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Esportes de Combate

#CURRÍCULO LATTES#

APRESENTAÇÃO

Professora Ma. Kauana Borges Marchini

● Graduada em Educação Física pela Universidade Estadual de Maringá (UEM)


● Mestre em Atividade Física relacionada à Saúde (UEM)
● Doutoranda em Atividade Física relacionada à Saúde (UEM)
● Integrante do Grupo de Estudos e Pesquisa em Exercício e Nutrição para a
Saúde e no Esporte (GEPENSE)

Possui experiência na atuação como prescrição de exercício e treinamento


personalizado para populações especiais. Graduada em Aikido, arte marcial de origem
japonesa, pela Aikikai Fundashion (Hombu Dojo – Japão). Pratica Aikido desde o ano de
2001, e atua no ensino desta arte marcial para crianças e com treinamento de técnicas
de defesa pessoal, especialmente para o público feminino.

Link para o currículo: http://lattes.cnpq.br/2983402137242625


APRESENTAÇÃO DA APOSTILA

Caro(a) aluno(a),

Seja bem-vindo(a) à disciplina de Esportes de Combate.


Esta disciplina se desenvolverá com o objetivo de ampliar o seu conhecimento no
campo da Educação Física, de modo que você possa vislumbrar diferentes campos de
conhecimento e atuação na nossa área e aprimore ainda mais a sua formação
profissional.
Este material foi preparado com a preocupação de ofertar a você os conteúdos
necessários e relevantes para sua formação no contexto dos Esportes de Combate,
possibilitando não apenas o entendimento e compreensão dos referenciais teóricos, mas
também a aplicação prática do conhecimento adquirido.
As unidades estão organizadas numa sequência que objetiva facilitar a
compreensão lógica dos assuntos abordados. Na unidade I abordaremos o conceito e
as características gerais dos Esportes de Combate, como eles são classificados bem
como um apanhado geral sobre os aspectos históricos dessa modalidade. Nesta unidade
também falaremos a respeito da relação dos esportes de combate com a agressividade
e a violência, abordando as diferenças entre Esportes de Combate e brigas.
Na sequência, na unidade II, você irá conhecer com mais detalhes alguns dos
esportes de combate mais populares. Cada um deles terá uma breve abordagem sobre
suas origens, além da apresentação de suas principais características, nomenclaturas e
regras.
Já na unidade III, você irá saber mais sobre os Esportes de Combate no ambiente
escolar. Buscaremos compreender quais os principais desafios para o ensino deste
conteúdo na escola, além dos aspectos relacionados à prática pedagógica, como o
planejamento e a utilização dos conhecimentos adquiridos nas aulas de Educação
Física.
Na unidade IV, finalizaremos este conteúdo voltando nosso olhar para os esportes
de combate em espaços não formais, como as academias e clubes. Iremos conhecer
formas de trabalhar com os esportes de combate no ensino para as crianças e como
campo de atuação profissional.
Espero que possamos trilhar esse caminho juntos, com a expectativa de que seus
conhecimentos sejam ampliados e você sinta-se ainda mais motivado(a) na sua
formação profissional.

Bons estudos!
UNIDADE I
INTRODUÇÃO AOS ESPORTES DE COMBATE
Professora Mestra Kauana Borges Marchini

Plano de Estudo:
• O que são Esportes de Combate? Definição e características gerais;
• Formas de classificação dos Esportes de Combate;
• História dos Esportes de Combate;
• Esportes de Combate x Brigas.

Objetivos de Aprendizagem:
• Conceituar e contextualizar os Esportes de Combate;
• Conhecer as formas de classificação dos Esportes de Combate;
• Compreender as origens e os principais aspectos históricos dos Esportes de
Combate;
• Estabelecer a diferença entre Esportes de Combate e brigas.
INTRODUÇÃO

Prezado(a) aluno(a),

Que bom tê-lo(a) aqui para iniciar nossa jornada de estudos sobre os Esportes de
Combate. Esta primeira etapa tem por objetivo introduzir alguns conceitos fundamentais
para o entendimento dos Esportes de Combate como parte da Educação Física.
Nesta unidade abordaremos aspectos ontológicos acerca dos Esportes de
Combate. Essa compreensão dos referenciais teóricos auxiliará no entendimento de
como este conteúdo pode ser explorado na prática profissional, tanto no ambiente
escolar quanto nos espaços não formais de atuação do profissional de Educação Física.
É importante ressaltar que este material não encerra todas as fontes referentes a
esse tema. Há um vasto conteúdo disponível que pode enriquecer ainda mais a sua
formação docente. Sabendo disso, é muito importante que você complemente seus
estudos com auxílios de outras fontes, algumas das quais estão apontadas ao longo
deste material.
A sequência de apresentação dos conteúdos dessa unidade inicia-se com uma
importante discussão que gera bastante confusão em nossa área: as diferenças entre
Lutas, Artes Marciais e Esportes de Combate. Na sequência, apresentaremos a definição
e as classificações dos Esportes de Combate, seguido de seus aspectos históricos. Por
fim, abordaremos as questões relacionadas à agressividade e a violência, discutindo
sobre a diferença entre brigas e Esportes de Combate.

Bons estudos!
1. O QUE SÃO ESPORTES DE COMBATE? DEFINIÇÃO E CARACTERÍSTICAS
GERAIS

Imagem do Tópico: ID 557179486

1.1. Lutas, Artes Marciais e Esportes de Combate: sinônimos de uma mesma


coisa?

Conhecer os esportes de combate implica em ir além das regras e características


de cada esporte. Para entender os detalhes é necessário desvendar a etiologia deste
fenômeno, e o passo inicial está em definir e explicar dois termos que estão intimamente
ligados à origem dos Esportes de Combate e, por vezes, tem seus conceitos
confundidos: as lutas e as artes marciais. Apesar de parecer que se trata de um mesmo
assunto, lutas, artes marciais e Esportes de Combate apresentam importantes
diferenças, as quais iremos detalhar a seguir.
O termo “luta” é bastante dinâmico e diversificado, não se tratando somente dos
embates físicos e corporais, mas também da dimensão relacionada à sua intenção, como
as lutas de classes, lutas de direitos, luta pela vida (CORREIA; FRANCHINI, 2010). Para
que a luta aconteça são necessárias ambivalência e contradição e ela pode acontecer
no campo das ideias e/ou no plano físico. Assim, temos na luta pela sobrevivência o
ponto inicial, como a busca de alimentos e proteção contra as ameaças do ambiente.
Seguido, conforme a sociedade evolui, por intenções de subjugações entre os sujeitos,
como a dominação do mais fraco pelo mais forte. Como cultura corporal de movimento,
podemos entender a luta como qualquer atividade de oposição, com objetivo de ataque,
defesa e contra-ataque que envolvam duas ou mais pessoas como adversárias, e que
pode ou não fazer o uso de implementos.
Quando este embate toma maiores proporções, com a criação de códigos e
costumes, passando a atingir povos e civilizações, temos o início das guerras
(GASTALDO, 1995). Para se vencer o inimigo, passa a ser necessário estratégia e
“tecnologia”. Os guerreiros se tornam soldados especializados, tanto nas técnicas de
lutas corporais quanto na utilização de armas. São essas técnicas de guerra que dão
origem às Artes Marciais. A palavra “arte” indica as diversas possibilidades criativas que
surgem das manifestações culturais e aqui pode ser entendida como técnica refinada. O
termo “marcial” está relacionado ao universo mitológico (Marte, deus romano da guerra)
e aos conflitos inerentes às relações humanas. De modo simplista, poderíamos traduzir
arte marcial como arte da guerra (CORREIA; FRANCHINI, 2010; GASTALDO, 1995).
Contudo, a arte marcial vai além dos movimentos corporais com finalidade militar e
bélica, mas se relaciona também com as manifestações culturais dos povos que a
criaram, como a filosofia e a religião.
Nas artes marciais, além das técnicas de combate e do aprimoramento dos
componentes de aptidão física, também há o desenvolvimento mental e espiritual do
sujeito (ANTUNES, 2009). Como “arte da guerra”, o treinamento da arte marcial implica
na preparação “completa”. Aprimora-se os movimentos corporais, com treinamentos
rígidos, que podem garantir a vitória na batalha, em conjunto com o desenvolvimento de
princípios filosóficos, espirituais (religiosos) e culturais, que exigem respeito a códigos
éticos e rituais de passagem (MARTA, 2009). Um exemplo para ilustrar esse conceito
são os antigos samurais japoneses. Além da destreza na luta com a espada, necessária
para proteger seu território, havia um código moral que os samurais deviam seguir, o
Bushido, que pode ser traduzido como “caminho do guerreiro”. Por seguir esses
princípios em todos os aspectos de sua vida, os samurais conquistaram respeito e
prestígio perante toda a sociedade (MARTINS; KANASHIRO, 2010).
Como é possível verificar com o exemplo acima, em geral, nós utilizamos o termo
‘arte marcial’ para as lutas que se desenvolveram nas civilizações orientais, como o Jiu-
jitsu e o Kung-fu, principalmente por essa relação com os aspectos filosóficos, religiosos
e culturais dos povos orientais. Mas também pode ser utilizado para as lutas de origem
ocidental, como é o caso da Capoeira.
As mudanças sociais e culturais, especialmente após a Revolução Industrial
iniciada no século XIX, transformou as lutas e artes marciais de modo significativo. Sem
a necessidade de preparação dos guerreiros e de dominar o inimigo, há o direcionamento
do treino ao desenvolvimento individual do praticante, sobretudo, com um
aperfeiçoamento moral e condicionamento físico. As batalhas são “substituídas” pelas
competições (MARTINS; KANASHIRO, 2010). Desse movimento de modernização é que
nascem os Esportes de Combate.
Assim, podemos resumir esse tópico enfatizando que o termo “luta” se relaciona
movimento corporal de combate. Já o termo “arte marcial” engloba, além das técnicas e
movimentos de combate, elementos filosóficos e religiosos. Desse modo, podemos dizer
que nem toda luta é arte marcial, mas toda arte marcial é um tipo de luta. Quanto aos
Esportes de Combate, neste contexto podemos entendê-los como lutas ou artes marciais
praticadas de maneira competitiva. No próximo tópico, veremos como ocorreu esse
processo de esportivização das lutas e artes marciais.

1.2. Esportivização das Lutas e das Artes Marciais

Quando observamos nosso cotidiano atual, é praticamente impossível perceber


um ambiente no qual as lutas e as artes marciais sobrevivessem em sua essência. Nós
não caçamos nosso alimento, nem treinamos nossos corpos e mentes para o combate,
como acontecia com os antigos guerreiros. Desse modo, para que essas práticas
corporais fossem absorvidas no contexto do nosso momento histórico, algumas
“adaptações” foram necessárias. Essa contextualização é denominada esportivização,
que é um conceito proposto pelo sociólogo alemão Norbert Elias (MARTINS;
KANASHIRO, 2010).
A esportivização das lutas e das artes marciais iniciou-se no século XIX e teve
seu ápice em meados do século XX. Essa modernização teve por objetivo diminuir o
grau de violência, permitir uma igualdade entre os jogadores, inclusive com limites para
o uso da força, e criar uma codificação e padronização das regras (MARTINS;
KANASHIRO, 2010). Agora não há mais inimigo, mas o adversário. O fim da batalha não
é a morte do oponente, mas são estabelecidas regras e limites para que o combate seja
encerrado e um dos adversários seja considerado o vencedor.
Esse processo foi responsável pelo surgimento das federações esportivas, com o
objetivo de unificar os regulamentos das modalidades; pela especialização na
preparação de atletas e a inclusão de algumas dessas modalidades nos Jogos Olímpicos
modernos. Ainda assim, muitas das artes marciais continuaram preservando sua
essência, valorizando os aspectos éticos e filosóficos que as originaram (CARNEIRO;
PÍCOLI; SANTOS, 2015; MARTA, 2009; MARTINS; KANASHIRO, 2010).
Figura 1 – Escultura representando o Pancrácio, Figura 2 – Competidores de Luta Livre
antiga luta grega que poderia levar os combatentes (versão moderna do Pancrácio) durante um
à morte. campeonato mundial.
F

Fonte: Shutterstock. #SHUTTER 1867899793


Fonte: Shutterstock. #SHUTTER 4140892
Neste sentido, as artes marciais de origem oriental foram amplamente
beneficiadas. Primeiro, pelo processo histórico de ocidentalização do oriente,
especialmente após a Segunda Guerra Mundial. Depois, pela valorização de elementos
da cultura oriental no ocidente, como as artes marciais retratadas nos filmes de
Hollywood. A união do treinamento físico, da possibilidade de aprimorar de técnicas de
defesa pessoal, aliados a princípios filosóficos, caiu como uma luva na necessidade do
sujeito contemporâneo em buscar um equilíbrio entre corpo e mente. O desenvolvimento
moral e espiritual das artes marciais, antes relacionados ao caráter religioso de suas
origens, agora passa a ter um sentido ético, de dominação do ego e de disciplina diante
da sociedade (CARNEIRO; PÍCOLI; SANTOS, 2015; MARTA, 2009).

Ainda assim, cabe destacar que, de acordo com o objetivo do praticante uma
determinada modalidade pode ser realizada como arte marcial ou apenas como Esporte
de Combate. Por exemplo, um praticante de Judô que além das técnicas de luta, pratica
os princípios relacionados à filosofia e cultura japonesa, realiza essa prática como arte
marcial. Contudo, se ele utiliza dessas técnicas apenas para aprender uma forma de
defesa pessoal, ou se preparar para uma competição, sem considerar os demais
aspectos que caracterizam essa luta como arte marcial, ele pratica Judô como um
Figura 4 – Foto de uma competição de Kendô, arte
Figura 3 – Figura de Baybard publicada em marcial japonesa que utiliza movimentos e golpes
1867, retratando Yushitsune, popular com uma espada de bambu baseados nos
samurai japonês, lutando. combates samurais.

Fonte: Shutterstock. #SHUTTER 93727141


Fonte: Shutterstock. #SHUTTER 61656484

Esporte de Combate.
Mais recentemente, observamos uma transformação das artes marciais e mesmo
dos Esportes de Combates em produtos fitness. Há uma total desvinculação dos
princípios filosóficos e até mesmo das regras desportivas, apenas para atender a
necessidade de um público que busca uma atividade “diferente” das ginásticas
convencionais (MARTA, 2009). Essas modalidades são oferecidas em ambientes
neutros das academias, e em geral, se apropriam de elementos de várias dessas
modalidades, como técnicas de combate, vestimenta, postura, exercícios de treinamento
e une-os em uma modalidade fitness. Para exemplificar, podemos citar o body combat,
modalidade muito popular em grandes academias de ginástica.
Ainda neste tópico, é importante salientar que este processo não deve ser visto
simplesmente como algo negativo. Essa massificação e o entendimento das lutas e artes
marciais como Esportes de Combate, permitem aproximar e ampliar o conhecimento do
público acerca de diferentes culturas. Além de desassociar essas práticas corporais de
atitudes violentas, especialmente sobre esse assunto falaremos com mais detalhes no
último tópico desta unidade.

1.3. Afinal, o que são Esportes de Combate?


Esportes de Combate podem ser definidos como “práticas de lutas, das artes
marciais e dos sistemas de combate sistematizados em manifestações culturais
modernas, orientadas a partir das decodificações propostas pelas instituições esportivas”
(CORREIA; FRANCHINI, 2010, p. 02). O objetivo do praticante é dominar ou nocautear
o adversário por meio de golpes.
Para que uma prática corporal de Luta ou Arte Marcial seja considerada um
Esporte de Combate, ela precisa apresentar algumas características (FRANCHINI;
VECCHIO, 2011; MARTINS; KANASHIRO, 2010):
a) Diminuição do grau de violência: as regras e normas da prática desportiva de
combate deve garantir a integridade física dos competidores;
b) Codificação das regras e das práticas: organizações, como as Federações e
Confederações, são responsáveis por centralizar a administração, o controle
e a organização dos regulamentos e das competições;
c) Igualdade entre os competidores: essa equiparação é garantida com a
classificação dos competidores por categorias. Essas categorias podem ser
determinadas pelo sexo, idade, peso corporal, etc.
d) Secularização: a prática é desvinculada dos rituais religiosos;

Assim, ainda que se permita o enfrentamento entre os adversários, é algo


diferente de um “combate real”, pois há uma garantia de igualdade de oportunidades por
meio do controle da força física e da violência.
Diante do exposto, fica evidente o quão grande é o universo das modalidades que
compõem os Esportes de Combate, dentre os mais populares podemos citar:
● Boxe
● Esgrima
● Jiu-jitsu
● Judô
● Karatê
● Kendô
● Kung Fu
● Lutas (Greco-romana e Livre)
● Muay Thai
● Sumô
● Taekwondo

SAIBA MAIS

Os samurais surgiram durante a Era Heian (794 a 1192), inicialmente como parte do
exército dos proprietários de terras (daimôs). Esses guerreiros eram considerados
exemplares por sua conduta moral. Sua vida era regida pelo Bushido, o código de
conduta que alertava para aspectos de ética, disciplina, respeito, lealdade, honra e
coragem. Durante a Era Meiji (1867 a 1912), os samurais perderam o seu prestígio,
porém deixaram seu código de conduta (Bushido) e suas disciplinas marciais (Bujutso)
como legados para as artes marciais de origem japonesa.
O Bujutso (técnica marcial), juntamente com o Bushido (caminho do guerreiro) dão
origem ao Budo (caminho marcial), que nada mais é do que uma versão moderna do
Bujutso. No Budo, busca-se um desenvolvimento pessoal de corpo (prática marcial) e de
mente (filosofia e princípios do Bushido). O Budo é a filosofia condutora das artes
marciais japonesas.

Fonte: Martins e Kanashiro (2010).

#SAIBA MAIS#
2. FORMAS DE CLASSIFICAÇÃO DOS ESPORTES DE COMBATE

Imagem do Tópico: RETIRAR A PARTE ESCRITA DA IMAGEM


SHUTTER: 1833401278

Os Esportes de Combate podem ser classificados por diferentes perspectivas.


Considerando a diversidade de modalidades que compõem o universo dos Esportes de
Combate destaco que irei exemplificar somente os mais populares em nosso país.
Lembrando que as características individuais de cada uma dessas modalidades serão
detalhadas na próxima unidade do nosso material.
Quanto à origem, eles podem ser classificados em Esportes de Combate Orientais
e Ocidentais. Essa classificação se relaciona muito mais às questões culturais, filosóficas
e religiosas das Lutas e Artes Marciais que deram origem a cada modalidade, do que às
questões geográficas.
Os Esportes de Combate também se classificam em olímpicos e não-olímpicos.
Sendo que fazem parte do primeiro grupo as modalidades que são disputadas nos Jogos
Olímpicos modernos. Atualmente, de acordo com o Comitê Olímpico Internacional
(2021), os Esportes de Combate que fazem parte dos Jogos Olímpicos são: Boxe,
Esgrima, Judô, Karatê, Lutas (Greco-Romana e Livre) e Taekwondo.
Os Esportes de Combate também podem ser classificados de acordo com
características técnicas e táticas, conforme veremos nos subtópicos a seguir.
2.1. Classificação dos Esportes de Combate por distância

A divisão dos Esportes de Combate por distância permite a categorização das


modalidades conforme o distanciamento entre os adversários e o uso de implementos
para a disputa. Desse modo, de acordo com Carneiro, Pícoli e Santos (2015) eles podem
ser classificados em:

a) Curta distância: são modalidades que, em geral, as lutas corporais acontecem


no solo;

Figura 5 - Detalhe de uma técnica de Jiu-jitsu executada no solo, característica de


modalidades classificadas como curta distância

Fonte: Shutterstock #SHUTTER 612746729

b) Média distância: são as modalidades em que o adversário deve ser segurado


com “pegadas” (agarrado com as mãos) durante o combate ou aplicação do
golpe;
Figura 6 - Detalhe de uma luta de Sumô. O “agarre” do adversário é característica de
modalidades classificadas como média distância

Fonte: Shutterstock #SHUTTER 748083427

c) Longa distância: são as modalidades que apresentam como característica a


necessidade de toques, como socos ou chutes, no adversário;

Figura 7 - Detalhe de chutes trocados durante uma competição de Taekwondo. Esse tipo
de golpe é característico das modalidades classificadas como longa distância

. Fonte: Shutterstock #SHUTTER309637526

d) Distância alongada: são as modalidades que tocam o adversário com o uso de


um implemento.
Figura 8 - Detalhe de ataque e defesa efetuados com um implemento (shinai –
espada de bambu) durante uma competição de Kendô. O uso de implementos para
tocar o adversário é característico das modalidades classificadas como distância
alongada

Fonte: Shutterstock. #SHUTTER 1208051746

A seguir, temos um quadro as modalidades olímpicas e exemplos de modalidades


não olímpicas classificadas de acordo com a distância:

Quadro 1 - Classificação das modalidades olímpicas e exemplos de modalidades não olímpicas


de acordo com a distância entre os adversários

Distância Olímpicas Não Olímpicas


Curta Judô, Lutas Jiu-jitsu
Média Judô, Lutas Sumô
Longa Boxe, Taekwondo, Karatê Kung Fu, Muay Thai
Alongada Esgrima Kendô
Fonte: adaptado de Carneiro, Pícoli e Santos (2015).

2.2. Classificação dos Esportes de Combate por tática de combate

As táticas de combate podem ser entendidas como a capacidade do lutador em


“coordenar a integração existente entre o espaço, o tempo e o adversário, buscando
modos de romper o equilíbrio entre o ritmo, a distância e a percepção do outro e, assim,
atingir os objetivos específicos de cada modalidade” (CARNEIRO; PÍCOLI; SANTOS,
2015, p. 733). Assim, com base na classificação de distância, existem três categorias
possíveis para os Esportes de Combate:
a) Agarre: encaixam-se nesta categoria as modalidades de curta e média
distância que tem como características essenciais para o combate o
desenvolvimento de pegadas corporais;
b) Impacto/ toque: enquadram-se nesta categoria as modalidades alongadas
e de longa distância, as quais o toque intermitente no adversário, tanto com
o corpo quanto com o uso de implementos, é característica principal do
combate;
c) Mistas: essa categoria é formada pelas modalidades em que o lutador
precisa unir as habilidades de controle de pelo menos três distâncias de
combate, além das ações de agarres e impactos com ou sem implementos.

A seguir, temos um quadro com a classificação das modalidades olímpicas e


exemplos de modalidades não olímpicas de acordo com as táticas de combate.

Quadro 2 - Classificação das modalidades olímpicas e exemplos de modalidades não olímpicas


de acordo com as táticas de combate

Distância Olímpicas Não Olímpicas


Agarre Judô, Lutas Jiu-jitsu, Sumô
Impacto/Toque Boxe, Taekwondo, Karatê, Kung Fu, Muay Thai,
Esgrima Kendô
Mistas --- Ninjutso, MMA (Mixed
Martial Arts)
Fonte: A autora.
3. HISTÓRIA DOS ESPORTES DE COMBATE

Imagem do Tópico
SHUTTER: 1745203673

3.1. A origem das Lutas, das Artes Marciais e dos Esportes de Combate

As lutas e as artes marciais são as expressões de práticas corporais e de cultura


que deram origem às mais variadas modalidades de Esportes de Combate. A luta, como
prática corporal, se desenvolveu concomitantemente à história do ser humano como ser
social. Sendo uma das mais antigas manifestações corporais e culturais da humanidade
(RUFINO; DARIDO, 2011). Na pré-história, a sobrevivência estava relacionada ao
combate, tanto para caça e captura de alimentos quanto na defesa contra outros animais
e humanos. Lutas eram a única forma de se manter vivo. Conforme há uma evolução
nas habilidades físicas e intelectuais, há também mudanças na organização social
humana. Deste modo, passa a ser necessário buscar formas de garantir não apenas a
integridade individual, mas também do grupo ao qual está inserido (SVINTH, 2002).
Conforme há o domínio de diferentes instrumentos e materiais, estes também
passam a ser utilizados como armas, contribuído para que o combate possa ter sucesso,
tanto para a dominação do ambiente em que se está inserido quanto na dominação sobre
outros humanos ou grupos. A combinação das armas com habilidades corporais, como
lançar e golpear, dá origem a diferentes escolas e artes. Evidências históricas, como
relatos, pinturas, esculturas e histórias locais, indicam que as lutas estavam presentes
em diversas civilizações antigas como os egípcios, babilônios, chineses, japoneses,
gregos e romanos.

