Você está na página 1de 27

UNIVERSIDADE DO VALE DO PARAÍBA

FACULDADE DE EDUCAÇÃO E ARTES


CURSO DE EDUCAÇÃO FÍSICA

Taekwondo – Das influencias milenares à esportivização

João Guilherme Lino dos Santos


Marcelo Alves de Souza

São José dos Campos/SP


2012
UNIVERSIDADE DO VALE DO PARAÍBA
FACULDADE DE EDUCAÇÃO E ARTES

Curso de Educação Física

TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO


2012

Taekwondo – Das influencias milenares à esportivização

Alunas: João Guilherme Lino dos Santos


Marcelo Alves de Souza

Orientador: Prof. Ms. Elessandro Váguino de Lima

Banca Examinadora: Prof. Dr. Silvia Regina Ribeiro


Prof. Ms. Elessandro Váguino de Lima

Nota do Trabalho: 10 (dez)

São José dos Campos – SP


UNIVERSIDADE DO VALE DO PARAÍBA
FACULDADE DE EDUCAÇÃO E ARTES
CURSO DE EDUCAÇÃO FISICA

TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO

TAEKWONDO – DAS INFLUENCIAS MILENARES À ESPORTIVIZAÇÃO

JOÃO GUILHERME LINO DOS SANTOS


MARCELO ALVES DE SOUZA

Relatório Final apresentado como parte das


exigências da disciplina Trabalho de
Conclusão de curso à Banca Examinadora do
curso de Educação Física da Faculdade de
Educação e Artes da Universidade do Vale do
Paraíba.

Orientador: Prof. Ms. Elessandro Váguino de Lima

São José dos Campos/SP


2012
Dedicamos ao nosso Grão Mestre Yun
Sik Kim, um dos pioneiros do Taekwondo no
Brasil e nosso Mestre, com orgulho. E a todos
os praticantes de Taekwondo.
Agradecimentos

Agradecemos primeiramente a Deus, que nos deu a sabedoria e a


inteligência para podermos executar esse trabalho.
Agradecemos ao nosso professor e mestre Elessandro, que nos orientou
na construção do mesmo.
Agradecemos nossos familiares e amigos que colaboraram com
compreensão e incentivo.
E também, agradecemos a todos os professores do curso de Educação
Física da Univap, que durante esses quatro anos nos premiaram, dividindo
conosco, seus conhecimentos e experiências de vida, motivando-nos a exercer
esta linda profissão e assumir o compromisso de passar adiante esses
aprendizados.

À todos nosso muito obrigado!


Resumo

As artes marciais possuem um conteúdo histórico enraizado na filosofia oriental.


Na Roma antiga a palavra Guerra, representava Marte, deus da guerra e
possuía vários simbolismos, sendo um deles a guerra interna do ser humano.
Dentre tantas formas de luta, dar-se-á ênfase ao Taekwondo, uma arte marcial
de origem coreana que passou por varias transições desde sua criação em
1955 ate o inicio da década de 80, quando passou a ser reconhecida como
modalidade esportiva. Este trabalho visa ser uma fonte de informação aos
interessados em se aprofundar quanto importância histórica e influencia do
Taekwondo dentro da cultura coreana. Tendo como objetivo descrever o
histórico do Taekwondo, desde as lutas milenares que o originaram e sua
esportivização no século XX e foi desenvolvido através de revisão bibliográfica.
O Taekwondo não é uma arte marcial milenar, pois surgiu em 1955 através da
unificação de três Artes Marciais (Taekkyon, Soo Bak, Karate). No Brasil foi
introduzido no estilo ITF (tradicional), mas houve uma adaptação ao estilo WTF
(Olímpico), porém sua esportivização influenciou na diminuição do ensino
tradicional, comprometendo o conhecimento da história e filosofia da Arte.

Palavras-chave: Taekwondo, Esportivização, Choi Hong Hi.


“Tenho a esperança de que, através do Taekwondo,
cada um possa juntar força suficiente para chegar a
ser um guardião da justiça para combater a desunião
social e para cultivar o espírito humano”.
(General Choi Hong Hi, 1955 apud GOULART;
CAMPOS, 2004)
Sumário

1 Introdução .................................................................................................. 09

2 Objetivos .................................................................................................... 12
2.1 Objetivo Geral ............................................................................... 12
2.2 Objetivos Específicos .................................................................... 12

3 Metodologia ............................................................................................... 13

4 Revisão de Literatura ................................................................................. 14


4.1 História das Lutas Coreanas ............................................................... 14
4.2 General Choi Hong Hi – O Fundador do Taekwondo .......................... 16
4.3 Filosofia no Taekwondo e Fundação da ITF......................................... 17
4.4 Um novo Rumo para o Taekwondo....................................................... 19
4.5 A situação da ITF – International Taekwondo Federation..................... 20
4.6 O Taekwondo no Brasil – A chegada dos Mestres Pioneiros ............... 21
4.7 A evolução das competições de Taekwondo no Brasil ......................... 22
4.8 Taekwondo Marcial e esportivo ............................................................ 23

