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#CURRÍCULO LATTES#
APRESENTAÇÃO
Caro(a) aluno(a),
Bons estudos!
UNIDADE I
INTRODUÇÃO AOS ESPORTES DE COMBATE
Professora Mestra Kauana Borges Marchini
Plano de Estudo:
• O que são Esportes de Combate? Definição e características gerais;
• Formas de classificação dos Esportes de Combate;
• História dos Esportes de Combate;
• Esportes de Combate x Brigas.
Objetivos de Aprendizagem:
• Conceituar e contextualizar os Esportes de Combate;
• Conhecer as formas de classificação dos Esportes de Combate;
• Compreender as origens e os principais aspectos históricos dos Esportes de
Combate;
• Estabelecer a diferença entre Esportes de Combate e brigas.
INTRODUÇÃO
Prezado(a) aluno(a),
Que bom tê-lo(a) aqui para iniciar nossa jornada de estudos sobre os Esportes de
Combate. Esta primeira etapa tem por objetivo introduzir alguns conceitos fundamentais
para o entendimento dos Esportes de Combate como parte da Educação Física.
Nesta unidade abordaremos aspectos ontológicos acerca dos Esportes de
Combate. Essa compreensão dos referenciais teóricos auxiliará no entendimento de
como este conteúdo pode ser explorado na prática profissional, tanto no ambiente
escolar quanto nos espaços não formais de atuação do profissional de Educação Física.
É importante ressaltar que este material não encerra todas as fontes referentes a
esse tema. Há um vasto conteúdo disponível que pode enriquecer ainda mais a sua
formação docente. Sabendo disso, é muito importante que você complemente seus
estudos com auxílios de outras fontes, algumas das quais estão apontadas ao longo
deste material.
A sequência de apresentação dos conteúdos dessa unidade inicia-se com uma
importante discussão que gera bastante confusão em nossa área: as diferenças entre
Lutas, Artes Marciais e Esportes de Combate. Na sequência, apresentaremos a definição
e as classificações dos Esportes de Combate, seguido de seus aspectos históricos. Por
fim, abordaremos as questões relacionadas à agressividade e a violência, discutindo
sobre a diferença entre brigas e Esportes de Combate.
Bons estudos!
1. O QUE SÃO ESPORTES DE COMBATE? DEFINIÇÃO E CARACTERÍSTICAS
GERAIS
Ainda assim, cabe destacar que, de acordo com o objetivo do praticante uma
determinada modalidade pode ser realizada como arte marcial ou apenas como Esporte
de Combate. Por exemplo, um praticante de Judô que além das técnicas de luta, pratica
os princípios relacionados à filosofia e cultura japonesa, realiza essa prática como arte
marcial. Contudo, se ele utiliza dessas técnicas apenas para aprender uma forma de
defesa pessoal, ou se preparar para uma competição, sem considerar os demais
aspectos que caracterizam essa luta como arte marcial, ele pratica Judô como um
Figura 4 – Foto de uma competição de Kendô, arte
Figura 3 – Figura de Baybard publicada em marcial japonesa que utiliza movimentos e golpes
1867, retratando Yushitsune, popular com uma espada de bambu baseados nos
samurai japonês, lutando. combates samurais.
Esporte de Combate.
Mais recentemente, observamos uma transformação das artes marciais e mesmo
dos Esportes de Combates em produtos fitness. Há uma total desvinculação dos
princípios filosóficos e até mesmo das regras desportivas, apenas para atender a
necessidade de um público que busca uma atividade “diferente” das ginásticas
convencionais (MARTA, 2009). Essas modalidades são oferecidas em ambientes
neutros das academias, e em geral, se apropriam de elementos de várias dessas
modalidades, como técnicas de combate, vestimenta, postura, exercícios de treinamento
e une-os em uma modalidade fitness. Para exemplificar, podemos citar o body combat,
modalidade muito popular em grandes academias de ginástica.
Ainda neste tópico, é importante salientar que este processo não deve ser visto
simplesmente como algo negativo. Essa massificação e o entendimento das lutas e artes
marciais como Esportes de Combate, permitem aproximar e ampliar o conhecimento do
público acerca de diferentes culturas. Além de desassociar essas práticas corporais de
atitudes violentas, especialmente sobre esse assunto falaremos com mais detalhes no
último tópico desta unidade.
SAIBA MAIS
Os samurais surgiram durante a Era Heian (794 a 1192), inicialmente como parte do
exército dos proprietários de terras (daimôs). Esses guerreiros eram considerados
exemplares por sua conduta moral. Sua vida era regida pelo Bushido, o código de
conduta que alertava para aspectos de ética, disciplina, respeito, lealdade, honra e
coragem. Durante a Era Meiji (1867 a 1912), os samurais perderam o seu prestígio,
porém deixaram seu código de conduta (Bushido) e suas disciplinas marciais (Bujutso)
como legados para as artes marciais de origem japonesa.
O Bujutso (técnica marcial), juntamente com o Bushido (caminho do guerreiro) dão
origem ao Budo (caminho marcial), que nada mais é do que uma versão moderna do
Bujutso. No Budo, busca-se um desenvolvimento pessoal de corpo (prática marcial) e de
mente (filosofia e princípios do Bushido). O Budo é a filosofia condutora das artes
marciais japonesas.
#SAIBA MAIS#
2. FORMAS DE CLASSIFICAÇÃO DOS ESPORTES DE COMBATE
Figura 7 - Detalhe de chutes trocados durante uma competição de Taekwondo. Esse tipo
de golpe é característico das modalidades classificadas como longa distância
Imagem do Tópico
SHUTTER: 1745203673
3.1. A origem das Lutas, das Artes Marciais e dos Esportes de Combate
Figura 9 - Antiga pintura grega relatando Figura 10 - Antiga cena egípcia de uma luta
uma luta. retratada no templo de Ramsés II em Tebas.
As lutas de origem oriental, além das técnicas de combate, unem à sua prática
elementos da filosofia e da religião e dão origem ao que conhecemos como artes
marciais. Acredita-se que as raízes das Artes Marciais orientais sejam na Índia e na
China. Escavações arqueológicas e relatos do 5000 a.C. indicam a origem e prática do
Kalari Payattu indiano, que se caracterizava por unir o combate corpo a corpo com
técnicas de meditação. Tempos depois, essa prática foi disseminada na China, entre
monges que, unindo esses conhecimentos à prática do budismo, mais tarde criaram o
Kung Fu (GREEN; SVINTH, 2010; PIRES, 2018).
