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ROKAN

ALICERCE DO
PARAÍSO
(6 VOLUMES)
Rokan – Alicerce do Paraíso

ALICERCE DO PARAÍSO
6 VOLUMES
DA PAGINA 001 a 173
RELIGIÃO VOLUME I
Total de TÍTULOS 135
DA PAGINA 174 a 366
RELIGIÃO VOLUME II
Total de TÍTULOS 194
DA PAGINA 367 a 564
JOHREI VOLUME I
Total de TÍTULOS 173
DA PAGINA 565 a 731
JOHREI VOLUME II
Total de TÍTULOS 221
SOCIEDADE E DA PAGINA 732 a 900
AGRICULTURA NATURAL Total de TÍTULOS 135
MESSIÂNICA
DA PAGINA 901 a 1025
Total de TÍTULOS 76
ARTE
Total geral de TÍTULOS
934

(20) ERA DA CIVILIZAÇÃO RELIGIOSA – traduzir parte inicial

(129) ENCONTRO DE MEISHU-SAMA COM O CASAL REMON CARTIER -


traduzir parte inicial e parte final

Obs: precisa fazer checagem e correções nos 6 volumes

ALICERCE DO PARAÍSO

SOCIEDADE E AGRICULTURA NATURAL MESSIÂNICA

Tradução Literal
Sem checagem com original japonês e sem revisão de
português
Junho de 2000

2
Rokan – Alicerce do Paraíso

ÍNDICE

PREFÁCIO ................................................................................................................................... 6
SOCIEDADE - INTRODUÇÃO ................................................................................................... 8
(S.AN/1) A CRIAÇÃO DA CIVILIZAÇÃO - PREFÁCIO ......................................................... 8
(S.AN/2) SÉCULO XXI ........................................................................................................... 11
(S.AN/3) O QUE É A VERDADEIRA CIVILIZAÇÃO ............................................................ 19
CAPÍTULO I — AVALIAÇÃO SOBRE A CIVILIZAÇÃO ........................................................ 30
(S.AN/4) A TRANSIÇÃO DA VELHA CULTURA PARA A NOVA CULTURA ................... 30
(S.AN/5) ERA SEMICIVILIZADA .......................................................................................... 33
(S.AN/6) A CULTURA QUE IGNORA A NATUREZA .......................................................... 35
(S.AN/7) AS LEIS E O CARÁTER SELVGEM DO HOMEM ................................................ 40
(S.AN/8) A VIOLÊNCIA É LEGADA DA ERA SELVAGEM ................................................ 43
(S.AN/9) A CULTURA QUE CRIA A FELICIDADE .............................................................. 46
(S.AN/10) O JAPÃO É UM PAÍS CIVILIZADO OU SELVAGEM? ...................................... 49
(S.AN/11) CULTURALMENTE SELVAGENS ...................................................................... 51
(S.AN/12) CIVILIZAÇÃO SELVAGEM ................................................................................. 54
(S.AN/13) A ÉPOCA SEMICIVILIZADA E SEMI-SELVAGEM ........................................... 59
CAPÍTULO II — POLÍTICA ....................................................................................................... 60
(S.AN/14) A ARTE DE DEUS ................................................................................................ 60
(S.AN/15) A TERCEIRA RELIGIÃO ...................................................................................... 63
(S.AN/16) A PALAVRA “SU” ................................................................................................ 65
(S.AN/17) NAÇÃO REGIDA PELO CAMINHO .................................................................... 67
(S.AN/18) RELIGIÃO E POLÍTICA ....................................................................................... 70
(S.AN/19) RELIGIÃO, EDUCAÇÃO E POLÍTICA ................................................................ 72
(S.AN/20) O QUE SÃO OS PRINCÍPIOS .............................................................................. 75
(S.AN/21) A NOSSA RELIGIÃO E O UNIVERSALISMO .................................................... 77
(S.AN/22) A BÚSSOLA DA RECONSTRUÇÃO DO JAPÃO .............................................. 79
(S.AN/23) O JAPÃO É A FÁBRICA DE NONTAGEM DA CULTURA ................................ 83
(S.AN/24) PODER REVOGANTE OU PODER CONSTITUINTE? ...................................... 85
(S.AN/25). A TÉCNICA LEGISLATIVA E O ESPÍRITO LEGISLATIVO ............................. 86
(S.AN/26) ELIMINAÇÃO DO MAL ........................................................................................ 88
(S.AN/27) ESTÁ ERRADO DIZER QUE OS HONESTOS SAEM PERDENDO ................. 89
(S.AN/28) NÃO MENOSPREZE OS CÁLCULOS ................................................................ 92
(S.AN/29) OS PARLAMENTARES DO JAPÃO ................................................................... 95
(S.AN/30) OS ENIGMÁTICOS INTEGRANTES DOS PARTIDOS POLÍTICOS ................ 99
(S.AN/31) A FONTE DA CORRUPÇÃO ............................................................................. 101
(S.AN/32) NOVAMENTE SOBRE A FONTE DA CORRUPÇÃO ...................................... 105
(S.AN/33) O ESCÂNDALO TAMBÉM É AÇÃO PURIFICADORA ................................... 108
(S.AN/34) DESPESA DA CAMPANHA ELEITORAL: 10.000 IENES .............................. 112
(S.AN/35) LIÇÃO DE MORAL COM A DERROTA NA GUERRA ..................................... 117
(S.AN/36) NOVO CONCEITO DE AMOR À PÁTRIA ......................................................... 120
(S.AN/37) A TEORIA DA IGUALDADE DE DIREITOS PARA HOMENS E MULHERES 123
(S.AN/38) A QUESTÃO DO CONTROLE DE NATALIDADE VISTO PELA RELIGIÃO . 125
(S.AN/39) A QUESTÃO DO CONTROLE DE NATALIDADE VISTA POR OUTRO
ÂNGULO ............................................................................................................................... 129
(S.AN/40) A TEORIA DO CONTROLE DA NATALIDADE LEVA O PAÍS À DECADÊNCIA
............................................................................................................................................... 132
(S.AN/41) A TOLICE DO CONTROLE DA NATALIDADE ................................................ 136
(S.AN/42) A TRANSFORMAÇÃO DE ATAMI EM PARAÍSO ........................................... 138
(S.AN/43) A RESPEITO DO JAPÃO TURÍSTICO ............................................................. 141
JORNAL EIKO, Nº 218, 22 DE JULHO DE 1953(S.AN/44) O GENERAL MCARTHUR ........... 141
(S.AN/44) O GENERAL MCARTHUR ................................................................................. 142
(S.AN/45) SR. YOSHIDA ..................................................................................................... 144
CAPÍTULO III — ECONOMIA ................................................................................................. 146

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Rokan – Alicerce do Paraíso

(S.AN/46) DINHEIRO MAL GANHO, DINHEIRO MAL GASTO ........................................ 146


(S.AN/47) A CAUSA DA POBREZA ................................................................................... 149
(S.AN/48) DÍVIDAS .............................................................................................................. 154
(S.AN/49) DEVEMOS OU NÃO DEVEMOS FAZER DÍVIDAS? ....................................... 156
(S.AN/50) NOVAMENTE ARGUMENTANDO SOBRE A DÍVIDA .................................... 161
(S.AN/51) A RESPEITO DAS DÍVIDAS .............................................................................. 165
(S.AN/52) VINTE ANOS DE DÍVIDA ................................................................................... 167
(S.AN/53) A CAUSA DO PROBLEMA FINANCEIRO ....................................................... 171
(S.AN/54) A CAUSA DA BAIXA DO PREÇO DE AÇÃO E SUA PERSPECTIVA FUTURA
............................................................................................................................................... 173
(S.AN/55) RESPEITE A ORDEM ........................................................................................ 177
(S.AN/56) O CARÁTER DEPENDENTE DOS JAPONESES ............................................ 181
(S.AN/57) GANANCIOSOS SEM GANÂNCIA ................................................................... 186
(S.AN/58) OS JAPONESES NÃO TÊM AMBIÇÃO ........................................................... 188
(S.AN/59) FÉ E GREVE ....................................................................................................... 191
(S.AN/60) RELATÓRIO SOBRE PROBLEMAS TRABALHISTAS .................................. 194
(S.AN/61) COMO SOLUCIONAR A ESCASSEZ DE ALIMENTOS ESSENCIAIS .......... 197
CAPÍTULO IV — EDUCAÇÃO ............................................................................................... 198
(S.AN/62) ATEÍSMO É SUPERSTIÇÃO ............................................................................. 198
(S.AN/63) MATERIALISMO E ESPIRITUALISMO ............................................................ 201
(S.AN/64) É O SER HUMANO UMA MATÉRIA? ............................................................... 203
(S.AN/65) A INSTRUÇÃO PREMATURA É PREJUDICIAL ............................................. 204
(S.AN/66) INADEQUAÇÃO DO ESTUDO .......................................................................... 206
(S.AN/67) O MAU COMPORTAMENTO DOS FILHOS ..................................................... 210
(S.AN/68) ELIMINAÇÃO DO MAL ...................................................................................... 212
(S.AN/69) O AUMENTO DA CRIMINALIDADE E A ESTRATÉGIA PARA SUA SOLUÇÃO
............................................................................................................................................... 214
(S.AN/70) A ORIGEM DOS MALES SOCIAIS ................................................................... 218
(S.AN/71) O MAL SOCIAL É OU NÃO É CAUSADO PELO MEIO AMBIENTE? ............ 220
(S.AN/72) A VERDADEIRA CAUSA DA INTRANQÜILIDADE SOCIAL .......................... 222
(S.AN/73) O AUMENTO DO CRIME DE FALSIFICAÇÃO ................................................ 224
(S.AN/74) INFLAÇÃO DE CRIMES INTELECTUAIS ........................................................ 225
(S.AN/75) É POSSÍVEL SOLUCIONAR OS MALES SOCIAIS? ...................................... 227
(S.AN/76) COMO ACABAR COM OS CRIMES ................................................................. 231
(S.AN/77) O MATERIALISMO CRIA O HOMEM MAU ...................................................... 234
(S.AN/78) O MUNDO DOMINADO PELO MAL .................................................................. 236
(S.AN/79) A ERA DA FRAUDE ........................................................................................... 239
(S.AN/80) O HÁBITO DA MENTIRA ................................................................................... 243
(S.AN/81) COMO IDENTIFICAR O HOMEM MAU ............................................................. 245
(S.AN/82) SEJAM FORTES OS VIRTUOSOS ................................................................... 246
CAPÍTULO V — A SITUAÇÃO ATUAL ................................................................................. 248
(S.AN/83) UMA ANÁLISE SOBRE O PACIFISMO ............................................................ 248
(S.AN/84) INSPIRAÇÃO DIVINA PARA QUE HAJA HARMONIA ENTRE OS EUA E A
URSS ..................................................................................................................................... 251
(S.AN/85) COMO FICARÁ O MUNDO ................................................................................ 253
(S.AN/86) OS ESTADOS UNIDOS E A JUSTIÇA .............................................................. 255
(S.AN/87) IMPRESSÕES DIVERSAS SOBRE A SITUAÇÃO ATUAL............................. 257
(S.AN/88) IMPRESSÕES DIVERSAS SOBRE A SITUAÇÃO ATUAL............................. 260
(S.AN/89) A RESPEITO DA MORTE DOS HERÓIS .......................................................... 261
(S.AN/90) DORAVANTE COMO FICARÁ O MUNDO? ..................................................... 264
(S.AN/91) A SITUAÇÃO DO MUNDO CONTEMPORÂNEO E O MUNDO ESPIRITUAL 267
(S.AN/92) A MENTE DOS FABRICANTES DE GUERRAS .............................................. 269
(S.AN/93) AO SR. OOYA MASSAITI .................................................................................. 271
(S.AN/94) CRÍTICAS BASEADAS NA IMAGINAÇÃO ...................................................... 274
(S.AN/95) OS ARTIGOS DE JORNAIS E A MENTIRA ..................................................... 276
(S.AN/96) ERA DE PAVOR A JORNAIS ............................................................................ 278
(S.AN/97) A PAVOROSA LIBERDADE JORNALÍSTICA ................................................. 280
(S.AN/98) AS RELIGIÕES NOVAS E OS ARTIGOS DE JORNAIS ................................. 282

4
Rokan – Alicerce do Paraíso

(S.AN/99) POR QUE OS JORNAIS ILUDEM AS RELIGIÕES NOVAS? ......................... 284


(S.AN/100) NÃO FAÇAM AS PESSOAS DE BOBAS ....................................................... 286
(S.AN/101) JORNAL QUE ENALTECE O BEM ................................................................. 288
(S.AN/102) PESQUISA POPULAR: A RESPEITO DA ―SITUAÇÃO DO MUNDO NOS
ÚLTIMOS TEMPOS‖............................................................................................................ 290
(S.AN/103) AOS JORNALISTAS NÃO É DADA A LIBERDADE DE EXPRESSÃO ....... 292
(S.AN/104) APELO AOS JORNALISTAS .......................................................................... 294
(S.AN/105) OS JORNALISTAS E A NOSSA IGREJA....................................................... 299
(S.AN/106) NOVO PEDIDO DE REFLEXÃO AOS JORNALISTAS ................................. 303
(S.AN/107) EM RETRIBUIÇÃO AO NOME DE TRAPACEIRO ........................................ 307
(S.AN/108) O PRECONCEITUOSO .................................................................................... 309
(S.AN/109) CONTOS DE EXTORÇÃO ............................................................................... 311
(S.AN/110) OS PREJUÍZOS DECORRENTES DAS DENÚNCIAS ANÔNIMAS ............. 314
(S.AN/111) APELO ÀS AUTORIDADES FISCALIZADORAS .......................................... 316
CAPÍTULO VII — REGISTROS DE ENCONTROS .............................................................. 318
(S.AN/112) DIÁLOGO COM O GRÃO-MESTRE JIKAN — A RELIGIÃO QUE PROPICIA
BENEFÍCIOS MATERIAIS; O IDEAL É A PAZ ETERNA DO MUNDO ............................ 318
(S.AN/113) DIÁLOGO LIVRE COM O MESTRE JIKAN — INFLAÇÃO, PRIMEIRO
MINISTRO YOSHIDA; MAO-TSÉ-TUNG E CHIANG KAI-SHEK; PROBLEMAS ENTRE
OS EUA E URSS; GUERRA ATÔMICA ............................................................................. 324
(S.AN/114). GRÃO-MESTRE JIKAN — DIÁLOGO LIVRE SOB SOMBRAS DE
ÁRVORES VERDEJANTES DO SOLO SAGRADO DA TERRA DIVINA ........................ 336
(S.AN/115) APRESENTAÇÃO DE ASPIRAÇÕES DO ANO NOVO PELO GRÃO-
MESTRE JIKAN — DIÁLOGO AO REDOR DA LAREIRA NO INÍCIO DA PRIMAVERA,
EM ATAMI ............................................................................................................................. 340
(S.AN/116) DESBRAVAR O CAMINHO DA FELICIDADE EM PROL DA HUMANIDADE
............................................................................................................................................... 346
(S.AN/117) ESPÍRITO RELIGIOSO TAMBÉM NOS POLÍTICOS..................................... 354
(S.AN/118) DIÁLOGO COM UMA VISITA .......................................................................... 359
(S.AN/119) DIÁLOGO COM UM VISITANTE ..................................................................... 361
(S.AN/120) MEISHU SAMA E O DR. BRADEN ................................................................. 363
AGRICULTURA NATURAL MESSIÂNICA ........................................................................... 369
(S.AN/121) O GLOBO TERRESTRE RESPIRA ................................................................. 369
(S.AN/122) A GRANDE REVOLUÇÃO NO MÉTODO AGRÍCOLA DO JAPÃO.............. 371
(S.AN/123) LIVRO DE EXPLICAÇÃO SOBRE AGRICULTURA NATURAL, MÉTODO
REVOLUCIONÁRIO DE AUMENTO DE PRODUTIVIDADE ............................................ 381
(S.AN/124) A GRANDE REVOLUÇÃO DA AGRICULTURA — É CERTO O AUMENTO
DE 50% DE PRODUÇÃO DE ARROZ EM CINCO ANOS ................................................. 392
(S.AN/125) A RESPEITO DO CULTIVO NATURAL .......................................................... 407
(S.AN/126) EXPLICAÇÕES SOBRE AGRICULTURA NATURAL ................................... 415
(S.AN/127) A GRANDE REVOLUÇÃO DA CULTURA ..................................................... 420
(S.AN/128) AGRICULTURA NATURAL ............................................................................. 425
(S.AN/129) A GRANDE REVOLUÇÃO DA AGRICULTURA ............................................ 434
(S.AN/130) A VITÓRIA DA AGRICULTURA NATURAL ................................................... 439
(S.AN/131) LARANJAS DE TERRAS HÁ QUARENTA ANOS SEM ADUBOS .............. 441
(S.AN/132). COMO SE PODE VER, AS FLORES TAMBÉM SÃO PRODUZIDAS DESSA
MANEIRA ATRAVÉS DO CULTIVO NATURAL ................................................................ 442
(S.AN/133) A RESPEITO DA COLHEITA DO MELHOR ARROZ DO JAPÃO ................ 444
(S.AN/134) A RESPEITO DA PALHA DE ARROZ ............................................................ 445
(S.AN/135) A RESPEITO DE SUPERSTIÇÕES DOS AGRICULTORES ........................ 446
EXPLICAÇÕES — A AGRICULTURA NATURAL MESSIÂNICA ...................................... 449
1 - COMO INTERPRETAR OS ENSINAMENTOS ............................................................. 449
2 - COMO PENSAR SOBRE A NATUREZA ...................................................................... 450
3 - OS TRÊS GRANDES PRINCÍPIOS DA NATUREZA .................................................... 450
4 - O ME PROPORCIONARÁ O DIRECIONAMENTO PARA A REVIVIFICAÇÃO ......... 451
POSFÁCIO ............................................................................................................................... 458
aapresentação

5
Rokan – Alicerce do Paraíso

PREFÁCIO

Desta vez, a Igreja Messiânica Mundial compilou


novamente o "Alicerce do Paraíso", já editado, e publicado em
série.

Este número foi elaborado como o volume "Sociedade, e


Agricultura Natural Messiânica", seguindo o volume "Artes".

Em agosto de 1945, o Japão experimentou a primeira


derrota em guerra, desde o seu nascimento. E como resultado da
perda do suporte espiritual de até então, quando a população em
geral encontrava-se confusa ideologicamente, Meishu Sama, ao
mesmo tempo em que indicou a direção a caminhar, como um
Japão renascido, ensinou que, segundo o Plano de Deus, a
construção do Mundo do Dia será executada, tendo como base o
Japão. Pregou a necessidade da cultura espiritual que
corresponda ao progresso da cultura material, e a missão da
Igreja Messiânica Mundial. E em cada número de periódicos
editados pela Igreja, apresentou seus Ensinamentos e, além
disso, com grande rapidez, publicou vários livros, esclarecendo a
missão que devemos cumprir como homens.

Neste volume, foi compilado desde esses Ensinamentos


até as críticas sobre a cultura, a política, economia e educação,
classificando-as separadamente e, ao mesmo tempo,
comentários sobre as situações, prognosticando inúmeros
acontecimentos atuais, como, por exemplo, a dissolução da
União Soviética, que na época nem se sonhava, as teses nas
quais defendera a justiça contra grandes jornais, com o intuito de
corrigir a postura da reportagem em comunicação em massa,
entrevistas, e os Ensinamentos que se relacionam com a
Agricultura Natural Messiânica.

Atualmente, em que o século XXI encontra-se à nossa


espera, à frente dos olhos, com a dissolução da estrutura de
6
Rokan – Alicerce do Paraíso

guerra fria, dentre o nítido surgimento do princípio da soberania


étnica, os intelectuais do mundo padecem, tateando no escuro, a
edificação da nova ordem, e atualmente, a humanidade encontra-
se em rigorosa época de mudança a qual não terá futuro se não
viver em comum com outros povos, ultrapassando as fronteiras,
e se não se descobrir um caminho que se possa conviver
também com o meio ambiente.

Acreditamos que, encontrando-nos em tal época, publicar


os Ensinamentos de Meishu Sama, que proferiu a Vontade
Divina do alarme da salvação do mundo, e o amor humanitário, o
amor universal, coligindo-os neste volume, é de profundo
significado, e desejamos a utilização de todos.

E no final deste volume, acrescentamos explicações sobre


a Agricultura Natural Messiânica (M.E. Microorganismo Eficaz) e
sobre a denominação "Agricultura Natural Messiânica‖.

Abril de 1993
Igreja Messiânica Mundial

7
Rokan – Alicerce do Paraíso

SOCIEDADE - INTRODUÇÃO

(S.AN/1) A CRIAÇÃO DA CIVILIZAÇÃO - PREFÁCIO

A Criação da Civilização, pág. 6

Este volume é inédito na História. Em síntese, ele pode ser


considerado como o Plano para a Construção do Mundo da Nova
Civilização; constitui também as ―Boas-Novas do Reino dos
Céus‖ e, ainda, a ―Bíblia do Século XXI‖. Isso porque a civilização
atual não é uma civilização autêntica, mas apenas provisória, até
o nascimento da nova e verdadeira civilização. A referência
bíblica sobre o Fim do Mundo ou Fim dos Tempos significa o fim
dessa civilização provisória. A profecia ―E será pregado este
evangelho do Reino dos Céus por todo o mundo, em testemunho
a todas as gentes, e então chegará o fim‖ também se refere à
difusão deste volume. Na Bíblia estão coletados os
Ensinamentos de Cristo, mas o presente volume é a revelação
direta de Jeová, a quem Jesus Cristo se referiu repetidamente,
chamando-o Pai do Céu. Jesus Cristo também disse:
―Arrependei-vos porque está próximo o Reino dos Céus‖.
Analisando essa passagem, fica claro que não seria ele, Jesus
Cristo, quem iria construir o Reino dos Céus, e sim alguém que
viria em tempos posteriores. Eu não digo que o Reino dos Céus
está próximo, porque já chegou o tempo da sua concretização.

Atualmente, estou executando a preparação das bases


para a construção do Reino dos Céus. É um trabalho feito ainda
em pequena escala, mas está se desenvolvendo com prodigiosa
rapidez e em todos os sentidos. É um assombro. Manifesta-se
milagre após milagre, razão pela qual os homens estão
maravilhados. Analisando isso detalhadamente, evidencia-se que
há centenas de milhares de anos atrás tudo já tinha sido
cuidadosamente preparado por Deus, com todos os pormenores,
sem nenhuma omissão. Isso pode ser percebido claramente,
mas a sua base consiste no balanço geral da velha civilização, e
8
Rokan – Alicerce do Paraíso

no planejamento da nova civilização. Com esse objetivo, faço


uma profunda exposição da teoria, comprovada através dos fatos
reais.

O primeiro ponto importante que precisa ser esclarecido é


que, na velha civilização, dominava a força do Mal; a força do
Bem era extremamente fraca. Como finalmente chegou o tempo,
agora inverte-se a situação e o mundo ingressa, aqui, na fase da
efetivação do Reino dos Céus na Terra. Entretanto, em relação a
isso, há um gravíssimo problema: a velha civilização,
logicamente, deve sofrer um balanço geral. Os pecados e as
impurezas resultantes do mal acumulado durante longo tempo
terão de ser eliminados. É uma ampla ação purificadora, de
âmbito mundial. Sendo assim, o número de pessoas vitimadas
por ela será tão grande que a imaginação talvez nem possa
alcançar. Evidentemente isso é o ―Juízo Final‖, e não há nada
que possa evitá-lo. Deus, porém, com Seu grande amor,
empenhado em salvar o maior número possível de pessoas,
escolheu-me para executar essa obra grandiosa, da qual o
presente livro constitui o prelúdio. Desejo, pois, que o leiam com
a mente voltada para esse fato.

Com o término do ―Juízo Final‖, terá início a construção do


Novo Mundo. Entretanto, a mudança de toda a cultura, nessa
fase de transição, constituirá um acontecimento inédito, além da
imaginação do homem. Apontando em primeiro lugar os
equívocos existentes na velha civilização, este livro oferece as
diretrizes para a criação da nova civilização. Isto será explanado
com todos os detalhes. Para aqueles que vão ler, é o mesmo que
ter a corda da salvação à frente dos seus olhos; se a agarrarem
imediatamente, serão salvos. Aqueles que não o fizerem, é lógico
que mais tarde se arrependerão, mas será tarde. Dessa forma,
os homens de muitos pecados serão extintos; os de poucos
pecados serão salvos e se tornarão habitantes do futuro Reino
dos Céus na Terra. O Reino prometido é de uma concepção
maravilhosa, de uma grandeza descomunal, que está além da
9
Rokan – Alicerce do Paraíso

capacidade de expressão. Ao chegar esse tempo,


compreenderão claramente a extrema barbárie e o nível inferior
que caracterizam a civilização atual. Ao mesmo tempo afirmo: a
humanidade exultará de alegria.

Data: 1952

10
Rokan – Alicerce do Paraíso

(S.AN/2) SÉCULO XXI

Luz do Oriente Vol 1, pág. 40

Acordei às seis horas da manhã, ao som de uma música


bem baixinha, que parecia sair do travesseiro. Ela foi ficando
cada vez mais alta, e, como eu não conseguia dormir, levantei-
me. ―Que interessante! Um despertador acionado dentro do
travesseiro!‖ - pensei eu. Lavei o rosto e tomei a refeição matinal,
uma mescla dos hábitos japoneses e ocidentais: sopa de ―misso‖,
pão de arroz, um pouco de peixe e carne, verdura, café, chá
verde, etc.

Em primeiro lugar, li o jornal. Numa manchete da primeira


página, anunciava-se a eleição do Presidente Mundial. O dia da
eleição estava próximo. Publicavam-se os nomes e as fotos dos
candidatos de diversos países: Estados Unidos, Inglaterra,
França, Alemanha, Vietnã, Japão, União Soviética (cujo nome
era outro) e países da América do Sul. Parece que o candidato
dos Estados Unidos era o preferido.

Na página três, deparei-me com algo inesperado: quase


não existiam artigos sobre crimes. Dava-se grande destaque à
parte relativa às diversões; os artigos principais versavam sobre
esporte, turismo, música, belas-artes, teatro, cinema e outras
artes cênicas, etc. A composição estava realmente muito bem
feita. Os artigos não eram complexos e mal elaborados como
acontecia nos jornais do passado, mas redigidos numa
linguagem simples e precisa, restringindo-se unicamente ao
necessário. Assim, gastava-se pouco tempo na leitura; percebia-
se que havia cuidado para não cansar o leitor.

Outra nota diferente em relação aos tempos antigos era a


grande quantidade de fotos: cinqüenta por cento de textos e
cinqüenta por cento de fotos. A página de anúncios e
classificados também era muito diferente. Quase não havia
11
Rokan – Alicerce do Paraíso

propaganda de remédios, e a de cosméticos era mínima. O que


havia em abundância era propaganda de livros e artigos
relacionados às vestimentas, alimentação, moradia, maquinaria,
novos lançamentos, etc. A parte escrita era bem reduzida, por
isso eu li o jornal todo em aproximadamente quinze minutos.
Terminei a leitura com muito boa disposição. E não era para
menos, pois a janela era ampla e a sala estava bem clara. Não
havia nenhuma instalação de segurança: explicaram-me que
assaltantes e ladrões eram histórias do passado. Por isso, achei
que, de fato, aquele era um mundo maravilhoso.

Terminada a leitura do jornal, peguei o carro e saí. Estava


muito bem vestido, mas fiquei surpreso com a beleza da cidade.
Parecia um jardim. Engraçado é que, além dos automóveis, não
se via nenhum outro tipo de condução, o que não era de se
admirar, pois os trens e os bondes trafegavam pelo subsolo; as
ruas eram só para os automóveis. Além disso, estes não faziam
nenhum barulho. Achando estranho, olhei bem e notei que a rua
parecia estar forrada com cortiça. Observando melhor, percebi
tratar-se de um material elástico e bastante macio, que parecia
ter sido preparado com a mistura de borracha e pó de serra. Os
carros trafegavam com pneus de borracha, e existiam
dispositivos para isolar o som em volta das janelas e em toda
parte, não havendo, pois, motivos para poluição sonora. Além do
mais, se chovia, a água se infiltrava e por isso não se formavam
poças. A força motora que movimentava os carros era um
minério do tamanho da ponta de um dedo. Algo realmente
extraordinário, porque conseguia fazer com que um carro
percorresse várias dezenas de milhas. Esse minério
assemelhava-se ao urânio e ao plutônio, sendo uma aplicação do
princípio da desintegração do átomo.

Assim que entrei no carro, vi que não havia motorista. Nem


era preciso, pois bastava o passageiro segurar uma barra com
uma das mãos para o carro movimentar-se. É claro, porém, que
algumas pessoas se davam o luxo de ter motorista.
12
Rokan – Alicerce do Paraíso

Comecei a visita da cidade. Como era bela! Fiquei


surpreendido ao ver árvores frutíferas enfileiradas entre a rua e a
calçada, como acontecia antigamente com a avenca-cabelo-de-
vênus e os plátanos. Havia figueiras, caquizeiros, ameixeiras e
árvores mais baixas, como laranjeiras, pessegueiros e pereiras.
No meio da rua existiam canteiros semelhantes aos de outrora,
separando as duas mãos do trânsito; neles se enfileiravam
árvores frondosas, cobertas de belas flores, e as bordas eram
coloridas por todos os tipos de flores e plantas. Enquanto eu
passava por elas, chegava a mim o perfume de uma flor que não
consegui identificar.

O que me pareceu mais bonito no passeio foi um caminho


cheio de hortênsias, em determinado bairro, na extensão de uma
milha. A segunda coisa mais bela foi o caminho que vinha em
seguida, todo florido de dálias. Existia, também, um local onde se
viam cachos de uvas pendurados nas duas calçadas das ruas, e
latadas de glicínias cujas flores já haviam caído e que só tinham
folhas. Em diversos pontos da cidade, havia pequenas casas de
chá com mesas e cadeiras enfileiradas na beira das calçadas, a
fim de que os transeuntes pudessem tomar bebidas simples
apreciando as flores. Cada bairro possuía um ou dois pequenos
parques públicos, onde as crianças brincavam alegremente, e
por isso a cidade também era o Paraíso das Crianças. Alguns
jardins de flores tinham um lago artificial bem no centro, e o
interessante é que, em sua superfície, boiavam nenúfares. Todas
as plantas eram regadas várias vezes por dia, numa hora
determinada. Havia um encanamento instalado em volta dos
jardins: era um cinturão quadrado, de cimento, com um número
infinito de orifícios. Bastava abrir a torneira para que, desses
orifícios, saíssem jatos d’água, como os de um chafariz,
molhando todo o jardim.

Outro aspecto que me surpreendeu foi o tempo, que


também era controlável, podendo-se fazer sol ou chuva. Assim,
se na manhã ou na tarde de certo dia da semana chovia, depois
13
Rokan – Alicerce do Paraíso

fazia bom tempo até determinado dia. O vento também estava


controlado para soprar na proporção adequada, em dias
espaçados, sendo que, de vez em quando, soprava um vento
forte. Isso era inevitável, para que as árvores fortificassem suas
raízes. A antiga expressão ―de cinco em cinco dias ventar, de dez
em dez chover‖, deve referir-se a essa época. Naturalmente, tudo
decorria do progresso da Ciência.

Nesse meu passeio pela cidade, vi algo interessante. Em


diversos locais havia umas casinhas de vidro, semelhantes a
caixas, onde se podiam ver desde árvores com folhas
aciculiformes até árvores que apresentam sempre o mesmo
aspecto, como pinheiros, cedros, ciprestes, lariços e outras.
Nessas casas conservava-se a temperatura de mais ou menos
dez graus centígrados; naturalmente, havia um aparelho de ar
condicionado em cada uma. Eram oásis artificiais para aqueles
que transitavam pelos arredores, sob o sol quente do verão. Em
todos esses locais vi jovens realizando diversas atividades sob a
orientação de um responsável, que tinha vasto conhecimento de
botânica e fora selecionado entre os componentes da comissão
de cada bairro.

Do carro, eu via as lojas da cidade, enfileiradas. Eram


construções bem planejadas, cheias de beleza e altivez,
proporcionando uma impressão muito agradável. As lojas um
pouco maiores pareciam museus de artes. Aliás, não se via
construções de mau gosto, de cores berrantes, pequenas como
caixinhas de fósforo. Todas tinham janelas bem amplas e
iluminação suave. A beleza da pintura e da escultura estava
aplicada ao máximo.

Enquanto eu fazia isso e aquilo, parece que ia


anoitecendo, mas não se sentia que já era noite. Aliás, não era
para menos, pois nas ruas, em determinados espaços, existiam
postes de iluminação a mercúrio. Os raios de luz eram diferentes
dos que são emitidos pelas lâmpadas: muito mais claros, um
14
Rokan – Alicerce do Paraíso

brilho surpreendente. Parecia estar-se recebendo a luz do Sol em


plena tarde, e nenhuma das cores sofria modificação.

Caros leitores, gostaria que imaginassem o aspecto da


cidade que acabei de descrever. As mais diversas flores, todas
abertas, exalavam um perfume agradável por toda parte, e as
árvores estavam carregadas de todos os tipos de frutas. O
silêncio era tão grande que não parecia estar-se numa
metrópole. Que passeio agradável! Olhando as vitrines das lojas,
eu tinha a impressão de estar vendo uma exposição de belas-
artes. Naquela cidade, até as lojas bem grandes conseguiam
suprir as suas necessidades com apenas um ou dois
funcionários, visto que as mercadorias tinham os preços
marcados e qualquer pessoa podia pegá-las e examiná-las. Se
os fregueses ficavam satisfeitos com o preço e o folheto de
explicação, depositavam o dinheiro na caixa coletora, colocada à
entrada da loja; o embrulho era feito automaticamente por uma
máquina e, de acordo com o tamanho do objeto, era amarrado
com um barbante, tornando-se fácil de carregar. Dessa forma,
era realmente muito fácil fazer compras.

Como sentisse fome, entrei num restaurante. Não se


avistava nenhum garçom. De um lado da entrada estavam
enfileirados pratos apetitosos, todos com uma identificação: A, B,
C... Sentei-me num lugar desocupado e, olhando para a mesa, vi
que era numerada. Depois, apertei um dos botões instalados no
canto. Naturalmente, apertando o botão correspondente ao
número da mesa e à identificação do prato, este aparecia
imediatamente. Olhando com mais atenção, notei que no meio da
mesa havia uma abertura mais ou menos do tamanho do prato,
que por ali saía automaticamente. Assim, tudo que eu pedia
subia logo em seguida. Não havia necessidade de nenhuma
explicação; o serviço era muito rápido, muito agradável. Eu tinha
ouvido falar que esse método já existia no século XX, mas me
parecia inconcebível que estivesse tão aperfeiçoado.
Obviamente, todas as bebidas saíam pela mesma abertura, mas
15
Rokan – Alicerce do Paraíso

as alcoólicas só apareciam até certo limite. Observando melhor,


vi que havia mais um botão. Nele estava escrito: ―Conta‖. ―Ah,
então aperta-se esse botão...” Apertei. Imediatamente surgiu a
notinha. Coloquei a quantia estipulada, e logo apareceu o recibo.
Que facilidade! Fiquei satisfeito e não gastei muito tempo. Por
isso, resolvi ir a um teatro.

A quantidade de teatros era surpreendente. Qualquer


cidade os possuía em tudo quanto é lugar, e, para meu espanto,
o ingresso era muito barato. Imaginando que não haveria
nenhum lucro, interpelei o gerente. Ele respondeu que todos os
teatros eram administrados por milionários como obras sociais, e
assim nem seria preciso cobrar ingresso. Não obstante, a
construção e as instalações eram luxuosas, ostentando a maior
beleza e boa qualidade. Não se permitia a entrada de
espectadores além da quantidade de cadeiras, de modo que se
podia assistir muito bem às representações.

Quando entrei, estava havendo uma exibição


cinematográfica curiosíssima. Exibiram-se dois filmes produzidos
por uma companhia nipo-americana - um sobre os Estados
Unidos e outro sobre o Japão. O primeiro era um filme histórico
que retratava o período transcorrido desde a época em que os
puritanos da Inglaterra foram para os Estados Unidos e
começaram a desbravar a terra, até a Guerra da Independência.
O segundo mostrava um personagem que poderíamos chamar
de cientista religioso, o qual revolucionou a medicina e teve uma
vida de lutas incessantes buscando a solução para o problema
da doença. Ambos os filmes eram muito interessantes. Ainda
houve outro espetáculo, transmitido pela televisão, mas parecia
uma peça representada em algum teatro.

Como estava exausto, voltei para casa e fui dormir.


Refletindo sobre o que vira nesse dia, concluí que realmente o
sonho da humanidade havia sido concretizado. Fiquei bastante
comovido, achando que era a utopia há tanto tempo idealizada
16
Rokan – Alicerce do Paraíso

por ela, e meu espírito de pesquisa aumentou de forma


irrefreável, pois eu sentia necessidade de conhecer todos os
aspectos da cultura da Nova Era. Primeiramente, resolvi
pesquisar em silêncio. Acreditando, entretanto, que os leitores
também desejam conhecer tudo sobre esse novo mundo,
relatarei, pela ordem dos fatos, aquilo que fiquei sabendo.

O caso que se segue aconteceu no dia seguinte ao


daquele passeio.

Um vizinho meu convidou-me para ir a um lugar muito


agradável, e eu o acompanhei sem hesitar. Mais ou menos no
centro de certa cidade, existia um edifício surpreendentemente
suntuoso. Dirigimo-nos para lá. Nele, havia teatro, restaurante,
locais de diversão, etc. Eu quis saber que edifício era aquele, e
meu amigo me disse que era o centro comunitário,
acrescentando que todas as cidades tinham um ou dois desses
centros. Em seguida ele falou que uma vez por semana os
membros se reuniam para trocar idéias. Naturalmente avaliavam
propostas sobre o plano de expansão da cidade, higiene,
diversões e outros setores, objetivando aumentar o bem-estar
dos cidadãos.

Primeiramente nos encaminhamos ao restaurante, onde


saboreamos pratos deliciosos; a refeição era excelente, muito
melhor que as do século anterior, em termos de beleza, sabor da
comida e aroma das bebidas alcoólicas. Pelo que meu amigo
contou, uma vez por semana havia o Dia da Felicidade, em que
os membros se reuniam e passavam momentos aprazíveis,
saboreando pratos apetitosos, ouvindo música e assistindo a
representações teatrais e exibições de dança. Nessa ocasião, as
danças e as músicas eram apresentadas, com grande altivez, por
moças de todas as famílias da cidade, as quais treinavam estas
artes habitualmente. Artistas profissionais e amadores faziam
apresentações conjuntas. Todas as despesas com essa e outras

17
Rokan – Alicerce do Paraíso

atividades eram feitas pelos milionários da cidade, através das


instituições sociais.

Nesse novo mundo, era surpreendente a intensidade do


turismo. Nos parques nacionais, nas regiões montanhosas, nas
praias e em ilhas pitorescas de várias regiões havia um grande
número de visitantes, provenientes de todos os países.
Conseqüentemente, por mais afastado que fosse um lugar, o
progresso cobria todas as distâncias com trens elétricos,
bondinhos aéreos e outros meios de transporte. As ferrovias e os
meios de navegação eram magníficos e luxuosos; os preços, no
entanto, eram bem baratos. Chegava a ser quase de graça. E
não era de se admirar, pois tudo isso também se tornava
possível graças à contribuição social dos milionários.

Ouvi todas essas explicações durante o período de


descanso, e nem preciso dizer que fiquei surpreso, não obstante
tudo aquilo que já tinha visto.

Artigo não-publicado, escrito em 1948

18
Rokan – Alicerce do Paraíso

(S.AN/3) O QUE É A VERDADEIRA CIVILIZAÇÃO

A Outra Face da Doença pág. 13

Creio que minha palestra é bastante original. Pretendo


tratar de assuntos que nunca foram tratados antes.

Em primeiro lugar, eu gostaria de dizer que muita gente,


confundindo cultura com civilização, diz que a cultura da
atualidade é avançada, ou que estamos na Era da Cultura. Na
verdade, porém, cultura e civilização são coisas diferentes.
Civilização é um mundo ideal, sem nenhuma selvageria; a isso
nós chamamos de mundo civilizado. Já a cultura é o estágio
intermediário entre a selvageria e a civilização. Portanto, o que
se chama BUN-NO-KE, ou seja, BUNKA (Cultura), é uma
sombra, é um fantasma.

Observando o estado atual da humanidade, notamos que


os homens estão apaixonados por essa sombra, achando que
ela é o que há de melhor e que, com o seu progresso, o mundo
se tornará aprazível. Mas o mundo civilizado a que eu me refiro é
diferente daquilo que as pessoas têm em mente.

O que é a verdadeira civilização? Em palavras simples, é


sinônimo de vida. Deve ser a época em que a humanidade possa
viver com segurança. Mas, como o Sr. Suzuki disse há pouco,
hoje há coisas realmente temíveis, como a bomba atômica, a
bomba bacteriológica, o Juízo Final, etc. São temíveis porque
põem em risco a segurança da vida. Isso não é um mundo
civilizado. É a cultura; a Era da Cultura. Isto é, estamos na fase
de transição entre a selvageria e a civilização. O que vou falar
agora não é sobre a cultura, e sim sobre a civilização.

As doenças e as guerras são o que mais põem em risco a


vida. Se não tivéssemos guerras nem doenças, teríamos garantia
de vida, e este seria o verdadeiro mundo civilizado. Já chegamos
19
Rokan – Alicerce do Paraíso

à época em que precisamos ir até aí. Daí a razão de ser do lema


da Igreja Messiânica Mundial: o mundo absolutamente isento de
doença, pobreza e conflito. Como a guerra é um conflito em
maior escala, propomos a construção do mundo sem doença,
pobreza e guerra.

Todos os infortúnios são decorrentes da doença.


Costuma-se entender como doença aquilo que provoca dores,
coceira ou outras reações; interpreta-se sempre no sentido físico.
Mas não é bem assim. Há dois tipos de doenças: doenças físicas
e doenças do espírito. Dizem que este ano a tuberculose e outras
doenças contagiosas, a disenteria, etc. aumentaram bastante e
por isso as pessoas estão receosas. Entretanto, se hoje não se
conseguir encontrar solução para esse problema, jamais se
formará um mundo civilizado, nem mesmo daqui a centenas ou
milhares de anos.

Quanto à pobreza, sua origem é a doença do corpo. Basta


escolher uma pessoa pobre e procurar saber a causa da sua
pobreza. É invariavelmente a doença. São casos como a perda
de emprego devido à enfermidade, ou a impossibilidade de
trabalhar pelo mesmo motivo. A doença, acrescida do fato de não
se receber salário, constitui uma dose dupla de sofrimento. Isso
se reflete negativamente não só no próprio doente como em seus
parentes e amigos.

A causa das guerras também é a doença. Trata-se da


doença mental. É comum utilizar-se a expressão "fabricantes de
guerras", para aqueles que as causam. Observando-se a
História, encontramos inúmeros exemplos. E eles recebem o
nome de heróis. Esses indivíduos importantes têm força e
inteligência, mas no fundo sofrem de uma espécie de doença
nervosa. Por isso torna-se necessário erradicar não só a doença
do corpo como também a do espírito. Quanto à do corpo, as
pessoas acreditam que é possível curá-la através da Medicina e

20
Rokan – Alicerce do Paraíso

se esforçam nesse sentido, mas não há nada que resolva a


doença espiritual. Para isso, só existe um meio: a Religião.

Na teoria pode ser assim, mas surge a dúvida: conseguir-


se-á, na prática, erradicar ambos os tipos de doenças? Aí é que
entra o JOHREI, ao qual se referiu há pouco o Sr. Suzuki: ele irá
erradicar a doença da mente e a do corpo. Dessa forma, surgirá
o mundo civilizado.

Observando o estado em que se encontra a humanidade e


a cultura, concluo que de maneira alguma isto é civilização. Pelo
contrário, é até um estado extremamente bárbaro. As guerras de
hoje são mais terríveis que as da época selvagem. Sendo assim,
podemos afirmar que a cultura ou civilização da atualidade não
passa de aparência; a humanidade está iludida com essa
aparência, e as pessoas se sentem gratas. Analisando seu
conteúdo, veremos que ele é selvagem; ou melhor, meio
civilizado e meio selvagem. A cultura contemporânea assemelha-
se a uma bela mulher, vestida com um bonito quimono, com a
qual todos ficassem impressionados, mas que, quando tirasse a
roupa, se mostrasse corroída pela sífilis, toda coberta de pus.

Acredito, por conseguinte, que a nossa Igreja Messiânica


Mundial não é uma religião. Se fosse possível resolver os
problemas do homem com a Religião, eles já teriam sido
resolvidos, pois até o presente apareceram importantes líderes e
fundadores de religiões, filósofos, moralistas, etc. É verdade que
selvagens nus e de rosto pintado restam poucos. Conseguiu-se,
também, que tudo assumisse um aspecto bonito, culto. Mas
ainda não foi possível garantir a vida humana, porque as religiões
que surgiram até hoje não tinham força suficiente. Tiveram força
para tornar cultos os selvagens, mas não para ir além, ou seja,
para tornar os homens civilizados.

Há, ainda, inúmeros inventos que não são utilizados no


bom sentido: muito pelo contrário. Dizem que a bomba atômica
21
Rokan – Alicerce do Paraíso

pode matar vinte milhões de pessoas de uma só vez; entretanto,


se essa energia for aplicada para o bem, com uma pequena
porção do tamanho da ponta de um dedo, poder-se-á fazer rodar
trens ou automóveis por muitos dias. O avião, sendo utilizado
como meio de transporte, não existe nada mais rápido e útil;
utilizado para lançar bombas, não há máquina mais temível.

Esta é a cultura científica de hoje. Chegamos até aqui com


o progresso da cultura científica, mas falta algo - algo muito
importante. Devido a essa falta, tende-se a fazer mau emprego
das coisas. Eis o motivo da aflição da humanidade. Para utilizar
as coisas em sentido positivo, torna-se necessário ir às raízes,
isto é, ao Espírito. Mudando o Espírito das criaturas do Mal para
o Bem, elas saberão utilizar tudo no bom sentido e assim se
conseguirá um mundo maravilhoso. Cristo referiu-se a isso com a
expressão "É chegado o Reino dos Céus". Sakyamuni, por sua
vez, disse: "Após a extinção do Budismo, aparecerá Miroku
Bossatsu, e surgirá o Mundo de Miroku". Só que Sakyamuni falou
que seria após 5,67 bilhões de anos. Acredito, entretanto, que ele
quis apenas se referir aos números 5 6,7. Se realmente estivesse
profetizando algo para daí a 5,67 bilhões de anos, Sakyamuni
não estaria bom da cabeça, pois não há nenhum sentido em
profetizar algo para um futuro tão distante. Nessa época, a
humanidade e a Terra já teriam passado por uma mudança tão
grande que nem se poderia imaginar.

Os messiânicos conhecem bem o significado dos números


5,6,7. Caso eu fosse explicá-lo, isso me tomaria bastante tempo
e aí eu não poderia falar de coisas importantes. Com relação à
profecia de Cristo, ao invés de dizer "É chegado o Reino dos
Céus", ele poderia ter dito "Vou construir o Reino dos Céus". Mas
naquela época o mundo ainda não havia alcançado o estágio
necessário para isso, ou seja, o progresso da cultura ainda era
insuficiente para a construção do verdadeiro mundo civilizado.

22
Rokan – Alicerce do Paraíso

No entanto, a cultura material progrediu, chegando ao


estágio em que se encontra atualmente; o progresso foi tal que
se estendeu ao mundo todo. O que eu estou dizendo pode ser
ouvido, através dos modernos meios de comunicação, nos quatro
cantos do mundo. Os meios de transporte se desenvolveram
tanto que é possível ir de avião até os Estados Unidos num dia.
Dessa forma, o progresso da cultura material já atingiu o ponto
em que estão preenchidas quase todas as condições
necessárias ao mundo civilizado. O primordial dessa questão é
que a alma humana ainda não evoluiu o suficiente para a
utilização do progresso no bom sentido. Sobre essa alma, é
imperativo empenhar-nos para que as pessoas a utilizem
positivamente e, ao mesmo tempo, para que a humanidade tome
conhecimento disso. Em várias oportunidades falei sobre o
assunto, e os fiéis já têm alguma noção a respeito.

A propósito, comecei a escrever, há cerca de seis meses,


um livro intitulado "A Criação da Civilização". Meu objetivo é
esclarecer que a civilização atual não é a verdadeira civilização e
que, nesta, a Medicina, a Política, a Educação, a Arte, etc. serão
bem diferentes. A parte que se refere à Medicina já está quase
pronta, mas tenciono escrever, ainda este ano, a parte referente
às outras áreas. Quando o livro estiver concluído, pretendo
traduzi-lo para o inglês e tomar providências para que ele seja
lido por professores universitários, cientistas, enfim, por
intelectuais do mundo inteiro. Vou enviá-lo, também, à Comissão
Examinadora do Prêmio Nobel, mas acredito que, no início, não o
receberão bem, pois a Comissão é integrada por eminentes
personalidades da cultura material. Todavia, como se trata de um
livro que aborda justamente aquilo que as pessoas eminentes
estão buscando, acredito que os integrantes da Comissão não
deixarão de entendê-lo e exclamar: "É isto!" Assim, poderiam
conceder-me dez ou vinte Prêmios Nobel. Quando esse livro for
publicado, eu gostaria que todos os povos o lessem.

23
Rokan – Alicerce do Paraíso

Dessa forma, ao mesmo tempo que mostramos como


estará constituída a verdadeira civilização, damos a conhecer o
JOHREI. Com o JOHREI as doenças saram milagrosamente,
mas ele não se destina a curar doenças. Em resumo, o JOHREI
cura o espírito, ou seja, o mal que existe nele. Em termos mais
claros, o mal é o caráter selvagem, e este não pode ser
removido, pois não se pode viver sem espírito. O que se pode
fazer é mudar a maneira de pensar das pessoas, ou seja,
diminuir-lhes as partes más, fazendo com que as partes boas
aumentem. Assim, todos farão apenas coisas boas, isto é,
acharão que devem fazer o bem.

Costumo dizer aos fiéis que os homens da atualidade


estão sempre pensando em praticar o mal. Mesmo que não
queiram fazê-lo, acham que é bobagem praticar o bem, que isso
só traz prejuízos, que se deve fazer as coisas de maneira mais
"fácil". Entretanto, essa forma de pensar é o oposto da verdade.
Faço tal afirmativa porque já houve época em que eu também
pensava assim. Gradativamente, porém, comecei a ter melhor
compreensão sobre Deus, através da Fé, e vi que estava
totalmente do "avesso". Aí passei a querer praticar o bem e
sempre buscava um meio para isso. Estava sempre procurando
fazer algo em benefício das outras pessoas, algo que as
deixasse felizes, satisfeitas. Com essa atitude, minha sorte
melhorou. Mesmo antes de me dedicar inteiramente à Fé,
aconteciam-me coisas boas quando eu ficava nesse estado de
espírito. Assim, pensei como seria bom se as pessoas
soubessem os benefícios que nos advêm quando procuramos
fazer a felicidade do próximo.

À medida que eu ia acumulando tais experiências da vida


real, comecei a ter plena compreensão de que realmente Deus e
o demônio existiam. A partir daí passei por uma fase de
aprimoramento espiritual. Com a ocorrência de vários milagres,
pude compreender a grande missão que me era destinada. Foi

24
Rokan – Alicerce do Paraíso

assim que instituí a Igreja Messiânica Mundial e estou


desenvolvendo minhas atividades.

Outro ponto que eu gostaria de abordar é o "Juízo Final",


do cristianismo, e o "Fim do Budismo", profetizado por
Sakyamuni. Apesar de muitos líderes e fundadores de religiões
terem feito profecias semelhantes, vou tratar, aqui, apenas
destas duas.

Que vem a ser o Juízo Final? Os homens estão


imaginando que virá um Deus para fazer o julgamento neste
mundo, mas isso não corresponde à verdade. É um ponto de
difícil entendimento para os não-fiéis, mas o Mundo Espiritual é
uma realidade. O mundo em que vemos e sentimos a matéria é o
Mundo Material; além deste, há o Mundo Espiritual e, no meio
dos dois, o Mundo Atmosférico. Este último já é conhecido, mas
ainda não se conhece o Mundo Espiritual. É como a ordem em
que se dispõem a era do barbarismo, a era da cultura e a era da
civilização. Da mesma forma, o Universo obedece a uma
constituição tripla: Mundo Material, Mundo Atmosférico e Mundo
Espiritual.

Há, ainda, os ciclos do mundo: assim como existe


transição entre o claro e o escuro, entre o dia e a noite no espaço
de um dia, há a mesma transição no espaço de um ano. O claro
e o escuro em um ano podem ser comparados ao verão e ao
inverno, respectivamente. Os raios solares são mais fortes no
verão e mais fracos no inverno, ocasionando o contraste entre o
claro e o escuro. E existem períodos idênticos no espaço de dez
e de cem anos. A História registra épocas de paz e de guerra,
que correspondem ao claro e ao escuro. Refiro-me, portanto, a
esse ritmo.

Igual período existe também no espaço de mil e de dez mil


anos.

25
Rokan – Alicerce do Paraíso

Estávamos até agora na escuridão, no período das trevas;


vamos passar para o período da claridade. Passando-se para o
período da claridade, tudo que existia no período das trevas
sofrerá uma seleção. Esses ciclos do mundo nós designamos
com as expressões Mundo da Noite, Mundo do Dia, Cultura da
Noite, Cultura do Dia. Assim, desaparecerá uma série de coisas
que não serão mais necessárias. Durante o dia, por exemplo,
não é preciso lâmpadas. Tudo aquilo que pertence à Era da Noite
e se tornar desnecessário será eliminado.

O Juízo Final representa a separação do que é do Dia e


do que é da Noite. O que for inútil ficará inativo ou será destruído.
A partir de agora, as coisas do Dia irão sendo construídas
gradativamente.

O que acontecerá quando o Mundo Espiritual se tornar


claro? Vejamos o homem. Nele, entre a matéria e o espírito,
existe a água, que corresponde ao ar. Ela existe em grande
quantidade no corpo humano. Assim, o homem apresenta uma
constituição tripla; dela, faz parte o espírito, a que também se
poderia chamar alma. O espírito está subordinado ao Mundo
Espiritual. Tornando-se claro esse mundo, aqueles cujo espírito
não corresponder a essa claridade terão de ter as suas máculas
removidas. Não significa que elas serão arrancadas, mas
ocorrerá naturalmente a purificação, para limpar o que está sujo.
À medida que o Mundo Espiritual vai clareando, as pessoas
possuidoras de máculas no espírito passam por uma limpeza,
que é o sofrimento. O princípio da doença obedece a essa
explicação. Através dela pode-se compreender perfeitamente o
que é a doença.

Até agora não se conhecia o espírito. Desprezava-se a


sua existência. Como o Sr. Tokugawa disse há pouco, é uma
questão de alma. A ação da alma é muito grande.

26
Rokan – Alicerce do Paraíso

Ontem fui visitado por uma pessoa que eu não via há


cerca de um ano. Anteontem eu tinha pensado: "Como estará ele
passando?" No dia seguinte ele apareceu. Aí eu disse para mim
mesmo: "Ah, o espírito dele veio aqui antes!‖ Digamos, por
exemplo, que o Sr. Tokugawa pense: "O Sr. Matsunami está
escrevendo com afinco." Então este pensamento vai até o Sr.
Matsunami, penetra no seu corpo e se aloja na sua cabeça. Aí,
ele se lembra do Sr. Tokugawa. É como se a pessoa chegasse,
após ter avisado. Nessas ocasiões, as criaturas se comunicam
através dos elos espirituais. O trabalho desses elos, no caso do
relacionamento amoroso, é muito interessante. Mas o meu
objetivo, no momento, não é o problema do amor. O assunto se
tornará claro, para os senhores, quando abraçarem a Fé. O amor
é muito bom, mas quase sempre acaba em tragédia. Para
entender melhor esse fim trágico, é necessário conhecer o lado
espiritual, a existência dos elos espirituais. Isso não pode ser
menosprezado. Em vários problemas da vida há mulheres; dizem
mesmo que por trás dos crimes existe sempre uma mulher, ou
melhor, o amor. Com a compreensão das causas, é possível
eliminar as tragédias e os males sociais. Mas vamos deixar este
assunto por aqui.

Como eu estava falando há pouco, as máculas do espírito


irão sendo eliminadas para ele corresponder à claridade do
Mundo Espiritual. Se isso terminar numa simples doença, está
tudo bem, mas pode acontecer que a pessoa fique gravemente
enferma e acabe falecendo. A doença chega aos poucos, e por
isso é que se chama doença. Se vier de uma vez, a pessoa
morre. Juízo Final é isso. Com o clarear do Mundo Espiritual, a
transformação pode ocorrer repentinamente e aí as criaturas não
resistiriam. Haveria mortes em massa. Deus quer evitá-las e por
isso manda avisos. É vontade de Deus que a humanidade seja
avisada, para que ela se salve. E Ele me incumbiu dessa tarefa.
Estou, portanto, avisando.

27
Rokan – Alicerce do Paraíso

Tanto Sakyamuni como Cristo profetizaram o advento do


Paraíso, a chegada do Novo Mundo. Eles foram os profetas, e eu
sou o concretizador. Deus me ordenou que concretizasse essas
profecias, ou seja, que eu construísse o Paraíso Terrestre, livre
de doença, pobreza e conflito. Entretanto, eu não me canso, pois
não sou eu quem planeja. Tudo é planejado por Deus. Apenas
dou forma às coisas. Isso realmente é fácil, mas de enorme
responsabilidade. Provavelmente não houve ninguém com
responsabilidade maior que a minha em toda a História da
humanidade. Dessa maneira, as profecias de Cristo e Sakyamuni
começam a ter sentido: se elas não tivessem possibilidade de ser
concretizadas, seriam falsas profecias. Falsas profecias
significam mentiras. Mas não seria possível pessoas tão
importantes terem mentido. Por conseguinte, era preciso haver
alguém que tornasse realidade tais profecias, e o escolhido fui
eu. Na verdade, me é penoso afirmar um empreendimento de
tamanha grandeza. Não falei nisso até agora justamente por ser
uma missão demasiado grande. Mas o tempo se aproxima, já é
chegada a Era do Dia. Para salvar a humanidade, preciso avisar
rapidamente o maior número de pessoas, e é por isso que estou
hoje falando aos senhores.

O Sr. Suzuki falou há pouco sobre o Dilúvio e a Arca de


Noé, mas isso é algo semelhante ao Juízo Final. Há duas
versões a respeito: uma diz que choveu quarenta dias seguidos,
outra diz que foram cem dias. Fossem quarenta ou cem, o que
interessa é que choveu durante muitos dias consecutivos. A água
foi subindo cada vez mais e se tornou um dilúvio, salvando-se
apenas os que estavam na arca. Aqueles que estavam em
barcos comuns ou que subiram às montanhas acabaram
perecendo; estes últimos, devorados por animais que também
haviam subido. Apenas oito pessoas se salvaram, e dizem que
os representantes da raça branca são seus descendentes.
Acredito que, em linhas gerais, essa história não está errada.

28
Rokan – Alicerce do Paraíso

No Japão, conta-se a história de Izanagui-no-Mikoto e de


Izanami-no-Mikoto. Estes dois deuses, de cima da ponte
flutuante dos Céus, empunhando uma espada, mexeram algo
semelhante a espuma, e daí surgiram as ilhas e os continentes.
Essa deve ter sido a causa do Dilúvio. De acordo com a tese
xintoísta, houve ação da maré alta e da maré baixa. A maré baixa
é o recuo das águas, e Izanagui-no-Mikoto encarregou-se disso.
O nascimento das ilhas e das nações significa que se jogou fora
a água do Dilúvio, fazendo emergir aquilo que estava submerso.
Penso que essa ocorrência corresponde à época do Dilúvio.

Com relação ao cristianismo, dizem que João fez o


batismo pela água e Cristo fará o batismo pelo fogo. Agora está
para vir o batismo pelo fogo, o extraordinário acontecimento que
promoverá a eliminação do Mal. Isso tem muitos outros sentidos,
mas, como já está se esgotando o tempo, vou parar por aqui.

Auditório do Hibiya Public Hall, Tóquio, 22 de maio de 1951

29
Rokan – Alicerce do Paraíso

CAPÍTULO I — AVALIAÇÃO SOBRE A CIVILIZAÇÃO

(S.AN/4) A TRANSIÇÃO DA VELHA CULTURA PARA A NOVA


CULTURA

Alicerce do Paraíso, pág. 64

A cultura atual, comparada à cultura primitiva, de milhares


de anos atrás, alcançou um progresso assombroso e está se
expandindo cada vez mais. Todavia, o homem muito sofreu e
lutou para chegar a esse ponto, enfrentando catástrofes naturais,
guerras, doenças e outros males. A História da humanidade
mostra-nos as terríveis batalhas que viemos travando contra
esses sofrimentos.

É desnecessário dizer que, por trás dos objetivos do


progresso, havia um plano no sentido de proporcionar a todos os
homens um mundo mais feliz, de eterna paz. Para a
concretização desse ideal, no entanto, os homens promoveram
apenas o progresso da cultura material e consideraram a Ciência
como única verdade, não dando atenção a nada mais. Toda vez
que havia uma descoberta ou invenção, a humanidade as
aplaudia, achando-as maravilhosas, crente de que, através delas,
a felicidade aumentaria e, passo a passo, aquele ideal estaria
mais próximo. Foi assim que os homens viveram correndo atrás
do sonho de alcançar a felicidade.

Entretanto, o progresso da Ciência atingiu o ponto de se


descobrir a desintegração do átomo. Essa grande descoberta
deveria ser digna de comemoração, mas, ao contrário do que se
esperava, foi uma descoberta aterradora. O caminho que
percorríamos pensando ser o caminho para o Céu, na verdade,
era o caminho indesejável para o Inferno. Inventou-se um
material que, num segundo, pode acabar com milhares de vidas.
Talvez a História ainda não tenha registrado nenhum
acontecimento tão contrário à previsão dos homens.
30
Rokan – Alicerce do Paraíso

A humanidade ou, mais especificamente, os povos


civilizados que inventaram esse terrível material, acabaram
criando, também, o problema de precisarmos fugir, a todo custo,
da ameaça que paira sobre as nossas cabeças. É realmente
paradoxal. Contudo, pensando bem, trata-se de uma invenção
que, em si mesma, nada tem de temível; pelo contrário, é uma
maravilha que vem contribuir para a felicidade do homem. Ela é
temida porque pode ser empregada como instrumento de guerra,
mas, se for utilizada para a paz, será realmente uma grande
aquisição para a humanidade. No primeiro caso, seu emprego
está baseado no Mal; no segundo caso, está baseado no Bem.
Logo, tanto pode se tornar um instrumento benéfico como
maléfico. Nesse sentido, se a pessoa que o manipula estiver do
lado do Bem, não haverá nenhum problema.

Mas o caso não é tão simples assim. Em termos


concretos, é preciso transformar o Mal em Bem. Torna-se
desnecessário dizer que esta é a sagrada missão da Religião.
Até agora, a Religião, a Moral, a Educação e a Lei contribuíram
para isso de certa forma, conseguindo alguns bons resultados,
porém, ainda hoje, ao contrário do que se esperava, o Bem está
sendo subjugado pelo Mal. A preocupação existente de que o
material atômico venha a ser utilizado por este último é uma
prova do que dizemos. Entretanto, precisamos aprofundar outro
aspecto da questão. Se o ato diabólico e destruidor representado
pelo lançamento da bomba atômica for permitido, obviamente
advirá o fim da humanidade. Sendo assim, é inadmissível que o
Criador do Céu e da Terra e de tudo que neles existe, e também
arquiteto do progresso atingido pela civilização, consinta
passivamente essa catástrofe.

Interpretando desse modo, que mais poderia ser isso


senão o "Fim do Mundo" profetizado por Cristo? Caso não
houvesse nenhuma outra profecia, a humanidade nada mais teria
a fazer do que aguardar seu fim, mas Cristo também disse: "É
chegado o Reino dos Céus". Torna-se evidente, portanto, que
31
Rokan – Alicerce do Paraíso

essas duas grandes profecias estão indicando o futuro do


mundo, ou seja, que virá o Fim do Mundo e se estabelecerá o
Céu na Terra.

Foi previsto, ainda, o Retorno de Cristo e a Vinda do


Messias. A propósito, também devemos pensar que, para
ficarmos absolutamente livres da destruição atômica, é
necessário transformar o Mal em Bem, conforme já explanei. E
quem poderia ter força ou poder para isso senão o próprio
Messias? Não obstante, mesmo ocorrendo essa grande
transformação, haverá muitos que não se converterão ao Bem. A
estes, para os quais não é possível esperar mais nada, só
poderá acontecer o pior dos piores. Cristo referiu-se a esse
acontecimento com a expressão "Juízo Final".

Com base no que acabo de expor, os homens devem


conscientizar-se de que estamos na fase imediatamente anterior
à efetiva transição do Mal para o Bem, da Destruição para a
Construção, da Velha para Nova Cultura. O plano para a Nova
Cultura já está muito bem preparado. Não foi elaborado pela
inteligência nem pela força humana; há milhares de anos Deus o
vem preparando com toda a meticulosidade. Estou vendo tudo
isso de forma muito clara, e não apenas espiritualmente, mas
inclusive através de fenômenos de ordem material. Vejo
realmente com tanta clareza que, sem vacilação, posso afirmar
que não há, em absoluto, nenhuma parcela de erro no que estou
dizendo.

Jornal Eiko nº 68, 6 de setembro de 1950

32
Rokan – Alicerce do Paraíso

(S.AN/5) ERA SEMICIVILIZADA

Alicerce do Paraíso, pág. 45

É consenso geral que estamos vivendo um momento em


que a civilização atingiu um nível nunca antes alcançado. Se
compararmos a época atual com a selvageria e o
subdesenvolvimento da era primitiva, veremos que houve de fato
um grande progresso. Entretanto, foi um progresso apenas no
sentido material, pois espiritualmente permanecemos no estado
de semi-selvageria.

Desde tempos remotos, continuamente os povos vêm


desperdiçando a maior parte de suas energias com a guerra, a
maior de todas as violências. Eles em nada diferem dos animais
ferozes, que lutam mostrando suas presas e garras. É verdade,
também, que existem os pacifistas, os quais não medem
esforços para evitar a guerra. Podemos dizer que os primeiros
são seres animalescos, e os pacifistas são seres humanos
realmente. Cada uma dessas duas espécies contrastantes de
homens procura satisfazer seus próprios desejos. É um dualismo
que a História veio registrando através dos tempos e perdura em
nossos dias. Logicamente, existe essa dualidade de pensamento
também a nível individual, mas a violência está sendo evitada
pela Lei, e vem sendo mantida, ainda que precariamente. Os
bons e justos, no entanto, são sempre pressionados pelos maus,
dos quais se tornam vítimas constantes.

Vejamos outro aspecto da questão.

Atualmente, graças ao progresso da Ciência, são feitas


grandiosas invenções e descobertas, as quais, dependendo da
vontade das pessoas que as manipulam, podem ter resultados
funestos ou, ao contrário, contribuir para o aumento do bem-estar
da humanidade. O atrito entre esses dois pensamentos opostos -
o selvagem e o civilizado - podem tornar-se causa da guerra, na
33
Rokan – Alicerce do Paraíso

qual essas invenções e descobertas também poderiam ser


empregadas para fins maléficos.

Analisando o assunto sob outro prisma, constatamos que


os povos belicosos não são religiosos, ao contrário dos povos
pacifistas; daí a necessidade da Religião. Portanto, não seria
demais dizer que, apesar de apregoarem que estamos numa era
de elevado nível cultural, na verdade estamos vivendo um
período de semi-selvageria, ou semicivilização, de modo que
precisamos elevar seu nível, transformando a semicivilização em
civilização total, com perfeita unidade espírito-matéria. Assim, a
missão dos religiosos, daqui por diante, é realmente
importantíssima.

Revista Tijyo Tengoku n º 5, 25 de junho de 1949

34
Rokan – Alicerce do Paraíso

(S.AN/6) A CULTURA QUE IGNORA A NATUREZA

Hoje, apesar da cultura, do Japão estar progredIndo, em


certas áreas surgem diversos tipos de impasses, e qual será o
motivo de não transcorrer conforme o previsto? Do meu ponto de
vista, existe nessa base um grande erro, e parece que o povo
não consegue perceber isso.

Por exemplo, na área política, até hoje, mesmo se tratando


de uma coisa sugerida pelo governo e a assembléia ter
concordado, no momento da prática, oito ou nove entre dez
dessas políticas falharam e estão sempre agitando os jornais.
Portanto, não é exagero dizer que a página do jornal sobre
política é um registro do fracasso das medidas governamentais.
Sendo assim, a que se deve esse tipo de fracasso? Do meu
ponto de vista, resumindo em poucas palavras, é a conseqüência
da negligência à Natureza. Isso não se limita apenas à política e
ao homem moderno; em todos os setores, considera-se que é
melhor fazer qualquer coisa artificialmente e acredita-se
firmemente que isso é cultura e progresso, o que é problemático.
Por causa disso, mesmo no setor político planejam e praticam
políticas desnecessárias que, ao contrário, acabam criando o
mau. Como manifestação disso, fazem regulamentos a torto e
direito, enchem de regras. Hoje, qualquer pessoa fala sobre o
liberalismo, mas, segundo a minha experiência, nas Eras Meiji e
Taisho, o povo era muito mais liberal. Em contraposição, hoje é
realmente limitado. Isso se deve à quantidade excessiva de
regulamentos e, amarrado a essa corda de regras, o povo não
consegue nem se movimentar. Contudo, o interessante é que
não é apenas o povo sozinho. A polícia, também, amarrada à
essa corda de regulamentos, às vezes, se encontra em
dificuldades. A maior prova disso é.que, ao se deparar com
algum problema, do ponto de vista lógico e do sentimental, não
há o que ser censurado, mas como depende do regulamento,
não dá para deixar assim; e mesmo nós temos dificuldades com

35
Rokan – Alicerce do Paraíso

os regulamentos; é o que ouvimos de funcionários públicos que


cada vez mais deixam escapar esse comentário.

Provavelmente, o Japão é o primeiro do mundo em


quantidade de leis, alguém disse uma vez, mas é realmente
verdade. Existe o provérbio "Quanto mais aumentam as leis,
mais aumentam os crimes", e tenho a impressão de que isso se
aplica ao Japão de hoje. Sendo assim, ao examinar o porquê de
ter-se ficado desse jeito, existem vários motivos, mas dentre eles
o que tem mais força deu duro para mecanizar a população. É só
deixar a máquina num local determinado, dar-lhe uma direção
determinada, a máquina não tem liberdade, basta colocar óleo de
vez em quando e girar a roda. O homem foi tratado exatamente
como essa máquina. Nessa época não se podia dizer o que
queria, não tinha liberdade de ação, não dava para se comer o
que queria, assim foi feito o homem máquina. Para se mecanizar
o homem é preciso um molde. E no final das contas isso é a
regra. O controle de economia que ainda resta é também um
desses moldes.

E também, para mecanizar a população, é preciso muitos


funcionários. Durante a época de guerra, foram criados vários
departamentos e tribunais públicos um após o outro, e foi esse o
motivo do aumento violento de funcionários públicos várias vezes
mais que o normal. Esse aumento de funcionários continua até
hoje. E só o salário desses funcionários é de 30 milhões por ano,
o que é assustador.

Entretanto, se fosse apenas isso, ainda estava bom, mas


existe além disso um grande problema que não é percebido.
Como conseqüência do grande número de funcionários, sobram
pessoas. E conseqüentemente, sobrando pessoas, não se pode
ficar vadiando, então é preciso descobrir algo, um serviço. Nesse
caso, o oficial do governo coloca os olhos na renovação do
regulamento. Isso é extremamente problemático. Isso porque,
uma vez colocada em prática a nova lei, o trabalho que vinha
36
Rokan – Alicerce do Paraíso

tendo até hoje retorna a zero. Os métodos e meios para


corresponder a nova lei também vão surgindo por si mesmo.
Juntamente com isso a pessoa vai sendo treinada e por isso tudo
transcorre harmoniosamente. O serviço, que antes levava uma
semana, consegue-se obter o mesmo resultado em três dias;
portanto, a administração do serviço tanto do governo como do
povo transcorrem agradavelmente. Ao ficar assim, o funcionário
público, novamente, fica ocioso e pensa na renovação do
regulamento - dessa forma o aumento da renovação de
regulamentos é uma coisa imensa. Eu recomendo um grande
despertar para esse ponto; é preciso diminuir os funcionários
públicos. Para tanto, em primeiro lugar, creio que não existe
outro meio a não ser praticar a arrumação da administração com
uma medida decisiva.

Creio que tudo o que eu disse acima, direta ou


indiretamente, atribui um grande prejuízo para a nação. Ouve-se
falar bastante que na Inglaterra e nos Estados Unidos tem muitas
pessoas que continuam durante mais de dez anos na mesma
profissão, mas no Japão quase não se ouve falar. Isso porque
não existe outro país no mundo como o Japão em que todas as
coisas mudam vertiginosamente. Trocando em uma só palavra
essa concepção básica, digo que é o resultado do japonês de
hoje negligenciar por demais a natureza.

Pensa-se que fazer qualquer coisa artificialmente é


progresso cultural.

Assim, abrangi de modo geral o setor da política, mas há


bastantes coisas que quero falar sobre outros setores. Por
exemplo, o cultivo de produtos agrícolas sem o uso de
fertilizantes, o qual estou expondo e tenho conseguido bons
resultados. Em continuação ao número inaugural do nosso jornal,
em todos os números estão sendo relatados os efeitos reais, e
apenas com a constituição do solo e compostos orgânicos está
se obtendo resultados impressionantes com a qualidade e
37
Rokan – Alicerce do Paraíso

quantidade. Essa teoria básica é a adaptação à Natureza, o


respeito à Natureza, e os agricultores que não perceberam isso
durante longo tempo aceitaram o adubo artificial como o
composto humano e o fertilizante químico gastando grandes
quantias em fertilizantes e muita força de trabalho, matando o
solo e criando pragas; estão desnorteados com esse mau
resultado disfarçando a melancolia desse trabalho; portanto essa
estupidez não pode se estender. É sem dúvida a conseqüência
de negligenciar-se a Natureza, e o fato de dar-se importância ao
composto orgânico do nosso método de agricultura é porque a
matéria-prima, que são folhas caídas e grama seca, também são
naturais.

Vou falar sobre o tratamento médico, que é mais uma


ofensa de se negligenciar a Natureza. Isso porque a doença que
surge no homem é um processo de purificação das toxinas
acumuladas através de várias causas; portanto, a doença é um
processo fisiológico da Natureza, sendo uma coisa
extremamente necessária. Nessa ocasião, a febre, a tosse, o
catarro, a coriza, o suor noturno e outras excreções fazem
aumentar a saúde, pois é através delas que o corpo é purificado;
sendo assim, a doença é uma providência para aumentar a
saúde, é realmente uma grande dádiva de Deus. Mesmo assim,
interpretaram isso ao contrário, e o tratamento médico atual
considera apropriado parar o processo de excreção dessas
toxinas, o que é um tremendo erro. E o processo de excreção de
toxina mais simples é o resfriado. Através de negar o resfriado,
consegue-se escapar da pneumonia e da tuberculose; portanto,
se incentivar o resfriado, a tuberculose e a pneumonia diminuirão
percentualmente, com mais clareza do que olhar o fogo.
Independente disso, a medicina, sem perceber esse fato, através
de uma teoria contrária como no caso do resfriado, ensina o
método de paralisar a eliminação de toxinas, o que,
conseqüentemente, apesar de se vangloriar do progresso da
medicina, na realidade, ao invés da tuberculose e da pneumonia
diminuírem, ao contrário nota-se uma tendência a aumentar, o
38
Rokan – Alicerce do Paraíso

que é mais do que tudo uma prova. Isso também, nem é preciso
dizer, é devido à negligencia à Natureza.

Coletânea Série Jikan volume 12, 30 de janeiro de 1950

39
Rokan – Alicerce do Paraíso

(S.AN/7) AS LEIS E O CARÁTER SELVGEM DO HOMEM

Alicerce do Paraíso pág. 284

No mundo atual, quanto mais civilizado é um país, mais


complexo é o seu sistema legislativo. Como todos podem ver, os
artigos das leis tendem a aumentar a cada ano; pode-se até dizer
que a época contemporânea é a época da onipotência da
legislação. Ora, a existência de muitas leis significa que é difícil
os oficiais de justiça e os advogados de uma repartição
memorizarem todas elas, mesmo utilizando a vida inteira. De
fato, se eles não conseguem dar conta daquilo que lhes diz
respeito, os efeitos das leis deveriam ser mais visíveis;
entretanto, ao invés de diminuírem, os crimes tendem a aumentar
cada vez mais com o passar dos anos. Por que será? Não é
realmente incompreensível? É uma total contradição ao
progresso da cultura. Por isso, desejo analisar a causa do
problema.

Seria desnecessário dizer que o principal objetivo das leis


é diminuir a criminalidade e construir um mundo sem crimes.
Entretanto, o que se vê é justamente o contrário, como dissemos
há pouco. No Congresso Nacional realizado anualmente, o
assunto que mais se discute é o aumento dos artigos das leis. No
entanto, se a cultura progredisse do modo previsto, o número de
criminosos iria diminuindo cada vez mais e, com certeza,
surgiriam artigos desnecessários nas leis. Sendo assim, não
deveria ser discutida também, no Congresso Nacional, a
eliminação de partes da lei? Mas o interessante é que, embora
isso não aconteça, ninguém estranha o fato, pois as pessoas
perderam as esperanças, achando que a situação não tem mais
solução.

Compreendemos perfeitamente que é impossível eliminar


os crimes somente com as leis. Todavia, no momento, se elas
não existissem, haveria uma catástrofe: o mundo seria dominado
40
Rokan – Alicerce do Paraíso

pelos maus, e os bons não conseguiriam dormir tranqüilos. Por


isso, as leis precisam continuar existindo, mas seria bom unir a
elas um meio eficaz. Em princípio, só podemos valer-nos da
Educação e da Religião, mas delas também não podemos
esperar muito, pois, durante dezenas de séculos, viemos nos
utilizando desses recursos, e o mundo humano ainda se encontra
na situação de que estamos vendo.

Já escrevi anteriormente que as leis têm quase o mesmo


significado que o aprisionamento de animais ferozes em jaulas.
Se estas não existissem, haveria perigo de que eles fizessem
mal às pessoas e aos animais domésticos. Assim, as leis não
passam de um rígido controle feito com redes e grades fortes.
Como os homens tentam violá-las, se nelas houver brechas, elas
vão se tornando cada vez mais fechadas. Para impedir essa
violação, a cada ano se fazem leis mais complexas e
policiamento mais rigoroso, o que, aliás, é uma vergonha para o
ser humano. Por esse motivo, se os homens de hoje estão sendo
tratados como se fossem animais, não é possível nos
orgulharmos muito de nossa condição humana. Caso
refletíssemos bem sobre esses pontos, despertaríamos o quanto
antes. A antiga expressão "animal com aparência de homem" se
adapta perfeitamente aos homens da atualidade. Em suma, o
homem ainda não conseguiu se libertar do estado semicivilizado
e semi-selvagem.

Naturalmente, existem diversos níveis de pessoas, isto é,


as que merecem ser tratadas como gente e as que devem ser
tratadas como animais. Do mesmo modo que existem países
belicosos, existem países pacifistas, sendo que aqueles são
selvagens, e estes, verdadeiramente civilizados.

A seguir, falarei sobre a Educação. O tema já passou pelo


crivo das experiências realizadas até hoje; portanto, não há
necessidade de escrever muito a respeito.

41
Rokan – Alicerce do Paraíso

Há muitos séculos, como todos sabem, inúmeros


pedagogos vêm se esforçando nesse campo. Podemos
reconhecer-lhes certo mérito, mas sua força não vai além disso.
Não obstante, em relação à época selvagem, a sabedoria
humana se desenvolveu bastante, e tanto a política como as
organizações sociais e demais setores da sociedade
conseguiram espantoso progresso, de modo que não podemos
desprezar a contribuição da Educação. É inegável, entretanto,
que faltou força na parte espiritual, ou seja, no aspecto referente
ao melhoramento do espírito, visto que até agora não foi possível
prescindir-se da jaula denominada lei.

Quanto à Religião, obviamente lhe reconhecemos certo


mérito no sentido da salvação espiritual. Mas ela também não
conseguiu fazer com que as leis se tornassem desnecessárias,
apesar do aparecimento de inúmeros santos maravilhosos e
personalidades relevantes, e dos esforços e sofrimentos de seus
seguidores e até mesmo de fiéis, que chegavam a sacrificar sua
vida. Conseqüentemente, não podemos esperar muito das
religiões tradicionais.

Então, surge o problema: que fazer para eliminar


verdadeiramente o caráter animal do homem e construir uma
sociedade que não tenha necessidade de jaulas? Evidentemente,
é preciso que surja uma força até agora nunca vista, que supere
a cultura tradicional. Mas devemos nos alegrar, pois essa força
nos foi atribuída por Deus - Senhor do Universo - e de fato nós a
estamos manifestando. Como ela é a essência da nossa religião,
podemos dizer que esta é realmente uma Ultra-Religião. Na
qualidade de precursores do Mundo da Luz, que está para se
concretizar, gostaria que considerassem minhas palavras como o
primeiro alarme para despertar a humanidade da ilusão em que
ela está vivendo.

Jornal Eiko nº 118, 22 de agosto de 1951

42
Rokan – Alicerce do Paraíso

(S.AN/8) A VIOLÊNCIA É LEGADA DA ERA SELVAGEM

Mesmo neste mundo de tão avançada cultura, a violência


continua exercendo sua força destruidora em todas as direções.
A maior, entre elas, é claro que é a guerra, e a seguir, destaca-se
a revolução através da violência.

Antigamente, a violência era indispensável na revolução,


mas foi porque a cultura não era desenvolvida como hoje, isto é,
os direitos humanos eram ignorados pelas políticas brutais dos
déspotas, tendo-se até o perigo da ameaça à vida, e para
quebrá-los e construir uma sociedade livre, na época, como não
tinha outro meio a não ser pela violência, sem outra alternativa, o
povo pegava a arma. Mas o tempo atual é completamente
diferente. Mesmo que hoje em dia queira realizar a revolução,
quase que todas as nações, além da União Soviética, são
nações democráticas; tendo-se a liberdade de expressão, não se
tem necessidade nenhuma de violência. Portanto, poder-se-á
suficientemente atingir o objetivo em paz, despertando a opinião
pública pelos métodos legais. Neste ponto, realmente deve-se
dizer que é fruto da cultura.

Entretanto, é embaraçoso que, no mundo atual, ainda


existem muitas nações e povos, classes e pessoas que não
conseguem se desfazer da violência. O que eu sempre digo, que
atualmente a cultura não ultrapassou dos limites de semi-cultura
e semibarbarismo, é nesse sentido. Assim analisando, erradicar
essa característica selvagem, o quanto antes, deve ser a missão
depositada a nós, religiosos.

Entretanto, em um dos tipos de selvageria, esconde-se


algo importante, num local que até hoje ninguém percebera. Isto
é, o tratamento cirúrgico, da medicina. Por exemplo, digamos que
surgiu uma doença em algum lugar do corpo humano, e não se
cura com o tratamento clínico, então considera-se necessário o
método cirúrgico. Isto é, cortar e extrair o local afetado. Além
43
Rokan – Alicerce do Paraíso

disso, pensam que isso é uma técnica medicinal avançada,


portanto é um problema que não se pode negligenciar.

Olhem: o seu método é cortar a carne, sangrar, raspar os


ossos, extraindo-se até os órgãos, e o seu sofrimento é algo
inexpressível, e a sua crueldade é insuportável de se observar,
sendo tanto que não se permite a observação nem aos
familiares.

Nesse ponto também nós sentimos agudamente que ainda


resta a característica selvagem. Mas, se não fizer assim, não se
cura a doença; pode-se dizer que não há escolha, mas se houver
um método que cure totalmente as doenças, sem o uso desse
recurso e sem sofrimento, creio que não terá a humanidade uma
graça tão grande.

Se essa medicina ideal for o método de tratamento Johrei',


da nossa Igreja, pela primeira vez, nós messiânicos é que
podemos nos proferir da maneira acima escrita.

Nem é necessário dizer que no método de tratamento


Johrei não se usa nenhum recurso material, não tocando,
absolutamente, no local afetado, e a doença é curada totalmente,
sem sofrimento, sem ferir o corpo, voltando a ter saúde como
antes, não tendo preocupação de recaída; sendo assim, não
deve existir outro método de tratamento tão maravilhoso e ideal.

Quero, realmente, dizer que esse método não apresenta


outra maneira de denominação senão de medicina culta.
Portanto, não hesito em afirmar que, futuramente, a medicina
mundial será apenas este método.

Assim, expus o barbarismo da medicina, que até hoje


ninguém percebera, e a Vontade Divina é que nós exterminemos
totalmente o barbarismo existente no mundo. Sendo assim,
também era inevitável esta exposição.
44
Rokan – Alicerce do Paraíso

Aos médicos de todo o mundo, gostaria que lessem esta


tese, e refletissem profundamente.

Jornal Eiko, nº 139, 16 de janeiro de 1952

45
Rokan – Alicerce do Paraíso

(S.AN/9) A CULTURA QUE CRIA A FELICIDADE

Como sempre digo, o desejo do homem, expresso em uma


só palavra, é a felicidade, o que já é de conhecimento. Em
direção a esse objetivo, desde há mais de mil anos atrás, a
humanidade vem se esforçando assiduamente e construiu-se
uma cultura materialista brilhante como a atual; portanto, sem
dúvida alguma, materialmente, obteve-se o sucesso de acordo
com o previsto. Contudo, entre os homens de hoje, quantas
pessoas existirão que estejam pensando ser uma pessoa
verdadeiramente feliz? Provavelmente seja difícil encontrar uma
entre cem pessoas. Vejam, o medo da guerra, o medo da doença
e o medo da pobreza, esses três grandes sofrimentos sempre
acompanham e não se desgrudam; não é essa a situação
comum do homem? Se assim for, atualmente não existe
felicidade. Creio que o intenso desejo que qualquer um possui é
querer que pelo menos se possa viver tranqüilo nesse mundo,
nem que seja um pouco.

Fazer uma mudança nesse tipo de mundo e transformá-lo


num mundo verdadeiramente feliz é o objetivo da nossa Igreja;
além do mais, existe esplendidamente a possibilidade dessa
concretização, por isso é uma salvação inédita. Para tanto, em
primeiro lugar é preciso apontar os erros da cultura existentes até
hoje e ensinar o verdadeiro método. Mostrar bem apenas a parte
superficial como veio sendo até hoje. Uma cultura apenas na
forma não presta; é preciso, de qualquer forma, que o conteúdo
também melhore junto. Ou seja, uma sociedade sem falsidades -
com o princípio enganoso como o de hoje onde a sociedade é
cheia de homens maus que se fazem passar por bons - não há
motivo para haver felicidade. Explicando melhor, o mundo de
hoje é a própria figura do Mal, sete partes, para três partes do
Bem. Essas três partes são, sem dúvida, o correto, o bem e o
amor, mas sete contra três, é lógico que o Bem perde. De fato, o
Mal se sobressaiu demasiadamente e o Bem está na estrutura
mais baixa; essa é a situação atual, por isso a infelicidade e as
46
Rokan – Alicerce do Paraíso

calamidades vão sendo criadas uma após a outra, sendo


realmente o mundo do sofrimento. Entretanto, o que é preciso se
pensar aqui é que, apesar de se falar simplesmente Bem,
existem muitos tipos de mal que é difícil de discernir. Isso porque
o Mal atual, por estar intelectualizado, veste com destreza a
máscara do Bem e, como não são poucos os homens que dão
força ao Mal, o seu controle mais difícil trata-se de pessoas que
acreditam fervorosamente que o Mal é um Bem.

Em primeiro lugar, para solucionar a doença, que é o


maior problema do homem, os eruditos, que estão pesquisando
dando até a sua vida e também as pessoas que lidam com a
medicina do mundo inteiro, praticam seriamente o Mal
acreditando que é um Bem a fim de salvar as pessoas, e
ninguém percebe isso. Esse é o ponto que estou sempre
alertando. E também acreditam que é um bem colocar adubos
artificiais nas plantações, mas na verdade a maioria dos
agricultores não percebe que isso leva à falência da agricultura.
E ainda, existem muitas pessoas que, através do comunismo,
pensando em conceder una felicidade maior à grande maioria da
classe baixa, lutam sacrificando tudo.

Dessa forma, todas essas pessoas, falando pelo resultado,


são ignorantes, e como praticam o Mal acreditando ser um Bem,
a intensidade desse fervor também é especial, o que é
extremamente eficaz. Quando vamos examinar as inúmeras
causas, é necessária uma sabedoria que perceba o aspecto
verdadeiro e saiba discernir o correto / errado e o Bem / Mal. Isso
porque, mesmo uma coisa errada devido a longos anos e meses,
a teoria médica estabelece, torna-se tradicional e acaba virando
superstição. Então, por que a verdade não foi descoberta?
Realmente, porque não havia chegado o tempo certo, e o tempo
é o dominador absoluto. E aí Deus me escolheu revelando todos
os erros; além disso, concedeu-me a sabedoria, ou melhor, a
sabedoria divina, portanto o que não pode ser compreendido pela
sabedoria eu posso compreender.
47
Rokan – Alicerce do Paraíso

Preciso dizer mais uma coisa: o tempo mencionado acima


quer dizer que a força de sete partes do Mal existente até hoje,
vai aos poucos enfraquecendo e a força do Bem, que era de três
partes, passa a quatro, cinco, sete partes. É no sentido de que a
Era da Noite termina e está começando a Era do Dia, como
sempre digo, e quem entendeu isso agarrou a verdadeira
felicidade.

Jornal Eiko nº 149, 26 de março de 1952

48
Rokan – Alicerce do Paraíso

(S.AN/10) O JAPÃO É UM PAÍS CIVILIZADO OU SELVAGEM?

Alicerce do Paraíso pág. 267

Lendo o título acima, talvez duvidem da minha sanidade


mental, pois, embora tenha perdido a Segunda Grande Guerra,
incontestavelmente o Japão está situado entre os países ditos
civilizados. Quando se fala em país selvagem, pensa-se logo nos
países da África e em alguns outros, mas, refletindo bem, eles
não devem ser considerados pura e simplesmente selvagens:
seria mais correto dizer que são selvagens-subdesenvolvidos.

O Japão certamente não é subdesenvolvido, mas o fato é


que ele continua selvagem como antes. O que me faz pensar
assim é a observação da conjuntura atual. Vejo serem praticados
inúmeros atos de selvageria, como violências de grupo,
ameaças, brigas, roubos de armas, pessoas ferindo e sendo
feridas, e muitos outros atos que assustam o povo e
intranqüilizam toda a sociedade. Esta vive num estado de
extrema aflição. Até os estudantes das escolas superiores, que
deverão ser os futuros líderes da cultura, participam dessa
agitação. É de fato desolador. Entre outras coisas, a título de
roubar pequenas quantias, sufocam-se ou espancam-se
motoristas de táxi até que eles desfaleçam, e matam-se pessoas
por motivos insignificantes. Vemos, ainda, assassinatos e
mutilações entre pais e filhos, ou entre irmãos. A sociedade é
realmente selvagem, e não há um só dia em que não apareçam
nos jornais manchetes sobre assaltos, estupros, batidas de
carteira, incêndios provocados, brigas, assassinatos, etc. Se
quiséssemos enumerar todos os atos selvagens, não
chegaríamos ao fim; somos, portanto, levados a duvidar de que
este mundo seja civilizado. Talvez fosse adequado dizer que ele
é uma sociedade mais próxima à dos animais. Em vista disso, o
homem contemporâneo parece ainda ignorar o que é civilização.

49
Rokan – Alicerce do Paraíso

A civilização atual, com o desenvolvimento das máquinas,


tornou-se muito prática, e a organização e estruturação social
foram hábil e cientificamente formadas, de modo que, à primeira
vista, tem-se impressão de um progresso espantoso. Diante
dessa realidade, a maioria exulta de contentamento, achando
que civilização é isso. Entretanto, ao nosso ver, não passa de
uma civilização superficial; por trás dela, somos forçados a
pensar que ainda resta muito de selvageria. Para melhor
compreensão, farei um retrospecto histórico.

Em prosseguimento às eras primitiva e selvagem-


subdesenvolvida, surgiu a civilização decorrente do progresso da
Religião e da Educação. Paralelamente, deveria ter diminuído a
selvageria, porém o que se vê na realidade é até o contrário.
Pode parecer paradoxal, mas é mais apropriado dizer que
estamos numa era semicivilizada. A era da verdadeira civilização
só se efetivará no mundo que vai ser construído daqui para
frente. Será o mundo de paz e felicidade tão esperado pelos
homens. Para nossa grande alegria, esta época está diante dos
nossos olhos. A Igreja Messiânica Mundial surgiu para promover
a concretização desse mundo. Todos poderão entender isso
observando as atividades que ela vem realizando; a primeira
consiste em apontar os muitos erros subjacentes na civilização
atual e pregar o que é a verdadeira civilização.

