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CURSO BÁSICO DE ELABORAÇÃO DE

CERVEJAS ARTESANAIS

Ministrado por:
Danilo Mendes
Contato:
Cel.: 9985-3458
e-mail: danmendesbh@yahoo.com.br
Breve histórico da cerveja.
História

Uma cerveja, por definição, é qualquer uma das variedades de bebidas


alcoólicas produzidas pela fermentação de matéria com amido, derivada de
cereais ou de outras fontes vegetais. As fábricas de cerveja e de algumas
outras bebidas alcoólicas são geralmente chamadas de cervejarias (breweries,
em inglês). Em termos históricos, a cerveja era já conhecida pelos sumérios,
egípcios e mesopotâmios, desde pelo menos 4.000 a.C. Como os ingredientes
usados para fazer cerveja diferem de acordo com o local, as características
(tipo, sabor e cor) variam amplamente.

A mais longínqua notícia que se tem da cerveja vem de 2.600 a 2.350 a.C.
Desta época, arqueólogos encontraram indícios, escritos em uma placa de barro
com o Hino a Ninkasi, a deusa da cerveja, de que os sumérios já produziam a
bebida. Já na Babilônia dá-se conta da existência de diferentes tipos de cerveja,
originadas de diversas combinações de plantas e aromas e o uso em diversas
quantidades de mel. O Código de Hammurabi, rei da Babilônia entre os anos de
1.792 e 1.750 antes de cristo, incluía várias leis de comercialização, fabricação
e consumo da cerveja, relacionando direitos e deveres dos clientes das
tabernas.

Receita de Cerveja

Posteriormente, no antigo Egito, a cerveja, segundo Athenaeus, teria sido


inventada para ajudar a quem não tinha como pagar o vinho. Hieróglifos e
obras artísticas testemunham sobre o gosto deste povo pelo henket ou zythum,
preferida por todas as camadas sociais. Até um dos faraós, Ramsés III (1.184-
1.153 a.C.), passou a ser conhecido como "faraó-cervejeiro" após doar às

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sacerdotes do Templo de Amón 466.308 ânforas ou aproximadamente
1.000.000 de litros de cerveja provenientes de suas cervejeiras.

Praticamente qualquer açúcar ou alimento que contenha amido pode,


naturalmente, sofrer fermentação. Assim, bebidas semelhantes à cerveja foram
inventadas de forma independente em diversas sociedades em redor do mundo.
Na Mesopotâmia, a mais antiga evidência referente à cerveja está numa
tabuinha sumeriana com cerca de 6000 anos de idade, na qual se vêem
pessoas tomando uma bebida através de juncos de uma tigela comunitária. A
cerveja também é mencionada na Epopeia de Gilgamesh. Um poema sumeriano
de 3.900 anos, homenageando a deusa dos cervejeiros, Ninkasi, contém a mais
antiga receita que sobreviveu, descrevendo a produção de cerveja de cevada
utilizando pão.

A cerveja tornou-se vital para todas as civilizações produtoras de cereais da


antiguidade clássica, especialmente no Egito e na Mesopotâmia. O Código
Babilônico de Hamurabi dispunha que os taverneiros que diluíssem ou
sobretaxassem a cerveja deveriam ser supliciados.

A cerveja teve alguma importância na vida dos primeiros romanos, mas durante
a República Romana, o vinho destronou a cerveja como a bebida alcoólica
preferida, passando esta a ser considerada uma bebida própria de bárbaros.
Tácito, em seus dias, escreveu depreciativamente acerca da cerveja preparada
pelos povos germânicos.

No idioma eslavo, a cerveja é chamada "piwo" (pronuncia-se pivo), do verbo


"pić" (pronuncia-se pitch) - beber. Por isso, "piwo" pode ser traduzido como
"bebida", o que demonstra a importância que lhe é concedida.

O "Kalevala", coligido na forma escrita no século XIX, mas baseado em


tradições orais seculares, contém mais linhas sobre a origem da fabricação de
cerveja do que sobre a origem do homem.

A maior parte das cervejas, até tempos relativamente recentes, eram do tipo
que agora chamamos de Ales. As Lagers foram descobertas por acidente no
século XVI, quando a cerveja era estocada em frias cavernas por longos
períodos; desde então elas ultrapassaram largamente as cervejas tipo ale em

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volume (veja abaixo a distinção). O uso de lúpulo para dar o gosto amargo e
preservar é uma invenção medieval. O lúpulo é cultivado na França desde o
século IX. O mais antigo escrito remanescente a registrar o uso do lúpulo na
cerveja data de 1.067 pela Abadessa Hildegarda de Bingen: "Se alguém
pretender fazer cerveja da aveia, deve prepará-la com lúpulo." No século XV,
na Inglaterra, a fermentação sem lúpulo podia dar origem a uma bebida tipo ale
- o uso do lúpulo torná-la-ia uma cerveja. A cerveja com lúpulo era importada
para a Inglaterra (a partir dos Países Baixos) desde cerca de 1.400, em
Winchester. O lúpulo passou a ser cultivado na ilha a partir de 1.428. A
Companhia dos Fabricantes de Cerveja de Londres foi tão longe que especificou
"nenhum lúpulo, ervas, ou outra coisa semelhante será colocada dentro de
nenhuma ale ou bebida alcoólica enquanto a ale estiver sendo feita - mas
somente um licor (água), malte e uma levedura". Contudo, por volta do século
XVI, "ale" veio a referir-se a qualquer cerveja forte, e todas as ales e cervejas
continham lúpulo.

Tipos de cerveja

Há muitos tipos diferentes de cerveja. Uma descrição detalhada dos estilos de


cerveja pode ser encontrada no website da BJCP - Beer Judge Certification
Program (Programa de Licenciamento dos Avaliadores de Cerveja).

Lager
As lagers (em especial as claras) são, provavelmente, o tipo mais comum
de cerveja consumida. Elas são originárias da Europa Central/Alemanha,
tirando seu nome da palavra germânica "lagern" (armazenar). De baixa
fermentação, são tradicionalmente armazenadas em baixa temperatura por
semanas ou meses, clareando, amadurecendo e ganhando maior
quantidade de dióxido de carbono. Atualmente, com o aperfeiçoamento do
controle de fermentação, muitas cervejarias de lagers usam períodos
consideravelmente menores para armazenamento a frio (de 1 a 3
semanas).
Se bem que existam muitos estilos de lagers, a maioria delas é clara na cor,
com alto teor de gás carbônico, de sabor moderadamente amargo e
conteúdo alcoólico entre 3-6% por amostra. Os estilos de lager incluem:
Bock, Doppelbock, Eisbock, Munchner Helles, Munchner Dunkel, Maibock,

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Dry beer, Export, Märzen (feita somente para a Oktoberfest bávara),
Pilsener e Schwarzbier (cerveja preta).

Ale

Um pint de Stout
Cervejas de fermentação alta, especialmente populares na Grã-Bretanha e
Irlanda, incluindo as mild (meio-amargas), bitter (amargas), pale ale (ale
clara), porter (cerveja escura muito apreciada por estivadores) e stout
(cerveja preta forte). As cervejas de fermentação alta tendem a ser mais
saborosas, incluindo uma variedade de sabores de cereais e ésteres
produzidos durante a fermentação que lhe conferem aroma frutado; são
também de baixo teor de gás carbônico, fermentadas e servidas idealmente
numa temperatura mais elevada do que as lagers. Diferenças de estilo
entre cervejas de fermentação alta são muito maiores do que aquelas
encontradas entre as cervejas de baixa fermentação e muitos estilos são
difíceis de categorizar. A cerveja comum da Califórnia, por exemplo, é
produzida usando o fermento para lagers em temperaturas para ales. As
cervejas à base de trigo são geralmente produzidas usando um fermento
para ales e então armazenadas, às vezes com um fermento para lagers. A
cerveja Lambic é produzida com fermentos selvagens e bactérias, nativos
da região do vale do rio Zenne (Pajottenland), perto de Bruxelas. Ale
verdadeira é um termo para as cervejas produzidas usando métodos
tradicionais e sem pasteurização.

Reinheitsgebot

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A Reinheitsgebot (lei da pureza da cerveja) foi uma lei promulgada pelo
Duque Guilherme IV da Baviera, em 23 de Abril de 1516. A Lei da Pureza da
Cerveja instituiu que a cerveja deveria ser fabricada apenas com os seguintes
ingredientes: água, malte de cevada e lúpulo (a levedura de cerveja não era
conhecida à época).

Ele constitui um dos mais antigos decretos alimentares da Europa.

A lei em português:

"Proclamamos com este decreto, por Autoridade de nossa Província, que no


Ducado da Baviera, bem como no país, nas cidades e nos mercados, as
seguintes regras se aplicam à venda da cerveja:

De Michaelmas a Georgi, o preço para um Litro ou um Copo, não pode exceder


o valor de Munique do pfennig.

De Georgi a Michaelmas, o Litro não será vendido por mais de dois pfennig do
mesmo valor, e o Copo não mais de três Heller (Heller geralmente é meio
pfennig).

Se isto não for cumprido, a punição indicada abaixo será administrada.

Se todo cervejeiro tiver outra cerveja, que não a cerveja do verão, não deve
vendê-la por mais de um pfennig por Litro.

Além disso, nós desejamos enfatizar que no futuro em todas as cidades, nos
mercados e no país, os únicos ingredientes usados para fabricação da cerveja
devem ser cevada, malte e água.

Qualquer um que negligenciar, desrespeitar ou transgredir estas


determinações, será punido pelas autoridades da corte que confiscarão tais
barris de cerveja, sem falha.

Se, entretanto, um comerciante no país, na cidade ou nos mercados comprar


dois ou três barris da cerveja (que contém 60 litros) para revendê-los ao
vendedor comum, apenas para este será permitido acrescentar mais um Heller
por Copo, do que o mencionado acima. Além disso, deverá acrecentar um
imposto e aumentos subseqüentes ao preço da cevada (considerando também
que os tempos da colheita diferem, devido à localização das plantações).

NÓS, o Ducado da Baviera, teremos o direito de fazer apreensões para o bem


de todos os interessados."

Guilherme IV Duque da Baviera

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História

Foi em 1906 que o Reinheitsgebot se estendeu a toda a Alemanha, apesar das


críticas da indústria da cerveja.

Após a Segunda Guerra Mundial, o decreto foi modificado e incorporado à


regulamentação federal para a taxação da cerveja (Biersteuergesetz).

... nas cervejas de baixa fermentação foram autorizados o malte de


cevada, o lúpulo e a água.
... nas cervejas de fermentação elevada foram autorizados, além disso, os
maltes de outros cereais bem como um número limitado de açúcares e
corantes.
Por último, maior liberdade foi deixada às cervejas destinadas à exportação.

Hoje

Devido à regulamentação européia, outros ingredientes são autorizados nas


cervejas alemãs, mas a maioria dos cervejeiros alemães continuam a seguir as
prescrições do Reinheitsgebot, consideradas garantia de qualidade.

Slow Beer

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Glossário
Termos cervejísticos.
TERMOS UTILIZADOS PELO CERVEJEIRO

Glossário

Uma das primeiras coisas que um fabricante de cerveja novato pede é, "o que eu
necessito comprar para começar?" e "o que quer dizer esses termos?" O glossário de
termos especializados neste artigo para ajudar a entender os termos mais freqüentes.

Os seguintes termos serão vistos muitas vezes pela internet ou em um livro


especializado, ou mesmo quando for buscar uma receita pronta.

Cerveja - bebida feita por fermentação de um mosto a base de grãos malteados, água
e lúpulo.

Cerveja Ale - uma cerveja que utiliza a levedura de alta-fermentação com um tempo
de atuação relativamente curto, e temperaturas mais altas de trabalho.

