tratado e febre
(CHIRALI, 2001).
Importante salientar que, por alguns dias, pode ficar dolorido e arroxeado o local da aplicação. Isto
irá depender da quantidade de vácuo que foi imposta à pele, mas nada que atrapalhe a vida cotidiana
do paciente. A reação de pigmentação arroxeada da pele possui relação com a falta de oxigenação do
sangue e com o acúmulo de toxinas na pele (CAMPOS, 2014).

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UNICESUMAR

Indico a você, aluno(a), um vídeo dinâmico e simples sobre os benefícios


da ventosaterapia. O fisioterapeuta Marcos Minello traz informações
bastante relevantes.

Caro(a) aluno (a), a partir deste estudo, você pôde conhecer sobre a etiologia e patogenia das doenças e
disfunções na MTC. Entendê-las é muito importante para que se possa fazer o diagnóstico de qualidade.
E é este diagnóstico, feito com base nos oito princípios, que dará a resposta para o quadro clínico do(a)
paciente em que você, futuro(a) profissional, poderá traçar melhor o plano de tratamento. Dentre as
técnicas de tratamento utilizadas na MTC, você pode estudar sobre a auriculoterapia, moxabustão e
ventosaterapia. Suponha que você irá atender uma pessoa com queixa estética de fibroedema geloide:
quais destas três técnicas aprendidas é a mais indicada para este caso?

70
Os sete sentimentos, Qi Qing, representam as modificações do espírito em reação à
percepção de mensagens emocionais transmitidas pelo ambiente. Os Qi Qing fazem
parte da atividade normal da mente. Após estresses mentais mais intensos, extremos,
brutais e prolongados, eles podem provocar uma desordem funcional no Qi ou no
sangue dos Zang Fu e, aí sim, serem a origem do aparecimento de uma doença. Preen-
cha o mapa mental com estes sete sentimentos e seus conceitos.

Sete Setimentos (Qi Qing)

MAPA MENTAL

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1. Na Medicina Tradicional Chinesa (MTC), o surgimento e o desenvolvimento de uma doença ou
disfunção será a consequência da luta entre “O Correto” e o “O Perverso”. A fraqueza ou força
do Correto determina-se pela existência de diversos fatores. Diante disso, assinale a alternativa
que indique, de forma correta, um destes fatores:
a) A constituição física do indivíduo.
b) A hereditariedade do indivíduo.
c) O meio interno.
d) A genética do indivíduo.
e) A fraqueza adquirida pelo treinamento físico.
AGORA É COM VOCÊ

2. Existem vários métodos de diagnóstico na Medicina Tradicional Chinesa (MTC), sendo o mais
conhecido o “8 princípios” (Ba Gang). Nele, os sintomas de uma doença podem ser agrupados de
modo simples em quatro duplas. Assinale a alternativa que indique informações sobre a dupla
de princípios “interior e exterior”.
a) Estes princípios estão associados à agressão do corpo por fatores patogênicos externos e a
deficiências ou excessos internos.
b) Estes são os princípios mais importantes na base da patologia, fisiologia e diagnóstico da MTC.
c) Estes princípios se referem à profundidade da doença ou disfunção, bem como à direção da
sua evolução.
d) Um está relacionado à insuficiência da energia vital, enquanto o outro está relacionado ao pre-
domínio da energia perversa.
e) É o mesmo que Yin e Yan.

3. É um tratamento com a utilização de copos, com o objetivo de produzirem vácuo quando são
contraídos na pele. O vácuo que é criado na pele promove sua sucção, é desta maneira que são
liberados os tecidos musculares e há melhora da circulação sanguínea. Assinale a alternativa que
indique a técnica da Medicina Tradicional Chinesa descrita no enunciado.
a) Moxabustão.
b) Auriculoterapia.
c) Acupuntura.
d) Ventosaterapia.
e) Tai Chi Chuan.

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1. A. A constituição física está ligada, principalmente, à hereditariedade, à genética, visto que as qualidades
físicas transmitidas pelos pais a seus descendentes irão formar os caracteres específicos do indivíduo. Por
sua vez, o estado mental tem ação imediata na atividade e capacidade funcional do Qi e do sangue dos
órgãos e consequente ação sobre a fraqueza ou força do Correto.

2. C. Os princípios de interno e externo se referem à profundidade da doença ou disfunção, bem como à


direção da sua evolução. As doenças externas são relativas às camadas superficiais do corpo, tendendo à
penetração do exterior para o interior do organismo. Por outro lado, as internas acontecem no interior do
corpo, podendo se instalar em níveis mais profundos.