Para que as pessoas acreditem nas minhas palavras,


Deus está me permitindo realizar inúmeros milagres, através dos
quais fica patenteada a Sua existência. Sendo assim, a nossa
Igreja não é uma religião comum, que se possa aquilatar pelos
critérios tradicionais. Podemos compreender que ela é a criadora
de uma civilização inteiramente nova e, também, a encarregada
de concretizar o majestoso plano arquitetado por Deus para esta
época de grande Transição na História do mundo.

Jornal Eiko n º 159, 4 de junho de 1952

50
Rokan – Alicerce do Paraíso

(S.AN/11) CULTURALMENTE SELVAGENS

A nossa Igreja, como é do conhecimento de todos, tem


como objetivo a construção de um mundo completamente isento
de doença, pobreza e conflito e, ao pensar profundamente, a
base dessas três grandes calamidades é o barbarismo que ainda
resta no homem. Portanto, é preciso despertar para esse ponto e
erradicá-lo, pois só assim nascerá a verdadeira civilização.
Então, o que é esse barbarismo? Existe algo grande que está
latente onde é completamente imperceptível. O primeiro deles é
o tratamento médico, e o interessante é que não apenas não
percebem isso, como, pelo contrário, consideram como resultado
do progresso, e provavelmente, não existe um erro pior que esse.

Suponhamos que se pegue uma doença agora; antes de


mais nada, utilizam remédios, injeções, operação, tratamento
com luz e diversos outros tratamentos físicos, mas quando
analisamos isso friamente, não existe um método que não seja
bárbaro. Em primeiro lugar, o remédio é extraído de minerais,
vegetais e órgãos internos de animais, passando por diversos
tipos de operação, e falando a verdade não existe nenhuma
relação com a cura da doença. Isso porque, se a doença
sarasse com o remédio, e sendo um remédio tão avançado, os
doentes deveriam ir diminuindo a cada ano que passasse.
Porém, ainda hoje não se houve falar em desemprego de
médicos e nem de farmacêuticos e nem tampouco sobre
dificuldades administrativas de hospitais; pelo contrário, os
pacientes tuberculosos estão aos montes nos corredores,
sempre se ouve falar em falta de leitos e, ao pedir internação, é
preciso esperar de seis meses a um ano para conseguir uma
vaga, e também os diversos tipos de doenças contagiosas
aumentam a cada ano, sendo do conhecimento de todos os
gritos de desespero.

Olhando esse fato, vemos que conta satisfatoriamente


sobre o não-efeito do remédio. Como sempre digo, o remédio é
51
Rokan – Alicerce do Paraíso

um meio de amenizar temporariamente a dor, jamais possui o


mínimo de efeito de cura da doença; é igual ao narcótico, apenas
aumenta os intoxicados por drogas. Vamos agora deixar os
remédios e falar sobre a operação, e essa também, sem dúvida,
não é o verdadeiro tratamento médico. Isso porque o tratamento
médico é um método de curar apenas a doença, e além de não
ser um método de retirar e causar lesões aos órgãos internos e
nervos, não consegue curar a doença; por isso, tentam curar
através de um método de emergência, o que não passa de uma
medida desesperada. No mínimo isso não é cultural, não é outra
coisa a não ser barbarismo. Além disso, consideram como
progresso da medicina, o que é um erro assustador. Eu sempre
digo que a operação mutila uma parte preciosa do corpo humano
e o invalida; portanto, a pessoa durante a vida inteira não poderá
desempenhar a função de um ser humano perfeito. Quanto aos
tratamentos de luz e tratamentos materiais, os dois são
praticamente semelhantes, por isso vou omiti-los, mas, em
resumo, o progresso da medicina moderna é um ato bárbaro que
veste com destreza a roupa da cultura, e se não for isso, o que
será?

A seguir, escreverei também sobre a pobreza, e a sua


causa, na maioria das vezes, é a doença; portanto, pode-se dizer
que é um produto derivado do ato bárbaro. E para solucionar a
pobreza, nasceu o comunismo e o socialismo, mas como é
preciso cumprir esse sistema, não utilizam meios pacíficos e sim
meios violentos e destruidores, cegamente; então, por mais que
a teoria seja maravilhosa, não passa de um tipo de ato selvagem,
o que não é preciso nem dizer. E hoje, tentando salvar grande
número de infelizes que nascem na pobreza, estão realizando
inúmeras medidas como a atividade da Cruz Vermelha,
indenização social, sistema de seguro, colônias de trabalho, etc.,
e são úteis de alguma forma, mas como não tocam na base, dá
para se saber o seu efeito. Sendo assim, a intranqüilidade social
não poderá ver sequer a luz da solução.

52
Rokan – Alicerce do Paraíso

Por último quero dizer que, hoje, não existe no mundo uma
só pessoa que não esteja atemorizada com a intranqüilidade, que
é o problema da guerra. Além disso, diferente dos tempos
antigos, hoje, todas as coisas são em escala mundial e, mesmo
no caso da guerra, não se trata de uma guerra de um país com o
outro, e se por acaso iniciar, o mundo se dividirá em dois, sendo
empurrado a escolher entre ser aliado ou inimigo. Naturalmente
será impossível uma atitude neutra e, portanto, aqui se tornará
um local de grande combate e surgirá uma era de barbarismo
sem precedentes. Dessa forma, de qualquer ângulo que se veja,
creio que não é demasiado dizer que atualmente é uma época de
barbarismo cultural, conforme o título desse texto.

Revista Tijyo Tengoku nº 38, 25 de julho de 1952

53
Rokan – Alicerce do Paraíso

(S.AN/12) CIVILIZAÇÃO SELVAGEM

Ao ler esse título, por um momento achar-se-á estranho,


mas além desse não tinha como denominar, por isso escrevi
assim. Em primeiro lugar, o significado da palavra civilização.
Nem é preciso pensar, pois deve haver várias condições, mas o
primordial é a garantia de segurança da vida humana, e
juntamente com isso o pensamento de negação à violência. Em
segundo lugar, a prática da racionalidade abrangendo toda a
sociedade nacional, sobre a qual passarei a escrever. Enquanto
não existir o sentimento de tranqüilidade da vida humana, como
foi escrito acima, não é preciso dizer que a palavra civilização
não pode existir. Ou seja, é um mundo onde não se pega uma
doença durante a vida toda e não existe guerra. Concretizando-
se realmente esse tipo de mundo, pela primeira vez, poder-se-á
receber os benefícios da civilização e conseguir-se-á obter a
felicidade, que é o maior desejo do homem. Assim, o objetivo da
nossa Igreja, de fazer um homem sem doenças, não tem outro
sentido a não ser esse. Além do mais, a humanidade, desde
antes de Cristo, veio mostrando um grande interesse em relação
à doença e, chegando à Era Contemporânea, foi criada a
medicina ocidental que conseguiu alcançar um progresso
impressionante e o homem, acreditando que esse é o único
método de solucionar a doença, utilizou essa medicina em cada
país do mundo, chegando aos dias de hoje, como é do
conhecimento de todos. Entretanto, como sempre digo, na
realidade, o progresso dessa medicina é apenas superficial,
quase não possui efeito real e isso os fatos mostram
perfeitamente. Vejam, os doentes estão aos montes, atualmente,
em qualquer lugar, e contam bem essa história. Tuberculose,
derrame cerebral, câncer, doença mental, paralisia infantil e
outras doenças de caráter maligno, e também as lamentações
que são sempre levantadas nas medidas de combate a cada tipo
de doença contagiosa, mostram perfeitamente.

54
Rokan – Alicerce do Paraíso

Através de tudo isso, é preciso pensar como era a saúde


do homem na época bárbara não-civilizada, quando não existia a
medicina. Em relação a isso, vou explicar segundo a teoria
medicinal de hoje, e creio que será o seguinte: Nessa época,
como não existia a higiene da medicina, havia facilidade de ser
atacado pela doença, e a morte ocorreria uma após a outra; não
se tinha conhecimento da nutrição tornando-se mal nutrido, o
corpo enfraqueceria e não resistiria a serviços duros e trabalhos
pesados; como não tem meios de transporte, logo se cansaria ao
ir em lugares longes, por isso nem se pensava em descobrir
novas terras. Graças ao aparecimento do tratamento médico e
remédios, esse homem de corpo fraco se tornou saudável como
é hoje, então quanto mais progresso a medicina fizer, mais
aumentará a saúde, é lógico, e através do avanço da operação,
na maioria, das doenças, os órgãos internos serão cortados um
após o outro e, portanto, será uma tranqüilidade. Se for assim, o
Criador de todas as coisas é um idiota, porque criou um órgão a
mais como o apêndice, criou dois rins enquanto que um bastava,
criou órgãos desnecessários como as amígdalas e a adenóide;
então, nós, homens inteligentes, vamos retirar essas coisas
perigosas; creio que será essa a lógica. Contudo, esse homem
arrogante, meio louco, na realidade também foi criado pelo
Senhor do Universo, por isso o Criador franzirá a testa achando
que é um castigo ultrajante. Só de pensar isso, é possível
conhecer o nível de mentalidade dos cientistas. E também,
temendo as bactérias, se empenham desesperados em
desinfetantes e processos de esterilização. Grandes hospitais
são construídos em todos os locais, leitos são colocados em
número infinito e por causa disso, os gastos com a despesa, a
mão de obra, o horário, etc., é uma coisa terrível, e também
devido a isso, o imposto chega a quantias gigantescas; porém,
se ficar assim, será o mundo ideal do ponto de vista da medicina,
mas vamos pensar como fica a doença. Em primeiro lugar sobre
a saúde das pessoas antigas. Em relação a isso, podem
compreender vendo a História, a tradição, a literatura, etc., que o
homem dessa época não chega a ser comparado com o homem
55
Rokan – Alicerce do Paraíso

moderno, tal era a sua força física, e isso é possível imaginar


mesmo através das inúmeras antigüidades. Através dessas
coisas, creio que não existe erro na minha teoria de que a
medicina enfraquece o homem e cria a doença. Sendo assim,
apesar de parecer que a medicina moderna progrediu, o fato é
que aumentou o sofrimento do homem, e creio que
compreenderá que, em relação à civilização, é uma existência
contrária.

Obs: abaixo vide ―O Pão nosso de cada dia‖ pág.402 e 403

A seguir, falarei sobre a guerra. Ao fazer-lhe críticas, quero


deixar claro que ela é uma relíquia da esplêndida era bárbara, e
relíquia da pior qualidade. Isso porque, originariamente, o
selvagem está muito próximo da besta, ou melhor, ele é metade
animal e metade homem. Analisando o homem civilizado da
atualidade, descobrimos que, interiormente, não existe grande
diferença. Exteriormente, ele é bem civilizado, sem dúvida, não
se notando o mínimo de selvageria; mas resta uma grande
quantidade de características selvagens no fundo do seu
coração, representadas pelo espírito belicoso. Atualmente, o
confronto de duas grandes potências, os Estados Unidos e a
União Soviética, é como se fosse o tigre e o leão olhando-se
furiosamente e mostrando-se as garras, prontos para se
atacarem. A única diferença é que, entre os seres humanos,
todas as coisas se desenrolam com inteligência. Possuindo a
arma do progresso e organização coletiva, eles elaboram as
estratégias esperando apenas a chegada do momento.
Entretanto, são piores que os animais, pois o tigre e o leão se
contentam com a morte de um dos dois, mas os homens não.
Eles colocam em segurança apenas o cabeça e, sacrificando
milhares de vidas, definem a luta; por conseguinte, tanto a parte
que vence como a parte que perde constróem uma montanha de
mortos. Falando pelo resultado, em termos de características
selvagens, o homem é superior ao animal.

56
Rokan – Alicerce do Paraíso

Em seguida, mostrarei a falta de racionalidade na


sociedade atual. Olhando exteriormente, todos os países têm
leis, organização política e econômica, sistema social, etc. Estão
constituídos de forma extremamente satisfatória pela Ciência e
pela inteligência humana, mas as características selvagens dos
homens que os administram manifestam-se em todos os lugares.
Uma vez retirada a máscara, a irracionalidade aparece numa
quantidade exorbitante e assustadora. Na política, por exemplo,
observando o estado da Assembléia, pode-se perceber que a
linguagem e as atitudes abusivas não parecem adequadas a uma
reunião de pessoas de alto nível. O tumulto é tão insuportável,
que a gente tem a impressão de estar vendo uma multidão de
velhacos. O regime parlamentar está constituído de forma bem
racional, mas também é destruído pelas características
selvagens dos seus componentes. Os membros dos partidos
políticos pensam em primeiro lugar no seu próprio benefício, em
segundo lugar no benefício do partido, e em terceiro lugar é que
vão pensar no benefício dos cidadãos. É um assunto
problemático, pois essas pessoas se vangloriam, dizendo-se
representantes do povo no Congresso. No caso das eleições é a
mesma coisa. Realmente, as leis e o controle são extremamente
rigorosos e minuciosos, mas isso é apenas na aparência. Na
realidade, é considerado esperto aquele que consegue ludibriar a
lei.

E acontece o mesmo no Japão, que está contente por ter


se tornado uma nação democrática. O seu conteúdo é
decepcionante, mas ele se jacta de sua autoridade, não dando a
mínima importância à infração dos direitos humanos. É uma
situação que sempre pode ser vista nos jornais. Esse fato
antidemocrático é impossível de ser imaginado por terceiros.
Trata-se realmente de uma civilização superficial; interiormente
ela é selvagem, e não há outras palavras adequadas. Além
disso, como é do conhecimento de todos, os problemas de
corrupção não passam do pico visível de um ―iceberg‖.

57
Rokan – Alicerce do Paraíso

Escrevi por alto o que me veio à mente; o restante, os


leitores poderão deduzir. Resumindo, é como falei no início: o
mundo atual é civilizado apenas superficialmente; no seu interior,
ainda restam muitas características selvagens. Portanto, creio
que o título deste artigo é bem adequado.

Jornal Eiko nº 201, 25 de março de 1953

O Pão Nosso de Cada Dia pág. 402 e 403

58
Rokan – Alicerce do Paraíso

(S.AN/13) A ÉPOCA SEMICIVILIZADA E SEMI-SELVAGEM

Alicerce do Paraíso, pág, 48

59
Rokan – Alicerce do Paraíso

CAPÍTULO II — POLÍTICA

(S.AN/14) A ARTE DE DEUS

Alicerce do Paraíso, pág. 317

Como seres contemporâneos, é chegada a hora de nos


conscientizarmos da época em que estamos vivendo. Vou
explicar o que isso significa.

A cultura material progrediu tanto que, através da invenção


do rádio, da televisão e de outros meios de comunicação,
podemos tomar ciência dos acontecimentos mundiais em poucos
instantes. Se não compreendermos a importância desse fato, não
poderemos falar sobre a civilização atual.

Nos Estados Unidos, começou-se a falar, há alguns anos,


sobre a Nação Universal e Governo Universal. Tais expressões
não estarão prenunciando, para um futuro próximo, o advento de
um mundo ideal? Será, com efeito, um grande acontecimento.
Quando raiar esse dia, naturalmente se escolherá um Presidente
Mundial, e qualquer nação poderá apresentar seus candidatos.
Entretanto, para o nascimento desse Novo Mundo, será
necessário haver uma enorme revolução em todos os setores,
especialmente no pensamento humano. Obviamente, todos os
"ismos" serão varridos, e, ao mesmo tempo, haverá unificação
dos pensamentos.

Para melhor compreensão, darei um exemplo.


Suponhamos que um exímio pintor pinte um grande quadro
representando o mundo. Ele o expressaria com a máxima beleza,
através de linhas e cores variadas, sem nenhum defeito, com
Técnica Divina. Como não é difícil imaginar, os preparativos para
a pintura desse quadro levariam vários milênios. As primeiras
linhas seriam o mais importante, pois representariam as
fronteiras dos países, e levariam muito tempo para serem
60
Rokan – Alicerce do Paraíso

traçadas. Em seguida, viria a escolha das cores: vermelho, azul,


amarelo, branco, violeta, enfim, uma variedade delas.

A título de experiência, tentemos aplicar isso aos


diferentes povos e países. Quero, porém, alertar-lhes que se
trata apenas de uma suposição. Cada país desempenharia uma
função de acordo com a peculiaridade de sua cor. Desenhadas
as linhas e usadas habilmente as cores, estaria pronto o quadro
do mundo. E que mais poderia ser este quadro senão a Grande
Arte de Deus Todo-Poderoso? Até hoje, entretanto, considerando
a cor de seu país a melhor de todas, os homens quiseram pintar
o quadro somente com essa cor, razão pela qual não foi possível
obterem êxito. Naturalmente, outro fator que eles não levaram
em conta foi o tempo. A derrota sofrida pelo Japão e pela
Alemanha na última guerra ilustra muito bem o que estamos
dizendo. Por analogia, os "ismos" ou ideologias podem ser
comparados às tintas fabricadas por cada país.
Conseqüentemente, uma nação não pode tentar pintar além da
sua linha limite, porque isso provoca atritos com as outras, cujos
objetivos são os mesmos. Como esses atritos constituem um
estorvo para o quadro do mundo, elaborado por Deus com base
no amor à humanidade, obtém-se apenas um sucesso
temporário. Vejamos.

A maioria dos heróis que apareceram desde os tempos


antigos acabou sendo derrotada por ter cometido o erro de criar
obstáculos para a Arte de Deus. Baseadas nesse fato, as
potências mundiais, ao invés de tentarem pintar os outros países
com a sua cor, devem se esforçar para tornar mais viva e mais
bela a cor de cada país. Se adotarem essa política, estarão
concordes com a Vontade Divina, e assim se concretizará o
Mundo Ideal.

Estes são os motivos pelos quais é necessário pensar na


Religião. Entretanto, na forma como vêm sendo praticadas até
hoje, cada uma querendo pintar a outra com a sua cor, as
61
Rokan – Alicerce do Paraíso

religiões deixam de acompanhar a marcha do tempo, ficando em


desacordo com o Plano de Deus. Por isso, precisamos entender
a Vontade Divina que está por trás do progresso da civilização e,
dando-nos as mãos, fazer de todas as religiões uma só força,
para a construção do mundo ideal que está prestes a surgir.

Revista Tijyo Tengoku nº 11, 20 de dezembro de 1949

62
Rokan – Alicerce do Paraíso

(S.AN/15) A TERCEIRA RELIGIÃO

Se a nossa Igreja é vista como uma religião comum já


existente, não tem importância, mas, na verdade, tem uma
diferença marcante que não pode ser comparada com as
religiões já existentes. Em primeiro lugar, a nossa Igreja inclui o
Xintoísmo, Budismo, Catolicismo, Filosofia, Ciência e Arte, e
também compreende o partido da esquerda e da direita, o
capitalismo, o socialismo e o comunismo. Qualquer pessoa que
ler os registros, revistas e jornais publicados pela nossa Igreja irá
concordar.

A que chamamos de Imagem de Deus reverenciada pela


nossa Igreja, tem as letras Komyo Nyorai ( ). Além de Nyorai ser
um nome budista superior, nós o chamamos de Imagem de
Deus. Além disso, entoamos a oração a que chamamos de
Zenguen, que é uma oração xintoísta, e também uma sutra
budista, a qual foi escrita por mim. Fiz o quanto possível um
sumário do Sutra Kannon, colocando-o em forma de oração
xintoísta. Fiz isso porque para entoar três sutras Kannon são
necessários 30 minutos, o que não é adequado à vida social do
Japão de hoje. É preciso que o culto matinal de todos os dias
seja realizado dentro de cinco minutos, porque quando houver
acidentes de trem, existe a apreensividade de chegar atrasado
ao trabalho.

E também, dentre minhas inúmeras opiniões, escrevo


também sobre a elegância das religiões, astronomia, geografia,
espírito das palavras, ( ) filosofia, literatura, política, economia,
arte, teatro e cinema com sermões do Mundo Espiritual, ao que
as pessoas ficam assustadas. Dizem que, em todos os tempos,
nunca viram outro exemplo, principalmente, quanto à medicina
espiritual revelada por Deus e a manifestação do Espírito Divino.
Isso está bem claro através do fato que somente a nossa Igreja,
são bem poucos os doentes entre os membros. E qualquer

63
Rokan – Alicerce do Paraíso

dificuldade ou dúvida que tiverem com assuntos humanos e


todos os outros em geral serão desfeitos.

Na nossa Igreja há e não mandamentos, e ao mesmo


tempo que é uma salvação sem distinção de Bem ou Mal, por um
lado tem como sistema não violar, rigorosamente, o Bem e o Mal.
E a nossa Igreja é um caminho Daijo; por isso, através do
capitalismo, a indústria prosperou por meio do socialismo, a
discriminação da distribuição foi corrigida com o comunismo,
houve o aumento do bem-estar da classe trabalhadora que
abrange a grande maioria da população; através da democracia
está sendo feita a repressão ao aparecimento de classes de
direito especial; por meio da influência moral estão aparecendo
classes naturalmente; tudo é universal, o pensamento de amor à
humanidade constitui a base e o grande ideal de prosperidade
mútua da humanidade é o tema principal das atividades.
Naturalmente que na nossa Igreja expomos também sobre a
profundidade da religião filosófica e, ao mesmo tempo,
invocamos à grande população, pregamos a religião de vivência
imediata e envidamos esforços para transformar a vida real em
fé. Portanto, na nossa religião não existe aquela rigidez como a
de outras religiões e também não colocamos muito peso em
formalidades religiosas. Realmente, é livre e democrática;
podemos dizer que é a própria claridade. Sem dúvida que o
cerimonial é também muito simples e se adapta perfeitamente à
vida moderna. E quero principalmente dizer que na nossa religião
os milagres são absolutamente numerosos. Creio que em toda a
História não haverá algo que possa ser comparado a essa
religião.

É tudo uma explicação bastante resumida e que com a


visão originária de uma religião é totalmente difícil compreender,
e por isso denomino a nossa Igreja de Terceira Religião.

Coletânea Série Jikan volume12, 30 de janeiro de 1950

64
Rokan – Alicerce do Paraíso

(S.AN/16) A PALAVRA “SU”

Alicerce do Paraíso, pág. 262

Eu sempre aconselho manter a ordem em tudo, e a


transcrição da palavra "SU" (chefe, senhor, dono) nos sugere a
mesma idéia. Ela é transcrita da seguinte forma: (###). Vamos
analisá-la.

Os três traços horizontais significam: Céu, homem e Terra;


ou Sol, Lua e Terra; ou os números sagrados 5, 6 e 7; ou Deus,
espírito e matéria. Esses traços são completados por outro,
vertical, que os atravessa no meio, e em cima de todos há um
sinal.

A Política, a Economia, a Educação, a Religião, ou


qualquer outra atividade humana, tudo, em suma, deve observar
essa hierarquia. Se assim não for, nada poderá correr bem. Mas,
até hoje, tudo que existe geralmente está separado, situando-se
no plano vertical ou no plano horizontal. Uma das maiores
conseqüências disso nós observamos no antagonismo entre o
pensamento fundamental do Oriente e do Ocidente.

Finalmente chegou o tempo de cruzar os pensamentos e


as atividades, como os traços e planos da palavra analisada, isto
é, o tempo de seguir o exemplo da palavra "SU", cujo significado,
como já vimos, é "senhor", "chefe", "dono".

Observemos que no meio da palavra forma-se uma cruz


(***ju.tif***) e relembremos que o traço de cima representa o Céu,
e o de baixo, a Terra. Isso quer dizer que o mundo dos homens
está entre o Céu e a Terra; por essa razão, ele tem forma de
cruz. É essa a realidade do Paraíso Terrestre, ou Reino de Deus.
A palavra que designa Deus ("Kami") tem a mesma significação.
"KA" (***hi.tif***) significa "fogo"; "MI" (***mizu.tif***) significa
"água". O fogo arde verticalmente, e a água corre
65
Rokan – Alicerce do Paraíso

horizontalmente. Unindo "KA" e "MI", obtemos "KAMI", ou seja,


Deus, cujo trabalho é unir, atar. Agora chegou o momento em
que Deus quer unir o que está separado, porque está próximo o
Reino dos Céus.

Os católicos fazem o sinal da cruz sobre o peito. A


significação é idêntica à do símbolo dos budistas (***manji.tif***)
e tem a mesma explicação. Na cruz búdica, entretanto, as pontas
estão curvadas, o que significa que, após o cruzamento, a cruz
começa a girar.

Pelo exposto, a Política também precisará estar


estruturada em três camadas, para uma boa atuação. Se assim
não for, haverá distúrbios e incompreensão, o que gerará
conflitos. A cruz que se observa na palavra "SU" liga
perfeitamente a parte de cima e a de baixo; assim, a classe
média, entre o povo, tem a função de harmonizar as classes alta
e baixa. Acima de todos, temos o Presidente ou o Primeiro-
Ministro para governar. Desse modo, tudo que obedecer à forma
da palavra "SU" (***su.tif***) correrá bem, sem interrupções ou
obstáculos, inclusive na administração de firmas ou de
sociedades civis.

Obedecendo-se a essa ordem hierárquica, estará


concretizado o mundo ideal, ou seja, o Mundo de Miroku - mundo
da Luz.

Coletânea Série Jikan volume12, 30 de janeiro de 1950

66
Rokan – Alicerce do Paraíso

(S.AN/17) NAÇÃO REGIDA PELO CAMINHO

Alicerce do Paraíso pág. 276

O Japão, assim como todos os países que se dizem


civilizados, é regido por leis. Entretanto, a realidade nos mostra
que essa não é a forma ideal para se governar uma nação.
Através da História, vê-se que é difícil exterminar os crimes
somente com o poder das leis. Como não se consegue eliminar
todo o mal do homem, os crimes são inevitáveis;
conseqüentemente, só a Religião poderá trazer a verdadeira
solução para o problema. Contudo, casos que exigem soluções
imediatas não poderão ser resolvidos apenas por meio dela. Por
esse motivo, em primeiro lugar é preciso ensinar ao homem o
Caminho. Refiro-me ao Caminho Perfeito e à lógica.

Embora o assunto se assemelhe à antiga moral oriental, o


que agora desejo anunciar é uma moral nova e progressista. Sou
levado a isso pela evidente decadência moral da sociedade
contemporânea, onde saltam aos nossos olhos a corrupção dos
jovens, o aumento do índice de criminalidade e outros fatos. Até
mesmo os intelectuais já estão percebendo a situação, tanto
assim que aconselham a volta ao ensino da Moral nas escolas e
a elaboração de algo que preencha as falhas da Educação. O
assunto tem servido de tema para várias discussões, e é muito
animador constatar a existência de uma preocupação nesse
sentido.

Após a Segunda Guerra Mundial, os japoneses ficaram


sem qualquer apoio, não tendo a quem recorrer. O resultado é
que aumentou o número de criaturas desorientadas. Até o fim da
guerra, em todas as escolas do país, o ensino tinha por base a
Moral, as sábias palavras do Imperador e também a lealdade e o
amor aos pais, profundamente enraizados no coração do povo
japonês desde épocas antigas. É inegável, portanto, que a
sociedade daquela época era muito mais honesta e sincera que a
67
Rokan – Alicerce do Paraíso

da época atual. Mas nem por isso devemos revitalizar essa velha
moral; torna-se imprescindível criar uma ordem moral para a
Nova Era. Após a guerra, estabeleceu-se a democracia no
Japão, e assim nos libertamos do despotismo. Isso foi muito
bom; pena é que se tenha ido além dos limites e chegado à
situação presente, ou seja, a uma sociedade predisposta à
anarquia. Sendo assim, urge formar uma nova idéia moral que
esteja em conformidade com a época, eliminando o que há de
mau e aproveitando o que há de bom no antigo e no novo
pensamento. É necessário construir um novo espírito japonês,
semelhante ao do cavalheirismo inglês, por exemplo. Para tanto,
como expus acima, a base é o Caminho, cuja noção deve ser
intensamente apregoada, não só no ensino como na sociedade.
Se conseguirmos, com isso, diminuir uma parte que seja do mal
social, ficaremos muito satisfeitos.

Dando uma explicação mais compreensível sobre


Caminho, isto é, o Caminho Perfeito, devo dizer que se trata de
algo aplicável a todas as coisas; ou melhor, ele é a bússola
orientadora da conduta humana. Seguindo o Caminho, o homem
não terá insucessos nem desgraças, tudo lhe correrá bem.
Gozará de maior confiança, será respeitado e amado pelo
próximo e, logicamente, ficará em situação de harmonia e de
paz. Na medida em que aumentar o número de indivíduos e de
lares com tais características, o mal social irá diminuindo cada
vez mais, graças à influência exercida por eles.

Por esse motivo, se continuarmos apoiando-nos apenas


nas leis, como fazemos atualmente, crescerá o número de
indivíduos espertos e malvados, os quais pensam que lhes basta
agir de modo a não caírem nas mãos da Justiça. Em outras
palavras, Deus, como sempre digo, é o Caminho Perfeito; adorar
a Deus significa seguir o Caminho. Portanto, o homem que se
submete ao Caminho Perfeito e por ele é regido é um verdadeiro
homem civilizado.

68
Rokan – Alicerce do Paraíso

Este artigo, eu ofereço aos intelectuais do mundo inteiro.

Jornal Eiko nº 90, 7 de fevereiro de 1951

69
Rokan – Alicerce do Paraíso

(S.AN/18) RELIGIÃO E POLÍTICA

Alicerce do Paraíso pág. 283

Apesar de haver uma estreita relação entre Religião e


Política, é estranho que isso não tenha despertado muito
interesse. Na realidade, até o término da Segunda Guerra
Mundial, a Política, longe de apreciar a participação da Religião,
vivia oprimindo-a. Desde a Antigüidade este fenômeno se fez
notar em vários lugares, registrando-se não poucos casos da
quase extinção de religiões devido à violência das perseguições.
No entanto, por mais que a Religião tente realizar o seu objetivo,
que é a construção de um Mundo Ideal, para incrementar a
felicidade do homem, torna-se evidente que ela jamais atingirá
essa meta se a Política não for justa. Sendo assim, uma Política
escrupulosa requer políticos íntegros e, para preencherem essa
condição, eles devem ser dotados de religiosidade.

No Japão - desconheço a situação no estrangeiro - um


erro no qual os políticos têm inclinação para incorrer é a
corrupção. Pode-se dizer que isso acontece porque eles são
escravos do materialismo, cuja origem está na falta de
religiosidade. É desejável o aparecimento de políticos dotados de
espírito religioso, pois só assim poderemos alimentar esperanças
quanto ao futuro, aguardando o bom desenrolar dos destinos da
Nação. No que se refere à construção de um novo Japão, é
necessário, sobretudo, incutir espírito religioso nos políticos, para
que seja realizada uma Política arraigada no senso religioso.

Atualmente o povo vive criticando, e com razão, a


degeneração da Política, as fraudes eleitorais, a prevaricação
dos funcionários públicos, a degradação dos educadores, etc. Os
próprios políticos, os órgãos competentes e o povo empenham-
se com unhas e dentes na solução purificadora dos problemas
dessa lamacenta sociedade. Infelizmente, na prevenção do
crime, conta-se apenas com a força da Lei, mas esta não atinge
70
Rokan – Alicerce do Paraíso

o âmago da questão, pois a causa dos crimes está no interior do


homem, ou seja, na sua alma. Purificar a alma é o método
verdadeiramente eficaz. Estou convicto de que isso só poderá
ser conseguido através de uma Fé verdadeira.

Coletânea Assuntos sobre Fé, 5 de setembro de 1948

71
Rokan – Alicerce do Paraíso

(S.AN/19) RELIGIÃO, EDUCAÇÃO E POLÍTICA

Alicerce do Paraíso, pág. 281

Atualmente, a sociedade está repleta de males. Por toda


parte ocorrem fatos desagradáveis, uns após outros; a
intranqüilidade das pessoas alcança o auge. É urgente, portanto,
meditar muito, para encontrar a causa dos males sociais. De
onde eles provêm? A quem responsabilizar?

Obviamente, a culpa não poderia deixar de ser da


Religião, da Educação e da Política. A chave para a solução do
problema é saber em que ponto está localizado o gravíssimo
equívoco.

Em primeiro lugar tratarei da Religião.

Excetuando o cristianismo, as outras religiões tradicionais


estão muito atrasadas. Inclusive o budismo, que nasceu há mais
de dois mil e seiscentos anos, visando o povo hindu, já não
condiz com a nossa época, por mais importante que tenha sido
Sakyamuni e por mais profundos que sejam os seus
ensinamentos. Naturalmente, a situação é ainda mais grave com
a sociedade japonesa atual. Os hindus daquela época faziam
meditações diárias no interior das matas e liam milhares de livros
sagrados para encontrarem a Verdade. Para os homens atuais,
no entanto, que precisam trabalhar da manhã à noite a fim de
ganhar o pão de cada dia, isso é impraticável. É mesmo natural
que, apesar de todos os seus esforços para se manterem ativas,
as religiões tradicionais nada conseguiam fazer além de proteger
os túmulos e lamentar a situação em que se encontram. Se elas
se valem da assistência social como único meio para sobreviver,
ninguém poderá negar que estão fora dos campos da atuação
religiosa.

72
Rokan – Alicerce do Paraíso

Quanto à Educação, também está muito distante do


verdadeiro caminho. Seu real objetivo é formar homens íntegros,
isto é, homens que façam da justiça o seu código de Fé e se
esforcem para aumentar o bem-estar social, contribuindo para o
progresso e a elevação da cultura. Na situação atual, porém, até
mesmo os que se formam nas melhores escolas superiores
praticam crimes e outras ações que prejudicam a sociedade.
Urge fazer algo para modificar essas condições.

O maior erro da Educação é ser totalmente materialista.


Estamos cansados de dizer que, se ela não evoluir juntamente
com o espiritualismo, não lhe será possível nem mesmo sonhar
em atingir seu verdadeiro objetivo. Entretanto, como esse erro
vem de longa data, estamos conscientes de que enfrentaremos
muitas dificuldades se tentarmos eliminá-lo bruscamente.

O ideal espiritualista é fazer reconhecer a existência do


espírito, o que significa fazer reconhecer a existência de Deus.
Sem isso, o espiritualismo não teria fundamento. Naturalmente, a
Religião encarregou-se disso até hoje, mas não obteve resultado
visível, porque não havia uma religião com força suficiente para
tanto. Nasceu, então, a nossa Igreja, dotada de força para fazer
com que todos reconheçam o espiritualismo e com que a
Religião e a Ciência caminhem lado a lado. Dessa forma,
nascerá um mundo de eterna paz, onde todos poderão viver uma
vida celestial. Se o progresso da cultura, por maior que ele seja,
não promove, paralelamente, o aumento da felicidade, a culpa
cabe ao próprio homem, que ficou preso apenas à cultura
material. A humanidade precisa perceber isso o quanto antes.

No que concerne à Política, sua situação também é


calamitosa. Tomarei por base exclusivamente a política
japonesa, que, mesmo sob domínio estrangeiro, é assaz
medíocre. Sendo ela materialista, seu conteúdo torna-se mais
medíocre ainda. Podemos afirmar que não existem muitos
políticos de visão ampla e que a maioria se resringe às tarefas do
73
Rokan – Alicerce do Paraíso

dia-a-dia. Isso acontece porque seus espíritos estão maculados,


de modo que, embora sejam políticos, eles não conseguirão, de
maneira alguma, manter um desempenho desejável se não
tiverem por base a Fé. Como as religiões tradicionais não têm
força suficiente para modificá-los, a única solução é o
aparecimento de uma religião nova e poderosa.

Jornal Hikari nº 24, 27 de agosto de 1949

74
Rokan – Alicerce do Paraíso

(S.AN/20) O QUE SÃO OS PRINCÍPIOS

A realidade em que, motivados pelas inúmeras ideologias


e movimentos, se objetiva a realização das finalidades,
denominando-as de tais princípios, é de largo conhecimento das
pessoas.

Entretanto, esses princípios, mesmo que até certo ponto


obtenham sucesso, no fim, impreterivelmente fracassam e
desaparecem. Isto se observa constantemente. Qual será o
motivo? Acho que devemos pensar muito.

Antes de mais nada, o que se denomina de princípio é


sempre contrastante e se opõe, dividindo-se entre rivais e
aliados; portanto, há a facilidade de surgir conflitos. Isto é,
resulta-se em vencer ou perder. Mesmo que por acaso vença,
em seguida nasce um novo princípio que opõe-se a este; sendo
assim, não há a interrupção em conflitos. Realmente, na idade
moderna também existem inúmeros princípios que nasceram e
desapareceram, desapareceram e nasceram. Os principais são o
imperialismo, o despotismo, o totalitarismo, o capitalismo, o
comunismo, o socialismo, o liberalismo, a democracia, o
conservacionismo, o progressivismo, o individualismo, o ativismo,
o passivismo, etc., etc., sendo até incontáveis.

Originariamente, os princípios são algo limitado,


exclusivista, egoísta, e têm como objetivo beneficiar somente a
nação, a classe, o grupo, etc., criando, assim, inevitavelmente, as
causas do conflito.

Nesse sentido, se deseja-se a eterna paz e prosperidade


da sociedade humana, deve-se ter por princípio algo diferente de
até hoje, isto é, deve ser algo universal, de amor humanitário.

A Nação Universal e o Movimento M R A, que começaram


a serem proferidos recentemente nos Estados Unidos, têm o
75
Rokan – Alicerce do Paraíso

sentido acima escrito e considero-os como movimentos que


visam à construção do Paraíso Terrestre, o mesmo que o nosso
objetivo.

Coletânea "Assuntos sobre Fé", 5 de setembro de 1948

76
Rokan – Alicerce do Paraíso

(S.AN/21) A NOSSA RELIGIÃO E O UNIVERSALISMO

Alicerce do Paraíso, pág. 399

Observando o mundo atual, constatamos a existência de


pessoas que, dizendo-se esquerdistas, direitistas ou neutras,
vivem criando conflitos. É fácil o aparecimento de choques, entre
esses grupos, em virtude de cada um se firmar em sua ideologia
e tentar impô-la aos demais. Existem alguns cujo propósito é
justamente provocar tais choques, mas isso não vem ao caso no
momento.

Após a Segunda Guerra Mundial, o objetivo do povo


japonês é a democracia, que, obviamente, visa o máximo de
felicidade para o maior número de pessoas. Entretanto, se cada
um insistir em suas ideologias e "ismos", isso resultará em
conflitos e, ao invés de se proporcionar felicidade às pessoas,
estar-se-á acarretando o máximo de desgraças. Quem o diz não
sou eu apenas. Dentro do quadro social da atualidade, é uma
tendência que realmente aparece clara em todos os setores.
Vejamos, por exemplo, os partidos políticos. Num mesmo partido,
existem alas, ocorrem choques entre seus componentes, devido
à diferença de pontos de vista, e há sempre o perigo de
desagregação. Qualquer coisa que fuja a esses pontos de vista é
considerada como inimiga, por isso não é fácil manter-se a
coesão do partido. Planeja-se derrubar gabinetes que acabaram
de ser compostos e até se insiste para que um gabinete formado
apenas há dois ou três meses concretize as medidas políticas
propostas por ocasião das eleições.

Raciocinemos. Por melhor que seja um político, é


impossível ele cumprir suas promessas no prazo de seis meses
ou mesmo um ano. É por esse motivo que o Gabinete Japonês
muda tão rapidamente que nem dá tempo para esquentar as
cadeiras. Nesse aspecto, assemelha-se ao da França. Na
Inglaterra, o gabinete trabalhista saiu-se muito mal no primeiro
77
Rokan – Alicerce do Paraíso

ano de posse; se fosse no Japão, seria fortemente criticado, mas


a tolerância dos ingleses é de fato extraordinária. Chegou a
impressionar-nos a confiança que eles depositaram em Sir Attlee
e a paciência com que ficaram aguardando os resultados.
Passado o referido período, as coisas começaram a melhorar.
Hoje em dia, parece que a situação da Inglaterra é muito boa,
inclusive economicamente.

Nos Estados Unidos acontece o mesmo. Como o mandato


presidencial é de quatro anos, é possível fazer uma política
arrojada. Vencedores da Segunda Guerra Mundial, os
americanos demonstraram grande tranqüilidade econômica, logo
após o término do conflito, quando deram aquele magnífico
exemplo que foi o Plano de Salvação da Europa e do Leste
Asiático. Isso se deveu também às quatro eleições consecutivas
do Presidente Roosevelt, o qual, governando durante dezesseis
anos, pôde tomar medidas ousadas, tendo obtido bons
resultados.

Como expus anteriormente, a realidade atual do Japão é


que ele não consegue deixar de comportar-se como país
bitolado. Portanto, neste momento, todos os japoneses devem
empenhar-se, antes de mais nada, em cultivar o espírito de
tolerância. É aquilo de que mais necessitamos.

Se o objetivo da nossa Igreja é a construção de uma


sociedade sem conflitos, primeiramente precisamos livrar-nos do
estreito sentimento de orgulho que nos faz menosprezar os
outros. Torna-se necessário caminharmos sem levar em conta se
os ideais são da esquerda, da direita ou do meio, mas fundindo-
os num ideal grande e nobre, que abranja tudo e ao qual se
possa realmente chamar de mundial. Batizamo-lo de
Universalismo.

Coletânea Série Jikan, volume 12, 30 de janeiro de 1950

78
Rokan – Alicerce do Paraíso

(S.AN/22) A BÚSSOLA DA RECONSTRUÇÃO DO JAPÃO

Alicerce do Paraíso, pág. 259

Baseado na atual conjuntura, desejo tecer considerações


a respeito da política nacional que o Japão precisa adotar daqui
para frente. Antes, porém, tenho que falar sobre a missão da
nação japonesa.

Deus, para governar o mundo, concedeu a cada país uma


missão específica. Evidentemente, o Japão não constitui
exceção. Como a missão que lhe cabe não estava esclarecida
até o presente momento, foram praticados os mais gritantes
erros, decorrentes da interpretação caprichosa do homem. O
resultado foi a nação caótica que vemos atualmente.

Analisando a História do Japão, evidencia-se que, desde a


Antigüidade, têm surgido grandes heróis e guerreiros, a maioria
dos quais, utilizando-se da violência chamada guerra, enfeixou o
poder em suas mãos. Em quase todos os lugares, podemos ver
os males e crimes que eles cometeram, devastando territórios e
fazendo o povo viver na pior das agonias. Em poucas palavras,
pode-se afirmar que a História do Japão não passa do registro de
uma disputa de poderes entre os dominantes. É fato real, sem
margem de dúvida, que a maior e a última dessas disputas foi a
Segunda Guerra Mundial. Desde que o Japão foi instituído como
nação, seu povo tem sido muito sacrificado, vítima dessa
situação conflitante. Vê-se, portanto, que não houve
absolutamente história do povo.

Todavia, durante esse longo período, também houve


épocas pacíficas de tempos em tempos. Nos períodos Assuka
(592-707), Hakuho (646-723), Tempyo (710-797), Heian (801-
899), Ashikaga (1338-1573), Kamakura (1205-1333), Momoyama
(1574-1600), Guenroku (1688-1704), Kyoho (1763-1782), Bunka
(1804-1817), Bunsei (1818-1829) e Meiji (1868-1911), apesar de
79
Rokan – Alicerce do Paraíso

sua curta duração, desenvolveu-se uma cultura pacífica, da qual


foram preservadas até hoje algumas heranças. São quadros que
retratam sua época, esculturas, objetos artesanais, etc. O fato de
haverem sido criadas tantas peças artísticas maravilhosas em
tão curto período de paz - peças que ainda hoje podemos
apreciar - mostra-nos a elevada tendência dos japoneses para o
Belo.

Outro ponto a ressaltar é a natureza do Japão. Todos os


turistas que o visitam ficam admirados, dizendo que nenhum país
tem paisagens tão puras e lindas como as japonesas. É também
um dos países mais ricos em espécies de ervas, árvores e flores.
Além disso, dizem que, no Japão, a variação das estações é
incomparável, evidenciando-se nas transformações das
montanhas, rios, gramas e árvores, nas flores da primavera, no
verde do verão, no bordo do outono, na queda das folhas durante
o inverno e em outros aspectos, cada qual expressando a beleza
de sua estação.

É também característica a arte e a técnica dos japoneses


na utilização da beleza natural da madeira e outros materiais nas
construções. As artes plásticas e o artesanato são muito
apreciados pelos estrangeiros, seja a pureza e riqueza das
pinturas, os característicos "makiê", as cerâmicas e outros
objetos.

Kyoto e Nara escaparam aos bombardeios aéreos durante


a guerra graças ao trabalho do Professor Langdon Warner (1881-
1955), que se empenhou na preservação das duas cidades pela
compreensão que tinha da arte japonesa, não obstante ser
estrangeiro.

No que se refere aos produtos alimentícios, a grande


quantidade de alimentos provenientes do mar, as verduras
variadas e a técnica da culinária também evidenciam uma cultura
muito característica, que vivifica o sabor natural das coisas.
80
Rokan – Alicerce do Paraíso

Refletindo sobre tudo isso, pode-se perceber qual é a


missão inata do Japão: por meio da beleza natural e da beleza
criada pelo homem, cultivar o espírito de nobreza do ser humano,
dar-lhe tranqüilidade e fortalecer-lhe o desejo de desfrutar da
paz. Em termos mais concretos, tornar-se o jardim público do
mundo e a fonte de toda e qualquer expressão do Belo.

Entretanto, em que situação nos encontramos! Ao invés de


cumprir sua verdadeira missão, o Japão viveu por longo tempo
sob a bandeira do militarismo, sem voltar sua atenção para mais
nada. Uma vez que despertem para o significado de sua missão
e reflitam profundamente, os japoneses poderão compreender o
quanto estavam errados. A situação inédita em que o país se
encontra, obrigado a dispensar os armamentos militares em
conseqüência da derrota sofrida na guerra, só pode ser
determinação de Deus para fazê-lo entender sua verdadeira
missão. A propósito da inexistência de forças armadas, talvez
haja, entre os japoneses, pessoas que se preocupam com o
futuro da nação, mas acredito que seja uma preocupação
desnecessária. Isto porque, se o Japão se tornar o parque
público do mundo, incorporando o Bem e o Belo e apresentando-
se como um jardim paradisíaco, embora ocorra uma guerra, os
inimigos, e muito menos os aliados, não teriam coragem de
destruí-lo.

Também em nossa Igreja, como todos sabem, estamos


preparando e executando a construção do protótipo do futuro
Paraíso Terrestre, nas cidades de Hakone e Atami, em locais
escolhidos pela sua paisagem pitoresca. Nele está expresso o
máximo da beleza das construções arquitetônicas e dos jardins.
Além disso, estamos instalando o que se poderia chamar de local
de apresentação das belas-artes para o exterior. A propósito,
gostaria de ressaltar que, dentre os muitos produtos exportados
pelo Japão, dificilmente a exportação dos produtos têxteis, que
são tão característicos, poderá ultrapassar certo limite. Quanto às
maquinarias, construções navais, trens, bondes, automóveis,
81
Rokan – Alicerce do Paraíso

bicicletas, etc., restringem-se a artigos comuns, destinados à


massa popular dos países altamente desenvolvidos; para os
países cuja população é de baixo nível, são exportados produtos
que apenas satisfazem suas necessidades. Em termos de
maquinaria de alto nível, de mercadorias variadas e de material
cultural, talvez ainda estejamos longe de alcançar países
desenvolvidos como os Estados Unidos. Por esse motivo, a
política nacional que o Japão deve adotar daqui para frente são
os empreendimentos turísticos e a exportação de objetos de arte,
obras artesanais e flores. Não seria exagero dizer que, além
disso, quase nada tem futuro.

Existe, no entanto, um fator da maior importância: os


problemas de saúde dos japoneses. Por mais perfeitas que
sejam as instalações turísticas e por mais que nos tornemos alvo
da admiração dos visitantes, se o Japão estiver infestado de
doenças contagiosas, como a tuberculose, seria o mesmo que
convidá-los para uma bela mansão de portas fechadas.

Outro ponto importante é o que se refere às verduras


japonesas. O fato de, no Japão, se utilizar excremento humano
como adubo, desde a Antigüidade, constituiria por si só um
grande obstáculo para atrair os estrangeiros, dado o perigo da
transmissão de vermes. Assim, o ideal seria explicar o método de
Cultivo Natural preconizado pela nossa Igreja. Com isso, todos
os obstáculos mencionados anteriormente seriam eliminados.

Penso que, com estas explicações, possam ter uma


compreensão geral dos nossos objetivos. Entretanto, quando
chegar o dia em que os projetos e instalações a que nos
referimos ficarem concluídos em todo o território japonês, verão
realmente concretizado o Paraíso Terrestre que nós
proclamamos, e acredito que nenhum país terá motivos para
deixar de recebê-lo com alegria e satisfação.

Jornal Hikari Extra, 30 de maio de 1949


82
Rokan – Alicerce do Paraíso

(S.AN/23) O JAPÃO É A FÁBRICA DE NONTAGEM DA


CULTURA

São muito poucas as pessoas que, apesar de serem


japoneses, desconhecem o caráter e a missão do Japão. Porém,
até antes da guerra, as pessoas de um certo partido explanaram
uma teoria de características nacionais para satisfação própria, e
utilizando essa teoria, os militares da época de guerra
explanaram isso freqüentemente, utilizando-o como instrumento
para instigar o povo, como é do conhecimento de todos, mas isso
foi muito negativo, o que pôde ser compreendido através da
derrota na guerra. Entretanto, o que estou querendo dizer aqui
difere basicamente de tudo isso, e quero que leiam com essa
intenção.

Sobre isso, tempos atrás, vi numa revista o sistema de


trabalho da indústria automobilística Ford dos Estados Unidos, e
fiquei admirado. Essa indústria construiu inúmeras indústrias
pequenas especializadas em peças e daí mandava trazer as
peças manufaturadas reunindo-as na matriz. Na matriz,
montavam os componentes e vendiam o carro ponto, esse era o
método.

Creio que o país que faz exatamente o mesmo trabalho é


o Japão. Ou seja, introduz a peculiaridade de cada país, monta e.
como uma cultura sintetizada. a vende para o mundo. Essa é a
missão do país chamado Japão, por isso ele não possui uma
cultura individual e marcante. Exemplificando, temos a cultura
mecanizada dos Estados Unidos; a política democrática, o
princípio progressista; da Inglaterra a política conservadora e
firme, o principio socialista moderado e também a bonita relação
entre o imperador e o povo; outros como a pintura, a literatura, a
música e artes livres especiais da França; a cultura de poder
progressista e forte da Alemanha; a religião e a arte erudita da
Itália; a cultura antiga da China, principalmente os caracteres
chineses, a literatura clássica chinesa e o confucionismo; o
83
Rokan – Alicerce do Paraíso

budismo e outros da Índia; as peculiaridades culturais de cada


país estão introduzidas no Japão.
Olhando essas coisas, o japonês que é uma pessoa de
visão curta diz que, desde tempos remotos, o Japão é um país
que gosta de imitar, mas isso porque desconhecem o profundo
significado de ser chamado de gênio da imitação. Por causa
disso, ao ver a cultura transcendental do país estrangeiro, logo
se curvam diante dela e, ao mesmo tempo, têm o mau vício de
inferiorizar o Japão. Essa manifestação está bem clara no
pensamento após a guerra de que qualquer coisa dos Estados
Unidos é boa. Para fazer uma comparação, existe um bom
material. O Japão é a base do fogo, país do sol. Quando o sol
movimenta os fachos de luz de sete cores, elas se tornam numa
única cor branca. Pensando nesse significado, creio que
concordarão que é verdade. Fazendo a devida aplicação disso, o
Japão atual introduziu a cor de cada país, mas ainda não chegou
no ponto de movimentá-los. E porque ainda não conseguiu
movimentar? Isso porque é igual a um carro e o eixo ainda não
está pronto. O eixo é sem dúvida um círculo com um ponto no
centro ( ). E quando, onde surgiu esse círculo com um ponto no
centro ? Como sempre digo, trata-se da nossa Igreja Messiânica
Mundial e a cultura do ( ) a que sempre me refiro e que é mais
uma coisa importante que deve ser observada. Se bem que a
cultura que acabou de nascer hoje vai amadurecer à medida que
o tempo passa e, quando se tornar um perfeito eixo, vai começar
a se movimentar, e aí, pela primeira vez, surgirá o mundo de sol
de cor branca e começará a brilhar a partir do Japão. Esse
também é o início do mundo do dia a que sempre me refiro; é
também a manifestação da Luz do Oriente e, daqui em diante,
compreenderão aos poucos. Quero dizer mais uma coisa. Por
não compreender o significado citado acima, existem países que
querem pintar o mundo com a cor do seu país, mas quero que
pensem sobre isso porque, por mais que o façam, no final das
contas, será um esforço inútil.
Jornal Eiko nº 195, 11 de fevereiro de 1953

84
Rokan – Alicerce do Paraíso

(S.AN/24) PODER REVOGANTE OU PODER CONSTITUINTE?

Alicerce do Paraíso, pág. 287

Estes termos referem-se ao Congresso Legislativo. De


fato, a cada ano, aprovam-se novas leis. Entretanto, isso não é
motivo para orgulho, pois as leis são instituídas porque o mal
social aumenta. Caso aumentasse o número de homens
honestos, não haveria necessidade de leis; portanto, não seria
necessário instituí-las. O verdadeiro progresso da cultura só terá
sido alcançado quando a função do Congresso Legislativo
consistir em revogar as leis.

Jornal Hikari nº 21, 6 de agosto de 1949

85
Rokan – Alicerce do Paraíso

(S.AN/25). A TÉCNICA LEGISLATIVA E O ESPÍRITO


LEGISLATIVO

A sociedade atual tem como princípio disciplinar os


criminosos com as leis e castigos, fazendo-os com que não
repitam a delinqüência. Se é que se põe a religião
completamente de lado, não deve-se ter outro método que esse;
portanto, não há outra escolha. Mas, mesmo assim, a realidade
comprova nitidamente que é impossível atingir o objetivo só com
isso.

Realmente, mesmo se dizendo crime, ele é apenas o


resultado que surge na superfície, devendo-se investigar o
motivo íntimo que leva à prática. Isto é a mente, a alma que leva
a praticar o crime, que é o fundamental. Portanto, além da
prevenção da criminalidade pelas leis, deve-se exterminar o
motivo do crime por outro método. Se não, nunca se realizará a
sociedade sem delinquentes.

Como é assim, atualmente, os homens maus estão


penando apenas para não caírem nas malhas da lei. Isso não se
limita apenas aos homens vis. As pessoas com considerável
educação e até os homens acima da classe média também são
assim. Pensam que basta que não se caia na malha da lei, e
praticam, indiferentemente, fraudes e injustiças. Sendo assim,
este modo de pensar é que é realmente temeroso, e deve-se
tomar alguma medida contra isso.

Gostaria de escrever, então, sobre coisas relacionadas


com isso, segundo a minha experiência.

Eu, desde algumas dezenas de anos, tenho tido vários


casos de julgamento. Também, atualmente, há alguns processos
em andamento. Mas, como os meus oponentes são. sem
exceção, homens maus, segundo o meu princípio, não posso
perder, e vou até o fim. Até hoje, nunca perdi uma causa. Assim,
86
Rokan – Alicerce do Paraíso

compreendi por inúmeras experiências que eles, sem exceção,


desafiam baseados somente nas partes técnicas das leis.
Entretanto, eu me oponho com vista no espírito das leis, e
geralmente perco no primeiro julgamento, mas após o segundo
julgamento, impreterivelmente passo a vencer, ou se não, o meu
oponente rende-se e pede solução amigável. Entretanto, o que é
embaraçoso é que, dependendo do juiz, é grande o número de
pessoas que dá mais importância às partes técnicas das leis,
sendo que eles parecem ser jovens, com poucas experiências.
Ao contrário, quem dá maior valor à parte espiritual parece ser
maior em juízes experientes.

O que gostaria que as autoridades da promotoria


pensassem bastante é que, se é que se baseiam na parte
técnica, impreterivelmente pensarão apenas em como
escaparem habilmente das malhas das leis, não diminuindo a
criminalidade.

Ao contrário, se se basearem no espírito, como a técnica


legislativa fica em segundo plano, passando-se a se valorizar a
parte espiritual, naturalmente percebem que é mais vantajoso
não cometerem pecados. Assim sendo, corresponderá ao
verdadeiro objetivo da legislação, e naturalmente os males
sociais diminuirão.

Ofereço esta prédica especialmente às autoridades


competentes.

Jornal Eiko, nº 122, 19 de setembro de 1951

87
Rokan – Alicerce do Paraíso

(S.AN/26) ELIMINAÇÃO DO MAL

TRADUZIR

88
Rokan – Alicerce do Paraíso

(S.AN/27) ESTÁ ERRADO DIZER QUE OS HONESTOS SAEM


PERDENDO

Alicerce do Paraíso, pág. 425

Há muito tempo ouve-se dizer que as pessoas honestas


saem perdendo. Entretanto, refletindo profundamente, pergunto a
mim mesmo se essas palavras não soam mal para a sociedade e
para os indivíduos. Sendo assim, ainda que pouco adiante possa
afirmar o contrário, pois os fatos parecem comprovar a
veracidade daquela afirmação, minha experiência me faz garantir
que não existe nada tão falso. Vejamos.

Quando observamos minuciosamente a sociedade,


notamos que existem duas maneiras de ver as coisas: a curto
prazo e a longo prazo. Em geral, os homens tendem a julgar o
Bem ou o Mal através de resultados momentâneos. Ao verem,
por exemplo, o sucesso obtido por pessoas desonestas que
enganam o próximo ou vendem gato por lebre, ficam
deslumbradas e definem que os honestos sempre saem
perdendo. Mas é preciso que tais coisas sejam vistas a prazo
mais longo, pois, inevitavelmente, a farsa virá à tona e aquelas
pessoas passarão por grandes vexames, podendo-se até afirmar
que acabarão arruinadas. Em contrapartida, ainda que por um
momento os honestos sejam mal interpretados, prejudicados ou
colocados em posição desvantajosa, com o passar do tempo,
infalivelmente, a verdade será esclarecida. Vou contar minha
experiência a esse respeito.

É constrangedor eu falar de mim mesmo, mas desde


jovem eu era muito honesto. Não conseguia mentir de maneira
alguma. Por isso, sempre me diziam: "Um rapaz honesto como
você nunca vai alcançar sucesso. Se você não mudar seu
pensamento e não for hábil no mentir, dificilmente será bem-
sucedido na vida". Achando que essas palavras eram sensatas,
menti bastante durante algum tempo, mas não estava bem
89
Rokan – Alicerce do Paraíso

comigo mesmo. Sentia uma angústia insuportável, minha vida se


tornava sombria, meus dias eram só de tristeza. Não havia, pois,
condição para eu obter bons resultados nos meus
empreendimentos.

Naquela época, eu era comerciante, de modo que as


"técnicas" de negociar deveriam ser muito mais vantajosas para
mim. Mas eu não conseguia me sair bem e acabei decidindo
voltar à honestidade, traço próprio de meu caráter. O engraçado
é que, depois disso, os resultados começaram a ser melhores do
que eu esperava. Em primeiro lugar, adquiri maior crédito no
mundo dos negócios, as coisas passaram a se processar num
ritmo excelente e em pouco tempo consegui um grande capital.
Com isso, deixei-me levar pela corrente. Quando já tinha
estendido demais a mão, deparei-me com a crise do mundo
econômico e decaí a ponto de não conseguir mais recuperar-me.
Foi isso que me fez abraçar a vida religiosa.

Entretanto, até hoje, continuei seguindo os princípios da


honestidade, da qual determinei jamais me apartar. Obviamente,
os resultados são ótimos. Durante um período relativamente
longo, houve ocasiões em que fui mal interpretado, criticado,
pressionado, enfrentando caminhos espinhosos, cheios de
dificuldades, mas nunca perdi a confiança das pessoas, o que
ainda hoje atribuo, com toda convicção, à minha honestidade.

Parece que os homens contemporâneos têm uma visão a


curto prazo e se deixam encantar por resultados momentâneos.
É, pois, necessário que, diante de qualquer situação, eles
observem os fatos com os olhos voltados para a eternidade. Isso
é válido para todas as circunstâncias. Exemplifiquemos. Um
político que força a situação para conseguir o poder não o reterá
nas mãos por muito tempo. É o mesmo que colher um caqui
ainda verde, não esperando que ele amadureça e caia, e ficar
frustrado com a sua cica. Existe um ditado que diz: "Os grandes
políticos pensam em termos de cem anos; os políticos de nível
90
Rokan – Alicerce do Paraíso

médio, em termos de dez anos; os de nível inferior, em termos de


um ano". É exatamente assim. Entretanto, hoje em dia, por
infelicidade, parece que o número de políticos de nível inferior é
bem maior.

O mesmo princípio se aplica à Agricultura Natural, por mim


preconizada. Vemos que a agricultura praticada até hoje
conseguiu bons resultados com o uso de adubos, mas, como os
adubos corroem a terra, esta se torna cada vez mais pobre. Sem
perceber isso, as pessoas mostram-se deslumbradas com os
resultados momentâneos. Por fim, tanto a terra como o homem
ficam intoxicados.

O princípio também é válido para a medicina atual.


Durante algum tempo, os medicamentos e os tratamentos
através de aparelhos surtem efeito; pouco a pouco, no entanto,
surgem efeitos contrários e a pessoa piora. Sempre deslumbrada
com os resultados momentâneos, ela volta a utilizar o mesmo
método e vai piorando cada vez mais.

Meu objetivo, com esses exemplos, é chamar atenção


para as conseqüências da visão a curto e a longo prazo, a que
me referi inicialmente.

Revista Tijyo Tengoku nº 3, 20 de abril de 1949

91
Rokan – Alicerce do Paraíso

(S.AN/28) NÃO MENOSPREZE OS CÁLCULOS

Alicerce do Paraíso, pág. 289

Na minha opinião, o que mais falta aos políticos japoneses


são conhecimentos sobre Economia. Em síntese, são os
cálculos. Entretanto, isso não acontece somente na política; em
qualquer empreendimento, é impossível obter êxito quando se
esquecem os cálculos. E estes não dizem respeito apenas às
coisas relacionadas a dinheiro. Seja qual for a circunstância, para
sabermos claramente as possibilidades de lucros e prejuízos,
vantagens e desvantagens, não podemos menosprezar os
cálculos.

É óbvio que, segundo a teoria política da democracia,


deve ser respeitada a vontade da maioria da população, mas isso
é conseguido através do número de votos, e estes só podem ser
obtidos através dos cálculos. Não há qualquer probabilidade de
sucesso ou progresso quando se negligencia esse aspecto.

O melhor exemplo do que dizemos é a última grande


guerra. Talvez haja várias causas para a derrota do Japão, mas a
principal foi o pouco caso que se fez dos cálculos. Com base
nestes, os japoneses não deveriam ter iniciado a guerra, mas,
uma vez iniciada, ainda que por um erro, deveriam ter-lhe
colocado um ponto final o mais rápido possível. Deixando-se
escapar essa oportunidade, à medida que a guerra prosseguia,
mais desvantajosa ficava a situação, o que se torna evidente, ao
relembrarmos aquela época.

Não é apenas para o mundo atual que os cálculos têm


importância; eles sempre foram importantes. Um dos principais
motivos pelos quais o senhor feudal de nome Yoritomo (1147-
1199) conseguiu dominar o Japão foi a grande riqueza que ele
acumulou utilizando um homem hábil em descobrir minas de
ouro, chamado Kanebori Kitiji. O mesmo aconteceu com
92
Rokan – Alicerce do Paraíso

Toyotomi Hideyoshi (1536-1598), que se tornou poderosíssimo


graças ao ouro obtido na mina de Sado. Podemos ter idéia da
quantidade de ouro e prata que ele armazenou através de uma
famosa história que contam a seu respeito. Quando Hideyoshi
construiu a mansão Jurakudai, convidou, para uma festa, todos
os senhores feudais daquela época, aos quais deu o seguinte
presente: margeou com pepitas de ouro e prata o caminho que
eles teriam de percorrer, desde o portão da casa até a entrada -
um percurso nada pequeno - e deixou que eles levassem as
pepitas que pudessem. O mesmo ainda se poderia dizer de
Ieyassu Tokugawa (1542-1616), cuja dinastia conseguiu manter-
se no poder durante trezentos longos anos graças ao ouro da
mina de Sado. Segundo uma famosa história, com intenção de
procurar ouro por todo o país, ele se valeu do célebre
descobridor de minas Okubo Iganokami, o qual descobriu a mina
de ouro de Izu Oohito.

Com o passar do tempo, entretanto, o ouro da mina de


Sado foi escasseando. No fim da época feudal no Japão, tendo
diminuído grandemente a exploração dessa mina, surgiu a
ameaça de falência econômica; conseqüentemente, os soldos
pagos até então aos vassalos tornaram-se inconstantes, o que os
levou a passar dificuldades financeiras. É indiscutível que essa
foi a causa da queda do regime feudal.

Como sou religioso, qualquer pessoa poderia pensar que


não me interesso por Economia. Mas isso não corresponde à
realidade. Talvez pelo fato de já ter sido empresário, estou
seguro de que ninguém poderia me passar para trás em matéria
de cálculos. Para falar a verdade, comendo e vestindo-me
humildemente, e morando num barraco, como os religiosos
antigos, não me seria possível salvar o homem contemporâneo.
Os tempos são outros, e os terrenos e as construções devem
estar de acordo com eles. Até para construir o modelo do Paraíso
Terrestre é preciso uma enorme soma de dinheiro. Por isso, é
óbvio que os recursos financeiros constituem uma das bases
93
Rokan – Alicerce do Paraíso

para a expansão de nossa Igreja. Nesse aspecto, a religião mais


conhecida do mundo religioso atual é a Igreja Tenri-Kyo. Seu
ponto forte, todos o sabem, é a grande importância que ela
sempre deu à obtenção de capital desde os tempos antigos.

Por essa variedade de exemplos, pode-se entender que,


desde o governo de uma nação até um empreendimento
particular, nada vai bem se desprezarmos os cálculos. A esse
respeito, convém lembrar os Estados Unidos. A maioria dos
poderosos políticos americanos saiu do mundo empresarial. É
famoso, também, o caso do Presidente Trumann, que há vinte
anos era comerciante de miudezas. Fala-se, ainda, que muitos
militares poderosos foram empresários. Por isso, a principal
razão de os Estados Unidos ocuparem a posição que hoje
ocupam é que a maior parte de seus governantes foram
empresários hábeis nos cálculos.

Em contrapartida, observando os dirigentes do Japão,


vemos que quase todos se tornaram funcionários do governo
logo depois que saíram das universidades, só tendo conseguido
posição após longo tempo no cargo. Por isso, além de não
saberem nada sobre a sociedade, não têm o menor interesse
pelos cálculos. Assemelham-se a filhinhos de papai, ou a
principezinhos. A melhor prova são os empreendimentos
governamentais. A Ferrovia Nacional, por exemplo. Enquanto as
companhias ferroviárias particulares continuam distribuindo
dividendos anualmente, embora irrisórios, a Ferrovia Nacional
tem um déficit de vários milhões de ienes. O mesmo acontece
com a venda de cigarros: eles são vendidos a um preço
exorbitante, apesar de sua má qualidade. Realmente, os
governantes não passam daquilo que o povo costuma chamar de
"negociantes amadores". Por conseguinte, seria desejável que,
doravante, surgissem muitos políticos que atuem ou tenham
atuado na área empresarial. Esclareço que esta é a condição
fundamental para a reconstrução do nosso país.

Jornal Hikari nº 26, 10 de setembro de 1949

94
Rokan – Alicerce do Paraíso

(S.AN/29) OS PARLAMENTARES DO JAPÃO

Recentemente, um grupo de deputados do Japão


inspecionou o Congresso dos Estados Unidos. Segundo seu
relatório, no Congresso daquele país, quase não existe vaia nem
tumulto, e a atmosfera, séria e nobre, diz ser realmente invejável.
Mas, em contrapartida, qual a condição do Congresso do Japão?
Vaias, bramidos, insultos desmotivados, e enfim, surge até a
violência, sendo uma turbulência total, não ouvindo nem as
detensões do presidente. Realmente, pode-se dizer que não
existe nenhuma diferença da reunião de homens vis da
sociedade. E nós, cada vez que ouvimos isso, não podemos
deixar de lastimar pela tamanha degradação.

Então, creio que há a necessidade de profundo exame


para saber por quê, no Japão, surgem somente tais deputados
de baixo nível.

Relacionado a isso, muitas vezes, até hoje, fui estimulado


a candidatar-me a deputado, mas de jeito nenhum me encorajo.
De qualquer maneira, pela minha missão, seria impossível, mas
mesmo que não tivesse tais obstáculos, não teria vontade. Isto
porque, pensando nas circunstâncias complicadas de até me
tornar um deputado do Japão, fico enfadado. Vou escrever aqui
como realmente é.

Originariamente, o deputado é considerado um


representante do povo e é encarregado de refletir, na política, a
vontade geral do povo. Portanto, as pessoas escolhidas, na
verdade, deveriam se candidatar por recomendações populares,
candidatando-se por não poderem se recusar; portanto, seria
uma pessoa sobre a tribuna do Congresso, abandonando a
profissão, com a disposição de, até certo ponto, sacrificar-se para
o bem comum da nação, esquecendo-se de tudo. Sendo,
portanto, - é claro - manifestação do espírito realmente nobre de
amor filantrópico. Sendo assim, é natural que seja respeitado e
95
Rokan – Alicerce do Paraíso

agradecido pelo povo, e a nação também dispensa-lhe especial


honra e tratamento. Dessa maneira, se for para participar da
campanha eleitoral como candidato, toda a despesa da
campanha deveria ser arcada pelo colégio eleitoral. E não só
isso. Já que abandonará a profissão pelo serviço da nação, o
povo deverá arcar também com todo o custo de vida, fazendo-o
devotar na política, sem preocupações pelo futuro. Se fosse um
deputado elegido dessa maneira, é claro que é uma pessoa de
caráter nobre, que possa lhe depositar inteira confiança, não se
tendo preocupações de ser inferior aos deputados dos Estados
Unidos.

Entretanto, ao ver a realidade japonesa, é


demasiadamente oposta ao que expus. Olhem: O candidato é
quem abaixa a cabeça aos eleitores, fazendo do seu primeiro
dever, na campanha, adulá-los e usar o subterfúgio da
sensibilização. Realmente é notório que não se harmoniza com a
razão. E é claro que toda a despesa é arcada pelo candidato, o
que é estranho. Dentre eles, têm uns que passam pelas malhas
da lei e chegam a convidar os eleitores a restaurantes, para
agradarem, ou os piores chegam até a comprarem votos.
Portanto, creio que no mundo não existe coisa tão incoerente.
Entretanto, se não chegarem a fazer até isso, não se elegem; por
isso, fazem-no sabendo da imbecilidade.

Se é assim, deve haver algo aí. Algo, é claro, barganha


com o benefício. Sendo assim, significa que, para o beneficio da
minoria, sacrifica-se o benefício da maioria. Essa é a podridão do
mundo político e é o motivo da depravação da eleição; assim
sendo, a incômoda política do Japão.

Além disso, a sociedade não suspeita muito por esses


erros. É verdade que, desde os jornais e toda a nação, estão
sempre fazendo críticas, mas são extremamente tépidas.
Portanto, atualmente, aproveitando-se disso, como de costume,

96
Rokan – Alicerce do Paraíso

eles estão produzindo o número estipulado de deputados,


através da vergonhosa eleição.

Ao pensar sobre isso, chegar-se-á a essa solução: se for


realmente uma personalidade verdadeiramente nobre, creio que,
de maneira nenhuma, desejará se tornar um deputado, chegando
a praticar tais imbecilidades, sem fundamento. Além disso,
gastando-se enorme soma na campanha.

Dessa maneira, como, gastando-se uma enormidade na


campanha, utilizando-se até de métodos irregulares, tentam se
eleger, está demasiadamente claro que se candidatam apenas
pessoas de níveis condizentes. E, ao se elegerem uma vez,
pensando-se que é extrema glória, ostentam o titulo de deputado,
e argumentando-se serem eleitos pelo povo, andam afetados e
arrogantes. Portanto, é um mundo estranho. Sendo assim,
realmente as pessoas virtuosas escondem-se na sombra,
resultando-se em somente os homens baixos se tornarem
deputados.

Portanto, a minha atitude relatada no começo é, antes,


muito natural.

Dessa maneira, talvez pareça que temos más línguas,


mas não podemos deixar de tecer críticas francas por estarmos,
em verdade, demasiadamente aflitos pela nação.

Então, dizendo-se como se deve fazer, é elevar os


princípios morais políticos de toda a nação nipônica, e formar
homens que realmente aflijam-se pela nação e desejem o bem-
estar da população.

Para isso, o mais importante e urgente é, antes de mais


nada, o despertar da classe dirigente.

97
Rokan – Alicerce do Paraíso

O que gostaria de dizer, no final, é sobre a educação


religiosa. A base do fato de os deputados americanos serem
primazes é verdade inegável que é totalmente pela fé cristã;
portanto, o Japão também, espelhando-se nisso, deve incentivar-
se à fé a uma religião que realmente tenha valor.

Advirto que não existe, além desse, um método capaz de


solucionar este problema.

Jornal Kyussei, nº 52, 4 de março de 1950

98
Rokan – Alicerce do Paraíso

(S.AN/30) OS ENIGMÁTICOS INTEGRANTES DOS PARTIDOS


POLÍTICOS

Creio que não somos só nós que, ao observar os


correligionários de partidos políticos do Japão, realmente
sentem-se extremamente esquisitos. Isto é, as atitudes em que
taxam de corretas, qualquer que seja a opinião do seu próprio
partido, e todas as de outros partidos, de erradas.

Portanto, mesmo que os outros partidos pronunciem


excelentes opiniões, recusam, podendo-se dizer, em totalidade.
E mesmo que a política realizada por outro partido seja ótima,
impreterivelmente taxam-na de má. Não existe razão nem nada.
Parecem que não sabem nada, além de reprovar o partido em
oposição. Além disso, nesse caso, fazem o uso de expressões
odiosas, como se a outra parte seja um inimigo mortal.

Ao observar isso, sempre o povo sente-se desagradável, e


ao mesmo tempo, por outro lado, uma insegurança. Isto porque,
pela extrema pobreza na generosidade dos correligionários de
partidos políticos, e por objetivarem demais, somente os lucros e
perdas do próprio partido, parecendo não terem nenhum
interesse em vantagens e desvantagens do povo.

Freqüentemente ouço que, nos Estados Unidos,


concordam com as opiniões do partido em oposição, se forem
corretas. É realmente invejável. Portanto, o que todo o povo
deseja ardentemente é a atitude imparcial em que, mesmo que
seja opinião do partido oponente, aceitar as opiniões corretas,
como corretas, e as erradas, como erradas.

Ainda, quando o poder do governo está no partido


concorrente, pensam somente em derrubá-lo. E tratando-se da
política do governo que está em poder, a atitude que não perdoa
o mínimo de defeito é verdadeiramente shojo. Creio que todos
são da opinião de que gostariam que eles tivessem um pouco
99
Rokan – Alicerce do Paraíso

mais de atitudes tolerantes. Portanto, se no governo houver um


mínimo de erro, alardeiam como se tivessem capturado um
diabo. Observando tais coisas, só se pode pensar que os
correligionários de partidos políticos do Japão deixam para trás a
benfeitoria da Nação e a prosperidade do povo, pensando
somente em atacar o partido em oposição, derrubar o parlamento
e conseguir o poder. Parece que têm isto como meta.

Compreende-se muito bem, observando a situação


vergonhosa do Congresso Nacional. Atacam só por atacarem,
pegam no pé, vaiam, tumultuam, chegando-se, enfim, até a
usarem de forças físicas. Sendo assim, realmente é insuportável
de se observar.

Se, em verdade, a política é realizada por tais deputados,


chego a ter vontade de dizer: "Homem infeliz, o seu nome é povo
japonês''.

Jornal Kyussei nº 54, 18 de março de 1950

100
Rokan – Alicerce do Paraíso

(S.AN/31) A FONTE DA CORRUPÇÃO

Alicerce do Paraíso, pág. 233

Todos já devem estar fartos dos casos de corrupção, os


quais, como é do conhecimento geral, têm ocorrido uns após
outros. Talvez nunca tenha havido tantos ao mesmo tempo,
como acontece no momento. Naturalmente, com o julgamento
feito pelas autoridades, um dia ficará esclarecido se a alma das
pessoas implicadas é "preta" ou "branca". Mas a importância do
problema está no fato de que ele não pode ser resolvido apenas
dessa forma. Excluindo o último acontecimento, no caso de tais
escândalos, que se tornaram uma espécie de atividade anual
desde os tempos antigos, não teremos uma solução definitiva se
julgarmos apenas o que vem à tona. Urge erradicá-los de uma
vez, pois eles são exatamente como larvas que proliferam num
monte de lixo, e por isso é preciso fazer uma limpeza. Não há
método mais eficaz e, com certeza, é o que o povo mais deseja.
A única dificuldade é que não se tem consciência do ponto vital
do problema.

Mas qual é esse ponto vital? É justamente o teísmo, aquilo


que os intelectuais mais abominam. Na realidade, o ateísmo, ou
seja, o contrário do teísmo, é a fonte da corrupção. Por isso é
difícil lidar-se com esta. O ateísmo é o pensamento subversivo
de que se pode praticar ações ilícitas, agir com esperteza,
contanto que nada seja descoberto. Além disso, quanto mais se
desenvolve a inteligência humana, mais hábeis se tornam os
seus métodos.

Atualmente, pensa-se que o ateísmo é a principal


condição para se obter sucesso, mas o interessante é que,
quando se tenta colocá-lo em prática, nada corre como se
esperava. Ainda que, momentaneamente, tudo corra bem, cedo
ou tarde a pessoa acabará sendo desmascarada, como podemos
constatar pelo caso a que nos referimos linhas atrás. Talvez as
101
Rokan – Alicerce do Paraíso

pessoas implicadas saibam disso até certo ponto; entretanto,


uma vez que seu pensamento está fundamentado na sólida
crença de que Deus não existe, elas não chegam a compreender
de fato. Assim, é realmente duvidoso quantas pessoas
conseguirão se arrepender e se regenerar, não obstante as
conseqüências sofridas. A maioria deverá pensar: "Falhei porque
o método empregado não foi bom e porque me faltou inteligência.
Da próxima vez, agirei com mais habilidade e não serei
apanhado de maneira alguma". Provavelmente seja este o
pensamento natural dos ateus. Portanto, para acabar de vez com
essa tendência ruim, é preciso cultivar o teísmo por meio da
Religião. Não existe método mais eficiente.

Além disso, enquanto os ateístas forem numerosos nas


camadas superiores, como acontece hoje, será difícil a
sociedade sair do atoleiro ao qual está presa. É o que se
evidencia quando analisamos o transcorrer do caso a que
aludimos. Pelo que ficou esclarecido até agora - e talvez isto seja
apenas uma pequena parte de um "iceberg" - os prejuízos
causados à nação e o incômodo sofrido pelo povo são bem
grandes. Também não podemos menosprezar a grande
influência exercida sobre o pensamento do povo. Obviamente, se
as pessoas da classe dirigente praticam más ações às ocultas e
gozam do bom e do melhor, e se o dinheiro gasto
desordenadamente pelos partidos e pelos políticos provém dos
impostos pagos à custa do sangue e do suor do povo, este não
se sente motivado a trabalhar honestamente. Por conseguinte,
passa-se a pensar que, por mais que os dirigentes falem de
coisas brilhantes e magníficas, ele não mais se deixará enganar.
O respeito que até então as pessoas sentiam se transformará em
desprezo, sua consideração pelo país diminuirá, e a ordem social
perderá sua força. São, pois, incalculáveis os danos que isso
trará ao destino da nação.

A causa da corrupção, conforme dissemos, é o ateísmo.


Assim, a erradicação do pensamento ateísta é a chave principal
102
Rokan – Alicerce do Paraíso

para solucionar o problema. Para tanto, é preciso fazer com que


as pessoas se conscientizem da existência de Deus através das
ações dos religiosos. É preciso semear nelas a sólida crença de
que, embora consigam enganar o próximo, não conseguirão
enganar a Deus. Dessa forma, tornar-se-á impossível
acontecerem casos de corrupção e outros semelhantes. Os
personagens principais do caso recentemente descoberto são
pessoas que receberam educação esmerada, que ocupam
considerável posição social, que são respeitadas e inteligentes.
Mas fica uma dúvida: por que elas agiram daquela forma?
Exatamente por causa do seu pensamento ateísta. Daí se conclui
que a educação e os estudos nada têm a ver com o senso de
moral. Como os planos foram habilmente arquitetados por
pessoas tidas como dignas pela sociedade, julgar-se-ia
impossível que eles fossem descobertos. Mas o fato é que se
acabou criando um enorme problema, em conseqüência de uma
pequenina brecha, tal como um pequeno buraco feito por uma
formiga. Diante disso, só podemos pensar em juízo de Deus.

Existe outro fator importante. O Japão orgulha-se de ser


um país regido por leis, mas, pensando bem, isso é um grande
disparate. Se um país é regido apenas por leis, basta os
criminosos serem hábeis para escaparem delas e fugirem à
condenação, de modo que os maus elementos é que saem
ganhando. Deter o mal através de jaulas chamadas leis significa
tratar os seres humanos como animais. O pobre homem -
soberano das criaturas - perde todo o seu "status". Se
chamarmos a isso de nação civilizada, com certeza a civilização
chorará de tristeza.

Sempre digo que a época atual é uma era semicivilizada e


semi-selvagem, e provavelmente não há uma só pessoa que
possa negá-lo. Suponhamos, por exemplo, que uma carteira
esteja caída bem na frente de alguém. Tratando-se de uma
pessoa comum, se ninguém estiver olhando, certamente ela a
embolsará; quem não a embolsa de forma alguma é porque
103
Rokan – Alicerce do Paraíso

acredita sinceramente na existência de Deus. Formar pessoas


desse tipo é a missão da Religião. Entretanto, as autoridades e
os jornalistas mantêm-se indiferentes em relação a ela, tacham-
na de supersticiosa e fazem tudo para que o povo se afaste dela,
como se achassem sua existência desnecessária. Tal atitude é
realmente incompreensível. Desse modo, eles se tornam aliados
do ateísmo e, conseqüentemente, uma das principais causas da
corrupção.

Por todos esses motivos, as autoridades devem, nesta


oportunidade, abrir muito bem os olhos, numa visão espiritual, e
tomar todas as providências que a situação requer. Caso
contrário, esses problemas indesejáveis nunca serão
exterminados, prejudicando enormemente o progresso da nação.
Contudo, se elas lerem minhas palavras e, como de costume,
não derem atenção ao problema, fazendo de conta que ele nem
existe, provavelmente chegará o dia em que venham a se
arrepender, mas então será tarde demais.

Atualmente, a nação está imprimindo um largo incremento


à Educação e a outros setores, num esforço para desenvolver a
inteligência do homem e reformar-lhe o pensamento. Todavia,
enquanto não se exterminar pelas raízes o pensamento ateísta -
que é a principal causa do problema - será como tentar encher
uma peneira com água. Obviamente, os conhecimentos obtidos
com tanto sacrifício viriam a ser mais utilizados para o Mal do
que para o bem. Seria, portanto, uma idiotice tão grande, que
não há palavras para expressá-la. A melhor prova disso é o
crescente aumento do número de crimes intelectuais à medida
que a cultura progride.

Talvez seja inútil, mas, com esta explanação, desejo


alertar os intelectuais do mundo inteiro.

Jornal Eiko nº 250, 3 de março de 1954

104
Rokan – Alicerce do Paraíso

(S.AN/32) NOVAMENTE SOBRE A FONTE DA CORRUPÇÃO

No número anterior, escrevi diversas coisas sob esse


mesmo titulo, mas como ainda restam muitas coisas a falar,
gostaria de escrever novamente a respeito. Isto porque as
críticas dos jornalistas em relação a esse problema, que saem
nos diversos jornais, contêm argumentos que estão com toda a
razão, mas na realidade são banais e nem possuem novo sabor.
Como sempre, falam para reformular os pontos X ou Y da
legislação, tornar as penas mais pesadas ou que a corrupção
acontece porque os políticos gastam muito dinheiro nas
campanhas eleitorais, mas nada disso acerta na mosca. Não
existe uma proposta sequer que nos faça pensar que terá efeito
preciso. Isto porque, uma vez que a base é o pensamento
materialista, não conseguem pensar em outras coisas além
dessas, mas já é mais do que comprovado que não adianta
repetir essas estratégias quantas vezes for. Sobretudo por ser
um método que deixa de fora o imprescindível teísmo,
infelizmente não passa de outra coisa senão de banalidades.

Vou dissecar ainda mais a fundo esse problema, mas para


ser mais compreensível, o escândalo desta vez foi como se um
animal desenvolvesse a inteligência e, quando estava para abrir
as jaulas, foi descoberto pelo vigia e acabou virando um
problemão. E os jornalistas, presenciando isso, acharam que era
terrível, e então, ensinaram e advertiram como aperfeiçoar a
fabricação da jaula, de modo a não ser violada com facilidade -
foram essas as críticas jornalísticas destes dias. Refletindo sobre
essas e outras coisas, penso se elas não são uma grande
vergonha para uma nação cultural. Obviamente, como já disse, o
fundamento disso está no fato de se procurar num lugar
completamente errado, e a causa não está na qualidade das
jaulas, e sim, no instinto animal de tentar violá-las. Por
conseguinte, é claro que, eliminando esse instinto, os homens se
transformarão em verdadeiros seres humanos que não
necessitam de jaulas, e essa é a função da religião.
105
Rokan – Alicerce do Paraíso

Lendo tudo isso, talvez os leitores fiquem zangados


achando que minhas palavras são terríveis, mas uma vez que se
trata da verdade, com certeza ninguém poderá negá-las. Isto é, o
núcleo do problema está na alma do ser humano, e por isso a
sua elevação é o verdadeiro método para a solução, e
obviamente não existe outro. Gostaria de escrever mais um
exemplo. Comparando o pensamento teísta ao ateísta, qual
deles deteriora mais o mundo político? Não há resposta mais
evidente. Entretanto, infelizmente, a maioria da classe dirigente
do Japão é formada por ateus e não é para menos que os
problemas de corrupção e os males sociais não tenham fim.
Vamos tomar os Estados Unidos como exemplo para isso, ou
seja, esse tipo de caso também acontece de vez em quando
nesse pais, mas comparado ao Japão, é tão pouco que não
chega a ser problema. E o mesmo acontece com as severas
críticas sociais, de modo que é realmente invejável. E a causa
disso é o cristianismo dominante no país. A esse respeito, até os
jornalistas enviados pelas empresas americanas e que vêm me
procurar de vez em quando colocam perguntas e opiniões
surpreendentemente adequadas quando vez por outra tocamos
em assuntos religiosos, e a compreensão que eles têm pela fé e
o respeito e temor a Deus são admiráveis, de modo que eu
sempre me curvo perante eles. Poderão concordar comigo
observando a clareza do mundo político daquele país e a
confiança que o povo deposita em seus dirigentes. Comparado
aos Estados Unidos, o Japão certamente está pelo menos meio
século atrasado. Não é para menos que, um dia, o General
Mac'Arthur comparou o Japão a uma criança de 12 anos. Dessa
forma, me desculpem, mas os jornalista japoneses também
precisam se inspirar muito neles. Prova muito bem o que digo o
ritmo das críticas dos jornais japoneses em relação ao escândalo
desta vez. Isto porque não encontramos uma frase sequer ou
palavra sobre Deus. Por conseguinte, fico pensando que, se esse
problema tivesse acontecido nos Estados Unidos, deveria ter
acontecido um enorme redemoinho de opinião pública. Por essas
coisas, vemos que o baixo nível de cultura do Japão também
106
Rokan – Alicerce do Paraíso

conta, mas não podemos negar que o pensamento ateísta dos


jornalistas também é um grande agente. Pois, como se pode
saber observando a sociedade atual, a corrupção de funcionários
públicos, os males sociais comuns, a podridão do mundo político,
as guerras entre facções, os atritos entre trabalhadores e
empregadores, os pensamentos perigosos, a dificuldade
financeira, a vida intranqüila, etc., etc., é incontável. Obviamente
se tudo tem um resultado por existir uma causa, a causa desse
problema é, sem dúvida, o ateísmo. Também precisamos saber
que existe a causa da causa acima citada. Ou seja, o fato de que
não existe no Japão uma religião que possui um poder capaz de
encaminhar o ateísmo para o teísmo. Nesse ponto, os Estados
Unidos só têm o cristianismo, o que os favorece, enquanto que
no Japão existem mil e uma religiões, e a sua grande variedade
não encontra exemplos em todo o mundo. E isso, também,
porque não surgiu uma religião grandiosa que liderasse todo o
povo. E também não irá aparecer uma religião assim, daqui para
a frente? Eu digo que sim. Ela é uma ultra-religião que está para
aparecer no momento. Por isso, os jornalistas devem abrir bem
os olhos e descobrir essa religião. Fatalmente hão de descobri-la
e, além disso, ela poderá ser uma religião que até supere o
cristianismo.

Jornal Eiko, nº 251, 10 de março de 1954

107
Rokan – Alicerce do Paraíso

(S.AN/33) O ESCÂNDALO TAMBÉM É AÇÃO PURIFICADORA

Como diz o tÍtulo, o caso de corrupção desta vez é uma


ação purificadora da mesma forma que a doença. Como os fiéis
o sabem, a causa da doença é a ação purificadora que ocorre
quando as toxinas medicinais acumuladas ao longo do tempo
atingem um certo limite, sendo o sofrimento pela eliminação
dessas sujeiras, e por isso, para eliminar a doença, é preciso
limpar as toxinas medicinais, sua causa e, conjuntamente, não
colocar mais. E a lógica do problema da corrupção também é a
mesma. O sofrimento pela eliminação das sujeiras acumuladas
na acusação são o senhor julgamento. A única diferença é que a
doença é um sofrimento físico e o caso é um sofrimento mental.
Eu já escrevi de um modo genérico a esse respeito e, por isso,
desta vez, gostaria de comentá-lo por um outro ângulo. Todo e
qualquer escândalo, não se restringindo apenas ao caso desta
vez, não é tão difícil de ser eliminado pela raiz. É até fácil. Se
houver a intenção de fazê-lo hoje, desde já, é claro que os efeitos
serão de 100%. Entretanto, como diz Confúcio, "Falar é fácil,
fazer é difícil", e de fato, não é nada fácil.

Em suma, a chave do problema é se Deus existe ou não.


O que gostaria que pensassem com isso é que se Deus não
existisse, quanto mais se trapaceasse, mais vantajoso seria, e
por isso, mesmo prejudicando a nação e fazendo as pessoas
sofrerem, deveria-se fazer tudo que fosse possível, desde que
não enroscasse-se com a lei. Isto é, é o pensamento egoísta de
que não importa como ficam os outros, contanto que a própria
pessoa esteja bem e ganhe dinheiro e alcance sucesso.
Atualmente, esse tipo de pessoa se destaca em tudo quanto é
lugar e é considerada esperto, de modo que o mundo é muito
complicado. Por conseguinte, as pessoas sérias, que falam em
coisas antiquadas como justiça e moral, que são o oposto,
mesmo que tenham as portas abertas para ter lucros e fazer
sucesso, ficam apavoradas e não lançam mão deles, são vistas

108
Rokan – Alicerce do Paraíso

como tolas ou covardes, e acabam deixando a sorte escapar;


ficam a vida inteira por baixo e mal vivem direito.

Dessa forma, as pessoas que hoje são chamadas de


eminentes ou bem sucedidas têm capacidade para jogar sujo e,
por isso, em pouco tempo se esticam e alcançam posições.
Vendo isso, os ambiciosos acham que também são capazes de
fazer o mesmo, e então surgem um sem fim de imitadores. Por
conseguinte, mesmo no caso desta vez, quanto mais se revira,
mais se acha, e daí vemos quantas pessoas desse tipo existem.
O que gostaria que pensassem é que, por mais habilidosamente
que tenha sido feita a coisa, o que é falso é falso e não há
motivos para que ela não seja revelada. Isto porque, como já
escrevi, podemos enganar os olhos das pessoas, mas não os
olhos de Deus. E quem não percebe isso são os cegos ateístas.
Vamos imaginar o que ocorre. Deve ser mais ou menos assim:
"Eu pensei que tivesse feito tudo muito direito, mas desta vez
falhei. Até agora, passei por momentos perigosos e tinha muita
auto-confiança, mas não deu certo. É uma pena, mas não tem
jeito". Aí ele tem um trabalho enorme para dar um jeito de pegar
uma pena leve neste caso, e deve pensar que será muita sorte
se a coisa ficar por isso mesmo. Mas o comerciante não vende
fiado. Isto porque os olhos de Deus brilham severamente.

