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EVANGELISMO,
MISSÃO DE TODOS NÓS
CWD
í
Todos os Direitos Reservados. Copyright C 1981 para a língua
portuguesa da Casa Publicadora das Assembleias de Deus.
CIP-Brasil. Catalogação-na-Fonte
Sindicato Nacional dos Editores de Livros, RJ.
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to tarde, acorda e ameaça não mais cantar, ante a triste possibilidade
de não ser ouvido:
No mais, musa, no mais que a lira tenho
Destemperada e a voz enlouquecida
E não do canto, mas de ver que venho
Cantar a gente surda e endurecida.
Por essa experiência o evangelista não há de passar. O ouvido mais
endurecido para as coisas de Deus, o coração mais incrédulo há de ser
constrangido pelo poder de Deus, pelo amor de Deus.
A nossa responsabilidade é evangelizar. As Escrituras Sagradas di-
zem que esta é a única maneira do homem perdido conhecer o Salva-
dor e desfrutar da felicidade de ser salvo, de ser cristão.
O corpo deste trabalho inclui parte de algumas preleções feitas por
ocasião da Cruzada Evangelística Billy Graham, na Escola de Evange-
Introdução
Um assunto muito importante que deve ocupar o pensamento de
lismo, preleções essas muito importantes, proferidas pelos seguintes
cada cristão é o evangelismo. O mesmo não surgiu por causa de uma
preletores: Dr. Arthur Brown, Dr. João Filson Soren e Dr. William
preocupação com problemas efémeros, transitórios, relacionados ao
Self. Além disso inclui apêndices que muito esclarecerão a obra de
evangelismo. O tema se prende a algo que acompanha a marcha do
evangelismo.
cristianismo desde seus primórdios. Já na era apostólica constatamos
Desejo profundamente que o Senhor abençoe todos aqueles que se
a presença de problemas graves conturbando a vida espiritual das
dedicarem ao estudo deste livro.
igrejas, causados por penetrações e infiltrações de natureza doutrinal,
"Sabemos que todas as coisas contribuem juntamente para o bem
ideológica. Essas incursões do erro tendiam a desfigurar o testemunho
daqueles que amam a Deus, daqueles que são chamados por seu decre-
e a mensagem dos cristãos primitivos, através de uma erosão desfigu-
to". Romanos 8.28.
radora da verdade, que chegava a macular a glória autêntica e divina
NOTA do próprio evangelho.
( l ) Berry, Travis S. - O trabalho Pessoal de Jesus, Revista Teológica do Dirigindo-se aos crentes em Corinto, o apóstolo Paulo manifesta o
S.T.B.S.B., n" 24, junho de 1961, ps. 8 e 9. seu temor de que alguns cristãos ali se deixassem enredar pelo engano
da serpente e se distanciassem da simplicidade e da pureza que há em
Cristo, por força da pregação de outro evangelho. Aos cristãos da Gala-
da, o mesmo apóstolo adverte contra os que pervertem o evangelho,
distorcendo-lhe o conteúdo, o significado e a missão, pregando para
agradar aos homens e não a Deus.
Preocupa-nos agora o aspecto essencial do evangelho que é o teste-
munho e a comunicação do amor de Deus em salvar toda criatura hu-
mana. Desejamos apresentar um evangelismo dinâmico e empolgante,
conscientizando, enraizando no coração de cada cristão esta nobre
missão de evangelizar.
Ao nosso ver, os cristãos do século XX, isto é, os cristãos da atuali-
dade, estão sendo importunados e mais visados por ideias filosóficas e
teológicas, esquisitas, exóticas, muito mais do que foram os cristãos do
primeiro século. Verificamos que o insistente bombardeio do erro sobre
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o evangelho e a missão da igreja, com a utilização dos mais variados e Não. Isso não deve enfraquecer nossa fé. Antes deve aumentar nos-
eficientes meios de comunicação e propaganda, vai prejudicando a es- sa responsabilidade como cristãos, como servos do Senhor Jesus Cris-
piritualidade dos crentes e assim a propagação do evangelho por meio to. É pelo evangelismo que demonstramos isso, é pelo evangelismo que
da atuação individual. o povo conhecerá a Deus, que salva o pecador, conhecerá como Ele o
Uma das causas da crise atual do evangelismo é que ele vem sendo salva, por meio de que, e conhecerá quais seus verdadeiros servos.
tratado em demasia nos congressos e simpósios, sem uma ênfase na Agindo assim, estaremos enquadrados na missão precípua da igre-
participação individual doa crentes; a outra causa é que o estudo de ja e estaremos conscientes de nossa missão aqui na terra.
evangelismo é sem conteúdo bíblico, isto é, prendendo-se mais às ideias
do que à revelação das Escrituras.
À luz das Escrituras Sagradas, não há dúvida alguma de que a mis-
são da igreja está vinculada á evangelizaçãoqA igreja é a instituição de
origem divina que existe para o fim principal de promover e propagar o
reino de Deus através da evangelização, tendo em vista a salvação dos
pecadores e fazer deles discípulos de Jesus Cristo.)
EyangelismíLéjjm_ movimento e também uma arte. É tão impor-
tante que, como movimento, envolve cada um de nós, exigindo o máxi-
mo de participação, como também envolve cada instituição, exigindo
tâniilém^mãximo^ara a divulgação do evangelho. Muitos indagam:
"E como arte, onde o evangelismo se coloca?" ComoL surte, jjgúfíca a
aplicação de^ métodos e técnicas em ação conjunta ou isolada, coletiva
ou pessoal, |de queje vale o movimento para alcançar o seu fim.
Em razão disso, o evangelismo não deve ser um ímpeto em nossa
vida. Devemos sustentá-lo e firmá-lo, para que, aquilo que está sendo
apenas um ímpeto momentâneo em nossa vida, se torne num hábito, ou
seja, numa disposição duradoura, adquirida pela repetição frequente
de uma arte. A experiência de cada um de nós com o Senhor Jesus
Cristo gera em nós esse hábito; o de evangelizar.
Devemos ter ajisposicão para sair, em grupo ou a sós, a fim de pro-
rwmorjar.ao^próximo aTelicidade de conhecer a Jesus Cristo como seu
Salva dorjjesspal. Cada cristão deve ser um evangelista, pois todos es-
tamos incíuíâos na Grande Comissão; todos devemos possuir ardor
evangelístico e trabalhar para que muitos saiam das trevas, da igno-
rância espiritual em que jazem sem Jesus Cristo.
As cidades, e os bairros em particular, estão infestados de falsos
profetas que escandalizam o evangelho, para que nos afastemos ou nos
envergonhemos do evangelho. Isso não deve corroborar para que nos a-
fastemos ou nos envergonhemos de Jesus Cristo. Há séculos, o próprio
Salvador profetizou a atuação dos falsos profetas que foram denomi-
nados de lobos vestidos de ovelhas, fantasiados de ovelhas, que traba-
lham com fins materiais.
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Definição do
Termo Evangelismo
Evangelismo é uma expressão profunda que tem o sentido de uma
síntese, isto é, o evangelismo é altamente concentrado como se fosse
um comprimido de evangelho, onde estão calcadas pelo menos três im-
plicações da mais alta importância:
'1. Necessidade da salvação em Cristo
- 2. Possibilidade da salvação em Cristo
3. Exclusividade da salvação em Cristo
O homem este perdido, mas Jesus Cristo, e somente Jesus Cristo,
pode salvá-lo^
Levando em conta essa afirmativa, o evangelismo significa apre-
sentar o Senhor Jesus Cristo, o Filho de Deus, que se tornou homem,
num ponto particular da história do mundo, a fim de salvar uma raça
arruinada. Gaiatas 4.4 - "Vindo, porém, a plenitude dos tempos, Deus
enviou seu Filho, nascido de mulher, nascido sob a lei..."
'Evangelismo é a tarefa de testemunhar de Cristo aos perdidos.
Evangelisroo é a tarefa de levar pessoas à salvação em Jesus Cristo.
Evangelismo é a tarefa de alistar vidas no serviço de Jesus Cristo.
Evangelísmo_é_ a tarefa que a igreja tem de proclamar, propagar e
estabelecer tudo. o que contém a pessoa e a obra de Jesus Cristo.
Evangelismo é pregar a Jesus Cristo e dele testemunhar.
Evangelismo é a tarefa que se executa para ganhar vidas para Je-
sus Cristo.
Semelhantemente, de acordo com essas afirmações, o evangelismo
não é apresentar meramente o ensino e o exemplo do Jesus histórico,
ou mesmo sua verdade salvadora; evangelismo quer dizer apresentar
pessoalmente ou em grupo, com sinceridade, a mensagem especifica,
com aplicação específica. o evangelismo é uma das características mais profundas do cristianis-
Evangglísmgé a Giande^Comissão que foi entregue por Jesus Cris- mo, que atinge a todos os seguidores do nosso Senhor e Salvador Jesus
to aos seus discípulos. Mateus_2jj.l9J20 - "Ide, portanto, fazei discípu- Cristo. Não restam dúvidas de que há prerrogativas bíblicas que são
los denodas as nagQest faatizando-ps. em nome do Pai e do Filho e do exclusivas do ministro, do pastor e do diácono. Certamente, uma des-
Espirito Santo; ensinando-oj^a_guardai^toda8 as coisas que vos tenho sas prerrogativas não é o evangelismo.
ordenado. E eis que estou convosco todos os dias até à consumação do Essa responsabilidade é de cada crente, em particular, de cada se-
século". ~~——— ~_ guidor de Jesus Cristo. Não há privilégios, não há exceções, porque to-
Este é o verdadeiro evangelismo, este é o nosso dever de evangeli- dos os seguidores de Jesua Cristo estão alistados necessariamente nes-
zar. Contém três partes importantes para nós: ta milícia, neste exército de evangelização, objetivando levar almas a
1. Fazer discípulos Jesus Cristo e fazer dos pecadores, discípulos do divino Mestre.
2. Batizá-los Evangelismo é p fruto jio amor divino revelado^ na vida dos que
3. Ensinar-lhes os mandamentos do Senhor Jesus Cristo. amam a Deus e se dispõem ao seu serviço, amam a Jesus Cristo que os
Evangelismo autêntico requer o cumprimento das exigências aci- 'sãlvõu.^amam ao próximo perdido. Esse amor desperta a compaixão
ma referidas e a fidelidade em cumpri-las. O Senhor Jesus Cristo, -an- no coração.
tes de ascender aos céus, deu um outro mandamento importante aos Certa vez, um jornalista perguntou a Billy Sunday, grande evange-
discípulos e este mandamento também tem três metas. Atos 1.8 - lista e ganhador de almas: "Por que o seu trabalho de evangelista é tão
"Mas recebereis poder, ao descer sobre vós o Espírito Santo, e sereis cheio de sucesso, quando muitas pessoas evangelizam e não conse-
minhas testemunhas tanto em Jerusalém, como em toda a Judéia e guem êxito ao falar de Jesus?"
Samaria, e até os confins da terra". Billy Sunday voltou-se e olhou para fora da janela do hotel onde se
1. Começar a evangelizar onde o crente estiver, em seu lar, em seu encontrava, no terceiro andar, olhou para fora durante longo tempo e
ambiente de trabalho, em sua escola. depois disse ao jornalista, apontando para as pessoas que passavam lá
2. Estender a obra do evangelismo ao território que rodeia o crente, em baixo na rua: "Aquelas pessoas vão para o inferno; eu não quero
isto é, o bairro onde atua a igreja local. que isso aconteça; eu as amo e é por isso que lhes falo de Jesus o Salva-
3. Ter ao mesmo tempo um programa mundial de evangelismo, dor. Eu .primeiro as amo"jyiarç.os 12.28-31 - "Chegando um dos escri-
através da oração, contribuição etc. bas, tendo ouvido a discussão entre eles, vendo como Jesus lhes houve-
O evangelismo tornou-se uma doutrina, uma parte de nossa decla- ra respondido bem, perguntou-lhe: Qual é o principal de todos os man-
ração de fé; deve ser uma prática constante do crente; deve ser um há- damentos? Respondeu Jesus: O principal é: Ouve, ó Israel, o Senhor
bito. O evangelismo quase não existe em nossos dias, mas ainda é a ta- nosso Deus é o único Senhor! Amarás, pois, o Senhor teu Deus de todo
refa por excelência da igreja e de seus membros individualmente. o teu coração, de toda a tua alma, de todo o teu entendimento e de
Quando dizemos que a Grande Comissão foi entregue às igrejas, há toda a tua força. O segundo é: Amarás o teu próximo como a ti mesmo.
o perigo de deixar a responsabilidade abstrata. Quando, porém, Não há outro mandamento maior do que estes".
lembramos que a igreja não existe sem os seus membros, logo reconhe- jPara_praticar_o^eyangelismoj& necessário.amargo próximo como a
cemos que a tarefa é dirigida a cada um de nós, como diz o Dr. nós mesmos, desejar para ele o que desejamos para nós mesmos.
Scarbrough: "Essa obrigação divina fica, sem exceção, sobre o coração ~ Isso'é o evangelismo, nossa principal missão nesta vida.
e a consciência de cada filho de Deus, nascido do Espirito. O crente re-
cebe a essência dessa obrigação e chamada, ao mesmo tempo que rece-
be a salvação. A regeneração exige reprodução em espécie. Dar um tes-
temunho de Jesus Cristo, capaz de ganhar almas, é a expressão espon-
tânea e natural do filho de Deus convertido".
O evangelismo deve existir como parte vital do crente. Ele é isso.
Se não existe, há uma falha que deve ser corrigida urgentemente, pois
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Deus, o Autor
doJEvangelismo
Como já vimos até aqui, o evangelismo tem sua origem em Deus,
desde o dia em que Ele propositou salvar os homensprometendo-lhes o
Salvador Jesus Cristo. Todo cristão deve conscientizar-se dos elemen-
tos formadores do evangelismo e estes são a trindade santa e operosa.
1. O DEUS TRINO COMO AUTOR DO EVANGELISMO
Ojevangelismo tem suas raízes na eternidade.
Os teólogos fsdam_no Pactum Salutis, feito desde_ p princípio pelas
três pessoas da divindade. OjtgrmoPactum Salutis pode ser traduzido
como Convénio de Redenção ou Concilio de Redenção. Preferimos este
último sentido, porque o termo convénio geralmente se usa em Teolo-
gia para designar o acordo entre Deus e o homem no decurso da Histó-
ria. Neste caso, trata-se do Pai, do Filho e do Espírito Santo concor-
dando num planocíê salvação^wpecadores, antes da criação do mun-
do^
Segundo esae plano. Deus o_Pai tinha que enviar seu Filho aamun-
do para redimi-lojj) Deus_FUhp viria voluntariamente ao mundo para
jjanhar a salvação por sua^obediência até a morte; o Deus Espírito
Santo aplicaria a salvação aos pecadores, trazendo-lhes a graça salva-
dora.
í Às Escrituras ensinam claramente a realidade deste Concílio de
Redenção. Especialmente nos escritos de João, cita-se repetidamente
que o Pai enviou o Filho. Aqui um exemplo: "Nisto está o amor, não
em que nós tenhamos amado a Deus, mas em que Ele nos amou a nós,
e enviou seu Filho para propiciação pelos nossos pecados" - I João
4.10. Cristo falou da comissão recebida do Pai. Por exemplo, no final
de seu ministério terreno, dirigiu-se ao Pai, dizendo-lhe: "Tenho glori- aprovação sobre a obra perfeita do Filho, que foi ressuscitado, não so-
ficado a ti na terra; tenho acabado a obra que me deste para fazer". mente para que pudéssemos ser justificados, e sim porque havíamos
Em passagens como Isaías 53.12, faz-se menção especial da recompen- sido justificados por sua morte expiatória - Romanos 4.25.
sa dada pelo Pai ao Filho por haver cumprido a obra. "Pelo que lhe da- "A si mesmo se humilhou, tornando-se obediente até à morte, e
rei a parte de muitos e com os fortes repartirá ele o despojo; porquanto morte de cruz. Pelo que também Deus o exaltou sobremaneira e lhe
derramou a sua alma na morte e foi contado com os transgressores; deu o nome que está acima de todo nome, para que ao nome de Jesus
mas ele levou sobre si o pecado de muitos, e pelos transgressores inter- se dobre todo joelho, nos céus, na terra e debaixo da terra, e toda
cede". Com igual clareza ensinam as Escrituras que o Espírito Santo língua confesse que Jesus Cristo é Senhor, para glória de Deus Pai" -
foi enviado pelo Pai e pelo Filho. Jesus prometeu a seus discípulos: "O Filipenses 2.8-11.
Espirito Santo, que o Pai enviará em meu nome..." - João 14.26. Des- No Pentecoste, Deus Pai deu à igreja o poder do Espírito Santo a
creveu a terceira pessoa da trindade como "o Consolador que eu da fim de que pudesse testificar acerca de Cristo - Atos 1.8.
parte do Pai vos hei de enviar" - João 15.26. As Sagradas Escrituras ensinam que desde os princípios dos tem-
Em resumo: Antes da criação do mundo, o Deus trino formou um pos Deus propositou a salvação dos homens. O plano de redenção não é
plano de salvação que deveria ser executado em partes recíprocas pelo uma improvisação dos tempos, não é algo consequente de circunstân-
Pai, como enviador supremo; pelo Filho, como enviado mediador e en- cias em que as formas deste mundo se descontrolaram e romperam as
viado* do Espírito Santo, o qual como enviado deveria aplicar a reden- amarras da onipotência divina; não é fruto de um processo histórico.
ção.J Não. Deus tem o propósito de remir, salvar os homens; com a sua sabe-
Daí se segue que o Deus trino é o verdadeiro autor da salvação. E doria, e com a sua providência, e com a sua graça, vem agindo sempre,
da mesma forma que realizou o plano eterno da salvação a seu tempo, através de todos os tempos para o cumprimento deste propósito que
tem revelado sua mensagem do evangelho e tem ordenado que o evan- desabrocha e floresce admiravelmente através do evangelismo, usando
gelho seja o meio indispensável de salvação. Portanto, está claro que o aquele que foi transformado pelo poder de Deus e que agora se trans-
Deus trino é o autor do evangelismo. forma em porta-voz da mensagem salvadora de Deus.
2. O PAI COMO AUTOR DO EVANGELJSMO 3. O FILHO COMO AUTOR DO EVANGELISMO
Deus o Pai é o autor do evangelismo. Concebeu o evangelismo na Deus Filho é autor do evangelismo.
eternidade. Assim, Jesus Cristo criou a mensagem do evangelho - Filipenses
De igual forma, desde a eternidade, comissionou o Filho para ga- 2.6,7; Hebreus 2.10; Gaiatas 3.13; João 1.29.
nhar a salvação dos pecadores, por sua morte substitutiva na cruz da
maldição e por sua obediência perfeita, em favor deles. O resultado é a Foi Ele quem proclamou o evangelho pelos profetas antigos, que
vida eterna para estes. anteciparam sua morte redentora, tornando-se assim seus oráculos -1
Ele inspirou os profetas da antiguidade para anunciar a vinda do Pedro 1.10,11.
Filho de Deus em carne, e predizer que entraria na glória por seus so- Nos dias de sua carne, proclamou o evangelho do reino de Deus -
frimentos. Mateus 3.13 - com o exemplo do amor do Pai para com o filho pródigo -
Ordenou os sacrifícios sangrentos da antiga dispensaçâo para tipi- Lucas 15.11-24. Ele veio buscar e salvar o que se havia perdido - Lucas
ficar o sacrifício salvador do Filho na cruz. E, na plenitude dos tem- 19.10.
pos, enviou seu Filho - Gaiatas 4.4,5. Tendo morrido e ressuscitado, dando com isso lugar a uma nova
No princípio do ministério público do Deus-Homem, o Pai enviou dispensaçâo, encarregou os apóstolos e as igrejas de todas as épocas a
sobre Ele o Espírito Santo em forma de pomba - Lucas 3.22, e isto o proclamarem a mensagem salvífica - Mateus 28.18-20.
qualificou para sua tarefa mediatória. Entregou e sacrificou a seu Fi- Foi oFilhodeDeusquem. à entrada de Damasco, deteve a Saulo de
lho Unigénito para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha Tarso e o converteu de perseguidor da igreja no maior missionário de
a vida eterna - João 3.16. todos os tempos - Atos 9.15.
Ao levantar o Filho dentre os mortos, o Pai colocou o selo de sua Foi o Filho de Deus quem mereceu para a igreja o dom do Espírito
Santo, derramado no Pentecoste, pois Pedro disse-o em seu sermão - Pelo poder do Espírito Santo, a igreja veio a ser uma igreja testifi-
Atos 2.33. cante.
Cada pregador do evangelho fala hoje em dia em nome de Cristo, Pela operação do Espírito Santo em seus corações uns três mil fo-
ou expressando de outra forma, Cristo fala por seu embaixador - II ram convertidos e recebidos pelo batismo na igreja cristã, como pri-
Coríntios 5.20. meiros frutos da abundante colheita que devia ser reunida à igreja, nos
O trabalho de evangelismo há de ser autêntico quando é apresenta- próximos séculos, de "toda tribo, e língua, e povo e nação" - Apocalip-
ção de Cristo,e Cristo crucificado para a salvação dos pecadores. Não se 5.9.
existiu na história do Cristianismo missionário mais notável do que foi O Espírito Santo chama os evangelistas para sua obra e os guia em
o apóstolo Paulo. A certa altura do seu ministério,referindo-se a seu sua realização - Atos 13.2; 16.6-9. Chama e conduz, pela providência e
testemunho apostólico, disse que se propôs a saber nada, não outra por sua influência benévola sobre as mentes e corações dos que devem
coisa, na sua pregação, na sua comunicação do conselho de Deus aos semear a semente do evangelho - Lucas 10.1,2; II Coríntios 3.17.
homens, senão isto: Cristo, e Cristo crucificado, para a salvação dos O Espírito Santo abre as portas para a expansão do evangelho. Por
pecadores. Estamos vivendo, não resta dúvida alguma, dias de nova uma providência maravilhosa, trouxe Paulo a Roma, a capital do
compenetração e conscientização da igreja de Jesus Cristo em torno de mundo pagão, onde, embora prisioneiro, pregou o reino de Deus e ensi-
sua missão primordial e primária, com respeito a essa responsabilida- nou sobre as coisas referentes ao Senhor Jesus Cristo - Atos 28.31.
de fundamental, em que a igreja realiza o seu propósito de evangeíis- Como o Espírito da Verdade, a terceira pessoa da santíssima trin-
mo. Ou a igreja experimenta o revés de sua morte, como já foi afirma- dade, preserva a pureza do evangelho. Sem esta intervenção sua, o
do por muitos, ou a igreja, na pessoa de seus membros assume sua res- evangelho teria desaparecido há muito tempo. A igreja mesmo o des-
ponsabilidade perante o mundo de apresentar Jesus como Salvador, truiria. A história da igreja está repleta de corrupção e distorção do
ou ainda corre o risco de ser sufocada pela explosão demográfica. puro evangelho, mas o Espírito Santo, derramado sobre ela, está com
Façamos, então, o levantamento de nossos processos evangelísti- ela para sempre - João 14.16.
cos, o levantamento de nossa mensagem evangelística, o levantamento Dos muitos que receberam o evangelho proclamado por Pedro, em
de nosso programa de evangelismo, para que, ao falarmos de Jesus Jerusalém, no dia de Pentecoste, nenhum foi convertido pela eloquên-
Cristo e nos empenharmos em levar almas para Jesus Cristo e para a cia do apóstolo, tampouco pelo exercício de sua própria vontade não
salvação eterna, estejamos certos de que estamos autenticamente pro- regenerada. Todo aquele que recebeu a palavra fê-lo pela operação
clamando, testemunhando daquele que morreu para a salvação de dentro de si mesmo da graça irresistível do Espírito Santo. Em toda a
todo aquele que crê. história, cada verdadeiro convertido ao cristianismo o foi pela graça
Assinalaremos ainda, com toda ênfase, que o Filho de Deus não so- regeneradora do Espírito Santo e a eficaz aplicação do evangelho pelo
mente está à cabeça de toda classe de homens conhecidos com o nome Espírito Santo - I Coríntios 12.3 e Zacarias 4.6.
de missionários e evangelistas, mas também Ele é o grande evangelista O evangelismo é a agência do Espírito Santo na experiência pessoal
por meio deles. de conversão e na propagação da mensagem do evangelho. Lembremos
4. O ESPIRITO SANTO COMO AUTOR DO EVANGELISMO que a evangelização não frutifica pela eficácia de sua programação hu-
Deus Espírito Santo é autor do evangelismo. mana, pelos recursos da técnica de promoção; e que podemos falar até
Quando os santos homens da antiguidade profetizaram e escreve- esgotar o fôlego de nosso aparelho de fonação, podemos escrever até
ram sobre o nascimento, ministério, morte e ressurreição do Salvador, que não haja mais papel e tinta para escrever, mas se a obra não vier
pondo o evangelho no Antigo Testamento como está no Novo, foram por força do Espírito Santo, será como metal que soa e voltará todo es-
"movidos pelo Espírito Santo" - U Pedro 1.21. forço vazio e infrutífero.