3. D. A ventosaterapia é um tipo de tratamento natural, no qual são criados vácuos por sucção da pele (por
meio de ventosas). O vácuo formado estimula a circulação sanguínea e, com este processo, são liberadas

CONFIRA SUAS RESPOSTAS


as toxinas existentes do sangue. Quando a circulação é ativada por meio da ventosa, o aumento de sangue
favorece a nutrição de músculos, aliviando as tensões e as dores musculares e articulares.

73
ARCE, J. A. G. Medicina Tradicional Chinesa. São Paulo: Editora Isis, 2018.

AUTEROCHE, B.; NAVAILH, P. O Diagnóstico na Medicina Chinesa. São Paulo: Andrei, 1992.

CAMPOS, A. Ventosaterapia: o resgate da antiga arte da longevidade. São Paulo: Andreoli, 2014.

CHIRALI, I. Z. Ventosaterapia - Medicina Tradicional Chinesa. São Paulo: Roca, 2001.

FONSECA, W. P. Acupuntura Auricular Chinesa. 3. ed. São Paulo: ABAO, 2018.

HUIHE, Y.; BAINE, Z. Teoria Básica da Medicina Tradicional Chinesa. Rio de Janeiro: Atheneu, 2012.

MACIOCIA, G. Os Fundamentos da Medicina Chinesa. São Paulo: Roca, 2017.

SCAVONE, A. M. P. Manual de Auriculoterapia Acupuntura Auricular: Francesa e Chinesa. [s.l.]: Kindle,


2016.

SILVA, G. A. 26 Dicas de Saúde da Medicina Oriental. São Paulo: Longevidade.net, 2009. Disponível em:
https://www.academia.edu/10547636/26_Dicas_de_Sa%C3%BAde_da_Medicina_Oriental-_Gilberto_An-
t%C3%B4nio_Silva_26_Dicas_de_Sa%C3%BAde_da_Medicina_

Oriental. Acesso em: 05 jun. 2020.

SILVA FILHO, R. C. Moxabustão Chinesa: A arte do fogo. São Paulo: Editora Brasileira de Medicina
Chinesa, 2015.
REFERÊNCIAS

74
75
MEU ESPAÇO
MEU ESPAÇO

76
77
MEU ESPAÇO
MEU ESPAÇO

78
4
Métodos da Medicina
Tradicional Chinesa
Utilizados para a
Qualidade de Vida
Dr. Daniel Vicentini de Oliveira

OPORTUNIDADES
DE
APRENDIZAGEM
Na Unidade 4, você terá a oportunidade de estudar sobre algumas outras
técnicas da Medicina Tradicional Chinesa (MTC), como o Tui Ná, fitoterapia
chinesa, dietoterapia chinesa, e algumas práticas físicas, como a prática
do Qi Gong, Lian Gong e de Tai Chi Chuan. Estas são técnicas aplicadas em
diversas situações, mas sempre com um objetivo em comum: melhorar a
qualidade de vida das pessoas. Preparado(a)? Vamos lá!
UNICESUMAR

Olá, estudante! Dentro das práticas da Medicina Tradicional Chine-


sa (MTC), a terapia fitoterápica é muito utilizada, pois é reconhecida
como tratamento de doenças internas, cujo funcionamento ocorre
por meio da ingestão de ervas. Sabe aquele chá, que sua mãe, avó ou
quem cuidou de você lhe servia quando você era criança e estava
com dor, algum desconforto ou falta de sono? Você sabia que eles
podem estar relacionados com o conceito yin-yang? De acordo com
a filosofia da MTC, a fisiologia, as patologias e as terapias podem
ser interpretadas sob a óptica do conceito yin-yang. Então, o que
ingerimos também influencia no nosso bem-estar? Podemos cuidar
da nossa família com o que colocamos na mesa nas refeições?
A MTC utiliza métodos diferentes para prevenir e combater os
diversos problemas de saúde que acometem as pessoas. Um desses
métodos é a Dietoterapia Chinesa, que utiliza de alguns alimentos
e nutrientes para a prevenção e cura de doenças e disfunções cor-
porais. O conhecimento destes alimentos e nutrientes é essencial
para a aplicação correta nos pacientes. Por exemplo, a utilização de
chá verde, preto ou mate no período da noite deve ser evitada em
pacientes que possuem queixas de dificuldade no sono.
Agora é hora de experimentar. Pesquise e verifique os possíveis
métodos utilizados na MTC. Aproveite e busque informações sobre
malefícios e/ou efeitos colaterais de se utilizar um método errado
em uma doença específica. Boa pesquisa!

