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voz
|ó|
nome feminino
1. Som produzido na laringe, pelo ar que sai dos pulmões
e da boca.
"voz", in Dicionário Priberam da Língua Portuguesa [em linha], 2008-
2023, https://dicionario.priberam.org/voz.
Descrição
A voz falada é aquela utilizada normalmente no dia a dia e que segue o funcionamento natural de
cada indivíduo. É composta de respiração regular, pausas, entonação e articulação específicas para
o padrão da voz falada.
Já a voz cantada é aquela produzida no momento do canto e costuma demandar mais treino vocal
do indivíduo, desde a respiração, fonação, ressonância, projeção da voz, articulação dos sons,
pausas, ritmo e até mesmo postura.
Portanto, todo cantor precisa fazer um acompanhamento fonoaudiológico para adequar cada um
desses aspectos e, além disso, para prevenir o possível aparecimento de disfonias e patologias
vocais futuramente.
ADRIANA RIBEIRO DE ALMEIDA
ARTIGO ORIGINAL
RESUMO
O presente artigo trata do uso da música, do som, dos efeitos sonoros na construção
cênica, destacando a importância da composição sonora para criar climas,
sensações e envolver o espectador na narrativa, mesmo quando não contém uma
linguagem verbalizada em sua totalidade.
O artigo ainda discutirá o papel da música na criação de imagens a partir dos sons, a
relação dos atores com os sons, tanto vocalizados, quanto os efeitos sonoros.
INTRODUÇÃO
Neste caso, entender mais sobre a importância da música e seus benefícios na cena
teatral, tornou-se campo de pesquisa do ator/diretor Matheus Menezes, para o
desenvolvimento de sua obra “Prosódia Bastiana ou traçados silenciosos de uma fé
chorosa”. Cuja proposta permeia a relação entre a memória e dramaturgia, levando o
espectador a experimentar sons de uma narrativa, onde a linguagem verbal apenas
pontua a finalização do espetáculo.
O desafio para Matheus Menezes fora o de construir a cena, sem o texto dito
verbalizado. Os dois atores em cena, criam o dialogo sem a palavra verbalizada e
sim a partir da comunicação corporal e musical, permitindo que, os atores criassem
uma comunicação singela com sons do cotidiano de suas rotinas e permitissem ao
espectador uma atmosfera verbal silenciosa, porém rica de significados sonoros, o
dialogo dito sem som da palavra.
Para Menezes, a maneira como os diversos sons podem ser produzidos, incluindo
músicas – trilha – e sons não convencionais, interferem diretamente na recepção de
uma obra, é algo que aguçava a curiosidade para esta relação entre a musica e a
cena, assim como o corpo e a cena, o espaço e a cena, tudo se relaciona de infinitas
maneiras (MENEZES, Matheus – Guaranésia; 2018). O que permitiu ao ator/diretor e
autor a diversidade sonora em sua obra. Quando se inicia os estudos em
dramaturgia sonora, percebe-se a que para os estudos da ‘musica em cena’
encontra-se, na maioria dos casos, um crescente estudo sobre as diversas maneiras,
os meios de se construir uma obra teatral, utilizando a musica como um dos recursos
estruturante.
Na obra de Matheus Menezes, constata-se uma opção por trabalhar com processos
que são muitas vezes implícitos na atuação, como pontuação dos gestos em cena,
pausas criadas para enfatizar uma ação, a leveza no olhar facial, o corpo no lugar na
palavra dita, (etc.) possibilitando a criação de uma atmosfera com recursos sonoros
cotidianos, ampliando as imagens cênicas do espectador, permitindo que este possa
familiarizar-se com a cena ou criar novas realidades. Para Fernandino a musica
como recurso da cena é um dos meios mais ricos de troca com o expectador,
quando propõe um encontro entre o silêncio dilatado e corpo falante.
Ouvir, reproduzir, produzir, criar musica, sons é uma atividade cuja origem se perde-
se no tempo. Faz parte não apenas da vida cultural, mas principalmente de aspectos
emocionas de cada individuo. Neste caso como construir a dramaturgia sonora de
uma obra, cujo texto ou roteiro já esta criado, como narrar estas memórias escritas?
Menezes, conta que antes mesmo de pensar na trilha, na vestimenta, na luz (…) ele
pensou na história narrada. E como contar algo de sua própria história que fosse
sensível aos olhos e ouvidos do espectador.
Matheus Menezes, nascido na Bahia, na cidade de Jequié, que traz como tema de
sua obra, sua própria história de vida e trajetórias. Decide mudar-se de Jequié, para
estudar na cidade de Salvador. Para tal, Menezes, precisava deixar somente nas
memórias sua vida em Jequié e agarra-se ao sonho dos grandes centros. Chegando
a Salvador inicia os estudos na tão almejada graduação em Artes Cênicas na UFBA
(Universidade Federal da Bahia). Menezes é ator, diretor, dramaturgo, performer e
mediador cultural, atualmente licenciando em teatro pela UFBA. Enquanto mediador
trabalhou em 2017 nos festivais FILTE, FIAC, FESTAC e em 2018 no Festival Petiz.
