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LISTA ABREVIATURAS

a. C. .................................................. antes de Cristo


cap. .................................................. capítulo
cf. ...................................................... confira, confronte
d. C. .................................................. depois de Cristo
ed. .................................................... edição
gr. ..................................................... grego
hb. ..................................................... hebraico
ibidem, Ibid ....................................... na mesma obra
lit. ....................................................... literal, literalmente
p. ...................................................... página
séc. .................................................. referência ao século
v.. VV. ............................................... Versículo, versículos
TB. ..................................................... Teologia Bíblica
TS. ..................................................... Teologia Sistemática

SIGLAS

AT ..................................................... Antigo Testamento


ARA ................................................... Almeida Revista e Atualizada
BHS .................................................. Bíblia Hebraica Stuttgartensia
DITAT ............................................... Dicionário Internacional de Teologia do AT
NVI .................................................... Nova Versão Internacional
LXX ......................................................... Septuaginta
SUMÁRIO

INTRODUÇÃO.....................................................................................................................................4
TEXTO BÍBLICO..................................................................................................................................5
1. ESTUDO TEXTUAL....................................................................................................................5
1.1. Texto original........................................................................................................................5
1.2. Crítica Textual......................................................................................................................6
1.3. Tradução Literal...................................................................................................................6
1.4. Tradução Dinâmica..............................................................................................................6
1.5. Defesa da Perícope e divisões..........................................................................................7
1.6. Esboço Mecânico.................................................................................................................7
1.7. Definição do gênero e subgênero literário........................................................................8
2. ESTUDO CONTEXTUAL............................................................................................................8
2.1. Contexto Histórico................................................................................................................8
2.2. Contexto Literário...............................................................................................................12
2.2.1. Contexto do livro todo................................................................................................12
2.2.2. Contexto remoto.........................................................................................................13
2.2.3. Contexto Próximo.......................................................................................................14
2.2.4. Estrutura do contexto Próximo.................................................................................14
2.3. Contexto Canônico............................................................................................................15
2.3.1. Antigo Testamento.....................................................................................................15
2.3.2. Novo Testamento.......................................................................................................15
3. ESTUDO TEOLÓGICO.............................................................................................................16
3.1. Comentário.........................................................................................................................16
3.2. Mensagem para a Época Escrita.....................................................................................16
3.3. Mensagem para hoje.........................................................................................................16
3.4. Teologia do Texto..............................................................................................................16
3.4.1. Implicações para a Teologia Bíblica........................................................................16
3.4.2. Implicações para a Teologia Sistemática...............................................................16
3.4.3. Implicações para a Teologia Prática.......................................................................16
CONCLUSÃO....................................................................................................................................16
SERMÃO............................................................................................................................................16
REFERÊNCIAS.................................................................................................................................17
4

INTRODUÇÃO

O versículo 4 do capítulo 2 do livro do profeta Habacuque, figura entre os


mais conhecidos do Antigo Testamento, principalmente sua parte final, que em
algumas versões é traduzida como “mas o justo viverá pela sua fé” (ARA). Esse
trecho é citado diretamente no Novo Testamento por Paulo em Rm. 1.17, em Gl.
3.11 e pelo autor de Hebreus em Hb. 10.37-38.
Contudo, apesar de conhecida, a passagem em que esse texto está inserido
no livro de Habacuque traz vários desafios interpretativos, principalmente por
questões textuais. Em Hc. 1.12, por exemplo, temos o fenômeno chamado Tiq soph
(‫)תקוני סופרים‬, lit. “correções dos escribas”, o que indica que escribas posteriores não
concordavam com a escrita de alguns textos primitivos por acharem que Deus
estaria sendo tratado de forma desrespeitosa nesses textos, portanto, fizeram
alterações. Porém, deixavam registrado quais alterações fizeram. Assim, em Hc.
1.12 o texto primitivo diz: ‫ לא תמות‬, literalmente “não morrerás tu”, e os escribas pós
exílicos corrigiram para ‫“ לא נמות‬não morremos”. O texto primitivo claramente se
refere a Deus, e os escribas alteraram o sentido para se referir ao povo de Israel.
O objetivo da pesquisa exegética que será feita, buscará lançar luz sobre esta
e outras questões para uma boa compreensão da mensagem de Habacuque nesta
perícope.
5