80
UNIDADE 4

A partir da pesquisa que você fez, quais são as principais razões de muitos métodos serem escolhidos
de forma errada? O que poderia ser feito para que isso não ocorresse?
Caro(a) estudante, lembre-se que são sete os principais métodos da MTC: Acupuntura (inclusive
a auriculoterapia), Moxabustão, Ventosaterapia, Tui Ná, Fitoterapia Chinesa, Dietoterapia Chinesa e
Práticas Físicas (Kata, Zhan Zhuang, Baduanjin, Lian gong, Qi gong, e Tai Chi Chuan). A auriculotera-
pia, a moxabustão e a ventosaterapia foram abordadas na unidade anterior. Veja agora sobre as demais.
A Tui Ná é uma prática da MTC baseada em técnicas de massagem corporal (Figura 1). Ela
é realizada por meio de massagem sob os pontos da acupuntura corporal, com o objetivo de
desbloquear as estagnações e tonificar ou dispersar as energias. Esta prática auxilia também no
tratamento e prevenção de doenças e disfunções diversas (ARCE, 2018).

Figura 1 - Massagem Tui Ná

Esta técnica foi desenvolvida pelo Dr. Zhuang Yuan Ming (Figura 2) e Zhuang Jian Shen (Figura 3),
seu filho.

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UNICESUMAR

Figura 2 - Dr. Zhuang Yuan Ming Figura 3 - Zhuang Jian Shen (de branco)
Fonte: CPAE Virtual (2011, on-line)1. Fonte: China Kompass (2017, on-line)2.

Conforme Huihe e Baine (2012), os pontos a serem massageados localizam-se nos locais em que a
energia Qi se conecta com a superfície corporal. E como benefícios da técnica podemos citar:
• Melhorar a função dos órgãos.
• Aumentar o metabolismo.
• Melhorar o sistema imunológico.
• Melhorar circulação do Qi e do Sangue na região afetada.
• Melhorar a função das articulações, tendões, músculos.
• Auxiliar na eliminação da fadiga.
• Restaurar a vitalidade.
• Diminuir a dor local ou irradiada.

Para aplicação da técnica da Tui Ná, o profissional e paciente devem ficar em uma posição que faci-
lite as manobras. O profissional deve localizar o acuponto ou ponto de dor e realizar as manobras de
soltura nestes locais.
Os principais métodos do Tui Ná são: Tui Fá (empurrar com os dedos, palma das mãos e punho -
Figura 4), Na Fá (beliscar - Figura 5), Guan Fá (rolamento - Figura 6), Rou Fá (amassamento), Cou Fá
(esfregar), Ji Fá (percutir - Figura 7), Pai Fá (tapotagem) (ARCE, 2018).

82
UNIDADE 4

Figura 4 - Tui Fá

Figura 5 - Na Fá

Figura 6 - Guan Fá

83
UNICESUMAR

Figura 7 - Ji Fá

Para conhecer ainda mais sobre as téc-


nicas da massagem Tui Ná, assista esta
videoaula indicada.

A fitoterapia chinesa é outra técnica de tratamento da MTC e


se baseia em cinco mil anos de conhecimento de gerações sobre
o uso de plantas medicinais e outros elementos. O objetivo da
fitoterapia chinesa inclui o alívio de sinais e sintomas indesejados
e a restauração da capacidade do corpo para promover o estado
de saúde (HUIHE; BAINE, 2012).
Esta técnica se utiliza de substâncias encontradas na natureza,
sendo de origem animal, mineral ou vegetal, aplicadas de diferentes
formas: líquida – Figura 8 –, sólida, inalada ou aplicada na pele
(SILVA, 2009).

84
UNIDADE 4

Figura 8 - Fitoterapia Chinesa

Em média, são mais de 5.000 tipos de ervas existentes que podem


ser utilizadas na fitoterapia. As formulações utilizam uma erva
principal que determina a ação da fórmula, mas outros tipos de
ervas podem ser utilizadas concomitantemente, potencializando
a ação da principal. Podem ser incluídos, ainda, outros tipos de
substâncias naturais.
As plantas utilizadas na fitoterapia chinesa são classificadas
conforme os cinco elementos e sabores da MTC, aplicando-se de
diferente forma para cada tipo de doença ou disfunção, atuando
especificamente em cada órgão (SILVA, 2009).
Existem, atualmente, no mercado, vários suplementos disponí-
veis com as plantas da MTC como parte da composição. São opções
industrializadas que podem também ser utilizadas como auxílio no
tratamento das doenças e na melhora da imunidade (ARCE, 2018).
Os fitoterápicos são classificados da seguinte maneira:
• Quanto à natureza: frio, quente ou neutro.
• Quanto ao sabor: amargo, azedo, salgado, doce e picante.
• Quanto à função no organismo.
• Quanto à direção (para baixo, para cima, profundo, super-
ficial).
• Quanto ao vaso de atuação principal.