Os estudos continuaram, mas o desejo de compartilhar as memórias era um fato
latente. Os primeiros passos vieram através da escrita e dos estudos dentro da
graduação, criando um texto, uma pesquisa, um trabalho de dramaturgia para suas
memórias, dessa forma, Menezes foi aos poucos organizando suas ideias,
memórias, emoções, pela escrita. Aos poucos o que parecia distante, toma forma no
papel.
Uma leitura realizada da forma escrita começa a traçar a mente criativa do ator e
autor. Mas somente a leitura, parecia um pouco limitador ao universo narrativo de
suas memórias. O texto/roteiro continham falas sobre o trabalho e a sobrevivência, a
solidão e a solitude, o amor que se constrói no meio a prédios e danos, através da
visão estética e afetiva de quem vive o êxodo de seu interior para a capital. Linhas
escritas e memórias revividas do autor, este fora o primeiro passo.
Porém, assim como a escrita, a leitura passa por uma decodificação, porque é um
processo de (re)atribuição de sentidos, mesmo quando escrevemos, ou lemos,
automaticamente podemos (re)atribuir um sentido novo, ou imprimir uma sensação
nova, ou própria daquele momento, então, a necessidade de um cuidado ao retratar
suas memórias e trajetórias, ou seja, para Menezes, ainda faltava algo, para
construir uma dramaturgia sensível, que levasse o espectador a criar suas imagens
à partir de suas próprias vivências, mas também permitir que o espectador ouvisse
suas memórias e pudesse recriar suas próprias sensações.
A construção de sentidos, seja pela fala, pela escrita ou pela leitura está diretamente
relacionada às atividades discursivas e as práticas sociais, as quais, o individuo têm
acesso ao longo de seu processo de socialização. O trabalho com a leitura
geralmente adquire caráter sócio-histórico do dialogo e a linguagem verbal que tende
a preencher um fator de representação social. Mas ainda assim para a completude
da obra teatralizada, parecia pouco significativo para o autor, ele almejava mais,
queria mais sensações em suas descrições, a cada escrita, a cada leitura uma
(re)atribuição de sentidos, isso tornava o trabalho mais difícil.
Assim, o teatro, a música, a plástica vão adquirindo cada vez mais espaço na
composição final, deixando e fazendo com que o autor se distribuísse nos papéis de
ator, encenador e escritor.
Lívio Tragtenberg, (1999) acredita, ‘que o compositor deve possuir sempre a sua
própria impressão e concepção de trabalho musical a ser desenvolvido numa
encenação’. Para Menezes era claro as marcas da própria impressão na construção
de sua obra teatral, o desafio estava em como realiza-la de maneira, tocante e
afetiva, de maneira que não precisasse de uma comunicação propriamente dita
verbal, que através de um som, de uma musica o espectador fosse atravessado por
afetividades sonoras e construísse suas imagens. Ao apresentar a obra, os atores se
tornarão mediadores desta narrativa, permitindo que o espectador tenha suas
próprias vivencias e possa construir tanto suas imagens partindo de seus afetos
pessoais, quanto serem tocados pelos afetos oferecidos pelos atores.
(…) todo trabalho sonoro de uma encenação deve ser construído sob uma
concepção(…) Portando, a composição sonora dever ser concebida e tratada como
um todo, reforçando a unidade de encenação (mesmo que essa unidade se expresse
como fragmentariedade e montagem). (TRAGTENBERG, Lívio, 1999, pág. 45)
Para melhor ilustrar este momento, citar-se-á neste uma das passagens no
espetáculo, em dois distintos momentos fantásticos (deixando claro que existem
outros): O ator sutilmente, mergulhado na dilatação do silêncio, atravessa a cena,
onde se ouve apenas o tilintar dos sapatos durante toda a travessia entre lugar de
encenação e espectador, o espectador levado ao silêncio dilatado em todo espaço,
se torna observante fiel de cada detalhe narrado; a personagem em seguida ao
adentrar o espaço cênico, pega uma sombrinha, como se observasse o tempo, olha
de um lado ao outro, com gestos pontuais e enfatizados pelo contorno do corpo e o
figurino, o mesmo esta a espera de alguma coisa, e aos pouco vai ficando claro para
o espectador que ele começa a sentir pequenas gotas de chuva, a personagem
estava a espera de uma chuva; mas como reproduzir, o momento da chuva sem
recursos mecânicos?