E a oposição também não fica para trás. Vendo que


chegou finalmente a sua hora, pensa em diversas táticas usando
destes e daqueles meios para ver se consegue derrubar até o
governo, de modo que ainda irá continuar essa disputa de
inteligência entre ambos por algum tempo. Quero reforçar que é
preciso parar com as mentiras e se arrepender e se corrigir do
fundo do coração, colocando o povo em primeiro plano. Isto
porque Deus toma o partido da justiça. Entretanto, pode ser que
as pessoas fiquem sensibilizadas ao ler este texto, mas quantas
pessoas, afinal, serão capazes de se transformar de imediato? É
muito suspeito, mas isso não é um sermão. Os fatos o mostram.
Mesmo que eles pensem ter feito muito bem a coisa, tudo vira
109
Rokan – Alicerce do Paraíso

bolha de sabão e todo esforço vai para o espaço. Além disso,


depois de tudo, a sua credibilidade social cai, fica difícil de
trabalhar e a pessoas ficam sem ação temporariamente, só lhe
restando esperar pelo tempo, de mão atadas. Obviamente, não
poderá escapar do processo de acusação e logo terá de
enfrentar o julgamento público, a colheita de provas, os
processos orais, e serão enormes os gastos com honorários de
advogados e despesas diversas. E, como brinde, não terão
rendimentos. Dá para se prever o sofrimento que é. E esse tipo
de caso costuma demorar, devendo-se prever que levará anos.
Nesse ínterim, suceder-se-ão dias cansativos e será
insuportável, o que dá para se saber por experiência própria. E
tudo isso é um castigo divino pelo ateísmo, de modo que só resta
suportá-lo. Chegando a esse ponto, a maioria das pessoas deve
despertar. É um fato que obedece a lei de causa e efeito. Se
desde o princípio avançasse-se com o pensamento teísta, tudo
correria bem, não haveria sofrimento, obter-se-ia sucesso de
forma prazerosa, o mundo à sua volta seria tranqüilo, sua
confiança na sociedade seria grande e subiria de posição, de
modo que, mesmo deixando a fé de lado, podemos afirmar,
através dos cálculos, que as vantagens seriam surpreendentes.

O que me vem à lembrança a esse respeito são os


políticos da época de minha juventude. Naqueles tempos,
também havia alguns senhores da justiça e eles não visavam as
vantagens pessoais e levavam a justiça até o fim em prol da
nação, de modo que naturalmente eram muito respeitados pela
sociedade. Fizeram parte desse grupo o Sr. Shimada Saburo,
Presidente do Jornal Mainiti, da época, o Sr. Tanaka Shozo, que
ficou famoso pelo problema da intoxicação por minério em Ashio,
o Sr. Ozaki Yukio, membro vitalício do Congresso, e outros.
Pessoas desse tipo são muito poucas, mas ainda me lembro de
seus méritos em ter limpado a atmosfera das assembléias
nacionais. Mas como todos sabem, o mundo político da
atualidade quase não possui pessoas assim. A maioria é do tipo
esperto, flexível, hábil em negociações e dominador da
110
Rokan – Alicerce do Paraíso

linguagem política, e qualquer pessoa sente como o mundo


político está pobre. Dessa forma, o que mais falta no momento é
um homem de fibra que não se deixa levar nem por milhões de
pessoas. E indivíduos assim são amados por Deus, e
conseqüentemente, recebem forte proteção, não havendo razão
para falharem.

A culpa disso também está nas religiões existentes até


hoje. Isto porque pertencem a um tipo de amor próprio onde
basta a própria pessoa preservar a honestidade e a justiça.
Como resultado, fazem de conta que não enxergam mesmo as
injustiças que acontecem na sociedade e são do princípio de não
fazer oposição a nada. Acho esse ponto muito errado porque,
justamente por terem um pensamento passivo como esse, os
males sociais nunca diminuem e, desse jeito, o Paraíso
Terrestre, ideal da religião, nunca haverá de se realizar. Nesse
sentido, eu nunca me curvei perante o mal e batalhei muito
contra ele. Entretanto, mesmo que perca por uns tempos, no final
sempre ganho. Não posso revelar nomes, mas já briguei com
pessoas de renome social, detentoras de poder econômico e de
autoridade, mas nunca perdi. Sempre passei com a justiça.
Obviamente, porque, como Deus é o Bem e a Justiça, Ele fica do
meu lado. Por conseguinte, o meu passado é a história de lutas
contra o Mal, e eu também sou um vencedor. Entretanto, as
pessoas comuns e principalmente os religiosos tendem a não
gostar de se oporem ao Mal. Por causa disso, é como se o
permitissem e aceitassem, de modo que constitui um crime com
boas intenções. Desse jeito, não há razão para o mundo
melhorar. Os maus se multiplicam ainda mais, os bons são
aprisionados e não conseguem enfrentá-los. Mas, seja como for,
no final, pelo julgamento do Deus da Justiça, é claro que o Mal
receberá o chicote severo do amor e, por isso, desejo que
melhorem o quanto antes.

Jornal Eiko nº 252, 17 de março de 1954

111
Rokan – Alicerce do Paraíso

(S.AN/34) DESPESA DA CAMPANHA ELEITORAL: 10.000


IENES

Falando-se eleição, existem várias eleições, mas aqui,


gostaria de comentar sobre a de Deputados Federais, que, pode-
se dizer, é a principal.

Hoje em dia, para se eleger como um deputado, diz-se


que, por um, derrota-se, e por dois, elege-se. Isto é, gastando-se
um milhão de ienes, não se elege, mas por mais de dois, sim. É
realmente espantoso. Portanto, causado pela enormidade dessa
despesa da campanha eleitoral, torna-se necessário,
obrigatoriamente, adquirir-se esta soma no mercado negro.

Como é do conhecimento de todos, surgiu seguidamente


casos abominantes, como o da Construtora Tsuji-Ya, o da
Companhia Elétrica Showa, etc., etc., sendo que tais casos são
quase que infindáveis, motivados pela razão supra mencionada.
Sendo assim, não só se tornam alvos de desprezo as pessoas
escolhidas pela nação, os diretores de grandes partidos, ou os
ministros, mas sim, envolve-se também a honra da nação, e a
influência que exercerá também para a moral social creio que
não será pouca. Portanto, para solucionar este problema, qual a
melhor maneira? Para isso, em primeiro lugar, deve-se extrair a
causa, e dissecá-la.

Que a porcentagem de se eleger proporcional à soma


gasta na campanha é uma verdade conhecida. Por isso mesmo,
eles chegam até a infringirem a lei para aquisição do fundo para
a campanha. Se falar sem rodeios, se elege ou não, depende da
capacidade de aquisição desse fundo. Sendo assim, é um grave
problema. E se não acontecesse incidentes como desta vez, o
Congresso se tornaria algo extremamente obscuro, e assim, não
seria possível fazer boa política; portanto, a reconstrução do
Japão e a felicidade da nação também, não se sabe quando é
que se realizarão.
112
Rokan – Alicerce do Paraíso

Mas também o povo tem a culpa. Falando-se de maneira


concreta, é o seguinte: Em primeiro lugar, na eleição, para se
escolher um candidato, baseiam-se em:

1) Por bem ou mal, uma pessoa que tenha o nome


conhecido;

2) Votam por gentileza ou consideração particular, sendo


solicitado pelo parente e conhecido;

3) Pela compaixão, pelo candidato não ter se elegido da


outra vez, ou porque é pobre;

4) Porque o nome do candidato está gravado na mente por


tê-lo visto em posters, letreiros, impressos, etc.;

5) Uma pessoa cujo nome é conhecido, através de jornais


e rádios, por ter feito perguntas, ou usado de violência no
Congresso;

6) O engraçado é que porque o nome do candidato é fácil


de se escrever.

Assim, na realidade, mais ou menos essas circunstâncias


é que estão sendo critérios para a escolha dos candidatos.

Dizendo-se a verdade, apesar de membros do Congresso,


que são representantes do povo, devam ser pessoas que tenham
as condições de se obterem bons resultados na legislação, desse
jeito, não poderá nascer nem boa política, nem uma sociedade
feliz.

O fato de não estar sendo realizada uma razão tão óbvia


é, antes, até enigmático. Portanto, na eleição, o que se visa
principalmente como critério da escolha do candidato, nem é
preciso dizer, é a sua visão política. Entretanto, todos esses
113
Rokan – Alicerce do Paraíso

argumentos enumerados aqui não têm nada com a opinião


política, sendo, realmente, um desperdício, e por causa disso a
própria pessoa e o próximo também chegam a sofrer. Realmente
é uma burrice.

Já fora realizada várias vezes a reforma da legislação


eleitoral; entretanto, foram parciais, não se realizando reformas
drásticas, radicais.

Mas, pensando-se bem, há pontos que se tem razão.


Dizem freqüentemente em jornais e revistas para que se elejam
pessoas de personalidade e visão elevadas. Mas isso é muito
difícil, pois, observando os candidatos, pode-se dizer que, para o
povo em geral, são nomes quase que totalmente desconhecidos.
E principalmente, como nos últimos tempos os políticos
renomados geralmente estão com decreto de expulsão, pode-se
dizer assim que quase todos os candidatos são novos, sendo,
pois, mais difícil de se analisar. Motivados por isso, são
obrigados a votarem por motivos que não têm nada a ver com os
planos políticos.

Portanto, apresentarei um plano de tentativa, como


método para se corrigir a falha acima citada e realizar uma
eleição digna, e gostaria de receber criticas de grande número de
pessoas.

Em primeiro lugar, antes de expor esse plano, devo


explicar que há dois tópicos: não gastar uma enorme soma em
campanha eleitoral e simplificar a apresentação dos planos
políticos de candidatos. Então examinarei a natureza da despesa
da campanha para se ter uma idéia.

Parece-me que recentemente diminuíram bastante os que


compram votos, mas hoje em dia, quando o custo de materiais é
elevado, não é fácil. Em primeiro lugar, empregam inúmeros
cabos eleitorais. A diária, a condução, as refeições necessárias
114
Rokan – Alicerce do Paraíso

para essas pessoas, é claro, e os pôsteres, impressos, letreiros,


comícios que vêm apenas 5 ou 10 pessoas para ouvirem,
gratidão por se eleger, etc., etc., assim, como eu escrevi
anteriormente, têm-se como condições principais coisas que não
têm nada com o plano político, que não passam de desperdícios.

Como eu falei, se o plano político é a condição absoluta


para a escolha do candidato, deve-se, antes de mais nada, torná-
lo de pleno conhecimento do colégio eleitoral. Como seu método,
em primeiro lugar, fazer de uma folha quatro páginas do tamanho
do jornal atual. Como cada página contém 17 colunas, totalizam-
se 68 colunas. Se designar 2 colunas dessas para a
apresentação de planos políticos de cada candidato, já é
suficiente, sendo possível publicar planos de 34 candidatos. Por
uma hipótese, se fosse para distribuir para 40 a 50 mil eleitores,
num colégio eleitoral médio, não chegarão a 10.000 ienes. Basta
distribuí-la uma só vez.

Os eleitores deverão lê-la atenciosamente, e dentre eles,


escolher um candidato que esteja de acordo com a sua vontade,
e no dia da eleição, ir ao local da votação e votar. Só isso. Como
seria simples! Através desse método simples, além de os
candidatos não necessitarem de nenhum trabalho e despesa
para a campanha, os eleitores também poderão escolher
livremente, sem aborrecimentos de favores nem de sentimentos
particulares, sendo, portanto, possível de alcançar muito bem o
objetivo da eleição. Aliás, nem é necessário dizer que é possível
colherem-se resultados melhores do que nas eleições de até
hoje, que necessitava de grande soma na campanha. Assim
sendo, não acontecerão prevaricação nem escândalo; será uma
eleição ideal, obtendo-se dois lucros com um só trabalho.

Entretanto, se se basta uma despesa tão pequena para a


campanha, acredito que qualquer um desejará se candidatar;
portanto, haverá a necessidade de, como um meio de preveni-lo,
instituir um depósito de 50.000 a 100.000 ienes.
115
Rokan – Alicerce do Paraíso

Sobre o título, "Despesa da campanha eleitoral: 10.000


ienes‖, é mais ou menos isso.

Revista Tijyo Tengoku nº 2, 1º de março de 1949

116
Rokan – Alicerce do Paraíso

(S.AN/35) LIÇÃO DE MORAL COM A DERROTA NA GUERRA

O fato do Japão ter sido derrotado quer dizer que o Japão


fora salvo. Realmente é recente ainda na nossa memória que,
por uns tempos, todos caíram no fundo do pessimismo, desde
cima a baixo, entrando-se num estado de confusão geral, que
nunca havia experimentado antes. Mas, falando-se a verdade,
isso é passageiro e, quando se pensar no futuro, ao invés do
pessimismo, acho que deveriam ter grande otimismo.

Gostaria de expressar as minhas opiniões acerca disso.

Inicialmente, o Japão ficara enlevado e envaidecido pelas


vitórias em duas grandes guerras, Japão-China e Japão-Rússia,
e sem se notar, fora cultivado um dogmatismo nacional,
desprezando os outros povos, iniciando-se, finalmente, as
guerras invasoras. Quanta estupidez fora o fato de não ter só
destruído a cultura e massacrado os outros povos, mas também
ter sacrificado o território nacional e vários milhões de espíritos
viventes, sendo o país devassado horrivelmente pelos
bombardeios inimigos. Não só isso. A realidade atual, após a
guerra, é o povo padecendo pelas completas penúrias pela falta
de alimentos, de moradia, inflação, trânsito infernal, etc., etc.

Em tudo, existe a causa e o resultado. No fato do Japão


ter sido derrotado na guerra deve existir, impreterivelmente, a
sua causa, sendo que ela é demasiadamente evidente. É claro
que não há engano no fato de, por causa das ambições de
poucos números de privilegiados, terem-se repetido pecados
pavorosos, mas o resultado final, a derrota na guerra, é porque
Deus não permitiu mais repetir os crimes. O "Vento Divino", que
grande número de pessoas esperava, ventara conforme a
expectativa. O fato de ter devolvido a Manchúria, Taiwan,
Tishima, e nada menos que a devolução do que, com violência,
havia arrebatado o que era do direito dos outros; isso o que será,
se não for o Vento Divino?
117
Rokan – Alicerce do Paraíso

É impossível que seja permitida a ocupação das riquezas


injustas por longo tempo. Não há razão de se ter sobre o Globo
Terrestre uma nação divina tão conveniente assim. E quanto o
Japão fora purificado pela derrota!

Além disso, Deus retirou até as armas para tornar


impossível que novamente no futuro se realizem crimes. E o
pequeno número de autores de crime foi lamentável, mas não
tiveram como escapar do rigoroso juízo de Deus.

Não é só isso. Também o povo japonês, apesar de se


envaidecer e se entregar aos orgulhos como uma nação de
primeira categoria do mundo, não se interessou nem um pouco
pelos sofrimentos dos outros povos da Ásia.

Os privilegiados abusaram dos seus poderes e


restringiram a liberdade do povo, e os plutocratas ligaram-se ao
governo por causa das ambições sem fim, e planejaram o
aumento cada vez maior das riquezas e vieram iludindo a
sociedade com minúsculas obras de caridade.

Mesmo havendo dois grandes partidos políticos, não


passavam de bonecos dos plutocratas. Os pobres não
conseguiam sobreviverem, apesar de trabalharem arduamente.
Não possuíam direitos de expressão nem soberania popular,
passando cada dia apenas como uma máquina. Se por acaso
surgisse algum inovador, rapidamente era atirado na prisão.

E sob esta situação, os privilegiados cantavam a


tranqüilidade em coro, indo aos extremos dos prazeres,
ocupando grandes mansões, possuindo vários carros,
entregando-se a todos os tipos de exuberância, não se
importando pelos que choram de fome.

É impossível que um estado tão absurdo continuasse por


longo tempo. Justamente como a expectativa, o "tempo" colocou-
118
Rokan – Alicerce do Paraíso

os numa situação em que não podiam recusar o destino natural


que era a decadência, o que é realmente lamentável.

Da mesma maneira em que naquela época desejei salvar


os pobres, desejo ardentemente salvar os decadentes atuais e,
ao mesmo tempo, gostaria de torná-los conhecedores do método
mais apropriado para isso, que é a fé.

O primeiro passo para serem salvos é, antes de mais


nada, eles próprios tomarem conhecimento de que a grande
transformação da situação fora, obviamente, pelo juízo de Deus.
E tomarão o conhecimento de que, se adquirem a verdadeira
tranqüilidade, ao se arrependerem e se corrigirem, entrando no
caminho da fé.

E com isso, eu tenho certeza de que poderão viver uma


vida mais tranqüila e feliz do que a época anterior, de
exuberância.

Coletânea "Assuntos sobre Fé", 5 de setembro de 1948

119
Rokan – Alicerce do Paraíso

(S.AN/36) NOVO CONCEITO DE AMOR À PÁTRIA

Alicerce do Paraíso, pág. 264

O amor à pátria parece ser comum a todos os povos.


Talvez não exista um só país que não o adote como regra de
ouro e máxima do civismo. No Japão também, até o fim da
guerra, um forte sentimento de amor à pátria tomava conta de
toda a população. Uma das causas, naturalmente, era o regime
imperialista, em que o Imperador era o símbolo do povo, adorado
como encarnação de Deus. O fato está nitidamente gravado em
nossa memória.

É óbvio que o respeito e a crença na eternidade da família


imperial criaram esse sentimento no povo e que certo grupo de
ambiciosos e de governantes exerceu enorme influência sobre o
ensino e a propaganda, fazendo com que tudo saísse a seu
favor. Como resultado, construiu-se uma nação singular, como
jamais se viu outra igual. Considerando-se um país Divino, o
Japão acabou caindo na auto-satisfação, fez-se de "filhinho
mimado", sem ao menos ser tão rico assim. Habilmente, os
escolásticos insuflaram esse complexo de superioridade em
termos lógicos e históricos, o que foi desastroso. Assim, o
sentimento de lealdade e patriotismo assolou o país inteiro, e o
povo acabou por achar muito normal fazer qualquer coisa em prol
da nação e do Imperador, até mesmo sacrificar a própria vida.
Isto era considerado o mais elevado ato moral.

Com a perda da guerra, o orgulho dos japoneses voou


longe e, ao contrário, até nasceu neles um sentimento de
inferioridade. Nessa ocasião, houve uma declaração do
Imperador que deixou o povo perplexo: "Eu não sou Deus, sou
um homem". Nasceu, então, a nova Constituição, que dizia estar
o poder político nas mãos do povo. Dessa forma, o Japão se
tornou uma nação democrática. Foi realmente um acontecimento
inédito desde o começo de sua existência histórica. Além disso, a
120
Rokan – Alicerce do Paraíso

mudança de posição do Imperador, que antes se colocava em


posição Divina, determinou que, à exceção dos intelectuais, o
futuro da grande massa popular, já sem razão de existência,
ficasse totalmente obscuro. E todos sabem que o povo acabou
por perder o rumo, situação que continua até os dias de hoje.

A propósito, houve um fato muito engraçado. Logo após o


término da guerra, todas as pessoas que se encontravam comigo
diziam, com expressão desapontada: "O `vento Divino' acabou
não soprando, não é?" Então eu respondia: "Não digam tolices.
O `vento Divino' soprou, mas vocês o estavam interpretando
erradamente. Em verdade, a Vontade de Deus é ajudar o Bem e
castigar o Mal. Já que o Japão é que estava errado, é natural que
tenha perdido a guerra. Portanto, ao invés de nos lamentarmos,
deveríamos agradecer e até comemorar. Como não podemos
fazer isso, temos de ficar quietos, mas virá o dia em que todos
compreenderão a verdade". Ouvindo isso, as pessoas diziam:
"Entendi perfeitamente", e voltavam alegres para suas casas.

Através desse fato, podemos ver que os japoneses


deixavam em segundo plano o que é bom e o que é mau, quando
se tratava de assuntos relativos à nação. Pensando apenas no
seu próprio bem, chegaram até a estabelecer e propagar o
slogan "Hakko iti u" (o mundo sob a égide do Japão) e a julgar
que, se o seu país estivesse bem, pouco importavam os outros
países. Isso foi considerado lealdade e patriotismo, e assim os
japoneses vieram avançando como cavalos refreados a cabresto.
Desde essa época, portanto, estava sendo plantada a semente
terrível da catástrofe.

Quando pensamos em tudo isso, compreendemos que o


amor à pátria deve estar de acordo com a época. Além do mais,
se não for com base no conceito do Bem e do Mal, do certo e do
errado, é impossível formar um plano a longo prazo, em termos
nacionais. Sendo assim, vou mostrar o sentimento de amor à
pátria que está de acordo com a era vindoura.
121
Rokan – Alicerce do Paraíso

Em termos mais claros, o fundamental é tornar Daijo o


pensamento do Japão, que até então era Shojo. Sintetizando:
criar o amor internacional, o amor humanitário, isto é, amar o
mundo por amar o Japão. Atualmente, tudo está se tornando
universal e internacional, e as aspirações independentes e
transcendentais já se tornaram sonho do passado.
Conseqüentemente, em termos concretos, o amor à pátria, daqui
para frente, deve consistir, antes de mais nada, em tornar segura
a vida de nossos irmãos - noventa milhões de pessoas - e fazer
do Japão uma nação justa, baseada na moral, merecedora do
respeito do mundo inteiro. A propósito, existe o problema do
rearmamento, que está em ativa discussão. As teses favoráveis e
contrárias acham-se em confronto há algum tempo e não se
obtém nenhuma solução. Entretanto, acho que não é um
problema tão difícil assim. Encarando-o como um problema real,
logo compreenderemos a solução adequada, ou seja, abandonar
o rearmamento se houver garantia de que não há absolutamente
nenhum país que possa invadir o Japão; caso contrário, fazer
uma defesa de acordo com a capacidade do país.

Jornal Eiko nº 185, 3 de dezembro de 1952

122
Rokan – Alicerce do Paraíso

(S.AN/37) A TEORIA DA IGUALDADE DE DIREITOS PARA


HOMENS E MULHERES

Como produto da democracia, a teoria da igualdade de


direitos para homens e mulheres é um bom senso ricamente
racional e principalmente no Japão, onde durante longo tempo o
direito da mulher foi negligenciado e ela era colocada numa
posição infeliz, é claro que a igualdade foi uma salvação, mas
devemos tomar cuidado com os prejuízos decorrentes do
exagero. Isto porque, sendo ainda uma coisa recente no Japão,
ela ainda deve ser um fenômeno exagerado, o que é inevitável.
Em se tratando de um país como os Estados Unidos, onde a
igualdade de direitos foi treinada por longo tempo e já se
encontra bem assimilada, dispensa comentários, mas para o
momento que atravessa o nosso país, escrevi esse texto no
sentido de que houvesse uma salvação mais rápida.

Se os direitos são iguais, a tendência é ambos os lados


quererem que prevaleça sua opinião, ficando carente do ato de
ceder. Isto porque direitos iguais significa igualdade,
equiparidade, não havendo diferenças, de modo que tanto um
como outro são convexos ( ). É existindo o côncavo ( ) e o
convexo ( ) que existe a harmonia e, se ambos forem convexos,
nenhum irá ceder, e é claro que o resultado será a discussão
sem fim. De fato, com a igualdade de direitos, a posição da
mulher subiu, e é claro que a sua felicidade também aumentou,
mas não podemos negligenciar que também nasceram esses
inesperados sofrimentos pelas brigas. É o mesmo que acontece
com o exagero do liberalismo que vira anarquismo.

É unicamente por esse motivo que estou dando


explicações acerca da igualdade de direitos. Para que os direitos
se equiparem, é preciso colocar uma graduação. Isto é, não fazer
5 X 5. Mas homem 6 X mulher 4. Isto porque, na maioria dos
casos, a força do homem supera a da mulher. Entretanto,
existem casos em que a força da mulher supera a do homem e
123
Rokan – Alicerce do Paraíso

este fica submisso, de modo que no caso desses casais pode ser
homem 4 X mulher 6. Agindo assim, garanto que as brigas
diminuirão consideravelmente e a felicidade do casal irá
aumentar. Ofereço este texto aos casais da sociedade.

Jornal Kyussei nº 48, 4 de fevereiro de 1950

124
Rokan – Alicerce do Paraíso

(S.AN/38) A QUESTÃO DO CONTROLE DE NATALIDADE


VISTO PELA RELIGIÃO

Ultimamente tem-se falado muito, em nosso país, sobre o


controle de natalidade, e a sua causa é que há necessidade de
se fazer algo, pois são 82.000.000 de habitantes num país
formado por quatro pequenas ilhas. Entretanto, como religiosos,
vemos como o pensamento dos intelectuais contemporâneos é
por demais materialista e, como não dão um passo sequer além,
é um problema. Vou comentar a esse respeito.

A questão é: para quê, afinal, o homem nasce neste


mundo? A humanidade de 200.000.000 de pessoas, que constitui
este mundo, não nasceu por sua própria vontade individual. Não
há erro de que inconscientemente ocupou o ventre de uma
mulher e também foi parido inconscientemente. E aí o bebê
cresce e se ocupa de diversos trabalhos e, nesse caso, a
diferença na inteligência, na característica e no talento é
possuída naturalmente, e cada um se ocupa também
naturalmente de trabalhos necessários para a formação da
sociedade. Dessa forma, a sociedade humana veio progredindo
desde a era primitiva até a esplendorosa era cultural de hoje.
Vejam! Aquele que se torna um grande político, um congressista,
um educador, um artista, um industrial, um fiscal, um técnico, um
operário, cada qual possui aptidões específicas, sendo bem
divididos. E não é interessante que seja qual for a época nunca
pende para um único lado, sendo realmente transcendental?
Além disso, as pessoas talentosas são em pequeno número,
enquanto que quanto mais inferior é a classe trabalhadora, mais
numerosa, formando uma pirâmide. Para dar outro exemplo,
mesmo no caso das plantas, as ervas daninhas infestam tudo
quanto é lugar, enquanto que quanto mais rara é a planta, menor
é o seu número.

Também no caso das árvores, as de necessidade comum


como o cedro e o carvalho são produzidas em grande número e,
125
Rokan – Alicerce do Paraíso

quanto mais preciosa, mais escassa é. O mesmo se aplica aos


metais: os preciosos como o ouro são em número extremamente
reduzidos e outros, que são necessários para uso comum, como
o ferro, o chumbo e o bronze, têm maior produção. A coisa mais
admirável é que, em qualquer época, o número de homens e de
mulheres é mais ou menos igual. Por conseguinte, quando
observamos serenamente esses fenômenos naturais, o que
descobrimos? Alguém chamará isso de Verdade, outra pessoa a
chamará de Natureza e os filósofos dirão que isso é a expressão
da Vontade do Universo. Entretanto, isso, apenas, não passa de
uma explicação do fenômeno. Nós não nos damos por satisfeitos
sem descobrir o mistério que se esconde no íntimo dessas
coisas. Vou, então, explicar o que é esse mistério.

Até o Globo Terrestre, onde respira a humanidade, tem um


centro, e é preciso que nesse centro haja um dominante, ou seja,
um governante. E quem é afinal o governante da Terra? É o
Deus Supremo, é o ente absoluto chamado pelos nomes de
Tentei, Jeová, etc. A Vontade do Universo é a Vontade desse
Deus Supremo. Sob a Vontade d´Ele, a sociedade humana
alcança um progresso ilimitado e é inconcebível que uma
sociedade humana melhor e mais bela não irá surgir no futuro.
Só podemos imaginar um pouco do mundo futuro. Isto porque,
comparando-se à Era Primitiva, de bilhares de anos passados e
a cultura atual, e pelo ritmo surpreendente do percurso desse
progresso, podemos imaginar como será.

Raciocinando pelos fatos mencionados e pela suposição,


deve ficar mais ou menos assim. A humanidade, é óbvio, e tudo
o que existe no mundo, nasce, cresce e se desenvolve sob a
Vontade do Supremo Deus. Se assim é, a vida e a morte do ser
humano também não constituem exceção. Portanto, mesmo que
nasça uma grande quantidade de pessoas, numa determinada
região, não há razão para que surja insuficiência no alimento
para sustentá-las. Obviamente, não podemos nem sonhar com a
morte por inanição. Nesse sentido, por mais que a população
126
Rokan – Alicerce do Paraíso

aumente, é claro que o alimento para sustentar essa população


será produzido nesse local. Se a falta de alimento acontece, é
porque há algum erro no método da produção. Só que ninguém
percebe isso. Suponhamos que, somando adultos e crianças, a
quantidade de arroz que uma pessoa consome em média, ao
ano, é 1 koku (±180 litros). Para uma população de 82.000.000
de pessoas, deveria ter-se uma colheita de 82.000.000 koku.
Entretanto, por não atinarem no fundamento principal, ao
contrário, praticam a teoria contrária de limitar os bebês.
Infringem as Leis dos Céus e se tornam grandes pecadores
perante Deus, o que é realmente terrível. Por conseguinte,
podemos dizer que as palavras que advogam o controle da
natalidade não passam de asneiras dos ateus materialistas.

Dessa forma, a falta de alimento para toda a população é


um erro da política agrícola, de modo que com o cultivo sem
fertilizantes que eu prego, não haverá problema. Como resultado
da cegueira para com isso e do empenho no cultivo com
fertilizantes, hoje, as terras do Japão estão extremamente
inférteis. Por conseguinte, mudando para o cultivo sem
fertilizantes, 30% ou 50% de aumento na produção é tarefa fácil.
A produção de arroz deste ano é 63.000.000 koku e, por isso, se
houver um aumento de 30%, ela será de 94.500.000 koku, de
modo que o problema será facilmente solucionado. E nesse caso
não há necessidade de aumentar a área de produção. Isto
porque o aumento se dará na quantidade de grão por cada
espiga de arroz. O interessante é que há milhares de anos, a
quantidade de grãos por pé de arroz era de algumas dezenas.
Acompanhando o aumento populacional, eles aumentaram
gradativamente e hoje passaram a ter, normalmente, de 150 a
300 grãos. Uma fazenda do Estado de Shiga, que bateu o
recorde dos anos anteriores, conseguiu uma espiga com mais de
400 grãos. Daí podemos ver que, dependendo do método de
cultivo, o dobro da produção atual é viável. Certa vez ouvi de um
ancião do final da Era Tokugawa (1600-1867) aos anos iniciais
da Era Meiji (1868-1912), que a quantidade de grãos era menor
127
Rokan – Alicerce do Paraíso

que a de hoje. Por essas e outras coisas, o alimento necessário à


população é atribuído por Deus, o que não deixa a menor sombra
de dúvida.

Vou dar outro exemplo. É freqüente se dizer que é preciso


fazer aborto quando a gestante tem tuberculose ou está fraca por
outra doença, devido ao risco, e assim, desperdiçam uma
gravidez que deu tanto trabalho para acontecer. Pela minha
interpretação, o fato de engravidar significa que o feto poderá se
desenvolver e nascer sem problemas, e se a pessoa não tem
essa capacidade, não haveria de engravidar desde o principio.
Desse ponto de vista, eu vim me opondo ao aborto provocado
artificialmente e, de fato, dentre mais de dez casos, não houve
um que falhasse. Deus não criou o ser humano malfeito de modo
a fazer engravidar quem não tem capacidade. Devemos crer que
o Criador não é tão relaxado e demente como o homem pensa.

Pelos motivos acima expostos, esclarecemos, aqui, que


somos inteiramente contrários ao controle da natalidade.

Jornal Hikari nº 7, 30 de abril de 1949

128
Rokan – Alicerce do Paraíso

(S.AN/39) A QUESTÃO DO CONTROLE DE NATALIDADE


VISTA POR OUTRO ÂNGULO

Atualmente, um dos alvos das discussões que o Japão


considera problema importante é a questão do controle da
natalidade. É desnecessário dizer que o motivo desse problema
é a falta de cerca de 20% a 30% de alimento para nutrir uma
população de 80.000.000 de habitantes, como resultado da
redução do território pela derrota na guerra. Ampliar o território
nacional para suprir essa falta é algo impossível no momento, de
modo que se torna forçoso adotar a política depolarizadora de
diminuir a população. Entretanto, existe considerável número de
pessoas que se opõe a isso pela posição religiosa e pelo ponto
de vista moral, mas pelo ponto de vista comum e científico, a
teoria do controle de natalidade é mais realista (prática) e o curso
natural é que forçosamente o governo tenha que adotar essa
medida.

Gostaria, aqui, de propor outro método mais positivo que


não seja através do controle da natalidade. E esse método, por
ter sido pregado por um grupo de pessoas conscientes da
Alemanha, Itália e Japão, antes da guerra, deve ser conhecido
por algumas pessoas, e nós oferecemos essa proposta de uma
forma ainda mais radical, e sobretudo modificada de forma mais
pacífica, chamando a atenção das autoridades.

Observando este vasto mundo, devemos reconhecer que


a distribuição populacional é muito desequilibrada. Na África,
América, Ásia, etc., há campos selvagens espalhados por
diversos lugares, enquanto que há uma concentração
demográfica de 80.000.000 de pessoas numa região do tamanho
do dedo polegar como o Japão, e o fato de se ter que realizar o
controle de natalidade, que vai contra o caminho humanitário,
nos faz pensar que é injustiça demais. Nesse sentido, só
podemos pensar que não é errado exigir um plano que corrija

129
Rokan – Alicerce do Paraíso

essa injustiça e que distribua adequadamente a população


japonesa.

Pela lógica, o que foi dito até aqui jamais é irracional, mas
nisso reside o problema. As guerras de invasão causadas pelo
Japão no passado ainda hoje são vistas com receio pelos países
do mundo inteiro. Por conseguinte, mesmo sabendo que o Japão
se depara com o problema populacional, é natural que não
partam com facilidade para a solução.

Portanto, pensemos no que é preciso fazer para vencer


essa dificuldade. Em primeiro lugar, é preciso fazer com que os
demais povos possam se tranqüilizar do fundo do coração no
sentido de que os japoneses são um povo que amam a paz. É
óbvio que não existe outro método e que decididamente
devemos praticar essa política. Vou, então, escrever como é
esse método.

É preciso agora que se mostre com vigor que o Japão,


além de eliminar de forma radical o pensamento de invasão, é
um povo que ama a paz e, para tanto, não há outro caminho
melhor além da religião. Uma vez que a religião é uma idéia
comum no mundo inteiro, não haverá, dentro e fora, quem faça
oposição. Mas ela não pode ser uma fé falsa, apenas superficial,
de caráter ocasional ou político. Pois esse tipo de farsa um dia
acaba sendo desmascarada. Forçosamente, o plano fundamental
à criar um grande movimento religioso. Obviamente, não se deve
fazer distinção entre as seitas religiosas, pois se limitar-se a uma
determinada seita, seria difícil obter grande número de adeptos
em curto espaço de tempo. Mas podemos afirmar uma coisa.
Que também constitui um método, dividir, por exemplo, em
cristãos na área dos brancos, budistas na Ásia, xintoístas nas
demais áreas.

Como disse, sendo religiosa, é óbvio que a pessoa não


terá idéias bélicas e nem pensamentos invasores. Com isso, os
130
Rokan – Alicerce do Paraíso

japoneses irão angariar a confiança mundial. E chegando


finalmente na fase de execução, basta que cada entidade
religiosa, sob uma seleção rigorosa, determine o número de
imigrantes adequados em colaboração com as autoridades da
federação dos países.

Elaborando esse método em proposta, vou entregá-lo ao


comando das Nações Unidas e solicitar sua cooperação.
Devemos saber que entre as pessoas conscientes da Europa e
dos Estados Unidos há, sem dúvida, um grande interesse no
intenso crescimento populacional do Japão, de modo que se ele
pregar essa política populacional, certamente não irão colocar
qualquer dúvida a respeito; muito pelo contrário, irão aceitar
facilmente como algo absolutamente normal. Naturalmente, por
se tratar de um problema de grandes dimensões, não será
possível obter resultados imediatos, mas, repetindo as
campanhas de forma firme, um dia, pode-se esperar resultados
favoráveis.

Assim, coloco esse plano nacional aos políticos e às


pessoas conscientes da sociedade.

Jornal Hikari nº 12, 11 de junho de 1949

131
Rokan – Alicerce do Paraíso

(S.AN/40) A TEORIA DO CONTROLE DA NATALIDADE LEVA


O PAÍS À DECADÊNCIA

Já expus por duas vezes minhas teorias sobre o controle


de natalidade e gostaria de expô-la pela terceira vez. Isto porque
falarei que resultados terríveis o controle de natalidade pode
trazer.

Sua razão é a seguinte:

O que todo defensor do controle de natalidade diz é que o


número adequado de crianças é de duas a três para cada casal.
Entretanto, isso é algo assustador. Se forem dois filhos, como o
casal é composto por duas pessoas, seria uma reposição e, se
forem três filhos, o aumento seria de 50%. Portanto, dois filhos
significa 0%, três filhos, 50% e, tirando a média, o aumento seria
de 20% a 30%. Entretanto, se as crianças não morressem em
absoluto, não haveria problema, mas na realidade, pelo nível
atual de saúde das crianças japonesas, devemos ver que 20% ou
30% delas inevitavelmente irão morrer. A taxa de mortalidade
infantil do Japão, em especial, é a maior do mundo e, comparada
à dos EUA, supera 30 vezes o número desse país, de modo que
é uma situação assustadora. E não é só. Haverá de surgir muitas
famílias que não terão nenhum filho e por isso, se tomarmos dois
ou três filhos como número padrão, a redução é óbvia e,
evidentemente, a época de diminuição populacional virá bem
mais rápido do que se espera. Outra coisa que não podemos
negligenciar é a solução pelo ponto de vista eugênico, ao qual se
referem os defensores do controle natalício. Nada sabem! O que
ocorre é exatamente o oposto da realidade. Isto porque, no caso
de se ter uma ou duas crianças, os pais, em especial, irão criá-
las com cuidados maiores e, como resultado do mimo, é natural
que se formem seres humanos incapazes do tipo "filhinho de
papai". Em contrapartida, quando os irmãos são em número
maior, forçosamente, o amor dos pais tende a não alcançar
todos, de modo que eles fazem as coisas com suas próprias
132
Rokan – Alicerce do Paraíso

forças e surgem seres humanos de forte caráter independente,


com força própria. E isso não é argumento, os fatos o
comprovam. Um exemplo real que tenho em mãos no momento é
uma estatística da Alemanha que adquiri antes do término da
guerra. Segundo os seus dados, Beethoven e Bismarck eram em
6 irmãos, Mozart era o 7º filho, Vagner era o 9º, o famoso Robert
Kock era um entre 13 irmãos. Por exemplos reais, a lei de que os
gênios e os grandes nomes surgem entre os que têm vários
irmãos é reconhecida também no exterior.

E, no caso de serem duas ou três crianças, é


perfeitamente possível, em termos reais, que todos venham a
morrer, de modo que em vários lugares, podem surgir lares
infelizes e solitários. Pelo que foi exposto, se a população
diminui, e não surgem homens geniosos, como ficará o Japão, no
futuro? É bastante desolador. Por conseguinte, se mesmo assim
o controle de natalidade for realizado, deveria ter-se por limite
cinco filhos, sendo mais adequado controlar o que ultrapassá-lo,
permitindo o controle aos que tiverem acima de cinco filhos.

A outra causa que fortaleceu repentinamente o controle da


natalidade é, obviamente, o aumento brusco da população. Isto
é, em 1947, houve um aumento de 1.600.000 pessoas e, em
1948, de 1.700.000 pessoas, de modo que a afobação não é sem
razão, mas pelo que vejo, isso é um fenômeno momentâneo e
não irá se prolongar por muito tempo. Isso aconteceu porque o
grande número de combatentes de fora estava sedento de amor
pelo seu cônjuge, e a porcentagem de concepção foi elevada,
pois quando se coloca espaço na vida sexual do casal, a
probabilidade de concepção é muito elevada, como mostram os
fatos. O número de filhos de militares navais e de marinheiros é
maior.

Como foi mencionado, estão espantados com o aumento


de 1.600.000, 1.700.000 pessoas, mas alguns anos antes da
guerra, o aumento de 1.200.000 a 1.300.000 pessoas por ano
133
Rokan – Alicerce do Paraíso

repetiu-se várias vezes e, comparado a isso, o aumento de agora


é de 20% a 30%. E se esse for um aumento momentâneo, em
alguns anos, sem erro, retornaremos à situação anterior à guerra.
Ou melhor, eu acho que o caso não é para retornar. Mesmo
deixando como está, eu prevejo uma época de paralização do
aumento populacional ou então de redução. Isto porque, nos
anos de 1937 e 1938, a tendência era de quebrar a casa de
1.000.000. Entretanto, uma coisa difícil de lidar é que a situação
populacional, quando entra na fase de redução, é difícil de se
recuperar. Vou dar um bom exemplo a esse respeito.

A Inglaterra, há mais de dez anos, vem decaindo no


aumento populacional, e um pais que chegou a ser o Grande
Reino nada pode fazer com apenas 40 e poucos milhões de
habitantes. A esse respeito, o Sr. Churchil também enfatizou
muito o problema populacional, mas ainda não conseguiu
superar a casa dos 50 milhões. A redução populacional da
França também é famosa mundialmente, e a verdadeira causa
pela qual hoje a Inglaterra cedeu o primeiro lugar do mundo para
outro país foi a redução populacional; é o que dizem todos os
entendidos do assunto. Foi por causa disso também que ela
abandonou a Índia, chamada de seu único cofre – pois faltavam
soldados para administrá-la.

Vendo, agora, o Japão, é um fato inconcebível a


ampliação do território por meio de uma futura guerra, por causa
da extinção dos preparos militares, mas mesmo que ele tente
contribuir para a paz mundial, em termos econômicos e culturais
isso será impossível enquanto não se conseguir manter um certo
número populacional. Pensem bem. Se a população diminuir, o
poderio nacional empobrece (se esgota) e o ânimo do povo se
apaga, e quem poderá afirmar que não se cairá num destino
obscuro?

Sendo assim, fica evidente, pelos fatos acima, o quanto é


errado o controle de natalidade que pretende ser realizado
134
Rokan – Alicerce do Paraíso

atualmente, e que tática perigosa ela é, que faz o povo cair no


fundo do destino trágico.

Jornal Hikari nº 16, 2 de julho de 1949

135
Rokan – Alicerce do Paraíso

(S.AN/41) A TOLICE DO CONTROLE DA NATALIDADE

Alicerce do Paraíso, pág. 288

Em três oportunidades escrevi a respeito do controle da


natalidade, mas volto a fazê-lo por ainda haver pontos em que
não foi dito o suficiente.

Atualmente, o Japão está incentivando o controle da


natalidade devido à insuficiência de alimentos em relação ao
elevado número de seus habitantes. Analisando bem, essa é
realmente uma visão a curto prazo. Suponhamos que uma
criança nasça agora. Para ela se tornar adulta, são necessários
vinte anos; todavia, uma vez que estamos atravessando uma
situação tão instável, não podemos imaginar como será o mundo
daqui a vinte anos. Nem mesmo se pode ter idéia das grandes
mudanças que poderiam ocorrer num prazo de cinco anos. Por
conseguinte, ainda que entre em vigor neste momento o método
para diminuir a população do país através do controle da
natalidade, é impossível saber se daqui a alguns anos ainda será
necessária essa preocupação. Isso não significa que devamos
pensar em expandir nosso território, cometendo os mesmos erros
do passado; nem em sonho deve-se pensar nisso. Mas quem
pode dizer que não virá a época em que o problema da
população será resolvido pacificamente?

Vejamos. Caso fosse concretizada a Nação Mundial de


que falam certos intelectuais dos Estados Unidos, talvez fosse
possível a política de contrabalançar a população dos países, isto
é, fazer com que parte da população de um país superpovoado
emigrasse para lugares onde a densidade demográfica seja
baixa. Acredito que haja muita possibilidade de se colocar em
prática essa política, pois o desequilíbrio populacional é um dos
motivos de intranqüilidade para um país. Sendo assim, os que
são a favor do controle da natalidade, talvez precisem levar em
conta esses pontos. Na minha opinião, a Nação Mundial
136
Rokan – Alicerce do Paraíso

provavelmente se concretizará mais rápido do que se imagina.


Digo isso porque no dia em que, pacificamente ou por meio da
guerra, for resolvido o grande problema do mundo atual, isto é, a
ameaça representada pelas relações entre os Estados Unidos e
a União Soviética, concretizar-se-á, obviamente, a Era de Paz
eterna, e então nascerá a Nação Mundial.

Jornal Hikari nº 23, 20 de agosto de 1949

137
Rokan – Alicerce do Paraíso

(S.AN/42) A TRANSFORMAÇÃO DE ATAMI EM PARAÍSO

No Jornal de Shizuoka de 28 de maio de 1949, foi


publicada a seguinte reportagem:

Comunitário — Pela primeira vez após a guerra, uma


caravana turística de japoneses e nisseis do Havaí veio no dia 29
do mês passado com o G. Gordon. Terminaram sem
contratempos uma programação de 21 dias, do leste de Nikko a
oeste de Asso e Beppu. Desde o dia 20 até o dia 2 de julho em
que retornarão ao país, durante mais ou menos um mês,
passarão em sua saudosa terra natal, mas corno estará refletindo
aos olhos deles a viagem turística dessa vez? Fiz um resumo da
opinião do chefe da caravana, Sr. Shigueo Omonaga, e do
encarregado da Agência de Turismo.

— Os melhores locais turísticos: Exceto a capital Tóquio,


as cidades de Nikko, Uji Yamada, (...), Quioto e principalmente o
Templo Tozai Honganji, porque estava repleto de fiéis. A cidade
de Beppu estava adequada pela tranqüilidade e as águas
termais.

— O local turístico que pode ser cortado das


programações futuras: Em Atami, fonte de termais, os locais
silenciosos são os melhores. Exceto ocasiões em que é grande o
número de pessoas nascidas em Hakata e Kumamoto, podem
ser cortadas porque não têm valor como local turístico. Asso não
é novidade para as pessoas acostumadas com o vulcão Kilawa
no Havaí.

— Locais a serem acrescentados nas futuras


programações: Seto Naikai e a silenciosa fonte de água termal
de Izu.

— Quanto aos serviços de hospedagem: Os isseis gostam


de hospedarias genuinamente japonesas, os nisseis gostam em
138
Rokan – Alicerce do Paraíso

absoluto de hotéis, mas quanto à refeição, são completamente à


japonesa, e o que fosse um pouco à moda ocidental era mantido
à distância, respeitosamente.

— O serviço de hospedagem era muito lento: Conforme a


hospedaria, os funcionários não estavam bem treinados. Até
mesmo os isseis idosos preferem o banheiro à moda ocidental. O
banho de água termais em conjunto com homens e mulheres não
é benquisto.

Ao ler a reportagem, acima é realmente como está escrito;


não existe uma palavra sequer a ser negada. Sem dúvida, tendo
uma cidade como Atami, local paisagístico com cenários
pitorescos e ter deixado de aproveitá-lo, creio ter sido devido ao
baixo nível do ponto de observação. Tranqüilizados por uma
política administrativa vulgar e com o pensamento baixo de
ganhar somente dinheiro, só se pode pensar que estio de olhos
vendados à transição da época.

Portanto, enquanto deixar a cidade de Atami como está,


existe a possibilidade de ser deixada de lado pelos visitantes
estrangeiros, apesar de ser agraciada com inúmeros locais
pitorescos de Japão.

Além disso, é preciso de qualquer forma que, doravante, a


cidade de Atami abandone o velho costume como local de águas
termais e adote um novo método de administração adequado à
nova era. Mesmo do ponto de vista da política nacional, é preciso
cumprir a importante responsabilidade de convidar visitantes
estrangeiros. Ou seja, é preciso implantar uma grande diretriz
sob a aspiração de tornar a cidade de Atami a cidade do mundo
e não apenas do Japão.

A nossa Igreja, apesar de ser uma entidade religiosa,


observou esse aspecto em primeiro lugar, e atualmente o está
colocando em prática, que é o protótipo do Paraíso Terrestre, o
139
Rokan – Alicerce do Paraíso

objetivo da nossa Igreja. Por esse motivo escolhi, a cidade de


Atami, e agora, na realidade, estou avançando os passos em
direção à construção. Nem é preciso dizer que a cidade de Atami
possui montanhas, mares, ilhas; na linha ao longe da baía de Izu
até os arredores de Kawana, a baleza pitoresca de inúmeros
cabos; à esquerda a paisagem da cidade Manazuru, o clima
agradável, a limpidez das águas termais, e também é perto da
cidade de Hakone; está localizada no meio das metrópoles leste-
oeste, tem condições de trânsito favoráveis, é realmente a terra
turística ideal de Providência Divina. Independente disso, como
falei anteriormente, Atami não conseguiu exaltar totalmente o seu
fascínio, devido à diretriz original que mantinha e estava presa no
sonho de longas noites.

Normalmente, os visitantes estrangeiros, assim como os


japoneses, não têm muito interesse em águas termais, por isso é
preciso utilizar aspectos da natureza além das águas termais.
Para isso, é necessário se distanciar da cidade vulgar e
barulhenta, transformando-a num subúrbio silencioso, e,
naturalmente, construir urgentemente um grandioso hotel, ideal
nesse local de paisagens soberbas.

Nesse sentido, a nossa Igreja está construindo uma


grande utopia no local panorâmico perto de Atami, que está
sendo desbravado no momento e que fica a uma boa distância
entre a ponta leste e a ponta oeste, e estou plenamente confiante
que essa é a base do progresso de Atami no futuro.

Jornal Hikari nº 14, 25 de junho de 1949

140
Rokan – Alicerce do Paraíso

(S.AN/43) A RESPEITO DO JAPÃO TURÍSTICO

No dia 2 de maio passado, eu ouvi no rádio a impressão


sobre o Japão de um grupo de turistas de origem nipônica, vindo
dos Estados Unidos. O que disseram em uníssono é que, no
Japão, a paisagem é maravilhosa, mas que a estrutura da
privada é má, que não tem toalhas nas privadas das
hospedarias, e nos bondes, os homens são pouco atenciosos,
mesmo que vagando um lugar, ao invés de ceder aos idosos ou
senhoras, eles é que se sentam depressa, sendo esta uma cena
que não se vê nos Estados Unidos; que, além de Quioto, em
outras capitais, as vias são estreitas e más, etc., etc.

Gostaria de escrever um pouco acerca disso, sobre o que


pensei.

Isto é, eu construí o Museu de Belas Artes de Hakone e


estou com planos de, a seguir, construir o Museu de Artes de
Atami e depois, de Quioto; assim, construir museus nessas
localidades, ao mesmo tempo, jardins tipicamente nipônicos
também. O seu objetivo é deleitar os japoneses, é claro, mas
também é com o pensamento de, conforme a política nacional,
contribuir para atrair turistas estrangeiros. Como é do
conhecimento de todos, a paisagem do Japão é de uma beleza
reconhecida pelo mundo e, daqui para diante, concomitante com
o progresso do meio de transporte, deverá aumentar ainda mais
o número de turistas estrangeiros; portanto, eu creio que os
defeitos como acima citados deverão ser sumariamente
corrigidos, antes de mais nada.

Acerca disso, nós também, mesmo construindo tão


maravilhoso protótipo do Paraíso Terrestre, se estiverem
desprovidas de outras condições, seria uma grande pena.
Portanto, eu desejo ardentemente que nesse ponto esforcem-se,
unidos, governo e povo.

Jornal Eiko, nº 218, 22 de julho de 1953


141
Rokan – Alicerce do Paraíso

(S.AN/44) O GENERAL McARTHUR

Sobre a demissão do General Douglas McArthur, cada


jornal escreveu a sua crítica; lendo um deles, vi que a parte mais
importante não constava e, como não posso deixar de lado, vou
escrever aqui.

Isso é até desnecessário dizer mas, na ocasião do


regresso da General, devido à demasiada admiração por ele,
creio que o sentimento dos japoneses que se reuniram para a
despedida era o mesmo. Provavelmente, até hoje, não houve
nenhum exemplo como esse dentre os japoneses, de uma
pessoa ser respeitada de coração pelo povo de uma nação.
Realmente é uma pessoa misteriosa. Até mesmo em mim brotou
um sentimento que não tinha até agora. Assim que ouvi a notícia
da demissão do General, fiquei assustado e, ao mesmo tempo,
não tive como conter a quentura que me cobriu o rosto. Não tinha
tido uma experiência igual. Até parecia uma separação de pais e
irmãos ou mesmo com um mestre; senti muita tristeza.

Entretanto, comecei a pensar sobre a causa desse


sentimento estranho, o por quê dele brotar. Esse é o ponto que
não posso deixar de falar. Ou seja, uma pessoa de amor tão
grande e de forte sentimento de justiça, como o General, não
existe aos montes. Além disso, apesar de ser um militar, os seus
modos gentis e afáveis encantavam as pessoas.

É como se fosse um samurai antigo: é cortês e não tem


nem um pouco aquele jeito nojento de se achar um herói, é bem
livre e imparcial. Se for fazer esse tipo de comparação, não tem
fim, mas a origem desse lado bom creio que, sem dúvida, é a
manifestação do senso de justiça, que nasceu da fé. Isso porque
o General era um cristão fervoroso e, mesmo nas mensagens
que passava às vezes, a palavra Deus contava isso muito bem.

142
Rokan – Alicerce do Paraíso

Por esse motivo, quando penso que o General não ficará


no Japão, me invade, não sei, uma certa tristeza. É uma tristeza
de como se tivesse perdido em quem se apoiar. Isso porque não
se tem medo seguindo os passos corretos do General; isso vem
daquele firme senso de justiça, vem do amor humanitário, do
modo justo de lidar sem pensar apenas no lucro dos Estados
Unidos e sem discriminar o Japão como um país derrotado na
guerra. Isso estava sendo afirmado pelas primeiras vozes que
chegaram ao Japão após a guerra.

Aqui, fazendo uma reflexão sobre os políticos do Japão,


que existem pessoas muito nobres existem, mas o ponto mais
falho, creio, é o sentimento religioso, o senso de justiça e a
igualdade. Falta principalmente a igualdade. Mais do que pensar
no benefício da nação, pensam primeiro no benefício do próprio
partido, existe essa antipatia. Isso porque o certo e o errado de
uma estratégia política está em terceiro plano, não questionam o
correto e o errado, o bem e o mal do partido de oposição, tem a
intolerância de se opor a qualquer coisa. Creio que atualmente
esse é o mal maior do mundo político. Portanto, recordando os
grandes feitos deixados pelo General, nessa ocasião, os políticos
do Japão também devem, resolutamente, se conscientizar; é o
meu profundo desejo, e por isso estou, com franqueza, dando um
conselho.

Jornal Eiko nº 102, 2 de maio de 1951

143
Rokan – Alicerce do Paraíso

(S.AN/45) SR. YOSHIDA

Há mais ou menos 20 anos atrás, eu promovi um encontro


chamado Warai Kanku Kai, e uma frase famosa, da qual não me
esqueço até hoje, é a seguinte: "Tolo, pesando bem trata-se de
mim mesmo".

Entretanto, essa frase, tenho a impressão de que se


encaixa perfeitamente com o problema dessa vez do Sr. Yoshida.
O motivo direto do problema dessa vez é sem dúvida a palavra
"tolo". A partir daí, criou-se a confusão e acabou-se por chegar à
situação que se encontra hoje, por isso creio que o seu estado de
espírito agora é tal qual essa frase. Quero dizer aqui que, se
naquela hora tivesse se desculpado sem relutância, teria sido
muito mais fácil. Entretanto, parece que existem pessoas que
acham que fazer um grande caso por causa da palavra tolo é
uma pessoa que não tem grande popularidade, mas se fosse por
acaso o primeiro ministro de um país, sujaria a santicidade do
ministério e, ao mesmo tempo, falaria mal do representante do
país e, como machucaria o sentimento da nação, é lógico que
não poderia deixar passar simplesmente, e por isso deve ter se
tornado um grande problema.

Preciso deixar dita mais uma coisa. É importante que o


homem saiba o que é a época e também que conheça a si
mesmo. Isso porque, até mesmo a flor, uma vez que desabrocha,
está determinado que, infalivelmente, as pétalas cairão. No caso
do Sr. Yoshida, a época de emissário de paz corresponde ao
pleno florescimento da flor. E dessa oportunidade veio aos
poucos decaindo, chegando finalmente à situação de hoje,
através da qual pode-se compreender bem. Como têm
conhecimento, depois disso diminuiu o número de votos na
eleição geral e conflitos internos começaram um após outro; não
preciso dizer que a popularidade foi decaindo. Portanto, na
eleição geral dessa vez, alguém pode dizer que não ficará no

144
Rokan – Alicerce do Paraíso

segundo partido. Através disso, também, depois de analisar o


fato acima, os políticos irão determinar o curso de ação.

E, como podem compreender mesmo através da História,


uma pessoa que é bem inteligente fica famosa por um tempo,
mas isso se transforma em apenas um dia de glória; ao passar a
primavera, do verão ao outono entram no período de declínio, e
pode-se dizer que esse é um destino comum. Desde antigamente
que o final do caminho dos heróis são todos assim. Sendo assim,
isso faz pensar bastante que no momento de auge do homem é
necessário a maior precaução.

Jornal Eiko nº 201, 25 de março de 1953

145
Rokan – Alicerce do Paraíso

CAPÍTULO III — ECONOMIA

(S.AN/46) DINHEIRO MAL GANHO, DINHEIRO MAL GASTO

Alicerce do Paraíso, pág. 301

Há um antigo ditado que encerra uma grande verdade:


"Dinheiro mal ganho, dinheiro mal gasto". Vou interpretá-lo
espiritualmente.

Existem vários tipos de investimentos, como a Bolsa de


Valores, o aumento ou a diminuição do preço das mercadorias,
as apostas em corridas de cavalos, etc. De todos eles, o mais
representativo é a Bolsa de Valores, e por isso vou me deter em
sua análise.

Na época em que eu era agnóstico, lancei mão desse


investimento. Durante alguns anos vendi e comprei ações, mas
acabei tendo um grande prejuízo. Naturalmente, esse também foi
um dos motivos que me levaram a entrar para a vida religiosa.
Além disso, os conhecimentos que adquiri sobre o lado espiritual
da questão mostraram-me que jamais se deve fazer tal tipo de
investimento. Gostaria, portanto, que as pessoas interessadas na
Bolsa de Valores não deixassem de ler este artigo.

É costume dizer-se que, na Bolsa de Valores, cem


pessoas perdem para uma lucrar, e é exatamente assim. Não
existe, entretanto, uma só pessoa que, tendo-se tornado
multimilionária da noite para o dia, consiga conservar essa
fortuna por muito tempo. Além disso, quem tem grandes ganhos
é quem mais perde; quanto mais a pessoa lucra, é como se em
seu caminho existisse um precipício a esperá-la. Espiritualmente,
a explicação é a seguinte:

A grande maioria das pessoas que perdem na Bolsa de


Valores sente-se decepcionada, inconformada, querendo de
146
Rokan – Alicerce do Paraíso

qualquer jeito recuperar o dinheiro perdido. Conseqüentemente,


esse ressentimento converge para a pessoa que lhes sugou o
dinheiro, mas, como não sabem quem é, nem onde reside, acaba
convergindo, naturalmente, para a Bolsa de Valores e se
acumula nas notas de dinheiro. Analisando espiritualmente, no
dinheiro que circula na Bolsa de Valores imprime-se, nesse
momento, a imagem do ódio, do rancor, do ressentimento de
milhares de pessoas. Como essas imagens e as próprias
pessoas prejudicadas estão ligadas por um elo espiritual, o
desejo que elas têm de recuperar o dinheiro perdido
continuamente está puxando esse dinheiro. Por isso, ele nunca
permanece muito tempo nos cofres da pessoa que o ganhou. Um
dia, ele é puxado, e a pessoa sofre um grande prejuízo, ficando
sem um vintém.

Isso não ocorre apenas nos investimentos, mas em tudo


que se relacione com dinheiro. Por exemplo: quando as riquezas
são obtidas de forma ilícita; quando não se dá a alguém,
intencionalmente, o dinheiro que se deveria ter dado, quando não
se paga uma dívida e em outras situações. Em tais
oportunidades, a pessoa lesada fica furiosa, e, como no caso da
Bolsa de Valores, aquele que a lesou fatalmente perderá
dinheiro.

Outro fato que se precisa saber é que, desde os tempos


antigos, muitos prédios religiosos ficaram reduzidos a cinzas em
conseqüência de incêndios. Parece impossível que templos,
relicários, santuários e outras construções realizadas com
recursos puros sejam destruídas dessa forma. Mas existe um
motivo. É que, por ocasião de se angariarem fundos para
construí-los, forçou-se a situação. Às vezes, determina-se uma
quantia para os membros ou igrejas filiais, que são forçados a
colaborar. Mas é uma atitude errada. Tratando-se de ofertas em
dinheiro para a Obra Divina, o correto é que a quantia seja
determinada pela livre e espontânea vontade da pessoa. Só
quando se faz uma oferta com alegria e satisfação é que o
147
Rokan – Alicerce do Paraíso

dinheiro se torna realmente puro. Outro fator importante é que as


construções religiosas devem ser utilizadas de acordo com a
Vontade de Deus; não se deve fazer coisas erradas, que as
impregnem de máculas, caso contrário elas receberão o batismo
do fogo.

Voltando ao caso da Bolsa de Valores, quando o objetivo


não for o de lucrar com as cotações, trata-se de um bom
investimento. Está muito certo comprar ações visando os juros,
isto é, os dividendos; não representa "comprar" nenhuma espécie
de rancor. Pelo contrário, é um investimento muito útil ao
desenvolvimento da indústria e deve ser bastante incentivado.

Jornal Hikari nº 14, 25 de junho de 1949

148
Rokan – Alicerce do Paraíso

(S.AN/47) A CAUSA DA POBREZA

Alicerce do Paraíso, pág. 292

O objetivo da nossa Igreja é construir um mundo isento de


doença, pobreza e conflito. Quanto às questões relacionadas à
doença, tenho a impressão de já tê-las examinado e explicado
detalhadamente, sob todos os ângulos; não obstante, pretendo
continuar dando esclarecimentos a respeito, pois se trata da
medicina indicada por Deus. Agora, porém, falarei sobre o
problema da pobreza.

A pobreza é decorrente da perda da saúde. Contudo,


existem outras causas importantes. Além de não poder trabalhar,
por causa da doença, a pessoa tem de gastar muito dinheiro com
tratamentos médicos. Se for pouco tempo, ainda é suportável,
mas, quando a doença se prolonga por um longo período,
acarreta desemprego. Assim, o sofrimento causado pela doença
é acrescido das dificuldades financeiras, de modo que a pessoa,
com seu sofrimento duplicado, fica envolvida pelas escuras
nuvens da intranqüilidade em relação ao futuro, não conseguindo
ir nem para frente nem para trás. Podemos dizer que esse
sofrimento é um verdadeiro inferno.

Por toda parte existem inúmeras criaturas em tal situação.


Esses infelizes, ao conhecerem a nossa Igreja, logo conseguem
vislumbrar a luz da esperança em relação ao futuro e sair do
inferno em que vivem, começando a ter uma vida alegre. São
exemplos concretos, que podem ser vistos em quantidade nas
Experiências de Fé.

A maior parte dos casos de pobreza podem ser


solucionados dessa forma. Mas, aprofundando um pouco mais,
abordarei outro aspecto importante. Para tanto, relatarei minha
experiência sobre o assunto, com a qual desejo ensinar o
segredo da solução definitiva do problema.
149
Rokan – Alicerce do Paraíso

Quando eu era jovem, apesar de ser ateu, sempre tive o


desejo de melhorar a sociedade. Achando que, para isso, não
havia meio mais eficaz do que uma empresa jornalística, fiz
várias pesquisas e fiquei sabendo que, naquela época, precisaria
de mais ou menos um milhão de ienes. Ora, eu sou de família
pobre e só pude me casar e ter um lar graças à pequena soma
em dinheiro que me foi presenteada por meus pais. Abri, então,
uma lojinha de miudezas a varejo, a qual tinha uma largura de
2,70 m. Como os resultados foram bons, em pouco mais de um
ano comecei no comércio por atacado e, aproximadamente dez
anos depois, era considerado um bem-sucedido na vida; meus
bens somavam o equivalente a cento e cinqüenta mil ienes
daquela época (1919). Precipitando-me em conseguir logo a
quantia necessária para a abertura da empresa jornalística,
estendi demais a mão, de modo que acabei falindo, com dívidas
até o pescoço. Conseqüentemente, tive de desistir da idéia de
abrir a empresa.

Desesperado, recorri à Religião. Durante mais ou menos


vinte anos, passei por inúmeros percalços e dificuldades, tendo
sofrido muito por causa de vultosas dívidas. Agora, entretanto,
vejo que tudo isso constituiu a minha prática ascética. Em geral,
os religiosos se isolam nas montanhas, banham-se em cascatas
e fazem jejum, mas acho que a minha prática foi muito mais difícil
e sofrida. E não foi apenas uma ou duas vezes que me vi
afundando em problemas financeiros. Vou revelar a "filosofia da
pobreza", que adquiri nessa época, através do estado de
Iluminação.

Além da doença, a causa da pobreza são as dívidas.


Cheguei à conclusão de que, se não as contrairmos, jamais
ficaremos pobres. Ora, quando se toma dinheiro emprestado,
inevitavelmente chega o dia em que se tem de pagar a dívida.
Entretanto, ainda que se disponha do dinheiro suficiente,
geralmente a data determinada para o pagamento é adiada. Aí
está o desencontro. Quando se faz uma dívida, correm juros
150
Rokan – Alicerce do Paraíso

todos os dias, sem falhar um só, até que ela seja liquidada
completamente. Por conseguinte, ainda que a pessoa tenha
calculado um lucro considerável, subtraindo-se os juros, quase
não haverá lucro. Além do mais, a dívida provoca uma constante
intranqüilidade espiritual, e, nesse estado, a inteligência se
atrofia, sendo impossível surgirem boas idéias.

As dívidas são a causa da maioria dos fracassos ocorridos


na sociedade, e da maioria dos casos de pobreza. Eu, que
despertei para essa realidade, sempre digo às pessoas: "Se você
tiver cem mil ienes, empregue num negócio apenas um terço
dessa quantia, isto é, trinta mil ienes". Esse empreendimento, à
primeira vista, parece pequeno, mas, com o passar do tempo,
tornar-se-á grande. Caso haja um fracasso, a pessoa poderá
começar tudo novamente, com outros trinta mil ienes e um novo
método, pois já tem experiência do fracasso. É assim que a
maioria começa a percorrer o caminho do sucesso. Ocorrendo
outro fracasso, ainda restarão à pessoa os últimos trinta mil
ienes; se ela fizer nova tentativa, é certo que desta vez será bem
sucedida.

A maior parte das pessoas, no entanto, se tiver cem mil


ienes, começa empregando essa quantia toda; às vezes até faz
empréstimo de mais cinqüenta mil. Assim, começam com cento e
cinqüenta mil, o que é realmente uma aventura. Se o
empreendimento falhar, é natural que elas recebam um golpe
fatal, do qual nunca mais conseguirão se recuperar. Todavia, se
as pessoas agirem como eu faço, haverá um superávit
monetário. Por isso, quando aparecem negócios pouco
dispendiosos ou de lucro certo, deve-se entrar logo em ação. Ao
contrário, quando a pessoa está com todos os seus recursos
empatados, muitas vezes pode surgir um imprevisto na hora do
pagamento, obrigando-a a deixar passar o prazo determinado.
Com isso, a confiança que depositaram nela diminui. Se há uma
reserva de dinheiro, ela sempre pode cumprir com a palavra no

151
Rokan – Alicerce do Paraíso

prazo do pagamento e, assim, ganhar maior crédito. É dessa


forma que se obtêm grandes lucros.

Darei maiores exemplos sobre o assunto.

O principal motivo da derrota do Japão na última guerra foi


a política de empréstimos. Parece que quase ninguém percebe
esse fato, mas é preciso que se atente bastante para ele.

Até o início da guerra, o Japão veio aumentando suas


importações a cada ano. Como as dívidas se avolumavam, foi
necessário fazer novos empréstimos para pagá-las. Com esses
empréstimos, o país aumentou seu poderio militar, expandiu seu
território e cada vez estendeu mais suas mãos para invadir
outros países. Naturalmente, além de empréstimos externos,
também se fizeram empréstimos internos, de modo que o Japão
acabou expandindo a política das dívidas públicas até o fim dos
limites. Os prejuízos que a Ferrovia Nacional está sofrendo,
atualmente, também são herança dessa política. Caso não a
tivessem adotado, talvez não surgissem pessoas ambiciosas,
ávidas de invasões. E mais: a cada ano o comércio aumentaria
as exportações, e, sem dúvida alguma, o Japão estaria numa
ótima situação. Em conseqüência, a cultura de cunho pacífico
expandir-se-ia amplamente, a moral do povo se elevaria e
seríamos uma nação feliz, invejada pelo mundo inteiro. Além
disso, o país poderia importar com facilidade tudo quanto
precisasse em matéria de alimentos, dando aos demais países
uma sensação de paz e tranqüilidade em relação ao seu povo.
Como resultado, as nações possuidoras de grandes territórios
receberiam com muito prazer os imigrantes japoneses, e tornar-
se-ia desnecessário o controle da natalidade.

Se a política de empréstimos de uma nação tem essas


conseqüências, nos casos particulares acontece o mesmo.
Acredito que, através de minhas palavras, compreenderam o

152
Rokan – Alicerce do Paraíso

método que deve ser empregado para solucionar o problema da


pobreza.

Jornal Hikari nº 15, 30 de junho de 1949

153
Rokan – Alicerce do Paraíso

(S.AN/48) DÍVIDAS

Durante mais de vinte anos, desde a meia idade, para


mim, pode-se dizer, foi realmente uma época de luta contra as
dívidas. Nunca me esqueço, mas quando tinha 35 ou 36 anos,
tive um grande fracasso e acabei me casando com as dívidas.
Entretanto, depois disso, desesperei-me tentando, de qualquer
forma, cortar relações com as dívidas, mas, quanto mais eu me
desesperava, mais aumentavam as dívidas e, por fim, acabei
sendo confiscado por inúmeras financiadoras. As confiscações
chegaram a seis, sete vezes. Para as pessoas que não tiveram
essa experiência, é um pouco difícil de entender, mas ser
confiscado é uma coisa muito ruim. Os oficiais de diligência vêm
e colam um estranho papel de maneira bem visível em todos os
móveis. O que mais me incomodou foi a porta dos armários.
Colavam os papéis de modo a não abrir a porta do armário, por
isso não se podia tirar as roupas. Além disso, se violar-se esse
papel, estar-se-á infringindo a lei, disseram os oficiais, então não
tinha jeito e me calei o mais que pude. E também fui acusado por
diversas contas e, fazendo negociações e petições com a
financeira, chegaram a mais de dez anos de luta. Sem dúvida
que, por causa dessa dívida, o sofrimento não foi comum. Isso
porque eram inúmeras financeiras, e dentre elas, em um certo
sentido, havia um crítico sarcástico muito famoso; por isso, sem
dúvida não era nem um pouco fácil. Na troca de promissórias
paguei, uma vez, de juros ao dia de dez a cinqüenta centavos. E
também, uma vez recebi o comunicado de falência. Isso também
é algo difícil de compreender para as pessoas que nunca tiveram
essa experiência, mas a falência é realmente desagradável. Em
primeiro lugar, não se pode mais fazer transação com o banco e
o nome é publicado no boletim interno do escritório de
investigação. Nessa época eu tinha uma loja de atacado de
miudezas e estava bem expandido, mas ao ter falência, era
absolutamente impossível fazer transação sem dinheiro vivo, e a
troca de promissórias ficou totalmente impossível, e essa foi a
maior dificuldade. E não foi apenas isso, todas as contas a mim
154
Rokan – Alicerce do Paraíso

endereçadas eram entregues primeiro ao convertor da falência, e


ele abria um por um e depois me entregava, o que era
extremamente desagradável. Por esse motivo, as dívidas foram
completamente solucionadas depois dos sessenta anos. Isto é,
vim lutando para saldar as dívidas durante 24 a 25 anos. Eu li em
certo livro ―O segredo da longevidade‖, do falecido Sr. Kihatiro
Okura, que viveu mais de noventa e tantos anos que, se o
homem quiser ter vida longa, é só não criar dívidas, pois não
existe nada pior que a dívida para encurtar a vida. Segundo esse
significado, provavelmente não foi pouco o tempo de vida que
tive encurtado devido às dívidas.

Coletânea Série Jikan volume 5, 30 de agosto de 1949

155
Rokan – Alicerce do Paraíso

(S.AN/49) DEVEMOS OU NÃO DEVEMOS FAZER DÍVIDAS?

Alicerce do Paraíso, pág. 297

Durante mais de vinte anos, provei sofrimentos causados


pelas dívidas. Para que possam fazer uma idéia, recebi várias
intimações judiciais e sofri uma falência. A "filosofia da dívida", da
qual falarei a seguir, baseia-se nas conclusões que tirei de todas
estas experiências.

Farei uma análise da pessoa que está para fazer um


empréstimo.

Existem empréstimos ativos e passivos. O empréstimo


ativo é aquele que se faz quando se vai começar um
empreendimento, já calculando que uma quantia X vai dar um
lucro Y; isto é, faz-se o cálculo de modo que sobre algum
dinheiro mesmo depois de subtraídos os juros. Esse tipo de
empréstimo todos conhecem. Entretanto, no caso dos
empréstimos passivos, sai mais dinheiro do que entra, por isso
ele está sempre faltando.

É comum a pessoa fazer dívidas por não haver outra


alternativa. Quando as coisas começam a apertar, ela não
consegue pensar no futuro. Diante de uma situação difícil, tenta
livrar-se dos compromissos imediatos, sem levar em
consideração se os juros são altos ou baixos; o importante, para
ela, é conseguir o empréstimo. Muitos anúncios publicados
atualmente nos jornais, sobre a concessão de empréstimos, são
desse tipo. Podemos dizer que, a essa altura, entre dez dessas
pessoas, oito ou nove estão a um passo do abismo.

Esta classificação dos empréstimos é uma classificação


feita a grosso modo. Agora vamos analisar o caso de não se
fazer o empréstimo.

156
Rokan – Alicerce do Paraíso

Começa-se o empreendimento com o capital que se


possui no momento. Mesmo que seja um negócio de pequeno
porte, não há outro recurso. Suponhamos, por exemplo, que se
tenha cem mil ienes. Inicialmente, emprega-se a metade ou um
terço desse capital. Como o restante fica guardado, poder-se-á
pensar que o negócio progredirá muito lentamente. Além disso,
esses cem mil ienes devem ser obtidos com o esforço próprio,
sem a ajuda de ninguém, pois assim estarão impregnados de
suor e terão força. Depois, inicia-se o empreendimento, que deve
ser do menor porte possível. Exemplifiquemos.

Comecei o método de terapia pela Fé no mês de maio de


1934, alugando uma casa de cinco cômodos por setenta e sete
ienes. Estava situada na rua Hiraga-tyo, no bairro de Koji Mati
(Tóquio). Achei que era uma casa boa demais; entretanto, como
as condições eram ótimas, decidi alugá-la. Na época, eu ainda
tinha muitas dívidas, mas fiz esse empreendimento pensando em
praticar a filosofia para a qual despertara através delas. As idéias
sobre esse princípio filosófico me foram fornecidas pela Grande
Natureza. Podemos entendê-lo observando os seres humanos. A
criança recém-nascida, com o passar dos meses e dos anos, vai
crescendo cada vez mais, e a sua força e inteligência tornam-se
adultas. O mesmo acontece com as plantas. Plantando-se uma
pequena semente, ela germina, formando um broto; a seguir
saem duas folhinhas e, depois das folhas propriamente ditas, o
caule se desenvolve, os galhos se expandem, até que a planta
se torna uma enorme árvore. Esta é a verdade. Portanto, os
seres humanos precisam seguir esse exemplo. Eu tive a
revelação de que, praticando fielmente o princípio acima, não
deixaria de obter grande sucesso. Decidi, pois, em qualquer
empreendimento, partir da menor forma possível.

A maior parte das pessoas, no entanto, tenta fazer coisas


grandes e aparatosas desde o começo. Observando bem, vemos
que a maioria acaba fracassando. Quase todos os
empreendimentos da sociedade são assim. As pessoas
157
Rokan – Alicerce do Paraíso

começam por negócios de grande porte e só depois de


fracassarem é que, forçadas pelas circunstâncias, seguem a
ordem, ou seja, começam tudo de novo, fazendo pequenos
empreendimentos. Só então é que conseguem sucesso.

A propósito, os negócios nunca se processam de acordo


com a lógica ou com os cálculos. Existem vários motivos para
isso, mas o mais importante é a influência da mente. Como o dia
do vencimento da dívida nunca deixa de chegar, aconteça o que
acontecer, essa preocupação está continuamente martelando a
cabeça da pessoa. Naturalmente, a realidade nunca acompanha
os planos. Com essa preocupação constante na mente, não
surgem boas idéias. Esse é o ponto mais desvantajoso. Ora, com
os bolsos sempre vazios, as pessoas não têm vitalidade. Mesmo
que se enfeitem exteriormente, são pobres material e
espiritualmente. Por isso, mostram-se inibidas em todos os seus
empreendimentos, não têm força para crescer, estão sempre
descontentes. Os comerciantes, por exemplo, não conseguem
fazer compras mesmo que as mercadorias estejam baratas;
conseqüentemente, deixam de lucrar. Como a maioria prorroga o
prazo do pagamento da dívida, a confiança dos outros diminui.
Se o prazo se prolonga por muito tempo, começam a correr juros
em cima de juros. A essa altura, a pessoa começa a se afobar e
força a situação. Quando isso acontece, é o seu fim. Eu sempre
faço advertências sobre a afobação e as situações forçadas, mas
a maioria das pessoas não percebe isso. Mesmo que
momentaneamente os resultados sejam bons, eles nunca duram
muito tempo.

Os famosos senhores feudais Nobunaga e Hideyoshi, por


exemplo, fracassaram porque se afobaram e forçaram situações.
Em contrapartida, o domínio da dinastia Tokugawa durou
trezentos longos anos porque, nos métodos empregados por
Ieyassu, seu fundador, não houve afobação ou situação forçada
nem mesmo para ele assumir o poder. Ieyassu utilizava-se da
famosa tática de "ceder para vencer", quando achava que a
158
Rokan – Alicerce do Paraíso

situação estava um pouco difícil: esperava a oportunidade


propícia, isto é, aguardava que o tempo ficasse a seu favor.
Assim, fez com que o poder rolasse naturalmente para as suas
mãos.

Eis o conselho de Ieyassu: "A vida do homem é como uma


longa caminhada carregando um pesado fardo. Não se deve ter
pressa". Essas palavras expressam muito bem o seu caráter. A
derrota do Japão, nesta última guerra, teve várias causas, mas
não há dúvida de que a afobação e as situações forçadas foram
fatores decisivos, embora, desde o início, o procedimento dos
japoneses tenha sido errado.

Não se deve fazer empréstimos para pagar dívidas, mas


foi o que aconteceu no período final da guerra, e pelo mesmo
motivo foi emitido dinheiro de maneira bem desordenada. Essa
foi, em grande parte, a causa da inflação.

A Inglaterra, logo após a formação do gabinete trabalhista,


tomou dos Estados Unidos um empréstimo de três bilhões e
setecentos milhões de dólares. Acho que seria uma boa iniciativa
se, futuramente, não se tornasse motivo de problemas
financeiros; mas, depois disso, foi preciso tomar empréstimos em
cima de empréstimos. A desvalorização da libra também é uma
conseqüência desse fato. Na época em que o Império Britânico
era próspero, sua receita anual elevava-se a três bilhões de
libras, provenientes de suas colônias e de outras fontes. Que
diferença entre a situação atual e a situação antiga! O equilíbrio
financeiro da Inglaterra, que até então era um dos seus motivos
de orgulho, acabou em tal estado após o país passar por duas
guerras. Foi um destino inevitável.

Pelo que foi exposto, fica evidenciada esta verdade: não


se deve contrair dívidas, e, em todas as iniciativas, é preciso
começar de forma pequena. Gostaria que fizessem disso um

159
Rokan – Alicerce do Paraíso

lema a ser seguido. Contudo, quando se tem absoluta certeza de


poder saldar a dívida em curto prazo, é admissível contraí-la.

Esta é a minha filosofia da dívida, que eu recomendo a


todos.

Jornal Hikari nº 35, 12 de novembro de 1949

160
Rokan – Alicerce do Paraíso

(S.AN/50) NOVAMENTE ARGUMENTANDO SOBRE A DÍVIDA

Recentemente publiquei, nesta coluna, a minha tese


"Dívida, sim ou não?", mas como ainda tem pontos em que não
foram suficientemente ditos, escreverei novamente. Isto é,
observando o mundo atual, a verdade é que há mais resultados
negativos do que positivos, pela dívida. E nos últimos tempos é
grande o número de suicidas, sendo quase que inédito, e a
maioria das causas é considerada que são as dívidas. É claro
que a grande maioria de suicídios de rapazes e moças ou dos
duplo suicídios é causada pela paixão cega, mas os de pessoas
de mais da meia idade, principalmente também das que são
bastante conhecidas pela sociedade, a maioria é considerada
que é pela dívida.

Houve a seguinte frase dentro da palestra de uma


influente personalidade americana, que viera ao Japão, cujo
nome omiti: "O que mais me impressionou ao visitar o mundo
empresarial do Japão é o fato da dívida ser demasiadamente
grande".

Conforme se compreende por isso, atualmente, creio que


não existe quase ninguém que não esteja endividado.
Realmente, como é depois de ter sido abatido daquele jeito pela
guerra, é impossível se restaurar sem um tostão; compreendo,
portanto, que deverá ser pelo empréstimo, mas a maioria faz
empréstimo maior do que o necessário. Isso que está errado.

Geralmente os japoneses são vaidosos em demasia e


gostam de se ostentar. Isso também acredito ser urna das
principais causas da dívida. Por causa dessa vontade de se
mostrar, se o negócio prosperar um pouco, amplia-o com
ousadia. Não ponderam com calma. Esquecem-se do ditado:
"Vencer é apertar o cordão do capacete". É claro, desconhecem
também a razão fora da razão. Só pensam que está bom se
estiver de acordo com a lógica e com os cálculos e ganhando,
161
Rokan – Alicerce do Paraíso

isto é, são de princípios momentâneos, tendo a mania de se


arrojar imprudentemente, passando da audácia.

Em suma, sendo empresários, o que fazem é a


especulacão, deixando a sorte atuar, suceda o que suceder.
Entretanto, o mundo não é tão fácil. É normal que não vá
conforme o plano. Isto porque, neste mundo em que se muda tão
rapidamente, o resultado é inesperadamente diferente da
previsão inicial. Principalmente a atual crise monetária é isso, e
as pessoas que estão em situação difícil agora devem estar
alarmadas com a realidade atual demasiadamente diferente da
época inicial dos planos.

Como é do conhecimento de todos, atualmente acontece o


fechamento de inúmeras fábricas, aumento assustador de
cheques sem fundo, atraso de pagamento de salário, aumento de
estoque não-vendido, mau andamento das transações, etc., etc.;
além disso, os agiotas que por uns tempos estavam animados,
nos últimos tempos estão respirando com dificuldade, tendo até
quem chegue a falência. Observando tal situação, compreende-
se quão grave é a crise financeira. Pelo exempIo acima citado,
também, nota-se que é porque não calculam no ínicio as
mudanças violentas da sociedade.

Como é assim, o único método para amenizar a atual crise


financeira é superar as dificuldades, é renovar o raciocínio
tradicional, isto é, não se endividar, não forçar, não se afobar.
São estes três itens, e antes de mais nada, olhar o futuro com
humildade. Nem preciso dizer que é adotar, o quanto possível, a
política de redução de despesas, e advertir-se para não se
desleixar. Não existe, além deste, outro caminho apropriado.

Tenho mais uma coisa que gostaría de chamar muita


atenção. Originariamente, creio que não existe um povo tão
dependente como o japonês. Isto é o ponto mais negativo.
Olhem: em se tratando de um empreendimento um tanto grande,
162
Rokan – Alicerce do Paraíso

solicitam ajuda ou cobiçam receber recursos do governo; por


outro lado, pensam que se não tiverem financiamento do banco,
é impossível realizar a empreitada. As empresas de porte
aumentam o dividendo, se o negócio prosperar um pouco, e
como ficam com pouca reserva, querem, indistintamente, emitir
títulos de crédito. A introdução de capital estrangeiro, que é a
grande questão atual, também é a mesma coisa. Entretanto,
deve-se pensar o por quê dos capitalistas americanos estarem
indecisos sobre essa questão. É porque o mundo econômico do
Japão é completamente carente de solidez. Portanto, se o Japão
chegar a um estado em que não se necessita de capital
estrangeiro, é evidente que os Estados Unidos é que virá se
oferecer para que utilize o dinheiro, mesmo que seja a juros
baixos. Deve-se aperceber deste segredo.

O que quero dizer, por último, é sobre que rumo tomará


daqui para diante a economia do Japão. Nem é preciso dizer que
se entrará numa era de deflação; portanto, será difícil de se
superar, se não observar a política de redução de despesas, e a
solidez, sobre a solidez.

E o assunto é outro, mas quanto aos agricultores, também,


não se sabe por onde anda a recente e temporária prosperidade
agrícola. O fato é que atualmente se encontram em estado
extremamente critico. Isto também é pela falta de conhecimento
econômico dos agricultores, mas também é pela falta de
capacidade dos governadores, que não previram o futuro, e
negligenciaram a acautelar-se sobre a situação atual. Portanto,
devo dizer que aos políticos também cabe a metade da culpa.

Como está claro por isso, o que é negativo em todos os


empreendimentos é o fato de iniciá-los, desde o começo, em
grande escala, pela política de endividamento.

Deve-se iniciar, sempre seguro e pequeno, sempre com


suas próprias forças. Portanto, ignorar as ajudas alheias e ter
163
Rokan – Alicerce do Paraíso

como diretriz aquela frase: "O Céu ajuda a quem se ajuda", e


esforçar-se continuamente, com afinco, não se afobando nem se
aborrecendo; assim, impreterivelmente, obter-se-á inesperados e
bons resultados e isso é obtido pelas minhas experiências
vividas; portanto, não há engano.

O acima dito é a cristalização da minha experiência de ter


sofrido por longo tempo pela dívida, e após a restituição total
dela, prometi ao meu coração que não mais iria contrair dívidas e
cheguei assim até hoje. De fato, desde aí estou obtendo bons
resultados, além das expectativas. Pois, se não tiver dívidas, o
coração fica sempre alegre, e assim é boa também a cabeça,
surgindo idéias inesperadamente boas.

Dizem freqüentemente que: "onde há risos, vem a


felicidade‖ ou "a aflição gera a aflição e a lamúria chama a
lamúria", e realmente é assim, sendo natural que se o coração for
rico, se tornará rico também materialmente.

O fato da Igreja Messiânica Mundial ser considerada além


da realidade, no tocante ao fato de estar extremamente
favorecida economicamente, é porque não contrai dívidas e que
não tem atraso nos pagamentos.

Assim, prolonguei-me escrevendo sobre as partes


negativas da dívida, mas, em suma, não quero dizer que não se
deve contrair dívidas de jeito nenhum. O fundamental é contar
com as próprias forças e deter a dívida ao minímo possível. É só
observar estes dois itens. Assim sendo, como não há a
necessidade de se afobar, nem de se forçar, garanto que tudo
caminhará naturalmente, podendo se suceder bem,
tranqüilamente.

Jornal Kyussei nº 50, 18 de fevereiro de 1950.

164
Rokan – Alicerce do Paraíso

(S.AN/51) A RESPEITO DAS DÍVIDAS

Alicerce do Paraíso, pág. 296

Como tenho dito várias vezes, durante longo tempo sofri


por causa das dívidas, e posso dizer que não há nada mais
horrível. Talvez todos passem por essa experiência, pois, quando
se contrai uma dívida, é muito difícil saldá-la.

Ao fazer um empréstimo, a pessoa pensa em pagar o mais


rápido possível, mas, ainda que consiga o dinheiro suficiente, é
próprio do ser humano não fazê-lo tão facilmente. Pensando em
empregar esse dinheiro, ela deixa o tempo correr, acreditando
que poderá pagá-lo depois de lucrar mais um pouco. Assim,
arranja pretextos que lhe convêm. Se, por felicidade, a pessoa
consegue pagar a dívida assim que obtém a quantia suficiente,
ganha a confiança daquele que lhe emprestou o dinheiro, o qual
se mostra disposto a conceder-lhe novo empréstimo. Então, ela
pede mais dinheiro, elevando a quantia.

O dinheiro nunca entra de acordo com o previsto, mas


sempre sai de acordo com o estabelecido, e é por isso que não
se consegue devolvê-lo no prazo estipulado. Uma vez
aprisionada pelas dívidas, não é fácil a pessoa desvencilhar-se
delas; por fim, torna-se um hábito pedir dinheiro emprestado.
Existe até quem se sente mal quando não tem dívidas. Talvez,
em dez pessoas, não haja uma só que, tendo feito uma dívida,
consiga livrar-se desse hábito para sempre.

Atualmente, a maior parte dos problemas sociais tem


origem nas dívidas contraídas. Dizem que a maioria, senão todos
os casos judiciais, são causados por elas. Por conseguinte, a
primeira condição para eliminar os conflitos que existem no
mundo é fazer todo o possível para não contrair dívidas. Quando
elas forem inevitáveis, devemos saldá-las o quanto antes. Se

165
Rokan – Alicerce do Paraíso

todos agissem assim, formar-se-ia uma sociedade feliz e


diminuiriam os problemas das pessoas.

Outro fato que eu gostaria de frisar é que as dívidas


encurtam a vida. O falecido Sr. Kihatiro Okura sempre dizia isso,
e realmente é a pura verdade. Nada obscurece tanto o espírito
do homem como as dívidas. Tomando como exemplo a minha
própria experiência, após libertar-me delas, senti-me como se
tivesse saído de um longo período na prisão.

Jornal Kyussei nº 51, 25 de fevereiro de 1950

166
Rokan – Alicerce do Paraíso

(S.AN/52) VINTE ANOS DE DÍVIDA

Eu sofri, aliás, fui obrigado a sofrer pela dívida, durante


mais de vinte anos, desde 1919 até 1941.

Não me esqueço que foi quando tinha 38 anos, em 1919,


tratei de casar com a minha atual esposa, e logo após marcar a
data do casamento, de repente, entraram na minha casa três
oficiais da diligência, que vi pela primeira vez na minha vida, uns
tipos extremamente esquisitos.

Deram-me um papel estranho para ler, mas eu, que não


tinha experiência disso, até aí fiquei somente a movimentar os
meus olhos espantados. Nesse ínterim, eles, olhando de cômodo
em cômodo, colaram pequenos adesivos nos principais móveis e
utensílios da casa. E dizendo para que eu lesse um papel escrito
pormenorizadamente sobre os motivos da penhora, de mais ou
menos metade do tamanho de um sulfite, colando-o na lateral de
uma cômoda, foram-se embora. Olhando bem o papel, estavam
escritas várias cláusulas da lei, mas o que me assustou, dentre
elas, é que estava escrito que os objetos penhorados não
deveriam ser utilizados livremente e, se rompesse o adesivo,
seria enquadrado na lei tal, artigo tal.

Entretanto, o que me embaracei é que esses adesivos


estavam colados entre as gavetas e as suas divisórias. É claro
que é para não abri-Ias, mas fiquei perplexo, pois se não abrisse
não poderia tirar as roupas. Então, após muitas tentativas,
consegui desgrudar perfeitamente as partes coladas nas
divisórias, mantendo as das gavetas, finalmente conseguindo
abri-las, e me tranqüilizei.

Explicando por que aconteceu isso comigo, foi o seguinte:


já escrevi antes, mas eu tive sucesso com a loja de armarinhos e
consegui fazer uma fortuna de mais de cem mil, partindo de
quase nada. Envaideci-me por completo e, pensando em
167
Rokan – Alicerce do Paraíso

empreender-me numa empresa jornalística, a minha antiga


aspiração, informei-me de que seria difícil se não tivesse um
capital de um milhão de ienes, na época. Portanto, pensando em
adquirir esse montante de alguma forma, meti-me em vários
negócios.

Por coincidência, tornei-me amigo de um tal de Kikkawa,


um homem experiente e astuto, e eu, naquela época, como
estava até sendo objeto de inveja pelas pessoas do mesmo
ramo, facilitei demais na visão da sociedade, e conforme sugeriu
o Kikkawa, — sendo que era numa temporada que as ações
estavam prósperas, após a Primeira Guerra Européia, —
comecei um empreendimento financeiro visando cambistas. Pois,
confiando em mim, o banco fazia empréstimos com a fiança do
meu cheque pré-datado, e era irresistível porque, do devedor,
recebia comissão de 5 centavos por dia. Ganhava sem ser
necessário um centavo, e finalmente o montante chegou, entre
dinheiro à vista e cheques, a mais de cem mil ienes.

Entretanto, um banco chamado "Sôko Guinko", que fazia


essa transação, faliu repentinamente, e fora um desastre, porque
o Kikkawa escondera o fato de modo absoluto, e descontara os
meus cheques com agiotas. Por causa disso, os altos juros foram
se acumulando e, encontrando-se num beco sem saída,
finalmente ele viera abaixar a cabeça perante mim.