5 Conclusão ................................................................................................... 26

6 Referencias Bibliográficas............................................................................. 27
9

1 Introdução
As artes marciais possuem um conteúdo histórico enraizado na filosofia oriental.
Na Roma antiga a palavra Guerra representava Marte, deus da guerra e possuía
vários simbolismos, sendo um deles a guerra interna do ser humano. Para os
romanos, o planeta Marte com sua cor vermelho-sangue representava o poder
destrutivo do homem e da natureza, por isso deram este nome ao deus que os
protegia nas Guerras (CARDIA, 2007). Os sábios sacerdotes das antigas civilizações
assimilavam a busca de seu eu interior, isto é, o interno, que se ligava ao esotérico e
o externo, sendo este último, caracterizado pela guerra propriamente dita. Esta
constante busca do eu interior é a consequência de que o homem havia perdido algo
e necessitava se encontrar consigo mesmo para localizar o rumo que buscava,
obtendo-o pela preparação física e compreensão filosófica. Essa filosofia se baseia
em duas forças chamadas Yin e Yang, que são forças que se opõem e são
chamadas de luta de opostos que surgem para o homem para que ele tenha a exata
noção do justo, equilíbrio e harmonia interior. Entende-se assim que as Artes
Marciais estão diretamente ligadas à questão espiritual e mental do ser humano,
obtendo-se a expressão corporal, ou seja, uma extensão ao meio externo. Estas
artes de luta têm sua origem entre os anos de 4000 a 3000 a.C, porém, essas datas
ainda são questionáveis e acredita-se em tempos mais remotos ainda, contudo, há
uma unanimidade quanto às regiões de seu aparecimento que se direciona aos
povos orientais, sobretudo na Índia, Irã, China, Egito, Mesopotâmia e Japão em que
se registram vários tipos de lutas sem a utilização de armas (SILVA; VIANNA;
RIBEIRO, 2007).

Dentre tantas formas de luta, dar-se-á ênfase ao Taekwondo, uma arte marcial
de origem coreana que passou por varias transições desde sua criação em 1955 ate
o inicio da década de 80, quando passou a ser reconhecida como modalidade
esportiva. A Arte Marcial Taekwondo foi desenvolvida pelo General coreano Choi
Hong Hi que uniu técnicas de lutas milenares coreanas e Karate Shotokan (arte de
luta japonesa), com o objetivo de que fosse útil à sociedade em geral, para resgatar
a autoestima e patriotismo do povo coreano que acabava de se livrar do domínio
japonês na segunda guerra mundial (PIMENTA, 2007).
10

A literatura apresenta de muitas formas a historia da Arte Marcial Taekwondo


(KIM; SILVA, 2000; GOULART; CAMPOS, 2004; CÁRDIA, 2007), destacando as
lutas milenares que o originaram e as transições que o transformaram, também,
numa modalidade esportiva. Porém, muitas vezes os leitores se deparam com livros
e artigos que contam de forma sucinta o contexto histórico dessa luta coreana, sem
destacar sua importância cultural, filosófica, política, militar e educacional, bem como
a sua relevância na formação dos ideais do povo coreano.

Um exemplo claro de informação incorreta diz respeito à idéia de que o


Taekwondo é uma luta milenar, e esta versão perde força quando citamos o nome
de seu criador e o ano em que foi criada esta arte marcial: General Choi Hong Hi,
em 1955 (CARDIA, 2011).

Segundo Kim e Silva (2000) “é lamentável que não tenha havido um avanço no
estudo com relação a sua qualidade no tocante da parte teórica, a concentração
mental e filosófica, tendo em vista a enorme quantidade de praticantes”.

A falta de informação, bem como a carência de fontes que relatam os motivos


que levaram a sua criação acaba gerando para os leigos (que só tomam
conhecimento do Taekwondo como modalidade esportiva), uma idéia errônea sobre
o verdadeiro significado desta arte marcial.

Apresentado ao mundo através das competições esportivas e, principalmente


nas Olimpíadas, o Taekwondo visto como Arte Marcial Oriental possui mais
conteúdos de valores históricos, culturais e filosóficos do que se possa imaginar,
revelando-se de grande valia para o conhecimento de uma forma geral e também
para os interessados nas Artes Marciais que não tenham objetivos esportivos, e sim
como forma de cultura corporal, manutenção da saúde, convívio social, ocupação
mental (CÁRDIA, 2007).

Cárdia (2007) relata que, embora ainda seja ensinada a doutrina marcial nas
academias mais voltadas ao ensino tradicional, valorizando a cultura, a história e a
filosofia oriental, a esportivização do Taekwondo fez com que esses princípios e
valores fossem se perdendo com o tempo em alguns setores da modalidade. O foco
tornou-se mais competitivo, portanto, deixou-se de ensinar a marcialidade em sua
11

forma original. Deixou de ser, em alguns casos, uma ferramenta construtiva no


sentido de produzir profissionais qualificados, cidadãos exemplares e contribuintes
da paz, para se tornar uma fábrica de máquinas de combate que, na maioria dos
casos, não tem conhecimento da cultura das artes marciais.

É de grande importância para os praticantes de Taekwondo, obter ou ampliar o


conhecimento sobre a história desta Arte Marcial e sobre as transições sofridas pela
mesma, desde a origem das lutas milenares coreanas, seus valores morais e
religiosos orientais, bem como os interesses políticos e financeiros que o levaram,
também, a ser reconhecida mundialmente como uma modalidade esportiva.

