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Universidade Federal de Uberlândia

Instituto de Química

Química Industrial

Ítalo Silva Felix - 11611QID036

Jéssica Gonçalves Braga - 11711QID007

Paula Nunes Santos - 11611QID012

Experimento 2: Razão entre as capacidades caloríficas molares de um


gás à pressão e volume constantes

Uberlândia

2021
1. INTRODUÇÃO

Através do método da expansão adiabática, estudado por Charles Desormes e


Nicolas Clément, é possível determinar a razão entre as capacidades caloríficas de um
gás a pressão e volume constantes.

Para uma expansão adiabática reversível de um gás, a variação da sua energia


está relacionada com a variação de volume por:

dU = - P dV (1)

Para um gás ideal: P = nRT/V. (2), considerando este gás ideal sua energia é
apenas função de sua temperatura logo: dU = Cv.dT (3), sendo Cv a capacidade
calorífica a volume constante. Substituindo (2) e (3) em (1) e integrando chegamos a:

Cv,m ln T2/T1 = -RlnV2/V1 (4)

Levando em conta que Cv é constante a fórmula acima fornece o acréscimo de


temperatura que gera a expansão adiabática do gás. Assim podemos descrever o
processo da seguinte forma:

1º Gás expande adiabaticamente e reversivelmente até que a pressão caia de P1 para


P2

A (P1,V1,T1) ⇒ A (P2,V2,T2) (5)

2º Temperatura do gás retorna para T1 a volume constante:

A (P2,V2,T2) ⇒ A (P3,V2,T1) (6)

No primeiro processo se considerarmos o gás como ideal obtemos:

T2/T1 = P2V2/P1V1 (7)

Utilizando a equação (7) em (4) chegamos a:

2
Cv,m ln P2V2/P1V1= -R lnV2/V1 ⇒

ln P2/P1 = - [ ( Cv,m + R) / Cv,m ] lnV2/V1 = - Cp,m/ Cv,m lnV2/V1 (8)

Levando em conta que para um gás perfeito Cp,m = Cv,m + R e que no segundo processo:

V2/V1 = P1/P3

Mudando em (8) e realizando os rearranjos chegamos a:

C p , m ln P1 −ln P2
= (9)
C v ,m ln P1 −ln P3

E através dessa equação e dos dados experimentais de pressão conseguimos


determinar a razão entre as capacidades caloríficas de um gás a pressão e volume
constantes.

2. OBJETIVOS

O objetiv o deste experimento é determinar a razão entre as capacidades


caloríficas do ar atmosférico através de medidas de altura da coluna de água em um
manômetro e verificar se o gás usado tem um comportamento mais próximo de
um gás monoatômico, diatômico ou poliatômico comparando o resultado com valores
da literatura.

3. METODOLOGIA

1.1. MATERIAIS

● Garrafa de 20 L;
● Bomba de vácuo;

3
● Coluna manométrica preenchida com água;
● Barômetro;

1.2. PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL

❖ Montou-se o equipamento utilizado por Clement e Desormes em seu


experimento.
❖ Equilibrou-se as duas colunas de água, considerando esse o ponto de referência
como o zero.
❖ Fechou-se a mangueira C e ligou-se a bomba de vácuo para que o ar pudesse
circular dentro da garrafa.
❖ Fechou-se a mangueira B e, em seguida, a mangueira A.
❖ Abriu-se lentamente a mangueira C, e observou a variação de altura da água no
manômetro.
❖ Anotou-se a diferença entre as alturas das duas colunas.
❖ Abriu-se e fechou-se rapidamente a tampa do galão.
❖ Anotou-se a diferença entre as alturas das duas colunas.
❖ Repetiu-se o procedimento por mais duas vezes.

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Figura 1. Imagem da aparelhagem utilizada para realização do experimento
evidenciando as mangueiras A, B e C.

A figura 2 representa o equipamento utilizado por Clement e Desormes em seu


experimento.

Figura 2. Expansão adiabática de gases (aparelho de Clement e Desormes).[2]

Em outras palavras, encheu-se um recipiente grande de parede grossa com um


gás numa pressão, P1, maior que a pressão atmosférica, Patm. e esperou-se chegar ao
equilíbrio térmico. Em seguida, abriu-se e fechou-se rapidamente o recipiente, de
modo que as pressões interna e atmosférica se igualaram, P2 = Patm. O aumento
isocórico (volume constante) da pressão no sistema fechado demonstrou que a
vizinhança está mais quente que o gás. E então equilibrou-se, a pressão do recipiente é
P3.

4. RESULTADOS E DISCUSSÕES

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Os dados obtidos durante a realização do experimento referentes à diferença
entre as alturas de água foram adicionados à tabela 1, sendo que os valores da
diferença de altura da 1ª etapa são referentes de antes de abrir a tampa do galão e os
valores da 2ª etapa referentes à medida posterior ao abrir e fechar a tampa do galão.
Os valores das diferenças de altura da 1ª etapa estarão então relacionados à P1 e os
valores das diferenças de altura da 2ª etapa relacionados à P3.

Tabela 1. Resultados de altura de água obtidos experimentalmente

Medida 1ª Etapa - 2ª Etapa -


experimental hH2O /cm hH2O /cm
1 62,3 17,0
2 61,3 17,1
3 62,0 14,0

Os valores de P1 e P3 foram obtidos através da equação (10), na qual foram


substituídos os valores de altura da coluna de água (Pcol.H2O).