Figura 9 - Antiga pintura grega relatando Figura 10 - Antiga cena egípcia de uma luta
uma luta. retratada no templo de Ramsés II em Tebas.

Fonte: Shutterstock. #SHUTTER 1918218218


Fonte: Shutterstock. #SHUTTER
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Apesar de estar presente como manifestação cultural em diferentes civilizações,


como parte de rituais de cerimônias e festividades, caças, defesas de aldeias e tribos,
não há uma data precisa para o surgimento das lutas. As lutas já aparecem descritas em
pinturas rupestres datadas de 15 mil anos a.C. na região onde hoje é a França (SVINTH,
2002). Os primeiros registros de lutas como formas de combate aparecem no oriente,
mais especificamente, na Índia e na China cerca de 3.000 a.C. Também há antigos
registros em pinturas egípcias que datam de 2.500 anos a.C. Entretanto, cabe destacar
que é bem possível que o surgimento de formas sistematizadas de lutas tenha ocorrido
até antes, visto que os registros históricos destes períodos são escassos e grande parte
do conhecimento era passado verbalmente de geração em geração (GREEN; SVINTH,
2010).
Com o objetivo de proteger e ampliar seus territórios, passa a haver uma
especialização (ou profissionalização) da arte de combate, com a criação de guardas e
exércitos especializados tanto na defesa do espaço físico quanto na proteção dos
líderes. Esse fenômeno acontece em diferentes civilizações.

3.2. A história no oriente e no ocidente

As lutas de origem oriental, além das técnicas de combate, unem à sua prática
elementos da filosofia e da religião e dão origem ao que conhecemos como artes
marciais. Acredita-se que as raízes das Artes Marciais orientais sejam na Índia e na
China. Escavações arqueológicas e relatos do 5000 a.C. indicam a origem e prática do
Kalari Payattu indiano, que se caracterizava por unir o combate corpo a corpo com
técnicas de meditação. Tempos depois, essa prática foi disseminada na China, entre
monges que, unindo esses conhecimentos à prática do budismo, mais tarde criaram o
Kung Fu (GREEN; SVINTH, 2010; PIRES, 2018).
No século IV a.C., Sun Tzu escreveu o livro “A Arte da Guerra”, conhecido como
o primeiro tratado militar que se tem notícia. Nesta obra são apresentadas táticas de
combate e aniquilação dos inimigos (CARNEIRO; PÍCOLI; SANTOS, 2015).
Provavelmente a expansão comercial nesta região, e os conflitos advindos desse fato, é
que permitiram o intercâmbio e disseminação das artes marciais nestas civilizações.
Já os ocidentais, especificamente os gregos, tinham uma visão de corpo e mente
como algo dissociados. Assim, para eles as artes marciais e lutas se desenvolveram com
um caráter mais esportivo e de espetáculo. Destacamos aqui o Pancrácio, que era uma
luta grega que já estava presente nos Jogos Olímpicos da antiguidade (séc. 7 a.C). O
objetivo era derrubar o adversário três vezes de modo que ele tocasse as costas, o tórax
ou o ombro no chão. Os praticantes lutavam nus e cobertos de óleo pelo corpo. Tinha
por característica ser muito violento, uma vez que quase tudo era permitido (GREEN;
SVINTH, 2010).
Até o século XIX, as lutas e artes marciais eram restritas a determinados grupos
da sociedade, tanto no oriente, como é o caso dos monges na Índia e na China, como
no ocidente, com os gladiadores romanos. Alguns desses grupos eram marginalizados,
como os escravos brasileiros que desenvolveram a capoeira, outros tratados com muito
respeito, como os samurais japoneses.
3.3. Esportes de Combate no Brasil

No Brasil, até o início do século XX as lutas eram bastante marginalizadas. A


capoeira, de origem escrava, e o boxe, vindo dos ingleses, eram as modalidades mais
praticadas. Esse cenário muda com a chegada de imigrantes de diferentes partes do
mundo, mas especialmente os japoneses, a partir de 1908 (MARTA, 2009).
A figura mais emblemática desse período é Mitsuyo Maeda, também conhecido
como conde Koma. Ele trouxe ao país alguns fundamentos do jiu-jitsu e foi o responsável
por ensinar essa arte marcial à família Gracie, que mais tarde criou o Brazilian Jiu-jitsu.
A cidade de São Paulo, também merece destaque neste processo de popularização das
lutas e artes marciais no Brasil. Por ser local de morada de muitos orientais, japoneses,
chineses, coreanos, que trouxeram com eles os conhecimentos e a prática de diferentes
artes marciais, ali também foi o principal polo de disseminação dessas modalidades para
outras regiões, como é o caso Judô, do Aikido, do Taekwondo, dentre outros (MARTA,
2009).
Os detalhes históricos específicos de alguns Esportes de Combate mais
populares no nosso país serão abordados na Unidade II deste material. Mas é importante
destacar que é nesse período que se desenvolvem grande parte das artes marciais e
Esportes de Combate que conhecemos e são praticados atualmente. Indicando que essa
popularização não foi um fenômeno exclusivamente brasileiro.

SAIBA MAIS

O Pancrácio, como vimos nesta unidade, era uma forma de luta bastante popular na
Grécia antiga e fez parte dos Jogos Olímpicos daquela época. Sua prática era
caracterizada por uma luta “quase sem regras”. Não havia tempo máximo de combate,
era permitido acertar o adversário com todas as partes do corpo e poucos e poucos
golpes eram proibidos, como chutar a região genital e enfiar o dedo nos olhos. Não raro
os competidores morriam após o combate.
Diante disso é possível imaginar que não caiba um espetáculo com essas características
nos tempos atuais, mas não é bem assim! Devido ao grau de violência, o atual MMA
(Artes Marciais Mistas), antigamente denominado Ultimate Fighting, foi comparado ao
Pancrácio. No MMA existem bem mais regras do que na antiga luta, mas com a liberdade
de poder utilizar diferentes técnicas de luta. Assim, é comum que os competidores
deixem o ring bastante machucados, o que, em geral, leva os espectadores ao êxtase.

Fonte: Vasques (2021).

#SAIBA MAIS#
4. ESPORTES DE COMBATE X BRIGAS

Diferenciar os Esportes de Combate das brigas pode parecer algo bastante


simples. Ora, podemos definir as brigas como situações conflituosas entre pessoas que,
alimentadas pela agressividade, acabam por se confrontar, neste caso fisicamente e sem
regras específicas para o combate. Já os Esportes de Combate, por definição,
apresentam regras e posturas que minimizem a violência e garantam a integridade do
oponente, como pode ser conferido no quadro 1.

Quadro 1 – Diferenças entre brigas e Esportes de Combate

BRIGAS ESPORTES DE COMBATE

Há regras a serem seguidas (vestimenta,


Não há regras. golpes permitidos e proibidos, tempo de
duração)

Contam com entidades reguladoras


Não há organização oficial
(federações, associações)

Resultam de sentimento de raiva, ódio,


Valorizam o respeito entre os adversários
aversão

Sem preocupação com a integridade do


Garante a integridade do oponente
adversário
Fonte: A autora.
Devido às suas origens, as técnicas de combate de inimigos e preparação para
as guerras, muitas vezes, os Esportes de Combate são relacionados à violência. Não
raramente, ouvimos notícias de pessoas praticantes dessas modalidades envolvidas em
episódios de violência, como as brigas de rua (OLIVEIRA et al., 2020). Fatos como esses
podem gerar pré-conceitos acerca dessas práticas esportivas, inclusive impedindo o
desenvolvimento deste conteúdo no ambiente escolar.
Ainda que o processo de transformação das lutas e artes marciais em Esportes
de Combate tenha minimizado essas características violentas, como vimos no primeiro
tópico desta unidade, não há como negar que o objetivo do seu treinamento é o combate
e a vitória sobre o adversário (PIMENTA, 2009). Inclusive estimulando uma certa
agressividade, uma vez que se deve atacar o adversário e não apenas se defender de
um ataque.
Atualmente, talvez pela velocidade com que as notícias chegam ao nosso
conhecimento, nós percebemos uma realidade bastante violenta. E a união desse
ambiente em conjunto com o estímulo de atitudes corporais agressivas e competitivas
podem resultar em episódios de violência, não apenas física, como as brigas, mas
também verbais e psicológicas, como é o caso do Bullying no ambiente escolar.
Contudo, diferente do que o senso comum pode imaginar, a prática de Esportes
de Combate, especialmente aqueles relacionados às artes marciais tem um papel de
controlar a violência e comportamento do indivíduo. Uma revisão sistemática realizada
por Simões e colaboradores (2021) mostrou que crianças e adolescentes envolvidos com
a prática de artes marciais e esportes de combate apresentam maiores níveis de
comportamento pró-sociais entre os pares. No caso deste estudo, foi avaliado o Bullying.
Uma investigação com torcidas organizadas de futebol (OLIVEIRA et al., 2020),
também mostrou que apenas uma pequena parcela dos torcedores procura desenvolver
sua prática nas artes marciais com o objetivo de utilizar as técnicas em confrontos
(brigas) com outros torcedores.
Considerando os aspectos filosóficos, éticos e morais que envolvem a prática de
muitas artes marciais e Esportes de Combate, especialmente no que diz cerne à
disciplina, respeito aos adversários (fair play) e respeito às hierarquias, percebemos que
elas podem influenciar positivamente na busca de um ambiente mais salubre quanto à
violência. Outro fato que poderia explicar resultados como os estudos citados
anteriormente é a qualificação dos treinadores e o ambiente em que essa prática se
desenvolve (SIMÕES et al., 2021).
Ainda se especula que a agressividade presente durante a prática dos Esportes
de Combate seja suficiente para neutralizar a agressividade “natural” do ser humano.
Que satisfaz essa necessidade de conflito, com as lutas simuladas nos treinos em
competições, se tornando civilizado por meio dessas modalidades (PIMENTA, 2009).
Diante disso, percebemos a importância do conhecimento dos Esportes de
Combate tanto para desmistificar ideias como a relação desses com a violência, quanto
para que, como professores e profissionais, possamos introduzir e trabalhar com esse
conteúdo proporcionando a oportunidade de que mais pessoas aproveitem os benefícios
que essa prática pode proporcionar. Não só no sentido físico e fisiológico, mas também
emocional e social.
REFLITA

Quem vence alguém é um vencedor, mas quem vence a si mesmo é invencível.

Fonte: Morihei Ueshiba, mestre de Budo e criador do Aikido.

#REFLITA#
CONSIDERAÇÕES FINAIS

Chegamos ao final da Unidade I. Espero que este conteúdo tenha te auxiliado a


adentrar no vasto mundo de conhecimento e possibilidades dos Esportes de Combate.
A partir dos nossos estudos, pudemos compreender as diferenças existentes entre as
Lutas, as Artes Marciais e os Esportes de Combate.
Também pudemos conhecer como cada modalidade se classifica, tanto em
relação à sua origem e administração, quanto às suas características técnicas de
combate.
Estudar os aspectos históricos dos Esportes de Combate nos permite entender
como eles são importantes para compreendermos as nossas origens e também a nossa
sociedade.
Por fim, vimos que a prática dessas modalidades pode nos auxiliar na construção
de uma sociedade mais pacífica e preocupada com o outro. Espero que este conteúdo
tenha aguçado ainda mais a sua curiosidade e vontade em estudar sobre esse tema.
LEITURA COMPLEMENTAR

Na leitura complementar há a sugestão de dois artigos relacionados ao tema da


Unidade I. No primeiro, Parizotto e colaboradores (2017), discutem acerca do processo
de regulamentação das artes marciais no Brasil e as relações deste com a Educação
Física, inclusive sobre a estruturação deste conteúdo na escola. Já o artigo de Vasques
(2021), aborda sobre o processo de esportivização e espetacularização do MMA, e como
se dá o equilíbrio entre a violência e a massificação dessa modalidade.

PARIZOTTO, Pedro Gabriel Gil et al. O processo de institucionalização e


regulamentação de artes marciais orientais no Brasil. Caderno de Educação Física e
Esporte, v. 15, n. 1, p. 53-62, 2017.

VASQUES, Daniel Giordani. As artes marciais mistas (MMA) como esporte moderno:
entre a busca da excitação e a tolerância à violência. Esporte e Sociedade, n. 22, 2021.
LIVRO

Título: A Arte da Guerra


Autor: Sun Tzu
Editora: Novo Século
Sinopse: A Arte da Guerra é o primeiro tratado militar que se tem notícia. Foi escrito por
Sun Tzu por volta de 500 a.C. e se trata de uma coletânea de disposições a respeito de
táticas de combate. Em A arte da guerra, as estratégias transmitidas pelo general chinês
Sun Tzu carregam um profundo conhecimento da natureza humana. Elas transcendem
os limites dos campos de batalha e alcançam o contexto das pequenas ou grandes lutas
cotidianas, sejam em ambientes competitivos – como os do mundo corporativo – sejam
nos desafios internos, em que temos de encarar nossas próprias dificuldades. Se você
não conhece a si mesmo nem o inimigo, sucumbirá a todas as batalhas.
FILME/VÍDEO

Título: O Último Samurai.


Ano: 2003.
Sinopse: Em 1870 é enviado ao Japão o capitão Nathan Algren (Tom Cruise), um
conceituado militar norte-americano. A missão de Algren é treinar as tropas do imperador
Meiji (Shichinosuke Nakamura), para que elas possam eliminar os últimos samurais que
ainda vivem na região. Porém, após ser capturado pelo inimigo, Algren aprende com
Katsumoto (Ken Watanabe) o código de honra dos samurais e passa a ficar em dúvida
sobre que lado apoiar.
REFERÊNCIAS

ANTUNES, Marcelo Moreira. A relação entre as artes marciais e lutas das academias e
as disciplinas de lutas dos cursos de graduação em educação física. Lecturas:
Educación Física y Deportes, Revista Digital, Buenos Aires, v. 14, n. 139, 2009.

CARNEIRO, Felipe Ferreira Barros; PÍCOLI, Carlos; DOS SANTOS, Wagner.


Fundamentos ontológicos e epistemológicos das lutas corporais. Pensar a prática, v.
18, n. 3, 2015.

COMITÊ OLÍMPICO INTERNACIONAL. Olympics, 2021. Disponível em:


https://olympics.com/en/sports/summer-olympics. Acesso em: 27 de abril de 2021.

CORREIA, Walter Roberto; FRANCHINI, Emerson. Produção acadêmica em lutas,


artes marciais e esportes de combate. Motriz. Journal of Physical Education.
UNESP, p. 01 - 09, 2010.

FRANCHINI, Emerson; DEL VECCHIO, Fabrício Boscolo. Estudos em modalidades


esportivas de combate: estado da arte. Revista brasileira de educação física e
esporte, v. 25, n. SPE, p. 67 - 81, 2011.

GASTALDO, Édison Luis. A forja do Homem de Ferro: a corporalidade nos esportes de


combate. In: LEAL, Ondina Fachel (Org.). Corpo e Significado: ensaios de
antropologia social. Porto Alegre: Editora UFRGS, 1995.

GREEN, Thomas A.; SVINTH, Joseph R. Martial arts of the world: an encyclopedia
of history and innovation. Abc-Clio, 2010.

MARTA, Felipe Eduardo Ferreira et al. A memória das lutas ou o lugar do “DO”: as
artes marciais e a construção de um caminho oriental para a cultura corporal na cidade
de São Paulo. São Paulo (SP): Pontíficia Universidade Católica, 2009.

MARTINS, Carlos José; KANASHIRO, Cláudia. Bujutsu, Budô, esporte de luta. Motriz:
Revista de Educação Física, v. 16, n. 3, p. 638 - 648, 2010.

OLIVEIRA, Jonathan Rocha et al. Narrativas de torcedores organizados praticantes de


artes marciais acerca da violência no futebol Paranaense. LICERE-Revista do
Programa de Pós-graduação Interdisciplinar em Estudos do Lazer, v. 23, n. 2, p.
386 - 418, 2020.

PIMENTA, Thiago. Racionalizando o machucar: processo civilizador e as artes


marciais. SIMPÓSIO INTERNACIONAL PROCESSO CIVILIZADOR, v. 12, 2009.

PIRES, Lucas Alexandre. Com as próprias mãos: etnografia das artes marciais e da
defesa pessoal no treinamento policial militar. 2018.
RUFINO, Luiz Gustavo Bonatto; DARIDO, Suraya Cristina. Lutas, artes marciais e
modalidades esportivas de combate: uma questão de terminologia. Lecturas,
Educación Física y Deportes, v. 158, 2011.

SIMÕES, Hugo et al. As Artes Marciais e os Desportos de Combate e o Bullying: uma


revisão sistemática. Retos: nuevas tendencias en educación física, deporte y
recreación, n. 39, p. 51, 2021.

SVINTH, J. Kronos: A Chronological History of the Martial Arts and Combative


Sports. Electronic Journals of Martial Arts and Sciences (EJMAS), 2000 - 2002.
Disponível em: http://ejmas.com/kronos.

VASQUES, Daniel Giordani. As artes marciais mistas (MMA) como esporte moderno:
entre a busca da excitação e a tolerância à violência. Esporte e Sociedade, n. 22,
2021.

VINCENZO, Daniel de et al. Aspectos biomecânicos, fisiológicos e psicológicos das


artes marciais. Revista Digital, Buenos Aires, v. 16, n. 157, 2011.
UNIDADE II
EXPLORANDO OS ESPORTES DE COMBATE
Professora Mestra Kauana Borges Marchini

Plano de Estudo:
• Conhecendo o Judô;
• Conhecendo o Sumô;
• Conhecendo o Karatê;
• Conhecendo o Boxe;
• Conhecendo o Muay Thai;
• Conhecendo o Kung Fu;
• Conhecendo o Taekwondo;
• Conhecendo a Esgrima.

Objetivos de Aprendizagem:
• Compreender as origens e os aspectos históricos de cada um dos Esportes de
Combate,
• Conceituar e contextualizar cada um dos Esportes de Combate ,
• Conhecer as principais características técnicas de cada um dos Esportes de Combate.
INTRODUÇÃO

Prezado(a) aluno(a),

Chegamos à segunda unidade de nosso plano de estudos. Agora vamos conhecer


com detalhes algumas das modalidades de Esportes de Combate mais populares em
nosso país e no mundo.
Nesta unidade vamos conhecer as características de oito modalidades: o Judô,
Sumô, Karatê, Boxe, Muay Thai, Kung Fu, Taekwondo e a Esgrima. De cada um deles,
estudaremos os aspectos históricos do seu surgimento e a chegada ao Brasil. Também
conheceremos algumas de suas características técnicas, como as principais regras e os
golpes mais comuns.
Cabe destacar que o conteúdo disponibilizado aqui é apenas a ponta do iceberg
de todo o vasto conhecimento acerca das lutas, artes marciais e esportes de combate
produzidos ao longo de toda a nossa história. Por isso, complementar os estudos com
outras fontes é a melhor maneira de se aprofundar no rico e encantador cenário dos
Esportes de Combate.

Bons estudos!
1. JUDÔ

Imagem do Tópico: Shutter 521102077

1.1. Um pouco de história


Judô significa “caminho suave” (“Ju”: suavidade; “Do”: caminho). Assim como
várias outras artes marciais japonesas, o Judô teve origem no antigo Jiu-Jitsu. Jigoro
Kano (1860-1938) foi o responsável pelo desenvolvimento desta arte marcial que se
caracteriza por utilizar técnicas de ataque e defesa com o próprio corpo, sem o uso de
implementos (MESQUITA, 2014). Após vários anos praticando jiu-jitsu de diferentes
estilos e com diferentes mestres, Kano percebeu a dificuldade de aprendizado desse
elemento da cultura japonesa. Como forma de preservar esse tesouro cultural, mas
também realizar uma adaptação aos tempos modernos, ele sistematizou o conhecimento
e criou uma escola, o Kodokan. A palavra Kodokan significa lugar para estudar o caminho
(“Ko”: método, estudo; “Do”: caminho; “Kan”: instituto) (STEVENS, 2007).
O Judô foi inspirado por três princípios:
a) Princípio da máxima eficiência com o mínimo de esforço (seiryoku zen’yo);
b) Princípio da prosperidade e benefícios mútuos (jita kyoei);
c) Princípio da suavidade, ou seja, o melhor uso de energia (ju).
Os primeiros anos foram difíceis, a pouca idade de Kano e as instalações
inadequadas (eles treinavam no salão de um templo e depois num galpão anexo a uma
escola de inglês) não atraíram muitos alunos. Dos poucos alunos, a maioria morava no
Kodokan e eram sustentados por Kano. Eles tinham uma rotina bastante rígida, com
treinos de Judô, estudos e cuidados com a
Figura 1 - Jirogo Kano (1860-1938),
criador do Judô. limpeza e alimentação (STEVENS, 2007).
Conforme desenvolvia sua arte marcial,
aprimorando não só as técnicas de defesa, mas
também a linha filosófica, com um código moral
baseado no budismo, Jirogo Kano ganhava
alunos e tornava a sua arte conhecida. No final do
século XIX o Judô foi considerado desporto oficial
no Japão e passou a ser praticado pela polícia. As
lutas de Jirogo Kano e seus alunos tornaram o
Judô conhecido não só no Japão, mas em todo o
mundo. Sendo atualmente praticado por homens
e mulheres de todas as idades. Kano sempre
deixou claro que seu objetivo era uma arte marcial
Fonte: CBJ, 2021. que desenvolvesse o físico, a mente e o espírito.
Assim, ele criou um código moral, que objetiva
fortalecer o guiar a prática para além da defesa pessoal (MESQUITA, 2014; DE
OLIVEIRA, 2007). Esse código tem oito princípios básicos:
- Cortesia, para ser educado no trato com os outros;
- Coragem, para enfrentar as dificuldades com bravura;
- Honestidade, para ser verdadeiro em seus pensamentos e ações;
- Honra, para fazer o que é certo e se manter de acordo com seus princípios;
- Modéstia, para não agir e pensar de maneira egoísta;
- Respeito, para conviver harmoniosamente com os outros;
- Autocontrole, para estar no comando das suas emoções;
- Amizade, para ser um bom companheiro e amigo.
1.2. A chegada do Judô no Brasil
Oficialmente o Judô foi difundido no Brasil em 1933, com a fundação da Federação
de Judô e Kendô do Brasil, por Katsutoshi Naito, Tatsuo Okochi, Teruo Sakata,Zensaku
Yoshida e Shigueto Yamasaki. Contudo a história dessa arte marcial iniciou cerca de 25
anos antes, com a chegada dos primeiros imigrantes japoneses nessas terras. O Conde
Koma é o mais conhecido dos personagens da história das artes marciais japonesas no
Brasil. Porém, Mitsuyo Maeda e Soishiro Satake merecem destaque na história do Judô,
ambos alunos de Jirogo Kano (DA COSTA, 2006; DE OLIVEIRA, 2007).
Maeda e Satake chegaram no Brasil na década de 1910 e, juntamente com o
Conde Koma, rodaram o país e depois se estabeleceram na região Norte e Nordeste,
realizando demonstrações e desafios, ajudando assim a difundir a prática do Judô.
Outros polos que auxiliaram na divulgação da arte marcial foram a cidade de São Paulo
e a região norte do estado do Paraná, especialmente as cidades de Londrina, Assaí e
Uraí. Em 1969, foi fundada a Confederação Brasileira de Judô, a qual foi oficialmente
reconhecida em 1972, ano em que o Brasil conquistou a primeira medalha da modalidade
nos Jogos Olímpicos.