Cárdia (2011) defende o incentivo de publicações sobre o Taekwondo, onde os


conteúdos tenham elementos significativos no contexto intelectual, isto para que
possa ser visto como ciência e não como simples passatempo social ou desporto.

Sendo assim, este trabalho pode se tornar uma fonte de informação aos
interessados em se aprofundar quanto importância histórica e influencia do
Taekwondo dentro da cultura coreana, sua ocidentalização e os processos que o
levaram de Forma de Combate Tradicional Coreano, ao Fenômeno Esportivo dos
dias de hoje.
12

2 Objetivos
2.1 Objetivo Geral

Descrever o histórico do Taekwondo, desde as lutas milenares que o originaram,


bem como sua esportivização no século XX, destacando os lados positivos e
negativos deste processo.

2.2 Objetivos Específicos


• Destacar a unificação das Artes Marciais Milenares que tiveram influencia
na criação do Taekwondo;
• Relatar a difusão desta arte marcial no Brasil;
• Diferenciar o contexto marcial do contexto esportivo.
13

3 Metodologia

Este trabalho foi desenvolvido através de revisão bibliográfica, com buscas em


livros, artigos científicos, dissertações de mestrados e outras fontes que puderam
relatar os aspectos históricos do Taekwondo de acordo com o tema.
14

4 Revisão de Literatura

4.1 História das lutas coreanas

Segundo Cárdia (2007), a história da Coréia remonta de 2300 anos a.C, quando
surgiram os primeiros reinos naquela região, porém, destaca-se o período de 37 a.C.
a 924 d. C. quando a península coreana era dividida pelos reinos Koguryo, Paekche
e Silla, sendo este último menor e mais fraco, sofrendo constantes invasões e
saques pelos outros dois. Até que o 24º Rei de Silla, Chinghung Wang, convocou
integrantes de berço nobre e de esmerada educação familiar para formarem uma
tropa de elite de guerreiros com o objetivo de defender seu povo e suas terras. Este
grupo chegou a ser formado até mesmo por garotos a partir de 14 anos de idade e
criou-se então um corpo de oficiais denominado Hwarang (irmão maior), que
passaram a proteger o reino. O objetivo principal, além de defender o Reino de Silla
era unificar a península e para isto o Grupo recebia treinamento militar que era
complementado com o manuseio de armas, tais como, arco e flecha, lanças,
espadas, facas, bastões e ainda estudavam os textos da Arte da Guerra escritos
pelo Guerreiro Tsun Tzu.

Pimenta (2007) relata que esses guerreiros eram comparados aos samurais
japoneses e aos cavaleiros medievais da Europa por sua estrutura regida por
padrões religiosos, honoríficos e por serem integrantes de uma alta classe social.

Criado pelo filósofo e general Yu Shin Kim, o Hwarang-Do (Caminho dos


Guerreiros Hwarang) possuía a espiritualidade e a filosofia dos monges Do-Ro. Os
Hwarang recebiam treinamentos rigorosos, lentos e silenciosos, permeados pelos
valores filosóficos de características budistas. Além do arco e flecha, outras armas
faziam parte de seu arsenal, porém eram treinados com vários tipos de artes
marciais, buscando a disciplina mental e física, utilizando a luta desarmada com os
pés e as mãos. Entre essas artes de luta destacava-se o Taekkyon ou Tekyon
(PIMENTA, 2007).

O Taekkyon foi muito utilizado durante as batalhas travadas pelos Hwarang e os


invasores de Silla, sendo utilizado, em alguns momentos, para derrubar os inimigos
de seus cavalos e facilitar os ataques. Devido à importância desta arte marcial na
15

cultura do povo coreano em varias dinastias e também no início do século XX, foi a
partir do Taekkyon que surgiu o nome Taekwondo, por suas características de
chutes voadores e por sua contribuição na defesa e relação direta na formação da
Coréia, além do fato da semelhança entre os dois nomes (CÁRDIA, 2007).

Segundo Cárdia (2007), o Taekkyon em sua forma original usava movimentos


constantes como se fosse uma dança e era treinado de forma suave e sem técnicas
grosseiras. Seus chutes eram altos, com saltos e também empurravam o adversário,
porém, não usava a velocidade para adquirir impacto. As técnicas eram baixas na
maioria das vezes (rasteiras e chutes no joelho).

Kim e Silva (2000) mostram que os Hwarang possuíam um rigoroso código de


honra resumido em 5 itens:

1- Obediência ao Rei
2- Respeito aos pais
3- Lealdade para com os amigos
4- Nunca recuar diante do inimigo
5- Só matar quando não houver alternativa.

É importante ressaltar que o não cumprimento desse juramento levaria a


punições severas, podendo chegar à pena de morte e sem essa ideologia não
passariam de assassinos bem treinados e o propósito do Rei era despertar os
espíritos patrióticos, culturais e morais, tanto aos soldados quanto ao seu povo.
(CARDIA, 2007).

Esses guerreiros e seu código de honra constituíram-se na pedra fundamental


para que o reino de Silla conseguisse unificar a região, conquistando os Reinos
vizinhos de Koguryo e Paekche, dando início a Dinastia Koryo. (KIM e SILVA, 2000).

