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REDE DE ENSINO DOCTUM

CURSO DE DIREITO DA UNIDADE DE CARANGOLA

LILIANE DONADIO

MIRELLA MILANÊZ BORGES

HOMESCHOOLING: UMA ANÁLISE Á LUZ DO STF

CARANGOLA

2021
REDE DE ENSINO DOCTUM

CURSO DE DIREITO DA UNIDADE DE CARANGOLA

LILIANE DONADIO

MIRELLA MILANÊZ BORGES

HOMESCHOOLING: UMA ANÁLISE À LUZ DO STF

Projeto de pesquisa apresentado como requisito parcial


para aprovação na disciplina de TCC I do curso de
Direito da Rede de Ensino Doctum – Unidade de
Carangola.

CARANGOLA

2021
SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ............................................................................................................... 3
PROBLEMA DA PESQUISA .......................................................................................... 4
HIPÓTESE ..................................................................................................................... 4
OBJETIVOS ................................................................................................................... 5
Objetivos Gerais: ............................................................................................................ 5
Objetivos Específicos: .................................................................................................... 5
JUSTIFICATIVAS ........................................................................................................... 6
REFERÊNCIAL TEÓRICO ............................................................................................. 6
METODOLOGIA............................................................................................................. 8
CRONOGRAMA ............................................................................................................. 9
SUMÁRIO HIPOTÉTICO .............................................................................................. 10
BIBLIOGRAFIA ............................................................................................................ 10
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INTRODUÇÃO

A expressão homeschooling, emprestado do inglês, traduz ensino domiciliar, o


qual uma vez significado tornou-se uma questão repleta de argumentos. É muito
comum vermos essa prática expressamente permitida em vários países, sobretudo nos
Estados Unidos, enquanto no Brasil, ainda, gera apenas embates jurídicos. O que quer
dizer que não há consenso se a prática do ensino domiciliar é ou não lícita.
Os projetos relacionando à Educação Domiciliar vem desde 1994 com o projeto
de lei 4657/1994 que foi arquivado em 1995. O projeto era criar o ensino domiciliar de
primeiro grau, determinando que o currículo deveria obedecer às normas do MEC e que
o aluno prestaria verificação no final do ano a rede Estadual de ensino, para capacitá-lo
a serie subsequente.
O Recurso Extraordinário (RE) 888.815 é um caso representativo de
Repercussão Geral que traduz a história de 18 famílias que têm processo no STF com
o mesmo objeto (fl. 487 dos autos). É o tema 822 do quadro de teses de Repercussão
Geral do Supremo Tribunal Federal, onde a sociedade em geral aguardou o
posicionamento da Suprema Corte para exame de constitucionalidade.
Em um breve resumo, mencionado recurso trata do caso de Valentina Dias,
domiciliada em Gramado, Rio Grande do Sul, quando em 2012 com onze anos,
frequentava a Escola Municipal Santos Dumont do município de Canela. Quando
concluiu o sexto ano, seus pais decidiram não a matricular no ano seguinte, objetivando
instruir sua filha afastada da escola indo ao local apenas para efetuar avaliações.
Tendo sido denegado Mandado de Segurança, em duas instancias imediatas, restou à
família interpor Recurso Extraordinário, ficando reservado ao Supremo Tribunal Federal
(STF) decidir. Ocorre que, houve aqui a presença de um fenômeno chamado
“objetivação do recurso extraordinário”, ou seja, decisões paradigmáticas que são
aplicadas em outros processos.
Em 2018, o Supremo Tribunal Federal julgou, em sede de repercussão geral, o
Recurso Extraordinário 888.815. O recurso chegou ao Supremo em decorrência do
caso envolvendo pais de uma infante de 11 anos, no município de Canela, no interior
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do Rio Grande do Sul, que solicitaram perante a Secretaria Municipal da Educação