A prática de utilizar ervas está presente em todo o território na-


cional, independentemente das diferenças das regiões. As ervas, de
forma geral, têm sido utilizadas por questões culturais e econômicas,
por serem de baixo custo quando comparadas aos medicamentos
alopáticos.

85
UNICESUMAR

Quando utilizadas de forma correta, as plantas não apresentam


riscos de intoxicação, visto que possuem ação lenta e, por meio de
seus elementos naturais, protegem as pessoas que as utilizam com
frequência contra acúmulo de princípio ativo. Isso não ocorre com
os medicamentos alopáticos. Diante disso, o fitoterápico pode ser
conhecido como uma terapia de tratamento suave.
A fitoterapia na MTC é indicada, geralmente, em quadros de
dor crônica (lombalgia, por exemplo), vertigem, zumbidos, sudo-
rese noturna, hipoacusia, incontinência urinária, espermatorreia,
diabetes mellitus tipo 1 e 2, nictúria, dentre outros.
Quando tratamos de Dietoterapia Chinesa, devemos lembrar
que, na MTC, os alimentos apresentam propriedades capazes de
prevenir e tratar doenças, além de equilibrar energizar o corpo.
Eles influenciam na constituição física do indivíduo, interagem
com medicamentos e alteram o metabolismo e a energia corporal.
Na alimentação chinesa, a classificação entre yin e yang distingue
os alimentos de acordo com sua natureza, sendo divididos como:
frios, frescos, neutros, mornos ou quentes. Além deste aspecto, a
classificação dos cinco elementos atua sobre os alimentos, sendo
que cada elemento corresponde a um sabor específico, relacionado a
recomendações individuais e a contextos específicos, dependendo do
estado de saúde do indivíduo e do ambiente em que vive (COURY;
SILVA; AZEVEDO, 2007 apud NAVOLAR; TESSER; AZEVEDO,
2012). Os alimentos na MTC são classificados conforme com seu
sabor, no total de cinco, relacionando-se com cada órgão do corpo:
• Amargo: relação com o coração. Alimentos que possuem
características moderadoras, calmantes, tonificantes e que
aliviam dores agudas.
• Doce: pâncreas e baço. Alimentos que aliviam sintomas e
fortalecem a função dos órgãos.
• Salgado: rins. Alimentos que reduzem sintomas de inflamações.
• Ácido: fígado. Alimentos que estabilizam a energia principal.
Mantêm a nutrição do corpo, reduzem edemas, diminuem
a toxicidade corporal.
• Picante: pulmões. Alimentos que eliminam os agentes pato-
lógicos. Promovem a circulação da energia principal.

Os alimentos também são classificados pelo seu potencial térmico. Por


exemplo, especiarias, café (Figura 9), óleos, componentes gordurosos
e nozes geram calor. Vegetais, frutas e bebidas frias induzem frio no
organismo.

86
UNIDADE 4

Figura 9 - Café

Para a MTC, alguns alimentos possuem características que podem


auxiliar na prevenção e tratamento de doenças e disfunções psico-
lógicas e físicas. No entanto, indica-se consumir 80% de alimentos
alcalinizantes e 20% de alimentos acidificantes.
Os alimentos alcalinos previnem problemas de proliferação de
bactérias, fungos e vírus. Como exemplos de alimentos alcalinos,
temos alguns: aspargo, alho (Figura 10), sal marinho, azeite de oliva,
orégano, couve, salsão, alface, couve flor, cogumelo, azeitona, coco,
carboidratos complexos, ervilha, castanha do Pará, algas marinhas,
mel natural, gengibre (Figura 11), quinoa, tomate, cenoura, batata
doce, abobrinha, milho verde, queijo, leite de soja, repolho, avelãs,
beterraba, feijão verde, pepino, espinafre cru, brócolis, quiabo, salsa,
alecrim, e algumas frutas, como melancia (Figura 12), limão, tâmara,
melão, uva, banana, cereja, abacaxi, figo etc.

