Você está na página 1de 34

Solo Sagrado de

Guarapiranga
comemora
25 anos

O Solo Sagrado de Guarapiranga Em meio a uma paisagem encantadora, jardins,


praças e lagos, o Templo do Solo Sagrado é estru-
está comemorando 25 anos de turado por 16 pilares e uma torre de 71 metros.
inauguração e, para celebrar esta O lugar conta com uma infraestrutura para re-
data tão importante, durante este ceber milhares de pessoas em cultos ou em ou-
tros eventos, bem como espaço para exposições,
ano, a revista Izunome ofereceu auditórios, salas para cursos e palestras, e aloja-
aos seus leitores uma série de mento.
reportagens especiais sobre este O Solo Sagrado de Guarapiranga é aberto ao
Protótipo do Paraíso Terrestre. Nesta público e, mensalmente, é visitado e admirado
por milhares de pessoas, messiânicas ou não.
edição especial, vamos revê-las. Meishu-Sama (1882-1955), com o objetivo de

L
construir um modelo real de paraíso e tornar
evidente que é possível concretizá-lo, concebeu,
no Japão, três protótipos do Paraíso nas cidades
ocalizado na região de Parelheiros, Zona de Hakone, Atami e Kyoto, com a colaboração
Sul da cidade de São Paulo, às margens da dos membros pioneiros. Atualmente, além do
represa de Guarapiranga, o Solo Sagrado Brasil, existe o Solo Sagrado de Saraburi, na Tai-
foi inaugurado em novembro de 1995. Em uma lândia, e ambos foram igualmente erguidos com
área de 327 mil metros quadrados, foi construído a ajuda de seus membros, objetivando a expan-
em um ambiente de extrema beleza e tranquili- são da Luz da Salvação e da Obra Divina em ca-
dade, unindo harmoniosamente a natureza e a ráter mundial.
criatividade do ser humano. O Solo Sagrado de Guarapiranga fica localizado
Sua construção teve início em 1991, após um ela- à Av. Prof. Hermann Von Ihering, 6567 – Jardim
borado projeto que proporcionaria às pessoas um Casa Grande, Parelheiros – São Paulo, SP - Tel.:
espaço onde elas pudessem entrar em sintonia com (11) 5970-1000.
a natureza e o belo, e elevar sua espiritualidade. O site do Solo Sagrado é: www.solosagrado.org.br

EDIÇÃO ESPECIAL – NOVEMBRO 2020 | 1


SECRETARIA DE HISTÓRICO

Como tudo
começou...

Capa do JM
de novembro de 1974
destaca a aquisição do terreno

Revmo. Tetsuo Watanabe (1º à esq.) e a direção da IMMB visitam o novo


terreno em 25/05/1977

Aquisição do terreno e os A formação missionária dos membros e o apro-


fundamento da fé ocorriam paralelamente à in-
primeiros usos tensificação da construção de sedes próprias

N
para as igrejas, a exemplo da Igreja Brasília, que
foi iniciada em 1974 e concluída em 1977.
Àquela altura, o prédio da Sede Central, no bairro
a década de 1970, a Igreja Messiânica da Vila Mariana, em São Paulo, já dava sinal de estar
Mundial do Brasil (IMMB) passou de- pequeno para comportar o grande número de fiéis
finitivamente a alcançar os lares bra- que participava dos cultos e outras atividades.
sileiros rompendo as barreiras linguísticas e cul- Em 25 de setembro de 1974, logo após o retor-
turais que marcaram os anos iniciais de difusão no ao Japão da comitiva que acompanhou a Lí-
no Brasil quando se desenvolveu, principalmente, der Espiritual, Itsuki Okada (1927-2013) em sua
entre japoneses e seus descendentes. No senti- primeira visita missionária ao Brasil, foi adquirido
mento dos reverendos e ministros da época, já um terreno com 327.500 m² às margens da repre-
havia o sonho de um dia construir-se, em terras sa de Guarapiranga, uma área de mananciais na
brasileiras, um Solo Sagrado, a exemplo dos pro- Zona Sul do município de São Paulo. Na edição de
tótipos construídos por Meishu-Sama no Japão. novembro de 1974, o Jornal Messiânico (JM) apre-
Conforme consta no Jornal Messiânico (JM), nº 16 sentava aos membros matéria sobre a aquisição
de 10 de janeiro de 1974, no Culto do Natalício do terreno com a manchete: “Aqui se erguerá a
de Meishu-Sama de 1973, o então presidente da nova Sede Central”.
IMMB, reverendo Noboru Kambe, fez publica- A compra foi concretizada em condições favo-
mente o primeiro anúncio de que se tem registro. ráveis à época, e o pagamento foi parcelado em
Diante do crescente número de membros e com 24 prestações mensais, cuja quitação foi também
o objetivo de ampliar o círculo de salvação promovi- noticiada no Jornal Messiânico de fevereiro de
do pela Igreja, em 1974, as atividades missionárias 1977. Neste período, intensificavam-se as dedi-
eram alicerçadas na diretriz: “Este é o ano de Cons- cações de membros de diversas igrejas do Brasil
trução e Expansão. Construindo a convicção pela fé, em Guarapiranga, uma vez que a construção da
expandindo o amor para cada um somar mais um!’’ nova Sede Central era parte do objetivo traçado,

2 | EDIÇÃO ESPECIAL – NOVEMBRO 2020


25 anos do Solo
Sagrado de Guarapiranga

Na Campanha de Construção, Guarapiranga se torna espaço de confraternização e alegria com as festas


juninas e os messiânicos abraçam de coração Guarapiranga

em 1975, pela instituição para a comemoração do na Sede Central, o então reverendo Tetsuo Wa-
centenário de Meishu-Sama, em 1982. tanabe (1940-2013) enfatizou o espírito de servir,
Neste ínterim, Guarapiranga abrigou outros particularmente dos membros de localidades dis-
usos como a realização de festas juninas que, tantes. Estes fiéis não participavam diretamente
além de possibilitar a confraternização de milha- das obras, tampouco viam as edificações sendo
res de membros e frequentadores, até o início da erguidas, uma vez que os projetos eram, à época,
década seguinte, tinham a finalidade de levantar desenvolvidos na capital paulista. Eles recebiam
recursos para as obras de construção da Igreja grandes milagres por meio das campanhas de
conforme publicou o JM de julho de 1977. construção. O reverendo afirmou: “Quanto maior
Em 11 de agosto de 1979, com a presença de for a obra, mais precisaremos de dedicação ocul-
cerca de 42.000 pessoas, foi realizada uma ceri- ta. Para este servir oculto é preciso ter mais amor
mônia de purificação do terreno, primeiro ritual e profundidade de fé.”
religioso celebrado no local, durante a qual o re- Nas próximas matérias, você conhecerá as eta-
presentante da diretoria da Sede Geral do Japão pas seguintes que resultaram na formação da
afirmou: “Neste local será erguido o Solo Sagrado Comissão de Construção, na elaboração dos pri-
do Brasil, que será o centro de difusão da doutri- meiros projetos e na realização da Cerimônia de
na Messiânica para o Hemisfério Sul”. Lançamento da Pedra Fundamental.
No início da década de
1980, à medida que se expan-
dia a luz do Johrei em territó-
rio nacional, a Igreja avançava
com a Campanha da Grande
Construção, iniciada para a
edificação da Igreja Brasília,
que teve continuidade com
a execução dos projetos do
Edifício Mokiti Okada (Sede
Central) e da Igreja Regional
de São Paulo (atual Igreja Vila
Mariana). Essas obras foram
preliminares para a concreti-
zação do Protótipo do Paraíso
Terrestre, em Guarapiranga.
Sobre o espírito com o qual
essas construções deveriam
ser desenvolvidas, no culto
mensal de março de 1981, Cerimônia de purificação do terreno, em 11 de setembro de 1979

EDIÇÃO ESPECIAL – NOVEMBRO 2020 | 3


SECRETARIA DE HISTÓRICO

O sonho começa a to

Terceira líder espiritual, Itsuki Okada

Autorização da construção

N a primeira matéria desta série você


conheceu como ocorreu a aquisição
do terreno do Solo Sagrado de Guara-
piranga e os primeiros usos deste durante a dé-
cada de 1970, incluindo o plano de construção de
uma nova Sede Central no local.
Na primeira metade da década de 1980, os pro-
jetos passaram por uma fase de gestação e ama- Culto Especial é realizado em 15 de setembro de 1985 com a prese
durecimento, com o objetivo de corresponder ao
sonho de Meishu-Sama e ao desejo dos mem-
bros diante do grandioso e inédito desafio que se
apresentava. Nesse período, a instituição concen-
trou esforços na construção de Igrejas por todo o
País. A Sede da Regional Brasília, inaugurada com
a presença da Líder Espiritual em 8 de maio de
1977, abrira a “Campanha de Construção”, que
continuou com destaque para a edificação da
Igreja Regional de São Paulo (IRESP), inaugurada
em 5 de março de 1982; do Edifício Mokiti Okada,
em 30 de outubro de 1982, e da Igreja Regional
do Rio de Janeiro (IRERJ), em 3 de agosto de 1985.
O reverendo Hitoshi Nishikawa (1941-2013), que
fazia parte do Departamento de Administração
da Igreja, em entrevista concedida à Secretaria de
Histórico da IMMB, relembrou o desafio financei-

4 | EDIÇÃO ESPECIAL – NOVEMBRO 2020


25 anos do Solo
Sagrado de Guarapiranga

omar forma ro que foi a construção do Edifício Mokiti Okada.


Segundo ele, à época em que o reverendo Tetsuo
Watanabe externou seu sonho de construção do
Edifício Mokiti Okada, do orçamento necessário,
tinha se apenas 10%, e as igrejas já estavam se
esforçando ao máximo nas campanhas de cons-
trução e para se manterem.
Todavia, o sonho de construir e expandir a Obra
Divina era o sentimento latente dos messiânicos
brasileiros, e o sonho do presidente Tetsuo Wa-
tanabe foi abraçado por todos. As três principais
obras mencionadas foram concluídas sem contra-
tempos até agosto de 1985. Muitas outras sedes
próprias foram construídas também na década
de 1980: Rio Claro (1984); Campinas (1986); Belo
Horizonte (1986); Curitiba (1987); São Luís (1987);
Bauru (1988); no bairro do Tatuapé, em São Paulo
(1988); Ribeirão Preto (1989), dentre outros.
Após o Culto do Paraíso de 1985, alguns repre-
sentantes dos conselhos deliberativo e fiscal via-
jaram em caravana à Sede Geral no Japão para
participar das reuniões do Concílio de Renovação
da Igreja. Durante os relatórios prestados a Itsuki
Okada, Líder Espiritual, e à direção no Japão, o
reverendo Pedro Partezan (1924-2011) foi o por-
ta-voz dos messiânicos brasileiros e solicitou per-
missão para construirmos no Brasil um santuário
para cultuar os antepassados.
Sobre este momento histórico para nossa Igre-
ja, o reverendo Tetsuo Watanabe relembrou, no
Jornal Messiânico de outubro de 1989: “Em junho
ença de 51.464 pessoas
de 1985, todos os membros do Conselho Delibe-
rativo da IMMB foram ao Solo Sagrado do Japão
e lá se encontraram com a Líder Espiritual. O mi-
nistro Pedro Partezan, que sempre teve a ideia
de obter permissão para a construção do Altar
dos Antepassados, ao pedir a autorização à Líder
Espiritual, esta respondeu: ‘Precisamos construir
não apenas o Templo Sagrado de Guarapiranga e
sim o Solo Sagrado do Brasil, que se tornará pon-
te para a difusão mundial’. Todos nós levamos
um susto, mas ficamos contentes.”
Para a terceira visita de Itsuki Okada ao Brasil,
em setembro de 1985, foi edificado em Guarapi-
ranga um altar provisório inspirado no Santuário
Komyo do Solo Sagrado de Hakone. Por ocasião
dessa viagem missionária, nele foi celebrado o

