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Projeto gráfico da capa: Filipe Carvalho


Impressão: Gráfica Rotermund
Produção, diagramação e revisão: Editora Kairós
Correção ortográfica: Anderson Rocha de Almeida

Apocalipse, a Revelação Final /Paixão, Waldemar Pereira


Ia. edição - Alvorada /2009.
p. 184. cm 14x21.

1. Escatologia. 2. Comentário Bíblico.

Editora Kairós
Praça Nadir Feijó, n°. 74
Bairro Passo do Feijó
CEP n°. 94.810-380
Fone: (51)3483.1918
Alvorada/RS - Brasil
E-mail: editorakairos@terra.com.br
Dedicatória

ste livro é ded icado a todos aqueles que desde os


primórdios do cristianismo, em qualquer lugar e em qual­
quer circunstância, viveram, amaram, sofreram e parti­
ram na esperança da volta Daquele que prometeu: (...)
virei outra vez e vos levarei para Mim mesmo (João 14.3). E por
extensão, aos cristãos da atualidade que em seu viver e
agir, demonstram que amam e aguardam ansiosamente a
sua vinda.
Waldemar Pereira Paixão.
Alvorada/RS, 2009
Apresentação

into-me bastante honrado em apresentar ao público


leitor e aos estudantes da Bíblia Sagrada o livro
Apocalipse, a Revelação Final, de conteúdo escatológico,
que por seu estilo e conteúdo, tornou-se uma obra singu­
lar.

O pastor W aldemar Pereira Paixão, estudioso e pro­


fundo conhecedor da escatologia bíblica, oferece aos nos­
sos leitores revelações esclarecedoras das “coisas futu­
ras”.

Felicito o ilustre escritor pela edição da presente obra.


Não é somente um livro, mas é um manual que certa­
mente ajudará aqueles que amam e se interessam por
conhecerem minuciosamente os acontecimentos relacio­
nados ao fim dos tempos.

Com linguagem simples e precisa, o autor facilita a boa


compreensão de tão importante doutrina bíblica. A sua
agradável leitura desperta o desejo de conhecer como
acontecerá o fim de todas as coisas.
8 Apresentação

Recomendo a leitura deste importante livro, que enriquecerá


a sua alma com uma leitura bastante elucidativa e edificante.

São Paulo, janeiro 2009

Pastor José Wellington Bezerra da Costa,


presidente da CGADB.
Sumário

D edicatória........................................................................................... 5
A presentação...................................................................................... 7
S u m ário ................................................................................................. 9
Introdução......... ...................................................................... ....... 11
Capítulo 1: A visão de Cristo glorificado................................... 21
Capítulo 2: A Igreja no passadoe no presente.......................... 29
Capítulo 3: A Igreja arrebatada..................................................... 31
Capítulo 4: A Igreja glorificada................................................... 37
Capítulo 5: A Grande Tribulação.................................................41
Capítulo 6: Os sete s e lo s ............................................................. 45
Capítulo 7: Os cento e quarenta e quatro m il.......................... 57
Capítulo 8: As sete trom betas..................................................... 63
Capítulo 9: Quinta e sexta trom betas........................................ 69
Capítulo 10: Um livrinho trazido do c é u ...................................... 75
Capítulo11: As duastestemunhas m ártires................................. 79
Capítulo 12: A mulher e o d rag ão ................................................ 87
10 Sumário

Capítulo 13: As bestas do mar e da te rra .................................... 95


Capítulo 1 4 :0 Cordeiro e os rem idos........................................103
Capítulo 15: As sete ta ç a s .............................................................109
Capítulo 16: A mulher e a b e s ta .................................................. 119
Capítulo 17: A Babilônia com ercial............................................. 133
Capítulo 18: Bodas do C ordeiro..... .............................................139
Capítulo 19: Satanás é preso, Cristo re in a ................................ 147
Capítulo 20: O novo céu e a nova te rra ......................................161
Capítulo 2 1 :0 eterno e perfeito estad o ..................................... 173
B ibliografia......................................................................................183
Introdução

j Apocalipse é a grande consumação das Escrituras, as­


sim como o Gênesis é o livro das primeiras coisas, onde o
homem fracassou pelo pecado. Este livro apresenta as
últimas coisas, onde aparece o homem salvo e triunfante
em Cristo.
E bom que se observe o grande contraste existente en­
tre esses dois livros:
Gênesis Apocalipse
1. A antiga criação. 1. A nova criação.
2. A entrada de Satanás. 2 .0 juízo de Satanás.
3 .0 casamento do 3 .0 casamento do
primeiro Adão. segundo Adão.
4. Surgem as primeiras 4. Enxugadas todas as
lágrimas no mundo. lágrimas.
5. O paraíso é perdido. 5. Paraíso restaurado.
6. É vedado o caminho 6 .0 acesso à árvore da
da árvore da vida. vida é livre.
7. Morte entra no mundo. 7. A morte é vencida.
8. A vida é limitada. 8. A vida é eterna.
9. Entra a maldição no 9. Não há maldição.
mundo. 11
12 Introdução

10. A primeira cidade é um 10. Cidade dos salvos,


fracasso. um sucesso.
11. A comunhão com Deus 11. A comunhão divina é
é rompida. restaurada.
12. A lua e as estrelas 12. Não haverá noite.
iluminam as noites.
13. Velho céu e velha terra. 13. Novos céu e terra.
14. Surgem as primeiras 14. Não haverá mais dor.
dores.
15. O homem começa a 15. O homem verá a face
fugir de Deus. de Deus.
16. O mar é separado da 16. O mar já não existe.
terra seca.

Pelo seu alto conteúdo profético e por sua natureza altamente


simbólica, o livro do Apocalipse é um livro que não deve ser
negligenciado pelos cristãos. Fala de guerras e também de paz
triunfante e final sobre o m undo. O Apocalipse, do grego
apokallupsus, significa "revelação", ou seja, o afastamento do véu,
manifestando algo oculto ou encoberto. O livro contém segredos
divinos revelados por Cristo a João e, finalmente, de João à Igreja
(Apocalipse 1.1, 2).

O Apocalipse é, sem dúvida, um dos livros mais fascinantes e


váliosos da Bíblia, visto que nele João pôde olhar pelo corredor
do tempo e revelar o plano de Deus para os séculos. Trata-se de
um livro de difícil interpretação e, por esta razão, mesmo que
compreendamos muitas coisas sobre ele, só o compreenderemos
mais perfeitamente a medida em que os eventos nele contidos
estiverem se aproximando do seu cumprimento final. Mesmo
assim, este livro é uma janela da revelação divina sobre todos os
eventos futuros.
Basta compararmos Daniel 12.4, 9 com Apocalipse 22.10 para
vermos como Deus quer mostrar aos seus servos as coisas que
brevemente devem acontecer (Apocalipse 1.1).
Apocalipse, a Revelação Final 13

O Apocalipse é o apogeu da revelação divina; é a revelação


final de Deus ao seu povo. Contém a última mensagem de Jesus
à Igreja concernente a sua vinda: Certamente cedo venho (Apocalipse
22.20b). Assim, podemos dizer que nos Evangelhos somos leva­
dos a crer em Cristo; nas epístolas somos levados a amá-lo; e no
Apocalipse somos levados a esperá-lo.

Uma palavra de advertência


E preciso que cada estudante procure distinguir corretamente
os sentidos literais, figurativos e simbólicos das Escrituras, a fim
de interpretar corretamente o texto bíblico. Por exemplo, sabe­
mos que o cavalo de Apocalipse 19.11 é simbólico, devido ao
uso figurativo da espada no versículo 15 do mesmo capítulo.
Veja outros exemplos em Apocalipse 6 .2,4, 6, 8; 12.1-4; 13.1, 2 ,11
e 17.3, 4.

A autoria do livro
O autor é João, o ev angelista, apóstolo do Senhor Jesu s
(Apocalipse 1.1, 4, 9 e 22.8).
Irineu, nascido em cerca de 130 d.C. e discípulo de Policarpo,
que por sua vez foi discípulo de João, afirma que o velho apósto­
lo, após ter retornado do seu banimento para a ilha de Patmos,
permaneceu em Efeso até a sua morte, o que ocorreu no reinado
de Trajano, por volta dos anos 97 ou 98. Já em meados do segun­
do século, o livro do Apocalipse foi atribuído a João. Obras e
escritores do mesmo período afirmam o mesmo. Justino Mártir,
que viveu em Éfeso por volta de 135 d.C., disse: "A lém disso,
um homem entre nós, de nome João, um dos apóstolos de Cristo,
profetizou em uma revelação que lhe foi feita que aqueles que
tiverem confiado em nosso Cristo passarão mil anos em Jerusa­
lém, e que após a ressurreição universal, terá lugar o julgamen­
to" (História Eclesiástica 4.12, de Eusébio). Eusébio ainda cita
Eurígenes, dizendo: "(...) Ele (João) também escreveu Apocalipse,
quando se ordenou que ocultasse e não registrasse as vozes dos
14 Introdução

sete trovões”. Papias, falecido no ano 130, conheceu João pesso­


almente, tendo transmitido informações de primeira mão a Melito,
o qual foi bispo de Sardes (160 a 190 d.C.), que conhecia e usava
o livro do Apocalipse. É significativo o fato de que Melito viveu
em Sardes, uma das cidades às quais o livro foi originalmente
enviado (Apocalipse 3.1). É natural que ele tenha aceitado o li­
vro antes mesmo de ter sido aceito em outras partes da cristan-
dade antiga.
O Cânon Muratório (200 d.C.) atribui o Apocalipse ao apósto­
lo João. A tradição primitiva é confirmada pelos pais do terceiro
século, como Tertuliano, Hipólito e Eurígenes. Eles atribuem o
livro ao apóstolo João e o fazem sem qualquer indício de existir
uma idéia diferente a respeito deste assunto. A conclusão de
Gerhard Maier é que nenhum outro livro do Novo Testamento
tem uma tradição mais forte ou mais antiga sobre a sua autoria
do que o livro do Apocalipse.

Época e local do livro


Como se pode ver, atribuir ao livro do Apocalipse a época do
reinado de Domiciano (já no final deste reinado, digamos nos
anos 95 ou 96) tem o apoio da maioria dos pais da igreja primiti­
va.
Segundo o historiador Eusébio, João pastoreava a igreja em
Éfeso quando foi exilado por Domiciano no ano 95. Voltou a Éfeso
no ano seguinte, tendo escrito o livro do Apocalipse nesse meio
tempo (História Eclesiástica, 111.20).
Clemente de Alexandria fala ainda da atividade posterior de
João nos seguintes termos: “Quando logo após a morte do tirano
(Domiciano), ele voltou da ilha de Patmos para Éfeso, e foi logo
visitar as regiões vizinhas a fim de instalar bispos em alguns lu­
gares, em outros, para pôr em ordem as congregações; e, em ou­
tros ainda, para ordenar aqueles que foram designados pelo Es­
pírito Santo”.
Patm os é um a ilha rochosa escarp ad a com cerca de 10
Apocalipse, a Revelação Final 15

quilômetros de largura por 15 de comprimento, situada a uns 80


quilômetros a sudeste de Éfeso. A ilha era usada por autorida­
des romanas como um local de exílio, e João diz ser este o moti­
vo de estar ali, ou seja, por causa da Palavra de Deus e do teste­
munho de Jesus Cristo (Apocalipse 1.9).
Vitorino afirmou que o exílio de João foi acompanhado de tra­
balhos forçados nas minas de sal em Patmos. No entanto, poucos
autores mencionam este fato. Sabe-se, também, que estando já
velhinho, João assentava-se ao púlpito da igreja em Éfeso, levan­
tava a sua mão, e assim falava à igreja: “Filhinhos, amai-vos uns
aos outros”. E ali terminou os seus dias, na época do imperador
Trajano (98 a 117).

D ivisão geral do livro


Em Apocalipse 1.19, o próprio Senhor Jesus faz essa divisão,
sendo esta uma divisão tríplice: (1) Concernente ao Senhor J e ­
sus. O capítulo primeiro fala das coisas passadas no tempo de
João, ou seja, as coisas que tens visto. (2) Concernente à Igreja. Nos
capítulos 2 e 3 encontramos as coisas presentes - as que são. (3)
Concernente às nações. Do capítulo 4 ao 22 encontramos as coi­
sas futuras, que são as coisas que depois destas hão de suceder. N es­
ta última divisão está compreendida a septuagésima semana de
Daniel 9.27; sendo que os capítulos 6 a 19 do livro são relatos
proféticos do único livro de profecias do Novo Testam ento
(Apocalipse 1.3 e 22.7, 10, 18, 19).
O Apocalipse foi escrito a fim de que a sua mensagem fosse
preservada para a nossa instrução e advertência.

Tem a do livro
Fala sobre a vinda do Senhor Jesus em glória, isto é, da sua
revelação pessoal em poder a Israel e às nações (Daniel 7.13;
Zacarias 14.3-5; Mateus 24.29, 30; Atos 1.10; 2 Tessalonicenses 2.7-
9 e Ap 1.7). Em cada cena do Apocalipse, Cristo aparece sempre
como a “figura central”. Sem Ele, o livro não teria sentido algum.
16 Introdução

Motivos do livro
O livro do Apocalipse foi escrito por ordem divina com as
seguintes finalidades: (1) mostrar aos seus servos as coisas que
b rev em en te devem acon tecer (A p o calip se 1.1); (2) en v iar
instruções às sete igrejas da Ásia, (3) a fim de encorajar os crentes
que sofriam perseguição, porquanto se recusavam a adorar o
imperador como se fosse um deus, sendo que tal negligência era
considerada uma traição ao Estado. Este é o motivo de a igreja
cristã daqueles dias ter sofrido muitas indignidades, aprisiona-
mentos, confiscos de propriedades, provações, torturas e martí­
rios, como no caso do período da igreja de Esmirna (Apocalipse
2.9, 10). Plínio, o moço, governador da Bitínia, em sua carta ao
imperador Trajano (escrita entre os anos 111 e 113), descreve as
provações dos cristãos. (4) Corrigir os graves desvios do padrão
bíblico da verdade e da retidão, segundo o Novo Testamento em
muitas igrejas da Ásia e chamá-las ao arrependimento.

Conteúdo do livro
O Apocalipse compõe-se de 22 capítulos, 405 versículos, 12
mil palavras e 9 perguntas. A Bíblia divide a raça humana em 3
partes, a saber, os judeus, os gentios e a Igreja (1 Coríntios 10.32).
No livro do Apocalipse, encontramos a Igreja no princípio do
livro, Israel no meio e as nações gentílicas no fim.

Nossa atitude quanto ao livro


A nossa atitude quanto ao livro do Apocalipse deve ser da
mais profunda reverência, temor de Deus, oração e desejo de
aprender, pois não se trata de coisas comuns e triviais, mas sim
de coisas divinas e eternas. O livro revela não só o relato das
coisas futuras, mas também a certeza da nossa eterna salvação
em Cristo.

Sistemas de interpretação do Apocalipse


O Apocalipse é o livro mais difícil de ser interpretado no Novo
Apocalipse, a Revelação Final 17

Testamento, principalmente devido ao uso extensivo de símbo­


los. Como entender estas simbologias às vezes tão estranhas? Ao
longo dos tempos, surgiram diversos sistemas distintos de inter­
pretação; no entanto, existem quatro principais escolas de inter­
pretação do livro do Apocalipse. Os sistemas mais conhecidos
são o preterista, o histórico, o simbolista e o futurista.

O sistema preterista interpreta o Apocalipse como sendo com­


posto por profecias (todas ou quase todas) já cumpridas nos dias
do apóstolo João. Ora, o que passou não é mais profecia, mas
sim, história. Entretanto, no próprio livro encontramos referênci­
as dizendo que se tratam de profecias (Apocalipse 1.3 e 22.7, 10,
19, 19). Segundo esses escritores, os dias vividos pela igreja pri­
mitiva eram parte do tempo do fim, desprezando assim o aspec­
to profético do livro.

Do ponto de vista preterista, a Roma imperial era a besta do


capítulo 13; e a classe sacerdotal que procurava incentivar o cul­
to a Roma era o falso profeta. Em face das perseguições, a Igreja
estaria ameaçada de desaparecer e João teria escrito o Apocalipse
para fortalecer a fé cristã, mostrando que Cristo voltaria e que
Roma seria destruída, bem como que o reino de Deus logo se
estabeleceria. Claro que Cristo não veio, Roma não foi derruba­
da desta forma e o reino de Deus não foi literal e visivelmente
estabelecido (veja Atos 1.6). É, portanto, precário e insustentável
o relacionamento que eles fazem entre o texto e o evento. Para os
que querem defender o Apocalipse como um livro profético, este
ponto de vista é inadequado e inadmissível.

O sistema histórico interpreta o Apocalipse como a história


da Igreja, do século primeiro aos tempos atuais. Afirmam tam­
bém que a tribulação e a atual Era da Igreja são basicamente a
mesma coisa. No entender deles, grande parte dessas profecias
já estão cumpridas e as demais estão se cumprindo atualmente,
nos acontecimentos mundiais. Não conseguem ver a Grande Tri­
bulação como um acontecimento do final dos tempos, pois espa­
lharam os eventos do livro no decorrer da história da Igreja des­
18 Introdução

de a Idade Média. Este sistema é um ponto de vista que gera


confusão, não tendo harmonia com o sentido profético que o pró­
prio livro dá a si mesmo. O Apocalipse trata de Escatologia e
não de História, principalmente a partir do capítulo 4. Tais escri­
tores chegaram até mesmo a associar eventos relacionados à guer­
ra do Golfo Pérsico a simbolismos do Apocalipse, afirmando que
João fizera previsões sobre a crise de 1991.

O sistema simbolista também é conhecido como idealista ou


espiritualista (não tem nada tem a ver com o espiritismo). Este
sistema de interpretação ensina que no Apocalipse tudo é sim­
bólico, representando o conflito entre o bem e o mal através dos
séculos. Nesse sistema, não há nada de histórico e nem de profé­
tico. O sistema simbolista é, portanto, uma forma de expressão
do racionalismo humano, infelizmente chamado de "racionalismo
cristão". Quem defende esta teoria não encontra cumprimento
literal em nenhum evento do livro. Estes dizem que o livro nos
ajuda a compreender a Deus e a maneira como Ele trata o mundo
em geral, mas não ajuda a mapear um curso de eventos. É a cren­
ça de que o tem p o dos g ran d es ev en to s p ro fé tico s é
indeterminado.
Segundo os simbolistas, a besta que surgiu do mar, que está
no capítulo 13, é Nero ou Roma, figuras genéricas do mal. Assim
defende o padre Ramiro Mincauto, professor da PUC/RS, afir­
mando que "a besta bíblica se refere a Nero, imperador romano
que perseguiu os cristãos do século primeiro" (Jornal Zero Hora,
edição do dia 06 de junho de 2006).
Os racionalistas acham que as suas próprias ideias valem mais
do que a Palavra de Deus. Aquilo que da Bíblia não couber em
suas mentes, eles recusam como absurdo, como se a Palavra de
Deus dependesse do julgamento dos homens (conforme 1 Pedro
1.20,21).
O sistema futurista imagina o livro em cumprimento futuro,
especialmente a partir do quarto capítulo em diante. Estes consi­
deram que a Igreja será arrebatada a qualquer momento, vindo a
Apocalipse, a Revelação Final ____ 19

seguir a Grande Tribulação para Israel e para as demais nações,


juntamente com os juízos divinos sob os selos, as trombetas e as
taças da ira de Deus. Desta forma, a Igreja não passará pela Gran­
de Tribu lação, m as será arrebatada antes (R om anos 5.9; 1
Tessalonicenses 1.10 e Apocalipse 3.10). O sistema futurista é o
que mais se harmoniza com a ideia geral do livro, o qual apre­
senta um conteúdo altamente profético. O termo "profecia" é
usado 7 vezes, mostrando que o conteúdo do livro destina-se à
história futura, e não ao passado (cf. Apocalipse 1.3; 11.6; 19.10;
22.7 ,1 0,18,19).

Para os futuristas, os capítulos 2 e 3 devem, via de regra, ser


analisados como sete épocas sucessivas da história da Igreja,
desde o Pentecostes até o arrebatamento.

O próprio João nos fornece orientações quanto a interpretação


do Apocalipse nas próprias palavras de Cristo: Escreve, pois, as
coisas que tens visto, referindo-se à gloriosa visão de que João fala
no primeiro capítulo; e as coisas que são, em referência à história
da Igreja, como esboçada nos capítulos 2 e 3; e as que depois destas
hão de suceder, ou seja, tudo o que há de acontecer após o arreba­
tamento da Igreja, como mostram os capítulos 4 a 22. O cumpri­
mento completo desta seção será, pois, no futuro; e então, se rea­
lizarão as predições proféticas e se estabelecerá o glorioso reina­
do de Cristo, a saber, o milênio.

Creio ser o sistema futurista o que melhor se encaixa nas pro­


fecias do Antigo Testamento, sendo também o que menos apre­
senta problemas de interpretação. A abordagem futurista mostra
de forma mais clara a natureza e os propósitos do livro do
Apocalipse.

Esboço do livro
Uma das formas de estudo da santa Palavra de Deus é o méto­
do sintético, que inclui o esboço de cada livro da Bíblia. Veja a
seguir as divisões do livro do Apocalipse, capítulo por capítulo.
20 Introdução

Capítulo 1:
A visão de Cristo glorificado.
Capítulos 2 e 3:
A Igreja no passado e no presente.
Capítulo 4:
A Igreja arrebatada.
Capítulo 5:
A Igreja glorificada.
Capítulos 6 a 18:
A Grande Tribulação.
Capítulo 19:
A volta do Senhor Jesus em glória.
Capítulo 20:
O milênio e o juízo final.
Capítulos 21 e 22:
O perfeito estado eterno.
Capítulo 1 ]

A visão de Cristo glorificado


(Apocalipse 1)

érsículo 1: R ev elação de Jesus Cristo, a qu al Deus lhe deu


p ara m ostrar ao s seus servos as coisas que brevem ente
devem acontecer; e p elo seu anjo as enviou e as notificou
a Jo ã o , seu servo,
O nome do último livro da Bíblia é uma transcrição da
palavra grega apokálypsis. Esta palavra é composta e deri­
vada da preposição apó e do verbo kalypto, que significa
desvendar ou tirar a cobertura de algo que já existe, po­
rém invisível até o momento da revelação.
Podemos ver aqui que o Apocalipse é uma revelação
de Deus para Cristo, de Cristo para João e de João para a
Igreja, mostrando as coisas que brevemente devem acontecer.
A expressão “brevemente” é a tradução da palavra grega
takhos, que indica rapidez de execução.

Versículo 2: (...) o qual testificou da P a la v ra de Deus,


do testem unho de Jesus Cristo e de tudo o que tem visto.
João procurou ser fiel e autêntico em relatar tudo o que
viu e ouviu de Cristo, como uma testemunha fiel. Não
aumentou e nem diminuiu coisa alguma sobre a visão
que teve na ilha de Patmos (veja Apocalipse 22.18, 19).
22 A visão de Cristo glorificado

Versículo 3: Bem-aventurado aquele que lê, os que ouvem as


palavras desta profecia e guardam as coisas que nela estão escri­
tas; porque o tempo está próximo.
A mensagem do terceiro versículo abrange os crentes de to­
das as épocas.
Guardar não é somente memorizar o que se leu, mas sim obe­
decer. É praticar (veja João 13.17). Esta é a primeira das sete bem-
aventuranças que existem no livro; as demais se encontram em
14.13; 16.15; 19.9; 20.6 e 22.7,14. Em toda a Bíblia estão registradas
nada menos do que 73 bem-aventuranças.
Ler, ouvir e guardar significa aprender e aplicar os grandes
princípios espirituais e doutrinários deste livro às nossas vidas,
bem como à Igreja em geral. João queria que este livro fosse lido
todo de uma só vez, preferivelmente em voz alta diante de cada
igreja. Foi isto que o Senhor lhe ordenou a fazer (v. 11).
A m aior ênfase do Espírito Santo está na parte final do
versículo que diz que o tempo está próximo. E se constitui uma
advertência solene a todos quantos esperam a volta do Senhor.

Versículo 4: João, às sete igrejas que estão na Ásia: Graça e


paz seja convosco da parte Daquele que é, que era e que há de vir,
e da dos sete Espíritos que estão diante do seu trono;
A "Á sia" aqui mencionada não se refere ao continente asiáti­
co, mas à Ásia Menor, que faz parte da moderna Turquia.
O Apocalipse é dirigido às sete igrejas da Ásia, que represen
tavam as igrejas existentes naqueles dias. O que foi dito àquelas
igrejas se aplica também à Igreja em todos os tempos.

Versículos 5 e 6: (...) e da parte de Jesus Cristo, que é a fie i


testemunha, o primogênito dos mortos e o Príncipe dos reis da
terra. Àquele que nos ama, em seu sangue nos lavou dos nossos
pecados e nos fez reis e sacerdotes para Deus e seu Pai. A Ele seja
glória e poder para todo o sempre. Am ém !
Apocalipse, a Revelação Final 23

É realmente maravilhoso sabermos que em meio a um mundo


cheio de ódio, guerras e violência de toda a espécie, Deus nos
ama. É este amor que nos faz superar todas as circunstâncias ad­
versas e faz com que esperemos pacientemente pela sua vinda.
O autor refere-se à missão salvadora de Cristo, ao amor que o
inspirou à mesma e à expiação que há em seu sangue (João 3.16 e
Romanos 5.6).

Versículo 7: Eis que vem com as nuvens e todo olho o verá, até
os mesmos que o traspassaram; e todas as tribos da terra se la­
mentarão sobre Ele. Sim! Amém!
Esta é uma referência à volta pessoal de Cristo em glória e não
ao arrebatamento da Igreja (Daniel 7.13; Mateus 24.30 e 26.64; Atos
1.11 e 2 Tessalonicense 1.7-9). Tanto o arrebatamento quanto a
sua vinda em glória dizem respeito à parousia (que em grego sig­
nifica “presença”) e à shekiná (“glória da sua p resen ça”, em
hebraico). O primeiro caso aponta para a sua vinda sobre as nu­
vens, ou seja, para o arrebatam ento da Igreja (João 14.3; 1
Tessalonicenses 1.10 e 4.15, 16); o segundo caso aponta para a
sua vinda à terra sete anos após o arrebatamento, quando todo o
mundo verá a sua glória e o sinal da sua vinda (Mateus 24.29,
30). Nesse dia, o mundo incrédulo verá o que jam ais acreditou
ver; a volta do Senhor com poder e grande glória.
Esta garantia de que Jesus virá novamente literal e fisicamen­
te concorda com 317 outras promessas no Novo Testamento.

Versículo 8: “Eu sou o Alfa e o Ômega, o Princípio e o F im ”,


diz o Senhor, que é, que era e que há de vir, o Todo poderoso.
“A lfa” é a primeira letra do alfabeto grego; e “ôm ega”, a últi­
ma. Isto indica que o Senhor Deus é o princípio e o fim de todas
as coisas. Isto liga a sua existência presente com o futuro e com o
passado. Antes Dele, não houve ninguém; e depois Dele, tam­
bém não haverá outro Senhor. Nenhum humano jam ais diria de
si mesmo: “Eu sou o primeiro e o últim o”.
24 A visão de Cristo glorificado

Versículo 9: Eu, João, que também sou vosso irmão e compa­


nheiro na aflição, no Reino e na paciência de Jesus Cristo, estava
na ilha chamada Patmos, por causa da Palavra de Deus e pelo
testemunho de Jesus Cristo.
É impressionante observar os termos que João usa para iden­
tificar-se aos seus leitores: (1) servo (v. 1) significa alguém que
não tem mais vontade própria; (2) irmão é o título comum do
cristão. O autor evita exaltar a si mesmo, ele era apenas mais um
dos filhos de Deus. O título “irm ão” sugere comunhão e respei­
to em comum. (3) companheiro convosco na aflição é alguém
que se dispõe a compartilhar com os sofrimentos do seu próxi­
mo (Romanos 8.17 e 2 Timóteo 2.12). Quando tudo vai bem
conosco se torna mais fácil termos amigos.
Por volta do final do primeiro século, João esteve aprisionado
na ilha de Patmos por ordem do imperador Domiciano. Naque­
les dias, a ilha era deserta; mas, atualmente é grandemente po­
voada, atraindo muitos turistas ao local. Antes do exílio de João,
a ilha de Patmos não tinha qualquer conotação com o mundo
religioso; porém, depois se tornou célebre pela visão ali vivida e
presenciada. Na ilha há também o Mosteiro de São João, com
uma biblioteca fundada no ano 1088, construída no formato de
uma fortaleza.
Roma tinha poder para prender o corpo de João em Patmos,
cercado por serpentes e escorpiões, mas jam ais a sua alma e o
seu espírito, que estavam nas mãos de Deus.

Versículo 10: Eu fui arrebatado em espírito no dia do Senhor e


ouvi detrás de mim uma grande voz, como de trombeta,
A expressão “em espírito” significa um estado de êxtase espi­
ritual. Isto fala de uma grande sensibilidade à comunicação com
o Espírito Santo, pela qual se pode receber visões celestiais (Atos
10.10 e 2 Coríntios 12.1-4). O termo “dia do Senhor” era usado
para se referir ao domingo, que já naqueles dias tinha sido con­
sagrado pela Igreja como sendo o dia especial de cultuar ao Se­
Apocalipse, a Revelação F i n a l _____________________________________________________ 25

nhor Jesus (Atos 20.7). Este era o seu testemunho: de que seu
Senhor ressuscitara dos mortos no primeiro dia da semana.

