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Avaliação e Intervenção
Psicopedagógica Institucional
Avaliação e Intervenção Psicopedagógica Institucional
Autora: Ana Paula Menossi Gonçalves
Como citar este documento: GONÇALVES, Ana Paula Menossi. Avaliação e Intervenção
Psicopedagógica Institucional. Valinhos, 2015.

Sumário
Apresentação da Disciplina 03
Unidade 1: Instrumentos de Avaliação Iniciais para o Psicopedagogo 04
Assista a suas aulas 26
Unidade 2: A Avaliação na Escola de Hoje 35
Assista a suas aulas 62
Unidade 3: Intervenção 71
Assista a suas aulas 92
Unidade 4: Estudo de Caso 101
Assista a suas aulas 126

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Apresentação da Disciplina

Caro (a) aluno (a), atitudes ou pensamentos que não são


A disciplina Avaliação e Intervenção próprios da idade. Assim, o psicopedagogo
Psicopedagógica Institucional apresenta deve identificar, analisar, planejar e intervir
um importante corpo de conhecimento por meio das etapas de diagnóstico e
para o aluno de Psicopedagogia tratamento.
Institucional enquanto fundamentação A Psicopedagogia em seu campo
para suas atuações no processo de conceitual vem proporcionando novas
aprendizagem junto aos sujeitos possibilidades para que a escola comece
envolvidos no seu contexto de trabalho, já a reverter um quadro alarmante, o de
que a psicopedagogia estuda o processo exclusão social, e tem como dever assumir
de aprendizagem e suas dificuldades, um compromisso ético com o direito à
tendo, portanto, caráter preventivo e educação e à cidadania.
terapêutico. Atuando no âmbito escolar, A Psicopedagogia Institucional propõe
deve alcançar a família e a comunidade, analisar a instituição escolar e suas
esclarecendo sobre as diferentes relações numa abordagem crítica e
etapas do desenvolvimento para que reflexiva, buscando, assim, melhor
possam compreender e entender suas qualidade, autoestima e sucesso na vida
características, evitando cobranças de escolar dos alunos.
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Unidade 1
Instrumentos de Avaliação Iniciais para o Psicopedagogo

Objetivos

1. A avaliação psicopedagógica não se


limita apenas ao conteúdo escolar.
Ela deve ser vista de forma global,
pois não há como deixar de lado o
funcionamento cognitivo e suas
emoções ligadas ao significado dos
conteúdos e das ações.

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Introdução

Para propor avaliações psicopedagógicas consistem no uso de material graduado


é necessário que se pesquise o que de fato (textos de leitura, série de problemas) com
o aluno aprendeu, como articula esses dificuldade crescente, que posicionará o
conhecimentos entre si e, principalmente, sujeito, sob diferentes níveis de uma escala
como faz uso desse conhecimento nas de produtos. Pode ser feita também uma
diferentes situações, tanto escolares análise do material de sala de aula, das
como sociais. Faz-se necessário definir o provas, entrevistas com a equipe escolar,
nível pedagógico, pois as defasagens e funcionando como complemento da
exigências escolares dificultam muito o avaliação pedagógica do diagnóstico.
processo de ensino aprendizagem. O psicopedagogo deve ser comprometido
com o ato avaliativo, ora pelas
A maioria das queixas escolares são
interpretações do que vê, ora por não
pautadas na leitura, escrita e matemática,
buscar ver. Algumas vezes ele está tão
e para planejar uma avaliação é necessário
centrado em suas próprias ideias que não
distinguir a problemática existente. percebe aquilo que o aluno está querendo
A investigação do nível pedagógico pode dizer ou demonstrar. Pareyson (1989,
ser feita de diferentes maneiras. Uma p. 169) diz que se pode olhar sem ver e
delas é por meio do uso das chamadas procurar sem encontrar, mas não encontrar
provas pedagógicas clássicas. Estas sem procurar, nem ver sem ter olhado.
5/134 Unidade 1 • Instrumentos de Avaliação Iniciais para o Psicopedagogo
O diagnóstico psicopedagógico é composto 1. Instrumentos
de vários momentos que tomam dimensões
diferentes conforme a necessidade de cada 1.1. EOCA – Entrevista Operati-
caso. Assim, há momentos de anamnese só va Centrada na Aprendizagem
com os pais, de compreensão das relações
familiares, de avaliação da produção Esta sessão tem como objetivo investigar
pedagógica e de vínculos com objetos de os vínculos afetivos que a criança
aprendizagem escolar (PORTO, 2011, p. 24). possui com os objetos e os conteúdos
da aprendizagem escolar, observar suas
Jorge Visca propõe um esquema
defesas, condutas evitativas e como
sequencial diagnóstico flexível baseado
enfrentar novos desafios. Tem como
na Epistemologia Convergente, e assim
objetivo principal perceber o que a criança
formulado: a Entrevista Operativa Centrada
sabe fazer e o que aprendeu a fazer. Três
na Aprendizagem (EOCA), que deverá ser
aspectos são importantes na EOCA:
um instrumento simples, porém rico em
seus resultados. 1º. A temática – aquilo que o sujeito traz
nas formas manifestas e latentes.
2º. A dinâmica – aquilo que o sujeito faz e que
não é verbal (gestos, tons de voz, postura).
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3º. O produto – o que o sujeito apresenta lápis preto novo e sem ponta,
no papel. apontador, borracha, régua, canetas
hidrocor na embalagem, lápis de cor
Objetivos
na embalagem, tesoura, cola, pedaço
• Detectar sintomas das dificuldades de papel lustroso, livros, revistas.
apresentadas. • Deve-se começar solicitando:
• Formular hipóteses sobre as causas gostaria que você me mostrasse o
das quais emergem os sintomas. que sabe fazer, o que lhe ensinaram
a fazer e o que aprendeu a fazer.
• Permitir que o sujeito construa a Para isto, poderá utilizar este
sua entrevista da maneira mais material como quiser, ele está a sua
espontânea possível. disposição.
• Observar seus conhecimentos, • Observe e registre a postura da
atitudes, destrezas, ansiedades, criança, como se senta, que materiais
conduta. evita, quais as preferências, se é uma
criança que não termina o que faz se
Como fazer?
quer mexer em tudo e nada realiza,
• Deixar o seguinte material ao alcance se é uma criança que evita tocar nos
do aluno: papel ofício, papel pautado, objetos, se é ansiosa, organizada.
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• Converse com a criança sobre o hoje vai trabalhar com o material da
que ela produziu e peça-lhe que mesa.
continue mostrando o que sabe • Se a criança ficar trazendo outros
fazer. Se a criança continuar na assuntos que não tenham nada a
mesma atividade, você poderá dizer- ver com a atividade, é um indicativo
lhe: “Você já me mostrou que sabe de dificuldade que se tem em
desenhar e pintar, agora gostaria que concentrar. Anote o comportamento
me mostrasse outra coisa que sabe e procure fazê-la voltar à atividade.
fazer”.
• Se ela não quiser escrever ou ler
Observações
poderá ser um indicativo de rejeição
• O EOCA é realizado em apenas uma por leitura e escrita e um vínculo
sessão. inadequado com a aprendizagem
• O material deve ser distribuído sistemática.
na mesa em que a criança ficará • Se a criança ficar paralisada, você
sentada. poderá repetir a consigna e dizer-
• Se a criança quiser pegar outro lhe: “Você poderá me mostrar as
material na estante, diga-lhe que coisas que aprendeu a fazer, como

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desenhos, leitura, contas ou outra se assimilação e acomodação estão em
coisa que quiser”. equilíbrio):
• O material deve estar na sua forma • Hipoassimilativa – o aluno é bastante
mais simples, conservado e de acordo tímido, quase não fala, não explora os
com a idade do aluno. objetos na mesa, costuma querer ficar
• É interessante deixar os materiais em uma mesma atividade.
na própria embalagem, como lápis • Hiperassimilativa – o aluno traz
de cor, massa de modelar, caneta vários assuntos enquanto realiza
hidrocor, e o lápis preto estar sem a atividade, conversa, pergunta,
ponta. Desta forma é possível questiona, mas não costuma ouvir
observar a autonomia e a iniciativa porque já está formulando outra
da criança ou se ela sempre pede que pergunta. Prende-se aos detalhes e
abra ou faça algo por ela. não observa o todo.
Desde a EOCA, já é possível observar • Hipoacomodativa – apresenta
sua modalidade de aprendizagem dificuldade de estabelecer vínculos
(hipoassimilativa, hiperassimilativa, emocionais e cognitivos. Pode
hipoacomodativa, hiperacomodativa ou ser confundido como preguiçoso.
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Também não explora muito os Primeiro Sistema de Hipóteses
objetos. Normalmente permanece Após a realização da EOCA, o
em uma mesma atividade. psicopedagogo irá extrair o Primeiro
• Hiperacomodativa – tem dificuldade Sistema de Hipóteses a partir das
de criar, prefere copiar, repete o observações feitas, considerando sempre a
que aprende sem questionar, sem dinâmica, a temática e o produto.
investigar, é muito obediente, aceita Exemplos de Hipóteses:
tudo, é submisso.
• Nível cognitivo, exemplo: pré-
Link operatório (subnível intuitivo global
ou intuitivo articulado); ou em
Aprenda mais sobre as modalidades do processo transição do pré-operatório para
assimilativo-acomodativo de Sara Paín e
o operatório concreto; ou já no
as modalidades de aprendizagem de Alicia
operatório concreto; ou operatório
Fernández nas discussões sobre o conceito de
modalidade de aprendizagem realizada por Sordi concreto em transição para o formal
(2009) em seu artigo. Disponível em: <http:// ou o hipotético-dedutivo; ou já no
pepsic.bvsalud.org/pdf/psicoped/v26n80/ nível formal.
v26n80a15.pdf>. Acesso em: 10 set. 2014.

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• Nível de leitura, exemplo: pré- • Medo ao ataque (resistência em
silábico, silábico alfabético ou entrar em contato com o material.
alfabético. Prefere falar mais a fazer).
• Rejeição da leitura e da escrita, • Baixa autoestima (descontentamento
normalmente quando evitam com as suas produções). Fala muito:
escrever durante a sessão, dando não sei, não consigo.
preferência a jogos.
• Perfeccionismo; autoexigência.
• Vínculo negativo ou positivo com a
• Fixação oral (a criança costuma
aprendizagem sistemática.
colocar objetos na boca, mastiga
• Não articula o pensar com o fazer. lápis, borracha, rói unha).
• Dificuldade com planejamento e • Necessidade de agradar
organização, ou organiza e não (característica sedutora).
planeja bem.
• Melhor rendimento e interesse na
• Modalidade de aprendizagem aprendizagem assistemática do que
hipoassimilativa ou hiperassimilativa,
sistemática.
ou hipoacomodativa ou
hiperacomodativa. • Problemas de visão.

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• Problemas na fala. sujeito vivenciou como estímulo a novas
aprendizagens.
• Suspeita de dislexia, TDAH ou outro
distúrbio. Por meio da anamnese serão reveladas
informações do passado e do presente,
• Dificuldade com a coordenação
juntamente com as variáveis do seu meio.
motora.
Serão observadas a visão da família sobre
• Outras hipóteses que acharem a história da criança, as suas expectativas
convenientes. desde o nascimento, a afetividade que
(SAMPAIO, 2011, p. 36-39). circula neste ambiente familiar, as críticas,
os preconceitos e tudo aquilo que é
depositado.
1.2. Anamnese
A entrevista deve ser conduzida pelo
É uma entrevista realizada com os pais psicopedagogo de forma que possa
ou os responsáveis do aluno e tem como deixá-los à vontade, para que não se
objetivo resgatar a história de vida e colher sintam como se estivessem respondendo
dados importantes que possam esclarecer a um questionário rígido e formal.
O psicopedagogo poderá até ter um
fatos observados durante o diagnóstico,
questionário em mãos para servir de
bem como saber que oportunidades este
roteiro, que irá preenchendo à medida
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que a família fala, mas não deve fazê- história nela” (1992 p. 42). A entrevista
lo em forma de perguntas e respostas. inicia-se falando da gravidez, pré-natal,
Este roteiro é importante para que não concepção, se a criança foi desejada, aceita
se esqueça nenhuma etapa da vida do pela família, rejeitada. Estes aspectos
entrevistado. poderão determinar aspectos afetivos dos
Conforme Weiss, é importante deixar a pais em relação ao filho. Deve-se perguntar
família falar livremente, espontaneamente, sobre as primeiras aprendizagens
pois isso permite ao psicopedagogo informais, tais como: como aprendeu
avaliar o que eles recordam para falar, qual a usar a mamadeira, o copo, colher,
a sequência e a importância dos fatos. engatinhar, andar, andar de velocípede,
Dependendo das características da família, controlar os esfíncteres. A intenção
pode ser necessário recorrer a perguntas. é descobrir “em que medida a família
Os objetivos deverão estar bem definidos, possibilita o desenvolvimento cognitivo
e a entrevista deverá ter um caráter da criança – facilitando esquemas e
semidiretivo (2003, p. 64). deixando desenvolver o equilíbrio entre
a assimilação e acomodação [...]” (WEISS,
De acordo com Paín, a história vital
2003, p. 66). Buscam-se informações sobre
permitirá “[...] detectar o grau de
o desenvolvimento geral da criança.
individualização que a criança tem em
relação à mãe e a conservação de sua
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A história clínica também é importante: quais doenças adquiriu, se precisou ficar internado,
quanto tempo, se ouve sequelas, atendimentos de psicólogos, neurologistas, fonoaudiólogos
ou outros.

Para saber mais


Em 2006, na cidade de Ribeirão Preto (SP), foi criada a Comunidade Aprender Criança (<http://
www.aprendercrianca.com.br/>. Acesso em: 31 out. 2012), uma comunidade acadêmica e
virtual destinada a divulgar informações em Neurociências. Hoje a comunidade conta com mais de
3000 cidadãos em todos os estados brasileiros, sendo 81% de educadores. A Comunidade conta
com neurocientistas, professores, pais, neurologistas, psiquiatras, psicólogos, fonoaudiólogos,
psicopedagogos, entre outros, e é gratuita. As pessoas da Comunidade recebem periodicamente
o Boletim Notícias do Cérebro, e ainda têm a oportunidade de atualizar os seus conhecimentos e
participar de enquetes.

A história escolar é muito importante: quando começou a frequentar a escola, sua adaptação,
primeiro dia de aula, possíveis rejeições, entusiasmo, porque escolheram aquela escola,
aspectos positivos e negativos e as consequências na aprendizagem.

