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Curso Básico
Tópicos abordados
1. Breve Introdução Histórica;
2. Famílias e Estilos;
3. Matéria Prima;
4. Equipamento;
5. Limpeza e Sanitização;
6. Processo Cervejeiro;
7. Fermentação;
8. Envase.
1.Breve Introdução Histórica
A cerveja já era
conhecida pelos
antigos sumérios, egípcios,
mesopotâmios e ibéricos,
remontando, pelo menos, a
6000 a.C.;
No período
neolítico um cesto de
cevada esquecido na chuva
deu origem a uma bebida
maravilhosa!
Estela de Hamurábi
1760 a.C. condenava à
morte quem não respeitava
os critérios de produção de
cerveja indicados;
Os Vikings transmitiam a “Vara
Cervejeira” de geração em geração, sob o
argumento de que isto mantinha a
qualidade da bebida; mais adiante concluiu-
se que as varas continham a cultura de
levedura característica daquela cerveja;
Godisgud: os antigos
acreditavam que os espíritos iniciavam o
processo de fermentação;
Reinheitsgebot: em 1516 o
Duque Guilherme IV da Baviera promulgou
uma Lei que instituiu os ingredientes
fundamentais da cerveja (água, malte e
lúpulo), com o objeto de restringir o uso do
trigo somente à produção de alimentos e
evitar a utilização de ingredientes nocivos;
apenas em 1860 Louis Pasteur comprovou
a função da levedura no processo de
fermentação alcoólica, promovendo, assim,
a alteração da Lei. Hoje em dia a Lei de
Pureza Alemã já engloba uma série de
outros adjuntos e fermentáveis além dos
permitidos no texto original.
2.Famílias e Estilos
Ales x Lagers
• Alta fermentação; • Baixa fermentação;
• Faixa de temperatura • Faixa de temperatura
para fermentação 17° a para fermentação 8° a
28°C; 14°C;
• Aromas e sabores mais • Refrescantes e leves, com
intensos, frutados e aromas mais suaves e
complexos; limpos;
• Maior variedade de • Pilseners, Schwarzbier,
estilos; entre eles: Ales Munich Dunkel,
Belgas, Weizen, Stouts, Oktoberfestbier, Bock,
Porters, IPAs, English, Helles, Rauchbier.
Scottish e Irish ales.
Estilo x Receita
“Keeping it simple”
Inicialmente
pensamos em dois tipos de
levedura: as de alta fermentação
e as de baixa fermentação. Estas
subdividem em várias cepas
diferentes, com as
peculiaridades inerentes aos
estilos a que se destinam
(aromas, sabores, floculação,
atenuação, pitching rate).
As leveduras mais utilizadas no processo cervejeiro são chamadas
saccharomyces cerevisiae, entretanto, outras espécies também serão encontradas
durante seus estudos cervejeiros tais quais as Saccharomyces pastorianus (ou
carlsbergensis) que são utilizadas para a produção cervejas de baixa fermentação
(Lagers) e as Brettanomyces muito utilizadas em cervejas com um toque mais
ácido, como Lambics e Gueuze.
Mais adiante trataremos com mais profundidade destas magníficas
criaturas, e falaremos sobre o que é necessário para que produzam a nossa tão
querida bebida.
Para um estudo bastante aprofundado sobre as leveduras e o processo
de fermentação recomendo a leitura do livro “Yeast: The Practical Guide to Beer
Fermentation” de Chris White e Jamil Zainasheff.
Adjuntos e outros Fermentáveis
“Brewing is like cooking!”
John J. Palmer
Como bem mencionado pelo Mestre Palmer, fazer cerveja e cozinhar
tem muito em comum. E como tal não poderia deixar de haver maneiras de
inovar e experimentar em nossas cervejas. Com este objetivo usamos diversos
“temperos” para trazer às nossas levas um toque diferente do convencional, seja
usando especiarias, madeira, açúcares ou grãos diferentes da cevada, malteados
ou não.
Especialmente na Escola Belga vamos observar uma grande utilização
destes adjuntos, especialmente os fermentáveis (açúcares); em minha opinião,
talvez esta seja a marca registrada desta escola.
Como mencionado anteriormente a Lei de Pureza alemã fazia sérias
restrições aos ingredientes que compunham a cerveja, entretanto, desde a
antiguidade a utilização de adjuntos era algo comum, principalmente antes de
consagrada a utilização do Lúpulo para proporcionar o amargor e estabilidade à
cerveja. Ainda hoje em dia utiliza-se uma grande variedade de especiarias na
cervejaria, até em estilos sacramentados pelos guias internacionais, como é o caso
das Witbiers que tem por tradição a utilização de grãos de trigo não malteado,
cascas de laranja amarga e sementes de coentro em suas receitas mais tradicionais
e as Strong Ales Belgas que são famosas pela grande utilização de açúcares como
fonte suplementar de fermentáveis em suas belas receitas.