Figura 10 - Alho

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UNICESUMAR

Figura 11 - Gengibre Figura 12 - Melancia

Os alimentos acidificantes são: pão de trigo, carnes (Figura 13), manteiga e margarina, ovos, sementes
de gergelim (Figura 14), girassol e abóbora, leite e derivados, mel processado, chá preto, mate, batata
sem casca, cacau, milho, feijões, arroz branco, centeio, aveia (Figura 15), açúcar, maionese, geleia, vinagre,
mostarda, biscoitos, massas, sorvete, nozes, amendoim, castanha de caju, refrigerante, bebidas alcoóli-
cas, chocolate, adoçantes artificiais, alimentos cristalizados e industrializados, frituras, dentre outros.

Figura 13 - Carnes

Figura 14 - Sementes de Gergelim Figura 15 - Aveia

88
UNIDADE 4

Cada órgão corporal terá benefícios diversos de acordo com os


alimentos ingeridos. Por exemplo, a ingestão de ômega 3 por meio
de peixe possui um efeito antimetastático no câncer de próstata e
mama. Castanhas do Pará possuem potássio e fósforo que são bons
para o coração, é antioxidante, melhora o funcionamento da tireoide
e do sistema imunológico, protege os neurônios.
Nozes possuem gorduras poli-insaturadas diminuem os níveis
do colesterol LDL, aumenta o HDL e mantém as triglicérides baixas.
Contêm ômega-3 e 6, zinco, potássio, vitaminas C e E e arginina. São
antioxidantes, funcionando como agentes que previnem o câncer.
Brotos também são excelentes fontes de nutrientes. O broto de
feijão (Figura 16) possui ferro, cálcio, vitamina e proteínas. Broto
de quinoa é rico em ferro, ácido fólico, magnésio, cobre, fósforo,
manganês, zinco e potássio. O broto de girassol é fonte de subs-
tâncias antioxidantes e anti-inflamatórias, que promovem o bom
funcionamento do organismo. Por sua vez, o broto de bambu é rico
em cálcio, proteína vegetal, fibras, fósforo e vitaminas C, B1 e, B2.

Figura 16 - Broto de Feijão


Os vegetais verde escuros, como brócolis, agrião, espinafre e couve,
são excelentes fontes de minerais, vitaminas e fibras. Um destaque é
o ácido fólico, importante durante a gestação, auxiliando na forma-
ção do sistema nervoso do feto. Estes vegetais também são fontes de
ferro, prevenindo a anemia ferropriva, e de magnésio, que auxilia
na produção de energia pelo organismo.

89
UNICESUMAR

Alimentos amargos também são bastante utilizados na dietotera-


pia da MTC. O jiló, por exemplo, contém antioxidantes e flavonoides
que melhoram a saúde do coração, impedindo que o colesterol LDL
(ruim) seja aderido às artérias. Além disso, ajuda na perda de peso. O
quiabo, por sua vez, é rico em minerais, vitaminas A e do complexo
B. É uma grande fonte de fibras, que, mais facilmente, absorvem e
eliminam gorduras e ajudam no funcionamento do intestino.
As frutas cítricas (Figura 17) fortalecem o sistema imunológico,
agindo contra gripes, resfriados e infecções. O ácido cítrico presente
nessas frutas melhora a viscosidade do sangue. Como exemplo
temos o limão, acerola, laranja, tangerina, abacaxi. Em especial, os
flavonoides cítricos das laranjas, reduzem lipídios e previnem o
envelhecimento das células.

Figura 17 - Frutas cítricas

O Lian Gong (Figura 18) é uma técnica da MTC, oriunda do


Qi Gong, e que une medicina terapêutica e cultura física. Com-
preende um conjunto de exercícios que objetiva prevenir e tratar
doenças crônicas e também dores nos ombros, pescoço, cintura
e pernas.

