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Poéticas do centramento

e do descentramento
SANT’ANNA, Affonso Romano de.
Literatura Brasileira IV - Pré-Modernismo e Modernismo
Fichamento realizado por Bárbara Braz

➭ Prefácio Interessantíssimo (1922), de


Mário de Andrade;
1. Analisar aspectos linguísticos dos ⤷ “[...] a saída pelo lúdico e pela ironia revela
dez primeiros anos do Modernismo; a ausência de um solo estável onde a poesia
2. Critérios históricos, estilísticos e moderna pudesse se desenvolver.” (p. 57)
espaço-temporais: secundários. ⤷ O desvairismo: poesia e prosa; zomba dos
dois formatos literários; soneto dentro da
prosa em forma de versos; revela procura e
1. A linguagem moderna é a tentativa insatisfação.
de preenchimento do vazio; ⤷ “O que é relevante nesse texto de Mário é
2. Linguagem heterogênea (mimese, o seu caos criador. E a volta para o problema
paráfrase e paródia); da literatura enquanto escrita.” (p. 58)
3. Poética do centramento e a do ⤷ “Toda perfeição em arte significa
descentramento. destruição.” (p. 58)
4. “O estudo da natureza daquelas três
linguagens e dessas poéticas só se
➭ Paulicéia Desvairada (1922), de Mário de
efetiva quando se consulta a
Andrade;
natureza mesma do Modernismo
⤷ Linguagem: artificial e rebuscada;
como evento ideológico de que a
propiciadora para novos caminhos a serem
arte faz parte.”
seguidos (ou não);

➭ Pau-Brasil (1924): “[...] essa busca de um


“O modernismo como movimento homogêneo modus próprio de expressão se confunde
é uma ilusão histórica” (p. 55) com a necessidade de criação de um novo
⤷ “[...] autores aglutinados em torno de público e instauração de outra realidade
certas datas falando idiomas literalmente histórica e social.” (p. 57)
divergentes.” (p. 56) ⤷ Comunismo: manifestos de Oswald de
Andrade: dilaceramentos entre boêmia e
revolução;
⤷ Integralismo: Plínio Salgado: grupo Anta;
1. A demanda da linguagem ⤷ Udenismo: A Revista: governo forte;
➭ Ruptura: simbolismo e parnasianismo;
experiências vanguardistas européias. (p. 2. A “República” e a linguagem
57) ➭ Platão: “[...] desprestigiar o poeta imitador
➭ Modernismo: revolução de 1930 vs para depois recuperá-lo a seu modo.” (p. 58)
Parnasianismo: República Velha. ⤷ a) expulsar o poeta imitador (reproduz a
aparência das coisas) por não ser capaz de
produzir objetos úteis; não é considerado ➭ “Essas três linguagens (e seus
sequer um artesão; desdobramentos internos) constituem o solo
⤷ b) a poesia pode ser danosa ao espírito: primeiro do Modernismo. Através delas
“[...] o poeta imitativo implanta um regime procurou se aterrar o vazio descoberto entre
perverso na alma de cada um, as duas ordens de linguagem - a interna,
condescendendo com o elemento irracional composta pela tradição e que tinha como
que nela existe (...) criando aparências representantes próximos os parnasianos e
inteiramente desligadas da verdade (...).” (p. simbolistas remanescentes do século XIX, e a
58) outra, a externa, representada pelas
⤷ c) elaborar poesia útil e condizente com os correntes de vanguarda européia do
ideais institucionalizados faz com que o princípio do século onde sobressaíam o
poeta seja aceito na República. Futurismo e o Dadaísmo.” (p. 61)