1.3. Judô nas Olimpíadas


O Judô passou foi introduzido nas Olimpíadas nos Jogos de Tóquio, em 1964,
como desporto de apresentação. E oficialmente integra o programa dos jogos desde
1972, nas Olimpíadas de Munique. Entretanto, antes disso, em 1909, Jirogo Kano se
tornou o primeiro membro asiático do Comitê Olímpico Internacional, já com o objetivo
de difundir a prática do Judô para todo o mundo (CBJ, 2021).
Até os jogos de 1988, a competição olímpica era somente para categorias
masculinas. Sendo que em 1992, nos Jogos de Barcelona, é que se iniciaram as disputas
olímpicas das categorias femininas. O Judô é o esporte individual que mais ganhou
medalhas olímpicas na delegação brasileira. Até os Jogos do Rio de Janeiro, 2016, foram
22 medalhas no total (4 ouros, 3 pratas e 15 bronzes) (CBJ, 2021).

1.4. Regras gerais do Judô


Antes de conhecermos as regras que regem as lutas de Judô é importante
destacarmos algumas características dessa arte marcial que estão presentes desde o
ambiente de treino até as competições oficiais.
A roupa para a prática, que também é o único equipamento, além do corpo, é um
kimono denominado de judogi. Ele é composto por uma calça (shitabaki) e uma blusa
(wagi), nas cores azul ou branca. Por cima da blusa, na altura da cintura a faixa (obi),
Figura 2 - Roupa utilizada para prática de Judô
(judogi), composta por calça (shitabaki), blusa
(wagi) e faixa presa à cintura (obi).

Fonte: Shutterstock #SHUTTER 782782093

com a cor que varia conforme a graduação, é amarrada (CBJ, 2021).

O início e o final das aulas e das lutas é marcado por uma saudação, que tem por
objetivo expressar o respeito, a cortesia e a amabilidade pelo professor e pelo adversário.
Essa saudação é denominada Rei. Ela pode ser de dois tipos:

a) Tachi-rei ou Ritsu-rei: cumprimento em pé feito ao entrar e sair do


dojo, ao subir no tatame para cumprimentar o professor ou seu ajudante e ao
início e término de um treino/luta.
b) Za-rei: cumprimento ajoelhado. Conhecida por saudação de
cerimônia, ela é realizada ao início e ao término dos treinos e em casos
especiais, como antes e depois dos katas, e ao iniciar um treino no solo com o
companheiro, bem como ao terminá-lo.

A prática do Judô acontece no tatame. Para treinos não há uma medida específica,
contudo nas competições, o tatame deve ser quadrado com medidas entre 14 e 16 metros
cada lado (CBJ, 2021).
A luta tem a duração de 5 minutos para a categoria masculina e 4 minutos para a
feminina. Se ao final deste tempo não houver um vencedor, são adicionados mais três
minutos ao combate. Durante esse período, o atleta que realizar o primeiro ponto ganha
a luta (Golden Score).
O objetivo principal no judô é derrubar o adversário no chão ou imobilizá-lo,
baseado no princípio idealizado por Jirogo Kano de ippon-shobu (luta pelo ponto
completo). Assim, são possíveis três tipos de pontuação:
a) Yuko: Quando o adversário vai ao solo de lado, ou é imobilizado por 10 a 14
segundos. Cada yuko vale um terço de ponto;
b) Wazari: É um ippon incompleto, ou seja, o adversário cai sem ficar com os dois
ombros no tatame e vale meio ponto. A obtenção de dois wazaris, valem um ippon,
encerrando a luta ao final do segundo wazari. A imobilização do oponente por 15
a 19 segundo também vale um wazari.
c) Ippon: É o objetivo do judô, o ponto completo, que finaliza a luta. O ippon é
conquistado quando um judoca consegue derrubar o adversário, encostando, as
costas ou ombros no chão, quando ele é finalizado por um estrangulamento ou
chave de articulação, ou quando é imobilizado por 25 segundos.

Durante a luta também podem ser aplicadas dois tipos de penalização:

a) Shido: Infrações leves de regras são penalizadas com shido. Ele é tratado
como um aviso. O primeiro shido é um aviso, no segundo, o adversário pontua
um yuko, e o terceiro, vale um wazari para o adversário.
b) Hansoku-Make – É uma infração grave, que resulta na desqualificação do
competidor penalizado. Hansoku-make também é dado pela acumulação de
quatro shidos.

1.5. A graduação no Judô

Como dito anteriormente, a graduação no judô é indicada pela cor da faixa utilizada
pelo praticante. A graduação é dividida em duas etapas, kyu (iniciantes) e dan
(experientes, peritos). São 8 graduações de kyu e 10 de dan, conforme especificada no
quadro abaixo:

Quadro 1 - Denominação e cores de faixa das graduações do Judô

GRADUAÇÃO DENOMINAÇÃO COR DA FAIXA


8º Kiu Mukyu Faixa Branca
7º Kiu Nanakyu Faixa Cinza*
6º Kiu Rokukyu Faixa Azul
5º Kiu Gokyu Faixa Amarela
4º Kiu Yonkyu Faixa Laranja
3º Kiu Sankyu Faixa Verde
2º Kiu Nikyu Faixa Roxa
1º Kiu Ikyu Faixa Marrom
1º Dan Shodan Faixa Preta
2º Dan Nidan Faixa Preta
3º Dan Sandan Faixa Preta
4º Dan Yodan Faixa Preta
5º Dan Godan Faixa Preta
6º Dan Rokudan Faixa Vermelha e Branca
7º Dan Nanadan Faixa Vermelha e Branca
8º Dan Hachidan Faixa Vermelha e Branca
9º Dan Kyuudan Faixa Vermelha
10º Dan Juudan Faixa Vermelha
*Faixa usada somente por praticantes com menos de 15 anos.
Fonte: CBJ, 2021

1.6. Técnicas básicas de Judô

A prática do Judô envolve uma grande diversidade de técnicas que utilizam várias
partes do corpo, como pés, pernas, braços e quadril. Basicamente, as técnicas do Judô
podem ser divididas em dois grandes grupos:
a) Nage-waza: são as técnicas que acontecem em pé e são subdivididas em
quatro subgrupos, de acordo com a parte do corpo utilizada.
-Te-waza: técnicas de braço
- Koshi-waza: técnicas de quadril
- Ashi-waza: técnicas de perna
- Sutemi-waza: técnicas de sacrifício

Figura 3 - Técnica do tipo nage-waza

Fonte: Shutterstock #SHUTTER 396352372

b) Katama-waza: são técnicas que acontecem no chão e são subdivididas em


três grupos, conforme o tipo de técnica utilizada.
- Osaekomi-waza: técnicas de imobilização
- Shime-waza: técnicas de estrangulamento
- Kansetsu-waza: técnicas de chave de braço
Figura 4 - Técnica do tipo katama-waza

Fonte: Shutterstock #SHUTTER 667884136


2. SUMÔ

Imagem do Tópico: #Shutter 68816917

2.1. Um pouco de história


A palavra Sumô é derivada da antiga palavra japonesa sumai e significa
estrangulamento ou golpes de chave. Apesar de ser considerada uma arte marcial
moderna, as origens do Sumô são bastante antigas. Acredita-se que há cerca de 2500

Figura 5 - Purificação da área de combate de Sumô


anos ela já era praticada por Xintoístas, na
com sal antes da luta. forma de rituais. Por suas características
técnicas não são descartadas as
influências de outras culturas no
desenvolvimento do Sumô, como os
chineses e os coreanos. E sua origem
religiosa, deixou inúmeras marcas e rituais
nesta prática, como o uso da purificação
do local de luta com sal (CARDIAS, 2008).
Entre os séculos X e XII, o Sumô
Fonte: Shutterstock #SHUTTER 66683710 passou a ser utilizado como técnica de
guerra, e a partir do século XV os lutadores ganharam projeção social, com o início de
torneios profissionais com caráter de entretenimento esportivo. Ainda hoje, o Sumô é um
esporte bastante popular no Japão, e os lutadores profissionais alcançam bastante
prestígio e popularidade (CBS, 2021).
Uma das características mais marcantes do Sumô, é a forma corporal dos seus
praticantes, geralmente gordos. Na realidade não há uma obrigação quanto a forma
corporal dos lutadores de Sumô, contudo como o objetivo da luta é desequilibrar o
adversário, assim quanto mais gordo e forte, mais fácil de se vencer o combate.

2.2. A chegada do Sumô no Brasil


O Sumô chegou ao Brasil juntamente com os primeiros imigrantes japoneses que
desembarcaram aqui em 1908, do navio Kasato Maru, no Porto de Santos. Em 1914,
aconteceu o primeiro campeonato, na colônia de Guatapará, interior do estado de São
Paulo. Em 1998 foi criada a Confederação Brasileira de Sumô. No ano 2000 o Brasil
sediou o Campeonato Mundial de Sumô, disputado pela primeira vez fora do Japão (DA
SILVA MOCARZEL, 2016).
Por aqui, essa modalidade é praticada também por mulheres e crianças e estar
acima do peso não é um pré-requisito. Ainda assim, as tradições são muito respeitadas
(CARDIAS, 2008).

2.3. Regras gerais


O objetivo na luta de Sumô é
Figura 6 - Foto de um ringue para luta de Sumô
(doyuo). deslocar o adversário para fora do ringue
ou fazer com que ele toque o solo com
qualquer parte do corpo que não seja os
pés. O doyuo (ringue), local onde
acontecem as lutas, tem um formato
circular com 4,55 metros de diâmetro e
16,26m². Ele é feito de fardos de palha de
arroz sob uma plataforma de barro e areia.
No centro há duas linhas brancas (shikiri-
Fonte: Shutterstock #SHUTTER 748622050 sem) que demarcam o posicionamento dos
lutadores no início da luta (CBS, 2021).
Antes da luta, o ringue é purificado com sal. Os lutadores costumam bater os pés
antes da luta, numa ação que eles acreditam espantar os maus espíritos. Fora do ringue,
os lutadores costumam lavar a boca com uma água abençoada por um sacerdote
xintoísta e secá-la com um papel feito de arroz.
A vestimenta dos lutadores de Sumô também é bastante característica e é
denominada mawashi. É composta por uma faixa de tecido grosso enrolado ao redor da
cintura e entre as pernas, para proteger as partes íntimas. Os lutadores também são
incentivados a deixar o cabelo crescer para que possam fazer os coques característicos
dos samurais (oicho).

Figura 7 - Foto de um lutador de de Sumô usando


mawashi e oicho (coque samurai).

Fonte: Shutterstock #SHUTTER 747159409

As lutas costumam ser curtas, durando cerca de 15 a 30 segundos. Mas se os


competidores alcançarem o tempo de 4 minutos, o árbitro pode paralisar a luta para que
os competidores se recuperem (CBS, 2021).

2.4. A graduação no Sumô

Para as lutas amadoras de Sumô foi adotado um sistema de categorias por idade
e peso com o objetivo de equilibrar a disputa. É importante destacar que na luta
profissional de Sumô que ocorre no Japão não há divisão de categorias, todos competem
no adulto absoluto, sem limite de peso (CBS, 2021).

Quadro 2 - Categorias do Sumô amador de acordo com a Confederação Brasileira de Sumô

Masculino Feminino
Mirim Até 13 anos
Infantil 13 a 16 anos
Juvenil 17 a 18 anos
Junior Leve Até 80 kg Até 60kg
Junior Médio 80 a 100kg 60 a 75kg
Junior Pesado Acima de 100kg Acima de 75kg
Adulto Leve Até 85 kg Até 65kg
Adulto Médio 85 a 115kg 65 a 85kg
Adulto pesado Acima de 115kg Acima de 85kg
Adulto absoluto Sem limite de peso
Fonte: (CBS, 2021)

Quanto aos lutadores profissionais, eles seguem uma rígida hierarquia, que data
do período Edo (1603-1868). No topo da hierarquia estão os yokozuna (grande
campeão), seguidos pelos ozeki (campeão), e pelos sekiwake (campeão júnior). Esse
ranking determina suas vestes no dia a dia, e em qual lado do ringue ele estará nas
competições. Um iniciante sempre começará na divisão mais baixa, e pode subir de nível
de acordo com os resultados nas lutas. Entretanto, a divisão yokozuna é permanente, ao
chegar nela o lutador não pode ser rebaixado, assim, caso não consigam manter a
performance, espera-se que eles se aposentem.
SAIBA MAIS

A rotina de um lutador profissional de Sumô pode ser bastante peculiar. Em períodos de


competição, eles treinam cerca de cinco horas por dia. Na alimentação, bastante farta,
podem consumir de 8 até 20 mil calorias diariamente, inclusive com o consumo de
cerveja. Para ter um melhor conforto respiratório, alguns dormem com máscaras de
oxigênio.

Fonte: LUTADORES de sumô e sua dieta de até 10.000 kcal. Coisas do Japão, 2020. Disponível em:
<https://coisasdojapao.com/2019/08/lutadores-de-sumo-e-a-impressionante-dieta-de-ate-10000-kcal/>.
Acesso em 06 de maio de 2021.

#SAIBA MAIS#
3. KARATÊ

Imagem do Tópico: SHUTTER 1022297380

3.1. Um pouco de história


A palavra Karatê significa mãos vazias. Essa arte marcial é originária do Japão,
porém com uma forte influência chinesa. O Karatê nasceu em Okinawa, principal ilha da
cadeia Ryukyu, provavelmente por volta do século XV. Okinawa fica a cerca de 480km
da extremidade sul do Japão e era utilizada como rota e intercâmbio comercial para a
China (STEVENS, 2007).
Acredita-se que o Karatê se desenvolveu neste local devido a proibição da
utilização das armas na ilha, obrigando que as pessoas buscassem formas de defesa e
combate com as “mãos vazias”. Também era comum realizar a prática das artes marciais
em segredo, para evitar a observação de rivais. Esse fato proporcionou o
desenvolvimento de diferentes estilos de Karate. Diferente do budô incentivado e
praticado no Japão continental, em Okinawa não havia dojos e nem lutadores
profissionais. O Karatê era praticado às escondidas (STEVENS, 2007; MARTINS;
KANASHIRO, 2010).
Figura 8 - Gichin Funakoshi (1868- O desenvolvimento do Karatê moderno é
1957) considerado o pai do Karatê
moderno creditado ao mestre Gichin Funakoshi (1868-1957).
Contudo, a história aponta que outros mestres de
Okinawa também tiveram responsabilidade na
expansão e reconhecimento do Karatê tanto no Japão
quanto nos outros países. Ele praticou por muitos
anos, treinando com vários dos mais conceituados
mestres de Okinawa. Durante o período Meiji, o Karatê
chamou a atenção dos militares e daqueles que viviam
fora da ilha e começaram a levar a prática para o Japão
continental. Em 1921, o príncipe Hirohito assistiu a
uma apresentação do grupo de Funakoshi durante
uma passagem por Okinawa e ficou encantado com
este budô (STEVENS, 2007).
Fonte: STEVENS, 2007.
Em 1922, Funakoshi foi convidado a fazer uma apresentação de Karatê em
Tóquio. Sua arte chamou a atenção de Jirogo Kano, criador do Judô, que o convidou para
ministrar aulas de Karatê no Kodokan. Funakoshi não aceitou, contudo resolveu
permanecer em Tóquio para difundir a prática do Karatê. Como ele era professor, se
preocupava em adaptar o Karatê de modo que pudesse ser praticado por qualquer
pessoa. Seu esforço rendeu frutos, com o Karatê sendo ensinado em algumas
universidades (STEVENS, 2007).
Como parte da modernização e da sistematização, e inspirado pelo o que ocorreu
com o Judô, o Karatê passou a adotar o quimono branco (karategi) e um sistema de
graduação de faixas coloridas (MARTINS; KANASHIRO, 2010).
Na década de 1930, o Karatê foi reconhecido como uma arte marcial japonesa e
isso exigiu que as escolas passassem a indicar o nome do estilo praticado. O estilo de
Funakoshi ficou conhecido como Karatê Shotokan, sendo hoje um dos mais conhecidos,
juntamente com o Gojo-Ryu, Wado-Ryu e Shito-Ryo são os estilos reconhecidos pela
Federação Mundial de Karatê.

3.2. A chegada do Karatê no Brasil


Assim como o Judô e o Sumô, o Karatê chegou ao Brasil junto com os primeiros
imigrantes japoneses, no início do século XX. A primeira academia de Karatê, na cidade
de São Paulo, surgiu em 1955 com o sensei Mitsusuke Harada, do estilo Shotokan. Em
1960 foi fundada a Associação Brasileira de Karatê, que mais tarde originou a
Confederação Brasileira de Karatê.
Contudo, cabe destacar que não há um registro específico de quando o Karatê
começou a ser praticado no país e quem foi o seu pioneiro no país. Vários mestres, de
diferentes estilos, são apontados como pioneiros, porém sem um consenso.
Independente disso, há de se enfatizar a importância desses vários grupos para a
popularização desta modalidade no Brasil (MARTA, 2009).

3.3. O Karatê nas Olimpíadas


A Federação Mundial de Karatê foi reconhecida pelo Comitê Olímpico
Internacional no ano de 1999. Isso abriu as portas para a introdução da modalidade nos
Jogos Olímpicos (WKF, 2019).
Em 2016, o Karatê foi aprovado como modalidade Olímpica, sendo que sua
primeira disputa seria realizada nos Jogos Olímpicos de Tóquio, em 2020. Em virtude da
pandemia do Coronavírus, as Olimpíadas de Tóquio foram adiadas para 2021. Contudo,
há fortes indícios que esta será a única participação da modalidade em Jogos Olímpicos,
pois esta deverá ser cortada dos jogos de 2024 em Paris.

3.4. Regras Gerais


No Karatê tradicional não existe competição, a prática é realizada com o objetivo
de promover um desenvolvimento físico por meio da disciplina e da concentração.
Contudo, o que tornou esta arte marcial um esporte de combate foi a realização de
torneios e campeonatos.
O treinamento do Karatê é dividido em:
a) Kihon: são os fundamentos básicos. É caracterizado pela repetição de um
movimento ou uma pequena sequência de movimentos. Nesta etapa do treino
o objetivo é aprimorar a forma, a força, a velocidade do movimento, a contração
e o relaxamento muscular, o ritmo e a coordenação, além da respiração.
b) Kata: é uma sequência de movimentos geralmente retirados de situações reais
de luta.
c) Kumitê: é a prática com o oponente, que pode acontecer na forma de luta ou
apenas de treinamento.

Para as competições temos a modalidade de kata, na qual as técnicas são


apresentadas sem um adversário, e de kumitê, que são as lutas entre adversários. As
competições são realizadas em um tatame de 8x8m. Na competição de kata, os cinco
árbitros avaliam a técnica, força, potência, equilíbrio, simetria dos golpes, velocidade e
postura dos golpes. Existem duas listas de kata para as competições, a de kata
obrigatórios (shitei kata), geralmente utilizada em competições com mais de oito atletas,
e de kata livres (tokui kata). As competições podem ser realizadas individualmente ou em
equipe, na qual três atletas apresentam o mesmo kata simultaneamente (WKF, 2019).
Figura 9 - Foto de duas lutadoras de Na competição de kumitê os atletas são
Karatê utilizando o equipamento de
proteção exigido nas competições de divididos em categorias de acordo com o peso. Em
kumitê
algumas competições, os atletas são obrigados a
utilizar protetores de mão, canela, pé e boca. A luta
tem a duração de 2 a 5 minutos e vence aquele que
acumular maior pontuação ao longo desse tempo ou
abrir 8 pontos de diferença do adversário. Em caso
de empate é realizada uma prorrogação com morte
súbita (senshu), a qual vence aquele que marcar o
primeiro ponto. As técnicas e os pontos permitidos
para ataque variam de acordo com cada estilo (WKF,
2019).
Em geral, a pontuação acontece sob os
seguintes critérios:
a) Yuko (1 ponto): soco na área do abdome, peito,
Fonte: Shutterstock #SHUTTER
235019515 rosto ou costas;
b) Wazari (2 pontos): chute na área do abdômen, peito, costas e laterais do
tronco;
c) Ippon (3 pontos): chute na cabeça ou nas laterais do pescoço, com controle de
contato; soco aplicado ao oponente após derrubá-lo com outro golpe.
Durante a luta, algumas situações podem ser passíveis de penalidade, tais como:
a) Falta de combatividade;
b) Utilização de técnicas proibidas, como cabeçadas, cotoveladas ou joelhadas;
c) Golpes de mão aberta contra o rosto do oponente;
d) Chaves de braço ou estrangulamentos;
e) Técnicas de luta agarrada, como clinchar ou agarrar o kimono do oponente,
sem a intenção de aplicar uma queda ou pontuar;
f) Qualquer outro movimento que possa colocar em risco a integridade física do
adversário, inclusive o uso de força excessiva;
g) Golpes em zonas proibidas do corpo do oponente: braços, pernas, juntas e
peito do pé;

3.5. Graduação no Karatê

A graduação no Karatê é indicada pela cor da faixa do praticante, sendo que há


7 níveis de kyu e 10 de dan. Os níveis e cores de faixas estão especificados no quadro
a seguir:
Quadro 3 - Cores das faixas de acordo com a graduação das faixas no Karatê

Ordem de graduação Cor da Faixa


7º Kyu Branca
6º Kyu Amarela
5º Kyu Laranja (vermelha)
4º Kyu Azul (laranja)
3º Kyu Verde
2º Kyu Roxa
1º Kyu Marrom
1º ao 10º Dan Preta
Fonte: Martins; Kanashiro, 2010.

3.6. Técnicas Básicas


Há uma densa variedade de técnicas de Karatê nos mais diferentes estilos.
Contudo, independente do estilo, há algumas divisões e classificações comuns a todas
as técnicas. Os dois grandes grupos são:
a) Go waza (técnicas rígidas): golpes de impacto (saltos, socos, chutes);
b) Ju waza (técnicas suaves): golpes de controle (projeções, quedas,
imobilizações, luxações).

As técnicas também podem se dividir em:


a) Te waza: grupo de técnicas executadas com as mãos;
b) Soku waza: grupo de técnicas realizadas com as pernas e pés;
c) Atemi waza: técnicas aplicadas em pontos vitais
4. BOXE

Imagem do Tópico: SHUTTER 489885340

4.1. Um pouco de história


O Boxe tem como principal característica a luta com as mãos. Historicamente não
há uma data ou indício da criação do Boxe. Tudo indica que ele evoluiu de formas
rudimentares de luta com as mãos, praticadas por diferentes culturas em regiões da
Europa, Mediterrâneo e Ásia. Essas lutas, inicialmente não possuíam regras, e
basicamente os oponentes se atacavam com socos e golpes com as mãos (DA COSTA,
2006).
Inicialmente, sua denominação era pugilato, do latim pugillus, que significa punho
cerrado em forma de soco. A denominação “Boxe” surgiu do termo em inglês “to box”,
que significa bater. Apesar de indícios de 1500 a.C. foi no século XVII que se iniciou uma
revolução e popularização deste esporte na Europa, especificamente na Inglaterra (DA
COSTA, 2006).
A primeira regulamentação do esporte aconteceu com o Marquês de Queensbury,
que teve por objetivo tornar o boxe mais equilibrado, justo e menos violento. Ao contrário
das primeiras experiências desta modalidade que aconteciam como um vale tudo e eram
bastante sangrentas (MONTEIRO, 2017). A sua regulamentação é a base das regras
atuais e incluía:
a) Ringue: as lutas deveriam ocorrer num ringue 7x7m;
b) “Rounds”: o tempo da luta é de três minutos com um de descanso;
c) Luvas: os punhos deveriam estar protegidos por luvas.