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Todas estas informações devem ser • Se nesta família circula afetividade ou
registradas para que se possa fazer um só cobrança.
bom diagnóstico. • Se os limites são impostos e como são
Investigar: colocados.
• Se há consciência da família em • Qual a forma de punição dada por
relação às dificuldades da criança. esta família.
• Se há doenças na infância, e como Na entrevista o psicopedagogo deverá
foram tratadas. deixar os pais à vontade para falar
o que quiserem, mas poderá fazer
• Se a família auxilia o desenvolvimento perguntas, caso eles pulem alguma
da autonomia. etapa. O questionário, em anexo, é
• Se os pais são autoritários, causando para a orientação do entrevistador.
medo na criança de se mostrar, se Não transforme a anamnese em um
expor. questionário automatizado. À medida que
• Se há estímulos em casa relacionados os pais falarem, você poderá anotar.
à aprendizagem.

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Sugestão de Roteiro para Anamnese
Data:_____/_____/___
Concepção
Idade dos pais na época: Mãe_____ Pai______
Número de gestações anteriores: ______
Abortos? Naturais_____ Provocados______
Perda de algum filho? Antes ou depois do paciente?_______________
Gestação
A gravidez foi desejada por ambos? Sim ( ) Não ( )_______________
Fez pré-natal? Sim ( ) Não ( )________________________________
Sofreu acidentes, quedas? Sim ( ) Não ( )_______________________
Sofreu algum tipo de cirurgia? Sim ( ) Não ( ) Qual?_______________
Teve doenças na gestação, rubéola, toxoplasmose?

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1.3. Relatório da Queixa da Professora

Observa-se nas escolas o alto número de alunos com problemas emocionais, sociais, afetivos
e outros, que acabam interferindo e prejudicando o seu aprendizado e levando o aluno a
conhecer o fracasso.
Problemas esses, muitas vezes, de origem familiar, social e que acabam transferidos ao
ambiente escolar e, então, há a necessidade da intervenção psicopedagógica para que se possa
dar novas perspectivas ao aluno e, também, à sua família.

[...] tentando sanar as frustações do aluno, a Psicopedagogia contribui


também para a percepção global do fato educativo e para a compreensão
satisfatória dos objetivos da educação e da finalidade da escola,
possibilitando, assim, uma ação transformadora. (PORTO, 2011, p. 151).
Para que se tenha uma escola de qualidade, comprometida com os aspectos educacionais,
é essencial que as atividades pedagógicas sejam elaboradas para despertar interesse e
ter significado em sua realização. Que essas atividades desafiem e sejam pensadas em

17/134 Unidade 1 • Instrumentos de Avaliação Iniciais para o Psicopedagogo


consonância com a intervenção, partindo
sempre da premissa de que todos os alunos
devem aprender, inclusive é um direito
deles e dever do professor.
Quando se fala em relatório de queixas,
o bom professor deve saber o que o seu
Link
Para saber mais sobre os Instrumentos de
aluno é capaz de realizar e partir destas
Avaliação Iniciais para o Psicopedagogo,
facilidades. É fácil dizer o que o aluno não
você pode acessar o site Psicopedagogia
sabe fazer, mas é preciso conhecer o que
Brasil. Disponível em: <http://www.
ele sabe, pois é ele o ponto inicial para
psicopedagogiabrasil.com.br/#!em-branco/
repensar as atividades didáticas, bem
cq24>. Acesso em: 30 mai. 2014.
como a intervenção. O relatório deve ser
simples, porém bem elaborado, e deverá
apresentar informações quanto a aspectos
comportamentais, sociais, cognitivos,
assiduidade e o interesse do aluno, bem
como de sua família, pela escola.

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Glossário
Epistemologia Convergente: “um método clínico, destinado ao processo de Diagnóstico e Intervenção,
para diferentes faixas etárias. (...) procura compreender a contribuição dos aspectos afetivos, cognitivos
e do meio sócio educacional, no processo da aprendizagem do indivíduo e as possíveis dificuldades
apresentadas, tendo como base, a integração dos conhecimentos da psicologia genética, da psicanálise e da
psicologia social” (VISCA, 1987 apud LASSALVIA, 2011).
Modalidade de Aprendizagem: “segundo Fernández (1991), a modalidade de aprendizagem é uma
matriz, um molde, um esquema de operar que é utilizado nas diferentes situações de aprendizagem. Entende-
se que a modalidade é presente no sujeito aprendente e diretamente ligada à sua personalidade, entrelaçada
com a “modalidade de aprendizagem familiar”, e na infância há uma história construída entre o sujeito e o
grupo familiar, que tem grande significação na construção do seu conhecimento” (SOUZA, 2011, p. 4).
Nível cognitivo: o nível cognitivo de um sujeito pode ser medido de várias formas. Aqui, está baseado em
Piaget, para quem são três os estágios de desenvolvimento da inteligência: sensório-motor, pré-operatório
e o operatório, sendo que o estágio operatório se divide em operatório concreto e operatório formal.

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Glossário
Nível de leitura: A criança em seu processo de alfabetização passa basicamente por três grandes níveis: o
pré-silábico, o silábico e o alfabético. Segundo Emília Ferreiro (2001, p. 19), do ponto de vista construtivo, a
escrita da criança passa por três grandes períodos de evolução:

distinção entre o modo de representação icônico e o não-icônico;


a construção de formas de diferenciação (controle progressivo das
variações sobre os eixos qualitativos e quantitativos) e a fonetização
da escrita (que se inicia com um período silábico e culmina no período
alfabético)”.

20/134 Unidade 1 • Instrumentos de Avaliação Iniciais para o Psicopedagogo


?
Questão
para
reflexão

Nesta primeira aula você estudou a importância de


ter um olhar diferenciado do indivíduo durante o
processo de avaliação/diagnóstico psicopedagógico
institucional. Assista ao vídeo Aprender a Aprender
(disponível em: <http://www.youtube.com/
watch?v=Pz4vQM_EmzI&feature=related>. Acesso
em: 30 mai. 2014.) e reflita sobre o olhar que o
psicopedagogo institucional deve ter mediante a
aprendizagem do sujeito, considerando sua história de
vida e sua forma de aprender.
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Considerações Finais (1/2)

Cabe ao profissional manter-se atualizado, buscando sempre orientações


e, sobretudo, gerenciar a sua atuação, sendo esta pautada na teoria e nas
práticas, principalmente na reflexão, que proporciona a avaliação de atitudes
e procedimentos.
A identidade da profissão se consolida através da prática, e esta deve ser de
respeito às diferenças e aos ritmos de aprendizagem.
Escola e família caminham paralelamente; elas têm algo em comum, aluno e
filho, portanto, são necessárias orientações.
Nesta aula você encontrou sugestões de testes para a sua prática, entretanto
essas sugestões devem ser entendidas como referências iniciais, para que
você venha a criar e encontrar outros recursos e procedimentos.
É de fundamental importância que você busque o conhecimento teórico
complementar nos livros citados na bibliografia.

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Considerações Finais (2/2)
É muito importante ouvir o aluno. A linguagem oral é importante, pois
trabalha o falar e saber ouvir, essenciais para o processo de ensino e
aprendizagem.
O saber psicopedagógico deve ser o mais variado e envolvente possível, sendo
um trabalho diferenciado que promova o bem estar e resgate a vontade de
aprender.
Não se pode deixar de mencionar os quatro pilares que norteiam a educação
brasileira, e eles têm muito em comum com a prática psicopedagógica:
aprender a aprender, aprender a ser, aprender a fazer, aprender a conviver.

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Referências

BOSSA, N A. A Psicopedagogia no Brasil: contribuições a partir da prática. Porto Alegre: Artes


Médicas, 2000.
BRASIL. Referencial Curricular de Formação de Professores. MEC, 1999.
FERREIRO, E. Reflexões sobre alfabetização. 24ª. ed. São Paulo: Cortez, 2001. (Coleção Questões
da Nossa época; v. 14).
LASSALVIA, Digelza Flávia Câmara. Epistemologia Convergente: uma proposta de Jorge Visca.
Supervisão Psicopedagógica. Disponível em: http://supervisaopsicopedagogica.com.br/?p=10.
Acesso em 10 set. 2014.
PAÍN, Sara. Diagnósticos e tratamentos dos problemas de aprendizagem. Porto Alegre: Artes
Médicas, 1992.
PORTO, Olivia. Psicopedagogia Institucional- teoria, prática e assessoramento psicopedagógico.
Wak, 2011.
SAMPAIO, Simaia. Dificuldades de aprendizagem. A psicopedagogia na relação sujeito, família e
escola. Rio de Janeiro: Wak Editora, 2009.
SANCHEZ-CANO, Manuel; et al. Avaliação psicopedagógica. Porto Alegre: Artmed. 2008.

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SORDI, Regina Orgler. Modalidade de aprendizagem: uma contribuição para a ampliação do
conceito. Revista Psicopedagogia [online], v. 26, n. 80, p. 303-312, 2009. Disponível em: <http://
pepsic.bvsalud.org/pdf/psicoped/v26n80/v26n80a15.pdf>. Acesso em: 10 set. 2014.

SOUZA, Luciana Pereira de. O papel do psicopedagogo no atendimento às dificuldades de


aprendizagem. Revista Eduf@tima, v. 2, n. 1, 2011. Disponível em <http://pt.slideshare.net/
joaomaria/33-1891pb>. Acesso em 10 set. 2014.

VISCA, Jorge. Técnicas projetivas psicopedagógicas e pautas gráficas para sua interpretação.
Buenos Aires: Visca e Visca editores. 2008.
WEISS, M. L. L. Psicopedagogia Clínica: Uma visão diagnóstica dos problemas de aprendizagem
escolar. Rio de Janeiro: DP&A, 2003.

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Assista a suas aulas

Aula 1 - Tema: Instrumentos de Avaliação Aula 1 - Tema: EOCA - Bloco II


Iniciais  para o Psicopedagogo - Bloco I Disponível em: <http://fast.player.liquidplatform.com/pA-
Disponível em: <http://fast.player.liquidplatform.com/ piv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f1d/01c-
pApiv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f- 01de91670c2c1e29f947d2e9fb209>.
1d/9e18b2bbd03ebac674be220e1df6de57>.

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Assista a suas aulas

Aula 1 - Tema: Levantando dados para a Aula 1 - Tema: Intervenção Psicopedagógica -


Intervenção - Bloco III Bloco IV
Disponível em: <http://fast.player.liquidplatform.com/ Disponível em: <http://fast.player.liquidplatform.com/pA-
pApiv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f- piv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f1d/9bef-
1d/085c66c1aee886fb873b6d9945d80069>. c0d29ff0dc06c33470c8c2339243>.

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Questão 1
1. Realizar um diagnóstico é como montar um quebra-cabeça, pois, à
medida que se encaixam as peças, descobre-se o que está por trás destes
sintomas. É possível afirmar que deverão ser observados diversos âmbitos:

a) Escolar, familiar, pedagógico e social.


b) Familiar, afetivo, social e pedagógico.
c) Escolar, familiar, cognitivo e pedagógico.
d) Afetivo, social, cognitivo e escolar.
e) Cognitivo, familiar, pedagógico e social.

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Questão 2
2. O EOCA é a primeira entrevista realizada com a criança e ela tem como
principal objetivo:

a) Avaliar o aluno e suas potencialidades.


b) Investigar os vínculos que a criança possui com os conteúdos.
c) Saber como o aluno se porta numa avaliação.
d) Perceber o que o aluno sabe fazer e aprendeu a fazer.
e) Ajudar o aluno a sanar as suas dificuldades.

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Questão 3
3. Quanto à realização da anamnese, é correto afirmar que:

a) É uma entrevista realizada com os pais ou os responsáveis e estes, deverão dar todas as
informações sobre o aluno.
b) É a visão da família sobre a história da criança, as suas expectativas, desde o nascimento, a
afetividade, as críticas, o preconceito e tudo aquilo que é depositado no aluno.
c) É um questionário que os pais ou responsáveis deverão preencher com informações sobre
o filho.
d) É um questionário que os pais ou responsáveis e os professores deverão preencher com
informações sobre o aluno.
e) É uma entrevista realizada com os pais e professores e estes deverão falar dos aspectos
cognitivos, sociais, pedagógicos e familiares do aluno em questão.

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Questão 4
4. De acordo com Visca (1995), as técnicas projetivas têm como objeti-
vo investigar os vínculos que o sujeito pode estabelecer em três grandes
domínios, o escolar, o familiar e consigo mesmo, pelos quais é possível
reconhecer:

a) Os três níveis em relação ao grau de consciências dos distintos aspectos que constituem o
vínculo de aprendizagem.
b) Tem como conhecer a família e tudo o que ocorre com o aluno.
c) Os testes devem ser aplicados na maior quantidade possível para ajudar a conhecer melhor
o aluno.
d) O psicopedagogo poderá selecionar outros materiais que julgar necessário. Não existe um
padrão.
e) Os testes devem seguir um padrão e não se pode adequá-lo à idade do sujeito avaliado.

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Questão 5
5. É possível dizer que a finalidade da avaliação psicopedagógica é:

a) Identificar os problemas escolares dos alunos.


b) Analisar, propor estratégias e intervenção para as escolas e orientação para os professores.
c) É uma importante ferramenta para tomada de decisões para ajudar o aluno e, também,
para promover mudanças na escola e na família.
d) Avaliar as capacidades e potencialidades do aluno,
e) Ajustar a resposta educacional às necessidades avaliadas.

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Gabarito
1. Resposta: E. enfrenta novos desafios. Portanto, o
objetivo principal é saber o que o aluno
As peças são oferecidas pela família, pela sabe fazer e aprendeu a fazer.
escola e pelo próprio aluno, entretanto,
para se ter um bom resultado é necessário 3. Resposta: B.
levar em conta todos os aspectos objetivos
e subjetivos observados nos diferentes É uma entrevista realizada com os pais
âmbitos: cognitivo, familiar, pedagógico e ou os responsáveis do entrevistado e tem
social. como objetivo resgatar a história de vida
e colher dados importantes que possam
2. Resposta: D. esclarecer fatos observados durante o
diagnóstico.
A Entrevista Operativa Centrada na
Aprendizagem tem como principal 4. Resposta: A.
objetivo investigar os vínculos que o aluno
possui com os objetos e os conteúdos Os testes, na verdade, partem da
da aprendizagem escolar, observar suas necessidade de uma avaliação mais ampla
defesas, condutas evitativas e como sobre o sujeito avaliado no intuito de

33/134
Gabarito
conhecê-lo melhor e coletar mais dados
para posterior intervenção.

5. Resposta: C.

A avaliação psicopedagógica é uma


ferramenta para tomar decisões que
melhorem a resposta educacional do aluno
ou grupo de alunos, mas, também, para
promover mudanças no contexto escolar e
familiar. (SANCHEZ-CANO, 2008).