Altar provisório é construído no Solo Sagrado

EDIÇÃO ESPECIAL – NOVEMBRO 2020 | 5


SECRETARIA DE HISTÓRICO

são territorial e mistura for-


midável de muitos povos do
mundo inteiro, é realmente
grandiosa. Tomei conheci-
mento de que, junto com o
Templo, estão com o forte
desejo de construir o Templo
dos Antepassados. Na Obra
Divina, não há nada mais im-
portante do que receber a
proteção do Mundo Espiritu-
al. Será a terra natal dos seus
ancestrais, cujas origens se
ligam ao mundo inteiro.”
No dia 17 de setembro,
enquanto todos ainda vibra-
vam com as emoções do dia
15, Itsuki Okada fez uma visi-
Membros do Conselho Deliberativo se encontram com Itsuki Okada,
ta ao terreno com membros
no Japão
da diretoria da IMMB. Com a
Culto Especial em comemoração dos 50 anos de chegada do anoitecer, ela dirigiu-se para próximo
fundação da Igreja e dos 30 anos de difusão no do Altar e de lá, voltada para a represa, avistou
Brasil. No dia 15 de setembro de 1985, 51.464 um pequeno incêndio que teve início na mata
membros do Brasil e de outros países da América da pequena ilha bem em frente ao local em que
Latina lotaram o terreno, ainda inóspito, em um estavam. Observando o fogo, Itsuki Okada disse,
gesto de fé e devoção. apontando para cada local com determinação:
Em suas palavras, a Líder Espiritual afirmou: “Fogo, água, terra. Isto é um kata (modelo) revela-
“Creio de todo coração que a missão concedida do por Deus. Aqui é a terra escolhida por Meishu-
ao Brasil, que tem esplêndido povo, ampla exten- -Sama para construir o Solo Sagrado.”
Definitivamente este foi o ponto de partida para
transformar o terreno em Guarapiranga no Pro-
tótipo do Paraíso Terrestre no Brasil. Já no ano
seguinte, seriam organizadas as primeiras comis-
sões de construção.

Jornal
Messiânico
de maio
de 1985 dá
destaque
às novas
construções Construção do Edifício Mokiti Okada, em São Paulo

6 | EDIÇÃO ESPECIAL – NOVEMBRO 2020


25 anos do Solo
Sagrado de Guarapiranga

Soa o martelo
da dedicação!
Formação das Comissões
e o Lançamento da Pedra
Fundamental

N
Revmo. Tetsuo Watanabe dirige-se aos membros
durante Culto de Lançamento da Pedra Fundamental

a matéria anterior, depois da meia-noite, inclusi-


você conheceu ve com todos os reverendos.1”
como se desenvol- Paralelamente, a fim de
veu a “Campanha de Constru- envolver ministros, missioná-
ção” no início da década de rios e membros com Guara-
1980 até a autorização para piranga e o Solo Sagrado que
construção do Solo Sagrado se planejava construir, foi
pela Líder Espiritual, Itsuki providenciado, em 1987, um
Okada, durante a visita mis- alojamento com capacidade
sionária de 1985. para atender 42 pessoas. As-
Após o Culto Comemora- sim sendo, pequenos grupos
tivo de 50 anos de Fundação de ministros e membros de
da Igreja Messiânica Mundial todo o País passaram a per-
e de 30 anos de Difusão no manecer por períodos de cer-
Brasil realizado no terreno de Membros fazem dedicação no altar ca de uma semana em conta-
Guarapiranga, em 1985, fo- provisório de Guarapiranga to com a atmosfera espiritual
ram formadas, no ano seguin- do local, realizando os cultos
te, em São Paulo e no Rio de Janeiro, comissões de diários, fazendo dedicações de jardinagem, assis-
profissionais e técnicos cuja tarefa inicial consistia tindo a palestras e participando de estudos.
em estudar os Ensinamentos de Meishu-Sama re- O relato da sra. Irene Passebon Joaquim, publi-
lativos à construção dos Solos Sagrados do Japão. cado no Jornal Messiânico de fevereiro de 1988, é
A engenheira Evelyna Bloem Souto, messiânica a perfeita expressão do sentimento que envolvia
que participou regularmente dos encontros da cada membro que dedicava em Guarapiranga.
equipe técnica desde as primeiras reuniões, con- “Sinto-me como uma pioneira de Meishu-Sama,
ta que, apesar da longa carreira profissional que quando construía os Solos Sagrados do Japão. É
incluía trabalhos importantes assim que passei a me sentir
como o metrô de São Paulo, ao chegar a Guarapiranga.
barragens, aeroportos, todos Por morar em Tucuruí [PA],
eram “inexperientes na con- sentia o protótipo muito dis-
cepção de uma obra de tal tante, mas agora não, ele
porte. Buscávamos a chama está em meu coração.”
que acendesse o entusiasmo Em relação ao desenvolvi-
de todos, pois é o que ocorre mento dos trabalhos técni-
em uma obra de criação, o cos, o Plano Divino evoluía
momento do ‘eureka’. Tínha- gradualmente com a cons-
mos reuniões todos os fins de Mesa-redonda durante aprimoramento tituição da equipe dos en-
semana, algumas acabavam no Solo Sagrado genheiros e arquitetos que

1. Trecho extraído do livro “Edificação do Solo Sagrado de Guarapiranga”, editado pela Secretaria de Histórico da IMMB
(no prelo).

EDIÇÃO ESPECIAL – NOVEMBRO 2020 | 7


melhor atenderia aos requisitos do tem-
plo do Solo Sagrado.
Com essa aprovação, em 17 de se-
tembro de 1989, foi celebrado o Culto
de Lançamento da Pedra Fundamental
pelo presidente mundial da IMM, Rev-
mo. Yasushi Matsumoto, com a presen-
ça de 12.000 pessoas no terreno de Gua-
rapiranga. Na ocasião, foram plantados
uma cerejeira e um ipê, representando o
Revmo. Matsumoto profere palestra no Culto da Pedra
Fundamental Japão e o Brasil. Segundo o Revmo. Mat-
sumoto, tal como essas árvores, a Igreja
desenvolveriam os projetos do Solo Sagrado. Foi Messiânica deveria desenvolver-se conjuntamen-
a engenheira Evelyna que apresentou à diretoria te, nos dois extremos do globo terrestre.
da IMMB importantes profissionais como o enge- Em sua palestra, o presidente Matsumoto falou
nheiro Olinto Dantas e o arquiteto e professor da sobre o objetivo de conclusão da construção do
USP, Sylvio Sawaya. Solo Sagrado no prazo de três anos e convidou
Por conhecer bem o ambiente agnóstico da aca- os membros a dobrar o número de messiânicos,
demia, Sawaya teve a iniciativa de realizar inicial- relacionando a expansão da Igreja no Brasil com
mente um curso de pós-graduação em “Arquite- a difusão mundial da fé messiânica.
tura do Sagrado”, na Faculdade de Arquitetura e “Para quem ama o Brasil, construir nesta terra
Urbanismo da USP. Ao término, 19 alunos apre- o Solo Sagrado é um empreendimento que repre-
sentaram seus trabalhos que, reunidos, compuse- senta o maior orgulho. Este Plano Divino é algo
ram uma exposição itinerante que passou, entre que Deus, onipotente e onisciente, havia concebi-
fins de 1987 e início de 1988, pelo campus da FAU do desde o início dos tempos. E, já na criação do
e pela Sede Central da IMMB e, posteriormente, mundo, Ele estabeleceu a terra de Guarapiranga
seguiu para o Solo Sagrado de Atami, no Japão. como lugar sagrado. E, a cada vez que aqui levan-
Dos 19 projetos, a Igreja escolheu quatro e con- tarmos o martelo da nossa dedicação, voltados
tratou seus autores: Sylvio de Barros Sawaya, Mar- para a concretização do Paraíso Terrestre, este
celo Fragelli, Teru Tamaki e Ubirajara Gilioli. A estes local se encherá de vibração divina, tornando-se
arquitetos foi solicitado apresentar anteprojetos o Solo Sagrado para a humanidade.”
para o templo do Protótipo do Paraíso. Os quatro Com o Culto de Lançamento da Pedra Funda-
estudos preliminares foram expostos, inclusive por mental, os messiânicos brasileiros ganharam
meio de maquetes, em 30 de setembro de 1988, nova e grandiosa missão: construir o protótipo do
em uma nova mostra na Sede Central. No início de Paraíso no Brasil como importante passo para a
novembro, os quatro anteprojetos foram levados expansão mundial do Johrei e dos Ensinamentos
ao Japão e apresentados à direção da Igreja, que de Meishu-Sama. Guarapiranga seria o Solo Sa-
selecionou o projeto de Sylvio Sawaya como o que grado do Brasil para a humanidade.

8 | EDIÇÃO ESPECIAL – NOVEMBRO 2020


25 anos do Solo
Sagrado de Guarapiranga

A “arquitetura do sagrado”
O primeiro projeto
arquitetônico

C onheceremos detalhes da
elaboração do projeto arqui-
tetônico do templo e os pri-
meiros trabalhos técnicos realizados
no terreno de nosso Protótipo do Pa-
raíso Terrestre de Guarapiranga.
A construção de um Solo Sagrado
era uma obra inédita, até mesmo para
os profissionais envolvidos. Deste
modo, o curso de pós-graduação em
“Arquitetura do sagrado” da USP soli-
citou que um representante da Igreja
Messiânica esclarecesse aos alunos
os aspectos fundamentais da doutri-
na messiânica e o significado da con-
cepção do fundador,
Meishu-Sama, acerca
do Paraíso Terrestre e
a construção de seus
protótipos. A tarefa siânica no Brasil e no
coube ao reverendo Japão. A apresenta-
Léo Rodrigues de Al- ção dos trabalhos por
meida (1923-1997), as- seus autores à Comis-
sessor do gabinete da são de Construção
presidência na época. da IMMB resultou na
Segundo o arquiteto e Aspectos do primeiro projeto do templo, que possuía conversa sobre arqui-
professor Sylvio Sawa- cobertura tetura, que Sawaya
ya, que coordenava o classificou como “das
curso, “ele ousou en- mais agradáveis e pro-
frentar o ambiente universitário, muitas vezes fundas” das quais pôde participar em sua carreira
avesso às questões mais sutis, mais sagradas. profissional.
Usando a nossa linguagem que, muitas vezes, Após escolhido o melhor projeto, tiveram início
desconhece essas coisas, e com maestria soube os levantamentos topográficos que fundamen-
transmitir a mensagem e o desejo da Igreja Mes- tariam a implantação do projeto arquitetônico
siânica a todo aquele ambiente universitário.” do templo e seriam a base para a elaboração do
A grande contribuição deste curso, porém, vi- planejamento de paisagismo. Àquela altura, a edi-
ria da sugestão do ministro Mario Cezar Ribeiro ficação do templo era a prioridade da Comissão
de Souza (1954-2011) para que se realizasse a já de Construção. O paisagismo e as demais edifica-
mencionada exposição dos 19 trabalhos de con- ções eram projetados como etapas para realiza-
clusão no formato de uma exposição itinerante ção posterior.
que passou pela Faculdade de Arquitetura e Ur- Do projeto de Sawaya, um dos aspectos prin-
banismo da USP e dependências da Igreja Mes- cipais era a grande torre sobre o altar de Deus.