TEXTO BÍBLICO

“12
Não és tu desde a eternidade, ó SENHOR, meu Deus, ó meu Santo? Não
morreremos. Ó SENHOR, para executar juízo, puseste aquele povo; tu, ó Rocha, o
13
fundaste para servir de disciplina. Tu és tão puro de olhos, que não podes ver o
mal e a opressão não podes contemplar; por que, pois, toleras os que procedem
perfidamente e te calas quando o perverso devora aquele que é mais justo do que
14
ele? Por que fazes os homens como os peixes do mar, como os répteis, que não
15
têm quem os governe? A todos levanta o inimigo com o anzol, pesca-os de
16
arrastão e os ajunta na sua rede varredoura; por isso, ele se alegra e se regozija.
Por isso, oferece sacrifício à sua rede e queima incenso à sua varredoura; porque
17
por elas enriqueceu a sua porção, e tem gordura a sua comida. Acaso, continuará,
por isso, esvaziando a sua rede e matando sem piedade os povos?

1. ESTUDO TEXTUAL
Nessa seção serão tratados questões relacionadas ao texto hebraico de Hb.
1.12-17, tradução, crítica textual e tradução dinâmica. O texto base para essa
análise é o TM da BHS. Toda análise e tradução será baseada no Léxico Analítico
de Benjamim Davidson, Léxico Hebraico e Aramaico de William L. Holladay, DITAT,
dicionário Hebraico-Português de Luiz Alonso Schökel, Manual da Bíblia Hebraica
de Edson de Faria Francisco e Gramática do Hebraico Bíblico de Page Kelly.

1.1. Texto original


Hc. 1.12-2.1-4.
‫ֲה֧ל ֹוא ַא ָּ֣ת ה ִמ ֶּ֗ק ֶד ם ְיהָ֧וה ֱא ֹלַ֛הי ְק ֹדִׁ֖ש י ֹ֣ל א ָנ֑מ ּות ְיהָו֙ה ְלִמ ְׁש ָּ֣פט ַׂשְמ ּ֔ת ֹו ְו֖צ ּור ְלהֹוִ֥כיַח ְיַסְד ּֽת ֹו׃‬12

‫ְט֤ה ֹור ֵע יַ֙נ ִי֙ם ֵמ ְר ֣א ֹות ָ֔ר ע ְוַהִּ֥ביט ֶאל־ָעָ֖מ ל ֹ֣ל א תּוָ֑כ ל ָ֤לָּמ ה ַת ִּבי֙ט ּֽבֹוְגִ֔ד ים ַּת ֲחִ֕ר יׁש ְּבַבַּ֥לע ָר ָׁ֖ש ע ַצִּ֥דיק ִמ ֶּֽמּנּו׃‬13

‫ַוַּת ֲעֶׂ֥ש ה ָאָ֖ד ם ִּכְד ֵ֣גי ַהָּ֑ים ְּכֶ֖ר ֶמׂש ֹלא־ֹמֵׁ֥ש ל ּֽבֹו׃‬14

‫ֻּכֹּל֙ה ְּבַחָּ֣כה ֵֽהֲעָ֔ל ה ְיֹגֵ֣ר הּו ְבֶחְר ֔מ ֹו ְוַיַאְסֵ֖פ הּו ְּבִמ ְכַמ ְר ּ֑ת ֹו ַעל־ֵּ֖כ ן ִיְׂשַ֥מח ְו ָיִֽגיל׃‬15
6

‫ַעל־ֵּכ֙ן ְיַזֵּ֣ב ַח ְלֶחְר ֔מ ֹו ִֽויַק ֵּ֖ט ר ְלִמ ְכַמ ְר ּ֑ת ֹו ִּ֤כי ָבֵ֙ה ָּמ ֙ה ָׁש ֵ֣מ ן ֶחְל֔ק ֹו ּוַמ ֲא ָכ֖ל ֹו ְּבִר ָֽאה׃‬16

‫ַ֥הַעל ֵּ֖כ ן ָיִ֣ר יק ֶחְר ֑מ ֹו ְוָת ִ֛מיד ַל ֲה ֹ֥ר ג ּגֹוִ֖ים ֹ֥ל א ַיְחֽמ ֹול׃ ס‬17

1.2. Crítica Textual

1.3. Tradução Literal


Seguindo a conclusão acima, aqui se propõe a seguinte tradução literal:

12 Não é tu desde antiguidade1 Yavéh? Deus meu, santo meu, não morrerás tu.
Yavéh, tu o destinou para justiça, e Rocha, a fim de fazer reprovar (julgar) 2 tu o
estabeleceste. 13 Puro é seus olhos para veres mal, e não pode olhar em direção a
iniquidade prevalecer. Para quê observará maldosos, fazendo calar a boca, quando
assolar um justo mais que ele? 14 Tu criaste o ser humano como os peixes do mar.
Como réptil, não governados nele.3 15 A todo (humano) ele4 em anzol/gancho ele faz
subir, ele arrasta em rede dele e reúne em rede dele. Sobre essa base regozija ele e
exulta. 16 Sobre essa base ele sacrifica para dedicar, e queima incenso para a rede
dele. Pois, neles (é) gordo/fértil a porção dele e de sustento dele gordo. 17 Portanto,
assim vai fazer esvaziar (ele) a rede dele, e continuamente para matar povos sem
deixar com vida/apiedar-se?

1.4. Tradução Dinâmica


12 Não é tu desde antiguidade Yavéh? Deus meu, Santo meu, não morrerás tu.
Yavéh, para justiça tu o destinaste, e a fim de fazer reprovar (jurídico), Rocha, tu o
estabeleceste. 13 Puros são seus olhos para veres o mal, e não (suporta) ver a
iniquidade prevalecer. Por que observará, calado, quando (o) maldoso assolar um

1
A palavra ‫ ִמ ֶּ֗ק ֶד ם‬se traduz semanticamente por antiguidade e não por eternidade (DITAT, 1998, p.
1318).
2
Reprovar é um verbo hifil infinitivo construto, por isso a ideia causativa de fazer reprova no sentido
legal, jurídico.
3
O verso 14 não se traduz como uma pergunta, como o faz a ARA, pois não nenhuma partícula ou
pronome interrogativo no texto original.
4
O texto usa continuamente o pronome na 3ª pessoa masculino singular, decidiu-se aqui por
preservar esse aspecto, ao invés de acompanhar a ARA que traduz o pronome no plural. Entende-se
que não há perigo de ambiguidade, pois claramente o texto se refere ao povo caldeu.
7

mais justo que ele? 14 Tu criaste o ser humano como os peixes do mar, como réptil
não há governo nele. 15 A todo (humano) ele (maldoso) levanta no anzol, arrasta em
sua rede e reúne em sua rede. Sobre ela (rede) ele se regozija e se alegra. 16 Por
isso, sobre essa base ele oferece sacrifício, e queima incenso para a rede dele.
Porque nelas ele tem fertilidade, a sua porção e o seu sustento farto. 17 Portanto
(essa é minha reinvindicação), assim vai fazer esvaziar a rede dele, e continuamente
(ficará) para matar povos sem apiedar-se (sem deixar ninguém com vida)?

1.5. Defesa da Perícope e divisões


Faça sua defesa da delimitação da perícope

1.6. Esboço Mecânico

‫ֲה֧ל ֹוא ַא ָּ֣ת ה ִמֶּ֗ק ֶד ם ְיהָ֧וה‬


L1 Não é tu desde antiguidade, Yavéh?

‫ֱא ֹלַ֛הי ְק ֹדִׁ֖ש י ֹ֣ל א ָנ֑מ ּות‬


L2 Deus meu, santo meu, não morrerás tu.

‫ְיהָו֙ה ְלִמְׁש ָּ֣פ ט ַׂש ְמ ּ֔ת ֹו‬


L3 Yavéh, tu o destinou para justiça.

‫ְו֖צ ּור ְלהֹוִ֥כיַח ְיַסְד ּֽת ֹו׃‬


L4 E oh Rocha, a fim de fazer reprovar, tu o estabeleceste.

‫ְט ֤ה ֹור ֵע יַ֙נ ִי֙ם ֵמ ְר ֣א ֹות ָ֔ר ע ְוַהִּ֥ב יט ֶא ל־ָעָ֖מ ל ֹ֣ל א תּוָ֑כ ל‬
L5 Puro é seus olhos para veres mal, e olhar em direção a iniquidade
prevalecer, não pode.

