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CURSO DE EXTENSAO EM
I
KARATE-DO
I
KARATE-DO
O Karate surgiu provavelmente no século XIII, através de uma prática de defesa pessoal de
Okinawa chamada unicamente de Te/Ti (手 = Mão).
KARATE-DŌ
Com o passar dos séculos e a intensificação das relações com a China, as técnicas das artes
marciais chinesas foram incorporadas ao Karate, e a arte primitiva passou a ser chamada de Tō-de (唐手
= Mãos Chinesas). Após um longo período, quando os mestres oquinauenses passam a ensinar no Japão,
há uma nova transformação nos objetivos, características, métodos de treinamento e etiquetas, quando o
nome Karate-Dō (空手道) é adotado, principalmente para ser aceito pela sociedade japonesa.
O mestre que levou o Karate de Okinawa para o Japão foi o sensei Gichin Funakoshi (imagem
acima). Funakoshi defendia um Karate-Dō único, unificado, onde não existiam estilos nem competições,
onde o desenvolvimento integral do ser humano fosse o objetivo, por isso nunca chegou a criar um nome
para seu estilo. Muitos anos depois que estava no Japão seus alunos começaram a chamar o estilo de
“hōtōka (松濤館 = Escola de “hōtō). “hōtō era o apelido de sensei Funakoshi.
Masatoshi Nakayama (detalhe), Uriu (vermelho) e Nakayama (amarelo) em curso para o exército.
O “hōtōka rapidamente se tornou o estilo mais praticado no país e estava presente em clubes
em quase todas as universidades. Anos mais tarde, na década de 1960, após a morte de sensei Funakoshi,
o sensei Masatoshi Nakayama (foto acima), um dos seus principais alunos, promove as primeiras
competições e envia alunos para a Europa e outros países a fim de disseminar o Karate-Dō pelo mundo.
O Karate-Dō chegou ao Brasil junto com os imigrantes japoneses que fugiam da 2ª Guerra
Mundial e se instalaram principalmente em São Paulo e Santos. Entre eles estavam Mitsusuke Harada,
Seiichi Akamine, Juichi Sagara, Sadamu Uriu, Yasutaka Tanaka, Tetsuma Higashino, Hiroyasu Inoki,
Yoshihide Shinzato entre outros.
KARATE-DŌ
No Rio Grande do Sul, os introdutores dos principais estilos foram Luis Tazuke Watanabe
(“hōtōka ), Takeo Suzuki (Wadō-ryū) e Akira Taniguchi (Gōjū-ryū). É dito que Watanabe sensei aprendeu
com os professores Taketo Okuda (SP), Yasutaka Tanaka e Sadamu Uriu (RJ), e veio para Porto Alegre em
1970, dois anos antes de sagrar-se o primeiro brasileiro campeão mundial de Karate (no Mundial de 1972
em Paris). A Federação Gaúcha de Karate foi fundada em 1988 por um grupo de professores, entre os
quais estavam: Eudes de Araújo, Ademar Pires Brandolff, Cilon Trindade Goulart, Nelson D'Avila
Guimarães, Fernando Antonio Freitas Malheiros Filho, José Eduardo Fauque De Mattei e Arthur Xavier de
Oliveira Filho. Esse grande grupo depois se dissolveu em três organizações principais: a Federação Gaúcha
de Karate, vinculada à WKF, a Federação Rio-grandense de Karate-Do Tradicional, vinculada à ITKF e JKA,
e a Federação de Karate Shotokan do Rio Grande do Sul, vinculada á JKS. Tetsuhiko Asai, fundador da JKS,
esteve no Brasil várias vezes, assim como Masatoshi Nakayama, sempre sob responsabilidade do mestre
Sadamu Uriu, presidente de honra da CBKS. Recentemente esteve no Brasil também o mestre Masao
Kagawa, técnico da Seleção Japonesa de Karate e líder mundial da JKS, também a convite da JKS Brasil.
Esquerda: Tanaka Shihan (azul), Watanabe sensei (vermelho) e Uriu Shihan (amarelo).
Direita: Tetsuhiko Asai (Esq) e Sadamu Uriu (Dir).
Da Esquerda para Direita: Keigo Abe, Tetsuhiko Asai, Masao Kagawa, Kosho Kanayama, Pemag Pemba e Mikio
Yahara.
Foto da Direita: Masao Kagawa com Takato, Sugino e Arimoto, campeões mundiais de kata 2012.
OS PIONEIROS DO TODE/KARATE
(MÃO CHINESA)
Entre os séculos XIII e XIV, no arquipélago de Ryukyu – cuja ilha principal era Okinawa, os
pioneiros do Tode foram os Heimin (camponeses). Neste período, utilizavam-se de técnicas
rudimentares (a qual chamavam apenas de Te) para se defenderem da classe guerreira de
Okinawa, os Peichin. A partir do século XVII, os Peichin se apropriam da técnica do Te dando a ela
o nome de To-de.
A partir do século XV, a classe guerreira de Okinawa, os peichin, resolvem
aprimorar suas técnicas de luta para conter as revoltas camponesas daquele período. É possível
dizer, pois, que foram os membros da casta de guerreiros de Okinawa que realizaram o
desenvolvimento do que viria a se chamar de Karate-do.
Um nome importante na história do Tode foi Ryosho Tobe que escreveu as Notas de
Oshima. Nestas notas, Tobe transcreveu o Kushanku e o Kumiaijutsu, técnicas as quais deram
origem aos Katas modernos (Kushanku, Kosokun ou Kanku). Com isso, deixou um dos poucos
registros das práticas dos pioneiros da arte da Mão Chi esa : Kanga Sakugawa, Kung Sian Chun,
Chatan Yara e Kishin Teruya.
Foi no século XIX o início do treino de grandes mestres que levariam o Tode
moderno ao Japão Continental. Até então, o Tode era passado secretamente para um
primogênito (Ishi-soden). Sanga Sakugawa, Sokon Matsumura e outros aprimoraram o Te a partir
do conhecimento de Wu-shu (técnicas de guerra) que trouxeram da China, formulando assim o
Tode. Em especial, o Tode foi praticado em três cidades de Okinawa: Shuri, Naha e Tomari aonde,
então, desenvolveram-se as linhas Shuri-te, Naha-te e Tomari-te.
Com a proibição do Isshi-soden, Anko Itosu formulou os Dez Artigos sobre o
Tode introduzindo o Ka ate p i itivo no sistema educacional da época, possibilitando o
ensino dessa arte nas escolas de Okinawa. Tempos depois, após a visita do Imperador Hirohito à
Okinawa, surge a oportunidade de apresentar o Tode no Japão continental (na I Exibição Atlética
Nacional de 1921). Gichin Funakoshi, o qual recebera educação nos clássicos chineses (Daikyo,
Chukyo e Shokyo) e uma educação formal que incluía a etiqueta japonesa, foi o escolhido para
levar o Tode ao Japão. Esse acontecimento deu início à transição das Mãos Chi esas para o
Ca i ho das Mãos do Vazio .
BREVE HISTÓRICO DO SHIHAN
TETSUHIKO ASAI
Mestre Asai iniciou seus estudos de Karate quando ingressou na universidade Takushoku,
tendo como professor o Mestre Masatoshi Nakayama. Em 1958 ele consegue a graduar-se e
ingressa no curso de instrutores (Kenshusei) e em 1961, Asai sensei torna-se campeão de kata e
kumite (grande campeão, coisa que só 5 pessoas conseguiram na história da competição) no
Japão.
Determinado a difundir o Karate pelo mundo, Mestre Asai decide ir para Taiwan, país
aonde o Karate não era bem-vindo. Teve que enfrentar diversos desafios para estabelecer sua
técnica, porém sem nunca ferir gravemente seus oponentes. Um dia, foi convidado para jantar
na casa do Sr. Lin, grande mestre do estilo da Garça Branca em Taiwan. Após derrotar este
mestre, Mestre Asai pode ensinar sua arte para os estudantes de Kung-fu. Com o tempo, seu
reconhecimento aumentou na ilha, aonde fora agraciado por toda a comunidade de Artes
Marciais de Taiwan. Quando retorna ao Japão, torna-se diretor técnico da JKA. No ano de 2000,
após a morte de sensei Nakayama e cisão da JKA, cria a organização Japan Karate Shoto-Renmei
no Japão.
Talvez o grande legado do Mestre Asai seja o seu método de treinamento, aonde buscou
suavizar articulações, ligamentos e músculos para se chegar ao que ele chamava de Chi ote das
Sete A ti ulações , os pontos vitais (Kyusho) e o Tenketsu Jutsu, técnica a qual o praticante visa
atacar os pontos vitais de seu adversário.
Mestre Asai acreditava que o Karate deveria ser realizado por todos os seres humanos,
inclusive por aqueles desprovidos de mobilidade física. Pensando nisso, criou dez kata exclusivos
para cadeirantes ou mesmo para pessoas idosas, elevando o nível do Karate a uma prática ainda
mais integrativa e inclusiva.
BREVE HISTÓRICO DO SHIHAN
SADAMU URIU
Nasce, em 20 de setembro de 1929, no Japão, na cidade de Fukuoka-Ken, o Shihan
Sadamu Uriu. Em 1945, Sadamu Uriu ingressa na Escola de Formação de Pilotos da Marinha
Japonesa, porém o fim da guerra o impediu de se ser enviado à frente de batalha.