No século IV a.C., Sun Tzu escreveu o livro “A Arte da Guerra”, conhecido como
o primeiro tratado militar que se tem notícia. Nesta obra são apresentadas táticas de
combate e aniquilação dos inimigos (CARNEIRO; PÍCOLI; SANTOS, 2015).
Provavelmente a expansão comercial nesta região, e os conflitos advindos desse fato, é
que permitiram o intercâmbio e disseminação das artes marciais nestas civilizações.
Já os ocidentais, especificamente os gregos, tinham uma visão de corpo e mente
como algo dissociados. Assim, para eles as artes marciais e lutas se desenvolveram com
um caráter mais esportivo e de espetáculo. Destacamos aqui o Pancrácio, que era uma
luta grega que já estava presente nos Jogos Olímpicos da antiguidade (séc. 7 a.C). O
objetivo era derrubar o adversário três vezes de modo que ele tocasse as costas, o tórax
ou o ombro no chão. Os praticantes lutavam nus e cobertos de óleo pelo corpo. Tinha
por característica ser muito violento, uma vez que quase tudo era permitido (GREEN;
SVINTH, 2010).
Até o século XIX, as lutas e artes marciais eram restritas a determinados grupos
da sociedade, tanto no oriente, como é o caso dos monges na Índia e na China, como
no ocidente, com os gladiadores romanos. Alguns desses grupos eram marginalizados,
como os escravos brasileiros que desenvolveram a capoeira, outros tratados com muito
respeito, como os samurais japoneses.
3.3. Esportes de Combate no Brasil
SAIBA MAIS
O Pancrácio, como vimos nesta unidade, era uma forma de luta bastante popular na
Grécia antiga e fez parte dos Jogos Olímpicos daquela época. Sua prática era
caracterizada por uma luta “quase sem regras”. Não havia tempo máximo de combate,
era permitido acertar o adversário com todas as partes do corpo e poucos e poucos
golpes eram proibidos, como chutar a região genital e enfiar o dedo nos olhos. Não raro
os competidores morriam após o combate.
Diante disso é possível imaginar que não caiba um espetáculo com essas características
nos tempos atuais, mas não é bem assim! Devido ao grau de violência, o atual MMA
(Artes Marciais Mistas), antigamente denominado Ultimate Fighting, foi comparado ao
Pancrácio. No MMA existem bem mais regras do que na antiga luta, mas com a liberdade
de poder utilizar diferentes técnicas de luta. Assim, é comum que os competidores
deixem o ring bastante machucados, o que, em geral, leva os espectadores ao êxtase.
#SAIBA MAIS#
4. ESPORTES DE COMBATE X BRIGAS
#REFLITA#
CONSIDERAÇÕES FINAIS
VASQUES, Daniel Giordani. As artes marciais mistas (MMA) como esporte moderno:
entre a busca da excitação e a tolerância à violência. Esporte e Sociedade, n. 22, 2021.
LIVRO
ANTUNES, Marcelo Moreira. A relação entre as artes marciais e lutas das academias e
as disciplinas de lutas dos cursos de graduação em educação física. Lecturas:
Educación Física y Deportes, Revista Digital, Buenos Aires, v. 14, n. 139, 2009.
GREEN, Thomas A.; SVINTH, Joseph R. Martial arts of the world: an encyclopedia
of history and innovation. Abc-Clio, 2010.
MARTA, Felipe Eduardo Ferreira et al. A memória das lutas ou o lugar do “DO”: as
artes marciais e a construção de um caminho oriental para a cultura corporal na cidade
de São Paulo. São Paulo (SP): Pontíficia Universidade Católica, 2009.
MARTINS, Carlos José; KANASHIRO, Cláudia. Bujutsu, Budô, esporte de luta. Motriz:
Revista de Educação Física, v. 16, n. 3, p. 638 - 648, 2010.
PIRES, Lucas Alexandre. Com as próprias mãos: etnografia das artes marciais e da
defesa pessoal no treinamento policial militar. 2018.
RUFINO, Luiz Gustavo Bonatto; DARIDO, Suraya Cristina. Lutas, artes marciais e
modalidades esportivas de combate: uma questão de terminologia. Lecturas,
Educación Física y Deportes, v. 158, 2011.
VASQUES, Daniel Giordani. As artes marciais mistas (MMA) como esporte moderno:
entre a busca da excitação e a tolerância à violência. Esporte e Sociedade, n. 22,
2021.
Plano de Estudo:
• Conhecendo o Judô;
• Conhecendo o Sumô;
• Conhecendo o Karatê;
• Conhecendo o Boxe;
• Conhecendo o Muay Thai;
• Conhecendo o Kung Fu;
• Conhecendo o Taekwondo;
• Conhecendo a Esgrima.
Objetivos de Aprendizagem:
• Compreender as origens e os aspectos históricos de cada um dos Esportes de
Combate,
• Conceituar e contextualizar cada um dos Esportes de Combate ,
• Conhecer as principais características técnicas de cada um dos Esportes de Combate.
INTRODUÇÃO
Prezado(a) aluno(a),
Bons estudos!
1. JUDÔ
O início e o final das aulas e das lutas é marcado por uma saudação, que tem por
objetivo expressar o respeito, a cortesia e a amabilidade pelo professor e pelo adversário.
Essa saudação é denominada Rei. Ela pode ser de dois tipos:
A prática do Judô acontece no tatame. Para treinos não há uma medida específica,
contudo nas competições, o tatame deve ser quadrado com medidas entre 14 e 16 metros
cada lado (CBJ, 2021).
A luta tem a duração de 5 minutos para a categoria masculina e 4 minutos para a
feminina. Se ao final deste tempo não houver um vencedor, são adicionados mais três
minutos ao combate. Durante esse período, o atleta que realizar o primeiro ponto ganha
a luta (Golden Score).