EDIÇÃO ESPECIAL – NOVEMBRO 2020 | 9


SECRETARIA DE HISTÓRICO

nhões) seriam removidos pela terraplenagem


para formar uma montanha atrás do altar. O que
parecia um ônus, foi interpretado pelo reverendo
Hitoshi Nishikawa (1941-2013), então presiden-
te da Subcomissão de Difusão, como um ganho,
pois passaria a existir a “Montanha Sagrada” para
proteger o altar de Deus, dando a impressão de
o templo estar encravado na montanha e não no
topo do terreno.
O reverendo Masahito Ono, presidente da Sub-
comissão de Construção, comentou a respeito de
uma segunda necessidade: “A localização original
do Altar da Imagem de Deus foi modificada para
que, também em Guarapiranga, ele fique situado
em uma edificação à parte, seguindo o exemplo
Agosto de 1989, o Revmo. Watanabe e profissionais
técnicos visitam Guarapiranga do Templo Messiânico do Solo Sagrado de Atami,
a Terra Celestial.”
Segundo ele, como elemento vertical, ela promo- À medida que progrediam os estudos, o pro-
veria equilíbrio com o restante do projeto, que jeto do templo cresceu em complexidade com
era estritamente horizontal. “Esse eixo vertical é a previsão de diversas instalações auxiliares.
chamado tradicionalmente de centro do mundo Segundo relatou à época o arquiteto Sawaya, o
(axis mundi) e, em todas as culturas, ele represen- templo teria a capacidade para 4.000 pessoas
ta a ligação do mundo terreno com o céu.” Existia sentadas, 2.800 na plateia e 1.200 no mezanino.
a orientação para que, no solstício de verão do Haveria um subsolo com área útil de 7.800 m²
Hemisfério Sul, fenômeno que ocorre em data para abrigar as atividades de apoio e a infraes-
próxima ao natalício do fundador, a luz solar in- trutura administrativa.
cidisse diretamente através da torre no centro do A primeira fase de sondagens do terreno, rea-
altar. Por essa razão, além da preocupação com lizada no final de março de 1989 objetivou con-
a direção de sua entrada principal, havia atenção firmar a existência e a profundidade de lençóis
especial quanto à posição da torre de 71 metros freáticos e o tipo de solo, bem como definir o tipo
de altura. ideal de fundação para os edifícios que seriam
Após a apreciação do anteprojeto pela direção construídos. Considerado, por exemplo, apenas o
da Igreja na Sede Geral, no Japão, foram necessá- anteprojeto de cobertura do templo, foi estima-
rias algumas alterações. Uma delas foi justamen- do que a estrutura de aço somaria 500 toneladas.
te a direção da entrada principal do templo. Ape- Contudo, os resultados colhidos nos testes de
sar desta precisar ser alterada, a nova orientação sondagem foram os mais animadores possíveis,
em nada afetou a posição da torre. Esta alteração, pois as condições do terreno eram ideais.
porém, gerava a necessidade de um corte maior No final de 1989, as condições de execução
no terreno. da obra foram reavaliadas pela Comissão de
Cerca de 200.000 m³ de terra (40.000 cami- Construção.

À proporção que o projeto era detalhado, iniciou-se a sondagem do terreno

10 | EDIÇÃO ESPECIAL – NOVEMBRO 2020


25 anos do Solo
Sagrado de Guarapiranga

O projeto já estava
definido por Meishu-Sama

Início do reflorestamento no Solo Sagrado de Guarapiranga

Paisagismo e início do
reflorestamento

N a última matéria, você conheceu deta-


lhes do primeiro projeto arquitetônico
do Templo e os primeiros trabalhos
técnicos e de sondagem. Na presente edição,
abordaremos o início do trabalho de refloresta-
mento e o desenvolvimento do projeto paisagís-
Croquis do projeto paisagístico do arquiteto Andrés Tomita

xa. Daí a necessidade de dispor-se de mais tempo


tico, bem como a reavaliação da obra em virtude para o término adequado da obra.”
da complexidade da edificação do Templo. Em contrapartida, no início de 1990, o reveren-
No decorrer de 1989, à medida que era deta- do Tetsuo Watanabe se reuniu com o arquiteto
lhado o projeto do Templo, este crescia em com- Andrés Tomita, professor da Universidade Fede-
plexidade. Por esta razão, em meados do ano, a ral do Rio de Janeiro, contratado para desenvol-
Comissão de Construção previu que sua inaugu- ver o conjunto paisagístico do Solo Sagrado. Ficou
ração seria adiada. A edição 199 do Jornal Mes- definida como diretriz básica de trabalho a cons-
siânico (p. 6) publicou: “Quanto à obra principal trução de jardins da forma mais natural possível
– o Templo – definiu-se para 1992 o término do e que visasse à vivificação do ecossistema local.
Altar, da Nave e da subnave. Assim, a inaugura- O arquiteto assim se expressou em entrevista
ção, prevista inicialmente para 1991, somente concedida à Secretaria de Histórico da IMMB em
ocorreria no ano seguinte. Isto se deve ao fato de 17 de julho de 2004: “Desde pequeno tive forma-
que, quando foi estabelecida a inauguração para ção xintoísta e conheci a Igreja Messiânica Mundial
1991, previa-se apenas o Altar e uma cobertura quando fiz a jardinagem da Igreja Rio de Janeiro.
simples para a Nave. Com o desenvolvimento dos Encantou-me bastante esse ritual de reverência e
estudos, esta construção foi ficando mais comple- culto aos antepassados. [...] Sinto que fui um co-

EDIÇÃO ESPECIAL – NOVEMBRO 2020 | 11


SECRETARIA DE HISTÓRICO

essa descoberta. As medidas foram fechando, não


somente no plano material, mas no numerológico
também. Quantas horas à procura dessa essência!”
O plantio de mudas de arvores frutíferas havia
sido iniciado após a cerimônia de Lançamento da
Pedra Fundamental para a recomposição da co-
bertura vegetal.
No primeiro semestre de 1990, o plano de re-
cuperação da reserva florestal avançava. Messi-
ânicos brasileiros eram convidados a enviar se-
mentes e mudas para o plantio em Guarapiranga.
Em abril, técnicos do Instituto Florestal, Seção de
Ecologia Florestal, visitaram o terreno atendendo à
assinatura de convênio entre a Igreja e a Secretaria
Reunião da Comissão de Construção Estadual do Meio Ambiente. Eles inspecionaram e
acompanharam o andamento da recuperação da
adjuvante, um instrumento de algo muito maior reserva florestal, identificaram diversas espécies
do que na época poderia entender. Fui conduzido, vegetais da Mata Atlântica e receberam solicitação
guiado, orientado por uma força espiritual impon- sobre as espécies arbóreas que poderiam ser se-
derável. Quando conheci o projeto me encantou meadas no reflorestamento da área ciliar (orla).
essa ideia de construir um espaço que contribui No entanto, é com a chegada do arquiteto An-
com a espiritualidade. Esse sempre foi um sonho drés Tomita que os jardins do Solo Sagrado de

meu, só não sabia como concretizá-lo.” Guarapiranga passaram a tomar forma concreta.
Tomita conta que, enquanto buscava estabele- Em setembro, o anteprojeto paisagístico foi con-
cer as linhas gerais do projeto paisagístico, teve cluído e feita a locação topográfica das diversas
um sonho com o Fundador. “Meishu-Sama me áreas. O conjunto abrangia uma área de 200.000
entregava umas formas de metal circulares e me m², o que tornava o local o maior jardim particular
dizia: ‘Você vai precisar disso’. As três de tamanhos do País e talvez da América Latina, harmonizando
diferentes flutuavam no ar como pizzas pequena, a beleza natural e a criação artística. Três praças
média e grande. [...] De início, porém, não conse- principais eram a marca principal do projeto.
guia resolver no papel. Mas em meia hora de con- Em outubro, tendo em vista o início imediato
versa com o Sylvio Sawaya, aquilo se transformou do paisagismo, os encarregados das dedicações
em três praças: Terra, Lua [água] e Sol [fogo]”. em Guarapiranga ouviram uma apresentação
Tal como Sawaya, que projetara o templo, Tomita sobre o conjunto paisagístico e participaram da
percebeu que algo misterioso conduzia os traba- limpeza do terreno e plantio de árvores. Nessa
lhos. Nesta mesma entrevista concedida à Secre- ocasião, eles ficaram entusiasmados com a par-
taria de Histórico, ele afirmou: “Acredito que tudo ticipação do paisagista Tomita, plenamente inte-
já estava definido, mas encoberto, definido num grado com os encarregados e pronto para res-
plano imponderável e nosso puro empenho era ponder às dúvidas.

12 | EDIÇÃO ESPECIAL – NOVEMBRO 2020


25 anos do Solo
Sagrado de Guarapiranga

Reprodução de matérias do JM sobre o inicio do reflorestamento


no Solo Sagrado

O conjunto paisagístico foi aprovado pela Co- ca brasileira ocorridas a partir de março daquele
missão de Construção em dezembro e, nos dias ano. Entretanto, houve uma grande motivação de
15 e 16 do mesmo mês, foi iniciada a arborização ordem espiritual – o sonho que o reverendíssimo
da orla com o plantio de 283 árvores. A dedica- Tetsuo Watanabe teve na véspera do Culto do Iní-
ção foi realizada por 267 membros das cidades de cio da Primavera, em fevereiro, no Solo Sagrado
Campinas, Santo Amaro e Rio Claro, todas locali- de Atami. Este assunto, você conhecerá em nossa
zadas no Estado de São Paulo. próxima matéria.
Durante o ano de 1990, a Igreja passou a dar
maior ênfase ao trabalho paisagístico. Isso se 4 Para assistir ao vídeo, acesse:
deveu, parcialmente, a implicações financeiras https://izunometv.messianica.org.br/vi-
decorrentes de mudanças na política econômi- deo?id=415606525

Membros em dedicação de plantio de árvore

EDIÇÃO ESPECIAL – NOVEMBRO 2020 | 13


SECRETARIA DE HISTÓRICO

Um sonho capaz de transformar


todo o projeto

O Revmo. Watanabe orienta um novo caminho para a


construção do Solo Sagrado

A dedicação dos membros


e a mudança no projeto

O tempo de execução da edificação


do Templo já havia sido revisto pela
Comissão de Construção no final de
1989. Contudo, no ano seguinte, diante do novo
cenário econômico no País, as condições finan-
ceiras da Igreja para garantir a obra diminuíram
cedendo a todo suposto impedimento material à
construção.
Na noite do dia 1º de fevereiro de 1990, na cida-
de de Atami, no Japão, o reverendíssimo Tetsuo
Watanabe teve um sonho que assim descreveu:
“Eu estava num templo orando. Havia uma torre
significativamente. Há, no entanto, uma motiva- bem alta e pilares imponentes em volta ligados
ção que já se processava no plano espiritual, pre- na parte superior por um anel. Realmente, me

Reverendo Léo
Rodrigues de
Almeida, que
associou o
templo com o
qual o Revmo.
Watanabe
sonhou à
Revmo. Watanabe orienta na assembleia de maio de 1990 Stonehenge

