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Universidade do Estado do Pará

Centro de Ciências Sociais e Educação – CCSE


Licenciatura Plena em Ciências da Religião

Historia das Crenças Religiosas Antigas

Ana Vitória Moura

Belém/Pará
2017
FICHAMENTO

Referência Bibliográfica:
ELIADE, Mircea. Historia das crenças e das idéias religiosas, volume III: De
Maomé à idade das Reformas. Tradução Roberto Cortes de Lacerda. Rio de
Janeiro: Jorge Zahar Ed. 2010.

Religião, Magia e Tradições Herméticas antes e depois das Reformas

 Sobrevivência das Tradições religiosas pré-cristãs.

“A conversão ao cristianismo deu lugar a simbioses e sincretismos religiosos


que, com muita freqüência, ilustram brilhantemente a criatividade própria das
culturas “populares”, agrárias ou pastoris [...]. Acrescente-se que, após a sua
conversão, mesmo superficial, as numerosas traduções étnicas e religiosas,
bem como as mitologias locais, foram homologadas, isto é, incorporadas na
mesma “historia santa” e expressas na mesma linguagem, a da fé e da
mitologia cristãs.” (pag. 253)

“[...] certos mitos e cultos referentes às deusas passaram a fazer parte do


folclore religioso da Virgem Maria. [...] e importante apresentar alguns
exemplos de sincretismo pagano-cristão, que ilustram ao mesmo a resistência
da herança tradicional e o processo de cristianização. Escolhemos, para
começar, o complexo ritual dos Doze Dias, visto que suas raízes mergulham na
pré-história” (pag. 254)

“[...] maior ênfase aos cantos rituais de natal. São encontrados em toda a
Europa oriental, e ate na polônia. A denominação romena e eslava, colinde,
deriva de calendae januarii. Durante séculos, as autoridades eclesiásticas
tentaram extirpá-los, mas sem êxito. Por fim, certo número de colinde foi
“cristianizadas”, ou seja, passaram a utilizar as personagens e temas
mitológicos do cristianismo popular.”(pag. 255)

“O ritual das colinde e bastante rico e complexo. As bênçãos (oratio) e o


banquete cerimonial constituem os elementos mais arcaicos: são solidários das
festividades do ano novo.” (pag. 255)

“Uma serie de colinde reflete o “cristianismo cósmico”, especifico as


populações do sudeste da Europa. Nelas se encontra referência a criação do
mundo, mas sem vinculo com a tradição bíblica. Deus ou Jesus criou o mundo
em três dias: mas, ao perceber que a terra era grande demais para ser coberto
pelo céu, Jesus lançou três anéis que se transformaram em anjos, estes
produziram as montanhas. Segundo outras colinde, depois de ter dado forma a
terra, Deus colocou debaixo dela, para sustentá-la, quatro pilastras de prata.
”(pag. 256)
 Símbolos e rituais de uma dança catártica.

“A instrução iniciática dos colindatorii completada pela iniciação no grupo


fechado dos dançarinos catárticos. Chamado calusari.” (pag. 257)

“O atributo central e especifico dos calusario e a sua habilidade de acrobatas –


coreógrafos, particularmente a sua capacidade de ar a impressão de que se
deslocam no ar. Sem duvida, a sucessão de saltos, pulos, cambalhotas e
carambolas evocam o galope do cavalo e, ao mesmo tempo, o vôo e a dança
das fadas (Zine)” (pag. 258).

“[...] os calusari pedem a proteção da Rainha das Fadas, Herodíade


(=Irodiada)” (pag. 258)

“Pode-se afirmar que, sob a ação de diferentes influencias religiosas e


culturais, muitos rituais solidários das iniciações tradicionais desapareceram
(ou foram radicalmente camuflados), ao passo que sobreviveu as estruturas
coreográficas e mitológicas (isto é, narrativas.)” (pag. 261)

“A célebre, e sinistra, “caça as feiticeiras”. Empreendida nos séculos XVI e


XVII, tanto pela Inquisição como pelas igrejas reformadas, tinha por objetivo
acabar com um culto satânico e criminoso que. segundo os teólogos;
ameaçava os próprios fundamentos da fé cristã. ”(pag. 261)

 A “caça as feiticeiras” e as vicissitudes da religião popular.

