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Declaração de Cambridge – Livro Reforma hoje

As igrejas estão cada vez mais dominadas pelo espírito da época em vez de pelo
Espírito Santo. Devemos nos arrepender de tal pecado e recuperar a fé cristã histórica. Até
onde estamos sendo confessionais? Somos fieis aos solas da reforma protestante do século
dezesseis? Corremos o perigo de perder a unidade que levou séculos para ser alcançada. Por
causa de tal crise e por amarmos a Cristo, seu evangelho e igreja, devemos buscar nos
mantermos compromissados com as verdades centrais da reforma. Afirmamos tais verdades
não pelo papel delas em nossas tradições, mas porque cremos que elas são centrais na
escritura.

Sola scriptura: a erosão da autoridade

Só a Escritura é regra sem erros da vida da igreja, mas a igreja tem feito separação
entre a escritura e sua função oficial. Na prática, a igreja é guiada pela cultura, técnicas
terapêuticas, estratégias de marketing e entretenimento, os quais têm tido mais voz do que a
escritura. Pastores negligenciam a supervisão do culto que lhes compete, inclusive o conteúdo
das músicas. Na medida em que a escritura é abandonada, suas verdades ficam fracas nas
mentes cristãs. Quanto mais as doutrinas perdem espaço, mais a igreja é esvaziada de sua
integridade, autoridade moral e discernimento. Em vez de adaptar a fé a fim de satisfazer
necessidades de consumidores, devemos proclamar a escritura como medida da justiça
verdadeira e o evangelho como única proclamação da verdade salvadora. A verdade bíblica é
vital para tudo que é feito dentro da igreja. A escritura deve levar pessoas de suas
necessidades percebidas para as reais, libertando-as da cultura massificada. Só à luz da
verdade de Deus é possível entender da maneira correta e abrir os olhos para a provisão de
Deus. A Bíblia deve ser ensinada e pregada na igreja. Sermões precisam ser exposições da
Bíblia e de seus ensinos. A obra do Espírito na experiência pessoal tem que ser vinculada à
escritura. Sem a escritura não teríamos conhecido a graça de Deus em Cristo. O teste da
verdade é a escritura, não a experiência.

Sola Scriptura
A escritura é inerrante e é a revelação divina escrita. A escritura ensina tudo o que é
necessário para nossa salvação, ela é o padrão pelo qual todo comportamento cristão deve ser
avaliado.

Solo Christus: a erosão da fé centrada em Cristo

Na medida em que a fé evangélica se seculariza, seus interesses se confundem com os


da cultura. Como resultado, temos perda de valores absolutos, temos individualismo
permissivo, temos substituição da santidade pela integridade, do arrependimento pela
recuperação, da verdade pela intuição, da fé pelo sentimento, da providência pelo acaso, e da
esperança duradoura pela gratificação imediata. Cristo e sua cruz se deslocaram do centro de
nossa visão.

Solo Christus

Nossa salvação é realizada pela obra de mediação de Cristo. Sua vida sem pecado e
sua expiação são suficientes para nossa justificação e reconciliação com Deus. O evangelho é
pregado quando a obra substitutiva de Cristo é declarada e a fé nele e sua obra são invocadas.

Sola gratia: A Erosão do Evangelho

A confiança na capacidade humana é produto da natureza humana decaída. Tal


confiança falsa é abundante no meio evangélico, desde o evangelho da autoestima até o
evangelho da saúde e da prosperidade, desde os que transformaram o evangelho em produto e
pecadores em consumidores, e os que tratam a fé como verdadeira só porque funciona. Tudo
isso cala a doutrina da justificação. A graça em Cristo é necessária e a única causa eficaz da
salvação. As pessoas nascem espiritualmente mortas e não são capazes de cooperar com a
graça regeneradora.

Sola Gratia

Na salvação, somos salvos da ira de Deus pela sua graça. O Espírito Santo nos leva a
Cristo, libertando-nos da servidão ao pecado e erguendo-nos da morte à vida espiritual. A
salvação não é obra humana. Métodos, técnicas ou estratégias humanas não podem por si
realizar tal transformação. A fé não é produzida pela nossa natureza não regenerada.

Sola fide: a erosão do artigo primordial

A justificação é pela graça, por meio da fé, por causa de Cristo. Nesse artigo, ou a
igreja cai ou permanece em pé. Os homens carecem da justiça imputada por Cristo. Há
pessoas que creem que um entendimento sociológico das pessoas é tão importante para o
êxito do evangelho quanto a verdade bíblica. A orientação de marketing de muitas igrejas
rouba da cruz de Cristo sua ofensa e reduz a fé a princípios e métodos que oferecem sucesso
às empresas seculares. Mesmo que digam crer na teologia da cruz, tais movimentos a
esvaziam de seu conteúdo. O único evangelho existente é o da substituição de Cristo em
nosso lugar. Em tal substituição, Deus imputou a Cristo nosso pecado e nos imputou sua
justiça. Por ele ter levado sobre si a punição de nossa culpa, andamos em sua graça como
perdoados, aceitos e adotados como filhos de Deus. Deus nos aceita na obra salvífica de
Cristo. A base de Deus nos aceitar não é nosso patriotismo, devoção à igreja ou probidade
moral. O evangelho declara o que Deus fez por nós em Cristo. Não é sobre o que nós
podemos fazer para alcançar Deus.

Sola Fide

A justificação é somente pela graça, por intermédio da fé, por causa de Cristo. Na
justificação, a retidão de Cristo é imputada a nós como único meio possível de satisfazer a
perfeita justiça de Deus. A justificação não se baseia em mérito encontrado em nós. A igreja
verdadeira reconhece a sola fide.

Soli Deo gloria: a erosão do culto centrado em Deus

Igrejas que perderam a autoridade da Bíblia de vista, que colocaram Cristo de lado,
que distorceram o evangelho e a fé são assim porque tiveram seus interesses no lugar dos de
Deus, elas estão fazendo o trabalho deles à sua própria maneira. A perda da centralidade de
Deus na vida da igreja tem sido comum, o que é e lamentável. Assim, o culto é transformado
em entretenimento, a pregação em marketing, o crer em técnica, o ser bom em sentir-nos bem,
e a fidelidade em ser bem sucedido. Desta maneira, Deus, Cristo e a Bíblia significam pouco e
possuem peso irrelevante sobre nós. Deus não existe para satisfazer ambições humanas,
desejos, apetites de consumo ou interesses particulares. Deus deve ser focalizado na adoração,
não o satisfazer as próprias necessidades. Deus é soberano no culto, não nós. Nossa
preocupação precisa estar no reino de Deus, não em nossos impérios, popularidade ou êxito.

Soli Deo Gloria

Por ser a salvação realizada por Deus, ela é para a glória dele e devemos glorificá-lo
sempre, vivendo nossa vida diante dele, sob a autoridade dele e para sua glória somente. Não
podemos glorificar a Deus se nosso culto for confundido com entretenimento, se rejeitarmos a
lei e o evangelho em nossa pregação, ou se permitirmos que o afeiçoamento próprio, a
autoestima e a realização própria se tornem opções alternativas ao evangelho.

Um chamado ao arrependimento e à reforma

O mundo evangélico está perdendo sua fidelidade bíblica, sua moralidade e zelo
missionário. Arrependamo-nos de nosso mundanismo. Deixemos de enfraquecer a igreja com
nossa falta de arrependimento sério. Tal declaração deve ser considerada no culto, ministério,
política, vida e evangelismo da igreja. Que assim seja.

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