‫ָ֤לָּמה ַת ִּבי֙ט ּֽבֹוְגִ֔ד ים ַּת ֲחִ֕ר יׁש ְּבַבַּ֥לע ָר ָׁ֖ש ע ַצִּ֥דיק ִמ ֶּֽמּנּו׃‬
L6 Para quê observará maldosos, fazendo calar a boca, quando
assolar um justo mais que ele?

‫ַוַּת ֲעֶׂ֥ש ה ָאָ֖ד ם ִּכְד ֵ֣גי ַהָּ֑ים‬


L7 E Tu criaste o ser humano como os peixes do mar.
8

‫ְּכֶ֖ר ֶמׂש ֹלא־ֹמֵׁ֥ש ל ּֽבֹו׃‬


L8 Como réptil, não há governantes nele.

‫ֻּכֹּל֙ה ְּבַחָּ֣כה ֵֽהֲעָ֔ל ה ְיֹגֵ֣ר הּו ְבֶחְר ֔מ ֹו ְוַיַאְסֵ֖פ הּו ְּבִמ ְכַמְר ּ֑ת ֹו‬
L9 A todo (humano) ele em anzol/gancho ele faz subir, ele arrasta em sua rede
e reúne em sua rede.

‫ַעל־ֵּ֖כ ן ִיְׂשַ֥מח ְוָיִֽגיל׃‬


L10 Sobre essa base regozija ele e exulta.

‫ַעל־ֵּכ֙ן ְיַזֵּ֣ב ַח ְלֶחְר ֔מ ֹו ִֽויַקֵּ֖ט ר ְלִמְכַמְר ּ֑ת ֹו‬


L11 Sobre essa base ele dedica sacrifício, e queima incenso para a
rede dele.

‫ִּ֤כי ָבֵ֙ה ָּמ֙ה ָׁש ֵ֣מ ן ֶחְל֔ק ֹו ּוַמֲאָכ֖ל ֹו ְּבִר ָֽאה׃‬


L 12 Pois, neles (é) gordo/fértil a porção dele e de sustento dele
gordo.

‫ַ֥ה ַעל ֵּ֖כ ן ָיִ֣ר יק ֶחְר ֑מ ֹו‬


L13 Portanto, assim vai fazer esvaziar (ele) a rede dele;

‫ְוָת ִ֛מיד ַלֲהֹ֥ר ג ּגֹוִ֖ים ֹ֥ל א ַיְחֽמ ֹול׃ ס‬


L14 E continuamente para matar povos sem deixar com vida/apiedar-
se?

1.7. Definição do gênero e subgênero literário


Defina o gênero de sua perícope.

2. ESTUDO CONTEXTUAL
Nesta seção serão discutidas questões como autoria, data, pano de fundo e
gênero literário.

2.1. Contexto Histórico


Com relação a autoria nada sabemos a respeito de Habacuque fora do livro
que leva seu nome, é o profeta com menos informação sobre si, não sabemos o
9

nome do pai, de sua tribo nem de sua cidade de origem. As únicas menções a
Habacuque acontecem no apócrifo Daniel, Bel e o Dragão, que aparece em um
manuscrito da LXX, onde é mencionado que Habacuque alimentou Daniel quando
este foi colocado na cova dos leões. E em um manuscrito que diz que ele era filho
de um levita chamado Jesus (BAKER, 2001, p. 323-324). Porém, nenhum desses
materiais gozam de confiança, a ponto de nenhum estudioso tratar essas
informações com seriedade (SAYÃO, 2012, p. 89). Segundo O. Palmer Robertson
“Da mesma maneira que Elias, bem como João Batista..., Habacuque aparece
meramente como uma ‘voz’ e nada mais” (ROBERTSON, 2012, p. 176).

Também há dificuldade para se estabelecer uma data e um pano de fundo, ou


contexto exato em que Habacuque profetizou. Como afirmado acima, não há nada
fora do livro de Habacuque que indique ou que dê pistas do lugar e o tempo em que
o profeta viveu. Portanto, todas as evidências sobre a data das profecias são
internas. As melhores pistas para determinar uma data para Habacuque estão nos
VV. 3-6 do cap. 1 do livro.

Nos VV. 3 e 4 o profeta reclama de violência, iniquidade, contendas e litígio, e


faz menção à Lei (‫)ּתֹוָר ה‬. Isso indica que ele estava preocupado com a iniquidade em
Israel, portanto a primeira pista para a data do livro é que Habacuque viveu em um
período que o povo de Israel estava afastado da Lei de Deus, praticando iniquidade.