“A “caça as feiticeiras”, no final das contas, dava prosseguimento a eliminação


das ultimas sobrevivências do “paganismo”; em outras palavras, visava
essencialmente acabar com os cultos da fertilidade e os argumentos
iniciatórias.” (pag. 262)

“Muito provavelmente, seus rituais e suas visões eram solidários de um culto


arcaico da fertilidade, mas, as devassas da Inquisição modificaram
radicalmente a situação.” (pag. 263)

“[...] a igreja romena, bem como as demais igrejas ortodoxas, não tiveram uma
instituição semelhante á inquisição. Assim, embora as heresias existissem, a
perseguição contra os feiticeiros não foi intensa nem sistemática.” (pag. 267)

“Graças ao seu arcaísmo, os documentos romenos são de grande valor para a


compreensão da feitiçaria européia. Em primeiro lugar, já não paira duvida
quanto à continuidade de certas crenças e ritos arcaicos, relativos
principalmente a fertilidade e a saúde.” (pag. 269)

 Martinho Lutero e a Reforma na Alemanha.

“[...] mesmo uma descoberta tecnológica como a empresa teve importantes


conseqüências religiosas; de fato, ela desempenhou um papel essencial na
propagação e no triunfo da Reforma. O luteranismo foi, “desde o inicio, filho do
livro impresso”: graças a esse veiculo, Lutero pode transmitir, com força e
precisão, sua mensagem de um extremo a outro da Europa.” (pag. 270)

“Como todos os seus contemporâneos, Martinho Lutero também compartilhava


muitas idéias e crenças comuns a época...” (pag. 271)

“Lutero aceita apenas três sacramentos – o batismo, a eucaristia e a confissão;


mais tarde, deixa de lado a confissão.” (pag. 274)

“Acabou por elaborar de uma forma cada vez mais dogmática a teologia e o
culto em seu movimento evangélico, que se transformaria na igreja Luterana.
Faleceu em 18 de fevereiro de 1546.” (pag. 275)

 A Teologia de Lutero. A polêmica com Erasmo

“Numa carta de junho de 1522, escrevia Martinho Lutero: “não admito que a
minha doutrina possa ser julgada pelos homens, ou mesmo pelos anjos, aquele
que não aceita minha doutrina não pode alcançar a salvação.” Jacques
Maritain cita esse texto como uma proa de orgulho e de egocentrismo.” (pag.
275)

“[...] atacou a teologia do final da idade media em seus Argumentos contra a


Teologia Escolástica. Segundo o ensinamento por Tomas de Aquino, o fiel que
praticava o bem num estado de graça contribuía para sua própria salvação. [...]
aquele que faz o bem segundo sua tendência moral natural recebe a graça
como recompensa.” (pag. 276)

“Lutero condenou igualmente a Ética de Aristóteles, segundo a qual virtudes


morais são obtidas através da educação. Ele via, em suma, na teologia
escolástica um novo pelagianismo. Em sua opinião, o bem, mesmo que fosse
realizado em estado de graça, ou fora dele. Jamais contribuía para a salvação
da alma.” (pag. 276)

“A razão não tinha nada em comum com o domínio da fé.” (pag. 277)

“Lutero retorna ainda ao tema fundamental da sua teologia – a justificação pela


fé -, respondendo as críticas formuladas por Erasmo em seu De Libero
Arbitrio.” (pag. 277)

“Erasmo (1469 – 1536) já há muito tempo atacara os abusos e a corrupção da


igreja, insistido sobre a urgência das reformas. Além disso, ele reagiria com
simpatia aos primeiros pronunciamentos de Lutero.” (pag. 277)

“Erasmo foi acusado – primeiro por Lutero, depois por Roma – de


“neutralismo”, e ate falta de coragem.” (pag. 278)
“Erasmo cedeu diante das pressões de Roma e aceitou criticar Lutero.” (pag.
278)

“Para Erasmo, a liberdade de escolher entre o bem e o mal era a condição sine
qua non da responsabilidade humana.” (pag. 279)

“O homem não colabora para a sua salvação, mas tal como uma criancinha,
ajudada pelo pai, aprende a andar, o fiel aprende a escolher o bem e a evitar o
mal.” (pag. 279)

 Zwinglio, Calvino, a Reforma católica

“Zwinglio insiste na presença espiritual de cristo no coração do fiel que recebe


o sacramento. Sem a fé, a eucaristia não tem nenhum valor.” (pag. 281)

“Para Zwinglio, a confrontação mais dura e mais patética foi a que teve com
Conrad Grebel, o fundador do movimento denominado (pelos seus adversários)
anabalista. Grebel negava a validade do batismo das crianças. Segundo ele,
esse sacramento só podia ser administrado aos adultos. Em termos mais
precisos aqueles que tinham livremente escolhido imitar a vida de cristo. Os
convertidos deviam, portanto, ser rebatizados.” (pag. 281)