Cerveja Lager - uma cerveja que utiliza a levedura de baixa-fermentação, com um


tempo de atuação maior, e temperaturas mais baixas de trabalho.

Unidades de alfa-ácidos (AAU) - uma medida da concentração do Lúpulo. O igual


ao peso nas onças multiplicou pelos por cento de ácidos do alfa.

Atenuação - o grau de conversão dos açúcares fermentáveis em álcool e em CO2.

Ruptura fria - proteínas que coagulam e precipitam quando o mosto é refrigerado


rapidamente antes de inocular o fermento.

Ruptura quente - proteínas que coagulam e precipitam durante a fervura do mosto.

Fermentação - a conversão total de açúcares da cerveja, definida aqui em três


etapas, adaptação, preliminar, e secundário.

Lúpulo - as videiras do lúpulo crescem em climas amenos e de altas latitudes. Os


fabricantes de cerveja utilizam somente as flores desta planta. Estão disponíveis em
Pelets ou inteiras.

Gravidade – Também descrito como densidade, a gravidade descreve a concentração


do açúcar no mosto. A gravidade específica da água é 1.000 em 25º C. O mosto típico
de cerveja pode variar de 1.035 - 1.055 antes da fermentação (gravidade original).

°Brix, ou °Plato - estas unidades quase idênticas e são o padrão da indústria para
descrever a quantidade de extrato disponível em uma porcentagem do peso do açúcar
dissolvido no liquido, ao contrário da gravidade específica. Por exemplo, o °Brix 10 é
equivalente a uma gravidade específica de 1.040.

Unidade internacional de amargor (IBU) - uma unidade de medição para a


concentração de lúpulo. Descreve a quantidade de Alfa Ácidos dissolvidos na cerveja e
que confere amargor e propriedades conservantes.

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Krausen (kroy-zen) – trata-se da cabeça espumosa que se forma no alto da cerveja
durante a fermentação primária.

Fase de retardação - o período da adaptação e de crescimento aeróbico rápido das


células de fermento. O tempo de retardação dura normalmente de 2-12 horas.

Fermentação preliminar (ou primária) - a atividade inicial de fermentação


marcada pela evolução do dióxido de carbono e do Krausen. A maior atenuação dos
açucares ocorre durante esta fase.

Primming - o método de adicionar um pouco de açúcar fermentável antes de


engarrafar para fazer a carbonatação da cerveja.

Sanitização – método de limpeza profunda para reduzir contaminantes microbiais a


níveis insignificantes.

Fermentação secundária - um período para estabilizar e de condicionar a cerveja


após a fermentação preliminar e antes de engarrafar.

Esterilização - para eliminar todas as formas da vida, especial microorganismos, por


meios de produto químico.

Trub (trub ou troob) - o sedimento no fundo do fermentador que consiste no


material quente e frio da ruptura de proteínas, no restante de lúpulo não filtrado, e nas
células de fermento inoperantes.

Mosto (Wort, wart ou wert) - a solução de açúcar produzida por ação de enzimas
que é fervida antes da fermentação. O mosto é obtido a partir de métodos de
brasagem ou macerarão, tais como Decocção, Infusão HERMS ou RICMS.

Gelatinização - o processo de transformar amidos solúveis na água pelo calor, ou por


uma combinação do calor e da ação enzimática, é chamado gelatinização.

Decocção - um método de mosturação onde os descansos da temperatura são


conseguidos fervendo diretamente o mosto ao mosto.

Infusão - um processo de mosturação onde a sacarificação é obtida através de


adições de água fervendo, até atingir a temperatura desejada.

Sacarificação - a conversão de amidos solúveis em açúcares, fermentáveis ou não,


através da ação enzimática.

Taninos - compostos adstringentes do poliphenol que podem causar o turbidez e/ou o


juntar com proteínas grandes para precipitar e decantar. Os taninos são encontrados
normalmente nas casca do grão de cevada e no lúpulo.

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Resumo do processo
de fabricação de cerveja.
FABRICAÇÃO (Mãos à obra)

Agora vamos ao trabalho. Desde já vou avisando, o processo é demorado e é necessária


muita paciência. A cerveja deve ser feita com calma, e dedicação para que o produto
final seja bom. Se for feita com pressa e sem os cuidados necessários (principalmente
de higiene) pode ter certeza que não ficará boa. O tempo total varia de acordo com os
equipamentos disponíveis para a fabricação. Em média se leva de 6 a 8 horas para fazer
uma receita de 20 litros. Uma boa preparação prévia dos utensílios e adjuntos (cereais
não maltados e açúcar invertido) irá reduzir seu tempo consideravelmente.

Iremos dividir o processo em 6 etapas. Vamos ao processo.

Parte 1 - Mosturação

Se o malte de cevada não estiver moído, será necessário triturá-lo. É possível fazer isso
com um liquidificador para pequenas quantidades, mas é recomendado que se faça isso
com um moedor de cereais, como aqueles de moer milho. A cevada não pode virar pó
completamente, ela deve ser quebrada em pequenos pedaços para expor a amilase. A
granulação exata é importante também para o processo de filtragem, que veremos
adiante. Caso queira moer utilizando o liquidificador coloque um copo de malte para
cada copo de água e bata por mais ou menos um minuto, até conseguir uma aparência
de trigo para quibe.

Preparando a água: Lembre-se de que a água deve ser de boa qualidade e livre de cloro.
Pode-se utilizar água de mina ou poço artesiano. Caso queira utilizar água da rede
pública, ferva toda a água por 20 minutos (pois o cloro é muito volátil), e evite filtrá-la
em filtros de carvão ativado. Na falta de opção pode também utilizar água mineral,
porém esta água apresenta uma “dureza” elevada em virtude dos minerais dissolvidos.

Para uma boa eficiência na brasagem a água deve ter uma boa acidez, com o PH em
torno de 5 a 6, O ideal é 5,5. Faça o teste de PH. Para corrigi-lo pode-se acrescentar
ácido láctico (que é um produto alimentício. Outro produto importante é o carbonato de
cálcio, este controla o PH durante a brasagem, pois à medida que a temperatura do
mosto sobe, diminui a densidade e aumenta o PH.

Pegue a panela e coloque nela toda a cevada previamente moída. Acrescente 10 litros
de água (em média 02 litros por quilo de malte) e mexa bem até misturar toda a cevada

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com a água. A mosturação é um processo simples onde elevaremos a temperatura do
mosto (água mais cevada) em algumas etapas.

Primeiramente aqueça o mosto com uma chama não muito forte, pois a cevada pode
queimar no fundo da panela se estiver sendo utilizado um fogão industrial. Aqueça até
45 graus Celsius (sempre mexendo com uma colher) e desligue o fogo. Mantenha nessa
temperatura por 30 minutos. Então ligue o fogo novamente e aqueça até a temperatura
de 55 graus Celsius e mantenha nessa temperatura por 20 minutos. Após esse tempo
aqueça novamente até a temperatura de 65 graus Celsius e mantenha nessa
temperatura por 30 minutos. Finalmente aqueça até a temperatura de 75 graus Celsius
e mantenha por 10 minutos. Pronto a mosturação está feita. Agora um breve resumo
das temperaturas e seus respectivos tempos:

1ª etapa de temperatura: 45º graus durante 30 minutos

2ª etapa de temperatura: 55º graus durante 20 minutos

3ª etapa de temperatura: 65º graus durante 30 minutos

4ª etapa de temperatura: 75º graus durante 10 minutos

Durante a mosturação, quando se desliga o fogo, deve-se controlar a temperatura com


o termômetro acendendo o fogo quando a temperatura começar a baixar do pretendido.

Não comece a contar os tempos até que a temperatura desejada seja alcançada! Estas
temperaturas são necessárias, pois cada tipo de enzima presente no malte reage a uma
temperatura específica.

De forma alguma deixe que a temperatura do mosto ultrapasse os 80º Celsius,


pois irá dissolver os taninos presentes na casca do malte e deixar a cerveja
com gosto adstringente.

Poderão ser encontradas algumas receitas com diferenças no processo de mosturação,


tais como: atingir 45º e elevar a temperatura lentamente, 1º por minuto até atingir 65º;
divergências nos tempos de repouso ou outro método parecido como o de adição de
água quente ao invés de aquecer diretamente na chama de gás.

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Este método apresentado já foi testado e aprovado. Não que os outros estejam errados
ou não apresente uma boa eficiência, somente nunca os testei.

Parte 2 - Filtragem

Após a mosturação vamos direto para a filtragem.

Poderá ser utilizada uma panela com elemento filtrante, que é composto pela panela
com o furo no fundo onde é conectada uma peneira (na parte de dentro colocada a
alguns centímetros do fundo da panela), e uma torneira do lado de fora de forma que
quando abrir a torneira saia o mosto filtrado.

Pegue todo o mosto e jogue nessa panela em cima da peneira. O bagaço da cevada irá
parar na peneira e o líquido irá descer. Através da mangueira conectada ao fundo da
panela retire o líquido em algum recipiente e jogue de volta na parte de cima da panela.
Esse processo deve ser repetido por algum tempo, no caso é necessário fazer isso
durante uns 20 minutos até que o mosto fique limpo. Isso ocorre porque quando o
líquido passa pelo bagaço da cevada este retém as partículas em suspensão que estão
no mosto e quanto mais se realiza esse processo, mais limpa ficará a cerveja. O
processo pode ser acelerado com a utilização de uma bomba que puxe o líquido por
baixo da panela e o jogue na parte de cima novamente. O mosto fica recirculando no
filtro. Em quanto esse processo é feito coloque 5 litros de água em outra panela e deixa
aquecer. O ideal é que aqueça até 80 graus Celsius. Quando terminar de filtrar o mosto
retiro-o para a outra panela que já estava vazia. Depois de retirar o mosto do filtro
acrescentem no bagaço da cevada os 5 litros de água. Essa fase é a primeira lavagem
do bagaço. Agora repita o processo de filtragem novamente e já coloque mais 5 litros de
água para aquecer. Após terminar a primeira lavagem, retirem o líquido para a mesma
panela onde retiraram a primeira filtragem. Agora acrescente os 5 litros de água a 86
graus Celsius no bagaço e faça a segunda lavagem que já é a terceira filtragem. Repita
o processo de filtragem e no final retire o líquido para a panela. Após tudo isso deveria
ter 26 litros no total, mas só terão em torno de 24 a 25, pois 1 ou 2 litros ficaram
retidos no bagaço e nada podemos fazer quanto a isso. Agora o bagaço pode ser jogado
fora.

Caso não possua a panela com filtro, pode-se tranqüilamente utilizar uma peneira de
aço. Somente tenha o cuidado de comprar uma peneira que seja maior do que a tampa

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da panela. Adquira também um balde de plástico atóxico, para auxiliar no processo de
filtragem. Filtrar o mosto dessa maneira é um pouco mais trabalhoso mais se obtém o
mesmo resultado.

Passe o mosto pela peneira, com auxilio de uma caneca, por no mínimo 04 vezes.
Lembre-se que quanto mais limpa seu mosto ficar melhor será o seu resultado final.

Parte 3 - Lupulagem (cocção ou fervura)

Agora coloque a panela com o mosto e ligue o fogo. Neste momento pode deixar com
uma chama mais forte, pois não tem cevada para queimar no fundo da panela. Espere
atingir fervura e quando começar a ferver acrescente os 400 gramas de açúcar invertido
e os 15 gramas de lúpulo amargor. Deixe fervendo por aproximadamente 1 hora. Após
esse tempo acrescente os 15 gramas de lúpulo aromático e deixe ferver por mais 10
minutos no máximo. As substâncias aromáticas do Lúpulo são muito voláteis e se
dissipam após 15 minutos.