Versículo 11: (...) que dizia: “O que vês, escreve-o num livro e
envia-o às sete igrejas que estão na Asia: a Efeso, a Esmirna, a
Pérgamo, a Tiatira, a Sardes, a Filadélfia e a Laodicéia”.
Consideremos o poder exercido por um livro: continua sendo
o mais poderoso meio de comunicação que existe, em favor do
bem ou do mal. O homem que lê bons livros torna-se um homem
melhor. Quanta influência tem exercido o livro do Apocalipse
em meio ao povo de Deus!
O Senhor determinou que a mensagem do Apocalipse se tor­
nasse conhecida de todas as igrejas. A mesma coisa Deus requer
da sua Igreja hoje.

Versículos 12 a 17: E virei-me para ver quem falava comigo. E,


virando-me, vi sete castiçais de ouro; e, no meio dos sete casti­
çais, um semelhante ao Filho do Homem, vestido até aos pés de
uma veste comprida e cingido pelo peito com um cinto de ouro. E
a sua cabeça e cabelos eram brancos como lã branca, como a neve,
e os olhos, como chama de fogo; os seus pés, semelhantes a latão
reluzente, como se tivesse sido refinado numa fornalha; e a sua
voz, como a voz de muitas águas. E Ele tinha na sua destra sete
estrelas; da sua boca saía uma aguda espada de dois fios; e o seu
rosto era como o sol, quando na sua força resplandece.E eu, quando
o vi, caí a seus pés como morto; e Ele pôs sobre mim a sua destra,
dizendo-me: “Não temas. Eu sou o Primeiro e o U ltim o”.

Vemos aqui uma visão de Cristo como Ele está hoje na glória.
João o contemplou cheio de glória, majestade e poder. O mesmo
íipóstolo contemplara o seu Senhor 62 anos antes com um sem­
blante de sofrimento e de dor, mas nesse momento ele estava
contemplando o Cristo glorificado, triunfante e vitorioso, assen­
tado à destra da majestade nas alturas (Hebreus 10.12), de onde
virá brevemente com poder e grande glória (Mateus 24.29, 30).
26 A visão de Cristo glorificado

E virei-me para ver quem falava comigo... (v. 12). Só teremos


um encontro com Deus e com as suas revelações se estivermos
voltados para Ele. Até hoje nenhum pintor pôde levar à tela a
imagem exata do rosto de Cristo, mas brevemente o veremos
como Ele realmente é.

(...) e, no meio dos sete castiçais, um semelhante ao filho do


homem... (v. 13). Quando não houver mais lugar para Cristo no
meio da igreja, então, esta não será m ais a sua igreja. Em
Laodicéia, Ele está batendo à porta da igreja (Apocalipse 3.22).
Estará ele ocupando o lugar que realmente merece em nosso
meio?

Nessa visão, Cristo é descrito como (1) Sumo Sacerdote, inter­


cedendo pela Igreja (v. 13. Veja também Hebreus 2.17, 18; 4.14,
15; 6.20; 7.25 e 9.24). A referência sacerdotal de Cristo é confirma­
da pela figura do cinto de ouro ao redor do peito. A nenhum
outro (a) foi dado o direito de mediador (a) entre Deus e os ho­
mens (conforme 1 Timóteo 2.5); (2) ju iz (vv. 14 e 15 e Daniel 7.9),
para julgar a Igreja no tribunal de Cristo (Romanos 14.10, 12; 1
Coríntios 3.12-15 e 2 Coríntios 5.10), Israel e as demais nações,
quando vier em glória (Joel 3.2, 12, 14; Zacarias 12.3, 9; 13.8, 9;
14.2, 3, 16 e Mateus 25.31, 32) e os ímpios de todos os tempos, no
juízo do Grande Trono Branco (João 5.27-29 e Apocalipse 20.11-
15). As cãs fazem supor sabedoria e dignidade (Lv 19.32 e Pv
16.31). “Olhos como chamas de fogo” nos falam de percepção
penetrante; e a espada simboliza juízo divino e discernimento
(Hebreus 4.12); e (3) como rei (v. 17), está reinando invisivelmen­
te na Igreja, reinará visivelmente no milênio e reinará para todo
o sempre.

Tinha Ele na sua destra sete estrelas... (v. 16). A mão direita é o
lugar de honra (conforme Efésios 1.20). Visto que essas estrelas
surgem em sua mão direita, isso significa que estão inteiramente
sujeitas para serem usadas em seu trabalho. Esta expressão tam­
bém significa domínio e direção. Sem dúvida, temos aqui uma
referência aos pastores das igrejas aí mencionadas (v. 20). Assim
Apocalipse, a Revelação Final ____ ___ ________ 27

como a estrela conduziu os magos até Jesus, a missão dos pasto­


res, líderes e pregadores é conduzir almas a Cristo. Veja ainda
Daniel 12.3 e João 10.28. Se estivermos seguros em suas mãos,
nada teremos a temer.
(...) quando o vi, cai a seus pés... (v. 17). Quando o homem
mortal se defronta com a glória de Cristo, fica reduzido a nada. É
aos pés de Cristo, onde o "eu " e a carnalidade cessam, que a
glória verdadeira começa.

Versículos 18 e 19: (...) "e o que vive; fu i morto, mas eis aqui
estou vivo para todo o sempre. Amém! E tenho as chaves da mor­
te e do inferno. Escreve as coisas que tens visto, as que são e as
que depois destas hão de acontecer:"
Nas expressões "fui m orto", "estou vivo para todo o sempre"
r "tenho as chaves da morte e do inferno" estão em vista autori­
dade e controle. João está vendo quem tem domínio sobre os
mortos e os vivos. Esta passagem não deve ser interpretada lite-
ra Imente.
As "chaves" representam o domínio de Cristo sobre o mundo
dos mortos (do hebraico sheol e do grego hades) e sobre todas ás
lorças do mal (1 Coríntios 15.54, 55). Ele obteve a vitória, não
apenas para si mesmo, mas sim em favor de todos os homens. Só
lie pode dizer: É me dado todo o poder no céu e na terra (Mt 28.18b).
O maior medo da humanidade são a morte e o inferno, o lugar
dos mortos não salvos. Não nos preocupemos, pois Jesus tem as
chaves!
O hades, aí mencionado, significa literalmente, o lugar onde a
alma (parte imaterial) dos incrédulos permanece temporariamen­
te, entre sua morte e o castigo definitivo no lago de fogo (veja
Apocalipse 20.14).
Como se pode ver, no versículo 19 fica claro a divisão geral do
livro do Apocalipse, mostrando seus aspectos: passado, presen-
lo e futuro. O propósito fundamental do livro é revelar o futuro.
28 A visão de Cristo glorificado

Versículo 20: “O mistério das sete estrelas, que viste na m i­


nha destra, e dos sete castiçais de ouro. As sete estrelas são os
anjos das sete igrejas, e o sete castiçais, que viste, são as sete
igrejas”.
O versículo 20 por si mesmo se interpreta de acordo com
contexto geral do livro. E importante observar que as sete estre­
las (pastores), estavam na sua destra (mão direita de Cristo). So­
bre isto, ver também o comentário do versículo 16 deste capítu­
lo.
Capítulo 2 |

A Igreja no passado e no presente


(Apocalipse 2 e 3)

s sete igrejas aqui mencionadas representam sete pe­


ríodos da história da Igreja na terra, desde o Pentecos-
tes até o arrebatamento. Para tanto, basta que se faça
um confronto entre as igrejas locais dos capítulos 2 e 3 do
Apocalipse com os períodos da história da Igreja ao lon­
go de quase dois mil anos.

1. Éfeso, a igreja do amor decadente (Apocalipse 2.1-


7). Representa a igreja apostólica no primeiro século da
era cristã, portanto, do Pentecostes até o ano 100.

2. E s m irn a , a ig r e ja so b p e rs e g u iç ã o im p e ria l
(Apocalipse 2.8-11). Representa a igreja universal, por
volta dos anos 100 a 313.

3. Pérgamo, a igreja acomodada ao mundo (Apocalipse


2.12-17). Representa a igreja universal entre o quarto e o
sexto século aproximadamente.
4. Tiatira, a igreja na idolatria (Apocalipse 2.18-29). Este
período da história da Igreja leva-nos aos anos 500 a 1500,
sendo esta a Igreja na Idade Média.
5. Sardes, a igreja da reform a (Apocalipse 3.1-6). O pe-
30 A Igreja no passado e no presente

ríodo de Sardes compreende os anos 1517 a 1750, ou seja, aproxi­


madamente 233 anos.
6. Filadélfia, a igreja avivada e missionária (Apocalipse 3.7-
13). Filadélfia se refere à igreja universal a partir do ano 1650,
chegando até os nossos dias. É também considerada a igreja do
arrebatamento.
7. Laodicéia, a igreja morna (Apocalipse 3.14-22). É a igreja
em seu estado final de apostasia. Enquanto Filadélfia é a Igreja
que vai; Laodicéia é a que fica. Em qual delas você está?

As sete igrejas eram reais e estavam localizadas na Ásia Me­


nor, em território atualmente pertencente à Turquia. O apóstolo
João as conhecia muito bem, devido aos seus anos de ministério
naquela região.
Todas as cartas revelam uma impressionante uniformidade
de estrutura, e cada uma apresenta sete características em rela­
ção às respectivas igrejas, a saber: (1) atributos de Cristo, (2) elo­
gios à igreja, (3) estado espiritual da igreja, (4) advertências, (5)
censuras, (6) sentenças e (7) promessas ao vencedor.
As mensagens que foram dirigidas para aquelas igrejas tinham
um caráter histórico, profético, dispensacional e universal; mos­
trando assim a realidade espiritual daquelas igrejas (embora
houvesse outras na mesma região) e caracterizando assim a Igre­
ja de Cristo em todos os tempos.
Cremos, portanto, que cada uma destas cartas retrata muito
bem a condição espiritual da igreja universal, em diferentes épo­
cas de sua história no mundo. Elas também apresentam verda­
des e princípios válidos para todas as igrejas nas eras que have­
riam de suceder-se.
N ota: Para uma maior compreensão dos capítulos 2 e 3 do
Apocalipse, recomendamos o nosso livro As Sete Igrejas da Ásia
(o autor).
Capítulo vT|

A Igreja arrebatada
(Apocalipse 4)

ersículo 1: Depois destas coisas, olhei e eis que estava


aberta uma porta no céu; e a primeira voz, que como de
trombeta ouvira falar comigo, disse: “Sobe aqui e mos-
trar-te-ei as coisas que depois destas devem acontecer”.
Com eça aqui a terceira seção do livro (conform e
Apocalipse 1.19), que descreve o que ainda está para
acontecer. Ela pode ser dividida em três partes: (1) A vin­
da da Tribulação (capítulos 6 a 19); (2) o Milênio (capítu­
lo 20); e (3) os novos céus e a nova terra (capítulos 21 a
22).
Nesta visão, João vê uma porta aberta no céu, um tro­
no e seu ocupante e vinte e quatro anciãos.
O Apocalipse faz referência a uma porta nas seguintes
passagens: (1) uma porta aberta (Apocalipse 3.8). Esta
porta representa a grande oportunidade que temos nesta
última hora para anunciar o Evangelho da salvação. (2)
Uma porta fechada (Apocalipse 3.22). Isto representa a
igreja de Laodicéia em seu estado final de apostasia e
vivendo em sua alto-suficiência e mundanismo. Esta igre­
ja estará aqui nos dias da Grande Tribulação. Cristo esta­
rá do lado de fora desta igreja. (3) Na passagem em estu-
A Igreja arrebatada

do (Apocalipse 4.1). Veja como o versículo começa com a com a


expressão “depois destas coisas”, referindo-se ao tempo da Igre­
ja na terra. Esta porta pode se abrir a qualquer momento para
receber a noiva do Cordeiro e é Ele mesmo que tem a chave, sen­
do Ele Aquele que abre e ninguém fecha e que fecha e ninguém
abre (Apocalipse 3.7).
Estamos nós devidamente preparados para entrarmos por esta
porta?
Até o final do capítulo 3, a visão é da Igreja na terra; porém, a
partir do quarto capítulo, a visão é da Igreja no céu após a sua
jornada neste mundo. Trata-se da visão da igreja arrebatada. Com
a ausência da Igreja, que era o “sal da terra” e a “luz do m undo”
(conforme Mateus 5.13, 14), a humanidade está prestes a experi­
mentar a pior fase de sua história desde que veio a existir o ho­
mem na face da terra: a Grande Tribulação. Sobre isto, tratare­
mos a partir do sexto capítulo do Apocalipse.

Versículos 2 a 4: £ logo fui arrebatado em espírito e eis que um


trono estava posto no céu e um assentado sobre o trono. E o que
estava assentado era, na aparência, semelhante a pedra dejaspe
e de sardônica; e o arco celeste estava ao redor do trono e era
semelhante a esmeralda. E ao redor do trono havia vinte e quatro
tronos; e vi assentados sobre os tronos vinte e quatro anciãos
vestidos de vestes brancas; e tinham sobre a cabeça coroas de
ouro.
Ao contemplar o trono de Deus, João não teve palavras ade­
quadas para descrever Aquele que ali estava assentado. Tal era a
glória da majestade nas alturas! Neste cenário, a adoração é pres­
tada a Deus como o Criador de todas as coisas. Foi uma visão
como esta que transformou a vida de Isaías fazendo dele um dos
maiores profetas do Antigo Testamento (Isaías 6.1 a 8).
Com o termo “anciãos” entendemos o grupo inumerável dos
santos redimidos, ressurretos e transformados, levados para en­
contrar Cristo nos ares (1 Tessalonicenses 4.17). O que não pode
Apocalipse, a Revelação Final________________ _________________ _______________33

referir-se a Israel, uma vez que a ressurreição deles está ligada


ao segundo advento do Messias à terra. Assim, o povo judeu
não pode ser transladado. O plano divino para a nação judaica é
totalmente diferente, acontecendo com pessoas diferentes numa
época diferente. Israel não irá ressurgir e ser recompensado até o
fim de sua era (conforme Isaías 26.19; Daniel 12.1, 2 e João 11.24).
Já que esses 24 anciãos foram ressuscitados, recompensados e
glorificados e a Igreja é o único corpo que experimentou essas
coisas até então no plano de Cristo, os santos do Antigo Testa­
mento não podem estar incluídos entre os que serão arrebata­
dos. A Bíblia faz clara distinção entre judeus, gentios e a Igreja (1
Coríntios 10.32).
O fato de os 24 anciãos estarem vestidos de vestes brancas
deixa transparecer a pureza e a justiça de Cristo, atribuída a eles
pelo fato de terem crido Nele. Foi prometido aos crentes na igre­
ja de Sardes que se vestiriam de branco (Apocaplise 3.4, 5).
As suas coroas levam a considerar que representam a Igreja.
Fies não usam coroas de monarca (diademas), mas coroas de vi-
lória (do grego stephanos), conquistadas num conflito.
A conclusão formulada por Armerding formará um conceito
linal adequado à investigação desses anciãos. Ele escreve: “(...) a
ultima coisa que se diz a seu respeito é que se prostram, junto
com quatro criaturas viventes, e adoram Aquele que está senta­
do no trono, dizendo: ‘Amém! Aleluia!’ (Apocaplise 19.4). Esse
u 11imo ato é característico deles em tudo: (1) seu conhecimento
inümo de Cristo; (2) sua proximidade a Ele e (3) a adoração que
oferecem a Ele. E lembramos que o noâso Senhor, quando orava
pelos seus, pediu que o conhecessem, estivessem com Ele e pu-
i lessem ver a sua glória (Jo 17.3, 24, 25)”.

Versículo 5: E do trono saíam relâmpagos, trovões e vozes; e


diante do trono ardiam sete lâmpadas de fogo, as quais são os
'.c/c Espíritos de Deus.
O número 7, que ocorre 54 vezes no livro, aparece mais do
34 A Igreja arrebatada

que em qualquer outro livro das Sagradas Escituras. Na Bíblia,


ele é associado à inteireza, ao cumprimento e à perfeição. No
livro do Apocalipse encontramos sete igrejas e sete espíritos (1.4);
sete castiças (1.12); sete estrelas (1.16); sete selos no livro (5.1);
sete chifres e sete olhos do Cordeiro (5.6); sete anjos e sete trom ­
betas (8.2); sete trovões (10.3); sete cabeças do dragão (12.3); sete
cabeças da besta (13.1); sete taças de ouro (15.7) e sete reis (17.9,
10).
A expressão “sete espíritos de D eus” representa a presença
plena do Espírito Santo diante do trono de Deus, bem como a
sua ação diversificada (conforme Apocalipse 1.4 e Isaías 11.2).

V ersículos 6 e 7: E havia diante do trono uni como mar de vi­


dro, semelhante ao cristal, e, no meio do trono e ao redor do tro­
no, quatro animais cheios de olhos por diante e por detrás. E o
primeiro animal era semelhante a um leão; e o segundo animal,
semelhante a um bezerro; e tinha o terceiro animal o rosto como
de homem; e o quarto animal era semelhante a uma águia voando
(leia tam bém Ezequiel 1.5,10).
A descrição de um mar de vidro no céu e em torno do trono
sugere a calmaria e a tranqüilidade lá existente, em contraste com
o caos da Terra.
Os quatro animais ou seres viventes representam simbolica­
mente quatro aspectos, assim como tanto a pessoa como a obra
de Cristo é apresentada nos quatro evangelhos. Em Mateus, Ele
aparece como o leão da tribo de Judá, sendo este o Evangelho do
Rei. Mateus direciona o seu Evangelho aos judeus, apresentan­
do o Senhor Jesus como o Rei de Israel. Se olharmos a genealogia
de Cristo em Mateus, veremos que a mesma começa com Abraão,
o pai da raça hebraica, e está dividida em três grupos de 14 gera­
ções, cobrindo um período de 1.680 anos em média (Mateus 1.1-
17). Era imprescindível a genealogia de um rei e Mateus sabia
disso.
No Evangelho de Marcos, Ele aparece como o servo sofredor,
Apocalipse, a Revelação Final 35

fazendo-se sacrifício pelos nossos pecados. O novilho (ou bezer­


ro) era um animal de trabalho, além de também ser designado
para sacrifício (Hebreus 9.12, 19). Representa, portanto, o princí­
pio e o espírito da redenção que há em Cristo Jesus. Eis porque
em Marcos não encontramos genealogia, pois quem iria se im­
portar com a genealogia de um escravo? Marcos enfatiza os mi­
lagres e os feitos de Cristo mais do que os seus sermões. É o
I vangelho de trabalho e de ação, do começo ao fim. Vale salien-
lar que do capítulo 1 a 10 deste Evangelho, Jesus realizou 16 cu­
ras ou milagres. Marcos escreveu o seu Evangelho aos romanos.
A ênfase de Lucas é para o “Filho do hom em ”, mostrando o
lado humano da pessoa do nosso Salvador (Lucas 19.10). Este
aspecto em Cristo representa a simpatia pela humanidade e o
benefício de todas as operações divinas em favor do pecador.
Note que enquanto Mateus recua a genealogia de Cristo até
Abraão (cerca de 1.680 anos a.C.), Lucas o faz até Adão, o pai da
raça humana (cerca de 4.138 anos a.C.), relacionando o Senhor
|i\sus com toda a humanidade. Daí a expressão “Filho do ho­
mem”, título messiânico de Cristo que ocorre 22 vezes no livro
i Io Apocalipse. Lucas escreveu o seu Evangelho aos gregos (Atos
I I), procurando apresentar a Cristo como o homem perfeito.
A águia, quando está voando, liga Jesus ao céu, mostrando
i |ile Ele é o Filho de Deus, como faz o Evangelho de João (jo 1.1,
14). Enquanto Lucas apresenta a humanidade de Cristo, João
apresenta a sua divindade, não somente no Evangelho que leva
II seu nome, como também em todas as suas epístolas.

|oão é o Evangelho das alturas: (1) Cristo veio das alturas; (2)
voltou para as alturas; (3) vive nas alturas; (4) levará sua Igreja
I ura as alturas; e por fim, (5) virá das alturas para reinar aqui no
mundo com poder e grande glória. O Evangelho de João é
diiecionado para toda a humanidade (João 3.16).

Versículos 8 e 9: E os quatro animais tinham, cada um, res­


tritivamente, seis asas, e, ao redor e por dentro, estavam cheios
36 A Igreja arrebatada

de olhos; e não descansam nem de dia e nem de noite, dizendo:


“Santo, Santo, Santo é o Senhor Deus, o Todo-Poderoso, que era,
que é e que há de vir”. E, quando os animais davam glória, honra
e ações de graças ao que estava assentado sobre o trono, ao que
vive para todo o sempre,
A totalidade da criação divina exalta e louva a santidade de
Deus, sendo este um atributo eterno dele (Isaías 6.1, 3). Milhares
de vozes celestes unem-se em um perfeito louvor Àquele que é
Senhor de toda a criação.
A santidade, em seu sentido mais sublime, é aplicada a Deus.
Ela denota os seguintes pontos:
1. Deus é a essência absoluta da santidade, da bondade e da
retidão;
2. A santidade de Deus é perfeita e inspiradora (Salmos 99.3);
3. A santidade de Deus é incomparável (Êxodo 15.11 e 1 Samuel
2 .2);
4. A santidade de Deus deve ser imitada (Levítico 11.44 e 1
Pedro 1.15, 16);
5. A santidade de Deus será duplicada nos remidos (Mateus
5.8, 48 e 1 Tessalonicenses 4.3);
6. A santidade de Deus é exibida em seu caráter (Salmos 22.3 e
João 17.11, 17);
Capítulo 4 ]

A Igreja glorificada
(Apocalipse 5)

qui temos representados os santos do Novo Testamen­


to sob a forma de 24 anciãos perante o trono do Cor­
deiro, integrando um culto no qual tomam parte todos os
seres celestiais (vv. 7 a 12). Em seguida, todas as criaturas
do grande universo passam a fazer parte do grande culto
de adoração ao Cordeiro. Trata-se também dos espíritos
dos mortos que estão no hades. Observe as expressões “no
céu”, “na terra” e “debaixo da terra” (compare o verso 13
com Filipenses 2.9-11).

Versículos 1 a 4: E vi na destra do que estava assenta­


do sobre o trono um livro escrito po r dentro e por fora,
selado com sete selos. E vi um anjo forte, bradando com
grande voz: “Quem é digno de abrir o livro e de desatar os
seus selos?”. E ninguém no céu, nem na terra e nem debai­
xo da terra podia abrir o livro e nem olhar para ele. E eu
chorava muito, por que ninguém fora achado digno de
abrir o livro, nem de o ler e nem de olhar para ele.
Este livro é o livro do destino dos homens, no que diz
respeito aos últimos dias, durante a Grande Tribulação.
Já os selos aí mencionados eram usados como marcas de
38 A Igreja glorificada

autoridade ou autenticidade. Os selos garantiam ou fechavam


documentos, a fim de se preservar o seu conteúdo secreto. So­
mente pessoas autorizadas podiam abrir um selo desses para
ser lida a mensagem do documento fechado.
Que livro misterioso seria este ao qual ninguém podia abrir,
ler ou olhar para ele? (vv. 3, 4).
Este livro é da máxima importância, uma vez que contém a
revelação do que Deus determinou para o futuro de toda a hu­
manidade. Ele descreve como o mundo será julgado, bem como
narra o triunfo final de Deus e do seu povo sobre o mal. É tam­
bém o livro da possessão da terra, em que Cristo a recebe como
sua propriedade, comprada com o seu próprio sangue.
O movimento da Nova Era apregoa o equilíbrio e a harmoni
entre o bem e o mal. No entanto, tal coisa é impossível de aconte­
cer, pois Deus nunca esteve associado à iniqüidade e no final de
todas as coisas, o bem triunfará sobre todas as forças do maligno.

Versículos 5 e 6: E disse-me um dos anciãos: "Não chores; eis


aqui o Leão da tribo de Judá, a Raiz de Davi, que venceu para
abrir o livro e desatar os seus sete selos". E olhei e eis que estava
no meio do trono e dos quatro animais viventes e entre os anciãos
um Cordeiro, como havendo sido morto, e tinha sete pontas e sete
olhos, que são os sete Espíritos de Deus, enviados a toda a terra.
"Leão da tribo de Judá" (v. 5) é o título messiânico extraído de
Gênesis 49.8-10, em que Judá é chamado de "leãozinho" e a Ele é
prometido o direito de governar. Somente o Senhor Jesus possui
a dignidade, o caráter e o poder para abrir o livro e desatar os
seus selos.
Leão e cordeiro, ambos falam do caráter e missão de Cristo.
Na qualidade de leão, Ele é o corajoso Rei que defende seu povo
e assume o poder universal; e como cordeiro, Ele realiza o sacri­
fício pelo pecado, assumindo o seu ofício de Sumo Sacerdote.
Como leão, Cristo é o único que pode abrir o livro selado.
Apocalipse, a Revelação Final _______ ________ ________________________39

Como cordeiro, Ele traz as marcas da sua morte, mesmo em seu


estado glorificado (Lucas 24.40; João 1.29 e 20.20, 27; 1 Coríntios
5.7 e 1 Pedro 1.19). Como Sumo Sacerdote, é Cristo quem interce­
de pela sua Igreja durante a sua difícil peregrinação neste mun­
do (Hebreus 2.17; 4.14-16; 5.10 e 9.24).

Versículos 7 e 8: E veio e tomou o livro da destra do que estava


assentado no trono. E, havendo tomado o livro, os quatro ani­
mais e os vinte e quatro anciãos prostaram-se diante do Cordei­
ro, tendo todos eles harpas e salvas de ouro cheias de incenso,
<\ue são as orações dos santos.
Este desfecho se refere à intercessão dos santos em favor da
vinda do Reino, momento em que estes reinarão sobre a terra
(vv. 9 e 10 e Mateus 6.10).

Versículos 9 e 10: E cantavam um cântico novo, dizendo: “D ig­


no és de tomar o livro e de abrir os seus selos, porque foste morto
c com o teu sangue compraste para Deus homens de toda tribo,
língua, povo e nação; e para o nosso Deus os fizeste reis e sacer­
dotes; e eles reinarão sobre a terra ”.
No Antigo Testamento, um novo cântico celebrava um ato de
livramento divino (veja Salmos 40.1-3). Esse significado está pre-
MMite também no Novo Testamento.
As cenas do capitulo cinco são proféticas e de tais eventos
|uirticipará a Igreja invisível de todos os tempos.

Versículos 11 a 14: E olhei e ouvi a voz de muitos anjos ao


redor do trono, e dos animais, e dos anciãos; e era o número deles
milhões de milhões e milhares de milhares, que com grande voz
diziam; “Digno é o Cordeiro, que foi morto, de receber o poder,
i iquezas, sabedoria, força, honra, glória e ações de graças”. E ouvi
■i Ioda criatura que está no céu, na terra, debaixo da terra, que
está no mar e a todas as coisas que neles há, dizer: “Ao que está
issentado sobre o trono e ao Cordeiro sejam dadas ações degra-
40 A Igreja glorificada

ças, honra, glória e poder para todo o sempre". E os quatro ani­


mais diziam: ‘‘A m ém !’’. E os vinte e quatro anciõesprostram-se e
adoraram ao que vive para todo sempre.
É chegado o grande momento em que todos os seres celestes,
incluindo a Igreja glorificada, e até mesmo as criaturas que estão
debaixo da terra prestarão um momento de adoração Àquele que
está assentado sobre o trono e ao Cordeiro. A criação toda parti­
cipa do louvor a Deus e ao Cordeiro.
Este capítulo encerra mostrando o ponto de vista celestial dos
juízos que seguirão, pois o direito de Cristo de reinar é chegado.
Por isso, podemos concluir que o livro continha a declaração dos
fatos que deviam acontecer: fatos estes que somente Cristo tinha
o direito de revelar. E é sobre isso que estaremos tratando a par­
tir do próximo capítulo.
Capítulo 5 ]

A Grande Tribulação
(Apocalipse 6 a 18)

Grande Tribulação é um período de aflição sem pre­


cedentes na história da humanidade, que abrangerá 7
anos (Daniel 12.1; Mateus 24.21,22; 1 Tessalonicenses 1.10;
Apocalipse 3.10 e 12.13-17). Os capítulos 6 a 10 referem-
se à primeira parte, ou seja, 3 anos e meio; e os capítulos
11 a 19 correspondem ao segundo período, também de 3
anos e meio. Este último também é descrito como (1) “um
tempo, tempos e metade de um tem po” (Daniel 7.25 e
12.7; Apocalipse 12.14); (2) a “metade da septuagésima
semana de Daniel” (Daniel 9.27); (3) a “quarenta e dois
m eses” (Apocalipse 11.2 e 13.5); (4) a “mil e duzentos e
sessenta dias” (Apocalipse 11.3 e 12.6).

O período da Grande Tribulação diz respeito a Israel e


às nações da terra e só ocorrerá após o arrebatamento da
igreja.