34/134
Unidade 2
A Avaliação na Escola de Hoje

Objetivos

1. Nesta aula serão destacados os aspectos mais


importantes da avaliação. A Lei de Diretrizes
e Base da Educação Nacional traz o que os
educadores do mundo todo estão dizendo com
relação a uma escola que não seja homogênea,
que respeite o tempo de aprendizagem de cada
um dos seus alunos e que trabalhe com esse
elemento do conhecimento que o professor
precisa ter de seus alunos. Cabe ao professor
conhecer o que realmente o aluno sabe. Como
o psicopedagogo pode auxiliar neste processo?

35/134
Introdução
Não existe nenhuma teoria pedagógica, nenhum caminho, nenhum rumo, nenhum olhar de
educação que dê certo sem o educador, porque é ele quem está na sala de aula. Não adianta
ter a melhor teoria do mundo se o educador não estiver preparado para, de fato, exercer sua
função, que é ensinar (CHALITA, [entre 2002 e 2006], p. 17).
O professor tem a prática e a liberdade de atuar, por isso é preciso dar apoio e incentivo para
que ele se valorize, resgate a autoestima e, sobretudo, encontre elementos internos que
fortaleçam a sua relação com o aluno.
É fato que todo mundo pode aprender. E que o processo de aprendizagem não precisa ser o
mesmo para todos os alunos. A inclusão é fundamental, faz com que a escola não segregue
ou discrimine determinado tipo de aluno, mas busque novas alternativas e propostas para que
ele possa realmente aprender. Talvez esse aluno tenha determinadas limitações e não consiga
desenvolver algum tipo de habilidade, mas pode desenvolver outras.
Fernández, em seu livro A mulher escondida na professora, diz que:

[...] autoridade implica poder situar-se em um lugar de equilíbrio entre o


conhecimento e a capacidade de argumentar sobre este, conhecimento
tem a ver com a competência – não com a competitividade – quer dizer,
com o estar preparado para cumprir a função. (FERNÁNDEZ, 2001, p.164)
36/134 Unidade 2 • A Avaliação na Escola de Hoje
O psicopedagogo deve estudar muito, nunca estará pronto, sempre deverá ser movido pela
busca. Deve ser coerente, saber distinguir as fases da criança e como trabalhá-las, não
esquecendo as suas características individuais.

[...] tardio e custoso processo de consolidação das disciplinas mentais


[...] a intensidade com que a escola exige essas condutas é superior às
possibilidades da idade, o que propicia a emergência de dispersão e
impulsividade. (WALLON apud GALVÃO, 1999, p. 109).

1. A Avaliação na Escola de Hoje

A concepção de avaliação, antes considerada seletiva, uma vez que era vista apenas como
forma de classificar e promover o aluno, hoje assume novas funções: diagnóstica e de
verificação, tendo como eixo a orientação. Deixa de ser punitiva e assume a função de verificar
o nível de aprendizagem dos alunos.
A avaliação apresenta três funções, classificadas em três modalidades, que são: diagnóstica,
formativa e somativa.

37/134 Unidade 2 • A Avaliação na Escola de Hoje


A Avaliação Diagnóstica é a que se realiza A Avaliação Somativa tem como função
no início de um curso para constatar se a classificação, é realizada no final do
o aluno apresenta ou não o domínio dos ano letivo e tem como objetivo principal
pré-requisitos para novas aprendizagens; o classificar o aluno de acordo com os níveis
nome já diz: faz-se um diagnóstico do que de aproveitamento, geralmente tendo em
o aluno sabe. vista a promoção ou retenção.
A Avaliação Formativa tem como função Há vários instrumentos de avaliação
o controle, sendo realizada durante todo que podem ajudar muito a pensar nas
o ano letivo, a fim de verificar se os alunos intervenções que auxiliam os alunos e,
estão atingindo os objetivos propostos. principalmente, orientar os professores
Permite ao professor detectar e identificar em sua prática: muitas vezes estão tão
dificuldades, quer seja na comunicação envolvidos que não conseguem ter um
ou na forma de ensinar, possibilitando olhar diferenciado.
reformulações no seu trabalho didático
e servindo como “meio de controle de 2. Fases do Desenho Infantil
qualidade”. Ela é muito flexível, pois orienta
o estudo do aluno e o próprio trabalho do É importante ressaltar que as etapas do
professor. desenvolvimento do desenho infantil
38/134 Unidade 2 • A Avaliação na Escola de Hoje
ocorrem independentemente do país onde • Descarrega as energias, o que é muito
a criança vive. salutar, e os movimentos são amplos
Da importância do desenho na vida da e livres. O adulto não pode interferir.
criança, há necessidade de o educador • Segura o lápis de diversas maneiras e
saber as fases do desenho infantil para tem dificuldade em permanecer nos
que, além de conhecer melhor os seus limites do papel, que deve ser grande.
alunos, possa também avaliar – não com • Muitas vezes não olha para o papel:
conceitos pré-estabelecidos, mas sim o surpreende-se com suas mãos
que a criança quer mostrar ao adulto. agarradas a um lápis e com o traço
1ª Fase – 18 meses a 4 anos que fica no papel.
Garatuja ou Rabiscação • Percebe movimentos musculares
e a posição dos membros: caráter
• A criança desenha por desenhar,
cinestésico.
não há uma intenção. São rabiscos
desordenados, as folhas são rasgadas • Rabisca no chão, nas paredes e nos
ou furadas com a ponta do lápis. Não móveis.
há preocupação com a cor, uma única
a satisfaz.
39/134 Unidade 2 • A Avaliação na Escola de Hoje
Garatuja Intencional ou Controlada Começa também a fazer ligação
entre os movimentos e o mundo que
• A criança apresenta alguma intenção.
a rodeia, daí a atribuição de nomes às
A imaginação já começa a se delinear,
garatujas que faz.
mas não há ainda a representação da
figura humana. O adulto pode compartilhar da alegria
da criança em garatujar, e nem sempre
• Já não são apenas rabiscos: aparecem precisa perguntar o que ela fez ou o que
os semicírculos de vários tamanhos, está fazendo, pedindo explicações. Cabe
a cor não é usada conscientemente ainda ressaltar que, nessa fase, a criança
e, às vezes, aparecem várias cores não necessita de motivação especial para
diferentes. desenhar. Para ela, garatujar é tão natural
• Sente prazer em preencher a folha como dormir ou se alimentar.
e ensaia novos movimentos para É uma pena, mas os pais nem sempre
segurar o lápis, o giz ou o curton, além guardam as garatujas que são feitas em
de se sentir confiante. casa ou na escola. A garatuja é um dos
• Descobre que os traços no papel têm registros mais importantes da vida infantil,
ligação com seus movimentos, e isto pois representa o início da linguagem e
a estimula a variar esses movimentos. da expressão. Acrescente-se ainda que a
40/134 Unidade 2 • A Avaliação na Escola de Hoje
maneira como as garatujas são recebidas de qualquer ideia de proporção.
pelos pais e professores tem grande Acrescenta-se que se trata de uma
influência no desenvolvimento da criança. fase egocêntrica.
As técnicas usadas nas atividades de • Busca uma forma (esquema) para a
expressão, nessa primeira fase, devem representação da figura humana. Os
ser bem simples. A criança está no início símbolos que desenha variam muito:
das suas descobertas: tudo que lhe for a figura humana desenhada pela
apresentado deverá ser adequado à sua manhã poderá ser substituída por
idade. Alguns exemplos: curton, gizão, outra à tarde; e assim será, até que
canetas hidrográficas grossas, estacas, encontre o seu próprio esquema.
pintura a dedo, tinta plástica não tóxica, • Sua criatividade está diretamente
guache espesso. relacionada com a respectiva
2º Fase – 4 a 7 anos experiência individual. Daí a
Pré-esquemática ou Figuração importância de se proporcionar
Esquemática ou Início da Figuração vivências significativas e adequadas,
para enriquecer o repertório
• A criança busca o conceito de forma: expressivo da criança.
está em busca da forma e necessita
41/134 Unidade 2 • A Avaliação na Escola de Hoje
• Seus temas preferidos: casas, árvores, • Pincéis de vários tipos serão
figuras humanas e animais. As apresentados, mas um de cada vez.
formas e temas que a criança começa • As texturas e os tipos de papéis
a realizar refletem suas próprias podem variar: tinta não tão espessa,
experiências. giz e cola, pintura a dedo, curton,
• A cor nessa fase é emocional. anilina, cola plástica, terra e água,
Exemplo: uma árvore pintada de roxo, anil e água.
sem relação com a realidade. • Nessa fase podem ser usadas várias
• O desenho e a pintura poderiam ser técnicas para as atividades dirigidas.
constantes e naturais, como andar, O importante é o realizar e não o
correr, falar, pensar, comer, pois são como realizar.
básicos para a criança. 3ª Fase – 7 a 9 anos
• As técnicas, nesta fase, podem ser Fase Esquemática ou Figuração
elaboradas, mas não se esquecer das Esquemática ou Esquematismo
mais simples, com as quais a criança
se expressa melhor, que já vivenciou e • Ultimamente, pela estimulação, esta
conhece o material. fase já está presente na Educação

42/134 Unidade 2 • A Avaliação na Escola de Hoje


Infantil. É o apogeu do desenho uma árvore, mas sim que a casa está
infantil, quando a criança desenvolve no chão, e a árvore e o carro idem.
o conceito definido de forma e • Em suas representações, aparece
descobre o seu próprio esquema para a linha base de 6 anos, que
cada coisa a ser apresentada. corresponde a um dos fatores de
• O esquema da figura humana é prontidão para a alfabetização.
diferente de uma criança para • Rebatimento, transparência, linha
a outra, pois esse esquema base dupla. Nesta etapa, a criança
é muito individual e reflete o descobre que existe relação entre
desenvolvimento de cada uma o objeto e a cor, por isso sugere-se
delas: a riqueza desse esquema a introdução do uso do lápis de cor
depende das experiências anteriores nesta fase, e não na anterior.
da criança e não deve haver
interferência do adulto. • As técnicas apresentadas devem
variar bastante, e tudo o que rodeia a
• A grande descoberta é a existência criança deve ser aproveitado, como,
de uma ordem definida nas relações por exemplo, as sucatas do lar.
espaciais, e a criança não pensa mais
como na fase anterior: uma casa,
43/134 Unidade 2 • A Avaliação na Escola de Hoje
• Devem ser explorados: as texturas de • Na figura humana, há diferenciação
papéis variados, os pincéis chatos, dos sexos e as linhas são mais
largos, finos e grossos, roliços e com realistas. Aquele esquema da fase
pelos macios e duros. anterior é modificado. Descobrem-se
• A despeito de ultrapassarem o os planos que existem.
período da Educação Infantil, as três • Há relação subjetiva com as cores,
fases seguintes têm a finalidade com as pessoas e os objetos, há
de oferecer ao educador condições também uma significação emocional.
para conhecimento e avaliação mais 5ª Fase – 13 a 18 anos
abrangentes da criança até sua
Regressão ou Crise da Adolescência
adolescência.
4ª Fase – 9 a 11 anos • Consciência mais apurada do que na
fase anterior. Há uma preocupação
Figuração Realística ou Princípio do
com o meio, com a cor, com a
Realismo ou Realismo Lógico
aparência, com a autoexpressão.
• Há maior consciência do eu e um Enfoque emocional das experiências
afastamento do esquema das linhas particulares, subjetivas. Abstração.
geométricas.
44/134 Unidade 2 • A Avaliação na Escola de Hoje
• Na representação humana, aparece 2.1 O que o Desenho Pode Re-
a luz e a sombra. Representação das velar
impressões momentâneas, realistas
e individuais. Há variações de A criança que teve oportunidade de
tonalidades e reflexos. extravasar, exteriorizar, colocar para fora
tudo o que sentia, certamente reunirá
• As cores usadas têm um significado
condições muito mais favoráveis para
emocional e psicológico. Em torno
se tornar um adulto ajustado e feliz.
dos 14 anos, o adolescente deixa de
Entretanto, se não lhe foram oferecidas
desenhar: a maioria reconhece que
oportunidades de livre expressão, e ela
o desenho que faz não condiz com a
então se limitou apenas a pintar contornos
realidade. Após a maturidade, alguns
preestabelecidos e a receber e cumprir
retornam ao desenho. Para o artista
ordens do tipo pinte aqui, contorne
há o desabrochar.
ali, essa criança deverá, infelizmente,
carregar inseguranças e dependências até
a vida adulta, com todos os agravantes
decorrentes e inevitáveis.

45/134 Unidade 2 • A Avaliação na Escola de Hoje


Estão relacionados a seguir, alguns • Se a criança só desenha uma casa é
aspectos que poderão ser detectados por porque ainda não saiu dela.
meio das atividades que a criança realiza: • De modo genérico, a criança tímida
• Como está o interior da criança e em faz desenhos pequenos e a criança
qual fase do desenho se encontra. Às expansiva faz desenhos grandes.
vezes ela está aquém, outras vezes • As cores têm muito a ver com o
além da idade cronológica. emocional.
• O preto no desenho, não nos • A criança tranquila pinta suavemente
detalhes, mas com muita constância, e a agressiva calca muito o lápis.
é sinal de urgência. Deve se dar
• As figuras humanas desenhadas por
oportunidade para a criança colocar
uma criança têm sempre o mesmo
para fora o que está sentindo.
esquema, mas em algumas ela pode
• Se o uso da cor preta for esporádico, acrescentar mais detalhes – quando
não há motivo para preocupação, o motivo é sempre o mesmo, apesar
só na hipótese de persistência é das técnicas variadas, é porque, de
que os pais deverão ser chamados e algum modo, ele marcou sua vida.
orientados.
46/134 Unidade 2 • A Avaliação na Escola de Hoje
• O tamanho revela muita coisa, o • Criança “escanteada” desenha um
mesmo tamanho para a casa e a flor dos cantinhos do papel. Depois de
revela a maior importância da flor. identificar, deve-se incentivá-la a
• Desenho de figura humana sem reagir positivamente.
braços pode ser porque “a mãe bate • O desenho sujo é assunto de higiene,
muito”, com a boca excessivamente nada tendo a ver com a expressão
grande, pode ser porque a mãe grita artística.
muito.
• As letras no desenho indicam
• A cautela é indispensável na interesse por elas. A criança sabe que
avaliação de um desenho: se houver
significam algo.
frequência, deve-se comunicar
internamente e, se necessário, aos • Se a criança deixar o seu nome no
pais, mas com a devida orientação. desenho com letras grandes é porque
deseja deixar a sua marca naquilo que
• Fatos marcantes como o ataque
às Torres Gêmeas, os tsunamis, os fez ou está fazendo.
furacões, os tufões, as enchentes, • Ultrapassar a margem da folha é
por algum tempo ganham atenção e positivo: sinal de criatividade e
motivam os desenhos das crianças. autoconfiança.
47/134 Unidade 2 • A Avaliação na Escola de Hoje
• Desenhar antena ou fumaça na casa 3. Os Níveis da Escrita
é sinal de que sabe que na casa existe
vida. É muito importante que se verifique os
níveis da alfabetização (hipóteses de
• Sol no desenho indica a presença
leitura e escrita). No trabalho em classes
marcante do pai na vida da criança.
de alfabetização não existe uma ordem de
Esses procedimentos relacionados são como as coisas devem ser feitas. Os alunos
recomendados como um sumário de não aprendem aos pedaços, geralmente do
atitudes básicas, que serão incorporadas mais fácil para o mais difícil. Eles aprendem
ao dia a dia do trabalho, como uma fonte fazendo relações entre tudo o que fazem,
permanente de consulta. O desenho, o que costuma-se chamar de campo
portanto, pode ser entendido e analisado conceitual de alfabetização.
como uma expressão rica de intenções.
(PERONDI; SANVITTO; TRONCA, 2001). O que vem a ser isso? É um conjunto de
situações que dão sentido aos atos de ler
e escrever. Por isso eles aprendem lendo e
escrevendo.