Passado esse tempo desligue o fogo. Depois de desligado o fogo a temperatura do


líquido deve baixar dos 100º para a temperatura ambiente. Pode-se utilizar um balde
com água e gelo (gasta-se mais ou menos 30 minutos neste processo), ou um chiler
(armação de cobre enrolada).

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Após isto deixe o mosto decantar por 40 minutos. O mosto deve ser passado direto para
o tanque de fermentação que deve ser muito bem limpo para evitar contaminação que
pode estragar toda a cerveja. Vede bem o tanque e ligue uma mangueira na parte de
cima do tanque e mergulhe sua ponta em um recipiente com água para evitar a entrada
de ar no tanque.

Existem outros equipamentos que controlam a saída de CO2, como a válvula “Air lock”.

Parte 4 - Fermentação

Antes de fechar o tanque prepare o fermento se este for fermento seco, de acordo com
as instruções do fabricante e acrescente-o ao mosto já frio. Nunca coloque o fermento
no tanque com o mosto quente, pois o fermento morrerá. Dependendo do fermento que
seja utilizado (de alta ou baixa fermentação) ele necessitará trabalhar em uma
temperatura específica e se for o caso coloque o tanque em uma geladeira na devida
temperatura indicada pelo fabricante do fermento. Depois de lacrado o tanque, após um
dia mais ou menos irá começar a sair bolhas de ar pela mangueira que foi mergulhada
na água. Isso é sinal que a fermentação já começou e o fermento está consumindo a
maltose e se reproduzindo. O tempo de fermentação irá variar de fermento para
fermento e também com a temperatura em que este fermento irá trabalhar. Quanto
mais quente mais rápido, mas é altamente não recomendado fazer isso.

Note que o líquido após a fervura perde oxigênio. Para que a fermentação ocorra deve-
se repor o oxigênio perdido durante a cocção. Utilize uma bomba de aquário (com filtro)
para devolver oxigênio ao mosto. Caso não possua, pode-se fazer revirando o líquido
algumas vezes com uma caneca. Este modo é bem mais simples mas deixa o mosto
exposto ao ar, e pode contaminar sua cerveja.

Parte 5 - Engarrafamento

Após o término da fermentação é hora de engarrafar a cerveja. Se preferir pode colocar


a cerveja em um barril e retirar como chope, a final a verdade é que esse produto que
foi feito não é cerveja e sim chope, pois não fizemos a pasteurização do mesmo.

Pese em torno de 5 gramas de açúcar para cada garrafa (de 600 ml) e coloque estes 5
gramas em cada garrafa a ser utilizada. É necessário fazer isso para que se produza gás
carbônico dentro das garrafas. Nunca coloque muito açúcar nessa etapa, pois as
garrafas podem estourar.

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Parte 6 - Maturação

Após o engarrafamento é necessário esperar um tempo para formar o gás na cerveja e


para maturar. O tempo de maturação é em torno de 10 a 15 dias. Deixe as garrafas em
local fresco e ao abrigo da luz do sol, pois esta pode alterar a cerveja ou até mesmo
estragá-la. De preferência deixe maturando em pé numa geladeira.

Lembre-se que este produto não contém conservantes e, portanto estraga bem mais
fácil que as cervejas comuns.

Para tornar a vida útil da cerveja mais longa, é necessário pasteuriza-la. O processo de
pasteurização nada mais é do que “matar” as células de fermento que ainda estão ativas
no líquido. As leveduras morrem ao atingir 45º, então para pasteurizar deve-se deixar
as garrafas submersas em água quente (em torno de 60º) por no mínimo 20 minutos.
Mas lembre-se de realizar a pasteurização somente após o período de maturação, do
contrário poderá interromper a formação do gás e da espuma.

Considerações finais

Tome muito cuidado com a higiene dos seus equipamentos. A cerveja é devida à
fermentação de fungos, mas se bactérias selvagens não desejadas fermentarem no
lugar da levedura, sua cerveja pode sair completamente diferente do esperado. Gosto
metálico ou de frutas passadas (abacaxi e/ou banana), significa que leveduras selvagens
contaminaram sua cerveja.

Cuidado também com as bactérias do seu próprio corpo, evite respirar em cima do
mosto a partir da fervura e principalmente quando colocar para fermentar. Utilize uma
água sem cloro, ou ferva a água antes de utilizar, pois o cloro é volátil e evapora com
facilidade.

A clarificação do mosto que é a separação das cascas do malte e do cereal adjunto para
se extrair só o mosto em forma líquida, mediante filtração (utilizar uma peneira ou
coador de aço).

Não utilize panos de forma nenhuma, desta forma você irá contaminar sua
cerveja. Para filtrar utilize somente o bagaço do malte. Passe o líquido pelo
menos 4 vezes pelo bagaço.

O mosto é encaminhado para tinas de decantação e depois resfriado com o auxílio de


trocadores de calor até a temperatura de 20 a 27º. O mosto deve também ser aerado,
ou seja, devolvido o oxigênio que foi perdido durante a fervura. Nesta etapa verifica-se
o nível de sacarose com a ajuda de um densímetro. (Este dado também irá variar de
acordo com o tipo de cerveja desejado, devendo acrescentar água para equilibrar ou
açúcar dissolvido).

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A fermentação é a transformação dos açúcares fermentáveis, em álcool e gás carbônico,
pela ação do fermento. O tempo de fermentação varia conforme o tipo de cerveja. Nesta
etapa o líquido não deverá entrar em contato com o ar para evitar a oxigenação.

Lembre-se sempre que todo o fermento que você utilizar será de “alta fermentação”,
isso porque o fermento age no topo do líquido formando uma espuma rala. Para isso
deixe sempre um espaço para esta espuma se formar no tanque de fermentação.

É impossível fazer uma cerveja tipo Pilsen sem refrigeração (câmara fria), pois o
fermento utilizado é o de baixa fermentação. Este fermento só “trabalha” em
temperaturas inferiores à 15º, enquanto o de alta suporta temperaturas de até 30º, (o
ideal é 25º, esta amplitude térmica pode variar também de acordo com o tipo de cerveja
pretendido, por exemplo: para uma “Stout” é bom que seja fermentado à 18º).

Na maturação a cerveja fermentada é armazenada, a baixa temperatura e sob pressão,


durante mais ou menos 15 dias dependendo do tipo de cerveja.

A filtração confere à cerveja aquela cor cristalina típica, o brilho, a transparência e o


sabor característico. É nessa etapa que são adicionados os aditivos na fabricação
industrial. Como a cerveja caseira é sem conservantes aconselho consumi-la em no
máximo 04 meses após a maturação. A filtração não é essencial, somente se houver
equipamento adequado. Para cerveja caseira fica quase impossível filtrar, por isso a
filtração (do mosto) e decantação antes da etapa de fermentação é que garantirá uma
cerveja mais limpa.

Nesse momento já temos a chamada cerveja crua, o chope, que já está pronto para ser
engarrafado. Antes de envasar deve-se acrescentar a glicose (açúcar invertido) para
realização do Primming. (adicionar 08 gramas de açúcar dissolvido por litros de cerveja).
Este processo é que irá fazer a cerveja adquirir a consistência de espuma e o gás dentro
da garrafa.

O tempo de maturação pode variar de acordo com o tipo de cerveja, porém este tempo
nunca deve ser inferior a 15 dias, para uma boa formação do gás e espuma e
conseqüente estabilidade da cerveja. Sem este tempo a espuma ficará inconsistente,
mesmo tendo gás incorporado ao líquido. Deve-se também evitar mexer nas garrafas,
deixando-as em repouso todo este tempo.

O ideal é que a cerveja seja maturada em pé na geladeira, mas como nem todo mundo
tem um freezer horizontal em casa, pode-se deixar no tempo mesmo. Basta ter o
cuidado de colocá-las em um lugar onde não recebe luz direta e nem sofra variações
térmicas durante o dia. Uma dispensa pode servir neste caso. (luz, calor e movimento:
os três devem ser evitados durante a maturação).

19
Variáveis na Brasagem.
Variáveis na Brasagem: Técnicas

Aprenda as variáveis que permitem que você obtenha o melhor de sua mosturação, e
um ajuste em sua cama de grãos.

Na introdução da edição de Março-Abril 2003 de Brew Tecnics, foi escrito um artigo


intitulado de "brasagem por infusão”. Nele, foi dado uma rápida introdução do
"cookbook" ou como executar uma brasagem por infusão. Esse artigo poderia ter sido
intitulado, "sua primeira brasagem”. Desta forma poderia nomear este texto de "sua
segunda brasagem”.

Como foi dito no primeiro artigo, brasagem é macerar os grãos e embebê-los em água
quente, passando por uma escala de temperaturas e drenando então o mosto. Os
antigos Sumérios descobriram supostamente este processo por acidente, e então os
fabricantes de cerveja o aprimoraram, durante os séculos passados até o que é hoje.
A maioria dos homebrewers revive aproximadamente esta seqüência histórica ao
aprender sobre a brasagem – eles não tem muito controle na sua primeira vez, mas
gradualmente aprimora o seu processo.

Neste artigo, discutiremos os refinamentos que podemos fazer uma vez que você já
teve sua primeira experiência em sua carreira cervejística. Descreveremos as
variáveis que têm maior impacto em sua cerveja final e mostraremos também alguns
dos aspectos práticos em se fazer cerveja puro malte.

Comprando e armazenando a grão

Um benefício de fazer cerveja puro malte é que seu custo de produção é mais baixo
do que utilizar o extrato. Você pode economizar dinheiro se você comprar uma saca
de malte inteira. Uma saca de malte pesa 50, e seu custo por quilo é menor do que
um pacote avulso. Muitos cervejeiros compram uma saca de grãos, e compram então
os maltes especiais separados (ou mesmo, fazem em casa). Lembre-se, no entanto,
que o malte é um produto alimentício perecível e vai se deteriorar com o tempo.

É bom avaliar também que os roedores e os insetos adorariam comer seu malte, e
eles irão comer à vontade se você não armazená-lo corretamente. Muitos utilizam
uma lata plástica de lixo com uma tampa hermética para armazenar seu malte. Isto
manterá os predadores longes e - se localizado em um lugar fresco, seco - seu malte
deverá manter-se saudável por aproximadamente um ano.

A moagem

Uma coisa que você pode fazer e que afeta extremamente seu rendimento é realizar
uma boa moagem do malte. O grau de esmagamento em que seu malte é submetido
afeta em muitos aspectos sua brasagem, e o rendimento do seu mosto.

A espessura de um esmagamento varia dos grãos de malte (sementes) que estão


sendo moídas até em um pó uniformemente fino. O esmagamento adequado, sem
sombra de dúvidas, se encontra entre estes dois extremos. O quanto mais fino você
moer o malte, mais elevado será seu rendimento do extrato. Entretanto, quanto mais
fino você esmaga, mais difícil será filtrar seu mosto porque a casca do malte é muito
pequena para agir como um filtro eficiente. Além do mais, as cascas do malte
quebrado em partículas, facilitará a liberação de taninos e outros componentes não
desejados, alterando o sabor do seu mosto. O ideal seria você moer fino o bastante

21
para que você obtenha uma boa eficiência na extração do amido e enzimas do malte,
e grosseira bastante para que você filtre com facilidade, minimizando assim os
sabores adstringentes.

A maior variável que afeta sua moagem é sua abertura do moinho, (o espaço entre os
rolos em seu moinho de cereais). Seria bom se houvesse uma boa abertura do
moinho, mas o melhor tamanho de abertura depende dos grãos a serem moídos e a
velocidade em que os rolos em seu moinho giram. No geral, entretanto, uma abertura
do moinho entre 0.89 e 1.3 milímetro é razoável para ser um bom ajuste, para os
diversos tamanhos do malte da cevada.