No dia de Pentecoste, o Espírito Santo capacitou a um pequeno Quando surgem tantas teorias e tantas correntes, as mais variadas,
grupo de homens e mulheres insignificantes, ignorantes e frágeis, mas uma verdadeira confusão de doutrinas sobre a salvação, havemos de
crentes, para empreender a maravilhosa tarefa de conquistar o mundo voltar a estas estacas basilares do evangelho de Jesus Cristo e de nos
para Cristo, seu Senhor. lembrar de que só pelo poder do Espírito Santo podemos anunciar este
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evangelho. Ninguém converte alguém, Ninguém faz germinar a fé.
Ninguém convence o próximo do pecado. Ninguém tem palavra capaz
de comunicar a mensagem do evangelho de maneira a ser penetrante
no coração incrédulo. Isso vem pelo Espírito Santo. Não existe evange-
lismo eficaz que não seja um evangelismo com base no poder indispen-
sável do Espirito Santo.
Por vezes ouvimos e vemos pessoas dizendo: "Eu converti fulano".
Infelizmente esse ignora a atuação do Espírito Santo no crente, inspi-
rando-o, e no incrédulo, removendo as barreiras para que se torne
flexível ao chamamento de Deus. Em nossos dias, é o Espírito Santo
quem comanda todo o processo anunciatório do evangelismo.
Assim vimos, através de uma breve análise bíblica, como o Deus
trino: o Deus Pai, o Deus Filho e o Deus Espírito Santo é o autor da
salvação, assim como é o autor do evangelho da salvação. É Ele, por-
A Pessoa
tanto, o verdadeiro autor do evangelismo. do Evangelista
Esta parte pode ser considerada como fundamental neste trabalho.
Como_o eyangejista_cleifi-S£r4iara aues_eja.trabaiho_tenha êxito? Noasa
razão, ou seja, nosso raciocínio puramente humano é incapaz de co-
nhecer Deus e também de falar de suas maravilhas. Além disso, Deus
simplesmente ultrapassa a capacidade da razão. Ele é um ser de infi-
nita complexidade e vastidão; se não for nEle, não encontraremos
subsídios para falar dEle em outro lugar. Deus não é apenas de ordem
diferente dos homens; é superior a eles, mas é a origem fundamental
de nosso ser.
Devemos ter em mente este conceito para depois anunciarmos as
maravilhas de nosso Deus. O_e_yangelista_ deve fazer com que os outros
conheçam aJ)eus,jitravés decaiayras e obras;.paxa termos essa condi-
£*^^j??c?ssári_a a sujbmisalp completa a Deus, pois a pessoa que se
propõe a ensinar a Palavra de Deus, com o objetivo de ganhar almas,
precisa possuir alguns requisitos pessoais. Os exemplos adiante rela-
cionados foram extraídos do excelente panfleto do pastor Werner Kas-
chel - Sumário de Evangelismo Pessoal - incluído e comentado no li-
vro: Doutrina e Prática de Evangelização, do Pastor Delcyr de Souza
Lima.
^ Antes de apresentarmos os requisitos, lembramos que um aspecto
na vida pessoal do evangelista, assim como de qualquer crente, é a
vida devocional. Não é simplesmente o caso de fazer a leitura diária,
ou de estudar a Bíblia, ou de dizer orações, várias vezes ao dia. Tudo
isso é importante, mas precisamos compreender que nossa vida devo-
cional é na realidade a direção total, a maneira completa de viver de
uma pessoa e não simplesmente uma coisa que acontece durante uma tura. A matéria da evangelização não se originou da cultura; ela pro-
hora do dia. A vida devocional não é algo que nós acendemos e apaga- vém do Espírito de Deus. O imprescindível é que o evangelista possa
mos como um botão de luz, mas antes tal vida é uma relação íntima ajudar o pecador a examinar a Palavra de Deus, de modo a compreen-
com Deus. Esta relação está baseada, de uma forma muito real, nas der o plano da salvação. Tal condição exige suficiente conhecimento
promessas de Jesus, quando diz: "Não te deixarei e não te desampara- da Bíblia. Como poderia alguém ensinar aquilo que não conhece? A
rei". Assim os profetas-e apóstolos testificaram que Ele está ao nosso primeira das chamadas "sete leis do ensino".é que "o professor precisa
lado para nos confortar; está diante de nós para nos guiar; está acima . saber o que vai ensinar". É preciso, portanto, que os crentes desejosos
de nós para noa proteger; e está dentro de nós para nos dar forçasjA. de ganhar almas para Cristo estudem sistemática, metódica e perseve-
presença de Deus é o maior milagre de todo o mundo para nós. Ele está ..rantemente a Bíblia.
conosco. E se, como o apóstolo Paulo diz, vamos "andar pela fé e não 2) Conhecer a vida' dos homens e suas desculpas - João 4.16-18. Via
pela vista", então podemos reconhecer que Ele está sempre conosco. de regra, a pessoa quYcVcrente procura evangelizar tenta escapar à res-
Vamos supor que poderíamos tomar aã vidas de Enoque^ Abraão^ ponsabilidade de enfrentar o problema do pecado, opondo-se ao evan-
Moisés e Davi e juntá-las todas numa só vida. Chamaríamos essa pes- gelista com várias desculpas. Há os que dizem não ter tempo, os que
soa de_0_Homem Bíblico. Lemos que Enoque andava com Deus; que apontam defeitos na vida de outros crentes, os que dizem ser demasia-
Abraão era chamado amigo de Deus; que Moisés falou face a face com damente pecadores para poderem ser salvos, os que dizem ser a Bíblia
Deus; e que Davi era um homem segundo o coração de Deus. É esse ho- de difícil compreensão, os que dizem ser religiosos e bons, os apáticos e
mem bíblico que representa para nós a vida do crente normal, a vida indiferentes, os fatalistas, os cínicos, os zombadores, e finalmente os
do evangelista, como uma relação contínua de viver cada momento que têm convicções religiosas incompatíveis com o evangelho.
consciente da presença de nosso Senhor. O evangelista não deve ser apanhado de surpresa por essas descul-
pas. A propósito, é conveniente que se examine a série de desculpas re-
1. O QUE DEVE SER A PESSOA DO EVANGELISTA lacionadas e comentadas por P.E.Burroughs, no livro "Como Ganhar
1) Ura verdadeirojrente, salvo por Jesua,- Atos 9.1-15. Esse requi- Vidas para Cristo". Para cada desculpa, o autor apresenta a orienta-
sito é óbvio, mas faz-se necessário lembrá-lo. Existe a possibilidade, ção adequada. Ver capítulo V, onde abordamos o assunto.
infelizmente, de pessoas tentarem evangelizar sem que tenham, elas
próprias, experiência de regeneração. 3) Conhecer as seitas religiosas adversas.. O evangelista precisa es-
2) Um cristão de vida exemplar -1 Pedro 2.11,12 e Romanos 12.1,2. tar preparado para enfrentar não só as desculpas como também os
Conta-se que um ceríõ^âTanoUTEscola Dominical disse ao professor: contra -ataques doe que têm convicções religiosas falsas. É preciso que
"O que o senhor faz não me deixa ouvir o que o senhor me diz". Triste conheça as crenças espíritas, sabatistas, testemunhas de Jeová e ou-
e vergonhosa situação! Quem não pratica o que ensina não pode ter tras, a fim de que possa fazer frente às investidas, escudado na Bíblia.
autoridade moral. Resultará por isso infrutífero o seu esforço: primei- 3. O QUE O EVANGELISTA
ro, porque ensinará sem liberdade espiritual e segundo, porque a pes- .1) A oração feryQjQs^u Atos 3.1; 4.31. A evangelização é um comba-
soa que conhecer sua vida não crerá em seu ensinamento. te espiritual contra as hostes das trevas, cuja vitória depende do poder
3) Afável e cheio de simpatia - I Coríntios 9.19-23. O evangelista do Espírito Santo. A oração é o meio pelo qual Deus comunica esse po-
deve lembrar-se dê~que esta tratando com enfermos, quando evangeli- der. Não há evangelista bem sucedido que não seja dedicado à oração.
za, pois o pecado também é enfermidade. A tendência de alguns evan-
gelistas é de tratar as pessoas como suas vítimas, ao invés de tratá-las 2) A leitura - I Timóteo 4.13. Deve estar procurando sempre au-
com amor, compreensão e paciência. Esses tais, dificilmente, conse- mentar seus conhecimentos através da leitura. E o que deve o evange-
guirão conduzir almas a Cristo. lista ler? A Bíblia, em primeiro lugar, assim como livros devocionais,
2. Q_QUE DEVE SABER O EVANGELISTA inspirativos e evangelizantes; jornais e revistas evangélicas; livros e
1) Conhecer a Bíblia - Atos 7.2-53; 8.35. A~matéria necessária ao jornais seculares sérios, que o ajudem a manter-se em dia com os acon-
ensino da evangelização está toda contida na Bíblia. Não é necessário tecimentos e com as correntes de pensamento, e que lhe forneçam su-
que o evangelista seja hábil argumentador e nem que possua vasta cul- gestões úteis, por tratarem de problemas humanos.
3) A meditagãg^jPor meio dela, entendemos o processo mental de Cristo, estariam em perigo do inferno. O jovem respondeu que era isso
avaliação das coisas, de procura no sentido dos vários aspectos e valo- mesmo. "Então, disse o Dr. Lewis, por que razão não disse em lingua-
res da vida, de busca da causa dos fenómenos espirituais, de sondagem gem clara, simples e inteligível?"
da vontade do Espírito Santo, de compreensão das necessidades do Ser simples e claro ao falar faz com que sejamos entendidos por to-
mundo e das maneiras a serem usadas para ajudá-lo. dos os ouvintes.
É necessário que o evangelista encontre tempo para pensar, que Esses são alguns requisitos que a pessoa do evangelista deve levar
tome consciência do Espírito de Deus em sua vida e que procure dis- em si, tal qual os servos de Jesus Cristo levaram e levarão sempre. O
cernir os seus impulsos no coração. É pela meditação que o evangelista próprio Jesus Cristo é assim, simples de ser entendido e aceito; é só ir-
amplia a sua visão, aprofunda a compreensão e revigora o desejo de mos aos Evangelhos para termos essa certeza.
atender às necessidades do mundo que o rodeia. O evangelista precisa 4,0 EVANGELISTA DEVE ATUALIZAR-SE
exercitar-se na meditação; deve pensar na sorte dos perdidos, deve Gostaria, agora, de mencionar algumas coisas práticas para a co-
pensar no sofrimento que aguarda os que morrem sem salvação, deve municação do evangelho no mundo em que vivemos.
entender claramente qual é a sua responsabilidade em relação às al- Há palavras que significam muito para uma pessoa mas não que-
mas, etc. rem dizer o mesmo para aqueles que não conhecem a Jesus. Eles não
4) O desejo de ver almas salvas. O objetivo da evangelização é ga- entendem o que significa santificação ou justiça ou todos aqueles ter-
nhar almas para Cristo. Enquanto o evangelista estiver dominado pelo mos maravilhosos que usamos. Temos que descobrir uma ponte de co-
desejo de conquistar almas não poderá ser mal sucedido; e, depois de o municação entre nós.
conseguir, precisa conservá-lo, porque, na medida em que for arrefe- Estamos vivendo num mundo de mudanças. Essas também têm
cendo a paixão, também irá diminuindo a dedicação ao trabalho. chegado ao Brasil. Eis uma ilustração disso: Do ano em que Cristo
5) O hábito de ir à casa de Deus - Atos 3.1. Quem não ama a sua morreu até 1900, o número de fundos de informação que fazíamos che-
igreja não dá valor aos cultos e não tem prazer em tomar parte de suas gar às pessoas duplicou-se; de 1900 a 1950, tornou a duplicar-se; de
reuniões, não poderá assim estar em condições de ganhar almas. Aliás, 1950 a 1960, duplicou-se novamente; de 1960 a 1962, voltou a duplicar-
vale lembrar mais uma vez que a ideia de evangelização é compatível se. Vai duplicar-se a cada dois anos, até o fim dos séculos. Isso é muito
com a de igrejas organizadas e operantes. Jesus quer que as almas ga- mais do que a mente pode conceber.
nhas sejam agregadas às igrejas, para mútuo fortalecimento espiritual Sessenta por cento do povo que já viveu no mundo, através dos sé-
dos crentes. A ideia que modernamente desponta em alguns setores de culos, ainda está vivo hoje. Setenta por cento do povo vive em sete por
evangelismo de que devemos ganhar almas sem nos preocupar em ba- cento da Terra. Oitenta por cento dos engenheiros que foram educados
tizar as pessoas e agregá-las às igrejas é anti-bíblica. É uma das mui- estão vivos hoje.
tas novidades inventadas pelos que, como advertiu o apóstolo Paulo, O evangelista precisa conhecer as mudanças que estão acontecen-
têm comichão nos ouvidos. Ê heresia. do, de modo que possa atingir o povo.
„. 6)J>J rapliciçíade na cojmmjcacão^p evangelista deve pedir a Deus Nossos pais viveram em dias quando a energia era muito simples.
que lhe dêjmnjifícidade, poder e clareza. Esses são elementos funda- Era apenas a vapor ou através de um animal. Estamos vivendo hoje
mentais para o servo que testemunha de Jesus Cristo, a fim de que ga- dias de nova energia. É basicamente elétrica. Nossos pais usaram fer-
nhe muitas almas para o Mestre. ramentas muito simples. Lembrem-se que uma ferramenta é a exten-
O teólogo leigo Dr. E.S.Lewis, professor em uma das mais concei- são de alguma parte do corpo humano. Por exemplo, uma enxada é
tuadas universidades da Inglaterra, ouviu certa vez um jovem evange- uma extensão do braço. Uma carroça é uma extenssão de nosso pé. Um
lista terminar um sermão da seguinte maneira: "Meus caros amigos, alicate é uma extensão de nossa mão. Isto é aplicável quando temos
se não aceitardes esta verdade pode ser que haja consequências escato- uma energia simples, mas se colocarmos a nova energia nas velhas fer-
lógicas muito graves". ramentas, a coisa não funciona. Por exemplo: Atualmente, a televisão
O Dr. Lewis perguntou ao jovem evangelista, no final do culto, se o é uma extensão de nossos olhos. Você pode sentar-se em sua sala e as-
significado daquilo que havia dito era: se os ouvintes não cressem em sistir a um jogo de futebol na Europa; os seus olhos foram transporta-
dos para a Europa. Um rádio amplia as condições dos ouvidos. Você jip Senhor Jesus - jájtóoj3nyiijnejLmi38_a§ recompensas do servo do Se-
pode andar pelas ruas e ouvir o seu rádio; e os seus ouvidos estarão às nhor.
voltas pelo mundo. O computador duplica nosso centro nervoso. O Os nossos trabajhosjn§iLafcí_vâos,no Senhor, Muitos já experimen-
mundo já não é restrito como antes. Não estamos separados como no taram, no~rjoder do Espírito Santo, mediante o ensino das Escrituras e
passado. Hoje o Brasil está a apenas oito horas da América do Norte, a oração, o prazer de levarem outros a Jesus.
através do jato. Estamos bem unidos. Estamos vivendo numa aldeia 1) A recompensa está na própria obra que realizamos. Dá-nos alí-
global. Isto muda o nosso povo também. Precisamos trabalhar para vio e prazer quando damos expressão ao nosso zelo interior. Por causa
nos comunicar rapidamente com eles. Um mundo rápido não tem pa- da compaixão que temos por aqueles que se vão afundando no inferno,
ciência para ouvir sermões longos. Notem os filmes e programas de te- temos a recompensa interior de levar-lhes a mensagem da salvação.
levisão. Os filmes antigos tinham aquelas histórias longas, mas os fil- 2) A conquista de almas é um serviço que traz grande benefício à
mes atuais possuem cenas rápidas, porque o povo é impaciente. Que- pessoa que a ele se consagra. O homem que cuida de uma alma, ora em
rem mover-se rapidamente. Então, aquele que quer comunicar-se efe- seu favor, se esforça para causar-lhe impressão, fala-lhe com temor e
tivamente aprende a dizer muito em pouco tempo. tremor, faz planos para ganhá-la, esse tal crente edifica-se mediante o
No sistema antigo, tínhamos tempo para pensar. Agora, o telefone esforço feito.
toca, a buzina do carro incomoda, as crianças choram, todo mundo 3) A recompensa está na gratidão e no carinho daqueles que são le-
quer decisões instantâneas e ninguém tem tempo para pensar. vados a Cristo. Somos bem-aventurados quando nos alegramos com a
O evangelho não saiu da moda. Cristo não está desvalorizado. Pre- alegria da outra pessoa.
cisamos entender como comunicar o evangelho. 4) Outra grande recompensa é a de agradar a Deus, e conceder ao
O melhor comunicador é aquele que entende sua época, crê no seu Redentor que veja o fruto do trabalho de sua alma. Ê maravilhoso po-
evangelho, abre o seu coração e fala ao povo de suas lutas e alegrias, der compensar a Cristo pelas suas agonias pelos pecadores. E cada vez
coloca-se a si mesmo em chamas. Estes são os dias que Deus nos tem que uma pessoa é levada a Cristo, ele se sente recompensado por tudo
dado. Não podíamos pregar em outros dias. Deus nos colocou nesta é- que padeceu. E os evangelistas são o instrumento dessa divina recom-
poca. O povo tem seu coração aberto para o evangelho. As máquinas pensa! São o instrumento da divina alegria, do divino regozijo quando
eletrônicas não têm satisfeito o coração. Você não precisa ir ao cientis- o filho pródigo volta ao lar!
ta, ao psicólogo, ao filósofo, ao historiador, ao administrador de em-
presas para lhes perguntar sobre o que você deve pregar. Fale, antes, a
eles de Jesus Cristo, que é poderoso para os salvar. O povo tem seu coi_
.ração aberto ao evangelho e a igreja não está morta.
Não estamos levantando a igreja do cemitério. Não estamos cavan-
do uma sepultura e nos vestindo de luto. Estamos colocando a roupa
de trabalho e preparando a fazenda, porque Jesus nos disse que os
campos estão brancos para a ceifa. Vamos para os campos. Vamos pre-
gar o evangelho e vamoa colher os frutos que Deus nos vai dar.
5. A RECOMPENSA DO EVANGELISTA
É agradável pensar que há uma recompensa á espera dos que le-
vam as pessoas a Jesus Cristo. Ninguém que realiza tal obra precisa
considerar-se excluído das recompensas que o amor confere a todos os
que lhe prestam serviço. A recompensa é conferida pela graça de Deus
e é desfrutada com humildade. Somente a alegria de fazer o bem^o
^e-**r_.ploríficado a Deus e a bem- a v entu rança de ter agradado
O Método do
Evangelismo Pessoal
Existem muitos métodos para o evangelismo pessoal, métodos e
técnicas oriundos e baseados na Palavra de Deus, tendo o mesmo obje-
tivo de ganhar almas. Refiro-me ao procedimento dos evangelistas que
possuem as características apresentadas no capitulo anterior, isto é, os
verdadeiros convertidos a Cristo.
A pessoa do evangelista é muito importante para o desenvolvimen-
to do método de evangelismo; este método terá a repercussão diferente
por causa dos vários tipos de experiência religiosa; isso porque há va-
riedade de ambientes, idades, emoções, intelectos e personalidades.
Devemos considerar, pois, certos princípios e ideais psicológicos.
Como existe a repercussão do método de variadas formas, o evan-
gelista também encontrará tipos humanos pecando de variadas for-
mas, mas com a mesma necessidade de salvação, a salvação em Cristo.
Um dos motivos que atrapalha a evangelização é a adesão dos cren-
tes a muitos métodos e técnicas, não permitindo que este hábito venha
de Deus, ou melhor, seja fruto de sua experiência religiosa. Não desejo
dispensar o método, mas métodos e téticas. Ficaremos somente com
um, o que considero melhor e mais adaptável à nossa experiência reli-
giosa. Este método é o evangelho em cincojxmtog fundamentais, De-
vemo^colgcar este método e_m prática, pedindo a Deus que nos use, e
ter em mente o objetivo dessa orientação.
Os cinco pontos são cinco passos a dar na evangelização, cuja or-
dem é lógica.
Í. CONVENCER O PECADOR DE QUE Ê PECADOR
Por quê? De que vale começarmos falando de Cristo como Salva-
dor, e do amor de Deus, se o pecador não sabe sinceramente que é pe-
cador? Ninguém procuraria o remédio sem descobrir antes ser porta-
dor de enfermidade. Levar o pecador à convicção de que é pecador é 2) Crer em Jesus como Salvador e Senhor - Atos 16.31; Romanos
pois o primeiro passo. Lembremos que não são as nossas palavras que 10.9,10; João 5.24.
vão convencê-lo, mas é o Espírito Santo através dessas palavras. 3) Confessar os pecados ao Senhor -1 João 1.9; Romanos 10.9,10.
1) Todos são pecadores - Romanos 3.23; 3.10-13; 5.12; I João 1.8-10; 4) Invocar o nome do Senhor - Romanos 10.13.
Isaías 64.6. 5} Entregar a vida a Jesus e recebê-lo no coração - João 1.12; Salmo
2) Todos estão condenados à morte - Ezequiel 18.20; Romanos 37.5; Apocalipse 3.20.
6.23; 5.12. 6) Confiar nas promessas das Escrituras - João 5.24.
2. CONVENCER O PECADOR DE QUE ESTÁ CONDENADO 7) Ninguém será salvo pelas obras - Efésios 2.8-10.
" Há muitos que sabem que são pecadores mas não sabem de sua 8) Ninguém será salvo pela r e encarnação - Hebreus 9.27.
condição espiritual diante de Deus. Pensam que, por ser Deus bom, 9} Ninguém será salvo por missas - Hebreus 10.10-18.
não deixará que alguém se perca. Ê preciso que em segundo lugar o pe- 5.JLQIIEJDE1JS FAZ JQUAJ^D.Q_CL£3gÇAPOE Sjg ARREPENDE E
cador se convença de que, se morrer no pecado, estará irremediavel- CRÊ
mente perdido. Muitas vezes tenho perguntado: "Então, se porventu- Agora é o momento de levarmos o pecador a firmar-se na certeza da
ra morresse, qual seria sua situação?" E muitos de rosto triste têm res- salvação, da comunhão com Deus, da sua presença, em seu coração, e
pondido, cabisbaixos: "Se morresse estaria perdido no inferno". entender que pode ser transformado e salvo num momento. Com ae
Quando o pecador tem esta convicção, é fácil levá-lo a aceitar a Jesus. passagens indicadas, devemos levar o pecador a entender que Deus vai
1) Está separado de Deus - Romanos 3.23. operar no seu coração, quando ele tomar a decisão de aceitar a Jesus
2} Está condenado à morte - Ezequiel 18.20; Romanos 6.23; 5.12. como Salvador.
3) Está condenado à perdição e sofrimento eternos - Mateus 25.41- 1) Deus perdoa - I João 1.9; Isaías 1.18.
46; 7.23; Apocalipse 20.14,15; Ilustração da parábola do rico e Lázaro - 2) Deus redime - I Pedro 1.18,19; Efésios 1.7; I Tessalonicenses
Lucas 16.19-31. 1.10; Romanos 6.16,18,22; Gaiatas 5.1,
_3. MOSTRAR A PROVIDÊNCIA DE DEUS 3) Deus regenera - Toma o homem seu filho - João 1.12,13; João
' Depois que a pessoa percebe que está doente, gravemente enferma, 3.3; H Coríntios 5.17; Efésios 1.5.
