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Palhoça
2016
MARCELO NOLASCO DA CUNHA
Palhoça
2016
AGRADECIMENTOS
As artes marciais tiveram sua origem a mais de 2000 anos A.C. em regiões da Ásia,
se difundindo e aprimorando a partir da mesma. As modalidades podem ser divididas
em esporte de luta com golpes e esporte de lutas com agarre. O presente estudo
bibliográfico teve como objetivo geral identificar quais as lesões mais frequentes entre
os praticantes de artes marciais das seguintes modalidades: Karate, Taekwondo, Jiu-
jítsu e Judô. Trata-se de uma revisão de literatura, sendo do cunho qualitativo,
exploratório, descritivo e bibliográfico de natureza aplicada. Teve como base artigos
científicos e livros sobre o tema publicados no período de 2001 a 2016. No Karate e
no Taekwondo as regiões mais acometidas foram os dedos das mãos (22,2%) e os
pés (20,1%), respectivamente. Já no Jiu-jítsu e no Judô as regiões mais acometidas
foram os joelhos (20%) e ombros (27,2%) respectivamente. Os tipos de lesões
desportiva mais incidentes foram: entorses, fraturas e distensões. Nota-se que o
índice de lesões relacionadas as artes marciais são frequentes, principalmente as
lesões musculoesqueléticas nos membros inferiores e as circunstâncias que evolvem
a ocorrência dessas lesões se dão em sua maioria durante o período de treinamento.
O estudo proporciona na prática formas de prevenções e orientações destas
atividades, a fim de torná-las adequadas para que se obtenham bons resultados
físicos e técnicos de seus praticantes.
Martial arts had its origins more than 2000 years A.C. in parts of Asia, spreading and
improving from there to all around the world. The training modalities can be divided
into sport of struggle with blows and sport of struggle with grab. This bibliographic study
aimed to identify the most common injuries among martial practitioners of the following
modalities: Karate, Taekwondo, Jujitsu and Judo. This is a literature review, with a
qualitative, exploratory, descriptive and bibliographic of applied nature. It was based
on scientific articles and books of the subject published from 2001 to 2016. In Karate
and Taekwondo, the most affected regions were the fingers (22.2%) and feet (20.1%),
respectively. In the Jiu-Jitsu and Judo, the most affected regions were the knees (20%)
and shoulders (27.2%) respectively. The type of more common sports injury was
shown sprains, fractures and distensions. Note that the index-related injuries martial
arts are frequent, especially musculoskeletal injuries in the lower limbs and the
circumstances that evolve the occurrence of these injuries occur mostly during the
training period. The study provides the practical forms of prevention and guidance of
these activities in order to make them suitable to obtain good physical and technical
results of its practitioners.
1 INTRODUÇÃO ......................................................................................................... 8
1.1 CONTEXTUALIZAÇÃO DO TEMA E PROBLEMA ............................................... 8
1.2 OBJETIVO GERAL ............................................................................................. 10
1.3 OBJETIVOS ESPECÍFICOS ............................................................................... 10
1.4 JUSTIFICATIVA .................................................................................................. 10
2 MÉTODO................................................................................................................ 12
2.1 TIPO DE PESQUISA ........................................................................................... 12
2.2 PROCEDIMENTO DE COLETA DE DADOS ...................................................... 12
2.3 ANÁLISE DOS DADOS ....................................................................................... 13
3 REVISÃO DE LITERATURA ................................................................................. 14
3.1 HISTÓRICO DAS ARTES MARCIAIS ................................................................. 14
3.1.1 Histórico e classificação das modalidades .................................................. 15
3.2 LESÕES DESPORTIVAS.................................................................................... 18
3.2.1 Classificação das lesões ............................................................................... 19
3.3 LESÕES NAS ARTES MARCIAIS ...................................................................... 20
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO ............................................................................. 23
4.1 RESULTADOS .................................................................................................... 23
4.2 DISCUSSÃO ....................................................................................................... 28
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................... 31
REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 32
8
1 INTRODUÇÃO
1.4 JUSTIFICATIVA
2 MÉTODO
A análise dos conteúdos foi realizada com o apoio do quadro operacional (LAVILLE
e DIONE, 1999), utilizando as ferramentas de unidades de significância e
reagrupamento temático. Deste modo, as apresentações descritivas, expondo as
características metodológicas e os resultados, e sintéticas, as quais resumem as
informações através do quadro-síntese, visam demonstrar o entendimento global dos
estudos, sem que aja negligência dos aspectos específicos de cada uma das
produções científicas investigadas.