Uma segunda variável que afeta sua moagem está na velocidade que os rolos giram.
Os rolos de moinhos girados manualmente giram muito mais lentos do que os rolos de
moinhos comerciais (elétricos). Sua velocidade média é 400 RPM, para os rolos de
diâmetro de 250 milímetros. Como seu moinho é girado manualmente quanto mais
lento for, mais grosso será. Para começar a moer na velocidade apropriada do moinho
elétrico, você pode começar com um motor e controlar a velocidade com as "polias”
mais frouxas.

A maioria dos moinhos caseiros são insatisfatórios em um ou mais quesitos, quando


comparados aos moinhos comerciais. A maioria é girado manualmente e isto é faz
com que o trabalho fique demasiado lento ou rápido demais. O diâmetro dos rolos em
moinhos caseiros é normalmente menor do que em moinhos comerciais. E, muitos
moinhos têm uma abertura fixa, desta forma não podem ser ajustados para grãos
diferentes. Ainda assim, a maioria dos cervejeiros caseiros controlam a moagem para
que a eficiência do extrato e do rendimento na brasagem se assemelhe a maioria das
cervejarias comerciais. Como acontece isto?

Você pode julgar a qualidade de sua moagem examinando o grão que sai do moinho.
O que você deve ver é poucas ou nenhumas sementes interias, abundância das
sementes quebradas em duas a quatro partes e uma quantidade mínima de farinha.
Se você ver que os grãos estão sendo esmagados demasiadamente - você terá uma
eficiência elevada, mas dificuldade na filtragem e possivelmente cerveja adstringente
(seca) - você pode fazer um ajuste maior da abertura, se seu moinho for ajustável.

Inversamente, se vir o grão muito inteiro - você terá baixa eficiência, mas não terá
nenhum problema na filtragem – pode ajustar a uma abertura menor ou motorize seu
moinho.

No exemplo de malte pouco esmagado, você pode também moer a grão duas vezes.
Mesmo se você tem um moinho sem ajuste manual, uma segunda passagem através
do moinho quebrará as sementes um pouco mais. Naturalmente, o segundo
esmagamento poderá ser um pouco mais trabalhoso, porque o grão não fluirá tão
facilmente como quando inteiro.

Embora nós cervejeiros caseiros usemos tipicamente moinhos que os fabricantes de


cerveja comerciais julgariam insatisfatório, o fato é que nós podemos fazer uma
moagem decente. Estas operações seriam pouco práticas para os fabricantes de
cerveja comerciais que esmagam quantidades muito maiores de grãos e, por razões
econômicas, tem necessidade fazer rapidamente. Mas, ao moer menos de 10 kg todo
esforço é recompensado.

Diferenças de temperatura

Todos sabem que a temperatura é importante na brasagem. Entretanto, um aspecto

22
da temperatura de brasagem é deixado lado geralmente pelos cervejeiros caseiros -
consistência e estabilidade da temperatura.

É fácil extrapolar as diferentes da temperatura na brasagem. As variáveis que


aumentam o potencial para diferenças térmicas incluem: aquecimento direto da
maceração, proporção entre sólidos e líquidos, agitação do líquido (para mais ou para
menos), as diferenças iniciais nas grades de temperatura entre os grãos e a água da
panela e as grandes diferenças de temperaturas entre a temperatura do ponto de
descanso para a próxima escala.

Se você tiver que mudar a temperatura de descanso para uma grade superior, saiba
que terá que agitar bem enquanto o fogo estiver ligado. Você deve agitar por um
minuto ou mais assim que desliga seu queimador enquanto o calor irá continuar a fluir
no mosto através do metal perto do queimador (fundo da panela).

A maioria dos cervejeiros utiliza uma porcentagem de água razoavelmente baixa, algo
em torno de 2 litros de água por cada quilo de malte (ou uma relação de 2.5 / 1) que
é normal. Entretanto, se você estiver aquecendo o mosto diretamente, você pode
querer utilizar uma escala mais diluída. Por exemplo, se você estiver fazendo um
mosto por infusão escalonada, com uma diluição em torno de 4 lts/kg (ou 4:1) será
mais fácil de nivelar as temperaturas do que em um mosto mais grosso. Isto é porque
a água conduz o calor melhor do que os sólidos do malte.

Ao realizar a brasagem, o interior dos grãos está em uma temperatura inferior que a
da sua água. Teoricamente, misturar os dois deve favorecer a troca de calor para sua
temperatura alvo. Para equalizar a temperatura deve aquecer seu mosto em torno de
5º C acima da temperatura alvo antes deixá-lo na escala correta (que supõe uma
diluição média do mosto). Você pode também determinar a temperatura correta pela
experimentação e pelo erro. Anote sua temperatura de água e a temperatura inicial
do mosto para duas ou três vezes em que você fizer cerveja e você terá rapidamente
uma boa base para que sua temperatura de água seja ideal. Quanto mais próxima sua
água alcançar a temperatura correta, mais rápido seu mosto terá um rendimento
satisfatório.

A temperatura de seu mosto recentemente misturado pode potencialmente ser


afetada pela temperatura externa. Teoricamente, você quer aquecer o mosto
diretamente a sua temperatura alvo. Fazer com que seu mosto aquecido chegue a
alguns graus acima de sua temperatura alvo deve resolver. Deixe a água acomodar-se
por alguns minutos, a seguir torne a aquecê-la.

Estabilidade de temperatura

Uma vez que você desliga o fogo, sua cama de grãos começará a perder calor. O
melhor cenário e que seu mosto perca menos calor quanto for possível. As perdas de
temperatura serão maiores quanto maior forem as bordas de sua panela. Você pode
isolar, por exemplo, simplesmente com toalhas, com um "revestimento isolante
térmico" que vá sobre a panela envolvendo-a ou uma isolação de fibra de vidro.
Mesmo se sua panela de brasagem seja razoavelmente bem isolada - por exemplo, se
você utiliza um refrigerador convertido de piquenique - a adição de uma isolação
extra, poderá ajudar a reter mais calor.

Assim essencialmente, as diferenças na temperatura do mosto podem existir


inicialmente e podem interferir de alguma forma durante a brasagem devido ao
aquecimento ou a refrigeração. Em todos os casos, agitar bem fará as temperaturas
do mosto de equilibrarem.

23
Entretanto, porque você necessita deixar sua panela aberta para agitar, você perderá
também o calor cada vez que você misturar o mosto. Sendo assim, você deverá
adicionar algum calor cada vez que você agitar. Se você não puder aplicar o calor
direto, você terá que adicionar a água próxima à fervura. Faça exame da temperatura
pelo termômetro em diversos lugares dentro do seu mosto. Agite até as diferenças de
temperatura não existam. A cada 5 minutos, faça exame da temperatura perto do
meio e aproxime nas bordas, a seguir adicione algum calor caso e agite para trazer a
temperatura ao seu alvo original. Se a temperatura mudou pouco e mostrou
diferenças pequenas do meio para a borda nestes 15 minutos, deixe o descanso do
mosto completar o tempo necessário. Se você notar pedra significativa de calor dentro
dos 5 minutos analisados, você deverá definitivamente isolar sua panela com uma
malha térmica.

Em uma panela de 25 L, eu tento que manter meu mosto cerca de 1.5º C de minha
temperatura do alvo. Para manter-se dentro de meu alvo, eu tenho que aquecer e
agitar cada 05 minutos. Você terá que manter o termômetro dentro do mosto durante
todo o tempo. Quanto mais apertado for o controle que você faz, mais você estará
monitorando, agitando e aquecendo seu mosto. Entretanto seu resultado será bem
mais satisfatório.

Extração do mosto

Uma vez que a brasagem termina, e o mosto é bem recirculado, a extração do mosto
começa. Um fator que afeta extremamente a qualidade de sua cerveja é quanto
mosto que você coleta. O primeiro volume do mosto que você extrai em sua panela
terá uma densidade de até SG 1.100, dependendo de sua diluição do mosto, e não
deverá conter nenhum elemento indesejável extraído das cascas do malte (muito bem
filtrado). Como você continua a enxaguar a cama de grãos com água quente (sparge),
a gravidade das gotas no escorredor, e em algum ponto, fará a extração de materiais
não desejados da casca. Assim, para cada kg de grão você leva a brasagem, há um
volume do mosto que você pode coletar que irá render a quantidade máxima de
extrato possível antes que a qualidade do mosto se deteriore.

Para encontrar seu volume apropriado do mosto a coletar por peso de malte na
brasagem, você necessita um hidrômetro (densímetro) ou um medidor de pH. Meça a
gravidade específica ou o pH do mosto enquanto você coleta o mosto. Todo receita
tem uma gravidade específica a ser atingida

Quando a gravidade específica cair a 1.010 ou o pH se levanta a 5.8, pare de coletar o


mosto e faça a anotação do volume do mosto. Divida este volume pela quantidade de
malte que você levou para a brasagem. Por exemplo, siga este modelo: macerando
4.5 quilogramas de malte e coletando 20 L de mosto antes de parar. Isto significa que
você coletou 4.5 l/kg de mosto. Encontrar esta relação em seu sistema permitirá que
você planeje antes de coletar seu mosto, e veja a melhor relação de para
experimentar alguma receita nova.

Assim você saberá se necessitar adicionar a água ao seu mosto, baseado em seu
tempo previsto da fervura. Isto pode ser necessário ao fazer cervejas de receitas não
experimentadas. De outro modo, com as cervejas fortes você pode usar este cálculo
para predizer quanto tempo você necessitará ferver para reduzir seu volume de
mosto.

24
Pontos importantes
10 passos para sua primeira cerveja.
Os 10 passos principais para uma boa cerveja

O que é realmente importante quando chega o momento de melhorar o processo


de elaboração de cerveja? Com o quê não temos que nos preocupar tanto?

Todos nós nos encantamos com nosso primeiro lote de cerveja. Aquele som do gás
saindo da primeira garrafa é mágico!

Sem dúvida, uma vez que se foi o entusiasmo inicial, a maioria dos cervejeiros
começam a estudar como melhorar sua cerveja. É neste momento no qual os
cervejeiros iniciantes encontram problemas. O problema não é a falta de
informação, mas propriamente o excesso dela. Livros, revistas, fóruns na Internet…
todo mundo tem uma opinião sobre como melhorar sua cerveja. São tantos
palpites e idéias sobre processos e equipamentos que com certeza o deixarão
confuso.

Diferenciar o crítico do trivial não é fácil. Alguns aspectos importantes da


elaboração de cerveja tem relativamente pouca publicidade, enquanto que se
desperdiçam hectolitros de tinta e quilômetros papel em aspectos menos
importantes, simplesmente porque existe uma explicação técnica de como
funciona.

Neste artigo, damos os que penso ser os 10 passos mais importantes para elaborar
uma cerveja melhor, em (mais ou menos) sua ordem de importância. A maioria são
bem conhecidos, inclusive para os principiantes. Porém espero que, ao ordenar-los
por importância, todos possam refletir sobre seu processo de elaboração de
cerveja.

# 1 Limpeza

Sem discussão, a parte mais importante da elaboração de cerveja e a menos


glamorosa é a de limpar seu equipamento. Sem equipamento limpo, não há como
estar desinfetado e, em conseqüência, é impossível fabricar uma cerveja de
qualidade.