90
UNIDADE 4

Consiste em exercícios criados especificamen-


te para a prevenção e o tratamento de dores
diversas, cujos distúrbios têm como elemento
comum o bloqueio/obstrução de Qi do sangue,
que afeta a morfologia e fisiologia dos órgãos
corporais.
O protocolo do Lian Gong é composto de 54
exercícios organizados em três partes com 18
exercícios cada. A primeira parte é a Lian Gong
Anterior, organizada em três séries, com seis exer-
cícios cada, em um total de 18 exercícios. Estes
são indicados para a prevenção e o tratamento e
prevenção de doenças nos ombros, pescoço, glú-
teos, região lombar e pernas.
A segunda parte é a Lian Gong posterior, divi-
dida em três séries, em um total de 18 exercícios
para prevenção e o tratamento e prevenção de
dores em articulações das extremidades (mãos
Figura 18 - Lian Gong e pés), epicondilite, tenossinovites e disfunções
funcionais dos órgãos internos.
A terceira e última parte é o Qi Gong (que você verá a seguir), composto de 18 exercícios com o
objetivo de prevenir e tratar e prevenir diversas doenças crônicas.
Em todas as partes, os exercícios são realizados por meio de movimentos que podem ser combinados
com as massagens nos pontos de acupuntura. Isto para harmonizar as funções dos órgãos internos,
harmonizar o Qi e o sangue, melhorar a função dos músculos respiratórios e aumentar a capacidade
do organismo de se prevenir e de se recuperar das doenças respiratórias.
O Lian Gong fortalece o Qi correto e afasta o Qi perverso, desperta o corpo, as funções fisiológicas
e a capacidade de adaptação às mudanças internas e externas.
Os exercícios são realizados em pé, acompanhados por uma música desenvolvida para a prática,
que orienta a sua realização, estabelecendo um ritmo por meio de uma contagem e induzindo um
tempo de execução.

Aprenda e pratique exercícios da primeira parte do Lian Gong com esta


videoaula.

91
UNICESUMAR

Também chamado de Chi Kung, o Qi Gong significa “circular ou


cultivar a energia”. É uma prática corporal clássica da MTC e é
pioneira de outras técnicas como Lien Chi e Liam Gong. Possui
origem no período da Dinastia Han (206 a.C. a 220 d.C.), porém
a sua expressão data do início do século XX. Compreende um
conjunto de exercícios e de respiração (Figura 19) que direta-
mente atuam na interação corpo e mente.

Figura 19 - Qi Gong

Sob um ponto de vista mais holístico da vida, o Qi Gong objetiva


aproveitar o Qi como uma forma de transcendência do ser. A cir-
culação do Qi pode ser mais ampla, visto que o praticante do Qi
Gong consegue direcionar a energia para partes mais específicas do
corpo que necessitam de tratamento ou um melhor fluxo de energia.
Qi Gong é um conceito relacionado às artes marciais, assim
como o Tai Chi Chuan, e é considerada uma técnica milenar que
une, consecutivamente, expansão e desenvolvimento da consciência
mental e física, e habilidades de luta (HUIHE; BAINE, 2012).
Dentre os principais benefícios dos praticantes de Qi Gong,
destacam-se:
• Restabelecer a circulação adequada da energia e do sangue
pelo corpo.
• Melhorar a circulação sanguínea, a respiração e a digestão.
• Aliviar o estresse do dia a dia.
• Absorver e armazenar o Qi.
• Eliminar energias negativas por meio do fortalecimento do
sistema imunológico.

92
UNIDADE 4

O Qi Gong pode ser dividido basicamente em duas categorias


diferentes: estático e dinâmico. O dinâmico contempla diversos
exercícios físicos que integram corpo e mente por meio do foco na
respiração e nas visualizações. Esta modalidade melhora as articu-
lações, tendões e ossos e fortalece os músculos, além da mudança
na frequência mental (MACIOCIA, 2017).
Por outro lado, o estático pode ser compreendido como medita-
tivo, pois utiliza de exercícios de visualização criativa e meditações
guiadas, com foco na atenção da mente em imagens específicas.
Nesta modalidade, é possível alterar a frequência cerebral, o que
favorece tanto o relaxamento mental quanto os processos de cura
de doenças.
Dentre as sequências de Qi Gong, brevemente, vamos focalizar, o
Lian Gong, ou Lian Gong Shi Ba Fa, ou Lian Gong em 18 Terapias.
Veja a seguir.
O Tai Chi Chuan, ou Tai Chi como é comumente chamado,
significa “fim supremo”. De origem incerta, há registros de que foi
desenvolvido no século XIII, na China. Esta técnica abrange uma
série de movimentos lentos e específicos (Figura 20) com o obje-
tivo de o praticante se conectar com sua própria energia superior,
aliando-se ao Qi.
Há evidências crescentes de que essa prática mente-corpo, origi-
nada como arte marcial, tem valor no tratamento ou prevenção de
muitos problemas de saúde das pessoas, promovendo o equilíbrio
entre o Yin e Yang.

Caro(a) aluno(a), a videoaula que lhe indico apresenta as posições e mo-


vimentos básicos para se realizar o Tai Chi Chuan.