Em 1951, Sadamu Uriu ingressa na Universidade Takushoku, em Tóquio aonde se forma
em Economia e inicia seu treinamento em Karate. Naquela época, seu professor foi o famoso
Mestre Masatoshi Nakayama, o qual fora o principal discípulo do Mestre Gichin Funakoshi,
fundador do estilo Shotokan de Karate. Sensei Uriu gradua-se em Karate pela NKK/JKA (Nihon
Karate Kyokai, que depois passou a ser conhecida como Japan Karate Association). No mesmo
dojo do sensei Uriu, treinavam outros três importantes mestres que por sua vez acabaram vindo
para o Brasil: Higashino, Tanaka e Sagara.
Em 1962, Sadamu Uriu decide se mudar para o Rio de Janeiro para lecionar Karate no
bairro de Botafogo e abre a academia Kobukan. No ano de 1963, dois tenentes assistem a um
treino de Sadamu Uriu e impressionam-se com sua técnica e o convidam para fazer
demonstrações no Batalhão de Infantaria-Paraquedista (BIP), aonde divulga o seu trabalho e
acaba, por convite do próprio BIP, a dar aulas de Karate por 15 anos.
Em 1964, monta a academia Shidokan, na Usina-RJ e entre os anos de 1973 e 1985
leciona Karate na Universidade Gama Filho. Nas décadas de 60, 70 e 80 o Karate no Rio de
Janeiro ganha muita repercussão tendo como ponto-chave o primeiro Campeonato Carioca de
Karate. Em 1978, Mestre Uriu trás para o Brasil o Mestre Tetsuhiko Asai. Na década de 80-90
ganha diversos títulos conseguindo o terceiro lugar no Mundial da África do Sul. Em 1994,
preocupado com a dispersão de adeptos do Karate, cria a Confederação Brasileira de Karate
Shotokan (CBKS), buscando alinhar-se com a escola do mestre Tetsuhiko Asai.
Infelizmente, no ano de 1998, Mestre Uriu sofre um gravíssimo acidente de carro no
estado de Rondônia, chegando a correr risco de vida e de ficar paraplégico. Após nove cirurgias,
Mestre Uriu encara longos meses de fisioterapia e, em 1999, volta a praticar e ensinar Karate.
Hoje em dia, a CBKS realiza Campeonatos Brasileiros ao longo de todo o território
nacional, tendo sempre a presença do Mestre Sadamu Uriu, contribuindo significativamente
para a formação dos alunos. Atualmente, ele leciona Karate na academia NKK (na Rua Félix da
Cunha 65, bairro da Tijuca, estado do Rio de Janeiro).
KARATE-GI
O uniforme de Karate
O Karate-gi (uniforme de Karate-Dō) foi instituído depois da introdução da arte no Japão, que se
deu em 1921. Foi adaptado a partir do uniforme de Judō, uniforme este que todas as formas de Budō
(artes marciais japonesas) tiveram de adotar como padrão de uniforme após a instauração da Dai Nippon
Butokukai no final do século XIX. Como outros Dō-gi (uniformes dos Caminhos), o Karate-gi ajuda a
padronizar todos os membros de um Dōjō e mesmo de toda a arte, nos lembrando como é tênue a
fronteira entre a essência de cada um, mesmo que tenhamos aparências físicas, estágios de consciência e
origens culturais diferentes. Em outros períodos históricos tanto em Okinawa quanto no Japão foram
usados outros tipos de uniformes para se praticar artes marciais.
4º
As faixas, portanto, não representam apenas o crescimento técnico, mas também o crescimento
psicológico e moral de todo praticante de Karate-Dō. O Karate-Dō é uma prática que visa o
desenvolvimento integral do ser humano.
TORA NO MAKI
O símbolo do tigre branco no Shōtōkan
Para falar deste tema é necessário introduzir o tema dos arquétipos universais, os padrões
psíquicos presentes no Inconsciente Coletivo, que influenciam nossos padrões de pensamento e
comportamento. Os arquétipos são ligados a símbolos, pois seus padrões estão presentes em todas as
épocas históricas nas infinitas culturas. Como vamos explorar o arquétipo do Guerreiro, vale pensar
sobre: todas as culturas, desde os primórdios apresentam a figura do guerreiro, do mestre, do mago, do
curador, do visionário, etc, cada uma adicionando seus próprios traços. Na psicologia, os arquétipos são
explorados para equilibrar e ajudar no desenvolvimento da consciência humana, atingindo a saúde
mental e a criatividade. Percebemos aí a grande força e poder presente em cada arquétipo.
Algumas informações são extremamente difundidas na internet, muitas delas sem o tratamento
adequado dos dados. Pensando no que o símbolo do Shotokan representa, muitos autores atribuem a
pintura do tigre à Hoan Kosugi, um artista japonês que seria membro de um dos grupos que solicitou à
Funakoshi que permanecesse no país ensinando após a demonstração na I Semana Atlética nacional. O
famoso Tora-no-Maki (tigre no círculo) é usado ostensivamente como referência ao estilo de Gichin
Funakoshi, tendo sido a capa de seu primeiro livro (provavelmente Rentan Goshin Karate Jutsu). A
informação difundida é que Kosugi teria pintado o símbolo para representar força e coragem, dois
aspectos fundamentais do Karate-Dō. Ora, força e coragem que Platão chamou de arquétipos, são
padrões mentais/emocionais. Mas o que há de evidência histórica nisto? Provavelmente a coisa não é tão
simples.
Sabemos que o símbolo do Judô, representa o espelho, uma das três joias do Xintoísmo, e que os
símbolos do Aikidô: o círculo, o triângulo e o quadrado, representam as três joias do Xintoísmo (o espelho
–círculo-, a espada -triângulo- e a gema -quadrado-). O pensamento místico, do desenvolvimento
espiritual através das vias ascéticas e meditativas, permeava o pensamento dos mestres orientais no
período. Sabemos também que Funakoshi teve relações de amizade com Kano e Ueshiba. Há uma
diferença, porém: Funakoshi não era japonês e, portanto, pouca influência do Xintô, o culto indígena
japonês, deve ter tido. Suas concepções budistas iam em outra direção simbólica. Como é clara a ligação
entre o Karate-Dō e os estilos marciais chineses internos, especialmente o do grou, ou garça branca, é
importante pensarmos sobre possíveis conexões entre o pensamento dos guerreiros que tinham como
caminho o Karate-Dō e os sistemas filosófico-religiosos chineses.
TORA NO MAKI
O símbolo do tigre branco no Shōtōkan
Quanto a isso, em finais de 2009, tivemos a felicidade de obter um denso material sobre o
budismo e vários sistemas religiosos do professor Mark Schumacher. Entre estes, havia muitas referências
aos cinco animais sagrados guardiães das direções cardeais e das constelações do firmamento: Genbu (a
tartaruga negra – elemento terra/água), Seiryu (o dragão azul – elemento água/madeira), Byakko (o tigre
branco – elemento vento/metal), Suzaku (o pavão vermelho – elemento fogo) e Ryou-ou(o dragão
amarelo, ou rei dragão – elemento éter/terra). Ora, o elemento vento ou metal, das coisas lineares e que
tem direcionamento, que remetem à nossa capacidade do pensamento, estão conectados aos arquétipos
psicológicos do mensageiro, guerreiro e do líder. Por acaso ou não, portanto, Funakoshi teria utilizado o
arquétipo taoista do caminho do Guerreiro para dar identidade ao seu estilo, ao Karate-Dō. O relevo
taoista acima, do século VI a.C. parece não deixar dúvida quanto à conexão da imagem do Tora-no-
Maki com o Byakko taoista, ambos representando o caminho do guerreiro, o norte, o vento ou metal, os
pensamentos, o uso correto do poder, o posicionamento, a capacidade de estar presente e os diferentes
significados ligados a este símbolo.
DŌJŌ
O Lugar do Caminho
Adornos:
Kamidana ou Butsuden – oratórios de origem xintó ou budista que passam a ideia de que o Dojo
é um local sagrado, assim como aquilo que ali é feito.
Quadros – remetem aos Dai Shihan (grandes mestres) da linhagem da escola ou estilo ao qual se
presta reverência antes e depois das práticas.
Bandeiras – remetem ao país/estado ou organização e reforçam a identidade do grupo.
ELEMENTOS DO DŌJŌ -
EQUIPAMENTOS
Armas:
Dojos que oferecem a prática do Okinawa Kobudo costumam ter em algum local armas usadas
nessa prática. Entre elas estão: Bo/Kon, Nunchaku, Tonfa, Kama, Sai, Eku, Kuwa, entre outras.
Alguns Dojos costumam ter também algumas armas do Kobudo japonês, entre elas: Bokken, Bo,
Jo, Tanto, Shinai
REISHIKI TO SŪJI
Etiqueta e Numeração
Em Karate há uma forma correta de sentar e levantar (Saza-uki), bem como de fazer todo o ritual
de saudações. Para as saudações na posição sentado (seiza), ou seja, o Za-rei, devemos inclinar a cabeça
até próximo ao tatami. Nesta parte da aula os homens sentam com os joelhos afastados a três punhos de
distância e com as mãos sobre as coxas. As mulheres, por sua vez, sentam com joelhos unidos e mãos
sobre estes.
