Você está na página 1de 3

UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO

ESCOLA DE EDUCAÇÃO FÍSICA E ESPORTE DE RIBEIRÃO PRETO

Cenário 8 – Ética do melhoramento

Grupo 6: Beatriz Hipolito Soares, n° USP: 12530161

Inae Santos Nascimento, n° USP: 11879957

Jhonattan Menegon, n° USP: 11013850

João Vitor Cerqueira Reschiliani, n° USP: 11294232

Lucas Campoli Defendi, n° USP: 10726328

Lucas Esposito dos Santos, n° USP: 12692516

Vitor Hugo de Araújo Constantino, n° USP: 12529760

Ribeirão Preto

2021
1) Em que diferem as intenções de Tanaka e de Belfort de competir em idades
mais avançadas que a de seus adversários? O que essas intenções presumem
quanto ao relacionamento com a natureza humana?

Resposta: Às intenções de Tanaka e de Belfort, quanto a competir em idades mais


avançadas, se diferenciam no momento em que Tanaka, utilizaria do estado
normativo de seu corpo, testando suas habilidades e se ainda teria a mesma
mobilidade para lutar de quando era mais jovem. Tanaka- “Eu queria saber se,
embora sempre treinando, aos 39 anos, já sem a mesma velocidade e agilidade de
antes, eu ainda era Tanaka, se eu ainda podia vencer”. Já na concepção de Belfort,
ele então, introduziria o uso da Terapia de Reposição de Testosterona (TRT),
alterando assim seu metabolismo e saindo do estado de testosterona normal de seu
corpo, para que, desta forma, no pensamentos de Belfort, seria uma forma de se
igualar aos seus adversários independente da idade e sanidade corporal - “o TRT
não lhe daria vantagens em relação aos adversários, apenas igualaria uma condição
que o aumento da idade subtrai, isto é, equilibrar os níveis de hormônio entre os
oponentes mais velhos e os mais jovens”.
Desta forma, as intenções de Tanaka e Belfort em relação a natureza humana, se
presumem, na aceitação de Tanaka quanto a idade e a sensatez com seu corpo e os
limites dele, pois a natureza do corpo humano é envelhecer de maneira natural e ir
perdendo a agilidade que tivera quando jovem. Já Belfort, ultrapassa este
pensamento, sugerindo a utilização de hormônios extra corporais para se igualar aos
seus adversários, o que não é natural do corpo humano, deste modo, não há
aceitação do seu estado com a natureza humana no momento da luta, querendo
sempre estar ao nível de seus adversários independentemente da idade.

2) Belfort recorre a um argumento de justiça em sua defesa do TRT: seu uso o


colocaria em condições equivalentes às de seus adversários. A) Nesse caso,
qual dilema ético subjaz à defesa do TRT por parte de Belfort? B) Por que seu
argumento pode ser considerado falho?

Resposta:
a) Belfort usa como argumento para o uso do TRT (Terapia de Reposição de
Testosterona) a diferença hormonal entre atletas mais jovens - os quais
competiriam com ele - e a idade de Belfort, a qual contribui para uma
desregularização hormonal, assim, a terapia seria para que houvesse uma
igualdade entre os competidores. Entretanto, o uso da terapia afeta na
segurança e na justiça em competições, segundo Sandel, já que os
esteróides geram alguns efeitos colaterais e estes podem comprometer a
saúde de quem os usa. Dessa maneira, o dilema ético consiste no uso
dessas terapias sem que haja nenhum estado patológico no atleta, mesmo
que cientes dos riscos à sua saúde, apenas para que haja um melhor
desenvolvimento físico. Isso fica claro neste trecho do livro “Contra a
perfeição”: “O dilema moral surge quando as pessoas utilizam tais terapias
não para curar uma doença, e sim para ir além da saúde, para melhorar suas
capacidades físicas ou cognitivas, para erguer-se acima da norma geral.”
(Sandel, 2013, p. 21). Então, o uso da terapia, em Belfort, provocaria um
privilégio sobre os outros competidores.
b) O argumento de Belfort pode ser considerado falho a partir do momento em
que se tem a comparação entre o normal e patológico. Segundo o texto - “O
dilema moral surge quando as pessoas utilizam tais terapias não para curar
uma doença, e sim para ir além da saúde, para melhorar suas capacidades
físicas ou cognitivas, para erguer-se acima da norma geral.” (Sandel, 2013,
p. 21), fica explícito que se o indivíduo não necessita da ingestão de
hormônios para a saúde, este, estaria utilizando acima do normal e de sua
natureza, caracterizando assim, uma vantagem em relação aos demais, o
que não é permitido em competições como o MMA. Ademais, o uso em
excesso desses hormônios, podem desencadear doenças de quem faz o
uso. Portanto, assim, o argumento de Belfort pode ser considerado falho.

3) Sangramentos abundantes (provocados por cotoveladas) dariam visibilidade


ao show e atrairiam parcelas significativas de audiência ao UFC. A considerar
pelo argumento de Machida, qual motivo de admiração esportiva pode ser
ameaçado pela ênfase nessa espetacularização? Em que precisamente
consistiria essa admiração no caso dessa modalidade específica, o MMA?

Resposta: Levando em consideração o argumento de Machida, este defende a


proibição das cotoveladas no MMA, pois esses movimentos contribuem para a
ameaça da admiração esportiva. De modo que, as cotoveladas propiciam danos
com sangramentos abundantes, o que de fato atrairia visibilidade ao show, mas,
entretanto estes golpes, segundo Machida, são capazes de definir o resultado de
uma luta sem que necessariamente exista uma grande habilidade esportiva, o que
não permitiria perceber a diferença de qualidade de um atleta em relação à outro.
Assim, a admiração pelo MMA se constituiria em bater e derrotar brutalmente o
oponente, sem que houvesse espaço para a admirar a preparação do atleta, seu
controle de peso em certa categoria, a preparação técnica de seus movimentos,
entre outro processo importantes para a vitória de um lutador.
Essa troca de valores é perceptível no texto de Sandel: “Alguns modos de jogar e de
se preparar para a competição,correm o risco de transformar o jogo em outra coisa -
algo menos parecido com um esporte e mais parecido com um espetáculo” (Sandel,
2013, p. 48), “Os espetáculos ao isolarem e exagerarem por meio de artifícios
alguma característica marcante de um esporte, depreciam os talentos e dons
naturais exibidos pelos melhores jogadores” (Sandel, 2013, p. 49). Portanto, a
espetacularização inibe a apreciação da essência do MMA.

Você também pode gostar