é fácil ser induzida a procurar o médico. É o que faz o evangelista. De- 4) Deus vem habitar no coração do convertido - Apocalipse 3,20;
pois de convencido o pecador de que está perdido, mostramos a provi- Ezequiel 36.26,27; I João 3.24.
dência de Deus para a salvação dos pecadores: a vinda de Jesus, seus 5) Deus justifica o pecador - Hebreus 10.16,17. Deus considera o
ensinos, seu poder, sua morte, sua ressurreição. O significado e o valor pecador, que se arrepende e aceita a Jesus, como se nunca houvesse co-
da morte de Jesus devem ficar bem claros. metido pecado algum. Esquece-se dos seus pecados, e o pecador come-
1) Deus enviou Jesus por amor - João 3.16; 1.1-14. ça tudo de novo -1 Coríntios 5.17, e está diante de Deus, lavado, limpo
2) A missão de Jesus - Lucas 19.10; I João 3.8; I Timóteo 1.15. - Isaías 1.18; Apocalipse 22.14.
3) A obra de -Jesus para salvar os pecadores - I Coríntios 15.3,4; 6} Reconcilia - Romanos 5.10; II Coríntios 5.18,19; Efésios 2.15,16;
Isaias 53.3-6; Romanos 4.24,25; Hebreus 9.12; l João 4.9,10; Colossen- Colossenses 1.19,20.
O evangelista deve evitar métodos errados, discussões, superiorida-
ses 1.13-20. de.
4. O QUE^Oj-ECADOR PRECISA FAZER PARA SER SALVO
^Muitos se perdem porque não sabem o que fazer. Muitos buscam O evangelista pode anotar as passagens indicadas em sua Bíblia e
as obras, outros confiam na própria justiça, outros confiam na reencar- até memorizá-las, para facilitar seu trabalho com os não crentes.
nação e outros simplesmente nada pensam. As passagens abaixo apre- Estas são algumas orientações que, a meu ver, trazem resultados
sentam ao pecador, com clareza, o que deve fazer de sua parte para se em maior número. Em todos os aspectos poderão ter êxito. O evan-
apossar da salvação. gelista não pode esquecer que o seu objetivo é levar a pessoa a ter uma
1) Arrepender-se - Ezequiel 18.31; Isaías 55.7. experiência com Jesus Cristo. Portanto, devemos ter calma e estarmos
dispostos a fazer este trabalho. Quando sentirmos que a pessoa está se-
gura, e aceita o Salvador, o próximo passo será encaminhá-la à igreja.
À igreja, e não a grupos alheios a esta.
6. EXEMPLOS BÍBLICOS DE EVANGELISMO PESSOAL
1) Os Apóstolos
A. André evangelizou Pedro - João 1.40-42.
B.Filipe evangelizou Natanael - João 1.45.
C. Paulo evangelizou o carcereiro - Atoe 16.25-31.
2) A Samaritana Evangelizou Sua Cidade - João 4.28-30,39.
3) Filipe, o Evangelista - Atoa 8.26-40.
A. Obedeceu à ordem do Espírito Santo - vs. 26,29.
B. Começou por uma pergunta - v.30.
C. Anunciou a Jesus como Salvador - v.35.
D. Induziu o interessado á confissão e ao batismo - v.38.
O Evangelista e as
4) Jesus, o Mestre Supremo na Arte do Evangelismo Pessoal
A. Jesus e Nicodemos - João 3.1-3.
Desculpas das Pessoas
B. Jesus e o ladrão - Lucas 23.39-43. Quando o evangelista se habitua a falar de Cristo, frequentemente
C.Jesus e a Samaritana - João 4.1-30. encontrará pessoas que lhe apresentam desculpas, desde as mais sim-
a) Era meio-dia; Jesus, cansado e sedento, não pensou em si, ples e ingénuas até às mais profundas e sérias. Como foi mencionado
mas nas necessidades espirituais daquela pobre pecadora - no capítulo três, o evangelista deve estar preparado para encontrar-se
v.6. com tais pessoas, conhecendo as possíveis desculpas e o modo de lidar
b) Começou por um assunto comum: a água - v.7. com elas.
c) Falou da salvação em termos atuais - vs.9-15. Algumas dessas não passam de mentiras que visam afastar o evan-
d) Mostrou o pecado - vs. 16-19. gelista, outras são devido ao pecado no coração que causa o desinteres-
e) Evitou polémica inútil - vs. 20-22. se pelo evangelho, outras ainda devem-se à ignorância das pessoas quan-
f) Ensinou a verdade positiva - vs. 23,24. to à vida espiritual. As barreiras devem ser removidas e isso será possí-
g) Falou do Messias - vs. 25,26. vel através da persistência, inteligência, perspicácia e oração do evan-
gelista.
Será difícil abranger, num capítulo, todas as desculpas com as
quais o evangelista pode deparar-se. Apresentaremos as mais frequen-
tes bem como passagens bíblicas para destruí-las, permitindo aos não
crentes um encontro real com o Salvador Jesus Cristo.
1. OS INDIFERENTES
1) Mateus 22.37-38 - O maior pecado é a quebra do primeiro e prin-
cipal mandamento.
2) Romanos 6.23; Salmo 130.3; João 8.34 - A necessidade de salva-
ção é para eles também, isto é, para os indiferentes.
3) Isaias 53.5,6; I Pedro 2.24 - Cristo morreu pelos nossos pecados.
110
cão e não pela Bíblia. Aquelas coisas que a Bíblia não condena clara- Deus para se viver uma vida de testemunho no lar. Jesus Cristo, po-
mente não devem ser exigidas dos filhos. Eles precisam de certa liber- rém, promete a sua presença conosco e confiados nesta promessa deve-
dade. Cada idade apresenta suas características que devem ser leva- mos prosseguir sem desanimar.
das em conta. Cada personalidade tem seu modo de ser e deve ser res- NOTA:
peitada. Excetuando essas coisas, os pontos negativos devem ser poda- (') Olson, N. - Como Ganar a Tu Família para Cristo, versão castelha-
dos, cortando os maus hábitos. na de Ildefonso Villarello, p.47.
8) Mantendo os filhos em atividades cristãs - Ao invés de estabele-
cer proibições, os pais devem conduzir às atividades cristãs interes-
santes para os filhos; festinha na igreja ou na casa de um crente, pas-
seio com a igreja, distribuição de folhetos, audição de coral jovem, en-
contro jovem, pic-nic com a igreja, etc.
9) Sendo cuidadoso em relação aos vizinhos, aos amigos dos filhos -
Quando são menores, os pais podem proibir os filhos com as devidas
explicações; quando são mais velhos, podem orientá-los sobre as más
companhias.
10) Não aceitando a derrota - Orar e trabalhar em prol da salvação
dos filhos produz a esperança de vê-los aos pés de Cristo algum dia.
Ainda que tardia, a decisão virá, quando o coração do filho for sensível
á voz do Espírito Santo.
1. OS FOLHETOS
Existem centenas de tipos de folhetos na língua portuguesa, mas
nem todos são úteis para o evangelismo, ou porque se referem a outro
assunto ou porque não satisfazem a exigência de um bom folheto.
Quando se planeja imprimir folhetos, certas observações úteis de-
vem ser anotadas:
1) A quantidade não deve sacrificar a qualidade. Vale a pena im-
primir um folheto colorido, atraente, mesmo que o custo seja mais
elevado. Esse folheto será lido por várias pessoas, enquanto que um
mais barato, sem muitas cores, de papel inferior, não chama a atenção
de uma.
2) A linguagem do folheto deve ser direta, coloquial, bíblica, apeta-
tiva, desde a primeira sentença. As palavras devem dirigir-se ao leitor
e ele deve sentir isso. O folheto precisa narrar experiências diárias das
pessoas, partindo delas para a mensagem bíblica.
Não deve ser polémica a sua linguagem religiosa e sim apresentar a
verdade positiva da salvação em Jesus Cristo.
"Todo folheto deve conter um apelo. verterem serão atendidas pelos conselheiros. É um esforço para um
Todo folheto deve conter um endereço para posterior contato. tempo limitado.
Todo folheto deve ser entregue com unção espiritual".C) 5) Distribuição Programada - É o plano que visa atingir determi-
3) A impressão do folheto deve ser em tipo de letra legível, o con- nados grupos em épocas especiais. Por exemplo, na abertura de aulas,
teúdo deve ser bem revisado para não conter erros gramaticais, ser de folhetos para estudantes; à saída dos estádios de futebol, folhetos para
bom estilo, e não apresentar erros de impressão. jovens; no Natal, Páscoa, Finados, distribuir folhetos apropriados.
Ao serem distribuídos, os folhetos devem estar em boas condições, 6) Campanha dos Sete Folhetos - Durante um período de tempo,
sem dobras, sem sujeira. Cada tipo de pessoa deve receber um tipo de os crentes são incentivados a distribuir um folheto por dia da semana.
folheto. A distribuição não deve ser feita de qualquer maneira, jogan- No domingo, os que se comprometeram com a campanha recebem os
do-se folhetos pelas ruas ou debaixo das portas das casas. É um minis- pacotes de folhetos e podem contar alguma experiência que tiveram
tério a distribuição de folhetos. Os crentes devem ser adestrados, atra- durante a semana.
vés de um curso, para tal tarefa, porque "qualquer um que esteja dis-
7) Conferências Evangelísticas - Podem ser distribuídos folhetos es-
posto a seguir a Cristo pode tornar-se poderosa influência sobre o mun- peciais com a mensagem evangelística e com o nome do conferencista,
do, contanto, naturalmente, que essa pessoa tenha o treinamento dias, horário, etc.
apropriado".(a) 8) Através do Correio - Num plano especial feito pela igreja ou pe-
los crentes, em qualquer ocasião, folhetos são colocados junto com as
2. DISTRIBUIÇÃO FEITA PELA IGREJA
cartas pessoais, com os cheques que pagam f aturas e outras remessas;
Vários planos são apresentados para a distribuição de folhetos feita
pela igreja. Usaremos algumas sugestões conforme são apresentadas os jornais seculares são fontes para se obter o endereço de pessoas que
pelos livros "Cristo na Cidade" e "Evangelice con Ia Pagina Impresa". se casam, ficam enlutadas, aniversariam; a estas podem ser enviados
folhetos especiais.
1) Distribuição Intensiva - Equipes são treinadas. O bairro é divi-
dido em quarteirões e cada equipe é designada para um deles, levando 9) Em locais determinados - Folhetos apropriados podem ser dis-
vários tipos de folhetos, distribuídos conforme a idade, cultura, situa- tribuídos nas praças, nos mercados, à porta dos lugares de diversões,
ção das pessoas das casas a serem visitadas. O nome e endereço das nas fábricas, construções, barbearias e em outros lugares, pelos crentes
das igrejas, de acordo com os planos da mesma.
pessoas interessadas são anotados, para posterior visita. Da mesma
forma, o endereço das casas onde não se encontrou alguém. Esse é um
trabalho permanente no bairro da igreja. 3. DISTRIBUIÇÃO INDIVIDUAL
2) Distribuição Progressiva - O plano é o mesmo da anterior. A di- Onde quer que o crente vá, ali é o lugar para ele distribuir folhetos.
ferença está no uso dos folhetos. Providencia-se uma série de folhetos e Deve usar a imaginação o quanto puder para encontrar oportunidades
distribui-se o primeiro da série na primeira semana; o segundo, na se- de evangelizar através dos folhetos.
gunda semana, e assim por diante. No livro "Evangelice con Ia Pagina Impresa", já mencionado,
3) Distribuição Seletiva - Com bases num recenseamento religioso, conta-se interessante ilustração. Um homem levava em seu carro, todos
entregam-se folhetos apropriados; por exemplo, a um médico, um fo- os dias, uma boa quantidade de folhetos. Certo dia, teve uma boa ideia
lheto sobre o coração; a um muçulmano, um folheto sobre a cidade de e decidiu colocá-la em prática. Construiu uma pequena estante para
Meca; e assim por diante. Ê interessante avisar pelo telefone que a expor folhetos. Cada vez que saía a algum lugar, deixava seu carro es-
pessoa vai receber a visita e o folheto. tacionado em local bem visível. Colocava a estante, cheia de folhetos
atraentes, na janelinha, acompanhada de um cartão que convidava as
4) Distribuição Concentrada - Este método é usado nos lugares pessoas para pegar um. Quando voltava de seus afazeres não havia
onde não há igreja próxima. Uma área de cada vez é isolada no mapa mais folhetos. Assim, distribuiu milhares deles, usando um pouco de
para a distribuição de folhetos. No local, haverá, simultaneamente, sua imaginação.
palestras nos lares, cultos ao ar livre, telefonemas, correspondência, Não é apenas a imaginação que o evangelista deve usar, mas deve
serviço social e outras atividades evangelísticas. As pessoas que se con- Aperfeiçoa r-se cada vez mais na arte de distribuir folhetos. Há certas
normas que dirigem uma distribuição de folhetos eficiente. Vejamos dos fora, amassados, rasgados. Se a pessoa, depois de uma conversa
algumas: amável, não deseja o folheto, pode ser feito um convite oral pa-
1) Ter sempre consigo uma variedade de folhetos, na bolsa, no bol- ra a igreja sem se deixar o folheto com ela.
so, na pasta, nos cadernos, na escrivaninha, perto da porta. Andando 7) Esperar uma reação do não crente. Entregue o folheto, o evange-
na rua, atendendo à porta, viajando na condução, o evangelista não lista deve esperar uma reação da pessoa; ou ela vai ler o folheto na ho-
perde o privilégio de entregar um bom folheto a uma criança, a um jo- ra, ou lerá apenas o título e fará perguntas, ou terá uma atitude criti-
vem, a um velho, a um médico, a um dentista, a um motorista, a um ca, ou ainda se mostrará indiferente. Essas reações devem ser aprovei-
vendedor, e a outras pessoas. Antes de distribuir os folhetos, o evange- tadas pelo evangelista para manter uma conversa com a pessoa ou
lista deve lê-los cuidadosamente para conhecer seu conteúdo e, se pre- combinar um contato posterior.
ciso for, comentá-los com as pessoas. 8) Buscar novas maneiras para distribuir folhetos. Como foi co-
2) Orar constantemente. O evangelista deve estar orando sempre mentado, o evangelista usará sua imaginação para distribuir, cada vez
pelas pessoas que vão receber os folhetos, para que o Espírito Santo melhor, os folhetos. Para tanto, deve ser diligente, inteligente, ardoro-
use aquelas palavras para convencê-las da necessidade de salvação. so distribuidor de folhetos. Colocar porta-folhetos em lavanderias, ho-
Antes de entregar os folhetos, durante a entrega e depois, deve haver téis, hospitais, depósitos, restaurantes, barbeiros, fábricas, é uma op-
espírito de oração. Oração em prol dos folhetos, que sejam apropria- ção válida. Sair junto com os outros crentes para distribuir folhetos
dos. Oração em favor da mensagem, que atinja o coração incrédulo. nas feiras ou outros locais é uma oportunidade para o evangelista.
Oração pela semeadura, a fim de que produza bons frutos. 9) Semear abundantemente e sempre. O evangelista não deve per-
3) Ter ardor evangelístico. Sem esta paixão pelas almas, o trabalho der seu entusiasmo, depois de algum tempo, porque "aquele que se-
pouco frutificará. O evangelista deve acender-se a si mesmo com o fogo meia pouco pouco também ceifará; e o que semeia com fartura, com
de Jeremias (20.9), com a brasa viva citada em Isaías 6.6, com o fogo abundância também ceifará" - II Coríntios 9.6. Semear a boa semen-
que arde continuamente sobre o altar (Levítíco 6.13; Hebreus 8.5}. te, que é Palavra de Deus contida em bons folhetos, é fazer a vontade
Deus quer que seus servos sejam labaredas de fogo (Hebreus 1.7). de Deus.
4) Oferecer o folheto sorrindo. Um vendedor, quando oferece seu 10) Começar imediatamente a distribuir um folheto por dia. Rece-
produto, procura ser simpático o mais que puder para vendê-lo. O bidas essas diretrizes gerais, o crente deve começar hoje mesmo a en-
evangelista carrancudo, que não pronuncia as palavras com clareza, tregar pelo menos um folheto por dia. A prática é a melhor mestra na
cabisbaixo, pouco conseguirá na distribuição dos folhetos. Há teste- distribuição de folhetos. Os conhecimentos são importantes, mas só
munhos de pessoas que se converteram por causa da simpatia irra- podem ser avaliados quando colocados em prática.
diante do crente que lhes entregou o folheto. Para concluir, a. distribuição de folhetos é uma arte e um hábito,
5) Demonstrar interesse na pessoa não crente. O evangelista cuida- assim como a evangelização.
doso não vai logo entregando o folheto sem antes travar uma conversa Da entrega de um folheto pode surgir uma conversa tão importante
sobre o dia a dia da pessoa; com o ascensorista conversará sobre as como não surgiria de outra maneira; uma conversa sobre os valores e
viagens do sobe e desce; com o motorista, sobre o movimento do trân- as necessidades espirituais das pessoas. Se o evangelista puder atender
sito; com a criança, sobre as brincadeiras ou os estudos, com o compa- às dificuldades do não crente, ele o fará, evitando entrar em discussões
nheiro de viagem, sobre a locomoção diária e assim por diante. sem proveito. Se não puder atendê-lo, marcará nova visita. A pessoa
A amabilidade do distribuidor de folhetos é importante. Deve ele que demonstra interesse deve ser convidada e até levada à igreja.
demonstrar tato ao entregar um folheto. A uma balconista atarefada. Quando há interesse, o evangelista deve evitar:
por exemplo, não dará o folheto sem aguardar que ela esteja desocupa- Atúar como se soubesse de tudo.
da. Procurará interessar a pessoa pelo folheto para depois entregá-lo. Discutir religião.
6) Não forçar alguém a aceitar o folheto. "Melhor é distribuir uma - Manter conversação sobre os temas políticos.
dúzia de folhetos com bastante cuidado, com oração e critério, de que Fugir do tema principal que é Jesus Cristo.
mil deles indiscriminadamente", quando muitos se perdem, são joga- Ir muito devagar ou muito depressa.
118 119
- Chamá-la de ignorante ou equivocada.
- Condenar os hábitos da pessoa
-Dar lugar a brincadeiras de mau gosto.
-Deixar de olhar para a pessoa face a face.
- Ser desatencioso para com as palavras da pessoa.
- Esquecer-se de que se colhem mais moscas c< -m o mel do que com
vinagre.
NOTAS
( ! ) Scanlon, A. Clark, red. - Cristo na Cidade, trad. e adap. Nancy
Gonçalves Dusilek, p.66.
9
D Coleman. Rohert E. - O Plano Mestre de Evangelismo. trad. João
Marques Bentes, p.37.
Evangelismo
Urbano
1. A URBANIZAÇÃO
1) Definições - Entende-se por urbanização como um processo ou
um movimento pelo qual se formam os centros urbanos, ou seja, as ci-
dades; é a migração das populações rurais para as cidades, fazendo-as
crescer; é o desenvolvimento dos centros agrários que se transformam
em centros de vida urbanizada. Tudo isso causa profundas mudanças
sociológicas. A cada ano que passa mais as cidades crescem e, se em
1960 a porcentagem da população residindo em cidades de mais de
20.000 habitantes era de 279r, no ano 2.000 será de 50^r. Podemos men-
cionar três causas da urbanização: crescente índice de nascimentos;
constantes migrações internas e redução da mortalidade infantil.
O evangelismo urbano é aquele esforço em ganhar o homem da ci-
dade para Cristo. Há uma desproporção entre o número de pessoas ga-
nhas para Cristo e o número de pessoas que vão fazendo parte da socie-
dade urbana. Esse é um dos grandes desafios para os cristãos e evange-
listas, além daquele relacionado com as características do homem ur-
bano, que mais do que ninguém necessita da mensagem salvífica.
2) Fatores que Influenciam a Urbanização
A. Industrialização - Com a Revolução Industrial, houve um estí-
mulo maior para a construção das cidades. Quando há indústrias, há
maior necessidade de mão de obra e, conseqiientemente, há um bom
motivo para a migração da população.
B. Crescimento Populacional - Várias razões têm determinado o
grande índice de crescimento da população: maior nascimento do que
mortes; aumento da produção de alimentos; vencimentos mais eleva-
dos; mais conhecimentos sobre nutrição; melhoramentos nas condi-
ções sanitárias urbanas; desenvolvimento da tecnologia médica.
C. Tecnologização - A tecnologia oferece os meios para melhorar a "Qualquer que seja o grau de dessacralização a que tenha chegado o
produção, o comércio, a distribuição. Essa tecnologia está sem contro- mundo, o homem que optou por uma vida profana náo consegue abolir
le e o resultado é uma urbanização descontrolada. o comportamento religioso; ver-se-á que a existência mais dessacrali-
D. Secularização - Uma vida cada vez menos controlada pela reli- zada conserva ainda traços de uma valorização religiosa do mundo".(4)
gião se desenvolve nos centros urbanos, O deus do século é a tecnolo- Outra característica do homem urbano é que os cristãos o são nominal-
gia; a preocupação é o progresso material; a satisfação está em possuir mente na sua maioria - se os interesses são práticos, a preocupação es-
dinheiro ou posição. Por causa dessa secularização, os próprios termos piritual é menor; assim os cristãos também são mais secularizados, ou
religiosos têm perdido o seu real significado, a partir da expressão como alguns preferem, mundanos, auto-suficientes, raeionalistas, pro-
Deus. "Secularização é o processo histórico, característico do mundo fanos, dependendo mais da ciência e da tecnologia; o homem urbano
ocidental, que expulsou a religião do setor público para o setor priva- procura a religião apenas para receber benefícios práticos: daí a disse-
do".(') A secularização difere do secularismo. A secularização diz res- minação das seitas que oferecem muitos bens materiais ao homem.
peito a um processo histórico através do qual a sociedade e a cultura Outro aspecto a considerar é o político - a consciência e a atividade
passam a viver sem o controle da religião e da metafísica. O secularis- política são mais acentuadas, devido ao interesse nas soluções práti-
mo é o nome para uma ideologia, semelhante a uma religião, uma nova cas.
visão fechada do mundo.(2) B. Sua maneira de ser - O homem da cidade é um homem mais su-
3) Características do Homem Urbano - Numa sociedade urbaniza- jeito às tensões, por causa da vida agitada que leva e dos problemas
da vamos encontrar três épocas históricas: moderna, pós-moderna e que enfrenta; geralmente é agressivo por causa das frustrações que vi-
pré-modema. Há aquelas pessoas que acompanham o desenvolvimen- ve; é um homem que sofre de solidão, e talvez baseado nesta visão
to de sua época e são susceptíveis ás mudanças, em relação ao modo de Paul Tillich disse ser o homem moderno um solitário consciente; o ho-
viver, de se comunicar, de se conduzir; e há as outras pessoas que vi- mem urbano sofre de isolamento, porque seus relacionamentos com os
vem sob a influência daqueles conceitos e preconceitos já ultrapassa- outros são superficiais. O homem da cidade é um homem que pode ser
dos na época. O leitor deve olhar o capítulo três desse livro, onde são considerado semi-nômade e sedentário, porque vive mudando de casa
mencionados alguns exemplos práticos em relação à atualização do ou de cidade para melhorar sua vida. Vive num meio social competiti-
evangelista. vo, no qual às vezes é alienado, por falta de capacitação técnica; o ho-
Além dessas diferenças históricas, há diferenças económicas e cul- mem urbano é um consumidor de produtos, muitas vezes além de suas
turais. Há os ricos e os pobres; os opressores e os oprimidos; há os cul- possibilidades, devido â propaganda intensa que existe através de to-
tos e os menos cultos, tanto que, "na cidade há lugar para todas as cul- dos os meios comunicativos; é um homem individualista porque vive
turas do mundo e de todos os tempos".(3) para si mesmo; a família já não exerce tanta influência sobre ele como
A. Sua maneira de pensar - Havendo uma tendência para a indivi- os times, as associações, os sindicatos, que o influenciam mais.
dualidade, o homem urbano tende a abandonar os valores tradicio- 4} Problemas e Necessidades do Homem Urbano - Para evangeli-
nais, a terminar com os tabus. A própria secularização conduz o ho- zar os homens das cidades grandes, é importante conhecermos seus
mem da cidade a uma submissão aos grupos que o rodeiam, aos inte- problemas e neessidades principais. Adiante veremos a importância
resses das empresas mais do que a uma submissão à religião. Em rela- da coleta de dados para conhecer problemas específicos das pessoas
ção ao mundo, o homem urbano é prático. Interessam-lhe as soluções que moram no bairro da igreja e assim poder ajudá-las.
para problemas específicos e pouco lhe interessam as perguntas de ca- A. Problemas soei o-económicos - A maioria das pessoas vive num
ráter religioso e metafísico. baixo nível de vida; há falta de empregos e desempregos pelo grande
Dentro desse tópico, podemos abranger suas características morais número de pessoas que precisam trabalhar: daí a grande insegurança
e religiosas: os padrões morais são mais relaxados, uma vez que aban- económica e em relação à proteção (devido aos assaltos); a habitação é
dona o tradicionalismo e vive sob a influência da pornografia e da escassa é precária; os transportes são insalubres e o homem gasta mui-
prostituição; os de experiência exclusivamente profana, segundo Mir- to tempo viajando de cá para lá; as comunidades diferem de local para
cea Eliade, constituem um ideal que não se realiza completamente: local, de sorte que o homem urbano deve adaptar-se a várias comuni-
dades. Esta é uma estratificação na sociedade que também existe em num contexto urbano típico, tarefas essas adaptáveis a cada local e si-
nossas igrejas. tuação.
