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E-Book Redação Por Que Não Mil, 1 Edição
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E-Book Redação Por Que Não Mil, 1 Edição
Download do E-book
Muito obrigado a todos que ajudaram esse projeto a tomar forma e foram
parceiros de alguma forma. Do fundo do meu coração, obrigado mesmo!!
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O Livro pode ser encontrado também nesse link:
https://drive.google.com/drive/folders/1r2vtMNjhDS8lCMk0fZPRbOODm7OIYrK0?usp=sharin
g
2
Apresentação
E aí galerinha; beleza?
Bem, vou me apresentar. Meu nome é Rodrigo Bartz. Sou professor formado
em Letras (com habilitação em Língua Espanhola), fiz mestrado em Letras e no
momento estou cursando doutorado. Sempre tive a vontade de democratizar o
conhecimento, divulgar as provas, os vestibulares e vi essa possibilidade real com o
“surgimento” das redes sociais. Faço isso já no meu Instagram e no Youtube2. Claro,
nada muito profissional, mas feito com carinho, até porque tive que aprender muito
o que eram as redes, como funcionava uma educação digital. Acho, na verdade, que
todos os professores passaram por isso (se ainda não passaram vão passar), adaptar-
se aos novos tempos. Esse livro surge com essa “vibe”, divulgar a Prova do Enem –
que é, para muitos alunos, a única porta de entrada ao ensino superior – e divulgar a
redação, uma área importante e que, geralmente, não é trabalhada, de forma devida,
até mesmo pelo tempo e burocracia, na escola. Esse e-book é pra galera que estuda,
fica revisando horas e horas e tenta encontrar um material com uma linguagem mais
acessível, não como costumo ver na academia, um ótimo material, porém distante
demais da linguagem e entendimento dos alunos.
Nesse e-book3 você vai encontrar o espelho da redação, o texto digitado, as
notas em cada competência e algumas análises – nada aprofundado – somente com
intuito de que possam visualizar melhor como funciona a avaliação da Redação
modelo Enem e entender um pouco mais a nota atribuída a alguns alunos. Além
disso, ao final, você também ganhará um presente: além das análises, alguns
repertórios Bônus que podem ser usados na sua redação. Clicando no link abaixo,
você terá acesso as notas dos participantes por competência, pois queremos, assim,
que o processo seja transparente a todos, sem restar dúvidas.
https://drive.google.com/drive/folders/1u_B3g3kvSOcCgVbivhTnlLp_MlCI0Lr2
?usp=sharing
Esse livro, dessa forma, surge com esse objetivo, divulgar o esforço de vários
alunos, de vários lugares do Rio Grande do Sul e, inclusive, do Brasil. Aqui, não
2
https://www.youtube.com/channel/UCk4DyJF1p4GaDlgC26RhsZw
3
Esse material será distribuído gratuitamente e sob hipótese nenhuma poderá ser revendido, ou, por
ele, cobrado qualquer valor monetário. Caso queiram utilizar essa cartilha, citem os créditos. Ela
ficará disponível online em pdf e, caso achem melhor, pode ser ainda impressa.
3
quero fazer julgamento em relação à nota, quero sim analisar e mostrar que todos
têm seu caminho e nada é melhor que o tempo, o tempo cura tudo: o tempo, só ele.
Assim, surgiu essa ideia, disponibilizar para alunos, professores, curiosos, um
material que agrupasse várias redações para análise – leitura em sala de aula,
tentando entender como funcionam as competências relacionadas à nota de redação
modelo Enem. Esse material foi construído a várias mãos: alunos, principalmente a
Letícia Muller, (que ajudaram a divulgar, digitaram suas redações), ex-alunos e eu.
Espero que gostem e que ele possa ser útil a todos: seja como material didático, seja
como incentivo, seja como exemplo e modelo. É sempre um prazer compartilhar e
realizar esses projetos!! Muito obrigado a todos os alunos que dispuseram seu tempo
para enviar as redações. Obrigadão mesmo! Tmj !!
4
Sumário
Tema de Redação Enem 2020: “O estigma associado às doenças mentais na sociedade
brasileira” .................................................................................................................................... 7
Espelho: Redação Amanda Carvalho dos Santos Leonardi .................................................. 8
Redação digitada......................................................................................................................... 9
Espelho: Ana Luize Peiter ....................................................................................................... 10
Redação digitada....................................................................................................................... 11
Espelho: Redação Andrielly Menger da Silva ...................................................................... 12
Redação digitada....................................................................................................................... 13
Espelho: Redação Bruna Eduarda Hochscheidt ................................................................... 15
Redação digitada....................................................................................................................... 16
Espelho: Redação Danielle de Lima Lindner ....................................................................... 17
Redação digitada....................................................................................................................... 18
Espelho: Redação Eduarda Tomm ......................................................................................... 19
Redação digitada....................................................................................................................... 20
Espelho: Redação Emanuely Schena da Silva ....................................................................... 22
Redação digitada....................................................................................................................... 23
Espelho: Redação Érika Roseli Pereira ................................................................................. 24
Redação digitada....................................................................................................................... 25
Espelho: Redação Isadora Pereira Saul ................................................................................. 26
Redação digitada....................................................................................................................... 27
Espelho: Redação Ísis Peglow ................................................................................................ 28
Redação digitada....................................................................................................................... 29
Espelho: Redação João Guilherme Simon ............................................................................ 31
Redação digitada....................................................................................................................... 32
Espelho: Redação Juliana Bispo dos Santos ......................................................................... 33
Redação digitada....................................................................................................................... 34
Espelho: Redação Larissa de Quadros Bohn ........................................................................ 35
Redação digitada....................................................................................................................... 36
Espelho: Redação Leandro Rauber Pires .............................................................................. 37
Redação digitada....................................................................................................................... 38
Espelho: Redação Leticia Aparecida Muller ........................................................................ 39
Redação digitada....................................................................................................................... 40
Espelho: Redação Livia Nicolay Ferrari ............................................................................... 41
Redação digitada....................................................................................................................... 42
Espelho: Redação Natália Garcia .......................................................................................... 44
5
Redação digitada....................................................................................................................... 45
Espelho: Redação Pamela de Avila da Costa ....................................................................... 46
Redação digitada....................................................................................................................... 47
Espelho: Redação Rafaela Porto Domingues ....................................................................... 48
Redação digitada....................................................................................................................... 49
Espelho: Redação Vitória Luiza Stockey Erhardt ................................................................ 50
Redação digitada....................................................................................................................... 51
O Processo de avaliação ......................................................................................................... 52
Você sabe como se dá esse processo?................................................................................... 52
Análises ..................................................................................................................................... 55
Redação 1 .............................................................................................................................. 55
Redação 2 .............................................................................................................................. 62
Redação 3 .............................................................................................................................. 65
Bônus ......................................................................................................................................... 71
É repertório que vocês querem? Então, aí está!! .......................................................... 71
Introduções baseadas em obras ........................................................................................... 72
Introdução baseada no romance “O amor nos tempos do cólera” de Gabriel García
Márquez ................................................................................................................................ 72
Introdução baseada no livro de contos “Dançar tango em Porto Alegre” de Sergio
Faraco .................................................................................................................................... 74
Introdução baseada na obra “O povo brasileiro – a formação e o sentido do Brasil”
de Darcy Ribeiro .................................................................................................................. 76
Introdução baseada na crônica publicada em 1983 por Isaac Asimov .................... 78
Introdução baseada no romance “Lavoura Arcaica” de Raduan Nassar ................ 79
Introdução baseada no Romance “Quarenta dias” de Maria Valéria Rezende ..... 81
Texto completo baseado na obra “Apocalípticos e integrados” de Umberto Eco ....... 83
Texto completo acerca do tema: “Os desafios relacionados ao analfabetismo no
Brasil” ........................................................................................................................................ 85
Aqui, disponibilizo 2 textos autorais acerca do tema de redação Enem 2019: “A
democratização do acesso ao cinema no Brasil” ............................................................... 87
6
Tema de Redação Enem 2020: “O estigma associado às doenças mentais na
sociedade brasileira”
7
Espelho: Redação Amanda Carvalho dos Santos Leonardi
8
Redação digitada
Amanda Carvalho dos Santos Leonardi - Nota 920
C1=160 C2=200 C3=160 C4=200 C5=200
9
Espelho: Ana Luize Peiter
10
Redação digitada
Ana Luize Peiter – @ana.peiter – Venâncio Aires, RS – Nota 940
C1=160 C2=200 C3=180 C4=200 C5=200
11
Espelho: Redação Andrielly Menger da Silva
12
Redação digitada
Andrielly Menger, Taquari, RS – Nota 940
C1=160 C2=180 C3=200 C4=200 C5=200
13
Portanto, é indubitavelmente necessário a criação de soluções para
desconstruir o estigma associado a transtornos mentais no Brasil. Cabe ao Ministério
da Saúde desenvolver uma campainha com o fito de informar os brasileiros acerca
dos distúrbios mentais. Essa iniciativa deve ser realizada através de palestras nas
instituições de educação e promover conhecimento. Desse modo, os indivíduos
entenderão a gravidade dessa problemática. É preciso que o Governo - responsável
por garantir os direitos - promova um projeto focado em eliminar os preconceitos
sobre tais patologias por meio de propagandas na mídia - TV, jornal e internet.