Realmente, para mim, era como uma trovoada em céu


límpido e, sem outro jeito, como uma solução momentânea, pedi
aos bancos para recusarem o pagamento de todos os meus
cheques. Foram, portanto, os agiotas que se enfureceram.
Imediatamente tomaram as providências para a penhora, como
descrevi, e denunciaram-me como fraudador, e eu fui intimado a
comparecer na promotoria, e fui repreendido severamente. Aí
supliquei aos agiotas e, com custo, concordaram com a quantia
de 80.000 ienes, que eram dois terços da soma devida. Seria

168
Rokan – Alicerce do Paraíso

metade à vista e metade à prestação, mas daí é que começara o


meu sofrimento para saldá-la.

Por causa desse acontecimento, o casamento prometido


também seria impossível; portanto, contei tudo exatamente como
era, mas fui elogiado pela família dela, que eu era uma pessoa
raramente digna, porque falei francamente o que normalmente
faria segredo, e ao contrário, disseram para realizar o
casamento, de qualquer maneira. Então, até hoje me lembro que
pensei como é estranho o mundo.

Por causa dessa lesão, o negócio se tornara difícil e


transformei o empreendimento em sociedade anônima e
melhorara por uns tempos, mas aconteceu aquele inesquecível
pânico no mundo econômico, no ano seguinte, em março de
1920.

A queda de preços de mercadorias, a impossibilidade da


cobrança, etc., se tornaram o segundo golpe, mas maior do que
isso, por sua vez, foi o Grande Terremoto da Região Kanto, do
dia 19 de setembro de 1923. A loja que, na época, situava-se em
Kyobashi, e as mercadorias também, se queimaram totalmente, e
não consegui recuperar nada dos empréstimos feitos, e por uns
tempos, pensei que era impossível continuar o negócio, mas
consegui precariamente. Por esses motivos, eu realmente
enfadei-me de trabalhar para ganhar o dinheiro e procurei o
caminho para viver na Religião. Então procurei várias seitas,
mas não encontrava a que correspondia às minhas expectativas.
Entre elas, a que mais me atraiu foi a seita Oomoto, e
imediatamente ingressei-me. Os acontecimentos daí para diante
já escrevi, por isso vou escrever somente a parte da dívida.

Como, dessa maneira, parei de trabalhar para ganhar o


dinheiro, tornara-se impossível a devolução da dívida, e os
agiotas vieram penhorar, um após o outro. Pois somente com as
gratidões de cura de doenças pelo método religioso era muito
169
Rokan – Alicerce do Paraíso

pouco; então, cortei as despesas ao extremo, aturando-me com


uma vida bem simples, e restituía aos poucos, mas dificilmente ia
conforme pensava. Nesse meio tempo, por felicidade,
gradativamente houve progresso e aumentara consideravelmente
a renda, quando, em 1941, finalmente consegui restituir
totalmente as dívidas. Calculando, sofri durante 22 anos por
causa da dívida; portanto, até aí eu estava carregando um
grande peso, mas repentinamente tornei-me leve, aliviado.

O que quero ressaltar, especialmente, é que, enquanto


não conseguia livrar-me da dívida, o meu coração estava cheio
de desejos de ganhar dinheiro, dormindo ou acordado, mas
conforme se aprofundava a minha fé, fui compreendendo que o
dinheiro é Deus quem nos dá e, além disso, como consegui
saldar tudo, o meu coração também ficara tranqüilo. Entretanto,
ironicamente, após isso, começara entrar tanto dinheiro que não
imaginava e aumentava-se de ano para ano. Pensei então,
deveras, que o dinheiro, enquanto se matuta ―quero dinheiro,
quero dinheiro", não vem, e entra quando se esquece dele.

Em suma, o que obti pela minha experiência de mais de


vinte anos é essa filosofia da dívida. Talvez pensem que seja
estranho eu, como um religioso, escrever essas coisas, mas
escrevi porque acredito que possa servir de alguma referência.

Jornal Eiko nº 217, 15 de julho de 1953

170
Rokan – Alicerce do Paraíso

(S.AN/53) A CAUSA DO PROBLEMA FINANCEIRO

Creio que na sociedade atual o que todos estão sofrendo


mais é pela falta de dinheiro. Todos os lados estão repletos de
crise financeira. Se é assim, então, creio que todos gostariam de
saber qual a sua causa, até quando continuará e como fazer para
solucioná-la. Portanto, explicarei agora.

A crise de dinheiro, nem é preciso dizer, é pela falta de


mercadorias. Como faltam, os preços sobem. Como os preços
sobem, necessita-se de mais dinheiro para as transações. Como
os preços sobem cada vez mais, procuram estocá-las enquanto
não sobem. Sobem, precisa-se de mais dinheiro. Tornando-se
assim, um círculo vicioso, e finalmente, chegando a emitir
enorme quantidade de moeda, e essa é a causa da inflação.

Portanto, como a emissão da moeda aumenta conforme a


elevação dos preços das mercadorias, a moeda é que corre atrás
dos preços, e se continuasse nessa tendência, não aconteceria a
falta de dinheiro, mas, em contrapartida, a inflação subiria
infinitamente. Então, conforme o projeto, limitara-se a emissão da
moeda, tornando-se, portanto,difícil a situação.

Os preços que subiam à vontade até aí ficaram


impossibilitados de subirem. Por causa disso, os preços das
mercadorias, que haviam entumecido dentro do saco que é a
moeda, tornaram-se justo nele, acabando-se os vãos entre eles.
Isto é a falta de dinheiro. Pode-se dizer que, até ali, a moeda é
que estava sendo arrastada pelos preços das mercadorias, mas
desta vez, ao contrário, a moeda é que está a arrastar os preços.

Dessa maneira, como o saco da moeda não laceia, não há


outra maneira senão os preços se encolherem e, se os preços se
encolherem, surgirão vãos proporcionais, e a crise financeira
será abrandada simetricamente as eles.

171
Rokan – Alicerce do Paraíso

Portanto, o encolhimento dos preços significam a queda, e


daqui para diante, não existe outro caminho a não ser a queda
dos preços. Entretanto, sobre o seu limite, que é espantoso, pois,
como havia se inflacionado 100 ou 200 vezes o valor real, o
verdadeiro limite pode ser até de um centésimo ou um
ducentésimo.

Entretanto, se tiver uma queda direta, seria grande o


choque no mundo econômico; portanto, de vez em quando o
governo dá uma injeção de cânfora. Isso foi aquele fato de ter
liberado 10 milhões ao mercado de valores.

Creio que entenderam a causa da crise monetária e o


limite. A seguir, é sobre o tempo e a maneira de solucionar.
Sobre o tempo, creio que demorará, no mínimo, de 2 a 3 anos.
Nesse ínterim, nem é preciso dizer que haverá muitos problemas.
Mas, quando, dessa maneira, os preços chegarem ao patamar
mais baixo, e que significa que o problema fora resolvido, e como
a caminhada seguirá à sua direção, é essencial que se
preparem.

Quanto ao governo, também, é claro que gradativamente


reduzirá a moeda, conforme os preços, e limitando ao mínimo
possível o golpe que dará a economia, comprimirá a moeda. Aí
está a capacidade das autoridades e necessitam-se de esforços
nesse sentido.

Entretanto, o que escrevi está baseado no atual


relacionamento internacional, mas se por acaso irromper algo
grave como uma guerra, a explicação seria bem diferente;
portanto, creio que deverão ter isso também em mente.

Jornal Hikari nº 47, 28 de janeiro de 1950

172
Rokan – Alicerce do Paraíso

(S.AN/54) A CAUSA DA BAIXA DO PREÇO DE AÇÃO E SUA


PERSPECTIVA FUTURA

Os recentes preços das ações, comparados com há uns


tempos, abaixaram geralmente pela metade ou um terço, e nos
casos piores, há as que caíram para menos de um décimo. Por
causa disso, são incontáveis as pessoas que tomaram grande
prejuízo. Realmente não consigo conter sentimentos de
compadecimento. Dentre essas pessoas, diz que há quem se
enlouquecera ou se suicidara; assim, na verdade, ultrapassando
a lástima, é uma tragédia.

Por uns tempos, falando-se que é a popularização das


ações, divulgaram bastante em jornais e rádios. Mas, para a
situação atual, nem devem ter meios de se desculparem. Discutir
agora sobre a responsabilidade já é tarde, e os responsáveis
também não estavam imaginando que fossem cair tanto assim,
portanto nem se pode censurá-los.

Entretanto, eu sabia muito bem sobre essa queda, e dei


muitos conselhos. Desde a primavera ao verão do ano passado,
perguntavam freqüentemente sobre o futuro dos preços das
mercadorias e das ações, e que rumo tomar acerca deles, e
todas as vezes, eu aconselhei para que vendessem tudo o que
for possível, porque dali a pouco tudo iria abaixar. Eu falava que
até o fim do ano as ações iriam a menos da metade, e feliz ou
infelizmente acertei, como se vê atualmente.

Então, se disser se essa previsão foi pela Revelação


Divina, nem tanto. Ao contrário, é mais verdade que eu concluí
pelo senso comum. Isto porque o aumento de preços das
mercadorias fora totalmente causado pela guerra e, se a guerra
terminar, é claro que tudo voltaria ao que era. É como se fosse
um balanço que abaixa porque sobe, e sobe porque abaixa.
Como dizem freqüentemente os especuladores, "Se a montanha
for alta, o vale é profundo", e realmente é assim. Só que é
173
Rokan – Alicerce do Paraíso

inevitável que a queda seja muito mais rápida do que quando se


sobe. É como a lei da atração universal formulada por Newton. É
mais rápido o tempo de queda de uma matéria do que o de
elevação.

Gostaria de aqui escrever algo como manual de aplicação


em ações. Para começar, dizendo-se qual é a natureza da
sociedade acionária, é, para se empreender um negócio,
necessita-se de grande capital; portanto, será possível somente
com a participação de grande número de pessoas. Mesmo tendo
alguém que possua sozinho esse capital, seria desagradável
porque se tornaria um monopólio. Assim, mesmo um plutocrata,
antes do término da guerra, apesar de possuir capacidade de
arcar-se sozinho, se reservava, e fazia uma sociedade anônima.
Entretanto, hoje em dia, como existe a lei da proibição de
monopólio, é mais difícil, sendo obrigado se basear no povo. Esta
é a maneira correta de ser, e é claro, o objetivo são os
dividendos pelas ações adquiridas e, se a proporção for melhor
que a poupança em bancos ou apólice da dívida pública, têm-se
os prazeres de aumento de capital ou subida de preços; além
disso, para o desenvolvimento da economia, pode-se dizer até
que é a obrigação do povo direcionar um tanto da poupança para
o investimento em ações.

Entretanto, se for um investimento como acima dito, que


objetiva o dividendo, é correto, não tendo quase casos de
prejuízo, por não conter nenhum problema. Mas, como se
objetivasse somente o dividendo, não é interessante, sempre
procuram lucrar, observando a subida e a queda de preço. Isto é
a especulação, e está fundamentalmente errado. Geralmente
tudo, se for feito de maneira correta, de jeito nenhum terá
prejuízo, e se tive-lo, é porque se fez de maneira errada. Isto é, o
dinheiro mal adquirido é mal gasto; assim, por uns tempos,
lucram, mas impreterivelmente um dia haverá prejuízo. A melhor
prova é que quem ganhara especulando, seja um novo rico ou
um comerciante de bolsa, não existe quem prospere por duas ou
174
Rokan – Alicerce do Paraíso

três gerações, arruinando-se sem falta, sendo esta verdade do


perfeito conhecimento das pessoas do ramo.

Entretanto, as pessoas que compraram no ano passado,


quando as ações estavam em alta, nem se cogitavam em
dividendos. Eram somente pessoas objetivando o lucro pela
subida de preços: "Se subir, ganho tanto". Sendo que as pessoas
sem nenhum conhecimento sobre ações, amadores como
assalariados, viúvas, quem possui um pouco de poupança, etc.,
quem compraram despropositadamente. Assim, eu, ao invés de
achar perigoso, realmente senti-me apavorado. Pois, pelo preço
da época, mesmo que o dividendo seja bom, havia muitas que
não atingiam 1% ao ano. Portanto, um aplicador sério, que
objetiva os dividendos, não iria comprar. Isto quer dizer que, se
um dias as cotações abaixarem, como de maneira nenhuma o
povo suportaria psicologicamente, estava claro que mal
baratearia, e o mal barateamento provoca o mal barateamento,
acelerando a baixa. Por isso é que em tão pouco tempo abaixou
tanto, como se vê.

O que se deve observar aqui é que, se fosse antigamente,


no caso em que os preços abaixarem até o fundo, os capitalistas
se mobilizavam para a compra; por isso, era possível evitar a
maior queda, mas hoje em dia, que se acabaram tais grandes
aplicadores, as cotações desconhecem o fundo e deve-se
considerar que, para se recuperar, necessita-se de um período
bastante longo.

De qualquer maneira, em coisas como ações, devem ser


aplicados somente após ter bastante folga na finança, pois,
assim, não se abalará mesmo que abaixe o quanto abaixar.
Entretanto, geralmente as pessoas desejam aplicar uma grande
soma, apesar de não terem capacidade. Essa é que é a causa do
fracasso. Isto é, quando se adquirem ações, só se pensa em
valorização, não pensando na desvalorização. Isso que é o mau.
Isso não se limita às ações. Quando se planeja algo, deve se
175
Rokan – Alicerce do Paraíso

pensar no caso de insucesso, ao invés de sucesso. Isto é,


deliberar antecipadamente o procedimento no caso de insucesso.
Acerca disso, ouvi antigamente que o homem, seja em comércio
ou em qualquer outra atividade, não pode suicidar-se com eles,
que se deve trabalhar de uma maneira que a qualquer hora
possa afastar-se deles. Assim procedendo, de maneira nenhuma
terá mau êxito, e achei que é uma expressão que realmente tem
gosto.

No ano passado, eu escrevi sobre o mercado de ações


visto espiritualmente; então, desta vez, escrevi sobre o mercado
de ações visto materialmente, que é este texto.

Jornal Kyussei nº 48, 4 de fevereiro de 1950

176
Rokan – Alicerce do Paraíso

(S.AN/55) RESPEITE A ORDEM

Alicerce do Paraíso, pág. 441

O conhecido adágio "Deus é Ordem" deve ser lembrado


como algo que exerce vital importância sobre tudo que existe.

Em primeiro lugar, observando o movimento de todas as


coisas do Universo, verificamos que tudo se desenvolve dentro
de perfeita harmonia. Tomemos como exemplo as estações do
ano. Elas se repetem infalivelmente todos os anos, seguindo a
mesma ordem: primavera, verão, outono e inverno. As flores
desabrocham nesta seqüência: ameixeiras, cerejeiras, glicínias,
íris... Assim, a Natureza nos ensina a ordem. Se o homem a
desconhecer ou for indiferente a ela, nada lhe correrá bem. Os
obstáculos serão freqüentes, resultando em confusão. Até hoje,
no entanto, a maioria dos homens não tem respeitado a ordem, o
que se pode desculpar pelo fato de não ter havido quem lhes
ensinasse as más conseqüências desse desrespeito.

Vou expor, resumidamente, o que todos devem saber


sobre o tema em questão.

Todos os fenômenos do Mundo Material são reflexos do


Mundo Espiritual; ao mesmo tempo, os fenômenos do Mundo
Material também se refletem no Mundo Espiritual. A ordem é o
caminho e também a Lei. Perturbar a ordem significa desviar-se
do caminho; violar a Lei, é faltar à civilidade.

Na vida cotidiana, existem ordens que o homem deve


respeitar. Entre os membros de uma família, há diferenças de
comportamento. Para nos sentarmos numa sala, por exemplo,
devemos considerar como lugar de honra a parte mais elevada,
onde se colocam objetos de adorno; faltando essa parte, o lugar
de honra é o local mais afastado da entrada. Quando os
membros de uma família ocupam os devidos lugares, sentando-
177
Rokan – Alicerce do Paraíso

se o pai próximo ao lugar de honra, depois a mãe, o primogênito,


a primogênita, o segundo filho, a segunda filha, etc., cria-se um
ambiente harmonioso. O desrespeito à Lei não trará boas
conseqüências, mesmo num regime democrático.

Suponhamos uma ponte sobre um rio, a qual só dá


passagem para uma pessoa de cada vez. Se várias pessoas
tentarem atravessá-la ao mesmo tempo, haverá confusão e todos
se precipitarão no rio. É absolutamente necessário que as
pessoas atravessem uma de cada vez, ou seja, é preciso que
haja ordem.

Outro exemplo: quando recebemos visitas, as poltronas e


os lugares variam de acordo com o grau de amizade e posição, o
mesmo acontecendo com os cumprimentos. Se isso for
observado, tudo correrá em perfeita harmonia e não se causarão
impressões desagradáveis. Também há diferença de atitudes e
diálogos entre moços, velhos e crianças. O essencial é causar
sempre boa impressão ao próximo.

Em algumas famílias, os pais dormem no térreo,


reservando o andar de cima para os filhos e empregados. Isso é
um erro: nessas famílias, os filhos e os empregados tornar-se-ão
desobedientes. Também a esposa deixará de ser dócil e
submissa quando dormir mais próximo ao lugar de honra do que
o marido.

Falemos agora sobre as imagens religiosas.

Quem entroniza Deus ou Buda no térreo e dorme no andar


superior está colocando-os abaixo do homem. É preferível deixar
de entronizá-los, porque, além de impedir as graças, isso
constitui uma ofensa.

O mesmo se aplica ao Altar dos antepassados. Será uma


grave ofensa colocar os descendentes acima dos antepassados,
178
Rokan – Alicerce do Paraíso

pois os fenômenos terrestres se refletem no Mundo Espiritual,


destruindo a harmonia que deve ser mantida entre os dois
mundos.

Este princípio também se aplica ao país e à sociedade. O


maior problema é o conflito existente no setor industrial, entre
patrões e operários. A administração da produção efetuada por
estes últimos é o que há de mais reprovável, porque se afasta
completamente da ordem.

Exemplifiquemos com uma indústria. Para administrá-la e


desenvolvê-la, é preciso manter a ordem em tudo. O presidente
deve assumir a direção geral; os membros da diretoria devem
participar dos planos de maior importância; os técnicos se
ocuparão com sua especialidade; os operários se esforçarão
dentro do seu setor de trabalho. Se todos se unirem assim, em
forma de pirâmide, a empresa não deixará de prosperar. Todavia,
se a administração for efetuada pelos operários, a pirâmide virará
de cabeça para baixo, provocando, infalivelmente, a sua queda.
Desse modo, o conflito entre patrões e operários ocasiona a
destruição de ambas as classes, o que representa uma grande
tolice. É necessário, portanto, que a administração seja feita
pacificamente, através do entendimento entre as duas classes, e
respeitando-se a ordem. Não há outro meio para estabelecer a
felicidade de ambas.

Creio que o primeiro passo para a prosperidade consiste


em eliminar do mundo industrial a desagradável palavra
"conflito". O comunismo surgiu devido à administração
excessivamente egoísta dos capitalistas, que vinham explorando
a classe operária. Hoje, entretanto, ele caiu no extremismo, em
conseqüência das reações que causou no mundo industrial,
motivando o declínio das indústrias e da produção. Espero que
tomem consciência disso o quanto antes, que despertem para o
espírito de auxílio mútuo e se esforcem para a construção de um

179
Rokan – Alicerce do Paraíso

novo mundo. Eis o sentido das minhas palavras: "Respeite a


ordem."

A realização de atividades foi sempre conhecida pelo


termo "keirin" (administrar, gerir), o que, em última análise,
significa "girar a roda." Os líderes correspondem ao eixo de uma
roda. Quanto mais centralizado ele está, melhor ela gira. A
percepção do seu girar é pequena perto do eixo e vai
aumentando no sentido da periferia. Quanto mais afastado do
centro está o eixo, mais difícil é o girar da roda.

De acordo com o exposto, isso significa o seguinte: o


centro é ocupado por poucas pessoas; o número destas aumenta
à medida que a distância em relação ao centro vai se tornando
maior. O trabalho mais pesado, num automóvel, cabe aos pneus,
que constituem a parte externa e têm contato direto com o chão.
Por aí, devem perceber o que vem a ser a ordem. Portanto, para
que a empresa progrida, basta que os líderes permaneçam no
interior, trabalhando apenas com a inteligência e distribuindo as
ordens.

Coletânea Assuntos sobre fé, 5 de setembro de 1948

180
Rokan – Alicerce do Paraíso

(S.AN/56) O CARÁTER DEPENDENTE DOS JAPONESES

Alicerce do Paraíso, pág. 269

Nos japoneses da atualidade, nota-se uma característica


muito forte: sua dependência. Em maior escala, a nível de
governo, comércio e outros setores, eles estão na dependência
dos demais países. Também existe subsídio do governo para
diversos artigos de consumo e ajuda financeira do Banco do
Japão. Médios e pequenos empresários afirmam que irão à
falência se não obtiverem empréstimos bancários; algumas
pessoas dizem não lhes ser possível viver sem pedir dinheiro
emprestado a parentes e conhecidos; crianças não conseguem
estudar se não tiverem ajuda dos pais. Além disso, existem os
desempregados, viúvas, etc., que vivem na dependência da
ajuda do governo, dos serviços sociais e da assistência de
instituições. Onde quer que se observe, parece que nada é
possível sem a ajuda de terceiros; conseqüentemente, não
podemos deixar de ficar espantados com o caráter dependente
dos japoneses.

Somos forçados a admitir que a causa fundamental dessa


dependência é o fato de o Japão ainda não se ter libertado dos
fortes laços do feudalismo. Naquela época, a classe
predominante eram os samurais e os funcionários do governo; o
restante era a classe dos cidadãos em geral. Os mais graduados
viviam da pensão a eles concedida pelos senhores feudais; os
menos graduados - excetuando os patronais - embora
recebessem uma pequena quantia, tinham sua vida garantida
durante muitos anos. Caso, por exemplo, o empregado de uma
loja iniciasse uma atividade autônoma, era costume o patrão
permitir que ele usasse o nome da sua loja e até recomendasse
a uma parte da freguesia que comprasse na loja do ex-
empregado. Os operários não tinham direito de sociedade de
classe, como hoje, e por isso viviam à custa dos senhores
feudais ou da ajuda dos patrões mais ricos. Entre a maioria das
181
Rokan – Alicerce do Paraíso

pessoas, portanto, não havia independência nem igualdade. Elas


dependiam da ajuda dos mais poderosos e, logicamente, não
eram donas da sua própria vida. Uma vez que esta situação se
prolongou por vários séculos, é perfeitamente justificável a
dificuldade do povo em se libertar desse sentimento de
dependência.

No que se refere às mulheres, nenhuma trabalhava fora


como agora, mesmo que atingisse certa idade, de modo que elas
não tinham outra alternativa senão depender dos pais, e, uma
vez casadas, deviam prestar fidelidade absoluta à família do
marido até a morte. Além disso, desobedecer ao marido ou à
sogra era tido como trair os deveres de esposa, o que tornava a
situação muito mais difícil. As mulheres estavam, pois, numa
situação semelhante à de uma planta parasita, que não
consegue sobreviver senão se agarrar a algo bem forte.

Nos Estados Unidos, a situação é muito diferente.


Entende-se isto analisando a história de sua formação. No
começo do século XVII, centenas de puritanos da Inglaterra
emigraram para a América sem levar quase nada. Desbravaram
as montanhas e os campos desabitados e, com sacrifício e
esforço, conseguiram construir, em pouco mais de duzentos
anos, a nação civilizada que vemos atualmente. Por isso, é
natural que haja uma diferença tão grande entre o pensamento
dos americanos e o pensamento dos japoneses. Os americanos
não tinham em quem se apoiar, mesmo que quisessem; não
havia quem os ajudasse, além deles próprios. Por maiores que
fossem as dificuldades, só dependiam de si mesmos. O único
recurso era produzir algo a partir do nada, com a própria força. É
por esse motivo que sinto realmente uma grande admiração
pelos americanos.

Se o povo japonês, pelas críticas que tem sofrido,


pretende reconstruir este país, precisa, antes de tudo, seguir o
espírito desbravador do povo americano. Estou certo de que a
182
Rokan – Alicerce do Paraíso

introdução desse pensamento é muito mais eficaz que a


introdução de capital. É o método fundamental, pois está
baseado na Verdade de que o espírito domina a matéria.
Entretanto, podemos dizer que, entre os intelectuais do Japão,
quase ninguém percebe isso. Mesmo nos órgãos de
comunicação, o que se faz é incentivar o espírito de
dependência. Talvez eu esteja exagerando, mas essa
característica é própria dos pedintes acovardados, que compram
a compaixão das pessoas. Além disso, quando alguém não
atende suas exigências conforme eles desejam, os japoneses
reclamam, queixam-se, revoltam-se e, por fim, com a ajuda de
terceiros, tentam até derrubar esse alguém. Parecem não
perceber que, em conseqüência disso, também estão derrubando
a si próprios. Com efeito, não há tolice igual. Pode-se até dizer
que, com essa atitude, não só se torna difícil reconstruir o Japão,
mas até mesmo manter a situação atual.

Quase sempre fazem-se greves como único meio de


resolver os problemas existentes entre empregados e
empregadores. Talvez seja algo inevitável, mas, pensando bem,
o que pode acontecer é o seguinte: quanto mais se faz greve,
mais a empresa regride, e o resultado é a diminuição da receita
e, logicamente, do salário dos empregados. É o mesmo que a
pessoa apertar o seu próprio pescoço. Obviamente, tanto os
empregadores como os empregados têm por objetivo a
felicidade. Se é assim, não tem fundamento que um lado esteja
feliz e o outro infeliz. Uma vez que há uma relação de
reciprocidade entre ambos, se os empregados não fizerem os
empregadores lucrar, não receberão salários maiores. Não há
coisa tão simples quanto essa. Conseqüentemente, os
capitalistas estão errados em desejar lucros além do normal, e os
trabalhadores também estão errados em pensar apenas em seus
próprios benefícios. Além disso, quando se analisa
imparcialmente o mundo empresarial da atualidade, vê-se que,
na época anterior à guerra, os lucros dos capitalistas eram
exagerados e a economia nacional também tinha uma
183
Rokan – Alicerce do Paraíso

disponibilidade incomparável em relação à época


contemporânea. Mas qual é a situação atual? Poderíamos
afirmar que quase já não existem verdadeiros empresários e
capitalistas. Grandes grupos econômicos foram dissolvidos e a
maioria dos milionários foi à falência. Como desapareceram os
capitalistas e também os grandes proprietários de terras, que
eram os inimigos dos comunistas, é difícil, para estes, continuar
arquitetando suas lutas.

Quando se leva em conta essa situação, apesar de os


grandes capitalistas serem um tanto indesejáveis na conjuntura
atual, chega-se à conclusão de que, se não surgir um grande
número de médios capitalistas, será quase impossível pensar-se
no êxito dos empreendimentos. Esta é a necessidade imediata
para os dias atuais. Talvez seja por esse motivo que, no ano
passado, os Estados Unidos incentivaram o Japão a adotar a
política de capitalização dos recursos. E isto se torna ainda mais
evidente quando verificamos que, mesmo na União Soviética,
devido ao exagerado empenho inicial para derrubar os
capitalistas, os empreendimentos sofreram percalços e Stálin
utilizou-se da política da abertura de meios para a formação de
médios capitalistas.

Por esses exemplos, vemos que, no momento, é preciso


haver um sólido aperto de mão entre os trabalhadores e os
capitalistas japoneses, e não simples acordos. Somente assim
poderemos aspirar ao aumento da felicidade e do bem-estar dos
trabalhadores. Entretanto, é um terrível engano pensar que nada
pode ser resolvido a não ser através de lutas. Caso isto não seja
percebido, fatalmente haverá a auto-extinção não só dos
empregados como dos empregadores.

Raciocinando dessa forma, fica bem claro que o método


de fazer greves para resolver os problemas entre empregados e
capitalistas não passa de simples manifestação do espírito de
dependência, pois, se os empregados pedem aumento de salário
184
Rokan – Alicerce do Paraíso

aos capitalistas, é porque dependem deles. Se trabalhassem


dando o máximo de seu espírito de independência, os resultados
do seu trabalho seriam muito melhores e certamente os
capitalistas é que ficariam na sua dependência. Por conseguinte,
primeiro os empregados devem fazer com que os capitalistas
lucrem e, depois, exigir a justa distribuição dos lucros. Como isso
é o certo e o justo, logicamente os capitalistas não poderiam
recusar-se a atender às suas reivindicações. Seguindo-se essa
diretriz, a solução dos problemas entre trabalhadores e
capitalistas não seria tão difícil. Atualmente, porém, tenta-se
apenas obter a elevação dos salários, sem levar em conta as
dificuldades; portanto, só podemos julgar que está se tentando
forçar a situação.

Sintetizando, nesta oportunidade eu gostaria de alertar


que, para resolver esse problema, não há meio mais eficiente do
que eliminar de vez o espírito de dependência que caracteriza o
povo japonês.

Jornal Kyussei nº 55, 25 de março de 1950

185
Rokan – Alicerce do Paraíso

(S.AN/57) GANANCIOSOS SEM GANÂNCIA

Alicerce do Paraíso, pág. 428

Quando observo a sociedade atual, constato que existe


um grande número de gananciosos. Entretanto, embora possa
parecer estranho, não são pessoas verdadeiramente
gananciosas, porque buscam apenas o sucesso momentâneo,
não percebendo que mais tarde só terão prejuízos. Dizem
mentiras bem arquitetadas, mas, como a mentira é sempre
desmascarada, acabam perdendo totalmente a confiança dos
outros. Quanto mais hábil for o mentiroso, mais tempo levará
para ser descoberto. Por isso, durante algum tempo, ele pode
pensar que teve vantagens; no entanto, a verdade sempre vem à
tona. Criaturas assim enganam-se ao julgar que nunca serão
desmascaradas e por esse motivo não se corrigem, continuando
a enganar o próximo. Obviamente, são materialistas, não
acreditam na existência de Deus. Quando são descobertas, é o
seu fim: toda a confiança que nelas se depositava cairá por terra.
Com isso terão perdas incalculáveis, pois ninguém mais lhes
dará atenção.

Em tais ocasiões, fico com pena dessas pessoas e ponho-


me a pensar que, se elas tivessem agido honesta e corretamente
desde o início, agora seriam merecedoras de crédito e estariam
obtendo grandes lucros, ao invés das vantagens efêmeras que
tiveram. Com esse procedimento, elas mostram não ser
gananciosas de fato. A maioria dos indivíduos que está em
apuros por causa de dinheiro ou cujos empreendimentos não vão
bem, são pessoas gananciosas, mas do tipo sem ganância.

Quaisquer que sejam as circunstâncias, o homem deve


conquistar, em primeiro lugar, a confiança de todos. Não há
riqueza maior. Da riqueza chamada confiança surgem "juros"
sem limites, e mesmo que, socialmente, lhes faltem recursos, os
"ricos" desta ordem nunca ficarão em má situação. Por esse
186
Rokan – Alicerce do Paraíso

motivo, enquanto as pessoas não crerem na existência de Deus,


nada há de dar certo com elas. Para isso, só há um caminho: a
fé. Aqueles que a têm são possuidores de um tesouro sem
limites e, além de verdadeiramente felizes, são criaturas da
ganância mais autêntica.

Jornal Kyussei nº 49, 11 de fevereiro de 1950

187
Rokan – Alicerce do Paraíso

(S.AN/58) OS JAPONESES NÃO TÊM AMBIÇÃO

Alicerce do Paraíso, pág. 273

Sem dúvida, os leitores ficarão espantados se eu disser


que não existe um povo tão desprovido de ambição como os
japoneses. Entretanto, não posso deixar de dizê-lo, pois é a pura
verdade. Acontece simplesmente que a maioria das pessoas não
percebe isso.

Dando exemplos concretos, os japoneses da atualidade


quase não se interessam em ganhar a confiança do próximo.
Falam, sem a menor perturbação, mentiras que inevitavelmente
serão descobertas, ou que estão mais do que evidentes. E o pior:
mentiras que serão descobertas assim que eles virarem as
costas. Mais do que tudo, existem muitas pessoas que não
cumprem os horários combinados. Isso também constitui uma
mentira, mas, achando que é algo muito natural, qualquer pessoa
faz dessa prática uma rotina. Quando se vai fazer uma compra, o
vendedor e o comprador mentem um para o outro. Como o
vendedor não lucra se for muito honesto, talvez, até certo ponto,
a mentira seja inevitável, mas em geral elas são exageradas. Em
primeiro lugar, o tempo que os dois perdem nas negociações e
complicações burocráticas é insuportável; além do mais, um
perde a confiança no outro. Como o comprador pede desconto, o
vendedor aumenta o preço, e vice-versa. Tratando-se de
negócios de maior vulto, é preciso fazer-se ofertas e contra-
ofertas, durante meio dia ou um dia inteiro, havendo até os que
demoram dias ou meses. Assim, é um grande desperdício de
tempo e dinheiro para ambos os lados.

Dar exemplo de si próprio é meio constrangedor, mas,


quando vou fazer compras, sou do tipo que quase nunca pede
desconto. Só quando os artigos são espantosamente caros ou
quando percebo que vou ser enganado é que me vejo forçado a
regatear, porém é muito raro. Ajo assim porque, se eu
188
Rokan – Alicerce do Paraíso

pechinchar, não há dúvida de que o vendedor aumentará o preço


na próxima ocasião; aí eu vou pechinchar outra vez, e assim por
diante. Isso dá muito trabalho e só causa experiências
desagradáveis.

Os exemplos acima relacionam-se a compra e venda, mas


o mesmo parece ocorrer com os funcionários de órgãos públicos
e empresas privadas. Querendo subir rápido na vida, eles
gostam de mostrar suas realizações, de contar seus feitos para
todos e de se apresentar como benfeitores. Acham-se espertos
por agirem dessa maneira, mas, como seus chefes têm
percepção mais aguda, acabam descobrindo a verdade e
pensando: "Este indivíduo mostra-se bom diante dos superiores,
mas não deve ser leal de coração". Assim, tais pessoas não se
tornam dignas de confiança. Os empresários, por sua vez,
gostam de mostrar que têm dinheiro, quando na realidade não o
têm; querem mostrar que têm apoios poderosos atrás de si e
anunciar que seus empreendimentos são muitíssimo vantajosos.
Entretanto, ainda que eles triunfem momentaneamente, estas
artimanhas nunca dão bons resultados.

O que acabamos de dizer também se aplica,


freqüentemente, à propaganda feita pelos padrinhos de
casamento. Quando alguém apresenta o proponente de
casamento e o elogia além do que ele merece, mesmo que o
casamento fique acertado, será um desastre, antes ou depois de
realizado. Além disso, os noivos e seus familiares serão
prejudicados, e o padrinho ou a pessoa que serviu de
intermediário daí por diante não será merecedor de confiança.
Muitas vezes, também, acontece de ser feita uma intensa
propaganda de remédios e cosméticos que, por um momento,
são muito bem vendidos, mas que acabam não tendo mais saída,
por seus efeitos não corresponderem à propaganda.

Os exemplos são tão numerosos que parecem não ter fim.


Resumindo, em todos os nossos empreendimentos a confiança
189
Rokan – Alicerce do Paraíso

deve estar em primeiro plano. Se perdermos a confiança dos


outros, será o nosso fim. Ainda que façamos tudo com perfeição,
nada dará certo. Será o mesmo que tentar encher uma peneira
com água. Todavia, parece que pouquíssimas pessoas
percebem isso. Muitas, embora julguem ter feito algo com
inteligência, visando grandes lucros, acabam perdendo a
confiança do próximo. Perdem todo o seu trabalho, restando-lhes
apenas o cansaço. Quem age dessa maneira não possui
ambição. Portanto, se agirmos honestamente, sem mentir, nos
tornaremos pessoas de quem todos dirão: "O que essa pessoa
diz não tem erro. Tratando-se dela, posso ter absoluta
confiança". Assim, é lógico que ganharemos dinheiro, subiremos
na vida e seremos amados e respeitados pelos outros. Esse tipo
de pessoa é que tem verdadeira e profunda ambição. Aliás, eu
sempre costumo dizer que o homem deve ter grandes ambições,
mas a ambição de bens eternos, e não de bens momentâneos.

Jornal Eiko nº 76, 1º de novembro de 1950

190
Rokan – Alicerce do Paraíso

(S.AN/59) FÉ E GREVE

O problema do momento que mais ameaça o povo


certamente é a greve dos carvoneiros e dos eletricitários. Na
tentativa de solucioná-la, o governo e membros veteranos do
congresso formulam planos de solução esforçando-se ao
máximo, mas tanto um como outro se mostram irredutíveis e não
se caminha facilmente para a solução. Os primeiros estão
paralisados há mais de 50 dias e os segundos há mais de 70
dias, e mesmo assim não se vê nenhuma luz para a sua solução,
o que é um problema. Os prejuízos que a nação sofre
diretamente por causa disso superam centenas de milhões de
ienes, de modo que se forem acrescidos os prejuízos indiretos,
os números atingem somas assustadoras.

Nem é preciso pensar muito aonde está a causa disso. Os


trabalhadores querem aumentar tanto quanto possível os seus
rendimentos e os empresários tentam diminui-los ao máximo e
nem é preciso dizer que o choque da ganância de ambos é que
deixou a situação no pé em que se encontra. Por causa disso,
grande número da população é sacrificado e sofre as
conseqüências. E eles fecham os olhos para esses fatos, o que é
imperdoável. Ou seja, seu pensamento é inteiramente egoísta,
não se importando com o problema dos outros, contanto que eles
próprios estejam bem. Se é assim, mesmo que cedo ou tarde
esse problema venha a ser solucionado, um dia, com certeza irá
acontecer novamente, de modo que qualquer pessoa quer logo
dar um fim a um problema tão desagradável como esse. Mas,
afinal, existe algum método radical para isso? Quero dizer que
existe e muito. E qual é? Obviamente é o cultivo do sentimento
religioso, e afirmo que não existe absolutamente outra solução
além dele. No entanto, atualmente, seja qual for o problema,
todos se empenham unicamente em métodos que não pertencem
à fé, de modo que erram o alvo. Por isso mesmo que surtam
efeitos serão apenas paliativos, havendo reincidência algum dia.
É exatamente como acontece com a Medicina. Dessa forma,
191
Rokan – Alicerce do Paraíso

tanto o governo como os jornalistas e os que se encontram na


classe dirigente não dão a menor importância à fé e tentam
solucionar a coisa somente com métodos materialistas e, por
isso, não há palavras que expressem a sua ignorância.

Assim, tentemos pensar como ficará a coisa, supondo que


os trabalhadores e os.empresários formem, como eu mesmo
disse, uma maioria de pessoas de fé. Obviamente o princípio da
fé é o altruísmo e, por isso, os trabalhadores se empenharão com
sinceridade, pensando no lucro dos empresários, e estes
também pensarão ao máximo no bem-estar dos trabalhadores,
de modo que o fruto da coexistência e prosperidade mútua irá
crescer e as vantagens de ambos serão feitas animadamente;
assim, renderá mais e, naturalmente, o custo será reduzido e os
negócios irão prosperar. Além disso, a parte de exportação se
intensificará de modo que a economia nacional também irá
melhorar bastante, os impostos irão diminuir, e a vida será mais
fácil, é claro. Por isso irão diminuir as doenças e os criminosos e
tudo o mais irá melhorar, sendo que a reconstrução do Japão
será fácil. Como resultado, será determinante que o Japão seja
estimado por todos os países do mundo como nação pacífica-
modelo.

Essas coisas, semelhantes a conto de fadas, não são


difíceis, são até fáceis, o que dá para se entender mesmo pelo
senso comum. E o fundamento disso se concretizar depende
apenas da forma como é direcionado o sentimento, de modo que
o mais importante é a prática. Sendo assim, essa tese sim não
constituiria uma maravilhosa boa-nova? Então, por que, até hoje,
uma coisa tão simples assim não era compreendida? Por causa
do caráter selvagem que habita o sentimento do ser humano.
Pois a humanidade se orgulha dizendo estar civilizada, mas
apenas na embalagem, e o conteúdo é como disse acima, de
modo que os conflitos não cessam. E o caráter selvagem, nem é
preciso dizer, é o caráter animal, é a natureza do animal feroz
que, tentando roubar um pedaço de carne, range os dentes, afia
192
Rokan – Alicerce do Paraíso

as presas e parte para a briga. Por isso, talvez seja até uma
expressão extremista, mas no homem contemporâneo ainda
resta uma parcela desse caráter animal escondido debaixo do
seu lado cultural. Existe um adágio que diz: "Cara de homem e
coração de animal" e mesmo nos dias civilizados de hoje, isso
permanece como era.

Por conseguinte, para acabar de verdade com as greves


na sociedade, é preciso, a qualquer custo, eliminar o caráter
animal através da religião, e não existe outro método
fundamental. Nesse sentido, o princípio da nossa Igreja
Messiânica Mundial é eliminar o caráter animal do ser humano, e
pode-se dizer que isso sim constitui um empreendimento cultural
ideal. Entretanto, as pessoas que desconhecem essa verdade
dão a coisa por encerrado sem ao menos analisar o conteúdo da
nossa religião, colocando-a como superstição. Por isso, elas são
os cegos ou não sei o quê que agradecem a cultura tradicional
errada. Estou escrevendo um livro a esse respeito, e como já
disse, ele descarta a civilização feita somente de aparência e
pobre de conteúdo e indica a idéia do projeto da verdadeira
civilização que conseqüentemente irá nascer. Por isso, quando
ele for concluído, pretendo fazer com que seja lido por todas as
pessoas conscientes do mundo inteiro, objetivando iluminá-las
bastante.

Jornal Eiko nº 187, 17 de dezembro de 1952

193
Rokan – Alicerce do Paraíso

(S.AN/60) RELATÓRIO SOBRE PROBLEMAS TRABALHISTAS

Atualmente, eu estou construindo o modelo do Paraíso


Terrestre nas terras pitorescas de Hakone e de Atami. E mais de
cem trabalhadores estão se ocupando nelas. Entre eles, cerca da
metade são fiéis e metade não-fiéis. Obviamente os fiéis
trabalham por dedicação e por isso não são remunerados, o
rendimento de seu trabalho é bastante elevado e estão
trabalhando a sério a ponto de nos comover. A jornada de
trabalho é de dois tipos: uma de 10 em 10 dias e outra de mês
em mês. Entretanto, aqui me deterei aos trabalhadores
remunerados, excetuando-se os fiéis.

Essa construção está sendo realizada inteiramente pelo


meu projeto e elaboração. Desde o plano da obra até a
colocação de uma árvore, erva ou pedra do jardim, nada é feito
sem a minha orientação. Com isso, não estou querendo ostentar
minha capacidade, mas sem expor isso, seria impossível
escrever este texto.

Já há alguns anos, eu passo 4 meses em Hakone e 8


meses em Atami durante o ano, e além dos serviços ligados aos
diversos setores religiosos, estou me ocupando da administração
da construção e, por isso, sempre estou ausente, ou de Hakone
ou de Atami. Durante a minha ausência chego a ir uma ou duas
vezes, mas volta e meia não vou nenhuma vez. Obviamente nas
duas vezes que vou fazer a mudança, deixo a orientação do
projeto de 4 meses de um e o outro de 8 meses com o
encarregado e, ao mesmo tempo, dou ordens aos meus
subordinados, e peço que me façam relatórios do andamento da
obra durante a minha ausência e, com isso, oriento e comunico
os novos projetos. A esse respeito, gostaria de expor a situação
de um novo tratamento para com os trabalhadores, que tenho
experimentado.

194
Rokan – Alicerce do Paraíso

Os tipos de trabalho, nem é preciso dizer, são todos


relacionados à construção de alvenaria e de marcenaria e, em
cada grupo, designei um encarregado, e a obra é realizada
conforme a sua vontade. Minha diretriz é o liberalismo total. Por
exemplo: não há horário estabelecido para entrada e nem para a
saída do serviço. Isto porque não adotamos, em absoluto, o
sistema de contratos, e até o encarregado não precisa interferir
na capacidade de trabalho dos empregados que estão
subordinados a ele. Por conseguinte, os empregados se ocupam
no trabalho por vontade própria. Em termos mais
compreensíveis, é como se estivessem fazendo um trabalho que
é deles mesmos e o fazem com prazer. Por esse motivo, até os
empregados novos que agiam para manter as aparências, como
normalmente acontece na sociedade, pouco a pouco vão
adquirindo o sentimento de estar construindo algo que é deles
mesmos.

Dessa forma, não há clima de insatisfações. Todos estão


contentes e nem querem saber de problemas trabalhistas. E
vendo o trabalho deles, observamos que estão cheios de vontade
de fazer o melhor, e de modo a que fique do meu agrado e, por
isso, o resultado do serviço é tão excelente que não se encontra
igual em outra parte da sociedade, sem falar que de acordo com
a necessidade eles ficam trabalhando até à noite, com as luzes
acesas - é o que vejo freqüentemente.

O meu princípio é o de lidar com o ser humano como se


ele não fosse negligente e não trapaceasse. Obviamente isso
não acontece apenas no que se refere ao tratamento com os
trabalhadores. Trato todos os meus subordinados com o
pensamento de que o ser humano é honesto e não pratica
fraudes, por isso tanto eu como eles nos sentimos bem e
estamos repletos de disposição. Por conseguinte, se quiser, a
pessoa consegue trapacear quanto quiser. Isso acontece
também porque a maioria é religiosa, mas o que sempre penso é
quão agradável seria o mundo se toda a sociedade, tanto os que
195
Rokan – Alicerce do Paraíso

estão em cima, como os que estão embaixo, tivesse um


relacionamento como o que eu tenho, e obviamente o serviço
seria muito mais produtivo.

Essa é a relação do trabalhador e empregador no Mundo


de Miroku, e eu a estou executando de forma experimental no
momento, apresentando, aqui, seus resultados. E ficaria muito
feliz se servisse de alguma referência para os ensurdecedores
problemas trabalhistas da atualidade.

Jornal Hikari nº 40, 17 de dezembro de 1949

196
Rokan – Alicerce do Paraíso

(S.AN/61) COMO SOLUCIONAR A ESCASSEZ DE


ALIMENTOS ESSENCIAIS

A inflação com a qual o povo veio sofrendo durante longo


tempo parece estar quase que acabada e, de fato, o seu
aumento foi cortado, mas a sua substância não aparece de forma
visível. Todos continuam sofrendo com o aumento dos preços.
Isso é evidente se considerarmos que eles continuam superior a
cem vezes maiores que antes da guerra.

Quando analisamos a causa da dificuldade da queda dos


preços, vemos que o mais intenso é o alto preço da mão-de-obra.
Em qualquer empreendimento, vemos que o material decaiu
bastante no preço, e só a mão-de-obra não parece mostrar
tendências de cair. Sendo assim, nem é preciso pensar para se
saber a causa disso: o fato de não cair o preço dos alimentos. A
causa, obviamente, é a falta do alimento principal, mas isso
acontece porque a situação atual está num estado em que não
dá para ficar sem importar grande quantidade, o que também à
inevitável. Por conseguinte, para planejar verdadeiramente
vencer a inflação e estabilizar os preços, é óbvio que necessário
se faz ter auto-suficiência na alimentação, o suficiente para se
alimentar a população, e o problema é unicamente o de
aumentar a produção do alimento principal.

Nesse sentido, a questão é o que fazer para aumentar a


produção do alimento principal. O que responde a isso é o cultivo
sem fertilizantes pregado pela nossa Igreja. E pelos relatórios de
exemplos reais da possibilidade de aumento de 50% na
produção, poderão saber como ele é preciso. Por conseguinte,
sem dúvida alguma é preciso que todas as pessoas relacionadas
ao setor agrícola do país passem a praticá-lo o quanto antes.
Uma vez que com isso é possível vencer a inflação, é
incalculável como isso será útil para a estabilidade financeira, e
também para o desaparecimento da insegurança social em
nosso país.
Jornal Hikari nº 46, 21 de janeiro de 1950
197
Rokan – Alicerce do Paraíso

CAPÍTULO IV — EDUCAÇÃO

(S.AN/62) ATEÍSMO É SUPERSTIÇÃO

Alicerce do Paraíso,pág. 201

O problema do suborno de funcionários públicos tem


ocupado os noticiários jornalísticos. Surge um caso após o outro
e parece que a coisa não tem fim. Isto nos mostra que o serviço
público está completamente corrompido. Assemelha-se a um
sifilítico purulento em terceiro grau. Jamais vi, até hoje, tanta
corrupção. A polícia estuda novos meios para prevenir o
problema, mas não encontra solução, embora venha aplicando
severamente os recursos legais. Todas as medidas revelam-se
provisórias, pois não se conhece a raiz do mal, e por isso é
impossível evitar que surjam problemas dessa espécie.

Dentro da mesma ordem de fatos, temos os


aproveitadores dos serviços públicos, cujas atividades obscuras
vêm se tornando notórias nos últimos tempos. Tais indivíduos
convidam funcionários para reuniões em restaurantes ou casas
noturnas e, após oferecer-lhes magníficas recepções,
conseguem concluir negócios altamente vantajosos para si
próprios. Desse modo, enfraquecem todas as resistências. As
despesas que isso acarreta são geralmente consideráveis, e é o
povo que vai pagá-las através do aumento do preço das
mercadorias e dos impostos.

O problema em questão exige solução radical e urgente.


Infelizmente, nada poderá ser feito enquanto a polícia e os
especialistas ignorarem as causas do fato. Vou sugerir um meio
infalível para solucioná-lo.

De início, parece-nos contraditório que pessoas de cultura


superior ou, pelo menos, de nível médio, cometam crimes.
Entretanto, o povo se engana, julgando que os homens mais
198
Rokan – Alicerce do Paraíso

instruídos sejam incapazes de praticá-los. Talvez o homem culto


não use métodos violentos, mas recorre às sutilezas da
inteligência. Conseqüentemente, seus delitos serão mais graves,
pois ele exerce maior influência social. E qual é o motivo que o
leva à prática de crimes revoltantes?

A causa principal é uma falha psicológica: sua visão


materialista, que o faz crer no êxito da ação culposa executada
com habilidade, às ocultas, sem o testemunho de outrem.
Acontece, porém, que, quando menos se espera, o crime é
descoberto. Então, o culpado se surpreende e se põe a pensar.
O que se passa em seu íntimo deve ser mais ou menos o
seguinte: "Infelizmente fui descoberto, apesar de minha
habilidade. Conhecendo a lei como conheço, não deixei
nenhuma pista. Como vieram a saber? É inútil ficar me
lamentando. Farei o possível para fugir às conseqüências e, da
próxima vez, serei mais esperto." Esta é a tendência geral. Há,
também, os que caem em si e refletem: "Eu não devia ter burlado
a lei. Vou cumprir a pena e me regenerar." Entretanto, com o
decorrer do tempo, tal decisão poderá enfraquecer e o culpado
reincidir no erro. Isso acontece porque ele não crê em Deus.

O único meio de resolver estes problemas é a Fé. É


através dela que vislumbramos a existência de Deus. Creio na
força da Fé para resolver tais casos, porque a psicologia do
delinqüente se baseia na convicção de que Deus não existe.
Quase todos eles acreditam que, acima da Terra, existe apenas
o ar, e mais nada. É um conceito simplista. Além disso, julgam-
nos supersticiosos, por crermos num Deus invisível. Embora
crentes, não somos nós os supersticiosos. Só há uma perigosa
superstição: a do ateísmo, que se oculta sob a obstinada
negação da existência de Deus. Os ateus merecem realmente
piedade. Se destruirmos a base da psicologia do criminoso - a
descrença em Deus - teremos solucionado o problema.

199
Rokan – Alicerce do Paraíso

Mas por que tantos homens da atualidade caíram nas


garras desse fanatismo? O fato se deve à educação materialista
que desde o berço lhes veio sendo ministrada. Nossa missão é
convertê-los, isto é, reeducá-los. Não há outro meio para formar
cidadãos honestos. Se os políticos e educadores não tomarem
consciência da base do problema, tudo o mais que fizermos será
provisório. É nossa tarefa fazer os delinqüentes compreenderem
que, embora ocultem seus crimes aos olhos do mundo, jamais
poderão enganar a Deus.

Jornal Eiko nº 134, 12 de dezembro de 1951

200
Rokan – Alicerce do Paraíso

(S.AN/63) MATERIALISMO E ESPIRITUALISMO

Alicerce do Paraíso, pág. 46

A maioria dos comentários que fazem sobre a nossa Igreja


é que se trata de uma religião supersticiosa. Mas qual a razão
dessa afirmativa? A verdade é que o ponto de vista daqueles que
tecem tais comentários difere do nosso. Eles analisam as
questões espirituais tomando por base a matéria. Material, como
o próprio nome está indicando, é aquilo que podemos perceber
claramente através da visão ou dos demais sentidos, e por isso
qualquer pessoa consegue compreender. O espírito, todavia, não
é visível, conseqüentemente torna-se fácil negar a sua
existência. Assim, se fizermos uma simples comparação,
teremos de concordar que o espiritualismo encontra-se em
situação desvantajosa em relação ao materialismo.

A visão materialista está limitada pelos cinco sentidos;


tem, portanto, uma existência pequena, ao passo que a visão
espiritualista não tem limites. É como se fosse o tamanho da
Terra comparado com o tamanho do Universo, que é um espaço
sem fim. Daqui onde estou só consigo ver até o Monte Fuji, e
olhe lá... Não passam de algumas dezenas de quilômetros. O
pensamento, entretanto, que não podemos ver, num instante
pode estender-se até o infinito. Diante dele, a imensidão da Terra
é insignificante. É como se a visão espiritualista fosse o oceano,
e a visão materialista fosse o navio que nele flutua. Baseados
nisso, podemos comparar o materialismo com o macaco
Songoku, o qual, tentando fugir dos domínios espirituais de Buda,
percorreu milhares de milhas, mas, quando percebeu, ainda
estava na palma da mão de Buda, e se arrependeu do que fizera.
Entre outros conceitos espiritualistas sobre o materialismo,
podemos citar: "Tudo é nada", "Tudo que nasce está condenado
à extinção" e "Todo encontro está fadado à separação", de
Sakyamuni, ou, segundo o zen-budismo: "As coisas que
possuem forma infalivelmente desaparecerão".
201
Rokan – Alicerce do Paraíso

Pela exposição acima, acredito que entenderam como


está errado analisar as coisas espirituais do ponto de vista da
matéria, pois esta é finita, enquanto aquelas têm vida eterna e
são infinitas. É a mesma coisa que querer colocar um elefante
dentro de um pote ou ver todo o céu através de um orifício, ou
seja, é ter uma visão limitada das coisas.

Materialistas! Depois de conhecerem esta verdade, ainda


têm algo a dizer? Pensem no que farão!

Jornal Hikari nº 4, 8 de abril de 1949

202
Rokan – Alicerce do Paraíso

(S.AN/64) É O SER HUMANO UMA MATÉRIA?

A idéia de ver o homem como matéria é que gera o


assaltante assassino e a guerra. Pois se é matéria, é igual a um
nabo ou batata. Realmente, pois, é temível. Esta idéia de ver o
homem como matéria é que é o materialismo. Por isso, mesmo
que se esforçassem o quanto possível para acabar com os
crimes ou iniciassem um movimento para a paz, deixando essa
ideologia materialística de lado, seria como bater um prego em
farelo, não passando de uma oração vazia. Entenderam?

Jornal Hikari, nº 22, 13 de agosto de 1949

203
Rokan – Alicerce do Paraíso

(S.AN/65) A INSTRUÇÃO PREMATURA É PREJUDICIAL

Alicerce do Paraíso, pág.303

Talvez achem paradoxal eu falar que o homem da


atualidade desenvolveu sua inteligência, mas prejudicou sua
capacidade intelectual. O que eu quero dizer, no entanto, é que
aumentaram as pessoas de inteligência limitada, superficial, ágil,
e diminuíram as pessoas gabaritadas, dotadas de inteligência
profunda.

Mas por que será que isso acontece? Segundo minhas


observações, é uma conseqüência da instrução efetuada antes
do tempo apropriado. A instrução prematura é maléfica porque se
incutem conhecimentos sem que a mente esteja suficientemente
desenvolvida, isto é, há um desequilíbrio entre as noções
transmitidas e o desenvolvimento psicofísico. Em verdade, o
homem tem que utilizar o corpo e a mente de acordo com sua
idade. Dar a uma criança de sete ou oito anos um trabalho
mental apropriado a um jovem de quinze ou dezesseis é uma
tarefa excessivamente pesada. Qual será o resultado disso? Vou
mostrá-lo através de um exemplo.

Quando eu estava no curso primário (entre sete e onze


anos), quis aprender judô, mas disseram-me que antes dos
quinze eu não poderia fazê-lo. Como eu perguntasse o motivo,
responderam-me que, se a pessoa praticar judô ou qualquer
outro esporte inadequadamente, poderá prejudicar seu
crescimento e desenvolvimento. Naturalmente eles param por
causa do excesso de esforço físico. Da mesma forma, no ensino
atual, acha-se que é bom uma criança de doze ou treze anos
fazer o que um adulto faz. Realmente, durante algum tempo, a
capacidade intelectiva se desenvolve com grande rapidez, e por
isso a instrução pode parecer boa, mas não há um
desenvolvimento em profundidade, formando-se adultos com
capacidade intelectiva inadequada e sem uma lógica profunda.
204
Rokan – Alicerce do Paraíso

Na realidade, no Japão também está diminuindo cada vez


mais o número de "grandes" políticos. Portanto, os que estão
ligados à Educação 1 devem pensar bastante sobre esse
problema.

Jornal Hikari nº 16, 2 de julho de 1949

1
EDUCAÇÃO: É um processo de desenvolvimento integral da personalidade.
INSTRUÇÃO: É um processo através do qual se eleva o desenvolvimento do conhecimento
205
Rokan – Alicerce do Paraíso

(S.AN/66) INADEQUAÇÃO DO ESTUDO

Alicerce do Paraíso, pág.54

Costumamos referir-nos ao estudo como se só houvesse


uma modalidade. Entretanto, existe o estudo vivo e o estudo
morto. Parece estranho, mas vou esclarecer o que isso significa.
Aprender por aprender é estudo morto, enquanto aprender algo
para ser utilizado na sociedade é estudo vivo. O estudo para
pesquisar a Verdade é diferente, e muito importante. Mas
vejamos, em primeiro lugar, o que é estudo.

Atualmente, nas escolas primárias, secundárias e


superiores, utilizam-se os livros didáticos, ou melhor, a teoria,
como linha vertical; o que é ensinado pelo professor, constitui a
linha horizontal. Esse método de ensino foi elaborado após
grandes esforços e inúmeras experiências feitas por didatas.
Logicamente, novas descobertas e novas teorias surgiram e
desapareceram; algumas surgiram e foram ultrapassadas por
outras mais recentes, as quais aproveitaram daquelas apenas o
que tinha validade para ser incorporado. Aquilo que em outra
época era considerado verdade e respeitado como regra de ouro
foi desaparecendo sem deixar nenhum vestígio, na medida em
que aparecia algo que o superava. Existem, contudo, algumas
teorias descobertas que se mantêm vivas até hoje, concorrendo
para tornar a sociedade mais feliz.

É o tempo que determina o valor de todas as coisas. Por


esse motivo, embora tenhamos plena certeza de que uma teoria
seja absolutamente verdadeira, inalterável e eterna, não
podemos saber quando aparecerá outra que a destrua, nem
quem o fará. Vários exemplos podem ser citados, desde tempos
antigos. Quando aparecem novas descobertas, é natural que
elas não se encaixem nos moldes das tradicionais; quanto menos
se encaixam, maiores são os seus valores. Resumindo, é uma
ruptura das formas enraizadas; na medida em que for mais
206
Rokan – Alicerce do Paraíso

intensa, maior a sua validade. Desse modo, é evidente que as


velhas teorias são afastadas devido ao aparecimento de teorias
novas, superiores a elas. Se a verdade em que acreditávamos é
ultrapassada, é porque surgiu outra de maior Luz. É assim que
se processa o desenvolvimento cultural.

Analisemos mais profundamente. O ensino tradicional foi


sedimentando-se através dos anos, mas o progresso cultural faz
com que ele se dissocie dessa forma estática numa rapidez
incrível. Um dia destes, ouvi do presidente de uma empresa o
seguinte comentário: "Embora seja muito inteligente, uma pessoa
que saiu da universidade há mais de dez anos não consegue
situar-se, em face dos problemas reais do presente. Isso
acontece por não haver correspondência entre o que ela
aprendeu naquela época e o tempo atual, especialmente no que
se refere aos técnicos." Essas palavras vêm ao encontro daquilo
que eu explanava, porque, pela sua própria natureza, os
conteúdos das matérias estudadas devem se referir à época do
estudo, mas, se eles não acompanharem o progresso cultural,
fatalmente o estudo perderá sua validade. Exemplifiquemos.

Dizem que os políticos contemporâneos tornaram-se muito


"pequenos", o que significa dizer que é difícil encontrar políticos
de grande envergadura. Os ministros de hoje não são nada
hábeis; o máximo que eles conseguem é resolver problemas do
momento. Isso ocorre porque, na atualidade, os estadistas de
nível ministerial são formados pelas Universidades Federais e
deixam-se levar facilmente pelas velhas teorias aprendidas.
Racionais em tudo, eles não sabem que existe algo além da
lógica. É a mesma coisa que utilizar o cavalo como meio de
transporte numa rodovia, ou aprender a dirigir charrete ao invés
de carro.

O estudo destina-se ao desenvolvimento do cérebro


humano. É para edificar uma base, como se fosse o alicerce de
uma casa. Sobre essa base, precisamos fazer uma nova
207
Rokan – Alicerce do Paraíso

construção, ou seja, utilizar o estudo, desenvolvê-lo e com ele


criar coisas novas. Isso significa ajustar os passos ao contínuo
progresso cultural. E não é só isso. O verdadeiro estudo vivo é
aquele que avança ainda mais, desempenhando a função de
orientar a cultura. Recentemente, o presidente Truman, dos
Estados Unidos, declarou que, por volta de 1921, ele era um
simples comerciante de variedades. Não se pode imaginar o
quanto lhe foi benéfica essa experiência na realidade social.

Há mais de dez anos, proclamei uma nova teoria


relacionada com a Medicina; tão logo, porém, eu a publiquei em
livro, este foi apreendido. Como isso aconteceu três vezes, sem
que eu pudesse fazer nada, desisti. O motivo da apreensão é
que a minha tese é contrária aos princípios da Medicina atual.
Em relação à porcentagem de curas alcançadas por meio desta,
os efetivos resultados obtidos através do meu método
comprovam que ele é dez vezes mais eficaz. Além disso, não se
trata de cura temporária, mas definitiva. O que estou dizendo
constitui a pura verdade, sem o mínimo alarde. No prefácio do
livro, eu até escrevi: "Estou pronto para comprová-lo a qualquer
hora." Entretanto, como as autoridades e os especialistas não
deram a mínima atenção, nada mais pude fazer.

O objetivo da Medicina é curar os doentes, preservar a


saúde do homem e prolongar-lhe a vida. Que objetivo poderia ter
além deste? Por mais que se preguem teorias, que se
aperfeiçoem instalações e que haja aparelhagens
supersofisticadas, tudo isso será inútil se não corresponder ao
referido objetivo. Baseadas apenas na diferença entre a minha
teoria e as da medicina tradicional, as autoridades e os
especialistas ignoraram-na sem ao menos tentar discuti-la,
revelando-se, portanto, verdadeiros traidores do progresso da
cultura. Como os governantes são crédulos e não levantam
nenhuma dúvida, só posso dizer que os homens de hoje não
passam de ovelhas indefesas.

208
Rokan – Alicerce do Paraíso

Mas qual será a finalidade da minha arrojada teoria? Eu


não sou nenhum louco. Se não tivesse absoluta certeza da sua
veracidade, não faria tanto empenho em divulgá-la.

Na Medicina, tão orgulhosa do progresso que alcançou, eu


descobri uma grande falha. Entre as grandes descobertas
efetuadas até o presente, nenhuma se compara à descoberta
que eu fiz, porque ela é de importância radical para a solução de
todos os problemas relacionados à vida humana. Enquanto os
homens não despertarem para essa grande falha, as doenças
jamais serão eliminadas. Prevejo, entretanto, que, num futuro
próximo, quando a Medicina alcançar um progresso maior, minha
teoria será confirmada.

Voltando nossa atenção para a sociedade, todos nós


poderemos ver como é elevado o número de criaturas que estão
sofrendo, acometidas de doenças graves ocasionadas pela
medicina errada. Diante disso, não podemos ficar tranqüilos. No
momento, porém, nada nos resta fazer senão orar: "Ó Deus,
Todo-Poderoso! Fazei, por favor, com que a Medicina abra os
olhos, o quanto antes, para as suas falhas e, assim, torne
saudáveis todos os homens!"

Coletânea Série Jikan volume 12, 30 de janeiro de 1950

209
Rokan – Alicerce do Paraíso

(S.AN/67) O MAU COMPORTAMENTO DOS FILHOS

Alicerce do Paraíso, pág. 305

Atualmente, o mau comportamento das crianças é


considerado um problema social, mas parece-me que ainda não
lhe foi atribuída nenhuma solução adequada. As variadas teorias
preventivas ainda são muito superficiais, e é extremamente
lamentável que nenhuma delas toque no âmago da questão. Vou
mostrar o método que eu acredito ser a prevenção absoluta.

Antes de mais nada, é preciso deixar bem clara a causa


fundamental do problema. Para isso, temos de pensar na relação
entre pais e filhos. Em termos mais claros, se o pai é o tronco da
árvore, o filho é o ramo; por conseguinte, tomar medidas para
não deixar apodrecer o ramo, mas esquecer-se de cuidar do
tronco, assemelha-se a colocar o carro na frente dos bois. A
condição básica para solucionar o problema é ter plena
consciência de que a causa do mau comportamento dos filhos
está nos pais.

Em primeiro lugar, façamos uma análise espiritual.

Como sempre digo, os pais e os filhos estão ligados por


um elo espiritual. Conseqüentemente, se houver máculas no
espírito dos pais, através desse elo o espírito dos filhos também
ficará maculado. Esta é a causa do seu mau comportamento.
Sendo assim, o método para evitar a delinqüência infantil é fazer
com que o espírito da criança não adquira máculas. Para isso, é
preciso, em primeiro lugar, fazer com que o espírito dos pais não
fique maculado. Ignorando esse princípio, os pais têm
preconceitos errados e, sem saber, cometem pecados que dão
origem a máculas, as quais se refletem nos filhos. Portanto, é
necessário que eles pensem constantemente no bem e tenham
um comportamento correto, preocupando-se sempre em elevar o

210
Rokan – Alicerce do Paraíso

seu próprio caráter. Este é o único método eficiente; não existe


outro.

A interpretação acima baseia-se no aspecto espiritual.


Agora vou explicar materialmente.

Como todos sabem, os filhos aprendem com os pais e


procuram imitá-los. Por isso, quando os pais pensam no que não
é correto ou praticam o que não é bom, por mais habilmente que
o escondam, é certo que um dia os filhos ficarão sabendo, uma
vez que moram sob o mesmo teto. Então, é óbvio que a criança
pense assim: "Se nossos pais fazem isso, que mal há em que
nós façamos também ?"

Em síntese, não é errado dizer que o mau comportamento


dos filhos é uma conseqüência do mau comportamento dos pais.
Por conseguinte, não passa de uma forma para desmascarar a
corrupção destes.

Pessoas que têm filhos! Saboreiem bem esta tese e, se


desejam que eles sejam bons, tornem-se bons pais primeiro.

Jornal Kyussei nº 59, 22 de abril de 1950

211
Rokan – Alicerce do Paraíso

(S.AN/68) ELIMINAÇÃO DO MAL

Alicerce do Paraíso, pág. 231

Que é o Mal?

Mal, sem dúvida, é ameaçar o próximo, causar-lhe


sofrimento e prejudicar a sociedade em busca de vantagens
pessoais. Por causa dele, os prejuízos individuais e sociais são
incalculáveis. Em todo relacionamento humano, não há ninguém
que, em maior ou menor proporção, não seja vítima do Mal.

As pessoas se vêem obrigadas a reforçar janelas, trancar


portas, mantê-las fechadas em pleno verão e deixar alguém de
guarda ao se ausentar, a fim de impedir a entrada de gatunos.
Também somos levados a desconfiar de quem nos acena com
negócios vantajosos; enfim vemo-nos forçados a desconfiar de
tudo. Além disso, qualquer notícia relativa a roubos na vizinhança
perturba o sono de muitos, e sair à noite - principalmente
tratando-se de mulheres - é extremamente perigoso. Não
podemos descuidar-nos dos batedores de carteiras nos
transportes coletivos, nem dos empregados infiéis, nem da
vigilância rigorosa que as casas comerciais têm de manter para
evitar fraudes. Vivemos assustados, intranqüilos, pois estamos
cercados de velhacos. Eis a realidade do mundo atual.

Mas ainda há coisas piores. Os pais se preocupam com os


filhos adolescentes expostos às tentações. As esposas vivem
alarmadas com a infidelidade dos maridos, e estes, com a
infidelidade das esposas. Surgem fracassos imprevistos nas
empresas, e os gastos do Governo para manter a polícia e as
instituições de defesa social são enormes. Casas e firmas
constróem sólidos depósitos para resguardar seus bens contra
os assaltantes. Nas fábricas, há dispendiosa vigilância contra o
furto de matérias-primas. Exigem-se providências contra a
desonestidade de empregados por ocasião de armazenagem e
212
Rokan – Alicerce do Paraíso

pagamentos. Instalam-se cofres, cria-se exagerado número de


livros de registro, guias e recibos, que devem ser carimbados um
por um. As mercadorias são de qualidade duvidosa, os
profissionais negligenciam seus serviços, as greves são mal
intencionadas e os ricos buscam lucros excessivos. Todas estas
coisas têm raiz no Mal.

A desonestidade dos funcionários realiza-se quase à vista


do público. Fala-se que se podem obter matrículas nas escolas
por meio de gratificações, e alvarás, nas repartições públicas,
agindo-se nos bastidores. É raríssima a imparcialidade em
qualquer setor social. Ninguém acredita que seja possível
sobreviver sem alguma forma de transação ilegal.

Se quisermos calcular a proporção do Bem em relação ao


Mal, nesta enumeração de fatos, veremos logo que a proporção
do Mal é bem maior. Não conseguiremos, sequer, avaliar os
prejuízos que sofrem os indivíduos e a sociedade, por mais que
relacionemos os danos e a insegurança do mundo atual.

O progresso da civilização e o advento de um mundo


melhor só serão possíveis pela erradicação do Mal que ora nos
aflige. Todas as questões, mesmo os sucessos e os fracassos,
dependem do grau de incidência do Bem e do Mal. Portanto, os
políticos e os educadores devem empenhar-se para diminuir a
porcentagem do Mal. E eu estou certo de que o único recurso
para isto é a Fé Verdadeira.

Coletânea Assunto sobr fé, 5 de setembro de 1948

213
Rokan – Alicerce do Paraíso

(S.AN/69) O AUMENTO DA CRIMINALIDADE E A


ESTRATÉGIA PARA SUA SOLUÇÃO

É espantoso o aumento da criminalidade após o término


da guerra. Escreverei agora os dados (pelo artigo do "Yomiuri
Shimbum‖ do dia 20 de dezembro de 1948).

"O número estimado de pessoas condenadas pelo furto,


na véspera da Guerra do Pacifico, nos anos de 1941 e 1942, era
pouco mais de 15.000 ao ano. Entretanto, após a guerra, durante
um ano, de setembro de 1945 a agosto de 1946, foram mais de
54.000 e, em um ano, de setembro de 1946 a agosto de 1947,
foram mais de 74.000. É um aumento de mais ou menos 5 vezes.
Quanto ao assalto, o seu aumento é ainda mais evidente do que
o furto. Nos anos de 1941 e 1942, foram pouco mais de 300 ao
ano, mas durante um ano, de setembro de 1945 a agosto de
1946, foram mais de 1000 e, durante um ano, de setembro de
1946 a agosto de 1947, foram mais de 800 casos. Comparando
com os anos de 1941 e 1942, o aumento foi de 25 vezes".

Como está claro por isso, lendo os jornais e outros


comentários, a maioria argumenta que o aumento da
criminalidade após a guerra é um fenômeno comum a todo o
mundo e dizem que a sua causa está na dificuldade da vida pela
falta de recursos, aumento da população pelo retorno dos
soldados. Realmente é isso mesmo e não há engano, mas, na
verdade, elas são coisas insignificantes, não se percebendo que
existe a grave e a principal causa na sua origem.

Escreverei agora sobre essa principal causa.

Analisando profundamente, quando um criminoso comete


um delito, ele evita habilmente a vista das pessoas. Isto é, a
mentalidade em que se pensa que se não for visto por ninguém
será possível ocultar até o fim. E como essa é a mentalidade do
ladrão, se por acaso for descoberto, é o fim, será obrigado a
214
Rokan – Alicerce do Paraíso

cometer o assassinato, na tentativa de ocultar o crime na


escuridão.

É evidente, por inúmeros exemplos reais, que essa é a


mente do assaltante. E dizendo qual a causa desta maneira de
pensar, é porque inexiste por completo a convicção religiosa, e
creio que não existira no passado uma época em que o
sentimento religioso é tão rarefeito como a sociedade atual do
Japão. Então há a necessidade de se saber o que ocasionara tal
época de religiosidade tão rarefeita.

Está claro, hoje, que as facções das Forças Armadas do


Japão estavam fazendo preparativos para a guerra desde há
muito tempo. É claro, materialmente, denominando-se de um
país que apenas se defende das agressões injustas dos outros
países, transformavam gradativamente as indústrias pacíficas em
indústrias armamentistas e, por outro lado, coisas como o
treinamento militar aos jovens também parecia que era mais do
que perfeito.

Além disso, iniciaram a opressão às religiões e,


principalmente, reprimiram indiscriminadamente as seitas novas;
é recente, ainda, na memória que movimentaram bastante os
noticiários de jornais da época. Explicando o por quê disso,
qualquer que seja a religião, todas têm a paz e a não-resistência
como princípio, e a sua ideologia, no caso da guerra invasora, se
tornaria danosa e estorvo. Por essa razão, deviam fomentar
muito o espírito de combate. E para isso, antes de mais nada,
havia a grande necessidade de subtrair a religiosidade.
Principalmente necessitava-se disso para as camadas jovens;
portanto, era natural que as facções das Forças Armadas
estimularam-no bastante. Por causa disso, não pararam em
espírito de combate, e sim, desenvolveram-se até à crueldade, e
isso causou o atual estado da sociedade. E o fato de ser grande
o número de criminosos em ex-combatentes, conta-o
eloqüentemente.
215
Rokan – Alicerce do Paraíso

Nesse sentido, as camadas jovens da atual sociedade


realmente são desafortunadas. Pois vejam: desmoronou-se a
ideologia de servidão e patriotismo que foram incutidas neles,
jovens, e agora que os dirigentes, que ordenaram o avanço em
direção à vitória, oferecendo as inestimáveis vidas, decaíram-se
num destino tão miserável como o atual, pela indignação de
terem sido ludibriados, pelo sentimento frígido do povo para com
eles, e pelas dificuldades de sobrevivência, etc., etc., caíram em
cepticismo, amaldiçoando a sociedade, entrando em desespero,
e por esses motivos. Portanto, há pontos em que, por outro lado,
são dignos de compaixão.

Mas apenas a compaixão não será a solução. É claro que


será a verdadeira solução o surgimento de um forte dirigente que
conceda luz ao futuro deles, e que mostre-lhes a alegria de viver.

As atividades religiosas desenvolvem e dão maior


importância nesse ponto, e estão conseguindo resultados
consideráveis. Isto é, o que as pessoas que ingressam nesta
Igreja se sentem admiradas, é que grande parte dos fiéis é
jovem, e o que estes jovens dizem em uníssono é que, como
escrevi anteriormente, perderam o espírito dirigente e estavam
ávidos nela vontade de encontrarem uma religião com grande
força convincente, e, ao conhecer, uma vez, a doutrina desta
Igreja, ingressaram, como quem conseguira uma luz na
escuridão da noite: "O que estávamos procurando é isso!"

E é claro, as suas alegrias são extraordinárias, e assim,


tornam-se fervorosos religiosos, transformando-se em bons
jovens. Além disso, deparando-se com os milagres, como a
manifestação da força de Deus e Buda, invisíveis, não poderão
deixar de crer do fundo do coração, sendo verdadeiramente
salvos.

216
Rokan – Alicerce do Paraíso

Nesse sentido, qualquer educação e moral, se não tiver


este fato de crer no invisível, pode-se dizer que não passará de
algo sem esqueleto.

Pelo exposto, toma-se o conhecimento de que, além da


verdadeira religião, não existe outro método para prevenir a
criminalidade que atualmente cresce espantosamente.

Revista Tijyo Tengoku nº 2, 1º de março de 1949

217
Rokan – Alicerce do Paraíso

(S.AN/70) A ORIGEM DOS MALES SOCIAIS

Alicerce do Paraíso, pág. 237

Falarei a respeito dos males sociais, que, atualmente,


constituem o maior problema do Japão. Antes, porém, é
necessário analisarmos o método que os intelectuais e os
governantes empregam para evitá-los.

Os males sociais estão sendo controlados de forma cada


vez mais rigorosa, através de leis e regulamentos, mas, como
essas medidas não atingem o ponto vital do problema, os
homens maus só pensam nos meios de livrar-se delas
habilmente. Se encontram alguma brecha, logo tentam
aproveitar-se, de modo que as autoridades se esforçam por não
lhes dar oportunidades, tornando as leis e os regulamentos cada
vez mais rigorosos. É realmente uma competição entre a
inteligência do Bem e a inteligência do Mal.

Geralmente pensamos que os violadores das leis são os


criminosos, os delinqüentes, os chefes de bandos, etc. Na
realidade, porém, o problema não envolve apenas as pessoas
das classes inferiores; ele vem de cima, começando por
ministros, políticos, deputados e funcionários públicos, e
atingindo até famosos empresários. Podemos dizer que poucas
são as pessoas que não cometem crimes. Acontece que os
criminosos que se mostram abertamente como tal são apenas
uma parte; costuma-se mesmo dizer que os que foram agarrados
pelas malhas da lei não tiveram sorte, o que prova a existência
de muitos crimes submersos, que não vêm à tona.

Quando analisamos profundamente os criminosos, não


temos dúvida em afirmar que eles não temem o crime. Não
sabem que é uma vergonha causar danos à nação, prejudicar a
sociedade ou fazer mal às pessoas. Os criminosos podem saber
criticar os outros, mas não sabem criticar a si próprios. E não é
218
Rokan – Alicerce do Paraíso

raro sabermos, atualmente, de funcionários que fazem festas e


gastam a rodo, enquanto o povo está sofrendo sob a pressão dos
impostos.

Se o homem não tiver receio de cometer más ações, se


não sentir vergonha de praticar atos impuros nem pena de fazer
os outros sofrerem, esse homem já perdeu o valor como ser
humano. Por mais que fale de teorias excelentes e se orgulhe de
ter instrução, somente isso não lhe confere valor como ser
humano. É um objeto, é um homem sem alma. Por haver muitas
pessoas desse tipo atualmente, o mal social é intenso,
apresentando-se o mundo em estado infernal. Resumindo,
podemos dizer que no Japão existem doentes em estado
gravíssimo.

Qual será o motivo de ocorrências tão aflitivas?


Indubitavelmente elas são conseqüência da educação
materialista de que tanto falamos. Por isso, é muito fácil
exterminar totalmente o mal social: basta destruir o pensamento
materialista. Mais nada. Mas de que maneira? Obviamente,
através da educação espiritualista, isto é, do reconhecimento da
existência de Deus, do Espírito e do Mundo Espiritual. Esta é a
verdadeira e valiosa missão da Religião. Entretanto, é impossível
fazer as pessoas reconhecerem a existência de Deus e do
Espírito somente por meio de princípios religiosos, sermões e
preces. É necessário manifestar milagres, conceder benefícios
materiais, ou seja, Graças Divinas palpáveis. Não existe
absolutamente outro meio, além desse, para eliminar o
pensamento materialista.

Jornal Hikari nº 9, 14 de maio de 1949

219
Rokan – Alicerce do Paraíso

(S.AN/71) O MAL SOCIAL É OU NÃO É CAUSADO PELO


MEIO AMBIENTE?

Alicerce do Paraíso, pág. 240

Desde os tempos mais remotos é costume dizer: "Se


tiveres riqueza consolidada, terás espírito correto". Isso significa
que, quando o homem deixa de passar por dificuldades
materiais, suas palavras e atitudes também melhoram. Assim,
muitos intelectuais interpretam que a carência material é a causa
dos males sociais que infestam o mundo atualmente. Em parte
isto é verdade, mas não é o ponto vital do problema. Se essa
fosse a verdadeira causa dos males sociais, as pessoas
abençoadas materialmente deveriam ser corretas; todavia, a
realidade nos mostra que nem todas o são. Existem muitas
pessoas ricas que praticam atos ilícitos e, às vezes, perturbam e
prejudicam a sociedade muito mais do que os pobres. Através do
poder do dinheiro, apoderam-se de muitas residências e deixam-
nas desabitadas, numa época em que estamos passando por
séria crise habitacional; alvoroçam a moral; tiram a liberdade dos
fracos e indefesos, impedindo-os de subir na vida; corrompem o
mundo político; e tantas outras coisas, que chega a ser
impossível enumerá-las.

Por esses fatos, fica evidente que o aumento dos males


sociais não é causado unicamente pela carência material.
Conclui-se, daí, que eles provêm da falta de fé, como sempre
costumamos dizer. Esta é a sua verdadeira causa. Enquanto não
solucionarmos essa questão, será impossível pensarmos na
erradicação dos males sociais. A solução básica e incontestável
do problema está no aparecimento de uma religião poderosa.

O maior erro que existe no pensamento dos homens


civilizados da atualidade é a mania de atribuir ou transferir todas
as culpas para terceiros. Creio que a influência do marxismo
constitui o centro desse modo de pensar, pois, segundo sua
220
Rokan – Alicerce do Paraíso

teoria socialista, a infelicidade do homem é causada unicamente


pelo péssimo mecanismo da organização social. De fato, torna-
se necessário melhorar cada vez mais esse mecanismo, mas é
um grande equívoco determinar que esta seja a causa única da
infelicidade do homem. Mesmo que se chegue a uma
organização ideal, se o modo de pensar e agir de cada indivíduo
estiver errado, essa organização não poderá ser administrada
com eficiência, e o resultado, infalivelmente, será a bancarrota.
Portanto, a única forma de solucionar o problema é melhorar a
natureza espiritual de cada indivíduo. Ou seja, deve-se
considerar que o homem é o ponto principal, e a organização
social, um ponto secundário.

É evidente que esse pensamento errado surgiu das teorias


materialistas, que não reconhecem a natureza espiritual do
homem. Tenta-se solucionar todos os problemas através dessas
teorias e nisso está o grande erro. Como resultado, os homens
da época atual julgam que suas próprias palavras e ações são
corretas e procuram atribuir a culpa dos males sociais a terceiros.
Na realidade, porém, a causa de quase todos esses males está
no próprio indivíduo. Se os homens estiverem profundamente
conscientizados disso, a humildade e o espírito filantrópico
surgirão por si mesmos, nascendo uma sociedade feliz e
pacífica. Jamais se conseguirá tal coisa por outro caminho que
não seja a fé.

O pensamento de que a culpa dos males sociais está em


terceiros - princípio da revolução socialista - baseado no qual se
pretende destruir a organização social, faz com que o povo se
rebele, transferindo a culpa à organização, ao invés de assumi-la.
Gostaríamos, portanto, que os homens da atualidade,
plenamente conscientizados do que estamos dizendo,
reconsiderassem os erros cometidos até o presente e
começassem tudo de novo.

Jornal Hikari nº 10, 25 de maio de 1949


221
Rokan – Alicerce do Paraíso

(S.AN/72) A VERDADEIRA CAUSA DA INTRANQÜILIDADE


SOCIAL

Alicerce do Paraíso, pág. 239

Atualmente, ouve-se falar muito sobre as medidas que


devem ser tomadas em face do aumento assustador da
criminalidade. Vou dar minha opinião a esse respeito.

Falando abertamente, o homem contemporâneo não se


completou como verdadeiro ser humano, pois ainda tem muitas
características animalescas. Poder-se-ia dizer que é um ser
meio-humano e meio-animal. Talvez achem que eu esteja me
expressando de uma forma demasiado agressiva, mas não tenho
outro recurso, já que essa é a pura realidade. Vou explicar por
que faço tal afirmação, e estou seguro de que as pessoas que
lerem minhas palavras hão de concordar comigo.

Existem, presentemente, várias organizações destinadas a


prevenir os crimes: polícia, tribunais, presídios e um número
incontável de funcionários que se encarregam de administrá-los,
além de centenas de milhares de leis. Assim, aparentemente, a
sociedade está aparelhada a ponto de quase não haver brechas
para a ocorrência de crimes.

O método é idêntico àquele que se utiliza para defender os


homens contra os animais ferozes que constituem uma ameaça
para eles: fazem-se jaulas fortes para protegê-los do perigo. Mas,
tal como animais que logo conseguem quebrar as jaulas, por
melhor que elas tenham sido preparadas, os seres humanos vêm
espremendo sua inteligência, desde os tempos antigos, para
diminuir cada vez mais habilmente os pontos fracos dos métodos
preventivos contra os crimes. Eis a situação atual desses
métodos. E a cada ano aumenta o número de leis, o que é o
mesmo que tecer redes com pontos pequenos. Torna-se

222
Rokan – Alicerce do Paraíso

necessário agir de tal forma porque os "homens-animais" afiam


suas unhas e presas para romper as jaulas.

Esta é a causa da intranqüilidade social. Com efeito, ainda


que, exteriormente, os homens tenham forma de seres humanos,
interiormente são como animais. Se fossem verdadeiros seres
humanos, a sociedade não necessitaria de jaulas. Quem jamais
pratica o mal, esteja onde estiver, é que tem a qualificação de
autêntico ser humano. Se a decadência moral continua, apesar
do crescente progresso da cultura, é porque o método de quebrar
jaulas está vencendo o método de fortalecê-las. Este é o motivo
pelo qual sempre afirmamos que a cultura da atualidade é uma
cultura desequilibrada, onde só houve progresso da parte
material.

O mundo dos seres humanos é um mundo sem leis nem


organizações anticriminais. O esforço que estamos
empreendendo tem um único objetivo: construir esse mundo.

Jornal Hikari nº 35, 3 de setembro de 1949

223
Rokan – Alicerce do Paraíso

(S.AN/73) O AUMENTO DO CRIME DE FALSIFICAÇÃO


(TRADUZIR)

224
Rokan – Alicerce do Paraíso

(S.AN/74) INFLAÇÃO DE CRIMES INTELECTUAIS

A grande maioria de artigos referentes à sociedade, que


recentemente está movimentando o noticiário de jornais, é de
acontecimentos ligados aos crimes intelectuais. Suspeita de
irregularidade em tal entidade pública, suspeita de apropriação
indevida de tantos ienes, prisão de fulano de tal, chefe de seção,
etc., etc., surgem assim, problemas após problemas. Coisas
assim creio que são imprecedentes. É claro que todos são crimes
intelectuais e, além disso, é grande o número de infratores, na
camada superior do órgão governamental, e entre os que
exercem funções vitais de bancos e empresas. O que acho
especialmente estranho, é o fato de que os jovens da casa dos
vinte e trinta anos e personalidades de meia idade é que atuaram
no comando, fazendo dançarem os figurões sob planos de
grande porte.

Em suma, o motivo de acontecimento desses fatos é —


passando habilmente pelas malhas da lei e regulamentos,
enganando os olhos alheios — adquirir grande soma de dinheiro
de uma só vez, entregar-se à luxúria e, ao mesmo tempo,
observa-se até a ambição de, se tiverem sorte, tornarem-se o
estandarte do mundo econômico.

É claro que são pessoas que, como sempre dizemos, não


acreditam em algo que não se vê pelo ponto de vista materialista
subjetivo. Realmente, existem órgãos para fiscalizar tais crimes
intelectuais, como a polícia, promotoria pública, promotoria
jurídica, etc., e estão fiscalizando suficientemente, mas o nosso
pensamento como religiosos é que achamos necessário também
de órgãos para a parte espiritual. É porque, com isso,
suplementa-se a falha da fiscalização materialística. Nem é
preciso dizer que esta é a tarefa da religião e quem possui
consciência deve estar pensando assim antes da nossa
pronúncia. Nem se necessita explicar que é fazer crer no
invisível, isto é, na existência de Deus.
225
Rokan – Alicerce do Paraíso

Analisando tudo isso, o mau aspecto da sociedade atual,


causado pela descrença na existência de Deus, sendo que fora
feita apenas a educação materialista, desenvolvendo somente o
intelecto, e se acreditam piamente que, se puderem ludibriar
habilmente os olhos alheios, mesmo que cometam crime, não há
problema, e que são sábios ao agirem dessa maneira. E isso se
tornou um fenômeno social de aparecimento de inúmeros casos
de crimes intelectuais.

Por esta razão, acredito que não existe outra solução


radical além do método duplo de, ao mesmo tempo em que se
toma as providências para prevenir o quanto possível a
criminalidade através de meios materialistas, como leis e
regulamentos, extinguir-se a origem do crime através da
educação religiosa.

Jornal "Kyussei nº 64, 27 de maio de 1950

226
Rokan – Alicerce do Paraíso

(S.AN/75) É POSSÍVEL SOLUCIONAR OS MALES SOCIAIS?

Alicerce do Paraíso, pág. 242

Nunca houve um número tão grande de criminosos, em


nosso país, como atualmente. Vêm ocorrendo casos
assustadores, como o roubo praticado por um grupo de mais de
cem pessoas, causando prejuízo de quatrocentos milhões de
ienes, e também casos de violência coletiva e aumento gradativo
de crimes praticados por adolescentes. A situação social é tão
calamitosa, que não pode continuar como está.

Analisemos a situação das classes situadas acima da


média. Aí também é uma calamidade. Verifica-se o suborno de
entidades públicas, especulações, negociatas e muitas outras
irregularidades. Se fôssemos enumerá-las, não chegaríamos a
um ponto final. Mas esses são apenas os casos que vêm à tona
eventualmente, não passando da pequena parte visível de um
"iceberg". Os males sociais do Japão atual parecem não ter fim.
É como se fosse um monte de lixo tão grande que não se tem
lugar para pisar. Portanto, o grande problema com o qual nos
defrontamos é encontrar o meio de eliminar esse lixo.
Naturalmente, as autoridades e os homens conscientes estão
preocupados com o problema, e reconheço que vêm fazendo o
maior esforço para encontrar uma solução. Entretanto, por que
não se consegue vislumbrar ao menos uma pequena luz de
esperança?

Em nossa opinião, essas pessoas partem de idéias


totalmente erradas, estão completamente fora do caminho certo.
Raciocinemos. Em primeiro lugar, é preciso descobrir por que as
pessoas cometem crimes. Se isso não ficar bem esclarecido, não
será possível tomar-se medidas apropriadas.

A causa fundamental do crime está na alma humana, em


nenhum outro lugar. Dependendo de ter alma "branca" ou
227
Rokan – Alicerce do Paraíso

"preta", a pessoa será boa ou má. Por conseguinte, o ponto vital


para a solução do problema dos crimes é transformar o portador
de alma "preta" em portador de alma "branca". Acontece que as
autoridades e os intelectuais da atualidade não percebem isso.
Planejam todas as variedades de métodos, tendo como ponto de
referência aspectos secundários e terciários, que aparecem
externamente, e empenham-se na tomada de medidas
anticriminais. Mas isso é o mesmo que estarem enchendo de
água uma vasilha furada, motivo pelo qual jamais conseguirão
extinguir os crimes, levem quantos anos levarem. Alguém disse:
"Para exterminar o crime por completo, é preciso que haja um
policial vigiando cada pessoa". E com razão, porque, apesar do
crescente aperfeiçoamento do sistema jurídico e do esforço cada
vez maior empreendido pelos tribunais e pelos policiais, não se
obtêm os resultados esperados.

Mas não existirá uma medida eficaz, uma medida que


apresente resultados positivos? Sim, existe. Vou escrever a
respeito.

Como eu disse antes, só há um meio de tornar "branca" a


alma dos seres humanos: a Religião. Contudo, será que basta
ser simplesmente uma religião? Isso também requer uma
análise. Como todos sabem, religiões existem muitas.
Começando pelas mais novas, as que realmente nos trazem
tranqüilidade de espírito infelizmente são tão poucas quanto as
estrelas do amanhecer. E as religiões tradicionais? Talvez todos
concordem que nenhuma tem força suficiente para transformar o
"preto" em "branco". Portanto, em primeiro lugar, é preciso
analisar as religiões com muita cautela, selecionar algumas que
pareçam razoáveis e, mesmo que não se chegue a cooperar com
elas, pelo menos tratá-las com simpatia. Não existe alternativa
melhor.