Porém, ao olhar para a história de Israel como um todo no AT, esse tipo de
situação aconteceu em diferentes épocas. Por isso, os VV. 5 e 6 ajudam com uma
segunda pista, pois em resposta ao clamor do profeta, o Senhor afirma que nos dias
do profeta ele mandaria, para punir a iniquidade reclamada, os Caldeus (‫)ַהַּכְׂש ִּ֔ד ים‬.
Esse termo, segundo Luiz Alonso Schökel pode ser traduzido por astrólogo ou
adivinho profissional, pois essa era a função dos Caldeus citado em Dn. 2.2
(SCHÖKEL, 1997, p. 327). Porém, pelo contexto bélico da passagem de
Habacuque, é pouco provável que o termo tenha esse significado. Os Caldeus em
Habacuque, como afirma Robert Chisholm é, muito provavelmente, uma referência
aos Babilônios (CHISHOLM, 2019, p. 484).

A descrição que Deus dá dos Caldeus nos versículos seguintes indica que
eles eram um povo poderoso que conquistava outros povos. Portanto, se o contexto
de Habacuque está relacionado com os Babilônios, a data do livro coincide com o
10

período da ascensão do império neobabilônico sob o comando de Nabopolassar


(658 – 605 a.C.), que começou a ganhar força após destruir Nínive em 612 a.C. E se
estabeleceu de vez como potência imperial em 605 a.C., quando sob o comando de
Nabucodosor, derrotam o Egito na Batalha de Carquemis (Jr. 46.2). (BAKER, 2001,
p. 324). Seguindo essa lógica, Habacuque estaria situado no período do reinado de
Jeoaquim entre 609 e 598 a.C.

Essa data estaria de acordo com os acontecimentos narrados em 2Rs. 23:34-


35 e 2Rs. 24.1-4 que diz:

“Faraó-Neco também constituiu rei a Eliaquim, filho de Josias, em


lugar de Josias, seu pai, e lhe mudou o nome para Jeoaquim; porém levou
consigo para o Egito a Joacaz, que ali morreu. Jeoaquim deu aquela prata e
aquele ouro a Faraó; porém estabeleceu imposto sobre a terra, para dar
esse dinheiro segundo o mandado de Faraó; do povo da terra exigiu prata e
ouro, de cada um segundo a sua avaliação, para o dar a Faraó-Neco.”
(ARA). (Grifo nosso).

“Nos dias de Jeoaquim, subiu Nabucodonosor, rei da Babilônia,


contra ele, e ele, por três anos, ficou seu servo; então, se rebelou contra ele.
Enviou o SENHOR contra Jeoaquim bandos de caldeus, e bandos de siros,
e de moabitas, e dos filhos de Amom; enviou-os contra Judá para o destruir,
segundo a palavra que o SENHOR falara pelos profetas, seus servos. Com
efeito, isto sucedeu a Judá por mandado do SENHOR, que o removeu da
sua presença, por causa de todos os pecados cometidos por Manassés,
como também por causa do sangue inocente que ele derramou, com o qual
encheu a cidade de Jerusalém; por isso, o SENHOR não o quis perdoar.”
(ARA). (Grifo nosso).

Esse parece ser o pano de fundo para as profecias de Habacuque. Quando


Faraó-Neco derrotou o bom rei Josias de Judá e estabeleceu Jeoaquim como rei
vassalo, o obrigando a pagar os tributos ao Egito, ele estabeleceu imposto sobre a
terra causando sofrimento e pobreza. E por causa de seus pecados e de seu bisavô
Manasses, o Senhor enviou contra ele os Babilônios, caldeus, siros, moabitas e
amonitas. Se Habacuque está nesse contexto então é certo que ele pertence ao
grupo de profetas mencionados em 2Rs. 24.2 que profetizaram o ataque dos
caldeus.

Esse contexto justifica a indignação do profeta Habacuque com relação à


iniquidade em Judá, pois foi um período marcado por reis maus, com exceção de
11

Josias que reinou de maneira justa por 31 anos. Porém, seus antecessores
Manasses e Amom foram extremamente perversos. A perversidade era tanta, que
Manasses que reinou por mais de meio século, praticou idolatria e foi capaz de
queimar um de seus filhos em sacrifício a deuses falsos (cf. 2Rs. 21.1-6). Após ele
veio Amom que andou nas mesmas maldades de seu pai (cf. 2Rs. 21.20). Depois
dele veio o bom rei Josias que promoveu diversas reformas, destruição de altares
dedicados a deuses falsos, renovação do compromisso da aliança e
restabelecimento da Páscoa (cf. 2R. 23.24-26). Porém após a morte de Josias, o rei
que se levantou voltou a fazer o que era mal diante do Senhor.