14 | EDIÇÃO ESPECIAL – NOVEMBRO 2020


25 anos do Solo
Sagrado de Guarapiranga

senti em sintonia com a Natureza, pois o teto era nentes, o reverendo Léo Rodrigues de Almeida,
o céu e a beleza natural, as paredes. Havia tam- saiu da sala e retornou trazendo uma fotografia
bém uma grande escada que conduzia ao interior de um templo chamado Stonehenge, considera-
do templo.” do o mais antigo santuário ocidental da humani-
Assim que acordou no dia seguinte, desenhou dade, localizado na Inglaterra.”
o templo antes que pudesse esquecer seus de- A grande semelhança percebida pelos presen-
talhes. Ele conta que logo pensou que aquele se- tes entre o desenho do presidente Watanabe e
ria um sinal de Deus e Meishu-Sama, mostrando as fotos de Stonehenge, da enciclopédia apresen-
como deveria ser o templo do Solo Sagrado de tada pelo reverendo Léo, desfez todas as resis-
Guarapiranga. Àquela altura, o projeto desenvol- tências, fossem às mudanças de projeto em que
vido por Sylvio Sawaya já estava pronto, sendo já aguardavam as propostas de orçamento para
tomadas as providências junto a empresas para execução ou à ideia de construir-se um templo ao
a apresentação de suas propostas de orçamento ar livre, sem paredes e teto e, por consequência,
para execução. suscetível às intempéries naturais.
Em maio, quando o reverendíssimo retorna Anos depois, o próprio arquiteto Sylvio Sawaya
ao Brasil, reverendos e ministros da Comissão relatou à Secretaria de Histórico a proposta apre-
de Construção do Solo Sagrado já demostravam sentada pelo reverendíssimo: “O esboço estava
certa preocupação em virtude das decorrências muito bem-feito, lembrava as colunatas romanas
do austero plano econômico adotado pelo gover- e, além de simplificar todo o projeto, englobava
a ideia inicial, gerando pequeno custo e
grande benefício”. Com simplicidade e
sem vaidade, continuou: “É mais impor-
tante você ser o autor de alguma coisa
ou ajudar a todo um processo acontecer?
Se for um exercício de autoafirmação do
artista, o autor é fundamental, mas se
for a procura de sentimentos, explicita-
ção de valores etc., poder participar do
processo é muito mais importante.”
Naquele mesmo dia, 3 de maio de
1990, ficou definido que seriam criadas
novas plantas arquitetônicas para o tem-
plo com base no esboço do presidente.
Ao mesmo tempo, os projetos executi-
Templo de Stonehenge, Grã-Bretanha vos contratados até então tiveram de ser
rescindidos e foram feitos novos proje-
no federal em março daquele ano. O confisco de tos e contratos.
aplicações em poupança com o congelamento A construção, todavia, não parou. Com a tarefa
de saldo afetava o planejamento para as obras. de cada membro plantar uma árvore no Solo Sa-
Diante desse cenário, no dia 2 de maio, em reu- grado, teve início uma grande campanha que en-
nião com a Comissão de Construção, o Revmo. volveu messiânicos de todo o Brasil na execução
Watanabe lançou um novo desafio: “Cada mem- do paisagismo de Guarapiranga.
bro deverá plantar uma árvore em Guarapiranga
e acompanhar, no seu crescimento, o crescimen-
to da própria fé” – e definiu que, dali em diante,
o empenho maior na construção deveria ser o
projeto de paisagismo, permitindo aos membros
uma participação direta, fundamental para que a
força da natureza, aliada ao bom sentimento, ge-
rasse energia divina para direcionar os projetos.
Na mesma mensagem ele disse: “160 mil árvores
em Guarapiranga” – este era o número total de
membros na época.
No dia seguinte, ele apresentou à Comissão de
Construção o esboço que havia feito após o so-
nho que tivera em fevereiro, no Japão. Ele disse:
“Quando mostrei para a comissão de construção, Novo projeto do templo é apresentado aos
todos ficaram admirados, pois um dos compo- membros no Jornal Messiânico de novembro de 1990

EDIÇÃO ESPECIAL – NOVEMBRO 2020 | 15


SECRETARIA DE HISTÓRICO

2º Congresso Internacional de Jovens: estão prontas para serem erguidas


as colunas do Solo Sagrado e da difusão mundial

O jovem é o futuro
da Igreja Revmo. Tetsuo Watanabe
palestra para os jovens

Os jovens, a construção tre do Brasil fora alicerçada em duas tarefas rece-


bidas pelos messiânicos durante a Cerimônia de
do Solo Sagrado Lançamento da Pedra Fundamental, em 1989. O
e a difusão mundial reverendo Tetsuo Watanabe enfatizou a missão
dos messiânicos brasileiros na difusão mundial

A
do Johrei e dos Ensinamentos de Meishu-Sama.
Ele afirmou: “Temos o desejo de, até 1992, so-
mar 300 mil membros. Assim sendo, teremos até
pós a mudança ocorrida no projeto lá três mil membros que irão realizar a difusão
do Templo do Solo Sagrado de Guara- mundial.” Neste sentido, destacou a importância
piranga, a partir do sonho do então o da formação de jovens com esta capacidade, pois
presidente da IMMB, reverendo Tetsuo Watanabe “o jovem é o futuro da Igreja” (Jornal Messiânico,
(1940–2013), no início do ano de 1990 e pelas cir- nº 206, fev. 1990, p. 4).
cunstâncias político-econômicas do País que tive- O reverendo Watanabe e os demais pioneiros
ram impacto sobre a construção, deu-se priorida- que, muito jovens, deixaram o Japão para difundir
de ao projeto de reflorestamento e paisagismo. a fé no Brasil, eram exemplos concretos do tra-
A concretização do Protótipo do Paraíso Terres- balho missionário que impulsionou a juventude

16 | EDIÇÃO ESPECIAL – NOVEMBRO 2020


25 anos do Solo
Sagrado de Guarapiranga

levar o Johrei ao mundo, o reverendo Watanabe


orientou os 3.000 jovens presentes ao Seminário
Nacional de Líderes Jovens: “Todos querem fazer
difusão mundial. Só que se não consigo salvar,
primeiramente uma família, um bairro, uma ci-
dade, um estado, que dirá um País! Para salvar
o mundo é preciso começar salvando uma única
pessoa. Tornando-a feliz”! (JM, nº 236, ago. 1992,
p. 7).
Deste modo, a construção dos Solos Sagrados,
de Guarapiranga no Brasil e de Kyoto no Japão,
possuía, segundo matéria do Jornal Messiânico,
“a mesma finalidade: propiciar a difusão mundial
da fé messiânica e a formação do elemento hu-
mano para a expansão da Luz Divina a todas as
nações”. Segundo o jornal, “desde 1991, quando
os trabalhos no Solo Sagrado do Brasil foram ace-
lerados, a Obra de Meishu-Sama vem ganhando
Alegria estampada em cada sorriso espaço no mundo. Naquele ano foram lançadas,
pelas mãos de jovens ministros e membros bra-
messiânica no período da construção do Solo Sa- sileiros, sementes da fé na Bolívia, Uruguai, Ve-
grado do Brasil. Com o propósito de promover a nezuela, Chile, Colômbia, Guiana Francesa, Costa
formação e aprimoramento espiritual dos jovens, Rica e Angola. Isso aconteceu em apenas um ano!
a IMMB promoveu, a partir de 1991, uma série de Graças à dedicação dos brasileiros na construção
seminários, que foram destaque no Jornal Messi- de Guarapiranga!” (JM, no. 231, mar. 1992, p. 5).
ânico na época. Esta tarefa ficou clara para os 50 mil jovens
O “Seminário Nacional de Jovens, que começou messiânicos dos 30 países que participaram do 2º
este ano em Curitiba (PR), passou por Brasília (DF) Congresso Internacional de Jovens realizado em
e Belo Horizonte (MG), foi encerrado no Rio de Ja- 25 de julho de 1993, em Guarapiranga. Naquele
neiro (RJ) nos dias 19 e 20 de outubro. Mais de dia, em sua orientação, o reverendo Watanabe
dois mil jovens, vindos de todo o País, lotaram a destacou a importância dos jovens que, ao longo
Igreja Itabaiana, sob a responsabilidade do Rev. da história da humanidade, promoveram grandes
Mitsuaki Manabe. O evento visou à formação do revoluções, mudanças e importantes invenções e
jovem messiânico para o século 21, tendo em vis- descobertas. Depositou nos jovens messiânicos
ta a difusão mundial e o fortalecimento da chama a responsabilidade de se tornarem pessoas que,
do ideal de Meishu-Sama: o Paraíso Terrestre” alicerçando a fé em Deus e cultivando o amor al-
(JM, no 227, nov. 1991, p. 7). truísta, participassem ativamente da construção
Aqueles que viveram aquele momento da ex- de um novo mundo. Ele contagiou os presen-
pansão da Igreja no Brasil puderam partilhar com tes com o propósito de concretizarem o Paraíso
o reverendo Tetsuo Watanabe
seu sonho de difundir mun-
dialmente os Ensinamentos de
Meishu-Sama. Este foi o tema
principal de suas orientações
voltadas aos jovens que, ao mes-
mo tempo que participavam da
construção do Solo Sagrado de
Guarapiranga, representavam a
possibilidade de ampliação da
Obra Divina por outros conti-
nentes.
Em julho de 1992, nos dias 25
e 26, dividindo sua vontade de

Seminário de Líderes Jovens de


1992 no Anhembi, São Paulo/SP

EDIÇÃO ESPECIAL – NOVEMBRO 2020 | 17


SECRETARIA DE HISTÓRICO

Capas do Jornal Messiânico enfatizam o 2º Congresso


Internacional de Jovens de 1993

Terrestre. “John Len- Sagrado de Guarapi-


non afirmou, na letra ranga haviam avançado
de ‘Imagine’, não ser o no plano paisagístico e
único a sonhar com um de edificações auxilia-
mundo de paz, frater- res como o atual audi-
nidade, felicidade. Nos- tório 1, o alojamento
sa tarefa é tornar esse principal e o refeitório.
mundo real. Sonhos? A construção do Tem-
Temos concretizado plo, porém, ainda esta-
muitos deles: construir va em fase inicial. Para
o nosso Solo Sagrado, o evento, fora prepara-
a própria realização do do um Altar provisório,
Congresso, a nossa par- no qual a imagem da
ticipação cada dia mais Luz Divina ficou entro-
ativa na difusão mun- nizada por apenas três
dial dos Ensinamentos Culto do início da construção do Templo, 30/09/1993 dias. Ao subir a Escada-
de Meishu-Sama. E cada ria Arco-Íris, já era pos-
nova meta nos dá asas, nos impulsiona rumo a sível deslumbrar-se com as fundações dos pilares
novas conquistas” (JM, no. 248, ago. 1993, p. 3). e do santuário de Deus, que estavam concluídas.
Em um dos momentos mais emocionantes do As obras de construção teriam, no entanto, início
evento, em uníssono, todos repetiram inúmeras oficialmente em 30 de setembro de 1993, com a
vezes o lema conclamado pelo reverendo: “Força, celebração do Culto do Início da Construção do
ação. Meishu-Sama é união.” Templo.
No dia seguinte, houve um mutirão com a par- Já havíamos concluído os alicerces não apenas
ticipação de 2.500 membros de diversas nacio- do Solo Sagrado de Guarapiranga, mas da fé dos
nalidades. As delegações estrangeiras plantaram messiânicos brasileiros para difundir mundial-
150 árvores de diversas espécies que, hoje, sim- mente o Johrei. E isso ocorria através de missio-
bolizam a importância de Guarapiranga para a fé nários e ministros que partiam do local imbuídos
messiânica no âmbito mundial. Após a dedicação, do desejo cultivado por nossos pioneiros.
foi realizada uma grande confraternização com Para assistir ao vídeo da construção do Solo Sa-
boa comida e música. grado de Guarapiranga, acesse:
Na oportunidade em que foi realizado o Con- h t t p s : / / i z u n o m e t v . m e s s i a n i c a . o r g . b r / v i -
gresso Internacional de Jovens, as obras do Solo deo?id=436872176