Tudo em sua “cervejaria” deve estar limpo (inclusive o mestre cervejeiro). Por isso,
qualquer superfície que esteja em contato com o mosto ou com a cerveja deve
estar reluzente, também o mesmo deve aplicar-se a qualquer outra superfície de
seu equipamento ou de sua área de trabalho. Caso contrário, a sujeira pode
transferir de uma superfície a outra limpa, e entrar em contato com o mosto ou a
cerveja. Lembre-se que suas mãos tocam muitas coisas durante o período de
elaboração. Se for manejar um elemento do equipamento limpo e desinfetado
depois de tocar algo sujo, lave bem as mãos antes.

Uma dos principais pontos para organizar bem a limpeza é fazê-lo todo e
imediatamente depois de seu uso. Guarde tudo limpo! É muito importante limpar
panelas, fermentadores ou garrafas vazias antes que a sujeira tenha tempo de
endurecer. Sem dúvida pode requerer um trabalho mais difícil se a deixarmos
assentar um pouco. Aliás, limpar imediatamente previne que a sujeira em seu
equipamento se converta em um meio fértil de cultura para microorganismos
contaminantes, o que nos leva ao passo seguinte.

26
# 2 Desinfecção

O mosto (a cerveja antes de fermentar) é um meio de cultura rico para


microorganismos oportunistas. Porem o único microorganismo que você quer que
se desenvolva nele é a levedura (a que você inocular, não a selvagem). Se em seu
mosto começam a crescer bactérias ou leveduras selvagens, poderão produzir
sabores ácidos, acéticos, fenólicos ou outros sabores e aromas não desejados. Sem
uma adequada desinfecção, qualquer coisa que faça durante o dia de fabricação
(Brew Day) poderá ser perdido.

O conselho mais importante que um cervejeiro deve aprender sobre a desinfecção


é que os desinfetantes se aplicam somente depois de que o equipamento esteja
limpo e somente em sua concentração adequada.

Por último, lembre-se que sua cerveja não é igualmente propensa à contaminação
ao largo de todo o processo. Antes da fervura não há que ter tanto cuidado, uma
vez que o calor é por si só esterilizante. O mosto resfriado e oxigenado é um meio
de cultivo muito fértil para muitos tipos de microorganismos. A cerveja é menos
suscetível, uma vez que é um meio ácido e alcoólico. Existem organismos que
podem deteriorar a cerveja, porem o conteúdo de álcool e o pH baixo da cerveja
são uma defesa parcial contra a contaminação.

# 3 Ingredientes de qualidade

Em muitos aspectos, fazer cerveja é como cozinhar, ou mesmo fazer pão. Isto é
especialmente certo quando falamos dos ingredientes. Necessitamos de
ingredientes frescos, de qualidade, para fazer uma boa cerveja. Portanto, é
importante saber identificar os ingredientes e suas propriedades.

O lúpulo, tanto em flor como em pellets, deve ter uma coloração verde intenso e
um aroma agradável. Não se deve utilizar os que possuam coloração marrom ou
com aroma próximo a queijo. A melhor forma de armazenar seu lúpulo é em
pacotes bem fechados e no congelador de sua geladeira ou freezer.

Os grãos de malte, incluindo o malte base (Pilsen) e os especiais, devem ter um


aroma e sabor fresco. O grão velho terá um sabor e cheiro rançoso. Pegar um
punhado de grãos e mastigá-los te mostrará certamente se estão adequados para
fazer cerveja. O grão deve ser armazenado em um lugar seco e fresco, e deste
modo durará pelo menos oito meses. O grão inteiro retém sua qualidade por muito
mais tempo que quando moído, e que sempre se deverá usar em um máximo de
duas semanas depois de moído.

O extrato de malte também tem que ser fresco e pode-se armazenar nas mesmas
condições que os grãos. Se estiver guardado adequadamente, o extrato seco de
malte (DME) durará pelo menos por um ano, enquanto que o extrato líquido de
malte (LME) começará a deteriorar após 6 meses. (LME contem água em sua
composição, o que explica que envelheça antes.)

O DME deve estar como um pó se estiver aglutinado como uma paçoca


provavelmente terá absorvido água. O LME se tornará marrom claramente quando
estiver deteriorado. Pode-se dissolver uma pequena quantidade em um copo de

27
água quente e observar-lo. Veja nas bordas, onde o mosto toca o copo, se a
aparência é em tom marrom.

Tendo em consideração que a cerveja é composta em média de mais de 90% por


água, sua água também deve ser de boa qualidade. Antes de começar, verifique se
sua água tem sabores estranhos, lembre-se que a água não deve ter gosto ou
aroma, caso contrário os passará para sua cerveja. Caso sua água de torneira
tenha um sabor aceitável, o principal problema passa a ser o cloro ou o flúor. Estes
produtos se adicionam à água para garantir sua potabilidade, e reagirão com os
ingredientes da cerveja causando sabores inadequados ou que a farão envelhecer
prematuramente.

Para eliminar o cloro temos algumas alternativas: filtrar com carvão ativado ou
tratamento químico. Um filtro de carvão deverá eliminar uma quantidade suficiente
de cloro que permita utilizar esta água para fazer cerveja. De forma alternativa, um
tratamento mediante “outros produtos químicos”, com uma dosagem correta,
elimina o cloro. Se teu equipamento está limpo e desinfetado, e seus ingredientes
são frescos, seu objetivo passa a ser conseguir extrair o máximo dos ingredientes,
o que nos leva a…

# 4 Inocular levedura sadia

Do ponto de vista prático, o maior avanço técnico que podem conseguir a maioria
dos cervejeiros iniciantes é desenvolver uma boa fermentação. E a chave para este
feito é inocular uma quantidade adequada de levedura sadia. Para um lote de 20
litros de cerveja tipo Ale, é necessária a inoculação de uns 260 milhões de células
vivas de levedura, destas no mínimo 95 % devem estar sadias (Nota que um
pacote de fermento seco – 06 gramas - tem células mais do que suficiente para 20
litros, podendo ser utilizada em até 30 litros caso haja uma boa aeração do mosto).
Estimar com precisão razoável o número de células sadias e vivas requer a
utilização de um microscópio, e um reagente especial: o azul de metileno. Existe,
entretanto, uma maneira relativamente mais fácil de garantir que tenha um
número suficiente de levedura sadia: fazer um “starter” de sua cultura de
fermento.

Para as Ales de pouca densidade original OG, um starter de 1 a 2 litros produzirá


uma quantidade suficiente de células sadias, um a dois dias depois do início das
atividades da levedura. Para Lagers de média densidade original, se requer um
starter de 2 a 4 litros.

Isto tudo dito acima se aplica quando for utilizar levedura recuperada de outras
fermentações ou quando for utilizar levedura líquida comprada pela internet. No
caso das leveduras secas e com quantidades controladas não é caso para
preocupação.

# 5 Temperatura de fermentação adequada e estável

Se você inoculou uma quantidade adequada de levedura, o seguinte fator mais


importante a ser observado é fermentar a cerveja na temperatura ideal para este
tipo de cepa e manter estável a temperatura (ao menos relativamente) durante
toda a fermentação.

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Se a temperatura ambiente em sua casa ou local escolhido não é adequada,
existem alguns métodos comprovados que possa recorrer tais como cobrir o
fermentador com uma toalha molhada, o que permite uma ligeira porem relevante
baixa de temperatura. De igual modo, envolver o fermentador em mantas quentes
contribui para reter o calor (se este for o caso). Você pode ainda deixar o
fermentador parcialmente submerso em uma banheira, pois em meio líquido a
variação de temperatura é bem menor. Soluções mais elaboradas para controlar a
temperatura incluem usar um refrigerador ou freezer com termostato ou
fermentadores com controle de temperatura incorporada.

# 6 Oxigenação do mosto

O último fator importante para conseguir uma boa fermentação é obter uma
correta oxigenação do mosto. As leveduras necessitam oxigênio para sintetizar uns
compostos chamados esterois, que as ajudam a construir as paredes das
membranas celulares. Pode-se oxigenar o mosto apenas trasvasando-o algumas
vezes (2-3) entre recipientes desinfetados. Uma melhor solução é conseguir um
compressor de aquário e inserir ar ou oxigênio através do mosto, com um difusor
de aço inoxidável.

# 7 Evitar o excesso de taninos

A fermentação é importante, porem é necessário que seja oferecido às leveduras


um bom meio de propagação (um bom mosto). Ao elaborar um mosto que é o
primeiro passa para se fazer cerveja, podem aparecer alguns problemas. Uma das
coisas mais comuns que pode ocorrer ao macerar sua cevada é a extração de
demasiados taninos da casca do malte. Caso isso ocorra os taninos farão que a sua
cerveja tenha uma sensação seca e adstringente na boca (a semelhança de um
vinho seco). Isto é muito bom e desejável no vinho, mas na cerveja é terrível e
insuportável para o consumo. Quando isto ocorrer, a culpa habitual é o uso de
muita água na lavagem dos grãos. Deve-se macerar com uma solução entre 2,2 a
4.0 litros de água por kg de malte. Porem o mais importante, não é lavar demais
os grãos, mas conferir a densidade do mosto, e parar quando esta densidade for
inferior a 1.008 (ou 4º Brix). O melhor, caso tenha uma maneira de medir o pH,
não deixar que seja superior a 5.8). E finalmente, mantenha a temperatura da
água de lavagem abaixo dos 80º C.

# 8 Manter o Oxigênio (ar - ambiente) afastado

A levedura necessita de oxigênio, a fim de reproduzir-se e fermentar o mosto


adequadamente. Porem, uma vez que já começou a fermentação, deve-se a todo
custo evitar a exposição do mosto o a cerveja ao oxigênio. A exposição a ar
enquanto a cerveja está em processo de maturação produz sabores “de papel”, ou
“papelão” devido à oxidação. Além disso, a presença do oxigênio pode favorecer o
desenvolvimento de organismos que podem por todo o seu trabalho a perder, como
os lactobacilos (bactérias Lácteas), que resultarão em um caráter avinagrado
(ácido) nas cervejas que estão contamina. Para evitar isto, mantenha seus
fermentadores bem fechados e com os “airlock” bem colocados, faça o trasvase da
sua cerveja de forma tranqüila e use recipientes com pouco espaço de ar livre para
maturar a cerveja. Caso tenha um sistema de barris, também é interessante
encher os recipientes com CO² antes de trasvasar a cerveja.

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# 9 Uma fervura vigorosa do mosto

Uma fervura correto esteriliza o mosto, favorece a formação de um bom “hot


break”, elimina os precursores de dimetil (que resultam em diacetil) e baixa o pH
do mosto. Fervuras pouco enérgicas ou com um tempo insatisfatório produzem
cervejas turvas e instáveis, enquanto que uma fervura vigorosa promove cervejas
claras e biologicamente mais estáveis.

# 10 Um pH adequado e controlado

Quando surge o tema de pH nos fóruns de cervejeiros caseiros, pense sempre que
estão falando no contexto da maceração (brasagem). O pH da maceração deve
estar entre 5.2 e 5.8 para uma conversão adequada dos amidos em açúcares
fermentáveis. Não obstante, conseguir um pH adequado é também importante na
fervura, no mosto depois de ferver e na cerveja propriamente dita.

Durante a fervura, o pH do mosto cairá de 5.6 a 5.3, mais ou menos. Sem


dificuldade consegue-se obter alguns benefícios se alcançar um pH mais baixo, de
5.0 a 5.2. Uma melhor formação do “hot break”, uma melhor perfil de sabores do
lúpulo e menor escurecimento da cerveja, são três dos benefícios de uma redução
do pH durante a fervura. O principal inconveniente é que o aproveitamento do
lúpulo diminuirá ligeiramente.