B. Problemas familiares - A família nuclear (somente os pais e os "Kerygma" significa mensagem. A igreja tem a tarefa de anunciar
filhos) vai substituindo a família grande de antigamente (avós. tios. uma verdade neste mundo secularizado. O homem urbano está domi-
pais. primos, filhos); há uma desintegração na família porque todos nado pelos poderes da cultura, da política, da economia. A mensagem
trabalham ou estudam em horários diferentes; há uma tendência à in- da igreja será a liberdade, por meio de Jesus Cristo, na qual o homem
fidelidade conjugal, por causa das diversões e do anonimato da pessoa pode ter domínio sobre o mundo, libertando-se de seu jugo. Uma vez
na cidade grande; há uma educação precária dos filhos no lar, por cau- anunciado o novo regime libertador de Deus, o homem urbano terá que
sa da ausência da mãe, que trabalha fora e por causa do enfraqueci- fazer a sua decisão.
mento da autoridade dos pais. "Diaconia" pode ser traduzido por serviço. A igreja é responsável
C. Problemas psicológicos - Instabilidade emocional, traumas por tornar inteiro, isto é, restaurar a integridade e mutualidade das
emocionais, falta de higiene mental, são alguns dos problemas que partes. Deve ser serva da cidade e curá-la; deve submeter-se à luta,
causa a própria maneira de viver na cidade grande e o homem necessi- para alcançar a integridade e a saúde do homem secular.
ta de segurança, companheirismo, da possibilidade de diversão sadia e "Koinonia" significa comunhão. A mensagem que a igreja procla-
não dispendiosa e de outras coisas que o ajudem a superar suas carên- ma e o serviço que a igreja presta devem ser demonstrados na comuni-
cias emocionais. Cristo na vida das pessoas pode amenizar essa situa- dade em que existe. A igreja, segundo Karl Barth, é a "demonstração
ção e resolver completamente o problema do homem urbano, se este provisória da intenção de Deus para toda a humanidade". E num con-
quiser e se abrir sua vida para a direção de Deus nela. texto bem contemporâneo, Gerhard Ebeling apresenta quais as mar-
D. Problemas culturais - A cultura "enlatada" é a problemática cas que a igreja deve deixar na sociedade. "... a vitória sobre a separa-
transmitida através do rádio, televisão, cinema e imprensa. O homem ção entre os judeus e os pagãos (como protótipo da particularidade ba-
da cidade pouco tempo tem para ler. Vive correndo. Não tem tempo seada na religiosidade) e a vitória da distinção entre os puros e os im-
nem oportunidade para desenvolver o intelecto: ou trabalha demais ou puros (como raiz da visão cultista da realidade)".(6)
estuda debaixo do sistema curricular da escola, ou se diverte num jogo Dadas esaas palavras introdutórias, enfatizamos a necessidade da
de futebol, num cinema, num bar da esquina e essas diversões pouco salvação que tem a cidade. Essa salvação não tem sentido escatológico
apelam para o desenvolvimento de seu intelecto. apenas, isto é, a salvação não é apenas esperança de uma vida eterna,
E. Problemas espirituais e morais - A proliferação de seitas indica mas a salvação é também a libertação dos problemas do aqui e do ago-
o caminho errado à solução espiritual do homem, que é o caminho do ra, do 'status quo' vigente; libertação que diz respeito a estruturas eco-
interesse material; o alcoolismo e as drogas são caminhos de fuga para nómicas, sociais, políticas e ideológicas.
os problemas íntimos do jovem e do adulto; a pornografia, a sexualida- Fundamentando-se numa visão solidária ao plano de Deus, que é a
de indevida influenciam negativamente e as igrejas pouco estão ofere- salvação do mundo, o cristão deve trabalhar em prol do engrandeci-
cendo ao homem da cidade porque esperam que ele vá aos templos ao mento do reino, saindo do comodismo em que talvez se encontre no
invés de irem até ele. momento, contribuindo para que a missão da igreja se realize no mun-
do. Esta visão, além de ser solidária a Deus, estará sendo também soli-
2. A ATUAÇÀO DA IGREJA dária ao próximo e será uma opção bem definida quanto ao papel, à
A igreja tem uma responsabilidade tríplice diante da cidade secu- função do cristianismo e do ensino de Jesus Cristo, quando apresentou
larizada, realidade em nossos dias. "Os teólogos chamam-na de Kerig- os dois maiores mandamentos que são: amar a Deus sobre todas as coi-
ma (proclamação), diaconia (reconciliação, cura e outras formas de sas e ao próximo como a si mesmo - Mateus 22.37-40. Agindo assim,
serviço) e Koinonia (demonstração do caráter da nova sociedade)".(') experimentaremos na terra a existência do céu, através da liberdade,
Não podemos delinear especificamente as funções de uma igreja numa do respeito às necessidades e à dignidade do próximo, seremos total-
cidade grande, dadas as diferenças dos diversos contextos sociais. No mente livres para Deus e partilharemos essa experiência com os ou-
entanto, podemos traçar, em linhas gerais, as tarefas de uma igreja tros.
1) Obstáculos ao Evangelismo Urbano - Bonhoeffer, reconhecendo que se estão agregando a ela, na sua maioria filhos ou parentes dos
o processo evolutivo dos tempos, aspirou ver a igreja, em suas teologias crentes: contenta-se a igreja com seu crescimento biológico apenas.
e espiritualidades, sair do gueto para enfrentar o mundo secular, ie- Devido a esta falta de iniciativa, pouca literatura existe acerca do
vando uma mensagem autenticamente cristã e sem preconceitos, evangelismo urbano, bem como não é oferecida tal matéria nos semi-
mensagem de amor ao próximo e fidelidade á revelação. Seguir a Cris- nários.
to é submissão sem reservas, é entregar-se à construção de um mundo Quando o bairro se transforma, no período de dez anos, e a igreja
mais fraternal, que respeite as consistências da criação, sem retirar a permanece com o mesmo programa tradicional, pode se esperar uma
função da igreja, corpo de Cristo. Segundo Lepargneur "a fé de Bo- regressão em seu processo de crescimento. Crentes mudam para longe,
nhoeffer exprime-se essencialmente na sua cristologia". Lepargneur e uma congregação não é organizada nesses lares distantes; fábricas
enumera as seguintes características da cristologia de Bonhoeffer: surgem no bairro,sem que haja um plano de evangelismo nas mesmas;
- Abandono das descrições especulativas sobre a natureza de Cris- rodovias e prédios novos são construídos, famílias novas chegam e a
to, que ocultam a verdadeira substância de Jesus; igreja permanece em seu tradicionalismo de dez anos atrás, prejudi-
- Relativização das fórmulas cristológicas tradicionais, melhor si- cando assim o processo do evangelismo urbano.
tuadas nos seus contextos; O que gera timidez e inércia nos membros com respeito ao evange-
- Visão de que Cristo é o centro do universo e de todas as coisas; lismo são certos problemas internos como a competição entre grupos
- Concepção do cristianismo como de uma responsabilidade aber- da igreja e tensões entre o líder tradicional, o atuante e o jovem. Uma
ta, de uma praxis. "Somente no meio do mundo, Cristo é Cristo". Isso das soluções está em colocar o líder tradicional trabalhando no âmbito
exige engajamento político-social. Além da religião ou através de sua da igreja e o líder jovem trabalhando fora da igreja. Um outro obstácu-
crítica, Bonhoeffer aponta a metafísica, o individualismo, a mentali- lo ao evangelismo urbano é a tendência do líder atuante da igreja, no
dade de seita que a igreja possui (deve possuir a disposição das seitas caso o pastor, de fazer tudo sozinho ao invés de dividir as responsabili-
mas não sua mentalidade), o Deus ex machina que apresenta.(") dades. As soluções desse problema estão na participação de cada lei-
Herdamos do grande teólogo alemão uma orientação eclesiológica go, no treinamento prévio e no contato pessoal que o leigo terá com
que muito pode ajudar os líderes cristãos que labutam em um contexto os não crentes.
urbano, onde os obstáculos precisam ser superados imediatamente, e A ausência de planos, técnica e estratégia adequadas são obstácu-
onde deve haver uma mudança, a partir do seio da comunidade, da los aflerem ultrapassados. Quando as mensagens não estão centraliza-
igreja. < 9 ) das no perdão de Deus para os não crentes, há a tendência dos
Precisamos urgentemente da consciência de Harvey Cox que em membros da igreja se voltarem para si mesmos. Quando se espera al-
muito contribuiu para a ação do homem no centro urbano; precisamos cançar um grande número de conversões através de uma perfeição em
aprender que "Deus é mais plenamente Deus onde o homem se torna matéria de templos, em matéria de sermões e programas e em relação
mais homem".( 9 ) ao comportamento do recém-convertido, há ilusão e a igreja não cres-
Dadas essas preliminares teológicas, apresentaremos a seguir os ce. A falta de um planejamento em relação à conservação dos novos
obstáculos internos e externos que a igreja enfrenta em sua ação evan- crentes é um obstáculo também. Há necessidade de esforço para evan-
gelística urbana. gelizar e de esforço para conservar os frutos.
A. Internos - Segundo Krãtzig, podem ser enumerados quatro Outros obstáculos dentro da igreja a ser mencionados são: a falta
obstáculos principais ao evangelismo urbano: falta de iniciativa, tra- de compreensão e ação dos líderes da igreja; a ideia de que somente
dicionalismo, timidez e ausência de planos, técnica e estratégia. com muito dinheiro se pode realizar o evangelismo urbano; falta de
A falta de iniciativa diz respeito, principalmente, aos líderes que, cooperação dos membros quando há planejamento - antes de mais na-
observando o fenómeno da urbanização, tendo em suas igrejas pessoas da, os membros devem ser despertados para um trabalho intensivo, o
que chegam do interior e perdendo membros que vão para outras cida- que antecede um planejamento meticuloso; falta de treinamento dos
des e outros bairros, nada fazem em prol desses migrantes. Existe um líderes em relação a esse trabalho específico; existência de pecado na
conformismo, por parte da igreja, uma falsa satisfação pelas pessoas vida de cada um; temor de ser maltratado; temor de que os resulta-
dos tragam rnaís trabalho, além de outros, conforme a problemática de certos obstáculos há de ajudar na superação dos mesmos e o conhe-
de cada igreja em particular. cimento dos pontos positivos há de estimular o planejamento em favor
B. Externos - Vários obstáculos externos, que são características do evangeliamo urbano.
comuns a uma grande cidade, dificultam o progresso do evangelismo Um dos fatores positivos à expansão do evangelho na cidade grande
urbano. Citaremos alguns deles, sabendo que em cada comunidade é que ela é um centro de auto-expansão, por ser um centro comercial,
a igreja encontrará suas dificuldades específicas. um centro religioso e um centro populoso. O comércio, o interesse reli-
A própria vida mais corrupta das pessoas da cidade grande impe- gioso e a aglomeração das pessoas facilitam a propagação da mensa-
de uma penetração maior do evangelho nos meios citadinos; a vio- gem salvífica.
lência, as drogas, a prostituição, o roubo são marcas de uma socieda- Quando a perspectiva é de que dentro de mais alguns anos apenas
de denominada avançada, progressiva. lO^o da população permanecerá nos campos e 90rc habitará as cidades,
A cidade grande também oferece muitos tipos de diversão ao po- a visão missionária deve voltar-se para os centros urbanos: ali é o lugar;
vo, de maneira que estão sempre ocupados, se não com o trabalho ali é o campo missionário.
cotidiano. com os passatempos, para ouvir a mensagem do evange- Por outro lado, as pessoas recém-chegadas do interior sentem-se,
lho e por isso a ele resistem. de certa forma, livres para escolher sua própria religião; por isso são
mais susceptíveis à mensagem evangelística. Elas sentem a saudade
A própria linguagem de nossos dias choca-se com a linguagem
da terra que deixaram; sentem-se perdidas na nova comunidade; sen-
evangelística. Falar de uma salvação através de palavras do tradicio-
tem-se tensas por causa da responsabilidade de suas decisões, fora do
nalismo bíblico significa não comunicar suas verdades ao homem ur-
bano. A comunicação deve atualizar-se, permanecendo o conteúdo da alcance da autoridade familiar; sentem aversão pelo novo ambiente,
verdadeira mensagem do evangelho de -Jesus Cristo. diferente do seu. Esses fatores abrem seus corações ao evangelho. Uma
vez convertidas, essas pessoas podem voltar ao interior e levar a men-
A heterogeneidade da sociedade urbana dificulta a proclamação da sagem consigo - daí a auto-expansão possível na cidade grande.
mensagem: como já citamos, há diferenças históricas, económicas e A migração das pessoas dentro da cidade possibilita a auto-
culturais na cidade. Essa heterogeneidade também afeta a congrega- expansão do evangelho: mudando-se de bairro, os crentes hão de teste-
ção que começa a divídír-se em pequenos grupos, o que dificulta a in- munhar em outro lugar, ganhando outros para Cristo. Os não crentes,
tegração para a proclamação. de certa forma, se desligam do seu ambiente religioso anterior, o que
A maneira de ser e de viver do homem urbano constitue um obstá- possibilita um contato evangelístico frutífero.
culo ao evangelismo. A sua tendência a viver só, a sua intensa ocupa- Além dessa migração, a concentração de massas populosas permite
ção, a sua busca dos bens materiais, a sua ansiedade e outros fatores a auto-expansão do evangelho. O contato feito num estádio de futebol,
prejudicam a comunicação evangélica. numa rodoviária, numa ferroviária permite que a mensagem seja leva-
As religiões e seitas que permeiam a sociedade urbana exigem pa- da para outros bairros e outras cidades.
drões morais e.éticos baixos de seus adeptos. Por isso é mais fácil se- A solidão, o anonimato, a indiferença de um para com o outro, a
gui-las do que optar pelo caminho de renúncias da cruz de Jesus Cris- insegurança são características do homem urbano que. se superadas
to. na vida dos crentes urbanos, podem servir de motivo para o contato
Outros problemas a citar são: o alto custo dos terrenos e das cons- com os não crentes, porque, como dissemos no inicio da segunda parte
truções, o que dificulta o planejamento de uma congregação; a dificul- do capitulo, a igreja é a demonstração daquilo que Deus pode fazer pe-
dade de penetrar nos edifícios para distribuição de literatura. los homens.
2) Preparativos para o Evangelismo Urbano - Até aqui citamos vá- Depois de uma visão dos fatores favoráveis à auto-expansáo do
rios obstáculos ao evangelismo urbano. No entanto, algumas carac- evangelho nos centros urbanos, enfatizaremos dois aspectos importan-
terísticas da sociedade urbana facilitam o trabalho evangelístico da tes com relação aos preparativos para um evangelismo urbano eficien-
igreja, da associação ou da convenção estadual. Por isso, o pessimismo te: espiritual e material.
não devp derrotar o ;mimodos líderes; a conscientizaçào da existência A. Espiritual - O povo de Deus precisa estar preparado para en-
frentar um trabalho intenso de evangetismo urbano. A igreja local pre- O tipo das pessoas que vivem na comunidade: de alta ou baixa
cisa ser fortalecida e os novos crentes confirmados. Conselheiros de- classe social, de baixa ou elevada cultura; que permanece no local ou
vem ser treinados constantemente para que os recém-convertidos se- vive mudando de casa; quanto tempo moram ali; quantas crianças, jo-
jam integrados na igreja; a classe de novos crentes é um imperativo e a vens, adultos e velhos existem.
igreja toda precisa crescer espiritualmente. Os seus hábitos e horários de trabalho: influenciarão nas ativida-
Além disso, a igreja precisa crescer numericamente, não apenas no des e programações da igreja, porque se os chefes de família chegam
sentido biológico mas buscando os não crentes na comunidade em que tarde em casa, na sua maioria, não há possibilidade de ter bons cultos
a igreja existe. Os gráficos hão de demonstrar a porcentagem do cresci- noturnos durante a semana (cultos evangelísticos).
mento. Gráficos bem feitos revelam o crescimento líquido da igreja, O horário e o tipo de sua recreação: uma programação recreativa
isto é, o número das pessoas que se agregam à igreja menos o número da igreja que visa abranger as pessoas da comunidade poderá realizar-
dos que saem dela. Na cidade grande, onde o povo vai e vem, é impres- se no mesmo horário, para atraí-las; distribuição de literatura pode ser
cindível o controle dos membros da igreja, em fichário organizado, feita nos locais de diversão; recreação pode ser oferecida pela igreja na
com fichas individuais contendo várias informações sobre os crentes. comunidade que não possui tal atividade.
O pastor precisa estar preparado espiritualmente no sentido de ter - As suas necessidades sociais e materiais: os líderes devem ser
sentimento e visão que levem a igreja à ação missionária na comunida- treinados para observá-las e senti-las. Antes da igreja oferecer alguma
de. ajuda, deve tomar conhecimento das agências governamentais e priva-
As famílias da igreja precisam estar unidas e fortalecidas pelo po- das que oferecem tal auxílio, para tornar-se, se não uma fonte de aju-
der de Deus. da, uma fonte de informação das mesmas e colaborar assim com o
B. Material - Destacamos o uso de mapas e a realização de recen- transporte dos necessitados a esses locais de auxílio oferecido pelo go-
seamentos. verno.
Os mapas permitem um conhecimento da cidade e do bairro da - As seitas e religiões professadas pelas pessoas da comunidade:
igreja: onde se localizam os templos das diversas religiões e seitas; essa informação dá uma ideia à igreja das condições espirituais do
onde se localizam as fábricas, os presídios, os orfanatos, casas para an- povo a fim de atingir suas necessidades através de folhetos e mensa-
ciãos, outras instituições de caridade; onde se localizam as casas dos gens apropriadas.
membros da igreja; onde se localizam as bibliotecas e escolas; onde se
localizam as rodovias, ferrovias, logradouros públicos; onde se locali- 3) Métodos para o Evangelismo Urbano - Feitos os preparativos, a
zam ruas ou bairros populosos; onde o governo planeja realizar melho- igreja deve reunir liderança capaz, que entenda algo de sociologia para
ramentos. Todas essas informações são de valor para o estabelecimen- analisar a pesquisa feita e os dados obtidos e para determinar certas
to de uma estratégia evangelística. atividades que minimizem os problemas da comunidade. A estratégia
A realização de recenseamentos ou a coleta de dados permite uma para o evangelismo urbano será baseada nas informações obtidas nas
avaliação objetiva das características e necessidades da comunidade agências do governo e na pesquisa da comunidade; será baseada no co-
da igreja em particular. Ê conveniente utilizar os dados de pesquisas nhecimento do homem urbano; será baseada no mapa da cidade: será
feitas pelo governo estadual, municipal ou nacional, para evitar des- baseada nos recursos disponíveis da igreja.
perdício de esforços. Depois disso, um grupo da igreja complementará Dentre os métodos apresentados, a igreja escolherá um ou mais
a pesquisa com outras perguntas e observações a serem feitas com os píira aplicá-los ao contexto de sua própria comunidade.
membros da igreja e com as pessoas da comunidade da igreja. Uma á- A. OPERAÇÃO CONTATO - É o método evangelístico realizado
rea de ação será delimitada, a fim de que se conheçam os hábitos, as individualmente. O material usado pode ser o da Escola IDE da Junta
crenças e as preocupações das pessoas que ali vivem. Essa área pode dr KA-angelismo da C.B.B. ou o da Cruzada de Evangelização Profis-
incluir também certas ruas isoladas, onde se localizam as casas dos •+itmnl jmra Cristo, dentre outros. As necessidades do homem urbano.
crentes que moram em bairros afastados da igreja. CIUMII já vimos, giram em torno de amizade, comunicação com as pes-
Os dados mais importantes a serem obtidos na pesquisa são estes: ,<>;is, srminmva. £ importante o CONTATO feito pelo cristão com a
pessoa sem Cristo. Há pelo menos quatro princípios a serem observados livre sem o devido planejamento e cuidado, pode tornar-se rotina sem
nessa operação: significado.
- O contato é sempre feito fora dos edifícios da igreja, fora do tem- D. IGREJAS-NOS-LARES - O homem urbano tem fome e sede de
plo, nas ruas do bairro, nas casas das pessoas, nos locais públicos. comunhão, de reconhecimento como indivíduo, de relacionamento
- Os pontos de contato são necessários e devem girar em torno das pessoal. Igrejas-nos-lares permitem que essas necessidades sejam su-
necessidades daqueles que estão fora e que não se atrevem a entrar nos pridas porque facilitam a comunicação entre os crentes e os não cren-
templos. tes. Essas igrejas são constituídas de três tipos de crentes, pelo menos:
- O contato deve fazer parte de nossa vida. As oportunidades para membros de igrejas urbanas que não assistem aos trabalhos ou novos
os contatos são inúmeras e aqueles que se dispõem a formar o grupo de urbanistas; crentes que não são membros de nenhuma igreja - conver-
evangelistas nesse sentido devem estar prontos a aproveitá-las. tidos através de mensagens bíblicas do rádio, da TV, de folhetos ou de
- Todas as operações CONTATO devem ser realizadas sob a orien- campanhas não relacionadas com a igreja; pessoas ganhas através de
tação do Espírito Santo. Quer um estudo bíblico, ou clube infantil, visitas e dos cultos da igreja. O conhecimento dessas pessoas virá atra-
não importa a atividade. O importante é estar sob a orientação de vés da pesquisa da comunidade.
Deus. Há várias maneiras de se organizar essas igrejas:
B. EVANGELISMO NO TEMPLO - Esse tem sido o mais usado. - De Capela a Templo. É escolhido um local promissor, construída
Os crentes, de vez em quando, saem para visitar e convidar os vizinhos uma capela, nomeado um obreiro e finalmente organizada a igreja. Ê
para os cultos ou para a Escola Dominical. Os não crentes que se apro- uma forma dispendiosa, da qual nem todas as igrejas podem servír-se.
ximam de nossos templos devem receber toda atenção e a mensagem Mãe-Fiíha. A igreja-mãe procura manter um trabalho no lar de al-
apropriada no culto, na classe, no programa especial. gum membro que mora em outro bairro; esse grupo de crentes vai or-
Aqui podemos incluir: ganizar-se em congregação e depois em igreja; a igreja-mãe ajuda a
- Campanhas Evangelísticas. Ainda que muitas têm sido realiza- igreja-filha nas despesas iniciais.
das, poucas têm conservado os resultados. Há necessidade de prepa- Instituto Bíblico. Evangelistas são preparados para o evangelis-
ração, propaganda, cuidado com os recém-convertidos, atrativos, con- mo e saem para vender Bíblias, de casa em casa, dando testemunho.
vites pessoais. Organizam estudos bíblicos nos lares; realizam cultos aos domingos
- Organizações da Igreja. A Escola Bíblica Dominical, na pessoa de nesses lares e organizam igrejas nos lares.
seus professores e alunos, deve preparar-se adequadamente com o ob- Viagens missionárias dos líderes e dos crentes da igreja permitem a
jetivo de ganhar almas para Cristo. Providenciar espaço suficiente, escolha de um lar em outra cidade para o início de uma igreja. Essas
adestrar obreiros, manter programa de visitação, eleger um número viagens são empreendidas por médicos, dentistas, advogados, enfer-
suficiente de professores, conservar um bom sistema de arrolamento meiros da igreja, visando minorar os problemas de alguma região pobre
são necessidades visíveis para que a igreja evangelize as pessoas sem do Kstado e levando até a população a mensagem da salvação em Je-
Cristo. Na Escola de Treinamento, os membros poderão ser treinados "sus Cristo.
para o evangelismo pessoal ou para a operação CONTATO. K. GRUPOS MARGINALIZADOS - Este método refere-se ao
C. CULTOS AO AR-LIVRE - Esse é um método eficiente para al- cvangelismo realizado com grupos específicos, colocados à margem da
cançar pessoas que andam apressadamente pelas praças e ruas movi- (sociedade. Pouco tem sido feito em prol dessas pessoas necessitadas de
mentadas do bairro. No entanto, deve haver uma boa apresentação, amizade, de amor, da salvação em Jesus Cristo. Podemos citar alguns
com slydes ou filmes (com equipamento próprio), serviço de som de deles e deixar para cada igreja o incentivo para que realize um traba-
boa qualidade, música seíecionada, mensagem breve e objetiva. Todos lho nim um desses grupos, dependendo do resultado da pesquisa feita
os crentes devem estar interessados em dar folhetos, em conversar com nu comunidade.
os não crentes e em acompanhá-los até o templo, permanecendo ao seu Habitantes de favelas ou de bairros adjacentes aos centros urba-
lado durante o culto e orando por eles; devem convidá-los para voltar e nos. Grandes são suas necessidades espirituais e materiais. Consti-
anotar seu nome e endereço para posterior contato. Um culto ao ar- t u e m um verdadeiro desafio às nossas igrejas!