A partir desse momento, o Boxe caiu nas graças da plateia e se tornou um


espetáculo esportivo. Assim, apesar de seu surgimento nas classes populares, conforme
foi se tornando conhecido, o Boxe passou a ser praticado por nobres e aristocratas
ingleses. Com a proibição das lutas sem luvas na Inglaterra, o Boxe se difundiu nos
Estados Unidos entre 1850 e 1920. Sendo que a primeira luta profissional da modalidade
ocorreu em fevereiro de 1982, nos Estados Unidos. Depois o Boxe se espalhou pelo
mundo (MONTEIRO, 2017).

4.2. A chegada do Boxe no Brasil


No Brasil, o Boxe chegou no final do século XIX com marinheiros europeus que
desembarcaram no porto de Santos e no Rio de Janeiro. Como os marinheiros vinham
de uma classe mais baixa, o Boxe foi inicialmente marginalizado no país, assim como a
capoeira (DA COSTA, 2006).
A primeira luta de Boxe oficial aconteceu em 1913, em São Paulo, entre um ex-
boxeador profissional e um atleta de remo. Ao longo dos próximos anos, o esporte se
popularizou no Brasil. Contudo, após uma luta em que um dos participantes sofreu um
derrame, o Boxe ficou proibido no Brasil entre os anos de 1923 e 1925. Após a liberação
da prática do esporte, surgiram novos métodos aos atletas, permitindo que esses
alcançassem níveis internacionais (DA COSTA, 2006).

4.3. Boxe nas Olimpíadas


A primeira competição de Boxe nos Jogos Olímpicos aconteceu em 1904, em St-
Louis (Estados Unidos), e envolveu 7 categorias. A competição olímpica ficou restrita aos
homens até os Jogos de 2008. Em Londres, 2012, a categoria feminina também passou
a fazer parte dos jogos.
Atualmente, o boxe olímpico conta com 10 categorias de peso para os homens e
3 para as mulheres. Nos Jogos, as lutas são disputadas em três assaltos de três minutos
para os homens e 4 assaltos de 2 minutos para as mulheres. E a idade máxima dos
atletas para a disputa olímpica é de 34 anos (CBB, 2021).

4.4. Regras Gerais


No Boxe, só são permitidos golpes aplicados na parte frontal do adversário e
somente da cintura para cima. Em caso de golpes aplicados fora destas exigências, o
lutador é advertido e pode até ser desclassificado (CBB, 2021).
Uma luta pode ser vencida por pontos, ou por nocaute, que é quando o lutador
recebe um golpe que o derruba e o deixa no chão por mais de 10 segundos. Se o árbitro
perceber, que mesmo levantando antes do tempo, não há condições de continuidade do
combate, ele pode encerrar a luta.
A arbitragem é composta por cinco juízes, sendo que somente um deles fica dentro
do ringue. O boxe profissional possui uma luta de 10 a 12 rounds, enquanto no boxe
amador, cada luta possui de três a quatro rounds com tempo entre 3 e 2 minutos cada,
respectivamente. Para as lutas no Boxe amador, além das luvas é necessário utilizar
capacete protetor (CBB, 2021).

4.5. Técnicas Básicas

Para a execução dos golpes no Boxe é necessário que o lutador adote uma
posição básica, que é a posição de guarda. Os pés não devem perder o contato com o
solo, e a movimentação se faz arrastando os pés. Os saltos devem ser evitados pois
causam desequilíbrio. O tronco deve ficar ligeiramente inclinado para frente, assim como
a cabeça, para proteger o queixo de eventuais golpes do oponente. A mão direita é
mantida ao lado do queixo e o cotovelo abaixado ao longo do tronco protegendo as
costelas. A mão esquerda é mantida alguns centímetros à frente do rosto com o cotovelo
também abaixado.
Os golpes do Boxe são:
a) Jab: golpe reto com o punho que está à frente na guarda.
b) Direto: golpe reto com o punho que está após na guarda.
c) Cruzado (Cross): golpe reto com o punho que está atrás na guarda.
d) Gancho (Hook): Golpe desferido em movimento curvo do punho.
e) Uppercut: Golpe desferido de baixo para cima visando atingir o queixo do
oponente.
f) Balanço (Swing): Golpe desferido de cima para baixo visando atingir a
têmpora ou queixo do oponente.
5. MUAY THAI

Imagem do Tópico: SHUTTER 355496294

5.1. Um pouco de história


O Muay Thai ou também como é chamado de boxe tailandês é uma arte marcial
originária da Tailândia, onde é considerado esporte nacional. Estima-se que sua origem
data há mais de dois mil anos juntamente com o desenvolvimento do povo tailandês. O
Muay Thai foi desenvolvido como método de defesa dos guerreiros tailandeses,
agregando várias técnicas de combate das tribos que formaram o povo tailandês (IVO
JUNIOR; SONODA-NUNES, 2020).
No século XVI, o Muay Thai passou a fazer parte do regime militar, e no século
XVIII há relatos indicando que ele era ensinado nas escolas. Alguns nobres tailandeses
ficaram conhecidos por serem exímios lutadores de Muay Thai, como o rei Pra Chao Sua
e o príncipe Naresuan. Eles ganharam batalhas épicas, que garantiram, inclusive, a paz
da Tailândia no conflito com outras nações (IVO JUNIOR; SONODA-NUNES, 2020).
A partir de 1921 o Muay Thai passou pelo seu processo de esportivização,
algumas regras semelhantes ao do Boxe inglês foram adotadas, bem como a utilização
do ringue, um tempo cronometrado para as lutas e o uso de luvas, este último se tornou
obrigatório no ano de 1928, após a morte de um lutador durante um combate.
Na Tailândia, o Muay Thai mantém algumas das tradições durante as lutas, como
a participação de músicos que tocam tambores, címbalos e flautas ao ritmo do combate.
Bastante popular no país, as lutas movimentam apostas e há estádios específicos para
a prática dessa modalidade. Os praticantes também realizam uma série de rituais,
geralmente relacionados à religião budista, como o pequeno local de culto mantido nos
locais de treino.
Uma série de rituais e cerimônias acontecem durante os tradicionais combates de
Muay Thai na Tailândia. O Wai kru é uma dança realizada no ringue com o objetivo de
homenagear o mestre. Em seguida é realizada o Ram muay, um ritual também ao ritmo
de músicas para manter afastado os maus espíritos. Em seguida o lutador e o seu mestre
realizam uma saudação. Quando entram no ringue os lutadores usam uma coroa de
flores (Mongok), que varia conforme o mestre e o local de treino, e que se acredita trazer
proteção ao lutador. A coroa é retirada ao final das cerimônias e antes da luta.

5.2. A chegada do Muay Thai no Brasil


No Brasil o Muay Thai chegou como Boxe Tailandês, por meio de Nélio Naja, que
conheceu a modalidade quando estava na aeronáutica, servindo como paraquedista.
Naja treinava Taekwondo no Rio de Janeiro com o mestre Woo Jae Lee, após receber a
faixa preta ele se mudou para Curitiba, e começou a ministrar aulas. Depois de um
período de adaptações, ele cria sua versão do Boxe Tailandês, que também ficou
conhecido como Muay Thai curitibano, Naja ou brasileiro (IVO JUNIOR; CAPRARO,
2020).
As técnicas do tradicional Muay Thai foram misturadas com técnicas de
Taekwondo e FullContact, e alguns métodos da educação física militarista foram
incorporados para ensinar a modalidade. Primeiramente o Muay Thai brasileiro se
popularizou no exército, também devido a função de Naja. Ele também readequou o
sistema de graduação da modalidade e instituiu o uso de uniformes. Inicialmente os
acessórios e a estrutura eram improvisados e precários, como o uso de luvas de Boxe e
a prática no chão bruto, sem o uso de tatame.
Com a formação de mais alunos, a prática se popularizou. Mas o grande impulso
se deu no início dos anos 2000 com o sucesso de alguns praticantes da modalidade em
eventos de artes marciais mistas, como o MMA e o UFC. Com a popularização, as
técnicas da modalidade também passaram a ser utilizadas em treinos de
condicionamento físico.

5.3. Regras Gerais


As transformações que o Muay Thai sofreu ao chegar no Brasil fez com que a
modalidade aqui praticada se diferenciasse bastante da original tailandesa. Ainda assim,
alguns atletas treinados aqui conseguem se classificar para o campeonato mundial da
modalidade na Tailândia.
Em relação às categorias, as denominações variam conforme cada entidade.
Contudo todos são categorizados por sexo, faixa etária e peso. A quantidade de lutas
(experiência em combate) também é considerada para que o praticante possa competir
em determinados eventos.
Para a luta os competidores devem usar luvas, cujo peso varia conforme a
categoria do atleta, e nas categorias amadoras é permitido o uso de protetores de cabeça.
Os competidores devem apenas trajar um calção, sem o uso de camisas. Para as
mulheres, o top também é exigido.
O ringue de combate pode ter entre 6 a 10 metros (pequeno) ou de 7 a 30 metros
(grande). A luta tem 5 rounds, cada um com três minutos de duração e dois minutos de
intervalo. São responsáveis pela luta, um árbitro de ringue, um responsável máximo do
confronto e três juízes.
Vence a luta aquele que consegue nocautear o adversário. O nocaute pode
acontecer quando um lutador é derrubado e não consegue se levantar dentro da
contagem de 10 segundos, ou em caso de nocaute técnico, que é determinado quando
um dos competidores está ferido ou debilitado. A luta também pode ser encerrada por
recomendação médica. Caso os dois competidores estejam seriamente feridos e tiverem
sido realizados menos de três rounds, é declarado empate.
Caso não haja nocaute, o vencedor pode ser definido por um sistema de
pontuação. Os lutadores também perdem pontos quando cometem alguma infração como
morder, cuspir, ou cabecear o adversário; realizar bloqueio de braços; segurar as cordas
do ringue; ofender ou desferir palavrões durante a luta; ferir o adversário após a
paralisação do combate; atingir propositalmente a região pélvica do oponente (SOUZA;
FARJE, 2019).
A pontuação funciona no sistema de 10 pontos por round: O lutador que vence o
round soma 10 pontos; o outro 9 pontos. Em caso de queda, o ganhador do round leva
10 pontos e o outro 8. No caso de empate no round, cada lutador leva 10 pontos (SOUZA;
FARJE, 2019).

5.4. Graduação no Muay Thai


Não existe uma graduação no Muay Thai original tailandês. Lá os praticantes
Figura 10 - Lutadores amadores durante
uma competição na Tailândia. apenas são divididos em profissionais e
amadores. E classificados conforme a sua
experiência em combate. Aqueles que nunca
competiram são considerados estreantes, e
conforme vão adquirindo experiência avançam
para iniciantes, intermediários e profissionais.

No ocidente são utilizadas diferentes


formas de graduação, criadas por federações e

Fonte: Shutterstock #SHUTTER 98856899 mestres com o objetivo de avaliar e graduar os


praticantes. Em geral, a graduação é indicada pela cor do prajiad, que é uma faixa usada
geralmente no braço esquerdo. As cores podem variar de acordo com a região e a
federação que o praticante faz parte. Em geral, o iniciante é sinalizado com a cor branca,
e o grão-mestre, graduação mais alta, tem as cores preto, branca e vermelha.
5.5. Técnicas Básicas
O Muay Thai é conhecido como a “arte das oito armas”, devido a possibilidade de
golpes executados com as partes do corpo (punhos, cotovelos, joelhos e canelas/pés).
A posição básica, muito semelhante ao Boxe, também é uma técnica de defesa,
pois facilita o posicionamento do corpo nos bloqueios dos golpes do adversário. Em
relação aos ataques as técnicas podem ser divididas em:
a) Golpes de pernas: nesta categoria são incluídos os chutes, que podem ser
dados com qualquer parte do pé (pontapé, calcanhar) junto com movimento de
rotação de tronco e pernas. Também são incluídas as joelhadas, que são uma
das armas mais letais desta modalidade. Os joelhos podem atacar quase todas
as partes do corpo, inclusive a cabeça.

b) Golpes de braços: nesta categoria estão inclusos os socos e as cotoveladas,


bastante características desta modalidade.
6. KUNG FU

Imagem do Tópico: SHUTTER 200782517

6.1. Um pouco de história


Kung fu ou Wushu, como é conhecido na China, é a expressão comumente
utilizada para designar centenas de estilos de artes marciais chinesas. Esse termo é
usado somente no dialeto chinês falado em Hong Kong, e se popularizou devido aos
filmes de Bruce Lee, que viveu nesta região.
Acredita-se que a origem do Kung fu data de mais de 4000 anos, contudo os
registros mais antigos são do período da Dinastia Chang (1766 – 1122 a.C.). O Kung fu
era popular entre os guerreiros, suas técnicas e movimentos se basearam em
movimentos da natureza, imitação do movimento da garça, urso, louva-deus, veado,
macaco e tigre (ACEVEDO; CHEUNG; GARCIA, 2010; TORRES, 2011).
Os sistemas modernos de Kung fu surgiram durante a Dinastia Ming (1368-1644)
e somente de 1958 é que o governo chinês estabeleceu um regulamento para o
treinamento dessas artes marciais, com o objetivo de introduzir a prática nas escolas e
universidades.

6.2. A chegada do Kung Fu no Brasil


No Brasil, os registros apontam que o Kung fu teve seu berço na cidade de São
Paulo, na década de 1940, pelo mestre W. Lee Chang. Entretanto, é possível que antes
disso já houvesse a prática de algum estilo de Kung fu em terras brasileiras, uma vez que
os primeiros imigrantes chineses chegaram aqui no século XIX (ACEVEDO; CHEUNG;
GARCIA, 2010).

6.3. Características gerais do Kung Fu


Descrever tecnicamente o Kung fu,
Figura 11 - Monges Shaolin realizando uma
demonstração de Kung Fu na China da mesma forma que foi feito com as
demais modalidades estudadas nesta
unidade seria reduzir demasiadamente a
riqueza das possibilidades e da história das
artes marciais chinesas. Por isso, nesta
sessão serão apresentados alguns
princípios filosóficos que baseiam essas
artes, as classificações mais comuns dos
estilos e algumas características técnicas.
Fonte: Shutterstock #SHUTTER 672272734
Além dos movimentos de luta, é
característico do Kung fu o exercício da respiração. Sua prática busca o desenvolvimento
do corpo, por meio das técnicas de defesa pessoal, mas também o aprimoramento do
espírito com princípios que derivam do taoísmo e do budismo. Assim, de acordo com o
foco principal da prática, os estilos podem ser classificados em internos (wàijia), aqueles
centrados nos princípios de desenvolvimento da respiração e energia advindos do
taoísmo, e os externos (neijia), com foco maior nas técnicas de movimento e na filosofia
budista (TORRES, 2011).
Os estilos desenvolvidos no norte do país, denominados Changquan, tendem a
valorizar mais a força dos membros inferiores, enquanto os do sul, chamados Nanquan,
a força dos membros superiores. Os primeiros viviam nas montanhas, enquanto os outros
costumavam remar e trabalhar nas colheitas.
Somente dois estilos são reconhecidos como modalidades esportivas de combate
pela Federação Internacional de Wushu, o Sanshou, que aqui é popularmente conhecido
como Kickboxing e o Taolu.

Figura 12 - Monges budistas de um templo Shaolin chinês


durante uma apresentação de Kung Fu com uso da espada.

Fonte: Shutterstock #SHUTTER 1371860327

Alguns estilos envolvem técnicas de socos, chutes, imobilizações e quedas.


Também podem utilizar algumas armas como a espada, a lança, o bastão e o sabre.
Assim, outra forma de classificação pode ser adotada para as artes chinesas:
a) Kan-shu: artes que empregam golpes traumáticos
b) Tao-shu: artes que empregam a espada
c) Chi-shu: artes que empregam golpes de arremesso
d) Chiao-li: arte de lutar corpo a corpo com chaves e estrangulamentos
e) Chin-na: artes que empregam pressões e torções nos pontos vitais
f) I-shu: artes que se baseiam em sequências clássicas de movimento
SAIBA MAIS

A animação Kung Fu Panda foi produzida pela DreamWorks Animation e lançada em


2008, fazendo bastante sucesso entre o público, especialmente o infantil. A animação
conta a história de um panda desajeitado que adora Kung Fu. Uma curiosidade bastante
peculiar é que Os Cinco Furiosos (Tigresa, Macaco, Garça, Víbora e Louva-a-Deus) são
especialistas em estilos de Kung Fu baseados nos próprios animais.

Fonte: KUNG FU PANDA: As melhores curiosidades. Minha Série Favorita, 2021. Disponível em:
https://minhaseriefavorita.com/2018/09/13/kung-fu-panda-as-melhores-curiosidades/. Acesso em 06 de
maio de 2021.

#SAIBA MAIS#
7. TAEKWONDO

Imagem do Tópico: SHUTTER ID 1853371705

7.1. Um pouco de história


O Taekwondo é uma arte marcial de origem coreana. Numa tradução literal,
Taekwondo significa "arte de usar os pés e as mãos na luta”. O Taekwondo se originou
de uma antiga arte marcial coreana, o Soo Bahk Do. Há cerca de 2000 anos, a Coréia
era dividida em três reinos: Koguryo, Paekche, Silla. Este último, o menor dos três, sofria
constantes ataques dos outros dois reinos. Para se defender, foi formado um exército
que utilizava esta arte marcial para se defender (MARTA, 2000).
Ao longo do tempo as técnicas foram sendo aprimoradas e popularizadas, até que
em 1909 a Coreia do Sul foi invadida pelo Japão. Os japoneses proibiram a prática de
qualquer arte marcial pelos coreanos. A prática do Taekwondo só foi retomada em 1945
após o final da Segunda Guerra Mundial. Em 1955, um grupo de praticantes conseguiu
unificar diversos estilos, que foram oficialmente denominados Taekwondo (MARTA,
2000; RIOS, 2005).
O primeiro campeonato aconteceu em 1964, na Coreia. Com o objetivo de
disseminar esta arte marcial para o mundo, o general Choi Hong Hi treinou diversos
mestres e instruí-os para que fossem levar o Taekwondo para outros países (MARTA,
2000).

7.2. A chegada do Taekwondo no Brasil


O Taekwondo chegou ao Brasil em julho de 1970, trazido pelo grão-mestre Sang
Min Cho, que foi enviado oficialmente pela International Taekwondo Federation, Ele
fundou a Academia Liberdade, na cidade de São Paulo. Em 1973, foi disputado o primeiro
campeonato brasileiro da modalidade.
Atualmente, esta modalidade é praticada em diversas partes do país, inclusive
com atletas de destaques tanto nos campeonatos mundiais quanto nos Jogos Olímpicos.

7.3. Taekwondo nas Olimpíadas


O Taekwondo estreou nos Jogos Olímpicos de Sidney, em 2000. Antes disso, esta
modalidade esteve presente nos Jogos de Seul (1988) e Barcelona (1992) apenas como
esporte de demonstração.
Nas Olimpíadas, o Taekwondo é disputado por homens e mulheres em quatro
categorias, conforme o peso dos lutadores: peso mosca (menos que 58 kg), peso leve
(58 a 68 kg), peso médio (68 a 80 kg) e peso pesado (acima de 80 kg).
O Brasil já obteve duas medalhas de bronze, uma com Natália Falavigna nos
Jogos de Pequim em 2008; e a outra com Maicon Andrade, nos Jogos do Rio de Janeiro,
em 2016.

7.4. Regras Gerais do Taekwondo


As lutas acontecem em uma área quadrada (12x12m). Ao redor dessa, há uma
margem com 1 metro de largura, denominada área de atenção. Os competidores não
podem cruzar essa linha.
Durante a luta, os combatentes devem utilizar equipamentos de proteção para o
tórax, cabeça, genital, antebraço, parte anterior das pernas e seios (somente para as
mulheres). Os protetores são nas cores azul e vermelho, permitindo assim que os atletas
Figura 13 - Foto de uma luta feminina de Taekwondo, detalhe para a diferença
de cores dos protetores entre as competidoras.

Fonte: Shutterstock #SHUTTER 309637526

sejam identificados.
As lutas com competidores faixas-pretas têm a duração de três rounds de dois
minutos cada, para os demais, dois rounds de 90 segundos. A pontuação da modalidade
é a seguinte:
a) chute no tórax: 1 ponto;
b) Chute giratório ou saltando no tórax: 2 pontos;
c) Chute na cabeça: 3 pontos (permitido apenas na categoria faixa-preta).

Caso um dos lutadores vá à knockdown (o mesmo que derrubar com um golpe),


se abrirá uma contagem de 10 segundos para que este se levante, e acrescentará um
ponto para aquele que desferiu o golpe. Caso não haja a finalização, a luta é decidida
pelos árbitros, de acordo com a pontuação obtida.

7.5. A graduação no Taekwondo


A graduação no Taekwondo é representada pela cor da faixa, amarrada ao redor
da cintura do competidor. Os graus são representados por Gub, para os iniciantes, e Dan,
para os mais experientes.

Quadro 4 - Cor de faixa de acordo com a graduação no Taekwondo

Graduação Cor da Faixa


10º Gub Branca
9º Gub Branca ponteira amarela
8º Gub Amarela
7º Gub Amarela ponteira verde
6º Gub Verde
5º Gub Verde ponteira azul
4º Gub Azul
3º Gub Azul ponteira vermelha
2º Gub Vermelha
1º Gub Vermelha ponteira preta
1º Dan Preta
Fonte: CBTKD, 2021

7.6. Técnicas Básicas

Considerando as competições oficiais, basicamente as técnicas do Taekwondo


podem ser de dois tipos:
a) Técnica de punho (soco): ataques usando a parte da frente do dedo
indicador e o dedo do meio, fechados e apertados junto ao punho. É
permitido golpear com a parte frontal do dedo indicador e médio com o
punho fechado em qualquer ângulo, trajetória ou colocação do punho
na aplicação da técnica. –
b) Técnica de pé (chutes): golpes usando a parte do pé abaixo do osso do
calcanhar. Não é permitido usar o joelho ou qualquer outra parte da
perna acima do tornozelo.