A palavra “igreja” ocorre 19 vezes nos capítulos 2 e 3


do Apocalipse, sendo que depois só aparece nos capítu­
los 19 e 22, mostrando assim a ausência da Igreja aqui no
mundo nos dias da G rande T ribu lação (conform e 1
Tessalonicenses 1.10 e Apocalipse 3.10).
42 A Grande Tribulação

Nos primeiros 3 anos e meio, o anticristo protegerá os judeus


em função de um acordo que fará com eles por um período de 7
anos. No entanto, quando eles o rejeitarem devido ao fato do
mesmo exigir para si a adoração, como se fosse Deus, então se­
rão deixados sem nenhuma ajuda terrena e sofrerão terrivelmen­
te (conforme Jeremias 30.4-11; Daniel 9.27; 12.1; Mateus 24.12, 21,
22 e 2 Tessalonicenses 2.9). O falso profeta (a segunda besta), es­
tará operando grandes sinais e prodígios, e forçará todos a ado­
rarem ao anticristo (a primeira besta).
A Grande Tribulação tem como finalidade purificar Israel e
trazer-lhe a um lugar onde Deus possa cumprir o seu convênio
eterno, feito com seus pais, e isto com reta justiça. Muitas vezes,
as perseguições no passado serviram para derrotar por algum
tempo o espírito obstinado de Israel. A Grande Tribulação fará
isto perm anentem ente (conform e Jerem ias 30.4-7; 32.37-41;
Ezequiel 20.33, 34; 36.24-28; Zacarias 13.9; 12.10 e Malaquias 3.1-
3).
O período tribulacional se caracteriza por uma série de juízo
simultâneos, mas sucessivos, representada pelos selos, trombe­
tas e taças. E tem como finalidade não só punir os homens, mas
principalmente levá-los ao arrependimento. Em meio a este qua­
dro, grandes multidões serão salvas dentre aqueles que não ha­
viam ouvido a mensagem do Evangelho durante a era da Igreja,
sendo estes, entretanto, martirizados quase que imediatamente
por sua fé.
Como a Igreja de Cristo não estará mais na terra, Deus provi­
denciará os meios para que o Evangelho do Reino seja pregado a
toda a nação, raça e língua durante aquele tempo (Mateus 24.14).
Estaria hoje a igreja falhando na sua missão?
Nesse tempo, o mundo saberá o que significa terem rejeitado
a Deus e a sua salvação. Muitos se converterão, mas terão que
entregar suas próprias vidas por isto.
Nos últimos 3 anos e meio, quando a marca da besta se tornar
uma lei implacável, o destino final daqueles que a aceitarem será
Apocalipse, a Revelação Final 43

a morte por enforcamento, fuzilamento ou pela guilhotina. Os


dias terríveis do Império Romano e da Inquisição por certo esta­
rão de volta naquele tempo (conforme Mateus 24.9,10).
O único meio para escapar da Grande Tribulação é permane­
cer firme em Cristo e não perder o arrebatamento da igreja, fato
este, que pode ocorrer a qualquer instante.
umia x.
Capítulo 6 ]

Os sete selos
(Apocalipse 6)

presente capítulo marca o início do período sombrio


da Grande Tribulação.
Nos sete selos temos os quatro cavaleiros (vv. 1, 2, 4, 5
e 8), que representam conquista, guerra, fome e morte.

Versículos 1 e 2: E, havendo o Cordeiro aberto um dos


selos, olhei e ouvi um dos quatro animais, que dizia, como
em voz de trovão: “Vem e v ê!’’. E olhei e eis um cavalo
branco; e o que estava assentado sobre ele tinha um arco;
e foi-lhe dada uma coroa e saiu vitorioso e para vencer.
A aparência deste cavaleiro é tão enganosa que mui­
tos interpretam a sua figura com a do Senhor Jesus no
capítulo dezenove. No entanto, este personagem é dife­
rente daquele que encontramos no décimo nono capítulo
do Apocalipse.
Este cavaleiro não pode ser Cristo, uma vez que é este
quem abre o selo do primeiro versículo, do qual saem o
cavalo e o cavaleiro do versículo dois. Além disso, em
seu cortejo, Cristo tem melhores agentes dos que os men­
cionados neste capítulo.
Juízos dos Selos, das Trom betas
e das Taças
7 7
6^7
5^ 7 5^
4 ^ ;; 4 ^
3^7 3^y
2<fJ> 2^V
1^ ^ i

T V
Primeira metade da Tribulação
Apocalipse 6; 8.1, 2 | Apocalipse 8; 9; 11.15 |

Segunda
vinda do
Messias

1 2 3 4 5 6 7
ff flf líf IIj
£.v\cs -vv-, f/V s (y \ . , j V>

A Grande Tribulação
Apocalipse 15 e 16

Os juízos dos selos, das trombetas e das taças não são


meramente retributivos em sua natureza. Também podem ser
disciplinadores e restauradores, contanto que os homens
permitam que esses juízos tenham essas funções.
Apocalipse, a Revelação Final 47

Observemos cuidadosamente o contraste entre o cavaleiro do


oipítulo seis e o cavaleiro do capítulo dezenove:
1. O primeiro é visto na terra; o segundo é visto no céu.
2. O primeiro tinha um arco na mão; o segundo tinha uma
espada na boca.
3. O primeiro recebeu uma coroa; o segundo trazia muitos
ih.idemas, ou seja, coroa sobre coroas.
4. O primeiro é visto sozinho; o segundo é visto acompanha-
i Io de um exército.
5. O prim eiro selo fala de um cavalo bran co; o capítulo
dezenove fala de muitos cavalos brancos.
.
6 O primeiro cavaleiro é anônimo; o segundo cavaleiro tem
•Itiatro nomes: Fiel; Verdadeiro; a Palavra de Deus e o nome mis-
Ut í o s o .

7. O primeiro cavaleiro é visto no início da Grande Tribula-


i ,1o; o segundo só no final deste período.

() leitor deve observar que somente está em comum a cor dos


i ii valos. No restante, tudo é contraste. Temos aqui, portanto, uma
iclrrência ao anticristo (1 João 2.18). Seu método de conquista
n . io parece incluir abertamente a guerra, uma vez que a paz não
r« removida da terra até ser o segundo selo (v. 4). Isto corresponde
hcin à descrição do engano dos hom ens m encionado em 1
I rssalonicenses 5.3. Possivelmente, neste período será feito um
liilso acordo de paz com Israel, que também envolverá o mundo
ii ,il >e (Daniel 9.27). Na linguagem grega, a palavra anti tem o sen-
i nIo de "em lugar de", e não o sentido de "contra". Ele não dirá
ii t contra Cristo, mas insistirá em ser o verdadeiro Cristo.
I ) cavaleiro mencionado também é o chifre pequeno que o
I irofeta Daniel viu (Daniel 7.8). A sua manifestação será como de
11111 homem de paz, vindo sobre um cavalo branco (que simboli-
i,i paz). Notório é que ele tem um arco, mas não possui flechas;
, i i|iie também representa uma diplomacia enganadora.
() poder de oratória e de eloqüência do anticristo será tão gran-
ilr i[ue se fosse possível, enganaria até os escolhidos (o povo de
48 Os sete selos

Israel, segundo Mateus 24.24). O anticristo influenciará decisiva­


mente as massas com seus discursos inflam ados (Apocalipse
13.5), tanto que a Palavra de Deus afirma que toda a terra seguirá
após a besta (Apocalipse 13.3).

Ele virá prom etendo paz, mas será um falso período de


calmaria, estabelecendo um milênio forçado. E quando o anticristo
houver convencido o mundo que chegou a era de ouro da paz,
então, desfechará a sua fúria contra as nações confiantes, mergu­
lhando o mundo na guerra. Então, o anticristo mostrará quem
realmente ele é (conforme 1 Tessalonicenses 5.3).
Quando os homens despertarem do seu pesadelo, será tarde
demais para alterar o rumo dos acontecimentos.
O mundo está à procura de um homem montado em um cava­
lo branco e as nações estão se agitando. O último ditador que
prometerá a paz será recebido como salvador e esperança do
mundo. Então, os povos da terra respirarão aliviados, acreditan­
do em um futuro melhor. Foi justamente isto que quis dizer Paul
Henri Spaak, ex-secretário geral da OTAN e ex-primeiro minis­
tro da Bélgica, quando falou: “Precisamos de um homem capaz
de conciliar a todos, e quer seja ele um deus ou um demônio,
nós o receberemos de braços abertos!”

O mundo receberá o anticristo para salvá-lo das dificuldade


que haverá - especialmente políticas, financeiras e religiosas. Este
será recebido como o salvador do mundo e muitos crerão que
ele é o próprio Cristo. Com o arrebatamento da Igreja, será retira­
do da terra o Espírito Santo, mas somente no que se refere à ação
controladora do pecado, pois a sua operação na salvação de pe
cadores continuará. Desta forma, o anticristo estará apto a operar
livremente por meio do poder do diabo (2 Tessalonicenses 2.3-
12). Haverá um reino composto pela união de 10 reinos confede­
rados, sobre o qual reinará o anticristo, no mesmo local que
sediou o Império Romano. As Escrituras falam deste governante
como sendo a personificação do próprio diabo (Ezequiel 28.11
19 e Daniel 7.25).
Apocalipse, a Revelação Final 49

A ciência corre em busca do homem perfeito. Portanto, o pri­


meiro selo representa as tentativas dos homens de estabelecer a
I >az na terra. Na realidade, não haverá paz em lugar algum, uma
vez que a diplomacia, a negociação e o bom senso já não deverão
l azer parte do dicionário da razão humana. As mentes humanas
que governarão a terra nessa época estarão cativas ao domínio
i Ir Satanás. E quando todos estiverem proclamando a paz e a
segurança, eis que lhes so b rev irá rep entin a d estru ição (1
Tessalonicenses 5.3). Pois o Rei dos reis e Senhor dos senhores
n.io haverá de tolerar o usurpador.

Versículos 3 e 4: E havendo aberto o segundo selo, ouvi o se­


ntindo animal, dizendo: “Vem e v ê!”. E saiu outro cavalo, verme­
lho; e ao que estava assentado sobre ele foi dado que tirasse a
/Miz da terra e que se matassem uns aos outros. E foi-lhe dada
uma grande espada.
O cavalo vermelho, bem como o seu cavaleiro trazendo uma
yi .inde espada, nos fala de guerra e de muito derramamento de
'..ingue sobre a terra. O anticristo começa a revelar o seu verda-
' lelro caráter a partir do segundo selo. A cor branca, que sim boli­
zava a paz, agora é substituída pela vermelha, que simboliza a
violência e o sangue. Este cavaleiro conduzirá as nações à guerra
(Mateus 24.6, 7 e 1 Tessalonicenses 5.1-3).
Todas as vezes que os homens, independentemente de Deus,
ii <11 litetam uma paz que parece duradoura são surpreendidos
pela guerra. A paz, a verdadeira e genuína paz, somente pode
sei proporcionada por Cristo Jesus, o Príncipe da Paz.
Muitos têm opinado que este cavaleiro representa o governo
i mnunista, pelo fato deste semear o terror no mundo. Procuran-
' Io armarem-se mais do que todas as nações, o seu símbolo naci-
i mil é a cor vermelha. Apesar de tudo, o comunismo não preen-
t lie todos os requisitos desta profecia, na forma em que este tem
•r manifestado. Porém, pode-se dizer que ele tem o espírito do
ml icristo; assim como muitos reinos têm sido representados por
50 Os sefe selos

homens perversos, como Nabucodonosor, Antíoco Epifânio, Ale­


xandre, Júlio César, Napoleão, Hitler, Stalin e outros (conforme 1
João 2.18).
Além da guerra aberta, o cavaleiro do cavalo vermelho tam­
bém representa um tempo de homicídios, assassinatos e revolu­
ções. Os homens se matarão uns aos outros como nunca aconte­
ceu em época alguma. O segundo selo representa a eliminação
da paz na terra.
Sempre tem havido guerras e pelejas entre as nações, porém,
nunca de forma tão terrível como nos tempos modernos. Os his­
toriadores afirmam que desde a primeira guerra mundial (1914 a
1918) não tem havido um dia de paz sobre a terra, pois sempre
tem havido alguma guerra em alguma parte do globo. Tal situa­
ção se intensificará tremendamente com a abertura do segundo
selo.

Versículos 5 e 6: E havendo aberto o terceiro selo, ouvi o ter­


ceiro animal, dizendo: “Vem vê!” E olhei e eis um cavalo preto; e o
que sobre ele estava assentado nele tinha uma balança na mão. E
ouvi uma voz no meio dos quatro animais, que dizia: “Uma m e­
dida de trigo por um dinheiro e três medidas de cevada por um
dinheiro. E não danifiques o azeite e o vinho”.
A começar pela sua cor, o cavaleiro deste juízo traz um qua­
dro de morte espantosa ao mundo através da fome. Este julga­
mento também será econômico, cujo maior efeito será sobre os
pobres. A expressão “não danifiques o azeite e o vinho” significa
que estes dois produtos serão artigos de luxo, que só aparecerão
na mesa dos ricos. Atualmente, o mundo sofre de um mal repre­
sentado neste juízo: cada vez mais os ricos enriquecem e os po­
bres tornam-se mais pobres, enquanto que a classe média está
desaparecendo.
Os preços relatados nos versículos 5 e 6, subirão a uma taxa
de inflação de 1.200% em relação aos correspondentes do século
primeiro. A fome pressiona o custo dos gêneros de primeira ne-
Apocalipse, a Revelação Final 51

ivssidade, indispensáveis à sobrevivência dos pobres, enquanto


que os ricos continuam a desfrutar dos prazeres do vinho e de
outras extravagâncias.
Certa vez, Adam Smith disse: "A ambição universal dos ho­
mens é viver colhendo o que nunca plantaram".
O dinheiro era a moeda romana paga pelo salário de um dia
de trabalho e o versículo 6 indica uma tremenda escassez de ali­
mentos. A balança simboliza racionamento e condições difíceis
de a d q u irir p ro v isõ e s, sen d o sím b o lo da fom e com o
conseqüência trágica da guerra. Em períodos de escassez, os co­
mestíveis precisam ser pesados com extremo rigor.
Uma medida de farinha é o mínimo para uma pessoa sobrevi­
ver. Como o assalariado poderá sustentar a sua família? Com
I >essoas famintas revirando o lixo à procura de alimentos, a soci­
edade presenciará muitos matando para poder comer. Se a fome
leva alguns à letargia e ao desânimo irremediável, ela conduz
outros à nervosa instabilidade da histeria e a um louco desespe­
ro.
Os preços para o trigo e para a cevada serão extremamente
elevados. "Um queniz de trigo", entre os gregos, correspondia
em média a um volume de 450 gramas, considerado na época o
eoiisumo diário para a alimentação de um homem. Se com um
dia de trabalho um homem só poderá comprar alimento sufici­
ente para si, como ficará a situação daqueles que sustentam fa­
mília? Neste tempo, haverá disputa ferrenha pelo alimento es-
I (ISSO.

O terceiro selo representa a fome, resultante da guerra e da


i levastação. A escassez de alimentos é um problema que já preo-
■ii pá a humanidade em nossos dias. A produção alimentícia já
n.io consegue acompanhar mais o aumento da fome no mundo.
■<r,i que em 2043, quando segundo dados recentes, a população
mundial estará chegando a nove bilhões e quinhentos milhões
de habitantes, haverá comida para todos? Veja a seguinte previ-
„io feita por Morris Willians, diretor do Concilio Mundial sobre
52 Os sete selos

a fome: "Agora já não resolvem mais as providências que possa­


mos tomar, uma vez que milhões no mundo devem morrer de
fome!".
Em seus escritos, Cícero faz alusão à fome em grande escala já
em seus dias: "(...) quão crítica era a situação quando um homem
tinha de trabalhar o dia inteiro para adquirir duas medidas de
trigo". No tempo da Grande Tribulação, isso será vivido em grau
supremo, pois esse cavaleiro aponta para esse tempo do fim.
O anticristo não logrará resolver os problemas humanos; ma
os agravará ainda mais. Somente o Senhor Jesus haverá de im­
plantar, no Milênio, um governo de paz e prosperidade.
O vulto do cavalo preto paira de forma ameaçadora sobre nó
nos tempos atuais.

Versículos 7 e 8: E havendo aberto o quarto selo, ouvi a voz do


quarto animal, que dizia: "Vem e vê!". E olhei e eis um cavalo
amarelo; e o que estava assentado sobre ele tinha por nome M or­
te; e o inferno o seguia; e foi-lhes dado poder para matar a quarta
parte da terra com espada, com fome, com peste e com as feras da
terra.
Este cavaleiro se chama Morte e o seu companheiro é o infer­
no. A morte requer o corpo; o inferno, a alma. O fato de o inferno
seguir a morte significa que aqueles que morrerem sob a ação
deste espírito demoníaco não encontrarão salvação. Estarão per­
didos eternamente.
No original, a palavra "am arelo" também pode ser traduzido
por "pálido" ou "verde", que representa a cor de um cadáver. O
quadro representado pelo anticristo agora se torna claríssimo,
espantoso e terrível; sendo que por todos os lados haverão guer­
ras, fomes, pestilências e cadáveres abandonados (conforme
Ezequiel 14.21). O quarto selo faz surgir o cavaleiro do cavalo
amarelo, representando a morte que segue no rastro do fracasso
humano de estabelecer a paz na terra.
O julgamento descrito acima será tão terrível que se aconte-
Apocalipse, a Revelação Final 53

eesse hoje (2009), cerca de 1,75 bilhões de vidas seriam ceifadas!


IJma ideia pálida do que será essa tragédia ocorreu na Europa,
de 1340 a 1350, quando a peste negra dizimou dois terços de toda
i população daquele continente.
Assim sendo, o cavaleiro do cavalo branco significa a promes­
sa de uma falsa paz para a humanidade; o cavaleiro do cavalo
vermelho significa guerra e muito derramamento de sangue; o
cavaleiro do cavalo preto nos fala de muita fome e racionamento
i le alimentos; o cavaleiro do cavalo amarelo nos fala de uma gran­
de mortandade oriunda das guerras, da fome, das pestilências e
das feras da terra.

Versículos 9 a 11: E havendo aberto o quinto selo, vi debaixo


f/<> altar as almas dos que foram mortos por amor da Palavra de
I >rnseporamordo testemunho que deram. E clamavam com gran­
de voz, dizendo: "Até quando, ó verdadeiro e santo Dominador,
mio jidgas e vingas o nosso sangue dos que habitam sobre a ter-
in?". E a cada um fo i dada uma comprida veste branca e foi-lhes
ililo que repousassem ainda um pouco de tempo, até que também
■r completasse o número de seus conservo e seus irmãos, que ha-
ohwn de ser mortos como eles foram.
Ao ser aberto o quinto selo, João vê as almas daqueles que
lninm martirizados por amor a Cristo, evidentemente nos pri­
meiros meses da Grande Tribulação. A eles foi dito que tivessem
paciência, pois m uitos outros ainda m orreriam pela sua fé
(Apocalipse 7 .9 ,1 3 ,1 4 ; 13.15; 18.24 e 20.4).
As almas que João viu sob o altar de Deus não estavam in-
■i mscientes e nem indiferentes. Isso mostra que ao sair do corpo,
i ilma possui consciência e até certas faculdades, como a memó-
i i , i (conforme Lucas 16.19-31).

lista referência não fala dos mártires dos séculos passados, na


•i.i da Igreja, pois estes já foram arrebatados e estão com Cristo
e m lorma glorificada (Apocalipse 4 e 5). Serão estes os mártires
d n lempo dos terríveis julgamentos de Deus sobre a terra. E seja
54 Os sete selos

qual for o seu engano, cada um destes se arrependerá de sua


transgressão antes de as pragas virem sobre a terra, descritas na
abertura dos quatro primeiros selos. Estes permanecerão fiéis até
serem martirizados (Mateus 24.9-14 e Apocalipse 14.12, 13).
Estas almas estão seguras debaixo do altar, pois os homens
apenas puderam destruir os seus corpos (Mateus 10.28). No en­
tanto, notamos no verso 10 um grande contraste entre a súplica
destes mortos com a oração de Cristo na cruz e a de Estevão (con­
fira Lucas 23.34 e Atos 7.60). Para melhor entendermos, é neces­
sário notar duas coisas importantes: (1) Cristo e Estevão morre­
ram durante a dispensação da graça, enquanto que as almas de­
baixo do altar clamavam depois de passar este período; e (2) es­
tes mártires haviam, sem dúvida, orado pelos seus perseguido­
res em vida, sem os resistir. No entanto, sabiam que por fim a ira
de Deus cairia sobre eles.
Percebemos ainda no versículo 10 que a humanidade se com­
põe em dois grandes grupos, sendo um formado pelo povo de
Deus, cuja cidadania está no céu (Filipenses 3.20); e o outro, em
oposição a estes, os habitantes rebeldes da terra. A nossa espe­
rança e missão como Igreja não está em reformar a sociedade,
mas sim em levar o maior número possível de almas aos pés de
Cristo.

Versículos 12 a 17: E tendo visto aberto o sexto selo, olhei e eis


que houve um grande tremor de terra; e o sol tornou-se negro como
saco de cilício, e a lua tornou-se como sangue. E as estrelas do céu
caíram sobre a terra, como quando a figueira lança de si os seus
figos verdes, abalada por um vento forte. E o céu retirou-se como
um livro que se enrola; e todos os montes e ilhas foram removidos
do seu lugar. E os reis da terra, os grandes, os ricos, os tribunos,
os poderosos, todo servo e todo livre se esconderam nas cavernas
e nas rochas das montanhas e diziam aos montes e aos rochedos:
“Caí sobre nós e escondei-nos do rosto Daquele que está assenta­
do sobre o trono e da ira do Cordeiro, porque é vindo o grande dia
da sua ira; e quem poderá subsistir?”.
Apocalipse, a Revelação Final _______________________ __________ 55

O Senhor Jesus profetizou as mesmas palavras quando estava


,i caminho do Gólgota, referindo-se a um período de sofrimento
pelo qual passaria a nação de Israel no futuro (Lucas 23.30, 31).

A primeira vinda de Cristo como “cordeiro” foi uma missão


i le misericórdia. A segunda, porém, será para executar a sua ira
(' vingança sobre aqueles que não se arrependem.

Pela forma comparativa como o apóstolo João detalha a visão,


podemos imaginar que objetos luminosos e em grande quanti-
i lade serão despejados sobre a terra. Isto nos faz pensar em bom-
has e armas químico-biológicas sendo lançadas de aviões-bom-
I lardeiros ou ainda que essas “estrelas cadentes” sejam meteoritos
ou cometas desviados de suas órbitas originais.
Quando céu e terra começarem a estremecer por causa dos
grandes terremotos, a humanidade, então, compreenderá que se
I rata do julgam ento divino. No entanto, isto é apenas o começo.
Há registros que nas noites de 13 e 14 de novembro de 1833, o
i éu ficou literalmente tomado por estrelas cadentes. Entretanto,
ao apóstolo era impossível descrever a visão segundo os padrões
<Ia ciência atual! Certamente, a ciência da época não lhe permitia
i llstinguir a diferença de massa entre uma estrela e um meteorito.
T indiscutível que, literalmente, não se trata de estrelas (segun­
do os padrões hoje conhecidos) do céu caindo sobre a terra, pois
I taslaria uma única pra destruir o planeta, caso acontecesse tal
i ollsão; no entanto, poderiam ser estrelas reais movimentando-
.<* alravés do Universo, já que “os poderes dos céus serão abala-
i los” (Mateus 24.29).
A terra terá sua configuração modificada: algumas regiões de-
aparecerão e outras serão deslocadas! Se meteoritos ou cometas
i a irem sobre a terra, o nível do mar subirá, ocasionando mare-
molOS que inundarão o planeta. Daí a expressão “todos os mon-
ii . c ilhas foram removidos dos seus lugares”.
( ilaciologistas reunidos numa conferência internacional nos
I aados Unidos levantaram uma possibilidade catastrófica so­
Os sete selos

bre o derretimento de gelo na Antártica, provocado pelo efeito


estufa. Pelas teorias correntes, nos próximos 50 anos, o pior pro­
blema que poderia ocorrer seria uma elevação de seis metros do
nível do mar. No entanto, com base em dados recentes, que m os­
tram que as geleiras já estão derretendo devido ao aquecimento
global, alguns especialistas acreditam que, se apenas um terço
da plataforma de gelo do Leste da Antártica derreter, o nível do
mar subirá 45 metros! Que terrível!
Ao abrir-se o sexto selo, os homens fogem apavorados, pre­
vendo que é chegado o grande dia da ira divina. A partir de en­
tão, todos os habitantes da terra experimentarão os juízos de Deus.
A arrogância, o orgulho e a indiferença dos homens de nada lhe
valerão diante daquilo que os espera, caso não haja arrependi­
mento. O versículo 16 nos mostra que, diante de tanto pavor, os
homens buscarão a morte, e não a Deus. No dizer de Swete: “O
que os pecadores mais temem não é a morte, e sim, a presença
revelada de D eus”. Isso nos mostra a que nível baixíssimo os
homens caíram.
Os fenômenos resultantes da abertura do sexto selo mostram
que Deus é o autor da natureza e que tem domínio sobre tudo o
que existe. Certamente neste ponto, os panteístas entenderão a
diferença entre o Criador e a criatura. Os “grandes” da terra sa­
berão que Grande é somente o Senhor nosso Deus!
A história registra que em 19 de maio de 1780, uma determi­
nada região da América do Norte ficou na escuridão desde as 9
horas da manhã até o anoitecer, provocando um grande pânico à
população. Ainda assim, não se compara às grandes convulsões
que abalarão a terra com a abertura do sexto selo.
Os julgam entos divinos aqui descritos sobrevêm à terra na
primeira parte da tribulação e continuarão por todo este perío­
do. A série de acontecimentos aí registrados pode ser uma res­
posta parcial ao grito das almas que estavam debaixo do altar.
Capítulo 7 |

Os cento e quarenta e quatro mil


(Apocalipse 7)

om a entrada deste capítulo, temos um intervalo de­


nominado período parentético, que encerra com a reto­
mada do capítulo 8 para a abertura do sétimo selo.

Versículo 1: E depois destas coisas, vi quatro anjos que


estavam sobre os quatro cantos da terra, retendo os qua­
tro ventos da terra, para que nenhum vento soprasse so­
bre a terra, nem sobre o mar e nem contra árvore alguma.
Os “quatro cantos da terra” simbolizam os quatro pon­
tos cardeais, de onde surgem ventos que representam a
ira de Deus sobre o mundo (Isaías 11.12 e Daniel 7.2). Esta
expressão não significa que a terra seja quadrada, mas
que tem quatro orientações principais. Esta frase era usa­
da no oriente para significar o mundo como um todo.

Versículos 2 e 3: E vi outro anjo subir da banda do sol


nascente e que tinha o selo do Deus vivo; e clamou com
grande voz aos quatro anjos, a quem fora dado o poder de
danificar a terra e o mar, dizendo: “Não danifiqueis a ter­
ra, nem o mar e nem as árvores até que hajamos assinala­
do na testa os servos do nosso D eus”.
58 Os cento e quarenta e quatro mil

O selo era um anel que im prim ia em um objeto a form


identificadora do seu dono, como se fosse um carimbo. O selo
de Deus sobre uma pessoa a identifica como pertencente a Ele e
sob os seus cuidados (Efésios 1.3). A Bíblia diz que estamos “se­
lados para o dia da redenção” (Efésios 4.30). Somos, portanto, a
sua propriedade; pessoas a quem o Senhor reservou para si mes­
mo, com finalidades específicas.

Versículos 4 a 8: E ouvi o número dos assinalados e eram cento


e quarenta e quatro mil assinalados de todas as tribos dos filhos
de Israel. Da tribo de Judá, havia doze mil assinalados; da tribo
de Rúben, doze mil; da tribo de Gade, doze mil; da tribo de Aser,
doze mil; da tribo de Naftali, doze mil; da tribo de Manassés, doze
mil; da tribo de Simeão, doze mil; da tribo de Levi, doze mil; da
tribo de Issacar, doze mil; da tribo de Zebulom, doze mil; da tribo
de José, doze mil; da tribo de Benjamim, doze mil.
Deve-se levar em conta aqui a interpretação literal. O fato da
tribo de Dã não ser mencionada, entrando a tribo de Levi em seu
lugar, nos lembra de duas coisas importantes: (1) A tribo de Dã
caiu na idolatria e foi eliminada (Juizes 18.30; 1 Reis 12.28-31; 2
Reis 10.29 e Amós 8.14); e (2) a tribo de Levi, como uma tribo
sacerdotal, nunca recebeu herança no Antigo Testamento (Nú­
meros 18.23 e 26.58-62; Deuteronômio 10.9 e 14.27), sendo então
incluída aqui com as demais.
Estes versículos tratam dos filhos de Israel. Centro e quarenta
e quatro mil é um número perfeito e representa o povo de Deus
(Apocalipse 21.12, 14). Juntam ente com as duas testemunhas
mártires, estes serão os pregadores do Evangelho do Reino (Isaías
66.19; Mateus 24.14 e Apocalipse 11.4, 7), serão os missionários
enviados por Deus às nações da terra nos dias da Grande Tribu­
lação. O conteúdo da sua pregação será o Evangelho do Reino, o
qual foi pregado por João Batista, pelo Senhor Jesus Cristo, pelos
doze apóstolos; e que será pregado também naqueles dias, anun­
ciando que o reino milenar de Cristo está prestes a chegar (Mateus
3.1;9.35; 24.14 e Marcos 1.14).
Apocalipse, a Revelação Final 59

Este capítulo mostra os esforços sobrenaturais que Deus fará


durante aquele tempo para trazer o maior número de almas à fé
•i n Cristo (conforme v. 9).