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3 REVISÃO DE LITERATURA
projeções de filmes, revistas e jornais com ênfases nas práticas de artes marciais de
origens orientais, favoreceu ainda mais a sua propagação (SAMPAIO, 2014).
O desenvolvimento de cada técnica varia de acordo com a região onde ela foi
inserida, segundo Muller e Eto (2009) essa ideia nos faz pensar que as características
iniciais de cada arte marcial estavam ligadas diretamente com os fenômenos naturais,
onde a evolução e os conceitos iniciais das técnicas marciais se fizeram por métodos
de investigação baseados na observação da natureza.
As lutas desportivas se caracterizam por utilizarem de uma gama infinita de
movimentos e técnicas de treino, sendo que para classificar as modalidades pode-se
usar uma série de critérios como os objetivos de um combate, tipo de contato entre
oponentes, suas ações motoras, distância entre oponentes e tipo de meta no
enfrentamento. Esses critérios de classificação unem as lutas desportivas pelo que
têm em comum, assim como as separam por suas diferenças (GOMES, 2010).
As Lutas podem ser divididas em “Esportes de Luta com agarre”, “Esportes de
Luta com golpes” e “Esportes de Luta com implementos” (ESPATERRO, 1999 apud
GOMES, 2010).
Na categoria de luta com agarre, o agarre seria uma ação básica que
representa os objetivos comuns entre as modalidades, tais como a derrubada, as
projeções e o controle no solo. Pode ser subdivida em decorrência da imposição inicial
do agarre ou da não imposição desses agarre, como também pela finalidade da luta,
que seria finalizar o combate ao projetar o oponente ao solo ou continuar a luta no
solo após a projeção. A categoria de luta com golpes é subdividida de acordo com o
tipo de golpe: apenas com os punhos, apenas com as pernas, ou mãos e pernas
conjuntamente. A terceira categoria é a que trata de luta com implementos, na qual o
objetivo é tocar o adversário com algum implemento, como a espada, por exemplo
(CASADO, 1999).
A origem do Karate data de mais de mil anos, quando o monge indiano Daruma
(Bodhidharma) viajou para a China com o intuito de pregar o budismo, e para trazer
mais adeptos a sua causa e pregar o fortalecimento do corpo e mente, se retirou para
as montanhas onde aprimorou técnicas de treinamento marcial com base na
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observação dos animais. Essas técnicas foram introduzidas no Japão por volta de
1320 com a chegada de imigrantes chineses, e junto com eles, monges budistas que
difundiram seus treinamentos e ensinamentos marciais. Gichin Funacochi foi o
principal responsável pela modernização dessas técnicas e deu origem a palavra
Karate-do (SOUZA et al, 2002). Hoje Karate é a arte marcial mais conhecida do
mundo, tendo como principal característica os golpes de impacto, não utilizando
nenhum tipo de arma, uma vez que a palavra “Karate-Do” significa caminho das mãos
vazias, em uma clara alusão aos princípios budistas (SOUZA et al, 2011). A dinâmica
de treinamento e competição se constituiu de bloqueios e uma gama de golpes,
através de socos e chutes executados ou em posições estáticas ou em movimento
em diversas posturas e bases. Os membros superiores e inferiores são afetados,
porém as regiões do tronco e da cabeça do adversário são as mais atingidas, podendo
provocar lesões e contusões nessas áreas (SOUZA; SILVA, 2011; ROSSI;
TIRAPEGUI, 2007).
O Taekwondo teve sua origem na Coréia por volta de 670 d.C. onde a mesma
era dividida em três reinos: Kogoryo, Baek e Silla, este o menor deles, que era
constantemente invadido e saqueado pelos seus vizinhos. Para defender Silla, foi
criado um grupo de guerreiros, formados por jovens militares, que eram treinados em
diversas formas de luta e manejo de armas, sistema conhecido na época como Subak,
e tinham grande disciplina física e mental (MARCON, 2008). Logo após a sua
popularização pelo país, passou a ser chamado de Taekyon, onde já não se fazia
mais o uso de armas, e que permaneceu por muitos anos. O nome Taekwondo só foi
criado em 1955, onde “Tae” significa saltar, golpear e bater com os pés, “Kwon”
significa técnicas utilizando o punho e “Do” seria o caminho, dando conteúdo espiritual
a essa modalidade. Está na mesma categoria que a do Karate, que seria a de luta
com golpe, porém o Taekwondo se diferencia pelo fato utilizar prioritariamente todas
as suas técnicas partindo da combinação de ataques e golpes de membros inferiores,
partindo em sua totalidade de chutes em projeções frontais, dorsais e laterais, que
configuram um importante mecanismo de lesões aos seus praticantes (KAZEMI et al.,
2005). Aliada a estas características, a necessidade do aprimoramento físico, técnico
e tático é essencial ao treinamento do Taekwondo e de lutas desportivas de alto
rendimento, onde podem contribuir a diminuição desequilíbrios físicos e biomecânicos
variados, assim como retrações musculares, entorses, contusões e outras lesões
desportivas (OLIVEIRA, 2010).
