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Eterno Raul / Ainda mais vivo

Na semana dos 33 anos de sua partida, Raul Seixas terá uma grande homenagem. A Sala Principal
do Teatro Castro Alves torna-se o “jardim da presença” de Raul no show do cantor e compositor
Marcos Clement, que vai acontecer hoje, às 20:00, em homenagem ao artista. O espetáculo terá a
participação de quatro convidados, o cantor Adelmo Casé, a cantora, compositora e multi-
instrumentista Thathi, o cantor e compositor Wilson Aragão, que é parceiro de Raul Seixas, e a
cantora, compositora e atriz Maira Lins.

“Vai ser muito especial. Raul é conterrâneo nosso, baiano, soteropolitano e merece toda reverência
por ser o artista que foi, pelo legado musical que deixou. A gente vai fazer uma festa à altura, por
isso escolhemos a Sala Principal do Teatro Castro Alves”, diz Clement, que fundou a banda
Arapuca, de Tributo a Raul, e é um dos principais intérpretes, com inúmeros shows, turnês e
projetos dedicados ao roqueiro baiano.

O repertório do show Marcos Clement Canta Raul Seixas vai passar por diferentes fases e discos de
Raul. Canções como Gita, Ouro de Tolo, e Metamorfose Ambulante, entre outros clássicos, não vão
faltar no espetáculo, que também vai percorrer músicas mais do lado B da sua discografia.

“A gente vai trazer essas que não podem faltar e um outro lado de Raul, menos conhecido. E a
gente vai fazer um samba de Raul”, conta o músico e também fã, referindo-se à música Aos trancos
e barrancos, gravada no disco Sociedade da Grã Ordem Kavernista apresenta Sessão das Dez
(1971), de Raul com Sérgio Sampaio, Edy Star e Miriam Batucada.

Do primeiro compacto de Raul Seixas, Krig-ha, Bandolo! (1973), o lado a estará presente com Ouro
de Tolo, o primeiro grande sucesso do músico e que o projetou Brasil afora, e também A hora do
trem passar. “Esta é uma canção que pouca gente conhece. Vamos trazer também essas músicas
menos conhecidas e contar histórias sobre a vida e as músicas de Raul, além de algumas
curiosidades”.

Jardim da presença

O cenário do show será composto de uma grande imagem de Raul Seixas em um jardim, trazendo
para perto a figura do músico na homenagem. “Vai ser muito bonito porque a gente vai trazer Raul
para o palco e ter a sua presença. Ele está enterrado no cemitério Jardim da Saudade, junto com os
pais, aqui em Salvador, e a gente vai montar no palco um jardim da presença para trazer a magia da
presença do Raul nesse show”, fala Clement.

Para o músico, esses 33 anos significam que Raul está ainda mais vivo e que continua atravessando
as gerações, como sempre foi uma característica do seu trabalho. “A juventude consegue navegar,
ainda mais hoje com internet, e ter muito acesso a tudo. E eu percebo muitos jovens, na faixa etária
de 20 anos, buscando ainda mais saber de Raul, que vão no show e cantam junto com a gente. E
crianças também, que vão com os pais, cantam, dançam e participam. E algumas pessoas da geração
de Raul ficam muito emocionadas nos shows”.

Assim como muitos fãs, Marcos Clement escutava Raul desde a infância. Na adolescência, quando
começou a tocar violão, o seu repertório era basicamente um conjunto de canções do músico
baiano. “Depois resolvi montar uma banda só de tributo a Raul, que foi a Arapuca. E o próprio
nome é inspirado em uma música de Raul que fala ‘a arapuca está armada e não adianta de fora
protestar’. E desde 2004, quando ela foi fundada, eu venho fazendo esse trabalho de tributo”.

Participações

A banda que vai acompanhar Marcos Clement no show é formada por Cesário Leone (contrabaixo),
Lorena Martins (bateria), Zito Moura (teclado), Bruno Michel (guitarra), Lycia Pestana (voz) e
Djara Mahim (voz). “Estou muito feliz de fazer esse show com esse time, de amigos queridos e
músicos de grande competência. A gente não está chegando para brincadeira”, fala Clement, já na
expectativa do espetáculo.

Para as participações especiais, o critério foi pessoal, mas também pensando nas conexões já
existentes e futuras com a obra de Raul Seixas. O cantor e compositor Wilson Aragão, além de
amigo de Clement, foi parceiro do roqueiro baiano na música Capim Guiné. “São todos artistas
baianos. Wilson é parceiro e vai contar histórias de Raul junto comigo”.

As convidadas Maria Lins e Thathi, e Adelmo Casé têm diferentes relações com Clement e a
própria obra de Raul Seixas. A ideia, segundo Clement, é atrair a diversidade que já é própria do
público do eterno maluco beleza e tornar o palco um grande encontro em homenagem ao artista.

“Maira Lins é conhecida pelo seu trabalho com samba, então a gente convidou ela para cantar o
samba do Raul com a gente. É uma amiga de longa data. O Adelmo é uma figura bem conhecida,
com Negra Cor, e a gente trouxe ele até para agregar os públicos. Raul não é um artista de nicho,
tem uma grande abrangência. Ele vai tocar gaita. E Thathi já cantou comigo no tributo a Raul, já
passeia por esse universo, tem uma pegada rock and roll. Vai ser uma grande festa”.