93
UNICESUMAR

REALIDADE
AUMENTADA

Figura 20 - Tai Chi Chuan

Os movimentos são relaxantes, desenvolvidos para estabilizar o


equilíbrio do Yin e Yang, as forças vitais do organismo, aumentando
a funcionalidade do corpo. A prática destes suaves movimentos, gera
um impacto positivo na saúde do praticante de Tai Chi Chuan, prin-
cipalmente em relação ao sistema nervoso central, construindo uma
base para melhorar os outros demais sistemas orgânicos do corpo.
Posição Básica do Tai Chi
Chuan - O Wu Chi Neste exercício de baixo impacto e câmera lenta, o indivíduo fica
sem fazer uma pausa em uma série de movimentos nomeados para
ações com animais ou movimentos de artes marciais. À medida que
se move, a pessoa respira profunda e naturalmente, concentrando
sua atenção – como em alguns tipos de meditação – em suas sen-
sações corporais.
Existem várias formas de Tai Chi Chuan, sendo que alguns uti-
lizam espadas leques, espadas (Figura 21) bastões, em que os prati-
cantes procuram expressar a beleza dos movimentos (MACIOCIA,
2017).

Figura 21 - Tai Chi Chuan com Espada

94
UNIDADE 4

No Tai Chi Chuan, todas as partes do corpo são solicitadas a trabalhar em conjunto, em vez de focar no
fortalecimento isolado das partes. A respiração acontece de forma natural, integrada aos movimentos.
Os batimentos cardíacos se tornam suaves e cadenciados, possibilitando a melhora da capacidade
cardiorrespiratória e circulação sanguínea. Além disso, no Tai Chi Chuan trabalha-se bastante a região
abdominal, os órgãos internos são massageados, melhorando o metabolismo e a digestão.
A mente dirige a execução dos movimentos do corpo, favorecendo a concentração e a conscien-
tização, proporcionando a melhora da coordenação motora e reduzindo o nível de stress. A prática
estimula também as qualidades relacionadas ao caráter, tais como perseverança, paciência e tolerância,
o que resulta em uma sensação de bem-estar.
Dessa forma, muito embora o Tai Chi Chuan seja uma arte marcial, os seus benefícios se refletem
em vários aspectos da vida do praticante, como aumento da longevidade, qualidade de vida, serenida-
de e bem-estar. Vale acrescentar, também, que os fundamentos do Tai Chi Chuan têm sua origem no
Taoísmo, baseando-se na relação entre as polaridades opostas e complementares (Yin e Yang). A prática
do Tai Chi Chuan também é considerada uma “meditação em movimento” (WAI, 2014).
São vários os benefícios do Tai Chi Chuan, como, por exemplo:
• Aumentar a vitalidade e a disposição.
• Fortalecer o sistema nervoso central.
• Aumentar a concentração, memória e atenção.
• Desenvolver potencial espiritual e mental.
• Equilibrar os sistemas orgânicos do corpo.
• Melhorar o equilíbrio e a serenidade das emoções.
• Diminuir o estresse e a sobrecarga mental.
• Aumentar a flexibilidade.
• Relaxar a musculatura.
• Fortalecer o sistema imunológico.
• Prevenir doenças.

Caro(a) aluno(a), a partir deste estudo você pôde conhecer sobre outros métodos de tratamento que
contemplam a MTC. Entendê-los é essencial para que o profissional possa aplicá-los com segurança
e eficiência em cada caso. Suponha que você domina as técnicas do método Tui Ná e irá atender uma
pessoa com queixa de dor e tensão muscular no pescoço. Quais técnicas da Tui Ná você utilizará?

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Sete são os principais métodos de prevenção e tratamento de doenças e disfunções da
Medicina Tradicional Chinesa (MTC). Conhecê-los e entendê-los é essencial para o
profissional que for atuar com a MTC. No mapa mental abaixo, preencha as lacunas
com o nome destes sete métodos.

Sete Métodos da MTC


MAPA MENTAL

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1. Essa é um método da Medicina Tradicional Chinesa baseado em técnicas de massagem corporal,
realizada por meio de massagem sob os pontos da acupuntura corporal, com o objetivo de des-
bloquear as estagnações e tonificar ou dispersar as energias. Assinale a alternativa que indique
o método a que se refere a informação acima:
a) Dietoterapia chinesa.
b) Tai Chi Chuan.
c) Tui Ná.
d) Fitoterapia chinesa.
e) Qi Gong.

AGORA É COM VOCÊ


2. A fitoterapia é outra técnica de tratamento da MTC e se baseia em cinco mil anos de conhecimento
de gerações sobre o uso de plantas medicinais e outros elementos. Sobre a fitoterapia chinesa,
analise as afirmativas abaixo:
I) O objetivo da fitoterapia chinesa inclui o alívio de sinais e sintomas indesejados.
II) Restaurar a capacidade do corpo para promover o estado de saúde não é um dos objetivos
da fitoterapia chinesa.
III) Esta técnica se utiliza de substâncias encontradas na natureza, sendo de origem animal, mineral
ou vegetal, aplicadas de diferentes formas.
IV) As formulações utilizam uma erva principal que determina a ação da fórmula.