48/134 Unidade 2 • A Avaliação na Escola de Hoje


Primeiro nível – Pré-silábico I nome com muitas letras e coisas pequenas
Nesse nível o aluno pensa que escreve com devem ter nomes com poucas letras.
desenhos. As letras não querem dizer nada. Terceiro nível – Silábico
Geralmente misturam letras, símbolos, O aluno descobriu que as letras
números e é comum, quando a professora representam os sons da fala, mas pensa
pede para escrever “BOLA”, por exemplo, que cada letra é uma sílaba oral. Exemplo:
ele desenhar uma bola. CABEÇA – CBC ou AEA.
Segundo nível – Pré-silábico II Quarto nível – Alfabético
O aluno já sabe que não se escreve com O aluno compreendeu como se escreve
desenhos. Ele já usa letras ou, se não usando as letras do alfabeto. Descobriu
conhece nenhuma, usa algum tipo de que cada letra representa um som da fala
sinal ou rabisco que lembre letras. Nesse e que é preciso juntá-las de um jeito que
nível ele não sabe que as letras podem ter formem as palavras da língua.
qualquer relação com os sons da fala. Ele
É muito importante realizar uma
só sabe que se escreve com símbolos, mas sondagem, pensando em intervenções
não relaciona esses símbolos com a língua para que os alunos possam avançar nas
oral. Acha que coisas grandes devem ter suas hipóteses de escrita e leitura.
49/134 Unidade 2 • A Avaliação na Escola de Hoje
3.1 Teste de Sondagem da Es- está escrito formiga. Observe a superação
crita do realismo nominal.
Registro:
Materiais
( ) Fase pré-silábica.
• Folha de papel sulfite.
( ) Fase pré-silábica II.
• Lápis grafite.
( ) Fase silábico-alfabética.
• Borracha.
( ) Fase alfabética.
Peça à criança que escreva o nome dela.
Dite as palavras uma a uma e peça-lhe que 4. Técnicas Projetivas – Par
escreva: elefante, formiga, cachorro, tigre e Educativo
rã.
Dite a frase e peça-lhe que escreva: a Idade: 6 a 7 anos.
formiga picou o meu pé. Vínculo: escolar.
Entregue-lhe dois cartões. Em um estará Autora: Malvina Oris e Maria Luisa S.
escrito boi, e no outro, formiga. Peça-lhe Ocampo.
que aponte onde está escrito boi e onde
50/134 Unidade 2 • A Avaliação na Escola de Hoje
Objetivo: investigar os vínculos de • Pergunta complementares.
aprendizagem. Análise (baseada no livro Técnicas
Procedimento: Projetivas, de Jorge Visca):
Consigna: gostaria que você desenhasse • Tamanho total do desenho: encontra-
duas pessoas: uma que ensina, outra que se vinculado à importância que a
aprende. aprendizagem tem em sua vida.
Após o desenho: • Tamanhos muito pequenos ou
muito grandes: vínculo negativo
• Como se chamam estas pessoas?
com a aprendizagem.
• Que idade possuem?
• Tamanhos bem dimensionados:
• O que está se passando no seu relação equilibrada, em que
desenho? o positivo e o negativo estão
• Se você desse um título para o seu adequadamente integrados.
desenho, como ele se chamaria?
• Tamanho dos personagens:
Poderia escrevê-lo?
• Tamanho pequeno: o vínculo não é
• Gostaria que escrevesse algo sobre
importante. Indica desvalorização.
seu desenho.
51/134 Unidade 2 • A Avaliação na Escola de Hoje
• Tamanho médio: o vínculo é • Tamanho do docente igual ao
relativamente importante. do aluno: o vínculo com aquele
• Tamanho grande: do professor que ensina está confuso, não há
pode indicar supervalorização discriminação.
deste, o que nem sempre é • Corpo:
positivo, pois pode sugerir
• Só cabeças – supervalorização
perseguição. Se o tamanho
intelectual que resulta
grande for a figura do aluno,
persecutório.
poderá indicar negação de suas
dificuldades e alterações na • Corpo do docente inacabado –
aprendizagem, mas também pode pode significar agressão oculta a
caracterizar vínculo positivo. quem ensina.
• Professor grande aluno pequeno: • Simplificação dos objetos –
quem ensina é supervalorizado. desvalorização do vínculo de
• Aluno grande e professor aprendizagem com o docente,
pequeno: o vínculo com a figura de quando o entrevistado não possui
quem ensina é negativo, pois este dificuldade para desenhar.
não é valorizado.
52/134 Unidade 2 • A Avaliação na Escola de Hoje
• Tamanho dos objetos: • Lado a lado: regula o vínculo de
• Muito grandes: pode servir aprendizagem.
para separar quem ensina e • Os dois de costas um para o
quem aprende ou aprendente e outro: vínculo negativo com a
conteúdo. aprendizagem.
• Muito pequenos: pode significar • Quem ensina de costas para quem
depósito de projeções negativas e aprende: há o sentimento de sentir
deslocadas. se rejeitado pelo professor.
• Tamanho adequado: pode • Quem aprende de costas para
significar depósito de projeções quem ensina: há o sentimento de
positivas. rejeitar o professor.
• Posição dos personagens (quem • Distância entre os personagens e o
ensina e quem aprende): objeto de aprendizagem:
• Frente a frente: indica vínculo • Grande distância: indica que
positivo com a aprendizagem. não há um compromisso com o
conteúdo a ser aprendido.

53/134 Unidade 2 • A Avaliação na Escola de Hoje


• Pequena distância: indica que • Local da cena:
o conhecimento está sendo • Âmbito escolar: melhor vínculo
supervalorizado no momento de com a aprendizagem sistemática,
transmissão. podendo ser positivo ou negativo.
• Distância adequada: o professor • Âmbito extraescolar: melhor
é visto como alguém que utiliza vínculo com a aprendizagem
os conteúdos como instrumentos assistemática.
para ensinar e aprender.
(VISCA, 2008)
• Perspectiva (contextualização
tridimensional):
• Desenho com perspectiva: vínculo
positivo e maduro do ponto de
vista afetivo, cognitivo e social,
já que o sujeito consegue, desta
forma, realizar os movimentos de
descentração.

54/134 Unidade 2 • A Avaliação na Escola de Hoje


Para saber mais
Existe uma cartilha de domínio público que está
disponível gratuitamente em: <http://www.
aprendercrianca.com.br/index.php/cartilha-
do-educador>. Acesso em: 3 set. 2014. Nesta
cartilha você poderá ver o desempenho escolar,
a saúde mental em crianças e adolescentes
brasileiros, a análise dos resultados e as
recomendações para o educador com base nas
evidências científicas.

55/134 Unidade 2 • A Avaliação na Escola de Hoje


Glossário
Inclusão: igualdade, fraternidade, direitos humanos ou democracia. No âmbito escolar, refere-se a
crianças e jovens com necessidades educativas (SANCHES, TEODORO, 2006). Indica uma inserção total
e incondicional da pessoa com necessidades educacionais especiais, alunos com quaisquer déficits e
necessidades, na escola regular, exigindo a transformação da escola, sua adaptação às necessidades dos
alunos, uma ruptura com o modelo tradicional de ensino (BATISTA, ENUMO, 2004).
Fernández: A psicopedagoga argentina Alicia Fernández foi uma das precursoras da psicopedagogia
no Brasil e é responsável pela formação de parte dos profissionais da área em nosso país. É autora de Os
idiomas do Aprendente, O Saber em jogo, A Inteligência Aprisionada, A Mulher escondida na professora e
de Psicopedagogia em Psicodrama – morando no Brincar. Para mais informações, consulte: http://www.
epsiba.com/profesores.
Cinestésico: O mesmo que cinestético: Relativo ou pertencente à cinestesia: Sentido que permite ao ser a
percepção dos movimentos musculares, peso e posição dos membros etc.

56/134 Unidade 2 • A Avaliação na Escola de Hoje


?
Questão
para
reflexão

Com base na leitura da cartilha indicada, aponte as principais


condutas que devem ser adotadas para evitar o fracasso
escolar. Em seguida, reflita: por que é tão difícil executar as
orientações dadas pela cartilha no dia a dia?

57/134
Considerações Finais (1/2)

Os níveis da escrita auxiliam no sentido da proposta de atividades que


ajudem os alunos a avançar nas suas hipóteses. Com trabalho paralelo
junto ao professor é possível reduzir o fracasso escolar.
Toda proposta educacional adequada deve considerar o conhecimento
prévio do aluno sobre a escrita e, principalmente, o contato que possui
com a leitura.
Toda a avaliação que se faz deve ter o olhar individualizado e partir
do pressuposto “o que ele sabe”. Essa avaliação é individual e se faz
necessário reavaliar após a intervenção.
Deve-se ter conhecimento das fases do desenho infantil,
principalmente da fase que corresponde à faixa etária em que está
trabalhando.

58/134
Considerações Finais (2/2)
Ao detectar problemas que a criança revele por meio das atividades
de expressão, jamais comentar algo com ela ou perto dela. Quanto aos
pais, informá-los se houver constância nos motivos que são expressos
pela criança.
O Par Educativo é uma importante ferramenta para investigar os
vínculos de aprendizagem, a relação aluno escola.

59/134
Referências

BATISTA, Marcus Welby; ENUMO, Sônia Regina Fiorim. Inclusão escolar e deficiência mental:
análise da interação social entre companheiros. Estudos de Psicologia, v. 9, n. 1, 2004, p. 101-111.
BOSSA, Nadia A. A Psicopedagogia no Brasil. Porto Alegre, Artes Médicas, 2000.
CAPOVILLA, A, G.S.; CAPOVILLA, F.C. Problemas de leitura e escrita: como identificar, prevenir e
remediar numa abordagem fônica. 2º ed. São Paulo, SP: Mennon, Edipusp, FAPESP, 2003.
CHALITA, Gabriel. Progressão Continuada: Espinha Dorsal da Política Educacional. In: CENTRO
DE REFERÊNCIA EM EDUCAÇÃO MÁRIO COVAS. [entre 2002 e 2006], São Paulo. Fórum de
Debates. Transcrição da apresentação gravada. Disponível em: <http://www.crmariocovas.
sp.gov.br/pro_l.php?t=01>. Acesso em: 1 out. 2012.

DICIONÁRIO Melhoramentos. São Paulo: Melhoramentos, 1998.


FERNÁNDEZ, Alicia. A Mulher Escondida na Professora: Uma leitura psicopedagógica do ser
mulher, da corporalidade e da aprendizagem. Porto Alegre, RS: Artmed, 2001.
GALVÃO, Izabel. Henry Wallon: uma concepção dialética do desenvolvimento da criança.
Petrópolis: Vozes, 1995.
HOFFMANN J. Contos e contrapontos do pensar ao agir em avaliação. 2º Ed. Porto Alegre:
Mediação, 1998.
60/134 Unidade 2 • A Avaliação na Escola de Hoje
MANUEL S. Col. Avaliação psicopedagógica. Porto Alegre: Artmed, 2008.
PCN em Ação m- alfabetização – MEC. Brasília 1999.
PERONTI, J. D.; SANVITTO, D.; TRONCA, F. Z. Processo de Alfabetização e Desenvolvimento do
Grafismo Infantil. EDUCS: 2001.
PORTO, O. Psicopedagogia Institucional. Rio de Janeiro: Editora Wak, 2011.
RUBINSTEIN, Edith. A especificidade do diagnóstico psicopedagógico. In SISTO, FIRMINI
FERNANDES et al. Atuação psicopedagógica e aprendizagem escolar. Petrópolis, RJ: Vozes, 2002.
SAMPAIO, S. Manual Prático do Diagnóstico Psicopedagógico Clínico. Rio de Janeiro: Wak, 2012.
SAMPAIO, S. Orgs. Transtornos e dificuldades de aprendizagem. Rio de Janeiro. Wak 2011.
SANCHES, Isabel; TEODORO, António. Da integração à inclusão escolar: cruzando perspectivas
e conceitos. Revista Lusófona de Educação, v. 8, 2006, p. 63-83.
VISCA, Jorge. Clínica psicopedagógica. Epistemologia convergente. Porto Alegre: Artes Médicas, 1998.
VYGOTSKY, L. S. A construção do pensamento e da linguagem. São Paulo: Martins Fontes, 2000.
WEISS, M.L.L. Psicopedagogia clínica: uma visão diagnóstica dos problemas de aprendizagem
escolar. Rio de janeiro: DP&A, 2003.
61/134 Unidade 2 • A Avaliação na Escola de Hoje
Assista a suas aulas

Aula 2 - Tema: Avaliação na Escola - Bloco I Aula 2 - Tema: Recursos para Avaliação - Bloco II
Disponível em: <http://fast.player.liquidplatform.com/ Disponível em: <http://fast.player.liquidplatform.com/
pApiv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f1d/ pApiv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f-
26f63059f6e112466674cab128dc7cff>. 1d/6b3b1c084a8044cc9260869bed4fe779>.

62/134
Assista a suas aulas

Aula 2 - Tema: Níveis da Escrita - Bloco III Aula 2 - Tema: Propostas para Avaliação - Bloco
Disponível em: <http://fast.player.liquidplatform.com/ IV
pApiv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f1d/ Disponível em: <http://fast.player.liquidplatform.com/
a5180944653782aad792dd90cfcee160>. pApiv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f1d/
84f086e652c7c8c31066792045d7e8a8>.