O objetivo principal no judô é derrubar o adversário no chão ou imobilizá-lo,
baseado no princípio idealizado por Jirogo Kano de ippon-shobu (luta pelo ponto
completo). Assim, são possíveis três tipos de pontuação:
a) Yuko: Quando o adversário vai ao solo de lado, ou é imobilizado por 10 a 14
segundos. Cada yuko vale um terço de ponto;
b) Wazari: É um ippon incompleto, ou seja, o adversário cai sem ficar com os dois
ombros no tatame e vale meio ponto. A obtenção de dois wazaris, valem um ippon,
encerrando a luta ao final do segundo wazari. A imobilização do oponente por 15
a 19 segundo também vale um wazari.
c) Ippon: É o objetivo do judô, o ponto completo, que finaliza a luta. O ippon é
conquistado quando um judoca consegue derrubar o adversário, encostando, as
costas ou ombros no chão, quando ele é finalizado por um estrangulamento ou
chave de articulação, ou quando é imobilizado por 25 segundos.
a) Shido: Infrações leves de regras são penalizadas com shido. Ele é tratado
como um aviso. O primeiro shido é um aviso, no segundo, o adversário pontua
um yuko, e o terceiro, vale um wazari para o adversário.
b) Hansoku-Make – É uma infração grave, que resulta na desqualificação do
competidor penalizado. Hansoku-make também é dado pela acumulação de
quatro shidos.
Como dito anteriormente, a graduação no judô é indicada pela cor da faixa utilizada
pelo praticante. A graduação é dividida em duas etapas, kyu (iniciantes) e dan
(experientes, peritos). São 8 graduações de kyu e 10 de dan, conforme especificada no
quadro abaixo:
A prática do Judô envolve uma grande diversidade de técnicas que utilizam várias
partes do corpo, como pés, pernas, braços e quadril. Basicamente, as técnicas do Judô
podem ser divididas em dois grandes grupos:
a) Nage-waza: são as técnicas que acontecem em pé e são subdivididas em
quatro subgrupos, de acordo com a parte do corpo utilizada.
-Te-waza: técnicas de braço
- Koshi-waza: técnicas de quadril
- Ashi-waza: técnicas de perna
- Sutemi-waza: técnicas de sacrifício
Para as lutas amadoras de Sumô foi adotado um sistema de categorias por idade
e peso com o objetivo de equilibrar a disputa. É importante destacar que na luta
profissional de Sumô que ocorre no Japão não há divisão de categorias, todos competem
no adulto absoluto, sem limite de peso (CBS, 2021).
Masculino Feminino
Mirim Até 13 anos
Infantil 13 a 16 anos
Juvenil 17 a 18 anos
Junior Leve Até 80 kg Até 60kg
Junior Médio 80 a 100kg 60 a 75kg
Junior Pesado Acima de 100kg Acima de 75kg
Adulto Leve Até 85 kg Até 65kg
Adulto Médio 85 a 115kg 65 a 85kg
Adulto pesado Acima de 115kg Acima de 85kg
Adulto absoluto Sem limite de peso
Fonte: (CBS, 2021)
Quanto aos lutadores profissionais, eles seguem uma rígida hierarquia, que data
do período Edo (1603-1868). No topo da hierarquia estão os yokozuna (grande
campeão), seguidos pelos ozeki (campeão), e pelos sekiwake (campeão júnior). Esse
ranking determina suas vestes no dia a dia, e em qual lado do ringue ele estará nas
competições. Um iniciante sempre começará na divisão mais baixa, e pode subir de nível
de acordo com os resultados nas lutas. Entretanto, a divisão yokozuna é permanente, ao
chegar nela o lutador não pode ser rebaixado, assim, caso não consigam manter a
performance, espera-se que eles se aposentem.
SAIBA MAIS
Fonte: LUTADORES de sumô e sua dieta de até 10.000 kcal. Coisas do Japão, 2020. Disponível em:
<https://coisasdojapao.com/2019/08/lutadores-de-sumo-e-a-impressionante-dieta-de-ate-10000-kcal/>.
Acesso em 06 de maio de 2021.
#SAIBA MAIS#
3. KARATÊ
Para a execução dos golpes no Boxe é necessário que o lutador adote uma
posição básica, que é a posição de guarda. Os pés não devem perder o contato com o
solo, e a movimentação se faz arrastando os pés. Os saltos devem ser evitados pois
causam desequilíbrio. O tronco deve ficar ligeiramente inclinado para frente, assim como
a cabeça, para proteger o queixo de eventuais golpes do oponente. A mão direita é
mantida ao lado do queixo e o cotovelo abaixado ao longo do tronco protegendo as
costelas. A mão esquerda é mantida alguns centímetros à frente do rosto com o cotovelo
também abaixado.
Os golpes do Boxe são:
a) Jab: golpe reto com o punho que está à frente na guarda.
b) Direto: golpe reto com o punho que está após na guarda.
c) Cruzado (Cross): golpe reto com o punho que está atrás na guarda.
d) Gancho (Hook): Golpe desferido em movimento curvo do punho.
e) Uppercut: Golpe desferido de baixo para cima visando atingir o queixo do
oponente.
f) Balanço (Swing): Golpe desferido de cima para baixo visando atingir a
têmpora ou queixo do oponente.
5. MUAY THAI
Fonte: KUNG FU PANDA: As melhores curiosidades. Minha Série Favorita, 2021. Disponível em:
https://minhaseriefavorita.com/2018/09/13/kung-fu-panda-as-melhores-curiosidades/. Acesso em 06 de
maio de 2021.
#SAIBA MAIS#
7. TAEKWONDO
sejam identificados.
As lutas com competidores faixas-pretas têm a duração de três rounds de dois
minutos cada, para os demais, dois rounds de 90 segundos. A pontuação da modalidade
é a seguinte:
a) chute no tórax: 1 ponto;
b) Chute giratório ou saltando no tórax: 2 pontos;
c) Chute na cabeça: 3 pontos (permitido apenas na categoria faixa-preta).
b) Espada: a espada era utilizada nos duelos do século XIX. Essa arma tem a
lâmina mais dura e pontiaguda, e durante a competição pode tocar em
qualquer parte do corpo do adversário. Por esta característica, favorece os
lutadores mais altos e exige uma postura mais ereta durante o combate, para
não deixar a parte inferior do corpo exposta ao adversário.
Figura 15 - Destaque para a área do corpo a qual é permitido o toque com a espada (esquerda).
Medidas e desenho com detalhes de uma espada (direita).
Fonte:
Fonte: CBE,
CBE, 2021
2021
c) Sabre: é a arma de duelo mais ágil e violenta, tem a lâmina mais flexível dos
três implementos e pode tocar o adversário tanto com a ponta quanto com a
lâmina. Por esse motivo, a esgrima de sabre exige bastante preparo físico e
agilidade do combatente. Para o toque ser válido, ele deve ocorrer na cabeça,
tronco e membros superiores, exceto a mão, do adversário.
Figura 16 - Destaque para a área do corpo a qual é permitido o toque com o sabre (esquerda). Medidas e
desenho com detalhes de um sabre (direita).
