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A dança invisível: sugestões para tratar da performance nos meios auditivos -

Danilo Fraga Dantas

- A perf. é parte essencial da canção popular: não se pode pensá-la sem a dança,
a voz, os gestos. (ps.55 e 56)
- Uma análise textual, semiótica, como a proposta por Tatit (1997), não dá conta
das especificidades do fenômeno canção midiática. (p.56)
- Ao explicar que vai apresentar indicações para a análise do fenômeno nos
produtos da indústria fonográfica, Dantas afirma que vai dar maior importância à
voz e a ligação estreita entre perf. e gênero musical (p.56).
- Zumthor (1997, p.33): perf. seria “a ação complexa pela qual a mensagem
poética é simultaneamente, aqui e agora, transmitida e percebida”. (p.56)
- O termo não diz respeito somente à apresentação, mas também à ação do
público na escuta, como um jogo, um ato comunicativo (construção teórica
próxima às teses da Estética da Recepção), dando-lhe tactilidade. (ps.56 e 57)
- Frith (1996. p.211): ouvimos tanto a canção quanto a perf.. (p.57)
- O autor defende que, ao invés de ampliar o conceito de perf., é mais útil para o
estudo da canção popular na com. restringí-lo, a começar por seu objeto. (p.57)
- Entre os três níveis de perf. definidos por Zumthor, Dantas destaca o terceiro: a
performance midiatizada - o principal objeto de análise. (p.58).
- Esse nível é caracterizado pela falta de um ou mais elementos na mediação
(visão, o olfato e o paladar no meios auditivos). Reduz a distância entre perf. e
leitura - conserva traços da execução, mas tem a presença-ausência. (p.58).
- A perf. na canção midiática diz respeito aos vestígios da apresentação inscritos
na obra e aos mecanismos de reconhecimentos desses elementos. (p.58)
- Desde a origem ligada aos mecanismos de gravação, a canção popular é
performática. Com os meios auditivos e audiovisuais foi dada “a possibilidade de
replicar, modificar, guardar os eventos sonoros” (Valente, 2003, p.32). (p.58)
- Frith (1996, p.227): delimita três estágios da relação entre música e técnica - em
cada fase o ouvinte performatiza a música: folk (guardada no corpo, só poderia
ser executada em performance - canções folclóricas), artístico (guardada através
da notação musical) e pop (guardada tecnologicamente). (p.59)
- No terceiro estágio, de interesse deste trabalho, a música quebra as barreiras
espaço-temporais, com o registro do execução (Frith, 1996, p.227).
- A modificação e a criação de espaços para a perf. da canção, que designa um
deslocamento espaço-temporal entre o som original e sua reprodução ou
audição, é chamado por Schafer (2001) de esquizofonia. (p.59)
- Os meios auditivos e audiovisuais modificam, porém não extinguem a perf. - não
tocam na sua natureza própria (Zumthor, 2000, p.60).
- Frith e Zumthor defendem que existe uma performance própria dos meios de
comunicação de massa, na qual grande parte da concretização é trabalho do
ouvinte. Na própria gravação, há uma gestualidade própria que denuncia a
presença de um corpo - a perf. (sexo, pulsações, sentimentos). E o momento da
audição é performático (p. 60)
- As experiências do ouvinte dão elementos para o reconhecimento desses traços
- é na ação do público que a perf. emerge. (p. 60)
- Cabe ao analista, por um lado identificar quais são os elementos de perf.
presentes na gravação e, de outro, demonstrar quais possibilitam ao ouvinte
performatizar a canção - na primeira categoria destacamos o papel da (voz) e na
segunda o das regras de gênero. (p.61)
- Elementos de análise: discutir um modo de analisar a perf. de uma canção
materializada em uma gravação. (p.61) - Quais elementos demarcam a
comunicação da performance, que é, antes de tudo, um ato comunicativo?
- No campo dos traços da perf. inscritos na canção, o autor destaca a voz (“detém
a chave do prazer na música pop” (Frith, 1996, p. 201), e nos elementos que
influem na perf. do ouvinte, a relação da perf. com os gêneros musicais. (p.62)
- Frith: quatro maneiras de tratar a voz (características básicas): instrumento
musical (timbre, volume, emissão - cada gênero tem um uso da voz -, o som e
sua relação com as palavras), corpo (idade, etnia, classe social, raça -
“imaginamos sua produção física” (Frith, 1996, p.196) - e dor, desejo, medo,
“articulação inarticulada” (Frith, 1996, p.192), como uma pessoa (a vida de
alguém, imagem construída) e como um personagem (interpretação). O terceiro
não traz muitas contribuições, exceto no sentido destacado. (ps. 62,63, 64 e 65)
- Zumthor (2000, p.97): “a voz é o lugar simbólico por excelência”. (p.63)
- Valente (2003, p.101): um determinado som gravado inspira determinada
atmosfera, que nos remete a um tempo e espaço e, consequentemente, a uma
perf. (p.65)
- Relação entre performance e gênero musical. Diferentes gêneros, diferentes tipo
de relação entre performer e a audiência, performer e canção e performer e
performer (Frith, 1996, p.224). (p.65)
- É na relação com os diversos gêneros que a performance se caracteriza.
Convenções dos gêneros. (p.65)
- A performance segue regras formais do gênero. E o gênero mantém estreita
relação com a performance. (p.66)

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