63/134
Questão 1
1. A sondagem é um dos recursos dispostos para conhecer as hipóteses
que os alunos ainda não alfabetizados têm sobre a escrita alfabética. É um
momento em que também o aluno tem oportunidade de refletir enquanto
escreve, com a ajuda do adulto. O texto trata-se:

a) Trata-se de uma avaliação diagnóstica do processo de aprendizagem do sistema alfabético,


que não é estática. É o retrato do momento em foi realizada e pode mudar, inclusive, de um
dia para outro.
b) Trata-se de uma avaliação estática que permite propor aos alunos atividades que os
ajudem a avançar nas suas hipóteses de escrita.
c) Trata-se de uma linguagem escrita e oral e está presente em todo o processo da
alfabetização.
d) Trata-se de uma intervenção sem muita importância no processo da leitura e da escrita,
em que os alunos podem avançar nas suas hipóteses com ou sem intervenção.
e) Trata-se de um importante recurso disposto para conhecer as hipóteses dos alunos. Esse
recurso está intimamente ligado ao processo de avaliação cumulativa.

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Questão 2
2. O conceito de Progressão Continuada fundamenta-se:

a) O processo de aprendizagem é igual para todos. Todos aprendem da mesma forma, uns
mais cedo outros mais tarde.
b) Todo mundo pode aprender. E que o processo de aprendizagem não precisa ser igual para
todo mundo.
c) O aluno pode aprender desenvolvendo habilidades e competências.
d) Essa avaliação não é significativa para a aprendizagem.
e) É uma avaliação em que não pode reter o aluno, ele deverá ser promovido.

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Questão 3
3. Três formas de avaliação estão intimamente ligadas. São elas:

a) Sondagem, avaliação Somativa e Classificatória.


b) Avaliação Formativa, Classificatória e Sondagem.
c) Avaliação Classificatória, Seletiva e Somativa.
d) Sondagem, avaliação Seletiva e Somativa.
e) Avaliação Diagnóstica, Formativa e Somativa.

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Questão 4
4. Partindo do sentido pleno da prática da avaliação da aprendizagem é
possível afirmar que:

a) A avaliação só pode funcionar efetivamente em um trabalho educativo sob a modalidade


da verificação.
b) A avaliação é um diagnóstico da qualidade dos resultados intermediários e finais.
c) A avaliação da aprendizagem, apesar de ser diagnóstica é classificatória.
d) A avaliação da aprendizagem contribui para fazer dela algo concreto e não um processo.
e) Porque avaliar trata-se de um instrumento de aprendizagem.

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Questão 5
5. Fazem parte das Provas Operatórias:

a) Provas de conservação de peso, líquido, volume, matéria e comprimento.


b) Classificação, seriação, espaço predição e pensamento formal.
c) Seriação, classificação, espaço, pensamento formal e pequenos conjuntos discretos de
elementos.
d) Provas de conservação, classificação, seriação e pensamento formal.
e) Seriação, classificação, conservação, seriação, pensamento formal e pequenos conjuntos.

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Gabarito
1. Resposta: A. 3. Resposta: E.
Para aprender a ler e a escrever é Basicamente, a avaliação apresenta
necessário pensar sobre a escrita, pensar três funções e existem três modalidades
sobre o que a escrita representa e como de avaliação: Diagnóstica, Formativa e
ela representa graficamente a linguagem. Somativa. Essas três formas de avaliação
A sondagem é um recurso muito são intimamente vinculadas para garantir a
importante que se destina a identificar eficiência e a eficácia do processo ensino-
quais são as dificuldades do aluno e quais aprendizagem.
procedimentos utilizar.
4. Resposta: B.
2. Resposta: B.
A prática da avaliação da aprendizagem
A progressão continuada não é boa só para só será possível na medida em que estiver
diminuir a evasão escolar, ela a diminui efetivamente interessado na aprendizagem
também, mas o conceito de Progressão do educando. A avaliação implica a
continuada é que todos podem aprender. retomada do curso de ação, se ele não tiver
E que o processo de aprendizagem não sido satisfatório, ou a sua reorientação,
precisa ser o mesmo para todos os alunos. caso esteja se desviando. A avaliação é um
69/134
Gabarito
diagnóstico da qualidade dos resultados
intermediários ou finais.

5. Resposta: D.

A aplicação das provas operatórias tem


como objetivo determinar o nível de
pensamento do sujeito, realizando uma
análise quantitativa, e reconhecer as
diferenças funcionais, realizando um
estudo predominantemente qualitativo.
(VISCA, p. 11, 1995). As provas operatórias
são as de: conservação, classificação,
seriação, espaço e pensamento formal.

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Unidade 3
Intervenção

Objetivos

1. Pensar em intervenção exige compreensão das questões envolvidas


no processo ensino-aprendizagem. Competência para identificá-las e
resolvê-las, autonomia para tomar decisões, responsabilidades pela opção
feita. Exige também capacidade de avaliar criticamente a sua própria
atuação e o contexto em que ela ocorre, de interagir cooperativamente
com a comunidade escolar que se faz parte e de manter-se atualizado.
2. Esta aula visa discutir a relação escola terapeutas, orientação ao professor
e como proceder nas devolutivas, tanto ao professor quanto aos pais,
enfim, elucidar estas relações, destacando diferentes contextos em que a
comunicação ocorre.

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Introdução

Parte-se do seguinte pressuposto: ser um a psicanálise pode fornecer embasamento


psicopedagogo que pensa e toma decisões para compreender o mundo inconsciente
é ser um profissional que desenvolve o do sujeito; a psicologia genética
“saber fazer” e a compreensão do “para proporciona condições para analisar o
que fazer”, articulando a reflexão sobre desenvolvimento cognitivo do indivíduo,
“o que”, “como”, “para que” e “quem vai a psicologia possibilita compreender o
aprender”, de forma que garanta aos seus mundo físico e psíquico; a linguística
pacientes o acesso a boas situações de permite entender o processo de aquisição
aprendizagens. Para planejar intervenções da linguagem, tanto oral como escrita. Em
psicopedagógicas pertinentes e de todas essas áreas encontram-se autores
qualidade é preciso interpretar e analisar o renomados, que contribuem para o
contexto da realidade educativa. crescimento da psicopedagogia, tanto no
De acordo com Pinto, é fundamental âmbito preventivo como no clínico (PINTO,
para a psicopedagogia que o profissional 2003, p. 37).
faça um trabalho interdisciplinar, pois É possível concluir que o campo da atuação
o conhecimento específico das diversas da Psicopedagogia é a aprendizagem, e
teorias contribui para o resultado eficiente sua intervenção é preventiva e curativa,
da intervenção pedagógica. Por exemplo, pois se dispõe a detectar problemas de
72/134 Unidade 3 • Intervenção
aprendizagem e “resolvê-los”, além de pais. Bossa (1994, p. 13) define três
preveni-los, evitando que surjam outros. níveis de prevenção no trabalho
O papel do psicopedagogo é detectar psicopedagógico institucional: no
possíveis problemas no processo ensino- primeiro nível, o psicopedagogo atua
aprendizagem, para que possa propor nos processos educativos com o objetivo
ações que trabalhem com a orientação, de diminuir a frequência dos problemas
tanto dos professores como das famílias. de aprendizagem. Seu trabalho incide
nas questões didático-metodológicas,
Segundo Beatriz Scoz, em Psicopedagogia bem como na formação e orientação de
e Realidade Escolar – O Problema Escolar e professores, além de fazer aconselhamento
de Aprendizagem, “[...] a psicopedagogia aos pais. No segundo nível, o objetivo
deve ser direcionada não só para os é diminuir e tratar problemas de
descompassos da aprendizagem, mas aprendizagens já instalados. Para tanto,
também para uma melhoria da qualidade cria-se um plano diagnóstico da realidade
de ensino nas escolas” (1996, p. 8). institucional e elabora-se planos de
E nesse, contexto há a figura do intervenção baseados nesses diagnósticos,
psicopedagogo, que tem relação a partir do que se procura avaliar o
com a escola, professores, alunos e currículo com os professores para que não

73/134 Unidade 3 • Intervenção


se repitam tais transtornos. No terceiro nível, o objetivo é eliminar os transtornos já instalados,
em um procedimento clínico com todas as suas implicações.

1. Ficha de Visita à Escola

Aluno:
Escola:
Data de Nascimento:
Ano de escolaridade:
Repetiu o ano alguma vez?
( ) sim quantas vezes: _____ ( ) não
1. Como está o aluno hoje na escola?
2. Em que o aluno se destaca na escola?
3. Como é o comportamento social e afetivo do aluno?
4. Em relação à aprendizagem, como é o histórico do aluno?

74/134 Unidade 3 • Intervenção


5. O aluno faz as lições de casa? 2. Mapeamento Institucional
6. O aluno é assíduo?
O mapeamento institucional é um método
7. O aluno presta atenção às aulas? que permite analisar a instituição escolar,
8. Você acha que houve alguma evolução observando minuciosamente não somente
do aluno nos últimos tempos? aquilo que é dito, mas o que não é dito por
meio de observações, gestos e postura
9. Como a escola acha que poderia ajudá-
das pessoas que estão respondendo às
lo?
perguntas.
10. Em que a escola acha que o
O psicopedagogo necessita ser o mais
psicopedagogo poderia auxiliá-lo?
isento possível para uma avaliação
Observações: fidedigna e que esta esteja mais próxima
Cidade, data e ano. da realidade, para uma posterior proposta
pedagógica.
Assinatura do psicopedagogo e de quem
participou da entrevista. I. Identificação da Unidade Escolar
Entidade mantenedora.
Nome e endereço completo.
75/134 Unidade 3 • Intervenção
Decreto de criação e/ou Quais as principais tradições
transformação/Atos e/ou Portarias. culturais? Que tipos de atividades de
Autorizativa de Funcionamento de lazer são mais presentes?
Cursos. Há outras escolas na área?
Cursos que oferece: níveis de Como é feito o atendimento de saúde
modalidades com as respectivas da comunidade?
matrizes curriculares. Descrição da realidade da
Estrutura dos cursos (série, ciclos, comunidade.
grupos não seriados). Quais as dificuldades existentes
Classificação da escola. no dia a dia da escola com relação
II. Caracterização socioeconômica e à aprendizagem dos alunos, ao
cultural da comunidade escolar ambiente escolar, às disciplinas e ao
trabalho dos professores?
Quais as principais atividades
socioeconômicas de minha Quais são as causas da distância
comunidade? entre a realidade e o ideal
pretendido?

76/134 Unidade 3 • Intervenção


Que atividades são mais bem aceitas Sistema de avaliação
pelos alunos? Recursos físicos disponíveis (salas
Como as famílias participam do de aula, biblioteca, espaços de novas
desenvolvimento do currículo? tecnologias, espaços livres).
III. Estrutura e organização da escola Currículo, programa e projetos.
Recursos humanos existentes. IV. Quanto aos turnos e horários da
Calendário escolar (distribuição escola
das aulas, estudos de recuperação, O calendário escolar prevê tempo
reuniões pedagógicas e destinado ao encontro dos
administrativas, conselhos de classe, professores para estudo, discussão e
atividade extraclasse). implementação de projetos?
Matrícula. V. Quanto aos recursos físicos
Organização das turmas. Existem horários para frequência à
biblioteca pelos alunos e professores?
Transferência.
A biblioteca atende às necessidades
Turnos e horários da escola.
dos alunos e professores?
77/134 Unidade 3 • Intervenção
Em caso negativo, o que fazer para desenvolvimento do aluno? Ou a
melhorá-la? simples reprovação, desconsiderando
A escola busca utilizar novas que o erro pode ser indicador de
tecnologias disponíveis? caminhos para a correção?

Programas de T.V. e vídeos são O que acontece com o aluno


aproveitados para discussão dos reprovado: melhora, piora ou mantém
professores, alunos, comunidade? o mesmo rendimento?

Existe horário estipulado para Assim, ao elaborar o seu Projeto


utilização de computadores pelos Pedagógico, é preciso que a escola
alunos? discuta e organize critérios.

VI. Quanto ao sistema de avaliação A escola vai trabalhar com nota,


conceito, relatório, registro
Como é organizada a avaliação no individual?
cotidiano da escola?
Quais os objetivos da avaliação?
Redimensionar as atividades
pedagógicas para promover o

78/134 Unidade 3 • Intervenção


VII. Diagnóstico: dialogando com a formula seus objetivos amplos
realidade e suas metas, que devem ser
Diagnosticar não significa, apenas, perseguidos por todo o coletivo
levantar ou descrever problemas da Unidade Escolar. Convém
(GANDIM, 1994). O diagnóstico enfatizar que as metas devem ser
é, antes de tudo, o resultado do quantificadas. Por exemplo: baixar
confronto entre a situação que a a taxa de repetência, detectada no
escola vive e o que ela deseja viver. diagnóstico, de 30% para 5%. A
Ele implica, assim, um juízo de valor quantificação pode subsidiar a tarefa
que deve tomar como parâmetros os de acompanhamento e avaliação do
critérios definidos na fundamentação psicopedagogo embora, por si só, não
teórica e política. explicite os meios para atingi-la. Seria
melhor o exemplo: baixar a taxa de
VIII. Objetivos e metas repetência, detectada no diagnóstico,
A partir do diagnóstico, em que de 30% para 5%, por meio de aulas
são relacionadas as características de reforço oferecidas aos alunos
da comunidade e os problemas que não vêm acompanhando o
existentes na instituição, a escola desenvolvimento da turma.

79/134 Unidade 3 • Intervenção


IX. Programação a distância entre o real e o ideal na
É a proposta de ação para instituição?
aproximar a realidade existente • Que tipos de parcerias é preciso
da realidade desejada. A escola estabelecer?
vai estabelecer suas ações Procedimentos
concretas, tais como: projetos
para atualização de professores, • Como é organizada a prática
projetos interdisciplinares, projetos avaliativa nas diferentes disciplinas?
envolvendo a comunidade, a • Há uma discussão prévia entre os
gestão dos recursos, compra professores?
de equipamentos para escola, Recuperação paralela
reestruturação do espaço físico e
social, entre outros. • Como a escola planeja esta
recuperação?
• Quais ações concretas devem ser
desenvolvidas para alcançar os • Existem aulas de reforço para os
objetivos? alunos que não acompanham o
grupo?
• O que se deve realizar para diminuir
80/134 Unidade 3 • Intervenção
Progressão parcial Quanto ao currículo, aos programas e
aos projetos
• Como é oferecida a dependência?
• Os alunos podem efetivamente • As disciplinas são trabalhadas por
frequentá-la? meio da grande quantidade de
conteúdos ou há uma preocupação
• Os professores organizam programas com a seleção?
especiais?
• Como tem sido os resultados da
dependência?
Para saber mais
Ao planejar e programar uma ação, o
Aceleração da aprendizagem
psicopedagogo se defronta com vários problemas,
• Quais as estratégias têm sido todos de grande importância. Contudo, para obter
desenvolvidas e o que fazer para informações de valor científico, na medida do
obter melhores resultados? possível, é preciso usar metodologias adequadas,
a fim de evitar a identificação de fatores que
têm muita ou mesmo nenhuma relação com o
comportamento complexo que se deseja estudar
(PORTO, 2012 p.121).