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ocorrência de lesões nas artes marciais seriam falha no uso de equipamento protetor,
falta de experiência do atleta, sexo masculino e participação em competições. Dizem
também ainda que a qualificação, a supervisão e a atitude dos treinadores e árbitros,
assim como a presença de um ambiente de treinamento ou competição seguros e
regulamentos rígidos em competições são fatores críticos na prevenção de lesões nas
artes marciais (CARPEGGIANI, 2004). Em atletas e praticantes de lutas desportivas,
as lesões crônicas se sobressaem das lesões agudas, e em muitos casos necessitam
de afastamento do treino por um determinado tempo, onde o praticante possa fazer
adequados tratamentos da lesão (TAMBORDEGUERI et al, 2011). Nesse caso as LD
também podem ser classificadas como sendo leve, onde o atleta se afasta do
treinamento por um período de 1 a 2 dias, moderada, onde o atleta permanece
afastado por um período de 2 a 4 semanas, e as consideradas graves ou severas, que
são aquelas em que o atleta se afasta do treinamento por um período maior do que 4
semanas (MACHADO et al, 2006).
Outros fatores que aumentam consideravelmente o risco de ocorrência dessas
lesões nas lutas, conforme Barroso (2011) explica, seriam o excesso de treinamento
e a falta de descanso adequado após o período de treinamento.
As modalidades de lutas desportivas se caracterizam também pelas condições
variáveis de competição e que exigem resistência específica. Nas modalidades o nível
desportivo da competição se dá pela existência de um conjunto de movimentos
motores complexos caracterizados pelo nível de desenvolvimento da capacidade de
aplicar esforços explosivos, possuindo uma adaptação às condições variáveis de
competição. Ao mesmo tempo, é necessário um alto nível de desenvolvimento da
capacidade de resistir à fadiga sem a diminuição da eficácia das ações técnicas,
táticas e dos métodos. (IDE, 2004).
Durante estudos realizados sobre a prática de lutas em competição, Carazatto,
Cabrita e Castropil (1996) observaram que quanto maior o nível de competição, maior
é o número de lesões. Essa relação pode vir a ocorrer devido à maior intensidade de
treinamentos para manter o nível, sendo que a maioria das ocorrências de lesões
acontece em períodos de treinamentos pré-campeonatos, pois os atletas de níveis
diferentes de peso ou não possuem grande competitividade mesmo sendo somente
em treinos, vindo logo em seguida acompanhado dos campeonatos (SENA, 2014).
Os atletas de alto nível se preocupam com as lesões que podem vir a se
ocasionar na alta intensidade e volume de treinos. Os membros inferiores e superiores
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sofrem alta carga de intensidade podendo vir a acarretar em lesões do tipo tendinites,
luxações, fraturas, contusões e até em tratamentos cirúrgicos em alguns casos, como
nos treinamentos não há uma divisão de peso pode ocorrer de qualquer atleta treinar
com algum diferente do seu peso gerar um maior índice de lesão, situação comum
nas academias (SENA 2014).
Sendo assim, as lutas desportivas são caracterizadas por movimentos
inesperados, rápidos, repetitivos e de alta intensidade de esforço, submetendo a uma
intensa sobrecarga nas estruturas. Estes fatores associados ao grande número de
competições e intensidades dos treinamentos fazem com que aumente o número de
lesões (MACHADO, 2012; FRANCHINI, 2001).