autorização para prover a educação da filha em modalidade domiciliar. O órgão
municipal rejeitou o requerimento, ao que os pais impetraram mandado de segurança.
Em resumo, o STF entendeu constitucional o homeschooling no Brasil,
dependendo apenas de norma regulamentar.
Agora, em 2021, discute-se novamente a constitucionalidade do homeschooling
em decorrência do caso da estudante Elisa de Oliveira Flemer, de 17 anos, que foi
proibida pela justiça de cursar engenharia civil na Escola Politécnica da USP
(Universidade de São Paulo) por fazer homeschooling.
Referente à atualidade, desde março de 2021 é discutida na Câmara dos
Deputados a possibilidade regulamentação do homeschooling. Tendo como exemplo o
caso da estudante Elisa de Oliveira Flemer, de 17 anos, que foi proibida pela justiça de
cursar engenharia civil na Escola Politécnica da USP (Universidade de São Paulo) por
fazer homeschooling. Caso o projeto seja aprovado, as famílias que optarem pelo
ensino domiciliar terão de a matricula do estudante em alguma escola básico, e, por
conseguinte, outras regras também deverão ser obedecias.

PROBLEMA DA PESQUISA

A regulamentação do Ensino Domiciliar no Brasil garantindo direito à liberdade


de escolha dos pais quanto à educação dos filhos de forma segura, a fim de evitar
interferência incoerente ao exercício legítimo do poder familiar no sistema normativo
brasileiro vai contribuir para abandono intelectual?

HIPÓTESE
A hipótese central deste trabalho é demostrar a necessidade de
regulamentação do homeschooling no Brasil, como também trazer a Educação
Domiciliar como instrumento de direito e garantias fundamentais, onde o Estado e a
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família possam atuar com responsabilidade e respeito, assegurando as peculiaridades


e escolhas individuais. Bem como a garantia de uma educação de qualidade e impedir
que ocorra o abandono intelectual.

OBJETIVOS

Objetivos Gerais:

Apresentar a permissividade do Ensino Domiciliar (homeschooling) no Brasil, traçando


um paralelo entre a visão do Supremo Tribunal Federal por meio de análise do Recurso
Extraordinário 888.815 que discutiu a (in) constitucionalidade da modalidade escolar
domiciliar e o Projeto de Lei 2401 de 2019, proposto pelo Presidente Jair Messias
Bolsonaro dispondo sobre a regulamentação no âmbito nacional que tramita no
Congresso Nacional.

Objetivos Específicos:

I. Repercutir a necessidade da regulamentação do ensino domiciliar no


Brasil, ressaltando a insegurança jurídica para tal prática;
II. Analisar o que os segmentos envolvidos no RE888.815 argumentam ao
confrontar a Educação Domiciliar;
III. Reconhecer o direito à liberdade de escolha dos pais quanto à educação
dos filhos de forma segura, a fim de evitar interferência incoerente ao
exercício legítimo do poder familiar no sistema normativo brasileiro;
IV. Expor o ensino domiciliar como instrumento suficiente na garantia do
direito fundamental à educação;
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V. Ressaltar a necessidade ainda maios de regulamentação desse direito


frente a COVID-19.
VI. Pesquisar através de bibliografias, análise de livros, artigos publicados,
doutrina, coletâneas e periódicos, normas nacionais e internacionais, bem
como páginas oficiais, entidades não-governamentais e notícias que
ilustrem a presença do tema no contexto brasileiro.

JUSTIFICATIVAS

Apesar da ausência de legislação que regulamente o ensino domiciliar e as


decisões administrativas e judiciais desfavoráveis, inúmeras famílias no Brasil adotam e
tem intenção de adotar a educação domiciliar. Segundo o MEC cerca de 17 mil famílias
e 35 mil crianças e adolescentes já estudam em regime de Educação Domiciliar (MEC,
2021) e só aumenta. Isto porque, não há como expor dados acertados com relação a
esse número, em razão das muitas famílias que adotaram essa modalidade sem
permissão, principalmente, pela insegurança jurídica do tema.
As motivações e as vantagens para adoção da educação domiciliar e o
movimento que existe no âmbito internacional para promoção da adesão dos países a
estas alternativas formam uma base que sustenta a decisão dos pais e responsáveis na
educação de seus filhos. Isto porque a educação realizada diretamente pela família
pode ser laica, agregar valores culturais, morais e tradicionais dos pais.