Com o propósito de baixar o pH durante a fervura, alguns cervejeiros alemães


adicionam um pouco de cálcico durante a fervura. É recomendada a adição de ¼ de
colher de chá de cloreto cálcio, esta quantidade funciona perfeitamente para uma
produção de 20 litros. Também se pode usar ácido láctico ou fosfórico para redução
do pH. O pH da cerveja cai para 4.0 a 4.4 depois da fermentação e maturação. Se
o pH da cerveja ficar muito alto, apresentará uma falta de “secura” no palato.

Conclusão

Tudo isto o que foi apresentado, não quer dizer que não haja outros fatores que
ajudem a melhorar sua cerveja, o que na realidade existem. Porem esta lista
exposta compreende os 10 principais fatores que com certeza fazem a diferença na
produção de cerveja para os cervejeiros caseiros. Se estiver seguindo o exporto
nesta lista, os seguintes processos: tratamento químico da água, afinar os
parâmetros da brasagem, encontrar a receita perfeita, etc. ocorrerão com
tranqüilidade e certamente afetarão o caráter da cerveja, porem não tanto a
qualidade geral da mesma como os 10 passos aqui descritos. Aliás, há processos,
como o resfriamento, que são igualmente importantes, porem não se tratam de
“compulsórios” a ponto de se tornar um problema para os cervejeiros com uma
prática já definida.

Pode ser que encontremos muitos cervejeiros que não estarão de acordo com a
ordem dos passos apresentados aqui (e um dos grandes aspectos da elaboração
caseira de cerveja são os debates que inspiram e as várias formas de fazê-lo). Por
exemplo, pode-se encontrar um cervejeiro obcecado com os parâmetros da
brasagem, porem que trata a fermentação como algo natural e sem importância.
Pelo menos, se este texto te põe a pensar sobre onde gastar seu tempo e seu
esforço quando fazes cerveja (e o porquê de cada passo), então terá servido a seu
propósito.

30
Segredos para uma boa espuma.
Sobre a espuma.
Este tópico é sobre uma dúvida recorrente, a respeito do esforço necessário para
melhorar a espuma e fazê-la um pouco mais densa e cremosa.

Como cervejeiros caseiros, uma boa carbonatação quase sempre deveria assegurar
uma boa e consistente espuma. Porem, a carbonatação é somente um dos aspectos a
observar para conseguir uma boa espuma (creme).

Na verdade os fatores a serem considerados são vários, porque se somente a


carbonatação fosse o segredo, então os refrigerantes teriam uma espuma
maravilhosa. Eu (em minhas primeiras produções) conseguia uma espuma rala, sem
consistência e com as bolhas de gás muito grandes, tal como refrigerantes.

A complexidade dos compostos que estão na cerveja é que promovem a formação de


espuma. É por isso que se diz que o segredo está “em todo o processo”! Porem há
ainda outros compostos que fazem a espuma desaparecer... Então a conta é simples,
se ganham os promotores de espuma, tudo bem, caso contrário, já era!... Dentro da
cerveja temos principalmente compostos hidrofílicos (amam a água) e compostos
bem hidrofóbicos (odeiam a água). Ainda existem outros compostos similares as
glicoproteinas (que são parte hidrofílica e parte hidrofóbica). Devido às forças de
atração / repulsão destas moléculas em respeito ao meio (água) se formam bolhas
cujos espaços se aloja o CO2 formando as borbulhas que agrupadas soa a espuma
tão desejada por nós.

Muitos destes compostos incluindo os já conhecidos ácido-alfa que estão presente no


lúpulo ajudam a estabilizar estas estruturas. Por outro lado os detergentes e as
gorduras tendem a desestabilizá-las fazendo com que a espuma se desintegre mais
rápido do que gostaríamos. Desta forma, todas as vezes que inventamos fazer
cervejas especiais (adjuntos ou algum tipo de essência, porque estas geralmente são
ricas em azeites aromáticos) estas tendem a ter espuma menos estável que as
outras sem especiarias. Por outro lado alguns dizem que agregar aveia (ou outra
incorporação de compostos ricos em proteínas o glicoproteínas como também os
flocos de trigo, cevada ou trigo não malteado) resulta em uma espuma mais estável
e mais densa. Porém temos que manter os níveis de adjuntos suficientemente baixos
para não dar muito gosto a cerveja (lembre que só queremos melhorar um pouco a
espuma e não mudar o estilo da cerveja)

Adjuntos na "maceração" (extração de açucares) como o milho, arroz ou açúcar


invertido tendem a diluir o efeito espumante. (Espuma densa, rica e cremosa é
própria das cervejas “puro malte”).

Agora você conseguiu uma espuma muito linda, cremosa e tal, mas se desmancha
toda antes de um minuto, de que te adianta? Então outro fato importante também é
o poder de retenção desta espuma. Isto é controlado principalmente pela viscosidade
da cerveja.

A viscosidade de um líquido se pode analisar como a velocidade que se movem às


moléculas deste líquido umas sobre as outras. Por exemplo, o mel é muito viscoso
por que se move devagar por entre as moléculas, fluindo lentamente, ao contrário, a
água é pouco viscosa já que flui rápido...

32
Se dissermos que as borbulhas de CO2 eram como pequenas bolsas dentro destas
estruturas hidrofílicas e hidrofóbicas, então se a água que suporta toda esta matriz
de borbulhas se "escorre" entre elas rapidamente por ser pouco viscosa, as borbulhas
se desfazem sem água ao redor, os compostos se desordenam e a estrutura muda
fazendo-as explodir e liberar o CO2, (tchau bolhas)....

Isto se repetido mil vezes faz com que a espuma se dissolva rapidamente. A adição
de aveia não somente aumenta a quantidade de proteínas (ou glicoproteinas), mas
também confere à cerveja maior viscosidade resultando em uma maior retenção de
espuma.

Também se sabe que a Guiness agrega N2 (nitrogênio) para fazer uma espuma mais
densa e cremosa... todos queremos ter essa espuma que parece que vai durar anos
ali...

O que acontece com o Nitrogênio são basicamente três coisas. Uma é que o
Nitrogênio tem uma tensão superficial menor com a água que o CO2 e isto forma
borbulhas menores e portanto mais estáveis e com menos tendência a explodir-se
facilmente. A outra é que o N2 é menos solúvel no líquido. A terceira razão porque o
N2 forma essa espuma tão especial tem a que ver com a porcentagem de N2 na
atmosfera. O ar atmosférico é mais rico em N2 do que em CO2 (tem
aproximadamente uns 75% de N2 contra uns poucos 0.2% de CO2) isto faz com que
o Co2 escape com uma velocidade maior do nosso copo pela espuma, e da espuma
para o ambiente, enquanto o N2 está equilibrado na espuma.

Outro probleminha é que às vezes a cerveja parece uma máquina de fazer bolhas!!
Isso geralmente acontece por colocar muito açúcar ao engarrafar (primming), ou
talvez por alguma contaminação por micro organismos oportunista (levedura
selvagem). Isto não deveria acontecer se fizermos uma correta medição da
quantidade de açúcar no primming e se utilizamos elementos limpos e bem
sanitizados, além de enxaguados corretamente.

Resumindo um pouco toda esta falação:


Para ter uma espuma digna:
* Carbonatação correta (seja artificial ou adicionando açúcar no primming ao
engarrafar)
* A adição de Lúpulo para amargor lhe da uma maior estabilidade (são "armadores"
de espuma)
* O malte de trigo é um bom armador de espuma também.
* A adição de adjuntos protéicos como a cevada (não malteada) e/ou aveia
aumentam a "retenção de espuma"
* Evitemos "diluir" com adjuntos de baixo conteúdo protéico como arroz, milho, etc..
* Sanitizar e enxugar bem
* Muita atenção com as especiarias e essências.

Depois também, é claro ainda vai depender de como se sirva a cerveja, (copos
limpos, sem resíduos de detergente ou gordura, e uma temperatura ideal entre 4 a
7º C).

33
Descrição de Maltes e Adjuntos.
O QUE ADICIONA A NOSSA CERVEJA CADA UM DOS ADJUNTOS MAIS
UTILIZADOS?

Este artigo é um resumo do que a maioria dos maltes e adjuntos mais utilizados
contribui para o perfil de aromas e sabor da cerveja e suas características mais
marcantes.

Este texto foi traduzido do livro de John Palmer (www.howtobrew.com)

Tipos de Maltes e Usos.

(Os valores de cor, por grau Lovibond, listados como “xx L”, são valores informados
pelos fabricantes)

Maltes Base

Malte Pilsen: 2L. O malte Pilsen (Pilsner ou Pils) utilizado nas Lager pode ser
usado tanto para produzir Ales como Lagers. O nome deriva do fato de que as
Pilsen (Lagers) é o estilo mais comum de cerveja fabricada com este tipo de malte.
Porque tende a ser o malte mais disponível (a oferta acompanha demanda) é usado
também em quase todos os outros estilos de cerveja.

Logo após a germinação, o malte Pilsen é aquecido lentamente em um forno até


32.2°C durante o primeiro dia, subindo a 48.8 – 60°C por 12 – 20 horas e logo
“curado” a 79.4 – 85°C durante 4 – 8 horas, dependendo da maltearia. Isto produz
um malte com um sabor delicado e aprazível e com um excelente potencial
enzimático. É usado como base para a maioria das cervejas do mundo em conjunto
com os maltes especiais para agregar os sabores desejados.

Malte Pale Ale: 3L. Este tipo de malte é aquecido a temperaturas mais altas que o
malte Pilsen, dando a ele um sabor ligeiramente mais tostado o que é muito
adequado para as Pale Ales.

Malte de Trigo: 3L. O trigo tem sido utilizado para elaborar cerveja quase que ao
mesmo tempo em que a cevada e tem o mesmo poder diastásico. O trigo malteado
é usado de 5 a 70 % do total de grãos a ser macerado (mash) dependendo do
estilo. O grão de trigo malteado não possui casca exterior, portanto tem menos
taninos do que a cevada. Geralmente é mais pequeno que o grão de cevada e
contém mais proteínas, ajudando a retenção de espuma da cerveja.

Malte de Centeio: 3L. O centeio malteado não é muito comum, porem vem
ganhando popularidade atualmente. Pode ser usado como uns 5 a 10 % do total de
grãos para dar uma nota ‘picante’. É inclusive mais espesso na maceração que o
trigo e deve ser manejado de acordo a este perfil.

35
Maltes Escuros (necessitam ser maceradas)

Estes maltes são comumente produzidos mediante o aumento das temperaturas de


secagem usadas para a produção do malte base, porem também pode ser
produzido tostando o malte base por um período de tempo específico em um forno
caseiro. Os tempos e temperaturas sugeridos para produzir em casa estes tipos de
maltes são dados em outro artigo – Experimente!

Malte Biscuit: 25L. Este malte bem tostado e ligeiramente queimado é usado para
dar a cerveja um sabor próximo ao de pães e biscoitos. É tipicamente usado na
proporção de uns 10% do total de grãos da receita. Aporta à cerveja uma cor
âmbar profundo, quase cobre.

Malte Victory: 25L. Este malte tostado é similar em sabor ao alto biscuit, porem
aporta um sabor mais próximo ao de nozes. Dá à coloração da cerveja reflexos
alaranjados.

Malte Munich: 10L. Este malte tem uma cor âmbar e aporta muito sabor de malte.
Este malte tem suficiente poder diastásico para converter suas próprias enzimas,
porem geralmente é usado junto a um malte base na composição das receitas. Este
malte é utilizado para cervejas do estilo Oktoberfest, Munich entre muitas outras,
incluindo também as Pales Ales.

Malte Vienna: 4L. Este malte é mais claro e mais doce que o malte Munich e é o
ingrediente principal das cervejas estilo Bock. Possui suficiente poder enzimático
para converter seus amidos porem é pouco usado como malte base.