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4 RESULTADOS E DISCUSSÃO
4.1 RESULTADOS
Na Tabela 2 pode-se analisar que dos 127 praticantes dos estudos, 83,3%
relataram lesão decorrente da prática esportiva. A região mais acometida foi a dos
membros inferiores (63,7%), com destaque para os pés (20,1%), coxas (11,7%) e
joelhos (11,2%). Nos membros superiores o local com maior incidência foram os
dedos das mãos (9,5%).
Em relação ao tipo da lesão, as mais comuns foram as entorses com a
incidência 15,6% dos casos, também tiveram grande incidências as distensões
musculares com 9,7% e as fraturas com 8,7%. As contusões também se mostraram
comuns, tendo uma incidência de 7% nos artigos analisados.
Alguns autores afirmam que os impactos nos membros inferiores são
constantes pois são utilizados tanto no ataque como na defesa, sendo um importante
mecanismo de lesões aos praticantes nas regiões dos tornozelos, coxas e joelhos.
(KAZEMI et al, 2005).
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Na Tabela 4 pode-se analisar que dos 245 praticantes dos estudos, 81,1%
relatou alguma lesão decorrente da prática na modalidade. A região mais acometida
foi a dos membros superiores (40%), com destaque para os ombros (27,2%) e dedos
das mãos (14,3%). Nos membros inferiores o local com maior destaque de incidência
foram os joelhos (25,6%).
Em relação ao tipo da lesão, as duas que mais se destacaram foram as
entorses e as contusões, com as médias de 22,5% e 22,4% respectivamente. As
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4.2 DISCUSSÃO
O total das amostras foi de 1.158 praticantes de artes marciais das modalidades
relevantes para o estudo, onde a média de 83,2% desses relatou algum caso de lesão
decorrente da prática esportiva. A região anatômica mais acometida em todos os
estudos foi a dos membros inferiores com a média de 41% dos relatos, contra 24,1%
dos membros superiores.
Os locais anatômicos com a maior incidência se diferenciam entre as
modalidades graças as suas características, onde os Esporte de Lutas com agarre e
o Esporte de Lutas com golpes (ESPATERRO, 1999 apud GOMES, 2010)
apresentaram diferenças em seus locais.
Segundo a literatura, o Karate e o Taekwondo estão na categoria de lutas com
golpes, que pode ser subdividida de acordo com o tipo de golpe (CASADO, 1999),
sendo que o Karate constitui suas técnicas em bloqueios e uma gama de golpes,
através de socos e chutes executados ou em posições estáticas ou em movimento
em diversas posturas e bases (SOUZA; SILVA, 2011). Os membros superiores e
inferiores são afetados, assim como as regiões do tronco e da cabeça do adversário
que também são atingidas, podendo provocar lesões e contusões nessas áreas
(ROSSI; TIRAPEGUI, 2007).
Já o Taekwondo baseia as suas técnicas partindo da combinação de ataques
e golpes de membros inferiores, sendo em sua totalidade de chutes em projeções
frontais, dorsais, laterais, curtos, longos e baixos (BURKE et al, 2003). Essas técnicas
configuram um importante mecanismo de lesões aos seus praticantes, já que o
praticante sofre impactos repetitivos principalmente nas articulações dos membros
inferiores (KAZEMI et al, 2006).
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5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
CASTRO, Cláudio de Moura. A prática da pesquisa. São Paulo: McGraw Hill, 2001.
CORSO, Caroline de Oliveira; GRESS, Flademir Ari Galvão. Lesões no jiu-jítsu. Acta
brasileira do movimento humano-bmh, v. 2, n. 3, p. 78-88, 2012. Acesso em 27
set. 2016. Disponível em:
http://revista.ulbrajp.edu.br/ojs/index.php/actabrasileira/article/view/2074
DESTOMBE, Claire et al. Incidence and nature of karate injuries. Joint Bone Spine,
v. 73, n. 2, p. 182-188, 2006. Acesso em 27 set. 2016. Disponível em:
http://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S1297319X0500093X
GOMES, Mariana Simões Pimentel et al. Ensino das lutas: dos princípios
condicionais aos grupos situacionais. Movimento (ESEF/UFRGS), v. 16, n. 2, p.
207-227, 2010.
GRACIE, Reila. Carlos Gracie: o criador de uma dinastia. p.34, Rio de Janeiro,
2008.
SENA, Ítalo Rodrigues de. Índice de lesão nos competidores de lutas. 2015.
<Http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1517-
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SOUZA, M. et al. Referring to judo’s sports injuries in São Paulo. Science & Sports,
v. 21, p. 280-284, 2006.