As autoridades têm uma grande preocupação com os


males sociais; todavia, não entendo por quê, não passa por suas
228
Rokan – Alicerce do Paraíso

cabeças a idéia de recorrer à Religião. Elas sempre se apóiam


nos métodos materialistas, dos quais não querem se desapegar.
Esta é a situação atual. Conseqüentemente, o povo é que sofre.
Portanto, torna-se imprescindível e urgente curar esta cegueira e
fazer com que as pessoas se conscientizem da verdadeira
essência da Religião. Uma vez que o pensamento dos
criminosos se fundamenta no princípio materialista de não
acreditar no que é invisível, eles pensam que basta enganar as
pessoas e, concentrando nisso toda a sua inteligência,
empenham-se em fomentar o mal social. Assim, enquanto não
exterminarmos esse pensamento, será inútil valer-nos de outros
métodos, pois eles não passarão de paliativos momentâneos. É
preciso tomar por base o pensamento espiritualista e fazer os
criminosos se conscientizarem da existência de Deus. Se eles
acreditarem que os seres humanos estão constantemente sendo
observados pelos olhos de Deus e entenderem a Lei de Causa e
Efeito, será facílimo eliminar o crime pela raiz.

Os intelectuais que lerem minhas palavras certamente


dirão: "Não duvido de que seja exatamente como o senhor está
argumentando, mas essa argumentação não é suficiente para
fazer os criminosos reconhecerem a existência de Deus". Ora,
eles dizem isso porque seu pensamento também é materialista.
Acham que forçar as pessoas a acreditar em Deus é, sem
dúvida, coisa de religião supersticiosa. Mas sua interpretação é
justificável, pois eles têm como ponto de referência as religiões
surgidas até hoje.

Agora eu gostaria de que os intelectuais refletissem


profundamente sobre a cultura científica. De fato, ela progrediu
rapidamente. Surgiram descobertas umas após outras, e aquilo
que há cem anos era considerado um sonho, hoje se tornou
realidade. Entretanto, as religiões, e somente elas, não mudaram
nem um pouco em relação à época de sua fundação, há milhares
de anos. Seria impossível, portanto, não surgirem dúvidas quanto
à causa dessa contradição. Conseqüentemente, analisando as
229
Rokan – Alicerce do Paraíso

religiões, os intelectuais da atualidade acham que elas não


passam de simples relíquias. Sua visão é a mesma que se tem
em relação às antigüidades. Assim, quando nós argumentamos
que, para solução do mal social, é preciso recorrer à Religião,
eles nem dão ouvidos. Eis aí o problema.

Conforme já tive oportunidade de escrever, assim como o


progresso da civilização científica está construindo uma nova
época, é preciso, também, que, no campo da Religião, surja algo
equivalente. Ou melhor, não será nada estranho que surja uma
religião de nível mais elevado que o alcançado pela Ciência.
Também não será estranho que essa religião tenha um poder
capaz de solucionar os problemas que a Ciência não consegue
resolver. Se compreenderem e aceitarem o que estou dizendo,
poderão entender a verdadeira natureza da Igreja Messiânica
Mundial. Modéstia à parte, ela tem um poder grandioso, e, uma
vez ingressando nela, qualquer pessoa reconhecerá isso
facilmente. Raciocinem: por mais bela que seja uma coisa, se
não nos aproximarmos dela, não conseguiremos ver sua beleza;
por mais saborosa que seja uma comida, se não a provarmos,
não saberemos seu sabor; se houver um tesouro enterrado, mas
não cavarmos a terra, não o encontraremos. Da mesma forma,
não adianta ficar do lado de fora apenas imaginando o que é a
nossa Igreja. Pensar que ela não passa de mais uma religião
supersticiosa e trapaceira, deixando-se influenciar por boatos e
pelas falsas notícias publicadas nos jornais, será rejeitar a
própria felicidade. Antes de mais nada, é preciso entrar em
contato com ela. "Se não entrarmos na toca da onça, não
conseguiremos agarrar seus filhotes". É um sábio ditado, não
acham?

Revista Tijyo Tengoku nº 20, 25 de janeiro de 1951

230
Rokan – Alicerce do Paraíso

(S.AN/76) COMO ACABAR COM OS CRIMES

Alicerce do Paraíso, pág. 209

Dentre os crimes cometidos ultimamente, os mais graves


são os crimes praticados por indivíduos que, para roubar uma
pequena soma em dinheiro, não hesitam em tirar a vida de seu
semelhante. Para eles, isso é mais simples do que matar um cão.
Quando analiso esse tipo de pessoa, fico pasmado com sua
estupidez, inconcebível por meio do senso comum. Que situação
tenebrosa! Tais indivíduos não pensam no sofrimento da vítima e
de seus familiares. Além disso, não passa pela sua cabeça que,
no caso de serem presos, a pena de morte seria fatal, ou que, na
melhor das hipóteses, não escapariam à prisão perpétua. Seja
como for, com uma vida pela frente, eles não poderiam mais
integrar a sociedade e estariam jogando fora a sua própria
existência. Esse é o pensamento que deveria ocorrer-lhes, mas
parece que tal não acontece, o que revela um estado psicológico
realmente de se estranhar. Os atos dessas criaturas estão à
mercê dos seus instintos e não passam de satisfações
momentâneas; seu objetivo é divertir-se por curto espaço de
tempo. Uma vez que terão de pagar bem alto - um prejuízo talvez
dezenas ou centenas de vezes maior do que o lucro obtido - não
podemos considerá-las como seres humanos. São exatamente
como os quadrúpedes. As "pessoas de quatro pés", como todos
sabem, não têm nenhuma percepção para ver que, após o crime,
poderão ser condenadas à morte. Por isso mesmo, é difícil lidar-
se com elas.

Com base no que acabamos de dizer, talvez se pense que


não há uma explicação para os crimes, mas na realidade eles
são perfeitamente explicáveis. Do ponto de vista espiritual,
podemos compreendê-los muito bem. Segundo os Ensinamentos
de nossa Igreja, o homem possui três espíritos: o Espírito
Primordial, atribuído por Deus; o Espírito Guardião, escolhido
entre os Ancestrais, e o Espírito Secundário, responsável
231
Rokan – Alicerce do Paraíso

especialmente pelos desejos físicos e seculares do homem.


Naturalmente, o Espírito Primordial é a fonte dos bons
sentimentos, e o Espírito Guardião incentiva a pessoa para o
bem. Quando o Espírito Secundário predomina, quem está
dominando é o quadrúpede. Por isso, embora tenha aparência
humana, a pessoa torna-se semelhante a um animal. Nestas
circunstâncias, não se justifica o sentimento de pena ou
compaixão; ela demonstra caráter perverso do princípio ao fim.

Esta é a causa básica dos crimes sem escrúpulos. Por


isso é muito perigoso o homem deixar que sua alma seja
dominada pelos animais, pois basta qualquer estímulo para lhe
surgirem desejos maléficos e ele se tornar um criminoso. Mas o
que é que se deve fazer? Não há outro meio para solucionar o
problema a não ser a força da Religião. E por que deve ser
através da Religião? Como eu disse anteriormente, o homem é
dominado pelo espírito animal, isto é, pelo Espírito Secundário.
Portanto, é preciso enfraquecer a força de domínio deste último.
Em termos mais claros, aumentar a força do Bem numa
proporção muito maior que a do Mal, fazendo com que o Espírito
Secundário se torne o dominado. Afirmo que não existe método
mais eficaz.

Antes de mais nada, é necessário ingressar na fé, voltar-


se para Deus, adorá-Lo e orar. Uma vez que a pessoa esteja
ligada a Deus pelo elo espiritual, através deste a Luz Divina será
derramada em sua alma; à medida que a alma for sendo
iluminada, o Espírito Secundário se retrairá e a força que ele tem
para utilizar a pessoa a seu bel-prazer irá enfraquecendo. No
íntimo de todo ser humano, há uma luta constante entre o Bem e
o Mal. Isso acontece em virtude do princípio exposto acima.
Assim, por mais minuciosas que se tornem as leis e por mais que
se fortaleça o sistema de policiamento, será o mesmo que
combater o crime com uma força estranha. Sem dúvida é melhor
do que nada, mas, enquanto não se for ao âmago do problema,

232
Rokan – Alicerce do Paraíso

os resultados serão insignificantes, apresentando-se situações


sociais nefastas, como acontece hoje em dia.

É incompreensível que nem o governo nem os educadores


percebam algo tão óbvio. Eles se limitam a suspirar, dizendo que,
atualmente, há muitos crimes inescrupulosos e que a
delinqüência juvenil aumenta dia a dia. Não conseguem libertar-
se de idéias anacrônicas, que cheiram a mofo, e só a muito custo
determinam o restabelecimento deste ou daquele princípio ético
ou moral; a reforma de métodos educacionais, etc. Achamos isso
muito triste. Pode parecer ironia, mas é o mesmo que colocar
água numa peneira e, notando que ela vaza demais, fazer uma
peneira de furos menores.

Jornal Eiko nº 114, 25 de julho de 1951

233
Rokan – Alicerce do Paraíso

(S.AN/77) O MATERIALISMO CRIA O HOMEM MAU

Alicerce do Paraíso, pág. 50

Talvez estas palavras pareçam demasiado fortes, mas não


posso evitá-las, pois correspondem à pura verdade. Segundo
nosso ponto de vista, o materialismo, ou seja, o ateísmo, pode
ser considerado o pensamento mais perigoso que existe.
Vejamos. Se Deus não existisse, eu também ganharia dinheiro
enganando o próximo habilmente, de modo que não fosse
descoberto; faria o que bem entendesse e, além de viver uma
vida de luxo, estaria ocupando uma posição de maior destaque
na sociedade. Entretanto, consciente da existência de Deus, de
forma alguma sou capaz de proceder assim. Tenho de percorrer
o caminho mais correto possível e tornar-me um homem que
deseja a felicidade das outras pessoas. Caso contrário, jamais
poderia ser feliz e levar uma vida que vale a pena ser vivida.

O que eu estou dizendo não é mera teoria ou algo


parecido. Como podemos ver através de inúmeros exemplos que
a História nos mostra desde os tempos antigos, por mais que a
pessoa prospere por meio do Mal, essa prosperidade não dura
muito, acabando por desmoronar. É um fato que deveria ser
percebido facilmente, mas parece que isso não acontece. A
sociedade continua assolada pelos crimes. Crimes horripilantes,
como assaltos, fraudes e assassinatos; casos de corrupção de
pessoas que ocupam posições elevadas, os quais se tornam
objeto de comentários sociais; incontável número de crimes de
pequeno e médio porte, etc. Tudo isso é uma conseqüência do
pensamento ateísta; por conseguinte, podemos dizer que esta é
a verdadeira causa dos crimes. Está, pois, mais do que claro que
só há um meio de eliminar os crimes deste mundo: destruir o
ateísmo. Atualmente, porém, os intelectuais, as autoridades e os
pedagogos estão confundindo pensamento teísta com
superstição e tentando obter bons resultados com apoio nos
regulamentos da lei, no ensino, nos sermões, etc. Dessa forma,
234
Rokan – Alicerce do Paraíso

por mais que eles se esforcem, é natural que nada consigam. As


notícias publicadas diariamente nos jornais mostram-no
claramente.

Assim, para criar uma sociedade limpa e pura, é preciso


estimular intensamente o pensamento teísta. Por infelicidade, o
Japão encontra-se em tal situação que, quanto mais instruída é a
classe, maior o número de pessoas ateístas. Além disso, é
comum acreditar-se que esta é uma qualificação dos intelectuais
e dos jornalistas, de modo que, quanto mais a pessoa enfatiza o
ateísmo, mais progressista ela é considerada. Por esse motivo,
se não houver uma mudança radical, no sentido de que os
ateístas sejam vistos como ultrapassados, e os teístas, como
vanguarda intelectual da época, a sociedade não se tornará
alegre e feliz.

Jornal Eiko nº 155, 7 de maio de 1952

235
Rokan – Alicerce do Paraíso

(S.AN/78) O MUNDO DOMINADO PELO MAL

Alicerce do Paraíso, pág. 228

Ninguém ignora que os povos do mundo atual estão


submetidos a diversos sofrimentos, tais como guerras, doenças,
insegurança, crises políticas, econômicas, etc. Tratarei, aqui, dos
itens relacionados, sem me referir - é claro - a este ou àquele
país, mas de um modo amplo e geral. Começarei pelos aspectos
que constituem problemas mundiais.

Em primeiro lugar, salientarei o problema econômico, por


representar um dos motivos de maior preocupação. A crise
econômica, que atinge não só o governo, como também o povo,
deixa de ser uma novidade, embora a maioria ignore a sua
causa. Indubitavelmente, ela surge por influência do Mal. Os
governos, por exemplo, são prejudicados pelo mau procedimento
dos funcionários. Que aconteceria se estes agissem
conscienciosamente? Evitar-se-ia o esbanjamento de recursos,
pois os funcionários teriam consciência de que tais recursos são
provenientes dos impostos, que custaram o suor do povo. O
número de funcionários poderia ser reduzido à metade, ou até
menos, devido à eficiência do trabalho, motivada pela supressão
do desperdício de tempo durante o expediente. A fidelidade dos
funcionários no cumprimento dos deveres favoreceria o sucesso
de todos os empreendimentos e cativaria a simpatia do público,
que, por sua vez, os olharia com respeito, deixando de temê-los
ou desprezá-los. Além disso, a extinção dos subornos impediria a
prevaricação dos mesmos funcionários, tornando-os dignos da
confiança do povo.

Se tudo isso acontecesse, não haveria mais necessidade


de fiscalização, nem de processos jurídicos onerosos, resultando
em incalculável benefício para a economia do país. Em relação à
vida privada, o indivíduo adquiriria mais saúde, uma vida mais
confortável e um lar feliz, pelo abandono do uso de bebidas
236
Rokan – Alicerce do Paraíso

alcoólicas e extravagâncias prejudiciais. Notaríamos, ainda, o


lucro inesperado que adviria da baixa de todos os preços, pelo
desaparecimento das negociatas, muito comuns nos
empreendimentos.

Realizado o que foi exposto, o governo não necessitaria


sequer da metade do presente orçamento, e o povo exultaria de
alegria pela redução dos impostos.

O mesmo podemos dizer em relação às empresas


particulares. Que sucederia se todos os empregados
conseguissem vencer a sua má índole? A fiel execução do
serviço dispensaria gastos supérfluos; a astúcia e a fraude
tornar-se-iam uma raridade. Por conseguinte, facilitar-se-iam as
boas transações, poupar-se-ia tempo, os negócios seriam
efetuados em ambiente agradável, haveria aumento de produção
e, conseqüentemente, baixa do custo e ampla saída dos
produtos. No setor da exportação, nos tornaríamos imbatíveis
mundialmente. O resultado mais agradável seria o
desaparecimento de conflitos entre empregados e
empregadores. O prazer com que todos se dedicariam à
produção, a conciliação e a disposição saudável, dariam grande
impulso ao serviço, o que, por sua vez, ocasionaria aumento da
renda, extinguindo por completo a preocupação com problemas
econômicas. As empresas prosperariam, sem dúvida, em
ambiente saudável, desaparecendo bajulações e traições entre
chefes e subordinados.

No setor político, as pessoas estão conscientes do


habilidoso emprego do Mal e do pequeno número de membros
de partidos que têm por princípio velar pela felicidade do Estado
e do povo. Certamente os políticos não deixam de levar em
consideração o bem-estar da Nação e do povo, mas a realidade
prova que eles são dotados de conceitos egoísticos e fazem tudo
em benefício próprio e do partido a que pertencem, tendo por
costume atacar as opiniões dos partidos opostos. Esse ataque,
237
Rokan – Alicerce do Paraíso

de caráter extremamente desprezível, que consiste no simples


prazer doentio de criticar, hoje é tido como um ato comum. Nas
assembléias, as sátiras, os termos indecorosos, os tumultos, que
se convertem em vexame, assim como as agressões, dão a
impressão de encontros de bandoleiros.

Vejamos, agora, o que está acontecendo com a


sociedade.

Ninguém ignora que a corrupção é geral em todos os


setores. É raríssimo encontrar um lar pacífico, pois em todas as
famílias fomentam-se os conhecidos conflitos entre casais, entre
pais e filhos, etc. Vemos, também, com freqüência, desavenças
entre amigos e conhecidos. Ultimamente, os crimes contra
parentes próximos entraram em moda, ultrapassando o limite do
lamentável e causando terror. Além disso, os jornais estampam,
diariamente, invasões domiciliares, assaltos, roubos violentos,
fraudes, usurpações, furtos em lojas, ameaças e outros horrores.
Em linhas gerais, esse é o aspecto da sociedade; podemos, pois,
afirmar que este mundo é um atoleiro de pecados. É conforme
disse Buda: "um mundo de sofrimentos". Portanto, não há
exagero em afirmar que a sociedade é constituída pelas vítimas
do Mal. Com efeito, entre milhares de pessoas, não existe uma
só que possa viver um dia livre de preocupações. Dentre as
preocupações, a maior, certamente, é a doença. O medo de
ladrões resolve-se trancando-se as portas; com saúde,
conseguimos livrar-nos da pobreza, porque podemos trabalhar;
processos jurídicos são evitados com prudência. Mas é
impossível evitar doenças e guerras. Uma análise minuciosa,
entretanto, esclarece-nos sobre a possibilidade de evitá-las,
unicamente através da Religião, já que toda desgraça tem sua
origem no Mal.

Jornal Eiko nº 174, 17 de setembro de 1952

238
Rokan – Alicerce do Paraíso

(S.AN/79) A ERA DA FRAUDE

Este título também é estranho, mas, na verdade, é fato


verídico e apenas o povo é que não o percebe. Explicando o que
é isso, na sociedade atual, a verdade em si é muito pouca, e
pode-se dizer que a grande maioria realiza abertamente
expedientes fraudulentas em grande ou pequena escala.

Escreverei agora sobre isso.

Como de costume, é sobre a medicina e remédio, e em


primeiro lugar, o remédio.

Como se compreende ao ver as colunas publicitárias de


jornais de todos os dias, a propaganda de remédios toma a maior
parte. Compreende-se muito bem como se vende, porque
mesmo pagando-se enorme soma em publicidade, saem
lucrando. Só ao observar isso, toma-se o conhecimento de que a
quantidade de remédios que o homem atual ingere é muito
grande. E de um remédio um tanto conhecido, fazem propaganda
quase que diária, do tamanho (...) e, analisando essas
publicidades do nosso ponto de vista, pode-se até dizer que
quase não existe o que não seja fraude.

Dizem, por exemplo: "Se tomar este remédio, faz bem


para tal doença, previne a manifestação de tal moléstia,
aumenta-se o sangue e a carne," etc., parecendo que tem
mesmo efeitos maravilhosos, mas tudo isso é expediente de
enganação para vender. Isto porque, em primeiro lugar, as
autoridades também não se importam se o remédio faz efeito ou
não. A orientação é de autorizar, se não fizer mal. Portanto, como
os comerciantes de remédios também devem estar bastante
cientes desse ponto, é realmente absurdo. De qualquer maneira,
todos devem saber que desde antigamente dizem: "a eficácia dos
remédios'', e o exagero é normal.

239
Rokan – Alicerce do Paraíso

Esse tipo de coisa também, observando-se


imparcialmente, constitui um tipo de fraude. Além disso, como
utiliza-se para ganhar o dinheiro aproveitando-se do ponto fraco
alheio, o seu crime é difícil de ser perdoado.

A seguir, é sobre a medicina. Ela também é quase que a


mesma coisa. Apenas as pessoas não percebem. Por exemplo,
dizem que a sua doença melhorará se vier durante uma semana,
que melhorará se tomar tantas injeções dessa, se fizesse essa
cirurgia, se continuasse com este remédio, etc., e tranqüilizam
assim os pacientes, mas é raro o caso em que se melhora
conforme o pronunciamento, e deve ser também do perfeito
conhecimento do médico de que a grande maioria é engano de
diagnóstico.

Se apresentasse isso em percentual, o resultado deverá


ser inesperado. Sendo assim, pode-se dizer que isso também é
uma fraude bem intencionada. Portanto, creio que na verdade
deve ser dito: "Como não entendo a sua doença, não posso dizer
nada com certeza. Não posso afirmar que melhorará pelos
remédios, injeções ou tratamentos. Mesmo se hospitalizando,
não posso garantir se melhorará com certeza". Mas assim, os
pacientes não virão mais, e o médico imediatamente passará a
ter dificuldades; portanto, acho que é inevitável, mas o coitado é
o paciente. E a posição do médico também, imagino que seja
difícil.

Mesmo no caso de cirurgia, faz-se uma vez e não melhora,


mesmo repetindo duas, três vezes não se cura, e nos casos
extremos, ouço de casos que, mesmo garantindo que melhoraria
em uma semana de internação, não melhora, e continua por
duas, três semanas, meio ano ou um ano, nunca melhorando.
Nesses casos, pagando-se grande soma pelo internamento, e
além de ter sofrido tanto durante longo tempo, a doença piora
mais do que quando se internaram, e no final das contas, ficam
entre a alta ou a morte. Parece-me que é grande o número de
240
Rokan – Alicerce do Paraíso

pessoas nesta situação, e pelo resultado, é também uma fraude,


e o paciente, a vítima.

Atualmente tais coisas estão sendo feitas naturalmente,


sem nenhuma desconfiança. Pois sou obrigado a dizer que é um
mundo realmente medonho. Entretanto, nesses casos, os
médicos se desculpam habilmente, dizendo que a pessoa tem a
compleição física anormal, que já era tarde demais, que é uma
doença extremamente maligna, que é uma enfermidade que só
se tem um caso entre 10.000 pessoas, etc., e assim fica. Dentre
os médicos, há os conscienciosos, que não deixam de dizer que
era seu erro de diagnóstico, mas isso é muito raro.

A seguir, é sobre a parte política. É de costume que a


promessa pública do governo e os comícios de candidatos a
deputados — as palavras de promessa ao povo ou ao eleitorado
— são só no momento, esquecendo-se completamente, não se
responsabilizando de nada. Ainda, os partidos políticos também
dizem que são centralizados nos interesses nacionais, mas na
verdade são centralizados nos interesses do partido, e o certo e
o errado também dependem das circunstâncias, e na maioria das
vezes tornam-se fumaça algum dia.

Ainda, esta como se fosse normal, as amostras dos artigos


de comércio e indústria serem diferentes das mercadorias, e o
fato de ser grande o número de letras protestadas, etc., se for
escrever, quase que não terá fim, e as fraudes, que por pouco
não burlam a lei, estão sendo feitas na sociedade em geral, como
se fossem naturais. Dessa maneira, na sociedade atual, não se
vê quase a honestidade e distinção.

Mais uma coisa assustadora é que, se se ouvir que em


religiões também existem artes fraudulentas, creio que qualquer
pessoa estranha. Explicando o que é, por exemplo, existe uma
religião que diz: "Para curar a doença, ofereça tal quantia em
dinheiro". Entretanto, mesmo assim procedendo, existem casos
241
Rokan – Alicerce do Paraíso

que, ao invés de melhorar, chegam a falecer. Isto é uma bela


fraude usando o nome de Deus. Ou então, dizem antes de
receber a graça que, se não se acreditar, não melhora, ou que se
desculpa dizendo que não receberá a graça porque falta a fé.
Falando-se de maneira severa, quem poderá afirmar que isso
não é fraude?

Olhando assim, no mundo atual, não digo que a verdade


esteja completamente nula, mas realmente é diminuta, e quase
que a mentira e o logro estão como se fossem normais.
Realmente é um mundo de escuridão.

Como a missão da nossa Igreja Messiânica é transformar


este mundo de escuridão em mundo de claridade, creio que por
isso, na sociedade, também dizem ―Ohikari-Sama‖, Igreja da Luz.

Jornal Eiko, nº 231, 21 de outubro de 1953

242
Rokan – Alicerce do Paraíso

(S.AN/80) O HÁBITO DA MENTIRA

Alicerce do Paraíso, pág. 429

Entre as várias espécies de hábitos, existe um, pouco


percebido, que é o da mentira. O homem moderno mente
demais, baseando-se na idéia errônea de que será bem
sucedido. A maioria, acostumada a esse mau hábito, nem sequer
toma consciência de que está mentindo. Quando isso ocorre com
os meus subalternos, costumo chamar-lhes a atenção, mas
muitos deles parecem ter perdido a noção da diferença entre a
verdade e a mentira. Só percebem haver mentido e pedem
desculpas depois de eu lhes ministrar uma lição bem clara a
respeito. O hábito faz com que o povo moderno se perca,
incapaz de distinguir os limites entre a mentira e a verdade.

Deixarei de lado as mentiras inconseqüentes, que não


merecem análise especial, para cuidar das maiores, mais graves,
por serem conscientes e premeditadas. Entre elas, começaremos
por analisar as mentiras proferidas pelos políticos. Estes, muitas
vezes, são censurados por deixarem de cumprir as promessas
de uma boa política e planejamento, feitas durante pomposas
propagandas eleitorais. Há, também, muitos parlamentares que
desprezam os compromissos assumidos com os seus eleitores,
julgando essa atitude perfeitamente normal. Existem educadores
cujos atos contradizem a grandeza de suas palavras, e é comum
os jornais publicarem artigos de caráter duvidoso. As
propagandas exageradas não constituem exceção.

Os impostos representam o maior problema. É uma


competição de mentiras, entre fiscais e contribuintes, de caráter
sumamente complicado e desagradável. Há médicos que
mentem, dando esperanças a pacientes incuráveis. Também
desaprovo os bonzos que fazem uso freqüente das "mentiras de
ocasião". As conhecidas táticas empregadas pelos comerciantes
são mentiras aceitas pelo público. Com estas variedades,
243
Rokan – Alicerce do Paraíso

embora resumidas, podemos afirmar que o mundo é um


complexo de mentiras.

Talvez achem incrível o fato de um promotor mentir, mas


isso acontece de vez em quando. A prova se evidencia no
notável esforço que o Ministério Público vem empregando,
baseado em suposições, para criar criminosos, desde a
ocorrência de um caso até o julgamento final. Sempre que isso
se repete, penso insistentemente no motivo de tanto interesse
em culpar cidadãos inocentes. É realmente um enigma, para o
qual não existe explicação. A profissão de promotor exige a
condenação de um criminoso, mas a condenação de um inocente
foge ao nosso raciocínio. É difícil saber prontamente se um
suspeito é ou não responsável por um crime, mas creio ser
possível distinguir o branco do preto, após uma breve
investigação.

O desejo de mentir vem do pensamento otimista segundo


o qual é impossível a mentira vir à luz. A teoria da inexistência de
Deus favorece o argumento de que a mentira perfeita é sinal de
inteligência - o que constitui um erro gravíssimo, a existência de
Deus é uma realidade, e a mentira, mesmo bem pregada, é
passageira, estando sempre sujeita a ser descoberta. Isso
acarreta um grande prejuízo a quem mente, porque, contrariando
seu objetivo primordial, a pessoa se expõe à vergonha de ter o
seu crédito destruído e ser-lhe imposto um castigo. O mentiroso
pensa que Deus não existe, simplesmente porque Ele é invisível.
Neste ponto, iguala-se aos selvagens, que não acreditam na
existência do ar porque não o vêem. Pobre homem civilizado,
completamente mergulhado no hábito da mentira!

Jornal Eiko nº 120, 5 de setembro de 1951

244
Rokan – Alicerce do Paraíso

(S.AN/81) COMO IDENTIFICAR O HOMEM MAU

Alicerce do Paraíso, pág. 467

Durante longo tempo, tive contato com vários tipos de


pessoas. Desse contato, concluí que, para viver, o mais
importante é saber diferenciar o homem bom do homem mau,
principalmente por existirem muitos chantagistas ultimamente,
cada qual possuidor de características particulares. Vejamos.

Em primeiro lugar, os homens maus são incrivelmente


"hábeis" no falar. Muitas vezes fico deslumbrado com essa
habilidade, mas me acautelo contra ela. Nesse ponto, é difícil
encontrarmos exceções. Em segundo lugar, eles falam muito alto
e são persistentes. Outra coisa contra a qual nos devemos
acautelar é que alguns nos pressionam, e outros, ao contrário,
agem com gentileza, o que é muito curioso.

Em geral, imaginamos que as pessoas perversas têm


aspecto horrendo, mas, na maioria das vezes, acontece o
contrário, ou seja, elas se mostram bastante gentis e afáveis. De
fato, pensando bem, veremos que, se os chantagistas tiverem
"face de bandido", as pessoas se acautelarão, e por isso a
possibilidade que eles têm de sucesso será pequena; entretanto,
apresentando uma face delicada, será mais fácil ludibriar os
incautos.

Agora falarei sobre o homem bom. Pela minha longa


experiência, observei que, ao contrário dos homens maus, a
maioria dos homens bons não é "hábil" no falar, mas seus
trabalhos apresentam bons resultados. Isso é muito natural, pois
uma pessoa que consegue enganar os outros por saber falar
com habilidade começa, instintivamente, a viver enganando o
próximo, ao passo que quem não tem essa habilidade, não
consegue enganar ninguém, e por isso tenta obter bons
resultados através do próprio esforço.

Jornal Hikari nº 17, 9 de julho de 1949

245
Rokan – Alicerce do Paraíso

(S.AN/82) SEJAM FORTES OS VIRTUOSOS

Alicerce do Paraíso, pág. 218

O mundo atual está fortemente dominado por maus


elementos. A opressão e o sofrimento causados aos homens de
bem é fato que ninguém ignora. Esclarecerei a causa
fundamental de semelhante situação.

Em todas as épocas, os honestos foram considerados


fracos, e os perversos, fortes, conceito que facilita ainda mais o
predomínio e o abuso dos corruptos e dos corruptores.
Antigamente, os homens de bem eram forçados a resignar-se,
impotentes contra a violência dos malfeitores, pela falta de leis e
órgãos de policiamento. Dentre os civis, os mais fortes e
arrojados sobrepunham-se aos demais. A História e os contos
japoneses dão exemplos de maus elementos da classe dos
samurais que abusavam da espada, impondo, assim, obediência
aos civis indefesos.

Há uma diferença capital entre a sociedade antiga e a


moderna. Após a reforma Meiji, em 1868, quando o imperador
Meiji restaurou o poder monárquico que esteve nas mãos de
governos militares durante trezentos anos, deu-se início à era da
civilização, aperfeiçoando-se, paulatinamente, as leis e a
sociedade em geral, até os dias de hoje. Após a guerra, aliviou-
se o ambiente social, com o desaparecimento da oligarquia e a
repressão quase total do banditismo.

Ultimamente, os maus elementos substituíram a violência


por processos ardilosos, atormentando as pessoas honestas com
interesses monetários, intimidações e ameaças que escapam
sutilmente à Lei. São casos típicos de extorsão e exploração,
mas outros fatores não mencionados aqui existem ainda para
tormento dos homens. Sempre partem de criaturas
inescrupulosas e astutas, que vivem abusando da Lei, através de
246
Rokan – Alicerce do Paraíso

trapaças e estratagemas engendrados para a satisfação de seus


interesses. Lamentalvemente, tais elementos pertencem, muitas
vezes, às classes média e alta. Os "chefões" não desaparecem e
os escândalos burocráticos continuam, porque os inocentes não
recorrem à Justiça, temerosos de vinganças descabidas.
Ninguém ignora que uma das causas do mal social é a fraqueza
dos homens honestos.

Sempre me mantive fiel ao princípio de que o honesto e


virtuoso deve vencer o malvado. Graças a esse princípio, sempre
recorri à Justiça para solucionar diversas questões. A mais longa
batalha judicial que já enfrentei vem se prolongando há mais de
dez anos, pois tenho por critério que o homem de bem, o homem
justo, nunca deverá ser vencido pelo homem perverso, e que o
autêntico Bem é muito mais forte do que o Mal. A principal razão
de ainda não se ter conseguido exterminar o Mal da sociedade
humana,reside no fato de que os virtuosos se deixam vencer
pelos desonestos e inescrupulosos, dos quais o mundo está
cheio.

O indivíduo honesto, mas fraco, não é um honesto


autêntico, e sim um pusilânime. É um honesto passivo, que não
se insurge contra o Mal. Embora não pratique más ações, não
passa de um covarde, permitindo o alastramento do Mal para
poder manter-se em segurança. Se os indivíduos perversos
chegassem a se convencer da inutilidade dos seus esforços e da
conveniência de participar do mundo dos honestos, por serem
estes invencíveis, poderosos e incontroláveis, certamente o mal
social decresceria e teríamos um mundo mais confortável e
alegre.

Aceita esta teoria, ainda que os honestos, apesar da maior


boa vontade, nada possam fazer individualmente, o recurso seria
formar uma entidade denominada, por exemplo, "Associação
contra o Mal". Sugiro este plano por considerá-lo uma excelente
medida para a reforma social que precisa ocorrer urgentemente.
Coletânea Série Jikan volume 12, 30 de janeiro de 1950
247
Rokan – Alicerce do Paraíso

CAPÍTULO V — A SITUAÇÃO ATUAL

(S.AN/83) UMA ANÁLISE SOBRE O PACIFISMO

Nesses últimos tempos aconteceu uma reunião de paz


privada e que foi aberta centralizada no Japão, o que merece um
destaque especial. De um lado, a reunião da Ásia em Tóquio dos
influentes religiosos budistas e mais uma em Hiroshima, a
reunião de paz da federação mundial e essa é principalmente a
reunião das pessoas influentes do cristianismo. Nem é preciso
dizer que as duas reuniões foram de pessoas que desejam a paz
e parece que discutiram sobre declarações e métodos de
movimento, e sem dúvida são planejamentos significativos, e nós
também estamos prontos para demonstrar a nossa aprovação.
Portanto, vou escrever um pouco sobre isso.

Essas reuniões acima mencionadas também o são e a tal


entidade poderosa do movimento de paz, a Unesco. Essa não é
religiosa como as anteriores, mas tem como base a Ciência e a
Moral, sendo um movimento de prática da paz do mundo,
portanto isso também é muito bom, mas o que é preciso pensar
profundamente é que não possui nenhuma relação com os
países de dentro da cortina de ferro. Se bem que isso é
impossível, portanto não tem outro jeito. No momento é um
movimento de paz só dos países de fora da cortina; por isso,
mesmo que tenha êxito conforme se previa, já se sabe que não
conseguirá alcançar o objetivo esperado. Isso porque esse
resultado será revertido e poderá trazer situações terríveis. Sobre
isso primeiramente, quando vemos o andamento do mundo
atualmente; de qualquer forma, a base é o confronto entre
Estados Unidos e União Soviética. Além disso, os dois países,
enquanto tiverem força, estão se dedicando exaustivamente no
fortalecimento dos armamentos de guerra, e se for continuar
dessa maneira, não há dúvida de que, no final, chegará a uma
pior situação. Se for assim, a união desses dois grandes quartéis

248
Rokan – Alicerce do Paraíso

é o caminho para uma paz eterna e, fora isso, nem é preciso


dizer que não existe, absolutamente, outro jeito.

E, se por acaso, por infelicidade, a Terceira Guerra


Mundial tiver início, os países de todo o mundo, desde que
pertencem a um desses dois países, serão indubitavelmente
envolvidos, e até mesmo um país pequeno será impossível ficar
neutro. Se assim for, só de imaginar, dá arrepios. Por causa
disso mesmo é que os movimentos da paz também são
necessários, mas aqui existe um ponto importante que é preciso
perceber. Esse ponto é que, através desses movimentos de paz,
à medida que vai se intensificando a atmosfera de paz entre
todos os países de fora da cortina de ferro, é lógico que,
naturalmente, a parte de armamentos vai se tornando negligente.
Entretanto, uma vez que o oponente, cada país de dentro da
cortina de ferro, aperfeiçoar o seu armamento conforme desejam,
num caso de emergência, os países de fora da cortina irão todos
devastar. Se for assim, quero que pensem como será nessa
hora. Provavelmente, o ideal dos pacifistas irá rapidamente pelos
ares, e não é possível saber que tipo de tragédia poderá nascer.
Sobre isso, segundo a comunicação estrangeira recente, uma
certa seita do cristianismo, sem se importar nem um pouco com a
vitória ou derrota, dizendo que é totalmente contra os
armamentos, não consente de forma alguma, e parece que não
tem como colocar as mãos Realmente, isso também não está
errado. Sem dúvida, do ponto de vista religioso, é verdade, mas,
se por acaso o país for derrubado, como será? É lógico que será
impossível continuar a fé. Portanto, esse princípio extremo de
anti-guerra é um princípio de derrota da guerra, é também um
princípio de suicídio.

Digo isso, mas não sou contra nem a favor. Isso porque a
agitação e o perigo do mundo atual também não deixam de ser
parte do plano profundo de Deus. Como sempre digo, o plano de
Deus não é algo fácil de ser compreendido com a inteligência e
teorias do homem. Nesse fundo, existe outro fundo, e realmente
249
Rokan – Alicerce do Paraíso

é uma coisa misteriosa. E se por acaso tiver entendido e fazer a


explicação, será em vão, porque o cérebro do homem não
consegue compreender.

Num trecho do Ofudessaki da religião Oomoto, tem e


seguinte frase: "O trabalho é de grão em grão, fiquem vendo o
resultado". Sempre acho realmente apropriado.

Jornal Eiko nº 184, 26 de novembro de 1952

250
Rokan – Alicerce do Paraíso

(S.AN/84) INSPIRAÇÃO DIVINA PARA QUE HAJA HARMONIA


ENTRE OS EUA E A URSS

No mundo atual, são incontáveis as aflições da


humanidade, mas a que ocupa o primeiro lugar é, sem dúvida, a
questão entre os EUA e a URSS. Nesse sentido, quando chegar
a hora da solução dos diversos problemas entre os Estados
Unidos e a União Soviética, e os Srs. Truman e Stálin apertarem
as mãos, será uma grande salvação para toda a humanidade, e é
incalculável como o mundo irá clarear.

Entretanto, sei muito bem que mesmo que tenhamos essa


expectativa, ninguém nos levará em consideração, por achar que
isso é um fato impossível, mas que o sonho de um débil mental.
Pensar, porém, que não existe a possibilidade disso se
concretizar é o mesmo que apoiar a premissa de que a situação
atual terá continuidade, mas hoje em dia, onde o progresso não
pára, somos incapazes de prever que mudanças poderão ocorrer
daqui para frente, neste mundo em disparada. Pois o homem,
com o seu mero raciocínio, desconhece o que vai se suceder a
um palmo de seu nariz.

Somente Deus, que governa o mundo, sabe, e isso é


suscetível da imaginação até dos incrédulos.

Nós temos, dessa forma, convicção de coisas que, no


momento, nem seríamos capazes de imaginar. Essa é a
sensibilidade espiritual atribuída unicamente aos que possuem
fé.

Obviamente, uma vez que temos essa convicção,


esperamos pela sua realização e, manifestando toda inteligência,
ardor e esforço, proclamamos que é preciso gerar um grande
movimento.

251
Rokan – Alicerce do Paraíso

De fato, os movimentos da UNESCO, do MRA, etc.,


iniciados recentemente, são muito úteis, adequados à época
atual para a paz da humanidade, e nós também expressamos
nosso sentimento de apreço, mas observamos que no seu
fundamento não existe um método muito eficaz, que concretize a
paz entre os Estados Unidos e a União Soviética. Isto porque
esses dois movimento têm como objetivo apenas os países além
da União Soviética e, uma vez que suas metas são a oposição
ao comunismo, mesmo que obtenham sucesso, não terão
alcançado a solução fundamental. O poderio soviético é algo
espantoso, e ele pode até aumentar. Nesse sentido, enquanto de
um lado todas as nações do mundo, exceto a URSS, se unem e
realizam uma defesa armada, devemos executar um grande
ataque de paz ao Sr. Stálin e ao povo soviético.

E que método é esse ataque de paz? É uma ampla união


de todas as religiões, a começar pela cristã. E fazer uma grande
mobilização, inédita em todo o mundo, unindo os bilhões de
religiosos. Obviamente todas as pessoas que não são religiosas
também devem dar todo o apoio que lhes for possível. Pois, se
com isso pudermos evitar a Terceira Guerra Mundial, grande
ameaça para toda a humanidade, será um sacrifício muito barato.

Proclamar uma tese de tão grandioso significado como


essa, de um cantinho do Japão, vencido na guerra, pode ser o
cúmulo da pretensão, mas uma vez que nós também fazemos
parte da humanidade, queremos proclamar isso ao mundo por
desejar demais a felicidade de toda a humanidade.

Jornal Hikari nº 30, 8 de outubro de 1949

252
Rokan – Alicerce do Paraíso

(S.AN/85) COMO FICARÁ O MUNDO

Tendo como oportunidade o problema da Coréia, a


situação do mundo sofreu uma transformação. Até agora
qualquer um imaginava, mas a guerra fria de longo tempo
finalmente se transformou numa guerra quente. Essa é a
realidade do presente. Creio que ninguém previu que do país
vizinho se iniciaria uma guerra que pensavam ser apenas o
estopim da Terceira Guerra Mundial. Sem dúvida que a situação
chegou a tal ponto que é impossível ficar indiferente ao conflito
do país vizinho, mas agora o Japão não pode fazer nada porque
é uma nação indefesa. E como diz o Primeiro Ministro Yoshida,
não existe outro meio a não ser a assistência espiritual. Contudo,
dependendo do andamento futuro, não se pode saber quando e
em que aspecto vai ocorrer uma reviravolta, por isso é preciso
estar preparado antecipadamente.

E se utilizar o poder de luta dos Estados Unidos, mesmo


tratando-se do exército comunista, não há dúvida de que será
pressionado até a fronteira da Coréia, mas não se pode pensar
que com isso a guerra tenha terminado. Segundo o telegrama
recente, entrou a notícia de que estão preparando a ajuda de 150
mil homens do exército comunista chinês, e não se sabe quando
a Indonésia, o Irã, o Iraque, a Iugoslávia, a Bulgária, a Turquia, a
Grécia e a Alemanha Oriental e Ocidental e outros vão iniciar o
fogo; que perigo estão guardando. Originariamente, a guerra é
uma coisa que não se consegue lidar com teorias e cálculos, é a
energia do momento. A partida foi dada, mas se não chegar até o
fim do limite, não irá terminar, como já se tem conhecimento
através da experiência da Segunda Guerra. Além do mais, daqui
para frente, se as guerras chegarem ao final, certamente a troca
de tiroteios será com bombas atômicas e de hidrogênio, e sendo
assim não se trata mais de uma guerra, e sim de uma destruição.
Se não se chegar à destruição do mundo, será uma catástrofe
impossível de se imaginar. Entretanto, tendo pleno conhecimento
dessa temível tragédia, por que será que o homem não consegue
253
Rokan – Alicerce do Paraíso

evitar? Em relação a essa dúvida, vou escrever aqui o nosso


ponto de vista como religioso, para que sirva de referência.

Na Bíblia consta que: "João fez o batismo pela água e


Cristo fará o batismo pelo fogo". O batismo pela água de João já
foi realizado com o famoso dilúvio de Noé. Porém, o batismo pelo
fogo ainda não se manifestou, e juntamente, nesse momento,
está prometida a Segunda Vinda de Cristo. O batismo pelo fogo
é, naturalmente, o processo de purificação das duas partes: o
espírito e o corpo. A purificação do espírito significa queimar as
máculas do espírito, e atualmente, o método de tratamento de
cura das doenças que estamos realizando é também uma face
do batismo pelo fogo. Entretanto, quanto à bomba de hidrogênio,
parece que ela tem um calor elevado de cinqüenta mil graus, por
isso queimará totalmente qualquer coisa. Esse é o batismo pelo
fogo em relação à matéria, isto é, objetos materiais Dessa forma,
se for realizado mundialmente esse batismo pelo fogo do espírito
e corpo, será um terror imenso, uma grandiosa purificação sem
precedentes na História da humanidade.

Dessa forma, todas as impurezas existentes na face da


Terra serão erradicadas, e assim o que será brilhantemente
construído na Terra será o Paraíso; se não for isso, o que poderá
ser? Entretanto, só isso não passa de uma simples profecia e
nós, a humanidade, precisamos nos tornar seres humanos que,
mesmo deparando-nos com esse batismo de fogo, não sejamos
queimados ou destruídos, devemos sobreviver. Contudo, se
perguntarem se é possível existir esse tipo de felicidade, nós
afirmamos que isso é possível. Isso porque o fato de ser
queimado, significa que possui máculas, isto é, impurezas, e se
tornando um corpo purificado sem impurezas, não há motivo para
ser queimado; portanto, o meio para se ter um corpo purificado é,
sem dúvida, se agarrar ao poder absoluto de salvação que irá
surgir no final, e por isso faço aqui essa advertência.

Jornal Eiko nº 67, 30 de agosto de 1950


254
Rokan – Alicerce do Paraíso

(S.AN/86) OS ESTADOS UNIDOS E A JUSTIÇA

Em relação à proposta de os Estados Unidos colocarem o


carimbo como o invasor da China Comunista, estando
atualmente em meio ao perigo mundial, a começar da Inglaterra,
cada país das forças aliadas da Europa não mostrou uma atitude
determinada, mas dessa vez, ao ver o resultado conforme o
desejo dos Estados Unidos, é para ficar bastante contente. Isso
porque, para o povo que veio sofrendo os horrores da Segunda
Guerra Mundial, não é para menos que ficaram duvidosos, mas
por outro lado, se se tivesse empregado qualquer outra medida
tentando impedir agora a Rússia do domínio do mundo, nem é
preciso dizer que é totalmente impossível. Pelo contrário, irá
aperfeiçoar ainda mais os armamentos, e se houver uma brecha,
é uma realidade indubitável que irá tentar pôr as mãos em todo
lugar. Se bem que mesmo os Estados Unidos, com o sistema do
princípio democrático, empenhando-se com todo o esforço,
conseguirá quebrar a selvageria da Rússia; se não conseguir,
terá que desistir, porque será totalmente impossível o confronto
até construir um armamento poderoso. Agora, puxando cada país
da Europa, está se empenhando aos poucos nessa preparação.

Entretanto, a parte da Ásia, tendo o Sr. Nero no papel de


orientador, tentou solucionar o problema da Coréia, mas acabou
fracassando e, da mesma forma como cada país da Europa, a
preocupação é a mesma por não saber quando a mão da Rússia
irá manipular a China Comunista para começar a envolver o
pobre armamento da Ásia.

Contudo, os Estados Unidos é indiferente à intenção de


outras nações, e esse senso de justiça de transpor até o final o
sentimento inicial é uma coisa maravilhosa. Sem dúvida que esse
país tem como proteção um poderoso armamento, e isso
também influi, mas acima disso está o absolutismo do senso de
justiça tradicional dos Estados Unidos. Através do que esse
senso de justiça é formado? Logicamente vem da fé cristã, e
255
Rokan – Alicerce do Paraíso

mesmo na mensagem do Presidente Truman publicada


ultimamente, está bem acentuado que a fé é uma aliada, e
também no importante pronunciamento do General McArthur
existe sempre a palavra Deus, e vendo isso irão concordar.

Refletindo, quando olhamos o pronunciamento do nosso


ministro do Japão, das autoridades e da classe orientadora,
notamos que não dizem a palavra fé ou Deus. Sendo assim, é
realmente muito triste. Portanto, se a classe de orientadores do
Japão não começar a falar as palavras Deus, fé, justiça, mesmo
que supostamente venha a paz, é natural que doravante não se
poderá ficar tranqüilo, e não dá para dizer que não haverá
políticos e idéias que irão errar o futuro da nação

Jornal Eiko nº 93, 28 de fevereiro de 1951

256
Rokan – Alicerce do Paraíso

(S.AN/87) IMPRESSÕES DIVERSAS SOBRE A SITUAÇÃO


ATUAL

Depois que entramos no mês de janeiro deste ano, senti


bastante a diferença que existe em relação ao mesmo mês do
ano passado. Como todos sabem, no ano passado, por causa da
confusão na Coréia, o futuro estava obscuro, e era forte a
sensação estranha de não se ter uma previsão nem de chuva ou
de vento. Por isso, neste ano, é verdade que esse sentimento
ficou amenizado. Entretanto, ainda não ficou totalmente límpido.
É como o céu nublado e carregado que nem abre para o Sol e
nem chove. Pensando sobre isso, conclui-se o seguinte:

De um modo geral, a causa do surgimento do problema na


Coréia foi o pacto firmado entre a União Soviética e a China
comunista, e nem é preciso dizer que o centro é gerado por um
plano a longo prazo que sai do Kremlin. Observando isso, vemos
que inicialmente atacaram a Coréia do Sul para tê-la como ponte
para o domínio asiático, mas os Estados Unidos se empenhou
nessa questão de uma forma muita mais séria do que se
esperava e deu um auxílio grandioso, que pouco a pouco foi se
tornando a coluna, e sua atitude foi a de encurralar a China a
custo de qualquer sacrifício, de modo que a China também viu
que seus prejuízos seriam muito grandes se ela continuasse a se
opor como estava fazendo e, então, foi chorar com a União
Soviética na tentativa de que, mesmo momentaneamente, a
coisa fosse interrompida, e a primeira tática foi o pronunciamento
do Embaixador Marik.

Dessa forma, é óbvio que não havia motivos para que o


seu pensamento fosse uma paz sincera; só estavam ganhando
tempo para planejar melhor e esperar pela hora oportuna de se
erguer, o que é fácil de se presumir. O plano da União Soviética
é o de enfraquecer ao máximo os Estados Unidos, e tomam a
estratégia de desgastá-los, e como não haveria sentido se as
coisas se apaziguassem e eles recolhessem o exército, deixam
257
Rokan – Alicerce do Paraíso

as tropas das Nações Unidas o mais perto que podem, fazendo-


os se desgastarem. Dessa forma, inicialmente não haverá nem
guerra e nem paz: devem continuar com essa estratégia de
guerra de deixar a coisa em suspense. Feito isso, pode ser que a
União Soviética possa acionar a coisa ameaçando a Índia
Francesa e o Oriente Médio, e, quanto ao lado europeu, é
provável que pensa em invadir a Iugoslávia, já há muito
malquista; a Alemanha Oriental também, com ares estranhos e
os problemas no Irã, Iraque, Egito etc. também não são diretos,
mas o objetivo é os Estados Unidos. Isso porque querem deixar a
Inglaterra em apuros. As dificuldades financeiras recentes da
Inglaterra estão exageradas por causa dessas coisas. Pelos
noticiários do exterior dos últimos tempos, parece que ficou
bastante séria a política de contenção em relação ao povo.

A visita de Churchil aos Estados Unidos também parece


ter isso como questão principal, ou seja, está advertindo o
Presidente Trumam sobre o apoio financeiro. Os problemas
relacionados à China Comunista e a Kokufu, no Japão, que
acompanham isso, não passam de suplemento. Seja as
despesas com gastos militares para formar 47 unidades de
exército na Europa, o que parece que já está quase decidido, as
despesas para a ajuda da Coréia, do Japão e dos lados do
Oriente Médio, na Ásia, se somadas, atingem quantias
surpreendentes. Por conseguinte, se isso continuar por muito
tempo, as perdas do poder nacional do incrível Estados Unidos
também serão enormes. Assim, ficarão presos nos laços da
União Soviética, de modo que ela poderá vencer sem lutar. Stálin
espera o enfraquecimento dos Estados Unidos sorridente e, além
de colocar todo empenho na plenitude dos armamentos, já não é
duvidoso que venha a vencer, mas não podemos ficar com esta
certeza, pois poderão se erguer furiosamente, de modo que não
há espaço para vacilações.

Tudo que escrevi foi a minha opinião formada pelo bom-


senso e pelo aspecto racional e, como religiosos, temos uma
258
Rokan – Alicerce do Paraíso

visão fundamentalmente diferente da comum. Isto porque, uma


vez que acreditamos na existência de Deus, em qualquer
problema, o Bem vence e o Mal perde — é um final óbvio, de
modo que, quando comparamos os Estados Unidos e a União
Soviética, nem é preciso dizer quem vai ganhar e quem vai
perder, pois é algo já conhecido, e os fiéis sabem muito bem. Por
conseguinte, seja qual for a situação que venha a se apresentar
daqui para frente, não será motivo para qualquer preocupação.
Além disso, se, como resultado, o surgimento do Paraíso
Terrestre, o Mundo de Miroku, que é o nosso ideal, for
incrementado, felizes são os que têm fé — como diz Jesus
Cristo, e estas suas santas palavras poderiam se referir a alguma
outra coisa senão a isso?

Revista Tijyô Tengoku, nº 32, 25 de janeiro de 1952

259
Rokan – Alicerce do Paraíso

(S.AN/88) IMPRESSÕES DIVERSAS SOBRE A SITUAÇÃO


ATUAL

(TRADUZIR)

260
Rokan – Alicerce do Paraíso

(S.AN/89) A RESPEITO DA MORTE DOS HERÓIS

Quanto à morte de Stalin ocorrida essa vez, não há muito


o que pensar, e não é preciso dizer que foi a personalidade mais
célebre desse século. De qualquer forma, podemos compreender
revendo a sua carreira que na época Imperial da Rússia recebeu
o governo de Lênin que havia falido desde a base, aquele
Império extremamente opressivo, e seja como for, bem ou mal,
podemos dizer que a habilidade com que levantou um grande
Império comunista como o de hoje corresponde a um ato
prodígio. Além disso, em pouco mais de 30 anos, como vemos
atualmente, conseguiu uma situação inabalável que confronta
com o poderoso Estados Unidos e, realmente, pode-se coroá-lo
com o nome de herói, considerando-o o gigante do século.

Apesar disso, em relação à sua morte, quantas pessoas


haverá no mundo inteiro que lamentaram de coração? Este não é
um assunto que começou agora, mas desde antigamente,
quando morriam inúmeros heróis, se falarmos a impressão de
grande números de pessoas, realmente, extremamente, como
uma pessoa brilhante, não podemos deixar de admirar a sua mão
de ferro, mas até chegar a esse ponto, um incontável número de
pessoas foi sacrificada. Só com isso, sem nenhuma condição
não é possível lamentar. Isso porque o ódio dos injuriados é uma
coisa profunda e, dessa maneira, o espírito não consente. Ou
seja, para atingir o objetivo, não escolhe os meios, mostrando o
pensamento egoísta próprio de um herói formal, e a base desse
pensamento, sem dúvida, nasceu do pensamento deles de não
acreditar em Deus. Sendo assim, não existe uma coisa a ser tão
temida no mundo quanto esse pensamento de não acreditar em
Deus, não sendo necessário dizer que é um pensamento de
destruição da felicidade e um inimigo da civilização.

Acima escrevi sobre o herói e o pensamento ateísta, mas


isso também se encaixa não apenas com o herói mas com o
povo em geral. Ou seja, não escolhe os meios para atingir o
261
Rokan – Alicerce do Paraíso

objetivo, tem o pensamento de que o forte é o correto, e


atualmente é bem numeroso esse tipo de pessoa. Além disso,
esse tipo de pessoa é venerado como um vencedor, por isso
aumentam as pessoas que o imitam e o mal social vai sendo
criado aos montes. Em relação a essa maré de mau
pensamento, não existe nada além da Religião que possa servir
de prevenção, o que já é um assunto mais do que conhecido.
Através disso, sem a Religião, é lógico que facilmente não se
conseguirá construir uma sociedade alegre e fácil de viver. Dessa
forma, a Religião possui uma infinidade de coisas úteis para
prevenir a intranqüilidade social, mas mesmo assim, a maioria
das pessoas inteligentes do mundo não percebe isso; pelo
contrário, consideram a Religião uma coisa supérflua, o que é
realmente um assunto lamentável. A causa disso, sem dúvida,
está no veneno da Ciência e, inconscientemente, impede a
felicidade do homem, que está todo jubiloso, considerando-se um
homem cultural; essa é a situação de hoje.

E, com o ateísmo, mesmo que tenha conseguido cultuar o


herói conforme o seu desejo, essa alegria e satisfação não são
coisas que continuam por muito tempo. Isso a História nos
mostra muito bem. Ou seja, pode-se dizer que quase não
existem pessoas que, com o nome de herói, conseguiram
completar o final. E na realidade, o herói que se depara com a
morte não existe um só sequer que tenha tido uma morte
tranqüila, e como o Stálin, pode-se dizer que,
surpreendentemente, teve uma morte pacífica; contudo, após
sua morte, fica a dúvida até quando terá continuidade a atual
União Soviética. Isso porque o número de pessoas que obteve
alegria e felicidade através dele é menor do que o número de
pessoas que por causa dele tiveram sua vida ceifada e caíram na
infelicidade; não se sabe, por isso, algum dia, o grande número
de espíritos vingativos não vão deixar de derrubar o país e, ao
mesmo tempo, como regra imutável do Mundo Espiritual, quando
esses espíritos que possuem grandes pecados vão para o
Mundo Espiritual após a morte, são transferidos para o Mundo
262
Rokan – Alicerce do Paraíso

Infernal de completa escuridão, e independente do nome, caem


numa situação miserável; até serem perdoados por esse pecado,
leva pelo menos mais de cem anos. Portanto, ao tomar
conhecimento disso, qualquer herói, ou homem extraordinário,
sem nenhuma resistência irá se arrepender, mas aí será tarde
demais. Portanto, quero dizer: "Pobre coitado, o seu nome é
herói‖.

Em contraposição, nós, que acreditamos em Deus,


salvamos o maior número possível de pessoas, concedendo-lhes
alegria e tranqüilidade; conseguiremos ser pessoas
verdadeiramente felizes debaixo de uma glória eterna.

Jornal Eiko nº 205, 22 de abril de 1953

263
Rokan – Alicerce do Paraíso

(S.AN/90) DORAVANTE COMO FICARÁ O MUNDO?

Não existe problema tão sério quanto a questão de como


ficará o mundo daqui para frente. Pretendo escrever algumas
coisas genéricas a esse respeito, e, para começar, vejamos o
grande Stálin, que desapareceu subitamente. Vou comentar
primeiramente sobre esse fato e vejamos a teoria comunista que
começou a ser pregada por Karl Marx e Engels há cerca de cem
anos. Na época, era objeto de pesquisas dos cientistas como
uma simples teoria e não ia além dos limites do seu uso para
movimentos sociais por uma parcela de pessoas. Entretanto, foi
o famoso Lênin que a concretizou muito antes do que
esperávamos, o que ainda resta em nossa memória, mas quando
ele derrubou o poder político de Rumanov da época e se
pensava que ia começar a fazer algo, deixou este mundo, e foi
Stálin que o sucedeu. Ele, também, em pouco mais de trinta
anos, edificou o forte império comunista, de modo que a sua
gigantesca capacidade pode ser dita como maravilha do século.
Por conseguinte, deixando a questão do Bem e Mal à parte, ele
certamente é uma personalidade histórica. Entretanto, é preciso
pensar, agora, como será a URSS sem Stálin e qual é o futuro do
comunismo. De fato, Marencov, seu sucessor, também é um
grande homem, mas é óbvio que não possui um perfil como o de
Stálin e, certamente, não se pode esperar a repetição do período
áureo de Stálin. Dependendo do ponto de vista, a época
florescente do comunismo já passou e, gradativamente, está
tomando o caminho da descida — e muitos pensam assim. Isto
porque, mesmo com tão pouco tempo da sua morte, a política
externa mudou por completo, e estão incentivando a paz
ofensiva, de onde se pode presumir o mesmo.

Isso à parte, vejamos, agora, o futuro dos Estados Unidos.


De fato, comparada à época em que Stálin estava vivo, eles
ficarão bem mais sossegados por uns tempos, mas ainda não
podem vacilar. Isto porque o preparo militar deles não é vistoso,
mas estão se esforçando sem descanso na sua plenificação, o
264
Rokan – Alicerce do Paraíso

que ficamos sabendo pelos últimos noticiários do exterior. Por


conseguinte, as diretrizes do Presidente em relação a isso
afirmam que, até um certo tempo, ainda irão continuar com os
armamentos existentes.

Dessa forma, nem é preciso dizer que o futuro da paz


mundial ainda está bem longe. E eu, vendo o futuro dos Estados
Unidos, pela Revelação Divina, observo que num futuro próximo
eles irão se deparar com um grande problema, praticamente
inédito, mas não posso revelar claramente o que é, uma vez que
não tenho a permissão divina para fazê-lo, mas certamente isso
será o início da grande mudança mundial, e imagina-se que, de
forma ordenada, atingirá a Religião, a Política, a Economia, a
Educação, a Medicina e todos os outros setores da Cultura. Na
União Soviética também ocorrerá uma grande mudança e, como
resultado, nascerá um novo pensamento no mundo até que, por
fim, chegaremos ao estágio da concretização de um mundo de
paz e felicidade tão esperado pela humanidade.

E qual é esse pensamento? Não é nem o comunismo,


nem o socialismo e também não é o capitalismo nem a
democracia. Não pertence nem à direita e muito menos à
esquerda, e também à neutra. Irá nascer um elevado
pensamento cultural que poderá se chamar o pensamento de
Izunome, como dizemos, e com o tempo esse pensamento irá
liderar o mundo do futuro, o que será a concretização da
profunda providência divina, e também será algo definitivo, de
modo que, quer gostemos ou não, será fatalmente concretizado.
Ou seja, o eterno mundo isento de doença, miséria e conflito, o
Paraíso Terrestre, que é o objetivo da nossa Igreja, será
edificado.

Entretanto, até que isso aconteça, haveremos de passar


por muitos caminhos sinuosos, confusões sem fim e até
poderemos perder o rumo, de modo que é preciso estarmos
prontificados de ante-mão. A prontidão, obviamente, diz respeito
265
Rokan – Alicerce do Paraíso

à fé. E uma vez que, com isso, qualquer aflição termina de forma
amena, descobriremos aí o grande Amor de Deus. Em suma, o
fundamento da Grande Era de Transição do mundo é que virá
uma nova era, ao pé da letra, onde o Mal desmorona e o Bem
prospera, de modo que quem não conseguir acreditar nisso será,
de fato: "Coitado, seu nome é ateu".

Jornal Eiko nº 206, 29 de abril de 1953

266
Rokan – Alicerce do Paraíso

(S.AN/91) A SITUAÇÃO DO MUNDO CONTEMPORÂNEO E O


MUNDO ESPIRITUAL

Alicerce do Paraíso, pág. 10

A situação do mundo contemporâneo apresenta-se


realmente periclitante, talvez como jamais se tenha visto na
História. O temor pela Terceira Guerra Mundial domina quase
toda a humanidade. É um problema seriíssimo, pois o conflito
envolveria todos os países, e não apenas os litigantes; seria
inédita, portanto, a extensão da sua influência.

Essa é a imagem do mundo atual, que se projeta à vista


de qualquer um; todavia, se não conhecermos a verdade sobre o
Mundo Espiritual, onde está a origem de tudo que acontece neste
mundo, não poderemos descobrir a causa do problema. Só
depois disso conseguiremos prever o futuro e ter tranqüilidade de
espírito. É sobre esse tema que vou escrever agora.

O Plano de Deus é construir o Paraíso Terrestre, e para


isso era necessário que a cultura material progredisse até certo
ponto. Com esse objetivo, Ele criou o Bem e o Mal, e foi pelo
atrito entre ambos que alcançamos o extraordinário progresso
material da atualidade e estamos agora a um passo do advento
do Paraíso. Já expliquei isso muitas vezes, mas vou tornar a
fazê-lo; caso contrário, as pessoas que nunca ouviram falar
sobre o assunto teriam dificuldade de compreender aquilo que
hoje pretendo expor.

A luta entre os homens iniciou-se no Mundo Espiritual a


partir do momento em que o ser humano foi criado. Os mais
fortes queriam apoderar-se de todas as regiões conhecidas
àquela época, governando-as conforme sua vontade. Para isso,
recorriam à violência, sem distinguir o Bem e o Mal, tal como
vemos presentemente. Assim, pouco a pouco, a inteligência do
homem foi se desenvolvendo, e, paralelamente ao aumento da
267
Rokan – Alicerce do Paraíso

população, ampliou-se a escala da luta, tendo-se chegado, enfim,


à situação atual.

O plano de conquista da supremacia mundial foi elaborado


há cerca de três mil anos, e seu chefe era um dragão possuidor
de grande poder no Mundo Espiritual. Esse dragão incorporou
numa divindade e, através dela, quis apoderar-se do mundo,
tendo utilizado os métodos mais atrozes. Durante algum tempo a
divindade se saiu bem, recorrendo a tudo para atingir seu
objetivo, mas, quando já estava prestes a atingi-lo, falhou e
recebeu severa punição de Deus. Arrependendo-se, voltou ao
seu estado natural. A partir daí, o dragão passou a incorporar nas
grandes personalidades de cada época, procurando despertar
nelas a ambição de dominar o mundo. Fracassou sempre, mas
não aprendeu, e até hoje está lutando tenazmente, com toda a
força. Muitos homens considerados importantes estão nesse
caso. A História nos mostra que, embora eles tivessem grandes
poderes na época, acabaram tendo um triste fim. César,
Napoleão, Guilherme II, Hitler e outros podem servir de exemplo.

Creio que agora já podem ter mais ou menos uma idéia da


origem da situação atual.

Referindo-me a personagens como os que mencionamos


acima, eu sempre digo que são chefes dos demolidores do
mundo, pois até agora este não era verdadeiramente civilizado,
ainda restando ao homem cerca de cinqüenta por cento de
características selvagens. Espiritualmente falando, significa que o
homem pecou muito e acumulou máculas; portanto, surge de vez
em quando a necessidade de uma ação purificadora. Como para
isso é preciso haver demolidores e também limpadores,
compreendemos que o aparecimento deles sob forma de
grandes personagens é apenas uma manifestação do Plano de
Deus. De nada adianta nos aborrecermos ou nos
desesperarmos.

Revista Tijyo Tengoku nº 21, 25 de fevereiro de 1951


268
Rokan – Alicerce do Paraíso

(S.AN/92) A MENTE DOS FABRICANTES DE GUERRAS

Sempre acho inexplicável o cérebro dos produtores de


guerra. Isso não é uma coisa que começou agora, é desde
épocas muito remotas e, por causa da própria selvageria, mesmo
sacrificando a vida de grande número de pessoas, não pensa
nada; é incompreensível esse estado mental. Experimente
pensar bem. Quando um homem mata uma só pessoa que seja,
não apenas será interrogado pelo crime de assassinato, como a
própria pessoa será censurada incessantemente pela
consciência e sofrerá com o arrependimento; são palavras que
sempre aparecem na confissão dos assassinos. Só que, apesar
de serem assassinos, igualmente esses são os de bom caráter,
mas tratando-se de pessoas extremamente más, podem matar
quantas pessoas forem que não despertam a consciência de
culpa. Quando o Mal se intensifica, ganha do céu e, por um
momento, atravessou um mundo esplendoroso, mas a retribuição
de quando finalmente chega na descida é e capturado e, ao ter
que pagar a taxa, estremece com a terribilidade do mal e
desperta; ouço dizer que, juntamente com as lágrimas de
arrependimento, há pessoas que deixam palavras louváveis, mas
também, raramente existem aqueles sem-vergonhas que não
apenas não têm o mínimo de sentimento de culpa, mas são
enforcados soltando palavras de ódio, mas esses são exceções.

Contudo, ao se tratar da guerra, o número é diferente.


Mesmo que o chefe não mate diretamente, utiliza a mão de mais
de dez, de um milhão de subalternos, praticando um assassinato
em massa. Além disso, não mata apenas o inimigo como o aliado
também; portanto, esse ato cruel não é uma coisa que como ser
humano seja completamente possível de se suportar. Ou é um
demônio canibal ou um tigre-lobo; é difícil expressar por meio de
palavras. Entretanto, só porque se trata de assassinato em
massa, não significa que não seja ruim. Isso porque, em relação
ao povo que goza da paz, ou seja, que é um país amante da paz,
se houver alguém que ameace com a força militar, quem vai
269
Rokan – Alicerce do Paraíso

proteger é a maravilhosa legítima defesa. Se não prevenir


rapidamente, os danos se tornam maiores. Portanto, é lógico que
isso não se torna um crime.

De qualquer forma, o herói de época, que por causa de


sua própria selvageria sacrifica a vida de inúmeras pessoas e
não se arrepende, é realmente o possuidor de um cérebro
incompreensível. Enquanto não mudar esse cérebro, não existe a
possibilidade de concretizar o mundo de paz, e isso está mais do
que claro. Nesse sentido, as diversas entidades da paz
existentes hoje no mundo e também nas atividades de entidades
religiosas são, sem dúvida, corretas, mas falando do ponto de
vista da perfeição, não existe outro método a não ser arrancar,
de qualquer maneira, essa crueldade do cérebro dos heróis de
hoje. Se bem que irão dizer que isso está mais perto do
impossível, e o que vem à cabeça de qualquer um, creio, é a
Religião. Contudo, com as religiões existentes até hoje, já se teve
a experiência de que não dá certo; portanto, é preciso que surja
um x superior a uma religião de época marcante. Creio que esse
tipo de pensamento não é só de algumas pessoas.

Jornal Eiko nº 101, 25 de abril de 1951

270
Rokan – Alicerce do Paraíso

CAPÍTULO VI — JORNALISTAS

(S.AN/93) AO SR. OOYA MASSAITI

Sr. Ooya, o senhor, na recente revista semanal Y, insultou


as religiões novas de forma horrenda. Não sei quanto às outras
religiões novas, mas vou responder apenas pela nossa Igreja. O
texto todo estava repleto de uma atmosfera emocional. E era
visível para qualquer um que a forma com que foi escrito foi
mesmo para falar mal.

Por exemplo: estava escrito de forma bem clara até as


coisas mais detalhadas sobre a vida de anos anteriores do
Professor Jikan (Meishu Sama:) quando não era religioso. Com
que necessidade escreve essas coisas velhas como se fossem
fatos novos? Custo a entender o seu sentimento. Uma vez que o
senhor também é um jornalista de destaque, não estaria
esquecendo, por acaso, que está na posição de criticar da forma
mais imparcial possível? Não deve ser por causa de caduquice.
Por mais que tente ver de outra forma, isso só se assemelha aos
jornais de baixo nível que se satisfazem atendendo ao interesse
dos leitores.

Ficamos imensamente decepcionados ao ler o artigo desta


vez, uma vez que sempre tivemos em consideração que a revista
Y é uma rainha de grande respeito no mundo jornalístico.
Gostaria, aqui, de adverti-los que está sendo um veneno à
sociedade materialista. Originariamente, o que fundamenta o
pensamento materialista é a crença de que "não se deve
acreditar naquilo que não se vê". Ao contrário, o pensamento
espiritualista é o de que "apesar de ser invisível, Deus e as
coisas espirituais existem". Atualmente, quando as pessoas
abrem a boca, é para reclamar da decadência moral, e os dados
mostram o aumento de criminosos. Uma vez que Ministros de
Estado, Presidentes de uma grande empresa, são atividades de
uma pequena minoria de pessoas, é um fato real que os males
271
Rokan – Alicerce do Paraíso

sociais invadem todos os cantos, desde cima até embaixo.


Portanto, onde está a causa disso? Obviamente está no próprio
pensamento materialista. As pessoas pensam que, contanto que
enganem habilmente os olhos das pessoas, mesmo que
pratiquem más ações, elas não virão à tona. Mas, na realidade,
um dia infalivelmente são reveladas e, apesar de que deveriam
entender que é impossível enganar os olhos de Deus, tal não
acontece. Pois eles são os desgraçados pelos pensamento
materialistas que lhes foram incutidos desde criança.

Dessa forma, enquanto não derrubarmos o pensamento


materialista que é o produtor do crime, não poderemos esperar a
construção de um novo Japão, nem a felicidade do ser humano e
nem o desaparecimento dos males sociais. E ficou bem claro
através deste artigo o quanto você é um materialista radical; a
sua crítica é a de que todas as religiões novas, sem nenhuma
exceção, são trapaceiras, são uma farsa e não passam de
fabricação do ser humano. O seu comentário não faz qualquer
referência às religiões tradicionais e só censura as novas
religiões. Entretanto, mesmo as religiões tradicionais, no início,
quando surgiram, eram quase todas supersticiosas e trapaceiras,
o que é possível sabermos pelas perseguições inescrupulosas
das autoridades e do povo da época. E a mais intensa delas foi a
de Jesus Cristo. Enquanto era vivo, Jesus foi visto como o ídolo
principal da religião trapaceira, foi coroado com espinhos, levado
para o local de execução e morreu como redentor dos pecados
de todos os povos. Essa sua figura dolorosa ainda hoje é objeto
de adoração dos cristãos,e como você vê essa figura sagrada?
Daí, pode-se ver que é preciso fazer críticas com olhos mais
inteligentes, necessitando muito cuidado e respeito para se
criticar as religiões nascidas recentemente. Nesse sentido, além
de não existir uma aventura tão perigosa quanto a de definir o
Bem e o Mal, o correto e o errado de uma nova religião, não
podemos deixar de prevenir a precipitação do crítico. Como
conclusão, gostaria de dizer que é claro como se ver o fogo que
se os jornalistas do Japão inteiro despertassem para a existência
272
Rokan – Alicerce do Paraíso

de Deus e das coisas espirituais, o crime do povo, já que está


sob sua orientação, iria diminuir bastante.

Jornal Hikari nº 4, 8 de abril de 1949

273
Rokan – Alicerce do Paraíso

(S.AN/94) CRÍTICAS BASEADAS NA IMAGINAÇÃO

Os jornais e revistas publicam artigos de diversos tipos de


críticas e todos sabem que a maioria nos trata como
supersticiosos e trapaceiros. Entretanto, eles não realizam quase
pesquisas. E é insuportável porque seus noticiários são produtos
da imaginação baseados no que ouviram na sociedade. É só
pensar para ver a falta de responsabilidade. Que os jornais
noticiam a verdade, é algo que não se aplica ao setor da
Religião. De fato, como a essência da Religião está em algo
semelhante ao nada, que não se vê com os olhos, pode ser fácil
imaginar do modo que se desejar, mas eles deveriam sentir mais
seriedade e responsabilidade e fazer pesquisas e análises tanto
quanto possível. Nem sempre as novas religiões são
supersticiosas e trapaceiras. Entre elas deve existir as que
contribuem de verdade para a massa social. E deve existir
também muitos casos reais de pessoas que deixaram de ser
salvas, estando sofrendo com infortúnios, por causa da
irresponsabilidade deles. Sendo assim, é óbvio que esse crime é
dos artigos de jornais que não têm seriedade.

Uma coisa muito imbecil que acontece hoje a esse


respeito é que, enquanto de um lado existe a preocupação com a
piora do sentimento humano, dizendo que só a religião é capaz
de salvar isso, por outro lado, dizem que é preciso acabar com as
religiões supersticiosas e trapaceiras, de modo que não há nada
mais contraditório. Pensando dessa forma, o argumento deles é
o de que, quando se fala em religião, trata-se apenas das velhas
religiões tradicionais. Entretanto, como todos sabem, as religiões
tradicionais existem aos montes no Japão e, apesar delas
estarem se esforçando na salvação do espírito há centenas de
anos, não conseguiram evitar que a sociedade piorasse da forma
como está, de modo que já deve ter findo o exame de que é
impossível evitar os males sociais com a força das religiões
tradicionais.

274
Rokan – Alicerce do Paraíso

Pensando dessa forma, existe outra alternativa senão


procurar fora das religiões tradicionais? Entretanto, como já
disse, os jornalistas e os governantes já decidiram que não existe
coisa superior às religiões tradicionais e olham as coisas novas
com "óculos escuros", desde o início. Por isso, enquanto não
despertarem para esse erro, nem se cogita a melhora do
sentimento humano. Nesse sentido, declaramos o seguinte
método: dentre as novas religiões, as que forem muito pequenas
e desconhecidas, deixá-las como estão, mas se pesquisar e
analisar as que tenham mostrado um certo desenvolvimento,
escolher as que são melhores e dar-lhes muito apoio.

Afirmo que, além desse, não há outro método melhor para


evitar a piora do sentimento humano.

Jornal Hikari, nº 8, 8 de maio de 1949

275
Rokan – Alicerce do Paraíso

(S.AN/95) OS ARTIGOS DE JORNAIS E A MENTIRA

Já faz muito tempo que se fala que nos jornais do Japão


tem muita mentira, e até o comando geral, após o término da
guerra, fez sérias advertências aos artigos mentirosos, o que é
um fato ainda recente em nossa memória. Em novembro do ano
passado, por ocasião do problema fiscal da nossa Igreja, todos
os jornais disputaram notícias sobre os movimentos religiosos e
outros pontos, misturando verdades e inverdades, o que é do
conhecimento de todos.

Analisando esses artigos um a um, ficamos pasmados


com a quantidade enorme de mentiras que eles continham. Na
verdade, não pensávamos que fossem tantas. E se isso fosse
nos jornais inferiores ao segundo escalão, ainda seria aceitável,
mas até os grandes jornais de se contar nos dedos tinham
colocado muitas mentiras, o que foi inesperado. Vendo isso, senti
profundamente que a cultura japonesa ainda deixa muito a
desejar, e não me contive de tristeza. Observando
minuciosamente o método de escrita deles, vemos que ele
depende unicamente do interesse, talvez por causa do princípio
do comércio para agradar os leitores, e encontramos em toda
parte criações e exageros.

Entretanto, se fosse somente o caso do interesse, não


haveria motivo para recriminação, mas por aumentar os fatos, a
pessoa em questão sai muito prejudicada. Por exemplo, um
grande jornal publicou que o capital da nossa Igreja era de
2.000.000.000 a 3.000.000.000 de ienes, o que é um disparate,
mas os leitores comuns, que nada sabem, colocam uma certa
confiança por se tratar de um grande jornal. Desde que isso
aconteceu, por uns tempos eu não tive mais sossego de tantas
entrevistas que tive de fazer com pessoas vindas de todos os
lados e que queriam empréstimos, fazer extorção, etc., e também
a concentração de cartas que aconteceu. Também por essas
coisas, podemos ver o quanto a mentira do jornal causa prejuízos
276
Rokan – Alicerce do Paraíso

inesperados, o que necessita de muita reflexão. Uma vez que os


artigos de jornais, hoje, ocupam uma posição semelhante à de
um caderno didático para as pessoas em geral, se eles
persistirem no princípio de vender o jornal com artigos
sensacionalistas, sem considerar que existe o perigo de auxiliar
essa onda de leviandade, será necessário uma grande reflexão e
correção quanto a esse ponto.

Desde a Antigüidade, jornal é considerado o líder da


sociedade e recebe o respeito como tal, portanto a sua
responsabilidade deve ser muito grande. Por conseguinte,
enquanto não corrigirem as diretrizes de até então, penso que
eles terão de arcar com o nome sujo de se responsabilizar por
uma parte do mal social, e por isso, se o jornal continuar a
escrever mentiras como sempre, sem se importar com isso, nem
devemos pensar na diminuição das mentiras pregadas por parte
da população em geral. Desejo que pelo menos os grandes
jornais façam redações exemplares tendo por lema a
honestidade, e isso não é só desejo meu. Nesse sentido, para
tornar o Japão reconstruído num país melhor, primeiramente
devemos banir a mentira dos jornais, e o nosso ardente desejo é
que suja pelo menos um tipo de jornal no Japão que não escreva
mentiras.

Jornal Hikari nº 10, 25 de maio de 1949

277
Rokan – Alicerce do Paraíso

(S.AN/96) ERA DE PAVOR A JORNAIS

A expansão da nossa Igreja mostra muito bem que nós


estamos nos empenhando dia e noite e dedicadamente à santa
obra de salvação da humanidade, revivendo as pessoas que se
deparam com a morte, dando esperança aos desesperados,
mudando as pessoas que estão mergulhadas em infelicidades
para um estado de alegria, etc., etc., e os relatórios cheios de
gratidão, vindos de todas as regiões, se reúnem sem fim, sendo
um fato que estamos servindo mesmo que pouco para tornar
alegre este mundo infernal.

Por conseguinte, quase não existe um dia em que a nossa


Igreja não esteja presente em algum artigo de jornal, nas mais
diversas regiões de todo o país, e os relatórios sobre estes
também vêm a mim de todos os lugares, mas nenhum deles toca
na verdade. Todos são demagogias. Além disso, segundo os
relatórios dos membros da região, a origem dos artigos está em
pessoas que sofrem as influências, pela expansão da nossa
Igreja, ou então pela ação arquitetada de alguma pessoa, por
algum motivo que o privilegie, e esses pontos transparecem
muito bem nos artigos. Como se diz desde os tempos antigos,
para Sakyamuni, a perseguição de Daiba. Isso seria aceitável há
dois mil e seiscentos anos, na época de Sakyamuni, mas nesta
era cultural do século XX, é um engano de época muito grande
que Daiba ainda esteja na ativa.

Obviamente seu pensamento materialista de não acreditar


no que não enxergam fazem com que hajam assim, e então,
pode-se fazer qualquer coisa desde que não se infrinja as leis
feitas pelos seres humanos. A Lei criada por Deus não deve
existir porque não é visível – só pode ser por causa desse
pensamento. Sendo assim, sinto profundamente que há
necessidade deles também serem salvos.

278
Rokan – Alicerce do Paraíso

Por isso, os 200.000 fiéis que existem espalhados por todo


o país sempre sentem pavor dos jornais, acima de tudo.
Obviamente porque, como resultado de artigos irresponsáveis,
tornam a nossa Igreja supersticiosa e trapaceira, fazendo as
pessoas pensarem que é perigoso ter contato com ela, e a
influência disso, por se tratar de uma vila do interior, pequena, é
muito maléfica. Por conseguinte, não são poucos os casos que
acabam em infelicidade, pois até os que deveriam ser salvos
acabam não sendo. Através disso, vemos que o crime deles é
imperdoável. Graças ao governo democrático de pós-guerra, nós
vivemos numa sociedade livre e alegre e somos imensamente
gratos aos General Mac'Arthur, e o jornal é quem sempre
ameaça esse sentimento e o torna escuro, de modo que coloquei
este título: Era de pavor a jornal, o que, acredito, tenham
entendido depois do que foi exposto.

Jornal Hikari nº 32, 22 de outubro de 1949

279
Rokan – Alicerce do Paraíso

(S.AN/97) A PAVOROSA LIBERDADE JORNALÍSTICA

Quem vê este titulo talvez ache estranho, mas, para nós,


não temos outra alternativa a não ser assim dizer. Isto é, sobre o
artigo perversivo, cheio de ridicularizações, desprezos e
censuras contra a nossa Igreja, que fora publicado em recente
número do Jornal Yomiuri, que há algo inaceitável como ato de
um jornal sob o governo democrático. Além disso, a grande
maioria do conteúdo do artigo fora tomada pela invenção e
falsidade, e sofro em interpretar onde está o intuito deste jornal.

As vozes que cantam a liberdade da imprensa estão


repletas nesta Semana de Jornal e em todos os âmbitos, e nós
também estamos repletos de vontade de levantarmos ambos os
braços conjuntamente, mas, na realidade, como sou uma das
pessoas prejudicadas pela liberdade da imprensa, não posso
deixar de hesitar. Nem preciso dizer que é porque perturba um
grande número de fiéis em relação à nossa Igreja, fere o crédito
perante a sociedade, e estorva-se o progresso. Sofro para
interpretar como pensar sobre esta atitude deste jornal.

Além disso, o presidente da Empresa Jornalística Yomiuri,


o sr. ( ) Baba,. é o Presidente da Associação Jornalística do
Japão. E dentre o lema dessa Associação, diz: ―O jornalismo
liberal e o absolutista não convivem", mas a atitude desta vez,
deste jornal, não é nada mais além de um absolutismo.

Historicamente, até hoje, nos casos em que os órgãos de


imprensa fazem críticas às novas seitas, na maioria deles,
terminavam em aceitação sem reclamação das partes
prejudicadas e, aproveitando-se disso, aceitam cegamente as
cartas unilaterais, enviadas pelos leitores ao jornal, e escrevem
os artigos não se realizando nenhuma investigação. Nessa
antidemocracia, há algo de imperdoável. É a atitude em que
desconsidera totalmente quão grande prejuízo causara por causa
disso.
280
Rokan – Alicerce do Paraíso

Não há nenhuma diferença com um homem poderoso que,


fazendo mal uso da grande prerrogativa que é o jornal, ameaça a
sobrevivência dos fracos. Creio que devem repensar no motivo
do Marechal MacArthur enfatizar a liberdade de crença,
inicialmente, dentre o lema da política democrática.

O Sr. (...), proprietário da empresa "The New York Times",


desta vez, disse que "Na liberdade, ao mesmo tempo, deve-se
acompanhar a responsabilidade". E para com o resultado do ato
em que o Jornal Yomiuri, escondendo-se na sombra da
liberdade, causara danos à nossa Igreja, nós exigimos que se
responsabilizem. Eu devolvo a expressão: "Abuso da liberdade
de crença", que diz este jornal, como: "Abuso da liberdade de
imprensa". É claro que é uma perfeita transgressão ao código de
imprensa. Portanto, denunciei o Jornal Yomiuri e duas pessoas
que deram informações falsas.

Nós, como religiosos, não gostamos, realmente, de apelar


à lei, mas como as fagulhas vêem caindo sobre nós, não
podemos deixar de dissipá-las, e como o nosso objetivo é
minimizar o mal social e tornar a sociedade numa verdadeira
sociedade democrática mais alegre e mais agradável para se
viver, para com o seu obstrutor, não podemos deixar de usar a
espada desencantadora do Mal.

E que a correção do mal da imprensa, que hoje em dia


tem a maior importância como condutor do povo, creio também
que é cumprir a missão como uma religião.

Jornal Hikari nº 32, 22 de outubro de 1949

281
Rokan – Alicerce do Paraíso

(S.AN/98) AS RELIGIÕES NOVAS E OS ARTIGOS DE


JORNAIS

A maioria das pessoas sabe que ultimamente a nossa


Igreja tem sido assunto de todas as camadas da sociedade tanto
no sentido bom como no ruim. A esse respeito, podemos dizer
que quase não há dias em que artigos sobre a Igreja não estejam
nas páginas dos jornais de todo o país. Por isso, diversos
repórteres de grandes, pequenos e médios jornais vêm me
entrevistar. No início, por falta de experiência, eu acreditava nas
boas intenções dos repórteres e lhes falava honestamente sobre
as coisas da religião, mas depois, vendo os noticiários, ficava
assustado com o artigo inesperado. Isto porque as coisas que eu
gostaria que a sociedade ficasse sabendo, por serem mais
importantes, eram quase todas apagadas, e escreviam assuntos
que pouco importavam de forma muito mais florida e, de um
modo geral, eram muitas palavras ridicularizantes e gozadoras.
Quando vinham fazer a entrevista, diziam coisas muito sérias,
como a minha opinião do ponto de vista religioso e minhas
impressões em relação à sociedade contemporânea, mas só
para puxar a conversa e, entre eles, uns diziam que "Jamais
escreveria mentiras", mas a realidade é a que se vê acima, e por
isso é desolador.

Quando se trata, porém, das palavras de políticos,


pessoas famosas ou religiosos das igrejas tradicionais, eles
escrevem com seriedade, mas em se tratando das religiões
novas, sempre colocam tudo de forma bastante negligente. E
qual o motivo disso? Isso acontece porque a maioria dos
jornalistas já é completamente materialista, e sente um tipo de
revolta idealista quando inspiramos o pensamos espiritualista, ou
seja, quando falamos entusiasticamente sobre a existência de
Deus, invisível. Por conseguinte, o pensamento materialista bem
sólido que eles possuem fazem-nos pensar que o espiritualismo
é uma superstição e o admite que ele o repudie. Pensam que
esse é o correto caminho para salvar as pessoas em geral e,
282
Rokan – Alicerce do Paraíso

com isso, pensam estar fazendo uma advertência para que não
caiam na superstição.

Entretanto, para nós, o materialismo é que constitui uma


superstição e também o fundamento da origem dos males
sociais, e por isso, temos o pensamento de que se não o
derrubarmos e não espalharmos amplamente o pensamento
espiritualista, o mundo não irá melhorar, e daí surge uma grande
divergência. Uma vez que no íntimo eles possuem esse espírito
materialista, ele aparece forçosamente nos artigos que escreve,
e isso é evidente pela atmosfera revoltosa que transparece em
toda parte do artigo. Quando converso com muitos jornalistas e
repórteres, sempre fico decepcionado com o pensamento e o
conteúdo materialista deles e com a falta absoluta de uma visão
espiritualista.

Nesse sentido, daqui para frente, decidi não dar mais


entrevistas a repórteres, exceto aos que escrevem as notícias
com seriedade e, por isso, gostaria que eles também estivessem
preparados para isso. Mas se mesmo assim quiserem fazer
perguntas ou ouvir o que sinto, gostaria de que o fizessem por
cartas. Pois, assim, eu também darei a resposta por carta. Por
achar que seria muito inconveniente se perdessem seu tempo
vindo de longe, decidi fazer assim, de modo que peço a
compreensão de todos.

Jornal Hikari nº 33, 29 de outubro de 1949

283
Rokan – Alicerce do Paraíso

(S.AN/99) POR QUE OS JORNAIS ILUDEM AS RELIGIÕES


NOVAS?

O que sempre achamos incompreensível é o fato de que


até mesmo os grandes jornais do Japão nunca escrevem artigos
sérios quando lidam com as novas religiões. Sempre fazem uma
colocação ridicularizante! Eles tendem a negligenciar as novas
religiões só de ouvir falar nelas.

Entretanto, não vemos essa atitude em relação às


religiões tradicionais. Então, em poucas palavras, significa que
sua mentalidade é simples: as coisas antigas são todas boas e
as novas, ruins. Na verdade, considerar o que é bom como tal é
o que é ruim como tal, independentemente de ser velho ou novo,
é a crítica justa e correta, e agir assim deveria ser a correta visão
de um jornal.

Obviamente, para que isso acontecesse, seria necessária


muita pesquisa e investigação, mas, no entanto, eles nem ao
menos pesquisam direito, entram na conversa dos boatos da
sociedade, frases soltas e demagogias de opositores,
escrevendo coisas distorcidas ou enfeitadas e, por isso, nós
sempre somos os prejudicados. É claro que quando se trata de
um problema urgente ou de um "furo" de reportagem, onde se
disputa com o tempo, não há espaço para a pesquisa e, por isso,
alguma distorção é até inevitável, mas não se deve olhar os
problemas religiosos da mesma maneira. Existe folga para a
pesquisa e os dados também são fartos, de modo que não
podemos permitir atitudes como as descritas anteriormente.

Entretanto, o problema não está nos boatos. Como


aconteceu desta vez com o jornal XY, a atitude de divertir os
leitores, escrevendo as coisas de acordo com o seu interesse,
por ser manipulado por estratégias planejadas que lhes fossem
vantajosas, são pura "merchandagem", e pessoas de bem são
prejudicadas para aumentar os méritos do repórter. Tal
284
Rokan – Alicerce do Paraíso

comportamento não só apaga a missão do jornal como ajuda no


aumento dos males sociais; é uma atitude extremamente
lamentável. Questionamos, aqui, através de fatos, se isso é
aceitável ou não.

Jornal Hikari nº 33, 29 de outubro de 1949

285
Rokan – Alicerce do Paraíso

(S.AN/100) NÃO FAÇAM AS PESSOAS DE BOBAS

Gostaria de chamar a atenção dos jornalistas que, ao


abrirem a boca, dizem que as religiões novas são supersticiosas
e trapaceiras. Se, como eles pensam, a nossa religião fosse
mesmo uma farsa, eles deveriam pensar calmamente porque
mais de centenas de milhares de fiéis, a começar por inúmeras
personalidades ilustres, dirigem uma fé ardorosa a ela. Neste
mundo difícil, vir duas ou três vezes ao mês, desde o norte até o
sul do Japão, para ouvir a palestra que dura apenas uma hora do
Professor Jikan (Meishu Sama), pagando uma passagem cara de
trem e perdendo tempo, requer uma razão mais forte. Vou
escrever uma ou duas delas.'

Pessoas que durante longo tempo sofreram com doenças,


usando de todos os meios como grandes hospitais, médicos
renomados, gastando grandes somas de dinheiro com
tratamento médicos e que estiveram à beira da morte, receberam
a graça de recobrar a vida; jovens que estavam decididos a
morrer por sofrerem angustiadamente com dúvidas; pessoas que
estavam no fundo do poço da infelicidade, reconheceram haver
esperanças através da nossa Igreja e foram salvas para um
estado de felicidade completamente diferente da situação
anterior e, portanto, tiveram realmente suas vidas salvas pela
nossa Igreja, de modo que é natural que essa gratidão e emoção
gerem uma fé ardorosa. Não há motivos para se alcançar esse
estado por acaso ou por simples vontade. E vocês desconhecem
completamente isso. E como nada fazem para conhecer ou ter
contato, definindo desde o início que ela é uma farsa, não há
outra alternativa senão vê-los como pessoas sem afinidade.
Fechando os olhos para esses fatos, propagandeam ao povo em
geral por via oral e escrita que somos supersticiosos e
trapaceiros, o que é muito perigoso. Na verdade, deve-se ficar
calado sobre o que é desconhecido, mas a atitude de observar e
criticar de uma posição superior, como se já soubessem o fundo

286
Rokan – Alicerce do Paraíso

do fundo das religiões novas, só nos faz pensar que são


repórteres falaciosos.

Por isso, ao invés de ficarem rindo da tolice dos que vão


para as novas religiões, devem rir de si mesmos.

Contudo, pelo nosso ponto de vista, gostaria que tirassem


esses "óculos escuros" que sempre estão usando. Pois assim
conseguirão apreender a verdade com muita facilidade. E, esses
''óculos escuros" são os óculos do materialismo.