O bom combate é aquele travado em nome dos nossos sonhos. Atacar ou Fugir fazem
parte da luta. O que não faz parte da luta é ficar parado.
#REFLITA#
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Finalizamos a Unidade II e agora você conhece com mais detalhes alguns dos
Esportes de combate mais populares atualmente. Conseguimos fazer um passeio pela
história e por algumas das mais ricas culturas da humanidade.
A partir de agora, ao assistirmos algumas das modalidades estudadas numa
competição ou mesmo nos Jogos Olímpicos, não o faremos com olhar semelhante a
antes de conhecermos este conteúdo.
Com certeza, há muitas outras modalidades de Esportes de Combate que não
foram abordadas neste conteúdo, mas esta é apenas a porta para adentrar neste
interessante mundo das lutas e artes marciais. Também nos abre diversas possibilidades
de trabalhar com este conteúdo no ambiente escolar e em espaços não formais. Mas isso
é assunto para um próximo capítulo.
Até breve!
LEITURA COMPLEMENTAR
Para a leitura complementar, temos como sugestão dois artigos que tratam acerca
dos processos históricos de duas das modalidades exploradas nesta Unidade II: o Muay
Thai e o Boxe. No primeiro artigo, Junior e Capraro (2020) contam um pouco sobre o
processo histórico da Muay Thai no Brasil e como aconteceram algumas mudanças
características da modalidade após a chegada em nosso país. Já a pesquisa de Monteiro
(2020), conta a história do Boxe inglês e as adaptações técnicas que a luta sofreu ao
longo dos séculos XVIII e XIX.
JUNIOR, Ivo Lopes Muller; CAPRARO, André Mendes. Uma identidade guerreira forjada
“à base” das joelhadas e cotoveladas: as narrativas dos primeiros mestres do muay thai
brasileiro. Revista de Artes Marciales Asiáticas (RAMA), v. 15, n. 1, p. 22-33, 2020.
MONTEIRO, Fabrício. Transformações técnicas das lutas sob uma óptica da História
Social: o boxe inglês entre os séculos XVIII e XIX. Temporalidades, ed, v. 24, p. 178-
203.
LIVRO
ACEVEDO, William; CHEUNG, Mei; GARCÍA, Carlos Gutiérrez. Breve historia del
kung-fu. Ediciones Nowtilus SL, 2010.
ALVES, Tabea Epp Kuster. Entre espadas, floretes e sabres: uma história da civilização
dos costumes na esgrima. Dissertação de Mestrado. Universidade Federal do Paraná.
Curitiba, 2018.
JUNIOR, Ivo Lopes Muller; CAPRARO, André Mendes. Uma identidade guerreira
forjada “à base” das joelhadas e cotoveladas: as narrativas dos primeiros mestres do
muay thai brasileiro. Revista de Artes Marciales Asiáticas (RAMA), v. 15, n. 1, p. 22-
33, 2020.
JUNIOR, Ivo Lopes Muller; SONODA-NUNES, Ricardo João. Muay Thai–O jogo do
poder. The Journal of the Latin American Socio-cultural Studies of Sport
(ALESDE), v. 12, n. 2, p. 58 - 76, 2020.
MARTA, Felipe Eduardo Ferreira et al. A memória das lutas ou o lugar do “DO”: as artes
marciais e a construção de um caminho oriental para a cultura corporal na cidade de
São Paulo. São Paulo (SP): Pontíficia Universidade Católica, 2009.
MARTINS, Carlos José; KANASHIRO, Cláudia. Bujutsu, Budô, esporte de luta. Motriz:
Revista de Educação Física, v. 16, n. 3, p. 638-648, 2010.
MONTEIRO, Fabrício. Transformações técnicas das lutas sob uma óptica da História
Social: o boxe inglês entre os séculos XVIII e XIX. Temporalidades, ed, v. 24, p. 178-
203, 2017.
STEVENS, John. Três mestres do budô: Kano (judô), Funakoshi (karatê), Ueshiba
(aikido). São Paulo: Cultrix, 2007.
WKF (WORLD KARATE FEDERATION). Wkf, 2019. Disponível em: < https://wkf.net/>.
Acesso em 05 de maio de 2021.
UNIDADE III
ESPORTES DE COMBATE NA ESCOLA
Professor Mestra Kauana Borges Marchini
Plano de Estudo:
• Desafios para o ensino dos Esportes de Combate na Escola;
• Esportes de Combate e o planejamento da Educação Física Escolar;
• Prática Pedagógica: como trabalhar com os Esportes de Combate na Escola;
• Cuidados e Segurança.
Objetivos de Aprendizagem:
• Conceituar e contextualizar os principais desafios para o ensino dos Esportes de
Combate em ambiente escolar;
• Conhecer e compreender os principais documentos norteadores para a inclusão e
planejamento dos Esportes de Combate como conteúdo da Educação Física;
• Conhecer algumas estratégias pedagógicas para trabalhar com os Esportes de
Combate na escola;
• Compreender algumas normas para o cuidado e segurança na prática dos Esportes
de Combate.
INTRODUÇÃO
Prezado(a) aluno(a),
Vamos continuar nossos estudos sobre os Esportes de Combate. Esta unidade foi
preparada com muito carinho para que você possa conhecer melhor os aspectos
relacionados ao ensino dos Esportes de Combate na Educação Física Escolar.
Você sabia que este conteúdo é um dos conteúdos básicos da Educação Física,
juntamente com a ginástica, a dança e os esportes? Por isso esse conteúdo é tão
importante.
No início da nossa unidade iremos conhecer os desafios para o Ensino dos
Esportes de Combate na Escola. Em seguida veremos alguns aspectos que auxiliarão
no planejamento deste conteúdo para as aulas de Educação Física. No terceiro capítulo,
conheceremos algumas estratégias para enriquecer nossa prática pedagógica e por fim
veremos alguns cuidados e normas de segurança ao ensinar e praticar as modalidades
de Esportes de Combate.
Espero que este material seja um ponto de partida motivador na sua carreira
profissional quanto ao conhecimento dos Esportes de Combate e a real possibilidade de
inserir este conteúdo nas aulas de Educação Física.
Bons estudos!