Sendo assim, a Constituição de 1988 será legitimada e a saúde mental da população
estará melhor.
14
Espelho: Redação Bruna Eduarda Hochscheidt
15
Redação digitada
Bruna Eduarda Hochscheidt – @bruna_uiri – Venâncio Aires, RS – Nota 980
C1=200 C2=200 C3=180 C4=200 C5=200
16
Espelho: Redação Danielle de Lima Lindner
17
Redação digitada
Danielle de Lima Lindner – @daniellellin – Panambi, RS – Nota 780
C1=140 C2=160 C3=160 C4=140 C5=180
A série “13 reasons why”, conta a história de uma jovem que sofria de
depressão mas não era levada a sério por seus amigos, por esse motivo, ela é levada
ao suicídio. Não distante da ficção, na atual sociedade brasileira, casos como esse
são recorrentes devido ao grande preconceito em relação á doenças mentais. Esse
preconceito é gerado pela falta de informação sobre esse mal, levando cada vez
mais pessoas a terem suas vidas afetadas e busquem uma realidade perfeita, a
qual não existe.
Quando se trata de saúde, informações devem ser espalhadas, mas não é
o que acontece na área da saúde mental. Os casos de depressão só crescem no
Brasil, levando as pessoas a abandonarem seus empregos e vidas sociais. Isso se dá
por não saberem onde buscar ajuda ou não saberem a relevância do problema.
Além disso, os indivíduos também são levados a buscar uma vida perfeita,
a qual é apresentada de diversas formas nas redes sociais. As mídias estão lotadas
de vidas e corpos perfeitos, os quais não são reais, mas ainda assim extremamente
desejados, principalmente pelas mulheres. Por esse motivo, em oito pessoas
afetadas pela depressão, cinco, são mulheres.
Dessa forma, devem ser apresentadas mais informações sobre essas
doenças. Através de campanhas realizadas pelo Ministério da saúde, em escolas,
seriam levadas palestras sobre o tema aos jovens, para que desde cedo adquiram
conhecimento sobre o assunto. Assim, busca-se acabar com o preconceito
relacionado a saúde mental na sociedade brasileira.
18
Espelho: Redação Eduarda Tomm
19
Redação digitada
Eduarda Tessele Tomm – Santa Cruz do Sul, RS – Nota 940
C1=160 C2=200 C3=180 C4=200 C5=200
20
sociedade, e, por conseguinte, nega a eles seu direito de assistência hospitalar
devida.
Portanto, as escolas – instituições formadoras de opiniões – devem, por meio
de palestras e debates, educar os estudantes em relação ao estigma que possuem
associado às doenças mentais e auxiliá-los a desconstruir essa ideia, a fim de
possibilitar a inclusão dos indivíduos com doenças psiquiátricas na sociedade, visto
que, por conta do preconceito coletivo, eles tendem a ser excluídos. Além disso, o
governo, sob figura do ministério da saúde, deve reformar os hospitais e contratar
profissionais psiquiátras, com a finalidade de atender devidamente os cidadãos
portadores de transtornos mentais.
21
Espelho: Redação Emanuely Schena da Silva
22
Redação digitada
Emanuély Schena da Silva – Santa Cruz do Sul, RS – Nota 620
C1=120 C2=180 C3=120 C4=120 C5=80
Conforme garantido nos direitos universais, todo indivíduo deve ter acesso a
saúde de forma democrática, incluindo também a saúde mental da população, o que
não compactua com a atual situação do Brasil. Somos um dos países com maior
concentração de indivíduos com doênças mentais como a depressão. Vejamos alguns
pontos no decorrer do texto.
No Brasil temos uma grande taxa de pessoas com doenças e transtornos
mentais, que da mesma forma sofrem com o preconceito cultural enraizado que taxa
muitos destes como invalidos, e até mesmo como alguém que quer obter vantagens.
Normalmente se espera uma atitude governamental para combater esta
situação que infelizmente assola o país, porém, ano passado fora aberta a proposta de
acabar com programas que visam a saúde e o cuidado mental pelo nosso Sistema
Único de Saúde, dificultando o acesso democrático que deveria ser garantido a todos.
Com todo esse descaso do governo, preconceito, dificuldades e limitações, surge o medo
de serem ainda mais estigmatizados pelas demais tribos sociais.
Analisando esse contexto creio que o silêncio não nos levará a qualquer lugar.
Devemos cobrar nossos direitos, quebrar tabus, e nunca deixar que silênciem quem
precisa em prol de uma ilusória sociedade sem defeitos, mas que cobre os olhos para
quem mais necessita.
23
Espelho: Redação Érika Roseli Pereira
24
Redação digitada
Erika Roseli Pereira – @erikaroseli_pereira – Montenegro, RS – Nota 900
C1=160 C2=180 C3=160 C4=200 C5=200
25
Espelho: Redação Isadora Pereira Saul
26
Redação digitada
Isadora Pereira Saul – @isapsaul14 – Santa Maria, RS – Nota 920
C1=180 C2=200 C3=180 C4=200 C5=160
27
Espelho: Redação Ísis Peglow
28
Redação digitada
Ísis Peglow – @Isis_pgw – São Lourenço do Sul, RS – Nota 960
C1=160 C2=200 C3=200 C4=200 C5=200
29
curricular dos colégios, informações acerca da psique humana não são dadas,
repercutindo no desconhecimento e, por consequência, no estigma associado às
doenças de cunho mental.
Portanto, medidas devem ser tomadas com o intuito de garantir que o
estigma associado às doenças mentais, na sociedade brasileira, não mais aconteça.
Para tal, é necessário que movimentos sociais – instituições sem fins lucrativos –
ressaltem, por meio de campanhas, o dever do Governo de ordenar, realmente, a
nação, com a finalidade de promover a adoção de programas governamentais que
alertem-nos quanto às consequências causadas por tais doenças, fazendo com que
os estigmas sejam, aos poucos, “removidos” de nossa conjuntura atual. Além disso,
é fundamental que os colégios adotem o Componente Curricular “Mente
Saudável”, para que crianças e jovens não mais vivam em um mundo líquido:
marcado pelo descaso.