Malte de Dextrina (Carapils ou Dextrine Malt): 3L. Este malte é pouco usado e
aporta pouca cor avermelhada, porem melhora o “mouthfeel”, ou sensação na boca,
que quer dizer o corpo percebido da cerveja. Uma quantidade comum para uma
partida (batch) de 20 litros (5 galões) é de 300 gramas (1/2 libras). O malte de
Dextrina não possui poder diastásico. Deve ser macerado na brasagem, deve-se ter
cuidado com o excesso de amidos não convertidos que podem causar turbidez.

Maltes Caramelo (Cristal) (podem ser macerados normalmente).

Os maltes Caramelo foram submetidos a uma ‘cocção’ (cozimento) especial, logo


após o processo de malteação, o que cristaliza parte dos açúcares presentes no
amido. Estes açúcares são caramelizados em cadeias mais longas que não são
convertidas em açúcares simples (fermentáveis) pelas enzimas durante a
maceração. Este ponto resulta em uma cerveja mais maltosa, com uma doçura de
caramelo e um sabor mais redondo e bem acabado. Estes maltes são usados para
quase todos os estilos de Ales ou Lagers de alta densidade. Muitos maltes caramelo
são normalmente adicionados, em quantidades de 5 – 25% do total de grãos para
uma partida (batch) de 20 litros.

Caramelo 10: 10L. Este malte aporta uma ligeira doçura similar ao mel e pouco
corpo à cerveja final.

Caramelo 40: 40L. A cor adicional e a ligeira doçura próxima a caramelo deste
malte é perfeita para as Pale Ales e Amber Lagers.

36
Caramelo 60: 60L. Este é o malte caramelo mais usado. É muito adequado para
Pales Ales, e outros estilos como: English Bitters, Porters e Stouts. Aporta muito
sabor de caramelo e bom corpo à cerveza.

Caramelo 80: 80L. Este malte é usado para fazer cervejas avermelhadas e aporta
um ligeiro sabor doce-amargo, como o caramelo queimado.

Caramelo 120: 120L. Este malte aporta muita cor e sabor doce-amargo, como o
caramelo queimado. Muito útil em pequenas quantidades para agregar
complexidade ou em maiores quantidades para as Vintage Ales, Barley Wines e
Doppelbocks.

Especial B: 220L (também conhecido como Cararoma). Este malte Belga único
possui um sabor doce de nozes queimadas. Usado com moderação – até 300
gramas (¼ – ½ libra), é muito bom para as Brown Ales, Porters e Doppelbocks.
Quantidades maiores, mais de 300 gramas (1/2 libra) em um batch de 20 litros,
aportará sabores como de ameixa madura (que pode ser desejado no caso das
Barley Wine).

Maltes Tostados (podem ser utilizadas em infusão ou maceradas).

Estes maltes bem tostados aportam um sabor de café ou de tostado queimada


próprio das Porters e Stouts. Obviamente estes maltes devem ser usados com
moderação. Alguns cervejeiros recomendam que sejam agregados somente ao final
da maceração (mash), argumentando que assim se reduz o ‘sabor pungente’ (acrid
bite) que estes maltes podem aportar. Esta pratica parece produzir uma cerveja
mais suave para os cervejeiros que elaboram cerveja com água ‘branda’ ou com
baixo teor de bicarbonato.

Malte Chocolate: 400L. Usado em pequenas quantidades para Brown Ales e


quantidades maiores para Porters e Stouts, este malte tem um sabor amargo-doce
similar ao chocolate, agradáveis características queimadas e aporta uma profunda
cor rubi escuro.

Malte Black Patent: 580L. Este é o malte mais negro dos negros. Deve ser usado
com moderação, geralmente menos de 300 gramas (½ libra) para 20 litros. Aporta
um sabor queimado como de carvão ou pão tostado que pode ser na realidade
bastante desagradável se é usado em excesso. É muito útil para agregar cor e/ou
para colocar um ‘limite’ à doçura residual de outros estilos que utilizam muito malte
caramelo.

Cevada Tostada: 550L. Este grão não é na realidade um malte, tratando-se de


somente de cevada muito torrada. Tem um distintivo sabor seco de café e é o sabor
próprio das Stouts. Aporta menos sabor de carvão que o Black Patent.

37
Outros grãos e Adjuntos

Aveia: 1L. A aveia é maravilhosa para o cervejeiro caseiro, excelente em uma


Porter ou Stout. A aveia prensada aporta um “mouthfeel” suave, sedoso e uma
cremosidade a uma Stout que deve ser saboreado para ser entendido. A aveia está
disponível inteira, prensada e em flocos. A aveia prensada e em flocos tem seus
amidos já gelatinizados (solúveis) por meio do calor e da pressão, e são
normalmente encontradas como ‘Aveia Instantânea’ no mercado. A aveia inteira
não possui o mesmo nível de gelatinização que a cevada ou o trigo e deve ser
cozinhada antes de adicionada ao macerado (mash). Deve cozida por 20 minutos
(com mais água que o usual) para garantir que os amidos sejam utilizados por
completo. Após isto, adiciona-se a aveia para ser macerada com o malte de cevada
(e suas enzimas) para sua conversão.

Flocos de Milho: O milho em flocos é um adjunto comum nas Bitters e Milds


Inglesas e foi muito utilizada nas Lager ligeiras Americanas (ainda que hoje se
usam mais a farinha de milho). Usado apropriadamente, o milho diminuirá a cor e
baixará o corpo da cerveja sem se sobrepor ao sabor do malte. O milho deve ser
macerado juntamente com o malte base.

Flocos de Cevada: Os flocos de cevada não malteados são pouco utilizados nas
Stouts para agregar proteínas que ajudam à retenção de espuma e melhoram o
corpo. Pode ser usado também nos outros estilos de Ales fortes (com alta gravidade
inicial). Os flocos de cevada devem ser macerados juntamente com o malte base.

Flocos de Trigo: O trigo não malteado é um ingrediente comum nas cervejas de


trigo, incluindo: American Wheat, Bavarian Weisse, e é essencial para as Lambic e
as Wit Belgas. Aporta turbidez pelo amido e altos níveis de proteínas. O trigo em
flocos aporta um sabor de trigo mais ‘agudo’ que o trigo malteado. Deve ser
macerado (mashed) junto com o malte base.

Flocos de Arroz: O arroz é o outro adjunto mais usado nas Lagers leves
Americanas e Japonesas. O arroz tem muito pouco sabor e produz uma cerveja
mais seca que o milho. Deve ser macerado (mashed) junto com o malte base.

Casca de Aveia e/ou Arroz: Não se trata de adjuntos propriamente ditos, as


cascas não produzem açucares fermentáveis porem podem ser muito úteis na
maceração (mash). As cascas provêem massa e ajudam a prevenir que a cama de
grãos se comprima e tape o seu filtro durante a filtragem. Por isto podem ser muito
úteis quando se produz cervejas de trigo ou centeio com um baixo percentual de
malte e cascas proveniente da cevada. Deve-se lavar e enxaguar minuciosamente
antes de ser usadas para retirar as impurezas e resíduos.

38
Como fazer maltes especiais
em casa.
COMO FAZER MALTES ESPECIAIS EM CASA

O objetivo de tostar os grãos é a liberação de distintas gamas de cor e perfis de


sabores, ambos determinados pela formação de compostos derivados do
aquecimento dos açúcares dos grãos na presença de compostos nitrogenados.

Em contrapartida, o aquecimento dos grãos produz a inativação das enzimas que


atuam durante a maceração (brasagem) para converter as moléculas de amido em
açúcares fermentáveis. Para tanto, temos que ter em conta que quando se utilizam
altas porcentagens de maltes tostadas, o processo de maceração pode ser maior o
até mesmo incompleto.

Para produzir uma amplia variedade de maltes tostados, é possível utilizar o malte
pilsen, que se adquire mais facilmente e tem um preço mais acessível. O
procedimento é muito sensível (SIC) e consiste em tostar o malte pilsen em um
forno a temperatura conhecida durante um tempo definido.

A seguir temos uma especificação de temperaturas em função do tempo de


torrefação. Seguindo estes tempos e temperaturas se podem obter uma grande
variedade de maltes tostados de distintas cores e sabores. A unidade de medida de
cor de um grão tida em graus Lovivond (L) e o valor aumenta a medida que os
grãos de malte foram submetidos a maiores temperaturas de torrefação durante
maior quantidade de tempo.

Cor;
Descrição:

Dourado pálido 10
No possui sabor tostado. Enzimas ainda ativas. Cor amarelo - dourado.

Dourado 20
Não possui sabor tostado. Atividade enzimática limitada. Cor dourada brilhante.

Âmbar 35
Sabor levemente tostado. Enzimas praticamente inativas. Cor laranja.

Âmbar escuro 65
Sabor tostado pronunciado. Sem atividade enzimática. Cor vermelha – cobreado.

Cobre 100
Sabor tostado muito forte. Sem atividade enzimática. Cor cobre - rubi escuro.

Cobre Escuro 125


Sabor a queimado (não tostado). Sem atividade enzimática. Cor rubi - marrom.

Marrom 175
Sabor a queimado muito pronunciado. Sem atividade enzimática. Cor rubi -
marrom.

40
Chocolate 300
Sabor queimado predominante (notas de café). Sem atividade enzimática. Cor
marrom escuro.

Black 350
Sabor queimado muito pronunciado (notas de pão queimado). Sem atividade
enzimática. Cor preta.

Procedimento para tostar os grãos

1. Pré-aquecer o forno a temperatura desejada. Dê preferência às temperaturas


médias (em torno de 180º), pois se evita passar o ponto pretendido.

2. Colocar o malte pilsen em uma assadeira para forno, bem esparramada a uma
profundidade não maior de 2,5 cm. Desta forma conseguirá uma uniformidade
maior.

3. Colocar no forno pelo tempo desejado. Verificar o processo de torrefação quando


o tempo se aproxima do fim, quebrando algumas mostras de grãos.

4. Tirar os grãos do forno. Guardar destampado em um lugar fresco e seco.


Deixar o malte descansar por uma semana para permitir que os sabores aromáticos
indesejáveis sejam eliminados.

Malta Cristal / Caramelo

O malte caramelo se processa diferentemente com relação a outros tipos de maltes


especiais. Logo após a malteação, os grãos ainda úmidos se submetem a
temperaturas de conversão do amido e se mantém por um tempo determinado.
Posteriormente, a temperatura sobe e o malte se tosta. Desta forma se obtém a cor
desejada e a secagem no mesmo momento.

Na realidade o que ocorre é um processo de maceração interna, que apesar de não


ser muito eficiente, é o que gera uma grande quantidade de dextrinas não
fermentáveis. Quando o grão "macerado" se submete a temperaturas altas, produz
a caramelização destes açucares. Desta forma, este tipo de malte concede corpo à
cerveja, já que os açúcares gerados e caramelizados não podem sofrer a conversão
enzimática durante o processo de brasagem real.

De acordo com o grau de torrefação dos grãos, são geradas distintas variedades
que aportam diversas gamas de sabores e cores ao produto final.

Estas variedades de malte podem também ser facilmente fabricadas em casa, ainda
que não seja muito fácil conseguir o que chamado malte verde, ou seja, o grão de
cevada que ainda não foi submetido ao processo de germinação e secamento. Em
casa, se pode umedecer o malte pilsen, colocar os grãos no forno a temperaturas
de maceração para que comece o processo de conversão dos açúcares e logo
secá-los e tostá-los.

41
Procedimento para produzir malte caramelo

1. Umedecer o malte pilsen com água declorificada durante 24 hs.

2. Colocar o malte em uma assadeira dentro do forno e aquecer lentamente até que
a temperatura do grão seja de 65°. Manter a esta temperatura por uma hora.