1. DESAFIOS PARA O ENSINO DOS ESPORTES DE COMBATE NA ESCOLA
A forma de abordagem desse conteúdo vai variar de acordo com a faixa etária dos
alunos, do mais simples ao mais complexo, sempre com o objetivo de desenvolver as
capacidades físicas, as habilidades motoras e expressões pessoais. Contudo, essa
abordagem deve ser feita em três dimensões (BRASIL, 1997):
1) Conceitual: trabalha os conceitos, fatos e regras de cada modalidade;
2) Procedimental: são as vivências práticas, relacionadas aos gestos,
movimentos e técnicas;
3) Atitudinal: se refere às normas, atitudes e valores que estão presentes
nas lutas.
Mais recentemente, foi lançada a BNCC, cujo componente curricular de Educação
Física, tem seis unidades temáticas: brincadeiras e jogos, esportes, ginásticas, danças,
práticas corporais de aventuras e lutas. Este último definido como:
disputas corporais, nas quais os participantes empregam técnicas, táticas e
estratégias específicas para imobilizar, desequilibrar, atingir ou excluir o
oponente de um determinado espaço, combinando ações de ataque e defesa
dirigidas ao corpo do adversário (BRASIL, 2017, p. 218)
OBJETOS DE
HABILIDADES
CONHECIMENTO
Experimentar, fruir e recriar diferentes lutas presentes no
contexto comunitário e regional e as lutas de matriz indígena e
africana.
Lutas do contexto
Planejar e utilizar estratégias básicas de lutas no contexto
comunitário e
comunitário e regional e lutas de matriz indígena e africana
regional
experimentadas, respeitando o colega como oponente e as
Lutas de matriz
normas de segurança.
indígena e africana
Identificar as características das lutas no contexto comunitário e
regional e lutas de matriz africana e indígena, reconhecendo a
diferença entre lutas e brigas e as demais práticas corporais.
Fonte: BNCC (BRASIL, 2017).
Nesta etapa o conteúdo pode ser trabalhado com lutas de desequilíbrio, puxar,
empurrar. Também é possível pesquisar as lutas praticadas na região, que mais adiante
serão recriadas e experimentadas pelos alunos. Sempre conceituando e caracterizando
cada modalidade e adaptando ao contexto escolar. O conceito e a diferenciação entre
lutas e brigas também pode ser abordado.
OBJETOS DE
HABILIDADES
CONHECIMENTO
Experimentar, fruir e recriar diferentes lutas, valorizando a
segurança e integridade física sua e dos demais colegas.
Planejar e utilizar estratégias básicas das lutas no Brasil,
respeitando o colega como oponente.
Identificar as características (códigos, rituais, elementos
Lutas do Brasil técnicos-táticos, indumentária, materiais, instalações,
instituições) das lutas do Brasil.
OBJETOS DE
HABILIDADES
CONHECIMENTO
Experimentar e fruir a execução dos movimentos pertencentes
às lutas do mundo, adotando procedimentos de segurança e
respeitando o oponente.
Lutas do Mundo Planejar e utilizar estratégias básicas das lutas experimentadas,
reconhecendo suas características técnico-táticas.
Discutir as transformações históricas, o processo de
esportivização e a midiatização de uma ou mais lutas,
valorizando e respeitando as culturas de origem.
Fonte: BNCC (BRASIL, 2017).
Assim como foi feito em contexto nacional nos anos anteriores, agora a
abrangência é mundial. Aspectos históricos e técnicos-táticos serão estudados e
vivenciados nesta etapa. Além disso, o professor traz à luz da discussão as questões
relacionadas à esportivização e a midiatização dessas modalidades.
O ensino médio também não é abordado diretamente nestes documentos quanto
ao ensino das lutas. Mas a expectativa é que esse conteúdo avance em conjunto com
outras temáticas, de maneira multidisciplinar, se possível.
Observando os dois documentos, mas especialmente a BNCC, vemos que há um
fio condutor que visa orientar e facilitar o planejamento do professor para trabalhar com
este conteúdo. Sempre cabe destacar, a necessidade e a importância de que a realidade
escolar seja levada em consideração para o planejamento, o professor deve observar a
maturidade dos alunos e da turma para propor e desenvolver determinadas atividades,
ou seja, não há uma receita pronta.
Em ambos os documentos, a temática de lutas e, por consequência, os Esportes
de Combate são tratados apenas no ensino fundamental. Contudo, essa temática
também pode ser desenvolvida na educação infantil, com jogos e brincadeiras lúdicas. E
no ensino médio, de um modo mais integrado, problematizado e reflexivo desse conteúdo
com a realidade do mundo e do aluno.
3. PRÁTICA PEDAGÓGICA: COMO TRABALHAR OS ESPORTES DE
COMBATE NA ESCOLA
Neste tópico iremos abordar os principais cuidados que devemos ter em relação à
prática dos Esportes de Combate. Em primeiro lugar, é importante frisar que estes
cuidados devem ser tomados em qualquer ambiente de prática, não somente no contexto
escolar. É claro que um ambiente próprio para a prática dessas modalidades minimiza os
riscos de eventuais acidentes, mas também existem outros aspectos que merecem nossa
atenção quando o assunto é prática em segurança.
4.1 Ambiente
O cuidado com o ambiente deve ser em eliminar condições que ofereçam riscos.
Na escola é importante verificar se o piso não está molhado ou é escorregadio. Se a
atividade oferece o risco de quedas, sempre garantir que essa aconteça em segurança,
não havendo objetos, paredes, quinas ou degraus que o praticante possa atingir ao cair.
O uso de tatames também requer cuidados. Como em geral se deve ficar sem
sapatos no tatame, alguns revestimentos podem ficar lisos quando o praticante está de
meias. Tatames que são modulares (encaixados) correm o risco de se deslocar e criar
fendas e buracos, que ao enroscar o pé pode ocasionar torções ou fraturas.
4.2. Vestimentas
Quando não há a possibilidade de uso das roupas específicas para a prática, o
cuidado deve ser em garantir vestimentas adequadas aos movimentos que serão
realizados. Tecidos mais maleáveis, facilitam o movimento e evitam acidentes
constrangedores como rasgar uma peça de roupa.
O uso de acessórios também deve ser evitado. Brincos, relógios, correntes e anéis
devem ser retirados. Quando não é possível retirar um acessório, verifique a necessidade
de proteger o local com equipamentos específicos.
Você sabia que a participação das mulheres nas artes marciais e esportes de combate é
bastante recente? Nos Jogos Olímpicos a primeira mulher a participar da Esgrima foi em
1924, no Judô em 1992, no Taekwondo em 2000, na Luta Olímpica – Estilo Livre em
2004 e no Boxe, somente em 2012.
Ainda hoje algumas modalidades restringem a participação feminina em competições
oficiais, como é o caso do Sumô.