Os golpes apenas só serão válidos se forem desferidos na parte frontal do tórax


(entre a axila e o quadril) e do rosto (incluindo as orelhas). Golpes aplicados na região
das costas ou na parte de trás da cabeça (nuca) são penalizados.
8. ESGRIMA

Imagem do Tópico: Shutter 683789377

8.1. Um pouco de história


Não diferente dos outros esportes de combate, a Esgrima surgiu como uma
evolução de uma técnica de guerra e de combate, neste caso com o uso de um
implemento. Sua origem se relaciona com o desenvolvimento da humanidade,
especialmente a partir da descoberta e do uso das ligas metálicas, momento no qual
começaram a ser desenvolvidas as armas de combate (ALVES, 2018; RIBEIRO;
CAMPOS, 2007).
Os historiadores dividem a história da Esgrima em quatro partes, de acordo com
a evolução e o uso dos implementos. A primeira parte compreende desde o período pré-
histórico até o século XVI, caracterizado por uma Esgrima de impacto. Diversas
civilizações, como egípcios, gregos e romanos, usavam as armas para dar pancadas.
Além do combate de guerra, o combate também era forma de entretenimento, com os
gladiadores. O uso do cavalo e desenvolvimento de armaduras valorizaram ainda mais o
combate com as armas de percussão. O desenvolvimento de técnicas de forja, as lâminas
foram se tornando mais fortes e finas, aumentando o uso da ponta e modificando as
técnicas de combate (ALVES, 2018; RIBEIRO; CAMPOS, 2007).
Num segundo período, entre os séculos XVI e XVIII, além dos combates com o
uso de cavalos, armaduras e armas, também surgiram os torneios que movimentavam
senhores feudais e súditos pela Europa. Neste período também surgem as armas de fogo
portáteis e as espadas com lâminas finas e resistentes, capazes de ferir os combatentes
através das articulações das armaduras. O punhal, que permitia uma luta mais próxima
e rápida também passa a ser utilizado. Assim, este período é marcado com o fim da lança
e do escudo e o início do uso da espada e da adaga (ALVES, 2018; RIBEIRO; CAMPOS,
2007).
No século XVII, surgem as primeiras escolas de esgrima na França, com o
desenvolvimento de técnicas e escolas, e algumas regras de combate. Os duelos
encantam a nobreza, sendo praticados por homens e mulheres. No final do século XVIII,
a Esgrima inicia seu terceiro momento histórico, com a criação da máscara de proteção
e a restrição de sua prática ao âmbito esportivo. Os duelos foram extintos no final do
século XIX, sendo substituídos pelas competições com uso de árbitros. Finalmente, a
Esgrima alcança sua esportivização máxima, com a inclusão da modalidade nos Jogos
Olímpicos de 1896, em Atenas. E as regras internacionais, em 1913 (ALVES, 2018;
RIBEIRO; CAMPOS, 2007).

8.2. A chegada da Esgrima no Brasil


No Brasil, a Esgrima chegou no período imperial, principalmente com o incentivo
de Dom Pedro II, em implementar as tropas com o sabre. Em 1858, foi fundada uma
escola de Esgrima em São Paulo e ela também passa a fazer parte dos cursos de
Infantaria e Cavalaria da Escola Militar de Realengo. Durante o final do século XIX e início
do século XX, vários cursos e escolas de Esgrima são criados, geralmente ligados a
grupos militares e de infantaria. Em 1909, é criado o curso de Esgrima na Escola de
Educação Física da Força Pública de São Paulo (RIBEIRO; CAMPOS, 2007).
Em 1927 é criada a União Brasileira de Esgrima, que mais tarde se filiaria à
Federação Internacional de Esgrima, permitindo a participação da equipe brasileira nos
Jogos Olímpicos. O Curso de Mestre d’Armas, criado em 1937 pelo Exército, e mantido
até os dias atuais, é o único do país e muito contribui para a formação de atletas
brasileiros (RIBEIRO; CAMPOS, 2007).
8.3. Esgrima nas Olimpíadas
Apesar de parecer que é apenas uma luta de espadas, são três as disciplinas da
Esgrima: o florete, o sabre e a espada. As diferenças estão no formato das lâminas, no
funcionamento das armas e nas zonas do corpo onde o toque é válido.
Como já vimos, a Esgrima está presente desde os primeiros Jogos Olímpicos
modernos, em Atenas, 1896. Nesta primeira edição, as disputas eram exclusivamente
masculinas, e somente o florete e o sabre eram utilizados. A espada começou a ser
disputada em 1900. Em 1924, as mulheres também passaram a competir na modalidade,
mas somente no sabre. Para elas, a espada só foi permitida a partir dos Jogos de Atlanta,
em 1996, e o sabre, nos Jogos de Atenas em 2004.
Desde os Jogos de Berlim, em 1936, são utilizados equipamentos elétricos nas
disputas de Esgrima, facilitando a atuação dos árbitros diante dos movimentos rápidos e
dinâmicos, que por vezes confundiam os resultados.

8.4. Regras Gerais


Primeiro, é importante diferenciarmos os três implementos que podem ser
utilizados para a prática deste Esporte de Combate, o florete, a espada e o sabre (CBE,
2021):
a) Florete: é a arma mais comum, bastante flexível, sem corte ou ponta. Por ser
leve, exige técnica elegante e complexa, sendo considerada a mais difícil das
armas. Na esgrima de florete o objetivo é acertar a ponta na região do tronco
do oponente.
Figura 14 - Destaque para a área do corpo a qual é permitido o toque com o florete (esquerda). Medidas
e desenho com detalhes de um florete (direita)

Fonte: CBE, 2021

b) Espada: a espada era utilizada nos duelos do século XIX. Essa arma tem a
lâmina mais dura e pontiaguda, e durante a competição pode tocar em
qualquer parte do corpo do adversário. Por esta característica, favorece os
lutadores mais altos e exige uma postura mais ereta durante o combate, para
não deixar a parte inferior do corpo exposta ao adversário.
Figura 15 - Destaque para a área do corpo a qual é permitido o toque com a espada (esquerda).
Medidas e desenho com detalhes de uma espada (direita).

Fonte:
Fonte: CBE,
CBE, 2021
2021
c) Sabre: é a arma de duelo mais ágil e violenta, tem a lâmina mais flexível dos
três implementos e pode tocar o adversário tanto com a ponta quanto com a
lâmina. Por esse motivo, a esgrima de sabre exige bastante preparo físico e
agilidade do combatente. Para o toque ser válido, ele deve ocorrer na cabeça,
tronco e membros superiores, exceto a mão, do adversário.

Figura 16 - Destaque para a área do corpo a qual é permitido o toque com o sabre (esquerda). Medidas e
desenho com detalhes de um sabre (direita).

Fonte: CBE, 2021


A pista de esgrima tem 14 metros de comprimento com largura entre 1,5 e 2
metros. Durante o combate, o esgrimista pode sair da pista pela lateral, desde que recue
1 metro no retorno. Se ele sair pelo fundo, é penalizado, com um ponto para o adversário.
As roupas de esgrima são tradicionalmente brancas, e contém jaqueta, luvas,
calça, máscara e plastrom além dos fios elétricos e a arma. Enquanto as mulheres usam
Figura SEQ Figura \* ARABIC 17 - Pista de esgrima: C linha central, G linha de guarda, D zona de dois
metros (ou signales), R zona de recuo (saída de pista).

Fonte: CBE, 2021


protetores especiais para os seios. Antes do surgimento dos sensores eletrônicos, as
armas eram mergulhadas em tinta para facilitar o trabalho dos juízes ou então utilizava-
se giz na ponta para indicar o golpe.
O combate se inicia com um cumprimento entre os adversários antes de colocarem
as máscaras. No florete e no sabre, existe o chamado "direito de passagem" ou "frase
d'arma", que consiste na prioridade de quem iniciou o ataque de ganhar o ponto se houver
toque simultâneo. Se errar o ataque ou se o adversário conseguir se defender antes da
resposta, a vantagem passa para o adversário. No caso de acontecer toques simultâneos
sem prioridade, ninguém pontua. Na espada, caso ocorra toque simultâneo, ambos os
adversários ganham um ponto. Se houver empate num combate de espada, é normal dar
aos jogadores alguns minutos para descansar antes que se continue o combate para o
toque de desempate. Em raras ocasiões, quando continua se dando a situação de
empate, é possível que haja um sorteio que eleja o vencedor.
Em geral, na etapa classificatória são necessários cinco toques ou três minutos
para se vencer. Na etapa eliminatória são precisos quinze toques ou nove minutos. Essas
regras podem variar de acordo com a competição, o órgão responsável e a categoria dos
competidores.
Quanto à graduação, na esgrima existe o nivelamento de habilidades que são
expressas nos brasões de cores amarela, laranja, verde, azul, vermelho e preto. Cada
esgrimista pode avançar um brasão por ano. Ao fazer o exame de brasão com o mestre
e obter pleno sucesso, o atleta ganha um certificado e um brasão para colocar na jaqueta
no braço da mão armada.
As categorias para as competições variam de acordo com o sexo e com a idade,
com adequação das regras, como peso do implemento e tempo de luta, de acordo com
essas categorias.
REFLITA

O bom combate é aquele travado em nome dos nossos sonhos. Atacar ou Fugir fazem
parte da luta. O que não faz parte da luta é ficar parado.

Fonte: Paulo Coelho

#REFLITA#
CONSIDERAÇÕES FINAIS

Finalizamos a Unidade II e agora você conhece com mais detalhes alguns dos
Esportes de combate mais populares atualmente. Conseguimos fazer um passeio pela
história e por algumas das mais ricas culturas da humanidade.
A partir de agora, ao assistirmos algumas das modalidades estudadas numa
competição ou mesmo nos Jogos Olímpicos, não o faremos com olhar semelhante a
antes de conhecermos este conteúdo.
Com certeza, há muitas outras modalidades de Esportes de Combate que não
foram abordadas neste conteúdo, mas esta é apenas a porta para adentrar neste
interessante mundo das lutas e artes marciais. Também nos abre diversas possibilidades
de trabalhar com este conteúdo no ambiente escolar e em espaços não formais. Mas isso
é assunto para um próximo capítulo.
Até breve!
LEITURA COMPLEMENTAR

Para a leitura complementar, temos como sugestão dois artigos que tratam acerca
dos processos históricos de duas das modalidades exploradas nesta Unidade II: o Muay
Thai e o Boxe. No primeiro artigo, Junior e Capraro (2020) contam um pouco sobre o
processo histórico da Muay Thai no Brasil e como aconteceram algumas mudanças
características da modalidade após a chegada em nosso país. Já a pesquisa de Monteiro
(2020), conta a história do Boxe inglês e as adaptações técnicas que a luta sofreu ao
longo dos séculos XVIII e XIX.

JUNIOR, Ivo Lopes Muller; CAPRARO, André Mendes. Uma identidade guerreira forjada
“à base” das joelhadas e cotoveladas: as narrativas dos primeiros mestres do muay thai
brasileiro. Revista de Artes Marciales Asiáticas (RAMA), v. 15, n. 1, p. 22-33, 2020.

MONTEIRO, Fabrício. Transformações técnicas das lutas sob uma óptica da História
Social: o boxe inglês entre os séculos XVIII e XIX. Temporalidades, ed, v. 24, p. 178-
203.
LIVRO

• Título: Os três mestres do Budô


• Autor: John Stevens
• Editora: Cultrix
• Sinopse: O livro faz uma apresentação e uma contextualização dos mestres criadores
e responsáveis por divulgar as artes marciais japonesas mais populares no ocidente, o
Judô, o Karatê e o Aikido. Quais as semelhanças e diferenças entre Jirogo Kano (Judô),
Gichin Funakoshi (Karatê) e Morihei Ueshiba (Aikido)? O livro também aborda como eles
se conheceram e interagiram de diversas maneiras fascinantes.
FILME/VÍDEO

Título: Rocky: um lutador


Ano: 1976
Sinopse: Rocky Balboa, um pequeno boxeador da classe trabalhadora da Filadélfia, é
arbitrariamente escolhido para lutar contra o campeão dos pesos pesados, Apollo Creed,
quando o adversário do invicto lutador agendado para a luta é ferido. Durante o
treinamento com o mal-humorado Mickey Goldmill, Rocky timidamente começa um
relacionamento com Adrian, a invisível irmã de Paulie, seu amigo empacotador de carne.
REFERÊNCIAS

ACEVEDO, William; CHEUNG, Mei; GARCÍA, Carlos Gutiérrez. Breve historia del
kung-fu. Ediciones Nowtilus SL, 2010.

ALVES, Tabea Epp Kuster. Entre espadas, floretes e sabres: uma história da civilização
dos costumes na esgrima. Dissertação de Mestrado. Universidade Federal do Paraná.
Curitiba, 2018.

CARDIAS, Fabio. Quatro histórias e uma epifania: estudos indisciplinares acerca do


budô japonês. Dialogia, v. 7, n. 1, p. 41-62, 2008.

CBB (CONFEDERAÇÃO BRASILEIRA DE BOXE). Cbboxe, 2021. Disponível em: <


http://cbboxe.org.br/>. Acesso em 04 de maio de 2021.

CBE (CONFEDERAÇÃO BRASILEIRA DE ESGRIMA). Cbesgrima, 2021. Disponível


em: https://cbesgrima.org.br/. Acesso em 06 de maio de 2021.

CBJ (CONFEDERAÇÃO BRASILEIRA DE JUDÔ). Cbj, 2021. Disponível em:


https://cbj.com.br/. Acesso em 01 de maio de 2021.

CBK (CONFEDERAÇÃO BRASILEIRA DE KARATÊ). Karate do brasil, 2021.


Disponível em: https://www.karatedobrasil.com/.Acesso em 06 de maio de 2021.

CBMT (CONFEDERAÇÃO BRASILEIRA DE MUAY THAI). Cbmt, 2021. Disponível em:


< https://cbmt.com.br/>. Acesso em 03 de maio de 2021.

CBS (CONFEDERAÇÃO BRASILEIRA DE SUMÔ). Brasil sumo, 2021. Disponível em:


https://brasilsumo.com.br/. Acesso em 01 de maio de 2021.

CBTDK (CONFEDERAÇÃO BRASILEIRA DE TAEKWONDO). Cbtkd, 2021. Disponível


em: < https://cbtkd.com.br/>. Acesso em 06 de maio de 2021.

DA SILVA MOCARZEL, Rafael Carvalho. RELATOS SOBRE O SUMÔ ONTEM E HOJE


NO BRASIL E NO MUNDO. Kinesis, v. 34, n. 2, 2016.

DA COSTA, Lamartine Pereira (Org). Atlas do esporte no Brasil [Internet]. Rio de


Janeiro: CONFEF, 2006.

DE OLIVEIRA, Ronald Alexandre Mandim. HISTÓRIA DO JUDÔ, DA CRIAÇÃO À


EsEFEx. Revista de Educação Física/Journal of Physical Education, v. 76, n. 138,
2007.
FROSI, Tiago Oviedo; MAZO, Janice Zarpellon. Repensando a história do karate
contada no Brasil. Revista Brasileira de Educação Física e Esporte, v. 25, n. 2, p.
297-312, 2011.

JUNIOR, Ivo Lopes Muller; CAPRARO, André Mendes. Uma identidade guerreira
forjada “à base” das joelhadas e cotoveladas: as narrativas dos primeiros mestres do
muay thai brasileiro. Revista de Artes Marciales Asiáticas (RAMA), v. 15, n. 1, p. 22-
33, 2020.

JUNIOR, Ivo Lopes Muller; SONODA-NUNES, Ricardo João. Muay Thai–O jogo do
poder. The Journal of the Latin American Socio-cultural Studies of Sport
(ALESDE), v. 12, n. 2, p. 58 - 76, 2020.

MARTA, Felipe Eduardo Ferreira et al. A memória das lutas ou o lugar do “DO”: as artes
marciais e a construção de um caminho oriental para a cultura corporal na cidade de
São Paulo. São Paulo (SP): Pontíficia Universidade Católica, 2009.

MARTA, Felipe Eduardo Ferreira. Taekwon" Do": Os Caminhos de sua História no


Estado de São Paulo. Conexões, p. 151-162, 2000.

MARTINS, Carlos José; KANASHIRO, Cláudia. Bujutsu, Budô, esporte de luta. Motriz:
Revista de Educação Física, v. 16, n. 3, p. 638-648, 2010.

MESQUITA, Chuno. Judô... da reflexão à competição: o caminho suave. Rio de


Janeiro: Interciência, 2014.

MONTEIRO, Fabrício. Transformações técnicas das lutas sob uma óptica da História
Social: o boxe inglês entre os séculos XVIII e XIX. Temporalidades, ed, v. 24, p. 178-
203, 2017.

RIBEIRO, Jacques Chiganer Cramer; CAMPOS, Felipe Keese Diogo. História da


esgrima, da criação à atualidade. Revista de Educação Física/Journal of Physical
Education, v. 76, n. 137, 2007.

RIOS, Gleyson Batista. O processo de esportivização do taekwondo. Pensar a Prática,


v. 8, n. 1, p. 37-54, 2005.

SOARES, Michel de Paula. \'Boxe é compromisso\': políticas do corpo, territórios e


histórias de vida de boxeadores na cidade de São Paulo. Tese de Doutorado.
Universidade de São Paulo.

STEVENS, John. Três mestres do budô: Kano (judô), Funakoshi (karatê), Ueshiba
(aikido). São Paulo: Cultrix, 2007.

SOUZA, Fernanda Bianchi; FARJE, Luis Francia. Elementos fundamentais para um


treinamento eficaz em atletas de muay thai. In: VIII JORNACITEC-Jornada Científica e
Tecnológica. 2019.
TORRES, J. A. M. Kung Fu: a milenar arte marcial chinesa: águia, bêbado, louva-a-
deus, tai chi chuan, tigre, wing chun. São Paulo: Online Editora, 2011.

WKF (WORLD KARATE FEDERATION). Wkf, 2019. Disponível em: < https://wkf.net/>.
Acesso em 05 de maio de 2021.
UNIDADE III
ESPORTES DE COMBATE NA ESCOLA
Professor Mestra Kauana Borges Marchini

Plano de Estudo:
• Desafios para o ensino dos Esportes de Combate na Escola;
• Esportes de Combate e o planejamento da Educação Física Escolar;
• Prática Pedagógica: como trabalhar com os Esportes de Combate na Escola;
• Cuidados e Segurança.

Objetivos de Aprendizagem:
• Conceituar e contextualizar os principais desafios para o ensino dos Esportes de
Combate em ambiente escolar;
• Conhecer e compreender os principais documentos norteadores para a inclusão e
planejamento dos Esportes de Combate como conteúdo da Educação Física;
• Conhecer algumas estratégias pedagógicas para trabalhar com os Esportes de
Combate na escola;
• Compreender algumas normas para o cuidado e segurança na prática dos Esportes
de Combate.
INTRODUÇÃO

Prezado(a) aluno(a),

Vamos continuar nossos estudos sobre os Esportes de Combate. Esta unidade foi
preparada com muito carinho para que você possa conhecer melhor os aspectos
relacionados ao ensino dos Esportes de Combate na Educação Física Escolar.
Você sabia que este conteúdo é um dos conteúdos básicos da Educação Física,
juntamente com a ginástica, a dança e os esportes? Por isso esse conteúdo é tão
importante.
No início da nossa unidade iremos conhecer os desafios para o Ensino dos
Esportes de Combate na Escola. Em seguida veremos alguns aspectos que auxiliarão
no planejamento deste conteúdo para as aulas de Educação Física. No terceiro capítulo,
conheceremos algumas estratégias para enriquecer nossa prática pedagógica e por fim
veremos alguns cuidados e normas de segurança ao ensinar e praticar as modalidades
de Esportes de Combate.
Espero que este material seja um ponto de partida motivador na sua carreira
profissional quanto ao conhecimento dos Esportes de Combate e a real possibilidade de
inserir este conteúdo nas aulas de Educação Física.

Bons estudos!
1. DESAFIOS PARA O ENSINO DOS ESPORTES DE COMBATE NA ESCOLA

Imagem do Tópico: #SHUTTER 1167058753

Nas duas unidades anteriores, nós pudemos observar a diversidade e a riqueza


do conteúdo dos Esportes de Combate, que não se resumem apenas aos seus aspectos
técnicos. Como já dito anteriormente, as lutas, e por conseguinte, os Esportes de
Combate fazem parte da história humana e vão além das práticas corporais de
movimento, envolvem aspectos históricos e culturais de suas origens e práticas atuais.
Na educação física escolar este conteúdo está previsto, juntamente com os jogos,
esportes, danças e ginásticas nos Parâmetros Curriculares Nacionais – PCN’s (BRASIL,
1997) e, mais recentemente na Base Nacional Comum Curricular – BNCC (BRASIL,
2017). O intervalo entre esses dois documentos norteadores da educação brasileira, e
mais especificamente, do ensino da educação física escolar é de 20 anos. Ainda assim,
percebemos a dificuldade da inclusão de alguns conteúdos na prática pedagógica da
educação física. Desse modo, temos que abrir espaço aos questionamentos e à
discussão que norteiam quais os desafios para o ensino dos esportes de combate na
escola.
O principal ponto dessa discussão é entender os motivos que levam ao
distanciamento entre o conteúdo previsto e aquele que é realmente ensinado nas
escolas. Essa barreira está relacionada, primeiramente, ao currículo de formação
profissional dos professores (COSTA et al., 2019; HARNISCH et al, 2018).
O avanço da formação de professores na licenciatura em educação física para
além de uma abordagem tecnicista é relativamente recente quando comparado aos mais
antigos cursos de graduação em educação física no nosso país. Por esse motivo, em
muitas universidades, apesar do avanço curricular na abordagem do conteúdo de lutas,
artes marciais e esportes de combate, o ensino efetivo acaba restrito a uma única
modalidade. Isso se dá, pois, muitos professores que ministram esse conteúdo na
graduação tiveram contato com alguma modalidade específica como praticante
(HARNISH et al, 2018).
Como aponta De Matos et al (2015), este ensino tecnicista e restrito não atende
às necessidades pedagógicas da realidade escolar, por isso a necessidade de
proporcionar um conhecimento mais “prático” e próximo da realidade escolar ao
profissional em formação. Uma vez que, como indica Harnisch et al (2018):

...para desenvolver este conteúdo no ambiente escolar não é necessário que o


professor tenha amplos conhecimentos sobre modalidades específicas de lutas.
Mas, que possua os conceitos básicos para sentir-se competente para recriar sua
prática e atuar de maneira transformadora. (HARNISH et al., 2018, p. 182).