30
Espelho: Redação João Guilherme Simon
31
Redação digitada
João Guilherme Simon – @simonjhon_02 – Venâncio Aires, RS – Nota 960
C1=160 C2=200 C3=200 C4=200 C5=200
32
Espelho: Redação Juliana Bispo dos Santos
33
Redação digitada
Juliana Bispo do Santos – @juliana_jub – Salvador, BA – Nota 940
C1=180 C2=200 C3=180 C4=180 C5=200
34
Espelho: Redação Larissa de Quadros Bohn
35
Redação digitada
Larissa de Quadros Bohn - @lari_qb – Venâncio Aires, RS – Nota 940
C1=160 C2=200 C3=180 C4=200 C5=200
36
Espelho: Redação Leandro Rauber Pires
37
Redação digitada
Leandro Rauber Pires – Santa Cruz do Sul, RS – Nota 640
C1=120 C2=160 C3=120 C4=120 C5=120
38
Espelho: Redação Leticia Aparecida Muller
39
Redação digitada
Leticia Muller – Santa Cruz do Sul, RS – Nota 940
C1=160 C2=200 C3=180 C4=200 C5=200
De acordo com o filósofo John Stuart Mill, o ser humano é soberano sobre si mesmo
e sua mente. No entanto, hodiernamente, percebe-se que essa premissa está equivocada,
tendo em vista que a sociedade tupiniquim sofre com problemas relacionados à saúde
mental. Dessa maneira, tem-se o estigma associado as doenças mentais no país, na qual a
negligência governamental com a questão colabora para o seu agravamento, passando,
assim, a afetar outro setor do corpo social, a economia. Assim, hão de ser analisados tais
fatores, para que se possa minimizá-los de forma eficaz.
Em primeiro plano, é imperioso pontuar a pouca afetividade governamental em
deter os estigmas dessas doenças. Consoante a isso, segundo o filosofo contratualista John
Locke, há uma quebra no contrato social, pois o Estado é negligente em um direito
constitucional básico, a saúde. Nesse contexto, a falta de medidas para cuidar de indivíduos
com doenças mentais, faz com que as taxas de tais patologias na população sejam
exorbitantes no Brasil, tornando-o o país que mais sofre com problemas na saúde metal
na América Latina, segundo a Organização Mundial da Saúde. Logo, é substancial a
alteração desse quadro que fere os direitos da nação.
Outrossim, é imperativo ressaltar que esse cenário estigmatizado das doenças
mentais reflete negativamente na economia tupiniquim. Nesse ínterim, de acordo com o
filósofo alemão Niklas Luhmann, a sociedade é composta por sistemas interligados,
demonstrando a importância de todos os setores estarem em pleno funcionamento, o que
não ocorre coma existência de um grande número de pessoas com patologias mentais.
Nessa conjuntura, conforme dados da OMS, a depressão é uma das maiores causas de
afastamento do trabalho, haja vista que o estigma existente sobre a doença muitas vezes
impede o indivíduo de buscar ajuda, fazendo com que seu quadro se agrave, impedindo-
o de realizar tarefas em seu emprego. Desse modo, faz-se mister a reformulação dessa
postura que atinge economicamente o Brasil.
Portanto, urge a necessidade de combater os estigmas associados às doenças
mentais na sociedade brasileira. Para tanto, o Governo Federal, através do Ministério da
Saúde, deve investir mais na saúde pública, para desenvolver medidas de apoio e
tratamento aos doentes mentais, tornando possível o acompanhamento da evolução de
seus casos, com a participação de uma equipe multidisciplinar, por meio da realocação de
verbas ao setor, fazendo com que haja a diminuição nos casos dessas patologias, o que
refletirá positivamente na economia brasileira. Quiçá, assim, tal hiato reverter-se-á, e o
contrato social proposto por Locke deixará de ser violado.
40
Espelho: Redação Livia Nicolay Ferrari
41
Redação digitada
Livia Nicolay Ferrari – @livia_nicolay – Vera Cruz, RS – Nota 920
C1=160 C2=200 C3=180 C4=180 C5=200
42
Portanto, é necessário que haja iniciativa do governo – órgão responsável
pelo bem-estar social – juntamente com a mídia em promover a conscientização
da população sobre os presentes estigmas na sociedade, por meio de propagandas
e anúncios na TV e redes, a fim de ampliar o conhecimento sobre o assunto e
informar sobre como lidar com as doenças mentais. Além disso, cabe às escolas em
produzir palestras e debates aos alunos, por meio do auxílio de profissionais da
saúde, a fim de coordenar as famílias em como lidar e superar esse problema. Assim,
será possível combater os estigmas associados às doenças mentais na sociedade
brasileira.
43
Espelho: Redação Natália Garcia
44
Redação digitada
Natália Garcia - @httpsliah – Santa Cruz do Sul, RS – Nota 900
C1=160 C2=200 C3=160 C4=180 C5=200
45
Espelho: Redação Pamela de Avila da Costa
46
Redação digitada
Pamela de Avila da Costa – @pamelaadacosta – Santana do Livramento,
RS – Nota 940
C1=160 C2=200 C3=200 C4=180 C5=200
47
Espelho: Redação Rafaela Porto Domingues
48
Redação digitada
Rafaela Porto Domingues – Santa Cruz do Sul, RS – Nota 880
C1=160 C2=180 C3=180 C4=180 C5180
49
Espelho: Redação Vitória Luiza Stockey Erhardt
50
Redação digitada
Vitória Luiza Stockey Erhardt – Santa Cruz do Sul, RS – Nota 980
C1=200 C2=200 C3=180 C4=200 C5=200
51
O Processo de avaliação
PARTICIPANTE, p. 8.
52
Se ainda persistir esse “problema”, um terceiro avaliador irá avaliar
sozinho a sua redação. Então, acontecerá a soma das 2 notas mais
semelhantes e a divisão por 2. Por exemplo, se o primeiro avaliador atribuiu
a nota 800 e o segundo 480, a redação vai a um terceiro avaliador. Esse
avaliador (o terceiro) atribuiu 760. Ufa; chegou-se a um consenso. A soma
será: 800 + 760 ÷ 2 = 780. Essa será sua nota final na redação: 780. Entendeu?
53
Os dois professores avaliarão seu desempenho de acordo com os
critérios a seguir:
Competência 1: Demonstrar domínio da modalidade escrita formal da
língua portuguesa.
Competência 2: Compreender a proposta de redação e aplicar conceitos
das várias áreas de conhecimento para desenvolver o tema, dentro dos limites
estruturais do texto dissertativo-argumentativo em prosa.
Competência 3: Selecionar, relacionar, organizar e interpretar
informações, fatos, opiniões e argumentos em defesa de um ponto de vista.
Competência 4: Demonstrar conhecimento dos mecanismos linguísticos
necessários para a construção da argumentação.
Competência 5: Elaborar proposta de intervenção para o problema
abordado, respeitando os direitos humanos.
54
Análises
Redação 1
55
Outra questão, logo na introdução, é o uso de uma crase equivocada:
“devido ao grande preconceito em relação á doenças mentais.”. Aqui, há 2
erros relacionados ao uso do acento indicativo de crase. O primeiro é a posição
do acento, uma vez que a crase é um sinal de acentuação gráfico “ao contrário”
– à – e a Danielle coloca como se fosse um acento normal. Ademais, a crase só
usa singular com singular e plural com plural. Por exemplo: em relação à
doença (correto), em relação às doenças (correto), em relação à doenças
(errado), pois “à” está no singular e “doenças” no plural. Sempre falo uma
frase para ajudar: “A crase é na moral, singular com singular e plural com
plural”.