Nesse contexto é fácil entender a frustração do profeta, que viveu para ver um
pouco do bom reinado de Josias, mas com a presença de Jeoaquim, a bondade de
Josias começa a parecer uma realidade muito distante. Seu livro reflete a
expectativa de alguém que almeja em seu tempo um novo avivamento para sua
nação.

E necessário, contudo, pontuar que essa data enfrenta seus problemas, o


principal, na visão desse autor, é que se o profeta está nesse contexto é improvável
que ele não conhecesse as profecias de Isaías a respeito da Babilônia, (cf. Is. 39.3).
Mas, essa objeção pode ser respondida sob a conjectura de que o profeta apesar de
saber das profecias anteriores a ele, não esperava que o cumprimento se daria em
seus dias, como afirma o Senhor (cf. Hc. 1.5). Assume-se aqui que conjecturas
nunca são parâmetros para tomar uma decisão exegética. Porém, destaca-se que
qualquer outra data distante de 609 a 598 a.C. para o livro de Habacuque é
altamente improvável, justamente pela ausência, em outros períodos da história de
Israel, de uma nação poderosa e bélica identificada com os Caldeus que tenha
atacado e destruído Judá como punição pela iniquidade.

Portanto, apesar dos problemas, nesse trabalho assume-se a data para o


contexto de Habacuque dentro do reinado de Jeoaquim (609-598 a.C.), rei de Judá,
tendo como pano de fundo a ascensão do Império da Babilônia, junto com
iniquidade do povo como reflexo de seu rei mal, que impôs aos justos, impostos
abusivos.
12

2.2. Contexto Literário


Nesta seção será exposto a estrutura de todo o livro de Habacuque, bem
como a estrutura do texto analisado nesse trabalho e sua relação com o restante do
livro e com toda a Escritura.

2.2.1. Contexto do livro todo


O livro de Habacuque possui uma estrutura simples. São apenas três
capítulos, que podem ser dividido em três grandes Blocos. O primeiro Bloco é (Hc.
1.1-11) onde o profeta expõe, em forma de pergunta a Deus, sua indignação contra
o pecado de Judá e sua preocupação com o sofrimento dos justos em seu contexto
(Hc. 1.1-4). Na sequência dessa pergunta vem a resposta de Deus, em forma de
oráculo profético, dizendo que Ele mandaria os Caldeus como forma de punição ao
pecado de seu povo (Hc. 1.5-11). E essa resposta de Deus, leva o profeta a fazer
seu segundo questionamento que abre o segundo grande Bloco do livro que é (Hc.
1.12-2.20), nesse segundo Bloco se encontra nossa perícope. A resposta de Deus
ao primeiro questionamento, levanta duas preocupações no profeta, uma ética e
outra com a segurança dos justos.

A preocupação ética é porque Deus, que é santo, afirma que usaria um povo
mais perverso para punir a iniquidade de Judá. E sua preocupação com a segurança
do justo é porque esse povo enviado por Deus tinha fama de ser muito violento e
com essa invasão iminente os justos seriam terrivelmente atingidos. Por isso, ele
pergunta como era possível um Deus santo e justo permitir tal situação (Hc. 1.12-
2.1). E no capítulo dois vem mais uma resposta de Deus, para as duas
preocupações do profeta. Primeiro dizendo mesmo que a destruição fosse iminente,
o próprio Deus garantiria a segurança dos justos, que viveriam por meio da fé (Hc.
2.2-4). O texto analisado aqui, foca exatamente nessa primeira parte da resposta de
Deus ao profeta, quanto à segurança do justo. A segunda parte da resposta de Deus
sana a preocupação ética do profeta, pois afirma que os caldeus não ficariam sem
punição pela sua iniquidade, proferindo cinco ais contra esse povo (Hc. 2.5-20).