Versículos 9 a 13: Depois destas coisas, olhei e eis aqui uma


multidão, a qual ninguém podia contar, de todas as nações, tri­
bos, povos e línguas, que estavam diante do trono e perante o
( ordeiro, trajando vestes brancas e com palmas nas suas mãos;
r clamavam com grande voz, dizendo: “Salvação ao nosso Deus,
i/iic está assentado no trono, e ao Cordeiro”. E todos os anjos
estavam ao redor do trono, dos anciãos e dos quatro animais; e
l>i ostraram-se diante do trono sobre seu rosto e adoraram a Deus,

dizendo: “Amém! Louvor, glória, sabedoria, ações de graças, hon-


r.i, poder e força ao nosso Deus para todo o sempre. A m ém !”. E
mu dos anciãos me falou, dizendo: “Estes que estão vestidos de
vestes brancas, quem são e de onde vieram ?”.
Eis o resultado do ministério dos 144 mil israelitas: uma gran­
ir multidão salva, trajando vestes brancas e com palmas nas
m. ios.
“N ações, trib o s, povos e lín g u a s ” ex p ressa a id éia de
•ibrangência universal da salvação. Grande será o poder e a efi-
i noia da mensagem divina pregada por aqueles servos do Se­
nhor.
João descreve uma cena no céu, em que se pode ver uma gran­
de multidão proveniente de todas as nações. Esta multidão sal-
v.i pelo “sangue do Cordeiro” serão os salvos da primeira parte
da Grande Tribulação (v. 14), os quais sofrerão martírio por não
.irritarem a religião do anticristo. Esta multidão nada tem a ver
tom os 144 mil, uma vez que aqueles serão exclusivamente ju ­
deus (Apocalipse 7.4), enquanto que estes serão compostos por
pessoas de todas as nações, tribos, povos e línguas (v. 9). São
..mios que, de entre os gentios, terão sido levados ao conheci­
mento de Deus pela pregação do Evangelho do Reino (conforme
Nl.iteus 24.14).
60 Os cento e quarenta e quatro mil

Na presença de Deus desaparecerão para sempre os mesqui­


nhos sentimentos de raça e nacionalidade, que fazem separação
entre os homens do mundo.

Versículos 14 e 15: E eu disse-lhe: “Senhor, tu sabes”. E ele dis­


se-me: “Estes são os que vieram de grande tribulação, lavaram as
suas vestes e as branquearam no sangue do Cordeiro. Por isso
estão diante do trono de Deus e o servem de dia e de noite no seu
templo; e Aquele que está assentado sobre o trono os cobrirá com
a sua sombra ”.
Ali os remidos o servirão “de dia” e “de noite” no seu santuá­
rio. A linguagem aqui usada tem forma antropomórfica (forma
humana para ser entendida pela mente humana), pois ali não
haverá noite (Apocalipse 22.5).
Apesar de o povo de Deus sempre ter sofrido tribulações ao
longo da história da Igreja, a Grande Tribulação é um período de
julgamento divino sobre o mundo ímpio que rejeitou a Cristo.
Além disso, também é um tempo de ira e perseguição contra os
que recebem a Cristo e a sua Palavra (Apocalipse 12.12). Durante
esta fase, milhares de pessoas sofrerão terrivelmente como objetos
da ira satânica (Apocalipse 6.9-11; 14.13 e 20.4). No grego, esta
expressão diz literalmente “a tribulação, a grande”, uma vez que
a repetição do artigo definido no texto original reforça a declara­
ção. É o período da hostilidade final antes da volta de Cristo.
Nota-se como os intensos sofrimentos da Grande Tribulação
não são suficientes para purificar os homens dos seus pecados.
Somente o sangue de Jesus pode fazer isto (João 1.29; 1 Pedro
1.18, 19 e 1 João 1.7).
Veja as seguintes considerações:
1. Somos salvos da ira de Deus e justificados pelo sangue de
Cristo (Romanos 5.9).
2. Nos aproximamos de Deus pelo sangue de Cristo (Efésios
2 . 12).
3. Temos ousadia para entrarmos no Santíssimo Lugar através
Apocalipse, a Revelação Final 61

<lo sangue de Cristo (Hebreus 10.19, 20).


4. Fomos resgatados da nossa vã maneira de viver pelo san-
)',iie de Cristo (1 Pedro 1.18,19).
5. Somente pelo sangue de Cristo o pecado é expurgado, o
i|iie é corruptível se reveste da incorruptibilidade e o que é mor-
i.il se reveste da imortalidade (1 Coríntios 15.54).

Versículos 16 e 17:" Nunca mais terão fom e e nunca mais terão


.('(/(?; nem sol e nem calma alguma cairá sobre eles, porque o Cor­
deiro que está no meio do trono os apascentará e lhes servirá de
Hiila para as fontes das águas da vida; e Deus limpará de seus
olhos toda lágrima".
O texto em foco lembra as palavras de Jesus em Lucas 7.13,
i|imndo disse para a pobre viúva não chorar. Os que choraram
' 1.1 lerra serão consolados no céu (conforme Mateus 5.4) e os que
.ii|iii não choraram, chorarão numa eternidade sem Deus, sem
Ii,iver quem os console.
Esta promessa se refere a qualquer lembrança que possa cau-
ii' sofrimento, pesar ou remorso àqueles que com o preço de
n.is próprias vidas selarão o testemunho heróico da sua fideli-
iLide a Cristo. A grande multidão dos mártires salvos na Grande
t ribulação é apascentada e conduzida às fontes das águas da
ii l.i pelo Cordeiro. Sofreram na terra, mas perseveraram até o
Imi (Mateus 24.13). É uma promessa de recompensa à fidelidade
■I.u|neles que sofrerão martírio por amor a Cristo.
Saiba, meu querido irmão, que vale a pena ser fiel a Cristo,
mesmo que isto resulte em sofrimentos, desprezos e discrimina-
i,(Vs. Não esqueça que se sofrermos, também com Ele reinare-
iiion (2 Timóteo 2.12).
Capítulo 8 ]

As sete trombetas
(Apocalipse 8)

■fersículos 1 e 2: E havendo aberto o sétimo selo, fez-se


silêncio no céu quase por meia hora. E vi os sete anjos que
estavam diante de Deus e foram-lhes dadas sete trombe­
tas.

A abertura do sétimo selo dá início aos juízos das


sete trombetas, mostrando como serão as condições na
terra durante os próximos 21 meses de tribulação. O si­
lêncio no céu deve-se ao horror diante dos julgamentos
vindouros contra o pecado. É uma pausa marcante antes
da próxima série de juízos divinos, assim como a calmaria
que antecede uma tormenta ou um vendaval. Cremos que
os minutos antecedentes ao toque da primeira trombeta
são momentos de dor e angústia para o Espírito de Deus.
A divindade chora, pois Deus é tardio em irar-se e não
tem prazer na morte do ímpio (Naum 1.3 e Ezequiel 33.11).

Tão incríveis serão tais juízos que os próprios habitan­


tes do céu ficam em grande expectativa, devido àquilo
que está para acontecer. O tempo no céu não se mede
como na terra, no entanto, João transmite em termos hu­
manos a impressão que esta pausa lhe dá.
64 As sete trombetas

Aparentemente os julgamentos que são anunciados pelas trom­


betas seguem cronologicamente a abertura dos selos. Portanto,
os selos transmitem a causa, enquanto que as trombetas e as ta­
ças da ira, o efeito.

Versículos 3 a 6 :E veio outro anjo e pôs-se ju n to ao altar, ten­


do um incensário de ouro; e foi-lhe dado muito incenso, para o
pôr com as orações de todos os santos sobre o altar de ouro que
está diante do trono. E a fumaça do incenso subiu com as orações
dos santos desde a mão do anjo até diante de Deus. E o anjo to­
mou o incensário, o encheu do fogo do altar e o lançou sobre a
terra; e ouve depois vozes, trovões, relâmpagos e terremotos. E os
sete anjos, que tinham as sete trombetas, prepararam-se para tocá-
las.
Observemos que, neste texto, as orações oferecidas diante do
trono, sobre o altar celeste, são “as de todos os santos”, e não
apenas dos mártires, conforme se vê em Apocalipse 6.9. Todas
as orações que ascenderem a Deus em nome de Jesus e conforme
a sua vontade são ouvidas. Aqui, a oração é somente dos “san­
tos”, pois Deus não ouve a pecadores (conforme João 9.31). Até
que enfim, nossas orações armazenadas diante de Deus serão,
então, respondidas (conforme Apocalipse 5.8 e 8.3, 4). Através
da mediação de Cristo, nossas orações chegaram e foram aceitas
diante do trono de Deus (Salmos 141.2;Efésios 5.2 e l Timóteo
2.5).
As orações dos santos misturadas com incenso solicitando a
vinda do Reino trazem a intervenção da ira divina em antecipa­
ção à vinda de Cristo (Mateus 6.10 e Apocalipse 5.8). Note que,
em certo sentido, Deus entesoura as nossas orações; e embora o
Senhor nem sempre responda imediatamente a todas elas, Ele
não as deixa de lado, mas as preserva para o momento certo de
serem atendidas. E assim, somos incentivados a orar sem cessar
(Lucas 21.36; 1 Tessalonicenses 5.17).

Versículo 7: E o primeiro anjo tocou a trombeta e houve sarai-


Apocalipse, a Revelação Final ________ ___ _____________ ____ ____65

víi e fogo misturado com sangue, e foram lançados na terra, que


loi queimada na sua terça parte. Queimou-se a terça parte das
irvores e toda erva verde foi queimada.
Embora as implicações sejam aterradoras, não há razão para
ibandonarmos a interpretação literal destes juízos, cujo propõ-
•.llo é advertir as pessoas e trazê-las ao arrependimento, uma vez
i|iie tais acontecimentos estão lim itados a uma terça parte do
inundo (Apocalipse 9.20, 21).
O nosso p lan eta tem ap roxim ad am en te 149 m ilhões de
i|iiilômetros quadrados de áreas emersas. A terça parte queima-
i l;i significa uma área equivalente à som a das superfícies da
( íckania com o continente asiático; ou da África com a América
i li) Sul; ou da América do Norte com a Antártida e a Europa. Este
incêndio descomunal seria responsável por grande concentração
■Ir gases poluentes na atmosfera.

Versículos 8 e 9; E o segundo anjo tocou a sua trombeta e foi


lançado no mar uma coisa como um grande monte ardendo em
h)go, e tornou-se em sangue a terça parte do mar. E morreu a terça
l>.irte das criaturas que tinham vida no m ar e perdeu-se a terça
p.irte das naus.
O grande monte ardendo em fogo pode ser um meteorito ar-
- lente que caiu no mar, matando uma terça parte da vida maríti-
m,i e destruindo muitas embarcações. A grande mortandade de
iininais no mar acarretará grandes problemas.
|oão vê algo semelhante a um vulcão em erupção, explodindo
i' lançando a sua lava no mar. Esta figura é símbolo do julgamen-
in divino sobre os mares. Esse é um juízo escatológico, resultan-
li' d(> erupções vulcânicas generalizadas, e não da poluição natu-
i il

Versículos 10 e 11: £ o terceiro anjo tocou a trombeta e caiu do


i i ii uma grande estrela, ardendo como uma tocha, e caiu sobre a
tprçíi parte dos rios e sobre as fontes das águas. E o nome da es­
66 As sete trombetas

trela era Absinto, e a terça parte das águas tornou-se em absinto,


e muitos homens morreram das águas, porque se tornaram amar-
gas.
O absinto é uma planta amarga que representa o julgament
divino e a tristeza humana (Deuteronômio 29.18 e Provérbios 5.4).
Tal será o sofrimento que estes juízos causarão para humanida­
de, danificando um terço da água potável sobre a terra.
O problema da água potável já é uma preocupação nos no
sos dias. A falta de águ a pode afetar o d esenv olvim en to
econômico e provocar guerras. O alerta foi dado em março de
1998 pelo então presidente francês, Jacques Chirac, na abertura
de uma conferência internacional sobre a água, promovida pela
ONU na capital francesa. Chirac afirmou que em 70 regiões no
mundo há conflitos violentos pelo controle de água potável, e
que se nada for feito agora, o próximo século poderá começar
com guerras pelo controle da água. Embora dois terços do pla­
neta sejam ocupados por água, somente uma ínfima quantidade
pode ser consumida. A água salgada corresponde a 97,3 % do
total. Dos 2,7 % de água doce no mundo, a maior parte está em
geleiras e icebergs. Apenas 0,63 % estão em estado líquido e po­
dem ser exploradas.
Em conferência mundial sobre a água, que reuniu em Es­
tocolmo, Suécia, representantes de 140 países e organizações in­
ternacionais, a ONU alertou mais uma vez que a oferta de água
corre sério risco e que os impactos mais severos deverão ocorrer
principalmente nos países em desenvolvimento.
Grande parte das nações menos desenvolvidas já enfrenta pe­
ríodos incertos e irregulares de chuvas, e as previsões para o fu­
turo indicam que as mudanças climáticas vão tornar a oferta de
água cada vez menos previsível e confiável.
Em 2007, a porcentagem da população mundial que vive em
centros urbanos pela primeira vez na história ultrapassou os 50%,
provocando uma enorme pressão sobre a demanda de água. A
ameaça da escassez global de água se apresenta como um dos
npptalipse, a Kevelaçtio Hnal 67

i’fendes sinais dos tempos. (Folha Universal, edição do dia 26 de


i^osto de 2007).
Uma das graves ameaças à humanidade são os desastres
naturais, que totalizaram cerca de 300 só nos sete primeiros me­
ses de 2007 e fizeram 117 milhões de vítimas em todo mundo.
Entre os fenômenos naturais que vitimaram habitantes ao re-
ilor da terra, estão as secas devastadoras na China e na África,
lotalizando um prejuízo da ordem de 15 bilhões de dólares.

Versículo 12: £ o quarto anjo tocou a trombeta e foi ferida a


terça parte do sol, a terça parte da lua e a terça parte das estrelas,
Itara que a terça parte deles se escurecesse, e a terça parte do dia
não brilhasse, e semelhantemente a noite.
A expressão terça parte do sol, da lua e das estrelas significa que o
i iclo de noite-dia será reduzido de 24 para 16 horas, e que a
luminosidade do sol, da lua e das estrelas será reduzida em um
lerço.
Serão cumpridas nesse tempo as palavras do Senhor Jesus: E
Imverá sinais no sol, na lua e nas estrelas; e sobre a terra haverá angústia
ilus nações em perplexidade pelo bramido do mar e das ondas. Os homens
desfalecerão de terror pela expectação das coisas que sobrevirão ao mun­
do; porquanto os poderes do céu serão abalados (Lucas 21.25, 26).

Versículo 13: E olhei e ouvi um anjo voar pelo meio do céu,


dizendo com grande voz: “Ai! Ai! Ai dos que habitam sobre a
terra, por causa das outras vozes das trombetas dos três anjos
i/ue hão de ainda tocar!
Neste versículo, os mais depurados textos gregos contêm a
expressão “águia”, enquanto que outros se referem a um anjo
voando. A águia é símbolo do julgamento e da vingança em ação;
i*o tríplice “ai” é para advertir que os três próximos julgamentos
M*i ão muito mais devastadores do que os demais. O quinto e o
■.('xto juízo envolverão forças demoníacas terríveis, que atingi-
i a() diretamente a humanidade (Apocalipse 9.1-21).
68 As sete trombetas

A mensagem do anjo aos habitantes da terra parece trazer em


si um ar de ironia e de vingança. Sua imagem mostra a rapidez
com que vão realizar-se os julgam entos que se seguem! Sua m en­
sagem, portanto, será clara, pois será vista por todos, grandemente
iluminada pelo sol do meio-dia. Seu clamor será universalmente
ouvido.
Capítulo 9 |

Quinta e sexta trombetas


(Apocalipse 9)

/ /érsículos 1 e 2: E o quinto anjo tocou a trombeta e vi uma


/ / estrela que do céu caiu na terra; e foi-lhe dada a chave do
^ poço do abismo. E abriu o poço do abismo e subiu fumaça
do poço como fumaça de uma grande fornalha e, com a
fumaça do poço, escureceu-se o sol e o ar.

O abismo (no grego abyssos) é um termo grego para


“inferno”, o mundo da morte. O Novo Testamento retra­
ta o abismo como uma prisão, com subterrâneo, onde os
demônios (somente uma classe) são mantidos em cativeiro
(conforme Lucas 8.31; 2 Pedro 2.4 e Judas 6). João vê a
abertura do abismo e a libertação de hordas de demônios
para atormentarem os perdidos.

A estrela caída simboliza um anjo caído: Satanás. Este


passa a abrir o poço do abismo para soltar demônios que
atormentarão os habitantes da terra (Isaías 14.12 e Lucas
10.18). Isto será permitido como castigo aos homens que
escutaram mais a Satanás do que a Deus. Estes poderes
malignos serão postos em liberdade por determinação de
Deus, a fim de punirem aos homens rebeldes.

O poço do abismo é o lugar de aprisionamento dos


70 Quinta e sexta trombetas

anjos caídos, os quais estão reservados para o dia do julgamento


final (1 Pedro 3.19 e Judas 6). Estes são sete vezes mencionados
no livro do Apocalipse.
Na literatura judaica apocalíptica, o abismo é considerado o
lugar de punição dos anjos caídos.
Versículo 3: E da fumaça vieram gafanhotos sobre a terra; e foi-lhes
dado poder como o poder que têm os escorpiões da terra.
Em 1866, cerca de 200 mil pessoas morreram de fome na Argé­
lia, na África, depois do poder destruidor de uma praga de gafa­
nhotos sobre as suas lavouras. Aqui, porém, o fato de estas cria­
turas virem do abismo e da sua descrição incomum nos versículos
7 a 11 indica que são demoníacas.

Versículos 4 e 5: E foi-lhes dito que não fizessem dano à erva


da terra, nem a verdura alguma e nem a árvore alguma, mas so­
mente aos homens que não têm na testa o sinal de Deus. E foi-lhes
permitido, não que os matassem, mas que por cinco meses os ator­
mentassem; e o seu tormento era semelhante ao tormento do es­
corpião quando fere o homem.
A expressão cinco meses se refere a um período de tempo limi­
tado, sugerido pelo ciclo de vida de um gafanhoto.
Em caso de insetos literais, se esperaria que prejudicassem as
verduras, porém estes não são gafanhotos comuns. São seres so­
brenaturais, simbolizados por gafanhotos; e o objetivo deles é o
ser humano.
Deus permite que os homens fiquem vivos, porém atormenta­
dos, para que reconheçam a maldade dos seus pecados. As lim i­
tações que Deus impõe às atividades destas criaturas indicam
que Ele ainda está no pleno controle dos acontecimentos.
Versículo 6: E naqueles dias, os homens buscarão a morte e não a
acharão; e desejarão morrer, e a morte fugirá deles.
Cornélio Galo escreveu a seguinte declaração; “Pior que qual­
quer ferida é o desejo de morrer sem poder”.
Apocalipse, a Revelação Final 71

Podemos imaginar que será terrível contemplar hospitais chei­


os sem condições de atender a demanda de doentes e feridos
que esse período requer. Serão milhares de pessoas procurando
a morte sem que esta atenda ao desespero humano. Homens sem
cabeça, mas ainda vivos; pessoas com somente uma perna jo r­
rando sangue pelas ruas infestadas de demônios. Pessoas esfa-
celadas, suicidas que não conseguem morrer e gritos de horror
por toda a parte. Embora tudo isto pareça um filme de terror,
trata-se na realidade do cenário da Grande Tribulação. São fatos
que literalmente hão de acontecer.
Atualmente, as pessoas fazem de tudo para continuar viven­
do, mas naqueles dias tentarão desesperadamente morrer. Que
paradoxo! Ainda que desejado, o suicídio será impossível.
O filósofo e teólogo Soren Kierkegaard escreveu algo curiosa­
mente semelhante ao versículo acima citado: “(...) o tormento do
desespero é exatamente este, o de não ser capaz de morrer. (...)
Quando a morte é o maior perigo, o homem espera viver; po­
rém, quando este conhece algo ainda mais temível, espera mor­
rer. E assim, quando o perigo é tão grande a ponto de a morte se
Iornar a única esperança, o desespero consiste no desconsolo de
não ser capaz de morrer. A vida humana torna-se apenas uma
floresta de violência e ódio, uma morte em vida, um autêntico
inferno”.

Versículos 7 a 10: E o aspecto dos gafanhotos era semelhante


ao de cavalos aparelhados para a guerra; e sobre a sua cabeça
havia umas como coroas semelhantes ao ouro; e o seu rosto era
como rosto de homem. E tinham cabelos como cabelos de mulher,
e o seus dentes era como de leão. E tinham couraças como coura­
ças de ferro; e o ruído das suas asas era como o ruído de carros,
quando muitos cavalos correm ao combate. E tinham cauda se­
melhante â dos escorpiões e aguilhão na cauda; e o seu poder era
para danificar os homens por cinco meses.
O humilde pescador da Galiléia esforçou-se ao máximo a fim
de descrever a aparência daquele exército demoníaco surgido
72 Quinta e sexta trombetas

do poço do abismo. Uma multidão de demônios que afligirão as


pessoas durante a Tribulação.
Em sua descrição, o apóstolo João apresenta estes monstros
demoníacos como “cavalos alados”, formando um ataque de ca­
valaria. Tais criaturas são dotadas de rostos humanos, cabelos
como de mulheres, dentes de leão, couraças de ferro e caudas
com ferrões como as de escorpiões. Elas também trazem coroas,
porquanto serão reis por cinco meses, já que saíram para vencer.
Quem e que tipo de arma poderá fazer frente a um exército infer­
nal como este? Para onde fugir? Sua missão específica é atormentar
os habitantes da terra. Muitos desmaiarão de terror.

Versículos 11 e 12: E tinham sobre si rei, o anjo do abismo; em


hebreu era o seu nome Abadom, e em grego, Apoliom. Passado é
j á um ai; eis que depois disso vêm ainda dois ais.
Os gafanhotos que conhecemos não têm nenhum governante
(Provérbios 30.27), mas esses mencionados no Apocalipse tinham
um rei sobre si.
Tanto Abadom como Apoliom significam destruição. Trata-se de
um anjo destruidor que age sob o comando de Satanás por per­
missão divina.
De acordo com o final do versículo 12, coisas ainda piores es­
tão para acontecer ao toque da sexta e da sétima trombeta, as
quais serão estudadas depois do segundo período parentético
(capítulos 10.1 a 11 e capítulos 11.1 a 14).

Versículos 13 a 19: E tocou o sexto anjo a trombeta e ouvi uma


voz que vinha das quatro pontas do altar de ouro que estava
diante de Deus, a qual dizia o sexto anjo, que tinha trombeta:
“Solta os quatro anjos que estão presos ju n to ao grande rio
Eufrates”. E foram soltos os quatro anjos que estavam prepara­
dos para a hora, dia, mês e ano, a fim de matarem a terça parte
dos homens. E o número dos exércitos dos cavaleiros era de du­
zentos milhões; e ouvi o número deles. E assim vi os cavalos nes­
Apocalipse, a Revelação Final 73

ta visão; e os que sobre eles cavalgavam tinham couraças de fogo,


dejacinto e de enxofre; e a cabeça dos cavalos era como cabeça de
leão; e de sua boca saía fogo, fumaça e enxofre. Por estas três
pragas foi morta a terça parte dos homens, isto é, pelo fogo, pela
fumaça e pelo enxofre, que saíam da sua boca. Porque o poder
dos cavalos está na sua boca e na sua cauda, porquanto a sua
cauda é semelhante a serpentes e tem cabeça, e com ela danificam.
Na época em que foi escrito o livro do A pocalipse, o rio
Eufrates era o termo oriental do Império Romano. É o rio mais
comprido da Ásia Ocidental, medindo cerca de 2.736 quilômetros.
Foi nessa região que o homem foi criado; onde também ele pe­
cou e caiu; de onde foi expulso do paraíso; o lugar do primeiro
homicídio e onde se originou Babel, símbolo de toda a sorte de
idolatria, engano e confusão (Gênesis 11.9 e 10.8-10).
Aquilo que os quatro anjos são e o que eles fazem é o que
constitui o juízo da sexta trombeta. Ao serem soltos, um exército
composto de 200 milhões de cavaleiros se espalhará pela terra,
respirando chamas e matando a terça parte da humanidade. Con­
forme os versículos 14 e 15, esses quatro anjos (demônios) são
libertados a fim de matarem um terço da população restante da
terra. Acrescentando-se a isto a quarta parte da população que
foi morta no quarto selo de julgam ento (Apocalipse 6.4), enten­
demos que esses dois julgam entos exterminam metade da po­
pulação da terra, sem incluir as pessoas mortas pelas guerras,
lomes e doenças. Caso isto acontecesse hoje, aproximadamente
2,33 bilhões de seres humanos morreriam. Os componentes des­
se e x ército d estru id o r pod em ser hom ens p o ssu íd o s por
demônios, empregando sofisticados engenhos de guerra e sol­
dados altamente equipados. Com as armas atômicas existentes
nos dias atuais, estas coisas são possíveis até em nível meramen­
te humano.
Versículos 20 e 21: E os outros homens, que não foram mortos por
estas pragas, não se arrependeram das obras de suas mãos, para não ado­
rarem os demônios e os ídolos de ouro, de prata, de bronze, de pedra e de
madeira, que nem podem ver, nem ouvir e nem andar. E não se arrepen­
74 Quinta e sexta trombetas

deram dos seus homicídios, nem das suas feitiçarias, nem da sua prosti­
tuição e nem das suas ladroíces.
A religião do anticristo na tribulação envolverá tanto a idola­
tria (conforme Salmos 115.4-8; 135.15-18; Isaías 42.8; 44.10,15; 45.20
e 46.6,7) quanto a demonolatria (adoração aos demônios). Já é
possível nos dias de hoje constatar um aumento surpreendente
desse tipo de adoração em várias partes do mundo. Cresce as­
sustadoramente em várias partes do mundo, inclusive no Brasil,
o número de templos com esta finalidade.
Os “outros hom ens” - a saber, os dois terços que sobrevive­
rão ao juízo da sexta trombeta - não se arrependerão, apesar de
serem testemunhas daquilo que aconteceu a outra terça parte da
humanidade. Portanto, em sua vida diária e em seu credo nada
mudou. Nem mesmo a dor física transformará aqueles corações
rebeldes!
Os juízos divinos não são meramente retributivos em sua na­
tureza. Tam bém podem ser disciplinadores e restauradores,
contanto que os homens permitam que esses juízos tenham es­
sas funções.
Diante de fatos literais que inevitavelmente hão de acontecer,
somos convidados a uma profunda reflexão: será que vale a pena
perder o arrebatamento e ficarmos aqui para a Grande Tribula­
ção? Querido irmão e amigo leitor, o arrebatamento pode ocor­
rer a qualquer momento! Você vai ou você fica?
As mais sinistras e aterradoras histórias não representam nem
a metade do mal que o futuro reserva ao perdido.
“Tudo nos mostra que Cristo já volta;
Breve Jesus voltará!
Já deste mundo o mar se revolta;
Breve Jesus voltará!” (H.C. n°. 401).
I ___________
Capítulo 10

Um livrinho trazido do céu


(Apocalipse 10)

trechos do capítulo 10, versos 1 a 11, e capítulo 11,


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versos 1 a 14, encontram os a segunda passagem
^ 'p a re n té tic a do Apocalipse:

Versículos 1 a 7: E vi outro anjo forte, que descia do


céu, vestido de uma nuvem; e por cima da sua cabeça es­
tava o arco celeste, e o rosto era como o sol, e os pés, como
colunas de fogo; e tinha na mão um livrinho aberto e pôs
o pé direto sobre o mar e o esquerdo sobre a terra; e cla­
mou com grande voz, como quando brama o leão; e, h a ­
vendo clamado, o sete trovões fizeram soar as suas vozes.
E, sendo ouvidas dos sete trovões as suas vozes, eu ia
escrevê-las, mas ouvi uma voz do céu, que dizia: “Sela o
que os sete trovões falaram e não o escrevas”. E o anjo
que vi estar sobre o mar e sobre a terra levantou a mão ao
céu eju ro u por Aquele que vive para todo o sempre, o qual
criou o céu e o que nele há, a terra e o que nela h á e o mar
e o que nele há, que não haveria mais demora; mas nos
dias da voz do sétimo anjo, quando tocar a sua trombeta,
se cumprirá o segredo de Deus, como anunciou aos profe­
tas, seus servos.
76 Um livrinho trazido do céu

A expressão outro anjo, mencionada nesta passagem, é porque


já se fez referência a um primeiro anjo. A diferença entre eles é
que este segundo possui atributos muito especiais, além da voz
de comando e de autoridade, tais como: está vestido de uma
nuvem, por cima de sua cabeça está o arco-íris, o seu rosto é como
o sol e os seus pés são como uma coluna de fogo. Tais caracterís­
ticas evidenciam a pessoa do Senhor Jesus, em uma espécie de
teofania (forma de manifestação da natureza divina).
A nuvem simboliza a presença de Deus (Êxodo 13.31); o arco-
íris e o rosto como sol, o resplendor da glória divina (Ezequiel
1.28 e Apocalipse 1.16); e os pés como coluna de fogo, a sua fir­
meza.
Em sua mensagem, anuncia que não haveria mais demora, sig­
nificando o término da primeira parte da tribulação e o início
imediato da segunda parte.
Os pés do anjo sobre a terra e o mar mostram o seu tremendo
tamanho e ressalta que a sua vinda relaciona-se com o destino de
toda a criação. Também nos dá a entender que esse livrinho con­
tém uma mensagem que afeta o destino do mundo inteiro. Os
homens podem até pecar, pensando que Deus permanece indi­
ferente a tudo. Mas o tempo vem, e breve será, em que Deus
certamente visitará o pecado. Depois já não tolerará, nem por
um só momento, nada do que for contrário à sua natureza. No
contexto, mistério não indica a revelação de algo oculto, mas o
cumprimento de visões proféticas que ainda não se cumpriram,
as quais foram preditas no Antigo Testamento.
O segredo aqui mencionado trata-se de algo sobre o próprio
Deus que não será revelado até que o seu reino seja estabelecido
sobre a terra. O apóstolo João entendeu muito bem o sentido da
voz dos sete trovões, porém a exemplo de Paulo, lhe foi vedado
escrever ou revelar a mensagem (2 Coríntios 12.4).