18 | EDIÇÃO ESPECIAL – NOVEMBRO 2020


25 anos do Solo
Sagrado de Guarapiranga

Praticando o donativo
e dedicando com as
próprias mãos

Seguindo a diretriz dedicando com as próprias mãos

A participação ativa dos novas formas de divulgar a parentes, amigos e


conhecidos, o significado e a importância dessa
membros na construção grande missão que recebemos da Líder Espiritu-

O
al” (JM, nº 200, ago. 1989, p. 7).
Ainda nessa edição, o Jornal Messiânico desta-
cou iniciativas de diversas unidades religiosas do
sonho do então presidente da IMMB, Brasil que, reunindo a comunidade messiânica,
reverendo Tetsuo Watanabe, teve a objetivavam gerar recursos para a construção do
força de modificar não somente o Solo Sagrado de Guarapiranga. Uma delas, mui-
projeto arquitetônico do templo do to interessante, denominou-se “Campanha do
Solo Sagrado de Guarapiranga, mas Saco de Cimento”. A inciativa
também a vida de muitas pessoas. da Casa de Difusão São Gon-
Segundo o Jornal Messiânico, a çalo no Rio de Janeiro consistiu
construção do Solo Sagrado de em motivar o maior número
Guarapiranga era um tesouro para de membros a participar da
a fé dos messiânicos. “Definida construção do Solo Sagrado por
pelo presidente Tetsuo Watanabe meio de seu sincero donativo.
como uma oportunidade única na No entanto, “a participação não
vida missionária, a participação se faz através da doação de um
ativa na construção do primeiro saco de cimento, propriamente
Protótipo do Paraíso Terrestre dito, mas da quantia equivalente a
no Ocidente está movimentan- um donativo especial”. À época da
do todos os messiânicos. Além matéria, havia mais de 400 mem-
da prática da fé, que vem sendo bros envolvidos na campanha.
intensificada em todos os sen-
tidos, muita gente está usan- Matéria do JM sobre eventos
do a criatividade e inventando das igrejas pelo Brasil

EDIÇÃO ESPECIAL – NOVEMBRO 2020 | 19


SECRETARIA DE HISTÓRICO

JM destaca os mutirões
no Solo Sagrado

porque muitas pessoas eram humildes, não ti-


nham dinheiro; mas se empenhavam de coração.
[...] Com a campanha, houve membros que foram
para a rua vender bala no trem; outros venderam
sua bicicleta. Era um sentimento! Lembro que,
quando inaugurou o Solo Sagrado, vi uma cena
que me emociona até hoje. Uma pessoa de nossa
igreja estava abraçada aos pilares dizendo: ‘Gra-
ças a Deus, meu tijolinho está aqui!’”1
Esta lembrança está presente também na me-
mória da professora de ikebana Iara Teresinha
de Souza, membro do Johrei Center Ilha do
Governador, Igreja Vila da Penha, no Rio de Ja-
neiro: “Uma doação muito inspiradora foi a do
donativo do tijolo. Desenhamos uns tijolos no
envelope, e foi muito lindo ver a gratidão de to-
dos [os membros] ao colocarem seus donati-
vos nos mesmos e irem ao Altar para ofertar”.
Mais agitada que a própria construção em
si, que ocorria em Guarapiranga, estavam
as igrejas pelo País. São quase infinitos os
exemplos encontrados: bazares, bingos, fes-
O tas dançantes, dentre tantas outras iniciativas.
objetivo, po- Ainda no JM de agosto de 1989, por exemplo,
rém, era atingir a doação equi- foi noticiado que “a Igreja Regional Brasília (DF)
valente a 64.800 sacos até o ano de 1991. promoveu, no dia 14 de julho, um animado Bingo
Foram iniciativas como esta que mobilizaram Dançante, que aconteceu no Clube da Aeronáuti-
muitos membros e frequentadores, criando de- ca. A renda obtida foi destinada à campanha de
safios e oportunidades para participarem da construção do Protótipo do Paraíso Terrestre no
construção. Foram numerosos os esforços indi- Brasil. Ao evento, compareceram mais de 1.000
viduais de messiânicos, que, com criatividade, pessoas entre membros, sociedade brasiliense e
encontravam formas de também materializa- autoridades ligadas às embaixadas de várias na-
rem a gratidão mesmo em condições financei- ções” (JM nº 200, ago. 1989, p. 7).
ras adversas. Já a unidade Vila Mariana, em São Paulo/SP, re-
Esta dedicação sincera transformou o destino alizou, em 12 de outubro de 1991, o 1º Festival
de muitas famílias, conforme o ministro pionei- das Nações prestigiado com a presença de cerca
ro Newton de Souza nos relata a participação de oito mil pessoas que se divertiram “com shows
dos membros dos quais cuidava na época. “Eu musicais, danças folclóricas, sorteios, exposições
era responsável da Igreja Guadalupe no Rio de de ikebana e cerâmica, bingo, mágico e barracas
Janeiro. Havia cinco unidades ligadas a ela. Lá, de sete países. A liderança da festa ficava a cargo
a campanha foi difícil. Tivemos muitos desafios, do responsável da Igreja, reverendo Koji Saka-
moto, e a organização, da reverenda Sirlene de
Convite de evento em prol da Almeida Souza (1936-2004)”2. Este evento passou
construção do SSG a marcar o calendário anual de atividades pro-
movidas pela Igreja em São Paulo, sempre com o
objetivo de contribuir para com a construção do
Solo Sagrado.
Estes eventos eram feitos com sinceridade e fé
que ocorriam orações pedindo permissão antes
das reuniões de preparação para que tudo fosse
realizado com harmonia e respeito à finalidade

1. Entrevista concedida à Secretaria de Histórico em 2 de julho


de 2019.
2. JM nº 227, nov.1991, p. 13.

20 | EDIÇÃO ESPECIAL – NOVEMBRO 2020


25 anos do Solo
Sagrado de Guarapiranga

O Festival das Nações que marcou o calendário de atividades da Igreja em São Paulo

do evento. O foco não era a festa, mas sim a obra vívio no dia a dia e pela felicidade crescente que
do Solo Sagrado de Guarapiranga. E geralmente isso nos proporciona”5.
no dia subsequente ao evento, era feita nova ora- As dedicações marcaram a história de fé de
ção de agradecimento pela missão cumprida3. muitos messiânicos e suas famílias, conforme
É fundamental notar que, no início de 1990, o demonstra o depoimento abaixo sobre estes mo-
País passou por um plano de mudança econômica mentos vividos em Guarapiranga.
e que os altos índices de inflação não eram fato- “Houve um final de semana em que se realizou
res favoráveis à execução de tão arrojado projeto. um mutirão. Choveu muito. Vieram de Curitiba
No entanto, era graças à sincera gratidão vivida 22 caminhões com placas de grama São Carlos.
pelos messiânicos que Guarapiranga foi adquirin- Cada dedicante transportava duas placas por vez.
do forma e vida, fosse por meio da dedicação mo- Faziam-se duas a três filas que iam do caminhão
netária ou pela dedicação com as próprias mãos, até o local de plantio. Cerca de quatro dedicantes
como estava expresso na própria diretriz da Igreja ficavam sobre o caminhão e iam retirando as pla-
do ano de 1991: “Participar da construção do Solo cas de grama e entregando à primeira pessoa da
Sagrado do Brasil, encaminhando novas pessoas fila que estava embaixo.
e formando membros, praticando o donativo de Apesar da chuva, todos dedicavam alegres e
construção, dedicando com as próprias mãos é o com muito amor. Próximo do local do plantio, as
caminho da nossa salvação.” placas eram empilhadas. Tinha-se o cuidado de
A participação dos messiânicos em atividades não empilhar muito alto, pois corria-se o risco
de reflorestamento e paisagismo ganhou cara de desmoronar. [...] Após o plantio era espalha-
nova com a realização de grandes mutirões que da terra de barranco peneirada sobre as placas.
reuniram milhares de pessoas em um único dia Era molhada com pipa atrelada ao trator, porém
de atividade. O primeiro deles ocorreu em 16 de como era insuficiente, muitas vezes os dedicantes
julho de 1992 e contou com a participação de iam até a represa para apanhar água com baldes
mais de 3.000 pessoas, dentre elas o vice-presi- para completar a irrigação. Mesmo chovendo in-
dente da IMMB, reverendo Katsumi Yamamoto tensamente, os dedicantes não arredavam pé,
(1933-2012), que encerrou o mutirão com uma continuando a tarefa até o fim”6.
oração no local onde estava sendo erguido o A alegria, a gratidão e a sinceridade foram
Templo Messiânico4. plantadas em nosso Solo Sagrado por cada mem-
O ministro Shigueru Akiba (1953 - 2005), um dos bro que lá dedicou. Esta, certamente, é a força
entusiastas dos mutirões e da dedicação de plan- espiritual capaz de transformar a vida dos que lá
tio, comentou na época: “Temos dedicado junto dedicam.
com nossas esposas e filhos com o sentimento
voltado para todos os membros a nós ligados e 4 Para assistir ao vídeo sobre a primeira etapa da
a toda a comunidade messiânica brasileira. Essa construção do Solo Sagrado de Guarapiranga, acesse:
é a forma de manifestar nossa gratidão a Deus https://izunometv.messianica.org.br/vi-
e Meishu-Sama e a todos os membros pelo con- deo?id=445261719

3. Depoimento concedido por Iara Teresinha de Souza, membro da Igreja Vila da Penha, Johrei Center Ilha do Governador, cidade do
Rio de Janeiro.
4. JM 237, set 1992, p. 6.
5. JM 237, set 1992, p. 7.
6. Depoimento de Abílio Alves da Costa, de São José do Rio Preto/SP, no livro “A edificação do Solo Sagrado”, da Secretaria de Histórico
da IMMB, no prelo.