Jornal Hikari nº 37, 26 de novembro de 1949

287
Rokan – Alicerce do Paraíso

(S.AN/101) JORNAL QUE ENALTECE O BEM

Alicerce do Paraíso, pág. 246

Em todos os jornais da atualidade há um exagerado


número de notícias relacionadas ao Mal: roubos, assaltos,
assassinatos, fraudes, mercado negro, contrabando, suicídios,
adultério, etc. São tantas notícias desagradáveis que chega a ser
quase impossível enumerá-las. Se estivéssemos no exterior e
soubéssemos de tudo isso, poderíamos pensar que não existe
país tão horrível quanto o Japão. Entretanto, por pior situação em
que ele se encontre, deve haver alguma coisa que se possa
elogiar ou que seja motivo de orgulho. Acontece que as coisas
boas ficam mais escondidas e são mais difíceis de aparecerem.
Desde os tempos antigos, diz-se que as más ocorrências vão
longe; de fato, parece que as coisas más logo se tornam
conhecidas e se espalham. Também no que se refere aos
noticiários dos jornais, o que está relacionado às coisas boas não
atrai os leitores. Quanto pior é o assunto, maior é o interesse das
pessoas. Principalmente os artigos que falam de fatos macabros,
fora do comum, são do interesse de cem por cento dos leitores e,
por isso, aparecem escritos em caracteres bem grandes. A
melhor prova é que as manchetes dos jornais dizem respeito aos
artigos que relatam notícias ruins.

De vez em quando, aparecem algumas notícias boas,


como por exemplo a que saiu estes dias sobre o Professor
Yugawa. Mas isso talvez não passe da centésima parte, em
comparação com o número de notícias más. Como podemos ver
por esses fatos, os leitores que lêem diariamente jornais tão
cheios de males, inconscientemente, são influenciados por eles.
Assim, a consciência do homem sobre o mal diminui e, devido ao
seu próprio caráter, ele se acostuma até mesmo àquilo que, em
estado psicológico normal, lhe pareceria terrível.

288
Rokan – Alicerce do Paraíso

Em princípio, o objetivo pelo qual os jornalistas mostram


apenas a parte escura das coisas é advertir a sociedade, num
esforço para melhorá-la cada vez mais. É uma ironia, no entanto,
pois esse esforço surte um efeito contrário. Talvez até a mente
dos jornalistas acabe ficando entorpecida e eles comecem a
achar que é muito normal relatar ocorrências criminosas com
grande eloqüência. Como não conseguimos ficar calados diante
desta sua tendência ao estado de torpor em relação ao Mal, não
temos outra saída senão adotar o método contrário ao deles.
Observando a redação de nosso jornal, poderão compreender
isso muito bem. Os crimes ou aspectos negativos da sociedade
jamais são explorados de forma sensacionalista. Dessa forma,
despertamos a sociedade e reafirmamos a absoluta rejeição do
Mal. Talvez seja uma posição muito natural para um jornal
religioso, mas, se publicações desse tipo contiverem
simplesmente artigos semelhantes a sermões, como se
estivessem mastigando vela, não atrairão a atenção das pessoas
e, por isso, acabarão não sendo lidas. Como essas publicações
são infrutíferas, o nosso jornal, mesmo que se trate de um
pequeno comentário, publica artigos que toquem a fundo o
coração dos leitores. Publica, também, teorias novas, que
raramente são apresentadas. É assim que ele atrai as atenções.
Além disso, através do "suntetsu" (sátira curta e incisiva),
fazemos com que os leitores consigam captar o ponto vital das
coisas. Principalmente os relatos de graças recebidas, que são
artigos característicos de nosso jornal e representam fatos
verídicos - recentes milagres de valiosas vidas que foram salvas -
nunca deixam de ser lidos. Os leitores ficam maravilhados e
talvez não haja um só que não se comova.
Como podemos ver, talvez não exista atualmente um
jornal igual ao nosso, que rejeita o Mal e inspira fortemente o
Bem. Podemos, portanto, dizer que, mesmo em pequena escala,
ele é uma existência de caráter luminoso, cujo brilho é único,
destacando-se pelo seu objetivo de melhorar o sentimento das
pessoas.
Jornal Kyussei nº 50, 18 de fevereiro de 1950
289
Rokan – Alicerce do Paraíso

(S.AN/102) PESQUISA POPULAR: A RESPEITO DA


―SITUAÇÃO DO MUNDO NOS ÚLTIMOS TEMPOS‖

Ouvi, no rádio, hoje, a pesquisa de opinião pública sobre


"A situação do mundo nos últimos tempos", na qual cada um
falava sobre as insatisfações e esperanças, etc., em relação ao
mundo atual, que as causas estavam nisto e naquilo, que tais e
tais falhas sociais eram problemáticas, etc., e o ponto em comum
a todos era que a política é má, a educação é ruim, que a causa
são os males sociais, e não houve um que dissesse que "é
decorrência da falta de fé", o que me deixou decepcionado.
Através disso também é possível se ver claramente como as
pessoas de hoje são desinteressadas pela fé.

Entretanto, os diversos sofrimentos citados por todos têm


o seu fundamento, a ponto de querer dizer todos, na falta de fé.
São coisas de natureza que podem ser solucionadas sem
nenhum trabalho, bastando para isso as pessoas se tornarem
religiosas, mas como não percebem isso, coitado do mundo,
nunca conseguirá escapar desse sofrimento! Dessa forma, a
causa para o grande número de pessoas incrédulas é a falta de
fé nas religiões tradicionais e, com certeza, isso é motivado pela
incapacidade delas. Sendo assim, não podemos culpar apenas o
povo.

Por conseguinte, não existe outro recurso senão recuperar


a confiança da religião e elevá-la. Entretanto, isso é um trabalho
terrível. Pois a condição para tanto é mostrar que as pessoas que
têm fé recebem muito mais graças que as pessoas que não a
possuem, e são abençoadas com muita felicidade e, com isso,
todos irão acreditar que Deus existe. Mas o problema é que,
quanto mais eminente é a pessoa hoje, mais ela negligencia as
graças materiais e considera isso como coisa de fé de baixo
nível, de modo que, naturalmente, não surgem pessoas de fé, e é
incalculável quantas pessoas infelizes se formam por causa da
superstição materialista delas e o quanto isso atrapalha a
290
Rokan – Alicerce do Paraíso

felicidade do povo. Não existe algo tão valioso para comprovar a


existência de Deus quanto as graças materiais, e isso constitui
em mostrar milagres. Não existe outro método melhor. Nesse
sentido, não há muito o que dizer, visto que não exista uma
religião com tantos milagres como a nossa.

Experimentei escrever este texto da forma como me foram


surgindo as idéias, ao ouvir a notícia.

Jornal Eiko nº 123, 26 de setembro de 1951

291
Rokan – Alicerce do Paraíso

(S.AN/103) AOS JORNALISTAS NÃO É DADA A LIBERDADE


DE EXPRESSÃO

Qualquer pessoa que ver esse título irá estranhar, mas


como isso é verdade, quero que leiam este texto. Dizem que o
princípio básico dos órgãos de comunicação é o de que não se
deve elogiar os partidos políticos, as religiões, etc., de modo que
se eles elogiam mesmo que pouco, já suspeitam que "com
certeza existe alguma razão ou que recebeu um cachê''. De fato,
pensando dessa forma, até entendemos, mas quando saem
alguns artigos da nossa Igreja no jornal ou revista, geralmente
escrevem dessa maneira.

Por isso, resumindo, por mais que tenhamos coisas boas,


nunca colocam a coisa como ela é, elogiando. Sendo assim, é
permitido dizer o que é ruim, mas não se pode dizer o que é bom,
de modo que é muito complicado. Ou seja, o que é ruim dizem
que é ruim e não tem importância também dizer que é ruim aquilo
que é bom, o que é estranho: falar mal é permitido. Dessa forma,
se não é possível dizer que é boa uma coisa que é boa, ele não
tem absolutamente liberdade de expressão. Por isso, se por um
acaso ele elogia a nossa Igreja, é mal encarado: "Esse cara deve
ter ganhado para isso" e por isso não pode vacilar. Mesmo que
não seja verdade, não adianta. "Aquele cara já se vendeu para a
Messiânica e, por isso, não presta. Não tem jeito, é melhor
despedi-lo". E assim, em pouco tempo, se torna desempregado.
É uma profissão muito ingrata. Por isso, quem gosta de falar mal
dos outros se sai bem, mas os que olham as coisas com justiça,
não se empregam. Quando vemos um artigo sobre Religião, é
freqüente ele estar escrito sempre de forma negligente e em tom
de meia gozação, como que fazendo os outros de bobo, e isso é
um pensamento comum na sociedade, de modo que, mesmo que
escrevam coisas absurdas, ninguém se preocupa e nem reclama.
Por isso, o Sr. XY passou dos limites, entrando na onda, e foi
processado por prejudicar a honra alheia.

292
Rokan – Alicerce do Paraíso

Por isso, sem conhecer o conteúdo de nossa Igreja e


também o que acontece nos bastidores dos jornais, não é para
menos que as pessoas, vendo os artigos publicados em jornais e
revistas, pensem que a nossa Igreja é supersticiosa e trapaceira.
Muito embora existam muitas religiões suspeitas entre as novas
religiões, podemos dizer que é inevitável que fiquemos na
mesma ala delas.

Aproveitando a oportunidade, vou escrever outra coisa


relacionada a isso. Quanto mais a pessoa possui uma posição de
prestígio na sociedade, mais cautelosa ela é. Entre os nosso
membros, há Ministros de Estado, Doutores e escritores
famosos, mas eles teimam em manter segredo, de modo que nós
também procuramos mantê-lo e, às vezes, quando pensamos
que ele já abandonou a fé, inesperadamente ficamos sabendo
que continua ardoroso às escondidas e, outro dia, aconteceu o
seguinte com uma pessoa que já foi Ministro da Administração e
atualmente ainda é famosa no mundo político. Seu caso é um
pouco diferente. Há alguns anos, sua família inteira se tornou
membro e era bastante fervorosa, mas depois de algum tempo
desapareceu da Igreja. O que fiquei sabendo recentemente sobre
isso é que, como eles tinham se tornado fiéis na época do
Método de Tratamento pela Purificação, quando a entidade se
tornou religiosa, eles desistiram. E fiquei sabendo através disso
que, se os políticos se tornam fiéis de religiões novas, ficam com
o seu prestígio abalado. Esse é só um exemplo, mas devem
existir muitas pessoas assim. Daí podemos ver o quanto as
religiões novas carecem da confiança da sociedade.

Embora existindo tantos obstáculos como os mencionados


acima, a nossa Igreja, com o passar do tempo, alcança o
progresso que pode ser visto atualmente, motivo pelo qual
poderão ver como é grandioso o poder da nossa Igreja.

Jornal Eiko nº 148, 19 de março de 1952

293
Rokan – Alicerce do Paraíso

(S.AN/104) APELO AOS JORNALISTAS

Na noite de 4 de junho, eu fiquei surpreso ouvindo o


programa "Janela da Sociedade" da rede NHK. Era sobre um fiel
de nossa Igreja residente em Kyushu, e tratava de uma
reportagem montada que distorcia a realidade. Era a ponto de se
pensar que nunca houve um exemplo igual, e cheguei a duvidar
de meus ouvidos.Por mais que pensasse, achei o projeto dessa
transmissão incompreensível e inadmissível pelo ponto de vista
da justiça. Obviamente o modo pelo qual foi feita a notícia só
parecia ter a intenção de fazer as pessoas pensarem que ela é
supersticiosa e trapaceira e de chamar a atenção geral. O
conteúdo da reportagem era que o fiel, papel principal da notícia,
era um fanático que não fazia amizade com vizinhos e, apesar de
ter grandes habilidades em construção naval, abandonou a
profissão e era fanático pela fé, de modo que, além de não levar
uma vida nada fácil, deparou-se com aquela tragédia e ainda não
despertava. Além disso, tiveram o trabalho de entrevistar o
delegado local e fazer perguntas persistentes se não haviam
pontos que infringiam a lei - o que mostrava que a sua intenção
era de problematizar a questão. As respostas do delegado em
relação a isso foram muito imparciais, convencendo os jornalistas
de que não existiam pontos que infringiam a Lei, de modo que
muitas pessoas, e não apenas eu, se sentiram bem. Dessa
forma, apesar de não ser uma questão relevante, pelo que pude
entender, com as palavras imparciais da autoridade competente,
é incompreensível porque levaram o caso a nível de noticiário
nacional. Por isso, fizeram o público ouvinte, que desconhece a
realidade, formar uma opinião errada, prejudicando a confiança
que a nossa Igreja merece, o que é realmente lamentável, pois
fomos vítimas dos noticiários.

Desnecessário se faz dizer que os trabalhos das


emissoras são de caráter de uso público e, apesar de terem de
ser justas e imparciais, a irresponsabilidade de considerá-la
como matéria, sem ao menos pesquisar direito a realidade do
294
Rokan – Alicerce do Paraíso

problema, não pode ser perdoada. Se isso for perdoado, nunca


poderemos estar tranqüilos, e seria fatal que as muitas religiões
novas de hoje seriam invadidas pela insegurança, pelo medo e
pela revolta, de modo que, representando-as, questiono a
responsabilidade das emissoras.

Entretanto, como resultado das pesquisas, a realidade é


totalmente o oposto. Originariamente, o objetivo da nossa Igreja
é valorizar o senso comum, ampliar o círculo de relacionamento
com a sociedade, empenhar-se nas tarefas familiares e fazer as
pessoas adquirirem paz e tranqüilidade espiritual, e aqueles que
vêm e ouvem isso se sentem atraídos e tornam-se fiéis por
vontade própria, sendo que a situação atual é a de lares assim
aumentarem a cada dia que passa. A melhor prova disso é que,
tornando-se fiel da nossa Igreja, até nos lares onde os doentes
não tinham fim todos da família se tornam saudáveis, perdem os
laços com os remédios e não faltam mais no trabalho, de modo
que são abençoados financeiramente e vão se aproximando
passo a passo da felicidade. As cartas de agradecimentos
dessas pessoas formam sempre uma montanha em cima da
escrivaninha, a ponto de não conseguirmos publicar todas no
Jornal Eiko - publicação semanal da nossa Igreja — elevando
prantos de alegria. E, como todos sabem, a nossa Igreja está
construindo, de forma sucessiva, em diversos lugares, o Paraíso
Terrestre de escala grandiosa, o Museu de Belas-Artes e
edifícios religiosos, e o montante das despesas gigantescas
destinadas a isso sempre é reunido na quantidade necessária. E
a nossa Igreja proíbe a exploração monetária, sendo que toda a
quantia é uma oferta voluntária, de modo que podem imaginar
como a situação financeira dos nossos fiéis é boa, e a causa
disso é a sinceridade da gratidão e a emoção dos que foram
salvos, somadas à boa renda. Por esses fatos, poderão entender
o erro daquela notícia transmitida.

Agora, gostaria de escrever um pouco sobre Ciência e


Religião. É mais do que sabido que a Era Contemporânea é a
295
Rokan – Alicerce do Paraíso

era da onipotência científica, e os benefícios que a Ciência tem


atribuído à humanidade podem ser elogiados quanto se quiser,
mas existem muitos problemas que não são possíveis de
solucionar apenas com a Ciência. E obviamente, isso diz respeito
ao aspecto espiritual e, uma vez que a função da Religião é
salvar a parte espiritual, não podemos negligenciar o mérito das
religiões que deram alegrias espirituais desde os tempos antigos
até os dias de hoje. Entretanto, os homens contemporâneos,
ignorando esse lado, acreditaram demasiadamente na Ciência, e
predominou o pensamento de que, com o avanço da Ciência,
tudo poderia ser resolvido. Por exemplo, consideram que até a
doença melhora com a Ciência e, na realidade, ironicamente,
todo lugar sofre com o grande número de doentes, e o ser
humano não se liberta desta intranqüilidade. É só um exemplo e
entendemos que, por ter caído no dilema de não solucionar o
sistema da civilização atual nem com a Ciência e nem com a
Religião, a maioria da população está cheia de dúvidas.

Em seguida, gostaria de comentar sobre as religiões


novas. Excetuando--se as religiões tradicionais, muitas outras
foram criadas e, entre elas, muitas são bastante suspeitas.
Vendo isso, tendem a negligenciar as novas religiões, desde o
início, confundindo as boas e as más. De fato, dependendo da
religião, até nós, como religiosos, freqüentemente ficamos
penalizados com a sua falta de bom senso, o seu fanatismo e o
seu caráter anti-cientifico. E é natural que os jornalistas escrevam
coisas ridicularizantes. E, por causa disso, eles colocam uma
religião séria como a nossa Igreja no mesmo nível, e pensam
que, dando um golpe nela como sendo uma superstição que
atrapalha o progresso da cultura, estão contribuindo para o
mesmo. Além disso, uma vez que a nossa Igreja revela as falhas
da Medicina contemporânea, abolindo-a com base na cura
religiosa da doença, consideram-na uma religião suspeita que
inspira superstições anticientíficas e, havendo oportunidade,
tentam destruí-la e, por isso, ao se depararem com um fato como
o que ocorreu desta feita, trataram o caso de forma exagerada,
296
Rokan – Alicerce do Paraíso

achando que era um "furo" de reportagem. Sendo assim, a nossa


Igreja é que sofre as conseqüências. Se isso é assim ou nã,o era
perfeitamente perceptível para qualquer um que as palavras
deles continham um sentimento um tanto quanto estranho.

Vou, aqui, escrever o que tenho a dizer, e para começar


darei um exemplo. A base das aflições humanas, nem preciso
dizer, é a doença e, com a Ciência contemporânea, a sua dor foi
aliviada e não curada. Em compensação, o poder de cura da
nossa Igreja é tão grande, que não seria exagero dizer que ela
teria o valor 100 para 1 da Medicina. É difícil acreditar nisso e
ele, realmente, é um poder maravilhoso que não encontra
registro na História e em qualquer documento literário, mas de
fato, atualmente a nossa Igreja está curando todo o tipo de
doença, e tende a formar lares de saúde plena, em grande
escala. Se isso é duvidoso, logo poderão esclarecer,
pesquisando e analisando a nossa Igreja. Em seis anos de
fundação, ela possui centenas de milhares de fiéis, como se
pode ver hoje, e, além de estar se expandindo de forma
espantosa a cada dia que passa, atualmente, a esfera de difusão
tende a se ampliar também no exterior, a começar pelo Havaí e
Estados Unidos, e isso demonstram as evidências.

Dessa forma, a nossa Igreja cura aos montes doenças que


não saram com a Ciência. As pessoas chamam isso de milagre e
nisso reside o motivo da expansão da nossa Igreja. Daí poderão
entender que as palavras grandeloqüentes de construir um
mundo isento de doença, miséria e conflito, objetivo de nossa
Igreja, não é um mero cabeçário.

Assim, podemos dizer que é realmente lamentável que ela


tenha sido vítima dos noticiários como desta vez, sendo tratada
como uma religião nova qualquer, como tantas na sociedade, por
desconhecerem a verdadeira face da nossa Igreja.

297
Rokan – Alicerce do Paraíso

Por tudo isso, desejo que os jornalistas do mundo


pesquisem suficientemente a verdadeira natureza da nossa
Igreja, pois quanto mais cedo isso acontecer, maior será o
número de pessoas sofredoras que será salva.

Jornal Eiko nº 215, 1º de julho de 1953

298
Rokan – Alicerce do Paraíso

(S.AN/105) OS JORNALISTAS E A NOSSA IGREJA

Ao publicar a Coletânea dos Milagres do Johrei,


inicialmente, solicitei a três grandes jornais que fizessem a sua
propaganda. Entretanto, somente o Yomiuri publicou de imediato
e o Assahi e o Maniti ainda hoje não o fizeram, apesar de já
terem se passado três semanas, de modo que eu penso que não
deve ser por causa da falta de espaço, e sim, por algum outro
motivo. E eu já previa que isso aconteceria. Isto porque o Mainiti
nem tanto, mas o Assahi negou publicar o anúncio dos livros
"Salvar os Estados Unidos" e "Tratamento religioso da
tuberculose". Quando lhes perguntei acerca do motivo, o
encarregado disse que ficou difícil de tomar uma decisão, devido
à mesma quantidade dos que concordaram e dos que
discordaram, de modo que era impossível permitir o anúncio.
Achei que desta vez provavelmente deveria ser algo assim e
também o Mainiti fez o mesmo, de modo que fiquei surpreso.

Isso, em suma, acontece porque os meus livros são todos


arrasadoramente inéditos, tanto que é difícil de acolhê-los. Por
isso, ficam apavorados e não aceitam para que não sejam
punidos por uma divindade com a qual não tiveram contato -- são
uns medrosos. Entretanto, pensando bem, não é para menos.
Pois eles são livros surpreendentes, inéditos que nunca viram
nem ouviram falar, sendo impossível de entender com o cérebro
dos cientistas e jornalistas da atualidade. Entretanto, quanto mais
isso é verdade, maior é o seu valor como teoria avançada. E
como ela se fundamenta em fatos reais, é óbvio que não se trata
de uma teoria em vão, não havendo motivos para qualquer
dúvida. Nem seria preciso dizer que se eles pertencessem ao
nível que os intelectuais de hoje conseguissem entender,
estariam dentro dos limites das ciências tradicionais, sendo
certamente algo que existe em toda a parte. Vejamos um
exemplo para isso. A teoria de que a Terra era o centro do
Universo, defendida por Copérnico e Galileo, era de difícil
compreensão para os cientistas da época e também para os
299
Rokan – Alicerce do Paraíso

religiosos e demais pessoas que possuíam um forte poder de


dominação e enfrentaram duras oposições, foram presos e
correram até riscos de vida. Por isso, a aflição dos precursores
em não serem aceitos no mundo não muda em qualquer época.
Também no Japão, na época do fim do feudalismo, tudo que era
do Ocidente foi proibido em virtude dos jesuítas cristãos.
Podemos, ainda, entender isso vendo o exemplo de Suguita
Guempaku, Takano Tyoei e outros que queriam estudar
secretamente as ciências ocidentais, e ainda outros como
Yoshida Shoin que, por tentar contatar com a cultura ocidental,
recebeu tamanha perseguição.

Há um episódio interessante a esse respeito: quando


pesquisadores brancos viajaram para o interior da África,
casualmente os aborígenes se assustaram ao achar uma coisa
caída no chão e fugiram aos gritos. Então, eles se aproximaram
daquele local e, como viram um relógio caído ali, não
conseguiram conter os risos. Lembro-me de ter lido essa História
num livro. Recordando-me disso, e pode ser até uma certa
ostentação de minha parte, achei que a Igreja Messiânica
Mundial e aquele relógio são bem parecidos. Dessa forma, tudo
que prego e que realizo ultrapassa em muito o nível da cultura
atual e, por isso, é até difícil de lidar. Outra coisa. Só pelo único
fato de que já chega na casa dos milhares e tende a aumentar o
número de discípulos meus, capazes de realizar milagres iguais
aos realizados por Jesus Cristo, a quem atualmente bilhões de
pessoas do mundo todo adoram como Deus, os leitores ficarão
boquiabertos.

Então, não se pode vê-la como teoria trapaceira e


herética. Pois a acompanham provas reais. E obviamente, nem
por isso se pode considerá-la de imediato como uma descoberta
grandiosa. Pois é necessário muita coragem para isso. Uma vez
que essa mentalidade foi formada com o conjunto dos
conhecimentos das tradições, religiões e teorias científicas de
milhares de anos, é impossível fazer uma mudança repentina, e
300
Rokan – Alicerce do Paraíso

não há outra alternativa senão esperar pelo tempo. Mas também


não podemos nos acomodar porque existe uma revelação divina
surpreendente: que a humanidade, num futuro próximo, estará no
perigo eminente de cair no precipício. O grande amor de Deus,
para salvá-los disso, preparou cordas da salvação em vários
lugares do mundo, e decididamente virá uma época, cedo ou
tarde, em que as pessoas terão de segurá-la. Entretanto,
desconhecendo esse fato, ou não acreditando nele, mesmo lhes
sendo levado ao conhecimento, os jornalistas sabem que um dia
irão se arrepender amargamente, mas por serem cegos a isso,
não aceitam o meu anúncio. E se fosse somente isso, não
haveria problema, mas como resultado disso, grande número de
pessoas infelizes perde a chance de ser salvo, o que é uma
pena.

E tudo isso simplesmente porque, sem conhecer a


verdadeira natureza da nossa Igreja, olham-na como igual a toda
nova religião. Por isso, é preciso que tenham a consciência de
que a nossa Igreja é completamente diferente de todas as outras
religiões, e desejo ardentemente que, para adquirir essa
consciência, investiguem e analisem inteiramente a nossa Igreja.
De fato, o empreendimento que ela está realizando é a grandiosa
Criação da nova civilização, cuja grandiosidade do projeto não
permite nenhuma imitação e, se com isso a humanidade for
salva, o certo não seria abandonar essa visão estreita e, ao
contrário, apoiar a nossa Igreja? Entretanto, tudo é uma questão
de tempo. Um dia as pessoas em geral passarão a entender, e
quando ela virar uma opinião pública mundial, já será tarde, e
todos os jornais se verão forçados a publicar apressadamente a
matéria. Quando isso acontecer, coisas como a de manter a
autoridade de um grande jornal, como acontece hoje, será motivo
para risos e, portanto, é preciso que, nesta ocasião, dirijam os
olhos para um campo de visão grandioso.

Sei que estarei dando um sermão descabido, mas a


missão do jornal é formar uma opinião pública correta, que
301
Rokan – Alicerce do Paraíso

orienta a sociedade, e se ele estiver correndo atrás da opinião


pública, não irá escapar da taxação de ser desprovido de opinião
própria.

Nese aspecto, os Estados Unidos nos causam inveja. O


pensamento liberalista e audaz das pessoas conscienciosas e da
sociedade em geral desse país é muito mais progressista que os
existentes até hoje e eles adotam, sem hesitar, tudo o que
contribui para o bem-estar da humanidade. Seja o descobridor,
cientista, comerciante, operário, religioso ou outra coisa, não
importa - possuem essa amplitude na visão corajosa e direta.
Penso que existe uma razão para os Estados Unidos terem
edificado uma estrutura que assume a liderança do mundo em
menos de dois séculos. Espelhando-se neles, o Japão precisa
derrubar de vez e o quanto antes o orgulho de país-ilha e, sob o
ponto de vista amplo, de censurar bastante o que é bom e
defender muito o que é bom, manifestar a grande missão que o
jornal possui. E não tenho receio de afirmar que, no final, quando
esta grandiosa obra de salvação do mundo for concluída, o
Japão será alvo do respeito mundial como nação modelo, inédita
em toda a História da humanidade. Quero, assim, acelerar uma
séria reflexão dos jornalistas.

Jornal Eiko nº 234, 11 de novembro de 1953

302
Rokan – Alicerce do Paraíso

(S.AN/106) NOVO PEDIDO DE REFLEXÃO AOS


JORNALISTAS

O que vou dizer pode não ter importância para as religiões


comuns, mas é imprescindível pelo menos para a nossa religião.
Qual seja, a visão que os cientistas e jornalistas têm pela
Religião, quase sempre criticando-a pelo ponto de vista científico.
Entretanto, pensando bem, não existe algo tão ilógico quanto
isso. Pois, enquanto que a Ciência olha as coisas com idéias
materialistas, a Religião precisa vê-las com idéias espiritualistas.
Ou seja, a Ciência pertence ao campo material e a Religião, ao
campo imaterial. Isto é, enquanto a Ciência olha o telhado do
chão, é como se a Religião olhasse o chão de cima do telhado, e
não se percebeu essa inversão de valores até hoje.

O mais engraçado nesse sentido é os teólogos


comentarem a Religião pelos estudos científicos. Pensem bem.
Se isso fosse correto, esses cientistas seriam superiores ao
fundador da religião em questão, de modo que se eles
instituíssem uma seita e se tornassem um Deus encarnado, seria
um sucesso garantido. E podemos dizer o mesmo também no
caso das religiões novas, uma vez que quase todas se
fundamentam nas religiões tradicionais. Entretanto, nesse caso à
parte, como é superficial a visão dos cientistas e jornalistas ao
criticarem as novas religiões. Por exemplo, dizem que as graças
materiais, em especial a cura de doenças, etc., são fé de baixo
nível e que seu objetivo é ganhar dinheiro, e não mencionam
uma só palavra sobre as suas teorias religiosas, que são o mais
importante. Isso não é estranho? Vou escrever o que tenho a
dizer sobre isso. Quanto às outras religiões não sei, mas quero
dizer em voz alta que pelo menos a nossa Igreja Messiânica
Mundial não é algo de um nível inferior assim, que possa ser
compreendida pela Ciência contemporânea. É uma ultra-religião
de elevado teor cultural, que foge completamente da nossa
imaginação e, também, uma grandiosa obra de salvação. Nem
preciso dizer que é impossível salvar o homem só com teorias e
303
Rokan – Alicerce do Paraíso

sermões, por mais inteligentes que sejam, à moda das religiões


tradicionais, e como os fatos bem o mostram. Vou dar um
exemplo. Suponhamos que façamos um doente ouvir milhares de
sermões e sutras gratificantes em seu leito. De fato, isso pode
ser um conforto para o seu coração, mas é sabido que isso não
consegue curar a doença em si. Por conseguinte, curando a
doença com precisão, restabelecendo a saúde, saindo da miséria
e a família toda se tornando feliz, como diz o ditado: "Se tens
riqueza estabelecida, tens sentimento firme", naturalmente irão
diminuir as fraudes e as imoralidades, e a sociedade irá
melhorar. Para mim, esse é a verdadeira postura da Religião, e
pergunto se existe outra além dessa. Por isso, também nesse
sentido, como Sakyamuni e Jesus Cristo não conseguiram salvar
a humanidade da doença, mesmo hoje, passados mais de dois
mil anos, ela continua sofrendo do mesmo jeito com a doença, a
pobreza e o conflito. Se assim é, quando a humanidade irá se
livrar desse mal? Com certeza é impossível ter idéia. Então é
muito triste! Daí podemos ver que dos inúmeros santos e
celebridades que surgiram, nenhum possuía o verdadeiro poder
de salvar. Por causa disso, foi inevitável que a base da Religião
tenha sido pregar a resignação. Entretanto, devemos nos alegrar,
porque me foi atribuído por Deus esse poder de concretizar o
mundo semelhante a um sonho de verdadeira paz e felicidade.
Isso não é presunção ou outra coisa parecida. De fato, estou
salvando pessoas que sofrem com os infortúnios, e esse é o
trabalho de salvação do mundo da nossa Igreja.

Pelo que foi exposto, devem ter compreendido que tipo de


entidade é esse ser humano que sou eu. E, partindo disso e
olhando o mundo atual de forma genérica, vemos que a
civilização contemporânea está mergulhada num grande erro.
Vou dar dois ou três exemplos deles. Seja o problema alimentar,
que é a maior aflição do Japão no momento, ou o problema da
doença, que é uma aflição mundial, mostram. esse erro. E tanto
um como outro estão num beco sem saída. Ao invés de
encontrar uma solução, o poço está ficando cada vez mais fundo.
304
Rokan – Alicerce do Paraíso

Uma vez que fiquei sabendo, através da Revelação Divina, os


métodos para a solução radical desses problemas, estou levando
ao conhecimento do mundo inteiro, a começar pelo Japão, e
obviamente o meu objetivo principal é despertar a classe
dirigente do mundo todo, levando ao seu conhecimento o que é a
nova civilização. Ou seja, elevar o conhecimento de nível
primário para o conhecimento de nível superior.

Por causa de tudo isso, o que prego é superior demais e,


como os cientistas e os jornalistas não entendem com facilidade,
parece que, ao contrário, sentem até um certo medo. E tudo isso
porque existem pessoas que ficam censurando a nossa Igreja de
forma anti-crítica e outras que evitam ter contato com ela, quando
na verdade deveriam elogiá-la e reverenciá-la. Como
manifestação disso, podemos citar o fato dos três grandes jornais
japoneses recusarem fazer a propaganda dos dois livros que
publiquei recentemente: "O tratamento religioso da tuberculose" e
"A coletânea de milagres da Igreja Messiânica Mundial". E,
perguntando a razão, colocam motivos que não vêm ao caso,
sem conseguirem dizer a verdade - é o que ouvi do encarregado
da nossa Igreja.

Desse jeito, significa que o Japão atual não tem liberdade


de expressão e, se os grandes jornais são os repressores dessa
liberdade, quase não podemos crer neles e, com certeza, não
existe exemplo igual entre os países civilizados do mundo inteiro.
Entretanto, talvez não seja para menos, pois muitas teses
superam demais a Ciência contemporânea É como se mostrasse
um avião na era das carroças. Outra coisa. Como bem o mostra
a História, desde os tempos antigos, em qualquer época, o
anúncio de uma invenção, descoberta ou nova teoria, inédita que
dê uma virada na Ciência tradicional, recebe, sem exceção, mal
entendidos e pressões dos experts da época. E nisso reside o
sofrimento dos pioneiros. E isso é mais intenso ainda,
especialmente nos japoneses informados. Por exemplo, definem
que jamais irá surgir outro ser humano superior aos grandes
305
Rokan – Alicerce do Paraíso

santos como Jesus Cristo e Sakyamuni. Outra coisa é a


superstição de que no Japão não surgirá uma personalidade
melhor que a do exterior. Uma vez que isso está impregnado no
sentimento do povo, é natural que eu e o meu trabalho não
sejamos reconhecidos.

Por causa disso, se opõem desde o início às minhas


teorias e aos meus empreendimentos, e parece que nem
lembram de fazer pesquisas e análises. E essa tendência é maior
principalmente entre os jornalistas, de modo que, como meus
trabalhos são grandiosamente inéditos, até mesmo no âmbito
internacional, na verdade, deveriam analisar logo o certo e o
errado, o Bem e o Mal, mas isso não acontece. Eu penso que, se
como resultado das pesquisas houver algum ponto duvidoso e for
reconhecido que ela é prejudicial à sociedade, deve-se eliminá-la
e enterrá-la e, ao mesmo tempo, se, ao contrário, ela for uma
teoria correta e benéfica para a sociedade, dever-se-ia apoiá-la
bastante. No entanto, a atitude eternamente indefinida deles é
incompreensível: seria pelo medo acima descrito, ou pelo
princípio de afirmar que não lhes diz respeito para que não sejam
castigados por um Deus com o qual nem tiveram contato?

Escrevi tudo isso conforme foi me vindo à mente, mas em


suma, só desejo a responsabilidade natural dos jornalistas e não
tenho nenhuma outra intenção. Por isso, peço novamente uma
reflexão de sua parte.

Jornal Eiko nº 249, 24 de fevereiro de 1954

306
Rokan – Alicerce do Paraíso

(S.AN/107) EM RETRIBUIÇÃO AO NOME DE TRAPACEIRO

Nos jornais, por exemplo, é freqüente as novas religiões


aparecerem com o adjetivo de trapaceiras e, obviamente, a
nossa Igreja não foge à essa regra. Entretanto, a palavra trapaça,
pelo pensamento comum da sociedade, é uma distorção, ou seja,
não é algo verdadeiro — pode ser tirado nesse sentido, mas a
esse respeito, não é totalmente um desperdício interpretar que
pontos constituem trapaças, para a nossa Igreja.

Uma vez que a nossa Igreja é uma religião, nem é preciso


dizer que as pessoas recebem graças materiais através da fé,
são salvas e se tornam felizes, e com isso ela tem alcançado um
maravilhoso progresso, e na nossa Igreja, em especial, é fato
real que dirigimos o maior esforço na eliminação do sofrimento
pela doença, que é a fonte da infelicidade, e temos obtido
grandiosos resultados; isso pode ser um auto-elogio, mas não é
nenhum engano. E se assim é, o nome de trapaceira não é nada
adequado. A maioria das pessoas que vem buscar a salvação na
nossa Igreja são todas pessoas da fase terminal de doenças
graves, sendo quase todas pessoas que estão à beira da morte.
E, no entanto, isso dá uma reviravolta, a pessoa começa a se
restabelecer e obtém a alegria da recuperação de um destino de
morte certa, de modo que essa gratidão faz com que a pessoa se
torne um fiel fervoroso. Como resultado, tanto a pessoa como os
familiares e conhecidos, pela emoção da surpreendente alegria,
passa naturalmente a se tornar fiel, superando qualquer oposição
que lhe seja imposta. Além disso, as despesas com tratamentos,
desde o início da doença até a hora em que veio procurar a
salvação na nossa Igreja, é claro, e o seu sofrimento e
insegurança, são algo que foge à imaginação. Por esses fatos,
analisando de forma severa e imparcial, qual será a conclusão a
que se chega? Portanto, se o Johrei da nossa Igreja, que cura
com certeza, é uma trapaça, significa que a pedra escorre como
água e as folhas das árvores afundam n'água.

307
Rokan – Alicerce do Paraíso

Por tudo isso, queremos, aqui, retribuir o nome de


trapaceiro.

Jornal Hikari nº 36, 19 de novembro de 1949

308
Rokan – Alicerce do Paraíso

(S.AN/108) O PRECONCEITUOSO

Mesmo que se diga que a medicina se avançara, creio que


não se pode dizer que é o verdadeiro avanço, se não formar
lares sem doentes e expandí-los gradativamente.

Desde antigamente, existe a expressão "médico de


família", mas ela expressa muito bem que a medicina não tem
força. Se com a medicina curasse-se verdadeiramente a doença,
não deveria nascer essa expressão. Pois, se aumentarem as
pessoas saudáveis e se constituírem lares sem doenças, não
teriam mais necessidade de médico. Portanto, "médico de
família" quer dizer, como sempre são acometidos pelas doenças,
freqüentemente necessitam dele.

Ser cliente de médico também é a mesma coisa. Se é que,


tratando-se com o médico, cura-se por completo, a necessidade
dele seria somente durante a doença, e "médico temporário"
também seria estranho, mas bastaria apenas ser "médico".

Entretanto, falando-se a verdade, no caso em que se tem


pessoa que sempre é fraca ou uma criança doente, deve-se
ensinar o método para se tornarem verdadeiramente sadias. Isto
é, o "médico de saúde". Isto poderia ser um serviço avulso de
médico, mas creio que isso não passa de um sonho.

Aqui, falarei sobre a Medicina Ideal, que é o campo da


nossa Igreja. Isto é, como acabar-se-ão as necessidades de
medicamentos, não ter-se-á mais encargos econômicos, e como
é completamente isenta de desgraças causadas pelas vacinas e
injeções, acontecidas em várias regiões, recentemente,
realmente é um sossego e, ao mesmo tempo, como se vê,
estamos obtendo expressivos resultados reais de cura das
doenças desde as raízes.

309
Rokan – Alicerce do Paraíso

Entretanto, há muitas pessoas que não observam esse


fato, e criticam a nossa Igreja. Isso é realmente porque possuem
preconceitos e não contatam a nossa Igreja. Isso não é sem
razão. Pois existem grandes preconceituosos, que criam os
preconceitos. São os jornalistas que, tratando a Igreja Messiânica
como uma seita supersticiosa e diabólica, estão se esforçando
para que o povo não se aproxime da nossa Igreja. Nesse sentido,
deve-se, antes de mais nada, fazê-los sentir o sabor. Entretanto,
eles não querem morder facilmente.

Não se descuidam mesmo da vigilância, sendo que


realmente estão fortemente precavidos e, como sempre digo, a
sua causa está em, desde crianças, serem tingidos com a
ideologia materialista até o fundo das vísceras, durante algumas
décadas de anos. Sendo assim, portanto, a chave da solução é a
descoloração desse materialismo.

Ao ingressarem na Igreja Messiânica e passando-se


alguns anos, concluirão um lar sem enfermidades. Creio que
basta dizer: aonde existe um método de saúde tão maravilhoso,
mesmo procurando pelo mundo inteiro?

Jornal Hikari nº 34, 5 de novembro de 1949

310
Rokan – Alicerce do Paraíso

(S.AN/109) CONTOS DE EXTORÇÃO

Já ouvira falar que são muitas as extorções feitas às


entidades religiosas, mas assim que a nossa Igreja foi anunciada
para a sociedade, por problemas com impostos, começaram a
vir, de forma indiscriminada, pessoas pedindo dinheiro, querendo
extorquir dinheiro, etc., e isso de forma surpreendente. Pois um
grande jornal anunciou que o capital da nossa Igreja era de dois
a três bilhões de ienes, e então, almejando isso, até pessoas que
não conhecia e nunca vi, utilizando-se de cartas e cartões de
apresentação, vinham sem fim, dizendo que necessitavam de
dinheiro para empreendimentos ou propondo investimentos em
empreendimentos que nos fossem vantajosos ou querendo que
lhes comprássemos imagens budistas, e por um tempo fiquei
atolado para responder a elas e atendê-las. Vou apresentar, só
um pouco, aqui, o que existe por trás das cortinas da extorção.

O negócio chamado extorção também parece necessitar


de inteligência para ser feito. Entre eles, vemos os que até fazem
planos bastante profundos e cerimoniosos e, vendo isso, penso
como eles fariam sucesso se usassem tamanha inteligência para
as coisas boas, de modo que muitas vezes achei um desperdício.
Entretanto, parece que eles têm profundo interesse em ganhar
dinheiro enganando as pessoas.

E é interessante que uma mesma extorção pode pertencer


à ala mole ou à ala dura. Vou começar a falar pela ala mole. Ela
é bastante delicada e se mostra muito fiel à Igreja, e o que dizem
é o seguinte: "Certa entidade está arquitetando derrubar a Igreja"
ou "Estão tentando confundir os membros", etc. Fabricam
diversos tipos de hábeis "scripts" exigindo dinheiro para suas
atividades. E esses caras são muito bons oradores e, se
bobeamos, somos enganados. Entretanto, os mais numerosos
são os seguintes: o tipo ameaçador do começo ao fim e o
método que normalmente eles usam é: "O comando e o
departamento de justiça estão preparando uma pressão", etc., e
311
Rokan – Alicerce do Paraíso

os mais exagerados dizem: "Vou pegar o grande Professor,


mandar fazer uma investigação domiciliar e vou esmagar a
Igreja" ou então: "Vou efetuar prisão em massa por todas as
filiais", etc. Os recentes utilizam até os membros do congresso e
o partido comunista. Outro método por eles usado é o de
enfileirar um monte de ameaças e depois dizer que, para evitar
tudo isso, precisam de tantos ienes, e há também os que fazem
coisas desagradáveis ou que pedem ajuda mostrando cartões de
entidades que nunca nem ouvi falar, dizendo serem o Presidente
dessas associações, outros que dizem ser repórteres de jornais e
revistas que me são completamente desconhecidos, e o mais
engraçado é que, no encontro, eles falam alto, de forma
proposital, fazendo coisas desagradáveis, e tentam ganhar algum
dinheiro de forma bem persistente. A característica deles é de
serem extremamente hábeis ao conversar e de serem precavidos
para não infringirem a lei. Muito raramente pedem que faça um
discurso, e às vezes avisam sobre seus planos de forma
informativa. O que me deixa surpreso é a técnica criativa deles, a
arte de fabricar é com eles mesmos, já são peritos em suscitar
dúvidas nos servidores governamentais ou nos setores
importantes e, por causa disso, é freqüente perguntarem coisas
que a nossa Igreja não pensa nem em sonhos e, muitas vezes,
fico perplexo. Por conseguinte, é muito grande o número de
casos em que a semente da causa de suspeitas das autoridades,
dos órgãos de comunicação e da sociedade em geral surgem
dos extorquistas, de modo que devemos dizer que os senhores
extorquistas também são muito eminentes.

Eles também usam de métodos trabalhosos como estes:


elaboram dezenas de denúncias, obviamente mudando o nome
de cada uma delas, e as enviam de diversos lugares, de modo
que as autoridades as confundem como sendo uma opinião
generalizada, e chegam a realizar investigações em nossa Igreja,
de modo que é surpreendente. Por conseguinte, peço às
autoridades muito cuidado para que não caiam nas mãos deles.
É claro que, através das denúncias, ocorre de se descobrir algum
312
Rokan – Alicerce do Paraíso

crime, de modo que as denúncias não podem ser negligenciadas,


mas, uma vez que, por causa delas, pessoas honestas são alvos
de suspeitas infundadas e são importunadas, gostaria de pedir
muita cautela na escolha dos casos.

Não há motivos para que numa religião que objetiva a


melhoria da sociedade existam maldades. O que me deixa muito
admirado é que os repórteres de jornais poderosos não dão a
menor atenção para regalias monetárias, o que acho admirável,
fazendo jus ao nome que possuem.

Jonral Hikari nº 19, 23 de julho de 1949

313
Rokan – Alicerce do Paraíso

(S.AN/110) OS PREJUÍZOS DECORRENTES DAS


DENÚNCIAS ANÔNIMAS

Entendo perfeitamente que as autoridades recebam com


alegria as denúncias anônimas como meios de solucionar os
crimes, e não teria receio em apoiá-las se fossem denúncias
feitas com seriedade, mas seria necessária muita cautela com as
mal-intencionadas, as arquitetadas e as fabricadas por vingança.
Tentar obter auto-satisfação com isso é uma atitude satânica.

Neste ponto, a nossa Igreja é sempre vítima dessas


coisas. Principalmente depois do problema de impostos do
outono passado, ela ficou conhecida de repente e, como foi
colocado que nós pagávamos uma soma gigantesca de
impostos, desde então, aumentaram subitamente as pessoas
que vinham correr atrás de dinheiro em nossa Igreja, trazendo
diversos problemas cansativos. E, analisando esses indivíduos,
todos eles estavam. tentando conseguir dinheiro de alguma
forma. É um tipo hábil de extorção.

Quando se tratava de algo de maior escala, os métodos


eram extremamente habilidosos, e realmente não pude deixar de
ficar admirado com as estratégias criadas por eles. Além disso,
as pessoas envolvidas nisso incluíam muitas de renome e até
membros do congresso, os quais agitavam os jornais, de modo
que é espantoso. Usavam até dinheiro para fazer o movimento e
trabalhavam nisso dia e noite, de modo que uma pessoa comum
é incapaz de imaginar que isso seja possível.

Dessa forma, quando eles tentam acionar as autoridades,


usam do método de denúncias anônimas. O interessante é que
antes da denúncia anônima, vez por outra, vêm vender o texto
que chega a mais de cem folhas. E o seu preço é de centenas de
milhares de ienes. Entretanto, nessa ocasião, se um texto é
adquirido, o fato chega ao conhecimento dos seus companheiros
de extorção e eles vêm vender sucessivamente e, tomando
314
Rokan – Alicerce do Paraíso

conhecimento disso, nós tomamos o cuidado de recusar


terminantemente, e aí, eles também, com a grande vontade de
dar o troco, fazem denúncias de grande porte em diversos
setores. Seu conteúdo é tão interessante, de modo que fazem as
autoridades ficarem atentas, e é claro que elas não acreditam em
tudo o que é dito, mas por via das dúvidas começam a
investigação. Assim, eles nos ameaçam dizendo que estamos
prestes a receber pressões das autoridades, e tentam conseguir
dinheiro para suas atividades. Não podemos deixar de ficar
abismados com as estratégias deles.

Por causa disso, dão trabalho às autoridades e nos


causam transtornos, de modo que não passam de atitudes
diabólicas. Como já disse, entre os companheiros deles, existem
comunicações em ampla esfera, e a ação é coletiva. Por
conseguinte, é possível imaginar que se alguém que "tem o rabo
preso" é perseguido por eles, grandes somas serão extorquidas.
Entretanto, no nosso caso, por ironia, somos religiosos e, uma
vez que temos a função de incentivar o bem na sociedade, não
há razão para fazermos uma coisa que seja suspeita e, por isso,
é claro que não atendemos às exigências deles, por mais que
tentem. Pois, uma vez que como religião nova estamos vendo
um progresso inédito e recebemos a confiança absoluta de
milhares de fiéis, o menor defeito que venha a existir atribui uma
enorme influência na Igreja como um todo.

Dessa forma, no caso de definir a verdade ou a falsidade


de uma denúncia anônima, para identificá-la, gostaria de solicitar
às autoridades que o fizessem com olhos aguçados e com muita
seriedade.

Jornal Hikari nº 35, 12 de novembro de 1949

315
Rokan – Alicerce do Paraíso

(S.AN/111) APELO ÀS AUTORIDADES FISCALIZADORAS

A História mostra que nunca acabam as religiões falsas, e


hoje não é diferente. E após a guerra, isso ficou mais intenso, e
elas tendem a surgir como os brotos das árvores na primavera.
Atualmente, se pesquisarmos qual dentre as religiões novas
possui verdadeiro valor e uma razão para sua existência,
veremos como são poucas. Obviamente, as autoridades irão
controlar rigorosamente as que são de natureza duvidosa, é
natural, mas é claro que no exercício dessa autoridade estão
preparados para terem um julgamento justo e sem erros.

Além disso, não podem vacilar, porque, se forem


tolerantes demais, há perigo de surgirem em massa religiões
suspeitas. Por causa de tudo isso, é inevitável que olhem com
suspeita todas as religiões que se dizem novas, mas não podem
definir que todas as religiões novas sejam trapaceiras. Aqui está
o problema. Pois, observando hoje as religiões tradicionais,
vemos que as novas já existem há dezenas de anos e as antigas
já possuem uma história de milhares de anos e, durante esse
longo tempo, se misturaram a muitas religiões suspeitas e
passaram por amargas experiências, o que não é difícil de
imaginar. Por conseguinte, as que sobrevivem até hoje, podemos
dizer que são apenas as que foram escolhidas uma a uma como
tendo verdadeiro valor. Por tudo isso, não é estranho que, dentre
as inúmeras que tendem a surgir atualmente, irão restar as que
possuem valor e vida. Obviamente, as autoridades estão bem
cientes disso, mas o que nos deixa penalizados é que eles
tendem a dirigir os olhos apenas para as falhas e se aterem
unicamente a ver se correspondem às leis de fiscalização.

É natural que as autoridades ajam assim, mas o nosso


desejo é que, juntamente com o aspecto da fiscalização,
dirigissem os olhos também para o outro lado.

316
Rokan – Alicerce do Paraíso

Isto porque existe o lado prático da nossa Igreja, por


exemplo. De que forma estão sendo úteis para o aumento real da
saúde da população; de que forma estão contribuindo para
melhorar o sentimento dos cidadãos, que resultados estão
obtendo na solução das falhas da sociedade que as leis e o
ensino não conseguem solucionar, e outros tantos aspectos
positivos. Existem muitos problemas difíceis que só a Religião é
capaz de solucionar, e nós sempre nos deparamos com eles. Por
conseguinte, o importante é que, entre as muitas religiões,
gostaríamos que fizessem uma análise comparativa, tendo por
padrão o valor prático. Adotando esse método, as suspeitas e as
incertezas irão se dissipar, e não serão mais arrasadas pelas
notícias demagógicas dos jornais e revistas.

Assim, nós, religiosos, poderemos nos empenhar


tranqüilamente, e com todas as nossas forças, nas atividades de
salvação do mundo.

Com isso, só quis expor abertamente o nosso desejo.

Jornal Hikari nº 41, 24 de dezembro de 1949

317
Rokan – Alicerce do Paraíso

CAPÍTULO VII — REGISTROS DE ENCONTROS

(S.AN/112) DIÁLOGO COM O GRÃO-MESTRE JIKAN — A


RELIGIÃO QUE PROPICIA BENEFÍCIOS MATERIAIS; O
IDEAL É A PAZ ETERNA DO MUNDO

O ideal da religião que propicia graças materiais é a paz


eterna do mundo.

Num dia em que a leve brisa refrescante de um início de


verão lava o jardim, o grão-mestre Okada Jikan, no desejo de
abrilhantar ainda mais o número especial de comemoração da
maioridade, décimo número da revista Hikari, atendeu à
entrevista do jornalista e, pela primeira vez, revelou sua opinião
magnífica e distinta sobre os diversos problemas que até hoje o
povo não teve explicações concretas.

E a seguir vão as anotações da entrevista com o Grão-


Mestre. (editor jornalista)

Jornalista: O sentimento de fé consegue salvar,


verdadeiramente, o homem do sofrimento?

Grão-mestre: Se pensar que não salva, não salva; se


pensar que salva, salva. O importante é a questão do desejo
dessa pessoa em relação à fé. A pessoa que pensa em ter
sentimento de fé deve, primeiro, entrar em contato. Após manter
o contato e se pensar que será salva, pode-se dizer que essa
pessoa entrou no mundo da fé. Entretanto, até hoje, podemos
dizer que quase não existiram religiões que realmente salvaram o
sofrimento humano Isso porque a maioria das religiões são
apenas teorias e não possuem força real.

Jornalista: Como é uma religião que possui força?

318
Rokan – Alicerce do Paraíso

Grão-mestre: É aquela que propicia graças materiais. As


religiões já existentes propiciavam apenas um pouco de graças
materiais, mas não havia nada tão milagroso. Então, em
conseqüência de serem escassas as graças materiais, essas
graças materiais foram chamadas de religião de baixo nível.
Quase todos os originários eruditos da Religião confinaram a
Religião no limite de teoria, negligenciando a existência real das
graças materiais Ou concluíram que as graças materiais são
simples milagres. Não acreditar em milagres significa que não se
acredita em Religião.

Jornalista: Pode-se acreditar em milagres?

Grão-mestre: Pode-se acreditar em milagre, mesmo que


não se tenha sentimento de fé, passará a acreditar em milagres.
O milagre ao qual nos referimos são as graças materiais. A
religião que tem bastantes graças materiais também tem
bastantes milagres. São chamadas de religiões heréticas, e
religiões supersticiosas que vieram persistindo apenas com a
teoria, e enquanto não se destruir basicamente o modo de
pensar dos eruditos das religiões já existentes, será
absolutamente impossível, através do sentimento de fé, salvar o
sofrimento humano e o mal social. Não existe felicidade maior do
que poder dar uma coisa gostosa a quem está querendo comer.
Todo ser humano possui desejos; se se conseguir satisfazer
esse desejo, está bom. Qualquer pessoa, desejando satisfazer
seu desejo, leva dinheiro e pensa em comprar coisas. Se mesmo
levando o dinheiro não lhe derem a coisa, é um problema. As
graças materiais também se enquadram aqui. Se for uma religião
em que mesmo professando a fé não se consegue graças, não
tem sentido. Uma religião assim é melhor não seguir.

Jornalista: De que forma se manifesta a graça do Deus


Kannon?

319
Rokan – Alicerce do Paraíso

Grão-mestre: Os milagres se manifestam em forma de


verdade, e que as graças materiais existem realmente, se deve à
graça do grandioso poder de Kannon. Até hoje não foi possível
descobrir esse poder de Kannon.

Jornalista: Então, quer dizer que dá para acreditar na


existência real do poder de Kannon ?

Grão-mestre: Existe. Posso explicar cientificamente sobre


esse poder, mas ainda não chegou o momento. Quer dizer, o
poder de Kannon que eu manifesto está muito acima da média
das religiões de hoje, por isso o povo em geral ainda não
consegue compreender totalmente. Por isso é que se assustam
com o que eu falo, e aparecem pessoas que negam, dizendo ser
superstição. A infância da Religião é, sem dúvida, um caminho
espinhoso. Um exemplo disso é a perseguição feita tendo o
cristianismo como jesuíta. Depois, quando se passa a
compreender, acredita-se por si mesmo nesse valor.

Jornalista: A atitude social da Religião é correta ou


errada?

Grão-mestre: A Religião precisa tomar bastantes atitudes


sociais. Os filósofos e eruditos religiosos vão aprendendo por si
mesmos, e podem pensar que apenas eles estão salvos, mas
isso não quer dizer que salvarão o mundo. A Religião que só
uma parte de intelectuais e uma classe especial está seguindo
contente é, sem dúvida, um caminho herético. Não se pode dizer
que é uma graça do verdadeiro Deus se o povo não ficar
contente ou se o povo não for salvo. A graça do poder de Kannon
abrange não apenas o homem e a sociedade, mas também as
aves, os bichos.

Jornalista: Qual é a concepção do seu ideal, o Paraíso


Terrestre?

320
Rokan – Alicerce do Paraíso

Grão-mestre: Não é outra senão construir um mundo


isento de doença, pobreza e conflito. Fazer jardins, e também o
trabalho de curar a tuberculose, é um dos movimentos de
transformação do mundo em Paraíso. Entretanto, não tem
somente isso como objetivo; isso não passa de urna amostra da
construção do Paraíso Terrestre no mundo atual. As frases
Identidade Espírito-Matéria, união Deus e Buda, se referem a
isso.

Jornalista: Fale sobre a ligação de Komyo-Nyorai e


Kannon.

Grão-mestre: Estão juntos, mas a época de trabalho é


diferente. Porém o trabalho de Komyo Nyorai é superior.

Jornalista: O Ensinamento de Kannon está negando a


Ciência?

Grão-mestre: Jamais estará na posição de negar a


Ciência; ao contrário, fica mais fácil compreender se disser que
está à frente da Ciência. Aquilo que é o progresso da Ciência, ou
seja, se a Ciência é a Ciência do século XX, pode-se dizer que o
Ensinamento de Kannon é a cCência do século XXI. Portanto,
pode-se dizer também que a Cultura atual e a Medicina estão um
século atrasadas.

Jornalista: O Johrei contradiz ou não a Medicina?

Grão-mestre: Não está contradizendo. Apenas que o que


não é curado pela Medicina atual tem a vantagem de ser curado,
por isso, naturalmente não vai-se tendo necessidade de
medicamentos.

Jornalista: Qual o seu pensamento em relação ao


socialismo?

321
Rokan – Alicerce do Paraíso

Grão-mestre: O socialismo está agora atrasado em


relação à época. Sem dúvida que na época feudal, quando a
diferença era muito grande entre a classe privilegiada e a classe
popular, era necessário, mas creio que o pensamento de que
todas as classes precisam ser iguais é uma má igualdade.
Colocar na mesma situação que trabalha junto com os
vagabundos é ainda muito mais desigual. Bem, o capitalismo é
necessário, o socialismo também e o comunismo também é
necessário, mas creio que a democracia é que consegue ajustar
todos eles corretamente. Para se pintar o mesmo quadro, só com
a cor vermelha não se forma uma pintura. É com a combinação
de diversas cores que se consegue concluir um quadro bonito. O
mesmo acontece com os alimentos. Às vezes, depois de uma
coisa doce, também é preciso comer alguma coisa salgada. Tudo
que é feito em uma só linha ou uma cor só acaba perdendo o
charme.

Jornalista: Como a sua inspiração vê o futuro do Japão?

Grão-mestre: Acredito firmemente que o Japão vai


melhorar, indubitavelmente. A guerra, que durou longos anos,
partiu-o em pedaços. Sem dúvida, o Japão é um paciente com
ferimentos graves. É um doente grave que está resmungando.
Dinheiro bloqueado é excremento bloqueado. O meu
pensamento é o vírus da tuberculose. No Japão, não apareceu
ainda um médico para curar essa doença. Principalmente o
pensamento materialista, o quanto não está sendo prejudicial à
reconstrução do Japão. Se não se erradicar basicamente o
pensamento materialista e colocar-se o pensamento
espiritualista, o Japão não conseguirá se tornar saudável e não
será salvo. O pensamento materialista negligencia Deus, invisível
aos olhos, e ignora a sua existência. Negligenciando a Religião,
as coisas não transcorrem bem.

Jornalista: Sua opinião sobre o movimento de paz


realizado pela Religião?
322
Rokan – Alicerce do Paraíso

Grão-mestre: Não adianta apenas o Japão ficar bem. É


preciso que o mundo inteiro melhore. Para isso é preciso que o
sentimento de todas as pessoas do mundo se ligue religiosa e
espiritualmente. O meu desejo não é outro senão o grande ideal
da paz mundial. A atividade religiosa da Igreja Kannon pode ser
considerada uma parte do movimento pela paz mundial. O
primeiro passo dessa ação é, primeiramente, a grande
purificação espiritual do Japão. Eliminando o espírito mau, é
preciso despertar o sentimento sincero novo e com vigor. Para
isso estou me empenhando dia e noite na salvação do mundo.

Jornalista: Ouvindo essas palavras proveitosas, os


membros e também os que se tornarão membros, é difícil saber
quão grandiosa é a luz que captaram.

Muito obrigado.

Jornal Hikari Extra, 30 de maio de 1949

323
Rokan – Alicerce do Paraíso

(S.AN/113) DIÁLOGO LIVRE COM O MESTRE JIKAN —


INFLAÇÃO, PRIMEIRO MINISTRO YOSHIDA; MAO-TSÉ-TUNG
E CHIANG KAI-SHEK; PROBLEMAS ENTRE OS EUA E URSS;
GUERRA ATÔMICA

Originariamente, um religioso é formal e, para as pessoas


simples, é uma existência difícil de se aproximar. Entretanto, o
Grão-mestre Jikan respondera espirituosamente com o típico
humor, com franqueza e liberdade, às perguntas formuladas ao
bel-prazer do repórter. Sobre os problemas econômicos atuais,
flash sobre os políticos, e o assunto que o mundo inteiro visa: se
a China se tornará comunista. A solução mais atual deste
problema - o problema entre os Estados Unidos e a União
Soviética - e se acontecerá a guerra atômica. E inesperadamente
surge conversação sobre o amor. Se de vez em quando não se
brincar, dá-se a tensão. A conversa agradável do homem, "Jikan
Okada".

(20 de maio, em "sun room", Atami)

A INFLAÇÃO ATUAL É A MESMA COISA QUE ENCHER UM


SACO DE AR E QUE, SE ENCHÊ-LO DEMAIS, ELE ESTOURA

Repórter: Desculpe-me por interromper os seus afazeres.


É de imediato, mas gostaria de pedir uma conversa informal, um
bate-papo. Mas as nossas vidas estão se tornando bastante
apertadas, e sobre isso, como é que ficará esta inflação?

Meishu Sama: Falando sem rodeios, se não se chegar


uma vez à estabilidade econômica, não se solucionará. Até hoje
o Japão não se estabilizou. Finalmente os Estados Unidos, não
podendo estar indiferente à situação, apresentara nove princípios
básicos. Estes nove princípios são: "deixar de fazer empréstimos
e trabalhar com afinco". É isto.

324
Rokan – Alicerce do Paraíso

Recentemente surgiu a expressão "economia perna de


pau". O governo fala bastante sobre a introdução de recurso
externo, e o povo solicita a ajuda do governo. Argumenta que
como não possui o capital, não se pode adquirir os materiais de
produção e as matérias-primas. Por isso, solicita para que libere
o dinheiro. O governo procura o recurso exterior e deseja
conseguir as matérias primas necessárias no exterior. E se não
der certo, imediatamente solicita a ajuda dos Estados Unidos. —
está tomando tais procedimentos brandos.

Desse jeito, é difícil a inflação ser domada e é necessário


fazer-se uma vez um tratamento brutal. Havia uma opinião
publicada no The Japan Times, dizendo: "Desista de todas as
ajudas e suspenda a emissão da moeda". Realmente, o Japão
veio contando demais com o estrangeiro. Com pequenas
dificuldades, já pedia ajuda aos Estados Unidos.

Em princípio, a inflação não acontece se o preço das


mercadorias e a emissão da moeda estiverem equilibrados. Mas
o preço se eleva e a moeda se infla — seria como se fosse um
saco ou alguma coisa, enche-se de ar e, quando ficar cheio, não
se infla mais. Se enchesse mais ainda, impreterivelmente
estoura-se. Portanto, a inflação atual é do mesmo principio, há a
necessidade de estourá-Io uma vez. E o seu método, —
atualmente fala-se muito em falta de dinheiro, mas é necessário
que se faça faltar o dinheiro. Se faltar o quanto tiver que faltar,
abre-se o caminho. Portanto, superando esta fase crucial, a
inflação se acaba. Por esta razão, é melhor que não se introduza
o capital estrangeiro. Como seria uma canalização temporária,
não haveria uma ação duradoura. O resultado será piorar cada
vez mais. O tempo solucionará.

325
Rokan – Alicerce do Paraíso

O MINISTERIADO YOSHIDA SERÁ LONGO. O GOVERNO DE


CHIANG KAI-SHEK DECAIRÁ. MAO-TSÉ-TUNG TOMARÁ AS
RÉDEAS DO GOVERNO. O CAPITALISMO E O COMUNISMO
SÃO DUAS EXTREMIDADES DE UM BALANÇO.

Repórter: Mudando de assunto, o atual ministeriado


Yoshida terá vida longa ou curta?

Meishu Sama: Terá vida longa. É porque o seu governo é


bom. Dizendo-se quais os pontos bons:

1º) Não lisonjeia o povo. Citando um exemplo, o


Katayama, que lisonjeou o povo, o fazia aos partidários também
e arruinou-se, e o Ashida olhou o povo com indiferença,
causando antipatia.

2º) Não segue a opinião pública. Uma pessoa que, seja o


que for, administra o ministeriado, se estiver agindo conforme
cada opinião pública, não poderá fazer a política. Apresentar a
opinião peculiar ao povo e fazê-lo compreender. Este é o resumo
do governo apoiado pela opinião pública. Neste ponto o atual
ministeriado é excelente.

Repórter: Como ficará o Chiang Kai-chek?

Meishu Sama: Negativo. Só há um caminho para se


sobreviver. Sair do país e viajar ao exterior. Observar bem a
cultura americana, retornar e submeter-se ao Partido Comunista
Chinês. Creio que não há outra maneira. Creio que a China não
tem outro jeito senão delegar tudo ao Mao Tsé-tung. Pela
personalidade e pela capacidade, o Mao Tsé-Tung é bem
superior ao Chiang Kai-Chek.

O que se deve observar bem aqui é que a transformação


para o comunismo da China e da União Soviética são diferentes -
o poder atual do Partido Comunista Chinês de maneira nenhuma
326
Rokan – Alicerce do Paraíso

é igual ao comunismo do estilo União Soviética, e sim


levantaram-se tendo os camponeses ao fundo, e se progrediu
apelando-se ao sentimento de justiça dos camponeses. Portanto,
conseguirá grande apoio dos camponeses e, por outro lado, o
Governo Popular não tinha apoio dos camponeses nem se
apelara ao sentimento de justiça deles. Ao contrário, fizeram com
que eles tivessem sentimento de aversão. Assim, avaliando-se
pela situação nacional da China, o atual governo Chiang estava
fadado à ruína, naturalmente.

Repórter: Sendo assim, a China finalmente se tornará


comunista?

Meishu Sama: Esse ponto, falando-se do ponto de vista


de que a transformação em comunismo da União Soviética e da
China são diferentes, não se chega à conclusão de que a China
se torne comunista de imediato. O seu sentido é o seguinte:

O capitalismo e o comunismo são duas extremidades de


um balanço. Parece que irá aos dois extremos, mas não irá a
nenhum deles. Está indo para lá e vindo para cá. Mas nem se
estaciona no meio. Assim, a cultura progride. Quem compreender
esta Verdade é uma pessoa madura. Como é, você entende?

Repórter: Deve ser assim: o balanço é o balanço, mas a


situação que se apresenta com a vibração, — as duas
extremidades, — aí surgem as duas extremidades, a esquerda e
a direita, mas é o balanço em si.

Meishu Sama: Isso. Deve ser isso. Estão se opondo nas


duas extremidades. Mas isso algum dia desaparecerá. Isto é,
quando a vibração parar e o balanço se tornar reta e imóvel, não
existirão as duas extremidades. Por aí é que a Verdade se
oculta. Por isso, a tese de que a China se transformará em
comunismo, na realidade, se apresentará como comunismo, mas
não se pode afirmar que isso é a verdade.
327
Rokan – Alicerce do Paraíso

O PROBLEMA DOS ESTADOS UNIDOS E A UNIÃO


SOVIÉTICA. A GUERRA ATÔMICA NÃO OCORRERÁ. O
SENTIDO DE QUE VIRÁ ALGO MAIS ATERRORIZANTE, UMA
ERA DE GRANDE TERROR PARA OS HOMENS MAUS

Repórter: E o relacionamento entre os Estados Unidos e a


União Soviética?

Meishu Sama: Em suma, nós estamos expostos à


ameaça da guerra entre os Estados Unidos e a União Soviética,
a Terceira Guerra Mundial. E dizendo em que consiste essa
ameaça, é na força atômica. As pessoas estão temerosas pelo
poder de destruição da força atômica. Se houver uma grande
guerra, da próxima vez, naturalmente será a guerra atômica.
Estão temendo a ação terrível desta força atômica. Aqui reside o
ponto de vista específico do problema entre os Estados Unidos e
a União Soviética.

Repórter: Como conclusão, gostaria que dissesse se vão


lutar ou não.

Meishu Sama: Creio que não. Pelo menos, na realidade,


é pouca essa possibilidade. Isto é, nem os Estados Unidos
possui a forca atômica definitiva. Como a atual força atômica não
é pela ação explosiva, não há tanto efeito. Se transformar tudo
em branco, o poder da destruição se diminui. Está mais ou
menos neste nível. E se esconderem-se numa montanha
adentro, o seu poder não poderá ser manifestado.

Na bomba atômica atual, não há ainda, o poder para ser


comentado largamente pelas pessoas da sociedade. Neste nível,
os Estados Unidos também não fará lutas desmedidas. Se for
para lutar, não poderá fazê-lo se não poder pôr um termo
definitivo. Com um poder incompleto, falta-se essa força. A
Terceira Guerra Mundial, todavia, aparecerá através de uma
forma diferente de guerra, por um outro fenômeno.
328
Rokan – Alicerce do Paraíso

Repórter: Isto é, o fenômeno que diz "Grande época de


Transição", né? Que fenômeno será?

Meishu Sama: Desde por aqui é que nasce a


interpretação religiosa. Aquele "Juízo Final", que Cristo proferiu,
é que será isto. Haverá uma grande transformação para com o
homem. O que significa isto? Antes da guerra atômica que
estamos falando agora, um perigo absurdo, maior que esse, está
se aproximando em frente aos nossos olhos. Dizendo-se assim,
parece tornar-se uma expressão excêntrica e supersticiosa, mas,
explicando descontraidamente, é assim: Provavelmente a cultura
material alcançará o auge pelo descobrimento do átomo, isto é, a
civilização moderna estacionará mais ou menos por aqui.
Significa que chegou-se ao extremo da ciência material.

Entretanto, o que indica esse progresso da civilização


material? Foram a cultura e a ciência atuais, como a premissa do
desenvolvimento de um campo além da matéria, a ultra-cultura
que virá. Entretanto, juntamente com o progresso desta cultura
material, estava sendo feito de forma concreta o grande salto do
Mundo Espiritual; e o que é a progresso do Mundo Espiritual?
Creio que isto não será compreendido facilmente. E é impossível
comensurar pela ética comum do homem atual. Por aqui é que
está a razão de tornar-se necessária a interpretação bastante
religiosa. Os astros, digo, uma grandiosa força da ação oculta no
Universo, e coloquem de uma vez na cabeça o fato de que essa
ação está se desenvolvendo paralelamente ao progresso da
cultura científica atual. O aparecimento da televisão, do átomo,
ainda, a radiotelegrafia, o rádio que temos ao nosso próximo, —
esses fenômenos parecem ser resultado de cálculos da física,
mas, na verdade, eles são a manifestação da ação do progresso
do Mundo Espiritual.

A sua razão, pensando o que são as ondas elétricas em si,


começarão a entender. Acontece esse fenômeno no espaço —
isto é, acontece o fenômeno físico — elas surgem do fenômeno
329
Rokan – Alicerce do Paraíso

físico, mas o que é a origem do surgimento delas? É a ação do


Mundo Espiritual. Esta ação está se desenvolvendo
medonhamente. Sendo assim, creio que impreterivelmente
mostrará a sua verdadeira natureza. Eu estou observando
cautelosamente os pontos como a época, o estado e a ação de
quando se manifestará, e finalmente compreendi nitidamente.

Repórter: Se isso for um grande fenômeno para a


humanidade, gostaria que publicasse largamente ao mundo
inteiro.

Meishu Sama: Isto não posso falar descuidadamente.


Mesmo tornando-o público, a sociedade não aceitará com
seriedade e terminará num riso, dizendo ser publicidade da Igreja
Kannon ou palavras mentirosas. O problema é, se é que ocorrerá
tal grande fenômeno, usando as minhas palavras, seria mais
seguro dizer "uma época de grande terror para os homens
maus".

E essa é a verdade e entraremos em um redemoinho de


grande purificação, mas como isso é fundamentalmente
"purificação", não será a purificação para quem é puro, quem é
justo, quem é bom. Serão purificados algo obscuro, algo turvo,
algo injusto. Se for um grande fenômeno deste, nem será preciso
alardear em vozes altas, pois não será um acontecimento
absurdo como o fim da humanidade. Portanto, não seria
necessário se precipitar tanto.

Entretanto, o fato é que surgirá uma grande ação de


acerto de contas para com o Mal — é isto. E o que é este Mal?
As guerras, os ardis, as fraudes, estes são os maiores maus.
Haverá um grande juízo para com eles, naturalmente. Isto será a
grande transição que ocorrerá antes da guerra atômica, que terá
o homem como objeto.

330
Rokan – Alicerce do Paraíso

O EXTREMO DA CIÊNCIA ESPIRITUAL. O GRANDIOSO


PRINCÍPIO BÁSICO DO UNIVERSO. A RAZÃO DE CURAR-SE
DA DOENÇA COM O "JOHREI"

Repórter: Parece-me que sairá a tese da ―Ciência


Espiritual", mas gostaria que dissesse a opinião sobre ela.

Meishu Sama: Argumentarei através de fato real. Sobre o


Johrei, que estamos praticando atualmente. Como é que ele
surge? Explicando a partir daí, ele foi calculado pela Lei do
Universo (a forca da trilogia fogo, água, e terra), e falando-se
sem rodeios, que no homem há o espírito e a matéria, qualquer
um sabe. Originariamente, a doença é a nuvem desse espírito
que projeta-se no corpo humano e se manifesta, e a sua
verdadeira origem é o espírito em si. Portanto, se o espírito se
purificar, a doença se cura naturalmente. Não, não é curar, e sim,
cura-se. Esse é o mais importante, e por acaso, eu descobri esse
grandioso princípio do Universo e estou assustado com a
maravilha da sua eficácia.

Falando-se o que é o extremo da Ciência Espiritual, é a


ação de fazer manifestar em alto grau as funções outorgadas por
Deus — a capacidade mental e física, as atividades psíquicas,
etc. Este é o objetivo da Ciência Espiritual e, ainda, enquanto se
tem como objeto um homem vivo, o que se relaciona com o
homem, ou o regime, a ordem, a moral da sociedade ou nação
formada pelo homem — o quanto eles são justos e belos, e a
força de infiltrar em todos eles — este é o extremo da Ciência
Espiritual e não é, de maneira nenhuma, a forma de progresso de
algo materializado (esta é a maneira de ser da atual Ciência
Material).

Tornar nítido algo que é sem forma, um fenômeno


misterioso invisível; este é o objetivo da Ciência Espiritual. A sua
prova é algo que aumenta fundamentalmente o bem-estar da
humanidade. Por isso, argumentando-se de maneira radical, a
331
Rokan – Alicerce do Paraíso

expressão ''Ciência Espiritual" não está certa. No espírito, não há


algo científico. Forçando-se, poderia dizer "força espiritual" — a
ação da manifestação da força do espírito em si. A sua
interpretação é difícil, se não se vê-la do ponto de vista religioso.
Mas, mesmo assim, o "espírito" em si não é, de maneira
nenhuma, "religião". Como sua prova, independentemente de
crer ou não na Igreja Kannon, se receber Johrei, qualquer pessoa
— mesmo um bebê ou, às vezes, um homem mal - não existe
diferença no seu efeito. Creio que, se fosse do ponto de vista
religioso, não teria tais graças, em homens maus ou criminosos.
Aqui está a característica da nossa Igreja.

MESMO NO SÉCULO XXI, DE AMOR, SOFRERÃO

Repórter: De qualquer maneira, se a ''Ciência Espiritual"


tiver alto desenvolvimento, deve ser muito bom para a
humanidade. O surgimento do Paraíso Terrestre neste mundo
fica enlevado mesmo só expressando-a pela boca. Os sons das
palavras são bonitas.

Meishu Sama: A transformação deste mundo em Paraíso


Terrestre, que eu preconizo, não é imaginária. É a verdade. Por
isso se realizará sem falta. E nesse caso, falando-se de modo
radical, creio que as religiões desaparecerão. Mesmo que
existam, deverão ser algo bem diferentes.

Repórter: Tudo será sagrado, puro, e o extremo da


Verdade, Bem e Belo?

Meishu Sama: A interpretação do "sagrado" é difícil. Não


se pode falar levianamente. Mas, mesmo se dizendo Paraíso
Terrestre, não será um "Paraíso", que comumente surge na idéia.
Será totalmente fenômeno do mundo humano; portanto, não é
algo ilusório, de maneira nenhuma.

Repórter: Como será o amor nessa época?


332
Rokan – Alicerce do Paraíso

Meishu Sama: Amor? Que salto deu, hein? (risada)

Repórter: É que, recentemente, isso é o problema. Por


exemplo, se a Ciência Espiritual tiver alto desenvolvimento, sabe-
se o que acontecerá amanhã e, no amor entre os jovens, como
se saberá o sentimento da outra parte, não será preciso sofrer
desnecessariamente (risada). E, às vezes, alguém que não se
deseja encontrar, uma pessoa que se sente embaraçado ao se
encontrar, por exemplo, um cobrador (risada), dá para saber
essas coisas. Se tornará bastante prático (risada).

Meishu Sama: Isso não é bom (risada). Isso é um tipo de


fenômeno do Mal. Pelo menos, nessa época, não haverá a face
obscura; portanto, não existirão atitudes fugitivas. Mas, como
surgiu a fala sobre o amor, o assunto é diferente da Ciência
Espiritual, mas, no amor, existem muitos casos de ações
espirituais. Dizem freqüentemente, desde a Antigüidade, que "é
bela e de vida curta", mas isso é porque os sentimentos dos
outros vêm nela. Além disso, quando se é bonita, (risada), esse
sentimento é ainda mais forte. Receberá o sentimento de várias
pessoas. E as nuvens desses sentimentos acumulam-se, e
finalmente ela chega a falecer. O amor não-correspondido é
realmente problemático. Pois a pessoa se apega sozinha e se
enamora. É bastante molestoso (risada). Entretanto, mesmo
neste caso, se essa beldade fosse uma pessoa que realmente
tenha espírito e matéria pura e forte, repelirá tais pensamentos.
Por aqui é que está a ação sutil da Ciência Espiritual. Por isso, o
ponto de solução para o amor está totalmente no espiritual.
Como desconhecem isso, todos sofrem ou têm amor não-
correspondido. É realmente muito sofrimento (risada).

Repórter: Sendo assim, o amor da próxima era, por


exemplo, do século XXI, como será (risada)?

Meishu Sama: Olha, você, isto não é coisa que se possa


rir. Pode-se pensar bastante seriamente (risada). Na verdade, o
333
Rokan – Alicerce do Paraíso

amor, para a pessoa, não existe algo tão sério (risada). Parece
que o prazer do amor está no estado espiritual do sofrimento,
não? (risada) Por exemplo, você deve ter sofrido bastante, pois
parece que o seu sentimento não é bom (risada).

Repórter: Ah, sim. Realmente o sabor do amor deve ser


isso. Assim sendo, no mundo vindouro também sofrerão por
amor? (risada)

Meishu Sama: Mas, mesmo sofrendo, será bastante


diferente. Por exemplo, como a magia da vidência espiritual (na
verdade, coisa como a magia da vidência espiritual é a ação do
Mal — a palavra magia que não é boa), digo assim porque têm
maior força de atração, mas, como ela está mais desenvolvida,
conhece-se até o futuro do futuro. Creio que se souber que
atualmente é assim, mas no futuro será assim, a febre não subirá
tanto. Mas o amor do século XXI que você diz repetidamente não
tem valor para ser discutido. Originariamente, o amor está como
algo sagrado. Ás vezes, as críticas de pessoa alheia dão mal
resultado. Além disso, sendo no século XXI, como serão
agraciados pelo sentimento e corpo puros, será totalmente sadio
e puro. Deve ser assim. Mesmo na atualidade, ao ver tal
relacionamento entre jovens, é belo, e deve ser cultivado.

A REALIZAÇÃO DO PARAÍSO TERRESTRE NESTE MUNDO


SERÁ NO FUTURO PRÓXIMO. ANTES, HAVERÁ UMA
GRANDE AÇÃO PURIFICADORA.

Repórter: Então, por aqui entremos na conclusão: mais ou


menos quando se realizará a "transformação em Paraíso
Terrestre deste mundo" que o Grande Mestre preconiza?

Meishu Sama: Freqüentemente fazem perguntas assim,


mas será no futuro próximo. Como disse há pouco, antes disso,
porém, acontecerá uma grande purificação. Seria como se fosse
o corpo humano. Acontece a ação purificadora e, pela primeira
334
Rokan – Alicerce do Paraíso

vez, torna-se sadio. É a mesma coisa. Como no Universo em si é


que acontecerá o grande salto, deve-se preparar-se, que haverá
uma grande ação de transformação. Nesse caso, escuta-se
mesmo como se fosse uma profecia, mas como já tenho feito as
explicações, a nossa Igreja realizará, determinadamente, a ―obra
da salvação'', e penso em radicá-la daqui por diante também.

Repórter: Muito obrigado.

Muguen nº 3, 15 de junho de 1949

335
Rokan – Alicerce do Paraíso

(S.AN/114). GRÃO-MESTRE JIKAN — DIÁLOGO LIVRE SOB


SOMBRAS DE ÁRVORES VERDEJANTES DO SOLO
SAGRADO DA TERRA DIVINA

Repórter: Como critica as atuais inquietações sociais e a


visão da sociedade?

Meishu Sama: A principal causa das inquietações sociais


pode-se ver que é causada pela oposição ideológica. Está
apresentando choques violentos com a esquerda, a direita, mas
isto é um fenômeno de transição, e o tempo solucionará tudo.

Em princípio, o que o Partido Comunista do Japão está


fazendo é muito forçado. O sentimento do homem não é tão fácil
assim de se conquistar. Mesmo tentando-se cativar
forçadamente o sentimento das pessoas, usando métodos
artificiosos, isto, no fim, atrairá a própria ruína, e não será a
vitória final. Os homens, se não se simpatizarem do âmago, não
se pode dizer que é a verdadeira união. O que o Partido
Comunista está fazendo parece algo como uma doença infantil,
faltando o amadurecimento. Creio que por aí é que está a causa
da ruína do Partido Comunista. O Partido Comunista já está além
da plenitude. Está decadente.

Repórter: Então esses aspectos sociais melhorarão de


acordo com a diminuição do poder do Partido Comunista?

Meishu Sama: Como a oposição ideológica é que está


escurecendo a sociedade, se ela enfraquecer, gradativamente a
sociedade se aclarará.

Repórter: A sociedade em geral está em dificuldades pela


crise monetária. Gostaria que desse alguma opinião sobre isso...

Meishu Sama: Durante a guerra, o exército consumia


quase tudo, mas voltando-se ao estado de paz, extinguiu-se algo
336
Rokan – Alicerce do Paraíso

com tamanha capacidade de consumo, e quanto mais se elevar a


produtividade, o produto se excede e, como a demanda não a
acompanha, é natural que ocorra a estagnação econômica.
Entretanto, se os produtos sobrarem, é da lei da economia que
os preços se abaixem. Portanto, os preços só cairão. Se os
preços dos produtos caírem, a moeda é valorizada. A atual crise
monetária é um dos fenômenos da crise estabilizadora que estão
dizendo freqüentemente na sociedade. Em breve, deverá ter a
liberação do fundo de compensação e o valor da moeda também
aumentará mais que antes, portanto não é preciso se preocupar
tanto com a crise monetária.

Repórter: Então o comércio recuperará um pouco o


ânimo?

Meishu Sama: Como eu disse anteriormente, a estratégia


da destruição das indústrias e do transporte do Partido
Comunista parece que acabou em insucesso, portanto a
animação no setor industrial também melhorará. Ainda, como se
obterá, também, a tranqüilidade espiritual do povo, eu estou
realmente otimista quanto à previsão da animação do comércio.

Repórter: Gostaria que desse sua opinião sobre os atuais


políticos japoneses.

Meishu Sama: Eu acho que ser político também não é tão


fácil. Mas, no atual Japão, não existe um político de grande porte.
Como uma questão real, o Sr. Yoshida, por exemplo, como um
político do Japão, deve ser considerado mesmo de classe A. É
causada pela pobreza de elemento humano, e isto não tem jeito.
Entretanto, antes disso, deve-se fazer a educação política dos
japoneses, de maneira radical. E essa educação não pode ser,
de jeito nenhum, da maneira da educação do passado, com as
vistas embasadas no materialismo. Se na educação política
também não tecer e misturar o pensamento religioso, torna-se
forçosamente em algo vazio. E se não tiver sentimento religioso,
337
Rokan – Alicerce do Paraíso

forma-se homens sem esqueleto, e os seus pensamentos


facilmente caem em intolerantismo.

Repórter: Parece que recentemente os médicos estão


sendo perseguidos pela responsabilidade dos casos de
disenteria em massa.

Meishu Sama: Responsabilizar apenas os médicos é


crueldade. Os médicos, creio, estão fazendo o possível, mas não
tem jeito, pois na Medicina em si é que há a falha. Portanto, com
as capacidades dos médicos, não se resolve. Se não se corrigir o
erro da Medicina, o mundo da doença não se purificará.
Recentemente, eu não consigo conter o sentimento de
compaixão pelos médicos.

Repórter: Será que existe um meio para reconstruir o


Japão mais rapidamente pelo sentimento religioso,
principalmente através da nossa Igreja?

Meishu Sama: Os japoneses de até agora parece que


confiavam demais em religiões demasiadamente sem forças. A
época já não está necessitando de religiões imaginárias,
supersticiosas. Está desejando a aparição e a graça de uma
religião viva, uma religião com força. Esta igreja sim, nasceu e
está se desenvolvendo pela requisição da Era, e ouvi
recentemente que até um certo setor importante do exterior
iniciou-se a ter grande interesse.

A religião é crer nos milagres. Os materialistas não crêem


nesse milagre e, em vão, estão cativeiros do espírito do
onipotencialismo materialista. Os espiritualistas estão crendo em
algo invisível aos olhos, isto é, no milagre.

O mundo, hoje em dia, conscientizou-se de que não será


salvo, de jeito nenhum, pelo materialismo, e está tentando

338
Rokan – Alicerce do Paraíso

formular uma nova visão do mundo, colocando o espiritualismo,


isto é, o sentimento religioso como base de tudo.

Nós devemos tomar conhecimento de que está pulsando


intensamente a situação mundial em que não se pode deixar de
realmente crer nos milagres.

No futuro da nossa Igreja, há algo verdadeiramente


grandioso, e entramos numa era em que devemos inscrever
profundamente no coração que os braços da Força de Salvação
de Kannon estão largamente abertos.

Jornal Hikari nº 25, 3 de setembro de 1949

339
Rokan – Alicerce do Paraíso

(S.AN/115) APRESENTAÇÃO DE ASPIRAÇÕES DO ANO


NOVO PELO GRÃO-MESTRE JIKAN — DIÁLOGO AO REDOR
DA LAREIRA NO INÍCIO DA PRIMAVERA, EM ATAMI

Transpondo o caminho espinhoso, agora é o momento de


receber o Ano Novo que começa a mostrar movimentos fetais
muito rápidos, e também existe algo novo na emoção de 300 mil
membros. Tudo isso se deve à imobilidade do espírito firme, à
técnica sagaz do grandioso poder espiritual e virtuosidade do
Grão-Mestre Jikan, que se devota ao cumprimento da Obra
Sagrada do século.

Ano Novo, em primeiro lugar, no interior do coração do


Grão-Mestre, que cedeu algumas horas e conversou com o
repórter do nosso jornal, pudemos tomar conhecimento de uma
infinidade de regiões inexploradas desconhecidas pelo mundo do
homem.

Ofereço aos amantes da leitura o resumo desse diálogo ao


redor de uma lareira, realizado em Atami, no dia do Ano Novo.

Repórter: Parece que o ano passado foi, para a Igreja, um


ano de muitas dificuldades, mas primeiramente quero ouvir a sua
impressão.

Grão-mestre: No ano retrasado houve o problema de


impostos, no ano passado nos deparamos com o ataque injusto
dos jornalistas, em diversos sentidos. Não foi muito fácil. Porém,
eu jamais fiquei triste, nem tampouco perdi a confiança. Pelo
comentário, acredito que esse teste amargo, através da
revelação Divina, proporcionou graças ainda maiores ao meu
trabalho. Isso porque, veja bem, como o progresso da nossa
Igreja foi demasiado repentino, creio que uma das grandes
causas foi o grande ciúme que teve uma parte das pessoas do
Japão, que perdeu a moral. Esse é o destino pelo qual, em um

340
Rokan – Alicerce do Paraíso

determinado período, tem que passar qualquer religião, e isso


também está bem claro na História das Religiões do passado.

Repórter: Outro dia, quando encontrei com a diretoria de


uma grande empresa jornalística, perguntei:

“Por que o jornalismo do Japão pega como objeto de


crítica apenas a nossa Igreja?”

“Não, não consideramos a religião Kannon como inimiga.


Quando vamos lidar com religiões novas, a religião Kannon é,
sem dúvida, a maior de todas do Japão.”

Essa foi a resposta. Só que, se é assim, o jornalismo faz


coisas detestáveis por conveniência própria, não é mesmo?

Grão-mestre: Podem escrever o que for que eu não estou


ligando nem um pouco. Isso deve estar apoiado em ações
excitantes; por isso, de minha parte, não tenho nada a temer.
Bem, creio que a vida dos espíritos malignos do partido de pós-
guerra não é tão longa assim.

Repórter: Será que, devido ao crescimento repentino da


difusão, a orientação não foi um pouco forçada?

Grão-mestre: Realmente, pode ter havido esse fato


lamentável. Quando a parte externa cresce de uma vez, é natural
que a parte interna não consegue igualar os passos, e sem
dúvida, nesse caso, creio que é necessário segurar até certo
ponto a força de expansão. Ou seja, partindo de mim, creio que
devo me conscientizar de que existe a Vontade Divina por trás
das propagandas contrárias do jornalismo. Isso não é relutância
contra meus próprios defeitos, mas acredito que Deus me deu
um tempo de paciência e prudência, e pode ser melhor tornar a
atitude de avançar e recuar.

341
Rokan – Alicerce do Paraíso

Repórter: Quando se é vítima de propagandas cheias de


maldades feitas por um grande jornal, a maioria fica arrasada e
sucumbe, mas com a firmeza da base da nossa religião, fiquei
um pouco impressionado.

Grão-mestre: Não é para ficar impressionado. Isso porque


existem preparações escrupulosas para combater com
honestidade as pressões indevidas e medidas engenhosas. Essa
preparação trata-se do Poder Absoluto de Deus. Qualquer
pessoa não consegue destruir essa rigorosidade de Deus;
portanto, creio que fica bem claro que em nós não existe o
mínimo de maldade. Sem nenhum sentimento maldoso,
realmente desinteressado, como a correnteza de um rio, estou
trabalhando com o Poder da Verdade sem nenhuma falsidade.
Se esse fato fosse compreendido por todos, seria muito bom,
mas é que o nível de inteligência do Japão ainda não chegou a
esse alcance. Por mais que se realizem grandiosas obras de
bem, se tiver um pequeno defeito, faz-se desse pequeno defeito
o todo e tenta-se derrubar os outros; esse é um mau costume
japonês. Numa época assim, creio que a medida inteligente é
não se revoltar muito e procurar seguir o princípio da
adaptabilidade. Por algum tempo quero ter, como princípio, a
firmeza, em primeiro lugar.

Repórter: É completamente ao contrário das falsas


opiniões públicas do jornalismo, e o número de pessoas que se
salva através da nossa Igreja está ficando cada vez maior, e os
últimos números estão comprovando isso concretamente, mas
qual o motivo disso?

Grão-mestre: Isso significa que as máculas do Mundo


Espiritual começaram a se dissolver, aos poucos. Ou seja, é a
manifestação mais forte do que antes, da Luz de Deus. Portanto,
o poder de Johrei dos fiéis da nossa Igreja se tornou mais
poderoso. O meu poder espiritual aumentou x vezes mais que
antes. E também o poder espiritual dos fiéis, provavelmente, está
342
Rokan – Alicerce do Paraíso

se manifestando com a mesma força minha de vinte anos atrás.


Portanto, é absolutamente impossível que não surta efeito. Além
disso, atualmente, na proporção que o processo de purificação
do Japão está muito violento, o poder espiritual surte efeito na
mesma proporção, e isso também está bem explicado
cientificamente.

Repórter: Nesses últimos tempos, até mesmo nas


camadas intelectuais do Japão está ficando forte a opinião de
que é o sentimento religioso em absoluto que irá construir a base
do Japão pacífico, mas qual a sua opinião quanto a isso?

Grão-mestre: Como sempre venho afirmando, o homem


que não possui sentimento religioso não presta, e acredito que é
a Religião, sem dúvida, que irá construir toda a base pacífica.
Entretanto, apesar de se tratar de Religião, com as chamadas
religiões supersticiosas não existe nenhum poder de eficácia. É
perda de tempo crer em religiões sem valor. No Japão atual,
creio que não existe outra religião além da nossa que possa
obter a confiança de milhares de pessoas. O absolutismo do
poder Kannon; além desse, não existe um verdadeiro poder de
salvação. Creio que na Europa e nos Estados Unidos é Cristo,
sem dúvida.