Versículos 8 a 11: E a voz que eu do céu tinha ouvido tornou a


falar comigo e disse: “Vai e toma o livrinho aberto da mão do
Apocalipse, a Revelação Final 77

anjo que está em pé sobre o mar e a terra E fui ao anjo, dizendo-


lhe: “Dá-me o livrinho”. E ele disse-me: “Toma-o e come-o, e ele
fará amargo o teu ventre, mas na tua boca será doce como m e l”. E
tomei o livrinho da mão do anjo e comi-o; e na minha boca era
doce como mel; e, havendo-o comido, o meu ventre ficou amargo.
E ele disse-me: “Importa que profetizes outra vez a muitos povos,
nações, línguas e reis
O fato de João ter comido este livrinho nos ensina que a men­
sagem de Deus pode ser doce ou amarga, dependendo da acei­
tação ou rejeição de quem a ouve. Nesta referência, a palavra
“com er” significa dominar e digerir claramente o conteúdo da
mensagem profética (Salmos 119.103 e Jeremias 15.16). Significa
tornar o que Deus disse uma parte de si mesmo. Somente quan­
do “digerim os” a Palavra de Deus é que estaremos em condi­
ções de ministrá-la com eficácia.
A expressão que o anjo menciona de “profetizar outra vez” se
refere ao restante do livro do Apocalipse, que ainda deveria ser
anunciado.
Capítulo 11

As duas testemunhas mártires


(Apocalipse 11)

ersículos 1 e 2: E foi-me dada uma cana semelhante a uma


vara; e chegou o anjo e disse: “Levanta-te e mede o templo
de Deus, o altar e os que nele adoram. E deixa o átrio que
está fora do templo e não o meças; porque foi dado às
nações e pisarão a Cidade Santa po r quarenta e dois m e­
ses

Segundo parece, esse período de 3 anos e meio pas­


sou a simbolizar um período de iniqüidade irrefreada.
Aprendemos também que durante a Tribulação, Israel e
a “Cidade Santa” (a Jerusalém terrestre) serão oprimidos
pelos gentios e sofrerão terrivelmente (Lucas 21.24). A
nação judaica será severamente julgada por causa da sua
rejeição a Cristo (Mateus 23.36-39; 27.25 e Lucas 19.41-44).

O templo de Deus aqui mencionado refere-se àquele


que será construído no início da Tribulação. Este será er­
guido no mesmo local do antigo prédio, onde se encon­
tra atualmente a mesquita de Omar, e que será profana­
do pelo anticristo (D aniel 9.26,27; M ateus 24.15 e 2
Tessalonicenses 2.4). Não se trata de um templo espiritu­
al, mas sim literal (Daniel 9.24).
80 As du a s t e s t e m u n h a s m á r t ir e s

Entendemos ser imprescindível a reconstrução do templo de


Jerusalém, onde atualmente alguns preparativos já estão sendo
realizados. Veja alguns exemplos: as novilhas vermelhas, men­
cionadas em Números 19.2, já estão sendo criadas, até que te­
nham atingido o padrão de criação que os judeus consideram
correto, segundo as Escrituras. Também no mês de novembro do
ano de 1989, em plena Festa dos Tabernáculos, foi realizada uma
cerimônia em que se comemorava o lançamento simbólico da
pedra fundamental do novo templo judeu.
O templo de Jerusalém foi construído pelo rei Salomão, ter­
ceiro rei de Israel, e foi incendiado por Nebuzaradã, general do
rei Nabucodonosor, em 587 a.C. (2 Reis 25.8, 9). O mesmo foi
reconstruído a partir de 537 a.C. por Zorobabel, quando os ju ­
deus retornavam do cativeiro babilônico e foi concluído em 516
a.C. (Esdras 6.3, 4, 15,16); sendo mais tarde substituído pelo tem­
plo de Herodes, cujas obras começaram em 19 a.C. e só termina­
ram no ano 27 d.C. (João 2.20). Este foi destruído em 70 d.C. por
T ito, g en eral rom ano. Todos estes tiv eram por m odelo o
tabernáculo celeste, de acordo com Êxodo 25.40. O templo dos
dias da Grande Tribulação obedecerá estas mesmas normas, sen­
do o quarto a ser edificado a partir dos dias do rei Salomão.
Segundo o historiador Flávio Josefo, o templo reconstruído
por Herodes ocupava uma área de aproximadamente 14 hecta­
res.
O templo judaico dos dias da Grande Tribulação será profa­
nado pelo anticristo (Daniel 8.14; 11.31) e, por fim, destruído para
dar lugar ao templo do reino milenar (cf. Isaías 2.2; 56.7; Ezequiel
37.26-28; Zacarias 6.12,13 e 15 e Mateus 21.13).
Na verdade, o anticristo não só profanará o templo da Tribu­
lação, mas também se apresentará como Deus para ser adorado
naquele templo (2 Tessalonicenses 2.4).
O ato de medir sempre está relacionado com o cuidado de
Deus em restaurar ou proteger alguém ou alguma coisa (Ezequiel
9.4 e 40.3; Zacarias 2.1-5 e Apocalipse 21.15).
Apocalipse, a Revelação Final_________________ ______ ________________ 81

Versículos 3 a 12: E darei poder às minhas duas testemunhas e


profetizarão por mil duzentos e sessenta dias, vestidas de pano
de saco. Estas são as duas oliveiras e os dois castiçais que estão
diante do Deus da terra. E se alguém lhes quiser fazer mal, fogo
sairá da sua boca e devorará os seus inimigos; e se alguém lhes
quiser fazer mal, importa que assim seja morto. Estas têm poder
para fechar o céu, para que não chova nos dias da sua profecia; e
têm poder sobre as águas para convertê-las em sangue e para ferir
a terra com toda a sorte de pragas, quantas vezes quiserem. E
quando acabarem o seu testemunho, a besta que sobe do abismo
lhes fará guerra, e as vencerá e as matará. E jazerá o seu corpo
morto na praça da grande cidade que, espiritualmente, se chama
Sodoma e Egito, onde o seu Senhor também foi crucificado. E ho­
mens de vários povos, tribos, línguas e nações verão o seu corpo
morto por três dias e meio, e não permitirão que seu corpo morto
seja posto em sepulcros. E os que habitam na terra se regozijarão
sobre eles, se alegrarão e mandarão presentes uns aos outros; por­
quanto estes dois profetas tinham atormentado os que habitam
sobre a terra. E depois daqueles três dias e meio, o espírito de
vida, vindo de Deus, entrou neles; e puseram-se sobre os pés e
caiu grande temor sobre os que os viram. E ouvi uma grande voz
do céu, que lhes dizia: “Subi c á ”. E subiram ao céu em uma nu­
vem; e os seus inimigos os viram.

Aparecem aqui duas testemunhas que estarão atuando na pri­


meira parte da Grande Tribulação. Deus sempre teve as suas tes­
temunhas. Assim será no período da Grande Tribulação, tal qual
nunca houve sobre a terra (Jeremias 30.4-7; Daniel 12.1; Mateus
24.21, 22 e Apocalipse 3.10), quando o anticristo estará no seu
apogeu de domínio e força e todo o Israel apóstata estará curva­
do perante ele, sendo seguidos pelos povos gentios habitantes
de toda a terra. Nesta época, o Israel fiel e os salvos (Apocalipse
7.1-17), como pregadores do Evangelho do Reino, trazem a sua
mensagem de juízo. Neste momento, aparecem em Jerusalém
duas grandes testemunhas, incumbidas de profetizar por 1.260
dias, 42 meses ou três 3 anos e meio (Apocalipse 11.3).
82 As duas testemunhas mártires

Muitas especulações e interpretações têm surgido a respeito


destas duas personagens. No entanto, a Palavra de Deus jam ais
se contradiz e ela por si mesma se interpreta através do seu con­
texto.
Vejamos algumas considerações importantes sobre o assunto.

Por que duas testemunhas?


Segundo a lei mosaica, o testemunho de duas pessoas é ver­
dadeiro (Deuteronômio 19.15). Observemos alguns casos que
comprovam isso:
1. Dois anjos testificaram da ressurreição de Cristo (João 20.12).
2. Dois varões vestidos de branco foram testemunhas da sua
ascensão (Atos 1.10).
3. Jesus ordenou que os seus servos saíssem de dois a dois
(Marcos 6.7 e Lucas 10.1).
4. A obra missionária no continente europeu iniciou com dois
valorosos servos de Deus: Paulo e Silas (Atos 16.25).
5. O movimento pentecostal em terras brasileiras no início do
século passado começou por dois servos do Senhor: Gunnar
Vingren e Daniel Berg.
6. Disse Jesus: (...) para que pela boca de duas ou três testemunhas
toda a palavra seja confirmada (Mateus 18.16b).
7. Há dois testamentos (Antigo e Novo) que encerram a reve­
lação divina a toda a humanidade.
Da mesma forma, Deus levantará dois grandes líderes dentre
a multidão de pregadores do Evangelho do Reino nos dias da
Grande Tribulação.

Q uem serão as duas testemunhas?


Dois grandes vultos se destacarão dentre os verdadeiros
adoradores naquela época. Quem serão eles? Muitas correntes
Apocalipse, a Revelação Final 83

teológicas de interpretação têm surgido a respeito. Alguns ensi­


nam que serão Enoque e Elias, e outros afirmam serem Moisés e
Elias. Os que ensinam serem Enoque e Elias o afirmam dizendo
que os mesmos não morreram e, portanto, precisam experim en­
tar a morte baseados no trecho bíblico de Hebreus 9.27 e 1 Coríntios
15.50. Vejamos, porém, o que diz em Hebreus 11.5a: Pela fé Enoque
foi trasladado para não ver a morte. Ora, se Deus o trasladou para
não ver a morte, está claro que Deus não irá contradizer-se agora,
permitindo que o seu servo morra. Elias, por sua vez, foi trasla­
dado para demonstrar aos próprios céus como será a trasladação
da Igreja. Elias deixou cair a sua capa (2 Reis 2.12-14), sim boli­
zando que despiu-se dos seus andrajos humanos. A mesma coi­
sa acontecerá no arrebatamento da Igreja. Sobre Moisés, diz o
relato bíblico que ele viveu 120 anos, morreu no monte Nebo e
foi sepultado pelo próprio Deus, sendo que a sua sepultura nunca
foi encontrada por alguém (Deuteronômio 34.1-7). Se admitirmos
que Moisés volte a viver em corpo mortal para ser uma das duas
testemunhas, estaremos concordando plenamente com a doutri­
na espírita da reencarnação, a qual Deus condena ao longo do
texto bíblico (Hebreus 9.27).

O sentido tipológico
As duas testemunhas são as duas oliveiras e os dois castiçais
que estão diante de Deus na terra (Zacarias 4.11-14 e Apocalipse
11.4). A oliveira nos fala de azeite; assim, podemos afirmar que
estas duas testemunhas ministrarão a Palavra de Deus naqueles
dias. Por serem eminentes líderes que estarão à frente de dois
grandes grupos (gentios e judeus), tendo em si a luz divina, tam ­
bém são chamados de “castiçais” ou “lâm padas” (Apocalipse
1.20). Os mesmos testemunharão no poder do Espírito Santo e
brilharão como luzes aqui no mundo.
Diante do que nos ensina a Bíblia, podemos afirmar que as
duas testemunhas serão dois servos de Deus que se levantarão
naquela época, anunciando a mensagem do juízo com o mesmo
poder e operação de maravilhas que tinham Moisés e Elias nos
84 As duas testemunhas mártires

seus m inistérios. Serão pessoas diferentes, mas com atuações


idênticas.
O Senhor Jesus se referiu ao ministério de João Batista e o com­
parou ao de Elias (Mateus 17.10-13 e Lucas 1.13, 15, 17); compro­
vando assim a mensagem do profeta Malaquias (Malaquias 4.5,
6). Elias pregava com autoridade e sem receios (1 Reis 18.22-40),
João Batista também era assim (Mateus 3.7-12). Elias enfrentou o
rei Acabe que, apesar de tudo, o respeitava (1 Reis 17.1; 18.17, 18
e 21.17-24); João Batista enfrentou o rei Herodes, que também o
tinha em estima, sabendo que era profeta de Deus (Marcos 6.20).
Podemos observar a semelhança que existe entre o ministério
de Moisés e Elias com o das duas testemunhas (Apocalipse 11.5,
6). Como dissemos, toda a operação maravilhosa desses dois lí­
deres será feita no mesmo espírito (ministério) daqueles dois
servos do Senhor (Êxodo 7.17; 1 Reis 18 e 2 Reis 1.10-12).
Pelas razões acima expostas, concluímos que as duas teste­
munhas serão dois grandes líderes que Deus levantará na época
mais tenebrosa da história do mundo; a Grande Tribulação. E
isto, a fim de que dêem testemunho de Deus naquele tempo.
Ao observarmos os versículos 7 a 12, vimos que ao termina­
rem o seu ministério, as duas testemunhas serão mortas pela besta
(o anticristo). Não será permitido que os seus corpos sejam se­
pultados, talvez para aumentar ainda mais a humilhação que o
anticristo deseja impor sobre aqueles dois servos de Deus. Du­
rante 3 dias e meio, os seus corpos ficarão expostos diante das
câmeras de TV de todo o mundo, como um grande troféu a ser
exibido, fruto do poder do anticristo, ratificando o seu poderio
diante dos homens.
Dentro do clima de terror que se imporá pela presença da bes­
ta em Jerusalém, o cenário nos mostra uma cidade semelhante à
corrupta Sodoma e o Egito idólatra.
Finalmente, o espírito de vida, vindo da parte de Deus, envol­
ve as duas testemunhas, para espanto, temor e frustração de to­
dos aqueles que se regozijaram em sua morte. Nisto vemos que
Apocalipse, a Revelação Final________________________________________________________ 85

a morte, cujo aguilhão é o pecado, não tem poder sobre Aquele


que a venceu na cruz do Calvário. Jesus é a ressurreição e a vida;
tragada foi a morte pela vitória! Aleluia!
Pode-se imaginar o efeito da ressurreição desses dois homens
sobre aqueles que, momentos antes, estavam vendo os dois cor­
pos jogados na rua ou assistindo as imagens no noticiário da te­
levisão.
Aqui se cumpre o ministério das duas testemunhas, semelhan­
te ao ministério terreno de Cristo: vida, morte, ressurreição e as­
censão.

Versículos 13 e 14: E naquela mesma hora houve um grande


terremoto e caiu a décima parte da cidade, e no terremoto foram
mortos sete mil homens; e os demais ficaram muito atemorizados
e deram glória ao Deus do céu.É passado o segundo ai; eis que o
terceiro ai cedo virá.
As exp ressões Sodom a (im oralidade e rebelião) e Egito
(mundanismo e escravidão) no versículo 6, retrata muito bem o
estado de indiferença e de incredulidade que Israel estará viven­
do nesse tempo, quando Jerusalém será o centro do poder do
Anticristo.
Por causa da ressurreição das duas testemunhas e do julga­
mento divino (vv. 11 e 12), um remanescente em Israel aceitará a
mensagem e dará glória a Deus.

Versículos 15 a 19: E tocou o sétimo anjo a trombeta e houve


no céu grandes vozes, que diziam: “Os reinos do mundo vieram a
ser de nosso Senhor e do seu Cristo, e Ele reinará para todo o
sem pre”. E os vinte e quatro anciãos, que estão assentados em
seu trono, diante de Deus, prostraram-se sobre seu rosto e adora­
ram a Deus, dizendo: “Graças te damos, Senhor, Deus Todo-po-
deroso, que és e que hás de vir, que tomaste o teu grande poder e
reinaste. E iraram-se as nações, e veio a tua ira e o tempo dos
mortos, para que sejam julgados, e o tempo de dares o galardão
86 As duas testemunhas mártires

aos profetas, teus servos, e aos santos, e aos que temem o teu
nome, a pequenos e a grandes, e o tempo de destruíres os que des-
troem a terra E abriu-se no céu o templo de Deus, e a arca do seu
concerto foi vista no seu templo; e houve relâmpagos, vozes, tro­
vões, terremotos e grande saraiva.

A sétima trombeta anuncia que o mundo se tornou o reino de


Cristo (Daniel 2.44; Zacarias 14.9 e Apocalipse 20.4). Este trecho
também abrange eventos que se estendem até a volta de Cristo e
que incluem, portanto, os julgam entos das sete taças (a partir do
capítulo 16). O soar da sétima trombeta é seguido pelo terceiro
período parentético, revelando eventos relacionados com o perí­
odo da Tribulação (Apocalipse 12.1 a 15.4). Se finda aqui a pri­
meira parte da tribulação. A recompensa aí mencionada não se
refere a santos elevados ao céu por ocasião do arrebatamento,
mas sim, aos vencedores pela fé em Cristo nos últimos três anos
e meio, antes que Cristo retorne em glória com sua Igreja. É fato
incontestável que esses vencedores pertencem exclusivamente à
época em que o diabo faz os seus últimos esforços por intermé­
dio da besta e do falso profeta, a fim de exterminar os que crerem
em Jesus.
(...) e a arca do seu concerto foi vista no seu templo... (v.19). O
primeiro a ter uma visão da arca foi Moisés no Antigo Testamen­
to (Êxodo 25.9,40). A última menção da arca no Antigo Testamento
ocorre em Jeremias 3.16, por volta de 626 antes da era cristã. Des­
de a última menção da arca no Antigo Testamento até os dias da
visão do Apocalipse, temos um período de nada inferior a 721
anos. Ela é uma figura das coisas que estão no céu (Hebreus 9.23).
No texto aqui mencionado, a aparição da arca no templo ce­
leste indica que o tempo da restauração messiânica chegou. Fica
assim concluído o ciclo de juízos das trombetas. E também é re­
velado o mistério das vozes de trovões (Apocalipse 10.4,7).
Esta trombeta nada tem a ver com a trombeta de 1 Coríntios
15.52. Aquela se refere ao arrebatamento da igreja; esta encerra
um ciclo de juízos nos primeiros três anos e meio.
Capítulo 12

A mulher e o dragão
(Apocalipse 12)

estacam-se 5 personagens no capítulo 12, a saber: (1) A


mulher (vv. 1 e 2); (2) Satanás (vv. 3 e 4); (3) o menino (vv.
4 e 5); (4) o arcanjo Miguel (v. 7) e (5) a descendência da mu­
lher (v. 17).
Este capítulo também nos apresenta o terceiro perío­
do parentético do livro, que vai até o capítulo 15.4.

Versículos 1 e 2: E viu-se um grande sinal no céu: uma


mulher vestida do sol, tendo a lua debaixo dos pés e uma
coroa de doze estrelas sobre a cabeça. E estava grávida,
com dores de parto e gritava com ânsias de dar à luz.
O sinal m encionado neste versículo refere-se a um
acontecimento extraordinário que aponta para além de si
mesmo (Mateus 24.29, 30; Lucas 21.11, 25 e Atos 2.19).
Existem 3 expressões significativas no texto acima: (1)
“uma mulher vestida do so l” significa que a mesma esta­
va coroada de glória. Representa a glória de Cristo sobre
a nação, uma vez que Ele é o sol da justiça (Malaquias
4.2); (2) “a lua debaixo dos seus pés” parece simbolizar
um governo terrestre. O governo do mundo no reino
milenar dependerá exclusivamente de Israel e, essencial-
88 A mulher e o dragão

mente, do seu Rei! (3) “Uma coroa de doze estrelas sobre a sua
cabeça”. Cremos que as doze estrelas se referem às doze tribos
de Israel, uma vez que isso concorda com o contexto de Gênesis
37.9, 10. Portanto, esta mulher simboliza a nação de Israel, atra­
vés da qual o Messias veio ao mundo.

Esta mulher simboliza a nação de


Israel, através da qual o Messias
veio ao mundo.

Versículo 3: E viu-se outro sinal no céu e eis que era um grande


dragão vermelho, que tinha sete cabeças e dez chifres e sobre as
cabeças, sete diademas.
Este dragão é Satanás (v. 9). As sete cabeças, chifres e diademas
representam a sua grande astúcia e poder. Tais símbolos são mais
bem estudados no capítulo 17.

Versículo 4: (...) e a sua cauda levou após si a terça parte das


estrelas do céu e lançou-as sobre a terra; e o dragão parou diante
da mulher que havia de dar ã luz, para que, dando ela a luz, lhe
Apocalipse, a Revelação Final _______ ___ 89

tragasse o filho.
Isto pode se referir à rebelião de Satanás no passado (Isaías
14.12-15; Ezequiel 28.13-15 e Lucas 10.18), quando um terço dos
anjos (estrelas) o acompanhou. Este fato ocorreu em um passado
remoto, do qual é impossível encontrarmos qualquer vestígio
cronológico. No entanto, sabemos que os anjos que o acom pa­
nharam tornaram-se espíritos malignos e enganadores que, à ser­
viço de Satanás, sempre estão tentando a humanidade (Efésios
2 .2 ).

Versículo 5: E deu a luz um filho, um varão que há de reger


todas as nações com vara de ferro; e o seu filho foi arrebatado
para Deus e para o seu trono.
Está em evidência aqui a ascensão de Cristo e seu reino
milenar (Isaías 11.4). “Vara de ferro”, no governo de Cristo, é um
símbolo de firmeza, mas não de tirania (Salmos 2.8, 9; Daniel 7.13,
14 e Atos 1.6, 7).

Versículo 6; E a mulher fugiu para o deserto, onde j á tinha lu ­


gar preparado por Deus para que ali fosse alimentada durante
mil duzentos e sessenta dias.
A segunda parte da tribulação será marcada por uma feroz
perseguição contra Israel. Os detalhes são fornecidos pelos
versículos 13 a 17. No entanto, Deus protegerá o remanescente
israelita. Quando percebe que não pode tocar Israel, Satanás vai
em busca do “resto da sua sem ente”, os quais estão ministrando
aberta e ativamente como testemunhas de Jesus Cristo (Mateus
24.14 e Apocalipse 7.3, 4).

Versículos 7 a 9: E houve batalha no céu: M iguel e os seus an­


jos batalhavam contra o dragão; e batalhavam o dragão e os seus
anjos, mas não prevaleceram; nem mais o seu lugar se achou nos
céus. E foi precipitado o grande dragão, a antiga serpente, cha­
mada o diabo e Satanás, que engana todo o mundo; ele foi preci­
90 A mulher e o dragão

pitado na terra e os seus anjos foram lançados com ele.


Na segunda metade da Grande Tribulação, Satanás e suas
hostes serão expulsos dos céus estelares e passarão a agir
diretamente na terra (conforme Isaías 24.21).
O arcanjo Miguel derrota Satanás na guerra celestial. Em Daniel
12.1, ele é o protetor que livrará Israel na tribulação dos últimos
dias. Textos apocalípticos ju d aicos sustentam que o arcanjo
Miguel, aqui identificado pelo nome, expulsará Satanás do céu
(o segundo céu também chamado Mesorânio) na primeira gran­
de peleja para estabelecer o reino do Messias.
O capítulo 12 apresenta 4 grandes conflitos entre Deus e Sata­
nás: (1) Entre Satanás e Cristo e a sua obra redentora (vv. 1 a 5); (2)
entre Satanás e os fiéis em Israel (vv. 6, 13 a 16); (3) entre Satanás
e o céu (vv. 7 a 9); e (4) entre Satanás e os que se converterão a
Cristo nos dias da tribulação (vv. 10, 11 e 17).
Este conflito terá lugar na metade da tribulação, quando Sata­
nás e os seus anjos serão expulsos dos céus para a terra. E chega­
da a hora das regiões celestes serem descontaminadas da pre­
sença de Satanás e de todas as hostes espirituais da maldade
(Efésios 2.2 e 6.12). As derrotas de hoje nada são, se comparadas
com a vitória final que virá em breve.

Versículos 10 a 12: E ouvi uma grande voz no céu, que dizia:


“Agora chegada está a salvação, a força, o reino do nosso Deus e
o poder do seu Cristo; porque j á o acusador de nossos irmãos é
derribado, o qual diante do nosso Deus os acusava de dia e de
noite. E eles o venceram pelo sangue do Cordeiro e pela palavra
do seu testemunho; e não amaram a sua vida até à morte. Pelo
que alegrai-vos, ó céus, e vós que neles habitais. Ai dos que habi­
tam na terra e no mar! Porque o diabo desceu a vós e tem grande
ira, sabendo que já tem pouco tempo
A posição do reino das trevas possibilitava a Satanás apresen­
tar-se diante de Deus, caluniando os filhos de Deus diariamente
(conforme Jó 1.6-12). A sua expulsão para a terra põe fim a este
Apocalipse, a Revelação Final 91

expediente de constante acusação, pelo que os céus se regozi­


jam. Desde a queda do homem, a acusação é a bandeira de Sata­
nás, agora rasgada pelo poder de Deus, afogada no sangue do
Cordeiro e queimada pelo poder do Espírito Santo. Aleluia!
Observam-se as duas atividades de Satanás nestes versículos:
Enganar o mundo e acusar os eleitos de Deus. A defesa do crente
contra Satanás é (1) recorrer aos méritos da morte de Cristo, isto
é, ao seu sangue remidor; (2) estar ativo na evangelização; (3)
estar disposto a fazer qualquer sacrifício por Cristo, inclusive a
morte; (4) sujeitar-se a Deus (Tiago 4.7a); (5) viver em sobriedade
e vigilância (1 Pedro 5.8); (6) resistí-lo firme na fé (1 Pedro 5.9a e
Tiago 4.7b) e (7) com a Palavra de Deus e a oração (Efésios 6.17,
18).
O período da derradeira e intensa hostilidade contra o povo
de Deus há de durar pouco tempo (3 anos e m eio). Se assim não
fosse, ninguém se salvaria (Mateus 24.22).

Versículos 13 a 16; E quando dragão viu que fora lançado na


terra, perseguiu a m ulher que dera à luz o varão. E foram dadas à
mulher duas asas de grande águia, para que voasse para o deser­
to, ao seu lugar, onde é sustentada por um tempo, tempos e m eta­
de de um tempo, fora da vista çla serpente. E a serpente lançou da
sua boca, atrás da mulher, água como um rio, para que pela cor­
rente a fizesse arrebatar. E a terra ajudou a mulher; a terra abriu
a boca e tragou o rio que o dragão lançara da sua boca.
A história, o cenário e os protagonistas são os mesmos, mas o
tempo é outro. É tempo de angústia para Israel e de tribulação
jamais vivida pelos judeus. Na multidão das suas misericórdias,
Deus provê lugar seguro para o remanescente israelita. Há co­
mentários que apontam a cidade de Petra, no monte Seir (na ter­
ia de Edom e Moabe, atualmente pertencente à Jordânia), como
potencialmente viável para abrigar milhares de pessoas. É uma
: idade construída dentro de uma montanha impossível de con­
quistar, uma grande atração turística na atualidade (conforme
Daniel 11.41 e Zacarias 13.8,9).
92 A mulher e o dragão

A última hostilidade direcionada a Israel nos faz lembrar que


o anti-semitismo é de origem satânica e ocorre ainda hoje em
diversas partes do mundo. A palavra petra significa “uma gran­
de rocha ou fortaleza”. Espiritualmente, aponta para a pessoa do
Senhor Jesus (veja Isaías 32.2 e Mateus 16.18).
As duas asas da grande águia é figura maternal da proteção
de Deus aplicada ao seu povo, mais exatamente ao remanescen­
te de Israel. Em Êxodo 19.4, a Bíblia diz: Vós tendes visto o que fiz
aos egípcios, como vos levei sobre asas de águias e vos trouxe a Mim. É
evidente que Deus usou muitos meios, alguns naturais e outros
divinos, a fim de livrar Israel dos egípcios. Provavelmente fará a
mesma coisa no livramento de Israel do poder do anticristo.
O pastor sueco Falke Thorell, escreve: o que sabemos com cer­
teza é:
1. Que Israel será disperso outra vez de sua terra no fim dos
tempos.
2. Que esta dispersão durará três anos e meio.
3. Que Deus sustentará o seu povo durante esse tempo.
4. Que este remanescente voltará outra vez a sua terra (Lucas
13.8,9; Mateus 24.31; Romanos 9.27).
5. Que todo o Israel será salvo (Atos 15.15,16 e Romanos
11.25,26).
O anticristo promoverá a pior e mais intensa de todas as per­
seguições religiosas da história. E mais uma vez, os martírios se
tornarão comuns entre os seguidores de Cristo, tal como aconte­
ceu no primeiro e segundo séculos da nossa era.