“Calvino discute, numa ordem bastante pessoal, os problemas essenciais da


sua teologia: o conhecimento de deus como criador e senhor, o decálogo e a fé
(segundo o símbolo dos apóstolos), a justificativa pela fé e pelos méritos das
obras, a predestinação e a providencia de Deus, os dois sacramentos validos
(o batismo e a eucaristia), sem esquecer-se da prece, dos poderes
eclesiásticos, do governo civil. Para Calvino, o homem não deixa nunca de ser
pecador: suas “boas obras” só podem ser aceitas pela graça divina.” (pag. 283)

 Humanismo, neoplatonismo e hermetismo durante o renascimento.

“Cosme de Médicis confiara ao grande humanista florentino Marsílio Ficino


(1433 – 1499) a tradução de manuscritos de Platão e Plotino [...], no entanto,
na altura de 1460, Cosme comprou um manuscrito do Corpus hermeticum e
solicitou a Ficino que traduzisse imediatamente...” (pag. 286)

“O Corpus hermeticum foi assim o primeiro texto grego traduzido e publicado


por Marsílio Facino.” (pag. 286)

“As traduções latinas de Ficino – sobretudo o Corpus hermeticum, Platão e


Plotino – tiveram um papel importante na historia religiosa do Renascimento...”
(pag. 287)

“Acreditavam os humanistas que, como cristãos leigos e bons classicistas,


podiam estudar e compreender melhor do que o clero as relações entre, de um
lado, o cristianismo e, de outro, as concepções pré-cristãs relativas a divindade
e a natureza humana.” (pag. 287)
 Novas valorizações da alquimia: de Paracelso a Newton.

“Os alquimistas ocidentais seguem o argumento, dos quatros fases do


processo da transmutação. A primeira fase (a nigredo) – a regressão ao estado
fluido da matéria – corresponde a “morte” do alquimista.” (pag. 291)

“Segundo Paracelso, “aquele que quer entrar no Reino de Deus deve


primeiramente entrar com seu corpo em sua mãe e ali morrer”. (pag. 291)

“Segundo Gichtel, “com essa regeneração, não recebemos apenas uma nova
alma; recebemos também um novo corpo.” (pag. 291)

“[...] qualidades do alquimista: deve ser sadio, humilde, paciente, casto; deve
ser inteligente e sábio, e deve, ao mesmo tempo, obrar, meditar, rezar etc.”
(pag. 291)

“Salientemos o caráter paradoxal da materia prima e da Pedra Filosofal.


Segundo os alquimistas, ambas são encontradas em toda a parte e sob todas
as formas...”

“E familiar a todos os homens, jovens e velhos, encontra no campo, na aldeia,


na cidade, em todas as coisas criadas por Deus; e, no entanto e desprezada
por todos [...] embora seja, depois da alma humana, a coisa mais maravilhosa
e mais preciosa que há na terra, e embora tenha o poder de derrubar Reis e
Príncipes”. (pag. 291 – 292)

“Roger Bacon fala no seu Opus Majus de um “remédio que faz desaparecer as
impurezas e todas as corrupções do mais vil metal”, e que pode prolongar a
vida humana por vários séculos. segundo Arnold de Villanova, a pedra Filosofal
cura todas as enfermidades e restitui aos velhos a juventude.” (pag. 292)

“[...] aquilo que a natureza não e capaz de aperfeiçoar num grande espaço de
tempo, nos podemos com a nossa arte, levar a termo em pouco tempo [...] o
alquimista substitui o tempo...” (pag. 292)

“A certeza de que o alquimista e capaz de auxiliar a obra da natureza


receberam uma significação cristológica [...] como Cristo havia resgatado a
humanidade com sua morte e sua ressurreição, assim também o Opus
alchymicum podia assegurar a redenção da natureza.” (pag. 293)

“Era a química, que representava a chave capaz de decifrar os segredos do


Céu e da Terra. Já que a criação era explicada como um processo químico...”
(pag. 294)

“[...] quanto maior nosso conhecimento sobre o Universo, mais avançamos nos
conhecimento de nós mesmos” (pag. 295)
“Richard Westfall chega à conclusão de que a ciência moderna é o resultado
do consorcio entre tradição hermética e a filosofia mecânica.” (pag. 297)

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