81/134 Unidade 3 • Intervenção


Glossário
Intervenções psicopedagógicas: “Fala-se de intervenção como uma interferência que um profissional,
tanto o educador, quanto o psicopedagogo realiza sobre o processo de desenvolvimento ou aprendizagem
do sujeito, o qual pode estar apresentando problemas de aprendizagem”. “Exemplifica-se como
intervenções psicopedagógicas uma fala, um assinalamento, uma interpretação que o psicopedagogo
realiza na escola em crianças com transtorno de déficit de atenção com a finalidade de desvelar um padrão
de relacionamento, uma relação com o mundo e, portanto, com o conhecimento”. “Podemos considerar que
um dos objetivos da psicopedagogia é a intervenção, a fim de “ colocar-se no meio”, de fazer a mediação
entre a criança e seus objetos de conhecimentos” (TORRES, 2009, s/p).
Interdisciplinar: “prática interdisciplinar, no contexto da sala de aula, implica na vivência do espírito de
parceria, de integração entre teoria e prática, conteúdo e realidade, objetividade e subjetividade, ensino e
avaliação, meios e fins, tempo e espaço, professor e aprendiz, reflexão e ação, dentre os múltiplos fatores
integrantes do processo pedagógico” (GASPARIAN, 2010).
Diagnosticar: “Chamamos de diagnóstico psicopedagógico o processo de investigação de distúrbios,
transtornos ou patologias referentes a aprendizagem humana, ou seja tem como objetivo descobrir o que
pode estar influenciando e prejudicando a bom desenvolvimento humano” (BARBOSA, s/d).

82/134 Unidade 3 • Intervenção


?
Questão
para
reflexão
Assista ao vídeo que mostra o Teste do Marshmallow,
disponível em: <http://www.youtube.com/
watch?v=pohqqAUetog>. Acesso em: 6 ago. 2014.
Depois, acesse o site do Laboratório de Investigações
Neuropsicológicas e leia o texto O que um marshmallow
pode dizer sobre seu filho. Você poderá entender os objetivos
do trabalho de Walter Mischel, principalmente com
crianças em idade pré-escolar. Disponível em: <http://
neuropsicopedagogianasaladeaula.blogspot.com.br/2013/03/
teste-de-marshmallow.html>. Acesso em: 6 ago. 2014.

83/134
?
Questão
para
reflexão
A partir da resenha a seguir, faça uma lista de práticas de
ensino de caráter formativo que você indicaria para a escola.
“Resta agora saber se intervenções precoces na idade
escolar, treinando habilidades de postergação, de
gratificação e outras funções executivas, são capazes de
trazer benefícios para o desenvolvimento cognitivo de forma
estável desde a infância à idade adulta. Tais treinamentos,
se bem validados, poderiam ser realizados na própria escola,
agregando às práticas de ensino um caráter mais formativo
que informativo.”

84/134
?
Questão
para
reflexão
Na sala de aula, o psicopedagogo deve tomar
alguns cuidados para que não se opere mudança no
comportamento do professor e dos alunos. Alunos e
professores devem se acostumar com a presença do
psicopedagogo em sala; este deverá entrar várias vezes,
observando sem fazer a coleta de dados.
O processo, ou seja, a função da psicopedagogia
institucional é uma atividade que combina análise
documental, entrevistas com respondentes e informantes,
participação direta e introspecção. Existem aspectos

85/134
?
Questão
para
reflexão
relevantes a serem analisados: a relação do aluno com o
tempo, a sua flexibilidade diante das dificuldades, a sua
capacidade de resolves problemas, a forma de interpretar e
compreender.

86/134
Considerações Finais (1/2)

Para um bom trabalho coletivo, professor e psicopedagogo devem realizar


um trabalho de informação que busque conscientizá-los do problema de
aprendizagem do aluno. Esclarecer que o aluno é capaz de aprender melhor
se houver um olhar diferenciado.
Após a devolutiva, o psicopedagogo deverá realizar um plano para o
atendimento do aluno. Neste plano deverão constar as dificuldades, bem
como as intervenções e orientações aos professores.
Para Sara Paín, o que se pode avaliar por meio do desenho ou do relato é
a capacidade do pensamento para construir uma organização coerente e
harmoniosa e elaborar a emoção. Também permitirá avaliar a deteriorização
que se produz no próprio pensamento.
A mesma autora ainda diz que o pensamento fala por meio do desenho em
que se diz mal ou não se diz nada, o que oferece a oportunidade de saber
como o sujeito ignora (1992, p. 61).

87/134
Considerações Finais (2/2)
A avaliação psicopedagógica está estreitamente vinculada à função de
orientação e assessoramento, que irá se ajustando na interação com os
demais participantes do processo, respeitando ritmos e momentos, dando
contribuições que possam levar a bom termo, tanto em relação aos alunos
quanto aos professores e famílias (SANCHÉZ-CANO, 2008, p. 19).
Um ponto importante a ser observado quando se orienta o professor é que
se deve “valorizar” o erro do aluno, pois o erro mostra as hipóteses que estão
sendo elaboradas pelos alunos no processo de aprendizagem. Não significa
que não deva corrigir o erro, mas analisar o erro junto com o aluno.

88/134
Referências

BARBOSA, Jossandra. O diagnóstico psicopedagógico passo a passo. s/d. Psicopedagogiando


- Construindo e Compartilhando Conhecimentos. Disponível em: <http://www.
grupopsicopedagogiando.com.br/p/blog-page_8104.html>. Acesso em 6 ago. 2014.

BOSSA, N. A. A Psicopedagogia no Brasil: Contribuições a Partir da Prática. Porto Alegre: Artes


Médicas, 1994.
ENRICONE, J. R. B.; SALLES, J. F. Relação entre variáveis psicossociais familiares e desempenho
em leitura/escrita em crianças. Revista Semestral da Associação Brasileira de Psicologia Escolar e
Educacional, SP. Vol. 15, N. 2, 2011. pp. 199 a 210.
GASPARIAN, Maria Cecilia Castro. A interdisciplinaridade como metodologia de trabalho nas
questões de aprendizagem e a construção do conhecimento da escola e da família. Construção
Psicopedagógica, São Paulo-SP, 2010, V. 18, n.16, pp. 129-150.
LOMONACO, J. F. B. et al. Desenvolvimento de conceitos: o paradigma das
descobertas. Psicologia Escolar e Educacional, Campinas, v. 4, n. 2, dez.  2000. pp. 31-39.
PAÍN, Sara. Diagnósticos e tratamentos dos problemas de aprendizagem. Porto Alegre: Artes
Médicas, 1992.
PINTO, A. V. Sete lições sobre educação. São Paulo: Cortez, 2003.

89/134 Unidade 3 • Intervenção


PORTO, Olivia. Psicopedagogia Institucional. Rio de Janeiro:  Editora Wak, 2011.
SANCHEZ-CANO, Manuel; et al. Avaliação psicopedagógica. Porto Alegre: Artmed. 2008.
SCOZ, Beatriz. Psicopedagogia e realidade escolar: o problema escolar e de aprendizagem. 2ª ed.
Petrópolis, RJ: Vozes. 1996.
TORRES, Barbara Nice. O que é Intervenção Psicopedagógica. Webartigos, 2009. Disponível em:
<http://www.webartigos.com/artigos/o-que-e-intervencao-psicopedagogica/13076/#ixzz2G3T
V9hy6>. Acesso em: 6 ago. 2014.

TULESKI, S. C., CHAVES, M.; BARROCO, S. M. S. Aquisição da linguagem escrita e intervenções


pedagógicas: uma abordagem histórico-cultural. Fractal: Revista de Psicologia, 2012. v. 24, n. 1,
p. 27 a 44.
VALMASEDA, M. Os problemas de linguagem na escola. In: COLL, C.; MARCHESI, Á.; PALACIOS, J.
(Orgs.). Desenvolvimento psicológico e educação: Transtornos de desenvolvimento e necessidades
educativas especiais. Porto Alegre: Artmed, 2004. vol. 3. p. 72 a 89.
VILA, A. L. e I. Desenvolvimento da linguagem. In: COLL, C.; PALACIOS, J.; MARCHESI, A. (Orgs.).
Desenvolvimento psicológico e educação: Psicologia evolutiva. Porto Alegre: Artes Médicas,
1995a. v. 1. p. 149 a 164.

90/134 Unidade 3 • Intervenção


VILA, I. Aquisição da linguagem. In: COLL, C.; PALACIOS, J.; MARCHESI, A. (Orgs.).
Desenvolvimento psicológico e educação: Psicologia evolutiva. Porto Alegre: Artes Médicas,
1995b. v. 1. p. 69 a 80.

91/134 Unidade 3 • Intervenção


Assista a suas aulas

Aula 3 - Tema: Papel do Psicopedagogo - Bloco I Aula 3 - Tema: Abrangência da Avaliação


Disponível em: <http://fast.player.liquidplatform.com/ Institucional - Bloco II
pApiv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f- Disponível em: <http://fast.player.liquidplatform.com/
1d/44ac0215e4ec9a5aa182f50be20771c9>. pApiv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f1d/
e6278f05b976a4d8c9a1cd1ff31341a7>.

92/134
Assista a suas aulas

Aula 3 - Tema: Níveis de Intervenção no Trabalho Aula 3 - Tema: Atuação Psicopedagógica


Psicopedagógico Institucional Segundo Bossa - Institucional - Bloco IV
Bloco III Disponível em: <http://fast.player.liquidplatform.com/
Disponível em: <http://fast.player.liquidplatform.com/ pApiv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f1d/
pApiv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f1d/ f96395f27c4baaad0bb7d4268b06ae43>.
169d42b7afb36c116340799781d5998c>.

93/134
Questão 1
1. É muito importante que o psicopedagogo sempre pergunte, após cada
resposta dada:

a) O que você fez?


b) Como sabe? Pode me explicar?
c) Você tem certeza que está certo?
d) O que é isso? Você tem certeza?
e) Pode me explicar como conseguiu fazer?

94/134
Questão 2
2. Nas escolas é possível observar os números altos de alunos com problemas:

a) De linguagem.
b) De leitura e escrita.
c) Em todas as disciplinas.
d) De ordem emocional, social, afetiva e outros que acabam interferindo no aprendizado.
e) De comportamento que interfere no relacionamento com os colegas e professores.

95/134
Questão 3
3. A aprendizagem deve ser voltada para um sentido anímico e corporal,
tendo presente nos seus procedimentos educativos, ou intenções educa-
tivas, os aspectos biológicos e os mentais. Desta forma, ela deve seguir-se
pelo princípio da:

a) Autonomia, da individualidade e da coletividade.


b) Autonomia, da liberdade, da atividade, de espontaneidade, da individualidade e
coletividade.
c) Cognitivo e da individualidade.
d) Totalidade e da complexidade.
e) Ajuda mútua e do respeito entre aluno e professor.

96/134
Questão 4
4. O psicopedagogo institucional utiliza um importante recurso de avalia-
ção que possibilita observações, entrevistas, relatórios para tomadas de
decisões. Que instrumento é esse?

a) Mapeamento institucional.
b) Anamnese.
c) Entrevistas com os professores.
d) Entrevistas (com os pais e aluno).
e) Mapeamento institucional e anamnese.

97/134
Questão 5
5. Quanto à intervenção, é possível afirmar que:

a) São atividades psicopedagógicas pontuais que auxiliam o aluno ou o grupo.


b) Desenvolvimento das atividades que promovam a participação de situações e atividades
sociais.
c) A participação em situações e atividades para um adequado desenvolvimento das
atividades.
d) São atividades de interesse do aluno que propiciem reflexão.
e) É essencial para o bom andamento do processo ensino-aprendizagem.

98/134
Gabarito
1. Resposta: B. 3. Resposta: B.

Como sabe? Pode me explicar? Estas A aprendizagem no seu sentido formativo


perguntas são feitas para observar deve estar inserida em procedimentos que
o pensamento do entrevistado, que possibilitem a compreensão do homem
argumento utiliza. Se você deixar de no seu sentido individual, bem como no
perguntar, perderá a oportunidade de seu aspecto coletivo (como membro de
observar como ele está pensando, bem uma sociedade humana que o legitima e o
como sua capacidade de argumentação e reconhece como tal). (BRANDÃO; CREMA,
expressão verbal. 1998).

2. Resposta: D. 4. Resposta: A.

Estes problemas interferem muito no O mapeamento institucional é um


aspecto de ensino-aprendizagem, pois, importantíssimo método de análise
muitas vezes, são de origem familiar e da instituição escolar que observa não
acabam sendo transferidos ao ambiente somente o que é dito, mas, também, faz
escolar. observações quanto às atitudes e posturas
dos profissionais que nela atuam.
99/134
Gabarito
5. Resposta: E.

É de suma importância para o processo


ensino-aprendizagem que se pense em
intervenções que desperte no aluno o
interesse em aprender e, principalmente,
que encontre significado naquilo que
faz. É muito importante ouvir o aluno. Ter
um momento para conversar e promover
a oralidade é fundamental. Além de
trabalhar com atitudes, o falar e o ouvir
são essenciais para que o processo ensino-
aprendizagem transcorra sem maiores
problemas.

100/134
Unidade 4
Estudo de Caso

Objetivos

1. O enfoque da Psicopedagogia Institucional


é vinculado à concepção de que todos os
alunos têm direito a aprender. Hoje há
quatro pilares que norteiam a educação
brasileira: aprender a aprender, aprender a
fazer, aprender a conviver e aprender a ser.
Estes visam à formação integral do aluno,
em seu pleno sentido, tanto nos aspectos
atitudinais, culturais e cognitivos. Pensando
nisso, é possível chegar à conclusão de que a
Psicopedagogia tem muito a contribuir com
as situações de aprendizagem e superação.