Neste momento o cervejeiro deve entender a diferença entre adicionar
uma característica desejável à sua cerveja e fazer uso destes adjuntos meramente
para baratear a produção e tornar a bebida mais “refrescante”, como a
prerrogativa de determinadas indústrias.
O uso dos adjuntos deve acompanhar o nível de experiência e
experimentação que o cervejeiro carrega. A criatividade é muito importante e
deve sempre ser estimulada, no entanto, recomendo parcimônia e sabedoria ao
selecionar a quantidade e a qualidade dos seus adjuntos.
Uma informação bastante relevante é que todo adjunto adicionado à sua
cerveja deve ser estéril ou esterilizável para que não traga contaminantes ao seu
processo; alguns são infundidos durante um determinado momento da fervura,
outros são esterilizados por pasteurização, infusão em álcool ou destilados, ou
outros métodos aplicáveis
Adjuntos mais utilizados
• Especiarias (pimentas, temperos, flores, cascas de
frutas...);
• Frutas (in natura, purê, polpas...)
• Grãos não malteados (cevada, trigo, centeio,
aveia...);
• Açúcares (candi sugar, açúcar mascavo, mel...)
• Outros grãos malteados (aveia, trigo, centeio...)
• Madeiras (carvalho, imburana...)
• Sais para correção de água (gypsum, epsom...)
Especiarias
As especiarias mais
utilizadas em cervejaria são: sementes
de coentro, pimentas (preta, branca,
rosa, vermelha, malagueta, da
Jamaica...), cardamomo, camomila,
tomilho, alecrim, cravo, canela, noz
moscada, sálvia, anis estrelado, flores
de Hibyscus, favas de baunilha, entre
muitas! São adicionadas durante a
fervura, para conferir características
específicas às cervejas, e seu uso deve
ser moderado e bem pensado, afinal,
estamos sempre buscando o equilíbrio
em nossas receitas.
Frutas
Muito utilizadas
nas cervejas belgas, as
frutas proporcionam
características bem
marcantes às cervejas;
podem ser adicionadas
durante a fervura, em
pedaços ou trituradas,
durante a fermentação
primária, ou durante a
maturação.
Grãos Não Malteados
Açúcares são
normalmente utilizados para
acrescentar fermentáveis à cerveja,
aumentando o percentual alcoólico
final e diminuindo a sensação de
corpo. Entretanto, algumas qualidades
podem proporcionar compostos de
sabor e aroma, como é o caso dos
açúcares menos refinados (mascavo,
brown sugar, demerara, rapadura,
melaço...). Normalmente são
adicionados ao final da fervura do
mosto (aprox. 15 minutos antes do
fim) com a finalidade de esterilização,
e devem obedecer um percentual
máximo de utilização, tendo como
base os fermentáveis do grist e o estilo
da cerveja.
Sobre a utilização de
açucares na cervejaria recomendo a
leitura do livro “Brew Like a Monk” do
Mestre Stan Hieronymus.
Outros Grãos Malteados
Os caldeirões utilizados
para produção de cerveja caseira são
normalmente de alumínio com
válvulas extratoras em latão, porém,
existem os caldeirões em aço inox que,
além da maior durabilidade, são
aprovados pelas normas de inspeção
sanitária. São também equipados com
um filtro bazooca ou fundo falso, para
retenção dos grãos durante a
drenagem e lavagem do bagaço. Estes
acessórios vão variar de acordo com o
processo cervejeiro utilizado, sendo
que o mais utilizado pelos iniciantes é
o de infusão simples, conforme
estudaremos adiante Para produções
de 20 litros 2 caldeirões de diâmetro
36 (32 litros) são suficientes.
Instrumentos de Medição
São instrumentos
fundamentais à produção de uma
cerveja, e sua não utilização pode
acarretar sérias consequências na
qualidade do produto final.
São estes:
1 - Termômetro alimentício – usado
para medir a temperatura das rampas
de brassagem e resfriamento;
2 - pHmetro digital – utilizado para
medir o pH da água de brassagem e do
mosto;
3 - Densímetro de massa específica
(1000 a 1100) ou refratômetro de Brix
(ou dupla escala) – utilizado para
medir a densidade do mosto tanto
durante o processo de brassagem
quanto durante o processo de
fermentação.