A formação para esse corpo de elite se sustentava na busca e no acréscimo do


melhor, por esse motivo tornaram-se símbolo nacional, mas no final do século VIII os
componentes deste grupo permaneceram ociosos por um tempo até enfraquecerem
e extinguirem-se totalmente (CARDIA, 2007).

Apesar disto foram fundamentais na vitória de Silla sobre os Reinos de Paekche


em 660 d.C. e Koguryo em 668 d.C., dando inicio a Idade Dourada, que perdurou
16

até 918 d.C, quando um rebelde chamado Wang Kon passa a liderar um grupo de
camponeses com o propósito de vencer Silla, o que acaba ocorrendo em 924 d.C.,
já que as forças devastadoras dos rebeldes obrigaram o Rei de Silla, Kiong Myong
Wang, a render-se formalmente culminando na Queda dos Três Reinos. Após isto o
confucionismo passou a desenvolver-se na península coreana, obrigando os
candidatos a cargos políticos a aprenderem sua doutrina. Era o inicio da Dinastia
Koryo (fundada oficialmente em 935 d.C.), que perdurou ate 1392 d.C. quando se
iniciou a Dinastia Choson (PIMENTA, 2007).

Segundo Cárdia (2007), em 1905 a Coréia (ainda Choson) tornou-se um


protetorado e todas as ações políticas ou militares eram fiscalizadas pelos
japoneses que, inclusive, enviavam milhares de coreanos ao Japão e outros paises
ocupados para trabalharem como escravos. Após ter sido invadida e ocupada
completamente pelos nipônicos em 1909, a Dinastia Choson foi extinta e já em 1910
os japoneses passaram a proibir a prática das Artes Marciais coreanas pelo seu
povo, inclusive o Taekkyon, introduzindo as Artes Marciais japonesas,
principalmente, o Karate. No período de 1909 a 1945, a Coréia teve sua cultura
totalmente paralisada e todas as formas de treinamento com fins marciais foram
proibidas, mas felizmente vários mestres dedicaram-se em manter viva a arte
arriscando-se ao ensinar secretamente o Taekkyon nestes 36 anos de ocupação
japonesa. Com o fim da 2ª Guerra em 1945, tropas americanas se estabelecem ao
Sul da Coréia e ocorre uma divisão através de uma linha imaginaria chamada de
Paralelo 38º. Em 1948 foram constituídos dois Estados Autônomos: República da
Coréia (Coréia do Sul) e República Popular Democrática da Coreia (Coréia do
Norte).

4.2 General Choi Hong Hi – O Fundador do Taekwondo.

Neste processo histórico, destaca-se o nome do General Choi Hong Hi, nascido
em 9 de novembro de 1918 e falecido em 2002. Também chamado de Pai do
Taekwondo, foi peça fundamental para a Criação da nova arte, com seus propósitos
nacionalistas, filosóficos e educacionais. Após o término da 2ª Guerra, foi libertado
de um campo de prisão japonês e retornou a Coréia. Em janeiro de 1945, recebeu a
patente de segundo-tenente no Exército da República da Coréia (Coréia do Sul) e foi
enviado para comandar o regimento da infantaria em Kwangju (província sul-
17

coreana), passando então a ensinar aos seus soldados as técnicas do Karate


Shotokan aprendidas no Japão. Já em 1946 criou um novo estilo chamado Chang
Hum que reunia técnicas de Karate, Soo Bak Gi e Taekkyon. Em 1952 organizou
uma demonstração de sua nova arte ao então Presidente sul-coreano Sygman
Rhee, que, em seguida, ordenou que todos os seus soldados treinassem o novo
método. Não satisfeito e acreditando que deveria ensinar e criar uma arte superior e
com identidade coreana, empenhou-se em desenvolver e melhorar a mesma,
porém, outras escolas (Kwans) de lutas coreanas tiveram sua origem no Taekkyon e
foram fundadas logo após o término da Guerra para resgatar a prática das formas de
combate coreanas proibidas durante aquele período, gerando certa resistência por
parte dos Mestres mais antigos. Por este motivo, em abril de 1955 o General Choi
convocou para uma assembleia, vários Mestres e historiadores para unificar essas e
outras escolas de lutas tornando-as uma só, intitulando-a, a princípio Tae Soo Do e
depois Taekwondo (CARDIA, 2007).

4.3 Filosofia no Taekwondo e Fundação da ITF

O General Choi foi o responsável pela unificação das técnicas das artes marciais:
Karate Coreano e Japonês, Taekkyon e Soo Bak Gi, surgindo assim o Taekwondo,
além de elaborar os vinte e quatro tuls (formas), estabeleceu sua filosofia
(GOULART; CAMPOS, 2004).