Assim, eventuais lacunas oriundas da formação inicial podem ser preenchidas


com cursos de formação e aperfeiçoamento. Se feito de maneira contínua, além da
atualização constante, é possível sempre agregar novidades na abordagem do conteúdo.
Ou seja, a formação do professor não pode parar na formação inicial, ele sempre deverá
buscar meios (cursos, palestras, oficinas), que podem ser próprios ou oferecidos pelo
local em que ele trabalha – escola, secretaria de educação, grupo de estudos – para se
atualizar e continuar aprimorar sua prática profissional, independente da área em que ele
trabalhe.
Quando analisamos as dificuldades apontadas pelos professores na escola, além
da questão anteriormente abordada da falta de contato e conhecimento do conteúdo
durante a formação acadêmica, também são apontados a falta de infraestrutura (espaço,
material, vestimenta) e a associação do conteúdo dos Esportes de Combate com a
violência (COSTA et al, 2019).
Sobre a questão da infraestrutura, cabe destacar a necessidade de avançar o
ensino desse conteúdo para além da técnica desportiva, há propostas pedagógicas que
propõe o ensino desse conteúdo de maneira geral e com abordagem lúdica, sem o foco
específico numa modalidade. Desse modo, além de não exigir do professor uma
formação técnica muito especializada, também abre possibilidades de abordagens
ajustadas à infraestrutura da escola, ou seja, não é necessário tatames, roupas
diferenciadas ou equipamentos adicionais, caso estes não estejam disponíveis
(HARNISCH et al, 2018). Mais adiante, trataremos sobre as práticas pedagógicas no
ensino dos Esportes de Combate e será possível visualizar exemplos práticos.
A associação dos Esportes de Combate com a violência não é algo incomum. Esse
(pré)conceito pode ocorrer tanto entre os professores, como apontou uma pesquisa
realizada por De Matos et al. (2015); como entre os alunos, conforme indicou a pesquisa
de De Lima Junior e Junior (2011). Nesta última, os resultados demonstraram que 80%
dos alunos entrevistados acreditavam que esse conteúdo estimulava a violência, contudo
após uma intervenção com a abordagem desse conteúdo, esse número se reduziu a 8%.
Na Unidade I deste material, já abordamos acerca da diferença entre as brigas e
os Esportes de Combate, e aqui fica mais evidente a importância de entender aquele
conteúdo e conseguir desmistificar essa associação errônea. Lembrando que a principal
diferença entre eles é que na briga não há regras, geralmente movido por sentimentos
negativos como a raiva usa-se a força para machucar o adversário. Já nos Esportes de
Combate existem as regras que devem ser seguidas para alcançar a vitória. Na verdade,
apresentar essa diferença é uma das formas de se trabalhar este conteúdo e também
trazer para o debate entre os alunos questões acerca da violência e da agressividade,
mas veremos isso com mais detalhes posteriormente.
2. ESPORTES DE COMBATE E O PLANEJAMENTO DA EDUCAÇÃO FÍSICA
ESCOLAR

Imagem do Tópico: #SHUTTER 261758513

Anteriormente abordamos sobre os desafios para o ensino dos Esportes de


Combate na escola. Mais do que simplesmente uma possibilidade de conteúdo da
Educação Física escolar, os Esportes de Combate estão contidos nos documentos
norteadores para o planejamento curricular nacional. Assim, a fim de compreendermos
como este conteúdo pode ser trabalhado no contexto escolar, temos que conhecer como
ele é abordado nestes documentos.
São dois os documentos nacionais norteadores para o ensino da Educação Física
escolar: os Parâmetros Curriculares Nacionais (PNC) (BRASIL, 1997) e a Base Nacional
Comum Curricular (BNCC) (BRASIL, 2017). Não é nosso objetivo discutir neste tópico
quais os pressupostos que levaram a construção destes dois documentos e nem discutir
quaisquer implicações deles na prática pedagógica. Desse modo, o foco neste momento
é apenas conhecer como o conteúdo estudado nesta disciplina – Esportes de Combate
– está contemplado em ambos os documentos, além de apresentar exemplos de como
abordar este conteúdo na prática pedagógica.
Tanto os PCN quanto a BNCC são diretrizes que objetivam nortear a prática
pedagógica na escola. O primeiro ponto a destacar é que, em ambos os documentos,
essa temática não está denominada como Esportes de Combate, mas sim como Lutas,
ou seja, a abordagem se dá de forma generalizada. Como já vimos nas Unidades I e II
dessa disciplina, há uma evolução das lutas aos Esportes de Combate. Muitas práticas
classificadas apenas como lutas, são na verdade, Esportes de Combate. Ainda assim,
para facilitar o entendimento do conteúdo a seguir, utilizaremos a denominação
apresentada pelos documentos – Lutas.
Primeiramente, temos que entender que a Educação Física é o campo de estudo
e desenvolvimento da cultura corporal de movimento, isto é, a abordagem de qualquer
assunto exige ir além de apenas experiências técnicas ou habilidades motoras. Há
história e cultura por trás de cada prática corporal que realizamos. Juntamente com cada
capacidade física trabalhamos a cooperação, o socioafetivo, o trabalho em equipe, a
atenção, a concentração, a memória, as capacidades sociais (BRASIL, 1997).
Nos PCN as lutas são entendidas como:

Disputas em que o(s) oponente(s) deve(m) ser subjugado(s), mediante técnicas


e estratégias de desequilíbrio, contusão, imobilização ou exclusão de um
determinado espaço na combinação de ações de ataque e defesa. Caracterizam-
se por uma regulamentação específica, a fim de punir atitudes de violência e de
deslealdade (BRASIL, 1997, p. 37).

A forma de abordagem desse conteúdo vai variar de acordo com a faixa etária dos
alunos, do mais simples ao mais complexo, sempre com o objetivo de desenvolver as
capacidades físicas, as habilidades motoras e expressões pessoais. Contudo, essa
abordagem deve ser feita em três dimensões (BRASIL, 1997):
1) Conceitual: trabalha os conceitos, fatos e regras de cada modalidade;
2) Procedimental: são as vivências práticas, relacionadas aos gestos,
movimentos e técnicas;
3) Atitudinal: se refere às normas, atitudes e valores que estão presentes
nas lutas.
Mais recentemente, foi lançada a BNCC, cujo componente curricular de Educação
Física, tem seis unidades temáticas: brincadeiras e jogos, esportes, ginásticas, danças,
práticas corporais de aventuras e lutas. Este último definido como:
disputas corporais, nas quais os participantes empregam técnicas, táticas e
estratégias específicas para imobilizar, desequilibrar, atingir ou excluir o
oponente de um determinado espaço, combinando ações de ataque e defesa
dirigidas ao corpo do adversário (BRASIL, 2017, p. 218)

O documento destaca que todas as práticas corporais podem ser objetos de


estudo em qualquer etapa do ensino. Além disso, elas devem ser reconstruídas e
adaptadas às condições da escola, mas considerando sempre desenvolver os conteúdos
dentro das oito dimensões do conhecimento: experimentação, uso e apropriação, fruição,
reflexão sobre a ação, construção de valores, análise, compreensão e protagonismo
comunitário (BRASIL, 2017).
É sempre importante enfatizar que esses documentos são norteadores, ou seja,
apresentam sugestões que devem sempre ser adequadas ao planejamento e à realidade
local. No caso das lutas, na BNCC, ela é apresentada como unidade temática do ensino
fundamental, como veremos a seguir.
No organizador curricular, as lutas são propostas a partir do 3º ano do ensino
fundamental. Como objeto de conhecimento, do 3º ao 5º ano do ensino fundamental são
propostos trabalhar as lutas no contexto comunitário e regional, além das de matriz
indígena e africana. No 6º e 7º anos, as lutas no Brasil e no 8º e 9º anos, as lutas no
mundo.
Quadro 1 - Objetos de conhecimento e habilidades para trabalhar o conteúdo de lutas do 3º ao
5º ano do ensino fundamental

OBJETOS DE
HABILIDADES
CONHECIMENTO
Experimentar, fruir e recriar diferentes lutas presentes no
contexto comunitário e regional e as lutas de matriz indígena e
africana.
Lutas do contexto
Planejar e utilizar estratégias básicas de lutas no contexto
comunitário e
comunitário e regional e lutas de matriz indígena e africana
regional
experimentadas, respeitando o colega como oponente e as
Lutas de matriz
normas de segurança.
indígena e africana
Identificar as características das lutas no contexto comunitário e
regional e lutas de matriz africana e indígena, reconhecendo a
diferença entre lutas e brigas e as demais práticas corporais.
Fonte: BNCC (BRASIL, 2017).
Nesta etapa o conteúdo pode ser trabalhado com lutas de desequilíbrio, puxar,
empurrar. Também é possível pesquisar as lutas praticadas na região, que mais adiante
serão recriadas e experimentadas pelos alunos. Sempre conceituando e caracterizando
cada modalidade e adaptando ao contexto escolar. O conceito e a diferenciação entre
lutas e brigas também pode ser abordado.

Quadro 2 - Objetos de conhecimento e habilidades para trabalhar o conteúdo de lutas dos 6º e


7º anos do ensino fundamental

OBJETOS DE
HABILIDADES
CONHECIMENTO
Experimentar, fruir e recriar diferentes lutas, valorizando a
segurança e integridade física sua e dos demais colegas.
Planejar e utilizar estratégias básicas das lutas no Brasil,
respeitando o colega como oponente.
Identificar as características (códigos, rituais, elementos
Lutas do Brasil técnicos-táticos, indumentária, materiais, instalações,
instituições) das lutas do Brasil.

Problematizar preconceitos e estereótipos relacionados ao


universo das lutas e demais práticas corporais, propondo
alternativas para superá-los, com base na solidariedade, na
justiça, na equidade e no respeito.
Fonte: BNCC (BRASIL, 2017).

Nesta fase o conteúdo abordado será um pouco mais abrangente, com a


apresentação das lutas e agora também os esportes de combate mais praticados no
Brasil. A abordagem vai desde o conteúdo histórico até as eventuais problematizações
que envolvam as modalidades estudadas. Para que o aluno possa ter uma vivência mais
rica, além dos jogos e dos aspectos gerais das modalidades abordadas, o professor
também pode convidar especialistas na(s) modalidade(s) estudada(s).
Quadro 3 - Objetos de conhecimento e habilidades para trabalhar o conteúdo de lutas dos 8º e
9º anos do ensino fundamental

OBJETOS DE
HABILIDADES
CONHECIMENTO
Experimentar e fruir a execução dos movimentos pertencentes
às lutas do mundo, adotando procedimentos de segurança e
respeitando o oponente.
Lutas do Mundo Planejar e utilizar estratégias básicas das lutas experimentadas,
reconhecendo suas características técnico-táticas.
Discutir as transformações históricas, o processo de
esportivização e a midiatização de uma ou mais lutas,
valorizando e respeitando as culturas de origem.
Fonte: BNCC (BRASIL, 2017).

Assim como foi feito em contexto nacional nos anos anteriores, agora a
abrangência é mundial. Aspectos históricos e técnicos-táticos serão estudados e
vivenciados nesta etapa. Além disso, o professor traz à luz da discussão as questões
relacionadas à esportivização e a midiatização dessas modalidades.
O ensino médio também não é abordado diretamente nestes documentos quanto
ao ensino das lutas. Mas a expectativa é que esse conteúdo avance em conjunto com
outras temáticas, de maneira multidisciplinar, se possível.
Observando os dois documentos, mas especialmente a BNCC, vemos que há um
fio condutor que visa orientar e facilitar o planejamento do professor para trabalhar com
este conteúdo. Sempre cabe destacar, a necessidade e a importância de que a realidade
escolar seja levada em consideração para o planejamento, o professor deve observar a
maturidade dos alunos e da turma para propor e desenvolver determinadas atividades,
ou seja, não há uma receita pronta.
Em ambos os documentos, a temática de lutas e, por consequência, os Esportes
de Combate são tratados apenas no ensino fundamental. Contudo, essa temática
também pode ser desenvolvida na educação infantil, com jogos e brincadeiras lúdicas. E
no ensino médio, de um modo mais integrado, problematizado e reflexivo desse conteúdo
com a realidade do mundo e do aluno.
3. PRÁTICA PEDAGÓGICA: COMO TRABALHAR OS ESPORTES DE
COMBATE NA ESCOLA

Imagem do Tópico: #Shutter 1341592382

Conforme observamos ao longo do desenvolvimento dessa disciplina, os Esportes


de Combate como conteúdo da educação física escolar vão muito além de seus aspectos
técnicos e táticos, e não se restringem a apenas duas ou três modalidades mais
conhecidas e/ou disputadas nos Jogos Olímpicos. Na verdade, vai além inclusive, das
modalidades tratadas com mais detalhamento na Unidade II do nosso material. Isso
somente mostra as vastas possibilidades de abordar esse conteúdo na escola.
Ainda assim, podem restar alguns questionamentos: como ensinar esse conteúdo
se não sou especialista em nenhuma modalidade de Esporte de Combate? Se não há
estrutura adequada, como reportam alguns professores, por que ensinar esse conteúdo
na escola? Primeiro, que a ideia não é formar um professor “mestre” em qualquer
modalidade de Esporte de Combate durante a graduação, assim como ele não deve sair
atleta em nenhuma modalidade. O preparo do profissional está em garantir que ele tenha
ferramentas e conhecimento adequado para ensinar o conteúdo aos alunos. Outro ponto,
o ensino dos Esportes de Combate na escola não se dá somente porque ele consta nos
documentos norteadores. De fato, esse conteúdo consta nesses documentos por um bom
motivo.
Dentre os benefícios deste conteúdo estão a melhora da aptidão física e um
aprimoramento motor, além de auxiliar na formação de um cidadão melhor (ALESSI;
BOEIRA, 2017). Para aptidão física, há desenvolvimento da força, capacidade
cardiorrespiratória, flexibilidade. No aspecto motor, desenvolvimento da lateralidade,
equilíbrio, coordenação motora, coordenação global (tempo, espaço), aprimoramento da
consciência corporal. E na formação social é possível desenvolver atitudes relacionadas
à postura individual e social, como perseverança, determinação, respeito, cuidado com o
outro (FERREIRA, 2006).
A seguir serão apresentadas algumas sugestões de práticas pedagógicas para o
ensino dos Esportes de Combate na escola. Essa abordagem não se dará num contexto
técnico-tático. Como já destacado anteriormente, caso o professor necessite de auxílio
para apresentar alguma modalidade específica, ele pode convidar um especialista na
modalidade. Assim, as sugestões a seguir possuem um caráter mais genérico, isto é,
podem ser usadas para apresentar as modalidades num contexto geral ou podem ser
adaptadas para modalidades específicas.
Uma das maneiras de se introduzir o conteúdo aos alunos é por meio dos filmes e
desenhos animados. Além de realizar um primeiro contato com o tema, fica mais fácil
fazer com que se sintam próximos dessa realidade, afinal, muitos gostam de personagens
e super-heróis que lutam contra seus inimigos. Há uma infinidade de filmes e desenhos
animados que tratam do tema e alguns deles foram, inclusive, sugeridos em nossa
disciplina. Mas a principal dica é investigar se há algum personagem/filme que está se
destacando entre os alunos. Esse pode ser um interessante ponto de partida.
As rodas de conversa e pesquisas documentais também podem ser estratégias
pedagógicas para introduzir o assunto, conhecer os aspectos relacionados à história e a
realidade local das modalidades estudadas. Mas é muito importante que o ensino das
modalidades dos Esportes de Combate não seja reduzido às aulas teóricas. A prática
corporal é a grande riqueza da Educação Física, e deve sempre ser valorizada.
Dentre as metodologias consideradas eficientes para a experiência prática dos
Esportes de Combate na escola de acordo com Terluk e Ruppel da Rocha (2021) estão
relacionar os aspectos históricos e filosóficos das ao contexto do aluno e o uso dos jogos
de oposição como estratégia de ensino e aprendizagem. Os jogos de oposição são
atividades de oposição corporal individuais ou coletivas, que se desenvolvem numa
dinâmica lúdica e agradável, cujo foco não está necessariamente na vitória do jogo.
Dentre os jogos de oposição mais conhecidos estão o cabo de guerra, queda de braço,
pique bola ou pique bandeira etc.
Durante essa prática é possível aos alunos desenvolverem os aspectos cognitivos,
por meio da elaboração de estratégias, entendimento das regras, observação, avaliação
e decisão; aspectos motores, com controle de equilíbrio, coordenação de movimentos
(empurrar, puxar, tocar, arrastar, imobilizar, etc) e desenvolvimento de base e postura; e
os aspectos socioafetivos, dominando as emoções, canalizando a agressividade,
respeitando as regras e aceitando a derrota (DE SOUZA JUNIOR; DOS SANTOS, 2010).
Em relação aos aspectos motores, Nunes e Oliveira (2020) apresentam em sua
obra um quadro organizacional com as ações motoras típicas relacionadas às
manifestações de lutas. A partir desse quadro é possível relacionar essas ações com
cada uma das modalidades que se pretende ensinar e planejar a atividade que será
proposta.

Quadro 4 - Ações motoras típicas relacionadas às manifestações de luta


Ações motoras específicas Diversificações possíveis
Ataque
Agarrar Agarrar braços, pernas, cintura, tronco / agarrar as
roupas
Reter Com as mãos / por meio do corpo
Desequilibrar Puxando / empurrando / puxando e empurrando /
carregando, levantando / fazendo barreira com as
pernas / projetando / fazendo virar
Imobilizar Virando / Esmagando no chão / recobrindo o corpo
/ fixando os membros / combinando as ações
Defesa
Esquivar-se Rolando / saltando / abaixando-se / desviando as
mãos / afastando-se / virando
Livrar-se Opondo-se / empurrando / desviando / atacando
Resistir Agarrando / empurrando / girando em torno de si
mesmo / virando -se
Fonte: adaptado de Olivier (1993:2000) apud Nunes e Oliveira (2020).
Ao planejar a atividade, além do tema central, os autores também sugerem a
elaboração de um plano de ação, que inclua além do nome e descrição da atividade, a
faixa etária, o objetivo, as competências motoras e cognitivas que se pretende priorizar,
além dos materiais utilizados e eventuais regras de segurança (NUNES; OLIVEIRA,
2020). Partindo dessas propostas, apresentaremos algumas opções de jogos de
oposição de atividades.

3.1. Jogo do Dragão Chinês

Quadro 5 – Plano de ação para o jogo de oposição Dragão Chinês

Nome do jogo/atividade Dragão Chinês


Faixa etária Acima 5 anos

Objetivo Possibilitar o desenvolvimento de ações técnico-táticas


relacionadas a algumas manifestações de lutas

Conteúdo Fundamentos de algumas lutas que mantém a distância

Competências motoras Deslocar-se rapidamente; reagir ao deslocamento do


outro; coordenar deslocamentos; mudar de direção

Competências cognitivas e Estar atento; aproveitar a oportunidade; organizar


atitudes estratégias de deslocamento; situar-se no espaço;
compreender e respeitar regras; aceitar a derrota.

Regras de segurança Apenas o primeiro integrante da fila pode atrapalhar o


deslocamento da pessoa que está tentando encostar na
última, sendo permitido usar somente os braços para
bloquear a passagem. Não é permitido segurar, ou realizar
qualquer outro movimento que machuque o oponente ou
gere um acidente.

Materiais utilizados Não são necessários

Descrição do jogo/atividade Inicialmente, contextualize o jogo apresentando o Dragão


chinês (informações, imagens e/ou vídeos). Em seguida,
reúna os alunos em grupos solicitando a cada grupo que
indique uma pessoa para ficar sozinha e os demais formam
uma fila indiana. Ao formar essa fila, cada integrante do
grupo utilizará as mãos para segurar na cintura da pessoa
que está à sua frente a pessoa que ficou sozinha se
posicionará de frente para a fila do seu próprio grupo e,
quando o jogo iniciar, tentará encostar na última pessoa da
fila. Ao mesmo tempo, o primeiro integrante da fila abrirá
os braços para atrapalhar o deslocamento da pessoa que
está tentando fazer o toque, dificultando que ela encoste
na última pessoa da fila. A fila também pode se deslocar
para ajudar a fazer a proteção, com tudo não é permitido
soltar a mão da cintura. É importante estimular o trabalho
em equipe, orientando o grupo a criar estratégias
(deslocamentos, posicionamentos etc.) para proteger a
última pessoa da fila.

Fonte: adaptado de Nunes e Oliveira (2020) p. 34.

3.2. Jogo das Tartarugas Ninjas

Quadro 6 - Plano de ação para o jogo de oposição Tartarugas Ninja

Nome do jogo/atividade Tartarugas Ninja


Faixa etária Acima 10 anos

Objetivo Possibilitar o desenvolvimento de ações técnico-táticas


relacionadas a algumas manifestações de lutas

Conteúdo Fundamentos de algumas lutas que mantém a distância e


aproximam os participantes

Competências motoras Deslocar-se rapidamente; reagir ao deslocamento do


outro; coordenar deslocamentos; mudar de direção;
coordenar ação com os demais membros da equipe

Competências cognitivas e Estar atento; compreender os deslocamentos de cada


atitudes grupo, suas formas de “atacar” e “defender”; compreender
e respeitar regras; aceitar a derrota.

Regras de segurança As pessoas da equipe das tartarugas, ao adotar a posição


de defesa (costas no chão) para poder realizar o ataque,
podem tocar os colegas apenas com o peito do pé e as
mãos. Atenção: o toque com a sola dos pés pode causar
acidentes.

Materiais utilizados Não são necessários

Descrição do jogo/atividade Inicialmente, contextualize o jogo apresentando as


tartarugas ninja (desenho, filme etc). Em seguida, divida a
turma em 2 grupos: As Tartarugas Ninja e os Ninjas. As
tartarugas deslocam-se em 6 apoios (mãos, joelhos e pés)
e os ninjas em pé. Na primeira fase do jogo as tartarugas
podem apenas se defender (nesse caso, permanecem
com as costas no chão) e deslocar-se para fugir dos ninjas,
que por sua vez tentam tocar as tartarugas desenho ninjas
(a conversão ocorre somente quando as tartarugas estão
na posição de 6 apoios). Na segunda fase, as tartarugas
podem defender e atacar (nesse caso, tem que
permanecer com as costas no chão e utilizar apenas o
peito dos pés e das mãos para fazer o toque), de forma
que, ao ser tocado o Ninja, converte-se em tartaruga e a
tartaruga tocada pelo Ninja converte-se em Ninja.

Fonte: adaptado de Nunes e Oliveira (2020) p. 37.


3.3. Fora do círculo
Quadro 7 - Plano de ação para o jogo de oposição Fora do Círculo
Nome do jogo/atividade Fora do Círculo

Faixa etária A partir de 5 anos

Objetivo Possibilitar o desenvolvimento de ações técnico-táticas


relacionadas a algumas manifestações de lutas

Conteúdo Fundamentos de algumas lutas que aproximam os


participantes

Competências motoras Agarrar; empurrar; virar-se; resistir às trações; resistir aos


empurrões.

Competências cognitivas e Estar atento; aproveitar a oportunidade; situar-se no


atitudes espaço; organizar estratégias; compreender e respeitar
regras; aceitar a derrota.

Regras de segurança Pode estabelecer o contato antes de iniciar a atividade.

Materiais utilizados Não são necessários

Descrição do jogo/atividade A atividade deve ser feita em dupla, a qual deverá se


posicionar frente a frente um para o outro dentro de um
círculo (ou um espaço) demarcado no chão. O objetivo é
empurrar o oponente para fora do círculo. O professor
pode estabelecer regras específicas para adequar a
atividade aos participantes, como por exemplo só tocar as
mãos, usar braços e corpo (como no sumô), empurrar de
costas um para o outro etc.

Fonte: adaptado de Nunes e Oliveira (2020), p. 44.


3.4. Pega-pega Rabinho

Quadro 8 - Plano de ação para o jogo de oposição Pega-pega Rabinho


Nome do jogo/atividade Pega-pega Rabinho

Faixa etária A partir de 5 anos

Objetivo Possibilitar o desenvolvimento de ações técnico-táticas


relacionadas a algumas manifestações de lutas

Conteúdo Fundamentos de algumas lutas que mantém a distância

Competências motoras Deslocar-se rapidamente; reagir ao deslocamento do


outro; coordenar deslocamentos; mudar de direção;
realizar ações de ataque (pegar o rabinho); realizar
ataques surpresas; proteger objeto.

Competências cognitivas e Aceitar o contato; estar atento; aproveitar a oportunidade;


atitudes situar-se no espaço; organizar estratégias; compreender e
respeitar regras; aceitar a derrota.

Regras de segurança O rabinho (faixa de papel) deve ser fixado na roupa em


local visível, preferencialmente da cintura para cima,
evitando o choque, por exemplo, de cabeça com joelho no
momento da atividade.

Materiais utilizados Faixa/fita de tecido (também pode ser prendedor/pregador


de roupa)

Descrição do jogo/atividade O jogo pode ser realizado em duplas, ou grupos, inclusive


no todos contra todos (modelo mais adequado às crianças
mais velhas). O objetivo é pegar e retirar o rabinho do
oponente e também evitar que peguem a sua fita. Num
primeiro momento pode se determinar quem vai atacar e
quem vai defender, para tornar a atividade mais fácil. A
faixa pode ser presa em qualquer parte do corpo, inclusive
nas costas (funciona muito bem na região da cintura).
Podem ser colocadas várias faixas coloridas e estabelecer
pontuações específicas para cada cor.

Fonte: Adaptado de Nunes e Oliveira (2020), p. 39.


3.5. Esgrimargola

Quadro 9 - Plano de ação para o jogo de oposição Esgrimargola


Nome do jogo/atividade Esgrimargola

Faixa etária A partir de 8 anos

Objetivo Possibilitar o desenvolvimento de ações técnico-táticas


relacionadas à esgrima

Conteúdo Fundamentos de algumas lutas que utilizam um


equipamento mediador

Competências motoras Deslocar-se rapidamente; coordenar ações envolvendo


braços e pernas; proteger objeto; reagir ao deslocamento
do outro; coordenar deslocamentos; mudar de direção.