Todos os membros de um Dōjō são devem ajudar-se a crescer mutuamente, e conviver como
uma família. Essas pessoas são designadas pelos seguintes termos/títulos:
1) Kōhai: é o aluno mais novo, recém iniciado no Karate. Deve respeitar profundamente os mais antigos e
observá-los no treinamento; 2) Deshi: é o aluno comum. Sua fase de ovidade passou e seu grande
objetivo é atingir altos níveis de concentração no treino, observando as instruções do sensei,
permanecendo sempre atento às atitudes dos senpai e auxiliando os kohai no tempo livre; 3) Senpai: é o
aluno mais antigo. Deve sempre que possível auxiliar os mais novos (kōhai) durante os treinamentos (mas
nunca de forma impertinente), mantendo espírito de respeito e disciplina exemplares, pois são
observados pelos novatos; 4) Yūda sha: São os alunos faixas-pretas. Na ausência do sensei devem guiar
os treinamentos, e sendo senpai devem auxiliar os mais novos sempre que possível; 5) Sensei: O
professor. É o responsável pela transmissão dos conhecimentos dentro do Dōjō e soberano do local. Não
existe autoridade superior ao sensei dentro do Dōjō, na antiguidade, mesmo o Imperador devia respeitar
esta premissa; 6) Shihan: É um notável professor de alta graduação e responsável por grandes
contribuições ao Karate em sua carreira. Geralmente possuem muitos alunos com o status de sensei; 7)
Ō-Sensei, Soke, Sosai, Kancho, Dōshu: (Grão-Mestre, Fundador, Presidente Fundador, Diretor, Líder do
Caminho) Nomenclaturas usadas para designar os fundadores que tem seus retratos dispostos no kamiza.
No Karate estes mestres exemplares costumam ser Gichin Funakoshi (“hōtōka ), Chojun Miyagi (Gōjū-
ryū), Kenwa Mabuni (“hitō-ryū), Hironori Otsuka (Wadō-ryū) ou Masutatsu Oyama (Kyokushinkaikan).
一 空手道 礼 礼 終 こ 忘
HITOTSU - KA‘ATEDŌ WA ‘EI NI HAJIMA‘I, ‘EI NI OWA‘U KOTO O WA“U‘E‘U NA.
(1) Importante, não se esqueça que o Karate-dō deve iniciar com saudação e terminar com
saudação.
一 空手 先手
HITOTSU - KARATE NI SENTE NASHI.
(2) Importante, no Karate não existe ataque preemptivo (atacar primeiro).
一 空手 義 輔け
HITOTSU - KARATE WA GI NO TASUKE.
(3) Importante, o Karate é um assistente da justiça.
一 先 自己 知 而 他 知
HITOTSU - MAZU JIKO O SHIRE, SHIKOSHITE TA O SHIRE
(4) Importante, conheça a si próprio antes de conhecer os outros.
一 技術よ 心術
HITOTSU - GIJUTSU YORI SHINJUTSU.
(5) Importante, o espírito é mais importante do que a técnica.
一 心 放た 事 要
HITOTSU - KOKORO WA HANATAN KOTO WO YOSU.
(6) Importante, o espírito deve ser livre.
一 禍 懈怠 生
HITOTSU - WAZAWAI WA GETAI NI “HŌZU.
(7) Importante, os infortúnios nascem com a negligência.
一 道場 空手 思う
HITOTSU - DŌJŌ NO MI NO KA‘ATE TO OMOUNA.
(8) Importante, o Karate não se limita apenas ao dojo.
一 空手 修業 一生 あ
HITOTSU - KA‘ATE NO “HŪGYŌ WA I““HŌ DE A‘U
(9) Importante, o aprendizado do Karate deve ser perseguido durante toda a vida.
一 空手 湯 如 絶え 熱度 与え 元 水 還
HITOTSU - KARATE WA YU NO GOTOSHI TAEZU NETSUDO WO ATAEZAREBA MOTO NO MIZU NI KAERU
(11) Importante, o Karate é como a água quente, se não receber calor constantemente torna-se
água fria.
一 勝 考 持 負け 考 必要
HITOTSU - KAT“U KANGAE WA MOT“U NA MAKENU KANGAE WA HIT“UYŌ.
(12) Importante, não pense em vencer, é necessário pensar em não ser vencido.
一 敵 因 轉化 よ
HITOTSU - TEKI NI YOTTE TENKA SEYO.
(13) Importante, mude de atitude conforme o adversário.
一 戦 虚実 操縦如何 在
HITOTSU - TATAKAI WA KYOJIT“U NO “ŌJU IKAN NI A‘I.
(14) Importante, a luta depende do manejo dos pontos fracos (虚 KYO) e fortes (実 JITSU).
一 人 手足 剣 思う
HITOTSU - HITO NO TEASHI WO KEN TO OMOU.
(15) Importante, imagine as mãos e os pés das pessoas como espadas.
一 男子門 出 百万 敵あ
HITOTSU - DANSHIMON WO IZUREBA HYAKUMAN NO TEKI ARI.
(16) Importante, para cada homem que sai do seu portão, existem milhões de adversários.
一 構 初心者 後 自然体
HITOTSU - KAMAE WA SHOSHINSHA NI ATO WA SHIZENTAI.
(17) Importante, as posturas (praticadas) são para principiantes, mas depois (com a evolução)
tornam-se naturais.
一 形 正 く 実戦 別物
HITOTSU - KATA WA TADASHIKU, JISSEN WA BETSUMONO.
(18) Importante, pratique os Kata corretamente, o combate real é um caso especial.
一 力 強弱体 伸縮技 緩急 忘
HITOTSU - CHIKA‘A NO KYŌJAKUTAI NO “HIN“HUKUGI NO KANKYŪ WO WA“U‘UNA.
(19) Importante, não se esqueça de aplicar corretamente: alta e baixa intensidade de força;
expansão e contração corporal; técnicas lentas e rápidas.
一 常 思念工夫 よ
HITOTSU - TSUNE NI SHINEN KUFU SEYO.
(20) Importante, aperfeiçoar-se sempre.
SHŌTŌKAN NO DŌJŌKUN
O Dōjōku [道場訓] - Instruções do local do Caminho - do estilo “hōtōka é uma sequência de
axiomas desenvolvida por Takagi Masatomo sensei, na época (década de 1950 ou 60) era o Secretário
Geral da Nihon Karate Kyokai (Japan Karate Association - JKA). O assunto é muito vasto e controverso, e
praticamente todas as versões do Dōjōku postadas na internet são traduções que invalidam a
compreensão desses axiomas. O Dōjōku são as instruções, as diretivas padrão de determinados estilos
de artes marciais deixadas pelos seus respectivos mestres como um guia de comportamento dos seus
praticantes.
No ocidente, o Dōjōku mais conhecido, que é o do estilo “hōtōka , foi si plifi ado para cinco
palavras: CARÁTER, SINCERIDADE, ESFORÇO, ETIQUETA e CONTROLE... Isto é um erro, porque em japonês
também existem estas palavras: JINKAKU [人格], SEI-I [誠意], DORYOKU [努力], REIGI [礼儀] e JISHUKU [
自粛]... porém, o Dōjōku correto apresenta frases com significado sólido, por isso esta simplificação não
é "muito bem-vinda" nos círculos tradicionais.
松濤館 道場訓
一 人格完成 努 事
一 誠 道 守 事
一 努力 精神 養う事
一 礼儀 重 事
一 血気 勇 戒 事
Shōtōka no Dōjōku
Hitotsu, jinkaku kansei ni tsutomeru koto.
Hitotsu, makoto no michi o mamoru koto.
Hitotsu, doryoku no seishin o yashinau koto.
Hitotsu, reigi o omonzuru koto.
Hitotsu, kekki no ū o imashimuru koto.
O comportamento opressor não deve ser confundido com a rispidez moderada usada por
inúmeros professores de Caminhos Dō . Há certos comportamentos rígidos que tem a ver com a ideia de
Co pai ão ‘aivosa oriunda do budismo. A compaixão raivosa é uma das cinco formas de compaixão
(acolhimento com ternura, propiciar meios, despertar a coragem, impedir a negatividade e amor)
segundo essa tradição, e sua forma é exemplificada pela metáfora da mãe que ralha com o filho pequeno
que estava a ponto de puxar o cabo de uma panela sobre o fogão com cozido quente. A mãe, nessa
situação, fala agressivamente com a criança, mas sua intenção é protegê-la das queimaduras, impedindo
um acontecimento negativo.
Por essa razão, muitos Dōjō expõe um quadro com os ideogramas 押忍 精神 – espírito do Osu.
Osu remete à ideia de que nos esforçaremos a cada instante mesmo sob o pesado treinamento e o
li a de luta que paira no Dōjō. Também os militares japoneses (especialmente da Marinha) usavam o
Osu como saudação, para honrar seu compromisso com o espí ito gue ei o e se manterem focados no
objetivo delineado. Além disso é uma saudação que se tornou corrente entre grupos de jovens japoneses
(especialmente do sexo masculino) com o intuito de reforçar a as uli idade .
Obviamente nossa realidade não é a mesma do Japão, mas devemos estar atentos e ter amor
próprio. A atitude descortês de muitos professores não é apropriada a um professor de Karate-Dō, e é
preciso haver um equilíbrio entre autoridade e cortesia constantes. Muitas vezes confundimos a atitude
de homens que acham que o Dōjō é uma extensão de suas experiências no exército ou ainda assistindo a
filmes de guerreiros espartanos ou da idade média como sendo o comportamento adequado ao
Gue ei o “a u ai , e isso está muito longe da realidade.
Karate-Dō deve ser alicerçado em respeito, e ele começa, sem sombra de dúvida, no exemplo
dado pelo Sensei o tempo todo, respeito é algo que precisa transparecer, emanar das atitudes do
professor. O desenvolvimento do caráter no Karate-Dō, que está gravado no Dōjō kun (os axiomas que
definem as eg as do Dōjō ), é um elemento básico que não deve estar só num quadro da parede, deve
estar nas pessoas. Como nos lembra a antropóloga americana Angeles Arrien (em O Caminho Quádruplo),
o Guerreiro é aquele arquétipo (tema, símbolo, do grego "modelo antigo") cujas atitudes e a disciplina
estão alinhadas com suas palavras, ações e valores. A cortesia e o respeito precisam estar presentes em
todos no espaço de prática, e outras formas de comportamento são distorções do que se espera da
etiqueta japonesa. O comportamento dos alunos também se distorce bastante por aqui. Afinal, já que
pagamos o professor que faça nossas vontades! É o que muitos jovens tem pensado. Na verdade temos
de ficar alertas a coisas simples como as decisões do professor sobre nosso avanço, e o exame de
graduação é um bom exemplo. Nos esforçamos no treino para que o professor, reconhecendo que somos
competentes, nos autorize a fazer o exame de graduação, sem nunca pedir pra fazer isso! Muitas dessas
atitudes básicas não são seguidas pelos alunos da geração atual, devemos estar atentos ao espírito do
Dōjō .