O terceiro grande Bloco é constituído por todo o capítulo três e foca na


resposta do profeta que irrompe em oração confiante na forma de salmo como
resposta aos desígnios Deus para o seu povo e as outras nações.
13

A mensagem do livro como um todo é a universalidade do julgamento de


Deus, seu cuidado com o justo por meio da fé, e a resposta confiante do justo diante
desse conhecimento.

2.2.2. Contexto remoto


Como dito acima o livro pode ser divido em três grandes Blocos que podem
ser esboçados da seguinte maneira:

Bloco 1 – Primeiro questionamento e primeira resposta (Hc. 1.1-11).

Cabeçalho e título – 1.1

Lamento e insatisfação de Habacuque – 1.1-4 – “Até quando?”

Resposta do Senhor – 1.5-11 – “A justiça vem, mas não como que você
espera.”

Bloco 2 – Segundo questionamento e segunda resposta (Hb. 1.12-2.20).

Reação de Habacuque à primeira resposta – 1.12-2.1 – “Como fica o justo e


como pode um Deus santo usar o injusto para promover sua justiça?”

Segunda resposta de Deus, parte um – 2.2-4 – “salvarei o justo por meio da


fé.”

Segunda resposta de Deus, parte dois – 2.5-20 – “Na hora certa cuidarei do
ímpios.”

Bloco 3 – Resposta confiante do profeta em forma de oração (Hc. 3).

Um pedido confiante – 3.1-2 – “Aviva sua obra Senhor.”

Deus todo poderoso – 3.3-15 – “Ele guarda sua aliança e vem salvar.”

O conhecimento de Deus que molda a fé e a esperança diante de dias maus


– 3.16-19 – “Me alegrarei somente no Senhor.”

Para esse esboço do livro tomou-se como base, com alguns acréscimos, o
esboço proposto por Robert Chisholm (cf. CHISHOLM, 2019, p. 485). Nele, é
possível observar que a perícope analisada ocupa posição central dentro do livro.
Desde o início do livro Habacuque se mostra preocupado com o justo, pois com a
14

distorção da lei era o justo que estava sendo prejudicado. Por isso a resposta de
Deus ao profeta no Bloco 1 o deixa extremamente alarmado, pois, os caldeus ao
invadirem Judá, não fariam distinção entre justos e ímpios. Isso gerou um novo
questionamento, abrindo o Bloco 2, e a resposta de Deus ao segundo
questionamento do profeta, dizendo que salvaria o justo e julgaria os invasores
ímpios, foi determinante para Habacuque descansar no Senhor e irromper em
adoração no Bloco 3. Conclui-se aqui que nossa perícope une os três Blocos do livro
para formar sua mensagem central, a universalidade do julgamento de Deus, seu
cuidado com o justo por meio da fé, e a resposta confiante do justo diante desse
conhecimento

2.2.3. Contexto Próximo


Nossa perícope ocupa as duas primeiras partes do Bloco 2, e se concentra no
segundo questionamento do profeta a Deus. Neste questionamento ele afirma
compreendeu que Deus levantou os caldeus para a disciplina, mas que não entende
por que Ele usa um povo tão mau para fazer isso. O profeta se vê em um dilema,
pois sabe que Deus é santo e guarda a sua aliança, mas agora sabe que os justos
serão atingidos pela invasão do inimigo mandado para disciplinar Judá. A Resposta
vem sanar o dilema do profeta ao esclarecer que o justo permanecerá em segurança
e que no tempo certo, os caldeus ímpios serão julgados por todos os seus pecados.

2.2.4. Estrutura do contexto Próximo


O Bloco 2 é subdividido em três partes:

1) Reação de Habacuque à primeira resposta – 1.12-2.1.

a) Declaração de fé na eternidade e santidade, e reconhecimento do controle


de Deus sobre a disciplina 1.12.
b) Questionamento sobre como um Deus santo tolera que sua justiça venha
através de um povo tão ímpio 1.13-17.
c) A espera pela resposta 2.1.

2) Segunda resposta de Deus, parte um – 2.2-4.

a) Resposta como mensagem urgente para o povo 2.2.


b) A confirmação da disciplina 2.3.
15

c) As características do justo e sua salvação e segurança por meio da fé 2.4.

3) Segunda resposta de Deus, parte dois – 2.5-20.

a) Declaração de juízo contra os caldeus 2.5-8.


b) Ai deles porque roubam e enriquecem ilicitamente 2.9-11.
c) Ai deles porque são violentos 2.12-14.
d) Ai deles porque são imorais 2.15-17.
e) Ai deles porque por causa da idolatria 2.18-20.