#SAIBA MAIS#
REFLITA
“Aquilo que eu escuto eu esqueço, aquilo que vejo eu lembro, aquilo que eu faço eu
aprendo”
Confúcio.
#REFLITA#
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Chegamos ao final de nossa terceira unidade! Esperamos que ao final dessa etapa
a prática pedagógica dos Esportes de Combate não seja mais um bicho de sete cabeças.
E que você já esteja imaginando as inúmeras possibilidades de aplicar o conhecimento
aprendido em sua prática profissional.
Com certeza, como já mencionamos ao longo do nosso conteúdo, isso é apenas
a ponta do iceberg de um conteúdo rico e diverso. Com estudo e planejamento do que
foi proposto ao longo deste capítulo, com certeza você será capaz de ensinar o conteúdo
dos Esportes de Combate na escola, para alunos de diversas idades. Afinal, você já
conhece quais desafios devem ser superados, as estratégias para a prática pedagógica,
além dos cuidados para um ensino-aprendizagem com segurança, respeito e
tranquilidade.
Até breve!
LEITURA COMPLEMENTAR
MADURO, Luiz Alcides. Considerações e sugestões para o ensino das lutas no ambiente
escolar. Cadernos de formação RBCE, v. 6, n. 2, 2016.
SANTOS, Douglas de Assis Teles et al. Esportes de combate na educação física escolar:
a perspectiva dos alunos do ensino médio de uma escola do município de Jatai,
Goiás. Itinerarius Reflectionis, v. 16, n. 2, p. 01-12, 2020.
LIVRO
• Título: Educando Filhos como Samurais do Século XXI – Um guia para pais e
professores
• Autor: Luciano Giannini
• Editora: Moura SA
• Sinopse: Qual a relação entre os guerreiros Samurais que viveram no Japão entre os
séculos VII e XIX e os jovens que vivem no século XXI? A necessidade de um
aprimoramento contínuo e treinamento para que tenham condições de enfrentar os
desafios de sua época. Para os Guerreiros japoneses, seguir o código samurai
(BUSHIDO) era o que os mantinha ligados ao processo de aperfeiçoamento pessoal,
físico e mental que lhes permitiam estar aptos a enfrentar as adversidades de sua época.
Para as crianças e jovens que vivem no século XXI os desafios são outros, porém a
necessidade de se conectar com algo que lhes ofereça suporte para enfrentar problemas
como novas estruturas familiares, excesso de tecnologia e questões relacionadas à sua
fisiologia se faz presente. Este livro oferece uma oportunidade de reflexão para pais e
educadores sobre como educar seus filhos inspirados nas 7 virtudes dos Samurais.
Justiça, honra, educação, sinceridade, coragem, benevolência e lealdade são princípios
que tornaram os Samurais figuras respeitadas em todo o mundo. Poderiam estas
mesmas virtudes contribuir para o processo educacional de crianças e jovens de nossa
época?
FILME/VÍDEO
• Este vídeo apresenta algumas ideias simples para trabalhar uma iniciação aos
Esportes de Combate na educação física escolar sem a utilização de materiais.
• https://www.youtube.com/watch?v=dxa4Kp-kFXs
• Este vídeo apresenta algumas ideias para trabalhar a iniciação aos Esportes de
Combate de média distância na educação física escolar.
• https://www.youtube.com/watch?v=DYJKlRAVM_s
• Este vídeo apresenta algumas ideias para trabalhar a iniciação aos Esportes de
Combate na educação física escolar usando garrafas como material de apoio.
• https://www.youtube.com/watch?v=fxHuSlveUVs
REFERÊNCIAS
ALESSI, Alana; BOEIRA, Wendy Nayara da Silva. Os benefícios das lutas e como
trabalhar esse conteúdo na educação física escolar. In: 8º Congresso Norte
Paranaense de Educação Física Escolar. Estadual de Londrina, Londrina. 2017.
DE SOUZA JUNIOR, Tácito Pessoa; DOS SANTOS, Sérgio Luiz Carlos. Jogos de
oposição: nova metodologia de ensino dos esportes de combate. 2010.
Plano de Estudo:
• Esportes de Combate em academias;
• Esportes de Combate para crianças;
• Esportes de Combate como profissão.
Objetivos de Aprendizagem:
• Conhecer as possibilidades de atuação com Esportes de Combate em academias;
• Compreender a importância do ensino de Esportes de Combate para crianças;
• Conhecer as possibilidades de atuação com os Esportes de Combate como foco
principal de atuação profissional.
INTRODUÇÃO
Prezado(a) aluno(a),
Fonte: https://images.app.goo.gl/wN6JYmkXc2iQh7zD8
Em geral, mesmo que a prática do Esporte de Combate não aconteça num dojô,
o espaço do treinamento apresenta algumas características similares. Em relação ao
piso, é comum o uso de tatames, que tem por objetivo amortecer as quedas e facilitar
eventuais práticas próximas ao solo. Dependendo da origem da modalidade, é comum
encontrar um pequeno altar (kamiza) ou ao menos a foto do fundador/criador da
modalidade. Algumas modalidades também envolvem rituais próprios durante as aulas,
como os alunos perfilados por ordem de graduação ao início e ao final dos treinos, e os
cumprimentos com saudações verbais específicas. Essas saudações verbais juntamente
com gestos de inclinar o tronco podem ocorrer ao início e ao final do treino de alguma
técnica ou mesmo da luta simulada entre dois praticantes.
Quanto à prática pedagógica, em geral os treinamentos são conduzidos por
instrutores com alta qualificação e que reúnam alguns anos de prática antes de serem
promovidos a professores/mestres. Numa pesquisa acerca de como essas práticas
acontecem em academias e dojôs, Rufino (2010) destaca alguns pontos comuns,
independente da modalidade:
Quadro 1 - Pontos comuns para o ensino e prática pedagógica em espaços não formais de
diferentes modalidades de Esportes de Combate
Saudação ao professor responsável pela aula com os alunos enfileirados
Início e término das conforme a graduação (representada pelas cores das faixas). Muitas vezes,
aulas há a saudação à figura/foto do mestre (criador/desenvolvedor da
modalidade) pendurada na parede.
Como já mencionado no tópico anterior, são vários os motivos que podem levar à
prática dos Esportes de Combate nos espaços não formais. Ainda que o objetivo primário
não seja se beneficiar dos efeitos desta prática na melhora da aptidão física, os
resultados sobre esses parâmetros podem ser percebidos por todos os praticantes. No
caso dos praticantes cujo foco seja competitivo, especialmente nos atletas profissionais,
o desenvolvimento de alguns componentes da aptidão física podem ser o diferencial
entre a vitória ou a derrota.
