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Fichamento do capítulo Filosofia, do livro O que é a filosofia?

, de Gilles Deleuze e
Félix Guattari (2016)

1. O que é um conceito?

Para Deleuze e Guattari (2016), o conceito é uma multiplicidade, não tem apenas um
componente e o seu contorno é sempre irregular. A dimensão total possível de um
conceito, para os filósofos, é fragmentária. Todo conceito remete a outro, como outrem
em relação à noção de eu, enquanto também aciona um ou mais problemas – “os
problemas sem os quais não teria sentido” (DELEUZE; GUATTARI, 2016, p. 24).
Além disso, a ordem, a posição, a localização e a hierarquia que um conceito estabelece
com outro também modificam a sua própria natureza.; p. 23 e 24;
Cita exemplo de uma situação em que há a afirmação de que “o mundo é calmo e
repousante”, enquanto aparece o rosto de um sujeito assustado. Esse mundo do sujeito
assustado existe, mas não é real naquele caso anterior. É como o outrem daquela
afirmação, daquele conceito de mundo. É “a existência de um undo possível”.; p. 24;
“Outrem é, antes de mais nada, esta existência de um mundo possível. E este mundo
possível tem também uma realidade própria em si mesmo, enquanto possível: basta que
aquele que exprime fale e diga “tenho medo”, para dar uma realidade ao possível
enquanto tal (mesmo se suas palavras são mentirosas).”; p. 25;
Desenvolve a explicação tomando como exemplo a China, como um mundo possível,
mas realidade para quem fala o idioma chinês ou desde que se fale da China num campo
de experiência dado. Em seguida, argumenta que isso é diferente da China que se realiza
“tornando-se o próprio campo de experiência”.; p. 25;
“Eis, pois, um conceito de outrem que não pressupõe nada além da determinação de um
mundo sensível como condição. Outrem surge neste caso como a expressão de um
possível. Outrem é um mundo possível, tal como existe num rosto que o exprime, e se
efetua numa linguagem que lhe dá uma realidade”; p. 25;
Os possíveis devem existir no mundo real; p. 25;
“Evidentemente todo conceito tem uma história.”; p. 25;
“[...] sempre tem uma história, embora a história se desdobre em zigue-zague, embora
cruze talvez outros problemas ou outros planos diferentes. Num conceito, há, no mais
das vezes, pedaços ou componentes vindos de outros conceitos, que respondiam a
outros problemas e supunham outros planos. Não pode ser diferente, já que cada
conceito opera um novo corte, assume novos contornos, deve ser reativado ou
recortado”; p. 26;
Os interconexões entre os conceitos e a formulação inicial da ideia de constelação:
“um conceito possui um devir” – que diz respeito as suas relações com outros conceitos
no mesmo plano; p. 26;
“Aqui, os conceitos se acomodam uns aos outros, superpõem-se uns aos outros,
coordenam seus contornos, compõem seus respectivos problemas, pertencem à mesma
filosofia, mesmo se têm histórias diferentes. Com efeit, todo conceito [...] bifurcará
sobre outros conceitos, compostos de outra maneira, mas que constituem outras regiões
do mesmo plano, que respondem a problemas conectáveis [...]”; p. 26;
Explica que os problemas que os conceitos colocam pode remanejar, reconfigurar
conceitos precedentes, com os quais relações são estabelecidas. Cria o que chama de
“encruzilhada de problemas”.; p. 26;
O conceito de outrem, já abordado, é uma condição sob a qual se redistribuem o objeto
e o sujeito, a figura e o fundo, as margens e o centro, a referência, o substacial, quer
dizer, o contexto.
“Outrem é sempre percebido como um outro, mas, em seu conceito, ele é a condição de
toda percepção, para os outros como para nós. É a condição sob a qual passamos de um
mundo a outro”.
O conceito (traz novamente o exemplo do outrem) precisa funcionar no campo
perceptivo – ao contrário o possível desaparece; p. 27;
Ao mesmo tempo, outrem, com seus elementos, leva à criação de um outro conceito de
espaço perceptivo, com ouros compoentens, que é condição de possibilidade da sua
existência enquanto conceito; p. 27;
Trata como um problema de natureza de conceito ou conceito de conceito; p. 27;
“Em primeiro lugar, cada conceito remete a outros conceitos, não somente em sua
história, mas em seu devir ou suas conexões presentes. Cada conceito tem componentes
que podem ser, por sua vez, tomados como conceitos (assim Outrem tem o rosto entre
seus comoponentes, mas o Rosto, ele mesmo, será considerado como conceito, tendo
também componentes). Os conceitos vão, pois, ao infinito e, sendo criados, não são
jamais criados do nada. Em segundo lugar, é próprio do conceito tornar os componentes
inseparáveis nele: distintos, heterogêneos e todavia não separáveis, tal é o estatuto dos
componentes, ou o que define a consistência do conceito, sua endoconscistência”: p. 27;

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