Outro problema está justamente na complexidade dos períodos
construídos pela Danielle. Os períodos, em sua maioria, são construídos de
forma simples (na ordem direta) com sujeito, verbo e complementos e sem
muitas inversões sintáticas. Essas questões explicam a nota de 140 pontos.
Uma redação para ser avaliada no nível 3 (120 pontos) deve ter uma estrutura
sintática regular e apenas alguns desvios e no nível 4 (160 pontos), estrutura
sintática boa e poucos desvios. Então, só nessa pequena análise já percebemos
que a Danielle tem uma estrutura sintática regular (pela simplicidade de
construção e pelos equívocos, como o uso da vírgula), e alguns desvios. Então,
caso ela ficasse com a nota de 120 na competência 1 estaria tudo ok. Quanto
aos desvios o Inep afirma o seguinte:
56
Enem 2020, p. 18). Ou seja, é trazer algo que contribua para a sua
argumentação. Nessa competência a Danielle ficou com 160, não houve
diferença entre os avaliadores. Aqui, significa que há uma abordagem
completa do tema, que há 3 partes (introdução, desenvolvimento e conclusão)
e nenhuma embrionária e há repertórios. Em uma explicação rápida,
embrionária ocorre quando uma das partes do texto (introdução,
desenvolvimento e conclusão) apresenta marcas de outras tipologias textuais
e não dissertativo-argumentativo. Quanto ao uso produtivo do repertório
observa-se se o participante – aqui no caso a Danielle – não copia muitas
partes do texto motivador e, se não há muitas cópias, verifica-se se esses
repertórios são legítimos (reconhecidos pela academia) e – se legítimos – se
são pertinentes, ou seja, se estão associados ao menos um dos elementos do
tema. Então, caso o repertório seja legítimo e pertinente, verifica-se se ele é
usado de forma produtiva. Produtivo é o uso que o participante faz dessa
citação ou desse dado – se ele ajuda o participante a aprofundar a
argumentação e se está vinculado à hierarquia argumentativa realizada pelo
participante.
Na redação da Danielle, no seu desenvolvimento 1, falta algum
repertório, ou conceito, para deixar as afirmações feitas mais concretas. Ela
inicia com uma afirmação: “Quando se trata de saúde, informações devem ser
espalhadas, mas não é o que acontece na área da saúde mental.”. A Danielle
afirma que, em relação à saúde, as informações devem ser espalhadas, mas
que isso não acontece no Brasil. Em seguida, levando em consideração que
isso seria um tópico do seu D18, ela deveria ter colocado algo
hierarquicamente, de forma argumentativa, que aprofundasse essa questão
da falha em espalhar informações. Entretanto os dois outros períodos: “Os
casos de depressão só crescem no Brasil, levando as pessoas a abandonarem
seus empregos e vidas sociais. Isso se dá por não saberem onde buscar ajuda
ou não saberem a relevância do problema”; afirmam que os casos crescem e
as pessoas, doentes, abandonam os empregos, uma vez que não sabem os
locais de apoio, tampouco a relevância do problema. Fica visível que há uma
8 Desenvolvimento 1.
57
falta de encaixe nas afirmações e algo mais concreto que, inclusive, havia no
texto motivador III da proposta de Redação do Enem 2020. Ela poderia ter
utilizado esses dados e ligado mais essas partes.
Por exemplo, como poderíamos reformular o parágrafo:
“Quando se trata de saúde, informações devem ser espalhadas, mas não
é o que acontece na área da saúde mental. Esse fato leva os casos de depressão
a crescem no Brasil, levando as pessoas, inclusive, a abandonarem empregos
e vidas sociais. Dados divulgados pela Organização Mundial da Saúde (OMS)
corroboram essa questão, uma vez que tais apontamentos afirmam que a
depressão é a segunda maior causa de afastamento do trabalho e é a
enfermidade mais incapacitante do planeta. Isso se dá, principalmente, pelos
indivíduos atingidos não conhecerem, de fato, locais de apoio e nem a
relevância desse grave problema”.
Perceberam como as partes ficaram mais “ligadas” e o dado, retirado
do texto motivador III, dá mais concretude, transformando esse repertório em
produtivo, o que foi a falha da Danielle.
A competência 3 é o maior problema dos alunos brasileiros. A maioria
perde ponto nesse quesito. A Danielle ficou com 160 nessa competência, isto
é, os dois corretores atribuíram a mesma nota. Resumindo essa competência,
ela está ligada ao projeto de texto. É fazer um rascunho, ter uma tese e
argumentos na introdução que serão defendidos no desenvolvimento e que
haverá uma tentativa de resolução desse problema na intervenção. Segundo
o Inep:
58
Assim, espera-se que esse projeto de texto fique perceptível pela
organização estratégica dos argumentos presentes no texto. O participante
deve verificar se informações, fatos, opiniões e argumentos selecionados são
pertinentes para a defesa do ponto de vista. Nesse sentido, o que está na
introdução deve ser aprofundado e deve ficar visível que o participante
“pensou” antes de escrever. Nesse quesito a Danielle tem alguns problemas.
Logo na introdução, um dos argumentos não fica bem claro: o segundo, quando
ela cita somente: “Esse preconceito é gerado pela falta de informação sobre
esse mal, levando cada vez mais pessoas a terem suas vidas afetadas e
busquem uma realidade perfeita, a qual não existe.”. No seu D210, a Danielle
vai abordar as redes sócias que dão uma impressão de vida perfeita. No
entanto, no período subsequente, ela fica “andando em círculos”, visto que
repete novamente que as mídias (que ela não define quais são) estão lotadas
de perfeição e, em seguida, afirma que as mulheres são as que mais desejam
essa perfeição, não obstante somente no final do parágrafo há um dado de que
as mulheres são as mais afetadas por esse problema, todavia não há a fonte
desse dado, o que deixa claro que a Danielle não teve uma boa estratégia e
isso fica visível pelo desenvolvimento da linha argumentativa da redação.
A competência 4 avalia o conhecimento dos mecanismos linguísticos
necessários para a construção da argumentação. Nesse quesito a Danielle
obteve a nota de 140 pontos, o que, como afirmamos anteriormente, significa
que um dos avaliadores atribuiu 120 pontos e o outro 160.
Essa competência exige que o participante utilize pelo menos 2
operadores argumentativos no início dos parágrafos – e a Danielle faz isso.
Inicia o D2 com “Além disso” e a conclusão com “Dessa forma” e até aí tudo
bem. Não obstante, além disso, a competência 4 exige que as frases e os
parágrafos tenham uma relação entre si, uma sequenciação, tenham
coerência e coesão. Segundo o Inep:
59
Essa articulação é feita mobilizando-se recursos coesivos, em especial
operadores argumentativos, que são os principais termos responsáveis
pelas relações semânticas construídas ao longo do texto dissertativo-
argumentativo, por exemplo, relações de igualdade, de adversidade, de
causa-consequência, de conclusão etc. Certas preposições, conjunções,
alguns advérbios e locuções adverbiais são responsáveis pela coesão do
texto, porque estabelecem uma inter-relação entre orações, frases e
parágrafos, além de pronomes e expressões referenciais, conforme
explicaremos adiante, no item “referenciação”. Cada parágrafo será
composto por um ou mais períodos também articulados; cada ideia nova
precisa estabelecer relação com as anteriores. (A redação no Enem 2020,
p. 23)11
60
adquiram conhecimento sobre o assunto” e há um detalhamento 5 (seriam
levadas palestras sobre o tema aos jovens). E a Danielle termina como uma
“frase de bolo”, o final feliz: “Assim, busca-se acabar com o preconceito
relacionado a saúde mental na sociedade brasileira.”. Aqui, há outro deslize,
entretanto, relacionado à competência 1. No trecho: “relacionado à saúde
mental” há uma crase que está faltando. Voltando à análise da competência
5, nesse quesito, um dos corretores foi um pouco rígido demais, uma vez que
há os 5 elementos, considerando que não há um detalhamento bom ou ruim,
ou há ou não há detalhamento, talvez a própria construção sintática pode ter
atrapalhado a fluidez da leitura do avaliador, o que prejudicou a nota
relacionada à competência 5 da redação da Danielle.