101/134
Introdução

Quando se pensa em estudo de caso não Utiliza-se muito o estudo de caso para
se pode deixar de pensar no “como” e “por explorar aquelas situações nas quais as
quê?”, pois o investigador, aquele que intervenções não têm clareza no conjunto
propõe a ação, investiga dentro de um de resultados. A ação psicopedagógica
contexto real. O estudo de caso investiga está centrada na prevenção do fracasso
dentro de um contexto real e muitas escolar e dos problemas de aprendizagem.
vezes esses contextos não são claramente Não apenas os alunos são envolvidos nesse
evidentes, por isso utilizam-se múltiplas processo, mas também os educadores.
fontes de evidências. Pensando em intervenção pedagógica é
necessário que esta invista na melhoria
O estudo de caso explica ligações
das relações de aprendizagem e na
causais em intervenções ou situações
construção da autonomia não só dos
da vida real que são complexas demais
alunos, mas também dos professores.
para tratamento através de estratégias
O fracasso escolar está centrado em
experimentais ou de levantamento duas dimensões: a individual diz respeito
de dados. Ele também pode descrever ao aluno e as suas vivências (âmbito
um contexto de vida real no qual uma familiar); a outra corresponde à escola, aos
intervenção ocorreu. Ainda, pode avaliar aspectos culturais, ideológicos e sociais da
uma intervenção em curso e modificá-la. aprendizagem.
102/134 Unidade 4 • Estudo de Caso
Quando se propõe, na ação 1. Estudo De Caso 1
psicopedagógica, o estudo de caso, deve-
se considerar diversos componentes que 1.1 Mapeamento Institucional
norteiam a pesquisa, tais como:
I. Identificação da escola
• Uma questão de estudo do tipo:
Nome: Escola Municipal.
como? ou por quê?
Cursos que oferece, modalidades de
• Proposições orientadoras do estudo,
ensino:
enunciadas a partir de questões
secundárias. Ensino Fundamental I.
• Unidades de análise: indivíduo, Ensino Fundamental II.
organização, setor. Ensino Técnico.
• Estabelecer a lógica que ligará os II. Caracterização socioeconômica e
dados às proposições do estudo. cultural da comunidade
• Critérios para interpretar os achados A escola está localizada na periferia,
– referencial teórico e categorias. atendendo uma comunidade de
baixa renda, a sua maioria filhos de
103/134 Unidade 4 • Estudo de Caso
trabalhadores rurais. A construção é velha desatualizados e muitos estão aguardando
e necessita de reparos urgentes. O bairro a aposentadoria; não estão preocupados
não dispõe de posto de atendimento com a qualidade do aspecto ensino-
médico e também não possui biblioteca. aprendizagem, o que leva a um índice
Diagnóstico: alto de reprovação e problemas de
aprendizagem.
A escola possui salas de aula com, no
mínimo, trinta e cinco alunos e, no Propostas para intervenção
máximo, quarenta e dois, e a mesma não se psicopedagógica:
encontra em bom estado de conservação, • Rever o Projeto Político Pedagógico
necessitando de reparos urgentes, (atualizando-o) com a participação
principalmente nos banheiros. Possui um de todos os segmentos da
quadro bom de funcionários. A diretora comunidade. Repensar e discutir as
não busca soluções para os problemas questões pedagógicas.
e acomodou-se, não demonstrando
• Redistribuir os alunos, deixando
interesse. A parte pedagógica é feita pela
no máximo 25 alunos por classe, e
coordenadora que, apesar de ser muito
verificar a necessidade das classes
comprometida, vive sobrecarregada.
de aceleração, já que a escola possui
Os professores, na sua maioria, são
104/134 Unidade 4 • Estudo de Caso
um número grande de alunos com • Inserir a direção em todos os projetos
defasagem. da escola, inclusive nos estudos
• Contratação de mais professores para desenvolvidos com os professores.
as salas. • Desenvolvimento de projetos
• Rever o currículo atualizando-o; é pedagógicos interdisciplinares com
necessário adequá-lo à realidade da o intuito de motivar professores e
comunidade escolar. alunos.
• Oferecer cursos de atualização e • À medida que as propostas sugeridas
formação de professores. Utilizar os forem colocadas em prática, o índice
espaços de HTPC para momentos de reprovação, consequentemente,
de estudos e reflexão da prática tende a ser inexistente.
pedagógica.
• Traçar um plano de ação que envolva 2. Estudo de Caso 2
todos os funcionários, fazendo uma
sensibilização no sentido de “acordá- A) Dados pessoais
los“ para o comprometimento com os Idade: 7 anos.
alunos, proporcionando aos mesmos
Sexo: masculino.
expectativas e sucesso.
105/134 Unidade 4 • Estudo de Caso
Escolaridade: 2º ano. D) Instrumentos de avaliação:
Irmãos: irmã de 12 anos, irmão de 4 anos. • Entrevista de anamnese.
B) Queixa escolar: • Relatório da professora.
• Desorganização consigo próprio e • Avaliação de leitura e escrita.
com seus materiais escolares. • Teste desenho da família.
• Agressividade. • Jogos (dominó, pega-vareta, blocos
• Não quer fazer as lições propostas. lógicos, memória).
• É autoritário e não aceita perder. • Hora lúdica.
C) Queixas da escola: • Atividade livre.
• Agressividade. E) Dados encontrados na avaliação:
• Não faz as lições. Foi observado que quando encontra
dificuldades deixa de fazer o que estava
• Não aceita perder.
realizando. Nos jogos observa-se que não
aceita perder e que muda as regras do
jogo quando isso acontece. Verbaliza o que
106/134 Unidade 4 • Estudo de Caso
tem que fazer e depois se recusa a fazer a • Demonstrou que sente muito a falta
atividade proposta. do pai.
Área cognitiva: • Ciúmes do irmão mais novo.
• Organiza o pensamento. • Demonstra grande identificação com
o pai.
• Apresenta bom vocabulário e tem
linguagem oral adequada para a Área pedagógica:
idade. • Matemática: realiza adição e
• Compreende as regras do jogo, mas subtração, necessitando do concreto
não as aceita. para contar. Espelha alguns números.
• Tem pouca atenção e perde muito • Leitura e escrita no nível alfabético,
rápido o interesse. também espelha, troca e omite
Aspecto afetivo social algumas letras ao escrever.
Fatores ambientais:
• Criança um pouco triste, insegura,
fala bastante. Com a separação dos pais, sente muito a
falta do pai; em relação à mãe, sente muito
• Apresenta baixa autoestima. ciúmes dos irmãos, principalmente do mais
107/134 Unidade 4 • Estudo de Caso
novo. Não é muito incentivado e a mãe • Acompanhamento para a família de
cobra muito. Sente-se rejeitado. uma assistente social.
F) Resultados da avaliação: H) Atendimento psicopedagógico
A mãe aceitou muito bem que o
• Baixa autoestima e falta de confiança
filho continuasse em atendimento
em si próprio.
psicopedagógico. A criança foi atendida na
• Falta de atenção e interesse. própria escola em duas sessões semanais,
com duração de cinquenta minutos cada
• Conflitos em virtude da não aceitação
uma, totalizando quatro meses, em que
a separação dos pais.
foram realizadas técnicas como entrevista
• Carência afetiva e sentimento de diretiva anamnese, avaliação de leitura e
rejeição. escrita, hora lúdica, entrevista devolutiva
G) Encaminhamentos: com a mãe e a criança. As sessões foram
desenvolvidas utilizando vários recursos
• Continuidade ao atendimento como: jogos, caixa de brinquedos,
psicopedagógico. desenhos utilizando guache, tintas
• Atendimento psicológico. variadas, palito de sorvetes, lápis de cor,
canetinhas, livros de leitura, atividades de
leitura e escrita, material dourado.
108/134 Unidade 4 • Estudo de Caso
Na primeira sessão foi evidente a Nos desenhos percebi que gostava de
ansiedade da criança, pegava todos os desenhar caminhões e carros e que,
objetos da caixa de brinquedo e não quando eu pedia para desenhar a sua
conseguia brincar com nenhum. Falava família, se recusava, ignorando o meu
pouco e pegou o jogo de dominó. Começou pedido. Quando terminava a sessão
a arrumar as peças e pediu-me que jogasse perguntava quando seria a próxima,
com ele. Quando começou a perder, e percebi que o vínculo já estava se
empurrou as peças com os pés e disse que consolidando.
era chato. Perguntei porque e ele disse que Percebi durante as sessões que, quando
se não ganhar o jogo, não ganha presente. conversava com ele e deixava claro que
Indaguei quem havia dito que ele ganharia reprovava as suas atitudes negativas,
presente e ele rapidamente levantou ele mudava de comportamento. Um dia
e ficou me olhando. Pedi a ele que me me indagou se eu gostava dele, respondi
ajudasse a guardar as peças, relutou, mas que sim e ele me disse que havia jogado
quando percebeu que eu estava guardando o seu material escolar no chão e feito um
sentou-se ao meu lado e guardou tudo que escândalo. Disse que eu ainda continuava a
havia tirado da caixa. Parabenizei a sua gostar muito dele, mas que não gostava da
conduta. sua atitude de jogar o seu material no chão
e fazer escândalo.
109/134 Unidade 4 • Estudo de Caso
Começou a respeitar as regras e limites Durante os atendimentos podia-se
e não se importava mais quando perdia perceber que a agressividade do aluno era
o jogo. Houve uma diminuição da uma forma de demonstrar o que estava
agressividade com os colegas de classe, e sentindo (rejeitado, carente, inseguro),
mesmo nos intervalos. Já se preocupava falava sempre olhando para o chão.
com a sua aparência e cuidava melhor
do seu material escolar. Conseguia se O aluno fica com a mãe durante a semana
expressar e dizia o que pensava, tomando e aos finais de semana, às vezes, com
cuidado para não ofender. Melhoras o pai. É evidente que sente a falta do
significativas na leitura e na escrita, bem pai. Acredita que a mãe gosta mais dos
como na matemática. irmãos porque são capazes e inteligentes,
I. Conclusões sentia-se o “patinho feio” da família, daí
vinha a rejeição que tem pelos irmãos e a
As observações realizadas mostraram que
dificuldade de relacionar-se com a mãe.
alguns fatores, como estar vivendo com
os pais separados, ter uma mãe rígida e A criança sente-se triste e confusa, será
um pai permissivo, a falta de tempo da necessário que pai e mãe se aproximem, que
mãe em virtude do seu trabalho, estavam sejam estabelecidos regras e limites, que os
contribuindo para que houvesse mudanças dois falem a mesma linguagem e, sobretudo,
no seu comportamento. que acreditem no potencial do filho.
110/134 Unidade 4 • Estudo de Caso
A professora também pode ajudar no escola, para que se possa ajudar a criança
desenvolvimento do aluno, estimulando, a superar as dificuldades emocionais e de
ouvindo, valorizando as suas conquistas, aprendizagem.
principalmente nas áreas dos seus
interesses e capacidades. 3) Estudo de caso 31
Para a família se faz necessário um
Dislexia é um distúrbio da aprendizagem
acompanhamento de um assistente social,
que atinge não só crianças, mas também
no sentido de acompanhar e orientar como
a família pode incentivar e estabelecer adultos, com dificuldades específicas de
vínculos com os filhos. leitura e escrita. Apresenta-se em 4%
da população de uma forma grave, e em
A criança deve continuar com o
6% com problemas leves e moderados. A
atendimento psicopedagógico, se possível
dislexia ocorre em várias classes sociais
com acompanhamento psicológico para
e em pessoas com níveis de inteligência
ele e sua família, pois a mesma está
variáveis, desde as que não conseguem
desestruturada e não tem como tratar
ler e escrever até aquelas que conseguem
da criança ignorando a causa dos seus
problemas. Proponho que seja feito um 1
Extraído do livro Psicopedagogia Institucional pp. 146,
trabalho integrado com a família e a 147 e 148, de Olívia Porto.
111/134 Unidade 4 • Estudo de Caso
atingir o nível superior, aliás, os disléxicos A dislexia é uma matéria muito complexa,
são muito inteligentes. mas vale ressaltar que o disléxico, ao
contrário do que dizem, não troca
Embora dislexia tenha sido amplamente
letras, mas sim as confunde, em razão
pesquisada, é importante esclarecer
de uma alteração cerebral hemisférica.
que, como outros tipos de distúrbios de
Sendo assim, ele possui dificuldade em
aprendizagem, ela existe em vários níveis.
distinguir essas letras que lhe parecem, na
Uma delas é a dislexia que nasce com
maioria das vezes, simples rabiscos sem
o indivíduo e pode ter causas variadas.
importância.
Como consequência de uma alteração
cerebral, a criança tem pouca ou mesmo A escola com atendimento diferenciado,
nenhuma habilidade para a aquisição da apresentando um programa
leitura e da escrita. Muitas vezes, ela não multidisciplinar específico, é ideal
consegue chegar à alfabetização e, quando para o desenvolvimento de atividades
já é alfabetizada, apresenta dificuldade próprias, sejam elas acadêmicas ou
de fixação ou mesmo de interpretação do físicas, artísticas e musicais. Assim,
texto lido ou escrito. a escola irá desempenhar uma
importante função na educação da
criança disléxica, desenvolvendo
112/134 Unidade 4 • Estudo de Caso
basicamente sua coordenação motora, os alunos com dislexia, sem modificar os
raciocínio e agilidade, auxiliando o seu seus projetos pedagógicos curriculares.
desenvolvimento global e a integração no Procedimentos didáticos adequados
seu grupo social. possibilitam ao aluno vir a desenvolver
Objetivo Geral todas as suas aptidões, que são múltiplas.
Vale relembrar que os disléxicos estão em
Observação, avaliação e intervenção boa companhia, junto a Einstein, Agatha
psicopedagógica diante da dificuldade de Christie, Hans Christian Andersen, Nelson
leitura e escrita. Rockefeller e Tom Cruise, entre muitos.
Objetivo Específico A boa compreensão da leitura provém
Intervenção psicopedagógica com crianças do equilíbrio entre o desenvolvimento
que apresentam dificuldade de leitura e das operações da leitura, decodificação e
escrita. compreensão, interagindo com os estágios
de desenvolvimento do pensamento
Plano de intervenção
e dos processamentos linguísticos. É
A dislexia é uma dificuldade de linguagem necessário destacar a importância dos
que deve ser tratada por profissionais vínculos afetivos estabelecidos com a
especializados. As escolas podem acolher aprendizagem.
113/134 Unidade 4 • Estudo de Caso
Há muitos sinais, visíveis nos • Dificuldade em ordenar as letras do
comportamentos e nos cadernos das alfabeto, sílabas em palavras longas,
crianças, que podem auxiliar os pais e os dias da semana, meses do ano.
educadores a identificar precocemente a • Dificuldade em organizar-se
dislexia. Veja alguns: espacialmente e distinguir entre
• Demora nas aquisições e no direita e esquerda, em si e no espaço.
desenvolvimento da linguagem, É preciso ter uma especial atenção com
expressão e compreensão. as crianças que gostam de conversar, são
• Alterações persistentes na fala. curiosas, entendem e falam bem, mas
aparentam desinteresse em ler e escrever.
• Dificuldades no desempenho motor,
como jogar bola e pular corda. A mesma criança que parece não saber
• Demora em aprender a dar laços, resolver um problema e ter dificuldades
recortar, desenhar, escrever números lógico-matemáticas, quando exposta à
e letras corretamente. situação de processar a mesma questão
oralmente, poderá se sair muito bem. A
• Dificuldade para organizar-se
pessoa já diagnosticada com dislexia, na
no tempo, reconhecer as horas,
vida escolar, deveria ser atendida pelos
organizar sequências temporais.
114/134 Unidade 4 • Estudo de Caso
seus melhores canais de comunicação, • Falta de atenção às explicações dos
qual seja, a linguagem oral antecedendo a professores.
linguagem escrita. • Deficiências intelectuais.
Contudo, ainda que a criança apresente • Carências sociais, ambientais.
as características citadas acima, antes
Intervenção Específica: análise de caso
de partir para o diagnóstico específico
(dislexia) é preciso se certificar de que ela No caso ora analisado, conversou-se com
não é portadora de nenhum outro fato para os pais após verificar as deficiências do
a dificuldade de aprendizagem, tais como: aluno em sala de aula. Como ele vinha
de outra escola, já tinha sido avaliado
• Problemas emocionais.
e consultado, estando inclusive em
• Problemas orgânicos (audição, visão e tratamento. Descartaram-se, então, as
fala). hipóteses acima e se passou a trabalhar
• Hábitos de estudo inadequados. com o diagnóstico de dislexia.