REFERÊNCIAL TEÓRICO

Quando se fala em ensino domiciliar, um dos principais argumentos dos


opositores é a necessidade de socialização das crianças, sendo que na escola o lugar
onde são transmitidos todos os tipos de valores na intenção de formar cidadãos.
Para filósofo espanhol Fernando Savater, que um dos principais objetivos da
educação, trazendo a sala de aula como o mais importante espaço para o
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desenvolvimento dos alunos. Segundo Savater, é na sala de aula que se aprende a


convivência com pessoas diferentes e cujos vínculos não são obrigatórios, como os
familiares. Destaca ainda que um dos propósitos fundamentais da educação é garantir
que os filhos não se vejam condenados à vontade dos seus pais, sendo essa uma das
razões pelas quais a sala de aula é fundamental para o desenvolvimento da criança.
Em conta partida, tentando uma popularidade e aceitação o MEC lançou
recentemente, na noite do dia 27 de maio de 2021, uma cartilha com o propósito de
explicar o que é a educação domiciliar e defender a regulamentação da modalidade,
além de apresentar conceitos, objetivos, dados estatísticos e falas de apoiadores.
Importante contribuição para a temática, pois cita o nome de grandes
personalidades que foram educadas em casa como: Benjamin Franklin e Barão de
Mauá, além de perspectivas de crianças e universitários que têm e tiveram o primeiro
grau escolar em modalidade domiciliar. De acordo com o documento o principal objetivo
da regulamentação Cartilha do MEC 2021.
“defender o direito à liberdade da família educarem os filhos e o direito dos
filhos à educação de qualidade, visando seu melhor desenvolvimento pessoal,
preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho e para
as demais áreas da vida” (CARTLHA MEC, 2021, p 11).

No Brasil, portanto, isto é uma questão fechada ao campo jurídico, a priori, A


constituição Federal dispõe que:
Art. 208. O dever do Estado com a educação será efetivado mediante a
garantia de:
I – ensino fundamental, obrigatório e gratuito, assegurada, inclusive, sua oferta
gratuita para todos os que a ele não tiveram acesso na idade própria;
[...] § 3º – Compete ao Poder Público recensear os educandos no ensino
fundamental, fazer-lhes a chamada e zelar, junto aos pais ou responsáveis,
pela frequência à escola.

Logo, o Estatuto da Criança e do Adolescente, pela Lei 8.069/1990, determina:

Art. 55. Os pais ou responsável têm a obrigação de matricular seus filhos ou


pupilos na rede regular de ensino.
A Lei de Diretrizes e Bases da Educação, pela Lei 9.394/1996, reitera:
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Art. 6º É dever dos pais ou responsáveis efetuar a matrícula dos menores, a partir dos
sete anos de idade, no ensino fundamental.
Finalmente, o Código Penal estabelece que o comportamento diferente será
considerado crime de abandono intelectual:

Art. 246. Deixar, sem justa causa, de prover a instrução primária de filho em
idade escolar. Pena – Detenção de 15 (quinze) dias a 01 mês, ou multa.

Se no Brasil a regulamentação e a prática do ensino domiciliar será oficializada


em curto prazo, ainda não sabemos, mais vale ressalta que diversos países ao redor
do mundo vêm adotando o homeschooling como meio lícito de promoção do dever
educacional, entre os quais se destacam: os Estados Unidos, Canadá, Colômbia,
Chile, Equador, Paraguai, Portugal, Finlândia, França, Itália, Reino Unido, Suíça,
Bélgica, Holanda, Noruega, Rússia, a África do Sul, Japão, Austrália e a Nova
Zelândia.
Os Estados Unidos é o berço da Educação Domiciliar no mundo, lá a prática é
totalmente livre, admitida em todas as unidades administrativas. Em alguns estados,
são os pais quem decidem que currículo escolar seguir; em outros estados, a prática é
regulamentada, no qual o próprio governo estabelece um currículo educacional a ser
seguido pelas famílias.
Na Finlândia a pratica do homescholing e permitida com certo controle estatal; a
frequência escolar não é obrigatória desde que a criança seja educada em casa, mas
são submetidas a avaliações periódicas pelas autoridades públicas. Os pais têm que
basear a educação dos filhos no currículo escolar nacional e se for verificado
deficiência no ensino doméstico os pais serão multados.