A série “13 reasons why”, conta a história de uma jovem que sofria de
depressão mas não era levada a sério por seus amigos, por esse motivo, ela é
levada ao suicídio. Não distante da ficção, na atual sociedade brasileira, casos
como esse são recorrentes devido ao grande preconceito em relação á doenças
mentais. Esse preconceito é gerado pela falta de informação sobre esse mal,
levando cada vez mais pessoas a terem suas vidas afetadas e busquem uma
realidade perfeita, a qual não existe.
Quando se trata de saúde, informações devem ser espalhadas, mas
não é o que acontece na área da saúde mental. Os casos de depressão só
crescem no Brasil, levando as pessoas a abandonarem seus empregos e vidas
sociais. Isso se dá por não saberem onde buscar ajuda ou não saberem a
relevância do problema.
Além disso, os indivíduos também são levados a buscar uma vida
perfeita, a qual é apresentada de diversas formas nas redes sociais. As mídias
estão lotadas de vidas e corpos perfeitos, os quais não são reais, mas ainda
assim extremamente desejados, principalmente pelas mulheres. Por esse
motivo, em oito pessoas afetadas pela depressão, cinco, são mulheres.
61
Dessa forma, devem ser apresentadas mais informações sobre essas
doenças. Através de campanhas realizadas pelo Ministério da saúde, em
escolas, seriam levadas palestras sobre o tema aos jovens, para que desde cedo
adquiram conhecimento sobre o assunto. Assim, busca-se acabar com o
preconceito relacionado a saúde mental na sociedade brasileira.
Redação 2
62
significa muito conhecimento. Diante disso, infere-se que apesar de possuírem
informações em todo lugar e a qualquer momento, os indivíduos não
consolidam o conhecimento pois não pensam sobre ela de forma crítica”. A
Bruna cita o filósofo Platão, e logo em seguida liga o próximo período com o
elemento coesivo “Diante disso” e continua desenvolvendo que apesar de
muitas informações (que era seu argumento 1, lá na introdução) elas não são
traduzidas em informações em pensamento crítico, ou seja, seu repertório é
legítimo, pertinente e produtivo.
A competência 3 foi a que gerou desconto na nota da Bruna. Acredito
que o D2 tenha sido o grande problema da redação da Bruna para os
avaliadores. Vamos analisá-lo: “Além disso, a internet corrobora com a
estigmatização daqueles mentalmente doentes. Segundo o sociólogo Han em
sua obra “Sociedade do Cansaço”, as redes sociais prezam pelo
compartilhamento de uma vida “perfeita”, dispensando demais sentimentos e
ações humanas consideradas negativas. Com isso, os indivíduos
estigmatizados não sentem-se parte da comunidade, fazendo inclusive
desencadear outros problemas mentais. Consequentemente, as pessoas
mentalmente saudáveis não entendem a realidade dos demais, pois essa não
é habitualmente mostrada no ambiente virtual”.
A Bruna na sua introdução afirma – no seu argumento 2 – que vai
discutir sobre o papel da internet. No tópico do seu D2 ela coloca que a
internet corrobora com a estigmatização dos que sofrem com doenças mentais.
Como repertório, no segundo período do D2, a Bruna cita o filósofo Chul Han
e sua obra “Sociedade do cansaço”, para corroborar com seu argumento de que
as redes sociais compartilham uma vida perfeita e somente valorizam a
perfeição. No seu terceiro período ela afirma que os indivíduos estigmatizados
não se sentem parte da comunidade, no entanto ela não explica quem são
esses estigmatizados. Logo depois, ela afirma que isso faz com que esses
indivíduos desencadeiem outros problemas mentais, não obstante ela ainda
não abordou nenhum problema nesse parágrafo. E, então, ela conclui o seu
parágrafo afirmando que as pessoas saudáveis mentalmente não entendem a
realidade dos que têm algum problema de saúde mental, pois essa realidade
63
não é mostrada nas redes. Esse último período destoa um pouco do restante,
parece estar mais ligado ao D1, no qual a Bruna discute a falta de informação.
Todavia, a proposta da Bruna na introdução era aprofundar o papel da
internet e não é isso que ela desenvolve exatamente.
Quanto à coesão, avaliada na competência 4, observa-se, nessa redação,
um repertório diversificado de recursos coesivos, sem inadequações. Há
articulação tanto entre os parágrafos (“Primeiramente”, “Além disso”) quanto
entre as ideias dentro de um mesmo parágrafo (como “Essa teoria”, “já que” e
“Dessa forma”, no 1º parágrafo; “Consoante”, “Diante disso” e “tais doenças”,
no 2º parágrafo; “Com isso” e “pois”, no 3º parágrafo; e “Para isso” e “Dessa
maneira”, no 4º parágrafo).
Por fim, a participante elabora proposta de intervenção muito boa:
concreta, detalhada, articulada à discussão desenvolvida no texto e que
respeita os direitos humanos. A Bruna gabarita a competência 5 também,
uma vez que reforça o papel do Ministério da Saúde em divulgar nas diversas
mídias informações sobre as doenças mentais. Além disso, sugere que as redes
sociais conscientizem os usuários sobre o mundo “real” e “virtual”.
64
informações em todo lugar e a qualquer momento, os indivíduos não
consolidam o conhecimento pois não pensam sobre ela de forma crítica. Por
esse motivo, pessoas, por ignorância, desacreditam de tais doenças, ou, ainda,
praticam bulliyng com os doentes, reforçando o estigma.
Além disso, a internet corrobora com a estigmatização daqueles
mentalmente doentes. Segundo o sociólogo Han em sua obra “Sociedade do
Cansaço”, as redes sociais prezam pelo compartilhamento de uma vida
“perfeita”, dispensando demais sentimentos e ações humanas consideradas
negativas. Com isso, os indivíduos estigmatizados não sentem-se parte da
comunidade, fazendo inclusive desencadear outros problemas mentais.
Consequentemente, as pessoas mentalmente saudáveis não entendem a
realidade dos demais, pois essa não é habitualmente mostrada no ambiente
virtual.
Portanto, para que os indivíduos com doenças mentais sejam menos
estigmatizados, ações precisam ser tomadas. Para isso, é necessário que o
Governo, especialmente o Ministério da Saúde, leve informações referentes às
doenças mentais à população, por meio de vídeos provocativos, que serão
divulgados na TV e nas redes sociais, para que os cidadãos adquiram o
conhecimento necessário. Além disso, cabe aos usuários das redes sociais,
principalmente o Instagram – por ser uma das mais utilizadas pelo público
em questão – conscientizarem-se sobre as consequências de suas ações, a
partir a sinceridade ao mostrar a realidade de seu dia-a-dia, visando acabar
com a sonhada vida “perfeita”. Dessa maneira, os mentalmente doentes se
sentirão parte da comunidade e não serão mais taxados de forma injusta como
debilitados.