Neste ponto o espectador, imerso, é levado pelo estado corpóreo do ator em sintonia
com a personagem, cujos movimentos de sentir os pingos da chuva eram tão reais e
poéticos, que a chuva já estava estabelecida, porém, Menezes, vai além e para
surpresa do espectador, sutilmente, com gestos detalhados, a personagem/interprete
abre a sombrinha, meio gasta, velha, azul e começa a cair da sombrinha aos poucos
caroços de arroz, que ao bater no chão emitem o som mais sensível e forte ao
mesmo tempo das chuvas de verão; a musica vindo da sombrinha era tocante, o
som da chuva no final da tarde, com entardecer do sol, era uma das imagens claras,
gosto, cheiro, som e forma de memórias estabelecida entre o espaço de encenação,
os efeitos sonoros e o espectador.
Peter Brook declara que o ator, para alcançar uma total clareza de intenções, deve
trabalhar a perfeita harmonia entre pensamento, sentimento e corpo, o que se traduz
por meio de três estados: “vivacidade intelectual, emoção verdadeira, um corpo
equilibrado e disponível” (BROOK, 2002, p.15).
Descrever ou escrever sobre uma memória, pode parecer simples, mas quanto mais
pesquisa sobre seus afetos emocionais, maior é a riqueza da escrita dramatúrgica.
Matheus Menezes, não só atuou como escreveu e construiu a dramaturgia de seu
espetáculo, assinando também parte da direção geral. Porém, para vivacidade de
certos detalhes em sua trajetória, precisou de uma olhar a mais e também de dividir
o palco com mais um artista.
O convite foi feito a um amigo da graduação, tanto para compor a atuação, quanto
para assinar a direção. Sidnaldo Lopes agracia o espetáculo e também assina a
direção geral. Sidnaldo Lopes, amigo da graduação, é ator, produtor e Licenciando
em Teatro pela UFBA, formou-se como ator a partir do XXIX Curso Livre de Teatro
da UFBA. No ano de 2017 fez a produção de espaços no Festival Internacional de
Dança VIVA Dança. Recentemente assumiu a direção de produção do espetáculo
‘’Puta: Filha da que te Pariu’’.
Agora eram, dois pesquisadores, atores, dramaturgos e diretores, traçando a costura
e encenação da obra. Com a chegada de Lopes e a pedido de Menezes, o texto foi
revisado e juntos começaram a dar voz ‘sonora’ a tudo que então estava na escrita.
FIGURAS – As figuras (fotos) acima em destaque foram captadas por atores, que
acompanharam o processo de montagem e realização do espetáculo, nos anos de
2017 e 2018. Atores atuantes na técnica do espetáculo em destaque. Todas as fotos
foram autorizas para publicação.
Vedar um sentido para aguçar o outro, transpor em sons o que a palavra na atingia,
para apresentar as angustias das memórias de um jovem sobre a luta de fazer uma
graduação saindo do interior para a capital, a solidão do silêncio gritado pelo mundo.
Matheus Menezes adiciona toda essas sensações de maneira organizada, para
retratar sua história. Sons organizados no lugar da fala verbal, comunicando toda
esta vivência.
Para Menezes, sua trajetória foi contada e foi contando com as maiores riquezas de
detalhes através dos sons e musicas que compuseram a obra.
FIGURAS – As figuras (fotos) acima em destaque foram captadas pela atriz Danyela
Silvério no momento da apresentação em 2018. Todas as fotos foram autorizas para
publicação.
REFERÊNCIAS
SCHAFER, Murray. Ouvido Pensante. São Paulo/SP: Editora Unesp, Edição 2ª,
2012.
http://www.bibliotecadigital.ufmg.br/dspace/handle/1843/JSSS-7WKJB4; acesso em
dezembro de 2018.
https://wp.ufpel.edu.br/teatro/files/2015/12/TCC.-MONIQUE-CARVALHO.-
Dramaturgia-Sonora; acesso em dezembro de 2018.
http://www.revistarepertorioteatroedanca.tea.ufba.br/11/arq_pdf/
amusicalidadedacena; acesso em dezembro de 2018.
Mestranda em Artes Cênicas pela Universidade Federal de São João DelRei; Pós
[1]
5/5 - (1 vote)
ADRIANA RIBEIRO DE ALMEIDA
Mestranda em Artes Cênicas pela Universidade Federal de São João DelRei; Pós Graduada em
Metodologia do Ensino das Artes - FACINTER; Graduada em Letras, Licenciatura Plena pelo Centro de
Ensino Superior de Juiz de Fora - CES; Graduada em Produção Cênica, pela Faculdade Machado
Sobrinho; Membro da Diretoria da APAC – Associação dos Produtores de Artes Cênicas JF e Membro da
diretoria da FETIMINAS e do Circuito Minas de Teatro do Interior.
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