Pimenta (2007) mostra que além da fusão dos nomes e escolas, o General Choi
estabeleceu e padronizou uma sequência de princípios e valores filosóficos que o
praticante desta arte pudesse seguir. Esses princípios são adaptações do antigo
código dos guerreiros Hwarang, trazidas para a realidade do século XX, sendo eles:

a) Cortesia (educação e respeito);


b) Integridade (honestidade e justiça);
c) Perseverança (persistência e obstinação);
d) Autocontrole (domínio de si mesmo);
e) Espírito Indomável (coragem e garra).
18

Também foi elaborado um juramento dos praticantes para preservar o bom senso
dos mesmos quanto as regras a serem seguidas:

Eu Prometo
1- Observar as regras do Taekwondo
2- Respeitar meu instrutor e meus superiores
3- Nunca fazer mau uso do Taekwondo
4- Construir um mundo mais pacífico
5- Ser campeão da liberdade e da Justiça

Estas adaptações foram necessárias, principalmente, para tornar mais acessível e


assimilável o entendimento dessas regras aos ocidentais (PIMENTA, 2007).

Após sua criação oficial foi realizado em 1964, na Coréia, o primeiro campeonato
de Taekwondo do mundo. Em 1965 criou-se a KOREAN TAEKWONDO
ASSOCIATION, sendo o General Choi Hong Hi o primeiro presidente e em 1966
fundou a INTERNATIONAL TAEKWONDO FEDERATION (ITF), a primeira
federação de Taekwondo (PIMENTA; MARCHI JR, 2007).

Nove países integravam a federação: Vietnã, Malásia, Cingapura, Alemanha


Ocidental, E.U.A, Turquia, Egito, Itália e Coréia do Sul. Sendo ele mesmo o
presidente da ITF, começou a organizar e formar turma de instrutores internacionais
que passaram então a divulgar o Taekwondo (GOULART; CAMPOS, 2004).

Inicia-se, em 1968, um processo de ocidentalização do Taekwondo, com sua


divulgação para Europa e Estados Unidos (onde era conhecido como Korean
Karate), em 1970 ocorre a sua introdução no Brasil. Mas devido a brigas políticas,
em 1971 o General Choi muda-se para Toronto, no Canadá, levando consigo a ITF e
no mesmo ano o presidente da Coréia do Sul, Park Chung-Hee proclama o
Taekwondo como modalidade esportiva nacional coreana (PIMENTA, 2007).
19

4.4 Um novo Rumo para o Taekwondo

O General Choi Hong Hi é obrigado a sair da Coréia do Sul, em 1972, acusado de


supostas ligações com o comunismo e indo para o Canadá, levando consigo a sede
da ITF. Há indícios que a sua saída, poderia ter sido motivada por fatores culturais
presentes no país (PIMENTA, 2007).

Especula-se que o respeito à hierarquia, em relação à idade e a posição militar,


podem ter sido os fatores principais, ou seja, o presidente Park Chung-Hee que
assumiu o poder na Coréia do Sul de 1963 até 1979, exigia respeito por parte do
General que se encontrava em posição política inferior a do Presidente. Por sua vez,
o General ocupava o cargo de embaixador da Malásia desde 1963 e exigia respeito
por parte do Presidente que era mais novo em idade e de posição militar inferior.

Os motivos que o levaram a sair de seu país podem ter sido disfarçados pela
acusação sofrida de possíveis relações com o comunismo, ou pode ter sido
ocasionada por uma confusão hierárquica nos padrões de ordem estabelecidos pela
sociedade coreana. Especulava-se ainda que pudesse ter sido ocasionada por uma
estratégia calculada pelo Governo que já esperava a saída do General por seu
provável desentendimento com o Presidente da República.

A saída do General Choi Hong Hi da Coréia do Sul, deu ao Governo a


oportunidade para criar uma nova federação de Taekwondo, ou seja, o objetivo que
o General havia levado dez anos para alcançar, a criação de uma federação, o
governo sul-coreano conseguiu realizar em apenas um ano, fundando o Kukkiwon
(Quartel General do Taekwondo) e logo após a WTF - World Taekwondo Federation
(PIMENTA, 2007).

Pimenta (2007) relata que avaliando esta sequência de acontecimentos, não seria
impróprio afirmar que a International Taekwondo Federation (ITF) tivesse sido a
primeira federação de Taekwondo e a sua representante mundial como modalidade
esportiva, porém não foi o que ocorreu. A criação da WTF deu-se pela intenção de
seus disseminadores, que buscavam novos horizontes para sua prática. Observa-se,
neste sentido, um movimento aparentemente planejado, onde ambas as federações,
20

responsáveis pela administração das diversas formas de estruturação deste modelo


esportivo elaboraram estratégias bem definidas para a concretização da Arte Marcial
Taekwondo como modalidade esportiva de alto rendimento, ou seja, surgia então
uma nova perspectiva para esta Arte Marcial.

Segundo as literaturas encontradas (KIM; SILVA, 2000; GOULART; CAMPOS,


2004; CÁRDIA, 2007) não seria errado dizer que este processo de ocidentalização
da Arte Marcial Taekwondo foi também por intenção do General Choi que fundou,
primeiramente, uma Associação e em seguida uma Federação para organizar
Campeonatos e também pela sua atitude de enviar Mestres para vários países com
o intuito de divulgar sua Arte e assim torná-la reconhecida no Mundo todo, todavia,
seus conflitos com o Governo Coreano, o fizeram deixar a Coréia, abrindo espaço
para que os interesses políticos do mesmo chegassem a se aproveitar de sua
criação e apresentá-la ao mundo como modalidade esportiva.