METODOLOGIA

A abordagem da pesquisa é qualitativa, haja vista que se preocupa com o


aprofundamento quanto à compreensão do tema em análise com finalidade de
descrever a relevância social com a regulamentação do homeschooling no Brasil. O
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procedimento metodológico consistirá em observar, analisar e registrar as interações


entre segmentos envolvidos no processo judicial por meio da estratégia do estudo de
caso com um enfoque no processo RE 888.815 em comparação com o Projeto de Lei
2401 de 2019, proposto pelo Presidente Jair Messias Bolsonaro dispondo sobre a
regulamentação no âmbito nacional que tramita no Congresso Nacional. Ainda,
envolvendo mais de uma unidade de análise, como os segmentos dos intelectuais da
educação, das famílias educadoras e dos poderes constituídos do Estado,
especificamente o judiciário.

CRONOGRAMA

MES/ETAPA FEVE MAR ABRIL MAIO JUNHO AGOST SETEM OUTU NOVEM
S REIRO ÇO O BRO BRO BRO

Escolha do X
tema
X X
Levantamento X X
de referencial
X X
teórico

Elaboração X
do Projeto
X X
Coleta de X X X X
evidências/inf
ormações

Análise das X X
evidências

Elaboração
de Plano do
X
Trabalho

Desenvolvime
nto de Plano
X X X
do Trabalho.
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Redação do X X
trabalho de
conclusão
(TCC)
Revisão e X
redação final

Entrega do X
Trabalho
Defesa do X
Trabalho

SUMÁRIO HIPOTÉTICO

1. Introdução
2. Legislações
3. Histórico do homeschooling no Brasil
3.2 Situação atual
4.2 Casos de Homeschooling
4. O que muda com a regulamentação
5. Discursão das entrevistas
6. Considerações Finais
7. Referências

BIBLIOGRAFIA

EU ESTUDANTE, MEC lança cartilha em defesa da educação domiciliar, Educação


básica, disponível em: <https://www.correiobraziliense.com.br/euestudante/educacao-
11

basica/2021/05/4927503-mec-lanca-cartilha-em-defesa-da-educacao-domiciliar.html>,
Acesso em: 28 maio 2021.

MAGNO, Alexandre ; MOREIRA, Fernandes. Tópicos Jurídicos Homeschooling:


uma alternativa constitucional à falência da educação no Brasil. [s.l.]: , [s.d.].
Disponível
emhttps://bdjur.stj.jus.br/jspui/bitstream/2011/23751/homeschooling_alternativa_constitu
cional_falencia.pdf Acesso em: 20 maio 2021.

MOREIRA, Alexandre Magno Fernandes. Homeschooling: uma alternativa


constitucional à falência da Educação no Brasil. Disponível em http://www.lfg.com.br. 18
de dezembro de 2008 Acesso em: 01 jun. 2021.

SAVATER, Fernando. Sala de aula, espaço da educação social. Porto Alegre:


Fronteiras do Pensamento,2016. Disponível em:
https://www.youtube.com/watch?v=2Tx7UR_oeTU. Acesso em: 31 mai. 2021.

Pesquisa de jurisprudência - STF. Stf.jus.br. Disponível em:


https://jurisprudencia.stf.jus.br/pages/search/repercussao-geral7461/false Acesso em:
28 maio 2021.

Portal da Câmara dos Deputados. Camara.leg.br. Disponível em:


https://www.camara.leg.br/proposicoesWeb/fichadetramitacao?idProposicao=223311
Acesso em: 28 maio 2021

STF nega recurso que pedia reconhecimento de direito a ensino domiciliar. [S.l.]:
Notícias STF, 2018. Disponível em:
http://www.stf.jus.br/portal/cms/verNoticiaDetalhe.asp?idConteudo=389496 Acesso em:
25 mai. 2021.

VIEIRA, André de Holanda Padilha.Escola? Não Obrigado.” Um retratro da


homeschooling no Brasil. 2012. 76 p. monografia (ciências sociais)-
sociologia,universidade de Brasília, Brasília, [2012-atualmente]. Disponível em:
<https://bdm.unb.br/bitstream/10483/3946/1/2012_AndredeHolandaPadilhaVieira.pdf>
Acesso em: 27 maio 2021.

Universidade católica de Petrópolis Centro de Teologia e Humanidades Curso de


Mestrado em Educação. [s.l.]: , [s.d.]. Disponível em:
https://www.aned.org.br/images/TrabalhosAcademicos/KLOH_FABIANA_FERREIRA_PI
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https://www.gov.br/mec/pt-
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20 maio 2021.
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