Competências cognitivas e Estar atento; aproveitar a oportunidade; situar-se no


atitudes espaço; organizar estratégias de deslocamento;
compreender e respeitar regras; aceitar a derrota.

Regras de segurança É necessário usar uma proteção no rosto para evitar o


contato do implemento com os olhos. A máscara de
esgrima pode ser confeccionada de material alternativo.

Materiais utilizados Papel e fita adesiva para confeccionar um implemento de


esgrima e as argolas.

Descrição do jogo/atividade A atividade inicia com a confecção dos equipamentos


(máscara, argolas e arma). Com fita adesiva fixe uma
argola em cada ombro dos participantes. Em duplas e com
a área de deslocamento limitada, os “esgrimistas” deverão
tentar retirar a argola do ombro do oponente, ao mesmo
tempo que protegem suas argolas. As regras de
deslocamento da esgrima podem ser utilizadas. Pode
variar colocando as argolas em outras partes do corpo e/ou
realizando a atividade em trios ou mais pessoas.

Fonte: adaptado de Nunes e Oliveira (2020), p. 65.

Esses foram apenas alguns exemplos de possibilidade de jogos de oposição para


trabalhar o conteúdo dos Esportes de Combate na escola, mais opções podem ser
consultadas nos materiais complementares desta unidade. Estes jogos também podem
ser adaptados para o ensino dessas modalidades fora do ambiente escolar. Com
criatividade é possível criar inúmeras variações para os jogos de modo a trabalhar as
habilidades necessárias ao conteúdo que será desenvolvido.
4. CUIDADOS E SEGURANÇA

Imagem do Tópico: Shutter 1566508768

Neste tópico iremos abordar os principais cuidados que devemos ter em relação à
prática dos Esportes de Combate. Em primeiro lugar, é importante frisar que estes
cuidados devem ser tomados em qualquer ambiente de prática, não somente no contexto
escolar. É claro que um ambiente próprio para a prática dessas modalidades minimiza os
riscos de eventuais acidentes, mas também existem outros aspectos que merecem nossa
atenção quando o assunto é prática em segurança.

4.1 Ambiente
O cuidado com o ambiente deve ser em eliminar condições que ofereçam riscos.
Na escola é importante verificar se o piso não está molhado ou é escorregadio. Se a
atividade oferece o risco de quedas, sempre garantir que essa aconteça em segurança,
não havendo objetos, paredes, quinas ou degraus que o praticante possa atingir ao cair.
O uso de tatames também requer cuidados. Como em geral se deve ficar sem
sapatos no tatame, alguns revestimentos podem ficar lisos quando o praticante está de
meias. Tatames que são modulares (encaixados) correm o risco de se deslocar e criar
fendas e buracos, que ao enroscar o pé pode ocasionar torções ou fraturas.

4.2. Vestimentas
Quando não há a possibilidade de uso das roupas específicas para a prática, o
cuidado deve ser em garantir vestimentas adequadas aos movimentos que serão
realizados. Tecidos mais maleáveis, facilitam o movimento e evitam acidentes
constrangedores como rasgar uma peça de roupa.
O uso de acessórios também deve ser evitado. Brincos, relógios, correntes e anéis
devem ser retirados. Quando não é possível retirar um acessório, verifique a necessidade
de proteger o local com equipamentos específicos.

4.3. Escolha das atividades


Tanto no ambiente escolar quanto fora dele, é questão de segurança escolher
atividades que estejam adequadas à idade do praticante e ao seu nível de coordenação.
Além de evitar acidentes, essa adequação estimula e motiva o praticante, uma vez que
ele consegue executar as atividades propostas.
Nas atividades que envolvam golpes, como chutes, socos, chaves e torções, deve
haver um cuidado especial. Regiões vitais devem ser evitadas, especialmente para
praticantes iniciantes e quando não é possível supervisionar atentamente o exercício. Em
turmas muito grandes, é melhor realizar atividades desse tipo destacando os praticantes:
uma dupla executa e os demais assistem, permitindo uma melhor atenção e supervisão
do professor. A definição dos papéis também auxilia no controle dos participantes: quem
vai atacar, quem vai defender, qual grupo avança, qual deve esperar etc.
Outra estratégia é a escolha de elementos mediadores, como objetos, que possam
minimizar a agitação dos alunos com a atividade. Ou mesmo a limitação do tempo da
brincadeira, propondo pequenos intervalos para acalmar ânimos mais agitados.
4.4. Praticantes/participantes
Além da escolha de atividades adequadas à idade e à coordenação motora, um
outro aspecto que merece bastante atenção, neste caso, especialmente na escola, é a
participação das meninas nas atividades de Esportes de Combate. Este ponto não está
necessariamente ligado ao risco de acidentes, ainda que deva haver um cuidado com
determinadas atividades entre participantes de tamanho, peso, ou nível de força muito
discrepante, que pode ocorrer entre meninos e meninas. Mas sim, ao respeito destinado
a elas.
Um estudo de Mariano et al (2021), indicou que muitos alunos consideram
negativa a participação das meninas em atividades de Esportes de Combate, pelo risco
delas se machucarem e por não se considerarem capazes de realizar essas modalidades.
Isso já indica a importância de cuidar e inclusive abordar esse aspecto. Neste sentido, os
Esportes de Combate podem ser uma porta para adentrar nas diferenças e nas questões
históricas de gênero na prática de diversas modalidades esportivas, inclusive nos Jogos
Olímpicos.
SAIBA MAIS

Você sabia que a participação das mulheres nas artes marciais e esportes de combate é
bastante recente? Nos Jogos Olímpicos a primeira mulher a participar da Esgrima foi em
1924, no Judô em 1992, no Taekwondo em 2000, na Luta Olímpica – Estilo Livre em
2004 e no Boxe, somente em 2012.
Ainda hoje algumas modalidades restringem a participação feminina em competições
oficiais, como é o caso do Sumô.

Fonte: Mariano et al (2021).

#SAIBA MAIS#

REFLITA

“Aquilo que eu escuto eu esqueço, aquilo que vejo eu lembro, aquilo que eu faço eu
aprendo”

Confúcio.

#REFLITA#
CONSIDERAÇÕES FINAIS

Chegamos ao final de nossa terceira unidade! Esperamos que ao final dessa etapa
a prática pedagógica dos Esportes de Combate não seja mais um bicho de sete cabeças.
E que você já esteja imaginando as inúmeras possibilidades de aplicar o conhecimento
aprendido em sua prática profissional.
Com certeza, como já mencionamos ao longo do nosso conteúdo, isso é apenas
a ponta do iceberg de um conteúdo rico e diverso. Com estudo e planejamento do que
foi proposto ao longo deste capítulo, com certeza você será capaz de ensinar o conteúdo
dos Esportes de Combate na escola, para alunos de diversas idades. Afinal, você já
conhece quais desafios devem ser superados, as estratégias para a prática pedagógica,
além dos cuidados para um ensino-aprendizagem com segurança, respeito e
tranquilidade.
Até breve!
LEITURA COMPLEMENTAR

Para complementar o conteúdo estudado nesta unidade, trazemos alguns artigos


com sugestões de atividades e relatos de experiências sobre o ensino das modalidades
de Esportes de Combate no ambiente escolar. Destaque para o texto de Mariano et al
(2021) que faz uma interessante discussão acerca das questões de gênero e os Esportes
de Combate no contexto escolar.

MADURO, Luiz Alcides. Considerações e sugestões para o ensino das lutas no ambiente
escolar. Cadernos de formação RBCE, v. 6, n. 2, 2016.

MARIANO, Eder Rodrigo et al. Elas podem se machucar: As Lutas no combate ao


preconceito de gênero na Educação Física Escolar. Research, Society and
Development, v. 10, n. 3, 2021.

NUNES, Ricardo João Sonoda; OLIVEIRA, Sergio Roberto de Lara. Jogos e


brincadeiras de lutas. Curitiba: Contentus, 2020. Disponível em:
https://plataforma.bvirtual.com.br

PASQUALOTO, Bruno Bohm. Et al. Trabalhando com lutas na escola: perspectivas


autobiográficas de Professores de Educação Física. São Paulo: CREF4/SP, 2018.

SANTOS, Douglas de Assis Teles et al. Esportes de combate na educação física escolar:
a perspectiva dos alunos do ensino médio de uma escola do município de Jatai,
Goiás. Itinerarius Reflectionis, v. 16, n. 2, p. 01-12, 2020.
LIVRO

• Título: Educando Filhos como Samurais do Século XXI – Um guia para pais e
professores
• Autor: Luciano Giannini
• Editora: Moura SA
• Sinopse: Qual a relação entre os guerreiros Samurais que viveram no Japão entre os
séculos VII e XIX e os jovens que vivem no século XXI? A necessidade de um
aprimoramento contínuo e treinamento para que tenham condições de enfrentar os
desafios de sua época. Para os Guerreiros japoneses, seguir o código samurai
(BUSHIDO) era o que os mantinha ligados ao processo de aperfeiçoamento pessoal,
físico e mental que lhes permitiam estar aptos a enfrentar as adversidades de sua época.
Para as crianças e jovens que vivem no século XXI os desafios são outros, porém a
necessidade de se conectar com algo que lhes ofereça suporte para enfrentar problemas
como novas estruturas familiares, excesso de tecnologia e questões relacionadas à sua
fisiologia se faz presente. Este livro oferece uma oportunidade de reflexão para pais e
educadores sobre como educar seus filhos inspirados nas 7 virtudes dos Samurais.
Justiça, honra, educação, sinceridade, coragem, benevolência e lealdade são princípios
que tornaram os Samurais figuras respeitadas em todo o mundo. Poderiam estas
mesmas virtudes contribuir para o processo educacional de crianças e jovens de nossa
época?
FILME/VÍDEO

Título: Kung Fu Panda


Ano: 2008
Po é um panda que trabalha na loja de macarrão da sua família e sonha em transformar-
se em um mestre de kung fu. Seu sonho se torna realidade quando, inesperadamente,
ele deve cumprir uma profecia antiga e estudar a arte marcial com seus ídolos, os Cinco
Furiosos. Po precisa de toda a sabedoria, força e habilidade que conseguir reunir para
proteger seu povo de um leopardo da neve malvado.
WEB

• Este vídeo apresenta algumas ideias simples para trabalhar uma iniciação aos
Esportes de Combate na educação física escolar sem a utilização de materiais.
• https://www.youtube.com/watch?v=dxa4Kp-kFXs

• Este vídeo apresenta algumas ideias para trabalhar a iniciação aos Esportes de
Combate de média distância na educação física escolar.
• https://www.youtube.com/watch?v=DYJKlRAVM_s

• Este vídeo apresenta algumas ideias para trabalhar a iniciação aos Esportes de
Combate na educação física escolar usando garrafas como material de apoio.
• https://www.youtube.com/watch?v=fxHuSlveUVs
REFERÊNCIAS

ALESSI, Alana; BOEIRA, Wendy Nayara da Silva. Os benefícios das lutas e como
trabalhar esse conteúdo na educação física escolar. In: 8º Congresso Norte
Paranaense de Educação Física Escolar. Estadual de Londrina, Londrina. 2017.

BRASIL. Parâmetros Curriculares Nacionais: Educação Física. Brasília: Secretaria


de Educação Fundamental, MEC/SEF, 1997. Disponível em:
http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/livro07.pdf. Acesso em: 10 de maio de 2021.
BRASIL. Base Nacional Comum Curricular – Educação é a base. Ministério da
Educação, 2017. Disponível em: http://basenacionalcomum.mec.gov.br/abase/. Acesso
em: 10 de maio de 2021.
COSTA, Alisson Vieira et al. Desafios para o ensino das lutas na escola: um panorama
a partir da base de dados do portal de periódicos da CAPES. Cadernos de Formação
RBCE, v. 10, n. 1, 2019.

DE LIMA JUNIOR, Hamilton Carlos; JUNIOR, Sergio Roberto Chaves. Possibilidades


das lutas como conteúdo na educação física escolar: o confrontamento em uma
abordagem pedagógica com alunos de 6ª série em um colégio estadual do município de
Guarapuava-PR. Cadernos de formação RBCE, v. 2, n. 1, 2011.

DE MATOS, José Arlen Beltrão et al. A presença/ausência do conteúdo das lutas na


educação física escolar: identificando desafios e propondo sugestões. Conexões, v. 13,
n. 2, p. 117-135, 2015.

DE SOUZA JUNIOR, Tácito Pessoa; DOS SANTOS, Sérgio Luiz Carlos. Jogos de
oposição: nova metodologia de ensino dos esportes de combate. 2010.

FERREIRA, Heraldo Simões. As lutas na educação física escolar. Revista de


Educação Física/Journal of Physical Education, v. 75, n. 135, 2006.

HARNISCH, Gabriela Simone et al. As lutas na educação física escolar: um ensaio


sobre os desafios para sua inserção. Caderno de Educação Física e Esporte, v. 16, n.
1, p. 179-184, 2018.

MARIANO, Eder Rodrigo et al. Elas podem se machucar: As Lutas no combate ao


preconceito de gênero na Educação Física Escolar. Research, Society and
Development, v. 10, n. 3, 2021.

NUNES, Ricardo João Sonoda; OLIVEIRA, Sergio Roberto de Lara. Jogos e


brincadeiras de lutas. Curitiba: Contentus, 2020. Disponível em:
https://plataforma.bvirtual.com.br.
RUFINO, Luiz Gustavo Bonatto; DARIDO, Suraya Cristina. O ensino das lutas nas aulas
de educação física: análise da prática pedagógica à luz de especialistas. Revista da
educação física/UEM, v. 26, n. 4, p. 505-518, 2015.

TERLUK, Maria Gorete; DA ROCHA, Ricelli Endrigo Ruppel. Metodologias e estratégias


pedagógicas para o ensino das lutas, artes marciais e esportes de combate: uma
revisão integrativa. Caderno de Educação Física e Esporte, v. 19, n. 1, p. 1-6, 2021.
UNIDADE IV
ESPORTES DE COMBATE EM ESPAÇOS NÃO FORMAIS
Professora Mestra Kauana Borges Marchini

Plano de Estudo:
• Esportes de Combate em academias;
• Esportes de Combate para crianças;
• Esportes de Combate como profissão.

Objetivos de Aprendizagem:
• Conhecer as possibilidades de atuação com Esportes de Combate em academias;
• Compreender a importância do ensino de Esportes de Combate para crianças;
• Conhecer as possibilidades de atuação com os Esportes de Combate como foco
principal de atuação profissional.
INTRODUÇÃO

Prezado(a) aluno(a),

Chegamos à Unidade IV de nossa disciplina e vamos nos encaminhando à


finalização do nosso conteúdo. Depois de compreendermos alguns aspectos
característicos e históricos dos Esportes de Combate, conhecer com mais detalhes as
características de alguns deles, e entendermos a prática dessas modalidades no
ambiente escolar, agora vamos explorar essas modalidades nos espaços não formais.
Nesta unidade, vamos compreender as possibilidades profissionais que envolvem
os Esportes de Combate fora da escola. Como acontece a prática dessas modalidades
nas academias? Como ensiná-las para crianças? É possível direcionar a prática
profissional totalmente para os Esportes de Combate? Essas serão as questões
respondidas a seguir.
Esperamos que este conteúdo contribua ainda mais para a sua formação de
qualidade. Lembrando, como sempre, da importância de complementar os seus estudos
com outras fontes, como as sugeridas neste material, como forma de enriquecer sua
aprendizagem.
Bons estudos!
1. ESPORTES DE COMBATE EM ACADEMIAS

Imagem do Tópico: #SHUTTER 665074852

1.1. Características dos Esportes de Combate nos espaços não formais

Os Esportes de Combate alcançaram grande popularidade, especialmente nas


últimas duas décadas. Diversos fatores podem explicar o aumento do interesse por essas
modalidades, como o processo de esportivização e inclusão olímpica de algumas
modalidades, a exemplo do Judô; o próprio processo histórico de disseminação cultural
de algumas lutas e artes marciais ao longo do século XX, fruto dos processos migratórios
e de globalização; e também, com grande importância, a espetacularização com grande
influência da mídia, especialmente TV e internet, em alguns eventos dessas
modalidades, como o Mixed Martial Arts (MMA).
Por ter uma origem relativamente recente e englobar uma mistura de diferentes
modalidades de Esportes de Combate, o MMA não foi abordado anteriormente em nossa
disciplina. Entretanto, cabe destacar que o interesse de crianças e adultos pelos Esportes
de Combate pode vir justamente desse primeiro contato com eventos dessa natureza,
como o famoso Ultimate Fighting Championship (UFC). Assim, ainda que este tipo de
modalidade não seja o foco principal de atuação profissional, é importante entender esse
contexto a fim de adequar a prática pedagógica, também fora do ambiente escolar, às
expectativas daqueles que procuram um profissional de Educação Física com interesse
no que estas modalidades podem oferecer.
De maneira geral podemos dividir esta abordagem em espaços não formais em
dois interesses as quais apresentam objetivos distintos:
1) Fitness/Físico: quando não há interesse direto em alguma modalidade de
combate, mas sim no benefício físico, fisiológico e estético que ela pode
oferecer. Podemos citar como exemplo pessoas que procuram uma aula de
Muay Thai em uma academia com o objetivo de emagrecer. Elas não desejam
aprender essa modalidade para competir, apenas querem se beneficiar dos
aspectos físicos e fisiológicos (força, agilidade, gasto calórico) que a aula pode
oferecer.
2) Marcial: quando há um interesse e uma identificação com uma modalidade
específica. A busca pela prática da modalidade de combate se dá pelo
interesse na sua filosofia, nas suas técnicas, tanto para competição quanto
para defesa pessoal, ou mesmo nos seus aspectos culturais, como
características específicas relacionadas ao seu local de origem.

Assim, para atender a demanda do grupo que apresenta o primeiro interesse, o


fitness, algumas modalidades de combate podem sofrer adaptações. Em geral, essas
adaptações ocorrem quando elas passam a ser oferecidas como modalidades de
ginástica, e nem sempre as aulas são conduzidas por professores com vasta experiência
em artes marciais. Um exemplo que podemos dar dessas adaptações são as
modalidades de ginástica que misturam movimentos de diversos Esportes de Combate
com músicas, como o Body Combat.
Essa forma de abordagem não é o foco da nossa disciplina, mas a título de
curiosidade, cabe destacar que a formação para esse modelo de aula é bem mais simples
e rápida do que a que envolve um instrutor/mestre de uma modalidade de luta ou arte
marcial. Enquanto este último pode demorar de cinco a dez anos para se qualificar,
nestas modalidades fitness poucas horas de curso são suficientes para conduzir uma
aula (ANTUNES, 2009).
Para o segundo foco de interesse, o marcial, as aulas também podem ocorrer em
academias, clubes ou espaços específicos para a prática dessas modalidades, também
denominados de dojôs. Dojô é a denominação usada pelas artes marciais japonesas para
o local onde acontecem os treinamentos, e tem como significado “local de prática”.
Porém, essa denominação pode ser utilizada para modalidades com origens fora do
Japão.

Figura SEQ Figura \* ARABIC 1 - Foto de um dojô. É possível observar o


tatame, os adereços orientais e o altar (kamiza), onde se encontra a foto do criador
da arte marcial.

Fonte: https://images.app.goo.gl/wN6JYmkXc2iQh7zD8

Em geral, mesmo que a prática do Esporte de Combate não aconteça num dojô,
o espaço do treinamento apresenta algumas características similares. Em relação ao
piso, é comum o uso de tatames, que tem por objetivo amortecer as quedas e facilitar
eventuais práticas próximas ao solo. Dependendo da origem da modalidade, é comum
encontrar um pequeno altar (kamiza) ou ao menos a foto do fundador/criador da
modalidade. Algumas modalidades também envolvem rituais próprios durante as aulas,
como os alunos perfilados por ordem de graduação ao início e ao final dos treinos, e os
cumprimentos com saudações verbais específicas. Essas saudações verbais juntamente
com gestos de inclinar o tronco podem ocorrer ao início e ao final do treino de alguma
técnica ou mesmo da luta simulada entre dois praticantes.
Quanto à prática pedagógica, em geral os treinamentos são conduzidos por
instrutores com alta qualificação e que reúnam alguns anos de prática antes de serem
promovidos a professores/mestres. Numa pesquisa acerca de como essas práticas
acontecem em academias e dojôs, Rufino (2010) destaca alguns pontos comuns,
independente da modalidade:

Quadro 1 - Pontos comuns para o ensino e prática pedagógica em espaços não formais de
diferentes modalidades de Esportes de Combate
Saudação ao professor responsável pela aula com os alunos enfileirados
Início e término das conforme a graduação (representada pelas cores das faixas). Muitas vezes,
aulas há a saudação à figura/foto do mestre (criador/desenvolvedor da
modalidade) pendurada na parede.

Realização de alongamentos e exercícios para aquecimento.


Estratégias utilizadas Demonstração de técnicas e movimentações. Atividades individuais, duplas
pelos professores ou pequenos grupos. Correções individuais. Divisões das aulas entre os
mais e menos graduados (experientes), quando necessário.

As aulas seguem uma sequência pré-estabelecida: 1) realização de


alongamentos e/ou aquecimento; 2) parte principal, com repetição
Desenvolvimento
exaustiva de algumas técnicas e movimentos; 3) parte final, destinada à
pedagógico das aulas
fixação da aprendizagem e/ou relaxamento, com jogos, brincadeira, lutas
em duplas ou exercícios de condicionamento físico.

Os professores são bastante rígidos durante a aula, seu papel é respeitado,


assim como a hierarquia dada pela ordem de graduação e pela faixa preta.
Rigor dos professores
Essa exigência de respeito ocorre mesmo em aulas para crianças, que
apresentam um aspecto e uma abordagem mais lúdicos.

Os conteúdos seguem uma sequência lógica, do mais simples ao mais


complexo, com a dificuldade aumentando conforme se eleva a graduação
Evolução dos Conteúdos dos alunos. Apesar do rigor ser o mesmo com todos os alunos, a exigência
da com a execução dos gestos técnicos é menor com os alunos mais novos
e/ou menos experientes.

Fonte: adaptado de Rufino (2010).

Assim, podemos destacar em relação a esse tópico que os Esportes de Combate


em ambientes não formais seguem estruturas pedagógicas similares, mas com
peculiaridades técnicas e táticas relativas a cada modalidade. A condução das aulas se
dá por um instrutor com vasta experiência prática na modalidade, que acaba por
reproduzir um modelo pré-estabelecido de aula. E por vezes há uma dificuldade em
contextualizar algumas práticas ritualísticas. Todos esses pontos podem ser entendidos
como dificuldades para o ensino dos Esportes de Combate em espaços não formais
(RUFINO, 2016). Estas dificuldades ocorrem, pois nem sempre os instrutores da
modalidade têm uma formação na área de Educação Física ou mesmo na pedagogia.
Entretanto, existem possibilidades para superar esses desafios, como a
compreensão dos aspectos históricos e culturais e suas relações com a atualidade;
contextualização das condutas, inclusive com ações reflexivas junto aos alunos,
focalização nas ações táticas juntamente com a técnicas; e diferenciação do ensino para
crianças, como veremos com mais detalhes no próximo capítulo desta unidade (RUFINO,
2016).