Redação 3
65
No seu D1, temos um problema quanto à regência. Vamos analisar o
trecho: “Tal tratamento errôneo corrobora, cada vez mais, a desunião social,
...”. Nesse trecho o verbo “corrobora” pede em sua regência uma preposição o
“com”, ou seja, “Tal tratamento errôneo corrobora, cada vez mais, com a
desunião social”, uma vez que quem corrobora, corrobora com alguma coisa.
Ainda no seu D1, há outro problema relacionado à concordância
nominal. No trecho: “Nessa lógica, pessoas com transtornos mentais, por não
corresponderem ao estereótipo desejado, ou seja, de um indivíduo saudável,
foram designados como...” – o sujeito é “pessoas com transtornos mentais” e o
predicado “foram designados”, essa concordância deveria ser “pessoas com
transtornos mentais foram designadas”, pois pessoas está no feminino. No
mesmo parágrafo, no D1, há outro problema relacionado ao uso da vírgula.
No último período: “Dessa forma, é indubitável que enquanto prevalecer esse
estigma na sociedade, uma nação unida será utopia” – deveria haver uma
vírgula antes da conjunção temporal “enquanto”, visto que há uma oração
subordinada adverbial temporal intercalada. Então, o período estaria correto
dessa maneira: “Dessa forma, é indubitável que, enquanto prevalecer esse
estigma na sociedade, uma nação unida será utopia”.
Na conclusão da redação da Eduarda há um deslize relacionado à
acentuação na palavra “psiquiátra”, já que “psiquiatra” não leva acento, pois
é uma paroxítona terminada em “a”. Dessa forma, percebemos, nessa pequena
análise, sem ser exaustiva, como afirmamos no início, que a Eduarda tem
pequenos problemas relacionados à norma culta: os desvios. E a sua
construção sintática está boa, há uma fluidez do texto, não obstante a maioria
dos períodos, embora tenhamos intercalações, é construída de forma direta,
simples.
Já na competência 3, a Eduarda obteve a nota de 180 pontos, o que
significa que um dos avaliadores atribuiu a nota 160 e o outro 200. Então,
vamos analisar o que pode ter gerado esse desconto por um dos corretores. Na
introdução a Eduarda apresenta dois argumentos que serão desenvolvidos. O
argumento 1 é o preconceito destinado à população com transtornos mentais
e o argumento 2 o precário atendimento.
66
No seu D1, o qual deveria aprofundar a discussão relacionada ao
preconceito, talvez, tenha “fugido” um pouco desse debate. No tópico desse
parágrafo a Eduarda afirma que há um tratamento preconceituoso, o qual
revela o estigma a essa minoria. Em um segundo período traz a discussão de
Émille Durkheim, a coesão social, afirmando, logo em seguida, que indivíduos
fora do padrão, os doentes mentais, são excluídos e não têm tratamento digno
e, portanto, são “escanteados”. Aqui, há um problema de entendimento acerca
de um conceito, dado que o D1 aborda muito mais a questão da exclusão e
pouco sobre o preconceito ou estigmas ligados a essa população que possui
transtorno mentais. Situação essa que justifica a nota de 160 pontos de 1 dos
avaliadores.
A competência 2 está muito boa. A Eduarda apresenta introdução em
que inicia a discussão do tema, desenvolvimento com justificativas e uma
conclusão que termina a discussão e dá uma possível solução ao problema,
demonstrando excelente domínio do texto dissertativo-argumentativo.
Ademais, o tema é apresentado de forma completa. A Eduarda, na sua
redação, usa de forma produtiva o repertório sociocultural, legítimo e
pertinente ao tema também. Na introdução utiliza a obra “Triste fim de
Policarpo Quaresma”, escrita por Lima Barreto, a fim de contextualizar o
assunto e no D1 utiliza um conceito do filósofo Émille Durkheim e no D2
utiliza dados da OMS, os quais estavam em um dos textos motivadores da
proposta de redação, mostrando o grande número de pessoas afetadas por
doenças mentais e, mesmo com esse alto número, o descaso do governo.
Em relação à coesão, encontra-se, nessa redação, um repertório
diversificado de recursos coesivos, sem inadequações. Há articulação tanto
entre os parágrafos (“Primeiramente”, “Ademais”, “Portanto”) quanto entre
as ideias dentro de um mesmo parágrafo (como “posto que” e “Tal designação”,
no 1º parágrafo; “Nessa lógica” e “Acerca disso”, no 2º parágrafo; “Entretanto”
e “Desse modo”, no 3º parágrafo; e “Além disso” e “a fim de”, no 4º parágrafo).
Enfim, a Eduarda elabora a proposta de intervenção muito concreta,
detalhada e relacionada à discussão realizada na sua redação
67
Eduarda Tessele Tomm – Santa Cruz do Sul, RS – Nota 940
C1=160 C2=200 C3=180 C4=200 C5=200
No livro “Triste fim de Policarpo Quaresma”, escrito por Lima Barreto,
é narrada a história de um patriota que, devido às suas atitudes extremistas,
foi internado em um manicômio. Durante a narrativa, é exposto o drama dos
indivíduos portadores de transtornos mentais, que são destratados pelos
demais. Infelizmente, a realidade prova-se semelhante à ficção, posto que
permanece o estigma associado às doenças mentais no Brasil. Tal designação
pejorativa é notória tanto pelo preconceito destinado à população que possui
transtornos mentais quanto pelo precário atendimento que ela recebe.
Primeiramente, o tratamento preconceituoso destinado à parcela
populacional detentora de doenças mentais revela o estigma que foi associado
a essa minoria. Acerca disso, é pertinente a noção de coesão social, proposta
pelo filósofo Émille Durkheim. De acordo com seu pensamento, os indivíduos
fora do padrão dominante são excluídos do coletivo. Nessa lógica, pessoas com
transtornos mentais, por não corresponderem ao estereótipo desejado, ou seja,
de um indivíduo saudável, foram designados como inferiores e, por
consequência, escanteadas da comunidade. Tal tratamento errôneo corrobora,
cada vez mais, a desunião social, por negar o tratamento digno e a inclusão a
esses cidadãos. Dessa forma, é indubitável que enquanto prevalecer esse
estigma na sociedade, uma nação unida será utopia.
Ademais, o atendimento precário destinado às pessoas que sofrem com
alguma doença psiquiátrica demonstra o estigma associado a elas. Acerca
disso, a OMS divulgou o dado de que quase doze milhões de brasileiros
possuem depressão, essa conclusão deveria ser motivo de alarde
governamental. Entretanto, ao observar a precariedade dos hospitais e o
carente atendimento psiquiátrico destinado aos indivíduos que possuem
transtornos mentais, é perceptível a negligência governamental, posto que
não são tomadas medidas para reverter esse cenário. Desse modo, é
indiscutível que o tratamento desinteressado, por parte do Estado, em relação
à população detentora de doenças mentais revela a presença de um estigma,
68
que desconsidera esses cidadãos como participantes ativos da sociedade, e,
por conseguinte, nega a eles seu direito de assistência hospitalar devida.
Portanto, as escolas – instituições formadoras de opiniões – devem, por
meio de palestras e debates, educar os estudantes em relação ao estigma que
possuem associado às doenças mentais e auxiliá-los a desconstruir essa ideia,
a fim de possibilitar a inclusão dos indivíduos com doenças psiquiátricas na
sociedade, visto que, por conta do preconceito coletivo, eles tendem a ser
excluídos. Além disso, o governo, sob figura do ministério da saúde, deve
reformar os hospitais e contratar profissionais psiquiátras, com a finalidade
de atender devidamente os cidadãos portadores de transtornos mentais.