➭ Platão e a problemática da mimese: 3. Poéticas do centramento


⤷ Poesia imitativa não tem valor; ➭ Mimese consciente:
⤷Considera-se perigoso o poeta que ⤷ “[...] recontar lendas e transcrever a
reverbera a sua linguagem interior; tradição oral para a escrita.” (p. 62);
⤷ O poeta pode ser aproveitado de forma ⤷Português falado;
ideológica. ⤷Mimese exterior: inconsciente individual
para inconsciente nacional;
Em Platão, portanto, a mimese assume ⤷Linguagem - mimese exterior: léxico mítico
caráter de complexidade, porque não é compartilha com a ideologia;
exatamente da mimese que ele fala. [...]. ⤥ “Bem tênue é a linha que separa a
Ou seja: a arte só é reconhecida como tal realidade da ideologia.” (p. 65).
quando se centra na ideologia da
comunidade.” (p. 59) ➭ Paráfrase:
⤷ Reprodução da linguagem escrita e
➭ Mimese: ideológica;
⤷ Reprodução, por meio da linguagem, da ⤷ Paráfrase literária: intertextos para a
realidade; continuação da linguagem ou do estilo de um
⤷ Simetria; autor;
⤷ Mimese exterior e consciente; ⤷ Paráfrase social: linguagem antiga +
⤥ desprezada por Platão; ideologia;
⤷ Mimese interior e inconsciente; ⤷ “É neste segundo tipo que se dá a
⤥ condenada, por Platão, porque colide passagem da mimese consciente para a
com a lei e com o consciente. ideologia e onde o poeta se empenha em
alongar uma linguagem velha dentro de
➭ Paráfrase: moldes míticos condicionados pelas leis da
⤷ Utiliza dos textos anteriores para criar comunidade.” (p. 66)
uma continuidade;
⤷ Não esconde a produção a que se Observação
referencia;
“[...]. Na paráfrase os documentos são
transcritos, na paródia são revertidos
➭ Paródia: criticamente. A técnica da paráfrase é a do
⤷ “Opera uma inversão e um deslocamento. endosso e da adesão; a da paródia é a da
Retoma a linguagem antiga, mas de maneira apropriação com sentido modificado. Na
assimétrica e invertida, denunciando a paráfrase o poeta é que é apropriado pela
ideologia aí subjacente.” (p. 60) ideologia, ele pensa ser um emissor quando,
na verdade, é apenas um transmissor. Ele é
pensado por uma linguagem que o
ultrapassa.” (p. 69);
4. Poéticas do descentramento propostas, para se desenvolver segundo as
➭ Paródia: potencialidades de cada poeta.” (p. 78).
⤷ Efeito de estranhamento com a mudança
de sentido de uma palavra;
⤷ Oswald e Mário de Andrade;
⤥ Autor (quase) exclusivamente
parodístico;
⤷ Alguns poetas modernistas, mesmo com a
paródia, retornaram à paráfrase
⤥ tradição alongada
⤷ É considerada um solo comum a todos os
modernistas;
⤷ Não se aprisiona na “linguagem velha” (p.
72).

➭ Mimese inconsciente:
⤷ Encontrada em Platão;
⤷ “A face que reflete o inconsciente do poeta
é a que ameaça a República, por isto o
filósofo assumindo a função de legislador e
guardião da cidade recomenda só a outra
face voltada para a realidade cotidiana e
histórica que compõe a ideologia.” (p. 72);
⤷Murilo Mendes: poeta do descentramento;
⤥ “Não me inscrevo em nenhuma
teoria,/ estou no ar” e acentua que não está
nem de um lado nem do outro, mas é um
elemento “sempre em transformação.” (p.
74);
⤥ “A ideia do centramento e do
descentramento é tratada diretamente:
“Não se trata de ilusão, queixa ou lamento/
trata-se de substituir o lado pelo centro (...)
Não se trata de ser ou não/ Trata-se de ser
e não ser”. (p. 75).

➭ “[...] a mimese, a paráfrase e a paródia


foram os elementos constitutivos do solo
linguístico do Modernismo [...].” (p. 77);

➭ “É a partir daí que se explica a


semelhança entre os primeiros poemas de
Murilo, Drummond, Oswald e, em menor
escala, Bandeira e Mário. Mas a partir da
marca original eles tomaram rumo diverso.
[...]. A pouco e pouco se observa que a poesia
modernista tende a se afastar daquelas

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