4.5 A situação da ITF – International Taekwondo Federation

Após sair da Coréia, o General Choi fundou uma nova sede para ITF, em Toronto
no Canadá, onde permaneceu até 1985, ano em que a transferiu para Viena, na
Áustria. Cinco anos mais tarde, em 1990, traz para o Brasil um curso de Taekwondo,
porém, o mesmo foi vetado pela Polícia Federal do Rio de Janeiro. Apesar disto foi
realizado um seminário onde foi conferida a graduação de 5º DAN para Raul
Sanches, e 4º DAN para Djalma Santos, Taney Campos e Severino Siqueira que se
tornaram representantes da ITF no Brasil. Em 1997 foi fundada a Federação
Brasileira de Taekwondo ITF (FBT), tendo como presidente o Mestre Raul Hector
Sanches. Em setembro de 2001, na cidade de Rimini na Itália ocorreram eleições
para presidente da ITF, onde criaram um mandato compartilhado e o General Choi
recebeu o cargo com validade ate 2003 e seu filho de 2003 a 2007. Entretanto, o
General Choi faleceu em junho de 2002 e seu filho assume a presidência tendo
reinvidicações de dois grupos pelos direitos da ITF. Em 2003 o Mestre Choi Jung
Hwa, filho do General Choi, nomeia como representante oficial no Brasil o professor
Edimir Kawakubo, atual 5º DAN, que foi nomeado também, diretor de torneios e
seletivas nacionais. Neste mesmo ano foi criada a ITF Brasil, tendo como elo
principal entre o Brasil e o Mestre Choi Jung Hwa o Mestre Nestor Galarraga 7º DAN
21

(CARDIA, 2007). Mas há ainda uma especulação de que a própria ITF tenha sido
dividida: O fato é que próximo a seu falecimento, o General Choi graduou mais 4
Mestres para o 9º DAN e o que seria natural com sua morte, ou seja, seu filho e
sucessor assumir a Federação, foi visto de outra forma pelos Mestres mais
graduados, pois ele ostentava o 8º DAN. Devido a isto a ITF teria se dividido em
duas: uma ligada aos seguidores do Mestre Choi Jung Hwa e os seguidores dos
Mestres Tran Trieu Qwan e Sr. Chang Ung (BANG 2003, apud Rios 2006).

4.6 O Taekwondo no Brasil – A chegada dos Mestres Pioneiros

Em 1969 o General Choi Hong Hi visitou o Brasil a convite do então presidente da


época Médici (Emílio Garrastuzo Médici – 1969 a 1974) que se tornou um admirador
do Taekwondo e pediu ao General que enviasse um grupo de instrutores da Coreia
para ajudar no combate ao terrorismo, ensinando a nova arte marcial aos militares
no Brasil (MARTA, 2000), entretanto, segundo Negrão (2012), há relatos de que no
final da década de 60 o coreano Jung Do Lim já ensinava o Taekwondo na Bahia, na
cidade de Cruz das Almas, porém não é reconhecido oficialmente como introdutor
no Brasil.
O único reconhecido como tal é o Grão Mestre Sang Min Cho que chegou ao país
em 1970 enviado pela ITF com apoio do Governo Coreano. O Mestre Sang Min Cho
era homem de confiança do General Choi e ocupou importantes cargos de ensino,
comandando e treinando tropas militares na Coreia, onde foram preparados vários
instrutores internacionais para serem enviados a vários países, sendo ele o
escolhido para trazer a arte ao Brasil, fundando a primeira academia oficial de
Taekwondo no Estado de São Paulo no bairro da Liberdade. Nos dois anos
seguintes outros Mestres aqui chegaram, tais como: Kum Joon Kwon, Sang In Kim,
Woo Jae Lee, Gum Mo Bang, Kwang Soo Shin e Ku Han Kim. Depois destes, a
partir de 1973 também chegaram os Mestres Yong Min Kim, Joo Yul Oh, Te Bo Lee,
Chang Seon Lim, Jung Roul Kim, Bong Suh Park, Kee Jonn Lee, Soog Myung Choi,
Yeong Hwan Park, Nam Ho Lee, Jae Kyu Chung, Hui Sob Lee, Sung Jang Hong,
Kiong Su Han, Myong Jae Han, entre muitos outros que aqui chegaram e
propagaram esta Arte Marcial durante toda a década de 70 em vários estados,
porém São Paulo e Rio de Janeiro foram os escolhidos pela maioria desses
divulgadores coreanos (NEGRÃO, 2012). Ainda na década de 70 chegaram ao
22

Brasil os Mestres: Yun Sik Kim, Jong Chan Pyun, Joon Ho Kim, Hong Soon Kang,
Jung Do Lim, Ku Han Kim, Sin Hwa Lee, Chung Hwan Oh, Seo Hwan Chang, e mais
duas mulheres An Soon Lee, Byung Soon Song (KIM, 1998).

4.7 A evolução das competições de Taekwondo no Brasil

Segundo Marta (2000), com a chegada do Mestre Woo Jae Lee, no Rio de
Janeiro, foi realizado, em 1972, o primeiro campeonato de Taekwondo São Paulo x
Rio de Janeiro, organizado pelo mesmo. Porém, Kim (1995), relata que o primeiro
campeonato de Taekwondo realizou-se em São Paulo em 1973, e o sucesso deste
significou bastante para o impulso do Taekwondo no Brasil.

