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O cantor Ayrton Montarroyos dedicou-se, ao longo do último um ano e meio, a lives e web-
séries em diferentes plataformas sobre música brasileira. Cantou João Gilberto, abordou a
tropicália, o brega e o forró, e falou de Dorival Caymmi e Luiz Gonzaga, além da história da
música nordestina, entre outros temas. “Foi uma necessidade de sobrevivência”, diz Ayrton.
No final de 2019, o artista pernambucano, como muitos colegas, já tinha uma agenda de
shows para o ano seguinte programada, mas precisou cancelar por conta da pandemia e da
crise sanitária no Brasil. "A gente uniu o útil ao agradável, que é o meu conhecimento sobre
compositores. Não sou pesquisador, mas sou amante da música brasileira, desde cedo estou
em contato com isso”, fala o cantor sobre o seu projeto das lives musicais.
Em 2021, o cantor lançou Sorriso Negro: O Samba de Ivone Lara, no primeiro semestre, e
recentemente colocou no mundo o disco Lupicínio Rodrigues, Entre Dores e Amores,
ambos pela gravadora Biscoito Fino. O primeiro, como os títulos indicam, uma homenagem
à grande compositora e sambista carioca Dona Ivone Lara e o segundo interpretando o
compositor gaúcho Lupicínio Rodrigues. A concepção e direção é de Thiago Marques.
Clássicos
Ayrton conta que o seu primeiro contato com Lupicínio se deu a partir do trabalho da
cantora Dalva de Oliveira. “Ouvia Há um Deus na voz dela e não sabia que era do
Lupicínio. Ao passo que fui crescendo e me interessando mais por música, fui me
interessando mais porque todo aquele dramalhão dele parece muito comigo, com a forma
como eu amo e sofro de amor, aquela coisa toda. E as melodias são muito bonitas”, afirma.
“Nunca não era uma música conhecida, e queria cantar, mas tinha uma insegurança das
pessoas ao meu redor. E tive a maior votação da história do programa para aquele estágio
das apresentações ao vivo. Foi um sinal”, narra, complementando que a sinceridade, a
sensibilidade estética e a profundidade de Lupicínio ao tratar dos assuntos de amor são
alguns dos aspectos que mais admira no trabalho do compositor gaúcho.
“Não é à toa que todos os grandes intérpretes gravaram esse cara”, afirma, listando Linda
Batista, Jamelão, Cauby Peixoto, Angela Maria, Maria Bethânia, Dalva de Oliveira, Renato
Braz e Zizi Possi como grandes artistas intérpretes que gravaram Lupicínio Rodrigues.
Caetaneando
O cantor pernambucano vai lançar ainda este mês, no dia 31, o disco Caetano Além do
“Transa”, também pela Biscoito Fino. Ele celebra, acompanhado pelo violão de João
Camarero, o artista baiano em músicas como Não identificado, Nú com a Minha Música,
Trem das Cores, O Homem Velho e Onde o Rio é mais Baiano.
“O Caetano Veloso tem uma importância imensa na minha vida. E tenho uma gratidão.
Força Estranha é uma música que cantei desde a adolescência. E escolhi as coisas que achei
que seriam interessantes. Cantei também Clarice, Trem das Cores, que ele fez para Sônia
Braga. São músicas que são poucas cantadas. E a maior parte dessas eu conhecia, mas não
sabia cantar. Tive que estudar as letras”, conta.
O título é uma provocação, segundo Ayrton, quase uma piada interna, a quem se refere ao
Transa como "o melhor" ou "o grande disco" de Caetano Veloso.
“Às vezes as pessoas falam das coisas como se o assunto estivesse acabado ali. Isso
acontece com o Transa, mas também com o A Mulher do Fim do Mundo, da Elza Soares.
Parece que a pessoa só fez aquilo na vida. E o Transa não é um álbum formador para mim.
Mas talvez o que eu menos gosto do Caetano seja uma das coisas mais bonitas já feitas no
Brasil. O Caetano é tão bom que a gente tem esse luxo”, diz.