HŌKŌ
Direções
Jōda – nível alto Mae - frente
(pronúncia: diô dan) (pronúncia: máê)
Vai do topo da cabeça até a base do pescoço no ser
humano. Migi – direita / Yoko – lateral
(pronúncia: miguí / iôco)
Chudan – nível médio
(pronúncia: tiú dan) Hidari – esquerda / Yoko – lateral
Vai da base do pescoço até a cintura abdominal no ser (pronúncia: hidárí / iôco)
humano.
Ushirō – atrás
Gedan – nível baixo (pronúncia: uxirô)
(pronúncia: gue dan)
Vai da base da cintura abdominal até a sola dos pés no
ser humano. Naname – diagonal
(pronúncia: nanamê)
Ushirō - 後
Migi - 右
Naname
Hidari - 左
Mae - 前 Naname
KIAI
O conceito de Kiai - 氣合
Kiai não deve ser traduzido como u ião dos espí itos e nem g ito do espí ito ou espí ito em
forma de g ito . Kiai [氣合] pode ser feito sem som, e assemelha-se à ideia chinesa de Fajin . A tradução
mais próxima desta expressão seria "focalizar a energia vital" [氣=ki / 合=ai], a ideia é conduzir o efeito
do movimento da energia emocional/vital para o adversário ou o alvo, através da concentração desse
efeito num único ponto, no instante exato do kime [uso correto da potência muscular, que será explicado
adiante]. Além disso, ki não pode ser materializado, pois não é energia da mesma natureza que a energia
descrita na física. Energia é matéria. Portanto quando falamos em Ki, que é algo que pertence ao domínio
de potentia (o nível de possibilidades descrito por Werner Heisenberg), ao sutil, e não ao domínio físico,
imanente, falamos de algo que está além da experiência objetiva e externa.
Vale lembrar também que Awazu é outra palavra [合う], não é sinônimo exato para Ai. União, na
cultura japonesa, como a ideia de unir mente e corpo por exemplo, como na yoga, é expresso pelo
conceito "toitsu" [統一], literalmente "tornar uno". União no sentido de "centrado" ou "inteiro" é
expresso pelo conceito de "musubi" [結び]. O espírito, na cultura japonesa, tem pelo menos três
representações: tamashii [魂 - alma], konpaku [魂魄 - mônada] e kokoro [心 - consciência/coração].
Existe ainda a ideia de espírito, não como algo "espiritual", mas no sentido de "estado de ânimo", e pra
essa expressão o conceito japonês é o de seishin [精神], como quando dizemos "hoje vou usar o espírito
guerreiro" [bushi no seishin].
Ki é explicado como o movimento do denso (matéria) para o sutil (potentia) e sua grafia
tradicional mais conhecida é uma imagem do vapor (气) subindo do arroz (米) enquanto cozinha, ou seja,
o movimento entre o denso (arroz, material) e o sutil (vapor, transcendente), então ki é algo que está
entre a matéria e o espírito, não é o espírito em si, mas o movimento entre eles.
Por tudo isso Kiai não pode ser "união dos espíritos". Simplesmente é comum entre os
professores de artes marciais pegar um conceito popularizado como esses aqui comentados e ao darem
uma olhadinha nos kanji, distorcerem os conceitos para algo que apoia a ideia errada compartilhada pelo
senso comum.
KIME
O conceito de Kime - 決
Kime é muitas vezes tratado como potê ia , a capacidade de nosso corpo gerar contração
muscular, e com isso força, num pequeno espaço de tempo. Kime, em Karate-Dō, porém, é algo mais
complexo, e apresentarei aqui a fala do grande atleta e professor Luca Valdesi, da Itália, com quem
treinei no início de 2011.
Explica Valdesi sensei que o Kime é uma forma particular de usarmos a força. É a capacidade de
focalizarmos nossa ação, e realizarmos a máxima contração muscular possível, com todo nosso corpo, no
menor instante possível, e coincidindo com o momento em que a técnica está em sua posição fi al , ou
de arremate, de conclusão. Seria como compararmos nosso soco com uma arrancada de um carro. Para
socar, nosso corpo precisa estar relaxado, senão já está gastando energia que poderia ser usada na
contração máxima do final, então arremetemos contra um alvo com toda velocidade possível, mas sem
tensões desnecessárias. Então quando a mão que soca chega à posição final, de impacto contra um alvo,
aí sim ocorre o Kime, ou seja, a contração máxima de todos os grupos musculares no menor instante
possível, transferindo o máximo dano ao adversário. A comparação com a arrancada de um carro seria de
que é como quando vemos um carro arrancar com toda velocidade ao abrir o sinal (início do soco) mas
frear bruscamente com tudo que pode para não bater em um muro logo depois (Kime).
Valdesi sensei também chamou atenção de que podemos pensar um pouco também na ideia de
ki , onde meu corpo permanece equilibrado e imóvel, quando o soco é bem executado com Kime, e
paramos após nosso punho entrar um pouco na superfície do corpo do adversário, mas a força
empregada e a energia intrínseca (Ki) seguem sendo transferidos para o corpo do adversário, causando o
maior dano possível.
No link abaixo, Valdesi sensei executa um bom kata com a demonstração perfeita do ótimo uso
do kime: http://www.youtube.com/watch?v=AKTHC1DFqkg
KIHON
Os Fundamentos
Os exercícios fundamentais, ou Kihon, têm como objetivo ajudar o karate-ka a aprender as
técnicas básicas e a controlar o próprio corpo. É dito que somente com o trabalho de Gichin Funakoshi,
após sua ida ao Japão, que houve a separação do treinamento do Karate-Do nos seus três pilares
fundamentais: Kihon, Kata e Kumite. Antes de 1920, portanto, praticava-se apenas os Kata. Atualmente
pratica-se na JKS vários exercícios de Kihon que ajudam a desenvolver as habilidades necessárias aos
Koten-gata (kata antigos) além do Kihon básico que já se praticava no padrão JKA.
Sendo assim, a execução dos Kihon trabalha as habilidades de técnicas de mãos (Te-waza), que
compreendem socos (tsuki), defesas (uke), e golpes indiretos (uchi), além das técnicas de chute (Keri-
waza) que compreendem os ataques com os pés (soku), pernas (ashi) e joelhos (hiza). Há também as
técnicas combinadas ou consecutivas (Renzoku-waza), que compreendem sequências que misturam
socos e chutes, rasteiras e chutes, socos e golpes, etc. Outras técnicas menos comuns são as rasteiras, ou
técnicas de desequilíbrio (Kuzushi-waza/Nage-waza), chutes saltando (Tobi-geri) e torções.
TACHI
Posturas/Bases
Postura natural (Shizen Tai - 自然体)
Base: Hachinoji-dachi (base em forma de 8 [hachi] - 八字立)
*é a postura usada para iniciar todas as práticas em Karate-Do,
desde o Kihon, ao Kata e ao Kumite. Deixamos a ponta dos pés
abrirem até que não sintamos tensões nos membros inferiores.
Postura ofensiva
Base: Zenkutsu-dachi (base avançada - 前屈立)
*é uma base com o peso concentrado no membro inferior
dianteiro, usada principalmente para atacar e contra-atacar. Os pés
devem estar voltados para a frente, sendo que a faca do pé
dianteiro deve ficar alinhada à frente. O membro inferior dianteiro
deve receber 60% do peso e, consequentemente, 40% do peso
ficará no membro inferior traseiro.
Postura defensiva
Base: Kokutsu-dachi (base recuada - 後屈立)
*é uma base com o peso concentrado no membro inferior traseiro,
usada principalmente para defender e esquivar recuando. Os pés
devem estar perpendiculares, sendo que a faca dos pés devem ficar
alinhadas em 90°. O membro inferior traseiro deve receber 70% do
peso e, consequentemente, 30% do peso ficará no membro inferior
dianteiro.
Postura de Sumô
Base: Shiko-dachi (base quadrada - 四股立)
*é uma base com características semelhantes ao Kiba-dachi, porém
os joelhos ficam voltados para os lados e não para frente, como no
caso da base de cavaleiro. O peso é distribuído entre os dois
membros inferiores igualmente e os pés seguem apontando na
mesma direção que os joelhos.
Postura Imóvel
Base: Fudo-dachi (base imóvel - 不動立)
*é uma base com o peso também distribuído igualmente entre os
membros inferiores, usada em Kata avançados. Os pés devem estar
voltados na mesma direção e os dois joelhos ficam flexionados.
Tsuki (soco - 突)
*ataques diretos com seiken, nukite, ippon nukite, nihon nukite,
ippon ken e outros que usam a pronação associada à extensão de
cotovelo e elevação do ombro, gerando o efeito de pa afuso .
Mae Geri (chute frontal - 前蹴上 / 前蹴込) Mawashi Geri (chute circular - 廻蹴)
*é o chute executado com a ponteira do pé, *é o chute executado com a ponteira do pé em
através do movimento ascendente (keage) ou trajetória indireta, assemelhando-se aos golpes.
penetrante (kekomi). Assemelha-se ao soco direto, Como no Mae Geri, a direção do Mawashi Geri
por ser uma técnica direta e devendo ser tem sua direção definida pela posição do joelho.
executada em trajetória retilínea até o alvo.