Versículo 17: £ o dragão irou-se contra a mulher e foi fazer


guerra ao resto da sua semente, os que guardam os mandamentos
de Deus e têm o testemunho de Jesus Cristo.
Fica subentendido como o “resto da sua sem ente” os crentes
dos últimos três anos e meio que ainda não sofreram martírio.
Apocalipse, a Revelação Final 93

Eles terão que enfrentar a pior fase do período tribulacional. Sa­


tanás agirá com fúria total, sabendo que lhe resta pouco tempo
(v. 12). Nessa altura dos acontecimentos, o mundo já não estará
mais sob a liderança das dez nações européias, mas sim do pró­
prio diabo, no governo totalitário do anticristo (Apocalipse 9.12
a 17).
Quando o anticristo quebrar sua aliança com os judeus (Daniel
9.27) e profanar o templo deles, eles o rejeitarão e se voltarão
para Jesus Cristo em fé salvadora (Zacarias 12.10 e 13.8, 9).
Capítulo 13

As bestas do m ar e da terra
(Apocalipse 13)

érsículos 1 e 2: E eu pus-me sobre a areia do m ar e vi


subir do mar uma besta que tinha sete cabeças e dez chi­
fres, e, sobre os chifres, dez diademas, e, sobre as cabeças,
um nome de blasfêmia. E a besta que vi era semelhante ao
leopardo, e os seus pés, como os de urso, e a sua boca,
como a de leão; e o dragão deu-lhe o seu poder, o seu tro­
no e grande poderio.
A besta, mencionada 34 vezes no Apocalipse, repre­
senta uma encarnação político-social do mal, cuja proce­
dência é de acontecimentos políticos falidos e caóticos
existentes no mundo. A humanidade estará clamando por
um soberano mundial e ele virá. O seu poder e autorida­
de se estenderão por toda a terra. Ele atormentará e per­
seguirá todos aqueles cuja fé está em Jesus Cristo (vv. 6 e
7). A identificação da besta com o anticristo já vem desde
os primórdios da história da Igreja. Por volta de 190 d.C.,
o assunto foi debatido extensivamente por Irineu, um dos
pais da Igreja.
Este personagem será o anticristo, o último grande
governante dos poderes gentios do mundo. As caracte­
rísticas da besta que João passou a contemplar são: (1)
96 As bestas do mar e da terra

“subiu do m ar”, simbolizando povos e nações (conforme Daniel


7.3 e Apocalipse 17.15); (2) tinha “sete cabeças”, sendo esta uma
referência a 7 reinos m undiais que antecedem o anticristo
(Apocalipse 17.10); (3) “dez chifres”, que nos falam de dez na­
ções européias que apoiarão a besta (o anticristo), já vistas hoje
como a Comunidade Econômica Européia (CEE), Mercado Co­
mum Europeu (MCE) ou União Européia (UE). Os “dez chifres”
também podem ser vistos nos dez dedos dos pés da estátua de
Daniel (Daniel 2.33-35, 41 e 42) nas dez pontas do animal terrível
e espantoso de Daniel (Daniel 7.7, 8, 20 e 24) e nos dez chifres da
besta em Apocalipse (Apocalipse 17.3, 7, 12 e 16).
Os chifres significam poder político concedido por Satanás.
Além disto, temos (4) “dez diademas”, que significam autorida­
de diante da população mundial; (5) “leopardo, urso e leão” re­
velam aspectos dos impérios do passado (Daniel 7.4-6). No en­
tanto, o anticristo superará os seus antecessores, tanto em seus
atos blasfemos, como também em fúria, maldade e destruição. A
sua índole será sanguinária e violenta.
O mundo pede um líder capaz de aparar todas as arestas exis­
tentes e levar todos os países a um eixo único, como pretendia o
antigo Império Romano. A história da torre de Babel se repete.
Todos buscam sombra sob a mesma árvore.

Versículos 3 e 4 : E vi uma de suas cabeças como ferida de mor­


te e a sua chaga mortal foi curada; e toda a terra se maravilhou
após a besta. E adoraram o dragão que deu à besta o seu poder; e
adoraram a besta, dizendo: “Quem é semelhante à besta? Quem
poderá batalhar contra ela?”.
Aparentemente, Satanás restaurará milagrosamente o anticristo
à vida, numa imitação da ressurreição de Cristo. Não é sem ra­
zão que o mundo aclamará ao anticristo: Milagres podem de­
monstrar força sobrenatural, mas não determinam que tipo de
poder sobrenatural está envolvido.
Adorar a besta é o auge da idolatria, sendo na realidade o cul­
Apocalipse, a Revelação Final 97

to a Satanás. Este tipo de adoração já se vê hoje. Vários im pera­


dores de Roma divinizaram a si mesmos, mas o anticristo ultra­
passará largamente os seus predecessores. É exatamente o que
Satanás tem buscado desde o principio, a adoração dos homens
e dos anjos (conforme Mateus 4.9, 10).

Versículos 5 a 8: E fo i lh e d ad a uma bo ca p ara proferir grandes


coisas e blasfêm ias; e deu-se-lhe p o d er p ara continuar p o r qu a­
renta e d ois meses. E abriu a bo ca em blasfêm ias contra Deus,
para blasfem ar do seu nome, do seu tabernáculo e dos que h a b i­
tam no céu. E fo i lhe p erm itid o fa z er guerra a o s san tos e vencê-
los; e deu-se-lhe p od er sobre toda a tribo, língua e n ação. E ad o-
raram -na todos os que h ab itam sobre a terra, esses cujos nom es
não estã o escritos no L ivro da Vida do Cordeiro que fo i m orto
desde a fu n dação do m undo (veja Daniel 7.8, 25).
Nos últimos 3 anos e meio da tribulação, o poder do anticristo
praticamente não conhecerá limites em todos os sentidos, uma
vez que Aquele que o restringia (o Espírito Santo) já foi retirado
do meio (2 Tessalonicenses 2. 6 a 8). Quem permanecer fiel a Deus
e a sua Palavra será perseguido e morto.
A religião do anticristo ensina a divinização da humanidade,
como está divulgando hoje os ensinos da Nova Era. O anticristo
irá propagar a mentira de que através dele, os homens se torna­
rão deuses. A Nova Era enfatiza claramente a doutrina de Sata­
nás (conforme Gênesis 3.4, 5 e 2 Tessalonicenses 2.3).
A expressão “desde a fundação do mundo” está em harmonia
com 1 Pedro 1.12-21 e nos ensina que o sacrifício de Cristo fez
parte do propósito divino antes da criação do mundo. Os decre-
los e propósitos de Deus são tão concretos e reais como o pró­
prio acontecimento (Atos 2.23 e Efésios 1.4). Aqui se relaciona
também à inscrição dos nomes no Livro da Vida (veja Apocalipse
17.8).

Versículos 9 e 10: Se alguém tem ouvidos, ouça. Se alguém leva


I
98 __________________________________________As bestos do mar e da terro

em cativeiro, em cativeiro irá; se alguém matar a espada, neces­


sário é que à espada seja morto. Aqui está a paciência e a fé dos
santos.
O versículo 9, de certo modo, nos exorta a estarmos atentos.
Esta passagem subentende um certo consolo para os santos, com
base na sua fé de que os criminosos receberão a retribuição dos
seus crimes. A perseguição movida contra os cristãos ricochetea-
rá contra os perseguidores. Mais uma vez, a lei da semeadura e
da colheita estará em pleno vigor naquele tempo (Gálatas 6.7).
A certeza de que Deus por fim punirá os que praticam o mal
sustentará a fé daqueles que serão perseguidos durante aqueles
dias (conforme Apocalipse 14.12,13).

Versículos 11 a 15: E vi subir da terra outra besta e tinha dois


chifres semelhantes aos de um cordeiro; e falava como dragão. E
exerce todo o poder da primeira besta na sua presença e faz que a
terra e os que nela habitam adorem a primeira besta, cuja chaga
mortal fora curada. E faz grandes sinais, de maneira que até fogo
faz descer do céu à terra, à vista dos homens. E engana os que
habitam na terra com sinais que lhe foi permitido que fizesse em
presença da besta, dizendo aos que habitam na terra que fizessem
uma imagem à besta que recebera a ferida de espada e vivia. E
foi-lhe concedido que desse espírito à imagem da besta, para que
também a imagem da besta falasse e fizesse que fossem mortos
todos os que não adorassem a imagem da besta.
A expressão “e vi subir da terra outra besta” leva-nos a enten­
der a existência de uma religião puramente terrena. Já os “dois
chifres”, mencionados neste relato, indicam autoridade e poder,
tanto religiosa como política. Muitos crerão no Anticristo duran­
te esse tempo porque o falso profeta possuirá esse poder.
Esta segunda besta que subiu da terra trata-se de um líder
religioso, sendo este o ajudante de ordem do anticristo. Obriga­
rá a adoração daquele, por intermédio de milagres que realizará
(v. 13); e também dará vida a uma imagem do anticristo. Não
Apocalipse, a Revelação Final 99

será uma vida real, mas sim uma espécie de vida virtual, uma
forma ilusória de vida.
Este personagem é conhecido como falso profeta. Quem será
ele? De certo modo, a sua identidade nos é atualmente desco­
nhecida; no entanto, entendemos que seja ele alguém que repre­
senta o maior movimento religioso que sempre existiu. Tire o
leitor as suas próprias conclusões!
O falso profeta sim bolizará o poder religioso a serviço das
autoridades seculares.
Após o arrebatamento da Igreja, será a última cabeça do siste­
ma eclesiástico, uma espécie de “papa” da igreja mundial, cujas
bases já estão sendo lançadas pelos movimentos ecumênicos. Não
se trata somente de um sistema ou de uma organização, mas tam ­
bém de uma pessoa, a última do sistema eclesiástico satânico.

Versículos 16 e 17: E faz que a todos, pequenos egrandes, ricos


e pobres, livres e servos, lhes seja posto um sinal na mão direita
ou na testa, para que ninguém possa comprar ou vender, senão
aquele que tiver o sinal, ou o nome da besta ou o número do seu
nome.
O império do anticristo terá um sistema econômico centrali­
zado, sendo o dinheiro substituído por um sistema que somente
permitirá a compra e a venda de bens e alimentos através de
transações eletrônicas, tendo como registro uma forma específi­
ca de identificação.
O domínio total do anticristo sobre o mundo se manifesta pelo
controle que exerce ao exigir a identificação de cada pessoa com
a sua marca na fronte ou na mão. Quem se negar a fazê-lo estará
privado até mesmo de seus direitos fundamentais.
Mesmo sem perceber, e por questões de segurança e econo­
mia, a humanidade já caminha em direção da “marca da besta”.
Veja a seguir o que extraímos de determinado site a respeito da
implantação do biochip em seres humanos.
■■BI

100 As bestas do mar e da terra

“(...) A Motorola está produzindo um microchip para o Mondex


SmartCard e já desenvolveu vários implantes em seres huma­
nos usando o biochip. Este mede aproximadamente 7 milímetros
de comprimento por 0,75 de largura (mais ou menos o tamanho
de um grão de arroz), contém um transponder e uma bateria de
lítio, que é recarregada por um circuito de termopar, que produz
uma corrente elétrica com flutuações da temperatura do corpo.
A M otorola está produzindo atualm ente 1 bilhão de biochips
Mondex por ano, estando em atividade há pelo menos um ano”.
Confira abaixo outras informações extraídas do mesmo site.
“Uma vez implantado, o biochip não poderá mais ser tirado
cirurgicamente, uma vez que o invólucro se romperia e o indiví­
duo seria contaminado pelo lítio armazenado na microbateria,
sendo que logo o sistema de posicionamente global detectaria a
retirada e colocaria a polícia em alerta. A palavra mondex é origi­
nada a partir de outras duas palavras inglesas: mon, proveniente
de monetário, pertencendo a dinheiro; dexter, que significa “per­
tencente ou localizado na mão direita”. Logo, mondex significa
“dinheiro na mão direita”.

“O biochip já é usado como inibidor de seqüestros por empre­


sários no mundo inteiro. Mais de 250 corporações em 20 países
estão envolvidas na tarefa de implantar o Mondex no mundo,
sendo que muitas nações já foram autorizadas a usar o sistema,
entre elas: Reino Unido, Canadá, Estados Unidos, Austrália, Nova
Zelândia, Israel, Hong Kong, China, Indonésia, Macau, Malásia,
Filipinas, Cingapura, Tailândia, índia, Taiwan, Sri Lanka, Costa
Rica, Guatemala, Nicarágua, Panamá, Honduras, El Salvador e
agora o Brasil. A empresa produtora gastou mais de 1,5 milhões
de dólares em pesquisas científicas para saber qual é o melhor
local do corpo humano para colocar este biochip. Só acharam duas
possibilidades satisfatórias: A testa, abaixo do couro cabeludo; e
a parte de trás da mão, especificadamente a mão direita”.

Apesar de o sistema não ter sido ainda implantado, já está à


disposição. E do ponto de vista humano é perfeito. Esta marca
Apocalipse, a Revelação Final 101

nada mais é do que um passaporte para o inferno.


Versículo 18: Aqui há sabedoria. Aquele que tem entendimen­
to calcule o número da besta, porque é número de homem; e o seu
número é seiscentos e sessenta e seis.
Este é um dos versículos mais discutidos da Bíblia Sagrada.
De algum modo que atualmente nos é desconhecido, este nú­
mero terá um papel importante na identificação do anticristo no
futuro. Representa o número do homem, que foi criado no sexto
dia (Gn 1.26, 27), trazendo também as marcas da trindade satâni­
ca, a saber, o dragão, a besta e o falso profeta. Em todas as partes
do mundo o número 666 já se torna conhecido pelo seu uso ge­
neralizado e é certo que o mesmo exercerá, num futuro muito
próximo, importante papel no controle total da humanidade.
Capítulo 14

O Cordeiro e os remidos
(Apocalipse 14)

serve que o capítulo 14 abre com sete anúncios impor­


tantes: (D a visão do Cordeiro e os remidos no monte Sião
(vv. 1 a 5); (2) a proclamação do Evangelho eterno (vv.6,
7); (3) a queda de Babilônia (v. 8); (4) o juízo dos adoradores
da besta (vv. 9 a 11); (5) a bem-aventurança dos mártires
da Tribulação (vv. 12 e 13); (6) o juízo das nações (vv.13 a
16) e (7) o juízo de Israel (vv. 17 a 20).

Versículos 1 a 3: £ olhei e eis que estava o Cordeiro


sobre o monte Sião e com ele cento e quarenta e quatro
mil, que em sua testa tinham escrito o nome dele e o de seu
Pai. E ouvi uma voz do céu como a voz de muitas águas e
como a voz de um grande trovão; e uma voz de harpistas,
que tocavam com a sua harpa. E cantavam um como
cântico novo diante do trono e diante dos quatro animais
e dos anciãos; e ninguém podia aprender aquele cântico,
senão os cento e quarenta e quatro mil que foram compra­
dos da terra.
Evidentemente, este grupo é o mesmo mencionado em
Apocalipse 7.4, embora aqui o seu trabalho já esteja con­
cluído.
104 O Cordeiro e os remidos

No Novo Testamento, cinco das sete referências ao monte Sião


são poéticas mostrando Jerusalém como o local do templo de
Israel, onde, inclusive, os remidos serão reunidos pelo Messias
(conforme Salmos 48.1; Isaías 24.23; Joel 2.32 e Obadias 17). Tex­
tos apocalípticos judaicos também colocam o Messias no monte
Sião.

Versículos 4 e 5: Estes são os que não estão contaminados com


mulheres, porque são virgens. Estes são os que seguem o Cordeiro
para onde quer que vai. Estes são os que dentre os homens foram
comprados como primícias para Deus e para o Cordeiro. E na sua
boca não se achou engano; porque são irrepreensíveis diante do
trono de Deus.
Esta expressão tem sentido espiritual. Os 144 mil permanece­
ram puros, recusando-se a se conformar com o sistema mundial
ímpio do anticristo ou a pertencer à igreja apóstata dos últimos
dias.

Versículos 6 e 7: E vi outro anjo voar pelo meio do céu e tinha


o Evangelho eterno para o proclamar aos que habitam sobre a
terra, e a toda a nação, tribo, língua e povo, dizendo com grande
voz: “Temei a Deus e dai-lhe glória, porque vinda é a hora do seu
juízo. E adorai Aquele que fez o céu, a terra, o mar e as fontes das
águas ”.
Durante a segunda parte da Tribulação, o Evangelho de Cris­
to será proclamado ao mundo inteiro, advertindo com clareza e
poder. Esta é a última proclamação da graça de Deus ao mundo
antes do retorno de Cristo a terra para o juízo.
Existe apenas um Evangelho. Pode haver várias adaptações
às condições e aos tempos, e quer seja denominado Evangelho
do Reino, Evangelho da graça, Evangelho eterno são as boas no­
vas da fé em Jesus Cristo. A expressão evangelho eterno significa
justam ente o que as palavras dizem, isto é, as boas novas que
têm sempre sido verdadeiras e sempre serão. É o plano que Deus
Apocalipse, a Revelação Final 105

estabeleceu para abençoar o homem através da semente da mu­


lher - Cristo (Gênesis 3.15 e Gálatas 4.4).

Versículos 8 a 11: £ outro anjo seguiu, dizendo: “Caiu! Caiu


Babilônia, aquela grande cidade que a todas as nações deu a be­
ber do vinho da ira da sua prostituição!”. E os seguiu o terceiro
anjo, dizendo com grande voz: “Se alguém adorar a besta e a sua
imagem e receber o sinal na testa ou na mão, também o tal beberá
do vinho da ira de Deus, que se deitou, não misturado, no cálice
da sua ira, e será atormentado com fogo e enxofre diante dos san­
tos anjos e diante do Cordeiro. E a fumaça do seu tormento sobe
para todo o sempre; e não têm repouso, nem de dia e nem de noite,
os que adoram a besta e a sua imagem e aquele que receber o sinal
do seu nome
Sobre a Babilônia mencionada no versículo 8, estudaremos com
mais detalhes no capítulo 17.
Está claro nestes versículos que aqueles que adorarem a besta
e receberem a sua marca selarão para sempre o seu próprio des­
tino, sendo estes atormentados eternamente. Trata-se de um qua­
dro irreversível. A referência aqui é ao lago de fogo, onde os per­
didos sofrerão por toda a etern id ad e (M ateus 25.41, 46 e
Apocalipse 20.10).

Versículos 12 e 13: Aqui está a paciência dos santos; aqui es­


tão os que guardam os mandamentos de Deus e a fé em Jesus. E
ouvi uma voz do céu, que me dizia: “Escreve: bem-aventurados
os mortos que, desde agora, morrem no Senhor. Sim, diz o Espíri­
to, para que descansem dos seus trabalhos e as suas obras o si-
I am ”.
Os que morrem pela fé em Cristo durante a Tribulação são
especialmente bem-aventurados, pois são libertos da persegui­
ção e do tormento; e passarão a estar com Cristo. Por isso, a voz
do céu os exorta a perseverarem na fé. Esta é uma das mais
consoladoras promessas de Deus aos santos da Tribulação.
106 O Cordeiro e os remidos

Podemos ver aqui a ação do Espírito Santo na salvação de


pecadores nos dias da Grande Tribulação, bem como o consolo
divino que Ele trará àqueles que sofrerão martírio por amor a
Cristo.

Versículos 14 a 16: E olh ei e eis tuna nuvem branca e, assen ta­


do sobre a nuvem, um sem elhante ao Filho do hom em , que tinha
sobre a cabeça uma coroa de ouro e, na m ão, uma fo ic e aguda. E
outro anjo saiu do tem plo, clam ando com grande voz ao que es­
tava assen tado sobre a nuvem: "Lança a tua fo ic e e sega! E já
vinda a hora de segar, porque já a seara da terra está madura!". E
Aquele que estav a assen tado sobre a nuvem m eteu a sua fo ic e à
terra, e a terra f o i segada.
O Filho do homem é uma referência ao próprio Cristo, como
estando pronto para lançar a foice do julgamento em um mundo
já maduro na iniqüidade. Na versão atualizada da Bíblia, lemos
que "a seara da terra já secou". Temos aqui uma antevisão dos
eventos que terão lugar nos capítulos 16, versos 12 a 16; e 19,
versos 10 a 20. Temos também nesta mesma passagem uma clara
referência ao julgamento das nações na vinda de Cristo em gló­
ria. Na volta de Cristo, depois da tribulação, os incrédulos serão
reunidos e julgados no vale de Josafá (Salmos 110.5, 6; Joel 3.2,
12-14; Mateus 25.32; Sofonias 1.14, 15 e Apocalipse 19.15). Este
acontecimento ocorrerá antes da implantação do reino milenar; e
tem por objetivo julgar a todas as nações, ou seja, os remanes­
centes da Grande Tribulação e da batalha final, separando as
ovelhas dos bodes com base no tratamento que estes tenham
dado aos "pequeninos irmãos" de Jesus (entenda-se: os judeus).
Isto porque a Igreja de Cristo, bem como todos os seus santos, já
estarão com Ele, sendo eles, os únicos irmãos de Jesus ainda so­
bre a terra (Zacarias 12.2,3 e 9; Mateus 25.40,45 e Malaquias 3.18;
4.1).

É bom lembrarmos que este juízo nada tem a ver com o gran­
de juízo do trono branco. Veja a seguir:
Apocalipse, a Revelação Final 107

Juízo das nações Juízo final


(Mateus 25.31-46) (Apocalipse 20.11-15)
1. É o trono da sua glória. 1 .0 trono é branco.
2. Permanecem os céus e 2. Fogem os céus e a
a terra. terra.
3. Julgadas as nações vivas. 3. Julgados os mortos
ressuscitados.
4. Não haverá a abertura 4. Os livros serão
dos livros. abertos.
5. Será aqui na terra. 5. Será no espaço.
6. Será antes do milênio. 6. Será no final do
milênio.
7. Serão separados os 7. Ninguém será
bodes das ovelhas. separado.

O julgamento das nações determinará quem entrará ou não


no Reino de Cristo.

Versículos 17 a 20: E saiu do templo, que está no céu, outro


anjo, o qual também tinha uma foice aguda. E saiu do altar outro
anjo, que tinha poder sobre o fogo e clamou com grande voz ao
que tinha a foice aguda, dizendo: "Lança a tua foice aguda e vin-
dima os cachos da vinha da terra, porque já as suas uvas estão
maduras!''. E o anjo meteu a sua foice à terra e vindimou as uvas
da vinha da terra e lançou-as no grande lagar da ira de Deus. E o
lagar fo i pisado fora da cidade e saiu sangue do lagar até aos
freios dos cavalos, pelo espaço de mil e seiscentos estádios.
A passagem aqui descrita está falando sobre o julgamento de
Israel, a "v id eira" cujos cachos já am adureceram para juízo
(Zacarias 13.8, 9). Muitas vezes, Israel é apresentado na Bíblia
como a vinha do Senhor (Isaías 5.7 e Jeremias 6.9). No Antigo
Testamento, pisar as uvas é uma figura da execução da ira de
Deus (Isaías 63.2, 3 e Zacarias 13.7 a 9; 14.2).
Este é o julgamento que Israel sofrerá por ter rejeitado a Deus
desde os dias do Antigo Testamento, culminando com sua rejei­
108 O Cordeiro e os remidos

ção a Cristo já no Novo Testamento (Deuteronômio 4.27-30; 30.1-


4; Mateus 23.19; 27.25 e 28.36 a 39). Como conseqüência dessa
rejeição, no ano 70, Tito, general romano, invadiu Jerusalém e
cerca de um milhão de judeus pereceram. Desde então, Israel
tem sido espalhado entre as nações (Oséias 8.8 e Ezequiel 37.11-
13) Ainda sobre o juízo de Israel, o profeta Jeremias o descreve
como "o tempo de angústia para Jacó" (Jeremias 30.4 a 7). Esse
juízo determinará a conversão do remanescente israelista que irá
se voltar para o Senhor (conforme Oséias 5.15; 6.1,2; Zacarias 12.10;
13.8, 9; Malaquias 4.2; Romanos 9.27 e 11.25, 26).
De um m od o g e ra l, o v e rsícu lo 20 fala da b a ta lh a de
Armagedom (Apocalipse 16.16 e 19.17-19), quando o sangue da
matança fluirá por uma extensão de 320 quilômetros, podendo
chegar até a altura de 1,2 metros. É aproximadamente a extensão
da Palestina, de norte a sul (conforme Isaías 34.6; Joel 3.12,13 e
Salmos 2.1-4).
Capítulo 15

As sete taças
(Apocalipse 15 e 16)

ersículo 1: E vi outro grande e admirável sinal no céu:


sete anjos que tinham as sete últimas pragas, porque n e­
las é consumada a ira de Deus.
Estas pragas são os julgam entos divinos finais sobre a
terra durante a tribulação. Eles estão contidos nas “sete
taças” de ouro (v. 7) e no capítulo 16 e versos 1 a 21.

Versículos 2 a 4: £ vi um como m ar de vidro misturado


com fogo e também os que saíram vitoriosos da besta, da
sua imagem, do seu sinal e do número do seu nome, que
estavam junto ao mar de vidro e tinham as harpas de Deus.
E cantavam o cântico de Moisés, servo de Deus, e o cântico
do Cordeiro, dizendo: “Grandes e maravilhosas são as
tuas obras, Senhor, Deus Todo-poderoso! Justos e verda­
deiros são os teus caminhos, ó Rei dos santos! Quem te
não temerá, ó Senhor, e não magnificará o teu nom e? Por­
que só Tu és Santo; por isso, todas as nações virão e se
prostrarão diante de Ti, porque os teus ju ízos são mani­
festos”.
O cântico de Moisés era cantado nas sinagogas às tar­
des de sábado para celebrar o grande livramento de Isra-
no As sete taças

el do Egito. Já o Cântico do Cordeiro refere-se à vitória de Cristo


sobre os seus inimigos ao garantir o livramento espiritual para
os seus seguidores.
O momento é de alegria. Esse é o retrato da vitória daqueles
que perseveraram e que guardaram os mandamentos de Deus e
a fé em Jesus. Eles foram batizados em sua própria morte, mas
estão salvos e têm parte na primeira ressurreição.
Estes que João vê sobre um mar de vidro com harpas nas mãos
e cantando os cânticos de Moisés e do Cordeiro são os que saí­
ram vitoriosos do confronto com a besta, da sua imagem, do seu
sinal e do número do seu nome. Eles não abandonaram a sua fé
em Cristo ao serem perseguidos, ameaçados ou mortos pelo
anticristo (Apocalipse 13.7, 8; 6.9; 7.14 e 12.7). Eles sofrerão m ar­
tírio na segunda metade da Grande Tribulação.

Versículos 5 a 8: £ depois disto, olhei e eis que o templo do


tabernáculo do testemunho se abriu no céu. E os sete anjos que
tinham as sete pragas saíram do templo, vestidos de linho puro e
resplandecente e cingidos com cintos de ouro pelo peito. E um dos
quatro animais deu aos sete anjos sete salvas de ouro, cheias da
ira de Deus, que vive para todo o sempre. E o templo encheu-se
com a fumaça da glória de Deus e do seu poder; e ninguém podia
entrar no templo, até que se consumassem as sete pragas dos sete
anjos.
Ao lermos estes textos, tomamos conhecimento da prepara­
ção para o juízo que haverá ao serem derramadas as sete taças de
ouro.
Estes versículos nos fazem meditar no fato de que cada taça
será igualmente derramada sobre o altar do incenso, cuja fumaça
representa o cum primento das orações proféticas dos santos
mártires que estarão na terra no período da Septuagésima Sem a­
na de Daniel, somadas às orações dos santos de todos os tempos.
Quando este incenso (símbolo de oração) for derram ado do
incensário e das taças de ouro para o altar do incenso, chegando
Apocalipse, a Revelação Final 111

como fumaça às narinas de Deus, as taças, então, estarão cheias


de fogo e serão derramadas sobre a terra.
A fumaça aqui mencionada indica o caráter irreversível da
última série de juízos sobre a humanidade (veja Apocalipse 5.8 e
8.3-5).

CAPÍTULO 16
V ersículos 1 e 2: E ouvi, vinda do templo, uma grande voz que
dizia aos sete anjos: “Ide e derramai sobre a terra as sete taças da
ira de Deus ”. E foi o primeiro e derramou a sua taça sobre a terra,
e fez-se uma chaga má e maligna nos homens que tinham o sinal
da besta e que adoravam a sua imagem.
O capítulo 16 apresenta os efeitos das sete taças derramadas
sobre a terra.
É importante observar que os juízos das taças não são parci­
ais, como os dos selos e das trombetas. O alcance destes juízos
será sobre toda a terra. A terra, o mar, os rios e as fontes das águas
e depois o sol, são sucessivamente os objetos dos julgam entos
divinos, quando as quatro primeiras taças são derramadas.
As três últimas taças, assim como as três últimas trombetas,
têm um alcance mais íntimo relativamente ao homem.
Quando o anjo derrama a primeira taça, Deus envia uma epi­
demia de chagas e de tumores malignos sobre os adoradores da
besta (v. 11), que causarão dores e sofrimentos indescritíveis. Este
juízo atinge as pessoas de forma direta, principalmente as que
foram enganadas pela besta. Será um julgam ento mais terrível
do que o das trombetas, e nos lembra os juízos de Deus sobre o
Egito (Êxodo 9.10, 11).