- Crianças abandonadas. Não é pequeno o número delas; não são préstimos quanto á alfabetização, enfermagem, cuidados médicos e
poucas as suas carências. É mínima a atuação da igreja neste sentido, dentários, legalização de documentos, cursos de especialização, e
corn exceçào de alguns orfanatos sustentados pela convenção nacional mantém clubes bíblicos ou reuniões evangelísticas a fim de ganhar as
ou estadual. pessoas para Cristo, sendo que os recém-convertidos são encaminhados
- Alcoólatras. Pode ser que esses formem um grande grupo na co- ás igrejas próximas.
munidade da igreja. Se assim for, cabe aos cristãos, através de litera- G. AÇAO SOCIAL CRISTA - A principal missão da igreja é a de
tura apropriada ou de uma organização como a dos Alcoólatras Anóni- ganhar almas para Cristo. Hão de convergir para esta meta todos os
mos, ajudá-los. programas regulares e especiais da igreja. Por isso, a ação social cristã
- Viciados em drogas. Esse é um dos grandes problemas das gran- não é umaexceção.Ela deve existir com o fim de atingir dois objetivos:
des cidades. Muitos jovens estão envolvidos por esse mal. Algumas minorar as necessidades físicas e ganhar as almas para Cristo.
igrejas os têm ajudado. Outras tantas poderiam pensar neles e realizar Na área do ensino, muito podem fazer os diretores e professores
algo em seu favor, porque só Jesus Cristo salva esses infelizes. cristãos, visando ganhar os alunos para Cristo. Colégios e universida-
- Encarcerados e ex-presidiários. É necessidade urgente fazer algo des cristãos, reconhecidos pelo governo, são o ideal para alcançar tal
em prol da reintegração na sociedade desses marginalizados. Reuniões objetivo. Todavia faz-se necessário que o regime escolar seja permea-
evangelísticas num presídio e assistência social aos ex-presidiários do do pela influência evangélica, para que o simples nome da escola ressoe
mesmo, há de ajudar na estruturação de uma sociedade mais humani- com dignidade pelo bom exemplo que presta aos demais educandá-
zada. rios. Isso é possível mediante a direção firme do diretor crente e
- Surdos-Mudos e cegos. Algumas igrejas podem convidá-los para mediante a conduta dos professores crentes. Os próprios seminários
cultos especiais (com gestos para os surdos-mudos) ou comuns (para promovem o bem-estar à sociedade porque preparam, na área religio-
os cegos) e assim levar-lhes a mensagem evangelística. sa, aqueles que hão de trabalhar nela.
- Anciãos abandonados. O companheirismo é a necessidade do ve-
lho que vive só em sua casa. Na comunidade da igreja haverá certa- Ainda nessa área do ensino, a igreja pode desenvolver, em seu mul-
mente alguns deles e deve haver um planejamento em seu favor. tiministério, os centros de alfabetização e as classes noturnas para al-
- Famílias desamparadas. O problema do divórcio ou da separação fabetização de adultos. As dependências da igreja devem ser utiliza-
tem aíetado inúmeras famílias. Urna clínica na igreja para ajudar os ca- das durante a semana para o bem da comunidade. Algumas salas po-
sai? é unia opção da igreja para minimizar esse problema da atualidade. dem ser abertas para essas classes de alfabetização, onde os próprios
- Habitantes de apartamentos e conjuntos residenciais. Dadas as membros da igreja ou seminaristas convidados, num serviço voluntá-
dificuldades de penetrar nos edifícios, a igreja deve planejar outra for- rio, ajudam a diminuir o índice de analfabetismo da comunidade da
ma para alcançar os moradores dos mesmos. igreja.
Na área da saúde, uma denominação poderia sustentar o trabalho
F. ('ASAS DA AMIZADE - A Casa da Amizade, filiada ou não a de um hospital autenticamente cristão, onde não só houvesse a preo-
alguma igreja, visa servir a comunidade nos setores da saúde, do bern- cupação de curar o corpo, mas de curar a alma. Uma igreja, em seu
estar e da cultura, além de levar a mensagem da salvação. Aproveitan- multiministério, pode oferecer o serviço de uma clínica para a comuni-
do o interesse das pessoas pelos préstimos da Casa, a mensagem do dade. Os médicos e enfermeiras da igreja podem dar uma '-ora sema-
evangelho é semeada em seus corações. Localizada em bairro necessi- nal para o atendimento gratuito do povo. Os remédios podem ser con-
tado e pobre, a Casa da Amizade também realiza uma pesquisa seguidos nos hospitais e com os próprios médicos da igreja e ser distri-
para conhecer as maiores necessidades do povo daquele local e para buídos gratuitamente ou a baixo preço.
conhecer os serviços sociais prestados à comunidade, a fim de não ha- Um dispensário médico ambulante é outra opção para a igreja, a
ver duplicidade de esforços, mas encaminhamento às fontes de ajuda. associação ou a convenção estadual, Uma camioneta, com remédios e
As Casas da Amizade evangélicas contam com o trabalho voluntário uma enfermeira, pode fazer uma itinerância pelos bairros afastados ou
ou então remunerado dos crentes das igrejas próximas. Oferecem seus favelas da cidade, fazendo consultas e distribuindo remédios. De vez
1:14
em quando um seminarista ou evangelista pode acompanhar esse tra- NOTAS
balho, levando a mensagem da salvação para aquele povo. C) Oomblin, José - Mitos e Realidades da Secularizacão, p .39.
De vez em quando, a igreja pode oferecer o serviço de vacinação ( ) Weiland, J. Sperna - La Nueva Teologia Protestante, trad. Pedro
para as crianças da comunidade, aproveitando a oportunidade para le- Geltman, p.19 ss.
var às mães uma palestra sobre a saúde de seus filhos. Cursos sobre so- O Krãtzig, Guilherme - Urbangelizacion, p. 43.
corros de emergência, doenças infecciosas da infância, puericultura C) Kliade, Mircea - Lê Sacré et lê Profane, p.23.
podem ser oferecidos, uma vez por ano, aos membros da igreja e aos vi- C1) Cox, Harvey - A Cidade do Homem, trad. J,P. Ramos e Myra Ra-
zinhos. Através dos mesmos, o contato será feito com os nào crentes mos, p.145 ss.
que receberão também R mensagem do evangelho. C1} Cox, Harvey, ob.cit., p.165 ss.
Outros serviços sociais que a igreja pode oferecer, em seu multimi- ( ) Lepargneur, Hubert - A Secularização, p.39-43.
nistério, são: (") Bonhoeffer, Dietrich - Resistência e Submissão, trad. Ernesto J.
- Creches para crianças cujas mães trabalham fora: cobra-se um Bernhoeft, Ed. Paz e Terra Sinodal, 2a ed.. leitura sugerida.
pouco e transmite-se a mensagem cristã. ( s ) Cox, Harvey, ob.cit., p.8.
- Centros para a conservação de alimentos: nas regiões agrícolas;
quando é tempo de colheita, os crentes e os não crentes pobres podem
adquirir esses alimentos a baixo preço, conservando-os para os tempos
em que são escassos.
- Demonstração agrónoma: um engenheiro agrónomo da igreja ou
amigo da igreja pode orientar certas pessoas que lidam com os campos
sobre a semeadura, o cuidado da plantação, a colheita. Essa atitude
abre as portas para o evangelho.
- Ajuda em tempos de emergência: nas inundações ou terremotos
de certos lugares, as igrejas podem ajudar ao povo desabrigado, en-
viando roupas, alimentos e remédios.
- Lanchonetes cristãs: com pessoal treinado para que não se perca
o objetivo do trabalho; será um local escolhido peia igreja onde os jo-
vens poderão ler, conversar, lanchar, ouvir música e receber a orienta-
ção espiritual necessária de lideres que se dispõem a ajudar nesse sen-
tido.
- Biblioteca de consulta na igreja, para servir os estudantes da co-
munidade, com pessoas responsáveis de plantão.
Para se realizar uma ação social de qualquer espécie, dentre as
mencionadas acima e dentre outras, é necessário seguir um planeja-
mento de acordo com os seguintes passos: identificar os problemas da
comunidade; localizar os recursos humanos e materiais disponíveis;
avaliar os diversos métodos de ação social; determinar prioridades;
planejar uma ação específica; atuar; avaliar. O livro "Practiquemos el
Evangelio", de William M. Pinson, apresenta ainda inúmeras suges-
tões para a atuação da igreja no âmbito social. Vale a pena ser adquiri-
do e lido pelos lideres de nossas igrejas.
10
Evangelismo
em Massa
1. DEFINIÇÃO
Evangelismgjem massa é o movimento que requer a participação, o
_estbrcQ_.recigrocg_e conjunto de todos aqueles que se dispõem ao evan-
gelísmo. Sempreé realizado põfuTma ou mais igrejas, visando alcançar
o bairro, a cidade, ou até mesmo o Estado. Isto porque estamos consi-
derando o campo delimitado pela ação dos crentes, sem nos estender-
mos à possibilidade do trabalho alcançar o país e até mesmo o conti-
nente, como aconteceu, por exemplo, na Campanha das Américas.
Os crentes devem sentir a urgência de nossa tarefa de evangelizar.
Os crentes nunca devem esquecer-se de sua principal motivação para
esse trabalho: a verdade de que só Jesus Cristo satisfaz.
Vivemos à sombra de uma religião morta e um comunismo sempre
crescente. O povo está reagindo contra a religião de medo, e o vácuo
vai ser preenchido ou pelo comunismo ou por um cristianismo bíblico.
Temos que motivar, não somente os líderes, mas principalmente os
homens e mulheres membros de nossas igrejas, porque são eles que
possuem os recursos espirituais que podem garantir a evangelização de
nosso povo.
Uma campanha unida para alcançar as massas deve ter como seu
objetivo não somente encher o estádio. O propósito é alcançar cada es-
pectro, sim, todas as pessoas da cidade.
Uma das vantagens é que já temos a tradição de campanhas nas
igrejas, e que existem locais apropriados em quase todas as cidades. A
liderança quer o movimento de massa e o povo sempre recebe bem a
ideia de uma grande campanha. Ver exemplos bíblicos no Apêndice n°
2, POSSIBILIDADES E DIFICULDADES preparados para os incómodos normais e possíveis surpresas. Israel,
Há muita crítica a essa forma de evangelismo, ao movimento de antes de sair da dura servidão do Egito, sob a poderosa liderança de
avivamento que visa despertar os crentes a evangelizar as massas. Diz- Moisés, recebeu a ordem de Deus para estar pronto. Lombos cingidos,
se que há eraocionalismo demais, que há táticas ilícitas, que os resul- alparcas nos pés e cajado nas mãos (Êxodo 12.11). O mesmo deve
tados não permanecem, que há profissionalismo. acontecer com a igreja local que se propõe a receber em seu seio uma
Temos que admitir que há abusos no movimento de avivamento e equipe de evangelistas para a realização de uma campanha de evange-
de evangelismo das massas. O diabo faz todo o possível para imitar e lismo.
assim estragar o movimento de Deus para o bem e a salvação dos peca- A preparação espiritual é a mais importante de todas. Uma igreja
dores. O fato de que há abusos não rios deve impedir de procurar gran- preparada espiritualmente é uma igreja às portas da vitória. Esta pre-
des movimentos. paração é fruto de três coisas: oração, pregação da Palavra e o objetivo
Alguém insiste em que os resultados nem sempre permanecem fir- de seus membros, desejando a aprovação divina, ou seja, a busca cons-
mes. Entretanto, os que permanecem não valem o esforço do movi- tante da vontade de Deus.
mento? Creio que poderemos conservar os resultados muito melhor, se Outros preparativos estão relacionados com a cidade ou o bairro. É
quisermos, por meio de classes de novos crentes. A verdade é que, atra- preciso divulgação e, quando essa começar, é importante anunciar o
vés dos séculos, Deus tem usado certos grupos de pessoas para levar local (de preferência que abrigue muitas pessoas), a data (de preferên-
avante grandes movimentos em que as pessoas foram despertadas e cia nas férias) e as partes do programa. A propaganda deve começar
confessaram seus pecados, e saíram da escuridão, e consagraram suas seis meses antes, no mínimo. Os organizadores da campanha devem
vidas a Deus, saindo com o mesmo objetivo de evangelizar as massas. ter em mãos todo o material de publicidade: convites, prospectos, fai-
O fato de que há abusos e imitações da organização chamada igre- xas, cartazes; também deve haver uma divulgação pelo Jornal, pelo
ja, não quer dizer que devemos desprezar o valor do evangelismo em Rádio e pela Televisão.
massa, quando dirigido por Deus. Hoje em dia, vemos como Deus está Outro aspecto muito importante é a preparação e o treinamento de
abençoando o trabalho do Pr. Billy Granam, do pr. Fanini e de outros conselheiros, ensinando-os a usar a literatura para os convertidos (car-
evangelistas. A época do evangelismo em massa não passou nem pas- tão, folheto evangelístico, Novo Testamento e outros panfletos). O ob-
sará! jetivo do conselheiro é o de ser intermediário entre o pecador e Cristo.
Um outro grande problema para realizar tal trabalho é a irrespon- Este trabalho é maravilhoso e, quando feito com espírito serviçal, é
sabilidade. Pastores estão sobrecarregados com cursos, lecionando, fa- muito frutífero. Façamo-lo pois com alegria.
zendo outros trabalhos e não podem arcar com as responsabilidades do Outros preparativos certamente são necessários, levando-se em
próprio pastorado; quanto mais liderar uma campanha que exige um conta a cidade e o local da Campanha. Convém que a equipe organiza-
ano de preparação e seis meses de trabalho intensivo. dora tome todas as providências para o bom êxito da campanha evan-
Dificultosa também é a falta de visão quanto à duração da confe- gelística. Estas responsabilidades poderão ser distribuídas entre vá-
rência. O custo de uma série de conferências de oito dias é um pouco rias equipes para melhor andamento dos preparativos. Deve haver
maior do que uma de quatro dias. Os resultados, no entanto, são dupli- pessoal encarregado do serviço de som, para que não aconteçam im-
cados, dada a frequência de 50% durante os dias da semana. Sempre previstos desagradáveis, e também a equipe dos introdutores deve ser
deve haver ônibus à disposição dos crentes e não crentes. A divulgação eficaz, conduzindo as pessoas ao local dos trabalhos.
pela televisão e pela imprensa é importante, mas onerosa. Cabe aos
A preparação faz-se necessária tanto para campanhas locais como
crentes sustentar tal campanha.
para campanhas de maior âmbito de ação.
3. PREPARAÇÃO
4. REALIZAÇÃO
A preparação é essencial e imperiosa em qualquer empreendimento
que se proponha levar a efeito. Se vamos construir uma casa, temos Chegou o primeiro grande dia da campanha, o dia tão esperado por
que nos preparar. Se vamos viajar, precisamos estar psicologicamente todos os obreiros e convidados. O local será dedicado ao Senhor e have-
140
rá uma explicação sobre o objetivo da campanha. As equipes entrarão temal. A igreja deve organizar cursos bíblicos especiais, classe de dou-
em atividade: som, música, conselheiros, introdutores e outras. trinas, visitação sistemática. Deve oferecer trabalho aos novos na fé,
Durante os dias da Campanha, podem funcionar, em outro horário, para que sintam a sua utilidade em servir a causa de Cristo. Tudo isso
clubes bíblicos, escolas de música, liderança, comunicação e outras. tem o objetivo de conservar o novo crente na fé cristã, até que possa ca-
A responsabilidade dos crentes é grande. Todos devem estar muito minhar sozinho e cuidar da integração de outros.
bem preparados espiritualmente para que os não crentes vejam neles A integração dos novos decididos deve começar antes da campa-
um testemunho vivo do poder de Deus e se sintam encorajados a acei- nha, com a preparação dos crentes para tal trabalho. Essa integração é
tar a Jesus como Salvador e Senhor. Durante os trabalhos, deve haver o maior desafio para a igreja. Consegue-se lotar o local da campanha;
espírito de reverência e oração, sustentando assim o pregador e aju- consegue-se trazer convidados especiais; consegue-se um serviço de
dando os não crentes a fazerem uma decisão ao lado de Cristo. Na hora som de primeira qualidade; consegue-se reunir um grande coral. No en-
do apelo é muito importante permanecer em oração. tanto, muitas vezes, não se consegue integrar 80% dos que se decidem
Os crentes são os evangelistas por excelência. Eles vão convidar os na ocasião. Tudo depende do treinamento dos crentes e de seu profun-
seus vizinhos e amigos e levá-los consigo. Eles vão orar em favor do su- do interesse espiritual, que é criado através da oração e das devoções
cesso da campanha. Eles vão trabalhar na integração dos novos cren- diárias.
tes. Sem o trabalho ardoroso dos crentes, a campanha não obterá os re- __6- RE_SULTADOS
sultados esperados. Os resultados de uma campanha são imprevisíveis. A cada noite
_5. INTEGRAÇÃO DOS NOVOS DECIDIDOS revela-se o número de decididos, mas depois de alguns anos ainda pin-
Esta parte é fundamental. Para que a conservação dos resultados gam decisões nas igrejas. Famílias inteiras se convertem. Os seminá-
seja efetiva, é necessário que os novos decididos sejam procurados pe- rios se enchem com os jovens que aceitam a chamada divina.
los membros das igrejas, imediatamente. Quando a campanha abran- Ê necessário balançar a árvore, para que os frutos maduros caiam.
ge a cidade, a equipe diretiva certamente distribuiu as fichas entre as O esforço maior deve ser para treinar o povo no evangelismo pessoal. É
igrejas, e estas entre seus membros, com o objetivo de ajudar os ini- preciso levar o povo à batalha, para que os não crentes se integrem em
ciantes na fé. nossas igrejas.
Os grupos devem programar recepções e visitas a estas pessoas, que A evangelização das massas não é toda a mão, mas é um dedo mui-
são como criancinhas recém-nascidas. Paulo ensina isso dizendo que to importante!
os mesmos precisam de um cuidado especial para seu crescimento. No
seio da igreja, que é uma roda de crescimento, devem os novos na fé re-
ceber todo cuidado para seu desenvolvimento na vida espiritual. Por-
tanto, a igreja deve esperar muitos novos filhos, ao término de uma
campanha de evangelização em massa. Convém que esteja preparada
para cuidar dessas novas criaturas, que morreram para o pecado e nas-
ceram para o reino de Deus. Os novos crentes devem ser tratados com
a máxima atenção possível, sem indiferença. Quando passarmos por
eles na igreja ou na rua, devemos dirigir-lhes palavras boas sobre Jesus
Cristo e sua nova relação no Reino de Deus. Ê preciso muito cuidado
para que não venhamos a perder aqueles que custaram o sacrifício de
Cristo e o esforço, trabalho e contribuição dos crentes. Durante os dias
da campanha, os novos crentes recebem a orientação dos conselheiros,
dos pastores, dos evangelistas presentes no local.
É preciso que a igreja tenha a visão da entrega dos novos converti-
dos ao seu cuidado, e que trate deles dentro dos princípios do amor fra-
142
11
Evangelismo
de Crianças
"Os sacerdotes papistas diziam antigamente que poderiam ter ga-
nho de novo a Inglaterra para Roma, se as crianças não tivessem sido
catequizadas".(')
As crianças são.o futuro de nossas igrejas. Dai a importância de se-
rem ganhas nara Cristo^ainda no florescer de sua juventude. As crian-
ças necessitam, podem e serão salvas por nosso intermédio. A conver-
são de uma criança depende da graça de Deus e produz os mesmos re-
sultados benditos tal como a conversão do adulto. A salvação das
crianças é um trabalho preventivo: previne-a de uma vida pecamino-
sa, prepara-a para o trabalho na igreja e produz bênçãos para o reino
de Deus. A experiência revela que muitos dos cristãos ativos o são des-
de tenra idade.
A influência religiosa, tanto como a influência perniciosa, se enraí-
za no caráter das crianças. Para a sociedade, para si mesmo, para a
Pátria, é proveitoso que o cristão tenha sua experiência de conversão
na infância.
Ê importante não somente ganhar as crianças para Cristo, mas
também oferecer-lhes adequado treinamento, através de uma progra-
mação eclesiástica interessante, espiritual, de acordo com a necessida-
de dos infantis. Os pais e os professores cristãos devem ter cuidado es-
pecial ao serem exemplos e ao ministrarem os ensinamentos às crian-
ças. Exemplo e ensino devem ser coerentes e bíblicos.
A força propulsora para a evangelização de pessoas de todas as ida-
des é, sem dúvida alguma, o amor. O amor dos pais é como um protóti-
po do amor divino. A atitude dos pais em relação à igreja demonstra a
força do seu amor pela causa divina. Por outro lado, a igreja não deve
M r,
apresentar-se como uma competidora do amor dos pais pelos filhos, a ;i) As crianças devem ser buscadas para Cristo e não impedidas de
fim de que a tendência espiritual inerente à criança, assim como a se achegarem a Ele.
todo ser humano por ser imagem de Deus, se manifeste naturalmente. Testemunho de Charles H. Spurgeon
Quando não há amor, falham as melhores técnicas de evangeliza- Era ainda muito pequeno quando o mandaram para morar com o
ção. seu avô que era pregador. Dele aprendera muitos cânticos que lhe fize-
1. RAZOES PARA EVANGELIZAR AS CRIANÇAS ram grande bem. Perto da lareira, via o seu avô e a sua avó com Bíblias
1) A Presença das Crianças - Não se pode ignorar a presença de muito grandes, noites seguidas, estudando a Palavra de Deus.
inúmeras crianças em nossas igrejas e na vizinhança. Elas necessitam Aos sete anos, voltou para casa. Com essa idade sentiu a sua conde-
de uma programação normal e dos planos especiais para sua evangeli- nação e começou a desejar, de todo o coração, ser crente. Contudo, não
zação. Quando atingem a idade da razão, estão prontas a receber a sabia COMO poderia crer nem em que deveria crer; e não achava
mensagem salvifica. Quando mais novas, necessitam da influência be- auxilio de ninguém, nem mesmo do seu pai que também era pregador.
néfica do evangelho e do ambiente da igreja. Quando completou 12 anos, obteve permissão para visitar várias
igrejas de sua cidade. Mal sabiam os seus pais qual era a sua intenção.
2) A Realidade da Vida e da Morte - Esta realidade não se põe em Mas ele estava procurando ver se o pregador iria lhe dizer como ser sal-
dúvida. A cada dia morrem inúmeras crianças, vítimas de doenças, vo; até que com a idade de 16 anos ouviu de um pregador leigo, um
acidentes, menosprezo dos pais, fome, falta de assistência social. Den- simples sapateiro, numa igrejinha, a mensagem que verdadeiramente
tre elas estão as que já compreenderam o plano de salvação e por isso apontava o caminho da salvação, baseada em Isaías 45.22 - "Olhai
morrem sem Cristo. A responsabilidade de ganhar as crianças é dos para mim e sereis salvos, vós, todos os confins da terra; porque eu sou
cristãos. A possibilidade de oferecer uma vida inteira ao serviço do Deus e não há nenhum outro".