ρH 2 O
Pgás =P col .H 2 O × ( )
ρ Hg
+ Patm (10)

A pressão atmosférica foi obtida com o auxílio de um barômetro e os valores de


densidade da água e mercúrio foram retirados da literatura [3], os dados seguem
organizados na tabela 2.

Tabela 2. Dados de densidades coletadas da literatura [3] e pressão atmosférica


aferida utilizando um barômetro no laboratório no momento da realização do
experimento.

Parâmetro (26,5°C) Valor

6
Densidade da água (𝜌H2O) 0,9967 g.cm-3
Densidade do mercúrio (𝜌Hg) 13,5312 g.cm-3
Pressão atmosférica (P2) 899 hPa

Realizou-se a conversão de unidade da pressão atmosférica de hPa para mmHg:

Pressão atmosférica: Patm = P2 = 899 hPa = 89900 Pa

1mmHg equivale à 133,322 Pa, logo:

1 mmHg
Pressão atmosférica: P2=89900 Pa × =674,31 mmHg
133,322 Pa

Em seguida, os valores de altura de água em mm, de densidades e de Patm em


mmHg foram substituídos na equação 1 a fim de encontrar os valores de pressão na 1ª
e 2ª etapa do experimento.

Medida experimental 1:

0,9967 g . cm−3
P1=623 mm × ( )
13,5312 g . cm−3
+674,31 mmHg=720,20 mmHg

0,9967 g . cm−3
P3=170 mm × ( )
13,5312 g . cm−3
+674,31 mmHg=686,83 mmHg

Medida experimental 2:

0,9967 g . cm−3
P1=613 mm × (
13,5312 g . cm−3 )
+674,31 mmHg=719,46 mmHg

0,9967 g . cm−3
P3=171 mm × (
13,5312 g . cm−3 )
+ 674,31mmHg=686,90 mmHg

Medida experimental 3:

0,9967 g . cm−3
P1=620 mm × ( )
13,5312 g . cm−3
+674,31 mmHg=719,98 mmHg

7
0,9967 g . cm−3
P3=140 mm × ( )
13,5312 g . cm−3
+674,31 mmHg=684,62 mmHg

Por fim, os valores de pressões foram substituídos na equação 9, resultante da


dedução da fórmula da 1ª Lei da termodinâmica, encontrando as razões entre as
capacidades caloríficas molares do gás.

C p , m ln P1 −ln P2
= (9)
C v ,m ln P1 −ln P3

Medida experimental 1:
C p , m ln 720,20−ln 674,31
= =1,39
C v ,m ln 720,20−ln 686,83

Medida experimental 2:
C p , m ln 719,46−ln 674,31
= =1,40
C v ,m ln 716,46−ln 686,90

Medida experimental 3:
C p , m ln 719,98−ln 674,31
= =1,30
C v ,m ln 719,98−ln 684,62
Cp, m
=1,36
C v ,m

A média da razão entre as capacidades caloríficas do gás à pressão e volume


constante foi de 1,36.

A razão das capacidades caloríficas molares à pressão e volume constantes


encontradas na literatura que são esperadas para gases monoatômicos γ=1,67,
diatômicos γ=1,40 e poliatômicos γ=1,30. [4] O valor encontrado neste experimento
indica que o gás utilizado no experimento é diatômico. Esse resultado é comprovado
ao verificar que o ar atmosférico é composto por 78% de N 2 e 21% de O2, ou seja, em
sua maior parte composto por gases diatômicos. Lembrando que o ar atmosférico é
ainda composto por gases monoatômicos e poliatômicos em menores proporções. [5]

8
Valor verdadeiro−Valor experimental
Erro ( % ) = ×100
Valor verdadeiro
1,40−1,36
Erro ( % ) = × 100=2,86 %
1,40

O erro percentual relativo de 2,86% pode ser atribuído ao operador, como a


montagem incorreta do equipamento pelo mesmo, não verificar se há ar preso nas
mangueiras já que é indicado desmontar o equipamento amassar as mangueiras e
remontar a fim de garantir que não ficará ar preso nas mesmas, o tempo que o
operador gasta para abrir e fechar a tampa do galão, que deve ser curto para que
esteja dentro das condições de expansão adiabática e mantenha os volumes dos gases
constantes, a troca de operadores na leitura das alturas e manejo com as mangueiras e
a certas condições do ambiente no momento em que o experimento foi realizado,
como o desnível do chão do laboratório.

5. CONCLUSÃO

Posteriormente a realização do experimento foi determinada a razão entre as


capacidades caloríficas do ar, obtendo-se um valor próximo de 1,36 com um erro
percentual relativo de 2,86%. Ao comparar essa razão com valores da literatura
concluiu-se que o ar é composto em sua maioria por moléculas diatômicas.

6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

[1] SHOEMAKER, D.P.; GARLAND, C.W. & NIBLER, J.W. Experiments in Physical
Chemistry. 5nd edition, McGraw-Hill Book Company, Singapore, pag. 107, 1989.

[2] BOTTECCHIA, O. L. O experimento de Clement-Desormes no século XXI. Química


Nova, Vol. 33, No. 8, 1800-1804, 2010.

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[3] WEAT, R C. Handbook of Chemistry and Physics. 57th edition. Ed.CRC Press, 1976-
1977. p.F-7.

[4] ATKINS, P.; PAULA, J. Atkins: Físico Química. v.1. 9ª ed. Rio de Janeiro: LTC, 2010. p.
53.

[5] Composição do ar. Disponível em:


<https://www.soquimica.com.br/conteudos/ef/ar/p1.php> Acesso em 04 de ago. de
2021.

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