Versículo 3 :E o segundo anjo derramou a sua taça no mar, que


se tornou em sangue como de um morto, e morreu no mar toda
alma vivente.
Quando o segundo anjo derrama a sua taça sobre o mar, as
r
112 As sete taças

águas se tornam em sangue e morre todo o ser vivente que existe


no mar. Imagine o mau cheiro e as doenças que este juízo irá
provocar. Para esse flagelo não há limites, uma vez que todas as
criaturas marítimas morreram.

Versículos 4 a 7: E o terceiro anjo derramou a sua taça nos rios


e nas fontes das águas, e se tornaram em sangue. E ouvi o anjo
das águas que dizia: “Justo és Tu, ó Senhor, que és e que eras, e
Santo és, por quejulgaste estas coisas. Visto como derramaram o
sangue dos santos e dos profetas, também Tu lhes deste sangue a
beber; porque disto são merecedores ”. E ouvi outro do altar, que
dizia: “Na verdade, ó Senhor, Deus Todo-poderoso, verdadeiros e
justos são os teus ju íz o s ”.
Com o derramar da terceira taça, os rios e as fontes de água se
convertem em sangue, acarretando conseqüências terríveis na
vida humana, a qual se tornará, por certo, insuportável naqueles
dias. Assim como os homens derramaram o sangue de santos e
profetas, estão agora sentenciados por Deus a beberem sangue
(v. 6).
Neste período, a sede será total. Não haverá água potável na
terra após o efeito das segunda e terceira taças, com raras exceções.
Eis o julgamento e a vingança do sangue daqueles que cla­
mam debaixo do altar de Deus (Apocalipse 6.9-11). Agora, essa
geração de assassinos, apóstatas e idólatras beberá o sangue da
vingança de Deus.

Versículos 8 e 9: E o quarto anjo derramou a sua taça sobre o


sol e foi lhe permitido que abrasasse os homens com fogo. E os
homens foram abrasados com grandes calores e blasfemaram o
nome de Deus, que tem poder sobre estas pragas; e não se arrepen­
deram para lhe darem glória.
A quarta taça é derramada sobre o sol e, como resultado, o
mesmo é aquecido sobremaneira, passando a queimar os homens
com o seu intenso calor. Mesmo assim, os homens não se arre­
Apocalipse, a Revelação Final___________________________________________ 113

pendem dos seus pecados. Haverá, portanto, uma insolação in­


suportável.
Digno de nota é a expressão "abrasasse os homens com fogo".
Após as explosões das bombas atômicas que atingiram as cida­
des japonesas Hiroshima e Nagasaki, homens e mulheres anda­
vam pelas ruas como se fossem tochas acesas. A água estava con­
taminada pela radioatividade. Lembramos que as bombas pro­
duzidas atualmente têm um poder destruidor muito maior do
que aquelas lançadas no Japão ao final da Segunda Guerra Mun­
dial.
Sem dúvida, com este juízo o mundo experimentará um aque­
cimento global sem precedentes.
E como resultado, poderia ocorrer o derretimento de geleiras
do Ártico, aumentando assim o volume de águas dos mares e a
conseqüente invasão das cidades costeiras.
Conforme divulgação dos meios de comunicação em 26 de
dezembro de 2004, onze países do sudeste asiático foram terri­
velmente atingidos pelos tsunamis (ondas gigantes). As águas
invadiram as cidades, levando por diante tudo o que encontra­
vam. Só na Tailândia e na Indonésia, o número de mortos che­
gou a quase 260 mil pessoas. Milhares ficaram feridos, mutila­
dos ou desabrigados.
A comunidade internacional foi posta em estado de alerta e o
mundo se comoveu.
Segundo os oceanógrafos, tais fenômenos catastróficos podem
ocorrer por alguns motivos tais como: (1) derretimento das gran­
des geleiras com o resu ltad o do efeito-estu fa; (2) queda de
meteoritos; e (3) movimento das placas terrestres nas profundezas
dos oceanos. Este foi o caso das ondas gigantes - tsunamis.
Os efeitos colaterais desse calor causticante provocarão mu­
danças drásticas no clima, talvez até a evaporação e degelo das
grandes regiões glaciais da terra.
Em artigo intitulado "O degelo está chegando", o jornal A Se­
114 As sefe taças

mana, de 22 de dezembro de 2006 informa o seguinte: “Cansa­


dos de apenas fazerem alertas, cientistas americanos agora infor­
mam o ano e a estação climática em que vai ocorrer o derreti­
mento da maior parte das geleiras do Ártico. Será no verão de
2040 e vai atingir uma área de aproximadamente 6 milhões de
quilômetros quadrados. O Centro Nacional de Pesquisa Atmos­
férica dos Estados Unidos responsabiliza o uso de combustíveis
fósseis e outros processos industriais pelo derretimento (levam
ao acúmulo na atmosfera de gases causadores do efeito estufa).
Os estragos. O Ártico não é a única região que está com os
dias contados. Cada vez menor, a península Antártica já teve 87%
dos seus glaciares derretidos, a área que corresponde aproxima­
damente a duas vezes às dimensões da Austrália. Também no
Brasil, o aquecimento global vem fazendo estragos. Em 2005, a
Amazônia passou pela pior estiagem dos últimos 50 anos”.
Segundo o mesmo periódico (edição do dia 19 de dezembro
de 2008): “Mais de 2 trilhões de toneladas de gelo terrestre na
Groenlândia, na Antártida e no Alasca derreteram desde 2003,
de acordo com novos dados de satélite da Nasa que mostram os
mais recentes sinais do que os cientistas dizem ser a ação do aque­
cimento global. O derretimento do gelo terrestre aumenta os ní­
veis do mar mundo afora. A subida global dos oceanos, contu­
do, é maior, porque o aquecimento da água também a faz expan­
dir. A tendência do derretimento continua forte”. Dizia Mozart
Pereira Soares: “A espécie mais devastadora da terra é o bicho
hom em ”.

Versículos 10 e 11: E o quinto anjo derramou a sua taça sobre


o trono da besta e o seu reino se fez tenebroso; e os homens m ordi­
am a língua de dor. E por causa das suas dores e por causa das
suas chagas, blasfemaram do Deus do céu e não se arrependeram
das suas obras.
Das 42 vezes que a palavra “trono” ocorre no Apocalipse, 40
vezes dizem respeito ao trono de Deus.
Apocalipse, a Revelação Final 115

A quinta taça é derramada sobre o trono da besta, o qual é


invadido por densas trevas e escuridão. Isto nos faz lembrar da
praga das trevas no Egito (Êxodo 10.21-23).

Versículos 12 a 14: E o sexto anjo derramou a sua taça sobre o


grande rio Eufrates; e a sua água secou-se, para que se preparasse
o caminho dos reis do Oriente. E da boca do dragão, da boca da
besta e da boca do falso profeta vi saírem três espíritos imundos,
semelhantes a rãs, porque são espíritos de demônios, que fazem
prodígios; os quais vão ao encontro dos reis de todo o mundo
para os congregar para a batalha, naquele grande dia do Deus
Todo-poderoso.
Nos versículos 13 a 16 deste capítulo temos o quarto período
parentético do livro.
A sexta taça é derramada sobre o grande rio Eufrates, o qual
seca para que se prepare o caminho dos reis do oriente. Trata-se
de combatentes que marcharão ao Oriente Médio para a batalha
de Armagedom. Esse exército é oriundo de nações orientais, como
a Coréia do Norte, Japão, China e outras; e serão influenciadas
por espíritos imundos (v. 13). Recentemente um noticiário na TV
sobre a China Vermelha, denominado “A Voz do Dragão”, cita­
va que esta potência militar dispunha de um “exército popular”
de 200 milhões de combatentes.
É impressionante a ação desses demônios personificados em
rãs, influenciando e levando as pessoas a aceitar e apoiar a causa
do mal - uma causa suicida.

Versículo 15 e 16: (Eis que venho como ladrão. Bem-aventura-


do aquele que vigia e guarda as suas vestes, para que não ande nu
e não se vejam as suas vergonhas). E os congregaram no lugar
que em hebreu se chama Armagedom.
A batalha final do Armagedom lançará as forças do anticristo
contra os que vêm do oriente e seus aliados. Será uma verdadei­
ra guerra mundial. A maior parte das nações da terra, em segui­
116 As sete taças

da, será lançada juntamente em oposição a Cristo, que estará


retornando.
Para essa batalha, serão arregimentados exércitos de todas as
nações contra Deus e Israel. O anticristo estará cheio de poder e
furioso com Deus por causa dos castigos da Tribulação. Então,
se rebelarão contra o Senhor e tentarão destruir a nação de Israel
e Jerusalém (Salmos 2.1-4).
Armagedom é uma campanha militar composta de várias ba­
talhas, começando com a batalha do anticristo contra o Egito
(Daniel 11.40-45), incluindo um cerco a Jerusalém (Zacarias 14.2)
e terminando na batalha final de Armagedom (Apocalipse 16.16).
A região está situada na planície de Esdrelom, a 75 quilômetros
ao norte de Jerusalém. Este local já foi cenário de muitas batalhas
no Antigo Testamento e também em nossos dias:
1. Em 1479 a.C.: guerra entre Egito Síria.
2. Em 1237 a 1198 a.C.: Débora e Baraque vencem os cananeus
(Joel 4.4-23).
3. Em 1011 a.C.: ali pereceu Saul e seus filhos no monte Gilboa
(1 Samuel 28.31).
4. Em 622 a.C.: em Megido, pereceu Josias o rei de Israel (2
Crônicas 35.20-24; Jeremias 46.2 e Zacarias 12.11).
5. Muitos imperadores romanos e seus exércitos marcharam
por este vale.
6. No século 10, houve ali guerras entre muçulmanos e cris­
tãos.
7. Em 1799, Napoleão teve sua primeira derrota em Megido.
8. Em setembro de 1918, o general Allemby luta contra os tur­
cos e alemães, libertando a Palestina do poder dos turcos.

Esta batalha nada tem a ver com a invasão de Israel pela Rússia
e pelos seus aliados, nos capítulos 38 e 39 de Ezequiel, que acon­
tecerá provavelmente antes ou no começo da Grande Tribula­
ção. O conflito em Armagedom ocorrerá no final da Grande Tri­
bulação, quando Cristo estiver voltando com poder e glória para
vencer o anticristo e os seus exércitos (Salmos 110.5; Isaías 66.15,
Apocalipse, a Revelação Final 117

16; Zacarias 14.1-5; 2 Tessalonicenses 1.7-10 e Apocalipse 19.19-


21).

Versículo 17 a 21: £ o sétim o an jo derram ou a sua taça no ar e


saiu grande v oz d o tem plo do céu, do trono, dizendo: “Está fe i­
to !”. E houve vozes, trovões, relâm pagos e um grande terrem oto,
com o nunca tinha h a v id o desde que há hom ens sobre a terra; tal
fo i este tão grande terrem oto. E a grande cidade fendeu-se em três
partes, e as cidades d as n ações caíram ; e da grande B abilôn ia se
lem brou Deus p ara lh e dar o cálice do vinho da indignação da
sua ira. E toda ilh a fugiu e os m ontes n ão se acharam . E sobre os
hom ens caiu do céu uma grande saraiva, pedras do p e so de um
talento; e os hom ens blasfem aram de Deus p o r causa da praga da
saraiva, porque a sua praga era mui grande.
Ao derramar o anjo a sétima taça, os juízos divinos continuam
sobre o mundo. A “grande cidade” é uma referência a Jerusalém
(Zacarias 14.4 e Apocalipse 11.8). Quanto às “cidades das nações ”,
tudo sugere tratar-se do local no qual Satanás mantinha o seu
trono e era cultuado. Neste período, serão destruídas literalmente
a apostasia londrina, a vaidade parisiense, a arrogância nova-
iorquina, o orgulho berlinense, o ateísmo moscovita, a idolatria
romana, as abominações das cidades brasileiras, a prostituição
dos centros holandeses, a auto-suficiência japonesa, a soberba
americana, entre outros. Enfim, todo o caráter maligno e todo o
palco de maldição serão destruídos pela ira do Deus Todo-Po-
deroso.
“Pedras quase do peso de um talento” são pedras com cerca
de 30 ou 40 quilos cada uma. Este é um relato antecipado do
juízo de Deus sobre a Babilônia, a sede do governo da besta.
Nota-se que mesmo sob o impacto desses terríveis julgam en­
tos, os homens continuam a blasfemar de Deus.
Capítulo 16

A m ulher e a besta
(Apocalipse 17)

capítulo 17 de Apocalipse trata do movimento religio­


so mundial que haverá nos últimos dias. Será uma falsa
igreja mundial apoiada inicialmente pela besta (v. 3). Esta
falsa igreja dos dias do anticristo abrangerá todas as fal­
sas religiões, inclusive o cristianismo apóstata (1 Timó­
teo 4.1, 2; 2 Timóteo 3.1-5; 2 Pedro 3.3, 4 e Judas 17, 18).
Isto será realizado com todo o poder, sinais, prodígios e
mentiras (2 Tessalonicenses 2.9-11 e Mateus 24.5, 24).

Versículo 1: E veio um dos sete an jos que tinham as


sete taças e falou com igo, dizendo-m e: “Vem, m ostrar-te-
ei a con den ação da grande prostitu ta que está assen tada
sobre m u itas água ”,
A prostituta tem várias paixões, sem um casamento
definido, o que nos faz lembrar uma igreja que possui
um sistema politeísta, onde se adora vários deuses.
Satanás tem usado a religião, governo e comércio idó­
latras como seus principais agentes para enganar a hu­
manidade.
Na Bíblia Sagrada, falsas religiões geralmente são cha-
A m ulher e a Desta

madas de prostituições, porque é uma forma de infidelidade a


Deus (Isaías 23.17; Jeremias 3.9; Ezequiel 16.17-21; Naum 3.4 e
Tiago 4.4); significando um povo que professa servir a Deus, en­
quanto que, na realidade, adora e serve a outros deuses (confor­
me Isaías 29.13 e Marcos 7.6, 7).
Os seguintes contrastes poderão ser úteis:

A igreja verdadeira A mãe das prostitutas


1 . Virgem casta. 1. Grande prostituta.
2. Sujeita a Cristo. 2.Sujeita a Satanás.
3. É do céu. 3.É da terra.
4. Adornada por Deus. 4.Adornada por
Satanás.
5. Preservada por Cristo. 5. Destruída pela besta.
6. Glória eterna no futuro. 6. Eterna ruína futura.
7. Noiva verdadeira. 7. Igreja falsa.
8. Tem chamado celeste. 8. Cobiça posses
terrenas.
9. Obra-prima de Cristo. 9. Obra-prima de
Satanás.
10. Habitada pelo 10..Possuída pelo
Espírito Santo. espírito maligno.
11. Mistério oculto ll.M istério da
dos séculos. iniqüidade.
12. Elevada no ar. 12. Lançada na perdição.
13. Exerce poder espiritual. 13. Busca o poder
temporal.
14. Exibe a glória de Cristo. 14. Gloria-se nas coisas
sensuais.

A expressão "assentada sobre muitas águas" é explicada no


versículo 15.

Versículo 2: (...) "com a qual se prostituíram os reis da terra; e


os que habitam na terra se embebedaram com o vinho da sua pros­
tituição".
Apocalipse, a Revelação Final 121

Isso indica que este falso movimento religioso se estenderá


por todo o mundo, alcançando primeiramente os governantes
da terra e estendendo-se logo ao povo mais simples.

Versículo 3: E levou-m e em espírito a um deserto e vi uma mu­


lher assen tada sobre uma besta de cor escarlate, que estav a cheia
de nom es de blasfêm ia e tinha sete cabeças e dez chifres.
Sendo a mulher na visão uma prostituta, isso indica um falso
sistema religioso. Está assentada sobre uma besta, ou seja, um
falso sistema político. Trata-se da confederação de nações sob o
governo do anticristo. Nesse tempo, a igreja falsa conduz a bes­
ta, mas depois esta se virará contra aquela e a destruirá (v. 16).
Isto a besta fará para poder implantar uma nova religião, isto é, a
sua própria adoração, na segunda metade da Grande Tribula­
ção. O ministro de cultos do anticristo, ou seja, o falso profeta
cuidará disso, obrigando este culto. A besta aqui mencionada é o
futuro governo mundial, ou seja, a Babilônia política, que apoia
a falsa organização religiosa mundial. A mulher é um sistema
religioso que dominará por algum tempo o poder civil.
Profeticamente falando, esta nova religião mundial represen­
tará o novo paganismo no tempo do anticristo, a nova idolatria.
Certamente a grande parte das denominações chamadas cristãs
fará parte do culto do anticristo, tendo entrado numa apostasia
de dimensões incríveis. Através do Vaticano, o romanismo, jun­
tamente com os protestantes tradicionais, irá liderar este movi­
m ento, cham ado nom inalm ente de cristão. A influência do
anticristo será universal e através do poder dele será realizada a
união das religiões ocidentais e orientais. Esse movimento será
uma miscelânea de religiões e falsos credos. O resultado será
um tipo de cristianismo paganizado. Os poderes político e reli­
gioso se unirão para apoderar-se do controle espiritual das na­
ções. Este novo sistema será hostil aos verdadeiros seguidores
cie Cristo naqueles dias, e uma perseguição de grandes propor­
ções resultará disso.
De fato, o anticristo promoverá a maior perseguição religiosa
122 A mulher e a besta

da história humana. O verdadeiro cristianismo será proscrito e o


fato de alguém confessar o Nome de Jesus significará morte cer­
ta. Naqueles dias, a religião falsa, aliada ao sistema político fal­
so, perseguirá implacavelmente a todos que verdadeiramente se
dedicarem a Cristo e à fé bíblica (conforme Apocalipse 6.9; 7.13,
14; 17.6; 18.24 e 20.4).
Cristo estará fora da igreja nesse tempo, e o anticristo será o
seu líder; milhões negarão a sua fé; ao passo que outros serão
fiéis até a morte, mesmo nas mais terríveis perseguições.

Versículo 4: E a mulher estava vestida de púrpura e de escarlata,


adornada com ouro, pedras preciosas e pérolas, e tinha na mão
um cálice de ouro cheio das abominações e da imundícia da sua
prostituição.
Este quadro nos mostra a condição espiritual da igreja apóstata
dos últimos dias (Mateus 23.27, 28). Pelas características que a
mesma nos apresenta, não temos dúvida que esta em foco aqui a
Igreja de Laodicéia, a qual representa o cristianismo em um esta­
do final de apostasia (conforme Apocalipse 3.20; 2 Timóteo 2.18;
3.1 a 5; 1 Timóteo 4.1 a 3). A púrpura, a escarlate, o ouro, as pe­
dras preciosas e as pérolas nos falam de luxo, pompa e realeza.
Estas coisas têm caracterizado o romanismo através de todos os
tempos.
Essa igreja do cálice de ouro oferecerá ao povo tanto as coisas
de Deus como a satisfação carnal. Isto revela um cristianismo
pervertido, que ensina aos seus adeptos a prática da imoralida­
de e ao mesmo tempo lhes diz que são aceitos por Deus.
A figura da grande prostituta é horripilante. Está adornada
por fora, mas por dentro é um verdadeiro sepulcro!

Versículo 5: (...) E, na sua testa, estava escrito o nome: M isté­


rio, a Grande Babilônia, a Mãe das Prostituições e Abominações
da Terra.
Em algumas traduções, ao invés de “m istério” está a palavra
Apocalipse, a Revelação Final________________________________________ ____________123

“nome simbólico”, associado á mulher, identificando-a com ri­


tos religiosos e mistérios das falsas religiões, como magia, ocul­
tismo, esoterismo, feitiçaria, adivinhações, religiões orientais,
maçonaria, satanismo, iniciações, etc.

A expressão “grande Babilônia, a mãe das prostituições” iden­


tifica a mulher com o sistema religioso de Roma. A Roma papal
diz ser mãe e chama a si mesma de mãe de todas as igrejas, a
senhora que é mestra de todos os cristãos. O papa arroga a si a
autoridade sobre todos eles e sobre os habitantes da terra. Em
1825, o papa Leão XII emitiu uma medalha que tinha de um lado
a sua própria imagem e do outro, a igreja de Roma; simbolizada
por uma mulher, tendo em sua mão esquerda uma cruz, e na
direita um cálice, contendo a legenda: sedet super universum, isto
é, “o mundo inteiro é o seu trono”. Se pudesse, ela dominaria
ainda hoje como era no passado.

Veja o que o atual papa Bento XVI afirmou, publicado no Jor­


nal Maná do Sul, de julho de 2006: “A Igreja Católica é a mãe de
todas as igrejas cristãs. Por isso, outras igrejas não devem ser
consideradas como ‘irm ãs’ da Igreja Católica”.

Dom Estevão Bittencourt, padre benedito e teólogo, afirmou:


“A verdade não pode estar em todas as religiões ao mesmo tem­
po. O catolicismo é o único caminho para Cristo”.

Assim como na antiga Babilônia, existiam várias deuses, um


para cada dia e para cada propósito, atualmente existe uma reli­
gião politeísta com os mesmos costumes (o catolicismo romano).

A expressão “babilônia” deriva de babel, que significa “confu­


são”, e simboliza as religiões falsas, idolatria, feitiçaria, astrolo­
gia e toda a sorte de rebelião contra Deus (Gênesis 10.10 e 11.4;
Isaías 47.13). Indica também que a religião predominante duran­
te a Grande Tribulação será o espiritismo em suas mais variadas
formas. Hoje já se vê indícios disso por toda a parte. Essas falsas
religiões propagam-se rapidamente em todo o mundo a cami­
nho do reinado do anticristo.
124 A mulher e a besta

Versículo 6: E vi que a mulher estava embriagada do sangue


dos santos e do sangue das testemunhas de Jesus. E, vendo-a eu,
maravilhei-me com grande admiração.
Este trecho fala dos mártires que morrem pela sua fidelidade
a Cristo. Contai, se puderdes, as vítimas da obra sanguinolenta
de Roma no mundo, suas crueldades e assassínios. É duvidoso
se a Roma pagã matou mais seres humanos do que a Roma pa­
pal. Neste respeito, Roma não é a única culpada. A igreja grega e
alguns grupos protestantes têm igualmente tingido as suas mãos
no sangue de alguns dos mais nobres filhos de Deus. Não é sem
uma profunda significação que a prostituta é trajada de escarlate
e carmesim. Ela é de índole sanguinária e está tingida de sangue.
Um dos documentos que ordenavam tais perseguições foi o
desumano “Ad extirpanda”, emitido pelo papa Inocêncio IV, em
1252. Este documento afirmava que os hereges deveriam ser “es­
magados como serpentes venenosas”. Ele formalmente aprovou
o uso da tortura; e as autoridades civis foram ordenadas a quei­
mar os “hereges”.
Francis Gamba, um lombardo da “persuasão protestante”, foi
apreendido e condenado à morte pela sentença de Milão no ano
de 1554. No local da execução, um monge apresentou um cruci­
fixo a ele, para quem Gamba disse: “Minha mente está tão cheia
dos verdadeiros méritos e da verdadeira bondade de Cristo que
não quero um pedaço de pau sem sentido para fazer-me pensar
nele”. Por causa dessa declaração, sua língua foi arrancada e ele
foi em seguida queimado.

No massacre de Merindol, mulheres foram ostensiva e dolo­


rosamente violentadas. Crianças foram assassinadas diante de
seus pais, que estavam impotentes para protegê-las. Dez mil
huguenotes (protestantes) foram mortos no sangrento massacre
em Paris no dia de São Bartolomeu do ano de 1572. O rei francês
foi à missa para agradecer solenemente o fato de tantos “here­
ges” terem sido mortos. A corte papal recebeu as novas com gran­
de regozijo e o papa Gregório XIII, com grande procissão, foi à
Apocalipse, a Revelação Final 125

igreja de São Luiz para agradecer. Ele ordenou que a Casa da


Moeda Papal fizesse moedas comemorando este acontecimento.
É fato incontestável que a Roma papal tem procurado substituir
a graça e a Palavra de Deus por ritos religiosos, servindo-se do
nome do Senhor para encobrir suas cobiças e suas mais grossei­
ras ambições (conforme Mateus 15.8, 9; 2 Timóteo 3.5 e Apocalipse
13.11).
A partir do Concilio de Tolosa (1222), instituiu-se a proibição
da leitura da Bíblia Sagrada pelos leigos. Porque será? Se o pró­
prio Deus nos exorta a lermos as Sagradas Escrituras? (Isaías 34.26;
João 5.39; Marcos 12.24; 1 Timóteo 4.13 e 2 Timóteo 3.16).

Versículos 7 e 8: E o anjo me disse: “Por que te admiras? Eu te


direi o mistério da mulher e da besta que a traz, a qual tem sete
cabeças e dez chifres. A besta que viste foi ejá não é, e há de subir
do abismo e irá à perdição. E os que habitam na terra (cujo os
nomes não estão escritos no Livro da Vida, desde a fundação do
mundo) se admirarão vendo a besta que era e já não é, mas que
• 'n
vira .
Alguns interpretam este versículo, presumindo ser o anticristo
uma pessoa que já viveu em algum tempo da história, mas que
agora está morta, e que no futuro subirá do abismo. Tal interpre­
tação contraria o texto bíblico (conforme Lucas 26.31 e Hebreus
9.27), uma vez que a Bíblia é totalmente contrária à reencarnação.
Devemos ter em mente que João olhava para o futuro dos sécu­
los (os dias do anticristo), lançando em seguida retrospectiva­
mente um olhar para trás, contemplando o Império Romano do
passado.
Eis a revelação sobre a besta, que nos apresenta neste versículo
os quatro estados do império de Roma, tanto no passado como
no futuro: (D o termo “fo i” representa um período de existência.
Segundo a história, desde 754 a.C. Roma já existia, mas só tor­
nou-se uma potência mundial ao derrotar o império grego, a partir
de 146 a.C., tornando-se em 129 a.C. a província da Acaia. (2) A
expressão “já não é ” é um período de ausência - a cidade de
126 A mulher e a besta

Roma foi destruída e durante os séculos que se seguiram, os tur­


cos e sarracenos demoliram a parte oriental do Império Romano.
Atualmente, as instituições romanas existem, mas não o império
de Roma. (3) A frase “está para subir do abismo” representa uma
terceira fase, que se aproxima da sua realização. Satanás fará
reviver e imprimirá nele o cunho do seu caráter. O que João vê
neste versículo é a aurora da restauração do império, na expres­
são “já não é e que tornará a v ir”. (4) O reino que o Senhor Jesus
julgará quando vir em poder e glória com a sua igreja (Isaías
32.1; Daniel 7.13, 14, 27; Zacarias 14.5 e 9.16; Mateus 24.30; 2
Tessalonicenses 1.7, 8; Judas 14 e Apocalipse 19.20).

Versículos 9 a 11: Aqui há sentido, que tem sabedoria. As sete


cabeças são sete montes sobre os quais a mulher está assentada.
E são também sete reis: cinco j á caíram, e um existe; outro ainda
não é vindo; e, quando vier, convém que dure um pouco de tempo.
E a besta, que era ejá não é, é ela também o oitavo, e é dos sete, e
vai à perdição.
Temos aqui duas interpretações sobre as sete cabeças. (1) Sig­
nificam os sete montes sobre os quais está fundada a cidade de
Rom a: C apitólio, P alatino, E squ ilin o , A ventino, Q u irinal,
Vidimal e Célio. (2) As “sete cabeças” significam também sete
reis (vv. 3, 7, 10). Desses sete reinos, seis são hoje passados: Egito,
Assíria, Babilônia, Medo-persa, Grécia e Roma. O sétimo reino
ainda é futuro e será uma forma do antigo Império Romano res­
taurado, constituído de dez reinos, equivalentes aos dez dedos
dos pés da estátua que Daniel viu (Daniel 2.4 e 4.3); cujas pernas
representavam o antigo império de Roma. Em Daniel 7.24, o pro­
feta escreveu: Dez reis se levantarão daquele mesmo reino. Com a for­
mação destes dez estados estará pronto o palco para a formação
do reino do anticristo - o oitavo rei (v. 11). Quando o anticristo
assumir o controle dos dez reinos, isso será o oitavo reino.
Estes reis correspondem hoje ao Mercado Comum Europeu, o
qual começou com as seguintes nações: Alemanha, Bélgica, Di­
nam arca, Espanha, França, Grécia, Holanda, Irlanda, Itália,
Apocalipse, a Revelação Final 127

Luxemburgo, Portugal e Reino Unido. Temos aqui um total de


doze nações; no entanto, outras mais já foram admitidas (confor­
me Daniel 2.42 e 7.7, 20, 24; Apocalipse 13.1 e 17.3, 7,12,16). Olhan­
do um mapa-múndi dos dias de Cristo, chegamos a conclusão
que as nações aqui mencionadas pertencem à mesma região onde
outrora existiu o antigo Império Romano.
Também se deve levar em consideração que a união mundial
em torno de um único governo não nos parecerá distante quan­
do nos apercebermos que o mundo de hoje já se reúne em blocos
econômicos diversos. A partir de então, a unificação geral não é
muito difícil. É o que se chama de globalização. Nos dias atuais,
tudo já se encaminha nessa direção.
Observe na tabela abaixo os principais blocos econômicos já
existentes:

Blocos Destinação Países

Pacto andino Comunidade Andina 5

NAFTA Acordo de Livre Comércio da América do Norte 3

SADC Comunidade da África Meridional p/o Desenvolvimento | 14 I


CEE/EU União Européia 25
ALCA Área de Livre Comércio das Américas 34

OPEP Organização dos Países Exportadores de Petróleo 11

APEC Cooperação Econômica da Ásia e do Pacífico 20

ASEAN Associação das Nações do Sudeste Asiático 9

CARICOM Mercado Comum do Caribe 20

CEI Comunidade dos Estados Independentes 12


COMMON-WALTH | Comunidade Britânica 54

MERCOSUL j Mercado Comum do Sul 4

Sabe-se que a partir de I o. de janeiro de 2008, dos 25 países


128 A mulher e a besta

que compõem a União Européia, 15 já estão usando o euro como


a sua moeda oficial. A sua população é de 320 milhões de pesso­
as.