Mestre é uma forte razão para se ganhar as crianças para Cristo. O ve- Logo depois da sua salvação, até a sua ida para o céu, aos 52 anos,
lho tem a tristeza de não se ter convertido cedo e ter dedicado a vida ele pregou a Cristo. Como pregador, é considerado como um dos
toda a Cristo. É que somente a alma e não a vida do velho foi salva. Na príncipes do púlpito batista. Em todos os seus sermões procurava ex-
criança, temos ganho sua vida e sua alma para Cristo. plicar o plano da salvação ao alcance das crianças, pois jamais esque-
3) As Necessidades da Criança - Amor, segurança, aceitação dos ceu-se das duras experiências que lhe teriam sido evitadas se tivesse
adultos, proteção, independência, fé, orientação, disciplina são as sido procurado quando era criança.
necessidades básicas das crianças. Quando essas são satisfeitas, as
crianças crescerão com boa saúde física, mental e social e poderão tor- 2. IDADES SUSCEPTÍVEIS À INFLUÊNCIA RELIGIOSA
nar-se bons pais, bons cônjuges, bons obreiros na causa de Deus, fiéis No artigo escrito por Valdívio de Oliveira Coelho, para O Jornal
no seu trabalho, bons vizinhos e bons cidadãos. Somente o evangelho, Batista, intitulado "Evangelização de Crianças", ele menciona os
apresentado e vívido pelo amor, poderá atender às crianças nessas ne- períodos da infância e da adolescência em que eles são susceptíveis à
cessidades básicas. Os pais e professores cristãos amadurecidos, que conversão. (*)
têm suas necessidades básicas atendidas, podem conduzir as crianças "Quando o menino peca sabendo, tem idade para se converter
corretamente na vida e encaminhá-las a Cristo. crendo*'.
4) Os Ensinos e as Atitudes de Cristo para com as Crianças - Dos V> Idade - Aos nove e dez anos - Nesta, "a criança está chegando ao
textos bíblicos referentes aos encontros de Jesus com as crianças, po- pleno conhecimento da razão. Sua conversão é normal, simples e real,
demos tirar algumas conclusões. Mateus 18.2-14: Marcos 9.ÍÍ6..17; Lu- livre de coação interna ou externa, que existe no adulto. É a idade da
cas 8.49-56; 9.47,48; 18.13-15; João 1.12,13; 4.46-52. conversão espontânea. Não deve ser forçada. Basta que se prepare o
1) Jesus veio para salvar as crianças também. ambiente propicio, para que a criança se aperceba logo e se decida ao
2) As crianças podem crer para a salvação. Se Jesus disse que os lado de Cristo".
adultos devem crer como uma criança, é porque as crianças têm possi- "(lanha-se o menino e com ele uma vida preciosa à Igreja e à socie-
bilidade de crer.
14fi
Essa idade de nove e dez anos é uma regra geral. Há excecões. .'i) Dfixar a Criança Falar - A seu modo, a criança_deye
Como no caso de Spurgeon e de outras personalidades conhecidas, a prirnirse quanto à s u a experiênci a de conversão . Deve poder explicar
conversão deu-se aos sete ou aos oito anos. i» plano de sfil vacim, com o auxílio de um versículo apropriado, como
2^ Idade - Aos doze e treze anos - É a idade de maior susceptibili- .João li. l fiou -ioão 1.12. O evangelista pode fazer-lhe perguntas, sem in-
dade. "Neste período ela passa por uma crise aguda de conversão. É cluir nelas as respostas. A criança deve poder orar sozinha, ao invés de
uma idade magnífica, de alegria esplendorosa no desenvolvimento físi- repetir uma oração do adulto. Ela deve expressar a sua certeza de sal-
co e psíquico da criança". Ê quando se desenvolve o seu corpo pára a vação. Somente ouvindo a criança é que se pode ter a certeza de que
morada do Espírito Santo. houve conversão real. Há, naturalmente, aquelas crianças mais tími-
Por outro lado, um adolescente sem a influência religiosa, pode dei- das, acerca das quais se pode conversar com os pais ou coleguinhas.
xar-se levar pelos vícios. É a idade quando o evangelista deve apresen- ^ Colocar a Criança_bem Cedo sob a Influência Cristã - A criança
tar-lhe a vida ideal que segue a Jesus Cristo, e deve incentivá-lo a to- educada num lar genuinamente" cristão e que frequenta regularmente
mar uma decisão por Cristo. a igreja terá j^ande possibilidade de uma experiência de conversão e é
3" Idade - Dos catorze aos dezesseis anos - Aos catorze anos o ado- importante que ela tenha essai experiência, ou seja, que se decida por si
lescente se torna esquisito. As transformações físicas e mentais o fa- própria a seguir o caminho de Jesus durante a vida inteira. Quem nas-
zem meditar, retrair-se, revoltar-se. É um período nítido de conversão; ce num lar cristão geralmente diz que não teve tal experiência; no en-
o adolescente pode ter uma experiência de consagração; é um período tanto, a partir do momento em que resolveu seguir a Jesus Cristo pode
de escolhas. O adolescente vê Jesus como seu amigo, companheiro, considerar-se cristão.
confidente. Os apelos podem ser de ordem social, chamando o adoles- 5) PinrMrar^cnmpanhat-a_Direcão do Espírito Santo - Ser _ sus-
cente a integrar-se na sociedade de Cristo; de ordem emocional, apro- ceptível à voz do Espírito ^anto^ é uma normai^np_e_yaiig.elis.mp de_crian-
veitando sua grande sensibilidade; de ordem heróica, ou seja, apelan- ças, para^sentir o momento de se achegar particularmente à criança,
do para que aceite a Cristo como o maior idealista da história, enfati- áelecíonãr"as" pergimtãs*ã~seFem feitas, etc. Dai ^necessidade da ora-
zando que Ele não foi somente um grande herói, mas foi além disso. ção pelas crianças, particularmente.
Depois dessas idades, vem a fase da juventude, época pensante, 6) Usar a Bíblia, Explicando-a em Linguagem Infantil - Palavras
quando Deus quer salvar também a mente do jovem. cgjmo__pecfldo, flrrppendimentõTsalvacâo. salário do pecado e outras
A salvação é obra do Espírito Santo e só Ele pode levar a criança e o devem ser bem explicadas e exemplificadas, para. que a crjança^gm -
adolescente a uma decisão por Cristo, A responsabilidade do evange- preenda a mensagem integral. Neste ponto, deve o evangelista
lista é colaborar com o Espírito Santo. lembrar-se de que o simbolísmo não é tão compreensível à criança
Não se deve menosprezar a decisão de uma criança, nem apressá- quanto à linguagem mais concreta. Corações negros tornados brancos,
la. Essas atitudes negativas podem desanimar a criança, cedo ou mais Jesus entrando no coração, abrir a porta do coração para Jesus entrar
tarde. É importante que pais e professores se apercebam da prontidão são expressões altamente simbólicas com as quais o evangelista deve
da criança em ouvir a voz do Espirito Santo. ter cuidado ao dirigir-se às crianças. Quando usar tais expressões deve
3. COMO CONDUZIR CRIANÇAS A CRISTO acompanhá-las da devida explicação.
1 i Amar qg Ci-igncas - A criança sente quando é ou não amada. Os 7) Usar Ilustrações do Mundo das Crianças - Histórias que ilus-
pais, os professores, os evangelistas, ja\jg...4esejam ver Crianças salvas tram Verdades permanecerão na memória das crianças por muito tem-
precisam devotar-lhes genuíno amor. po. Elas gostam de ouvi-las repetidas jvêges. E compreendem melhor
2) Dirigir-se Pessoalmente a Elas - A evangelizacjio_de_crí ancas fei- asTíiãtórias e aã ilustrações^
ta nos cultos, nas clqpses da igreja oujnas classes nos lares é válida se 7$} Apelar anTSQnf.|n3ento8 mais Elevados - Ao amor, antes que ao
acompanhada de entrevista pessoal em que o evangelista conversa medo; à coragem; à vontade e não às emoções. O amor de Deus fala
egm p rriança aohr^a sua certezade salvação, sobre o crescimento na imtÍ8_ao cgração da criança do que ojnedo do inferno. A criança se ani-
vida cristà,sobre o testemunho entre familiares e colegas de escola, ma ao aaber que a oração é poderosa arma contra Satanás.
eíc. multo emotivae por isso as emoções dpspprtadas devem ser construti-
149
vias e não destrutivas, como por exemplo, tristeza pelo pecado, alegria 3) Culto Doméstico^- A participação da criança nesse culto é muito
pelo perdão; acima d a s emoções, deve-se~cléspertar a vontade " ~ importante. Ela slTsenTírá aceita pelos pais e 'parentes* e cultivará os
aJDeujTe de ser igual a Cristo. vãlÕres^êspín^ã^ ^çveJiáveFãjmiíejJõ programa. das_crianças, com
9) Falauje uma Vida Abundante na Terra - Ao invés de falar em historias TnfantisT corinhos^ Devem ser evitados comentários sobre os
yjdaiapós a mojte_J_deve-se enfatizar uma vida feliz na terra. A criança memBrbs da igreja. O comentário deve ser bíblico, visando tirar lições
vive no mundojresent^ejião gosta que lhe jalem em morte. Ela gosta preciosas para a vida cristã.
mais de saber que seus pecadogjhe são perdoados agora e que pode ser 4 > Culto para Crianças na Igreja - U m a vez P or trímestre oujips
feliz com Cristo neste mundo do que ter a esperança da vida eterna. quintos domingos, a igreja_podexá_Drornpyer .um mito para as crianças.
1U) Uar Instruções Quanto à Vida Cristã - L'mã~vTd"a "s adi a p"rê ci sã em que elasj)articipam com cânticos, recebem mensagem apropriada,
da respiração, que na vida espiritual é a oração; precisa de alimenta- levam seus amiguinhos á igreja. Esse contato_p_astor e criança é muito
ção, que é a leitura da Bíblia; precisa de exercício, que é o serviço cris- importante para o se_u .ministério porque ganha a simpatia e a córífTan-
tão. O evangelista deve ajudar a criança a orar, a ler ou a ouvir ler a ça delas, podendo levá-las a Cristo em tempo oportuno.
Bíblia, a participar dos trabalhos da igreja. ~~~5TíÍscola Bíblia Dominical - Nos departa mentos de PrincÍDÍantgs_
11) Não Esperar Demais de Uma Criança Convertida - A criança e Primários, lalãr^-ã de Jesus na^Hístóna Cristã e jlp Jesus Amigo
continua a ser criança, espiritual, mental, social, emotiva e fisicamen- 'clasCrianças^Certãrnente^há crianças no departamento de Primários
te. A conversão dela pode ou não vir acompanhada de manifestação e- susceptíveis à conversão. Falar-lhes de Jesus Salvador é a oportunida-
motiva. A modificação do seu comportamento será gradual e vagarosa, dé~dos professores e da diretora do departamento. Nos departamentos
como acontece nos adultos. Isso não deve fazer com que se desacredite de Juniores e Adolescentes falar-se-á de Jesus Cristo, o Salvador pes-
dela. Às vezes os adultos desejam ver nas crianças e nos adolescentes soal de cada um, aproveitando as lições da Escola. As diretoras e os
um comportamento santificado, quando nem eles ainda conseguiram professores devem ter uma lista dos não crentes, orar por eles e procu-
vencer certas deficiências em sua vida cristã! A criança convertida é rar ganhá-los para Cristo.
qual plantinha que nasce no jardim do Senhor. O jardineiro (evange-
6) Escola Bíblica de Férias. ~ A E. B. F._é uma extensão d_a__E.B.D.
lista) deve regá-la, podá-la, tirar ervas daninhas que a cercam. Só
Deus lhe dará o crescimento para que frutifique com abundância. que cuida mais do elemento infantil: filhos dos crentes e dos amigosj;
vizinhos deles. Ela visa evangelizar e dou trinar . U m J*T ande beneficio
4. MftTfinOS P A R A PROMOVER A F-VAJSir.P.T.T7 A P fin
da~fi"jQ\ipa_ra_a igreja é quê~êla alcan_çaosllares_dos_nâo crentes atra-
ves dãsj:riancas. Há igrejas que mantém um trabalho noturno para os
Existem várias maneiras para a igreja promover a evangelização pais, no período da E. B. F. Existe também a E. B. E. - Escola Bíblica
das crianças. Apresentaremos algumas delas, permitindo que a imagi- Especial, promovida durante um feriado longo, juntamente com a sé-
nação dos pais e líderes das crianças crie outras tantas. rie de conferências evangelísticas da igreja. Resultados maiores serão
1) Evangelização ao Ar-Livre - Olocal do trabalho deve ser uma conseguidos se houver um trabalho de orientação aos não crentes e no-
praça,_uma esguinaj^u à frente da casa de um crente. A durarão do vos crentes que começam a frequentar a igreja depois de uma Escola
trabalho é de meiajiora. A palestra e os corinhos devemTêr ilustrados Bíblica de Férias ou de uma Escola Bíblica Especial.
por equipamento audiovisual. O t r a b a l h o deve ser precedido de 7) Classe de Cinco Dias - g um plnnn gpraeo^tfid^ ppluAIian^gj^rn
mdíviduais^eiag ruas atUacentes aj^IocãT E uma evangelizado Evangelização de Crianças (A.RE.C.). Em lares de crentes, onde lia
feita_esporadicflmente. . crianças, realiza-se um programa durante cínco dias, pela manhã e à
2) Evangelização Numa Casa - Refere-se a um trabalho o^ntinijn tarde, para alcançarias crianças que estuda m n u m desses horários. À
najgg§_de_um crente que se transforma em ponto de pregação. Sempre <r»rãy«õ~d<) programa é de uma hora mais ou menos ^ inclui histórias
as Mstórias e os corinhos ilustrados atraem as crianças não crentes. __
connhos ilustrados ouensinadbs atrayésje gestosj yersícu-
Podem sçrjinsi nados textos bíblicos, podem s_er confeccignados^traba - s "bíblicos, oração e apelo. O trabalho é realizado em dois locais dife-
lhos "m anuais, pode haver uma vitrola^ tocando discos com hinos e cori- tempo, para atingir maior área que não possui igreja.
" " ~~~ " " para um ponto de pregação ou congregação. O material
usado nos dois locais pode ser o mesmo, pela manhã e à tarde, porque
as crianças são outras. Se for o mesmo material deve haver duas cópias
dele, uma para cada local. As crianças devem chamar seus amigui-
nhos. Se eles não vierem, a professora sairá com as crianças da casa,
um pouco antes da hora, para chamá-los. Os resultados devem ser con-
servados através do encaminhamento dos novos crentes para a igreja
mais próxima. No mês seguinte, a experiência poderá ser repetida em
outros locais não atingidos. Através desse plano, duas professoras ou
dois evangelistas alcançam dois locais por mês, inúmeras crianças dos APÊNDICE N? l
mesmos e os pais dessas crianças.
NOTAS
( ) Spurgeon, C.H. - Ganhador de Hombres, trad. José Maria Blanch,
p.278.
A Autoridade
( - ) Coelho. Valdívio de Oliveira - Evangelização de Crianças - Artigo
em O Jorna! Batista de 19/12/76.
Para Evangelização
1. A BASE DA AUTORIDADE
A) A autoridade para evangelização é alicerçada mais final e pro.-
ftindamente na Grande Comissão do Senhor ressuscitado (Mateus
28.19). Foi o Senhor Jesus quem enviou os discípulos a proclamar o
evangelho a todas as nações, a batizar todos os que cressem nele e a re-
cebê-los na comunhão de remidos do novo concerto. Esta comissão é
bastante extensiva, envolvendo não só os primeiros discípulos, mas to-
dos os discípulos de todos os tempos, a fim de ganhar o mundo para
Cristo.
Este é o grande objetivo que ele pôs diante de nós. E ele próprio
confere dignidade a este mandamento, pois foi-lhe dado todo o poder
nos céus e na terra (Mateus 28.18). Jesus desenvolve ainda o seu mi-
nistério terreno através dos seus discípulos e mensageiros: "Assim
como o meu Pai me enviou, também eu vos envio a vós", disse Jesus
(João 20.21; João 17.18). Ora isto indica que evangelização é intrínseca
e essencial ao plano de Deus para a redenção. É mediante a evangeli-
zação que a grande visão profética de Jesus está sendo realizada: "E
este evangelho do reino será pregado em todo o mundo para testemu-
nho a todas as nações; e então virá o fim" (Mateus 24.14).
B) Durante a sua carreira terrena, Jesus partilhou com os eleitos a
tarefa que lhe fora encomendada por Deus; partilhou-a primeiramente
com os doze e depois com os setenta. Deveriam proclamar o evangelho,
curar os doentes, e expulsar demónios como sinal que o reino de Deus
era chegado.
O ministério dos discípulos limitava-se primeiro aos judeus. Toda-
via, depois do Pentecoste, começou o cumprimento das promessa aos
judeus: "Recebereis poder, ao descer sobre vós o Espírito Santo, e se- era tudo menos homem de visão tacanha. Pelo contrário, adaptava-se
reis minhas testemunhas tanto em Jerusalém, como em toda a Judéia a si mesmo à condição religiosa e espiritual dos seus ouvintes. Toda-
e Samaria e até os confins da terra" (Atos 1.8). via, nunca perdeu de vista a determinação do seu objetivo - nomea-
Foi então elaborado o plano para a expansão do evangelho. Mas tal damente, a de ganhar tantas almas quantas lhe fosse possível para Je-
processo não nasceu do génio humano, nem foi o produto de qualquer sus Cristo (I Coríntios 9.19-23). A sua auto-identificacão fortemente
estratagema deliberado e detidamente estudado de missões. Não! Foi enfatizada com os judeus e com os gentios foi apenas um ponto de con-
realmente o Senhor que determinou o método e propósito de evangeli- tato para dar testemunho da simples e única verdade que é igualmente
zação mundial. válida para todos os homens.
C) Com a descida do Espírito Santo os discípulos receberam o po- O apóstolo considerava o seu ministério pastoral um serviço sacer-
der que os qualifica para cumprirem convenientemente a sua missão. dotal; ele tinha o sagrado encargo de anunciar o evangelho de Deus, de
O espantoso ministério de Pedro, no dia de Pentecoste, é o primeiro modo que a oferta dos gentios fosse aceitável uma vez santificada pelo
exemplo de evangelização em larga escala, e o milagre das línguas do- Espírito Santo (Romanos 15.16). Ele sabia bem que os resultados asse-
cumenta o princípio de missões mundiais, pois foi possível aos repre- gurados na sua obra evangelística não eram devidos aos seus próprios
sentantes de todas as nações ouvirem a mensagem da salvação na sua poderes e deviam ser creditados ao Senhor que os tinha alcançado pela
própria língua. A mensagem inflamada pelo Espírito Santo, na qual as sua instrumentalidade (H Coríntios 3.6). E isto era verdade não só
obras soberanas de Deus foram proclamadas, produziu arrependimen- acerca da mensagem autorizada que ele proclamava, mas também
to, conversão, fé em Cristo e a posterior edificação da sua igreja. A se- acerca do poder dos sinais e maravilhas que acompanhavam a sua pro-
mente da Palavra de Deus foi espalhada e produziu muito fruto. O clamação. Por conseguinte, a promessa de que o evangelho haveria de
evangelho começou a sua marcha triunfal através do mundo. ser levado até aos confins da terra, tinha começado a ser cumprida por
D) Então Antioquia tornou-se o segundo grande centro missioná- meio dele e de uma maneira exemplar.
rio. Também ali a igreja se sujeitou completamente ao poder efetivo F) A par de Paulo havia outros homens favorecidos do cristianismo
do Espírito Santo, que mandou: "Separai-me a Barnabé e a Saulo primitivo que Cristo separou como apóstolos, profetas, pastores e ensi-
para a obra a que os tenho chamado" (Atos 13.2). Depois, quando os nadores (Efésios 4.11). Eles sabiam que o Cristo de quem testificavam
dois embarcaram a fim de ministrarem o evangelho aos pagãos, as Es- era Senhor não só da sua igreja mas também do cosmos, aquele que
crituras enfatizam mais uma vez que eles foram enviados pelo Espírito enche todo o universo (Efésios 4.10), o onipotente celestial (Pantokra-
Santo (Atos 13.4). tor), cujos servos e mensageiros fazem o que ele ordena.
E) Bênçãos especiais assistiam as atividades evangelísticas e mis- G) Através dos séculos e até hoje, a Grande Comissão tem retido o
sionárias do apóstolo Paulo, a quem o Senhor Jesus aparecera no ca- seu poder para constranger e envolver a Igreja de Jesus Cristo. Nele e
minho para Damasco. O Senhor ressuscitado havia-o separado como só nele é que nós também encontramos autoridade para evangelizar.
vaso escolhido e tinha-o autorizado a declarar o seu nome às nações 2. ESSÊNCIAS PARA UM MINISTÉRIO AUTORIZADO
gentílicas, a reis e aos filhos de Israel (Atos 9.15). Esta comissão foi ex- - A) São os mesmos requisitos espirituais que concernem aos evange-
traordinária pela sua singularidade e importância ecuménica; de tal listas e a qualquer outra pessoa que reconhece Jesus Cristo como Sal-
maneira Paulo a encarnou, que até ao seu martírio a cumpriu com in- vador e Senhor. Devem ter tido uma experiência pessoal de salvação
fatigável fidelidade, paixão santa, e dedicação sacrificial. em conversão e regeneração efetuada pela graça de Deus. Devem crer
O apóstolo sentia-se de tal maneira possuído e constrangido por cm Jesus Cristo com todo o seu ser, devem viver em constante comu-
esta sua chamada, que nada o podia demover dela. "Ai de mim se eu nhão com ele, devem viver pelo poder do Espírito Santo uma vida de-
não pregar o evangelho" (I Coríntios 9.16). Regozija-se em falar da dicada ao seu Senhor, e devem demonstrar-se, tanto por palavras
grandeza incomparável e da glória indescritível do seu serviço (II como por obras, membros vivos do corpo de Cristo.
Coríntios 3.10), através do qual a luz brilhante da mensagem de salva- Nat uralmente, cada crente tem a responsabilidade de ser uma tes-
ção haveria de iluminar os corações dos homens ((II Coríntios 4.4). Ao temunha do evangelho. Mas isso não o faz um evangelista no verdadei-
proclamar o evangelho, Paulo não se limitava a um método fixo - ele ro sentido da palavra. Para isto tem de ter uma chamada especial.