METODOLOGIA INFANTIL
Taikyoku Shodan
Taikyoku Nidan
Taikyoku Sandan
Jo no Kata
Heian Shodan
METODOLOGIA ADULTOS
Bom treinamento!
Sadamu Uriu com Denilson Caribé na
década de 1970, na Bahia.
Jo No Kata (forma que precede as demais): desenvolvido pelo Mestre Tetsuhiko Asai,
esse kata busca conectar os taikyoku kata aos heian kata, introduzindo técnicas básicas como
Kiba-dachi, Mae keage, Jodan Age- uke e Soto-uke.
Heian (paz e tranquilidade): nesta série de katas, existem cinco formas de Heian (shodan.
nidan, sandan, yondan, godan) aonde podem ser observadas diversas sequências de defesa e
contra-ataque sempre relacionadas as posturas básicas realizadas no kihon. Importante frisar
que estes kata são derivações de um kata avançado, o Kanku Da, além de apresentar algumas
técnicas de outros kata como Bassai Dai, Gankaku e Jion. A série de kata Heian foi criada por
Yasutsune Itosu, mestre de Gichin Funakoshi, para introduzir o Tode nas escolas de Okinawa
como disciplina de Educação Física.
Junro (Rota Correta): são kata básicos para desenvolvimento do Karate de Asai sensei
(que une o Karate Shotokan JKA ao estilo da garça branca – Hakutsuru/Hakka Ken e Okinawa
Karate), onde são trabalhados neko ashi dachi, giros e mushiken (braço chicote), entre outros
fundamentos.
TAIKYOKU SHODAN
GRANDIOSIDADE SUPREMA - NÍVEL INICIAL
do Karate Moderno.
(chūda ōi-zuki).
20 movimentos
1 1
Gaiwan
Porção lateral do antebraço. 1) Keikyo
2
3 2) Chikuhin
Em gedan-barai utilizamos a
parte mais distal de gaiwan,
próxima ao punho (tekubi) 3) Sanri
para realizar o impacto.
Zenkutsu-dachi
1) Tentotsu
1
2 2) Danchu
3 3
4
3) Reikyo
5
4) Kyosen
5) Suigetsu
Seiken
Nó dos dedos indicador e
médio.
Zenkutsu-dachi
1
TAIKYOKU SHODAN ● 太極初段
1
TAIKYOKU SHODAN ● 太極初段
1
TAIKYOKU SHODAN ● 太極初段
YAME! YASUME!
20 movimentos
1 1
Gaiwan
Porção lateral do antebraço. 1) Keikyo
2
3 2) Chikuhin
Em gedan-barai utilizamos a
parte mais distal de gaiwan,
próxima ao punho (tekubi) 3) Sanri
para realizar o impacto.
Zenkutsu-dachi
1) Tentotsu
1
2 2) Danchu
3 3
4
3) Reikyo
5
4) Kyosen
5) Suigetsu
Seiken
Nó dos dedos indicador e
médio.
Zenkutsu-dachi
1
TAIKYOKU NIDAN ● 太極二段
1) Nichigetsu
1 2) Ryogan
2
3 3) Sankaku
4 4
5 4) Kenryo
6
Seiken 5) Jinchu
7
Nó dos dedos indicador e
6) Shosho
médio.
7) Bukkotsu
Zenkutsu-dachi
1
TAIKYOKU NIDAN ● 太極二段
1
TAIKYOKU NIDAN ● 太極二段
1
TAIKYOKU NIDAN ● 太極二段
YAME! YASUME!
Shō e koshi Zenkutsu-dachi
1
Tiago Frosi treina o Kata Unsu à noite.
(Mariluz/RS, 2011)
1) Keikyo
1
Naiwan
Porção lateral do antebraço.
1
1) Tentotsu
1
2 2) Danchu
3 3
4
3) Reikyo
5
4) Kyosen
5) Suigetsu
Seiken
Nó dos dedos indicador e
médio.
Zenkutsu-dachi
1
TAIKYOKU SANDAN ● 太極三段
1) Nichigetsu
1 2) Ryogan
2
3 3) Sankaku
4 4
5 4) Kenryo
6
Seiken 5) Jinchu
7
Nó dos dedos indicador e
6) Shosho
médio.
7) Bukkotsu
Zenkutsu-dachi
1
TAIKYOKU SANDAN ● 太極三段
1
TAIKYOKU SANDAN ● 太極三段
1
TAIKYOKU SANDAN ● 太極三段
YAME! YASUME!
Shō e koshi Zenkutsu-dachi
1
JO NO KATA
FORMA PRELIMINAR
Tachi 21 movimentos
Tachi: Hachinoji-dachi,
Kōkutsu-dachi, Kiba-dachi e
Zenkutsu-dachi
Hachinoji-dachi
Postura em forma de 8 ( 八).
Waza: Jōda Age Uke,
Gedan-barai, Chudan Ōi-zuki,
Soto Uke, Gedan-gamae,
Zenkutsu-dachi Mae Keage, Shutō Uke, Tate
Postura avançada. Shutō Uke e Choku-zuki
1 1
Gaiwan
Porção lateral do antebraço. 1) Keikyo
2
3 2) Chikuhin
Em gedan-barai utilizamos a
parte mais distal de gaiwan,
próxima ao punho (tekubi) 3) Sanri
para realizar o impacto.
Zenkutsu-dachi
1) Sankaku
2) Jinchu
1 3) Keimyaku
Gaiwan
2 4) Bukkotsu
Porção lateral do antebraço.
1
JO NO KATA ● 序 型
1
JO NO KATA ● 序 型
1 2) Sango
2
3 3) Furin
4
5 6 4) Dokko
7 8
5) Mikazuki
Tettsui
Mão-martelo 6) Keikotsu
1
JO NO KATA ● 序 型
Tenketsu-jutsu
Parte do corpo Pontos vitais
1) Kyosen
2) Suigetsu
1
3) Myojo
3 2 4
4) Denko
5 5) Kikai
Koshi
Bola do pé 6 6) Kinteki
1
JO NO KATA ● 序 型
Kōkutsu-dachi Kōkutsu-dachi
2 1) Keikyo
1
2) Sanri
Shutō
Mão-espada / Espada da mão
Kiba-dachi Kiba-dachi
1
JO NO KATA ● 序 型
YAME! YASUME!
Kiba-dachi
1
Tiago Frosi executa o Kata Kanku-Dai no Campeonato Brasileiro de Karate
(CBK) de 2009. (Natal/RN, 2009)
Tokuigata: kata preferidos. Fazem parte desta lista: Tekki Nidan e Sandan, Jitte, Hangetsu,
Gankaku, Bassai Sho, Kanku Sho, Chinte, Unsu. Sochin, Nijushiho, Gojushiho Dai, Gojushiho Sho
Meikyo, Jiin e Wankan.
Kotengata: kata ancestrais, resgatados pelo Mestre Tetsuhiko Asai. Compõe a lista: Jo no Kata,
Junro 1 a 5, Jokko 1 a 5, Kakuyoku 1 a 3, Kyakusen, Suishu, Kashu, Roshu, Hushu, Hakkaishu,
Meikyo Nidan, Meikyo Sandan, Jurokuppo, Nijuhappo, Sanjuhappo, Raiko, Rakuyo, Rantai, Ryubi,
Hachimon, Hyakuhachiho, Kihoken 1 a 5, Mawari no Kata, Gyaku Zuki no Kata, Kaminri Arashi,
Yokotawaru Tatsu, Shinobiyoru Hayabusa, Kibaken 1 a 3, Sensho, Senka, Seiryu, Shinken, Shoto,
Shotei Daí, Shotei Sho, Fudoken, Tekken e Tsungo. Mestre Asai também desenvolveu katas para
cadeirantes (Kurumaisu Karate): Shorin Dai/Sho, Nirin Dai/Sho, Sanrin Dai/Sho, Yonrin Dai/Sho e
Gorin Dai/Sho.
KUMITE DE KARATE-DŌ
Há diversas formas de luta combinada no Karate-Dō, onde o praticante vai adquirindo as
habilidades básicas de movimentação, esquiva, defesa, ataque e contra-ataque. Após o estágio da luta
combinada se realiza uma luta semi-livre e por fim, a luta livre.
A luta combinada mais básica é o Gohon Kumite, onde um praticante ataca o outro cinco vezes,
que realiza cinco defesas e contra ataca ao final dos deslocamentos da dupla. Outro exercício semelhante,
porém mais dinâmico e complexo é o Sanbon Kumite, uma luta combinada de três movimentos.
Após o estágio mais básico, é realizado o treinamento de Ippon Kumite, uma luta combinada de
um movimento. Neste exercício um praticante ataca e o outro defende e contra ataca imediatamente, da
forma mais natural possível.
Após as lutas combinadas mais básicas (Gohon Kumite, Sanbon Kumite e Ippon Kumite) é
realizado o Jiyū Ippon Kumite (Luta semi-livre de um movimento). Neste exercício o praticante avisa o
nível onde irá atacar e realiza o movimento que desejar. O outro praticante por sua vez, deve estar
atento para executar a defesa correta e contra atacar com naturalidade.
Após o domínio das formas combinadas e semi-livre os praticantes passam a praticar o combate
livre, Jiyū Kumite, onde todas as técnicas são permitidas, desde que executadas com controle, sem afetar
a integridade física do colega. A luta de competição (Shiai Kumite ou Ippon Shobu) são adaptações do Jiyū
Kumite, onde muitas técnicas presentes nos Kata são proibidas para evitar as lesões.