1.2. Efeitos físicos e fisiológicos da prática dos Esportes de Combate

Como já mencionado no tópico anterior, são vários os motivos que podem levar à
prática dos Esportes de Combate nos espaços não formais. Ainda que o objetivo primário
não seja se beneficiar dos efeitos desta prática na melhora da aptidão física, os
resultados sobre esses parâmetros podem ser percebidos por todos os praticantes. No
caso dos praticantes cujo foco seja competitivo, especialmente nos atletas profissionais,
o desenvolvimento de alguns componentes da aptidão física podem ser o diferencial
entre a vitória ou a derrota.
Cada modalidade pode desenvolver com maior ou menor grau determinados
componentes da aptidão física. Por exemplo, nos treinamentos de Karatê e Kung Fu há
uma exigência maior da flexibilidade do que no Boxe ou no Sumô. A composição corporal
também se desenvolve de maneira diferente para um lutador profissional de Sumô, que
deve ser gordo e pesado, quando comparado a um atleta de Judô, que deve se manter
dentro da faixa de peso da sua categoria para conseguir competir. Assim, cada
componente será desenvolvido de modo diferente, conforme as exigências técnicas e
físicas de cada modalidade.
Em relação aos aspectos físicos e motores, em praticamente todas as
modalidades de Esportes de Combate, os praticantes são estimulados a desenvolver a
agilidade, a velocidade e o tempo de reação. Estes se relacionam à velocidade que um
golpe é aplicado, ou que um movimento de defesa consegue bloquear o adversário. A
capacidade de se esquivar de ataques, também se relaciona ao equilíbrio. O
aperfeiçoamento dessas técnicas e o desenvolvimento dessas habilidades pode ocorrer
de maneira direta, com execução repetidas de uma determinada técnica ou golpe; ou de
forma indireta, por exercícios específicos para o desenvolvimento das habilidades e que
não tem relação com a modalidade (BÖHME, 1993; GARCIA, 2020).
Quanto aos aspectos fisiológicos, o primeiro ponto a se destacar é que demais
respostas físicas e de aptidão física, se relacionam diretamente a esses aspectos, como
mudanças na composição corporal, melhora de resistência cardiorrespiratória e da força
e resistência muscular. Novamente cabe destacar que cada modalidade de Esporte de
Combate tem suas peculiaridades, e que vamos destacar aqui somente os mais comuns
(GARCIA, 2020).
Os Esportes de Combate podem ser entendidos como atividades intermitentes,
pela alternância de períodos de esforço com pausas de recuperação. Esses períodos
intensos variam entre 6 e 14s, enquanto o período de recuperação é de 15 a 36s. Quanto
às vias metabólicas, todas contribuem durante a atividade, mas neste caso, com
predomínio da via anaeróbia devido a intensidade de curta duração (GARCIA, 2020).
Entretanto, como esses estímulos de pausa e recuperação acontecem por um
período maior, como durante os rounds, eles se assemelham a atividades como o HIIT
(treinamento intervalado de alta intensidade). Desta forma, há uma predominância da
aeróbia na atividade. Ou seja, ambos os metabolismos são contemplados, sendo a
execução dos golpes de predominância anaeróbia e o período de recuperação, durante
o combate, de predominância aeróbia. Assim, a melhora da aptidão cardiorrespiratória,
com aumento do VO2máx, garante maior resistência durante o combate, enquanto o
aumento no limiar de lactato gera possibilidade de sucesso em ações decisivas (ataques
e nocautes), uma vez que estes estímulos de curta duração são essencialmente
anaeróbios (GARCIA, 2020; JAMES et al, 2016).
Outro aspecto que merece destaque é a força muscular, nem sempre este é
valorizado durante um programa de treinamento, mas pode ser uma estratégia importante
para melhora do desempenho do competidor. Tanto a força dinâmica, que se refere a
capacidade de deslocar uma quantidade de carga, quanto a força isométrica, que não
gera mudança no comprimento do músculo, são trabalhadas e desenvolvidas nos
Esportes de Combate. A predominância de cada uma delas também varia conforme a
modalidade, àquelas que envolvem mais socos e chutes, como o Muay Thai, Taekwondo
e o Boxe, utilizam-se da força dinâmica; enquanto as lutas mais “agarradas” necessitam
da força isométrica, como o Judô (GARCIA, 2020; JAMES et al, 2016).
Devido às suas características técnicas, cada modalidade vai utilizar estratégias
específicas para o desenvolvimento dos atletas. Existem inclusive, testes de aptidão
física específicos por modalidade. O ponto principal deste tópico é compreender que as
estratégias de treino sempre serão escolhidas para atender aos objetivos de cada
praticante, desde o com o interesse fitness até o marcial, e essas estratégias devem
contemplar ao máximo as necessidades físicas e fisiológicas exigidas no momento da
competição, especialmente para aqueles que visam a prática profissional e/ou o
desempenho relacionado à vitória no combate.

SAIBA MAIS

A perda de peso pré-competição é comum entre atletas da modalidade de Esportes de


Combate. Estudos indicam que alguns atletas podem perder em média 5,6 a 5,8kg
durante esse período preparatório. Contudo, esse processo não pode ser feito de
qualquer maneira. Há a necessidade de perda de peso corporal, com o mínimo de perda
de massa muscular, assim além de exercícios o controle nutricional é fundamental. E as
pesquisas apontam que realizar mais refeições durante o dia é melhor para alcançar esse
objetivo do que fazer períodos prolongados de jejum com poucas refeições diárias.

Fonte: Garcia (2020).

#SAIBA MAIS#
2. ESPORTES DE COMBATE PARA CRIANÇAS

Imagem do Tópico: #SHUTTER 249606871

Na unidade anterior, nós estudamos os Esportes de Combate na escola, inclusive


com abordagem de estratégias pedagógicas para o ensino das modalidades como
conteúdo da Educação Física escolar. O foco deste capítulo é um pouco diferente, agora
vamos tratar dos benefícios e do ensino dos Esportes de Combate para as crianças nos
ambientes fora da Educação Física Escolar.
Como a prática de qualquer outro esporte, as modalidades de combate também
propiciam diversos benefícios aos seus praticantes, inclusive durante a infância, com
indicação de início a partir dos 4 anos de idade. Os aspectos relacionados às alterações
fisiológicas foram abordados no capítulo anterior e se aplicam também às crianças.
Também conforme mencionado anteriormente, cada modalidade tem suas
especificidades, o que faz com que determinados aspectos físicos sejam desenvolvidos
em maior ou menor grau, de acordo com essas características técnicas.
Entretanto, há pontos comuns, relatados por diferentes autores e instrutores
quanto aos benefícios da prática dos Esportes de Combate pelas crianças. Dentre os
quais podemos destacar:
1) Desenvolvimento da coordenação motora
2) Melhora do condicionamento físico
3) Desenvolvimento da flexibilidade e mobilidade articular
4) Aprimoramento dos reflexos
5) Desenvolvimento da capacidade de concentração
6) Disciplina
7) Auxílio na formação do caráter
8) Desenvolvimento de autoestima e autoconfiança
9) Aprimoramento da paciência
10) Desenvolvimento do autocontrole emocional
11) Respeito ao próximo

Os aspectos físicos são descritos nos quatro primeiros itens. E são alcançados por
meio do treinamento das técnicas, coordenação de movimentos de braços e pernas, e
do preparo físico exigido e aprimorado durante as aulas. Os demais itens se relacionam
ao desenvolvimento psicológico e social do praticante e é um dos grandes atrativos das
aulas de Esportes de Combate para as crianças.
Ainda nas categorias mais jovens, as crianças já podem participar de competições
e também devem cumprir alguns requisitos para alcançarem os primeiros níveis de
graduação. Isso exige dedicação, treinamento e paciência. Como explicitado no
significado do nome de algumas artes marciais de origem japonesa (Judô, Karatê-do,
Aikidô, Kendô), a prática é um “caminho” (Do), e não há atalhos, são necessários
dedicação, treinamento e paciência.
O equilíbrio exigido entre a força e a agilidade, com respeito ao adversário e aos
companheiros de treino, também são valiosas lições para o desenvolvimento do
autocontrole e do respeito. A vitória numa competição lhe mostra os pontos fortes, a
derrota, as fraquezas, e assim é possível aprimorar a autoconfiança, a autoestima e o
conhecimento de si mesmo. Pode parecer filosófico ou complexo demais para as
crianças, mas quando se pratica um Esporte de Combate, esse caminho provavelmente
será trilhado.
É possível perceber que o ambiente não formal oferece um conhecimento mais
aprimorado de cada modalidade. Dessa forma, se torna necessário definir e compreender
as características desse contexto. Primeiro, é em relação ao professor, que geralmente
tem alta especialização na modalidade, mas nem sempre é formado em Educação Física;
segundo, as características pedagógicas dessas aulas; e por fim, as expectativas que
envolvem as práticas das modalidades de Esportes de Combate nesses espaços.
Quanto à figura do professor/ instrutor, assim como já mencionado no capítulo
anterior, em geral, esta é uma pessoa com vasta experiência prática em uma modalidade.
Ou seja, ainda que seja um profissional com formação em Educação Física, neste
contexto, ele será o professor/instrutor de Judô, Karatê, Muay Thay, Taekwondo etc.
A prática pedagógica deve se assemelhar a que acontece no contexto escolar,
com atividades adequadas à idade e ao desenvolvimento físico e motor das crianças,
sempre buscando formas mais lúdicas de abordagem. Contudo, há o acréscimo do
componente técnico e característico de cada modalidade. Apesar da recomendação e do
entendimento quanto aos benefícios de uma abordagem lúdica, cabe destacar uma
situação relativamente comum: nem sempre há distinção nas atividades de crianças e
adultos. Em alguns locais, ainda que haja a separação de crianças e adultos para garantir
a integridade do grupo mais frágil, as crianças repetem exercícios similares aos utilizados
aos adultos, com pouca ou nenhuma diferenciação e, algumas vezes, nem adequada à
idade (DARIDO, 2010).
Essa condição pode ser superada com preparo profissional adequado e formação
para os instrutores de turmas infantis. Como não há exigência de formação em Educação
Física para instrutores de lutas e artes marciais, muitos não possuem qualificação
adequada para lidar com crianças e acabam apenas por reproduzir aquilo que
vivenciaram e aprenderam durante o seu período de formação na modalidade. Quando
há a união da experiência na modalidade com a capacitação adequada é muito mais fácil
atender às expectativas de pais e crianças que buscam uma modalidade de Esporte de
Combate como atividade extra.
E quais são essas expectativas? Além do desenvolvimento físico e motor
proporcionados pela prática esportiva, outros dois motivos podem se relacionar ao
interesse para a prática de Esportes de Combate para as crianças, defesa pessoal e o
desenvolvimento de alguns valores, como a disciplina. Pesquisas e experiências práticas
descrevem o desenvolvimento moral proporcionado pela prática dos Esportes de
Combate, que se relacionam aos aspectos filosóficos e disciplinares, como o respeito à
hierarquia, cuidado com o espaço de treinamento e com os colegas, exigidos durante as
aulas. Por esse motivo, os Esportes de Combate por vezes fazem parte de projetos de
inclusão social (NUNES; TRUSZ, 2018).
Além de academias, clubes e como atividades extracurriculares em escolas,
conforme dito anteriormente, projetos sociais também são ambientes não formais onde
podem ocorrer o ensino dos Esportes de Combate. Esses projetos carregam, por vezes,
a responsabilidade de transformar a realidade social das crianças que o frequentam e
das regiões onde estão inseridos. A condução das aulas, e/ou o apadrinhamento do
projeto pode ser feito por um atleta destaque de alguma modalidade, o qual se torna um
exemplo para as crianças pela possibilidade de ascensão social por meio do esporte
(LUZ et al, 2018).
Um exemplo das possibilidades advindas desse contexto é a judoca brasileira
Rafaela Silva, de infância pobre começou a praticar a modalidade num projeto social
promovido pelo judoca Flávio Canto que integrou a seleção brasileira de Judô. Rafaela
demonstrou ter talento e conseguiu se tornar campeã mundial e medalhista de ouro nas
Olimpíadas do Rio de Janeiro em 2016.
3. ESPORTES DE COMBATE COMO PROFISSÃO

Imagem do Tópico: #SHUTTER 1943526403

Neste capítulo trataremos sobre os Esportes de Combate como profissão. Há duas


formas principais de se relacionar profissionalmente com essas modalidades, como
professor/instrutor ou como atleta.
Conforme mencionado anteriormente não há a necessidade de formação
específica em Educação Física para o instrutor de alguma modalidade de luta e arte
marcial. Entretanto, para exercer a profissão como treinador a habilitação profissional é
exigida. É fácil de perceber que a capacitação e os conhecimentos adquiridos ao longo
da formação na área de Educação Física só têm a acrescentar e aprimorar a prática
profissional daqueles que desejam ter nos Esportes de Combate a sua principal área de
atuação profissional.
Como instrutor ou técnico de um atleta da modalidade, além dos conhecimentos
específicos de cada modalidade, também é necessário saber planejar as aulas, escolher
atividades adequadas aos alunos e compreender as variáveis físicas e fisiológicas
envolvidas na prática, a fim de manipular as variáveis de treinamento para atender as
necessidades e alcançar os objetivos dos alunos.
Para aqueles que desejam o caminho profissional como atletas de alguma
modalidade de Esporte de Combate o caminho é um pouco mais árduo e longo. Em geral,
os atletas das modalidades olímpicas iniciam o treinamento ainda na infância e conforme
se destacam em suas modalidades, se tornam atletas profissionais. A rotina de treinos e
preparação é intensa. E os incentivos escassos tornam esse caminho mais árduo no
Brasil.
Apesar de nosso destaque em algumas modalidades, não temos um bom histórico
de um real incentivo ao esporte profissional em nosso país. A exceção do Judô, que
conseguiu organizar um centro de referência de treinamento com estrutura para
manutenção física e financeira dos atletas, o que se reflete nos resultados olímpicos da
modalidade nas últimas três décadas, nos demais Esportes de Combate o esforço é
quase “individual”. E os resultados são conseguidos com auxílio de patrocínios e bolsas
de ajuda de custo. Não é incomum encontrar atletas profissionais que exercem atividades
paralelas até conseguir uma posição de destaque em suas modalidades, que permitam
além de se dedicar integralmente aos treinos e competições, manter uma equipe
multidisciplinar ou se ligar a um clube que auxilie na melhora do rendimento esportivo.
Paralelo ao contexto olímpico, estão duas modalidades de Esportes de Combate
que alcançam grande popularidade e apresentam campeonatos e lutas que movimentam
verdadeiras fortunas no mundo do esporte espetáculo: o Boxe e o MMA (Artes Marciais
Mistas). Apesar do Boxe fazer parte das modalidades olímpicas, os campeonatos
populares quase sempre são estrelados por atletas que não fazem parte do circuito
olímpico. O Boxe foi a primeira modalidade de Esporte de Combate a ganhar notoriedade
por meio dos espetáculos midiáticos. Atualmente esse cenário é dividido pelo MMA, que
tem no Ultimate Fighter Championship (UFC) o seu campeonato mais popular.
O preparo dos atletas dessas modalidades também envolve muito treino, esforço
e perseverança. No caso dos lutadores de MMA com um adicional: a necessidade de se
destacar em mais de uma modalidade. Não há como negar o fenômeno do MMA nos
últimos anos e o quanto ele é importante para a valorização e o conhecimento dos
Esportes de Combate. Mas assim como em outras modalidades, somente alguns atletas
se destacam a ponto de ficarem milionários.
REFLITA

Nunca te orgulhes de haver vencido um adversário, ao que venceste hoje poderá


derrotar-te amanhã. A única vitória que perdura é a que se conquista sobre a própria
ignorância.

Fonte: Jigoro Kano, criador do Judô.

#REFLITA#
CONSIDERAÇÕES FINAIS

Ao finalizarmos essa unidade, conseguimos explorar parte das possibilidades dos


Esportes de Combate nos ambientes não formais. No primeiro capítulo, vimos como
essas modalidades acontecem nas academias, inclusive a apropriação de suas
características técnicas para o desenvolvimento de modalidades de ginástica, cujo
objetivo é atender a demanda do mercado por uma atividade diferente e intensa.
Depois vimos mais alguns aspectos relacionados aos Esportes de Combate para
as crianças, incluindo neste capítulo os benefícios dessas modalidades no
desenvolvimento psicológico e de valores morais na infância.
Por fim, conhecemos duas possibilidades de atuação profissional com essas
modalidades, finalizando aí a nossa rica viagem pelo mundo dos Esportes de Combate.
Espero que você tenha gostado e aprendido muito!
LEITURA COMPLEMENTAR

Para complementar o conteúdo abordado na Unidade IV, sugerimos três artigos.


O estudo de Fabiani, Scaglia e De Almeida (2016), apresenta formas de criar um
ambiente ideal para o ensino das modalidades de Esportes de Combate para as crianças.
De Oliveira e colaboradores (2019), faz uma revisão sistemática com os estudos que
tratam da temática da influência da prática de artes marciais nos comportamentos
agressivos de crianças e adolescentes. Por fim, uma reportagem do site Tatame faz uma
comparação entre os ganhos dos lutadores de MMA e de Boxe e mostra o quanto esse
mercado dos Esportes de Combate movimentam o mundo esportivo.

FABIANI, Débora Jaqueline Farias; SCAGLIA, Alcides José; DE ALMEIDA, José Júlio
Gavião. O jogo de faz de conta e o ensino da luta para crianças: criando ambientes de
aprendizagem. Pensar a Prática, v. 19, n. 1, 2016.

DE OLIVEIRA, Rebeca Campos et al. Influência das artes marciais nos níveis de raiva e
agressividade em crianças e adolescentes: revisão sistemática. Arquivos Brasileiros de
Educação Física, v. 2, n. 2, p. 55-61, 2019.

SANTARÉM, Diogo. Quem são os lutadores que mais ganharam dinheiro pelo UFC e
onde estão comparados aos astros do Boxe? Confira aqui o Top 10. Tatame, 2020.
Disponível em: <https://tatame.com.br/2020/08/quem-sao-os-lutadores-que-mais-
ganharam-dinheiro-pelo-ufc-e-onde-estao-comparados-ao-boxe-confira/>
LIVRO

Título: O Dojo e seus significados – um guia para os rituais e etiquetas das artes
marciais japonesas
Autor: Dave Lowry
Editora: Pensamento
Sinopse: Este livro é uma coleção de ensaios detalhados e vívidos escritos por Dave
Lowry, um dos espadachins mais conhecidos e respeitados dos Estados Unidos. Cada
capítulo esclarece a história e o significado de rituais, costumes de treinamento, objetos
e relacionamentos, que têm profunda importância nas artes marciais japonesas. Repleto
de histórias fascinantes tiradas das experiências do autor, O Dojo e Seus Significados é
um tesouro de informações para os admiradores e praticantes descobrirem os
significados mais profundos das artes marciais japonesas.
FILME/VÍDEO

Título: Aldo – Mais forte que o mundo


Ano: 2016
Sinopse: A história do primeiro campeão peso-pena do UFC. José Aldo, rapaz de família
pobre, marcado pela violência doméstica, deixa o Amazonas e vai para o Rio de Janeiro
em busca de uma chance como atleta.
WEB

• Reportagem contando a história da judoca brasileira Rafaela Silva, que foi campeã
mundial de Judô e, mais tarde, ganhou a medalha de ouro Olímpica nos Jogos do Rio
2016.
• Link do site: https://www.youtube.com/watch?v=tVCl5VjW_NU
REFERÊNCIAS

ANTUNES, Marcelo Moreira. A relação entre as artes marciais e lutas das academias e
as disciplinas de lutas dos cursos de graduação em educação física. Lecturas:
Educación Física y Deportes, Revista Digital, Buenos Aires, v. 14, n. 139, 2009.

BÖHME, Maria Tereza Silveira. Aptidão física: aspectos teóricos. Revista Paulista de
Educação Física, v. 7, n. 2, p. 52-65, 1993.

DEMÉTRIO, Noeli; OLIVEIRA, C. M. A influência da mídia no esporte: um olhar a partir


do MMA. Revista Caminhos, On-line “Saúde”, p. 41-54.

GARCIA, Erick Doner Santos de Abreu. Aspectos fisiológicos aplicados às


modalidades de lutas. Curitiba: Contentus, 2020. Disponível em:
https://plataforma.bvirtual.com.br

JAMES, Lachlan P. et al. Towards a determination of the physiological characteristics


distinguishing successful mixed martial arts athletes: a systematic review of combat
sport literature. Sports Medicine, v. 46, n. 10, p. 1525-1551, 2016.

LUZ, Raphael et al. O esporte social como instrumento de desenvolvimento local:


análise da expectativa de jovens do instituto irmãos Nogueira sob a influência da
mídia. Semioses, v. 12, n. 1, p. 1-13, 2018.

NUNES, Alexandre Velly; TRUSZ, Rodrigo Augusto. Bugre Lucena: inclusão social
através do judô: crianças e adolescentes em situações de risco, deficientes visuais e
menores infratores. Revista da Extensão, n. 17, p. 12-19, 2018.

RUFINO, Luiz Gustavo Bonatto. A prática pedagógica das lutas nas academias de
ginástica. 2010. 181f. Trabalho de conclusão de curso (bacharelado – Educação Física)
– Universidade Estadual Paulista. Rio Claro, 2010.

RUFINO, Luiz Gustavo Bonatto. As lutas no contexto escolar e outros ambientes


educacionais. RBPFEX-Revista Brasileira de Prescrição e Fisiologia do Exercício,
v. 10, n. 63, p. 914-916, 2016.

SCHWARTZ, Juliano. Aptidão física relacionada à saúde e qualidade de vida de


praticantes de lutas, artes marciais e modalidades de combate da cidade de São
Paulo. 2011. 138f. Dissertação de Mestrado. Universidade de São Paulo. São Paulo,
2011.
CONCLUSÃO GERAL

Prezado(a) aluno(a),

Chegamos ao final de nossa apostila. Neste material abordamos conceitos e


contextualização histórica relacionados aos Esportes de Combate e as possibilidades de
aplicação desse conteúdo no campo profissional, tanto no campo de atuação da
Educação Física escolar quanto nos ambientes não formais, como academias, clubes e
projetos sociais.
Agora você já compreende as diferenças entre lutas, artes marciais e Esportes de
Combate e conhece a história dessas modalidades, algumas com origens bastante
antigas e relacionadas ao nosso desenvolvimento como civilização. Na primeira unidade,
também diferenciamos as brigas dos Esportes de Combate, e foi possível entender que,
em geral, essas modalidades não estão relacionadas à violência.
Destacamos também algumas características específicas de oito modalidades de
Esportes de Combate: Judô, Karatê, Sumô, Boxe, Muay Thai, Kung Fu, Taekwondo e
Esgrima. Conhecemos seus aspectos históricos e técnicos, além de descobrir que
algumas delas são modalidades olímpicas.
Diante dos desafios para a prática pedagógica dos Esportes de Combate na
escola, vimos o quanto é importante a busca por uma formação profissional de qualidade,
o aprimoramento profissional e constante busca por conhecimento para que possamos
incluir esses conteúdos na escola. Ah, e não é necessário ser nenhum mestre de alguma
dessas modalidades. Basta usar a criatividade e o conhecimento que é possível trabalhar
os Esportes de Combate de maneira lúdica, com os jogos de oposição. Com algumas
dicas, também é possível garantir o cuidado e a segurança de todos nessas práticas
esportivas.
Vimos algumas possibilidades de atuação profissional com o Esportes de
Combate fora da escola. Conhecemos os benefícios físicos e fisiológicos dessas
modalidades e a possibilidade da utilização dessa prática em programas de
condicionamento físico. Assim como outras modalidades, os Esportes de Combate
também podem ser praticados na infância, e proporcionam diversos benefícios às
crianças. Por fim, apresentamos os Esportes de Combate como profissão, conhecendo
alguns aspectos dessa modalidade para treinadores e atletas.
A partir de agora acreditamos que você está apto para aplicar esse conteúdo e
transmitir esse conhecimento na sua atuação profissional. Alcançando sucesso e
destaque na sua prática.
Até uma próxima oportunidade. Muito obrigado!

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