154
B) Evangelização é um charisma, um dom da graça de Deus con- era bem versado na cultura helenista, escolheu deliberadamente não
ferido pelo Espírito Santo. Ninguém pode determinar tornar-se um fazer qualquer uso do seu extenso conhecimento em Corinto; o seu úni-
evangelista apenas na base dos seus dons de oratória. Ambição carnal co interesse era dar testemunho de Jesus Cristo e este crucificado. Ao
está absolutamente fora de ordem, como o está também o desejo de as- contrário dos filósofos errantes do dia, Paulo não tentou impressionar
sumir um papel de liderança nas igrejas de Jesus Cristo. Além disso, pela retórica; veio antes, "em fraqueza", mesmo até "com temor" e
uma personalidade atraente com a capacidade de fascinar pessoas não "grande temor". Mas trazia consigo uma mensagem que ultrapassava
faz um evangelista. É verdade que Deus usa os dons naturais de uma toda a sabedoria do mundo e proclamou-a em demonstração do Espíri-
pessoa e os põe ao seu serviço. Mas ai daquele que se vangloria destes to e de poder. Logo, o evangelho e seu poder intrínseco era inteiramen-
dons! Eles só serão significativos em evangelização se forem santifica- te vindicado e ativamente manifestado. Paulo conhecia o perigo que
dos por Deus, pois é o próprio Deus que pela sua livre escolha separa ameaçava um evangelista que busca proeminência pessoal; mas fazer
aqueles que deverão proclamar a sua Palavra, e equipa-os pelo Espíri- isso amesquinha a autoridade da mensagem.
to Santo com o único dom que os faz ministros autorizados do evange- C) Paulo ensina-nos que a nossa pregação evangelística deve ser
lho. Cristocêntrica. Trataremos obviamente muitos e diversos temas, pois
Não há dúvida que Apoio tinha dons para evangelizar. Era uma afinal devemos pregar integrados na época. Isto é, devemos conhecer a
pessoa altamente equipada com capacidade extraordinária para falar argumentação do nosso povo, os seus problemas e necessidades e deve-
em público e empolgar uma audiência; era um homem bem preparado mos confrontá-lo com a mensagem. Qualquer evangelista que se evade
e apto na exposição das Escrituras. A sua pregação deixou uma boa ou ignora a corrente, o mundo concreto em que vive, já falhou na sua
impressão em Corinto. Apoio representa o tipo de evangelista em chamada. Deve estar preparado para perguntas e respostas. E isto só o
quem as fortes propensões naturais são combinadas com o dom espe- pode fazer se estiver bem treinado, possuir amplos conhecimentos e
cial da graça de Deus. for sensível a todas as facetas da vida do homem. Este interesse é tam-
E todavia foi Paulo, o menos qualificado oratoriamente, que se tor- bém essencial para uma proclamação autorizada. Mas evangelismo
nou uma personalidade carismática fora de série na igreja primitiva. que não se centra em Cristo e sua salvação, que não chama à conversão
Caracterizava-o a consciência apostólica de ter sido enviado a encarnar e a uma decisão definida, tem falhado no seu propósito. Evangelização
um ofício verdadeiramente espiritual. Paulo era um verdadeiro se- sem dedicação não é evangelização senão uma espécie de atividade re-
nhor; todavia, era como ninguém um servo de Jesus Cristo. Era à uma ligiosa.
humilde e régio, um homem que nunca se vangloriou dos seus privilé-
gios e vantagens. Uma vez, quando foi necessário, chegou mesmo a D) Paulo ensinou-nos também como evangelizar. As palavras e
chamar-se de louco (IlCoríntios 11.1-12,18). Era um homem de Cristo conceitos que usamos não são assunto de indiferença. O apóstolo
que sentia responsabilidade só diante de Deus, o Senhor dos céus, e se- alertou repetidamente contra uma linguagem estruturada por sa-
guia as suas instruções. Não estava ligado nem sujeito a nenhum "co- bedoria humana; afirial, uma prelecão filosófica não pode delinear
mité missionário". com propriedade o conteúdo do evangelho. Eis porque Paulo enfa-
liza e sublinha que "comparando as coisas espirituais com as espi-
Paulo não era um orador loquaz que cativava os corações dos ou- rituais" (I Coríntios 2.13). devemos usar palavras dadas a nós pelo
vintes nem era um evangelista forçado pela disposição natural. Os Kspírito Santo. Por isto quer ele dizer que o método da nossa pro-
seus inimigos, certamente exagerando a situação, disseram a seu res- clamação - sim, mesmo a nossa escolha de palavras - não é assun-
peito o seguinte: "A sua palavra é desprezível" (não orador em ne- to de determinação pessoal. Tem muito a ver corn o que vamos pro-
nhum sentido da palavra) (II Coríntios 10.10 e 11.6). clamar.
Em I Coríntios 2.1-4, Paulo confessa abertamente e com toda a mo- Paulo foi o primeiro a reconhecer um problema muito real em nos-
déstia que chegou a Corinto, a famosa metrópole do Oriente, sem qual- sos dias» "a comunicação teológica" (Sprachtheologie), e enfrentou-o
quer intenção de proclamar o evangelho com grande eloquência ou de da única maneira correta. Ora também isto diz respeito a uma prega-
mostrar sabedoria humana. Este teólogo erudito que houvera sido es- ção autorizada. Doutro modo é muito simples adulterar o evangelho,
rneradamente treinado na Escola do Torah em Jerusalém e além disso i'nrã os nossos dias isso significa simplesmente que se apresentarmos a
mensagem redentora não podemos seguir ou absorver a maneira mo- quer obediência (Romanos 10.16). Chega a nós com um apelo univer-
derna da filosofia e teologia existencial cujo propósito antropológico li- sal; Deus deseja que todos os homens sejam ajudados e que venham ao
mita ou obscurece o evangelho. Aonde nos pode levar este tipo de conhecimento da verdade (I Timóteo 2.4). O destino do homem em
orientação demonstra-o com temerosa claridade o livro do bispo Ro- tempo e eternidade depende da sua aceitação ou rejeição da oferta de
binson: Honesto com Deus.! i O teólogo alemão W.Kúneth, que cré redenção ((H Tessalonicenses 1.8,9). Não há outro meio de salvação.
na revelação, escreve na publicação, Von Gott Reden?, que enquanto B) Evangelização é uma tarefa imperativamente essencial, pois a
Robinson se propôs fazer o evangelho relevante ao homem "moderno", oposição ao evangelho cresce assustadoramente,
o que ele fez na realidade foi destruir o evangelho.(-) Atualmente estamos constantemente a experimentar um processo
E) Permita-se-nos citar um exemplo concreto do ambiente evan- crescente de secularizaçáo. O mundo, como muito bem se tem dito, es-
gelístico moderno. O Dr. E.Bieneck é um liderante homem de negócios tá cada vez a tornar-se mais mundano. E este estado de coisas é devido
aqui na Alemanha, sendo também presidente da VMCA Alemã e tem mutuamente a uma revolta secreta e descarada contra Deus que cul-
uma visão global excelente da presente situação e do impacto que as mina em ideologias políticas, em pontos de vista mundiais ligados com
igrejas têm sobre o povo. Em Bibel und evangeliche Kierche (1956) ateísmo em inimizade contra Deus e Jesus Cristo, e em perseguição
escreve: Só posso dízer que no curso de minha vida tenho verificado das suas igrejas. Até mesmo os países chamados cristãos abandonam a
constantemente que quanto mais simplicidade se usa na proclamação sua fé em Deus. Para muitas pessoas Deus já não tem qualquer signifi-
da mensagem da cruz, maiores são os resultados; e isto é verdade hoje. cado prático. O povo vive sem Deus e, aparentemente, sente-se bem. A
O ministério de Billy Granam é a melhor prova deste fato. bem ver as coisas, dizem, Deus tolhe o desenvolvimento livre do ho-
Se o sermão evangelístico for essencialmente Cristocêntrico. será mem.
então relacionado com propriedade a toda a Sagrada Escritura. Par- Mas na realidade, quando o homem se não rende a Deus, não fica
tindo deste centro abrangerá a riqueza global da revelação divina e a inteiramente livre como pensa; cai no domínio dos poderes satânico-
plenitude da redenção. A partir desta centralidade, também, derivará demoníacos. Perde toda a norma moral e cria as suas próprias leis, leis
o seu julgamento autorizado do homem e sua depravação total, exis- de vida que são geralmente as suas faltas. A deificação do poder, do di-
tência pecaminosa e estado de perdição. A pregação Cristocêntrica nheiro, das possessões materiais, do sexo não lhe trazem salvação mas
apropriará ao mesmo tempo as descobertas científicas respeitantes ao somente destruição. Cai redondamente no domínio das paixões e dos
homem, que na verdade são dignas de nota, descobertas que nos dão desejos da carne e afoga-se em pecado, culpa e remorso. A nossa tão
uma espécie de penetração bem como de medida de ajuda prática. alardeada sociedade pluralista já não tem qualquer centralidade de-
Este benefício é inegável; mas nenhuma destas descobertas pode pro- terminativa; é antes subserviente ao espírito deste mundo, o espírito
videnciar redenção. que governa os filhos da desobediência (Efésios 2.2). Enquanto o mun-
do mobilizar as forças morais e espirituais em oposição, não pode re-
tardar nem vencer a ruína que tem quebrantado a humanidade em to-
3. O PROJETO DE UMA EVANGELIZAÇÃO AUTORIZADA das as áreas da sua vida.
A) A proclamação do evangelho começa com a ideia que só há uma
salvação para toda a humanidade - moneadamente, salvação ern Cris- C) Nesta situação, as igrejas de Jesus Cristo devem servir-se dos
to. Pois "em nenhum outro há salvação" (Atos 4.12). Esta declaração «cus poderes para proclamar a mensagem de salvação com todos os
básica estabelece de vez o propósito de evangelização: ganhar vidas meios possíveis. Não será desencorajador mesmo que o seu testemu-
para Cristo. Evangelização é a ação salvadora determinativa para um nho traga sofrimento e martírio, pois ao seu lado está o Senhor que
mundo perdido. Através da evangelização Deus oferece ao mundo a prometeu: "Estarei convosco sempre, mesmo até ao fim do mundo"
salvação que por seu amor indiscutível Ele preparou em Cristo Jesus. í Mateus 28.20). Além disso, a declaração do apóstolo Paulo será sem-
Mas o evangelho é mais do que uma oferta de amor; contém uma pre válida: "A palavra de Deus não está presa" (II Timóteo 2.9; com-
dinâmica singularmente misteriosa, pois todo aquele que crê na men- parar com II Tessalonicenses 3.1). Cristo serve-se das suas igrejas que,
sagem da cruz torna-se um poder de Deus (I Coríntios 1.18). E visto IM-Í.-I palavra o declaram crucificado e ressuscitado, e vive para todo o
que o Evangelho contém o inteiro plano de Deus para a salvação, re-
4. A BASE BlBLICO-TEOLOGICA tância determinante. As declarações do Novo Testamento são falsifi-
É neste ponto que temos de encarar um problema real. Por causa cadas em benefício de uma Cristologia orientada não biblicamente.
de certos impactos sobre a teologia atual (por Bultmann e outros), o O evento histórico da redenção de Jesus está intimamente ligado
assunto de uma proclamação própria e correntemente relevante con- com o fato salvífico da morte de Cristo; pois se Cristo não ressuscitou,
fronta-nos de novo. Este assunto é de significação determinante não só a obra salvadora e redentiva de Deus perde o seu valor. Por conseguin-
para a pregação nas igrejas como também para a evangelização. te, Paulo declara em I Coríntios 15.17 que se Cristo não tivesse ressus-
Já ferimos esta questão por alto e não iremos penetrar no assunto citado nós ainda permaneceríamos em nossos pecados. Mas os apósto-
mais extensivamente. Não é nossa intenção considerar em detalhe o los dão testemunho eloquente e em concordância plena, que Deus res-
problema identificado como "demitização"; limitar-nos-emos tão so- suscitou seu Filho dos mortos.
mente a uma discussão intensiva na fase que diz respeito diretamente Um outro item de contenção entre os representantes da teologia
ao nosso tópico. Este refere-sè ao método e execução prática de evan- existencialista é que não houve nenhuma ressurreição de Jesus como
gelização; em última análise diz respeito ao próprio evangelho. Ora evento histórico. Esta, dizem, é uma maneira mitológica de falar; para
este assunto é tremendamente vital, pois a pregação de hoje já contém eles o conceito de uma ressurreição histórica é irreconciliável com o
muita coisa diferente daquela que podemos subscrever em obediência ponto de vista científico moderno do universo. Por conseguinte, um tal
ao testemunho claro da palavra de Deus. conceito deve ser posto de parte. Só as aparições do "Senhor ressusci-
Uma das passagens que nos convém referir em relação ao problema tado" são historicamente averiguadas, dizem; mas ninguém pode di-
é II Coríntios 5.19-21 porque nos ajuda a orientar-nos e trás à luz teo- zer com certeza de que tipo elas foram e a precisão com que elas tive-
rias opostas. A exposição de Paulo é denominada por três declarações: ram lugar entre os discípulos.
A) A primeira diz: "Deus estava em Cristo, reconciliando consigo Presumem que é impossível falar-se de uma intervenção imediata
mesmo o mundo". Esta é a declaração básica da doutrina cristã sobre de Deus; admiti-lo seria contradizer o nosso conceito moderno de
a salvação, conforme fora apresentada por Paulo. Ele descreve um Deus, pois que o fato da transcendência de Deus e de um ser pessoal se
acontecimento histórico de revolução completado por Deus que elimi- tem tornado irrelevante.
na toda e qualquer iniciativa e atividade humana. Pelo decreto livre Não obstante - e isto é o que é tão corrupto e enganador - a teologia
de acordo com as riquezas da sua graça, Deus enviou o seu Filho para existencial sustenta o seu próprio conceito de ressurreição. Cristo, diz
morrer como o sacrifício expiatório pelos pecados do mundo; e em obe- assim a nova interpretação, não ressuscitou um ser novo, glorificado
diência à vontade de Deus, Cristo tomou sobre si mesmo o sacrifício mas - diz Bultmann - ressuscitou em kerygma. Isto é, Cristo não con-
que trouxe redenção â humanidade perdida. Este é o fato único, uma
tinua a viver como pessoa numa forma diferente, mas está sempre pre-
vez por todas, irrepetfvel, válido para todo o tempo. sente na Palavra proclamada.
Embora testemunhado ao longo de todo o Novo Testamento, este Mas como pode Ele estar ativo em proclamação se não existe de fa-
evento é obscurecido na teologia existencial moderna, despido da sua to, visto que, segundo dizem, a sua morte foi o fim de tudo? Este
dignidade e até negado. Mas negar a realidade dos fatos da redenção é 'Cristo querigmático" não tem qualquer realidade, nem sequer tem
renunciar o verdadeiro fundamento da nossa fé cristã. Para Bultmann, identificação com o Jesus histórico de Nazaré, pelo contrário, é uma
a cruz de Cristo só tem significado quando serve a auto-realização exis- grandiosidade fictícia de qualquer espécie com quem não há comu-
tencial do homem: Eu devo decidir tomar a cruz de Cristo como sendo nhão e a quem não é possível orar. Esse não é o Senhor a quem é dado
mesmo minha. Robinson fala em termos semelhantes. Ele não reco- todo o poder nos céus e na terra. Bultmann declara explicitamente:
nhece qualquer provisão redentiva de Deus na cruz de Cristo, põe de "Devo admitir que considero qualquer tratamento do aspecto pessoal
parte a teoria da expiação e chega mesmo a concluir em sua teologia de Cristo como mitologia". Logo, também neste ponto a fundação re-
que a cruz de Cristo é apenas uma evidência da abnegação de Jesus, de dentiva-histórica da proclamação é removida. A mensagem bíblica é
um amor que se renuncia, se dá e se une a si mesmo com a origem do totalmente falsificada. Um evangelismo que se desvia para este cami-
ser (Seinsgrund). Ora fazer isto é roubar à cruz de Cristo a sua subs- nho é totalmente destituído de autoridade.
160
161
B) A segunda declaração de Paulo diz: "Deus confiou-nos a palavra tância para nós, ou consideradas como totalmente destituídas de va-
da reconciliação" (II Coríntios 5.19). lor, então apenas aquela proclamação que me confronta relevante-
Esta expressão indica-nos que Deus fez também alguma coisa em mente aqui e agora na minha existência concreta, pode ter importân-
referência à proclamação. Na verdade foi Ele quem estabeleceu a Pa- cia decisiva. A história do passado que perdeu a sua natureza redenti-
lavra da reconciliação. Foi Ele quem determinou o conteúdo da men- vo-histórica em virtude deste novo conceito de historicidade, é consi-
sagem. Todo aquele que proclama, seja pregador ou evangelista, não derada na melhor das hipóteses apenas "um momento redentivo"
tem por conseguinte liberdade para dispensar a Palavra divina a seu pani o presente. Por causa da sua interpretação, Bultmann rejeita
bel-prazer. Está ligado a instruções firmes. Na qualidade de "mensa- qualquer ingresso à história para trás da kerygma.
geiro em lugar de Cristo", à semelhança de um embaixador, tem as
suas ordens para desempenhar as funções que lhe foram confiadas em No Novo Testamento, em contraste, kerygma significa mensa-
conformidade com as instruções recebidas. Isto é, ele não tem permis- gem, proclamação, transmissão solene dos fatos que ocorreram. Foi
são para projetar as suas próprias ideias religiosas, formar especula- assim que Paulo entendeu a mensagem da cruz. Esta anunciava aque-
ções mais ou menos esclarecidas ou se envolver em conjeturas filosófi- le ato de Deus pelo qual Ele reconciliava o mundo consigo mesmo. Por
cas. i-sta mesma razão é o poder de Deus (I Coríntios 1.18) que trás a re-
Em referência à nossa discussão isto significa que ele não tem o di- denção e salvação a todos os que crêem (Romanos 1.16).
reito de interpretar declarações soteriológicas do Novo Testamento em Ao mesmo tempo é a soma e substância total da sabedoria divina,
termos meramente antropológicos ou existenciais. Fazer isso é destruí- (I Coríntios 1.24) que se parece como loucura aos incrédulos, mas que
los. A tarefa da proclamação é primeiramente dar testemunho dos na verdade é mais sábia do que toda a sabedoria humana (I Coríntios
grandes e maravilhosos atos de Deus; deve deter-se em contar ao mun- 1.25). Consequentemente o apóstolo proclama incansável e zelosa-
do que Deus completou em Cristo a redenção para o mundo. Só quan- mente o Cristo crucificado (I Coríntios 1.22), em quem nós temos a re-
do a proclamação tiver apresentado os eventos básicos da encarnação, denção pelo seu sangue, a remissão dos pecados (Efésios 1.7). Além
da cruz, e da ressurreição de Cristo é que a pregação diz o que estes fa- disso, Paulo dá testemunho das inefáveis riquezas em Cristo (Efésios
tos significam para nós. Muito seguramente aquilo que ocorreu extra 1.8), em quem habita corporalmente toda a plenitude da divindade
nos (totalmente independente de nós) ocorreu pró nobis (para bem de (Colonsenses 2.9) O Cristo que é a imagem de Deus, as primícias
nós). Mas é impossível falar da "significação" dos fatos da salvação - de toda a criação e as primícias dos mortos (Colossenses 1.14-20); o Se-
isto é, do significado que eles têm para nós - se eles próprios são desa- nhor de todas as coisas, também Senhor da igreja, é o mesmo Senhor
creditados ou até negados. Se isto acontecer, a kerygma transforma- que na sua segunda vinda em poder e glória se manifestará na plenitu-
se numa Palavra instável. Quando a kerygma é destituída da sua fun- de da redenção. Se evangelização é para ser autorizada, deve então le-
dação histórico-reveladora perde todo o seu sabor e finalidade. var por diante e corajosamente esta mensagem real de Cristo.
Aquilo para que tudo tende em última análise, salienta-se bem no
benquisto e moderno conceito da teologia alemã contemporânea de C) A terceira declaração de Paulo diz: "Reconciliai-vos com
Wortgeschehen. E que temos a questionar-lhe? Em princípio nada. A DI-UH". Esta declaração é um convite; é também a suma mensagem a
semelhança de muitos slogans teológicos atuais, o termo das Wortges- um mundo degenerado e perdido. É um convite que se dirige a todo
chehen não é uma expressão particularmente feliz. Contudo, podería- miuele que ouve a palavra de reconciliação. Uma evangelização autori-
mos aceitá-la sé indicasse que proclamação da palavra é um aconteci- zada não poderá cumprir a sua missão completamente a não ser que
mento realizado pelo Espírito Santo, um evento que efetua o decisivo rmifronte o indivíduo como uma decisão final e inescapável.
ponto de retorno na vida de qualquer pessoa que o aceite pela fé. A teologia existencial conhece semelhantemente um conceito de
Mas em teologia existencial o termo significa muito mais do que is- ilrnHfio e toma-o muito a sério. O seu objetivo é conduzir o homem á
so. O Wortgeschehen transforma-se no central e único evento válido "mdidtide", a uma compreensão própria de si mesmo, a uma existên-
da nossa salvação. E este tem consequências lógicas. Porque se Tot- cia verdadeiramente desejada por Deus. Também fala da graça per-
ge*chehen (a cruz e ressurreição de Cristo) são declaradas sem impor- de Deus que dá ao homem acesso a um novo futuro. Todavia,
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não existe uma palavra sequer sobre a expiação de Cristo como a fun-
dação redentivo-histórica da atividade perdoadora de Deus.
Paulo não pede ao homem que se reconcilie a si mesmo com Deus;
o homem não está em condições para o fazer. Em Cristo, Deus comple-
tou todas as coisas necessárias para a sua salvação. Perdido em seus
pecados e culpas, o homem precisa apenas de aceitar a reconciliação
completada e aplicá-la à sua própria situação. Pela conversão que o
leva a uma fé viva em Deus e em Cristo, é-lhe dada pela graça, uma
nova existência - vida em Cristo. O lema de Zinzendorf é ainda válido APÊNDICE N? 2
para o evangelista hodierno: "A minha alegria até morrer: ganhar al-
mas para o Cordeiro de Deus".
Se bem entendidas e não existencialmente enrodilhadas, as três
declarações de Paulo na Segunda Epístola aos Coríntios contêm tudo o Esclarecendo a
que diz respeito á natureza e realização de uma evangelização autori-
zada. Tarefa de Evangelização
(Tema apresentado no Congresso Mundial sobre Evangelização em Em 10 de dezembro de 1946, em Oslo, John R. Mott foi agraciado
Berlim por Johannes Schneider - Deão da Faculdade de Teologia da com o Prémio Nobel da Paz. Ao ser-lhe perguntado sobre qual era a
Universidade de Berlim, da qual ele obteve graus de doutoramento sua vocação, este leigo dileto e proeminente respondeu simplesmente:
tanto em teologia como em ciências políticas. Escreveu vários livros e "Evangelista!" Desde o momento da sua conversão em Cornell em
tem contribuído cota muitos artigos para o "Theologisches Wõrter- 1886 até a sua morte cerca de 70 anos depois, John R. Mott foi no
buch zum Neuen Testament". Artigo transcrito da Revista Teológica princípio, no fim e em todo o tempo um evangelista.
do S.T.B. de Leiria, Portugal, vol.V, n' 4, 10/12/1966.) Já pelo fím da sua vida ele lamentou o fato que as portas abertas
NOTAS em 1910 à evangelização e missões não foram entradas. As igrejas per-
(') Publicado em português sob o título "Um Deus Diferente", trad. deram o seu zelo evangelístico, e a sua paixão, achava ele; e em 1951,
Michael de Campos, Livraria Moraes Editora, Lisboa, 1967. declarou: "Estamos vivendo em um tempo de provação específica. Ja-
(2) Discordo com a posição de Ktineth porque ele observa a obra de Ro- mais houve coisa semelhante!"
binson do prisma teológico-sistemático, quando ela deve ser obser- Em muitos círculos, as igrejas de hoje têm uma paixão enérgica
vada do plano pastoral; vista deste modo, ela significa uma grande pela unidade, mas perderam inteiramente o sentido da comissão do
contribuição. Nota do autor do livro. noBso Senhor para evangelizar.
Para a minha meditação desejo usar como fundamento duas de-
clarações de Cristo: A primeira encontra-se em João 4.35 - "Não dizeis
que ainda há quatro meses para a ceifa? Eis que eu vos digo: Levantai
o« vossos olhos e vede as terras, que já estão brancas para a ceifa".
A segunda encontra-se em Mateus 9.37,38 - "Então disse aos seus
discípulos: A seara é realmente grande, mas poucos os ceifeiros. Rogai,
pois, ao Senhor da seara que mande ceifeiros para a sua seara".
A ceifa evangelística é sempre urgente. O destino dos homens e das
nações está sempre a ser decidido. Cada geração é crucial; todas as ge-
rações são estratégicas. Nós não somos responsáveis pela geração pas-
nada, e não podemos assumir inteira responsabilidade pela próxima
geração. Todavia, temos a nossa própria geração!
164 165
O nosso mundo encontra-se envolvido em fogo e o homem sem tam qualquer situação concebível - tomando em conta qualquer lin-
Deus não pode já controlar as suas chamas alterosas. Os demónios in- guagem possível, raça, cor, ou mesmo crença religiosa. Se não houves-
fernais têm sido deixados à vontade. Os fogos da paixão, do orgulho, se outra razão para ir até aos confins da terra e proclamar o evangelho
da soberba da vida, das concupiscências da carne, do ódio sopram em e conquistar as almas perdidas - o mandamento de Cristo seria sufi-
todo o mundo. ciente!
A perspectiva de um mundo crescendo assustadoramente tem cria- O segundo motivo para a evangelização é o exemplo dado pela pre-
do pesadelos a muitos estadistas mundiais, sociologistas, filósofos e gação dos apóstolos. No âmago e no coração da sua proclamação havia
teólogos. Por exemplo: Se eu chegar aos 70 anos, haverá cerca de sete um objetivo evangelístico.
bilhões de pessoas sobre a terra - mais do dobro da população atual O terceiro motivo deve encontrar-se nas palavras de Paulo: "O
(1965). Os cientistas falam agora de uma "pathological togetherness" amor de Cristo nos constrange" (II Coríntios 5.14). A coisa mais im-
(conjuntura patológica) - num mundo era que náo só se espalha silen- portante que uma vez nos aconteceu na vida como crentes foi a nossa
ciosamente a doença e a pobreza, mas também num mundo de pertur- aceitação de Cristo como Senhor e Salvador. Nós desejamos imediata-
bantes problemas psicológicos e problemas políticos insolúveis. mente partilhá-la com outros.