Repórter: Baseado em que se valoriza a superioridade da


nossa Igreja?

Grão-mestre: Está no benefício que se recebe nesse


mundo. No benefício futuro pregado pelo Budismo existe uma
certa necessidade para ligar o Mundo Espiritual com o mundo
humano, mas, contudo, o caminho para salvar todos os
japoneses que estão agonizando em sofrimento está em
transformar esse mundo em Paraíso. Realmente, essa é uma
grandiosa obra, mas se cada um dos japoneses pesquisar
verdadeiramente a essência da nossa religião, creio que não é
exagerado dizer que a pobreza e o conflito serão eliminados
343
Rokan – Alicerce do Paraíso

automaticamente. Qualquer um sabe que a doença é a causa da


pobreza. O conflito também, a guerra se origina do sistema
doentio de um país.

Repórter: A atmosfera da assembléia de paz está mais


espessa e parece que a sorte desse ano do Japão está mais
esperançosa; gostaria de saber a sua opinião.

Grão-mestre: É um ano bom, mas também é um ano


ruim. O Mundo Espiritual se tornou mais claro e, acompanhando
essa Transição, o sinal de luz irradia nitidamente. Em
contraposição, o mundo do Mal seguirá o único caminho da
destruição. Se fizer-se esforços em prol das coisas boas,
infalivelmente se será recompensado, mas se trabalhar-se o lado
ruim, é-se imediatamente descoberto. Ou seja, através do Poder
Espiritual, tornou-se mais rápida a descoberta do Mal. A época
de grande limpeza do homem mau; essa é a responsabilidade
desse ano colocada nos ombros do Japão. Aos ser feita a
limpeza, se formos uma sujeira de não ser jogada no lixo, seria
bom. Pelo menos é preciso chegar a ser uma sujeira útil porque
senão será difícil. Nesse sentido, pode-se dizer que para os
homens maus é um ano ruim.

Repórter: E como será o comércio desse ano?

Grão-mestre: As finanças do Japão ainda é uma


economia paliativa, por isso não será fácil. Contudo, até agora o
preço liderava o salário, mas aos poucos esse equilíbrio passará
a ser mantido, por isso, creio que não haverá mais uma grande
inflação. Parece que o poder de produção atual está recuperando
os seis, sete por cento de antes da guerra; portanto, pode-se
dizer que o Japão atual, que não possui munições, voltou à
mesma situação de antes da guerra. Contudo, o comércio está
estagnado e, como o acúmulo de frete é grande, as mercadorias
estão paradas, e também o poder de consumo interno,
naturalmente, não aumenta, por isso demonstra um aspecto de
344
Rokan – Alicerce do Paraíso

má comercialização. Nesse caso, é preciso eliminar o


desperdício e, se se fizer poupança, conseguir-se-á vencer
qualquer colapso.

Repórter: Politicamente, qual a perspectiva desse ano?

Grão-mestre: Eu não me interesso muito pela política,


mas procurar um grande político no Japão de hoje é uma
dificuldade. Creio que o Sr. Yoshida é uma das primeiras
personalidades para o Japão. Possui bastante discernimento e
força também. Eu particularmente gosto de pessoas como o Sr.
Yoshida, que não faz adulações. Creio que é seguro deixar esse
ano inteiro por conta do Sr. Yoshida.

Repórter: Para finalizar, quero que diga algumas palavras


para todos os fiéis.

Grão-mestre: O ano muda, é preciso renovar, não existe


esse provérbio, mas tendo a certeza de que não irá cair em
tramas que não sejam positivas, peço que avancem sem
reservas no caminho de Deus.

(Editor responsável)

Jornal Hikari nº 43, 1º de janeiro de 1950

345
Rokan – Alicerce do Paraíso

(S.AN/116) DESBRAVAR O CAMINHO DA FELICIDADE EM


PROL DA HUMANIDADE

NA COMEMORAÇÃO DO 1º ANIVERSÁRIO DO JORNAL


HIKARI, O LÍDER ESPIRITUAL JIKAN APRESENTA PALVRAS
COM PROFUNDA EMOÇÃO

Pergunta: Antecipando ao primeiro aniversário do órgão


de comunicação da nossa Igreja, o Jornal "Hikari", sob nova
missão, reformulou-se o seu título para o jornal "Kyussei",
chegando-se, assim, ao primeiro aniversário de profundo
significado. Durante o ano, houve esta mudança de "Hikari" para
"Kyussei", mas creio que houve inúmeras emoções e
lembranças. Em primeiro lugar, gostaria que falasse sobre a sua
impressão sobre isso.

Meishu Sama: Realmente, durante este ano passado,


sofri, mas eu, em particular, tive inúmeras lembranças que serão
marcadas nas páginas da história da minha vida. Pegar no pincel
e escrever, para mim, era um gosto inato, e era também parte do
meu trabalho, mas é raro ter feito esta atividade com tanta
seriedade, como neste ano passado. Antigamente, às vezes
escrevia como hobby, e houve ocasiões em que compunha
versos e poesias despreocupadamente, mas, ultimamente, não
com o sentimento pacato como o de hobby, mas sim, estou
sendo obrigado a escrever totalmente sob ordens da Vontade
Divina, com o sentimento solene e, além disso, tenso.

Em suma, estou sendo obrigado a lutar contra a escrita do


"Mal" com a escrita do "Bem". Mesmo que se diga o quanto o
mundo se transformara, nunca tive experiência, no passado, de
ter encontrado um jornalismo tão brutal. Mesmo dizendo-se que
são sensacionalismos de jornais comerciais, a tendência de ferir
ou caluniar o próximo e estar triunfante não é boa. Durante este
ano que passou, a nossa Igreja foi afligida por esse mau
jornalismo, mas, como se vê, não há nem um pouco de abalo.
346
Rokan – Alicerce do Paraíso

Isto sim a justiça da nossa Igreja está mostrando a prova em


silêncio, e o mau jornalismo também já fora obrigado a se render
perante a justiça.

De fato, alguma coisa nova possuir a força significa que


ela irá penetrar em alguma parte já existente, e é claro que
surgirão de uma parte do bloco antigo oposições e estorvos
violentos. É da natureza humana não se sentir bem se um novato
se fizer arrogante. Mas isso também é somente por uns tempos
e, se uma vez conquistar o lugar, pela característica dos
japoneses, passarão a não reclamarem mais. Como a nossa
Igreja não tem nenhum peso na consciência, não haveria
problema nenhum se sair-se numa contra ofensiva mais ativa,
mas isso não é do meu gosto. Mesmo sendo criticado de várias
formas, estou, mesmo lentamente, caminhando passo a passo
firmemente ao objetivo final. Eu também, como sou humano,
fiquei com raiva perante as críticas extremamente venenosas.
Mas, contendo as indignações particulares, durante este ano
passado, apenas obedecendo às ordens de Deus, continuei na
resignação verdadeiramente ascética. Este sofrimento creio que,
de maneira nenhuma, será entendido pelos jornalistas levianos,
partidários de filosofia pós-guerra.

A PAIXÃO QUE SE EMANA

A DEDICAÇÃO A DEUS SEM SENTIMENTO DO MAL

Pergunta: Todas as semanas, durante um ano, de "Hikari"


a "Kyussei", acredito que ter cumprido propósito tão grande é
mais do que habilidade divina. Não está cansado?

Meishu Sama: A minha escrita emana como se fosse uma


fonte, e ainda hoje a sua força não se enfraqueceu. Aliás, de hoje
em diante, creio que escreverei cada vez mais, conforme a
ocasião, aproveitando as oportunidades. A minha ideologia e o
ardor a Deus estão claros pelas minhas obras escritas até hoje, e
347
Rokan – Alicerce do Paraíso

quem estiver duvidando, se lesse bem as minhas obras, antes de


mais nada, creio que compreenderia tudo. Não existe nem uma
palavra, nem uma frase falsa. Em princípio, não só eu, mas todos
os fiéis, não consentirão, se tiver um pouco de maldade na nossa
Igreja. Como a nossa obra está sendo realizada dentro de uma
claridade total, não tenho nenhum receio nem dúvida.

MANIFESTAÇÃO DA FORÇA DE DEUS

É CHEGADA A HORA DA GRAÇA NO UNIVERSO

Pergunta: O nome "Messias" é destinado também ao


Jesus Cristo. Qual o relacionamento com isso?

Meishu Sama: No Ocidente, denomina-se o Cristo como


Messias, mas ainda não estão dizendo sob uma definição
concreta. Mesmo se dizendo Salvador, ainda não existe quem
atingiu verdadeiramente o seu objetivo. Talvez não foi possível
manifestar a sua capacidade verdadeira até a primeira metade do
século XX, mas, finalmente, pode-se dizer que adentrou-se na
época em que, daqui por diante, será manifestada a verdadeira
força de Deus. No Ocidente, também creio que o Cristo
manifestará a verdadeira força originária. E, no Oriente, tenho a
convicção de que Messias manifestará verdadeiramente a Força
Divina. Portanto, será impossível compreender pela concepção
religiosa tradicional. Se apresentará, pela primeira vez, a Força
Divina mais mística e profunda. Eu, é claro, como sou o
representante de Messias, não consigo nem imaginar de que
forma será realizado o trabalho de Messias de agora em diante;
entretanto, presumindo pelo movimento atual de Deus, apesar de
pequeno, acredito que posso dizer que uma grandiosa força
espiritual agracia o Universo.

Pergunta: Há alguma ocorrência especialmente evidente


após a Igreja tornar-se Igreja Messiânica?

348
Rokan – Alicerce do Paraíso

Meishu Sama: Está se manifestando do Mundo Espiritual,


uma repercussão extremamente perspicaz. Os milagres (as
graças) estão ainda mais vigorosos. As graças de até hoje se
tornaram comuns e estão surgindo, umas atrás das outras,
graças que nem se podia imaginar. Entretanto, por outra parte, o
juízo entre o Bem e o Mal tornara-se especialmente severo, e a
condenação ao mal passou a ser realizada solenemente.

A diferença entre "Hikari" (Luz), e "Kyussei" (Salvação do


Mundo) está aí, e deve-se gravar muito bem que não se trata
apenas de mudança de nome ou de marca.

Pergunta: Qual o significado mundial do nascimento da


Igreja Messiânica ?

Meishu Sama: A divisa da atuação de Deus, até agora,


está limitada apenas a um ponto, o Japão, mas, doravante,
acredito que se estenderá a todo o Oriente. Como se diz que na
fé não existem delimitações entre países, a atuação de Deus
será universal e ilimitada, sendo que a Sua misericórdia atingirá
até uma erva, uma árvore. Além disso, o estado de inexistência
da "doença, pobreza e conflito", que é o lema da nossa Igreja,
alcançará a todo e qualquer lugar, e o aparecimento do "Mundo
de Paz" é mais evidente do que olhar o fogo.

O conflito é algo que a humanidade mais detesta e


repudia. A humanidade precisa parar com os conflitos, de
qualquer maneira. Ainda mais, os japoneses, destituídos de
armas, têm a predestinação de trabalhar encabeçando pelo
"Mundo de Paz". Estar agitando-se atualmente, dentro do país,
dizendo se é direita ou se é esquerda, para se dizer que é uma
etapa para o "desejo ardente pela paz", é demasiadamente
infantil. Não posso acreditar que é a atitude que está se tomando
seriamente pela paz. Se os pequenos conflitos se intensificarem,
gradativamente, tornam-se conflito de um povo, tornando-se

349
Rokan – Alicerce do Paraíso

inimizade dentro dele. E dessas coisas surge a divisão num


povo.

Os japoneses que, durante longo tempo, foram vítimas da


política militar, sofrendo pelas opressões das facções militares,
será que já não poderiam retornarem a um sentimento alegre em
que, tranqüila e calmamente, formulem uma nação agradável e
pacífica, verdadeiramente livre de conflitos internos?
Recentemente, não há jeito, a mesquinhez dos japoneses me
salta nos olhos.

É POSSÍVEL A PAZ MUNDIAL ENTRAR EM CONSONÂNCIA


COM O CRISTIANISMO

Pergunta: A paz mundial é possível de se realizar com a


força da religião?

Meishu Sama: Creio que é absolutamente possível. Como


já disse, no Ocidente existe Cristo, e no oriente, Messias. Se
essas duas grandes forças se harmonizarem, Oriente e Ocidente,
e se todos os fiéis lutarem seriamente pela paz, creio que
impreterivelmente se resultará em Paz Eterna. Mesmo que se
diga que é um país ateísta, creio que não gostaria de ser tocado
pela ira de Deus. A doutrina da Igreja Messiânica Mundial, nem é
preciso dizer, tem a origem na aspiração da paz eterna da
humanidade.

Pergunta: Houve alguma reação em algum lugar do


mundo?

Meishu Sama: Já houve. Recebi, há alguns dias, notícias


de Washington, do Deputado Federal Sr. Yoshihisa Nakamura,
que fora aos Estados Unidos há uns tempos. Parece que o
"Hikari", o jornal da nossa Igreja, foi bastante procurado entre os
compatriotas. Quando o intercâmbio for liberado, creio que o
"Kyussei" também, atravessando o oceano, será bastante
350
Rokan – Alicerce do Paraíso

difundido. Ainda, uma pessoa chamada Yonezo Okamoto


também, diz que se fizer uma versão e editar as publicações da
nossa Igreja nos Estados Unidos, será uma grande sensação.
Diz que nos Estados Unidos também, nos últimos tempos, uma
nova seita chamada Bahaísmo está progredindo vigorosamente.
Quer dizer que entre os americanos também, não só o
cristianismo, mas várias seitas, estão sendo praticadas. Mas
parece que em todas elas não existe nem um pouco de
supersticionismo, seguindo uma doutrina extremamente
racionalizada. Além disso, como não existe nenhuma pressão,
pode-se ter atividade livre e consciente. Creio que chegará uma
época em que as pessoas dos Estados Unidos também
compreenderão uma seita como a nossa, que tem a realidade
como objetivo.

Pergunta: Ouço dizer que há certas pessoas que duvidam


por ser demasiadamente grande o número de "relatos de graças"
desta Igreja.

Meishu Sama: Aliás, muitos setores que possuem


dúvidas, parece-me que confirmaram um por um, visitando-os.
Entretanto, como todos são a pura verdade, parece-me que
estão completamente atônitos. Da nossa parte, como esses
relatos de graça chegam em número muito elevado, estamos
perplexos por causa do seu tratamento. O que estamos
publicando atualmente é apenas uma pequena parte, sendo que
a maioria é inaproveitada. Por isso estamos embaraçados porque
chegam reclamações dos fiéis perguntando por que não são
aproveitados. Realmente aquilo é a bíblia viva que relata a
verdade da graça recebida, e um repórter da Mainichi veio outro
dia, e disse : "Não existe nenhuma mentira, verificando quaisquer
que sejam os relatos. Realmente aquilo é a bíblia do século XX".
Creio que um repórter de grande jornal não escreve mentiras
nem faz lisonjas.

351
Rokan – Alicerce do Paraíso

O SAGRADO TEMPLO SERÁ INAUGURADO EM BREVE


PRESTARÁ SERVIÇO TAMBÉM PARA O INTERCÂMBIO
INTERNACIONAL

Pergunta: Quando é que será inaugurado o Sagrado


Templo que atualmente está sendo construído em Zuiun-Kyo,
Atami?

Meishu Sama: Como o projeto ficará mais grandioso que


o plano inicial, atrasará um pouco mais que o previsto, e talvez
demore este ano inteiro. Mas, ao ser inaugurado, apresentará um
grande panorama, ímpar no Oriente, e creio que será concluído
algo extremamente esplendoroso. Entretanto, como é numa
época assim, a construção será simples e elegante, eliminando
totalmente as belezas supérfluas. O estilo é francês, de Le
Corbusier, e será pintado de branco gesso, e em Atami, será o
primeiro em estilo, um tanto moderno e chique. Poderá acomodar
algumas mil pessoas, e gostaria de destinar também para o local
de casamento de pessoas em geral, além de fiéis.

A nossa Igreja veio, até hoje, aplicando enorme soma


nesta construção, e acredito firmemente que, ao ser inaugurada,
a essência da nossa Igreja será impreterivelmente
compreendida. Como os japoneses fazem inúmeras intrigas
enquanto não se constrói algo visível aos olhos, é difícil. Se este
Templo aparecer em frente aos olhos do povo, creio que
compreenderão gradativamente. Além do Templo, serão
construídas pousadas para os fiéis, termas, belvedere, e um
grandioso Museu de Belas Artes, que é do plano ser franqueado
também aos visitantes do exterior; será, portanto, de grande
utilidade também para a confraternização internacional.

Pergunta: Por essas coisas, há quem espalhe boatos de


que a nossa Igreja comanda o município de Atami.

352
Rokan – Alicerce do Paraíso

Meishu Sama: É realmente impressionante. O município


de Atami possui órgão de administração autônomo, e é
constituído pelo povo. A nossa Igreja é apenas algum milésimo
de porcento deste órgão administrativo. É impossível
monopolizar o município e,pelo princípio religioso, não temos
relação nenhuma com a administração municipal. Pensamos em
ser útil em qualquer coisa para o progresso do município de
Atami, e até hoje, viemos praticando nesse sentido. Como Atami
não é um município tão insignificante, esse -pessoal que se
preocupa com isso desconhece-o totalmente. Atami é do povo de
Atami. Possui um poder administrativo maravilhoso, inviolável por
quaisquer que sejam as pessoas. Existem cérebros destituídos
de senso que fabricam contra-senso como se fosse uma
verdade. Realmente é ridículo.

Jornal "Kyussei" nº 53, 11 de marco de 1950

353
Rokan – Alicerce do Paraíso

(S.AN/117) ESPÍRITO RELIGIOSO TAMBÉM NOS POLÍTICOS

DIÁLOGO COM POLÍTICO VISITANTE

Recentemente eu conferenciei com um político em um


local combinado previamente, chegando a se estender a algumas
horas. Essa pessoa é bastante influente, e chegou a ser Primeiro
ministro por duas vezes.

Visitante: O que é a coisa mais importante que no Japão


atual deve ser feita?

Meishu Sama: Antes de mais nada, é fazer a educação


política ao povo. Fazê-lo ter interesse na política, isto é, o povo
do atual Japão não se interessa muito nem pela nomeação de
Ministros, nem pelo partido que formula o Conselho de Ministros.
Basta que a própria vida seja agradável. Creio que esse é o
sentimento sincero do povo. Quer dizer que a cultura em geral é
baixa. Deve-se elevar mais este nível. Eu acho que deve-se
chegar a um ponto em que cada um dos japoneses sinta como
se ele próprio seja um político.

Visitante: Realmente, não há dúvida. E a parte política?

DÊEM "TEMPO" AO CONSELHO DE MINISTROS

Meishu Sama: O Conselho de Ministros do Japão é


realmente de vida curta. Desse jeito, não há como fazer boa
política. Quão digno seja um político, é impossível realizar planos
admiráveis em meio ou um ano. Em primeiro lugar, é
caladamente deixá-lo fazer a política por um bom tempo. E se o
resultado não for bom, pela primeira vez, iniciar o movimento
para a alteração. Em suma, deve-se ser mais tolerante para com
o Conselho. Entretanto, no Japão, ao se formular um novo
Conselho, imediatamente iniciam a derrubada. Não se tem
política nem nada, não existe nada além da derrubada do
354
Rokan – Alicerce do Paraíso

Conselho de Ministros. Forçosamente, em um país que


freqüentemente muda de Conselho, não existe o progresso. Idem
na França e na Itália. Se se tiver quatro anos de mandato como
nos Estados Unidos, pode-se trabalhar tranqüila e
sossegadamente. Também, na Inglaterra, o Conselho que uma
vez tomar a posse, mesmo que haja algumas gafes, não se
censura desmedidamente. Observam-se atentamente com
tranqüilidade. Compreende-se observando o atual Conselho de
Ministros do Partido Trabalhista. Não é só isso. No Japão, cada
vez que mudar de Conselho, muda-se até o último funcionário
público, nomeado em cada região. Dessa maneira, não se pode
trabalhar sossegadamente. Sempre estão preocupados. Quando
finalmente se acostumar e pensar em trabalhar mesmo, já está
mudado. Eu creio que, em primeiro lugar, é fundamental a
grande reforma neste ponto.

Um presidente de certo jornal que estava perto: Eu


acho que seria bom determinar o mandato dos Deputados em
mais ou menos três anos, e sem dissolução.

DESEJA-SE A APARIÇÃO DE NOVOS POLÍTICOS

Visitante: O Conselho Ministerial Yoshida acho que é


frigido para a classe trabalhadora. O Primeiro Ministro sempre
está enclausurado em Ooisso, mas acho que é melhor sair ao
centro com mais freqüência.

Meishu Sama: Realmente existe tal aspecto. Tem não sei


o quê de aristocrático. Será que isso não é porque permanece,
ainda, o molde do antigo político? De qualquer modo, doravante,
creio que precisam aparecer novos políticos.

Visitante: Eu também sou da mesma opinião. Os antigos


políticos, quase que todos foram banidos da vida pública, e os
que não, são do molde antigo. De agora em diante, precisam
aparecer novos Políticos de mais ou menos 40 anos.
355
Rokan – Alicerce do Paraíso

Meishu Sama: O seu papel, por exemplo, é preparar o


palco para a apresentação de novos políticos, não?

Visitante: Eu também acho. Em primeiro lugar, os velhos


é que preparam o terreno.

Meishu Sama: É claro, deve ser um novato, e além disso,


de grande porte. Daqui por diante, não se pode ser limitado a
uma nação ou povo. Deve ser universal. Isto é, o objetivo é a
Nação Universal preconizado nos Estados Unidos.

Repórter que estava ao lado: É da mesma opinião que o


presidente. Ele também, desde antigamente, é universalista e,
nesse ponto, concorda com o Mestre.

OS IDEAIS SE CONCORDAM

Visitante: Ah, eu também sou da mesma opinião. Se a


opinião de todos concordam, gostaria de, daqui por diante,
reunir-nos de vez em quando e esforçar-nos para a construção
da Nação Universal.

Meishu Sama: Isto é o Paraíso Terrestre, onde inexiste a


doença, a pobreza e o conflito, que sempre dizemos. Isto é, o
fundamental é acabar-se com a doença, mas a medicina atual
está praticando um engano muito grave. Em primeiro lugar, é o
esclarecimento disso. Atualmente estou escrevendo uma tese
intitulada: "Clamando a todos os médicos cientistas do mundo", a
fim de apresentar aos cursos superiores e ao mundo acadêmico
de todo o mundo. É claro, será em três línguas, inglês, alemão e
francês, e o objetivo está em revolucionar a medicina mundial.

Visitante: Eu ainda não conheço a Medicina do Mestre,


mas gostaria de pesquisar gradativamente.

356
Rokan – Alicerce do Paraíso

O PARTIDO COMUNISTA ESTÁ SE AFOBANDO

Durante esta conferência, surgiu o assunto do Partido


Comunista.

Meishu Sama: Eu creio que, doravante, os partidos


políticos limitados, como o da esquerda, ou da direita, não
servem mais. Por causa dos conflitos, não se possibilita fazer
uma boa política, que é o essencial. Eu acredito da seguinte
forma: deve-se formar um novo partido político de contorno
mundial, que encerre todos os partidos, como conservadores,
comunistas, socialistas, e todos os princípios. E, tornando-se em
um só corpo, orientar a nação. Por isso, a minha seita é feita de
modo que, quaisquer que sejam os princípios, possam
harmonizar-se.

O Partido Comunista, como recentemente está se


mostrando afobado, o topo está à vista. Em tudo, se surgir o
afobamento, é o fim. Deve-se tranqüilizar-se. A boa notícia,
espere deitado. Se afobar-se, força-se a situação. E, com isso,
fracassa-se. O caso do Ashida é um bom exemplo.

FAZER DOAÇÕES POLÍTICAS LÍCITAS

Visitante: Sempre estou embaraçado porque nenhum dos


meus companheiros tem jeito para ganhar dinheiro.

Meishu Sama: Isso é bom. As pessoas que são hábeis


em ganhar dinheiro é que foram mandadas ao Presídio de
Kosugue. Eu penso que as doações políticas também, se forem
feitas de maneira lícita, não têm problema.

Mas, para isso, não deve-se ter nem um pouco de


condições de troca, como interesse. Mas, no Japão, creio que
inexiste um rico assim. Até hoje, como os interesses eram o
objetivo, fazia-se segredo, causando, assim, o crime. No entanto,
357
Rokan – Alicerce do Paraíso

como o político necessita de certa soma, em primeiro lugar,


formular uma sociedade em que surjam pessoas, dentro da
nação, que, sendo ricas, façam doações lícitas ao partido que
acreditam que faz boa política. Por isso, nos Estados Unidos,
surgem bons políticos. Mais uma coisa essencial aos políticos é
que, daqui por diante, devem possuir o espírito religioso. Dizem
que o MacArthur e o Truman são cristãos fervorosos. Eu também
objetivo isso. O ideal é criar políticos dignos que possuam
religiosidade.

O visitante, o presidente e o repórter, em uníssono,


disseram: "Esta noite foi muito proveitosa por fazer esta reunião.
Vamos fazer troca de opiniões de vez em quando", e retiraram-
se.

Jornal Hikari nº 24, 27 de agosto de 1949

358
Rokan – Alicerce do Paraíso

(S.AN/118) DIÁLOGO COM UMA VISITA

Visita: Respeito muito todo o procedimento da sua Igreja,


mas apenas um ponto, acho que se empenham demais no
tratamento da doença; quero saber a sua opinião.

Meishu Sama: Não é para menos que você pensa assim.


Como uma pessoa moderna que tem como senso comum o
procedimento das religiões já existentes, não é para menos que
veja dessa maneira, e falando a verdade, o que estou realizando
talvez não possa ser chamado de Religião. Então o que é? Creio
que se deve dizer que é uma Obra de Salvação. Resumindo o
que seja a Obra de Salvação, ela consiste apenas em curar a
doença, e não existe mais nada além disso. Falando assim, pode
parecer estranho, mas na realidade é o seguinte: todos
interpretam a doença de forma limitada. Quando se fala em
doença, pensam que se trata apenas do homem. Entretanto, eu a
interpreto de forma ampla. Ou seja, a doença não é somente do
homem. A sociedade, a nação e também o mundo, todos são
doentes. Por exemplo, analisando apenas o Japão, o sofrimento
da classe dominante é a dor de cabeça, a queda da classe alta é
o derrame cerebral, a extensão do mau pensamento é a
tuberculose, e o mau do coração é o medo e a insegurança da
sociedade em geral. A dificuldade financeira é a má circulação e
anemia, o sofrimento da classe trabalhadora é a dor das mãos e
pés; dessa forma, o país inteiro é um corpo doente e está
sofrendo de paralisia. O Mundo também, sem dúvida, está na
mesma situação. Sendo assim, de que forma, o que se deve
fazer para torná-lo um corpo sadio; esse é um problema que foi
incumbido à humanidade, ou pelo menos ao homem cultural.

Contudo, exceto (...), a Religião, a Moral, as leis existentes


até hoje, têm apenas o efeito de uma injeção de cânfora, que é o
de amenizar a dor temporariamente, sendo impossível a cura
total, como prova a realidade. Nesse sentido, se não nascer um
método de tratamento absolutamente poderoso, a infelicidade da
359
Rokan – Alicerce do Paraíso

humanidade tende a aumentar cada vez mais. O fato da nossa


Igreja ter nascido é porque tinha que nascer. Naturalmente que,
apesar de ser um mundo amplo, trata-se de um agrupamento de
200 milhões de indivíduos. Sendo assim, primeiramente, é
preciso ir solucionando a doença de cada pessoa
individualmente. Isso porque não existe outro método eficaz além
desse.

No início, falei que a nossa Igreja não é uma Religião e


sim uma Obra de Salvação; devido a isso, então, creio que deu
para compreender porque a nossa Igreja coloca mais força no
tratamento da doença

Visita: Sem dúvida, compreendi.

Assim respondeu e foi embora.

Jornal Hikari nº 25, 3 de setembro de 1949

360
Rokan – Alicerce do Paraíso

(S.AN/119) DIÁLOGO COM UM VISITANTE

A pessoa com quem conversei recentemente faz um


trabalho grandioso muito importante no setor da polícia.

Visitante: No momento, o Japão tem o maior interesse na


defesa contra o comunismo. Para tanto, é preciso reforçar o
poder policial, mas há um problema que dificulta o aumento de
policiais, de modo que é preciso fortalecer o sistema policial do
país da forma como ele se encontra no momento. Num caso de
emergência, faz-se necessária uma ação conectada mais rápida.
E no momento estamos nos esforçando para consegui-la.

Meishu Sama: Realmente, isso também é bom. Nós


concordamos que não existe outro jeito de salvar a coisa
urgentemente. Mas isso, apenas, constitui algo temporário e não
é fundamental nem duradouro. Sendo assim, faz-se necessária
uma ação espiritual, além do método material. E isso,
obviamente, é a fé. As religiões tradicionais, obviamente, não
possuem força, e a realidade bem o mostra. Forçosamente é
preciso uma religião poderosa e nova que nunca existiu antes.
Em termos mais compreensíveis, é o seguinte. Vejamos a
medicina atual. O método empregado pela Medicina considera
que os micróbios são a causa de todas as doenças. Por causa
disso, temem demais os micróbios e podemos dizer que dia e
noite estão com o sintoma de medo dos micróbios. Isto porque,
se os micróbios penetram no corpo, há perigo de desencadear-se
uma doença e esse método também é inevitável, por ora.
Entretanto, se tivermos um corpo saudável que não adoece por
mais que penetrem micróbios, o problema está solucionado. A
lógica é a mesma. Isto é: seja o comunismo ou qualquer
idealismo, se for bom, é adotado, e se for ruim, é rejeitado. Se o
povo tiver esse poder de discernimento, não haverá problema. E
esse poder de discernimento é o mesmo do corpo saudável que
não é atacado pelos micróbios. Em suma, é o corpo saudável do
idealismo. E, para isso, não há outro recurso senão uma religião
361
Rokan – Alicerce do Paraíso

de poder. Por conseguinte, o ideal é avançar conjuntamente com


o fortalecimento policial e o fortalecimento religioso.

Visitante: Entendi perfeitamente. Gostaria que a Vossa


Igreja se esforçasse bastante, então.

Assim dizendo, foi embora.

Jornal Hikari nº 27, 17 de setembro de 1949

362
Rokan – Alicerce do Paraíso

(S.AN/120) MEISHU SAMA E O DR. BRADEN

O Dr. Braden, Professor de História das Religiões, e do


Estudo sobre Escritas Religiosas da Universidade Northwestern
do Estado de Ilinois, Estados Unidos, justamente no dia 15 de
junho passado, o dia da Comemoração da Conclusão do
Protótipo do Paraíso Terrestre em Gora, Hakone, da nossa Igreja
Messiânica Mundial, misticamente, conferenciou amistosamente
com Meishu Sama, em Hotel Gora. A seguir, a narração dessa
conferência. (Essa conferência foi realizada na noite de 15 de
junho, no Hotel Gora).

Dr. Braden: Vim ao Japão e observei diversas religiões e


senti que as religiões novas estão fazendo um trabalho cheio de
vigor. Nos Estados Unidos também, muitas religiões novas estão
em plena atividade. Eu vim ao Japão a fim de pesquisar as
religiões, por isso quero ouvir a sua opinião, o que o senhor
acha?

Meishu Sama: Está bem. Pode perguntar o que quiser.

Dr. Braden: Me fale sobre a influência que a Segunda


Guerra Mundial exerceu sobre a Religião.

Meishu Sama: A Religião recebeu influência tanto do Bem


quanto do Mal, mas a influência maléfica é temporária e a
benéfica é eterna; portanto, no final das contas, creio que é uma
influência positiva

Dr. Braden: E qual a influência que teve, principalmente,


na sua Religião?

Meishu Sama: Até antes do final da guerra recebi muitas


pressões, mas após a guerra foi reconhecida a liberdade
religiosa, e ficou bastante fácil de levar.

363
Rokan – Alicerce do Paraíso

Dr. Braden: Atualmente possui quantos fiéis?

Meishu Sama: Os fiéis que estão realmente em atividade


são mais ou menos de 300 a 400 mil.

Dr. Braden: Antes do final da guerra, quantos eram?

Meishu Sama: Mais ou menos cem pessoas. A maioria


são membros de pós-guerra.

Dr. Braden: Por quer aumentou espantosamente depois


da guerra?

Meishu Sama: Porque concedi a luz mais forte aos


corações confusos de pós-guerra, e ensinei que a doença sara
sem precisar tomar remédio. Creio que se pode ver que esse
milagre é a causa maior.

Dr. Braden: Me explique sobre esse milagre.

Meishu Sama: A causa da doença é uma só. É a mácula


do espírito. Os sintomas da doença se manifestam de várias
maneiras no corpo, mas como a causa em qualquer caso é uma
só, através de purificar o espírito, a doença é curada. Entretanto,
a compreensão é difícil para as pessoas que cultivaram um
conhecimento materialista. É como se fizéssemos uma palestra
de faculdade para os alunos do primário. Como temos diversas
publicações, gostaria que as lessse.

Dr. Braden: O que o senhor pensa sobre o Messias?

Meishu Sama: Eu acredito que tenho a divina missão de


realizar o trabalho de Messias, mas como ainda não é o
momento propício, tenho deixado isso às ocultas.

Dr. Braden: O que pensa a respeito da Ciência Cristã?


364
Rokan – Alicerce do Paraíso

Meishu Sama: A Ciência Cristã cura através do próprio


pensamento; no final das contas trata-se de uma religião com
força própria. Contudo, na Igreja Messiânica Mundial, a doença
sara acreditando ou duvidando, e nesse ponto é possível dizer
que é uma religião com poder totalmente alheio. Cristo também
curava doenças, mas eu não apenas curo a doença como
também posso dar essa força a inúmeras pessoas. Essas
pessoas que aqui estão reunidas (apontando para mais ou
menos 30 diretores que ali se encontram), todos foram
outorgados com essa força. Se por acaso eu estiver mentindo,
essas pessoas não acreditariam mais em mim

Quero aproveitar e dizer também que a civilização de até


agora era uma civilização materialista e o centro dela é os
Estados Unidos. A civilização oriental é uma civilização
espiritualista e o centro é o Japão. É preciso que essas duas
civilizações, vertical e horizontal, a forma da união dessas duas
civilizações é uma cruz, e aí se encontra o significado do
crucifixo. E agora esse é o momento: na união dos Estados
Unidos com o Japão, reside a Vontade Divina.

Dr. Braden: Ouvi um assunto muito interessante. Eu


também concordo plenamente.

Meishu Sama: Eu também estou muito contente. Existe


um profundo significado no fato de termos conversado hoje aqui.

Dr. Braden: Quero ouvir sua opinião em relação ao


comunismo.

Meishu Sama: O princípio do comunismo é recíproco ao


amor à humanidade. Pensar apenas numa classe especial é o
grande amor de Deus, pode ser tido também como o amor de
igualdade. É igual ao pensamento do grupo durante a guerra;
trata-se do amor parcial, portanto, na frente do poder de Deus,

365
Rokan – Alicerce do Paraíso

não há dúvida de que acabará se extinguindo. Eu que acredito


em Deus não o levo em consideração.

Dr. Braden: Entre os seus fiéis, tem algum comunista?

Meishu Sama: Não existe nenhum fiel comunista, mas


tem comunistas que, presenciando o milagre, acreditaram em
Deus e se tornaram membros. Se acreditar em Deus, não haverá
mais comunistas.

Dr. Braden: Alguma vez falaram que a sua Igreja planejou


uma conspiração?

Meishu Sama: Antes do final da guerra houve quem


fizesse esse tipo de rumor, mas após a guerra não houve mais
esses rumores.

Dr. Braden: O que o senhor pensa sobre o projeto de


prevenção contra atividades destruidoras que está sendo
apresentado agora na Assembléia do Japão?

Meishu Sama: Creio que é necessário prevenir atos


violentos. Os comunistas, apesar de serem japoneses, estão
apoiando a União Soviética, por isso é como se fossem russos
com aparência de japonês, e não se pode admitir esse tipo de
japonês; além disso, tentam fazer a revolução através da
violência, por isso é necessário um projeto de prevenção contra
isso.

Dr. Braden: Não há preocupação desse projeto causar


influência para a Igreja?

Meishu Sama: Esse é um problema da administração e se


a democracia for se desenvolvendo, acredito que esse projeto
não será utilizado para o Mal. Seja como for, controlar aqueles

366
Rokan – Alicerce do Paraíso

que tentam destruir a sociedade com a violência é uma questão


primordial, por isso é necessário.

Dr. Braden: Não existe a possibilidade dos comunistas


dominarem o Japão?

Meishu Sama: Absolutamente. Não acredito que cultura


do Japão seja tão baixa assim.

Dr. Braden: No mundo existem pessoas que temem o


comunismo. Dentre os americanos também...

Meishu Sama: É uma realidade que o comunismo ameaça


até certo ponto cada país do mundo. Para prevenir essa ameaça,
é necessário um projeto preventivo e também armamentos, e é
necessário também mostrar claramente a existência de Deus.

Dr. Braden: Por favor, diga isso também ao Presidente


Trumman.

Meishu Sama: Há bastantes publicações minhas, por isso


leve e mostre você mesmo ao Presidente.

Dr. Braden: É uma pena, mas só retornarei da viagem no


mundo na primavera do ano que vem. Nessa época o Presidente
Trumman talvez não esteja mais nesse cargo.

Meishu Sama: Ah, então, da minha parte vou providenciar


para enviar diretamente, o mais rápido possível.

Dr. Braden: Hoje ouvi assuntos bem proveitosos, muito


obrigado. Adeus.

Meishu Sama: Estarei orando para que termine bem a sua


viagem de pesquisa das religiões em cada país do mundo.
Adeus.
367
Rokan – Alicerce do Paraíso

(Editor repórter)

Jornal Eiko nº 164, 9 de julho de 1952

368
Rokan – Alicerce do Paraíso

AGRICULTURA NATURAL MESSIÂNICA

(S.AN/121) O GLOBO TERRESTRE RESPIRA

A Outra Face da Doença, pág. 196

Todos sabem que os seres vivos respiram. Na verdade, a


respiração é uma propriedade de todos os seres, até mesmo dos
vegetais e dos minerais. Se eu disser que o globo terrestre
também respira, muitos poderão achar estranho; todavia, com a
explanação que farei a seguir, tenho certeza de que ninguém irá
discordar.

O globo terrestre respira uma vez por ano. A expiração


inicia-se na primavera e chega ao ponto culminante no verão. O
ar que ele expira é quente, como no caso da respiração do
homem, e isso se deve à dispersão do seu próprio calor. Na
primavera, essa dispersão é mais intensa, e tudo começa a
crescer; as folhas começam a brotar e até o homem se sente
mais leve. Com a chegada do verão, as folhas tornam-se mais
vigorosas e, atingido o clímax da expiração, o globo terrestre
recomeça a inspirar; daí as folhas principiarem a cair. Tudo toma,
então, um sentido decrescente, e o próprio homem fica mais
austero. O outro ponto culminante é o inverno. Essa é a imagem
da Natureza.

O ar expirado pelo globo terrestre é a energia espiritual do


solo, que a Ciência denomina nitrogênio; graças a ele as plantas
se desenvolvem. O nitrogênio sobe às camadas mais altas da
atmosfera junto com a corrente de ar ascendente e lá se
acumula, retornando ao solo com as chuvas. Esse é o adubo da
Natureza, à base de nitrogênio. Por essa razão, é um erro retirar
o nitrogênio do ar e utilizá-lo como adubo. É certo que com a
aplicação de adubo químico à base de nitrogênio consegue-se o
aumento da produção, mas seu uso prolongado acarreta
intoxicação e envelhecimento do solo, pois a força deste diminui.
369
Rokan – Alicerce do Paraíso

Como é do conhecimento geral, o adubo à base de nitrogênio foi


elaborado pela primeira vez na Alemanha, durante a Primeira
Guerra Mundial. No caso de ser necessário aumentar a produção
de alimentos devido à guerra, ele satisfaz o objetivo; entretanto,
com o fim da guerra e o conseqüente retorno à normalidade, seu
uso deve ser suspenso.

Outro aspecto importante é o que diz respeito às manchas


solares, que desde a Antigüidade têm servido de assunto para
muitos debates. A verdade é que essas manchas representam a
respiração do Sol. Dizem que elas aumentam de número de onze
em onze anos, mas isso acontece porque a expiração chegou ao
ponto culminante. Com relação ao luar, considera-se que ele é o
reflexo da luz do Sol, mas convém saber que o Sol arde graças
ao elemento água, proveniente da Lua. Esta possui um ciclo de
vinte e oito dias, e isso também constitui o seu movimento de
respiração.

Coletânea Assuntos sobre a fé, 5 de setembro de 1948

370
Rokan – Alicerce do Paraíso

(S.AN/122) A GRANDE REVOLUÇÃO NO MÉTODO


AGRÍCOLA DO JAPÃO

AUMENTO DE 10 A 50% DE PRODUÇÃO DESDE O PRIMEIRO


ANO, SEM USO DE ADUBOS

Eu tenho vontade de gritar: "O Japão foi salvo". Isto


porque nasceu uma grande boa nova para o aumento da colheita
de arroz, que é o maior problema do nosso país atualmente.

Como é do conhecimento de todos, após a guerra, o


nosso território não só foi estreitado a três quartos, mas a
tendência de aumento populacional, desprezando a política de
limitação da natalidade, está, como sempre, além de um milhão
de nascimentos por ano.

Portanto, de jeito nenhum é permitido o otimismo. Sendo


assim, creio que, atualmente, não existe problema tão sério
assim, além deste. Isto porque a nação faz orçamento altíssimo a
cada ano e, além da melhoria de terreno da lavoura, utilizando
tudo e quanto método possível, e apesar do setor público e o
povo estarem se empenhando desesperadamente, ao invés de
resultados esperados, a realidade é conseguir com dificuldade a
produtividade média. E nessa situação, como no ano passado,
houve contínuas calamidades como furacões, danos pela baixa
temperatura e insetos, etc, resultando-se em má colheita daquele
jeito. Portanto, quando penso no futuro da agricultura do nosso
país, realmente, não tenho outro jeito além de arrepiar-me de
medo.

Mas, diferindo de antigamente, hoje em dia existe o meio


de importação de arroz e trigo do exterior, mas isso também é
paliativo, e é claro que não se pode continuar por longo tempo.
Isto porque, como nos anos recentes, é demasiado o mau
andamento do comércio exterior, e hoje em dia, em que está

371
Rokan – Alicerce do Paraíso

sendo até clamado o perigo do mundo econômico, é chegado a


um ponto em que se deve tomar uma medida de emergência.

Por isso, parece-me que o governo está estudando um


plano bastante audacioso da mudança de política econômica,
para uma economia de deflação. Mas isso também é com razão.

Dessa maneira, a situação chegou-se a uma difícil etapa.


Entretanto, a chave da solução deste problema, digam o que
disserem, é o aumento da produção de arroz. Falando-se
francamente, é evidente que está em assegurar a quantidade
absoluta, suficiente para alimentar toda a população. Mas
atualmente, creio que, de maneira nenhuma, é possível a
realização de tal desejo que parece um sonho.

Mas não se assustem. Nasceu um método agrícola


revolucionário que deverá abrir o caminho para a solução deste
perigo. Isto é, a Agricultura Natural. Se disser que através deste
método, além do aumento da produtividade até a quantia
necessária, é possível uma colheita maior que ela, a conversa
seria demasiadamente boa que, ao contrário, não se poderá crer,
mas a realidade é sempre a realidade, e atualmente em todas as
regiões do país estão conseguindo resultados espantosos.

No ano passado, dentro de clamores de diminuição da


safra em todas as regiões, somente os praticantes da Agricultura
Natural não tiveram, nem uma pessoa, a diminuição da safra, e
todos brilharam de alegria pelo aumento da produção Ao ver
essa situação, os agricultores vizinhos, que estavam indecisos
até então, não suportando mais, imediatamente em todas as
localidades, ingressaram sucessivamente na associação.

Portanto, acredito que a minha previsão de que em poucos


anos a maioria da agricultura do país será transformada para
este método, já não é engano.

372
Rokan – Alicerce do Paraíso

Sobre isso, desde há três anos, em todas as primaveras,


viemos fazendo uma edição especial, tendo os resultados do ano
anterior como matéria. Mas conforme o aumento de praticantes,
estão-se aumentando os relatos, e como não se comporta mais
nas oito páginas costumeiras, desta vez, com a melhoria do
caráter tipográfico, aumentamos quatro páginas, tornando-o de
doze páginas.

Além disso, feliz ou infelizmente, ao contrário da má safra


em escala nacional como no ano passado, todos os praticantes
da Agricultura Natural tiveram grande aumento de produção.
Sendo assim, tendo realmente o fato como uma grande chance
que Deus nos concedeu, resolvemos, nesta oportunidade,
trabalhar para o movimento em grande escala para a conquista
de novos associados. Para isso ficou pronto, também, o
preparativo para o aumento de impressão de um milhão de
exemplares. Portanto, desejo que os senhores associados
também labutem com esse meta.

O PRINCÍPIO DA AGRICULTURA NATURAL

Para que todos entendam realmente o princípio da


Agricultura Natural, proponho-me explicá-lo através da ciência do
espírito - da qual tomei conhecimento por meio da Revelação
Divina - pois é impossível fazê-lo através do pensamento que
norteia a ciência da matéria. No início, talvez seja muito difícil
compreender esse princípio; todavia, à medida que o lerem
várias vezes e o saborearem bem, fatalmente a dificuldade irá
diminuindo. Caso isso não aconteça, é porque a pessoa está
muito presa às superstições da Ciência.

O que eu exponho é a Verdade Absoluta. Os próprios


fatos o comprovam. Como todos sabem, o método agrícola
utilizado atualmente consiste na fusão do método primitivo com o
método científico. Julga-se que houve um grande progresso,
porém os resultados mostram exatamente o contrário, conforme
373
Rokan – Alicerce do Paraíso

podemos constatar pela grande diminuição da produção no ano


passado. Os pés de arroz não tinham força suficiente para
vencer as diversas calamidades que ocorreram, e essa foi a
causa direta daquela diminuição. Mas qual a causa do
enfraquecimento dos pés de arroz? Se eu disser que o fenõmeno
foi causado pelo tóxico chamado adubo, todos se surpreenderão,
pois os agricultores, até agora, vieram acreditando cegamente
que o adubo é algo imprescindível no cultivo agrícola. Devido a
essa crença, ao pouco conhecimento dos agricultores e à
cegueira da Ciência, não foi possível descobrir os malefícios dos
adubos.

É inegável o valor da Ciência em relação a muitos


aspectos; entretanto, no que se refere à Agricultura, ela não tem
nenhuma força, ou melhor, está muito equivocada, pois
considera bom o método criado pelo homem, negligenciando o
Poder da Natureza. Isso acontece porque ainda se desconhece a
natureza do solo e dos adubos. Há longos anos, o governo, os
grandes agricultores e os cientistas vêm desenvolvendo um
grande esforço conjunto, mas não se vê nenhum progresso ou
melhoria. Diante de uma fraca produção como a do ano passado,
podemos dizer que a Ciência não consegue fazer nada, sendo
vencida pela Natureza sem oferecer nenhuma resistência. Não
há mais nenhum método a ser empregado. A agricultura
japonesa está realmente num beco-sem-saída. Mas devemos
alegrar-nos, pois Deus ensinou-me o meio de sair dele - a
Agricultura Natural. Afirmo que, além dessa, não existe outra
maneira de salvar o Japão.

A base do problema é a falta de conhecimento em relação


ao solo. A agricultura, até agora, tem negligenciado esse fator,
que é o principal, dando maior importância ao adubo, algo
acessório. Pensem bem. Sem a terra, o que podem fazer as
plantas, sejam elas quais forem? Um bom exemplo é o daquele
soldado americano que, após a guerra, praticou o cultivo na
água, despertando grande interesse. Creio que ainda devem
374
Rokan – Alicerce do Paraíso

estar lembrados disso. No início, os resultados foram excelentes,


mas ultimamente, pelo que tenho ouvido falar, eles foram
decaindo, e o método acabou sendo abandonado.

Até hoje os agricultores fizeram pouco caso do solo,


chegando a acreditar que os adubos eram o alimento das
plantações. Com essa atitude, cometeram um espantoso engano.
O resultado é que o solo se tornou ácido, perdendo seu vigor
original. Isso está muito bem comprovado pela grande diminuição
da safra no ano passado. Não percebendo seu erro, os
agricultores gastam inutilmente elevadas somas em adubos,
dispendendo árduo esforço. É uma grande tolice, pois se está
produzindo a própria causa dos danos.

Empregarei agora o bisturi da Ciência Espiritual para


explicar a natureza do solo. Antes, porém, é preciso conhecer
seu significado original.

Deus, Criador do Universo, assim que criou o homem,


criou o solo, a fim de que este produzisse os alimentos para nutri-
lo. Basta semear a terra que a semente germinará, e o caule, as
folhas, as flores e os frutos se desenvolverão, proporcionando-
nos fartas colheitas no outono. Assim, o solo, que produz
alimentos, é um maravilhoso técnico ao qual deveríamos dar
grande preferência. Obviamente, como se trata do Poder da
Natureza, a Ciência deveria pesquisá-lo. Entretanto, ela cometeu
um grande erro: confiou mais no poder humano.

Mas o que é o Poder da Natureza? É a incógnita surgida


da fusão do Sol, da Lua e da Terra, ou seja, dos elementos fogo,
água e solo. O centro da Terra, como todos sabem, é uma massa
de fogo, a qual é a fonte geradora do calor do solo. A essência
desse calor, infiltrando-se pela crosta terrestre, preenche o
espaço até a estratosfera. Nessa essência também existem duas
partes: a espiritual e a material. A parte material é conhecida pela
Ciência com o nome de nitrogênio, mas a parte espiritual ainda
375
Rokan – Alicerce do Paraíso

não foi descoberta por ela. Paralelamente, a essência emanada


do Sol é o elemento fogo, que também possui uma parte
espiritual e uma parte material; esta última é a luz e o calor, mas
aquela também ainda não foi detectada pela Ciência. A essência
emanada da Lua é o elemento água, e a sua parte material é
constituída por todas as formas em que a água se apresenta;
quanto à parte espiritual, também ainda não foi descoberta. O
produto da união desses três elementos espirituais ainda não
detectados constitui a incógnita X através da qual todas as coisas
existentes no Universo nascem e crescem. Essa incógnita X é
semelhante ao nada, mas é a origem da força vital de todas as
coisas. Conseqüentemente, o desenvolvimento dos produtos
agrícolas também se deve a esse poder. Por isso, podemos dizer
que ele é o fertilizante infinito. Reconhecendo-se essa verdade,
amando-se e respeitando-se o solo, a capacidade deste se
fortalece espantosamente. A Agricultura Natural é, pois, o
verdadeiro método agrícola. Não existe outro. Através de sua
prática, o problema da agricultura será solucionado pelas raízes.

Sem dúvida as pessoas ficarão boquiabertas, mas existe


outro fator importante. O homem, até agora, pensava que a
vontade-pensamento, assim como a razão e o sentimento,
limitava-se aos seres animados. Entretanto, eles existem também
nos corpos inorgânicos. Obviamente, como o solo e as
plantações estão nesse caso, respeitando-se e amando-se o
solo, sua capacidade natural se manifestará ao máximo. Para
tanto, o mais importante é não sujá-lo, mas torná-lo ainda mais
puro. Com isso, ele ficará alegre e, logicamente, se tornará mais
ativo. A única diferença é que a vontade-pensamento, nos seres
animados, é mais livre e móvel, ao passo que o solo e as plantas
não têm liberdade nem movimento. Assim, se pedirmos uma farta
colheita com sentimento de gratidão, nosso sentimento se
transmitirá ao solo, que não deixará de corresponder-nos. Por
desconhecimento desse princípio, a Ciência comete uma grande
falha, considerando que tudo aquilo que é invisível e impalpável
não existe.
376
Rokan – Alicerce do Paraíso

A PARTE TÉCNICA DA AGRICULTURA NATURAL E OUTROS


ASSUNTOS

Creio que entenderam mais ou menos os princípios desta


agricultura. Escreverei então os pontos principais em que devem
saber para praticá-la. Como consta nos vários relatórios
(omitidos), no começo, sem exceção, as mudas são finas e
amarelas; caem-se, então, em pessimismo, e ao mesmo tempo,
das pessoas das vizinhanças e dos familiares são desprezados e
desdenhados, recebendo-se até conselhos. Portanto, é com
razão que é fácil de se caírem em indecisão, mas como possuem
a fé como a base, enquanto estiverem suportando tudo com os
dentes cerrados, ultrapassa-se esse período e gradativamente as
mudas se tornam mais viçosas e tranqüilizam-se assim, dizendo
"Graças a Deus". Além disso, na hora da safra, ao contrário do
que se esperavam, a colheita chega-se a aumentar até um
pouco, e aí, ao mesmo tempo em que se assustam, revivificam-
se em alegria. E não há nenhuma exceção nesse ponto.

Explicando-o, é o seguinte: que as mudas são raquíticas,


no início, claro que é por causa das toxinas de adubos e, como
se fossem dependentes de drogas ou alcoólatras, logo após
abandonarem os vícios, por uns tempos desanimam-se ficando
abobadas, mas ultrapassando essa fase, gradativamente voltam
ao normal e, após isso, ano a ano encaminham-se à melhora;
após alguns anos, as mudas são bem viçosas desde o início.
Isso é a prova de que se acabara o resíduo de adubo na planta
e, chegando-se a esse ponto, é ótimo, e com certeza que colher-
se-á mais de 10 sacos por (...).

Ao observar esse fato, creio que compreenderão como


são temerosas as toxinas de adubos. E o que é especialmente
importante é a repetição da mesma plantação. Isto é, se for
arroz, continuando a cultivar somente o arroz, e quanto mais se
continuar a cultivar somente a mesma espécie de plantação, na

377
Rokan – Alicerce do Paraíso

terra nasce a eficiência para se adaptar a ela, e gradativamente


torna-se ativa

Observando-o, toma-se o conhecimento de que a


qualidade da terra, sim, é algo realmente mística e elevada,
inatingível pelo conhecimento humano, e isso é o ―X‖.

Portanto, conservar a terra pura o quanto possível, e


adotando o princípio de repetição da mesma plantação, a cada
ano aumenta-se a produção e vinte sacos por ( ) também não
será sonho ousado. Apesar disso, não sei porque, ao contrário,
se dedicam a macularem a terra e pagam com enorme sacrifício.
Nem tenho palavras para criticar.

Acerca disso, o que se tornara claro pela má safra do ano


passado é que, nas terras onde mais foram adubadas, os
resultados foram piores, parecendo-me, assim, que
compreenderam um pouco, mas creio que, desse jeito, ainda, o
futuro é longínquo.

A seguir, é sobre a parte técnica. Como é do


conhecimento de todos, a face superior dos atuais campos de
arrozais irrigados está como se fosse uma parede de toxinas de
adubos pelo longo uso do mesmo. Portanto, seria bom virarem a
terra, rasgando essa parede. Mas isso também não pode ser
feito muito profundo, nem raso. Depende também da terra, mas
mais ou menos 30 centímetros será bom. E nesse caso, se
adicionarem terra límpida, será melhor ainda, porque se
aumentar a terra pura, a toxina de adubos será neutralizada
proporcionalmente. E o espaço entre as mudas também seria
bom que tenha mais ou menos 30 centímetros, plantando-se
duas ou três mudas numa cova. Entretanto, a parte técnica
depende também do clima e o estado de cada região, portanto
seria bom que façam conforme a circunstância.

378
Rokan – Alicerce do Paraíso

A seguir, seria bom deixarem de usar as palhas. Seria bom


que não usassem, de jeito nenhum, corpo estranho que não seja
terra. Explicando, então, porque usava-se as palhas, foi pelo
seguinte motivo: na época em que o Japão estava ocupado pela
força vencedora, dentro do estatuto da tropa ocupante, parece-
me que havia um artigo dizendo que os produtos agrícolas
devem ser adubados. E houve um sujeito que, fazendo má
utilização dela, tentou extorquir-nos, porque, na época, era
denominada de "Cultivo sem Adubo". E parece que havia
também uma maquinação para, se tiver sorte, acabar com a
nossa Igreja e apoderar-se dos fiéis. Portanto, como era
perigoso, mudamos para a "Agricultura Natural", fazendo o uso
das palhas como adubos.

A seguir, dois ou três itens que gostaria de chamar a


atenção: e que ainda, dentre os relatos, há expressões como
"Johrei" ou "Graça", mas como foi publicado também na edição
especial do ano passado que não poderia haver tais expressões
que denotem religiosidade, doravante gostaria que se cuidassem.
Pois se, por suposição, não se consegue o aumento da produção
se não ingressarem na fé, influencia-se na difusão desta
agricultura. E falando-se da realidade, mesmo sem fé, se se
deixarem de usar os adubos, o aumento de 5 a 10 por cento é
certo, e o importante é salvar, o quanto antes, o Japão atual.

Mais uma coisa que gostaria de dizer é que esta


Agricultura não se limita apenas ao aumento da produção de
arroz. Existe uma vantagem maravilhosa: Isto é, a quantidade da
energia elétrica utilizada atualmente para a fabricação de sulfato
de amônia, é quase que a metade do total geral consumido no
Japão e, se passar a não fabricá-lo mais, será suficiente com a
atual capacidade elétrica, sobrando, ainda. Ouvi recentemente tal
relato de um especialista, e me assustei. Sendo assim, quando
todos os agricultores passarem a praticar a Agricultura Natural,
não será mais necessária a importação de arroz, não precisando
também de adubos, e a mão de obra dos agricultores diminuirá
379
Rokan – Alicerce do Paraíso

pela metade, e a energia sobrará. Assim, creio que o lucro que


proporcionará a economia nacional será impossível de se
calcular. Somente com isso, não há engano em se assegurar que
o Japão dará um salto para uma nação mais pacífica e abastada.

Para finalizar, existe mais uma coisa espantosa. Isto nem


é necessário dizer, mas os danos das toxinas de adubos não são
somente com os produtos, e sim, acontecem as mesmas coisas
com o corpo humano. Nos recentes anos, aumentaram-se
surpreendentemente os parasitas, e ouço que principalmente em
vilas agrícolas os incidentes são maiores. Mas isso talvez seja
porque os moradores das metrópoles se alimentam mais com
pães e os agricultores, com arroz. Tenho um bom exemplo
acerca disso: publicarei a seguir esse relato (omitido) e as
fotografias. Ao vê-los, creio que arrepiará, qualquer que seja a
pessoa. Portanto, também observando-se nesse sentido,
compreende-se muito bem os danos de cultivos com adubos.

Jornal Eiko nº 245, 27 de janeiro de 1954

380
Rokan – Alicerce do Paraíso

(S.AN/123) LIVRO DE EXPLICAÇÃO SOBRE AGRICULTURA


NATURAL, MÉTODO REVOLUCIONÁRIO DE AUMENTO DE
PRODUTIVIDADE

PREFÁCIO

Este pequeno livro contém explicações do método de


solução absolutamente vantajoso para com o problema de arroz
que é considerado o maior problema atual do nosso país.

Como é do conhecimento de todos, atualmente não se


colhe de jeito nenhum a quantia suficiente para alimentar o nosso
povo, e hoje em dia está faltando mais de três milhões e
seiscentas mil toneladas. É, realmente, um problema grave. A
sua causa é o fato inesperado que nem em sonho cogitaria, que
é o uso de adubos químicos e orgânicos, e enquanto não
despertarem para isso, posso assegurar que é impossível o
aumento da produtividade. Entretanto, se mudarem para o nosso
cultivo natural, é possível obter um resultado revolucionário, que
é o aumento de 50 por cento da produção, em 5 anos.

Aqui contém explicações detalhadas sobre este princípio


e, para prová-lo, contém também algumas dezenas de relatos de
experiências redigidos pelos próprios agricultores. Portanto, não
existe nem um ponto cabível de dúvida. Além disso, neste
método agrícola, não se faz necessário nem um centavo de
despesa com adubos, ao mesmo tempo que economiza-se a
mão-de-obra e os danos causados pelo vento e água também
serão reduzidos, e os prejuízos pelos insetos também diminuem
drasticamente; há alguma parcela. Assim, tem-se a eficácia de
vários coelhos numa cajadada só, e pela sua prática, os
problemas financeiros dos agricultores serão extintos, e o
benefício de toda a nação não se pode calcular a quantos
milhões chegará ao ano. Portanto, esta grande descoberta quase
que inacreditável, sim, creio que não existe palavras para
exprimir quão grande evangelho é.
381
Rokan – Alicerce do Paraíso

Assim, fundamos, desta vez, a "Associação para


Divulgação da Agricultura Natural", para o grande movimento
publicitário, a fim da consecução do objetivo, é claro, e também
para torná-lo ainda mais concreto. E, em primeiro lugar,
instalaremos uma sucursal em cada vila agrícola e tentaremos
difundi-la através das atividades em grupo. Gostaria que
compreendessem bem este sentido, e desejo, ardentemente,
que, com o ingresso na Associação, comecem a praticar o
quanto antes.

Todos os artigos a seguir é a coletânea das três edições


especiais do semanário Jornal Eiko sobre a agricultura, editados
nos anos retrasado, passado, e neste ano.

Abril de 1953

A VITÓRIA DO CULTIVO NATURAL (A FORÇA DO SOLO)

O princípio básico da Agricultura Natural consiste em fazer


manifestar a força do solo. Até agora o homem desconhecia a
verdadeira natureza do solo, ou melhor, não lhe era dado
conhecê-la. Tal desconhecimento levou-o a adotar o uso de
adubos e acabou por colocá-lo numa situação de total
dependência em relação a eles, tornando essa prática uma
espécie de superstição.

No começo, por melhor que eu explicasse o processo da


Agricultura Natural, as pessoas não me davam ouvidos e
acabavam em gargalhadas. Pouco a pouco, porém, minhas
explicações foram sendo aceitas e, ultimamente, de ano para
ano, aumenta o contingente de praticantes do novo método,
mesmo porque as colheitas, em toda parte, vêm dando
prodigiosos resultados. Ainda que a maioria pertença à esfera
dos fiéis de nossa Igreja, em várias regiões já está aparecendo,
fora dessa esfera, um número considerável de simpatizantes e
praticantes da Agricultura Natural, número este que tende a
382
Rokan – Alicerce do Paraíso

aumentar rapidamente. Já se pode imaginar que não está longe


o dia em que a veremos praticada em todo o território japonês.
Falando abertamente, a divulgação do nosso método de
agricultura poderá ser definida como "movimento para destruir a
superstição dos adubos".

Não usando absolutamente nada daquilo a que se dá o


nome de adubo, seja de origem animal ou química, pois é um
cultivo que utiliza apenas compostos naturais, o método é,
realmente, o que seu nome diz: Agricultura Natural. As folhas e
capins secos formam-se naturalmente, ao passo que os adubos
químicos e mesmo o estrume de cavalo ou galinha, assim como
os resíduos de peixe, carvão de madeira, etc., não caem do céu,
nem brotam da terra: são transportados pelo homem. Portanto,
não é preciso dizer que são antinaturais.

Nada poderia existir no Universo sem os benefícios da


Grande Natureza, ou seja, nada nasceria nem se desenvolveria
sem os três elementos básicos: o fogo, a água e a terra. Em
termos científicos, esses elementos correspondem,
respectivamente, ao oxigênio, ao hidrogênio e ao nitrogênio.
Todos os produtos agrícolas existentes são gerados por eles.
Dessa forma, Deus fez com que possam ser produzidas todas as
espécies de cereais e verduras que constituem a alimentação do
homem. Seguindo a lógica, tudo será perfeitamente
compreendido. Não seria absurdo se Deus criasse o homem e
não providenciasse os alimentos que lhe possibilitariam a vida?
Logo, se determinado país não consegue produzir os alimentos
necessários à sua população, é porque, em algum ponto, ele não
está de acordo com as Leis da Natureza criadas por Deus.
Enquanto não se atentar para isso, não se poderá sequer
imaginar uma solução para o problema da escassez de
alimentos.

(...) A Agricultura Natural proposta por mim tem como base


o princípio citado. O empobrecimento e as dificuldades dos
383
Rokan – Alicerce do Paraíso

agricultores serão solucionados satisfatoriamente com a adoção


desse método. Deus deseja corrigir a penosa situação em que
eles se encontram, e por isso está Se dignando, com Sua
benevolência e compaixão, a revelar e fazer propagar o princípio
da Agricultura Natural, através de mim, para todo o mundo. Urge,
portanto, que os agricultores despertem o mais rápido possível e
adotem esse novo método agrícola. Só assim eles serão
verdadeiramente salvos.

Conforme dissemos, se os três elementos básicos - fogo,


água e terra - são forças motrizes para desenvolver os produtos
agrícolas, bastará que estes sejam plantados numa terra pura,
expostos ao sol e suficientemente abastecidos com água, para
se obter um grande êxito, jamais visto até hoje. Não se sabe
desde quando, mas o homem cometeu um enorme equívoco ao
usar adubos, pois ignorou, completamente, a natureza do solo.

O PRINCÍPIO DA AGRICULTURA NATURAL

O princípio básico da Agricultura Natural consiste em fazer


manifestar a força do solo. Até agora o homem desconhecia a
verdadeira natureza do solo, ou melhor, não lhe era dado
conhecê-la. Tal desconhecimento levou-o a adotar o uso de
adubos e acabou por colocá-lo numa situação de total
dependência em relação a eles, tornando essa prática uma
espécie de superstição.

No começo, por melhor que eu explicasse o processo da


Agricultura Natural, as pessoas não me davam ouvidos e
acabavam em gargalhadas. Pouco a pouco, porém, minhas
explicações foram sendo aceitas e, ultimamente, de ano para
ano, aumenta o contingente de praticantes do novo método,
mesmo porque as colheitas, em toda parte, vêm dando
prodigiosos resultados. Ainda que a maioria pertença à esfera
dos fiéis de nossa Igreja, em várias regiões já está aparecendo,
fora dessa esfera, um número considerável de simpatizantes e
384
Rokan – Alicerce do Paraíso

praticantes da Agricultura Natural, número este que tende a


aumentar rapidamente. Já se pode imaginar que não está longe
o dia em que a veremos praticada em todo o território japonês.
Falando abertamente, a divulgação do nosso método de
agricultura poderá ser definida como "movimento para destruir a
superstição dos adubos".

Não usando absolutamente nada daquilo a que se dá o


nome de adubo, seja de origem animal ou química, pois é um
cultivo que utiliza apenas compostos naturais, o método é,
realmente, o que seu nome diz: Agricultura Natural. As folhas e
capins secos formam-se naturalmente, ao passo que os adubos
químicos e mesmo o estrume de cavalo ou galinha, assim como
os resíduos de peixe, carvão de madeira, etc., não caem do céu,
nem brotam da terra: são transportados pelo homem. Portanto,
não é preciso dizer que são antinaturais.

Nada poderia existir no Universo sem os benefícios da


Grande Natureza, ou seja, nada nasceria nem se desenvolveria
sem os três elementos básicos: o fogo, a água e a terra. Em
termos científicos, esses elementos correspondem,
respectivamente, ao oxigênio, ao hidrogênio e ao nitrogênio.
Todos os produtos agrícolas existentes são gerados por eles.
Dessa forma, Deus fez com que possam ser produzidas todas as
espécies de cereais e verduras que constituem a alimentação do
homem. Seguindo a lógica, tudo será perfeitamente
compreendido. Não seria absurdo se Deus criasse o homem e
não providenciasse os alimentos que lhe possibilitariam a vida?
Logo, se determinado país não consegue produzir os alimentos
necessários à sua população, é porque, em algum ponto, ele não
está de acordo com as Leis da Natureza criadas por Deus.
Enquanto não se atentar para isso, não se poderá sequer
imaginar uma solução para o problema da escassez de
alimentos.

385
Rokan – Alicerce do Paraíso

A Agricultura Natural proposta por mim tem como base o


princípio citado. O empobrecimento e as dificuldades dos
agricultores serão solucionados satisfatoriamente com a adoção
desse método. Deus deseja corrigir a penosa situação em que
eles se encontram, e por isso está se dignando, com Sua
benevolência e compaixão, a revelar e fazer propagar o princípio
da Agricultura Natural, através de mim, para todo o mundo. Urge,
portanto, que os agricultores despertem o mais rápido possível e
adotem esse novo método agrícola. Só assim eles serão
verdadeiramente salvos.

Conforme dissemos, se os três elementos básicos - fogo,


água e terra - são forças motrizes para desenvolver os produtos
agrícolas, bastará que estes sejam plantados numa terra pura,
expostos ao sol e suficientemente abastecidos com água, para
se obter um grande êxito, jamais visto até hoje. Não se sabe
desde quando, mas o homem cometeu um enorme equívoco ao
usar adubos, pois ignorou, completamente, a natureza do solo.

EFEITOS CONTRÁRIOS DOS ADUBOS

No início, a utilização de adubos traz bons resultados,


mas, se essa prática continuar por muito tempo, gradativamente
começarão a surgir efeitos contrários. Entre outras
conseqüências, as plantas vão perdendo sua função inerente de
absorver os nutrientes do solo e mudam suas características,
passando a absorver os adubos como nutrientes. Se fizermos
uma comparação com os toxicômanos, poderão compreender
isso muito bem. Quando alguém começa a fazer uso de tóxicos,
sente uma sensação muito agradável e, durante certo período,
seu cérebro se torna mais lúcido. Por não conseguir esquecer
esse prazer, a pessoa cai, pouco a pouco, num vício profundo,
do qual é difícil se livrar. Entretanto, quando o efeito do tóxico
acaba, ela fica em estado de letargia ou sente dores violentas.
Como a situação é intolerável, ingere tóxico novamente, embora
saiba o mal que isso lhe faz. E chega até ao roubo, para obter os
386
Rokan – Alicerce do Paraíso

recursos com que comprá-lo. Histórias com este seguimento são


constantemente noticiadas nos jornais. Aplicando tal esquema à
agricultura, podemos dizer que, hoje, todos os solos cultiváveis
do Japão estão sob os efeitos de tóxicos e, por isso, gravemente
enfermos. Todavia, tendo-se tornado cegos adeptos dos adubos,
os agricultores não conseguem libertar-se deles. Ao ouvirem
minhas explicações, esperançosos, resolvem suspendê-los,
iniciando o cultivo natural. No entanto, como nos primeiros meses
os resultados são insatisfatórios, eles concluem,
precipitadamente, que o mais certo é desistir da mudança e
voltar à prática habitual.

O nosso método de cultivo está baseado na fé, e por isso


muitos o praticam sem duvidar do que eu digo. Assim fazendo,
chegam à total compreensão do verdadeiro valor da Agricultura
Natural.

Descreverei agora a seqüência dos fatos que ocorrem com


a mudança da agricultura tradicional para a natural. No caso do
arroz, ao transplantar-se a muda para o arrozal alagado, durante
algum tempo a coloração das folhas não é boa, e os talos são
finos; geralmente o visual é bem inferior ao de outros arrozais.
Isso dá ensejo à zombaria por parte dos agricultores das
proximidades, o que leva o plantador a vacilar, questionando se
está no caminho certo. Cheio de preocupação e intranqüilidade,
ele começa a fazer promessas a Deus. Entretanto, passados dois
ou três meses, os pés de arroz começam a apresentar-se com
mais vigor, melhorando tanto na época do florescimento que o
agricultor se sente aliviado. Finalmente, por ocasião da colheita,
estão com o crescimento normal, ou acima dele. Ao se proceder
à colheita, a quantidade do arroz sempre ultrapassa as
previsões; além disso, ele é de boa qualidade, tendo brilho,
aderência e sabor agradável. Geralmente é um produto de
primeira ou segunda classe, podendo-se dizer que não aparecem
tipos abaixo desse nível de classificação. E mais ainda: seu peso
varia de 5 a 10% acima do peso do arroz cultivado com adubos,
387
Rokan – Alicerce do Paraíso

e, o que é especialmente interessante, devido à sua consistência,


é um arroz que não se reduz com o cozimento; antes duplica ou
triplica seu volume. Sustenta tanto que, mesmo comendo 30%
menos, a pessoa se sente plenamente satisfeita. Logo, há uma
grande vantagem do ponto de vista econômico.

Se todos os japoneses comessem arroz cultivado pelo


método da Agricultura Natural, teríamos um resultado igual ao
que se obteria se a produção fosse aumentada em 30%,
tornando-se desnecessária a importação de arroz. E como isso
seria esplêndido para a economia nacional!

A SUPERSTIÇÃO DOS ADUBOS

Esclareçamos melhor o assunto tratado anteriormente. O


fato de a plantação, durante dois ou três meses, apresentar um
aspecto inferior, pode ser explicado pela presença de tóxicos no
solo e nas sementes, mesmo que sejam só resíduos. Com o
passar dos dias, esses tóxicos vão sendo eliminados e o solo e a
plantação tendem a melhorar, restaurando-se a sua capacidade
natural. Isso me parece perfeitamente compreensível por parte
dos agricultores, pois eles sabem que, após uma troca de água
ou uma chuva muito forte, mesmo os arrozais alagados de pior
qualidade melhoram um pouco. Em verdade, isso ocorre porque
os tóxicos dos adubos foram lavados e diminuíram. Quando o
crescimento dos produtos agrícolas não é bom, costuma-se
acrescentar terra ao solo. Se eles melhoram, os agricultores
crêem ver confirmada sua suposição de que o solo estava pobre
devido a contínuas plantações que absorveram seus nutrientes.
Isso também é errado, pois o enfraquecimento do solo é causado
pelos tóxicos de adubos utilizados ano após ano. Assim,
percebe-se facilmente que os agricultores se deixaram dominar
pela superstição dos adubos.

388
Rokan – Alicerce do Paraíso

OS EFEITOS DO USO DE COMPOSTOS NATURAIS

Vejamos, agora, de que maneira a Natureza colabora com


a Agricultura Natural. Quando se trata do cultivo de arroz em
terreno alagado, procede-se ao corte da palha em pedaços bem
pequenos, os quais serão misturados ao solo, para aquecê-lo. No
caso do cultivo em terra firme, misturar-se-ão folhas e capins
secos, apodrecidos até que suas nervuras fiquem macias. A
razão disso é que, quando o solo está endurecido, o
desenvolvimento das raízes fica dificultado, porque as pontas
encontram resistência. Atualmente, dizem ser bom que o ar vá
até as raízes, mas não é verdade, pois não há nenhuma razão
para isso. Apenas, se ele chega até elas, é porque o solo não
está endurecido. No caso de produtos cujas raízes não se
aprofundam muito no solo, o ideal seria misturar, a este,
compostos de folhas e capins; para os produtos de raízes
profundas, deve-se preparar um leito composto de folhas de
árvores a mais ou menos 35 cm de profundidade. Isso servirá
para aquecer a terra. Variando a profundidade das raízes, o leito
será formado na proporção adequada.

Geralmente as pessoas pensam que nos compostos


naturais existem elementos fertilizantes, mas isso não
corresponde à realidade. O papel desempenhado por eles é o de
aquecer o solo, não o deixando endurecer. No caso de
ressecamento do solo junto às raízes, devem-se colocar os
compostos naturais numa espessura apropriada, pois isso
conserva a umidade do solo. São esses os três benefícios dos
compostos naturais.

Como se poderá perceber pelo que foi dito acima, o mais


importante na Agricultura Natural é vivificar o solo. Vivificar o solo
significa conservá-lo sempre puro, não utilizando matérias
impuras como os adubos. Dessa forma, já que não existem
obstáculos, ele pode manifestar suficientemente a sua
capacidade original. É engraçado que os agricultores falem em
389
Rokan – Alicerce do Paraíso

"deixar o solo descansar". Trata-se, também, de um grande erro.


Quanto mais cultivado, melhor será o solo. Em termos humanos,
quanto mais se trabalha, mais saúde se tem; quanto mais se
descansa, mais fraco se fica. Os agricultores, ao contrário,
acreditam que, quanto mais se cultiva o solo, mais fraco ele vai
ficando, devido ao consumo dos seus nutrientes por parte dos
produtos agrícolas. Assim, procuram beneficiá-lo dando-lhe
repouso, ou seja, suspendem as culturas repetitivas, mudando
sempre a área de plantio. Isto é uma idiotice.

CULTURA REPETITIVA, COLHEITA FARTA

De acordo com o nosso método, a cultura repetitiva é uma


prática muito recomendável. Uma prova disso é que estou
cultivando milho, pelo sétimo ano consecutivo, em Gora-Hakone,
numa terra em que há mistura de pequenas pedras. Apesar da
má qualidade da terra, as espigas são mais longas que o normal,
e os grãos, juntinhos e enfileirados, são adocicados, macios e
saborosos.

Para justificar a cultura repetitiva, basta lembrar a


capacidade inerente ao solo de se adaptar ao produto que é
plantado. Compreenderemos isso muito bem se fizermos uma
comparação com o ser humano. As pessoas que executam
trabalhos braçais têm seus músculos desenvolvidos; quando se
trata de atividade intelectual, é o cérebro que se desenvolve. Por
essa mesma razão, quem muda constantemente de profissão ou
de residência não obtém sucesso, o que nos leva a concluir o
quanto estiveram errados os agricultores até hoje.

AS BOAS-NOVAS PARA A SERICULTURA

Finalizando, gostaria de dizer que, se cultivarmos o bicho-


da-seda com folhas de amoreira tratada sem adubos, ele não
adoecerá, seus fios serão de muito boa qualidade, resistentes,
brilhantes, e a produção aumentará. Tal prática ocasionaria uma
390
Rokan – Alicerce do Paraíso

grande evolução no mundo da sericultura e traria incalculáveis


benefícios à economia do país.

Jornal Eiko nº 79, 22 de novembro de 1950

391
Rokan – Alicerce do Paraíso

(S.AN/124) A GRANDE REVOLUÇÃO DA AGRICULTURA — É


CERTO O AUMENTO DE 50% DE PRODUÇÃO DE ARROZ EM
CINCO ANOS

(I)

Há mais de dez anos, eu descobri que é possível


conseguir grande colheita de produtos agrícolas utilizando
somente adubos naturais, não usando adubos químicos ou
orgânicos, chamado ―método de cultivo natural", e vim
preconizando-o. Mas, naquela época, mesmo que o explicasse
para os agricultores para que cressem, dificilmente havia alguém
que desse ouvidos, e me esforcei bastante, mas era difícil.
Entretanto, a minha convicção, desde o início, era de que, como
este sim é a verdade absoluta, chegará, sem falta, um dia em
que compreenderão, e que também se não for por ele, que os
agricultores nunca serão salvos. E pensei também na existência
do enorme relacionamento com o destino da nação, e cheguei a
esta data, não me enfraquecendo nem me cedendo.

Entretanto, feliz ou infelizmente, hoje em dia em que a


situação está se tornando grave, conforme me preocupava, sinto
ardentemente que é necessário fazer compreenderem os
senhores agricultores, e também os japoneses em geral, e não
só isso, como finalmente no futuro deste cultivo natural também
começará a deslumbrar a luz, acredito que finalmente é chegada
a hora, e resolvemos, agora, a fazer a sua grande divulgação.

E o que foi conveniente para este método agrícola é que,


como eu sou um religioso, não foram poucos os fiéis que, mesmo
pensando: "Que teoria estranha", de qualquer maneira
acreditaram e passaram a praticá-la. Assim, compreenderam
relativamente depressa a sua eficácia, e gradativamente
surgiram seguidores e, nos últimos tempos, chegou-se ao ponto
em que os agricultores em geral, que não são fiéis, também
gradativamente estão dispensando atenção.
392
Rokan – Alicerce do Paraíso

Além disso, desta vez, o Sr.Sadao Kanasaki, engenheiro


do Ministério da Agricultura e Florestal, que pela sua profissão,
fizera estudos empenhados durante alguns anos, do ponto de
vista técnico, e finalmente reconhecendo os resultados
assustadores, fará a sua publicação conforme consta na outra
página. Sendo assim, não consigo conter a minha alegria; isto
porque as pessoas em geral, por este método de cultivo ter
surgido da Religião, tendiam a considerá-lo supersticioso, mas
creio que a publicação do resultado deste engenheiro possui a
grande força para apagar este conceito.

Nem é preciso dizer que a maior aflição atual no Japão é a


falta do alimento principal. Pois, em contrapartida ao território
nacional que estreitara após a guerra, a população continua a
aumentar e, atualmente, chega-se a 84 milhões de habitantes.
Portanto, a falta de arroz se tornara um problema preocupante.
Além disso, como este ano faltará mais de três milhões e
seiscentas mil toneladas, está se mantendo o equilíbrio com
dificuldade pela importação de vários países. E em se tratando
da soma dessa importação, chega-se a mais de 100 bilhões.

Portanto, também do ponto de vista da economia nacional,


chegou-se a uma situação bastante difícil e, enquanto não
solucionar este problema, no futuro do nosso país, existe algo
realmente alarmante.

E não é só isso. Dependendo da situação mundial, não se


sabe quando qual situação poderá ocorrer. Portanto, precisa-se
atingir o asseguramento da quantidade necessária absoluta para
toda a nação.

Então, o governo e os agricultores também estão se


esforçando, utilizando todos os meios e métodos, mas não só os
resultados não são como se esperam, e sim, existe até a
tendência da queda da safra.

393
Rokan – Alicerce do Paraíso

Como neste ano a safra terá queda de mais ou menos 540


mil toneladas comparando com o ano passado, e daquela
''limitação da natalidade" também não se espera muito, e a
tendência de aumento populacional, atualmente, deve-se
prevenir que é de mais de um milhão por ano. Pois, para
solucionar este grande perigo, não tem jeito, se não acontecer
um grande milagre revolucionário.

Então, explicando o por quê do nosso país não conseguir


obter produção de arroz suficiente para alimentar todo o povo,
esta, sim, é a razão fundamental que gostaria de dizer. Isto é,
porque no método agrícola de até hoje, havia uma grande falha,
que é a utilização de adubos, como o químico e o orgânico, e não
se percebiam disso. Então, por que não se compreendia
tamanho erro? Isto é porque, durante longo tempo, sem notarem,
caíram em supersticionismo de adubo. Entretanto, já que eu o
descobri, senti ardentemente que devo despertá-los desta
fantasia e fazer uma grande revolução no método agrícola, e
comecei este movimento.

Finalmente, agora escreverei pormenorizadamente sobre o


princípio e o método desta agricultura, que somente com o adubo
vegetal consegue-se uma grande safra. Antes, porém, escreverei
sobre o efeito deste método natural de cultivo. Isto é, se
prosseguir durante 5 anos praticando este método, seria fácil de
alcançar o aumento de 50 por cento na produção. Assim sendo,
creio que de maneira nenhuma alguém poderia acreditar.
Calculando que a média atual de produção é de mais ou menos
11 milhões e meio de toneladas, com o aumento de 50 por cento,
totalizará 17 milhões e 250 mil toneladas.

Mesmo que os japoneses comessem bastante, ainda


sobraria um milhão e oitocentas mil toneladas. Então, desta vez,
ao contrário, ter-se-á que exportar. Não é só isso. É
desnecessária a despesa com os adubos, os prejuízos causados
por insetos diminuem a uma pequena parcela, e os danos
394
Rokan – Alicerce do Paraíso

causados pela água e vento também diminuirão a menos da


metade, e creio que a mão-de-obra também diminuirá pela
metade. Realmente é um método agrícola espantoso. Isto é
somente sobre o arroz, mas este método de cultivo natural é a
mesma coisa também aos produtos agrícolas em geral.
Escreverei rapidamente também sobre eles.

Em primeiro lugar, qualquer que seja a verdura, é claro


que obtém-se resultados maravilhosos. Por exemplo, a batata-
doce: colhem-se batatas assustadoramente grandes, sendo
comum as de 1 quilo e oitocentas a 2 quilos e duzentas; portanto,
a colheita total também é certo que é mais do dobro do cultivo à
base de adubo. Ainda, os feijões também, como os grãos são
grandes e carregam mais, é fácil de se conseguir uma colheita
mais ou menos triplicada. Quanto aos nabos também, são
branquinhos, macios e glutinosos, não existindo nem um pouco
de parte esbranquiçada e seca, e são muito saborosos. As
verduras também, as cores são vivas, não havendo estragos
pelos insetos e são macias, sendo, também, muito gostosas.
Além disso, o milho, a abóbora, a melancia, etc., tudo que se diz
verdura é boa; omitirei descrever uma por uma, mas é realmente
inimaginável

E o que quero ressaltar é o maravilhoso sabor dos


produtos colhidos pelo cultivo natural. Seja arroz, trigo ou
verdura, se uma vez aprender-se o gosto, não dá mais vontade,
de jeito nenhum, de comer produtos cultivados com adubo. Eu
também alimento-me somente de produtos sem adubo, e pela
graça, estão aumentando, cada vez mais, os agricultores que
não usam adubos, e atualmente ganho tanto, a ponto de não
conseguir consumir tudo.

Quanto às frutas, também, depois de parar de adubar


artificialmente, ao mesmo tempo em que a cada ano aumenta-se
a produção, quanto à qualidade também são boas, conseguindo-
se maiores rendas, e todos estão gratos. Também no tocante às
395
Rokan – Alicerce do Paraíso

flores, elas são grandes, de cores vivas e bonitas, e são motivos


de alegria que, quando utilizam nas vivificações de flores, duram
bastante.

A seguir, no cultivo natural, diminui-se drasticamente os


danos causados pelos insetos. Originariamente, os insetos
nocivos criam-se dos adubos artificiais. Portanto, é natural que,
se não os usar, não criam-se. Entretanto, atualmente, tentando
eliminar os insetos nocivos, usam-se bastante os inseticidas e
agrotóxicos, mas, na verdade, esses produtos infiltram-se na
terra e se tornam a causa do surgimento dos insetos nocivos.
Portanto, é digna de pena essa ignorância.

E, como nos anos recentes, que são atingidos pelos danos


causados pelo vento e água como se fosse anualmente, mas, se
cultivasse pelo método natural, os danos serão realmente
minimizados. A razão disso é porque, pela Natureza, se os
produtos agrícolas absorverem os adubos artificiais, tornam-se
inacreditavelmente vulneráveis. Isto é pela seguinte razão: eu
descobri que tanto os adubos humanos quanto os químicos, ao
serem absorvidos pelas plantas, transformam-se num tipo de
toxina, e ela torna-se o alimento dos insetos nocivos, que
multiplicam-se. Ainda, dependendo do adubo, dele mesmo
nascem insetos microscópicos e eles proliferam, alimentando-se
dos produtos agrícolas, e se eles surgirem nas raízes,
alimentam-se de pilíferas, estragando-as e enfraquecendo-as.
Folhas que secam, caules quebradiços, flores que caem, os
frutos que não amadurecem, o definhamento da batatinha, etc.,
também são causados por isso. Ainda, surgem inúmeros insetos
microscópicos além dos casos das raízes também, mas, se o
produto em si for sadio, possui a força de acabar com eles, mas
como escrevi anteriormente, ele está enfraquecido pelo adubo, e
é derrotado pelos insetos microscópicos.

Além disso, mesmo que se depare com furacões, os


cultivados sem o adubo são fortes e são poucos que tombam, e
396
Rokan – Alicerce do Paraíso

mesmo que tombassem, se levantam logo, mas os adubados


continuam tombados e sofrem grandes prejuízos. Observando
bem as raízes, entende-se bem a causa disso. É porque os não
adubados possuem pilíferas muito mais numerosas e longas, e
elas afixam-se firmemente no solo. Ainda, mesmo se tratando de
arrozais ou verduras, a característica são as folhas curtas, e isto
é do conhecimento dos agricultores que, em todos os produtos,
quanto menos crescidos forem os pés e as folhas, miúdas,
carregam-se mais. Ao contrário, os adubados são altos e as
folhas também grandes e, ao olhar, são magníficos, mas
carregam-se inesperadamente pouco.

A seguir, é sobre os bichos-de-seda. Eles também, se


criassem com folhas de amoreira sem adubo, serão
extremamente saudáveis, e a qualidade da linha fabricada
também é forte e brilhosa, muitíssima boa e, é claro, aumenta-se
a produção. Isto porque não surgem doenças nos bichos.

Dessa maneira, em todos os produtos, confrontando com


os cultivados com adubos, os cultivados sem adubos são
incomparavelmente vantajosos.

O que se deve saber acerca disso é, em primeiro lugar, o


poder do solo. Originariamente, como o solo é algo que o Criador
gerou para produzir produtos para alimentar seres humanos e
animais, a natureza em si da terra é adubo em excelência, isto é,
pode-se dizer que é a massa de adubo. Desconhecendo-o
totalmente até hoje, enganaram-se pensando que os adubos são
os alimentos das culturas, e como o resultado de ter dado vários
adubos artificialmente, inesperadamente, fez enfraquecer a força
que o solo possui originariamente.

Dizem freqüentemente que o tipo do solo do Japão é


ácido, mas é totalmente por causa disso. Se é assim, que
assustador engano é. Nesse sentido, para aumentar a produção
do plantio, deve-se fortalecer, o quanto puder, a força do solo em
397
Rokan – Alicerce do Paraíso

si. Então, explicando como proceder, é não misturar na terra


nada de impurezas, além do adubo vegetal, tornando-a puro o
quanto possível, e somente com isso conseguir-se-á resultados
maravilhosos. Portanto, pela cabeça de até hoje, não se pode
crer, de jeito nenhum.

Com esta razão, a idéia fundamental do cultivo natural é


sempre o respeito à Natureza, e isso a Natureza está nos
ensinando muito bem: observando-se os fenômenos naturais, o
nascimento e o crescimento de todas as coisas existentes no
mundo, não existe nada que não seja pela força da grande
Natureza, isto é; pelo Sol, Lua e Terra, os três elementos, fogo,
água e terra. É claro, tratando-se também de produtos agrícolas,
é a mesma coisa. Portanto, possibilitando uma boa insolação,
mantendo boa umidade e tornando o solo mais puro, os produtos
serão produzidos mais do que o homem necessita, até de sobra.

Vejam: sobre a terra, são produzidas em grande


quantidade as ervas e as folhas secas a cada ano; chegando o
outono, enchem a face do solo. Isso; sim, é realmente para tornar
fértil o solo; e nos ensina para que os façamos de adubo. E os
cultivadores pensam que existem adubos nos adubos vegetais,
mas não há, de maneira nenhuma. O efeito originário de adubos
vegetais é para não secar o solo, aquecê-lo e não endurecê-lo.

Por esta razão, o adubo que se dá ao arrozal, é cortar as


palhas de arroz, bem minúsculas, e misturá-las bem na terra, e
isso é natural. Como as palhas são produtos do arrozal, elas têm
a eficácia de aquecer as raízes. Ainda, o fato das ervas e folhas
secas serem boas para as verduras, é porque sempre próximo
da horta existem bosques e; como tem folhas caldas e ervas
secas, significa que é para usá-las. E o centro do globo terrestre
é uma imensa bola de fogo e, ininterruptamente, irradia o calor
terrestre, isto é, o espírito da terra. Ele é o nitrogênio, e ele; sim,
é o adubo que Deus concedeu que, atravessando a crosta
terrestre, atinge a certa altura sobre a terra, permanecendo aí, e
398
Rokan – Alicerce do Paraíso

pela chuva, precipita-se à superfície terrestre e infiltra-se no solo.


Esse é o adubo de nitrogênio natural, que precipitara-se do céu
e, claro, quanto à quantia também, não há excesso nem falta,
sendo bem balanceada.

Então, explicando como se iniciou o uso de adubo de


nitrogênio, foi pela seguinte razão: na ocasião da Primeira Guerra
Mundial, na Alemanha, pela falta de alimento, teve que aumentar
subitamente a produção, e aí descobriram a extração do
nitrogênio da atmosfera. E ao utilizarem, aumentou-se bastante a
produção. Desde aí, fora difundido mundialmente, mas esse
efeito é momentâneo, não sendo contínuo, de jeito nenhum.
Futuramente o solo ficará saturado de nitrogênio e,
enfraquecendo-se, diminuirá a produção. Mas ainda não
compreenderam esta razão. Em suma, pode-se pensar como se
fosse a dependência pela droga.

Há algo que devo alertar agora. Isto é, mesmo se


mudando para o cultivo natural, a quantidade das toxinas de
adubos remanescentes no solo dessa lavoura irrigada e nas
sementes influencia bastante. Por exemplo, existem roças que
desde o primeiro ano da prática deste método, aumentam a
produção em 10 por cento, e existem as que, no primeiro e no
segundo ano, diminuem de 10 a 20 por cento e, finalmente, a
partir do terceiro ano, aumentam-se de 10 a 20 por cento, e
gradativamente chegam ao resultado esperado. Portanto, o
regular seria, no primeiro ano, ser igual ao que era; no segundo
ano, aumento de 10 por cento, no terceiro, 20 por cento, no
quarto, 30 a 40 por cento e, a partir do quinto ano, 50 por cento.
Calculando assim, creio que não há engano. Portanto, no caso
em que o resultado for demasiadamente ruim, é porque os
adubos artificiais remanescem em grande quantidade, e seria
bom amenizar, por uns tempos, com a adição de terra límpida.