Em 1980, o Taekwondo já estava se popularizando totalmente no país, tanto pelo


trabalho desenvolvido pelos pioneiros, quanto por professores e Mestres brasileiros
formados por eles. Foi adotada uma forma agressiva de divulgação e administração
das academias existentes, com diversas equipes de demonstração e competição
sendo treinadas com o intuito de aumentar o numero de praticantes em diversas
cidades e estados. A mídia já apresentava aulas de Taekwondo na TV através do
Grao Mestre Yong Min Kim, que inclusive se tornou personagem de revistas em
quadrinhos popularizando o Taekwondo entre as crianças. Neste mesmo período
ocorreu um encontro de competidores brasileiros com atletas da seleção coreana
em 1984, o que ajudou e muito os técnicos do Brasil a melhorar sua parte técnica
em competições e assim ocorreram grandes mudanças na visão dos treinadores que
procuraram modernizar os métodos de ensinamento. Assim, o Taekwondo brasileiro
ganhou notoriedade a nível nacional, pois vários estados investiram em mudanças:
Pernambuco, Distrito Federal, Recife, São Paulo, Rio de Janeiro, entre outros,
passaram a formar atletas de alto nível, levando o Taekwondo brasileiro ao
reconhecimento internacional devido ao ótimo rendimento de diversos atletas
(NEGRÃO, 2012)

Em 1985, foi enviada à Coréia a primeira equipe brasileira de Taekwondo para


participarem de seu primeiro campeonato mundial. No ano seguinte, devido ao
sucesso da participação dos brasileiros, foi fundada a Federação Paulista de
Taekwondo e assim os demais Estados brasileiros também foram se organizando e
23

em 1987 foi fundada a Confederação Brasileira de Taekwondo, ligada diretamente a


WTF (MARTA, 2000).

4.8 Taekwondo Marcial e esportivo

Todo o caminho para que o Taekwondo se tornasse uma modalidade olímpica,


deu-se a partir de interesses que visavam a sua divulgação a nível mundial, tendo
seu ápice em 1980, quando o Taekwondo foi reconhecido pelo Comitê Olímpico
Internacional (COI), sendo incluso nos Jogos Pan-americanos e Sul-americanos. Em
1988, foi introduzido como modalidade esportiva de demonstração nos Jogos
Olímpicos de Seul. Em 1992, Dr. Un Yong Kim, fundador e presidente da WTF e
também, homem de confiança do presidente sul-coreano, chega à vice-presidência
do COI e nesse mesmo ano, o Taekwondo participou pela segunda vez como
modalidade de demonstração no 25º Jogos Olímpicos, em Barcelona na Espanha.
Sua ultima apresentação oficial como modalidade demonstrativa foi nas Olimpíadas
de Atlanta, nos EUA, em 1996. Mas somente em setembro de 2000, tornou-se
oficialmente uma modalidade olímpica, nos Jogos Olímpicos de Sidney, na Austrália
(CÁRDIA, 2007).

Este processo teve seus pontos positivos, pois segundo Kim (1998), o Taekwondo
foi se atualizando em virtude do desenvolvimento global e pelos seus diversos
intercâmbios em eventos nacionais e internacionais.

Após essa consagração no mundo olímpico, o Taekwondo não parou mais de


crescer e se desenvolver. Na luta competitiva, novos incrementos de tecnologias,
como a utilização de gravações em vídeo para tirar dúvidas durante as lutas e a
utilização de coletes eletrônicos para a pontuação automática dos golpes, tornaram
os combates mais dinâmicos e objetivos (NEGRÃO, 2012).

Kim (1998) relatou possíveis pontos negativos neste processo de evolução


competitiva do Taekwondo. Vinha se perdendo o lado tradicional da arte, devido às
influencias e monopolização que as entidades exerceram na formação de futuros
dirigentes, treinadores e praticantes, prejudicando o relacionamento Mestre-aluno.
24

Taboada (1995) destaca e diferencia, de forma crítica, os motivos que


influenciaram as competições da era medieval e da atualidade:
[...] O torneio, ou cavalheirismo, era uma guerra fictícia, onde o
Guerreiro tinha a oportunidade de por a prova o seu valor e sua fibra,
enfrentando, numa luta, um adversário, para demonstrar quem era o
melhor. Ali se aprimoravam em habilidade e destreza, procurando
vencer os seus contendentes. Era o triunfo de um sobre o resto, num
desafio onde as possiblidades eram iguais para todos. Não havia
prêmios materiais. Competia-se pela honra.

Na visão de Taboada (1995), o homem atual esta totalmente distante da


possibilidade de experimentar as honras competitivas do passado, quando os
torneios eram uma maneira de preservar as virtudes dos guerreiros quando estes,
sem as guerras, tornavam-se ociosos. Ainda sobre isto opina que as competições
atuais estão totalmente alheias à importância de competir, sendo evidente a
necessidade de ganhar, e que a honra de antes foi substituída por um troféu,
recorde e ranking, incentivando a rivalidade, a superação do outro, ou seja, não há
espaço para perdedores neste meio, o que causa diversos tipos de frustrações,
ressentimentos e até mesmo atos explosivos por parte de quem não alcança a
vitória.