• Falta de motivação. G. na época com 10/11 anos e na 5ª série


do Ensino Fundamental, apresentava
• Problemas de relacionamento com o uma enorme dificuldade na utilização
professor ou colega. das consoantes, trocando praticamente
115/134 Unidade 4 • Estudo de Caso
todas dentro de uma mesma palavra. Seus • Explicando à criança o seu problema,
textos eram totalmente incompreensíveis. mas sem rotulá-la ou discriminá-
Mesmo com esta imensa dificuldade na la. Por tratar-se de um aluno
expressão escrita, G. era muito inteligente, de 5ª série, é importante que
compreendia muito bem os conteúdos todos os professores saibam das
e, oralmente, expressava-se muito bem. dificuldades do aluno e, se possível,
O aluno tinha bom comportamento, façam atividades integradas.
entretanto ficava muito nervoso quando A interdisciplinaridade, já tão
provocado, principalmente quando importante em qualquer processo
os colegas “debochavam” de suas de aprendizagem, neste caso pode
deficiências. ajudar a avaliação do progresso do
Como os pais compreendiam o aluno.
problema do filho e a criança já estava • Mantendo-o perto de si, para
em tratamento médico e psicológico, melhor acompanhá-lo. Por estar na
em relação à sala de aula, como 5ª série, o professor de português
psicopedagoga orientei os professores e redação tem uma função mais
a trabalharem com o aluno da seguinte específica do que os demais, afinal,
forma: a dificuldade é em leitura e escrita.
116/134 Unidade 4 • Estudo de Caso
Sendo assim, orientei o professor que • Não o pressionando com o tempo,
ficasse sozinho com o menino por nem estabelecendo comparações
algum tempo (em todas as aulas, se com os outros alunos.
possível) e pedisse ao aluno que lesse • Fazendo críticas construtivas.
em voz alta as redações e textos que
produzia, procurando encontrar erros • Estimulando o aluno a escrever em
e corrigi-los. linhas alternadas, permitindo assim a
leitura da caligrafia imprecisa.
• Tentando aproximá-lo dos colegas da
turma. Atividade que envolve todos • Certificando-se que a tarefa de casa
os professores, além da coordenação, foi entendida pela criança e pedindo
mas que o professor de Educação aos pais que releiam as instruções.
Física pode exercer de forma mais • Evitando anotar todos os erros na
natural, por meio de jogos em grupos correção, dando, portanto, mais
e brincadeiras. importância ao conteúdo.
• Sendo flexível quanto ao conteúdo • Não corrigindo com caneta vermelha.
das lições.
• Procurando descobrir os interesses
da criança, como livros e jogos de

117/134 Unidade 4 • Estudo de Caso


que ela goste e, quando possível,
utilizando-os em sala de aula com
toda a turma. Desta forma, o aluno se
sentirá prestigiado.
• Criando jogos e exercícios que
desenvolvam controle motor fino da
criança, como desenhar letras com
papel, barbante.
• Na hora de avaliar, observar a
participação da criança no dia a dia
e, se tiver de fazer provas, faça-as
oralmente.
• Observação: como houve cooperação
de todos, o menino passou para
a 6ª série com boas notas, mas,
infelizmente, logo depois a escola
fechou e não tive mais notícias de
Gabriel.
118/134 Unidade 4 • Estudo de Caso
Para saber mais
O livro Dificuldades de aprendizagem- A Psicopedagogia na relação sujeito, família e escola de Simaia
Sampaio, da editora Wak, traz na sinopse que o fracasso escolar não é um tema recente, nem mais uma
preocupação consequente dos tempos modernos.

Há muito tempo, educadores vêm realizando pesquisas e investigando causas que possam justificar o
mau rendimento escolar ou os problemas de aprendizagem. Sabe-se que o conhecimento do sujeito
é construído na interação com o seu meio, seja o familiar, o escolar, ou mesmo o bairro, e, deste meio
depende para se desenvolver como pessoa. Entretanto, quando o meio é qualificado como inadequado
para um desenvolvimento sadio, tanto físico como psicológico, o sujeito poderá encontrar obstáculos,
mas poderão ser superados à medida que encontra-se na família, na escola e no próprio sujeito uma
porta que permita entrar e (re) construir junto a estes uma nova aprendizagem.

Embora seja difícil falar separadamente do sujeito, da família e da escola, pois todos se fundem em uma
relação triangular, esse livro faz uma abordagem em suas peculiaridades, focalizando as causas das
dificuldades de aprendizagem próprias a cada uma destas instâncias.

119/134 Unidade 4 • Estudo de Caso


Glossário
Múltiplas fontes de evidências: “qualquer descoberta ou conclusão em um estudo de caso
provavelmente será muito mais convincente e acurada se baseada em várias fontes distintas de informação,
obedecendo a um estilo corroborativo de pesquisa” (LIMA, ANTUNES, NETO, PELEIAS, 2012, p. 139).
Estratégias experimentais: busca a construção de conhecimentos por meio da rigorosa verificação e
garantia de resultados cientificamente comprovados – conhecimentos passíveis de apreensão em condições
de controle, legitimados pela experimentação e comprovados pelos níveis de significância das mensurações
(LIMA, ANTUNES, NETO, PELEIAS, 2012, p. 130).
Levantamento de dados: voltado à representatividade – descrevendo, por exemplo, a morfologia social
em estudos sociológicos (MAFFEZZOLLI, BOEHS, 2008, p. 107).

120/134 Unidade 4 • Estudo de Caso


?
Questão
para
reflexão

De acordo com Jorge Visca, “o sentido amplo da


aprendizagem, não só interessa saber qual é o vínculo
que o sujeito estabelece com o docente, a sala de aula,
os companheiros, e a escola, como também importa a
relação com os adultos significativos que lhe oferecem
modelos de aprendizagem, e os cenários onde tudo
isso acontece; com os colegas fora do ambiente escolar
e consigo mesmo, enquanto aprendiz em diferentes
momentos de sua vida cotidiana”.

121/134
Considerações Finais (1/2)

Quando um caso é resolvido e bem sucedido, as pessoas tendem a reproduzir


“a fórmula bolo”, mas, como todo caso não se aplica a todos, deve-se lembrar
sempre que cada pessoa é única e cada uma tem as suas particularidades.
Aprendizagem é um processo estrutural e conscientizado. O novo
conhecimento pode modificar todo o conjunto de conhecimentos
previamente adquiridos.
Aprendizagem está sempre à frente do desenvolvimento, e não existe sem
mudança de comportamento.
Quando se aprende, coloca-se em jogo tanto a inteligência quanto a
afetividade; não são muitas as técnicas psicopedagógicas que investigam
este segundo aspecto.

122/134
Considerações Finais (2/2)
Apesar de viver diferentes vínculos, estes fazem parte de uma rede de
relações universais na medida em que se está imerso nela, mas, por outro
lado, existem as relações particulares, pois cada pessoa estrutura cada
vínculo de forma singular.
Não adianta fazer “remendos ou descartes” com o processo educacional, é
necessário aproveitar conhecimentos anteriores e construir novas formas de
“ensinagem”.
Para Leila Sara José Chamat, a Psicopedagogia existe porque a Pedagogia
tornou-se deficitária e a Psicologia urge mudanças no campo escolar. O
psicólogo necessita rever sua atuação no campo de aprendizagem e abarcar
os conhecimentos pertinentes à avaliação e ao tratamento do sujeito com
dificuldades escolares.
Quando pensar em estudo de caso não se pode deixar de relacioná-lo com a
pesquisa. Ele tem o controle investigador, dentro do contexto da vida real.

123/134
Referências

CHAMAT, Leila Sara J. Técnicas de Diagnóstico Psicopedagógico. São Paulo. Editora Vetor, 2004.
LIMA, João Paulo Cavalcante; ANTUNES, Maria Thereza Pompa; NETO, Octavio Ribeiro de
Mendonça; PELEIAS, Ivan Ricardo. Estudos de Caso e sua Aplicação: Proposta de um Esquema
Teórico para Pesquisas no Campo da Contabilidade. Revista de Contabilidade e Organizações, v. 6,
n. 14, 2012, p. 127-144.
MAFFEZZOLLI, Eliane Cristine F.; BOEHS, Carlos Gabriel Eggerts. Uma reflexão sobre o estudo de
caso como método de pesquisa. Revista da FAE, Curitiba, v. 11, n. 1, p.95-110, jan./jun. 2008.
OLIVEIRA, Vera B; et al. Avaliação Psicopedagógica do Adolescente. Petrópolis, Editora Vozes, 1998
PORTO, Olívia. Psicopedagogia Institucional. Rio de Janeiro. Editora Wak, 2011.
SANCHÉZ-CANO, Manuel; et al. Avaliação Psicopedagógica. Porto Alegre, Editora Artmed, 2008.
SMYTHE, Ian; CAPELLINI, Simone Aparecida. Protocolo de avaliação de habilidades Cognitivo-
Linguísticas. Marília, SP, Fundepe, 2008.
TEBEROSKY, A. Psicopedagogia da linguagem escrita. São Paulo: Trajetória Cultural; Campinas, SP:
Editora da Universidade Estadual de Campinas, 1991.

124/134 Unidade 4 • Estudo de Caso


VISCA, Jorge. Técnicas Projetivas Psicopedagogia e Pautas Gráficas para sua Interpretação.
Argentina, Visca & Visca, 2011.
WEISS, Lemme Maria Lúcia. Psicopedagogia clínica – uma visão diagnóstica dos problemas de
aprendizagem escolar. Rio de Janeiro: Ed. Lamparina, 2007.
ZORZI, J. L. Aprendizagem e distúrbios da linguagem escrita: Questões clínicas e educacionais.
Porto Alegre: Artmed, 2003.

125/134 Unidade 4 • Estudo de Caso


Assista a suas aulas

Aula 4 - Tema: Estudo de Caso - Bloco I Aula 4 - Tema: Estudo de Caso 1 - Bloco II
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126/134
Assista a suas aulas

Aula 4 - Tema: Estudo de Caso 2 - Bloco III Aula 4 - Tema: Estudo de Caso 3 - Bloco IV
Disponível em: <http://fast.player.liquidplatform.com/ Disponível em: <http://fast.player.liquidplatform.com/
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19caabc2f22f278099ad356402484184>. 57f9bfb08faf889db636b3539c1cf886>.

127/134
Questão 1
1. É possível perceber nas instituições escolares que a sociedade dá muita
ênfase a:

a) Retenção.
b) Aprovação.
c) Aprendizagem.
d) Fracasso.
e) Indisciplina.

128/134
Questão 2
2. O fracasso escolar está centrado basicamente em duas dimensões:

a) O pensamento abstrato e isolamento da criança.


b) A falta de comunicação da escola e negligência dos pais.
c) As diferentes matérias do ensino escolar e ausência de recursos financeiros para a
educação.
d) A vivência do aluno e ao aspecto cultural da escola.
e) O processo de desenvolvimento da criança e ao ensino escolar.

129/134
Questão 3
3. Os processos de ensino-aprendizagem são analisados a partir da “tría-
de pedagógica”. Quais são os elementos que a integram?

a) Professor, aluno e conteúdo escolar.


b) Professor, família e conteúdo escolar.
c) Professor, aluno e família.
d) Aluno, família e comunidade escolar.
e) Professor, aluno e comunidade escolar.

130/134
Questão 4
4. Existe um choque cultural e ideológico entre a escola e as vivências
culturais e sociais dos alunos. Essa situação se torna mais grave quando:

a) Não respeita o aluno e seus pais.


b) Não acredita no potencial do seu aluno.
c) Despreza o que o aluno sabe e pensa.
d) Desconsidera a história de vida do aluno e de seus familiares.
e) Desconsidera seus processos cognitivos e suas hipóteses em relação ao conhecimento.

131/134
Questão 5
5. Uma boa escola deveria ser estimulante para o:

a) Processo de inclusão.
b) Saber fazer.
c) Processo cognitivo.
d) Aprender.
e) Espaço de convivência.

132/134
Gabarito
1. Resposta: B. integrada pelo professor, aluno e conteúdo
escolar.
A sociedade dá muita ênfase à promoção,
desprezando o crescimento e o 4. Resposta: E.
desenvolvimento do aluno.
Torna-se mais grave quando a escola,
2. Resposta: D. além de desconsiderar as vivências
sociais e culturais de seus alunos,
O fracasso escolar está centrado em duas ainda desconsidera seus processos
dimensões: a individual, que diz respeito ao cognitivos e suas hipóteses em relação ao
aluno e as suas vivências (âmbito familiar). conhecimento.
A outra que corresponde à escola, aos
aspectos culturais, ideológicos e sociais da 5. Resposta: D.
aprendizagem.
Uma boa escola deveria ser estimulante
3. Resposta: A. para o aprender, pois essa é a função
primordial da escola, a de ensinar.
Os processos de ensino-aprendizagem são
analisados a partir da “tríade pedagógica”
133/134

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