3. Aumentar a temperatura do forno até o malte atingir 77° e manter por mais
meia hora.

4. Aumentar a temperatura do forno a 175° e manter até que a cor do grão seja a
desejada. Esta etapa pode levar umas duas horas.

5. Deixar descansar por uma ou duas semanas em lugar fresco e seco antes de
utilizar para elaboração cerveja.

MALTES ESPECIAIS

Para os diversos maltes, seguem os tempos necessários:

Pale Gold: 10 minutos a 150ª C

Gold: 20 minutos a 150º C

Amber: 40 minutos a 150º C

Deep Amber: 60 minutos a 150ª C

Copper: 20 minutos a 230º C

Deep Copper: 30 minutos a 230º C

Brown: 40 minutos a 230º C

Chocolate: 70 minutos a 230º C

42
Lista de equipamentos.
Uma lista de equipamento para fabricação de cerveja.

Uma primeira pergunta que é óbvia para a maioria dos fabricantes de cerveja iniciantes
é: "o que eu necessito para começar a fabricar cerveja?”
Nenhumas das instalações de equipamento para cerveja artesanal requerem um grau de
sofisticação elevado, e algum do equipamento necessário você pode já até ter na mão.
Os custos do início dependerão de o que você já tem e de como você quer começar. O
custo inicial irá variar entre R$360 a R$500,00.

Airlock - diversos estilos estão disponíveis. São cheios com água para impedir a
contaminação do ambiente. Existem válvulas de diversos tipos à venda pela internet,
porém para iniciar você poderá improvisar uma utilizando uma garrafinha de água,
uma mangueirinha transparente e uma rolha. O importante é que fique bem vedado e
que a saída de CO2 seja submersa em água.

44
Panela de fervura e brasagem - deve ter capacidade mínima de 25 litros, maior é
melhor. Use panelas preferencialmente de aço inox, porém como estas são mais caras
pode-se utilizar as de alumínio, ou revestido com cerâmica (ágata). Tome somente o
cuidado para que esta panela seja somente utilizada para fazer cerveja! Qualquer
resíduo de óleo, tempero os detergentes pode opor todo o seu trabalho a perder.

Peneira de aço - deve ter o diâmetro um pouco maior do que a panela para que seja
encaixada em sua borda e você fique com as duas mãos disponíveis para fazer a
filtragem do bagaço.

Moinho de malte – Existem vários tipo de moedor de cereais, mas são bem caros (algo
em torno de R$90,00 a R$120,00). Para as primeiras produções pode-se moer o malte
em um liquidificador colocando um copo de água e um copo de malte, tendo o cuidado
de não triturar muito. Deve ter a aparência de trigo para quibe.

Peneira de aço - deve ter o diâmetro um pouco maior do que a panela para que seja
encaixada em sua borda e você fique com as duas mãos disponíveis para fazer a
filtragem do bagaço.

Garrafas de cerveja - você necessitará de umas 35 garrafas retornáveis de cerveja


com capacidade de 600 ml. Alternativamente, poderá utilizar as “Long Neck” de 350 ml,
porém estas são mais difíceis de fechar, e requerem uma tampinha especial. Mas use
somente as garrafas próprias para cerveja, os frascos usados em vinho e champanhe
não são bons, pois não agüentam a pressão.

Maquina de fechamento de garrafa - dois estilos estão disponíveis: fechadores


manuais e fechadores de bancada. Os manuais são mais versáteis, pois se ajustam a
qualquer tamanho de garrafa, mas são mais caros.

Tampinhas de metal - tampinhas estão disponíveis em lojas de embalagens.

Escova de limpeza - uma escova de cerda de nylon longa será necessária para a
limpeza dentro das garrafas.

Fermentador - Um balde plástico alimentício grande (com capacidade de 18 lts) é


recomendado. Para novatos pode-se utilizar o próprio garrafão de 20 lts de água
mineral. Estes são muito mais fáceis de trabalhar. Abaixo uma figura de um galão é
mostrada com uma mangueira para saída de CO2.

45
Copo de medição - o copo de medição de vidro resistente ao calor é o mais
aconselhável porque podem ser usados medir a água fervendo e sanitizantes facilmente.

Sifão - disponível em diversas configurações, consiste em uma tubulação plástica


desobstruída. Mangueira plástica atóxica, para fazer a transferência dos líquidos.

Mangueiras plásticas.

Colher para misturar – dê preferência ao plástico atóxico ou silicone. Pode-se utilizar


também as de madeira ou bamboo, tendo o cuidado de somente utilizá-las na fabricação
de cerveja, pois absorvem resíduos com muita facilidade.

Termômetro - obtenha um termômetro que possa com segurança ser imerso no mosto
durante a brasagem e tenha uma escala ao menos de 30°C a 120°C.

Opcional, mas altamente recomendado.

46
Fermentador secundário - um balde plástico alimentício grande com uma torneirinha
adaptada e uma mangueirinha de plástico transparente para facilitar o engarrafamento.
A cerveja após a sua primeira fermentação é submetida ao segundo fermentador para
maturação. Utilizar o fermentador secundário permite uma cerveja mais cristalina e com
menos sedimentos na garrafa. Utilizando este esquema em vez do enchimento
diretamente na garrafa, você evita desperdícios e contaminações no momento de
envazar.

Hidrômetro - um hidrômetro mede a gravidade específica relativa entre a água pura e


a água com o açúcar dissolvido nela. Por elevação ele flutua quando imerso no mosto. O
hidrômetro é usado calibrar o progresso de fermentação medindo a transformação dos
açucares em álcool, ou seja, sua atenuação. O fabricante de cerveja iniciante que usa
quantidades previamente testadas de malte (receitas prontas) geralmente não necessita
um, mas pode ser uma ferramenta útil.

Você já encontra na internet ofertas de equipamentos completos com todos os itens


necessários para iniciantes na artes do homebrew, e que contêm a maioria destes
artigos mencionados aqui. Os equipamentos mostrados podem reduzir seus custos se
você comprar os artigos separados.

47
Receitas especiais de cerveja.
American Pale Ale
OG = 1.045-56
FG = 1.010-15
IBUs = 20-30

Malte Pilsen = 3,5kg


Malte Cristal EBC 24 = 250 gramas
Malte Cristal EBC 150 = 150 gramas
Lúpulo Galena 18 g - 60 min
Lúpulo Cascade 11 g - 30 min
Lúpulo Cascade 7 g - 15 min
Cozimento: 69°C durante 60 min
Fermentação: 18°C durante 7 dias
Maturação: 10°C durante 7 dias

BROWN ALE AO ESTILO ARGENTINO.


OG: 1.056
FG: 1.011
IBU: 23

Malte Pilsen: 4 Kg
Malte de Trigo: 500 gramas
Malte Caramelo: 600 gramas
Malte Chocolate: 200 gramas
Lúpulo Cascade: 18 g sendo metade no início da fervura e o restante faltando 10 minutos
Lúpulo Nugget: 12 g no início da fervura
Levedura: Ale Inglesa III (CATIF)

BOCK (Lager)
OG = 1.064-72
FG = 1.013-20
IBUs = 20-35

Malte Pilsen = 3,175kg


Malte Cristal EBC 24 = 680gramas
Malte Munich = 680g
Lúpulo Hallertau Perle 28 g - 60 min
Lúpulo Saaz 20 g = 10 min

Cozimento: 40°C durante 20 min - 60°C durante 30 min - 70°C durante 30 min
Fermentação: 10°C durante 14 dias (Fermento de baixa – necessário refrigeração)
Maturação: 2°C durante 4 semanas
RECEITA PARA CERVEJA ESTILO PORTER

(Rende aproximadamente 20 litros, levar mais ou menos 25 para a fervura, 2 se perdem na


evaporação e 2 se perdem no tanque da fermentação e maturação)

Malte comum (Pilsen): 5 Kg


Malte Caramelo: 700 Gramas
Malte Chocolate: 150 Gramas
Malte (Black Patent): 150 Gramas
Aveia levemente torrada: 300 Gramas

Fervura: 1 Hora
Lúpulo: 20 gramas (Columbus - Amargor) ao início da fervura; e 10 (Cascade - Aromático) ao
apagar o fogo.
Levedura de alta fermentação: (de preferência a S-04)

Densidade inicial 1053


Densidade final 1010
% de Álcool provável: 5,64%

Fermentação: 8 dias a 20 C,
Maturação: 7 dias a 10º C.

CERVEJA ESTILO INDIA PALE ALE (IPA) Inglesa


OG: 1061
FG: 1014
IBUs: 25
Maltes: Pilsen 7,00 Kg
Caramelo: 0,730 Kg
Cristal: 0,360 Kg
Brasagem: infusão simples a 67°C - 90 minutos
Lúpulo: Cascade 30g (Adicione aos 30 , 50 minutos antes de desligar o fogo)
Fervura: 60 min.
Levedura usada: Ale
Fermentação primaria: 7 dias a 20 °C
Maturação: SI ( 7 dias)
Teor alcoólico final: 6,3 %

Cerveja Tipo Stout (Inglesa)


OG = 1.045-56
FG = 1.010-15
IBUs = 20-35
Malte Pilsen = 4,0 kg
Malte Cristal EBC 24 = 600 gramas
Malte Chocolate = 300 gramas
Lúpulo Galena 18 g - 60 min
Lúpulo Cascade 12 g - 15 min
Cozimento: 44°C durante 20 min; 68°C durante 60 min.
Fermentação: 17°C durante 10 dias
Maturação: 10°C durante 3 semanas (em tanque de maturação)
Engarrafe e sirva após 1 mês
Cerveja de Trigo (Alemã)
OG = 1.045-56
FG = 1.010-15
IBUs = 20-35
Malte Pilsen = 2,5 kg
Malte Munich = 300 gramas
Malte de Trigo (alemão) = 2,0 Kg
Lúpulo Galena 18 g - 60 min
Lúpulo Hallertauer Tradition: 17 g - 15 min

Cozimento: 45°C durante 15 min


55°C durante 15 min
68°C durante 60 min
Fermentação: 17°C durante 10 dias
Maturação: 9°C durante 2 semanas (na garrafa)

Cerveja de Trigo Escuro


OG = 1.045-56
FG = 1.010-15
IBUs = 20-35
Malte Pilsen = 2,0 kg
Malte Munich = 300 gramas
Malte Cristal EBC 24: = 300 gramas
Malte de Trigo (tipo claro) = 1,0 Kg
Malte de Trigo (tipo escuro) = 1,0 Kg
Lúpulo Galena 15 g - 60 min
Lúpulo Hallertauer Perle: 17 g - 15 min

Cozimento: 45°C durante 15 min


55°C durante 15 min
65°C durante 60 min

Fermentação: 17°C durante 10 dias

Maturação: 9°C durante 3 semanas (na garrafa)

CERVEJA ESTILO BELGIAN WITBIER

OG: 1050
FG: 1015
IBUs: 17
Maltes: Pilsen 2,5 Kg
Caramelo: 300 g
Trigo (em grão, não maltado): 2,0 Kg
Aveia em flocos: 300 g
Adjuntos: coentro em pó (1g por litro) e essência de laranja (30 ml).
Atenção: os adjuntos devem ser adicionados somente na fervura.
Brasagem: infusão simples a 67°C - 90 minutos
Lúpulo: Cascade 30g
(Adicione metade aos 30 e o restante 10 minutos antes de desligar o fogo)
Fervura: 60 min.
Levedura usada: Ale (de preferência ao Saf Brew S-33)
Fermentação primaria: 7 dias a 20 °C
Maturação: 7 dias a 10º
Teor alcoólico final: 5,5 %

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