69
70
Bônus
71
Introduções baseadas em obras
Introdução 1
Introdução baseada no tema: “O combate às doenças epidêmicas no
Brasil”
Na obra “Amor nos tempos do cólera”, romance do escritor colombiano
Gabriel García Márquez, além da paixão interrompida entre os personagens
principais, é retratada a destruição de uma cidade a qual sofre com a
proliferação de cólera. Embora seja uma obra ficcional, o romance apresenta
– de forma verossímil – o que uma epidemia é capaz de causar,
principalmente, quando fora de controle. Metáforas à parte, tal situação se
assemelha ao atual contexto brasileiro, pois, assim como na história do livro,
com estratégias de combate ineficientes, doenças epidêmicas – como a dengue
– alastram-se por todo território, o que afeta a sociedade não só em questões
72
relacionadas à qualidade de vida, mas também ao alto gasto de dinheiro
público para o tratamento dessas enfermidades.
73
Introdução baseada no livro de contos “Dançar tango em Porto Alegre” de
Sergio Faraco
74
pois nessa obra encontrarão argumentos para várias das angústias e dúvidas
humanas.
Introdução 2
Introdução baseada no tema: “O consumo exagerado de álcool no
Brasil”
Em um dos contos da obra “Dançar tango em Porto Alegre”, do escritor
gaúcho Sérgio Faraco, intitulado “Dois Guaxos”, o narrador retrata a história
de Maninho e sua irmã Ana. No enredo, o pai dos personagens – com
problemas de alcoolismo – aposta a própria filha em um jogo de cartas, um
dos motivos que fazem Maninho ir embora de sua casa. Não distante da ficção,
é possível perceber que no Brasil o problema do consumo exagerado de álcool
– o que gera dependência – também destrói muitas famílias e aniquila vidas.
Diante disso, é imprescindível discutir as causa e consequências desse grave
problema social, assim como alternativas que inibam o consumo excessivo de
bebidas alcoólicas em terras tupiniquins.
75
Introdução baseada na obra “O povo brasileiro – a formação e o sentido do
Brasil” de Darcy Ribeiro
Introdução 3
Introdução baseada no tema: “Os desafios relacionados ao acesso à
educação de qualidade no Brasil”
A obra “O povo brasileiro” do antropólogo Darcy Ribeiro – a qual trata
das matrizes culturais e mecanismos de formação étnica e cultural da
sociedade tupiniquim – tem como norte uma pergunta: “Por que o Brasil não
deu certo?”. Dentre algumas respostas possíveis, destaca-se a concentração de
riquezas nas mãos de poucos. Embora a obra tenha sido terminada na década
de 90, o questionamento feito por Ribeiro ainda parece distante de uma
resolução. Tal fato é evidenciado na questão referente ao acesso à educação
de qualidade, tendo em vista que, apesar de constar esse direito na
76
constituição, a ineficiência do Estado, associada ao sucateamento do ensino
público, faz com que essas lacunas socioeconômicas se alarguem ainda mais.
77
Introdução baseada na crônica publicada em 1983 por Isaac Asimov
Introdução 4
Introdução baseada no tema: “Os impactos da revolução tecnológica no
mercado de trabalho brasileiro”
Em dezembro de 1983, o escritor de ficção científica Isaac Asimov
redatou uma crônica – inspirado em George Orwell que publicou em 1949 seu
famoso romance “1984” – em que fazia algumas previsões de como estaria a
humanidade em 35 anos, ou seja, em 2019. Em um de seus apontamentos,
afirmou que uma das evoluções seria no mundo do trabalho, quando robôs
substituiriam a mão de obra humana. Embora seja uma obra de ficção, e
muitas previsões de Asimov tenham dado errado, os impactos da revolução
tecnológica no mercado de trabalho Brasileiro são visíveis e devastadores.
Nesse sentido, torna-se pertinente analisar as causas e consequências dessa
mazela, assim com soluções, a fim de coibi-las.
78
Introdução baseada no romance “Lavoura Arcaica” de Raduan Nassar
Introdução 5
Introdução baseada no tema: “As novas constituições familiares e as
transformações na sociedade brasileira”
Na obra “Lavoura Arcaica” de Raduan Nassar – escritor
contemporâneo brasileiro – o personagem André, o protagonista, é a
constituição imprecisa do ser humano. Apaixonado incestuosamente pela
irmã Ana, demonstra que na família mais tradicional também há
contradições. Contemporaneamente, de forma análoga ao premiado romance,
79
evidenciando essas imperfeitas transgressões, as novas constituições
familiares representam um avanço, não como reflexo da eterna sociedade
conservadora brasileira, mas sim como forma de rompimento de padrões
retrógrados e desumanos.
80
Introdução baseada no Romance “Quarenta dias” de Maria Valéria Rezende
81
Alice soma, aos desgostos diários do “exílio”, o arrependimento por ter
se colocado naquela situação e explode quando a filha toma mais uma decisão
egoísta e incoerente. Começa, então, a saga dos “Quarenta dias” que dá título
ao romance e que é o tema predominante no diário improvisado da
personagem Alice.
Introdução 6
Introdução baseada no tema: “Os desafios de envelhecer no Brasil”
Na obra “Quarenta dias”, escrita por Maria Valéria Rezende, há um
enredo extremamente rico, em que a personagem Alice, por ser idosa, sofre as
consequências inerentes a essa fase. Fase essa quando, na maioria das vezes,
esse público perde a dignidade e a capacidade de escolha, por exemplo, dentre
outros problemas e abusos. Tal enredo, além de expor um grave entrave – de
forma metafórica – recorrente da população anciã, revela também os grandes
desafios os quais enfrentam os idosos na sociedade brasileira. Nesse sentido,
torna-se visível que tanto o preconceito relacionado a esse público quanto a
falta de políticas públicas de amparo são óbices que agravam ainda mais essa
mazela.
82
Texto completo baseado na obra “Apocalípticos e integrados” de Umberto Eco
83
educacional está no século XXI, mas preso ao século XIX e não oferece
propostas significativas para os discentes hodiernos. Nesse sentido, observa-
se uma insuficiência de conteúdos relacionados à aproximação do indivíduo
com a formação prática e métodos mais inovadores, fruto de uma educação
tecnicista e pouco voltada à realidade da maioria dos alunos. Dessa forma,
com aulas, muitas vezes, focadas na memorização teórica, o sistema
educacional vigente pouco estimula o estudante a interagir e a aprofundar os
conteúdos, o que faz ele buscar essa inovação nas redes sociais – seguindo as
orientações dos influenciadores digitais, das diversas plataformas, o que
constitui um entrave, uma vez que isso impacta, muitas vezes, diretamente
na sua formação como cidadão.
Além disso, outro ponto relevante é a forte interferência dos
influenciadores digitais na maneira de consumir da sociedade
contemporânea. Corroborando esse fato, segundo pesquisa realizada pela
Youpix – empresa do mercado de criadores de conteúdo – quase 70% dos
jovens já utilizaram influenciadores para conhecer melhor algum produto ou
marca. Isso deixa explícito que os influenciadores das redes têm um impacto
direto nas decisões de grande parte da população, sobretudo no público até 40
anos de idade. Logo, tal questão necessita mais atenção em espacial dos
órgãos governamentais.
Portanto, são imprescindíveis medidas para resolver tais demandas.
Para tanto, é necessário que o Ministério da Educação, em parcerias com as
Secretarias Estaduais e Municipais, realize uma reformulação do currículo –
por meio da informatização das escolas e formação dos docentes – com
especialistas mostrando maneiras dinâmicas de acolher os alunos e interagir
mais com eles nas redes sociais – a fim de que os alunos reconheçam os
professores como formadores de opinião também. Além do mais, é necessário
que o Governo Federal faça uma parceria com influenciadores digitais, para
que haja um impacto positivo e consciente na maneira de consumir da
sociedade hodierna.