EDIÇÃO ESPECIAL – NOVEMBRO 2020 | 21


SECRETARIA DE HISTÓRICO

Com as “pedras no caminho”,


a construção do Protótipo do
Paraíso
Vista panorâmica do Solo Sagrado de Guarapiranga
durante a construção, em 1995

Segunda fase do trabalho


paisagístico

R elembrando o esforço empreendido por


ministros, membros e frequentadores de
todo o Brasil que dedicaram de corpo e
alma na construção do Solo Sagrado de Guara-
piranga, não podemos esquecer as centenas de
funcionários que, com o suor de seu trabalho, de-
Professor Tsutomu Kasai junto
ao reverendíssimo Tetsuo Watanabe

um Solo Sagrado é preciso uma beleza indescri-


tível, um Belo que nasça do coração e isso está
plenamente visível aqui. Se eu puder colaborar
positaram em nosso Protótipo do Paraíso o sen- ficarei feliz.1”
timento de amor e gratidão a Deus e a Meishu- Pesquisador do autêntico estilo de jardins ja-
-Sama pela permissão de participarem desta poneses, ele apresentou uma nova concepção
construção. Para tanto, vamos conhecer melhor para o trabalho com pedras, cursos e lâminas
o artístico ofício dos profissionais de paisagismo d’água. Em dezembro de 1993, já estava con-
que participaram, sobretudo, dos trabalhos em cluída a base da torre principal do templo e, na
pedra como o lago das carpas, os cursos e as que- reunião da Comissão de Construção com o pre-
das d’água. sidente Watanabe, foi estudada, dentre outros
Indicado pelo reverendíssimo Tetsuo Watanabe projetos, a forma estética mais harmônica do
em 1992, o professor paisagista Tsutomu Kasai, paisagismo em frente ao Templo. Foram apre-
da Faculdade de Arquitetura de Shimizu-Japão, sentados três anteprojetos: construção de dois
veio em maio daquele ano acompanhar de per- lagos sendo um deles com 1.400 m² e volume de
to o paisagismo e ficou impressionado com o en- 800.000 L; duas cortinas d’água de 2 m de altura
tusiasmo dos dedicantes. Na época, ele disse ao e 60 m de extensão ao final do Caminho do Pa-
Jornal Messiânico: raíso, e um córrego desta cortina até a marquise
“Me emocionei com a força e energia das pesso- 2, escoando 460 m³ de água através de quatro
as que querem construir este Solo Sagrado com bombas de recalque2.
sua dedicação pessoal. Para tranquilizar o cora- Segundo Kasai relatou anos depois: “Para a im-
ção e purificar o sentimento das pessoas como plantação e o início do projeto, o primeiro pro-

22 | EDIÇÃO ESPECIAL – NOVEMBRO 2020


25 anos do Solo
Sagrado de Guarapiranga

fazer no Solo, lembro que parava no viaduto e fi-


cava olhando a equipe de paisagismo trabalhan-
do no Lago das Carpas. Inicialmente fiquei atraído
com o guindaste. Para mim, que nunca havia feito
trabalho pesado, ver seu movimento erguendo as
pedras me encantou. [...] Quando retornei à mi-
nha cidade, tive uma conversa com o reverendo
Miguel Lopes, que me perguntou o que eu tinha
achado da dedicação em Guarapiranga e falou
que estava me preparando para o seminário. Eu
respondi: ‘O seminário, eu não quero; mas gosta-
ria de dedicar no Solo. Quero trabalhar lá’. E ape-
sar de na época ser muito franzino, vim para o
Solo Sagrado com a certeza de querer trabalhar
Escolha de material em pedreira em 25/7/1994 no grupo do paisagismo.”
Hoje, pouco mais de vinte e cinco anos após
blema que me preocupou muito foi a falta de este primeiro contato, Luciano afirma: “Sinto que
recursos humanos. Não havia pessoal com trei- devo meu desenvolvimento como ser humano a
namento suficiente para desenvolver as técnicas este grupo de 23 paisagistas, assim como meu
projetadas. Entretanto, com o passar do tempo, crescimento espiritual e minha convicção de fé,
esse problema foi sendo solucionado e, para de- que ocorreu também nessa época.3”
senvolver o trabalho, foram aparecendo pessoas E foram os grandes trabalhos com pedras que
que se mostraram muito competentes.” melhor marcaram os projetos desenvolvidos pe-
Neste grupo de aprendizes de paisagismo, es- los profissionais japoneses e sua equipe. Em 22
tão profissionais como Marcos Luciano Lopes da de março, toneladas delas foram movimentadas
Silva, ainda hoje funcionário do Solo Sagrado de para o acabamento dos lagos e cursos d’água, es-
Guarapiranga. Ele relata seu encanto pelo traba- forço que mereceu os cumprimentos e o incenti-
lho com pedras que conheceu durante uma se- vo do presidente Watanabe, que solicitou: “Espe-
mana de dedicação de que participou no ano de ro que vocês aprendam a unir a arte do homem
1994, em Guarapiranga: à beleza da natureza e possam se tornar grandes
“Aos dezessete anos, após pedir exoneração no paisagistas.4”
serviço público e ainda sem saber o que faria da Como destacado pelo Jornal Messiânico (edição
vida, em fevereiro de 1994, vim para o Solo Sagra- 258, jun. 1994, p. 8), muitas pedras também vie-
do. Durante uma semana de dedicação que vim ram do “Mutirão das Pedras”, realizado, em 1º de

Com o trabalho do guindaste, a força e a sensibilidade dos paisagistas, é construído o Lago das Carpas

1. Jornal Messiânico nº 234


2. Jornal Messiânico nº 253 e nº 254
3. Depoimento concedido durante o “Encontro de profissionais que trabalharam na Construção do Solo Sagrado de Guarapiranga”,
realizado nos dias 20 e 21 de novembro de 2019, pela Secretaria de Histórico e Divisão de Comunicação, TV Izunome e SEDOMM.

EDIÇÃO ESPECIAL – NOVEMBRO 2020 | 23


SECRETARIA DE HISTÓRICO

servir, cresceu em todos a consci-


ência da importância de participar
da construção e, no culto de maio,
todos foram a São Paulo e parti-
ciparam do culto mensal da Sede
Central para agradecer a permis-
são recebida.5”
O ineditismo do projeto em exe-
cução em Guarapiranga trazia à
equipe de técnicos vinda do Japão
uma preocupação adicional: traba-
lhar de modo que os aprendizes
brasileiros de paisagismo pudes-
sem especializar-se para depois
dar continuidade à manutenção do
projeto a longo prazo.
Em depoimento registrado pela
Revmo. Watanabe no encontro com equipe de jovens do
paisagismo em agosto de 1994 Secretaria de Histórico da Igreja
Messiânica Mundial do Brasil, em
abril, por 250 jovens do Rio de Janeiro. Os dedi- 23 de agosto de 2005, o responsável pela equi-
cantes buscaram pedras que foram aplicadas ao pe se expressou sobre estes desafios enfrenta-
lado do mirante do lago da rotatória, como parte dos na ocasião: “Todo esse processo foi gerando
do conjunto paisagístico dos Lagos de Carpas. O uma grande mudança em meu próprio interior
ministro Marcos Lopes da Silva, à época respon- e acabei passando a achar que essa dificuldade
sável da Casa de Difusão Santa Cruz, coordenou a de relacionamento foi a melhor coisa que pode-
dedicação e conta como foi: ria ter acontecido. Digo isso porque era fato que
“O paisagista Kimura veio ao bairro de Campo as pessoas não sabiam como trabalhar, mas ao
Grande no Rio de Janeiro à procura de pedras de mesmo tempo, também havia nelas uma grande
rio de tamanho pequeno. A unidade Santa Cruz vontade, um desejo ardente de aprender e re-
fez um mutirão e fretou um caminhão de 5 tone- alizar algo. Esse interesse é que facilitou tudo.
ladas. Ao ver o material, o paisagista Kasai ficou Os paisagistas aprendizes de Guarapiranga pa-
inspirado e solicitou mais pedras. Convidamos as reciam crianças que aprendiam tudo o que era
unidades Vila da Penha, Rocha Miranda, Bangu, ensinado, como um deserto que absorve toda a
Jacarepaguá e Guadalupe, pois tinham grupos água nele jogada. [...] podíamos ver [em todos]
de jovens bem atuantes e precisávamos reunir uma fisionomia, uma postura e vontade de tra-
desta vez 14 toneladas. Aproveitando um feria- balhar que normalmente não se vê na sociedade
do levamos cinco ônibus e dois caminhões que em geral”.
se dividiram em dois grupos [...]. O material foi O Jornal Messiânico, edição 262, publicou de-
descarregado ao lado da unidade de Itaguaí e de- poimentos de alguns daqueles jovens aprendizes
pois transportado a Guarapiranga por outros ca- como o que se segue: “Tornei-me membro em 92.
minhões fretados pelos membros [...]. Com esse Embora tivesse achado a religião interessante,

Inauguração do lago das carpas da rotatória em Com o anel do Templo ainda em construção,
24/4/1994 mutirão de dedicação em 25/9/1994

24 | EDIÇÃO ESPECIAL – NOVEMBRO 2020


25 anos do Solo
Sagrado de Guarapiranga

Aspectos da
construção dos lagos
do espelho dágua

foi a união do pessoal que mais me tocou, por


ser algo difícil de encontrar hoje em dia. Inte-
riormente, mudei bastante. Usava drogas, mas
consegui superar o problema me concentrando
no trabalho e no Servir. Isso me lembra outro
ponto em que mudei muito: antes, fazia meu
trabalho sem sentimento algum. Hoje, faço
tudo com muito amor, visando o benefício das
pessoas” (JM, 262, out. 1994, p. 9).
No encontro de profissionais que trabalha-
ram na construção do Solo Sagrado de Guarapi-
ranga, realizado nos dias 20 e 21 de novembro
de 2019, pela Secretaria de Histórico e Divisão
de Comunicação, TV Izunome e SEDOMM6, Sér-
gio Francisco de Barros, ainda hoje paisagista
em Guarapiranga, recordou um milagre que re- de vendas [...]; ao chegarmos lá, o funcionário do
cebeu nesse período da construção. Durante um bar falou: ‘Oh, pipoqueiro, vocês têm sorte’. Per-
ano e meio, ele dedicou integralmente em Guara- guntei o porquê e ele respondeu: ‘Veja o ponto de
piranga. Nem sempre dispunha de alojamento e, ônibus!’ Na noite anterior, um motorista perde-
por vezes, chegou a dormir no carro para, no dia ra o controle, e o veículo tinha passado por cima
seguinte, ser um dos primeiros a chegar para as do ponto, local onde estaríamos. Compreendo
atividades. “Nesse período, eu adquiri um carri- que para eles era sorte, mas para mim aquela foi
nho de pipoca e, todo final de semana, de sexta a uma grande proteção que recebemos de Deus e
domingo, eu vendia pipoca à noite. Esta foi uma Meishu-Sama. Acredito que esta força e proteção
graça que me possibilitou servir durante este que envolviam a mim e a minha família vinham
tempo, pois garantiu meu sustento. da oportunidade de participar da construção do
Certa vez tive um milagre relacionado a esse Solo Sagrado.”
carrinho. Eu o montava sempre entre 9 e 10 horas Com a liberdade que a licença poética permi-
da noite em frente a um bar noturno. Era um sá- te, parafraseando Fernando Pessoa, foram com
bado, após a dedicação, e eu passei no Alojamen- as “pedras no caminho” que esta equipe se de-
to da Colina e acabei adormecendo às 19 horas dicou à construção, não de um castelo, mas do
e só acordei no dia seguinte. Quando voltei para sagrado Protótipo do Paraíso para a salvação da
casa, perguntei a meu pai se ele havia ido em meu humanidade. A edificação do templo caminhava
lugar, pois dividíamos o trabalho. Ele me disse para sua conclusão, e a comunidade messiânica
que também havia adormecido e não tinha ido preparava-se para o tão esperado momento da
vender pipoca. Fomos então para nosso ponto inauguração.

4. Jornal Messiânico nº 259


5. Depoimento no livro “A edificação do Solo Sagrado”, da Secretaria de Histórico da IMMB, no prelo.
6. A sigla SEDOMM significa Secretaria de Documentação e Memória Messiânica.