L SIGNIFICADO DA PALAVRA EVANGELIZAÇÃO O quarto motivo é a proximidade do julgamento. O apóstolo Paulo
Há confusão através das igrejas no mundo acerca do verdadeiro disse: "Assim que, sabendo o temor que se deve ao Senhor, persuadi-
sentido da palavra "evangelizar". mos os homens à fé" (II Coríntios 5.11). A doutrina de um julgamento
As definições são formadas para bem se enquadrarem no gosto de futuro onde os homens darão contas de si mesmos a Deus é ensinada
cada um. Alguns pensam em evangelização simplesmente em termos nas Escrituras com toda a clareza. Em II Tessalonieenses l .5-10, Paulo
de atrair pessoas para a igreja, ou então de os persuadir a conformar-se diz que quando Cristo vier alguns "sofrerão... a destruição eterna e P.
a um padrão peculiar de crença e comportamento religiosos semelhan- exclusão da presença do Senhor e da glória do seu poder".
tes ao seu próprio. Algumas novas definições sobre evangelização dei- O quinto motivo são as necessidades espirituais, morais e sociais
xam completamente de lado a condução de almas a um encontro pes- de todos os homens. A evangelização e a compaixão social andam sem-
soal com Jesus Cristo. Encaram evangelização apenas como uma ação pre de mãos dadas. O evangelista de hoje não pode ignorar o doente, o
social. pobre, o que sofre a descriminação, e todos os que têm perdido a sua li-
Náo podemos aceitar esta definição. Evangelização tem, na verda- berdade por causa da tirania. Evangelização tem também uma res-
de, as suas implicações sociais mas a sua tarefa primordial é conduzir ponsabilidade social. As necessidades espirituais, morais, psicológicos
o indivíduo a uma relação, pessoal com Jesus Cristo. e sociais avivam ainda mais a nossa motivação para evangelizar. Al-
Têm havido mudanças também na compreensão da natureza e guns dos maiores movimentos da história tém-se realizado graças ao
missão da igreja, partindo-se do conceito que "a igreja tem uma mis- fato de homens se renderem incondicionalmente a Jesus Cristo.
são" para o de que "a igreja é missão". Tem-se deixado de enfatizar a
natureza espiritual da missão da igreja, para se proclamar uma refor- H. A MENSAGEM DE EVANGELIZAÇÃO
ma secular. Há uma tendência opressora para acomodar a mensagem cristã a
Parece-me que temos uma boa definição do que é evangelização no mentes e corações enegrecidos pelo pecado - para dar precedência ás
testemunho de uma comissão em!918: "Evangelizar é, pois, apresentar necessidades materiais e físicas enquanto que a necessidade espiritual
Cristo Jesus no poder do Espírito Santo, para que os homens ponham í1 distorcida, quando afinal esta é fundamental a Iodos os indivíduos.
a sua confiança por Ele em Deus e O sirvam como Rei na comunhão da Kstu mudança de ênfase está transformando o cristianismo num novo
sua igreja". humanismo.
A grande questão de hoje é esta: É o evangelho do primeiro século
2. MOTIVOS PARA A EVANGELIZAÇÃO n*U'vanto para o século XX? Tem ele tão pouco para dizer ao homem
O mandamento em Atos 1.8 inclui a todos e abrange evangelização moderno como alguns teólogos radicais nos querem fazer crer?
em todas as circunstâncias possíveis. "Os confins da terra" represen- O apóstolo Paulo resume o evangelho em I Coríntios 15.1-4: "Tam-
166 i fi-
bem eu vos notifico, irmãos, o evangelho que já vos tenho anunciado, o C) Evangelização improptu (Jesus junto ao poço, Pedro e João jun-
qual também recebestes e no qual também permaneceis. Pelo qual to à Porta Formosa). Se cada um de nós estiver vivendo uma vida
também sois salvos, se o retiverdes tal como vo-lo tenho anunciado; se cheia do Espírito Santo, Deus irá continuamente providenciando que
não é que crestes em vão. Porque primeiramente vos entreguei o que ne cruzem conosco almas em necessidade espiritual que bem podere-
também recebi: que Cristo morreu por nossos pecados segundo as Es- mos conduzir a Cristo.
crituras, e que foi sepultado, e que ressuscitou ao terceiro dia, segundo D) Evangelização em Diálogo (Paulo no Areópago, Apoio em Éfe-
as Escrituras". so). Este é um dos métodos mais eficientes, principalmente com estu-
A mensagem da kerygma que nós devemos proclamar ao mundo é: dantes universitários.
Cristo morreu por nossos pecados; ressuscitou de entre os mortos; de- E) Evangelização sistemática (Os setenta enviados por Jesus dois a
veis converter-vos deixando os vossos pecados e crendo em Jesus Cris- dois, visitas de casa em casa como em Atos 5.42). Há alguns anos, a
to como Salvador! Missão da América Latina desenvolveu "Evangelização em Profundi-
dade" que se serviu de quase todos os métodos de evangelização. Orga-
4. A ESTRATÉGIA DO INIMIGO DA EVANGELIZAÇÃO
nizam sistematicamente uma cidade inteira ou um país inteiro.
A maior estratégia de Satanás é a decepção. A sua estratégia mais
F) Evangelização literária (João 20.31 e Lucas 1.14 destacam clara-
bem sucedida tem sido a de levar teólogos modernos a negarem a sua
mente a intenção apologética evangelística dos escritores destes Evan-
existência. O apóstolo Paulo em II Coríntios 11.14 disse: "Porque o
gelhos). Devemos cobrir o mundo com centenas de milhões de porções
próprio Satanás se transforma em anjo de luz".
dos Evangelhos e porções das Escrituras. Há aproximadamente 2.000
Quando a boa semente do evangelho está sendo semeada, ele está
dialetos e línguas que ainda não têm nenhuma porção do evangelho es-
sempre presente semeando ao mesmo tempo o j E mais. Ele tem o
crita.
poder de cegar as mentes daqueles que nós procuramos evangelizar - H
Nem todos os métodos serão corretos para todas as pessoas e em to-
Coríntios 4.4: "Nos quais o deus deste século cegou os entendimentos
das as situações em determinadas alturas; mas alguns métodos de
dos incrédulos para que não lhes resplandeça a luz do evangelho da
evangelização são certamente corretos para todas as pessoas em todas
glória de Cristo, que é a imagem de Deus". A sua estratégia é usar a
as situações e em todos os tempos! O Espírito Santo pode servir-se de
decepção, a força, a corrupção e o erro para destruir a sua eficácia
qualquer método e usá-lo para ganhar almas.
5. O MÉTODO DA EVANGELIZAÇÃO Pertencemos a diferentes matizes raciais, linguísticos e culturais,
A) Evangelismo em Massa (João Batista, Pedro, Jesus, Estêvão, mas perante Deus com nossas necessidades espirituais somos todos
Paulo). Há muitos problemas e inconveniências no uso da evangeliza- uma raça! Temos só um evangelho para declarar em todas as gerações,
ção em massa, mas é um método bíblico e está sendo usado atualmen- e este é: "Deus estava em Cristo, reconciliando consigo mesmo o mun-
te em todo o continente com grande efeito. Com a população mundial do". Temos uma missão: a penetração do mundo inteiro em nossa ge-
a crescer cerca de 62 milhões e meio por ano, mais do que 180.000 de- ração com o evangelho!
vem ser ganhos para Cristo cada dia - 7.800 por hora - 128 por minuto (Tema apresentado no Congresso Mundial sobre Evangelização em
- só para acompanharmos o crescimento atuai. Berlim por Billy Graham, fundador e presidente da Associação Evan-
A tecnologia nos tera dispensado instrumentos para a comunicação ffeltstica Billy Graham e presidente honorário do Congresso. Artigo
em massa. A página impressa, o rádio, os filmes, os cumputadores ele- transcrito e resumido da Revista Teológica do S.T.B. de Leiria, Portu-
trônicos todos estão ao nosso dispor para proclamarmos o evangelho gal, vol.4, n' 4, 10/12/1966.)
aos milhões que de outro modo nunca o ouvirão.
B) Evangeíismo Pessoal (Trinta e cinco entrevistas pessoais de Je-
sus são relatadas nos Evangelhos). Este é o método de evangelização
do qual todos os crentes podem participar, em qualquer parte do mun-
do. O método mais efetivo de evangelização é organizar os leigos da
igreja para realizarem a obra de evangelizar.
168
169
APÊNDICE N? 3
Moeda Divina
Texto Básico: Lucas 20.19-26.
Queridos irmãos desta Escola de Evangelismo,
Um dos assuntos mais empolgantes do momento, em qualquer par-
te do mundo, é o dinheiro. Há preocupação com o investimento; há
grande promoção no rádio, na televisão, nos anúncios que são feitos,
com respeito à aplicação do dinheiro, ao investimento que se faz com o
dinheiro para produzir mais dinheiro. Alguns têm sido felizes, têm in-
.veatido bem, e outros têm investido muito mal e se têm saído mal des-
ta experiência.
Quando se fala em dinheiro, nós sentimos que há sempre uma preo-
cupação universal, preocupação da raça humana, da espécie humana,
por dinheiro, por causa do dinheiro. No texto bíblico, estão alguns ho-
mens que querem apanhar a Jesus Cristo numa armadilha e lhe prepa-
ram esta. Há um sentido político. Há o momento em que os judeus es-
tão sendo dominados pelos romanos, e qual será a palavra de Nosso
Senhor Jesus Cristo? Será que ele se sai bem? Será que ele se sai mal?
E a pergunta é feita: "Paga-se ou não o imposto? Paga-se ou não o tri-
buto a César?" E Jesus pede uma moeda, um denário, moeda corrente
no Império Romano, e ele pergunta: "De quem é essa imagem? De
quem é essa efígie na moeda?" É de César. "Dai pois a César o que é
de César e a Deus o que é de Deus".
Quero que por instantes me acompanhem na meditação acerca da
segunda parte da expressão: "Dai pois a Deus o que é de Deus", com
esta conotação; é que o ser humano é moeda de cunhagem divina. O
ser humano é moeda feita por Deus. A moeda do denário ou a moeda
do cruzeiro são moedas mundanas, mas o homem é imagem de Deus, é
171
feito à imagem e semelhança de Deus, é criação do céu, é cunhagem Brasil. E ele dizia que vinha do verbo relígere, que quer dizer subme-
divina, é moeda de Deus. Isto nos importa sobremodo. Na hora em que ter-se, obedecer, colocar-se sob a autoridade, sob o poder de Deus. E
estamos empolgados em investimento, nós temos que nos empolgar esta é realmente a conotação certa. Quando alguém está longe de
com o investimento de seres humanos. Temos que nos preocupar com Deus, está sem religião; quando alguém se aproxima e se coloca sob a
a busca de almas para nosso Senhor Jesus Cristo. Temos que buscar autoridade e o poder de Deus, aceita a soberania divina, é moeda que
easas moedas humanas que estão rodando por aí; algumas altamente si- foi desinflacionada, é moeda que foi recuperada, que foi salva e se
tuadas; outras lá em baixo, na situação mais humilde e mais difícil. ajusta agora ao seu valor real, é supervalorizada para ser usada, para
Nós temos que buscá-las como evangelistas, como pregadores do evan- ser aplicada pelo próprio Deus, como fez com tanta gente através dos
gelho, para a recuperação dessas moedas perdidas, dessas moedas hu- séculos.
milhadas, dessas moedas diminuídas na inflação do pecado, naquela
Ouvi uma discussão sobre se é Santo Agostinho que se fala ou se é
influência terrível do pecado que reduz, que diminui, que baixa o valor
São Agostinho. Preferência pessoal. O de que me lembro é de Agosti-
da moeda divina, da moeda feita por Deus.
nho. Quando nem pensava que iriam chamá-lo de Santo, Agostinho,
convertido, defrontando-se com uma mulher, com quem ele andara
1. IMPLICA NA SOBERANIA DIVINA nos caminhos da corrupção, ao encontrar-se com a mesma, ela disse:
Dentro dessa análise, gostaria que meditassem comigo na implica- "Agostinho", ele não olhou para ela. Ela insistiu: "Agostinho", sou eu
ção da moeda. A moeda implicava, na palavra de Jesus àquela gente,
na soberania daquele cuja imagem, cuja efígie estava na moeda. "Dai Agostinho". E ele disse: "Mas eu não sou eu". Ele não era àquela moe-
a César o que é de César". Se é a efígie de César que está aí, se é a moe- da perdida, ele não era aquela moeda inflacionada de antes, ele era
da de César que é corrente entre vós, então ele é o imperador, então é agora um homem recuperado, ele se redimira pelo sangue do Senhor
ele que manda, é ele quem dá as ordens, então é uma questão de sub- Jesus Cristo, ele era outra estatura de homem agora, e não era mais
missão à soberania de César, à autoridade de César. para andar naqueles descaminhos da vida como andara até ali, de
A imagem de Deus está cunhada em nós. A imagem de Deus está modo que lá está a soberania divina, aceita pelo homem, que aceita a
impressa no ser humano. Pode ser o maior personagem da história; vontade divina e se submete a essa vontade soberana e perfeita de
pode ser o mais humilde; pode ser a figura mais santa, pode ser a figura Deus.
menos digna, pode ser uma mulher pura e perfeita e pode ser uma me-
retriz. Não importa. A imagem de Deus está lá. Foi estampada, foi cu- 2. RECEBE A VALORIZAÇÃO DIVINA
nhada um dia naquela moeda. Está lá. Ê moeda divina, criada por Meus irmãos, a moeda tem um valor definido; a figura que está lá,
Deus. Está p?rdida como aquela moedinha da parábola de Jesus Cris- a efígie, dá o valor ao dinheiro. Lembro-me de uma ocasião em que
to, mas é moeda divina e tem que haver um esforço como o daquela tentei apresentar uma certa nota de dinheiro, em certo lugar, e a pes-
mulher, procurando a moeda perdida até encontrá-la; e na hora em soa fez uma cara feia e disse: "Não, esse aí eu não quero, me dá outro
que a encontra, se regozija, faz uma festa com os amigos, porque en- dinheiro porque esse aí eu não quero". Era dinheiro desvalorizado. En-
controu a moeda perdida. A soberania de Deus, a imagem de Deus, tão não aceitava de forma alguma, principalmente quando percebeu a
aquele poder de Deus colocado no ser humano. fonte, a nação de onde provinha aquele dinheiro, realmente muito in-
Os filólogos têm duas palavras para darem a origem da palavra re- flacionado. Às vezes nós ficamos pensando nos seres humanos desvalo-
ligião. Buscam no latim o verbo rei i gare, ligar outra vez. Religião, di- rizados, pensamos nos povos chamados sub-desenvolvidos, pensamos
zem eles, é ligar o homem de novo a Deus. Se fosse legítima essa dedu- nessa sub-raça, nessa sub-gente que anda pelas sargetas, pelas ruas, e
ção, Adão não seria religioso antes de pecar contra Deus. Não se que devemos buscar como Robert Rike fez há 200 anos, buscando os
ajusta, pois, essa explicação da origem da palavra religião à experiên- meninos da sua aldeia para trazé-los à Escola Dominical que estava
cia humana. Gosto mais da explicação dada por um dos meus profes- criando naquele dia, para colocar aquelas crianças aos pés de Nosso
sores de português, dos tempos de colégio, professor Silveira Bueno, Senhor Jesus Cristo, e redimir, libertar essas crianças do vício, do pe-
uma autoridade em língua portuguesa e gramática portuguesa no cado. O valor estava lá. O que importava era polir um pouco aquelas
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moedas, para descobrir nelas o valor real, o valor legítimo, o valor au- quer de uma pessoa. E disse: "Não tenho algo para lhe dar; não carre-
têntico da presença de Deus- no ser humano. go coisa alguma comigo, de modo que não tenho com que pagar o se-
Gosto muito de uma história que contei num folheto editado pela nhor; mas vou lhe dar um presente: vou lhe dar o retrato de minha
Casa Publicadora Batista e que anda por mais de um milhão de exem- mãe. O senhor quer?" O outro pensou: "O que vou fazer com o retrato
plares. É a história de um homem que está diante de um auditório fa- da mãe dele?" E nisso, o Príncipe enfiou a mão no bolso e tirou uma
zendo um discurso contra o cristianismo; ele está arrazando o cristia- nota de libra esterlina, dinheiro inglês, onde estava o retrato da rainha
nismo; é culto, é sábio e tem argumentos terríveis. De repente, diz ao Vitória. Então tinha valor. O retrato da rainha Vitória dava o valor á-
auditório. "Ninguém quer discutir comigo?" Ninguém se levanta. Ele quele papel pintado e, realmente, o homem estava recebendo uma
disse: "Quem sabe há um operário crente que quer discutir comigo?" grande paga.
Levantou-se o operário, vestindo seu blusão, calçando sua sandália ha- Nós temos cunhada em nós a imagem de Deus; nós temos cunhada
vaiana, e carregando sua marmita; adiantou-se um pouco para perto em nós a imagem divina; nós temos em nós o que é de maior importân-
da mesa onde estava o orador. O orador disse: "Quer falar já ou quer cia e pelo que damos graças: nossa imagem diz que somos de Deus, de-
esperar?" "Não, o senhor pode ir falando; daqui a pouco eu falo". As- pois que encontramos a graça divina que vem nos recuperar, nos devol-
sentou-se numa cadeira que estava lá, abriu o pacote da marmita, ti- ver o valor que um dia nós perdemos.
rou uma laranja... E o orador disse: "O senhor veio discutir comigo
ou veio fazer pic-nic?'' "O senhor vai falando, quando estiver na hora 3. EXISTE PARA SERVIR A DEUS
de eu falar, eu falo". E o orador continuou falando e argumentando e Moeda tem propósito. Existe com uma finalidade. Quando o nosso
arrazando o cristianismo. O operário descascou a laranja com seu cani- Senhor disse: "Dai a Deus o que é de Deus", é que a moeda é de Deus,
vete, tirou a pelezinha branca da laranja, com toda cautela, abriu os pela sua soberania, a moeda é de Deus pelo seu valor, a moeda é para
gomos e chupou a laranja com toda displicência e tranquilidade. Depois, servir a Deus, a moeda é para correr pelo mundo a serviço do próprio
ajuntou as cascas, pegou o pacotinho, arrumou tudo, fechou a marmi- Deus.
ta, colocou o canivete no bolso e disse: "Agora quero falar". "Bom, até O breve catecismo da Igreja Presbiteriana pergunta qual é o fim
que enfim. Vamos ver o que vai sair daí". E o nosso irmão disse: "Dou- principal do homem e responde numa definição suscinta, num traçado
tor, queria que o senhor me dissesse uma coisa só: a laranja que eu de antropologia: o fim principal do homem é glorificar a Deus e adorá-lo
chupei estava doce ou azeda?" "Bom, eu tinha desconfiado que o se- para sempre. Então, a finalidade da moeda divina, da moeda que está
nhor não regulava bem da cabeça, mas agora estou vendo que não está no homem é servir a Deus, é glorificar a Deus, pois foi com essa finali-
mesmo; que não é só o que eu pensei". "Não. Não. O senhor está enga- dade que Deus fez o homem, fez o ser humano, fê-lo para servir o pró-
nado, porque eu chupei a laranja e sei que ela estava doce. O senhor prio Deus.
náo chupou e não sabe. Religião é assim. Eu sou cristão. Eu era um be- Lembro-me que Pierre Van Paassen, escritor holandês, (chegou ao
berrão, era um viciado, não valia nada, até no dia em que me encontrei ministério e depois deixou o ministério sagrado), conta que visitou
com Cristo e me converti. Nesse dia a minha vida mudou completa- uma aldeia francesa, onde ficou algum tempo. Havia ali dois tipos de
mente. Por isso eu sei que gosto tem a religião: é doce. O senhor não sa- rua. Uma mulher que se prostituíra, se corrompera, andava pela rua
be; o senhor nunca experimentou; como pode dizer que religião é boa ou aos pontapés, vítima da caçoada dos moleques, como também o seu ir-
má se o senhor não sabe, se não experimentou ainda?" mão, doente da mesma forma. Um dia, esses dois se atiraram no rio e
Estava encerrada a conferência para aquele orador, porque esse era morreram. Os corpos foram recuperados e o padre da aldeia mandou
um argumento tremendo, irrespondível: o argumento da própria expe- levá-los para a igreja matriz, dizendo: "O enterro vai sair da matriz",
riência do coração, da alma de um ser humano. O comércio fechou as portas. Todo mundo correu para a igreja matriz,
Meu .caro irmão, o valor do homem, do ser humano, o valor dessa para assistir o enterro daqueles corpos dos dois infelizes. Nunca al-
moeda que é recuperada pela graça de Cristo, pelo poder de Deus, o lítiem havia ligado para aqueles dois pobres; nunca haviam dado so-
valor dessa moeda é enorme. corro àqueles infelizes, mas agora o padre dava atenção e eles também
Uma vez o príncipe de Gales, viajando, recebeu um obséquio qual- dando atenção. Na hora em que começou o ofício fúnebre, o
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padre começou assim: "Meus irmãos, qualquer dia desses, nós todos estava na sonagoga, pregando o evangelho de Nosso Senhor e Salvador
vamos comparecer diante do tribunal de Deus, os senhores, as senho- Jesus Cristo,
ras e eu também. E quando me defrontar com o meu Senhor, o Senhor Essa é a nossa tarefa. Essa é a nossa missão. É esse o espírito que
da Vida, ele vai me perguntar: "Cura, onde estão as suas ovelhas?" nos coloca diante da multidão com Cristo, desse povo do Brasil sem a
Vou ficar quieto. Não vou dizer coisa alguma. Mas o Senhor vai insis- salvação, a fim de que também o Brasil dê a Deus o que é de Deus.
tir e vai dizer: "Padre Cura, onde estão as suas ovelhas?" Ainda vou fi- Amém.
car quieto, não vou responder coisa alguma. Mas Deus vai insistir e vai (Mensagem proferida pelo pastor Amantino Adorno Vassão, por
perguntar pela terceira vez: "Cura, onde estão suas ovelhas?" Eu vou ocasião da Cruzada Euangelística Billy Graham, na Escola de Evange-
dizer: "Senhor, não eram ovelhas, Senhor, eram lobos". lismo, em outubro de 1974).
Meus irmãos, essa é a minha preocupação nesse instante, é a preo-
cupação de todo pregador do evangelho. É que o mundo está cheio de
lobos. Há ovelhas por aí esperando socorro, esperando auxílio, e os lo-
bos estão antes preocupados em devorar as ovelhas do que em socorrê-
las e salvá-ias. De modo que as moedas de Deus estão por aí inflacio-
nadas, perdidas, e nós temos que marchar nessa díreção e buscá-las
para servirem a Deus, para se colocarem aos pés de Deus, para serem
úteis à graça divina.
Ao terminar, lembro de Paulo em Atenas. Se numa das viagens
pelo mundo, nos aviões que transportam muita gente, o avião descesse
em Atenas e desse um aviso no aeroporto: "Senhores passageiros, esse
avião vai ficar detido em Atenas por quatro dias para reparos. Os se-
nhores vão para os hotéis tais e tais, esperando para depois prosseguir
o voo", o que os irmãos fariam nesses quatro dias em Atenas? Talvez
fossem visitar a colina de Marte, o Partenon; talvez fossem passear em
outras partes da cidade para ver o mar, as ilhas; talvez fossem rebus-
car naquelas pedras um pouco da história da Grécia Antiga; talvez re-
ver naquelas estátuas magníficas que estão por lá ainda as mãos de
Fídias; ou então ir para a praça pública e lembrar de um Sócrates, de
um Platão falando ali. Paulo teve que esperar, pelo menos quatro dias
em Atenas, seus companheiros de Jornada. Ele foi primeiro à sinagoga
onde pregou aos judeus e a alguns gentios piedosos. Dali desceu á pra-
ça e falou ao povo, discutindo com os estóicos e com os epicureus. De-
pois subiu até à colina de Marte, ao Areópago para falar com a inteli-
gência, com a cultura grega, para falar com a grande sabedoria da Gré-
cia daqueles dias, para discutir com eles sobre a realidade do cristia-
nismo, pregando o evangelho de Nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo
àquela gente, criando oportunidade, usando-a, valendo-se dela no ins-
tante em que apareceu. Paulo não perdeu aquela oportunidade.
Imagine o nosso Paulo, o apóstolo do cristianismo, esse pregador
dos gentios, em Atenas, em vez de passear, em vez de ir a um lugar
para dormir e descansar, lá estava na praça, lá estava no Areópago, lá
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