Na antiguidade, na época das guerras em Okinawa, havia o conceito de Ikken Issatsu no Karate,
que significava ata com um único golpe . Era um conceito de eficiência da técnica. Hoje, mesmo que
continuemos praticando o Ikken Issatsu, este é um conceito combinado com a ideia de Sun Dome (deter o
golpe a um Sun, que é uma medida equivalente a 3 centímetros). Isso significa que devemos executar
nossas técnicas com máxima velocidade e força, exigindo reflexos e presença do nosso oponente, porém
executamos esta técnica com controle total, parando o golpe a três centímetros do corpo (Sun),
preservando o outro. É o que torna belíssima a disputa entre dois lutadores habilidosos.
PREPARAÇÃO FÍSICA
Os guerreiros de Okinawa, e posteriormente os Karate-ka propriamente ditos, desenvolveram
métodos de exercitação e enrijecimento corporal para potencializar a performance e as capacidades do
praticante. Esse método é chamado Tanren-hō, e inclui exercícios calistênicos, de força e de resistência à
dor.
A prática do Tanren-hō é essencial para que nosso corpo esteja preparado para realizar todas as
técnicas no menor espaço de tempo possível. A mobilidade, flexibilidade, velocidade, força e resistência
são tão importantes para a realização de boas técnicas, bons Kata e boas lutas do que a habilidade de
executar bons gestos motores.
MEDITAÇÃO
O grande mestre Oyama Masutatsu, um dos alunos
de Yamaguchi Gogen, realizou um teste com seus alunos:
treinou dois de seus melhores discípulos através de métodos
diferentes. O primeiro discípulo praticou as técnicas,
participou de combates e realizou práticas meditativas. O
segundo treinou apenas através de combates com seus
inúmeros colegas. Como resultado, o discípulo que preparou
sua mente e seu corpo, ou seja, que também se dedicou à
meditação, venceu o combate contra o outro discípulo.
No Karate-Dō atual há exercícios meditativos breves
no início e final dos treinamentos chamados Mokusō
(meditar em silêncio). Alguns professores conservam a
prática de meditações mais complexas, como o Zazen (uma
prática budista para o esvazia e to da mente) ou
meditações que envolvem inclusive elementos dinâmicos
como a Camisa de Ferro (uma prática taoista que une a
mente e a energia vital, fortalecendo o corpo).
Shihan Sadamu Uriu explica Kiba dachi auxiliado por Tiago Frosi.
(Jaguarão/RS, 2013)
No Kumite, a luta, os dois atletas disputam através de um combate com contato corporal mínimo,
onde a disputa valoriza a velocidade e precisão das técnicas controladas e não uma disputa irracional de
extrema violência entre dois homens. Cada golpe bem executado no Karate-Dō é apontado pelo árbitro e
o atleta vai somando pontos, que ao final do tempo de combate são computados e o vencedor é aquele
que obtiver o Ippon (ponto inteiro, concedido a uma técnica executada com perfeição) ou pelo Awase-
Ippon (a soma de dois Waza-ari, ou seja eios po tos , atribuídos a uma técnica de eficácia mediana) ou
ainda para o atleta que obteve a maior pontuação ao término do tempo de luta.
COMPETIÇÃO
Na disputa de Kata em equipe, três atletas realizam o Kata em sincronia e em algumas
competições, nas finais, apresentam o bunkai. O bunkai é uma luta simulada, coreografada, onde o
significado do Kata é posto em prática e apresentado.
O ippon (ponto inteiro) - refere-se à situação quando o waza, como o tsuki (soco), keri
(chute) e o uchi (batida), satisfazem plenamente todos os itens anteriores.
Os seguintes casos poderão ser considerados ippon :
1 – Quando visado o deai .
2 – Quando desmantelar a postura do adversário.
3 – Quando ocorrer movimento simultâneo com o nage .
4 – Quando um ataque contínuo chegar ao extremo num alvo.
5 – Quando o adversário estiver indefeso.
O waza ari (técnica incompleta) - refere-se à situação onde um waza eficaz, quase
equivalente a
um ippon , tenha sido aplicado.
Quando ambos os atletas aplicarem simultaneamente o waza , mas um deles for reconhecido
como sendo mais eficaz, ou quando for anunciada alguma infração, advertência ou aviso para
um dos atletas, o waza aplicado ao adversário não será reconhecido.
NOTAS DE TREINAMENTO
NOTA 1 (2014): Para fazer corretamente o kime (definição) usamos o relaxamento máximo
durante todo o tempo, exceto na hora do "encaixe" da forma final de cada técnica. Nesse momento
específico todos os músculos do corpo vibram, a partir do Tanden, assim a força vem da pressão das solas
dos pés e é transferida para o soco, defesa, golpe ou chute que atinge o alvo. Quanto mais rápido e no
menor tempo pudermos fazer a máxima contração de todos os músculos do corpo, torcendo os tendões e
encaixando os ossos, mais poder e definição vamos gerar. Logo após a definição, ou kime, relaxamos
totalmente mas nunca deixamos o corpo largado e nem deixamos a postura da técnica recém
completada, pelo contrário, relaxamos os músculos mas nossa estrutura óssea se mantém firme, fazendo
com que a postura pareça exatamente igual à do instante em que usamos o kime. É proibido parecer um
bonecão do posto após completar uma técnica!
NOTA 2 (2014): Nenhuma arte marcial em que os estudantes sejam iludidos de que treinando
algumas semanas ou meses e com esse breve treinamento estarão aptos a se defender de qualquer
perigo é uma arte séria. O nome disso é picaretagem. Na arte marcial verdadeira (onde os professores
não dizem aos estudantes que após uns 2 meses vão lutar como Anderson Silva), sabemos que se leva
anos para dominar os movimentos corporais, as estratégias de combate, a etiqueta tradicional, levamos
anos para desenvolver o controle sobre nossas emoções e sobre nossa mente. Tudo isso é necessário
para a ciência da autodefesa. Nesse processo de aperfeiçoamento que leva anos, alguns demoram um
pouco menos, outros um pouco mais, porque é natural. Somos diferentes, temos uma individualidade
biológica, emocional e mental. Cada um aprende em um ritmo e isso está certo, não há problemas nem
erros de ninguém. Apenas não ficamos nos comparando com o colega do lado, pois é uma preocupação
narcisista do ego. Treinamos para nós mesmos. Eu tento ser melhor que meu eu de ontem. A cada dia
cada um procura se aprimorar e assim o grupo todo cresce, cada um dá o seu melhor, todos os membros
do Dojo crescem. Arte marcial, Budo, é um caminho prolongado, não há atalhos e nem fórmulas mágicas!
OSU!
NOTA 3 (2014): Soco direto (choku-zuki), soco direto em perseguição (oi-zuki), etc. são feitos com
seiken (nó superior dos dedos indicador e médio). Quando a técnica de soco é completa e usamos o kime,
apenas o seiken acerta o adversário, os outros nós superiores dos dedos anelar e mínimo, bem como o
polegar não tocam o alvo. Tomamos esse cuidado pois esses outros dedos são muito mais frágeis e
poderiam sofrer lesões com os impactos. OSU!
NOTA 4 (2014): Funakoshi Gichin sensei, fundador do nosso estilo de Karate, o estilo Shotokan,
deixou 20 ensinamentos (ou regras) chamadas Niju Kun. Entre estas, a 15a. nos alerta de que devemos
considerar mentalmente que os braços e pernas do adversário são como espadas. O significado disto é
que o adversário pode ser altamente treinado e caso nos toque com um de seus golpes pode nos matar
instantaneamente, assim como na luta de espadas (Kenjutsu). Ora, reside aí o principal conceito da
autodefesa que deve ser treinado desde o primeiro dia, no primeiro Gohon Kumite (luta de cinco passos):
NUNCA DEIXE QUE O GOLPE DO ADVERSÁRIO TOQUE SEU CORPO! NUNCA!! OSU!
NOTAS DE TREINAMENTO
NOTA 5 (2014): A maioria das pessoas quando inicia o treinamento do Karate-Do, do Judo, do
Aikido ou de qualquer outra arte marcial japonesa (Budo) se pergunta o que essas palavras do idioma
nipônico significam. Quando pesquisamos na internet e mesmo em muitos livros (incluindo aí obras
importantes como os volumes de Nakayama sensei), encontramos a tradução Karate = Mãos Vazias. De
fato o primeiro ideograma (kanji) para Karate é Kara (空), que significa vazio, e tem muitos usos. Um dos
usos é a designação de um espaço vazio comum, uma vaga de estacionamento livre por exemplo. Porém
é também usado na filosofia oriental, especialmente no Budismo, como designação para o mais profundo
estágio e nível da Consciência ou da Totalidade, o Anel do Vazio ou Kuurin (空輪). Quando escreveu os
livros Karate-Do Kyohan e Karate-Do Nyumon, na primeira metade do século XX, Funakoshi Gichin sensei
deixou bem claro que era a esse "Vazio Espiritual" que se referia, afirmando entre outras coisas que para
alcançar o verdadeiro domínio da arte, o karate-ka precisava livrar-se dos desejos, dos apegos e das suas
limitações internas. Estava diretamente influenciado pela filosofia budista. Este é, portanto, a primeira
razão pela qual não devemos pensar em Karate como mãos vazias ou livre de armas, como muitos
propõem. O próprio Funakoshi sensei nesses livros refuta esse significado. Ao entrar no tópico de que
Karate é a "arte das mãos vazias", onde não se usam armas, caímos na segunda questão: não se usa
mesmo nenhuma arma no treinamento de Karate-Do? Usa-se! São as armas tradicionais do Okinawa
Kobudo, também usadas na China e, conforme os mitos, inspiradas nas ferramentas rurais. Quando
começou a lecionar no Japão, Funakoshi sensei ensinava o uso do Bo (bastão longo) e Sai (gancho de três
pontas), além de usar outros equipamentos relacionados às práticas com armas que são as ferramentas
de enrijecimento corporal (tanren), como na foto abaixo. Por razões políticas (o Japão já tinha seu
Kobudo, que empregava a Katana, a Naginata, o Kyu, o Yari e outras armas), a Nihon Karate Kyokai
(depois JKA) exclui o treinamento com armas dos currículos do Karate e passa a defender a tradução do
nome "Mãos Vazias" associado ao não uso de armas. Mesmo com essa jogada que dominou a mente de
muitos praticantes por anos, outros estilos como Goju-ryu, Shito-ryu, Ryuei-ryu e muitos outros, além de
dissidências dentro do próprio Shotokan mantiveram o treinamento de Kobudo (Caminho das Armas
Ancestrais) associado ao Karate-Do. Sendo assim, para defender tanto a memória do trabalho de
Funakoshi sensei, quanto os fundamentos vitais do Karate original, há muitos anos venho defendendo
que se abandone a tradução "mãos vazias" e passemos para a tradução mais adequada "Caminho das
Mãos do Vazio". Essa tradução nos lembra que trilhamos uma senda (Do) onde através do
aperfeiçoamento de nosso corpo, de nossas mãos e técnicas (Te) chegaremos à evolução de nosso
caráter e também avançaremos espiritualmente, pois temos uma meta que é nos aproximar desse Vazio
(Kara). A mensagem por trás da mudança do nome Karate (唐手 = mãos dos Tang - China) para Karate-Do
(空手道 = Caminho das Mãos do Vazio) pretende sugerir-nos que trilhemos um caminho integral,
desenvolvendo corpo, mente e espírito! OSU!