São corretas, apenas:


a) III e IV.
b) I e II.
c) I, II e IV.
d) I, III e IV.
e) II e III.

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3. O Lian Gong é uma técnica chinesa e que une medicina terapêutica e cultura física. Compreende
um conjunto de exercícios que objetiva melhorar a saúde de seus praticantes. Assinale a alter-
nativa sobre o Lian Gong.
a) Consiste em exercícios criados especificamente para a prevenção, mas não para o tratamento
de doenças.
b) Trata doenças que têm como elemento comum o bloqueio/obstrução de Qi do sangue, que afeta
a morfologia e fisiologia dos órgãos corporais.
c) O protocolo do Lian Gong é composto de 34 exercícios organizados em três partes.
d) A primeira parte do protocolo do Lian Gong é o Lian Gong Posterior.
AGORA É COM VOCÊ

e) A segunda parte do protocolo do Lian Gong é indicada para a prevenção e o tratamento e pre-
venção de doenças nos ombros, pescoço, glúteos, região lombar e pernas.

98
1. C. O Tui Ná é uma prática da MTC baseada em técnicas de massagem corporal, realizada por meio de mas-
sagem sob os pontos da acupuntura corporal, com o objetivo de desbloquear as estagnações e tonificar
ou dispersar as energias.

2. D. O objetivo da fitoterapia chinesa inclui o alívio de sinais e sintomas indesejados e a restauração da ca-
pacidade do corpo para promover o estado de saúde. Esta técnica se utiliza de substâncias encontradas
na natureza, sendo de origem animal, mineral ou vegetal, aplicadas de diferentes formas (sólida, inalada,
aplicada na pele). As formulações utilizam uma erva principal que determina a ação da fórmula, mas outros
tipos de ervas podem ser utilizadas concomitantemente.

3. B. O Lian Gong consiste em exercícios criados especificamente para a prevenção e o tratamento de dores
diversas, cujos distúrbios têm como elemento comum o bloqueio/obstrução de Qi do sangue, que afeta

CONFIRA SUAS RESPOSTAS


a morfologia e fisiologia dos órgãos corporais. O protocolo do Lian Gong é composto de 54 exercícios or-
ganizados em três partes com 18 exercícios cada. A primeira parte é a Lian Gong Anterior, organizada em
três séries, com seis exercícios cada, em um total de 18 exercícios. Estes são indicados para a prevenção e
o tratamento e prevenção de doenças nos ombros, pescoço, glúteos, região lombar e pernas.

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UNICESUMAR

ARCE, J. A. G. Medicina Tradicional Chinesa. São Paulo: Editora Isis, 2018.

HUIHE, Y.; BAINE, Z. Teoria Básica da Medicina Tradicional Chinesa. Rio de Janeiro: Atheneu, 2012.

MACIOCIA, G. Os Fundamentos da Medicina Chinesa. São Paulo: Roca, 2017.

NAVOLAR, T. S.; TESSER, C. D.; AZEVEDO, E. Contribuições para a construção da Nutrição Complementar
Integrada. Interface – Comunicação, Saúde, Educação, v. 16, n. 41, p. 515-527, abr./jun. 2012. Disponível
em: https://www.scielo.br/pdf/icse/v16n41/aop2412. Acesso em: 19 jun. 2020.

SILVA, G. A. 26 Dicas de Saúde da Medicina Oriental. São Paulo: Longevidade.net, 2009. Disponível em:
https://www.academia.edu/10547636/26_Dicas_de_Sa%C3%BAde_da_Medicina_Oriental-_Gilberto_Ant%-
C3%B4nio_Silva_26_Dicas_de_Sa%C3%BAde_da_Medicina_Oriental. Acesso em: 05 jun. 2020.

WAI, C. K. Tai Chi Chuan estilo Yang Tradicional. 1. ed. São Paulo: Barany Editora, 2014.

REFERÊNCIAS ON-LINE

Em: http://cpaevirtual.blogspot.com/2011/04/sobre-o-lian-gong-em-18-terapias.html. Acesso em: 19 jun. 2020.


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2
Em: https://chinakompass.wordpress.com/category/qigong-und-tcm/. Acesso em: 19 jun. 2020.

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