Cada modalidade pode desenvolver com maior ou menor grau determinados
componentes da aptidão física. Por exemplo, nos treinamentos de Karatê e Kung Fu há
uma exigência maior da flexibilidade do que no Boxe ou no Sumô. A composição corporal
também se desenvolve de maneira diferente para um lutador profissional de Sumô, que
deve ser gordo e pesado, quando comparado a um atleta de Judô, que deve se manter
dentro da faixa de peso da sua categoria para conseguir competir. Assim, cada
componente será desenvolvido de modo diferente, conforme as exigências técnicas e
físicas de cada modalidade.
Em relação aos aspectos físicos e motores, em praticamente todas as
modalidades de Esportes de Combate, os praticantes são estimulados a desenvolver a
agilidade, a velocidade e o tempo de reação. Estes se relacionam à velocidade que um
golpe é aplicado, ou que um movimento de defesa consegue bloquear o adversário. A
capacidade de se esquivar de ataques, também se relaciona ao equilíbrio. O
aperfeiçoamento dessas técnicas e o desenvolvimento dessas habilidades pode ocorrer
de maneira direta, com execução repetidas de uma determinada técnica ou golpe; ou de
forma indireta, por exercícios específicos para o desenvolvimento das habilidades e que
não tem relação com a modalidade (BÖHME, 1993; GARCIA, 2020).
Quanto aos aspectos fisiológicos, o primeiro ponto a se destacar é que demais
respostas físicas e de aptidão física, se relacionam diretamente a esses aspectos, como
mudanças na composição corporal, melhora de resistência cardiorrespiratória e da força
e resistência muscular. Novamente cabe destacar que cada modalidade de Esporte de
Combate tem suas peculiaridades, e que vamos destacar aqui somente os mais comuns
(GARCIA, 2020).
Os Esportes de Combate podem ser entendidos como atividades intermitentes,
pela alternância de períodos de esforço com pausas de recuperação. Esses períodos
intensos variam entre 6 e 14s, enquanto o período de recuperação é de 15 a 36s. Quanto
às vias metabólicas, todas contribuem durante a atividade, mas neste caso, com
predomínio da via anaeróbia devido a intensidade de curta duração (GARCIA, 2020).
Entretanto, como esses estímulos de pausa e recuperação acontecem por um
período maior, como durante os rounds, eles se assemelham a atividades como o HIIT
(treinamento intervalado de alta intensidade). Desta forma, há uma predominância da
aeróbia na atividade. Ou seja, ambos os metabolismos são contemplados, sendo a
execução dos golpes de predominância anaeróbia e o período de recuperação, durante
o combate, de predominância aeróbia. Assim, a melhora da aptidão cardiorrespiratória,
com aumento do VO2máx, garante maior resistência durante o combate, enquanto o
aumento no limiar de lactato gera possibilidade de sucesso em ações decisivas (ataques
e nocautes), uma vez que estes estímulos de curta duração são essencialmente
anaeróbios (GARCIA, 2020; JAMES et al, 2016).
Outro aspecto que merece destaque é a força muscular, nem sempre este é
valorizado durante um programa de treinamento, mas pode ser uma estratégia importante
para melhora do desempenho do competidor. Tanto a força dinâmica, que se refere a
capacidade de deslocar uma quantidade de carga, quanto a força isométrica, que não
gera mudança no comprimento do músculo, são trabalhadas e desenvolvidas nos
Esportes de Combate. A predominância de cada uma delas também varia conforme a
modalidade, àquelas que envolvem mais socos e chutes, como o Muay Thai, Taekwondo
e o Boxe, utilizam-se da força dinâmica; enquanto as lutas mais “agarradas” necessitam
da força isométrica, como o Judô (GARCIA, 2020; JAMES et al, 2016).
Devido às suas características técnicas, cada modalidade vai utilizar estratégias
específicas para o desenvolvimento dos atletas. Existem inclusive, testes de aptidão
física específicos por modalidade. O ponto principal deste tópico é compreender que as
estratégias de treino sempre serão escolhidas para atender aos objetivos de cada
praticante, desde o com o interesse fitness até o marcial, e essas estratégias devem
contemplar ao máximo as necessidades físicas e fisiológicas exigidas no momento da
competição, especialmente para aqueles que visam a prática profissional e/ou o
desempenho relacionado à vitória no combate.
SAIBA MAIS
#SAIBA MAIS#
2. ESPORTES DE COMBATE PARA CRIANÇAS
Os aspectos físicos são descritos nos quatro primeiros itens. E são alcançados por
meio do treinamento das técnicas, coordenação de movimentos de braços e pernas, e
do preparo físico exigido e aprimorado durante as aulas. Os demais itens se relacionam
ao desenvolvimento psicológico e social do praticante e é um dos grandes atrativos das
aulas de Esportes de Combate para as crianças.
Ainda nas categorias mais jovens, as crianças já podem participar de competições
e também devem cumprir alguns requisitos para alcançarem os primeiros níveis de
graduação. Isso exige dedicação, treinamento e paciência. Como explicitado no
significado do nome de algumas artes marciais de origem japonesa (Judô, Karatê-do,
Aikidô, Kendô), a prática é um “caminho” (Do), e não há atalhos, são necessários
dedicação, treinamento e paciência.
O equilíbrio exigido entre a força e a agilidade, com respeito ao adversário e aos
companheiros de treino, também são valiosas lições para o desenvolvimento do
autocontrole e do respeito. A vitória numa competição lhe mostra os pontos fortes, a
derrota, as fraquezas, e assim é possível aprimorar a autoconfiança, a autoestima e o
conhecimento de si mesmo. Pode parecer filosófico ou complexo demais para as
crianças, mas quando se pratica um Esporte de Combate, esse caminho provavelmente
será trilhado.
É possível perceber que o ambiente não formal oferece um conhecimento mais
aprimorado de cada modalidade. Dessa forma, se torna necessário definir e compreender
as características desse contexto. Primeiro, é em relação ao professor, que geralmente
tem alta especialização na modalidade, mas nem sempre é formado em Educação Física;
segundo, as características pedagógicas dessas aulas; e por fim, as expectativas que
envolvem as práticas das modalidades de Esportes de Combate nesses espaços.