2.3. Contexto Canônico


Nesta seção será apresentado de forma sucinta a relação da perícope
analisada com o restante das Escrituras, AT e NT.

2.3.1. Antigo Testamento


A relação do textual do AT com texto de Habacuque não é uma tarefa simples
de decifrar, pois não há nenhuma menção direta ao profeta em todo o restante do
AT. Mas como foi tratado no contexto histórico é possível relacionar o Habacuque e
sua mensagem com 2Rs. 24.1-3.

Quando se trata dessa relação da forma inversa, ou seja, quando se busca a


relação de Habacuque com os demais textos do AT, é possível traçar características
teológicas marcantes do profeta. Este mostra conhecimento apurado dos atributos
de Deus, tais como santidade e justiça, conhece a aliança e as implicações da
quebra desta. Portanto, toda a perícope se relaciona com textos como Êx. 20; Lv.
23; Dt. 11 etc.

2.3.2. Novo Testamento


Quando se trata da relação do NT com Habacuque a tarefa se torna mais
viável, porém, isso não quer dizer que seja simples. Há no NT três citações diretas à
nossa perícope (Rm. 1.17; Gl. 3.11; Hb. 10.38-39). Todas elas usam o final de do v.
4 do cap. 2 de Habacuque, como a base para a doutrina da justificação pela fé
somente, a ARA traduz o texto como “mas o justo viverá pela sua fé”. Porém, há
complicações textuais relacionadas essas citações que foram tratadas na seção 1.2
Crítica Textual.
16

3. ESTUDO TEOLÓGICO

3.1. Comentário

3.2. Mensagem para a Época Escrita

3.3. Mensagem para hoje

3.4. Teologia do Texto


A teologia do texto precisa ser demonstrada à luz do seu contexto e uso
canônico e como o texto contribui para o todo da revelação de Deus. No caso da
perícope aqui analisada o melhor parâmetro hermenêutico se encontra nos autores
inspirados que fizeram o uso adequado desse texto.

3.4.1. Implicações para a Teologia Bíblica

3.4.2. Implicações para a Teologia Sistemática

3.4.3. Implicações para a Teologia Prática

CONCLUSÃO

SERMÃO
17

REFERÊNCIAS
BAKER, David Weston; T. Desmond Alexander; Richard J. Sturz. Obadias, Jonas,
Miqueias, Naum, Habacuque e Sofonias, Introdução e Comentário. São Paulo:
Vida Nova, 2001.

BEALE, G. K. Comentário do uso do Antigo Testamento no Novo Testamento.


São Paulo: Vida Nova, 2014.
Bíblia Hebraica Stuttgartensia 5ª edição, Barueri: Sociedade Bíblica do Brasil.
DAVIDSON, Benjamin. Léxico Analítico Hebraico e Caldaico. São Paulo: Vida
Nova 2018.
FRANCISCO, Edson de Faria. Manual da Bíblia Hebraica, Introdução ao Texto
Massorético, Guia Introdutório para a Bíblia Hebraica Stuttgartensia. São Paulo:
Vida Nova 2008.
HARRIS, R. Laird; Gleason L. Archer, Jr.; Bruce Waltke. Dicionário Internacional
de Teologia – Antigo Testamento. São Paulo: Vida Nova 1998.]
HOLLADAY, William L. Léxico Hebraico e Aramaico do Antigo Testamento. São
Paulo: Vida Nova 2010.
JR. Robert Chisholm. Da Exegese à Exposição, Guia Prático Para o Uso do
Hebraico Bíblico. São Paulo: Editora Cultura Cristã 2016.
JR. Robert Chisholm. Introdução aos Profetas. São Paulo: Editora Cultura Cristã
2019.
KELLEY, Page H., Hebraico Bíblico – Uma Gramática Introdutória. São Leopoldo:
Editora Sinodal 2018.
ROBERTSON, O. Palmer. Naum, Habacuque e Sofonias. São Paulo: Editora
Cultura Cristã 2012.
18

SAYÃO, Luiz, O Problema do Mal no Antigo Testamento – O caso de


Habacuque. São Paulo: Hagnos 2012.
SCHOKEL, Luiz Alonso. Dicionário Bíblico hebraico-português. São Paulo:
Paulus 1997.

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