Moinho de Grãos
Também conhecidos
como Chillers, são utilizados para
promover o Cold Break (resfriamento
rápido) após a fervura do mosto. Os
três sistemas de resfriamento mais
utilizados são:
1 - Chiller de imersão : o resfriador é
imerso no mosto quente e tem o fluxo
de água passando diretamente pela
serpentina, realizando a troca de calor
com o mosto. Sistema mais comum
entre os caseiros;
2 – Chiller de contrafluxo: duas
serpentinas entremeadas onde a água
fria passa em sentido contrário ao do
mosto quente, realizando a troca de
calor;
3 – Chiller de placas: princípio
semelhante ao do chiller de
contrafluxo, sendo que a superfície de
contato mais extensa torna o
resfriamento mais eficiente.
Tanques Fermentadores
O cervejeiro também
irá precisar de :
1 – Colher para agitação do
mosto;
2 – Balança;
3 – Mangueiras atóxicas;
4 – Jarra;
5 – Escumadeira;
6 – Air locks e rolhas
7 – Borrifador para sanitizante
8 – Arrolhador e tampinhas.
5.Limpeza e Sanitização
5 pontos importantes
“Sanitização, sanitização, sanitização, sanitização e sanitização.” Estes são,
sem a menor sombra de dúvida, os 5 primeiros pontos mais importantes no que diz
respeito à produção. Deve ser encarado de maneira muito séria e quase compulsiva.
A sanitização do seu equipamento irá impedir que organismos oportunistas interfiram
negativamente no processo, gerando off flavors (aromas e sabores não desejáveis) na
nossa sagrada produção.
A sanitização deve ser feita TODAS AS VEZES que o equipamento for
utilizado, e por equipamento entenda-se tudo que entra em contato com o mosto.
Para uma sanitização eficiente é fundamental que seja feita uma lavagem prévia;
então utilizamos produtos sanitizantes a base de iodo (Kalyclean S390, iodophor...),
ácido peracético e álcool 70%, que são os mais fáceis de encontrar e bastante
eficientes. Lembremos sempre de observar o modo de utilização de cada sanitizante,
ex. o Kalyclean S390 precisa ser diluído numa proporção de 0,96ml/L para que seja
eficiente sem a necessidade de enxágue; o ácido peracético pode ser diluído em
2ml/L; qualquer proporção acima disso pode ocasionar sabores indesejados (off
flavors). O efeito dos sanitizantes a base de iodo é o mais rápido, bastando 1 minuto
de contato com o material para estar totalmente sanitizado. Já o álcool a 70% e o
ácido peracético precisam de um tempo maior de contato para atingir um grau de
sanitização satisfatório: 10 minutos.
Sanitizantes mais utilizados
6. Processo Cervejeiro
Preliminarmente.
Aqui iniciamos a parte prática do nosso processo. É muito importante
salientar que todas as práticas de limpeza e sanitização devem ser RIGOROSAMENTE
respeitadas, com objetivo de que a qualidade da nossa cerveja seja digna de
honrarias! Observados os procedimentos preliminares, MÃOS AO MOSTO!!!
Podemos dividir o processo em algumas fases, as quais estudaremos
individualmente:
I. Preparo da água;
II. Moagem;
III. Brassagem, mostura ou cozimento;
IV. Clarificação e lavagem;
V. Densidade X Volume (pré-fervura);
VI. Fervura e lupulagem;
VII. Hidratação do fermento;
VIII. Decantação (Whirlpool) e resfriamento do mosto;
IX. Trasfega ao fermentador;
X. Aeração;
XI. Inoculação do fermento;
XII. Fermentação;
XIII. Maturação;
XIV. Envase.
Preparo da água
A água, como dito anteriormente, deve ser limpa, livre de impurezas e
cloro. Em escala caseira usaremos água mineral ou água filtrada (vide matéria
prima/água).
O cálculo da quantidade de água utilizada deve ser feito com base no
perfil de equipamento utilizado, entretanto, utilizaremos parâmetros genéricos, e
com o adquirir da experiência, cada cervejeiro será capaz de mensurar as perdas e
rendimento de seu equipamento. Para isto faremos o seguinte cálculo:´´água total
= água de brassagem (Ab) + água de lavagem (Al). Para efeitos de água de
brassagem recomenda-se uma proporção entre 2 e 3 Litros de água por quilo de
grãos, para que as enzimas possam trabalhar confortavelmente; para água de
lavagem devemos considerar o volume total da receita (Vt) – Ab + o volume
calculado (previsto genericamente) de perdas (P). As perdas a serem consideradas
são: absorção pelos grãos (aproximadamente 1L/Kg de grão), perdas do
equipamento (que devem ser calculadas conforme a utilização deste, mas
costumam variar na faixa de 5%), taxa de evaporação, contração por resfriamento e
Trub (aproximadamente 15%). Portanto teremos a seguinte fórmula:
Al = Vt-(Ab+P).
É neste momento, de posse dos volumes, que fazemos a correção do pH
e dureza da água.
Moagem