EDIÇÃO ESPECIAL – NOVEMBRO 2020 | 25


SECRETARIA DE HISTÓRICO

Chegou o
grande momento:
a inauguração do Solo
Sagrado
A Cerimônia de
Entronização e os Cultos
de Inauguração

O grande momento solene da inaugu-


ração: 9 de novembro de 1995. Marco
histórico para os messiânicos e para
a Igreja Messiânica Mundial do Brasil. Nesse dia,
às 20 horas, foi celebrada a Cerimônia de Entro-
nização das Imagens de Deus e Meishu-Sama. Em
Em torno de 4.500 pessoas participam da oração
de consagração

As Imagens de Deus e Meishu-Sama foram tra-


zidas do Japão por uma comitiva de ministros ofi-
seguida, foi realizada a Consagração do Santuário ciantes. A cerimônia se iniciou com o traslado das
dos Antepassados com o assentamento dos es- Imagens pelos dirigentes da Igreja no Brasil lade-
píritos dos antepassados dos membros brasilei- ados por oficiantes que vestiam paramentos litúr-
ros, que materializaram o sonho de assentar os gicos japoneses. Na presença de cerca de 4.500
ancestrais em sua morada no Brasil. O ritual foi pessoas, as Imagens foram levadas até o Templo
dirigido pelo então responsável do Gabinete de por um cortejo de reverendos e ministros, repre-
Liturgia da Sede Geral do Japão, reverendo Hideo sentantes de todo o Brasil e do exterior, ao longo
Sakakibara1. de um caminho demarcado por tocheiras que ilu-

26 | EDIÇÃO ESPECIAL – NOVEMBRO 2020


25 anos do Solo
Sagrado de Guarapiranga

No dia 11, entre os 42.000 participantes, estive-


ram presentes autoridades civis e militares, como
o governador do Estado e o prefeito da cidade de
São Paulo, além de 600 caravanistas de 24 países.
Somando-se as frequências dos dias 15 e 18, a
participação nos três cultos teve 120.500 pessoas.
Tamanha emoção e felicidade eram também
sentidas pelos antepassados dos messiânicos
pela concretização do Solo Sagrado de Guarapi-
ranga conforme relata Madalena Melo do Amaral,
membro da cidade de Campo Grande/MS:
“Sendo membro há vinte anos, passei pelo des-
tino de, em um ano, perder pai, mãe, marido e
uma neta. Durante o período das obras de Gua-
rapiranga, esforcei-me ao máximo nas dedica-
ções, mas sempre queria saber como estavam
meus antepassados. Participei da campanha do
donativo especial sem pedir nada para mim, só
queria ter a permissão de ir à inauguração. Minha
nora, que estava inativa há algum tempo, desper-
tou e sentiu vontade de me acompanhar. Pensei
Revmo. Tetsuo Watanabe realiza ofertório
muito em meus antepassados durante a viagem
de gratidão
e, quando o ônibus ia estacionando na platafor-
minavam a noite serena e silenciosa. ma, olhei pela janela e vi meus pais juntinhos,
Envolvidos por uma aura de fé e gratidão, os esperando para me recepcionar. Emocionada, fui
participantes acompanharam os procedimentos descer do ônibus e desviei o olhar para o degrau,
litúrgicos e, após a entronização da Imagem de mas quando olhei de novo, eles haviam sumido.
Deus, o Templo foi iluminado. Durante as orações Imediatamente agradeci a mensagem que espe-
e a cerimônia, os presentes se sentiram envolvi- rava havia dez anos e senti que meus antepassa-
dos por um clima indescritível e, em seu agrade- dos estavam bem e tendo a permissão de servir
cimento, o então presidente da IMMB, reverendo à Obra Divina.2”
Tetsuo Watanabe, afirmou: Para a realização dos cultos, milhares de de-
“Quero agradecer a todos os messiânicos que dicantes, entre membros e frequentadores, se
se empenharam de corpo e alma para a concre- mobilizaram ocultamente. Dentre eles, exemplos
tização desta obra. Hoje é a
partida para uma nova etapa.
A hora chegou! Como instru-
mentos de Meishu-Sama e
como sacerdotes da salvação
vamos, a partir de hoje, con-
cretizar o sonho de nosso que-
rido Mestre Meishu-Sama” (JM,
no. 275, nov. / dez. 1995, p. 11).
Para o Culto de Inaugura-
ção, aberto para a comunidade
messiânica e a sociedade, era
esperado um grande público.
Por essa razão, para recepcio-
nar membros, frequentadores
e familiares com segurança e
conforto, foram oficiados três
cultos nos dias 11, 15 e 18 de
novembro com as participações
do presidente mundial da Igreja
Messiânica, reverendo Yasushi
Matsumoto (1923 – 2002), e do
presidente, reverendo Tetsuo Oficiantes vindos do Japão celebram a consagração do Santuário dos
Watanabe (1940 – 2013). Antepassados

EDIÇÃO ESPECIAL – NOVEMBRO 2020 | 27


SECRETARIA DE HISTÓRICO

concretos de altruísmo, como este relato de supe- em fotografias cedidas pela direção da IMMB,
ração e fé: “Antes de ser messiânico, eu era uma eles criaram quadros inspirados nas paisagens do
pessoa que só acreditava no que via e fisicamen- Solo Sagrado do Brasil. As obras originais foram
te sofro de problemas renais. No dia 17 de no- doadas pelos artistas e compõem, hoje, o acervo
vembro, estava inscrito para dedicar no grupo do da Igreja.
trânsito. Contudo, à tarde, no trabalho, comecei Um último prédio seria edificado em Guarapi-
a sentir fortes dores nos rins que, quando come- ranga após a inauguração: o Centro Cultural. Com
çavam, duravam várias horas. Voltei para casa no projeto assinado pelo arquiteto Nelson Badra,
horário normal, mas a cólica renal continuou au- sua conclusão ocorreu em setembro de 1997, re-
mentando e telefonei para minha esposa dizendo servando seu espaço especialmente para a salva-
que talvez não conseguisse dedicar. Ela me acal- ção por meio do Belo.
mou e disse que eu conseguiria. Sozinho, pensei A missão do Solo Sagrado está perfeitamente
firmemente: ‘Vou sim, isto deve ser um desafio expressa na saudação que o reverendo Tetsuo
para eu não me desviar do meu objetivo’. Dali em Watanabe dirigiu aos messiânicos, na ocasião:
diante, as dores foram amenizando e, no horário “Já somos 300 mil missionários e mais de 2 mi-
marcado, às 21h30, recebi um telefonema do co- lhões de adeptos que professam a doutrina mes-
lega que me buscaria dizendo que partiríamos só siânica ou com ela simpatizam. O Santuário que
às 22h30, dando-me mais tempo para melhorar. acabamos de inaugurar é fruto desse esforço
Fomos para Guarapiranga e, quando estávamos despojado, sincero e repleto de gratidão de todos
fazendo a oração de abertura da dedicação, per- os messiânicos brasileiros. Sinto-me muito feliz e
cebi que já não estava sentindo mais nada. Até orgulhoso de estar aqui para agradecer-lhes do
dei cambalhotas nas brincadeiras do grupo de fundo do coração.
tão bem que estava.” Foram os senhores que edificaram esta obra.
Para esses dedicantes, foi realizado um culto Este santuário é a prova concreta da capacidade,
especial de agradecimento no dia 19 de no-
vembro, seguido de uma confraternização
na Praça da Felicidade com 3.000 partici-
pantes.
Como expressão mais singela do Belo pre-
conizado por Meishu-Sama, seria impossí-
vel citar a inauguração do Solo Sagrado sem
mencionar a brilhante participação do Coral
Messiânico, atual coral Mokiti Okada. As ce-
rimônias contaram com a harmônica com-
posição de 300 vozes de 24 grupos de corais
do Brasil.
Os pintores Manabu Mabe, Kazuo Wa-
kabayashi e Inimá de Paula eternizaram a
inauguração de nosso Protótipo do Paraíso,
com as cores de suas pinceladas. Inspirados

Revmo. Tetsuo Watanabe contagia os


messiânicos com palavras de gratidão
e incentivo nos cultos de inauguração

Obras de arte criadas pelos artistas Manabu Mabe, Kazuo Wakabayashi e Inimá de Paula, inspiradas pelo Solo
Sagrado de Guarapiranga

28 | EDIÇÃO ESPECIAL – NOVEMBRO 2020


25 anos do Solo
Sagrado de Guarapiranga

da energia, da confiança, da disposição e da


boa vontade dos messiânicos brasileiros.
Esta construção não é somente para nós.
Queremos dedicá-la ao povo brasileiro, a
todas as nações, certos de que aqueles
que aqui chegarem reconhecerão que
o amor altruísta é a base para a criação
de um Mundo Ideal. Queremos continu-
ar crescendo e aprimorando para poder
servir mais ainda aos outros países, pro-
vando ao mundo que a salvação da huma-
nidade vai partir do Brasil e das mãos dos
brasileiros.
Adaptando as palavras do presidente
John Kennedy3, quero dizer-lhes o seguin-
te: ‘Não perguntemos o que os outros países po-
derão fazer pelo bem do Brasil, mas sim o que
nós, brasileiros, podemos fazer para sermos úteis
a todos os países do mundo’” (JM, nº 275, nov. /
dez. 1995, p. 3).
Este espírito altruísta, essência que permeou a
dedicação de milhares de pessoas ao longo dos
vinte e um anos da construção, da aquisição do
terreno à inauguração, é a vida do Solo Sagrado
de Guarapiranga.

Inauguração marca nova fase da Obra Divina no Brasil

1. JM 275.
2. Depoimento registrado no livro “Edificação do Solo Sagrado de Guarapiranga”, Secretaria de Histórico da IMMB.
3. John Kennedy foi o 35º presidente dos Estados Unidos (1961 – 1963).

EDIÇÃO ESPECIAL – NOVEMBRO 2020 | 29


SECRETARIA DE HISTÓRICO

A importância do Solo
Sagrado de Guarapiranga
para a sociedade

A preservação e
recuperação do meio
ambiente

N esses 25 anos, o Solo Sagrado


estende sua importância não
apenas aos messiânicos, mas
à sociedade em geral, devido, principal-
mente, às ações voltadas para o cuidado
com o meio ambiente.
O Solo Sagrado está situado na Zona
Sul da cidade de São Paulo, em um lo-
cal de grande relevância ambiental, pois
está inserido no bioma da Mata Atlântica Vista da represa que serve ao abastecimento de água de São Paulo
e às margens da represa Guarapiranga,
que dá nome ao Protótipo do Paraíso Terrestre ritária para conservação.
do Brasil. A preservação e a recuperação da Mata Atlânti-
Reduzida a menos de 8% de sua área original, a ca são de grande importância para os seres huma-
Mata Atlântica é um dos biomas mais ameaçados nos, uma vez que contribuem diretamente para a
de extinção do mundo e, por isso, é considerado melhoria na qualidade de vida da população. Isso
um hotspot, isto é, uma área natural com eleva- se dá, acima de tudo, por intermédio dos serviços
do grau de devastação e fragmentação, em que prestados pela natureza nessas áreas. Esses ser-
esses fragmentos abrigam espécies raras de ani- viços ecossistêmicos podem ser de fornecimento
mais e plantas, caracterizando-se como área prio- de alimentos, água e outros recursos naturais.