Para Cardia (2007) o que ocorre no caso do Taekwondo, é que o verdadeiro teor
da Arte Marcial se perdeu com o tempo, devido sua esportivização exacerbada
tornando-o uma empresa lucrativa, onde somente interessa o alto rendimento por
parte dos atletas e técnicos que, muitas vezes, o apresentam somente como
modalidade olímpica nas academias. Muitas vezes alguns praticantes e dirigentes
da modalidade mostram-se insensíveis aos aspectos marciais e educacionais que
originaram essa arte de luta, valorizando somente o marketing esportivo.

Os indivíduos que iniciavam na prática como alunos ou discípulos buscando um


Mestre, ou seja, aqueles que poderiam contribuir para a construção de um mundo
melhor através dos ensinamentos desta luta foram, aos poucos, dando lugar a
indivíduos que buscam sua realização como atletas e tem como meta a superação
do outro, isto é, buscam um Técnico, tendo como objetivo conquistar medalhas,
status e dinheiro. Em nada se parecem com os lutadores antigos que precisavam
25

quase implorar por muito tempo e ainda fazer por merecer para ser aceito por um
verdadeiro Mestre, só então seria treinado por ele.

Para Goulart e Campos (2004), no ensinamento das Artes Marciais, procura-se


aplicar uma série de princípios e conceitos que são ligados diretamente à busca de
uma convivência humana mais harmoniosa, sendo visto como um estilo de vida, de
valores mais profundos que ajudam no desenvolvimento moral do ser humano.

Infelizmente esses conceitos, muitas vezes se perdem quando a arte dá lugar


somente ao lado esportivo. O esportista busca um treinador, enquanto o artista
marcial busca um Mestre, pois este, além de treinar aspectos físicos e técnicos,
procura ensinar a filosofia que dá ao aluno a oportunidade de conviver e viver
melhor, pois o coloca frente ao seu maior Mestre, ou seja, o seu eu interior. Isto
mostra que o contexto esportivo é apenas uma pequena fatia do aprendizado geral e
que a luta principal é do indivíduo consigo mesmo, atingindo, assim os seus mais
nobres ideais.

Porém, Negrão (2012) relata outro ponto positivo: para resgatar o lado tradicional
das formas e fundamentos da Arte Marcial, foi realizado em 2008, o 1º Campeonato
de Poonse, considerado a base do Taekwondo, que vinha perdendo espaço nas
academias, devido à ênfase nas lutas competitivas. As competições de Poonse
valorizaram e deram maior visibilidade aos praticantes que se dedicam ao
treinamento desta base fundamental, reascendendo o interesse e o estudo para uma
nova padronização e atualização dos conceitos e treinamentos do Poonse.
26

5 Conclusão

O Taekwondo não é milenar, mas tem origem em lutas milenares coreanas e no


Karate japonês.

Foi introduzido no Brasil ainda como ITF, mas precisou adaptar-se ao estilo WTF.

Sua esportivização influenciou na diminuição do ensino tradicional,


comprometendo o conhecimento da história e filosofia da Arte.
27

6 Referências Bibliográficas

CARDIA, R. N. Taekwondo Arte Marcial e Cultura Coreana - Arte Marcial e


Cultura Coreana. Rio de Janeiro: R. N. Cardia, 2007. 1 v.

CARDIA, R. N. Taekwondo Arte Marcial e Cultura Coreana - Arte Marcial e


Cultura Coreana. Rio de Janeiro: R. N. Cardia, 2011. 2 v.

GOULART, F; CAMPOS, T. Taekwondo: O caminho dos pés e das mãos. São


Paulo: Online Editora, 2004.

KIM, Y. J. Taekwondo 30 Anos. São Paulo: Academia Liberdade, 1998. 1 CD-ROM.

KIM, Y. J; SILVA, Edson. Arte Marcial Coreana Taekwondo. São Paulo: Roadie
Crew Editora, 2000. 2 v.

MARTA, F. E. F. TAEKWONDO: Os Caminhos de sua História no Estado de São


Paulo. Revista da Faculdade de Educação Física da Unicamp, n. 4, Campinas,
2000.

NEGRÃO, C. Taekwondo Fundamental. Edição 1- São Paulo: Prata Editora, 2012.

PIMENTA, T. F. F. A Constituição de um sub campo do esporte: o caso do


Taekwondo, 2007. Dissertação de Mestrado em Sociologia – Setor de Ciências
Humanas, Letras e Artes da Universidade Federal do Paraná, Curitiba, 2007.

PIMENTA, T. F. F; MARCHI JR, W. Processo Civilizador e as Artes Marciais


Coreanas: Possíveis Aproximações. In: SIMPÓSIO INTERNACIONAL –
PRCESSO CIVILIZADOR, 10, 2007, Campinas. Processo Civilizador. Campinas:
Unicamp, 2007. 1-14p.

RIOS, G. B. O Processo de Esportivização do Taekwondo. Pensar a prática 8 v.


n. 1 revisada, Goiânia - Goiás, 2006.

SILVA, C. C; VIANNA, J. A; RIBEIRO, C. H. V. O Processo de Esportivização do


Taekwondo, 2007. Revista Digital EDesportes - Buenos Aires - Ano 12 - N° 108 -
Maio de 2007.

Você também pode gostar