NOTAS DE TREINAMENTO
Nota 6 (2014): Transição em Kiba-dachi (postura do cavaleiro) deve ser feita com o tanden
comandando o deslizamento do pé e de toda a perna traseira em direção à perna dianteira, sempre
ocupando o espaço médio entre os pés para obter o máximo equilíbrio, como se caminhássemos sobre
um muro estreito (ukimi-waza). Exemplos de uso desse passo são os deslocamentos no kihon para chutar
lateralmente (yoko-geri) e em kata como Tekki e Gojushiho. Osu!
Nota 7 (2014): Shotokan (松涛館) foi o nome do estilo que acabou se propagando pelo mundo
com a disseminação do Karate ensinado por Funakoshi sensei. No início, o mestre escrevia suas caligrafias
(como a memorável "Hatsu Un Jin Do" = afastando as nuvens, buscando o Caminho) e ao invés de assinar
como Gichin Funakoshi as assinava como "Shoto". Com o tempo os antigos alunos (como Egami, Kase,
Hironishi e outros) começaram a chamar o estilo de Shotokan (escola ou academia de Shoto, sendo que
referiam-se, portanto, à escola de Funakoshi que usava esse pseudônimo). E de fato, juntaram um bom
dinheiro e construíram um Dojo em Tokyo, onde finalmente o mestre passou a ter um lugar próprio para
ensinar, e que batizaram de Shotokan. Esse Dojo foi destruído no final da Segunda Guerra Mundial com
os bombardeios dos norte-americanos e, sendo assim , o prédio não existe mais. Atualmente no Japão
não se fala em estilos e sim nas escolas (as pessoas dizem; "eu faço o karate da Kyokai", eu faço karate da
Renmei", eu faço karate da Shito-kai", etc), portanto no Japão o nome Shotokan está em certo desuso,
apesar de internacionalmente ser a forma como todos que praticam aquele Karate que de alguma forma
tem suas origens na técnica ensinada por Funakoshi o chamam.
Nota 8 (2014): o mae geri (chute frontal) deverá sempre ser feito com o pé de base voltado para
a frente, sem que esse pé gire para fora ou que o joelho desestabilizado torça para qualquer direção. A
posição correta, onde pé, joelho e quadril estão alinhados e voltados para a frente envia mais força ao
chute e ajuda a impedir que o efeito da força normal desequilibre quem está chutando, fazendo-o cair
para trás. De fato a força normal é transferida para o solo quando o calcanhar está bem plantado e não
há giros desnecessários, mantendo o enraizamento. Outro ponto importante é que ao mantermos a base
correta, quando recebemos um bloqueio efetivo ao nosso mae geri não seremos jogados para o lado
desequilibrando e até girando (às vezes quem está com o pé de base frouxe e aberto gira tanto que acaba
caindo de costas para o adversário que defendeu, totalmente vulnerável). Para não ser desequilibrado é
fundamental estar com quadril joelhos e tornozelos firmes, e a sola dos pés totalmente apoiada no chão
sem que essa gire, deve estar sempre pra frente. Com uma boa postura continuamos seguindo para
frente e o adversário mesmo atacando pode ser golpeado com um soco direto. Um último ponto é que
essa posição correta (as articulações do membro inferior alinhadas e gerando força para frente) também
protege as articulações de entorses que poderiam gerar lesões sérias. Bom para a eficácia, bom como
proteção e bom para a saúde, esse é o mae geri correto. Osu!
Nota 9 (2014): A importância em utilizar quadris associados aos joelhos e pés - trata-se da única
forma de gerar tensão correta nos membros inferiores, pelve e coluna vertebral, criando a pressão contra
o solo e a postura corretas para cada técnica. Quando usamos a base (tachi) correta nos conectamos ao
solo e geramos uma força muito maior do que a força dos músculos quando trabalham isolados. Sempre
rote seus quadris com os 9 pontos da sola os pés no chão! (relembrando os nove pontos: bola grande e
bola pequena do pé, que formam o koshi; sola dos 5 artelhos; faca do pé, o sokuto; e o calcanhar, ou
kakato).
NOTAS DE TREINAMENTO
Nota 10 (2014): O Ti (Mão) de Okinawa parece ter surgido entre os Heimin (plebeus/agricultores)
do arquipélago de Ryukyu no século XIII ou XIV, e depois foi apropriado pelos Peichin (guerreiros), que
passaram a aperfeiçoar a arte através do contato com militares chineses (sapposhi), principalmente no
século XVII. Entre os Peichin havia o costume de se passar os conhecimentos marciais, inclusive o
Karate/Ti apenas para os primogênitos de cada família. Esse costume chamava-se Isshi-soden. Nesse
contato com os chineses, incorporaram parcialmente a ideia de que existiam artes marciais internas (Nei-
jia) e artes marciais externas (Wai-jia), criando os conceitos para classificação dos kata em Shorin e
Shorei. Mais tarde, com a visita de Jigoro Kano à Okinawa (1927), os mestres locais criam a denominação
das principais linhas do Karate/Ti de acordo com a cidade onde teriam se originado: Naha-Te, Shuri-Te e
Tomari-Te.
Nota 11 (2014): O rito de início e final das sessões de treinamento nos lembra sempre do nosso
Espírito Guerreiro. Primeiro, ao honrarmos a direção principal (Shomen), estamos nos conectando com os
símbolos maiores do que nós, maiores do que nossa individualidade. Entre esse símbolo às vezes está um
pequeno oratório (em honra aos deuses), bandeiras do país (em honra à terra natal), foto do mestre
fundador (em honra à linhagem que criou ou estruturou a arte), entre outros, mas sempre nos
lembrando do "compromisso transpessoal" do Guerreiro, o compromisso com coisas maiores do que
nossa individualidade, que transcendem nosso senso egoísta. Na segunda saudação reverenciamos o
Sensei, o professor. A tradução literal do japonês para Sensei é "aquele que nasceu antes", ou "ancião",
pois nasceu antes para aquela prática/arte e lidera, guia os demais no Caminho exemplificando através da
sua experiência. Quando honramos o ancião aceitamos a liderança, horamos o valor da hierarquia
enquanto ferramenta organizadora da atividade (caso contrário teríamos um caos aonde seria impossível
aprender algo) e agradecemos pelo que vamos aprender (no caso do início da sessão de treinamento) ou
pelo que aprendemos (no caso do encerramento). Na terceira saudação fazemos um cumprimento mútuo
(Otagai), que nos lembra que somos todos iguais. Nesse momento todos os estudantes, os mais novos
(kouhai) e os mais antigos (senpai) e também o Sensei levam a cabeça próximo ao chão. Todos são parte
do Todo e o Todo é cada um de nós (Ichi wa Zen, Zen wa Ichi = 一 全 全 一!). Todos somos
manifestações individuais da mesma essência, do mesmo Do, que é o Caminho, é caminhar e também é
quem caminha. Ao saudarmos lembramos o compromisso de liderarmos a nós mesmos desenvolvendo a
disciplina (do inglês disciple of me = discípulo de mim mesmo). Nos comprometemos a estar presentes,
procurando compreender os ensinamentos dessa tradição que chega até nós e aceitamos seguir as regras
que aqueles que tem mais experiência nos propõe, assim poderemos trilhar a senda de forma mais eficaz.
Esses são, portanto, alguns dos "porquês" de fazermos a ritualística de início e final dos treinamentos,
lembrando e relembrando o nosso propósito a cada vez que pisamos no tatami: desenvolver o Espírito
Guerreiro e trilhar o Caminho (Do) todo dia, vestindo o Karate-gi para despojarmo-nos de nossos papéis e
explorar todos os nossos potenciais físicos e mentais. Osu!