30 | EDIÇÃO ESPECIAL – NOVEMBRO 2020


25 anos do Solo
Sagrado de Guarapiranga

Há, também, os serviços de regulação do clima, de cinco milhões de pessoas. As ações de reflo-
polinização, purificação da água e o controle bio- restamento realizadas pelo Solo Sagrado contem-
lógico de pragas e doenças. Os cientistas afirmam plaram também a recuperação de nascentes, por
que proteger áreas de floresta pode evitar a ocor- meio da mata ciliar, que é a cobertura vegetal às
rência de novas pandemias como a causada pela margens de rios, olhos d’água e represas. As ma-
Covid-19, por exemplo. tas ciliares permitem aumentar a produção da
O Solo Sagrado de Guarapiranga possui mais água e manter sua qualidade.
de 320 mil metros quadrados com significati- Pensando no uso consciente de um recurso
va reserva florestal em área de Mata Atlântica e natural tão importante como a água, o Solo Sa-
tem o compromisso de preservá-la. Além disso, grado possui sistemas de captação de água das
o local recuperou uma extensa área que estava chuvas nas marquises, refeitórios, alojamentos e
degradada, quando foram plantados milhares na Nave. Além disso, o piso intertravado possui
de árvores durante a primeira fase da sua cons- suaves cortes que possibilitam uma melhor dre-
trução. Muitos membros tiveram a oportunidade nagem do solo e, desse modo, a água das chu-
de participar do plantio conforme se pôde veri- vas é escoada para a represa, por meio da escada
ficar em nossas matérias das edições anteriores hidráulica, que serve também como uma barrei-
da Revista Izunome. “Ao serem iniciadas as obras ra aos resíduos vegetais que escoam por canos
do Solo Sagrado do Brasil, a área de 327 mil me- subterrâneos. É uma escada de cimento com uma
tros quadrados tinha apenas 20% de mata. Esse grade para filtrar eventuais detritos e diminuir a
percentual foi aumentado para 50%” (JM, no. 270, velocidade e o impacto sobre a represa, principal-
jun. 1995, p. 2). mente quando chove.
Segundo o ministro Hiroshi Ota, gestor da Se- Apesar desta não ter sido, à época, uma exigên-
cretaria de Agricultura Natural e Paisagismo do cia para a execução das obras, a Igreja optou pela
Solo Sagrado de Guarapiranga, nos últimos cin- construção de uma estação elevatória para reco-
co anos, este trabalho ganhou novamente ênfase lher e bombear o esgoto do Solo Sagrado sete
tendo sido plantadas 1.415 árvores de espécies quilômetros até integrar a rede pública de sane-
como cerejeira, sibipiruna, ipê, quaresmeira, sa- amento da Sabesp (Companhia de Saneamento
pucaia e mais de 16.500 pés de arbustos e plantas Básico do Estado de São Paulo).
perenes como minimanacá, azaleia, camélia, hor- As ações para evitar a poluição se estendem
tênsia, lavanda, lírio, íris, primavera etc. ainda no tratamento adequado dos resíduos sóli-
Além de preservar ecossistemas naturais de dos. O Solo Sagrado realiza a coleta seletiva des-
grande relevância ecológica para a humanidade, de 1995. É feita a triagem desses resíduos que,
o Solo Sagrado tem um cuidado especial com a depois, são comercializados para empresas da
represa Guarapiranga, que é região, seguindo para a recicla-
a segunda maior reserva de gem.
água da Região Metropolita- Os resíduos orgânicos do re-
na de São Paulo, responsável feitório são tratados por um sis-
pelo abastecimento de cerca tema de biodigestão, tecnologia

Participantes do seminário
Em 4 de junho de 2006, ocorreu “Represa de Guarapiranga: 100
Plantio de árvore por o evento “Abraço simbólico na anos em busca de sua harmonia”,
representantes religiosos represa de Guarapiranga” realizado em 2006

EDIÇÃO ESPECIAL – NOVEMBRO 2020 | 31


SECRETARIA DE HISTÓRICO

Materiais descartados são enviados para reciclagem e escada hidráulica protege a represa de detritos

desenvolvida pela Korin Meio Ambiente, por meio entorno do local. O trabalho ambiental do Solo
do qual em 24 horas se verifica uma redução de Sagrado é referência e, por essa razão, institui-
cerca de 90,9% de seu volume, e o material resi- ções de ensino, de pesquisa e do poder público
dual é reutilizado como composto para horta ou realizam visitas frequentes para conhecimento e
jardinagem dentro do próprio Solo Sagrado. aprendizado.
Há, igualmente, um modelo de construção susten- Com a missão de servir à sociedade e ao meio
tável no Solo Sagrado, o Alojamento da Colina, que ambiente, o Solo Sagrado é um exemplo real de
foi apresentado na edição 145 da Revista Izunome. respeito ao divino, integrando o ser humano e
Além de educar seus visitantes pelo exemplo, o a Grande Natureza. Este legado abre caminhos
Solo Sagrado promove ações de conscientização para, no futuro, ser contada a trajetória de outros
ambiental junto à sociedade e aos moradores do 25 anos de vida e de serviço prestados ao planeta.

E sta matéria é fruto da colaboração da mes-


siânica Fabiana Barbi Seleguim. Desde a
inauguração em 1995, ela começou a participar
camp, em 2002, com ênfase em sociologia am-
biental. Depois, fez mestrado em ciência am-
biental pela USP e doutorado em ambiente e
das caravanas mensais de limpeza e conserva- sociedade pela Unicamp. Desenvolveu pesqui-
ção do Solo Sagrado com os membros do seu sas na York University (Canadá), Fudan Universi-
Johrei Center. ty (China) e San Francisco State University (EUA).
“Fazíamos a limpeza dos banheiros, alojamen- Atualmente, é pesquisadora de pós-doutorado
tos, orla, pórtico, estacionamento dos ônibus; no Núcleo de Estudos e Pesquisas Ambientais
enfim, onde fosse preciso. Impressionava-me o (Nepam) da Unicamp.
cuidado que se tinha com a represa de Guara- Em vinte anos de dedicação, Fabiana observa
piranga. Não podíamos deixar nenhum papel- como a postura do Solo Sagrado em relação ao
zinho no chão, pois isso poderia poluir a água. meio ambiente transformou as atitudes de to-
Sem contar a separação do lixo e a reciclagem, dos que passam por lá: “No início da dedicação,
algo que nunca tinha visto até então. A primeira em 1995, encontrávamos embalagens, papéis e
vez que plantei uma árvore foi no Solo Sagrado, bitucas de cigarro no chão e no estacionamento
no programa de recuperação das nascentes. dos ônibus. Com o passar do tempo, a mudan-
Todo esse cuidado com o meio ambiente que ça foi nítida. Hoje é quase impossível encontrar
aprendi despertou em mim o interesse em tra- lixo no chão. O Solo Sagrado é um exemplo
balhar na área ambiental.” para toda a sociedade de como cuidar do meio
Assim, ela formou-se em sociologia pela Uni- ambiente com respeito e amor”, conclui.

32 | EDIÇÃO ESPECIAL – NOVEMBRO 2020


25 anos do Solo
Sagrado de Guarapiranga

A Cerimônia de
Consagração
do Solo Sagrado
Itsuki Okada, terceira Líder Espiritual
de Guarapiranga
A alegria de Sandai-Sama na consagração
do Solo Sagrado de Guarapiranga

A pós as cerimônias de entronização da


Imagem da Luz Divina e de inaugura-
ção do Solo Sagrado de Guarapiranga,
em novembro de 1995, celebramos os Cultos de
Consagração em outubro de 1998.
Desde a aquisição do terreno em 1974, passando
No dia 8 de outubro, Sandai-Sama, com sua co-
mitiva, acompanhada de reverendos e ministros
da Igreja Messiânica Mundial do Brasil, passeou
por Guarapiranga. Era seu primeiro contato com
nosso Solo Sagrado desde sua última visita em
setembro de 1985. Desejando saber sua impres-
pela autorização da edificação de um Solo Sagrado são sobre possíveis pontos a serem adequados
em 1985, a trajetória desta construção como pro- em Guarapiranga para que de fato fosse um
tótipo do Paraíso Terrestre contou com as visitas Protótipo do Paraíso tal como os idealizados por
da filha de Meishu-Sama, Itsuki Okada, a terceira Meishu-Sama, no Japão, o então presidente da
Líder Espiritual, ao Brasil. Assim sendo, relatare- IMMB, reverendo Tetsuo Watanabe, pediu-lhe
mos sua última visita ao nosso País, em 1998, para que os orientasse durante o passeio.
celebrar, nos dias 10 e 11 de outubro, os Cultos de Segundo o JM (no 306, out./nov. de 1998, p. 3) “um
Consagração do Solo Sagrado de Guarapiranga. dos momentos especiais do passeio foi quando

EDIÇÃO ESPECIAL – NOVEMBRO 2020 | 33


SECRETARIA DE HISTÓRICO

ela percorreu o caminho ladeado pelas lâminas A atmosfera do Templo, a nave, que é cerca-
d’água, nas proximidades do Templo. A Líder Es- da por essas imensas colunas e tem o céu como
piritual não conseguia disfarçar sua admiração teto, o Caminho do Paraíso, que nos conduz ao
pela beleza do local, valorizada pela paisagem Templo, tudo é maravilhoso. Fiquei muito emo-
magnífica da represa, que de lá se descortina”. cionada ao percorrer o Caminho do Paraíso. O
A visita terminou no lago das carpas, onde Itsuki som da queda d’água, a pureza que nos invade
Okada, dirigindo-se aos presentes, disse: “Não a alma quando passamos pelos espelhos d’água.
precisa mudar nada! Sinto que tudo aqui foi cons- Todo o Solo Sagrado expressa claramente o
truído pelas mãos de Meishu-Sama. Neste Solo princípio da ultrarreligião, característica da Igre-
Sagrado estão reunidos os três Solos Sagrados do ja Messiânica Mundial. Sua beleza harmônica,
Japão – Atami, Hakone e Kyoto. Só Meishu-Sama primor e elevação espiritual não ficam nada a
seria capaz disso.” dever ao Solo Sagrado do Japão” (JM 306, out. /
Nos dias 10 e 11 de outubro, o Solo Sagrado de nov. 1998, p. 8).
Guarapiranga recebeu cerca 103.000 pessoas de Após a cerimônia religiosa, a filha de Meishu-Sa-
todos os estados brasileiros e de 26 países: da Ásia ma e sua comitiva foram aclamadas pelos messi-
– Japão, Síria e Líbano; da Europa – Portugal, Itália, ânicos que lotavam a orla da represa e em coro
Grécia, Alemanha, França, Áustria, Espanha, Holanda repetiam: “Sandai-Sama, cadê você? Eu vim aqui
e Inglaterra; da América do Norte – Estados Unidos e só para te ver”. Nos dois dias de culto, ela percor-
México; da América Central – Cuba e Costa Rica; da reu, em carro aberto, o caminho que vai do Tem-
América do Sul – Argentina, Bolívia, Peru, Uruguai, plo à Praça da Paz, na entrada do Solo Sagrado.
Colômbia, Chile, Venezuela e Paraguai; da África – Segundo o JM “o cortejo simbolizou uma viagem
África do Sul e Angola; da Oceania – Austrália. missionária da Terceira Líder Espiritual pelo mun-
Em sua palestra, a Líder Espiritual falou de sua do, a partir do Brasil, como forma de reconfirmar
emoção ao voltar ao Brasil e sentir a presença de a missão dos messiânicos brasileiros na difusão
Meishu-Sama na beleza de nosso Solo Sagrado. da fé em âmbito mundial”.
“Quanto mais se olha, mais se percebe o seu Como eventos comemorativos da visita, no dia
maravilhoso acabamento. É algo realmente emo- 10, foi inaugurada, na Praça da Paz, a placa co-
cionante. É realmente como se Meishu-Sama ti- memorativa do Culto de Consagração do Solo Sa-
vesse orientado a concepção arrojada, enfim, grado de Guarapiranga e, no dia seguinte, foram
todo o projeto da construção deste Solo Sagrado. plantadas árvores no mesmo local.

Em sua visita,
a terceira líder
conheceu as
dependências do
local e passeou de
carro aberto

A placa
comemorativa foi
inaugurada na Praça
da Paz

34 | EDIÇÃO ESPECIAL – NOVEMBRO 2020

Você também pode gostar