Existe mais uma coisa importante. Isto é, o adubo químico


como o sulfato de amônia. Como os arrozais absorvem esse
399
Rokan – Alicerce do Paraíso

veneno mortal, mesmo que seja em pequena dose, como o


homem consome 3 vezes ao dia, é natural que venha a
prejudicar o corpo humano, sem perceber. Creio que o aumento
de doença no homem moderno deve estar causado também por
isso.

Para finalizar, enumerarei, mais ou menos, o benefício


econômico pelo cultivo natural:

— Não se faz necessária a despesa com adubos;


— A mão-de-obra diminui pela metade;
— Há o grande aumento da safra;
— Aumenta-se o peso, não diminuindo na hora de cozer, e
é saboroso;
— Acaba-se; quase que por completo, os prejuízos
causados pelos insetos;
— Soluciona-se por completo o problema que é
atualmente a maior causa de aflição, a lombriga, e outros
parasitas.

Pelos expostos, creio que compreenderão quão


revolucionário, grande e boa notícia é este método de cultivo.
Pela sua prática, o problema de alimento do Japão será
solucionado de uma só vez, é claro, e motivado por isso, todos
os outros problemas, principalmente os de saúde do homem, é
evidente que causará boa influência. Se este método de cultura
for difundido em todo o território nipônico, acelerará a
reconstrução do Japão e não há engano, absolutamente, que
chegará um dia em que será respeitado por todo o mundo como
uma nação de elevada cultura. Neste sentido, é do meu desejo
que o maior número possível de japoneses leiam esta edição
especial.

O que gostaria de dizer, no final, é que não tenho a


mínima intenção de fazer publicidade religiosa através disso. Isto

400
Rokan – Alicerce do Paraíso

porque mesmo uma pessoa sem fé, praticando esse método, é


possível bons resultados como os expostos.

(II)

Ao ver os resultados do ano passado que foram enviados


de todas as regiões, como a época ainda era cedo, haviam os
que ainda não haviam chegado à colheita, e apesar de sentir-me,
mas como compreendi em linha geral, escreverei a minha
impressão sobre isso.

Como a Agricultura Natural recusa, antes de mais nada, os


adubos que até agora vieram confiando como a vida dos
produtos, os praticantes, no início, foram censurados e atacados
pelos familiares e até pelas pessoas da vila, sendo alvos de
desprezo. Assim, realmente, com lágrimas de sangue,
resignaram-se, e em silêncio, continuaram se esforçando. Lendo
os relatórios, os meus olhos chegavam a se aquecer pelas
lágrimas. Sinto, no meu coração, que isso foi realmente pela fé.
Pois da posição das pessoas que, desde os ancestrais, estão
totalmente cativas pela superstição pelo adubo, é com razão que
contrariem. O que eu penso acerca disso é que, mesmo que
sejam as invenções e descobertas que, historicamente, até hoje
contribuem grandemente à humanidade, no início, sem exceção,
foram mal entendidas e perseguidas, e avançaram com grande
sacrifício. Nesses registros há alguma coisa que não deixa de
comover a nossa alma.

Assim, tratando-se desta Agricultura Natural também, eu


estava preparado que, por uns tempos, teria bastante resistência,
mas pensava que era paciência de até certa época, pois, antes
de mais nada, realmente, se obtêm resultados surpreendentes.
Entretanto, conforme a previsão, finalmente chegara a ser alvo
de atenção de vários setores.

401
Rokan – Alicerce do Paraíso

Isto compreende-se muito bem ao observar somente os


resultados que chegaram desta vez. Mas, no início,
principalmente as condições que circundavam os praticantes,
não ajudavam e, sendo uma prática que nem a própria pessoa
possuía a convicção, foram muito poucas as pessoas que
iniciaram corajosamente, com toda a força. A grande maioria
iniciou, medrosa e assustadamente, como um teste.

Além disso, como no solo e nas sementes também, as


toxinas de adubos estavam bastante infiltradas, no primeiro ano,
as folhas eram tão amarelas que chegavam a pensar que fossem
morrer, e os talos, finos. Ao verem isso, ansiosos e impacientes,
somente oravam a Deus. Mas, chegando-se a hora da colheita,
como os resultados eram inesperadamente bons, aliviaram-se. É
o que todos dizem.

Superando todas essas dificuldades é que se obtém a


glória da vitória. Mas falando a verdade, eu queria publicar os
relatos de todas as regiões com o aumento de produção de mais
ou menos 50 por cento, ao continuarem de 4 a 5 anos, com este
método de cultivo. Mas como a realidade atual não permite
esperar até lá, e também creio que já, com os resultados de até
hoje, compreende-se muito bem o efeito deste método de cultivo,
editamos antes de mais nada, esta edição especial e informar
urgentemente, desde aos agricultores às pessoas em geral.

Neste sentido, desta vez, com o intuito de informar pelos


olhos e ouvidos, esta edição especial será distribuída a todos os
Ministros, Deputados Federais, às principais empresas
jornalísticas, campos de experiência agrícola de todo o país,
cooperativas agrícolas, e às pessoas ligadas à agricultura, etc., e
ao mesmo tempo está prevista para, ao concluir os preparativos,
fazer palestras em âmbito nacional, pelos enviados da Sede
Geral. Portanto, desde os senhores fiéis agricultores e também
os senhores fiéis em geral, desejo que façam bastante
publicidade e adversões.
402
Rokan – Alicerce do Paraíso

A seguir, segundo os noticiários de jornais recentes,


parece-me que o governo também, não surgindo outra idéia, a
partir deste ano aplicará grande soma, para, com tudo e quanto
método possível, pôr em prática o plano de aumento de 540 mil
toneladas de arroz.

Isso é bom, mas se por acaso usarem, como até hoje, os


adubos químicos e humanos, mesmo que recorram a outros
métodos de melhoramentos, ou vários tipos de técnicas, o
aumento de 540 mil toneladas deve ser apenas sonho. Pela
minha dedução, imagino que se for tudo bem, seria uma
produção regular, ou se não, até uma diminuição, como no ano
passado. Portanto, gostaria, de alguma forma, fazer despertar da
superstição do adubo e mudar o quanto antes para a Agricultura
Natural.

Entretanto, se, pela felicidade, mesmo que


compreendessem e passassem a praticá-la, mudar de uma só
vez a agricultura de todo o Japão, é claro, impossível. Portanto,
deve-se agir com prudência somada a prudência, e passar em
prática na proporção de 10 por cento ao ano, com um plano de
10 anos. Assim, não terão nem um pouco de preocupação com a
diminuição da safra, calcula-se que nos primeiros um ou dois
anos a colheita seja regular, e passando o terceiro ano,
gradativamente aumentará a produção e, passando uns 5 a 6
anos, o aumento de mais de 50 por cento é com certeza
absoluta.

Tenho, agora, uma coisa que queria falar especialmente.


Isto é, para quem não é fiel, é um pouco difícil de compreender,
mas, originariamente, o arroz, que é o alimento principal do
homem, é algo que Deus criou para alimentar os homens;
portanto, mesmo que a população aumente o quanto aumentar,
a quantidade necessária deve ser produzida sem falta.
Entretanto, como hoje em dia faltam três milhões e seiscentas mil
toneladas, é porque se pratica o método agrícola completamente
403
Rokan – Alicerce do Paraíso

errado, isto é, porque utiliza-se o adubo artificial. E, como


escrevia anteriormente, se a produção aumentar mais de 50 por
cento, como ficará a economia do Japão? Se tornará o oposto do
nome "reino da dívida", um nome não grato, e é certo que virá
uma época em que, de fato, o povo aplaudirá o mundo de grande
paz e abundância. Falando-se assim, é demasiadamente bom,
que, ao contrário, talvez despertem a suspeita, mas eu não digo
algo sem fundamento.

Como consta nos relatos da prática, pela cultura natural,


proporcionalmente à diminuição das toxinas de adubos, nas
espigas de arroz, nascem outras espigas. Isto é, de uma haste,
saem vários galhos e cada galho carrega-se de fruto. Portanto, é
certo que em cada haste dê de 300 a 500 grãos. Além disso, se
não tiver estragos pelos insetos e se minimizarem drasticamente
os danos causados pelo vento e água, o Japão deverá se tornar
um país que não envergonha o nome (...), um país em que
vicejam os caniços d'água e que produzem-se abundantemente
os cereais durante milênios e milênios, dito desde antigamente.

Pelo exposto, mesmo que futuramente a população do


Japão atinja a 100, 200 e 300 milhões, não hesito em afirmar que
será alimentada suficientemente, mantendo a atual área de
plantação

A seguir, tenho uma coisa a dizer: Isto é, a palavra "Johrei"


que aparece em várias passagens dos relatórios. Talvez seja de
difícil compreensão para os que não são fiéis, mas,
independentemente de compreenderem ou não, escreverei mais
ou menos. Em suma, Johrei, é o método de anular as toxinas dos
adubos. Como há um maravilhoso efeito somente ao levantar-se
a mão, pela cabeça solidificada pela ideologia materialística, é
impossível compreender. Entretanto, essa sim é a essência desta
Igreja. Mas aqui omitirei, e em primeiro lugar, farei a dissecação
do solo.

404
Rokan – Alicerce do Paraíso

Originariamente, o solo é algo constituído pelas duas


essências, espírito e matéria. A matéria é o solo em si, e o
espírito não se enxerga, mas é a substância real do solo. Em
outras palavras, a matéria é a frente e o espírito, o verso.
Entretanto, como os adubos são toxinas, enfraquecem a matéria
do solo, e ela projetasse no espírito, nublando-o. Isto acontece
porque a lei do "Espírito Precede a Matéria" é a lei para todas as
coisas existentes, e o Johrei pode se dizer que é o método para
eliminar as toxinas dos adubos. Isto é, no caso do Johrei, é
irradiada um tipo de poderosa onda de Luz, e a nuvem do
espírito é eliminada, e refletindo-se na matéria, diminuem-se as
toxinas de adubos.

Esta é a verdade, e a Ciência, que desconhece esta razão,


faz de objetivo somente a matéria, que é a metade. Isto é uma
Ciência parcial. Por causa dessa Ciência incompleta e do modo
de pensar tradicional é que, pelo adubo, vieram enfraquecendo o
solo.

Eu descobri este princípio e, assim, nasceu o método


natural de cultivo. Portanto, esta sim é a verdadeira Ciência, e
creio que uma grande descoberta mundial. Portanto, não há nada
de estranho conseguir o resultado do aumento revolucionário de
produção. Por último, tenho algo a observar. Isto é, o aumento da
produção em 50 por cento em 5 anos que eu digo é o resultado
baseado em campo de plantação com adubação artificial em
quantidade normal, e porque em mais ou menos 5 anos acabam-
se totalmente os resíduos de adubos. Entretanto, nos anos
recentes, com a intenção de aumentarem a produção, passaram
a utilizar, em grande quantidade, adubos químicos como sulfato
de amônia nas agriculturas de todas as regiões. Portanto, mesmo
que mude hoje para a Agricultura Natural, para se acabar
totalmente as toxinas de adubos, necessita-se de tempo
proporcional; portanto, deve-se considerar que demorará mais de
5 anos. Isso é conforme contém nos relatos também; mesmo
praticando o cultivo natural, existe bastante diferença no seu
405
Rokan – Alicerce do Paraíso

resultado. E essa diferença, sim, é causada nela quantidade das


toxinas de adubos, e isto também é logo compreensível.

Isto é, na ocasião do surgimento das espigas, enquanto


elas estão amareladas, é porque existem as toxinas de adubos e,
conforme o seu desaparecimento, desde o início são verdes.
Portanto, como o Johrei é feito para isso, após decorrer mais de
5 anos, e se desaparecer totalmente as toxinas de adubos, não
será mais necessário o Johrei.

Em seguida, se adicionarem terras límpidas, melhoram-se


os resultados por uns tempos, é porque coloca-se terra não
contaminada pelas toxinas de adubos. Somente por este fato
deveriam compreender os seus danos, mas não compreendem,
porque estão completamente entregues ao supersticionismo do
adubo.

Jornal Eiko nº 141, 30 de janeiro de 1952.

406
Rokan – Alicerce do Paraíso

(S.AN/125) A RESPEITO DO CULTIVO NATURAL

É a terceira vez que estamos editando o número especial


deste jornal, sobre a Agricultura, somando a do ano retrasado, do
ano passado, e desta vez. Concomitante ao aumento, a cada
ano, de cultivadores da Agricultura Natural, aumentam também
os relatos, e desta vez, chegamos até a aumentar 4 páginas,
como suplemento. E ao ler cada um desses relatos, consta que
não só os resultados estão cada vez melhores, aumentando a
produção, mas a qualidade também está melhorando. Apesar
disso ser natural, é um motivo de grande alegria. Por causa
disso, ao verem esses resultados, os agricultores que estavam
indecisos até o momento estão mudando, um atrás do outro,
para o cultivo natural, e soube até do caso de uma aldeia em
que, de uma só vez, surgiram 31 famílias praticantes do cultivo
natural.

Ainda, os resultados da Ilha de Sado da Província de


Niigata, sem exceção, são excelentes desde o primeiro ano,
encontrando-se numa situação em que aumentam, em passos
firmes, os praticantes da camada de quem não é fiel, e
prosseguindo nesse passo, não haverá engano em assegurar
que, em poucos anos, a agricultura de toda a Ilha será de cultivo
natural. Além disso, conforme consta da outra página (omitido), o
Sr. Tatsuo Yamakawa, Chefe da Seção de Administração da
Divisão Alimentar de Tóquio, do ministério da Agricultura
Florestal, desde há 2 anos que tomara conhecimento sobre a
Agricultura Natural; ao investigar minuciosamente a situação
local, admirou-se pensando ser um sonho, pelos ótimos
resultados, além da expectativa. Segundo seu relato, como é
completamente oposto aos princípios científicos de até hoje, por
não poder compreender de imediato, sofrera, pela confusão na
cabeça, mas acredito mesmo que isso é possível.

Por conseguinte, creio que pode-se dizer que já


ultrapassou-se a época da discussão se a Agricultura Natural é
407
Rokan – Alicerce do Paraíso

boa ou não. Portanto, se houver ainda pessoas com dúvida, só


posso achar que são pessoas excêntricas, sem ambição.

E o que devemos pensar bem é a tendência de aumento


da população do nosso país. Deixando para trás a limitação da
natalidade que tanto empenho estão fazendo, está aumentando
cada vez mais. Além disso, pensando no território que fora
estreitado pela derrota na guerra, de maneira nenhuma poderia
estar sossegado. No entanto, apesar de eu ter enviado esta
edição especial no ano passado, e no retrasado também, desde
ao Ministro da Agricultura e Florestal, e a todos os demais
Ministros, Deputados, empresas jornalísticas e às principais
pessoas ligadas à Agricultura de todo o país, parece que não se
interessam tanto. Como sempre, continuam com o cultivo
errôneo.

Por causa disso, além dos gastos com os adubos


químicos, que por ano chega-se a alguns bilhões, somando a
despesa com o melhoramento dos solos da agricultura, e os
gastos com os incentivos, é claro que se torna um gasto
realmente espantoso. E estão desesperados dizendo que é um
plano de tantos anos para o aumento da produção, mas na
realidade, não há nenhum efeito. Além disso, tais planos são
repetidos várias vezes desde há muito tempo, mas sempre
acabam não surtindo efeito.

E como sua prova, no ano passado, apesar de dizerem


que foi uma boa safra, não passou de ter superado em pouco a
colheita regular.

Portanto, está taxado de que pelo método tradicional de


cultivo agrícola já não adianta quaisquer que sejam os planos e
os esforços.

Apesar disso, mesmo informando sobre a nossa


Agricultura Natural que é seguramente possível o grande
408
Rokan – Alicerce do Paraíso

aumento da produção, não sei se é pelo desprezo, não há nem a


atmosfera para estudá-la. E isso deve ser por uma razão
insignificante, de ter surgido de uma religião, mas é realmente
lamentável.

Assim, o governo planeja inúmeros projetos e fracassa


ano a ano, não só consumindo grande soma de impostos pagos
pelo povo, mas a importação de arroz aumenta anualmente e,
mesmo atualmente, importam-se várias mil toneladas ao ano, e
paga-se a conta que soma mais de 100 bilhões. Portanto, é uma
tragédia nacional, de angústia insuportável. A causa desta
tragédia, sim, é a superstição pelo adubo, de longo tempo, e
pelos inúmeros relatos constantes das outras páginas (omitidos),
poderão conhecer suficientemente.

Assim, apesar de verem o fato defronte aos olhos, existem


muitas pessoas, mesmo dentre os fiéis, que hesitam e vacilam;
portanto, pelo forte arraigamento dela, não tenho nada a fazer,
além de assustar-me.

As pessoas que, desde o início, com coragem, passaram a


praticar conforme as minhas palavras, conseguiram obter bons
resultados conforme a previsão, chegando até a se
arrependerem porque não iniciaram há mais tempo.

Pois, como este método de cultivo é completamente


oposto à maneira tradicional, é com razão que não se pode
mudar facilmente, mas, já que o fato está provando tanto assim,
creio que não podem deixar de acreditar.

A seguir, escreverei ainda mais detalhadamente sobre


isso.

Em primeiro lugar, como o resultado do nosso povo ter


usado os adubos durante longo tempo, desde os ancestrais, a
totalidade do solo do nosso país destinado ao cultivo está
409
Rokan – Alicerce do Paraíso

completamente poluído e, por causa disso, ele tornou-se ácido e


perdeu a sua capacidade originária. Comparando-se com o
homem, encontra-se na mesma compleição física de um enfermo
grave. Como resultado, os produtos não conseguem absorver os
nutrientes da terra e transformaram-se de constituição para
crescerem absorvendo os adubos. É totalmente idêntico ao caso
de intoxicação por drogas.

Até hoje, em campos experimentais de agrícolas ou dentro


de agricultores também, houve casos de experiência de cultivo
sem adubos, mas como no primeiro ano os resultados não são
bons, desistiram, amargados pela experiência. De vez em
quando ouço tais coisas, e isso também, é claro, incitou a
superstição pelo adubo. Sendo assim, os agricultores chegaram
a iludirem-se, pensando que os adubos são alimentos das
plantações.

De fato, no primeiro ano em que se muda para o cultivo


natural, as folhas são amarelas, os caules finos e
demasiadamente fracos, e das pessoas das vizinhanças são
alvos de risos de desprezo e insultos, e além das más línguas,
existe, dentre elas, quem dê até conselhos. É claro, isto é porque
não pensam, nem em sonhos, que é por causa das toxinas de
adubos. Entretanto, como os cultivadores são Messiânicos e
crêem de maneira absoluta, esperam a chegada do tempo
resignando-se perante à dificuldade. Assim, a partir do segundo
ou terceiro ano, gradativamente os arrozais começam a
vicejarem e a colheita aumentará e, além disso, como é de boa
qualidade, desta vez, aumentaram muito as pessoas que
estavam do lado do grupo que desprezavam, e que abaixando a
cabeça, ingressaram no grupo dos praticantes do cultivo natural.

E para se esgotar totalmente os resíduos das toxinas de


adubos, deve-se calcular, no mínimo, 5 anos. E nessa ocasião, o
aumento de 50% que eu prego é certo. E conforme esse cultivo
for para o sexto e sétimo ano, terá um aumento assustador de
410
Rokan – Alicerce do Paraíso

quantidade, e o aumento de 100% também não será uma


ousadia impossível. Isto porque a touceira será de mais do dobro
e, além disso, da espiga, surgem mais espigas e, nesse caso, a
colheita será bem além do dobro. Creio que em cada haste darão
mais de 1000 grãos, sendo, assim, realmente inacreditável.

Gostaria de escrever, agora, o sentido fundamental do


arroz. Quando, no início, Deus criou o homem, ao mesmo tempo,
concedeu o alimento principal suficiente para ele sobreviver. Ele
é o arroz e o trigo. A raça amarela é arroz, e a branca, trigo. E,
para cultivá-los, fora criado o solo, e isto creio que ninguém
poderá negar. Sendo assim, mesmo que a população aumente o
quanto aumentar, a quantidade necessária deve ser produzida
sem falta. Mas, se for ao contrário, creio que sem falta existe um
grande engano em algum lugar, portanto basta que descubra-o e
corrija-o, e não há, além disso, de jeito nenhum, outro meio para
o aumento da produção.

Nesse sentido, se a população do nosso país for


atualmente de 84 milhões, supondo-se que uma pessoa
consuma 180 quilos ao ano, deve ser colhido impreterivelmente
15 milhões e cento e vinte mil toneladas. Entretanto, se a
produção regular atual é de 11 milhões e 520 mil toneladas,
estão faltando 3 milhões e 600 mil toneladas. E a sua causa é o
adubo químico e humano. Portanto, é assustadora essa
ignorância.

Entretanto, alegrem-se! Eu descobri essa insciência e


assim nasceu a Agricultura Natural. Através dela, em 5 anos,
aumentará a produção em 50%, tornando-se, portanto, uma safra
de 17 milhões e 280 mil toneladas, sobrando folgadamente 2
milhões e 160 mil toneladas. Além disso, não se necessitarão de
adubos, economiza-se a mão-de-obra e os danos pelos furacões
também serão mínimos e os prejuízos pelos insetos, que
atualmente é o problema mais sério, serão reduzidos a quase
nada; portanto, os benefícios econômicos que provocarão não
411
Rokan – Alicerce do Paraíso

serão facilmente calculados; somar-se-ão muitas centenas de


bilhões.

Este método de cultivo de arroz, que parece até ser um


sonho, pode-se dizer que é uma grande salvação que nunca
houve desde a criação do mundo. E eu, para prová-lo, desde há
alguns anos, venho incentivando a sua prática, mobilizando
grande número de agricultores, e obtive resultados conforme a
previsão. Assim, relato a todo o país, com toda convicção. Além
disso, como nos relatos dos praticantes constam
pormenorizadamente o endereço e o nome de cada um, no caso
de haver alguma dúvida, seria ótimo se contatarem e indagarem
diretamente às pessoas.

Dessa maneira, como desde teoria à prática não existe


nem um ponto cabível de dúvida, os senhores agricultores, antes
de mais nada, deverão pôr em prática o quanto antes possível.

E existe mais um fato importante onde ninguém percebe;


isto é, como se utilizam adubos químicos como sulfato de amônia
ou estercos animais, as toxinas destes produtos é claro que são
absorvidas pelos arrozais. Significa que o homem atual ingere
diariamente 3 vezes o arroz intoxicado. E não se calcula quanto
prejuízo essa toxina causa à saúde. Realmente, pensando na
fragilidade de homens atuais e na vulnerabilidade às doenças, e
principalmente que é grande a proporção de pessoas portadoras
de parasitas no meio agrícola, nem é necessário pensar que
essa é a maior causa.

Com o exposto, creio que compreenderam mais ou menos,


mas essa descoberta de superstição pelo adubo é que deve ser
um grande evangelho incomensurável para a Pátria e a Nação.

A seguir, como parece-me que há muitos enganos sobre o


método de cultivo, escreverei aqui. Existem pessoas que,
tornando-se messiânicas, e apesar de lerem e ouvirem as
412
Rokan – Alicerce do Paraíso

minhas teses, não conseguem aceitar docilmente a Agricultura


Natural, mas, como estão cativas da superstição pelos adubos,
desde os ancestrais, é com razão, mas, nesta oportunidade,
abandonem-na totalmente e façam como eu digo.

E também sobre as sementes, as "Norin n tal tal", ou


"Asahi, tal tal", que constam nos relatos, não possuem nenhum
sentido; portanto, no cultivo natural, quaisquer que sejam as
sementes usadas em geral, são boas. Isto porque basta que as
toxinas de adubos acabem, que qualquer semente torna-se de
boa qualidade, acima da primeira classe. O importante é a
existência ou não de toxinas de adubos, e o melhor, deve se
obter sementes cultivadas sem adubos há alguns anos, dentre os
fiéis.

Nesse caso, as sementes são melhores que sejam de


perto. Se for da mesma província está bom. Mas, de alguma
outra província bastante distante, seria melhor não usar, porque
não darão bons resultados. E também sobre as toxinas de
adubos do solo. Paralelamente à sua diminuição, o arrozal torna-
se um verde agradável, as hastes, duras e firmes, e as touceiras,
maiores. Aumentam-se também as pilíferas, e como as raízes se
arraigam profundamente no solo, são mínimos os que tombam, e
compreende-se muito bem, observando estes pontos.

Ainda, sobre o adubo vegetal, parece que ainda não


compreenderam-no totalmente. O pior é colocar ervas e folhas no
arrozal. Seria melhor que não o façam, de jeito nenhum. No
cultivo de arroz, é como sempre digo, cortar as suas palhas bem
miúdas, e misturar profundamente no solo, e não é bom pôr em
grande quantidade, porque obstruem o crescimento das raízes.

Ainda, como sempre digo, a palha não contém adubo. Não


devem esquecer que o adubo existe no solo em si. Em suma,
usam-se as palhas a fim de aquecer o solo. Nas regiões frias

413
Rokan – Alicerce do Paraíso

podem usar, mas na região temperada não há a necessidade.


Este é o verdadeiro cultivo sem adubo.

A seguir, é sobre a qualidade do solo, mas isso também


não se tem a necessidade de muita atenção. Pois, mesmo que
seja um solo de má qualidade, se cultivar sem adubos, melhora-
se de ano a ano, e também nesse sentido é que digo ser bom o
cultivo seqüente do mesmo produto.

Ainda, é sobre o Johrei. Ministra-se Johrei a fim de


dissolver as toxinas de adubos e, ao extinguirem-se, não haverá
mais a necessidade.

Assim, escrevi mais ou menos sobre o que percebi, mas


os aspectos além disso, basta que façam de acordo com o clima,
tempo, ambiente, posição, insolação, irrigação e tipo das
sementes e a época do plantio, etc.

Para finalizar, tenho algo que devo chamar especialmente


a atenção. Isto é, separar o cultivo natural da fé. Isto porque,
mesmo que não se tornem messiânicos, aumenta-se a produção
conforme o previsto. Mas se se enganarem pensando que se não
forem messiânicos não o conseguirão, atrapalhará a propagação
deste método de agricultura. De fato, devem ter em mente que,
não diferenciando se são fiéis ou não, os resultados são iguais.
Portanto, quanto ao Johrei também, não é necessário que
ministrem muitas vezes. Basta umas 2 ou 3 vezes ao dia, de
maneira que não sejam vistos pelas pessoas. Isto é, não
esquecer de desligar, o quanto possível, da fé.

A revolucionária Agricultura Natural, 5 de maio de 1953

414
Rokan – Alicerce do Paraíso

(S.AN/126) EXPLICAÇÕES SOBRE AGRICULTURA NATURAL

DANOS CAUSADOS PELAS PRAGAS

São três as preocupações dos agricultores: o elevado


preço dos adubos, os prejuízos causados pelas pragas e os
danos decorrentes dos ventos e das chuvas. Como já expliquei,
em capítulos anteriores, os malefícios dos adubos, passarei a
falar agora sobre os danos causados pelas pragas.

É importante saber, de forma conclusiva, que as pragas se


originam dos adubos. Aplicados ao solo, eles acabam tornando-o
impuro, modificam suas características, fazem regredir sua
capacidade e, ao mesmo tempo, deixam sujeiras como resíduos.
É óbvio que todas as matérias sujas apodrecem. Aí aparecem
larvas ou ovos, juntamente com bactérias. Se essa é a lei da
matéria, nela se enquadram as plantas. O aparecimento de
vermes nas fossas comprova o que dizemos. As várias espécies
de pragas originam-se dos diversos tipos de adubos. Dizem que
ultimamente surgiram novas espécies, mas isso nada mais é que
uma conseqüência do aparecimento de novos adubos. O fato é
evidenciado pela afirmação dos agricultores de que existem
muitos insetos nocivos em locais próximos às fossas.

Outro ponto importante é que, quando aparecem pragas,


utilizam-se defensivos agrícolas para combatê-las, o que é
extremamente prejudicial. Os inseticidas são venenos e matam
os insetos, mas, quando se infiltram no solo, acabam
contaminando-o e enfraquecendo-o ainda mais. Assim, o que
nele for cultivado sofrerá os danos causados por mais um
veneno, além dos tóxicos dos adubos. O solo, da mesma forma
que o homem, perde a resistência, e as pragas se multiplicam. É
realmente um círculo vicioso. Nesse aspecto, inclusive, pode-se
notar o quanto a agricultura tradicional está errada. Além do
mais, ingerindo alimentos que absorveram substâncias
venenosas como o sulfato de amônia contido nos fertilizantes, o
415
Rokan – Alicerce do Paraíso

corpo humano sofre os seus efeitos; e é óbvio que isso faça mal
à saúde, pois suja o sangue. No caso do arroz, por exemplo, que
se come diariamente, mesmo que a quantidade de veneno
ingerido em cada refeição seja ínfima, ela vai se acumulando ao
longo do tempo e torna-se a causa de doenças.

DANOS CAUSADOS PELAS CHUVAS E VENTOS

Os danos causados pelas chuvas e ventos tendem a


aumentar de ano para ano, e tanto o governo como o povo estão
bastante preocupados em evitá-los. As obras preventivas são de
altíssimo custo, de modo que, no momento, adotam-se apenas
soluções improvisadas; todavia, alguma coisa deverá ser feita, já
que os prejuízos se repetem a cada ano. Atualmente, não há
outra alternativa a não ser procurar diminuí-los.

Com a nossa Agricultura Natural, entretanto, as raízes das


plantas se tornam mais resistentes, a incidência de quebra dos
caules é mínima, e não ocorre queda das flores nem
apodrecimento dos caules após a irrigação. Mesmo quando as
outras áreas de plantio são afetadas consideravelmente, as da
Agricultura Natural sofrem danos irrisórios, o que as pessoas
acham muito estranho. Observando as extremidades das raízes,
vemos que elas apresentam formações capilares mais longas e
em maior quantidade que as das plantações convencionais,
circunstância que lhes proporciona enorme resistência nessas
ocasiões.

Estabelecendo analogia com o homem, está comprovado


que as pessoas que comem apenas alimentos frescos e sem
tóxicos são sadias. O mesmo acontece com as plantas, e isso
não se limita ao trigo ou arroz. Segundo os agricultores, as
plantas de baixa estatura e folhas pequenas são as que
oferecem as melhores safras, as que dão mais frutos. É
justamente o que ocorre na Agricultura Natural; pode-se ver,
portanto, como ela é ideal. Além do mais, seus produtos
416
Rokan – Alicerce do Paraíso

apresentam excelente qualidade e sabor, reconhecidos por todos


aqueles que já a experimentaram. A razão disso é que, quando
se utilizam adubos, os nutrientes são absorvidos na maior parte
pelas folhas, o que as faz crescer demasiadamente, afetando a
frutificação. Acrescente-se que a quantidade de arroz obtida
através da Agricultura Natural é bem maior; já se conseguiram
até cento e cinqüenta brotos com uma só semente, resultando
em cerca de quinze mil grãos - recorde admirável. Outra
característica do arroz produzido por esse método é que a sua
palha se apresenta bastante forte e fácil de ser trabalhada.

PROBLEMAS DE PARASITAS

Como é do conhecimento geral, o problema parasitário é


comentado atualmente com extremo ruído. Pois dizem que mais
de 80% dos japoneses são portadores de parasitas, portanto é
um problema realmente grave. Por ser demasiadamente grande
o número de portadores de parasitas, as pessoas da sociedade,
ao contrário, não se interessam muito, mas que na realidade, as
que chegam a falecerem por causa deles não são poucas,
recentemente.

Geralmente, falando-se parasitas, não passam de alguns


numa pessoa, mas dependendo, chegam a portarem dezenas e
até centenas deles. Nesse caso, eles ficam como se fosse uma
bola de macarrão, penetrando-se até aos órgãos internos,
causando variados sofrimentos. Além disso, dependendo da
pessoa, o sofrimento é realmente insuportável.

Essa causa, é claro, é que os ovos dos parasitas entram


no estômago pela boca do homem, conforme dito também pela
medicina, através de verduras cultivadas pelos estercos animais,
e proliferam-se. Entretanto, o oxiúrio, o ancilóstomo duodenal,
sarna, a frieira, etc., são todos causados pela proliferação de
insetos minúsculos, e pela medicina, ainda as suas causas são
desconhecidas, mas segundo a minha pesquisa, na realidade, é
417
Rokan – Alicerce do Paraíso

por causa de adubos artificiais, e não é a causa direta, mas o


sangue é sujo por causa dos estercos humanos, e assim, criam-
se insetos minúsculos.

Sobre esse ponto, eu escrevi anteriormente acerca do


engano da tese de Pasteur. De qualquer forma, uma coisa como
nascer insetos no corpo humano não está de acordo com a
razão. De fato, se for um morto, sim, mas surgir em homem vivo,
devo dizer que é extremamente absurdo. Isto é porque o homem
está completamente fora das Leis dos Céus. É porque põem
dentro do corpo coisas imundas que não deveriam, e sujam o
sangue.

Nesse sentido, se o homem aspirar ares puros, beber da


água límpida e alimentar-se de produtos nascidos de um solo no
qual não existam impurezas, e se cuidar para não utilizar de
corpos estranhos como remédios, é claro que estará isento da
doença, mantendo boa saúde, e a idade também, de jeito
nenhum é impossível de se atingir mais de 100 anos.

GRANDE EFICÁCIA DO JOHREI

Gostaria de escrever sobre a razão da notável eficácia do


Johrei, no caso da prática da Agricultura Natural, que consta sem
falta nos relatos de aumento da produção.

Como os agricultores desconheciam o princípio de que o


solo encontra-se maculado pela agricultura tradicional, e que por
isso ele está com as suas forças obstruídas, não conseguindo
manifestar a sua capacidade originária resultando em má safra,
até hoje, adquiriam adubos caros e colhiam maus resultados,
esforçando-se, assim, em vão.

Eu tomei o conhecimento desse engano pela Revelação


Divina e apresentei o princípio de que, ao contrário de até hoje,
quanto mais purificar o solo, melhor será a produção; quem
418
Rokan – Alicerce do Paraíso

praticar dessa maneira, está conseguindo resultados


maravilhosos, conforme estão publicados fartamente nos
periódicos desta Igreja. E como creio que existem muitas
pessoas que queiram saber por que o Johrei tem efeito notável
sobre os produtos agrícolas, escreverei aqui.

Que originariamente todas as coisas existentes no


Universo estão constituídas de espírito e matéria, os messiânicos
devem saber muito bem, e é claro, o solo e os produtos agrícolas
também são constituídos de espírito e matéria; portanto, se o
solo estiver maculado pelo adubo artificial, da mesma forma, o
espírito do solo também está maculado. Mas, uma vez
ministrando-se Johrei, como diminui-se a nuvem do espírito do
solo, igualmente no solo também diminui-se a impureza e
purifica-se. Portanto, o solo que se tornar puro, ao mesmo tempo
em que a força de cultivo se torna ativa, e quanto ao produto
agrícola também, diminui-se o resíduo tóxico de adubo, ambos,
atuando-se mutuamente, pela "Lei do Espírito Precede a
Matéria", o desenvolvimento torna-se vigoroso.

Creio que já entenderam mais ou menos.

Manual da Agricultura Natural, 15 de janeiro de 1951

419
Rokan – Alicerce do Paraíso

(S.AN/127) A GRANDE REVOLUÇÃO DA CULTURA

A HIGIÊNICA E AGRADÁVEL AGRICULTURA NATURAL NAS


HORTAS CASEIRAS

A Outra Face da Doença, pág. 192

A HIGIÊNICA E AGRADÁVEL AGRICULTURA NATURAL NAS


HORTAS CASEIRAS

No primeiro número da revista "Tijyo Tengoku", publiquei


um minucioso artigo sobre a Agricultura Natural, dirigido aos
agricultores profissionais; desta vez, enfocarei as hortas caseiras.

Como tenho publicado, na referida revista e no nosso


jornal, os excelentes resultados obtidos através desse novo
método agrícola, acredito que os leitores tenham entendido, em
parte, as suas vantagens. Posso afirmar que, no caso das hortas
caseiras, feitas por amadores, a boa-nova da Agricultura Natural
é como a luz que surge nas trevas. Nelas, utilizava-se
principalmente o estrume, cujo manuseio é insuportável sob
vários aspectos, inclusive olfativo. Adotando-se o cultivo sem
adubos, esse sofrimento desaparece, e o trabalho, por ser
higiênico, torna-se agradável. Além disso, os resultados são bem
melhores e o trabalho é menor, matando-se dois coelhos numa
só cajadada. Vou enumerar as vantagens do método:

1 - Sendo utilizados apenas compostos naturais, não há o


mal-estar causado pelo uso do estrume, e o trabalho é menor.

2 - As verduras obtidas são da melhor qualidade, e o seu


sabor nem se compara ao das verduras tratadas com adubos.

3 - O volume e a quantidade dos produtos são maiores.

420
Rokan – Alicerce do Paraíso

4 - O aparecimento de pragas reduz-se a uma pequena


fração do que acontece no caso do emprego de adubos;
portanto, não há necessidade de defensivos.

5 - Não existe problema de transmissão de larvas e


pragas.

Muitas outras vantagens poderiam ser citadas; relacionei


apenas as principais.

Como nas hortas caseiras normalmente não se planta


arroz nem trigo, mas quase sempre verduras e legumes, vou
explicar a experiência que tive com estes.

As batatas são brancas, consistentes, têm um forte aroma,


e até dão água na boca. O tamanho reduzido e a pequena
quantidade apontados pelos amadores são conseqüência dos
adubos; sem estes, as batatas são maiores e em maior
quantidade. Principalmente as batatas-doces são enormes; se
demorarmos a arrancá-las, atingem proporções nunca vistas. Os
pés de milho possuem caule grosso, folhas bem verdes, e logo à
primeira vista se percebe que são maiores que o normal. Suas
espigas são mais grossas e compridas, com os grãos bem juntos
e enfileirados, macios e doces; todos ficam admirados com o seu
paladar. Os nabos são brancos, consistentes, de textura fina e
ótimo sabor, apresentando comprimento e grossura maiores que
os nabos cultivados com adubos. A aspereza e a acidez de
muitos nabos são causadas pelos adubos. A acelga, o espinafre
e o repolho têm excelente aroma, são volumosos, macios e
apetitosos. No final do ano passado, um amador trouxe-me três
acelgas que pesavam 5,6 kg cada uma. Eu nunca tinha visto
acelga daquele tamanho. Quanto à soja, é baixa, com folhas
menores, mas colhe-se o dobro. As berinjelas apresentam boa
coloração, casca macia e forte aroma; não só pela estética como
pelo paladar, ninguém que já as tenha provado consegue comer
as que são tratadas com adubos. A cebola, a cebolinha, o
421
Rokan – Alicerce do Paraíso

tomate, a abóbora e o pepino são de ótima qualidade; a abóbora


é muito consistente e tem sabor adocicado.

Quanto às árvores frutíferas, também produzem frutos


muito saborosos, principalmente as frutas cítricas, o caqui, o
pêssego, etc.

Explicarei agora o princípio e a utilização dos compostos


naturais.

A Agricultura Natural utiliza compostos naturais de dois


tipos: o de capim e o de folhas de árvores. O primeiro é próprio
para ser misturado à terra, e o segundo é indicado para fazer um
leito abaixo do solo.

A diferença entre a agricultura tradicional e a nossa é que


esta considera o solo como uma matéria profundamente
misteriosa criada por Deus para o desenvolvimento de alimentos
vegetais. Por conseguinte, ativar ao máximo a força do solo
significa alcançar o objetivo original com que ele foi criado.
Desconhecendo este princípio, os antigos passaram, não se
sabe quando e baseados numa interpretação errônea, a usar
adubos, prática cujo resultado é a diminuição da produtividade e
a morte do solo. Na tentativa de cobrir esse enfraquecimento,
utilizam-se adubos em quantidade cada vez maior, o que leva à
intoxicação das plantas. Dizem que o solo japonês empobreceu,
e isso pode ser atribuído aos adubos; os adubos químicos
modernos, principalmente, aceleram o processo de
empobrecimento do solo. Uma boa prova disso é que há uma
melhora temporária quando se lhe acrescentam terras virgens de
outros lugares, em virtude da queda da produção. Os agricultores
interpretam que esta caiu porque os cultivos efetuados por
longos anos esgotaram os nutrientes da terra. Acham, portanto,
que as terras virgens conseguirão suprir os nutrientes. Isso é um
grave erro, pois na verdade o solo perdeu sua força devido à

422
Rokan – Alicerce do Paraíso

utilização de adubos. Com o acréscimo de terra isenta de tóxicos,


ele em parte se recupera.

Por outro lado, os compostos naturais têm por finalidade


impedir o endurecimento do solo e também aquecê-lo. O
fundamental, para ativar o crescimento das plantas, é promover o
desenvolvimento da raiz, sendo que o primeiro passo nesse
sentido consiste em não deixar o solo endurecer; daí a
necessidade de se misturar bem, a ele, o composto natural. Para
incentivar o crescimento dos "cabelos" da raiz, deve-se utilizar o
composto natural à base de capim, pois as fibras deste são
macias e não atrapalham o crescimento. As fibras das folhas de
árvores, no entanto, são mais duras, e por isso não convém
misturá-las ao solo. O melhor é utilizá-las para fazer um leito
abaixo do solo, a fim de aquecê-lo. O ideal seria uma camada de
uns 30 cm de terra misturada com composto à base de capim e,
abaixo dela, um leito da mesma espessura, à base de folhas de
árvores.

No caso de verduras, soja, etc., o processo descrito é


conveniente, mas tratando-se de nabos, cenouras e similares,
devem-se dimensionar as camadas de maneira adequada, fazer
montes de terra e plantá-los aí, para que suas raízes recebam
bastante sol, pois assim o crescimento será excelente. Se a
batata-doce, por exemplo, for plantada em montes de mais ou
menos 60 cm, dispondo-se as mudas numa distância de 30 cm
uma da outra, colher-se-ão batatas gigantes. Ouve-se dizer
freqüentemente que o melhor é dispor os montes de terra em
sentido norte-sul ou leste-oeste, de modo que as plantas
recebam bastante energia solar. Para isso, entretanto, basta
dispô-las segundo as condições locais, e levando em
consideração a direção do vento. Quando este é muito forte, os
caules se quebram; assim, é necessário plantar árvores em volta
ou fazer cercas, a fim de diminuir a ação do vento.

423
Rokan – Alicerce do Paraíso

Quanto mais limpo for mantido o solo, maior será a sua


vitalidade. Portanto, a utilização de impurezas como o estrume
traz resultados adversos. Devido ao desconhecimento desse
fato, o trabalho não só tem sido infrutífero como
contraproducente.

Os americanos não comem verduras produzidas no Japão


pois temem a presença de parasitas. No caso da Agricultura
Natural, essa preocupação desaparece. Trata-se realmente de
uma fabulosa revolução da agricultura, constituindo uma grande
boa-nova dirigida aos nossos irmãos.

Jornal Hikari nº 3, 30 de março de 1949

424
Rokan – Alicerce do Paraíso

(S.AN/128) AGRICULTURA NATURAL

A Outra Face da Doença, pág. 179 (apostila)

AGRICULTURA NATURAL

Para explicar o que é a Agricultura Natural, vou partir do


seu princípio básico. Em primeiro lugar, o que vem a ser o solo?
Sem dúvida, é uma obra do Criador e serve para a cultura de
cereais e verduras, importantíssimos para a manutenção da vida
humana. Por conseguinte, sua natureza é misteriosa, impossível
de ser decifrada pela Ciência da matéria.

A agricultura atual, sem saber, acabou tomando o caminho


errado e, como conseqüência, menosprezou a força do solo,
chegando à errônea conclusão de que, para se obterem
melhores resultados, deveria haver interferência humana. Com
base nesse raciocínio, passou a utilizar estercos, adubos
químicos, etc. Dessa maneira, a natureza do solo foi pouco a
pouco se degradando, sofrendo transformações, e a sua força
original acabou diminuindo. Contudo, o homem não percebe isso
e acredita que a causa das más colheitas é a falta de adubos.
Assim, utiliza-os em maior quantidade, o que reduz ainda mais a
força do solo. Atualmente o solo japonês está tão pobre que
todos os agricultores lamentam o fato.

Vou mostrar como são temíveis os adubos artificiais:

1 - O maior problema, talvez, é o aparecimento de pragas.


Sem pesquisar as causas dessa ocorrência, concentra-se todo o
empenho no sentido de combatê-las. Mas é provavelmente por
desconhecerem a causa das pragas que os agricultores se
empenham na sua eliminação. Na verdade, elas surgem dos
adubos, e o aumento das espécies de pragas é decorrente do
aumento dos tipos de adubos. Os agricultores desconhecem,
também, que os pesticidas, ainda que consigam eliminá-las,
425
Rokan – Alicerce do Paraíso

infiltram-se no solo, causando-he prejuízos e tornando-se a


causa do aparecimento de novas pragas.

2 - Absorvendo os adubos, as plantas enfraquecem


bastante e tornam-se facilmente quebradiças ante a ação dos
ventos e das águas. Como ocorre a queda das flores, os frutos
são em menor quantidade. Além disso, pelo fato de as plantas
alcançarem maior altura e suas folhas serem maiores, os frutos
acabam ficando na sombra, o que, no caso do arroz, do trigo, da
soja, etc., faz com que a casca seja mais grossa e os grãos
sejam menores.

3 - A amônia contida no estrume e o sulfato de amônia e


outros adubos químicos são venenos violentos que, absorvidos
pelas plantas, acabam sendo absorvidos também pelo homem;
mesmo que seja em quantidades ínfimas, não se pode dizer que
eles não façam mal à saúde. A própria Medicina tem afirmado
que, se suspendessem por dois ou três anos a utilização de
esterco como adubo, o problema de lombrigas e outros parasitas
deixaria de existir. Também nesse aspecto verificamos o
fabuloso resultado da Agricultura Natural.

4 - Ultimamente, o preço dos adubos tem aumentado


muito, de modo que a despesa que se tem com eles quase
empata com a receita oriunda da venda da colheita, o que acaba
forçando a sua venda no mercado negro.

5 - O trabalho que se tem com a compra e a aplicação de


adubos e inseticidas é excessivo.

6 - Os produtos obtidos através da Agricultura Natural são


mais saborosos e apresentam melhor crescimento, sendo
maiores que os produtos obtidos com adubos. Sua quantidade
também é maior.

426
Rokan – Alicerce do Paraíso

Com o que acabamos de expor, creio que os leitores


puderam compreender como são temíveis os tóxicos dos adubos
e como é melhor o cultivo que não os utiliza. Não seria exagero
afirmar que se trata de uma revolução jamais vista na agricultura
japonesa.

Vou, agora, mostrar em que consiste o método e os


resultados que obtive através da minha própria experiência e dos
relatos feitos por pessoas que já experimentaram esse tipo de
cultivo. Antes, porém, gostaríamos de perguntar: quantas
pessoas conhecem realmente o sabor das verduras? Diríamos
que pouquíssimas. Isso porque não há verduras em que não
tenham sido utilizados adubos químicos e esterco. Absorvendo
esses elementos, os produtos acabam perdendo o sabor
atribuído pelos Céus. Se, ao invés disso, fizermos com que
absorvam os nutrientes da própria terra, eles terão seu sabor
natural e, portanto, serão muito mais saborosos. Como aumentou
o meu estado de felicidade após conhecer o sabor das verduras
cultivadas sem adubos! Além do dinheiro e da mão-de-obra que
se poupa, fica-se livre do mau cheiro e da transmissão de
parasitas, as pragas diminuem e o sabor e a quantidade dos
produtos aumentam. Enfim, matam-se sete coelhos numa só
cajadada.

Não posso me calar diante de problema tão grave.


Gostaria de comunicar esta boa-nova a todos e compartilhar dos
seus benefícios.

Qual é a propriedade do solo? Ele é constituído pela união


de três elementos - terra, água e fogo - os quais formam uma
força trinitária. Evidentemente, a força básica responsável pelo
crescimento das plantas é o elemento terra: o elemento água e o
elemento fogo são forças auxiliares. A qualidade do solo é um
fator importantíssimo, pois representa a força primordial para o
bom ou mau resultado da colheita. Portanto, a condição principal
para obtermos boas colheitas é a melhoria da qualidade do solo.
427
Rokan – Alicerce do Paraíso

Quanto melhor for o elemento terra, melhores serão os


resultados.

O método para fertilizar o solo consiste em fortalecer sua


energia. Para isso, é necessário, primeiramente, torná-lo puro e
limpo, pois, quanto mais puro o solo, maior é a sua força para o
desenvolvimento das plantas. Acontece, porém, que até hoje a
Agricultura considera bom enxarcar o solo com substâncias
impuras, contrariando frontalmente o que foi exposto acima,
donde se pode concluir o quanto ela está errada. Para explicar
esse erro, usarei a antítese, o que, penso eu, ajudará a
compreensão dos leitores.

Desde a Antigüidade, os adubos são considerados como


elementos indispensáveis ao plantio, mas a verdade é que
quanto mais os agricultores os aplicam, mais eles vão matando o
solo. Com a adubagem, conseguem-se bons resultados
temporariamerte; pouco a pouco, no entanto, o solo vai fícando
intoxicado, tornando necessário o uso de mais adubos para a
obtenção de boas colheitas. Assim, quanto maior for a
quantidade de adubos, mais contrários são os resultados.

Quando a colheita do arroz começa a declinar, os


rizicultores acrescentam-lhe terra tirada de locais onde não foram
utilizados adubos. Com isso, a colheita melhora durante algum
tempo. Nessas ocasiões, eles se baseiam num raciocínio errado,
interpretando que, como cultivam ano após ano, a plantação
absorve os nutrientes do solo, causando o empobrecimento
deste. Esquecem, entreianto, que isso ocorréu devido à utilização
de adubos. Como nas novas terras a força vital é mais intensa,
podem-se obter bons resultados. Deixando de lado as teorias,
vou explicar, na prática, as vantagens da Agricultura Natural.

Em primeiro lugar, uma das características desse tipo de


cultivo é a menor estatura das plantas. No cultivo com adubos,
elas crescem mais e têm folhas maiores; tratando-se de plantas
428
Rokan – Alicerce do Paraíso

leguminosas, como dissemos antes, isso faz com que os frutos


fiquem à sombra e não tenham bom crescimento. Ocorre,
também, a queda das flores, trazendo como conseqüência a
menor quantidade de frutos. No caso da soja, quando não se
utilizam adubos, consegue-se o dobro da colheita, e nenhum
grão se apresenta bichado; além disso, seu sabor é
incomparável. Evidentemente, em outras espécies como ervilhas
e favas, obtém-se o mesmo resultado, e a casca é bastante
macia.

Outro aspecto digno de observação é a não-ocorrência de


nenhum fracasso. Muitas vezes um leigo resolve plantar batatas
e colhe-as em pequena quantidade e tamanho reduzido. Nesses
casos, é costume a pessoa se lamentar, dizendo que a colheita
foi péssima, mas ela não percebe que isso resultou do uso
excessivo de adubos. Interpretando os resultados de maneira
errada, ou seja, atribuindo o fracasso à pouca utilização de
adubos, passa a usá-los em maior quantidade, o que faz piorar
ainda mais a situação. Quando indagados a respeito, os
especialistas e os orientadores, que não percebem a verdadeira
causa do problema, respondem de maneiras totalmente
desconcertantes, como por exemplo: "A causa está nas
sementes, que, ou não eram boas ou foram semeadas fora da
época apropriada". Ou então:

"O problema foi causado pela acidez do solo".

As batatas plantadas sem adubos, no entanto, são muito


brancas e cremosas, possuem bastante aroma e agradam logo
ao primeiro contato com o paladar. São tão saborosas que, a
princípio, pensa-se que são de alguma espécie diferente. O
mesmo acontece com o inhame e a batata-doce. Esta última
deve ser plantada em canteiros altos e em fileiras, entre as quais
deve haver uma boa distância, de modo que a planta receba
bastante sol. Assim, conseguir-se-ão batatas enormes e
deliciosas, capazes de impressionar qualquer pessoa. Aliás,
429
Rokan – Alicerce do Paraíso

parece que os próprios agricultores não costumam adicionar


muitos adubos ao solo quando se trata de batata-doce.

Agora tecerei considerações a respeito do milho. Seu


cultivo sem adubos tem apresentado ótimos resultados. Gostaria,
portanto, de dar-lhe um destaque especial. No início, por um ou
dois anos, a colheita pode não satisfazer as expectativas, visto
que as sementes ainda contêm as toxinas dos adubos, mas no
terceiro ano os resultados já começam a aparecer. Sem toxinas
no solo nem nas sementes, o milho cresce com o caule bastante
forte, e suas folhas apresentam um verde vivo. Caso cresça num
local onde não falta água nem sol, apresenta espigas longas,
com os grãos tão bem dispostos que não há espaços vazios
entre eles; logo na primeira mordida se percebe que são macios
e doces, apresentando um sabor inesquecível.

Quanto aos nabos, são branquinhos, grossos,


consistentes e doces, o que os torna muito saborosos. A
aspereza e a acidez dos nabos são decorrentes das toxinas dos
adubos. Aliás, as verduras produzidas sem adubos apresentam
boa coloração, maciez e um aroma que abre o apetite, sendo
livres de pragas. Evidentemente, são mais higiênicas, pela não-
utilização de esterco.

O que eu também gostaria de recomendar são as


berinjelas. Elas apresentam excelente coloração e aroma, casca
macia e realmente dão água na boca. Em minha casa ninguém
consegue mais comer berinjelas produzidas com adubos.

Tratando-se do plantio de arroz, mistura-se palha cortada


ao solo alagado, que, assim, se aquece, pois a palha absorve o
calor. Há, ainda, outro detalhe, já bastante conhecido: a água fria
das montanhas faz mal à plantação. Por isso, devem-se fazer as
valetas o mais rasas e longas possível, a fim de aquecer a água.
Não se devem, também, fazer lagos no trecho intermediário, pois

430
Rokan – Alicerce do Paraíso

nestes, devido à profundidade, a água não esquenta de forma


adequada.

No caso do pepino, melancia, abóbora, etc., obtêm-se


resultados como jamais haviam sido conseguidos. Quanto ao
arroz e ao trigo, têm estatura baixa e apresentam excelente
quantidade e qualidade. O arroz, sobretudo, tem brilho e
consistência especiais, além de excelente paladar, sendo sempre
classificado como arroz de especial categoria.

Eis, portanto, as vantrgens da Agricultura Natural. Não


poderia haver melhor boa-nova, principalmente para quem tem
horta caseira. O manuseio de esterco não só é insuportável para
os amadores, como também traz o inconveniente de indesejáveis
larvas de parasitas acabarem se hospedando na pessoa. Até
agora, por desconhecimento desses fatos, trabalhava-se muito e
no fim se obtinham maus resultados. No meu caso, por exemplo,
apenas semeio as verduras e não tenho maiores trabalhos a não
ser, de vez em quando, remover o mato que começa a crescer.
Assim, obtenho excelentes verduras, e não há nada tão
gratificante.

Como eu já disse, não há necessidade de adubos


químicos nem de estrume, mas é preciso usar compostos
naturais em larga escala. O mais importante, em qualquer cultivo,
é ter cuidado para que as pontas dos pêlos absorventes cresçam
livremente; para isso, deve-se evitar o endurecimento do solo. O
composto natural deve estar meio decomposto apenas, pois, se o
estiver totalmente, acaba endurecendo. Aquele que é feito
somente com capim decompõe-se rapidamente, mas o de folhas
de árvores demora muito mais, devido às fibras e nervuras, que
são duras; portanto, deve-se deixá-lo decompondo por longo
tempo, até sua suficiente decomposição. A razão disso é que as
pontas dos pêlos absorventes têm o seu crescimento prejudicado
pelas fibras das folhas utilizadas como compostos orgânicos.
Ultimamente dizem que é bom arejar a raiz das plantas, mas isso
431
Rokan – Alicerce do Paraíso

não tem sentido, pois se é um solo que até deixa passar o ar,
nele se processa o bom desenvolvimento das raízes. Na
verdade, o ar nada tem a ver com isso.

Outro ponto importante é o aquecimento do solo. No caso


das radicelas e dos pêlos absorventes das verduras comuns,
basta fazer uma camada de composto natural com mais ou
menos 30 centímetros, numa profundidade aproximadamente
igual. Tratando-se de nabo, cenoura, bardana ou outros vegetais
em que se visam as raízes, a profundidade deve ser compatível
com o comprimento da raiz de cada planta. O composto à base
de capim deve ser bem misturado com a terra, utilizando-se o
composto à base de folhas de árvores para formar o leito abaixo
do solo, como já foi explicado. Esse é o ideal.

Ultimamente fala-se muito em solo ácido, mas a causa da


acidez está nos adubos. Portanto, o problema desaparece
quando se deixa de usá-los.

É muito comum evitar-se o uso do mesmo solo para


culturas repetitivas 2 . Entretanto, eu tenho obtido ótimos
resultados através delas. E os resultados têm melhorado a cada
ano. Pode parecer milagre, mas há uma boa razão para isso.
Como tenho afirmado, para vivificar o solo e ativar sua força, é
necessário fazer culturas repetitivas, pois, com elas, o solo vai se
adaptando naturalmente à cultura em questão.

Quanto às pragas, com a eliminação dos adubos, seu


número poderá não chegar a zero, mas reduz-se a uma fração
do atual. Os próprios agricultores afirmam que o excesso de
adubos aumenta as pragas.

Com relação ao fumo para charuto, sabe-se que o melhor


é o produzido em Manila e Havana. Não apresenta folhas

2
Além do solo, vários fatores influenciam os resultados das culturas repetitivas; por isso,
para a sua prática, torna-se necessário um bom planejamento.
432
Rokan – Alicerce do Paraíso

bichadas e tem excelente aroma; certa vez eu ouvi um


especialista no assunto dizer que na sua produção não se
utilizam adubos. A inexistência de insetos em folhas do mato e o
excelente aroma que algumas delas possuem são decorrentes
da ausência de adubos.

Há um aspecto que deve ser observado: quando se


introduz a Agricultura Natural num local já tratado com adubos,
não se obtêm bons resultados durante um ou dois anos, porque a
terra está intoxicada. É como um beberrão que deixa de beber
abruptamente e por algum tempo fica meio atordoado. O mesmo
problema acontece com os fumantes inveterados quando, de
repente, suspendem o fumo, ou quando os viciados em morfina
ou cocaína ficam sem estes entorpecentes. Deve-se, portanto,
ter paciência por dois ou três anos; nesse espaço de tempo e
com a diminuição gradativa das toxinas de adubos no solo e nas
sementes, o solo começará a manifestar sua força.

Com as considerações que acabamos de tecer sobre a


Agricultura Natural, os leitores deverão ter compreendido o
quanto a Agricultura Tradicional está errada. Evidentemente, o
novo método não tem nenhuma ligação com a fé, bastando
apenas utilizar-se os compostos naturais para se obterem
resultados revolucionários. Devem, contudo, reconhecer que,
somando-se a esse procedimento a purificação do solo através
da Luz de Deus, conseguem-se melhores resultados ainda.

Coletânea Série Jikan volume 2, 1° de julho de 1949

433
Rokan – Alicerce do Paraíso

(S.AN/129) A GRANDE REVOLUÇÃO DA AGRICULTURA

É FÁCIL O AUMENTO DE 100% NA PRODUÇÃO DE ARROZ

Publicarei a todo o país que finalmente chegara a época


de auto-suficiência do alimento principal do nosso povo.
Finalmente fora instituído o método agrícola realmente
assustador. E com o objetivo de transmitir a verdade deste fato,
foi decidido publicar o número especial deste periódico, e é
realmente motivo de grande congratulação pela nação.

Deixando de lado os tempos antigos, após o Japão tornar-


se uma nação de cultura moderna, no que tange à Agricultura,
veio se esforçando no aperfeiçoamento das instalações de todos
os tipos, e o governo e o povo vieram se empenhando
laboriosamente. Apesar disso, por que não se consegue
resultados esperados, até hoje? É claro que, para isso, deve
haver uma causa, e essa causa, sim, é a existência de um
grande engano no método tradicional de Agricultura.

Esclarecerei agora esse ponto e, ao mesmo tempo,


relatarei o verdadeiro método de Agricultura. Isto é, como é a
Agricultura Natural que por longos anos viemos preconizando. E
hoje, pelo grande e revolucionário resultado que obtivemos na
prática dessa teoria, já não podendo esperar nem mais um dia,
apresentarei aqui à Nação, e ao mesmo tempo em que estimulo
um grande esforço em direção a todas as vilas agrícolas do país,
desejo do fundo do coração que passem a praticar
imediatamente.

Em primeiro lugar, relacionarei, a seguir, como é vantajoso


este método agrícola.

1 - Não se usa nenhum adubo químico ou humano,


bastando apenas o adubo vegetal;

434
Rokan – Alicerce do Paraíso

2 - Portanto, não há a necessidade de adquirir adubos


caros, não se necessitando, também, de mão-de-obra para a
adubação;

3 - Quase não haverá o prejuízo provocado pelos insetos,


pois o surgimento de insetos nocivos é causado pelos adubos
químicos e humanos;

4 - Aumenta-se a produção e a qualidade é excelente, e o


sabor é delicioso;

5 - Não existe perigo de parasita, que recentemente está


sendo grande problema, por não se usar esterco humano;

6 - Mesmo com furacão, como a constituição da planta é


forte e tenaz, quase que não é danificada.

Dessa maneira, existem muitos pontos vantajosos além do


aumento da produção, e é, de fato, um método agrícola
revolucionário e inédito, inimaginável. Ao conhecer esta verdade,
toma-se a Ciência de como o método agrícola de até hoje estava
errado. Observando-se da nossa posição, a realidade da
Agricultura tradicional era procurar errar-se no caminho do
tormento, e encontrava-se sofrendo e padecendo. E agora, com
a chegada do tempo dos Céus, conduzirei a totalidade dos
agricultores ao caminho da Luz, tornando-os felizes.

Quanta Luz, a prática desta agricultura - que de uma vez


só solucionará o problema de mantimento, que é o item mais
importante na vida da nação - proporcionará ao futuro da
reconstrução do Japão! Creio que nem existem palavras para
expressar o louvor.

Se derem uma lida nos inúmeros relatos de prática nas


outras páginas (omitidos), quem quer que seja, creio que não há
como duvidar. Entretanto, como creio que se necessita de uma
435
Rokan – Alicerce do Paraíso

explicação para quem vê pela primeira vez, escreverei aqui o


resumo dos princípios desta agricultura.

Durante longo tempo, até hoje, ninguém havia percebido o


fato de que, pelas toxinas de adubos químicos e humanos, viera
aniquilando o solo. E o princípio fundamental deste método
agrícola é o oposto, ou seja, é o método de vivificá-lo. Isto é, o
grande engano da Agricultura tradicional estava em desprezar a
força originária do solo e acreditar firmemente que os produtos
agrícolas não dão resultados suficientes a não ser pelos adubos
químicos e humanos. Explicando-o de maneira fácil, é como se
fosse um dependente da adorm ou morfina. O homem, uma vez
tornando-se dependente deles, ao passarem os seus efeitos, não
consegue mais ter atividade como homem. Da mesma maneira, o
solo que está dependente dos adubos, ao passarem os seus
efeitos, não poderá manifestar a sua força vital.

Como consta também nos relatórios de prática, no primeiro


ano da cultura sem adubos, sem exceção, nos primeiros meses,
a cor das folhas é pálida, as hastes finas e de fato fracas, e das
vizinhanças são alvos de zombaria, e o próprio praticante
também se preocupa muito, mas isto é totalmente por causa das
toxinas de adubos, e é porque no solo e também nas sementes
há uma grande quantidade de seus resíduos. Entretanto,
posteriormente, ao se aproximar a época da colheita,
gradativamente começa a melhorar. É porque as toxinas dos
adubos diminuíram e o solo começara a recuperar a sua força
originária.

Portanto, o aumento da produção ano a ano, no segundo


mais do que no primeiro, e no terceiro mais do que no segundo,
está concomitante com a diminuição dos resíduos das toxinas de
adubos. Assim, após mais de três anos da prática da Agricultura
Natural, é certo o aumento de produção, de no mínimo 50 a
100%.

436
Rokan – Alicerce do Paraíso

Como a produção de arroz no nosso país, no ano


passado, fora de 11 milhões e 340 mil toneladas, o aumento de
50% totalizará 17 milhões e 10 mil toneladas, e além da
população atual de 82 milhões, mesmo que aumente ainda mais
ou menos 100 milhões (N.T.: Não será engano de 10 milhões?),
existe, realmente, uma boa folga. E não só isso. Os cereais, além
do arroz, a batata doce, a batatinha, os feijões, e todos os
produtos terão aumento de produção. Pois então, o temor do
problema de mantimento será solucionado completamente.

O que escrevi é a previsão baseada no mínimo, mas, na


realidade, é possível o aumento de 100 a 200%. Portanto, daqui
a alguns anos chegará uma época em que levantarão gritos pelo
grande aumento de produção de mantimentos, que parece até
mentira.

Creio que há a necessidade, também, desde já, de


fazerem planos acerca disso.

Além disso, como a mão-de-obra diminuirá pela metade,


não só solucionará de uma só vez o excesso de trabalho dos
agricultores japoneses, conhecido mundialmente, mas também
como se acrescenta a vantagem da desnecessidade de gastos
com adubos, e outros benefícios econômicos, surgirá, então, a
época dourada dos agricultores e, de jeito nenhum, será apenas
um sonho a realização do Paraíso a partir das vilas agrícolas.

Mais uma coisa que quero dizer é que, ao publicar esta


grande boa-nova ao país, é fácil de ser interpretado que estamos
utilizando-a para a publicidade religiosa da nossa Igreja, mas não
temos nem um pouco de tal intenção, não tendo nenhuma, além
de tornar conhecida esta inédita e grande descoberta o quanto
antes, e salvar os agricultores que estão cansados pelo
sofrimento, sendo úteis à prosperidade da Nação.

437
Rokan – Alicerce do Paraíso

Ainda, o Johrei, que consta nos relatos, é claro, possui


grande eficácia, mas acrescento que, mesmo não se recorrendo
a esse método religioso, somente com a cultura com adubos
vegetais, o aumento de 50% na produção é certo.

Jornal Kyussei nº 63, 20 de maio de 1950

438
Rokan – Alicerce do Paraíso

(S.AN/130) A VITÓRIA DA AGRICULTURA NATURAL

Desta vez, ao ler a matéria de uma reunião dos fiéis da


região de Sado, Província de Niigata, realizada para dialogarem
sobre os resultados da Agricultura Natural, continha algo
agradável que nunca havia sentido antes. Isto pelo resultado de
que desde o primeiro ano em que mudaram para a Agricultura
Natural, de fato, não houve nenhum caso de diminuição da
produção, aumentando-se gradativamente, desde o primeiro ao
segundo e terceiro anos. Além disso, são pessoas que
guardaram bem as minhas orientações. Isto é, o ponto em que
mostrou claramente que, mesmo sem ministrar o Johrei,
aumenta-se a produção.

Entretanto, mesmo os outros fiéis também, creio que não é


que não observam a minha tese, mas não conseguem se livrar
da superstição pelos adubos e outras de longo tempo, e são
levados, facilmente, a desprezarem a minha tese, e como
mistura-se o pensamento próprio, mesmo em pequena parcela,
influencia-se proporcionalmente nos resultados. Por exemplo, no
arrozal irrigado, apesar de eu dizer para cortarem
minusculamente as palhas, às vezes cortam muito compridas, ou
segundo o costume da região, mesmo dizendo adubo vegetal,
querem misturar estercos humanos ou eqüinos. Ainda, dentre os
orientadores também, há quem misture um pouco dos
pensamentos próprios. Assim, parece-me que há algumas
pessoas que não usam adubo vegetal puro, mas gostaria que
tomassem bastante cuidado.

Assim, falando-se a verdade, na Agricultura Natural, não


existe a necessidade de orientadores. Isto porque se mastigarem
bem a minha tese, somente com isso, deverão compreender
bem. E muitas das pessoas que não a praticam totalmente se
interessam na parte técnica, mas em se tratando deste método
de agricultura, não existe tanta necessidade da valorização da
técnica. Basta que raciocinem com bom senso. Pois o
439
Rokan – Alicerce do Paraíso

fundamento deste princípio é, antes de mais nada, fazer


manifestar a eficiência do próprio solo, extinguindo logo as
toxinas de adubos.

Jornal Eiko nº 163, 2 de julho de 1952

440
Rokan – Alicerce do Paraíso

(S.AN/131) LARANJAS DE TERRAS HÁ QUARENTA ANOS


SEM ADUBOS

A Outra Face da Doença, pág, 209 (apostila)

Recentemente um fiel me presenteou com laranjas


produzidas numa área onde há quarenta anos não se usam
adubos. Tinham um sabor agradabilíssimo, impossível de se
expressar através de palavras. Eu nunca havia comido laranjas
tão deliciosas. Aliás, sempre ganho frutas e verduras cultivadas
sem adubos pelos fiéis, e realmente são muito saborosas, mas
em algumas parece estar faltando qualquer coisa. Isso se deve à
presença de tóxicos dos adubos no solo ou nas sementes, que
levam de quatro a cinco anos para ficar livres deles. Só a partir
daí é que os produtos adquirem o seu verdadeiro sabor.

Se aquelas laranjas fossem vendidas nas lojas,


alcançariam enorme sucesso, e nem se pode imaginar o quanto
venderiam. Cheguei até a pensar que, se elas fossem
exportadas, atingiriam cifras jamais vistas, refletindo-se de
maneira bastante positiva na economia nacional.

Ultimamente começaram a aparecer lojas que vendem


―verduras puras‖, isto é, plantadas sem o uso de estrume. É
verdade que esse processo evita o aparecimento de larvas e
parasitas, mas, como ainda são utilizados adubos químicos, o
sabor das verduras não é bom. Asseguro que, se os fiéis que têm
experiência na Agricultura Natural produzirem verduras e frutas
sem usar adubos, isso lhes proporcionará uma ótima renda. E
não é apenas questão de dinheiro: os resultados servirão
também para divulgar o método, matando-se dois coelhos de
uma só cajadada Que tal experimentarem?

Jornal Eiko nº 133, 05 de dezembro de 1951

441
Rokan – Alicerce do Paraíso

(S.AN/132). COMO SE PODE VER, AS FLORES TAMBÉM SÃO


PRODUZIDAS DESSA MANEIRA ATRAVÉS DO CULTIVO
NATURAL

A fotografia ao lado (obs.: na pág. seguinte, em baixo) é


de um dos mais ou menos 200 pés de tulipas que estou
cultivando no meu jardim, e desta vez, em quatro deles saíram
galhos. Fotografei uma delas.

Eu gosto de tulipas e, de vez em quando, cultivo, mas


como é a primeira vez que saíram galhos, estou admirado. Claro,
é porque nunca vi e nem ouvi acerca disso, e ainda, achei
incomum, porque o tamanho das flores é o dobro das normais, e
a cor é muito bonita, um vermelho nítido e fresco. Foi um fiel que
plantara no ano retrasado, e no ano passado fora uma floração
normal, mas este ano subitamente desabrocharam estas flores.
Creio que foi porque no ano passado ainda restavam toxinas de
adubos na batata e, como este é o segundo ano, diminuíram
bastante. Portanto, desde já estou em expectativa, pensando que
no ano que vem desabrocharão flores ainda mais belas. Além
disso, este resultado fora obtido somente com o cultivo em solo,
sem ao menos usar adubo vegetal. Portanto, compreende-se que
o poder do cultivo natural é igual também com as flores. Através
disso, compreende-se que as toxinas de adubos das sementes
extinguem-se rapidamente, e que as do solo demoram mais.
Portanto, nos arrozais irrigados também, no solo que contém
muita toxina de adubo, é melhor que se adicionem terras
límpidas.

Tirando as medidas das flores:

A de cima:
comprimento: 9,09 cm
diâmetro: 11,8 cm

A de baixo:
442
Rokan – Alicerce do Paraíso

idem: 7,2 cm
idem: 12,4 cm

Comprimento da haste: 68,1 cm

Jornal Eiko nº 209, 20 de maio de 1953

443
Rokan – Alicerce do Paraíso

(S.AN/133) A RESPEITO DA COLHEITA DO MELHOR ARROZ


DO JAPÃO

Creio que quase todos sabem que anualmente a Empresa


Jornalística Asahi Shimbum faz o concurso da maior colheita de
arroz do Japão, e o primeiro colocado deste ano colheu 1.103,76
litros e, como o cultivador é um agricultor chamado Yoshinori
Ookawa da Província de Kagawa, um senhor membro da nossa
Igreja procurou-o esses dias, e perguntou-lhe minuciosamente, e
segundo diz esse agricultor: "Apenas forcei para conseguir bons
resultados, adubando bastante com adubos químicos e outros,
portanto, é só neste ano. No próximo não dará mais", ficara
decepcionado. Isto é, compreendeu-se que o bom resultado era
apenas objetivando o concurso.

Dessa maneira, se não se liga com o aumento contínuo da


produção, não há nenhum sentido. Portanto, deveria fazer o
concurso da média da produção de, no mínimo, 3 a 5 anos. E aí
sim seria vantajoso para a política nacional, e a Agricultura
Natural da nossa Igreja é isto. Pois a cada ano aumenta-se a
produção, e esse é o ponto forte dela. Além disso, como no ano
passado o primeiro colocado da nossa Agricultura Natural fora de
1.296 litros, é claro que este ano se espera mais do que isso.
Acredito que quebrará o recorde; portanto, é do nosso intento,
este ano, participar do concurso daquela Empresa Jornalística.

Jornal Eiko, nº 210, 27 de maio de 1953

444
Rokan – Alicerce do Paraíso

(S.AN/134) A RESPEITO DA PALHA DE ARROZ

Desta vez, ao observar os inúmeros relatos da Agricultura


Natural, notei a tendência de contarem demais com as palhas.
Falando-se a verdade, mesmo que não dêem as palhas, não
haverá diferença no aumento da produção. Apenas no caso em
que, em regiões frias, o solo esfrie, usam-se as palhas para
aquecê-lo. E elas seria melhor que fossem cortadas o quanto
menor possível. É porque, se forem compridas, dificultam o
crescimento das raízes.

Parece-me que não conseguem se libertar da superstição


pelo adubo de até hoje, e pensam que existe o adubo na
composição da palha, mas não existe, de jeito nenhum. Como
sempre digo, o solo em si é algo como uma massa de adubo.
Basta que valorizem o solo, fazendo com que ele manifeste
plenamente a sua capacidade.

Jornal Eiko nº 83, 20 de dezembro de 1950

445
Rokan – Alicerce do Paraíso

(S.AN/135) A RESPEITO DE SUPERSTIÇÕES DOS


AGRICULTORES

Ao ler o relato abaixo (omitido), vejo que conta muito bem


que não se livram por completo da superstição da Agricultura
tradicional, com facilidade. E a sua raiz está em querer desprezar
a Natureza. Isto é, como se preocupa demais com inúmeras
coisas, como se a parte líquida do arrozal irrigado é demais ou
não, fazem coisas desnecessárias e, ao contrário, provocam
maus resultados. Isto porque o modo de pensar do homem até a
atualidade era quase que na totalidade de maneira míope, e
como não se compreendiam as profundezas, formulavam as
causas do fracasso. Como também esse se constitui em dano
costumeiro da cultura científica, devem aperceber-se desse
ponto antes de mais nada.

Entretanto, o princípio da nossa Agricultura Natural não é


algo distante da realidade, e sim, como está abraçado com ela,
conseguem-se resultados assustadores. Realmente, pode-se até
dizer que é uma Ciência além da Ciência.

A seguir, está escrito também sobre adubos feitos com


estercos animais misturados com palhas, mas isto também é
claro que suja o solo e enfraquece-o. Portanto, é óbvio que o
resultado é proporcionalmente mau. Assim, o princípio da
Agricultura Natural é respeitar sempre o solo, amá-lo e não sujá-
lo. Assim, é claro que o solo se sentirá satisfeito e atuará com
alegria. Comparando-se com o homem, seria como se tornar-se
sadio e animado porque não recebe impedimentos.

Como não entendem sobre isso, espalham,


impensadamente, coisas impuras e imundas, e assim o solo se
enfraquece, adoentando-se. Portanto, mesmo que surjam insetos
nocivos, ele não possui a força para eliminá-los. Este é um dos
motivos da má safra.

446
Rokan – Alicerce do Paraíso

Dessa maneira, a ignorância do homem até hoje, não


existem palavras para expressá-la.

A seguir, é o que sempre ouço, mas no início, se


preocupam porque os arrozais são inferiores aos adubados, mas
isto é porque existem resíduos de toxinas de adubos, e conforme
as suas extinções nas sementes e no solo, os arrozais crescerão
verdejantes e viçosos, que nem se poderá comparar com os
adubados. Entretanto, para isso, como de qualquer maneira
levam-se de 4 a 5 anos, devem suportar com esse intento.

E, recentemente, o surgimento de doenças e insetos


nocivos está aumentando cada vez mais, e apesar disso ser
causado por adubos, utilizam-se, ao contrário, coisas como
agrotóxicos e, como eles enfraquecem mais o solo, é como se
incentivassem o seu aparecimento.

Compadecendo-se da ignorância dos homens, Deus,


através da nossa Igreja, mostra que a verdadeira maneira de
cultivar é a Agricultura Natural.

Jornal Eiko nº 163, 2 de julho de 1952

度量衡換算表
尺 間 里 メートル インチ
尺(10寸) 1 0.166666 0.000077 0.30303 11.9305
間 (6 尺) 6 1 0.000462 1.81818 71.5832
里 12960.0 2160 1 3927.27 154619
メートル 3.3 o.55 0.000254 1 39.3701
インチ 0.083818 0.013969 0.000006 0.0254 1
坪 反 町 平方メートル アール
尺(10寸) 1 0.000333 0.000333 3.30578 0.03305
間 (6 尺) 300 1 0.1 991.736 9.91736
里 3000 10 1 9917.36 99.1736
メートル 0.3025 0.001008 0.0001 1 0.01
447
Rokan – Alicerce do Paraíso

インチ 30.25 0.100833 0.010083 100 1


貫 斤 グラム トン ポンド
貫(1000匁) 1 6.25 3750 0.00375 8.26732

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Rokan – Alicerce do Paraíso

EXPLICAÇÕES — A AGRICULTURA NATURAL MESSIÂNICA

Teruo Higa (Professor de Agronomia da Universidade de Ryu-


kyu, Japão)

1 - COMO INTERPRETAR OS ENSINAMENTOS

Quando procuramos entender os Ensinamentos de Meishu


Sama, o importante é saber que há os Ensinamentos mais
fundamentais, e os que daí ramificaram, isto é, que se constituem
nas raízes e os que são troncos, galhos grandes e galhos
pequenos.

No caso dos Ensinamentos acerca da Agricultura Natural,


existe, como o mais fundamental, a interpretação: "A Natureza é
Deus", e a seguir, a proposição objetiva da "Construção do
Paraíso Terrestre" e, a partir daí, entra-se em cada um dos
Ensinamentos .

Entretanto, dependendo da pessoa, valoriza-se cada uma


das teses, e se prende aos vocabulários e, por exemplo,
interpreta, como se fosse uma lei, as palavras que Meishu Sama
acentuara para quebrar a superstição pelos adubos.

Quando se pensa sobre a grande premissa que é a


Natureza, os excrementos humanos e animais, também, não há
dúvida de que são seus produtos. O que Meishu Sama acentua é
que não é bom usar os excrementos nas condições nocivas,
numa condição em que fazem o solo perder a sua capacidade.
Se não tratá-los, tornam-se causas de problemas sanitários,
diminui-se a capacidade do solo, e as plantações se tornam
insalubres, e como seu resultado, não será bom também para o
homem. Isto é, está advertindo fundamentalmente sobre o fato
de contar demasiadamente com os excrementos e adubos
químicos.

449
Rokan – Alicerce do Paraíso

2 - COMO PENSAR SOBRE A NATUREZA

Freqüentemente surgem perguntas se não é antinatural o


cultivo artificial de ME (Microorganismos Eficazes), na Agricultura
Natural. Entretanto, este é um grande engano que surge quando
a definição sobre a Natureza está insuficiente.

A área em que os produtos crescem o bastante sem a


interferência da técnica humana, deixando à vontade da
Natureza, não existe nem um quarto sobre a Terra. Três quartos
do Globo Terrestre são constituídos de um solo que quase não
pode ser cultivado devido à natureza extremamente rigorosa. O
Polo Ártico, os desertos e as montanhas de elevadas altitudes
também são Natureza.

A Agricultura Natural que Meishu Sama preconizara é um


método agrícola em que, utilizando a totalidade dos princípios
existentes na Natureza, protege a saúde do homem e o meio
ambiente, e, em face ao aumento da população, fornece os
mantimentos com responsabilidade, sem excesso nem falta.
Portanto, se for uma Agricultura com baixo rendimento
econômico e produtivo, que não se possa responsabilizar pela
felicidade da humanidade, não é a Agricultura Natural. Ainda, a
Agricultura Natural não é do princípio da não-intervenção. Se se
esquecer o ponto de origem de que ela protege a vida humana e
o meio ambiente, correspondendo à Natureza, e ao mesmo
tempo que é uma atividade econômica, enganar-se-á sobre a
direção a caminhar.

3 - OS TRÊS GRANDES PRINCÍPIOS DA NATUREZA

A evolução da vida caminha o processo em que se inicia


na matéria inorgânica, atingindo o estágio de microorganismo e
depois chegando-se ao homem que possui a espiritualidade, e
finalmente alcançar o divino. É denominado de Natureza os
princípios básicos do processo desta evolução.
450
Rokan – Alicerce do Paraíso

Princípio básico nº 1: Não se cria auto-contradição;

Princípio básico nº 2: No caso de se criar a auto-


contradição, possui-se a capacidade de ir solucionando-a;

Princípio básico nº 3: Possui-se a capacidade de auto-


reprodução que transmite a gene à posteridade, para manter
estável o nível da evolução.

A figura da Natureza é a que está alcançando de maneira


auto-concludente esses três grandes princípios.

4 - O ME PROPORCIONARÁ O DIRECIONAMENTO PARA A


REVIVIFICAÇÃO

ME é a abreviação do Microorganismo Eficaz e E, Eficaz,


significa útil, válido, e o M é a primeira letra do Microorganismo,
que significa micróbio. Denomina-se de Grupo de
Microorganismo Útil, ou de Grupo de Microorganismo Eficaz, que
é a menor unidade de vida auto-concludente. Na menor unidade
da vida como a bactéria, existem dois direcionamentos. Um é o
da revivificação, dando vida às coisas, e o outro é o da
desintegração, adoecendo e apodrecendo as coisas. No mundo
da Natureza, sempre esses dois existem equilibradamente.
Determina-se se ficará doente ou sadio, dependendo de qual é
forte ou fraco. E a tarefa do ME é induzir o direcionamento para o
padrão vivíficador.

Meishu Sama também já possuía conhecimentos sobre a


atuação de animais edáficos e de micróbios para tornar o solo
vivo e sadio. O pequeno livro que fora publicado em 1951,
"Doutrina da Igreja Messiânica Mundial - Volume do Paraíso
Terrestre e do Cultivo Natural", contém relatos da Agricultura dos
países exteriores. E, dentre eles, juntamente com os danos que
os agrotóxicos e os adubos químicos causam, apresenta também
o ponto em que, no solo vivo, as minhocas e os micróbios estão
451
Rokan – Alicerce do Paraíso

atuando para torná-lo rico, e Meishu Sama diz: "Compreendi o


fato de que os cientistas e também os práticos do exterior estão
endossando a minha tese".

5 - AS 5 CONDIÇÕES DA AGRICULTURA NATURAL


MESSIÂNICA

Tendo como premissa a definição desta Grande Natureza,


ao coordenar qual é o método agrícola necessário para construir
o Paraíso Terrestre, dentro dos Ensinamentos que Meishu Sama
pregara, surgiram 5 condições da Agricultura Natural Messiânica:

1) Produzir alimentos que mantenham e promovam a


saúde do homem;

2) Que haja méritos econômicos e espirituais ao produtor e


ao consumidor, ambas as partes;

3) Que seja possível a qualquer um praticar, e que haja


continuidade

4) Que respeite a Natureza e se responsabilize pela


conservação do meio ambiente;

5) Que se responsabilize pela produção de mantimentos


que acompanha o aumento da população.

A primeira condição está proibindo de produzir utilizando


produtos nocivos ao meio ambiente ou ao corpo humano, como
adubos químicos e agrotóxicos, e claro, excrementos de animais.
Mas no caso de algo que era nocivo mas que se transformara em
proveitoso, não há problema em considerar que está dentro da
permissão da Natureza. Por exemplo, purificar algo em estado
nocivo, incluindo excrementos animais e ir convertendo-o,
também é a tarefa da Natureza, mas agilizar esse processo é o
trabalho do ME. Tratando-se com o ME, e desaparecendo o mau
452
Rokan – Alicerce do Paraíso

cheiro, é a comprovação de que não são mais excrementos


nocivos, e sim transformaram-se em materiais úteis para a
próxima geração.

A segunda condição é: Meishu Sama diz: "Agricultura


Paradisíaca Confortável". Ao praticar a Agricultura Natural e se
não comprovar a Agricultura Confortável, de 3 dias, ou 4 dias de
folga por semana, não é a Agricultura Natural de Meishu Sama.
Ela deve ter a qualidade econômica em que os consumidores
possam adquirir ao preço barato, com alegria, e que mesmo
vendendo barato, possam manter-se confortavelmente, por ser
de custo baixo. Que os produtores possuam alegria espiritual de
que este trabalho é o máximo, e os consumidores, a gratidão de
que se adquirirem este produto, as suas saúdes serão protegidas
verdadeiramente. Se não se estabelecerem mutuamente tais
méritos espirituais, não se tornará Agricultura Natural que
constrói o Paraíso Terrestre que extermina, em verdadeiro
sentido, a doença, a pobreza e o conflito.

A terceira condição é que seja fácil de praticar e que tenha


continuidade. Quanto mais se continue, o solo se torna
experiente e ele fica como uma massa de adubo, sendo possível
o cultivo repetitivo do mesmo produto anualmente. Se colocar o
ME no solo, surgem muitas minhocas e ressuscita-se como um
solo do padrão vivificador, e mesmo plantando sem arar, a força
do solo aumenta-se cada vez mais. O problema da eliminação
das ervas, se elas nascerem, ao fazer o uso aplicado do ME,
será possível utilizá-las eficazmente como fontes orgânicas.

A quarta condição é: a atual Agricultura está centralizada


na utilização de adubos químicos, agrotóxicos e máquinas
agrícolas de grande porte, mas este método de agricultura está
criando muitas auto-contradições. A demasiada utilização de
adubos químicos fez perder a capacidade do solo e tornou-se um
ciclo vicioso que, para produzir, necessita-se ainda mais dos
adubos químicos e agrotóxicos em grande quantidade. Como seu
453
Rokan – Alicerce do Paraíso

resultado, formou-se um acúmulo de infelicidade, como a


contaminação dos lençóis d'água subterrâneas, degradação do
meio ambiente, etc., criando muitos problemas sociais, e para
solucioná-los, necessita-se de grande quantidade de verba, que
é o cúmulo da auto-contradição.

A quinta condição é: Meishu Sama ensina que "Foi Deus


quem criou o homem e concedeu o alimento principal suficiente
para a sua sobrevivência. Portanto, mesmo que a população
aumente o quanto aumentar, impreterivelmente será produzida a
quantidade necessária'', e é dito que está projetada, na Natureza,
a chave para o fornecimento de mantimentos necessários.

E o ME é algo que cumpre a tarefa como a partida para


realizar este projeto e conseguir satisfazer a exigência pelo
aumento populacional do mundo, e chamamos de "Agricultura
Natural Messiânica" o método agrícola que consegue preencher
estas 5 condições.

6- A ERA DA SUPERAÇÃO DO LIMITE

Na Agricultura Natural de até hoje, havia um pensamento


de acompanhar e superar a produção da Agricultura tradicional.
Entretanto, desde mais ou menos 1991, nascera uma Agricultura
Natural em que a produção é maior que a Agricultura tradicional,
o custo é de um quarto, o produto é saboroso e quem consome
realmente torna-se sadio, e a Agricultura torna-se alegria.
Denominando este fato, estamos utilizando a expressão "superar
o limite".

Mais um sentido de "superar o limite", é que ela está além


do conceito das variedades e da hereditariedade ordinários. Por
exemplo, o tomate em miniatura normalmente se dá de 20 a 30
unidades num cacho, mas às vezes chegam a dar 300. No cultivo
de arroz da Agricultura Natural antiga, numa área de mais ou
menos 992 m, colhia-se de 5 a 6 sacos e, esforçando-se
454
Rokan – Alicerce do Paraíso

bastante, conseguia-se de 8 a 9 sacos, sendo difícil superar a


produção da Agricultura tradicional, mas estão surgindo
resultados que superam a produção máxima de cada região.

O método de cultivo também, no caso do arroz, está se


conseguindo bom resultado, sem arar e sem carpir e, no caso da
horta, utilizando os estercos animais, purificados completamente
com o ME, e aumentando a densidade do ME do solo, surgem
resultados além do conhecimento comum de até hoje. Isto
significa que estamos nos aproximando passo a passo da
Agricultura Natural com o verdadeiro sentido, que reúne as forças
da Natureza.

SOBRE A DENOMINAÇÃO "AGRICULTURA NATURAL


MESSIÂNICA"

Os motivos de ter denominado de "Agricultura Natural


Messiânica", desde 1989, a Agricultura Natural que o Fundador
criara e propagara, foram pelas seguintes razões:

1) Foi em 1935 que pela primeira vez o Fundador proferira


a Agricultura Natural e, no início, estava sendo chamada de
"Cultivo sem Adubos". Posteriormente, a partir de 1950, passou a
ser utilizados os nomes "Agricultura Natural" ou "Cultivo Natural".

Entrando na década dos anos 60, entre os aumentos de


interesse na sociedade pelo método de cultivo sem agrotóxicos e
adubos, surgiram pessoas que praticavam métodos agrícolas
sem interferência, denominando-os de Agricultura Natural, ou
que colocavam dentro do limite da Agricultura Natural o método
de cultivo orgânico tradicional, que utilizam estrumes humanos e
animais; apareceram, assim, métodos que, mesmo se dizendo
Agricultura Natural, não coincidiam com o Ensinamento do
Fundador.

455
Rokan – Alicerce do Paraíso

Por outro lado, dentre os praticantes que procuravam


obedecer fielmente à Agricultura Natural que o Fundador
indicara, houve tempos em que, impedidos pelas barreiras
técnicas, não conseguiam obter resultados, isto é, uma época de
longo túnel da Agricultura Natural.

2) Na "Primeira Conferência Internacional da Agricultura


Natural", realizada na Tailândia, fora discutido qual é o princípio
fundamental da Agricultura Natural. Com isso, foram deliberados
que os seus principais requisitos são:

a) Produzir alimentos que mantenham e promovam a


saúde do homem,

b) Que haja méritos econômico e espiritual aos produtores


e consumidores, ambas as partes;

3) Que seja possível a qualquer um praticar e que tenha


continuidade,

4) Que respeite a Natureza e que se responsabilize pela


conservação do meio ambiente;

5) Que se responsabilize pela produção de mantimentos


conforme o aumento da população.

Foi aprovada a idéia de que deverá ser algo que preencha


estas cinco condições, e fora decidida a introdução da técnica do
uso do ME (Grupo de Microorganismos Eficazes). Quanto à
denominação também, para diferenciar do conceito de outros
métodos agrícolas, foi decidido denominá-la de "Agricultura
Natural Messiânica".

E a Igreja, sobre a opinião de que esta resolução da


Conferência Internacional é algo que comprovará os princípios
fundamentais da Agricultura Natural que o Fundador pregara e
456
Rokan – Alicerce do Paraíso

que realizará a construção do Paraíso Terrestre, decidiu divulgá-


la e impulsioná-la sob a denominação "Agricultura Natural
Messiânica".

457
Rokan – Alicerce do Paraíso

POSFÁCIO

Os Ensinamentos do Fundador Meishu Sama, referentes à


"Sociedade" e à "Agricultura Natural", que foram compilados
neste volume, são Ensinamentos que foram publicados entre
1948 e 1954.

O Fundador Meishu Sama procurara tornar Seus


Ensinamentos de fácil entendimento pelas pessoas, através de
expressões que refletem os conceitos sociais dessa época.
Entretanto, atualmente, ao editar sob a responsabilidade da
Igreja, ao posicionarmos com o ponto de vista da proteção dos
direitos humanos que é a tendência mundial de pensamento,
reformulamos as expressões que, dentro das utilizadas nos
originais, possam ser consideradas que se ligam ao preconceito
racial ou aos portadores de deficiência física, etc, e também os
nomes antigos de países.

Gostaríamos de conscientizarmo-nos de que o


cumprimento da missão como messiânicos, em direção ao
desejo que Meishu Sama manifestara, a construção do Paraíso
Terrestre, e ao mesmo tempo, esforçarmos para a realização da
sociedade humana sem preconceitos, como homens iguais,
perante Deus, é a nossa responsabilidade como religiosos.

Abril de 1992

IGREJA MESSIÂNICA MUNDIAL

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