84
Texto completo acerca do tema: “Os desafios relacionados ao analfabetismo
no Brasil”
85
Portanto, são necessárias ações que consigam combater o
analfabetismo no Brasil. Para tanto, é dever do Governo Federal, juntamente
às Secretarias de Educação estaduais, promover parcerias público-privadas,
por meio do desconto de imposto a essas empresas, repassando tais verbais à
educação pública na compra de aparatos tecnológicos, como computadores,
data shows, além de um incentivo maior a programas já existentes, por
exemplo, o EJA, a fim de que esses estudantes sejam inseridos de fato na
sociedade e tenham suas habilidades aprimoradas quanto ao mercado de
trabalho. Ainda cabe às escolas e à mídia alertar a população sobre os
processos históricos, com intuito de evidenciar e sanar assuntos relacionados
a desigualdades regionais e raciais. Assim, será possível que realidades como
a de Fabiano fiquem somente nas belíssimas páginas da literatura verde-
amarelo.
86
Aqui, disponibilizo 2 textos autorais acerca do tema de redação Enem 2019:
“A democratização do acesso ao cinema no Brasil”
Texto I
A Constituição Federal, promulgada em 1988, no processo de
redemocratização, garante, em seu artigo 6º, no que concerne aos direitos
sociais, acesso à cultura e ao lazer. Contrariamente a isso, hodiernamente,
percebemos uma ruptura nesse quesito, visto que muitos cidadãos não têm
esse direito na prática, como, por exemplo, amplo acesso ao cinema. Sob tal
ótica, essa mazela desrespeita princípios básicos estabelecidos na carta
magna brasileira e, dessa forma, necessita ser debatida e ter um olhar mais
crítico de enfrentamento.
Em primeiro plano, cabe ressaltar que, segundo Schopenhauer, filósofo
alemão do século XIX, o ser humano avalia o mundo por intermédio do seu
campo de visão. Nesse aspecto, acreditamos que a grande maioria da
população tem a possibilidade de frequentar salas de cinema, dado que,
corroborando o pensamento supracitado, tendemos a analisar a realidade
alheia, por meio da nossa realidade, o que fica comprovado se tratar de uma
falácia, uma vez que 83 % da população brasileira não frequenta o
representante da sétima arte, conforme pesquisa veiculada pelo site meio e
mensagem. Logo, práticas que visem a divisão de renda e o acesso à cultura
num geral, dentre elas o cinema, precisam ser pensadas, para que cláusulas
pétreas sejam cumpridas a rigor.
Em segundo plano, mesmo com a ascensão dos canais de streaming,
como Netflix, a democratização do acesso a filmes não é total. Nesse sentido,
fica claro que, embora vivemos na sociedade digital, na era da internet, o
acesso ainda assim é restrito, isso porque, segundo o IBGE, pouco mais de
60% da população tem acesso a tal bem. Além disso, a magia presente nas
salas de cinema é inigualável, uma vez que a grande tela encanta e hipnotiza,
como ocorrido em meados do século passado, quando Charlin Chaplin, mestre
máximo do cinema mudo, chocou o mundo mostrando os problemas advindos
da revolução industrial e emocionou retratando o amor e as dificuldades das
87
classes periféricas em “Luzes da cidade”. Dessa maneira, a democratização do
acesso ao cinema é medida que se impõe com urgência.
Depreende-se, portanto, que ações necessitam ser pensadas para
concretizar a democratização do acesso ao cinema no Brasil. Dessa forma, o
Ministério da Fazenda – responsável por gerir as finanças públicas, por meio
de parcerias público-privadas –, deve beneficiar empresas, em troca de
isenções fiscais, que patrocinem filmes brasileiros, reformulando e
fortalecendo a já existente lei Roanet, acordando com essas empresas a
exibição dessas narrativas cinematográficas em escolas públicas abertas a
toda comunidade. Outrossim, o Governo, juntamente ao Ministério das
cidades, deve agilizar a construção de teatros e cinemas públicos, mediante
planos de planejamento e crescimento urbano responsável, com intuito de
fazer valer nossas leis constitucionais e democratizar o acesso à arte no Brasil.
Assim, poder-se-á viver em país justo, harmônico e que democratiza, a todo
corpo social, a magia criada pelos irmãos Lumière.
Texto II
No final do século XIX, em uma pequena sala de cinema, os irmãos
Lumière, reconhecidos pela invenção da sétima arte, chocaram a plateia em
uma pequena exibição. A primeira cena retratada na grande tela, simulava a
chegada de um trem e a verossimilhança foi tanta que grande parte do público
correu com medo de ser atropelado pelos vagões. Não obstante, hoje, no Brasil,
poucos cidadãos têm a oportunidade de sentir a mesma emoção supracitada,
visto que, conforme pesquisa veiculada no site meio e mensagem, 83% da
sociedade brasileira não frequenta o cinema seja pelo pouco número de salas
presentes em nosso território, seja pela falta de espaços públicos destinados à
arte.
Primeiramente, cabe destacar, que, de acordo com a Ancine (agência
nacional de cinema) estamos bem aquém na questão referente ao número de
salas por habitante. Nesse âmbito, cabe trazer à baila as discussões de Niklas
Luhmann, sociólogo alemão apontado como um dos principais autores das
teorias sociais do século XX, o qual afirma que a sociedade é composta por
88
sistemas interligados, ou seja, todas as partes devem trabalhar em harmonia.
Na questão referente à democratização do acesso ao cinema não é diferente,
entretanto áreas periféricas e regiões como Norte e Nordeste – historicamente
esquecidas – são prejudicadas, pois não têm acesso à cultura, mesmo essa
questão sendo um artigo, logo um direito, constante na Constituição Federal.
Dessa maneira, políticas públicas devem ser pensadas para a resolução dessa
problemática.
Outrossim, é dever do Estado garantir direito e acesso à cultura e ao
lazer ao corpo social. Nesse sentido, segundo John Locke, no que concerne à
democratização do acesso ao cinema no Brasil, há uma quebra do contrato
social, dado que o Estado falha ao não oferecer espaços públicos, gratuitos à
comunidade num geral, ou seja, há o ferimento de um direito que é de
responsabilidade estatal. Tal questão fica clara ao apontar que temos apenas
pouco mais de duas mil salas em todo território verde amarelo, o que,
considerando o número de habitantes, é ínfimo se comparado a outras nações
e até mesmo ao Brasil de 40 anos atrás. Tal fato, consequentemente, além de
elitizar o acesso ao cinema, fere um direito garantido.
Depreende-se, portanto, que medidas necessitam ser concretizadas
para democratizar o acesso ao cinema no país. Dessa forma, cabe ao
Ministério da Fazenda, juntamente a ONGs, com trabalhos realizados em
zonas periféricas, realizar exibições de filmes abertos a toda comunidade, por
meio do repasse de verbas e reformulação das prioridades, a fim de que
comunidades prejudicadas historicamente possam ter contato com a magia
das narrativas cinematográficas. Ademais, o Ministério das Cidades,
juntamente com as secretarias municipais e estaduais, deve construir, por
intermédio de parcerias público-privadas, reformulando e fortalecendo a já
existente lei Roanet, salas de cinema públicas com auxílio de empresas, as
quais terão abatimento no imposto de renda, mediante comprovação de
doação, com o fito de que pessoas carentes possam conhecer e frequentar salas
de cinema gratuitamente. Assim, talvez, poder-se-á sentir, aqui em solo
tupiniquim, a magia do cinema presenciada pelos franceses no final do século
XIX.
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