Nota 13 (2014): Zanshin - espírito de alerta. Em nossa última aula presenciamos um fato curioso:
enquanto um grupo de colegas praticava os Kata e os outros deveriam assistir para que fossem
aprendendo um pouco mais, começaram alguns movimentos impacientes que tiraram várias pessoas do
momento presente. Vários levantaram-se e foram tentar encomendar material, beber água, conferir se
algo diferente apareceu no seu celular, etc. Seja qual tenha sido a desculpa que apareceu para as várias
saídas o fato é que a mesma coisa ocorreu com todos esses vários participantes que ali estavam: saíram
da presença e do estado de alerta, chamado Zanshin. Zanshin é uma das coisas mais importantes em
Karate-Do, pois é a única garantia que temos de ter alguma chance de reação quando um perigo se
aproxima. Sempre que nos distraímos ou ficamos "sonhando com a morte da bezerra" estamos expostos.
Mentalmente estamos vulneráveis. Mentalmente vulneráveis nossa energia fica torpe e nosso corpo não
responde ao meio. Estamos mortos. A única coisa que garante nossa possibilidade de reagir é o Zanshin,
que deve ser treinado a todo instante na sessão de treinamento - devemos estar alertas a tudo que
ocorre no treino, a todos os comandos do sensei e a todas as ações dos colegas pois isso tudo também é
uma forma de exercitar o estado de alerta. Vamos nos puxar para que aproveitemos cada pequeno
detalhe do treinamento, não apenas aquelas coisas mais mirabolantes que chama mais a nossa atenção!
Osu!
Nota 14 (2014): Keage são os chutes ascendentes: ke (keri = chute) e age (ascendente, como em
jodan age uke = defesa ascendente para o nível alto). Sendo assim devemos dedicar o máximo cuidado
para não executar os chutes keage na forma de kekomi (chutes de estocada, penetrantes) em alta
velocidade. Isso é algo que está se tornando muito comum nas competições, mas além de ser um erro
fatal de demonstração do desconhecimento das aplicações dos kata é também uma demonstração do
total desconhecimento dos fundamentos do Karate. Devemos ter cuidado para não modificar o uso dos
fundamentos, Há kata que treinam keage e outros que treinam kekomi (como Nijushiho, Junro Godan,
Kankuyoku Shodan, etc). Uma coisa é uma coisa, outra coisa é outra coisa e não se mistura coisas
diferentes. Cada macaco no seu galho! Osu!
Nota 15 (2014): A primeira aparição do Karate no Japão continental é creditada à famosa luta
entre Motobu Choki e um pugilista russo que estava a vencer vários japoneses em Tóquio. Motobu Choki
era considerado o Tijikun da sua época (o grande mestre do Ti, o escolhido de Buzaganashi, o deus da
guerra em Okinawa). Essa vitória de Motobu sobre o russo rendeu entre outas coisas a curiosidade de
Hirohito, herdeiro do trono japonês, em conhecer o Karate em sua visita à Okinawa em 1921.
NOTAS DE TREINAMENTO
Essa visita e a demonstração feita a ele renderam o convite para que a arte de Okinawa fosse
demonstrada no Japão em 1921, na I Exibição Atlética Nacional. O mestre oquinauense escolhido para
levar o Karate para esse evento foi Funakoshi Gichin que posteriormente seria considerado o pai do
Karate Moderno e o fundador do estilo Shotokan. Um caso curioso é que em 1925 foi publicado na King
Magazine, uma revista japonesa, uma matéria que contava o episódio em que um mestre de Okinawa
Karate teria vencido um russo e recuperado a honra dos japoneses. Nessa reportagem, os editores
usaram as fotos do 1º livro de Funakoshi, Rentan Goshin Karate-Jutsu, publicado no mesmo ano, para
ilustrar a luta com o russo. Isso passou ao público a ideia de que Funakoshi e não Motobu teria vencido o
estrangeiro e se instalou uma séria confusão entre o Tijikun e o pai do Karate Moderno, na ocasião! Mais
detalhes em: http://www.lume.ufrgs.br/handle/10183/63142
Nota 17 (2014): Meu sensei diz: está cansado, treina mais. Está com medo, treina mais. Está com
a técnica ruim e com vergonha de mostrar, treina mais. Está brabo comigo, treina mais porque só falando
não convence de nada.
Nota 18 (2014): Tanden - tanden é o centro de gravidade e de poder. Quando o corpo se move há
duas formas de fazê-lo: com força muscular, dissociando os membros do tanden, ou com a dinâmica
corporal a partir do tanden. O centro a qual estamos nos referindo até aqui é o centro inferior (saika
tanden), cujo ponto central está localizado três dedos para baixo e para dentro do ponto do umbigo. Está
relacionado ao nosso baixo ventre, ao diafragma urogenital, ao complexo muscular psoas, aos quadris e
energeticamente à energia que vem da Terra (que os chineses chamam de Jing). O segundo centro é o
centro médio (chu tanden) que deve estar sempre (a não ser em raras exceções) alinhado com saika
tanden. Esse alinhamento nos dá mais potência evita a perda da inércia e permite mais aceleração. Evita
também que os chutes fiquem fracos pois o alinhamento garante que a força normal do impacto contra o
adversário será desviada para a terra. O centro médio está relacionado com o timo, o coração, o
diafragma, os pulmões, à cintura escapular, à consciência (Shin) e energeticamente à energia do plano
humano (Ki). O centro superior (kami tanden) deve estar sempre alinhado com os outros dois centros,
devendo-se ter cuidado especial com o desalinhamento em que a cabeça fica projetada para frente como
nas pessoas que trabalham demais em frente ao computador ou que são muito controladoras e tem o
pescoço enrijecido para frente.
NOTAS DE TREINAMENTO
O centro superior está relacionado aos órgãos sensoriais (nariz, língua, ouvidos, olhos, lábios), às
glândulas hipófise, pineal e ao cérebro, além de energeticamente conter á essência espiritual (tamashi),
para a cultura oriental. Quando dominamos o uso correto do alinhamento dos três centros sentimos 3
benefícios básicos: 1) a força das técnicas é melhorada pela conexão da coluna com os quadris e destes
com os membros inferiores e a terra, aumentando impacto dos golpes, aceleração dos passos e força de
rotação das várias articulações para aumento do kime (definição); 2) A medula espinhal tem um caminho
mais regular para fluir o que melhora o funcionamento do sistema nervoso e consequentemente da
maioria dos outros sistemas, dando a nítida sensação de maior leveza e "aumento da energia"; 3) Com a
coluna vertebral mais ereta e funcional amplificamos o poder das rotações (tenshin), tão importante no
Karate da escola Asai. Osu!!!
MÃOS DO VAZIO
Embora Andre Bertel, da Nova Zelândia, ex-aluno de Asai Tetsuhiko tenha afirmado que os kata
Taikyoku são treinamentos inúteis, é importante salientar que o treinamento do Karate é, na verdade, o
treinamento de si mesmo, que se inicia com os Kata Taik ōku (太極 = Tai Ji). Muitas pessoas explicam que
o treinamento de Kata é um treinamento contra adversários imaginários, representando uma contenda
em campo aberto, contra muitas pessoas, e que a partir desse tipo de treinamento já podemos aprender
a essência desta arte (na verdade essa era uma das ideias centrais de mestre Gichin Funakoshi). Mas qual
o real significado disso? Pode-se aprender o real significado do Karate-Dō apenas com um
simples Kata como Taik ōku.
Quando executamos o Taik ōku Shodan, quantos inimigos visualizamos? Um à esquerda, outro à
direita, dois à frente, mais um para cada lado, dois atrás, e mais dois para a direita e a esquerda… Dez
adversários. O treinamento do bunkai (aplicações) dos Taik ōku Kata nos ensina o ataque aos pontos
vitais (atemi): sankaku, jinchu, shosho e bukkotsu (cabeça), danchu, kysen e suigetsu (centro do tronco),
keikyo e gokoku (antebraço) e de kinteki (virilha). Além disso, ensina técnicas muito importantes
como tsuki-uke, introduzindo toda compreensão básica da movimentação na Embuzen (linha de atuação)
e do uso do Kime (explosão muscular máxima no menor tempo possível, junto do final de cada técnica, a
definição do golpe).
Mas há um ponto mais profundo, que pode e deve ser treinado desde os Taik ōku Kata. Qual a
altura dos nossos golpes, ou melhor, dos nossos oponentes? A mesma que a nossa. Qual a razão? No
Karate, nosso verdadeiro inimigo somos nós mesmos. Você precisa enxergar o mal dentro de si, e um a
um atacar e vencê-los (a esses adversários internos que são nossas próprias sombras). Ao treinar
o Kata você não enxerga a si mesmo e os outros com seus olhos, enxerga-os com seu Coração. Você não
golpeia com suas mãos, golpeia com seu Coração. Seu Coração ataca! O Céu e a Terra estão em seu
Coração. O estado de êxtase atingido pelo treinamento verdadeiro do Kata é indescritível em palavras. É
impossível expressar através da fala esta experiência. Este lugar de êxtase é o seu esvaziamento. O Vazio
é o mundo que deu origem à sua vida. Nesse mundo não há amigos nem inimigos. É por isso que o
conceito de inimigos ou de não ter inimigos reside unicamente em nosso Coração.
As Mãos do Vazio (空手) são as mãos daquele que nesta Terra não tem inimigos. Esse é o
verdadeiro Karate. Eu levei muitos anos de treinamento solitário para compreender isso, mas você pode
fazê-lo agora mesmo, neste momento. Tome todo mal do mundo e o transforme em seu Coração. Esse é
o Caminho daquele que entende o esvaziamento, o verdadeiro objetivo do Karate-Dō (空手道).
Kata
Canal do Shinjigenkan no Youtube com todos os kata Shotokan JKS e koten kata
disponíveis na internet:
http://www.youtube.com/user/shinjigenkan
Kumite
S
CURSO DE EXTENSAO EM
I
KARATE-DO