Quanto à figura do professor/ instrutor, assim como já mencionado no capítulo
anterior, em geral, esta é uma pessoa com vasta experiência prática em uma modalidade.
Ou seja, ainda que seja um profissional com formação em Educação Física, neste
contexto, ele será o professor/instrutor de Judô, Karatê, Muay Thay, Taekwondo etc.
A prática pedagógica deve se assemelhar a que acontece no contexto escolar,
com atividades adequadas à idade e ao desenvolvimento físico e motor das crianças,
sempre buscando formas mais lúdicas de abordagem. Contudo, há o acréscimo do
componente técnico e característico de cada modalidade. Apesar da recomendação e do
entendimento quanto aos benefícios de uma abordagem lúdica, cabe destacar uma
situação relativamente comum: nem sempre há distinção nas atividades de crianças e
adultos. Em alguns locais, ainda que haja a separação de crianças e adultos para garantir
a integridade do grupo mais frágil, as crianças repetem exercícios similares aos utilizados
aos adultos, com pouca ou nenhuma diferenciação e, algumas vezes, nem adequada à
idade (DARIDO, 2010).
Essa condição pode ser superada com preparo profissional adequado e formação
para os instrutores de turmas infantis. Como não há exigência de formação em Educação
Física para instrutores de lutas e artes marciais, muitos não possuem qualificação
adequada para lidar com crianças e acabam apenas por reproduzir aquilo que
vivenciaram e aprenderam durante o seu período de formação na modalidade. Quando
há a união da experiência na modalidade com a capacitação adequada é muito mais fácil
atender às expectativas de pais e crianças que buscam uma modalidade de Esporte de
Combate como atividade extra.
E quais são essas expectativas? Além do desenvolvimento físico e motor
proporcionados pela prática esportiva, outros dois motivos podem se relacionar ao
interesse para a prática de Esportes de Combate para as crianças, defesa pessoal e o
desenvolvimento de alguns valores, como a disciplina. Pesquisas e experiências práticas
descrevem o desenvolvimento moral proporcionado pela prática dos Esportes de
Combate, que se relacionam aos aspectos filosóficos e disciplinares, como o respeito à
hierarquia, cuidado com o espaço de treinamento e com os colegas, exigidos durante as
aulas. Por esse motivo, os Esportes de Combate por vezes fazem parte de projetos de
inclusão social (NUNES; TRUSZ, 2018).
Além de academias, clubes e como atividades extracurriculares em escolas,
conforme dito anteriormente, projetos sociais também são ambientes não formais onde
podem ocorrer o ensino dos Esportes de Combate. Esses projetos carregam, por vezes,
a responsabilidade de transformar a realidade social das crianças que o frequentam e
das regiões onde estão inseridos. A condução das aulas, e/ou o apadrinhamento do
projeto pode ser feito por um atleta destaque de alguma modalidade, o qual se torna um
exemplo para as crianças pela possibilidade de ascensão social por meio do esporte
(LUZ et al, 2018).
Um exemplo das possibilidades advindas desse contexto é a judoca brasileira
Rafaela Silva, de infância pobre começou a praticar a modalidade num projeto social
promovido pelo judoca Flávio Canto que integrou a seleção brasileira de Judô. Rafaela
demonstrou ter talento e conseguiu se tornar campeã mundial e medalhista de ouro nas
Olimpíadas do Rio de Janeiro em 2016.
3. ESPORTES DE COMBATE COMO PROFISSÃO
#REFLITA#
CONSIDERAÇÕES FINAIS
FABIANI, Débora Jaqueline Farias; SCAGLIA, Alcides José; DE ALMEIDA, José Júlio
Gavião. O jogo de faz de conta e o ensino da luta para crianças: criando ambientes de
aprendizagem. Pensar a Prática, v. 19, n. 1, 2016.
DE OLIVEIRA, Rebeca Campos et al. Influência das artes marciais nos níveis de raiva e
agressividade em crianças e adolescentes: revisão sistemática. Arquivos Brasileiros de
Educação Física, v. 2, n. 2, p. 55-61, 2019.
SANTARÉM, Diogo. Quem são os lutadores que mais ganharam dinheiro pelo UFC e
onde estão comparados aos astros do Boxe? Confira aqui o Top 10. Tatame, 2020.
Disponível em: <https://tatame.com.br/2020/08/quem-sao-os-lutadores-que-mais-
ganharam-dinheiro-pelo-ufc-e-onde-estao-comparados-ao-boxe-confira/>
LIVRO
Título: O Dojo e seus significados – um guia para os rituais e etiquetas das artes
marciais japonesas
Autor: Dave Lowry
Editora: Pensamento
Sinopse: Este livro é uma coleção de ensaios detalhados e vívidos escritos por Dave
Lowry, um dos espadachins mais conhecidos e respeitados dos Estados Unidos. Cada
capítulo esclarece a história e o significado de rituais, costumes de treinamento, objetos
e relacionamentos, que têm profunda importância nas artes marciais japonesas. Repleto
de histórias fascinantes tiradas das experiências do autor, O Dojo e Seus Significados é
um tesouro de informações para os admiradores e praticantes descobrirem os
significados mais profundos das artes marciais japonesas.
FILME/VÍDEO
• Reportagem contando a história da judoca brasileira Rafaela Silva, que foi campeã
mundial de Judô e, mais tarde, ganhou a medalha de ouro Olímpica nos Jogos do Rio
2016.
• Link do site: https://www.youtube.com/watch?v=tVCl5VjW_NU
REFERÊNCIAS
ANTUNES, Marcelo Moreira. A relação entre as artes marciais e lutas das academias e
as disciplinas de lutas dos cursos de graduação em educação física. Lecturas:
Educación Física y Deportes, Revista Digital, Buenos Aires, v. 14, n. 139, 2009.
BÖHME, Maria Tereza Silveira. Aptidão física: aspectos teóricos. Revista Paulista de
Educação Física, v. 7, n. 2, p. 52-65, 1993.
NUNES, Alexandre Velly; TRUSZ, Rodrigo Augusto. Bugre Lucena: inclusão social
através do judô: crianças e adolescentes em situações de risco, deficientes visuais e
menores infratores. Revista da Extensão, n. 17, p. 12-19, 2018.
RUFINO, Luiz Gustavo Bonatto. A prática pedagógica das lutas nas academias de
ginástica. 2010. 181f. Trabalho de conclusão de curso (bacharelado – Educação Física)
– Universidade Estadual Paulista. Rio Claro, 2010.
Prezado(a) aluno(a),