Versículos 12 e 13: E os dez chifres que viste são dez reis, que
ainda não receberam o reino, m as receberão o p od er com o reis p or
uma hora, juntam ente com a besta. Estes têm um m esm o intento e
entregarão o seu p od er e au toridade à besta.
O Império Romano restaurado governará sobre uma liga de
dez blocos de nações, que constituirão dez reinos em toda a ter­
ra. Será uma espécie de reino confederado. Esta liga de nações
exerce grandes poderes políticos e apoia o futuro governo mun­
dial (v. 13), isto é, o anticristo. Constitui uma confederação mun­
dial de nações que se oporão a Cristo e à verdadeira fé bíblica
(conforme Daniel 7.25 e 2 Tessalonicenses 2.4).
Estes dez reinos só têm uma preocupação, que é apoiar e obe­
decer as diretrizes da burocracia central dominada pela besta (o
anticristo).

Versículo 14: Estes com baterão contra o Cordeiro e o Cordeiro


os vencerá, p or que é o Senhor dos senhores e o R ei dos reis; ven­
cerão os que estão com Ele, cham ados, eleitos e fiéis.
Isso ocorrerá quando estes reis (Império Romano restaurado)
matarem seus fiéis seguidores (a igreja do Anticristo), e saírem
para guerrear contra Cristo na Batalha do Armagedom.

Cristo destruirá o anticristo e os que a ele se aliam naquela


batalha final (Apocalipse 16.14,16 e 19.19-21).

Versículos 15 e 16: E disse-m e: "As águas que viste, onde se


assenta a prostitu ta, são povos, m ultidões, nações e línguas. E os
dez chifres que viste na besta são os que aborrecerão a prostituta
e a p orão d eso lad a e nua, e com erão a sua carne e a queim arão no
fogo".
Apocalipse, a Revelação Final 129

Este relato indica um só sistema religioso ecumênico, global,


universal e apóstata na primeira parte da Grande Tribulação, o
qual será destruído pelo anticristo com o apoio dos dez reinos
confederados (v. 16). Tratarão, pois, Babilônia com desprezo, a
deixarão exposta ã vergonha, irão se apoderar dos seus bens e
dos seus recursos e finalmente, a destruirão. Deus serve-se deles
para pôr de lado a grande corruptora religiosa, cujo centro de
poder se situa em Roma. Esta falsa religião será substituída pela
religião do anticristo, ao assumir o seu poder político sobre o
mundo (conforme Daniel 9.27; Mateus 24.15 e 2 Tessalonicenses
2.3,4).

A besta, a princípio dominada pelo sistema da meretriz, er-


gue-se contra ela e a destrói completamente. Sem dúvida, tal sis­
tema competia com a adoração religiosa da besta, promovida pelo
falso profeta. Portanto, a sua destruição ocorre para que a besta
seja o único objeto da falsa adoração ao proclamar-se como Deus.

O movimento sobre o ecumenismo cresce hoje assustadora­


mente em todo o mundo. Em 1905, um novo tipo de movimento
ecumênico nasceu na América, que culminou com a criação do
Conselho Federal das Igrejas, mais tarde denominado Conselho
Nacional de Igrejas. A doutrina cristã foi menosprezada e o “ser­
viço ecum ênico” foi enaltecido. O novo modelo caminha no sen­
tido da organização de uma super igreja. Daí surgiu, e já é uma
realidade, o Conselho Mundial de Igrejas.

A Igreja Católica Romana está completamente a par do desen­


volvimento desta resolução. O papa João XXIII convocou um
concilio ecumênico, cuja primeira etapa já se realizou. É o pri­
meiro de sua espécie desde 1870. A sua finalidade é unir a cris-
tandade, o que significa a volta de todos os “hereges” ao seio da
igreja-mãe. Os líderes protestantes já podem assistir o concilio
ecumênico do Vaticano, como observadores não oficiais. A visi­
ta do arcebispo anglicano de Canterbury ao papa João XXIII, em
2 de dezembro de 1960, marcou um significativo desenvolvimen­
to do ecumenismo moderno.
130 A mulher e a besta

Mais recentemente, em 14 de abril de 1989, o falecido papa


João Paulo II recebe no Vaticano uma delegação das igrejas pro­
testantes dos Estados Unidos, luteranas, episcopais e metodistas;
e a tônica dos assuntos abordados foi sobre a unidade do movi­
mento cristão (ecumenismo). Estavam presentes também repre­
sentantes da Igreja Ortodoxa dos Estados Unidos. É bom lem­
brar que o ecumenismo americano está entre os mais avançados
do mundo. O Conselho Nacional de Igrejas, a maior organização
dos Estados Unidos, é formado por 32 igrejas protestantes e or­
todoxas, representando mais de 44 milhões de cristãos.
Em 1°. de junho de 1989, o papa João Paulo II fez a sua primei­
ra visita aos países nórdicos, predominantemente luteranos, pe­
dindo, na Noruega, uma maior unidade entre católicos e protes­
tantes. Em seu discurso, fez referência à vontade de unificar o
cristianismo e um chamado à conciliação. E de se esperar que
Bento XVI caminhe na mesma direção.
Igreja de Jesus, devemos ter cuidado com aquele que parece
ser cordeiro, mas fala como dragão (Apocalipse 13.11).

Versículos 17 e 18: Porque Deus tem p osto em seu coração que


cumpram o seu intento, tenham uma m esm a idéia e que dêem à
besta o seu reino, até que se cumpram as palav ras de Deus. E a
mulher que viste é a grande cidade que reina sobre os reis da terra.
Este capítulo termina mostrando como os dez blocos de na­
ções, uma vez destruída a falsa igreja, entregam ao anticristo,
não só a liderança política do mundo, mas também a liderança
eclesiástica, quando o mesmo se assentará no próprio templo em
Jerusalém. Isso ocorrerá na segunda metade da Grande Tribula-
ção (conforme vv.13.13; Daniel 9.27; 11.3,136; Mateus 24.15; 2
Tessalonicenses 2.1 a 8).
A Roma papal, cuja sede é no Vaticano, tem governado (espi­
ritualmente falando) o maior sistema religioso que já existiu na
terra e será também o “trono" do grande líder que se levantará
na época, à frente da falsa igreja mundial.
Apocolipse, g Revelação Final ____ _______ ______________________ 131

A Roma imperial caiu no ano 476. No entanto, a Roma papal


continuará até o fim da presente era, quando será então destruída.
A Palavra profética terá o seu fiel cumprimento.
Cristo voltará em breve; esteja alerta, Igreja de Jesus! Prepara-
te para ir.
—■mmm
Capítulo 17

A Babilônia comercial
(Apocalipse 18)

o capítulo 17, Babilônia representa o falso sistema reli-


y gioso que se centralizará em Roma durante a Tribula-
ção. No capítulo 18, representa mais o aspecto político e
comercial do Império Romano restaurado. Assim, o ter­
mo representa ao mesmo tempo o sistema (religioso e co­
mercial) e a cidade a que este se relaciona.

Versículos 1 a 3: E d epois d estas coisas, vi descer do


céu outro anjo, que tinha grande poder, e a terra fo i ilu m i­
nada com a sua glória. E clam ou fortem ente com grande
voz, dizendo: “Caiu! Caiu a grande B a bilôn ia e se tornou
m orada de dem ôn ios e abrigo de tod o o espírito imundo, e
refúgio de toda av e im undo e aborrecível! Porque todas
as n ações beberam do vinho da ira da sua prostitu ição.
Os reis da terra se prostitu íram com ela. E os m ercadores
da terra se enriqueceram com a abundância de suas d eli-

O capítulo 18 começa com a expressão “depois destas


coisas”, referindo-se aos acontecimentos relatos no capí­
tulo 17.
Em nossa opinião, o capítulo 18 trata da destruição li-
134 A Babilônia comercial

teral da sede física da grande Babilônia mística, ou seja, a cidade


de Roma que, uma vez destruída e condenada, será uma espécie
de filial do inferno: morada de demônios, guarida de todo espí­
rito imundo e de toda ave imunda e detestável.

Versículos 4 e 6: E ouvi outra voz do céu, que dizia: “Sai dela,


povo meu, para que não sejas participante dos seus pecados e
para que não incorras nas suas pragas. Porque j á os seus pecados
se acumularam até ao céu e Deus se lembrou das iniqüidades dela.
Tornai-lhe a dar como ela vos tem dado e retribuí-lhe em dobro
conforme as suas obras; no cálice em que vos deu de beber, daí-
lhe a ela em dobro ”.
O povo de Deus deve separar-se do sistema babilônico do fim
dos tempos, e que já existe nos dias atuais (Romanos 12.1, 2; 2
Coríntios 6.14-17; Tiago 4.4 e 1 João 2.15-17). Esta é a chamada de
Deus à ú ltim a geração de fiéis para que saiam da grande
Babilônia. A chamada para a separação do mundo e das institui­
ções religiosas falsas tem sido um aspecto essencial da salvação
em toda a história da redenção (Isaías 52.11; Jeremias 51.45 e 1
Coríntios 11.32).

Versículos 7 a 9: “ Quanto ela seglorificou e em delícias esteve,


foi lhe outro tanto de tormento e pranto, porque diz em seu cora­
ção: ‘Estou assentada como rainha, não sou viúva e não verei o
pranto’. Portanto, num dia virão as suas pragas: a morte, o pran­
to e a fome; e será queimada no fogo porque é forte o Senhor Deus,
que ajulga ”.E os reis da terra, que se prostituíram com ela e vive­
ram em delícias, a chorarão e sobre ela prantearão, quando virem
a fumaça do seu incêndio.
O sofrimento e a miséria que sobrevirão à Babilônia comercial
serão proporcionais à vangloria e a vida opulenta que levou. Os
seus empresários ricos, opulentos e inescrupulosos, que rejeita­
ram a Deus e acumularam riquezas em detrimento dos outros,
serão agora despojados da sua riqueza num só dia (Tiago 5.1-6).
Riquezas, luxúria, lascívia, avareza, devassidão e imoralidade!
Apocalipse, a ReveIação Final 135

Enfim, ao longo da história, muitos se enriqueceram a custa da


corrupção que caracteriza Roma e o Vaticano. Já disse alguém
sabiamente que “a voracidade de alguns (ou de muitos) faz a
miséria de outros”.
Chorarão e prantearão aqueles cujo interesse principal era o
dinheiro, o luxo e a satisfação do prazer, sendo este o deus das
suas vidas. Já não podem tirar proveito das suas mercadorias,
pois acabaram as suas riquezas. Aqui Deus manifesta com clare­
za que repulsa os negócios e governos que se firmam na avareza
e no poder opressivo. Aqueles que vivem no luxo e nos praze-
res, ignorando a Deus, serão abatidos pela sua ira. “ As coisas
que destruirão a civilização moderna são: prosperidade a qual­
quer preço, paz a qualquer preço, segurança primeiro ao invés
de dever primeiro, amor pela vida fácil e a teoria de vida fique
“rico a qualquer preço”.
O justo Deus do Universo não fará vista grossa aos pecados
dos poderosos da elite que tem usado do comércio, do governo,
da política e da religião por séculos para viverem luxuosamente
à custa dos outros.

Versículos 10 a 13: Estarão de longe pelo temor do seu tormen­


to, dizendo: “Ai! Ai daquela grande Babilônia, aquela forte cida­
d e!”. Pois numa hora veio o seu juízo. E sobre ela choram e la­
mentam os mercadores da terra, porque ninguém mais compra as
suas mercadorias: mercadorias de ouro, de prata, de pedras preci­
osas, de pérolas, de linho fino, de púrpura, de seda e de escarlata;
e toda madeira odorífera, todo vaso de marfim e todo vaso de
m adeira p reciosíssim a, de bronze, de ferro e de m árm ore;
cinamomo, cardamomo, perfume, mirra, incenso, vinho, azeite, flor
de farinha e trigo, cavalgaduras e ovelhas; e mercadorias de ca­
valos, de carros, de corpos e de almas de homens.
O indigno comércio de homens sem Deus inclui até os corpos
e as almas dos homens. Porém, a hora em que tudo chegará ao
seu final já está bem perto.
136 A Babilônia comercial

O maior golpe de Satanás é escravizar a própria alma humana


à concupiscência, à cobiça e à gula por bens materiais. E o que
dizer do nefasto tráfico de escravos nos tempos atuais. Existe ain­
da hoje na África, mais precisamente na ilha de Goré, no Senegal,
de onde saíam os navios negreiros do século XVIII, uma porta
chamada “porta sem retorno”. Conforme reportagem do Jornal
Nacional que foi ao ar no dia 22 de janeiro de 2008, um estudo
realizado por historiadores de 15 países, mostra que só no Brasil
desembarcaram cinco milhões de escravos. A isto soma-se tam­
bém o maldito comércio de jovens para a prostituição em diver­
sas partes do mundo.

Versículos 14 a 24: E o fruto do desejo da tua alm a fo i-se de ti,


e todas as coisas g o sto sa s e excelentes se foram de ti e n ão m ais
as acharás. Os m ercadores destas coisas, que com ela se enrique­
ceram, estarão de longe, p elo tem or do seu torm ento, chorando,
lam entando e dizendo: “Ai! Ai daquela grande cidade, que estava
vestida de lin ho fino, de púrpura e de escarlata, adorn ada com
ouro e pedras p reciosas e p é ro la s !”. Porque numa hora foram a s ­
solad as tantas riquezas. E todo piloto, todo o que navega em naus,
todo o m arinheiro e tod os os que negociam n o m ar se puseram de
longe. E, vendo a fum aça do seu incêndio, clam aram , dizendo:
“Que cidade é sem elhan te a esta grande cid ad e? ”. E lançaram p ó
sobre a cabeça e clam aram , chorando, lam en tan do e dizendo: “Ai!
Ai daquela grande cidade, na qual todos os que tinham naus no
m ar se enriqueceram em ra z ã o da sua opu lên cia!”. Porque numa
hora fo i a ssolad a. A legra-te sobre ela, ó céu, e vós, san tos a p ó s ­
tolos e profetas, porqu e j á Deus ju lg ou a v ossa causa quanto a
ela. E um forte an jo levantou uma pedra com o uma grande m ó e
lan çou -a no m ar, d izen d o: “Com igu al ím p eto será lan çad a
B abilôn ia, aqu ela grande cidade, e n ão será ja m a is achada. E em
ti n ão se ouvirá m ais a voz de harpistas, de m úsicos, de flauteiros,
de trom beteiros e nenhum artífice de arte algum a se achará m áis
em ti; e ruído de m ó em ti se n ão ouvirá m ais; luz de candeia não
m ais luzirá em ti e voz de esp oso e esposa n ão m ais em ti se ou vi­
Apocalipse, a Revelação Final 137

rá; porque os teus mercadores eram os grandes da terra; porque


todas as nações foram enganadas pelas tuas feitiçarias. E nela se
achou sangue dos profetas, dos santos e de todos os que foram
mortos na terra.
A palavra feitiçaria é usada aqui para descrever um estilo de
vida de práticas ocultistas induzidas por drogas. E.isto inclui
tanto os que traficam como os que consomem.
Vemos que o juízo sobre Babilônia será muito rápido; Deus a
julgará por causa do seu tratamento contra os santos na tribula-
ção. Os céus e os mártires podem agora se regozijar.
Este capítulo também nos mostra que embora o anticristo te­
nha conseguido o controle econômico, não conseguirá impedir a
queda do sistema mundial babilônico e o total colapso econômico
do mundo.
A Babilônia comercial pode muito bem estar representada na
atual forma de globalização (comércio de alcance mundial), que
procura nos dias atuais obter o controle de todos os segmentos
sociais e econômicos do mundo.
Esse juízo terá como alvo aqueles que, em suas vidas, troca­
ram sua alma por bens materiais (conforme Mateus 16.25, 26).
Capítulo 18

Bodas do Cordeiro
(Apocalipse 19)

- os versículos 1 a 8 deste capítulo encontramos o 5o.


período parentético do Apocalipse.

Versículos 1 a 6: E depois d estas coisas, ouvi no céu


com o que uma grande voz de uma grande m ultidão, que
dizia: “A leluia! S alvação, glória, honra e p od er perten ­
cem a o Senhor, n osso Deus, porque verdadeiros e ju s to s
s ã o os seus ju íz o s, p o is ju lg ou a grande prostitu ta, que
h a v ia corrom pido a terra com a sua p rostitu ição e das
m ãos dela vingou o sangue dos seus servos E outra vez,
disseram : “A leluia! E a fum aça dela sobe p ara tod o o sem ­
pre ”. E os vinte e quatro an ciãos e os quatro an im ais pros-
traram -se e adoraram a Deus, assen tado no trono, dizen­
do: “Amém! A lelu ia!”. E saiu uma v oz do trono, que d i­
zia: “L ou vai o n osso Deus, vós, tod os os seus servos, e
vós que o temeis, tan to pequenos com o g ran d es”. E ouvi
com o que a voz de uma grande m u ltidão e com o que a voz
de m uitas águas, e com o que a voz de grandes trovões,
que dizia: “A leluia! P o is j á o Senhor, Deus T odo-P odero-
so, reina ”.
140 Bodas do Cordeiro

A s Bodas do Cordeiro
2. O t e m p o e m q u e o N o i v o leva a n oi va
p a ra a c a d a d o Pai
( J o 14.3; 1 T s 4 .1 6 ,27 ; Ct 2.17; 3.6; 8.5)
Bodas

I
Pr im e ir a vid a de
( A p 19.7,8; Ct 2.4; 4.7;
Ef 5.25; 27.32; 2 C o 11.2
1
J e s u s para g a n h a r Arrebatam ento 3. O r e t o r n o d o N o i v o
um a no iv a (G l 4.4; c o m a no iv a para a
L c 19.10; Jo 3.16; C e ia d a s B o d a s
SI 3 4 .1 0 ,1 1 ) (J o 3.2 9; A p
S e te a n o s
19.9; M t 25.6; Ct
( D n 9.27; 12.7;
1. É p o c a d o 6 .10; Mt
A p 12.6,14; Dn 7.25)
2 4 .2 9 ,3 0 ; Ap

1
+ noivado
(I g r e ja = n o i v a ) 1.7; 1 9 .1 1 ,1 4

Era da Igreja M ilê nio


(C t 2.16; 6.3; 8.14; 2.17; 1 ( Z c 14.9; A p 20.4-6;
T s 1.10; Fp 3.2 0; 2 C o 11.2; Dn 7 . 1 3 , 1 4 , 2 2 , 2 7 0 )
Hb 9 .2 8 )

Esta será a m a is glo rio sa d a s bodas, a qual, n e n h u m d ivó rcio


ja m a i s p o derá sep arar.

Temos aí a continuação das ações de graças pela queda da


Babilônia, a grande prostituta.
A expressão “depois destas coisas” se deve ao fato de o capí­
tulo 19 tratar do fim da Tribulação e da gloriosa segunda vinda
de Cristo à terra, para julgar as nações, abater os ímpios e reinar
com o seu povo.

Versículos 7 e 8: Regozijemo-nos, alegremo-nos e demos-lhe


glória, porque vindas são as bodas do Cordeiro, e já a sua esposa
se aprontou. E foi-lhe dado que se vestisse de linho fino, puro e
resplandecente; porque o linho fino são as justiças dos santos.
Esta Escritura nos mostra a chegada da Igreja para as bodas
do Cordeiro; trata-se da consumação do casamento de Cristo com
a Igreja, sua esposa. A figura está de acordo com o modelo orien­
tal do casamento, compreendendo três estágios: (1) o noivado,
um compromisso legal, quando os membros individuais do cor­
po de Cristo são salvos; (2) a vinda do esposo para buscar a sua
Apocalipse, a Revelação Final 141

esposa no arrebatamento da Igreja; e (3) as bodas do Cordeiro,


seguindo-se a manifestação em glória a este mundo no final dos
7 anos da Grande Tribulação.
No Novo Testamento, a relação entre Cristo e a Igreja é revela­
da pelo uso de figuras do noivo e da noiva (João 3.29; 2 Coríntios
11.2; Efésios 5.25-33 e Apocalipse 21.1).
Na qualidade de noiva, a Igreja aguarda incessantemente a
hora das bodas, o que ocorrerá por ocasião do arrebatamento. A
interpretação alegórica de Cantares de Salomão retrata como a
noiva ansiosamente aguarda o retorno do seu Amado (Cantares
2.17 e 8.14). A verdadeira afeição da Igreja por Cristo tem sido
provada na longa ausência do seu Amado.
Durante este tempo de espera, a noiva de Cristo tem passado
por momentos tão difíceis e tem sido assediada constantemente
pelo adversário. No entanto, tem sido fiel ao seu Amado (Canta­
res 2.16; 6.3 e 7.10). Finalmente, o grande dia chegará! Quando a.
Igreja estará subindo ao encontro do seu Senhor, para com Ele se
unir para sempre. Haverá grande expectativa no céu, quando a
Igreja ali chegar (Cantares 2.4; 3.6; 6.10 e 8.5).
A esta altura dos acontecimentos, a Igreja já terá passado pelo
tribunal de Cristo, uma vez que foi lhe dado que se vestisse de
linho fino, puro e resplandecente; que são os atos de justiça dos
santos (v. 8), que só podem referir-se às Coisas que forem aceitas
no tribunal de Cristo. As boas obras dos cristãos constituirão o
traje nupcial da Igreja. Estas vestimentas constituirão o vestido
de casamento da noiva, a qual terá grande alegria. Regozijar-me-ei
muito no Senhor, a minha alma se alegrará no meu Deus, porque me
vestiu de vestes de salvação, cobriu-me com o manto de justiça, como
noivo que se adorna com uma grinalda e como noiva que se enfeita com as
suas jóias (Isaías 61.10).
O local das bodas só pode ser no céu, visto que segue o tribu­
nal de Cristo, demonstrado como um acontecimento celestial. As
bodas devem ocorrer no céu, pois nenhum outro local seria ade­
quado a um povo celestial (Filipenses 3.20 e Apocalipse 19.14).
142 Bodas do Cordeiro

É necessário distinguir as bodas do Cordeiro da ceia de casa­


mento. A primeira referè-se particularmente a Cristo e a Igreja e
ocorre no céu. A segunda ocorre na terra com os convidados.

Versículo 9: E disse-me: “Escreve: bem-aventurados aqueles que


são chamados ã ceia das bodas do Cordeiro”. E disse-me: “Estas
são as verdadeiras palavras de D eus”.

Quem serão os convidados?


Quanto aos convidados à ceia de casamento (v. 9), na tradu­
ção Almeida Revista e Corrigida, temos a expressão “aqueles que
são chamados à ceia das bodas do Cordeiro”; na Bíblia na Lin­
guagem de Hoje, temos “convidados para a festa de casamento
do Cordeiro”; e na Bíblia de Jerusalém encontramos “convida­
dos para o banquete das núpcias do Cordeiro”.
É um tanto difícil dizer quem serão os convidados. No entan­
to, é possível encontrar-se judeus e gentios entre os convidados.
Na verdade, o número total de pessoas está dividido em dois
grupos distintos, com as suas respectivas subdivisões: (1) o povo
de Israel, sendo em primeiro lugar os que vão ressuscitar no fim
da Grande Tribulação. Este trecho deixa claro que a ressurreição
dos santos do Antigo Testamento não ocorrerá até a segunda vinda
de Cristo (Isaías 26.19-21 e Daniel 12.1-3). Esta ressurreição é
seletiva, não todos, mas muitos (Daniel 12.2). A ceia de casamen­
to inclui primeiramente a Israel e ocorre na terra. Olhando passa­
gens como Mateus 22.1-14 e Lucas 14.16-24, vimos que Israel
aguarda o retorno do Noivo e da noiva. Eles são chamados de
“amigos do noivo” (João 3.29) e os “convidados das bodas”
(Lucas 5.34, 35) na versão Almeida Revista e Corrigida; “convi
dados para o casamento e as damas de honra” (Mateus 25.1-13)
na versão Almeida Revista e Atualizada. Em segundo lugar, es
tará o remanescente judaico que professar crer no Messias na
época da sua volta (Isaías 59.20; Zacarias 12.6-10; 13.8, 9 e 14.5;
Romanos 9.27 e 11.26 e Apocalipse 1.7). Israel será convidado
durante o período tribulacional, convite que muitos rejeitarão.
Apocalipse, a Revelação Final 143

Por esta razão, muitos serão lançados fora, mas muitos aceitarão
e serão recebidos. (2) Os gentios convertidos a Cristo que por
causa da rejeição de muitos em Israel, estes receberão o convite
do Senhor (Mateus 22.1-10 e Lucas 14.15-24); de sorte que muitos
deles serão incluídos. Em primeiro plano, estarão aqueles que
crerão em Cristo nos dias da tribulação e que prestarão ajuda a
Israel naqueles dias; os que sobreviverem até a volta de Cristo
(Mateus 25.31-46). Estes serão poupados no grande julgamento
das nações. Em segundo lugar, estão os mártires da Grande Tri­
bulação, os quais ressuscitarão na volta de Cristo (Apocalipse
6.9-11; 7.9-14; 12.11; 13.15; 14.13; 16.6 e 20.4-6).

Conforme o relato bíblico de Daniel 12.11, 12, entre a volta de


Cristo e o início do reino milenar haverá um intervalo de 75 dias
para o agrupamento de Israel (Mateus 24.31) e a realização de
todos os julgamentos (Ezequiel 20.33-44). Nesse período, acon­
tecerá a ceia das bodas, na qual tomarão parte todos os convida­
dos que já foram mencionados. Por isso são bem-aventurados
aqueles que viverem até os 75 dias depois da vinda de Cristo.

Assim, podemos ver as bodas do Cordeiro como um aconteci­


mento celestial no qual a Igreja é eternamente unida a Cristo. E a
festa ou ceia das bodas no início do milênio, para a qual judeus e
gentios serão convidados. Este fato ocorrerá na terra, onde o
Noivo será honrado pela apresentação da noiva a todos os seus
amigos (Mateus 25.1-7).

Versículo 10: E eu lancei-me aos seus pés para o adorar, mas


cie disse-me: “Olha, não faças tal; sou teu conservo e de teus ir­
mãos que têm o testemunho de Jesus; adora a Deus; pois o teste­
munho de Jesus é o espírito de profecia
Homens não devem adorar a anjos e muito menos a homens
(Atos 10.25, 26 e Apocalipse 22.8). É preciso cuidado com a ênfa­
se demasiada que é dada aos anjos em muitas igrejas, o chama­
do “culto aos anjos” (Colocenses 2.18).
144 Bodas do Cordeiro

V ersículos 11 a 13: E vi o céu aberto e eis um ca v a lo branco. O


que estav a assen tad o sobre ele cham a-se Fiel e Verdadeiro e ju lg a
e p eleja com ju stiça . E os seus olh os eram com o cham a de fogo; e
sobre a sua cabeça h av ia m uitos diadem as; e tinha um nom e e s ­
crito que ninguém sabia, sen ão Ele m esm o. E estav a vestido de
uma veste sa lp ica d a de sangue e o nom e p elo qu al se cham a é a
P alavra de Deus.
Esta é a segunda vinda de Cristo à terra, que se dará no auge
da campanha de Armagedom, na qual Ele será o vencedor e to­
dos os que a Ele se opõem serão mortos (vv. 19 a 21). Os céus se
abrirão e Jesus será visto pelos habitantes da terra, assentado à
direita do poder de Deus (Marcos 14.62). E todos verão o sinal
do Filho do Homem antes que Ele desça ao vale sombrio de
Armagedom (Mateus 24.30). Nesse tempo, os judeus estarão pas­
sando por uma angústia sem precedentes em toda a sua história.

V ersículos 14 a 16: £ seguiam -no os exércitos que há no céu em


cav alos brancos e vestid os de linho fino, branco e puro. E da sua
boca sa ía uma aguda espada, p ara ferir com ela as n ações; e Ele
as regerá com vara de ferro e Ele m esm o é o que p isa o lagar do
vinho do furor e da ira do Deus Todo-poderoso. E na veste e na
sua coxa tem escrito este nom e: Rei dos reis e Senhor dos sen ho­
res.
A glória de Cristo e seu poder estão em evidência aqui.
Não há dúvida que aqui se trata da Igreja, que 7 anos antes
fora arrebatada e agora acompanha o seu Amado na sua vinda
em glória. Os cavalos brancos devem ser interpretados simboli­
camente.

Versículos 17 e 19: E vi um an jo que estav a no so l e clam ou


com grande voz, dizendo a tod as as aves que voavam p elo m eio
do céu: “Vinde e aju n tai-v os ã ceia do grande Deus, p ara que
com ais a carne dos reis, a carne dos tribunos, a carne dos fortes, a
carne dos ca v a lo s e dos que sobre eles se assen tam e a carne dc
Apocalipse, a Revelação Final 145

todos os homens, livres e servos, pequenos e grandes. E vi a besta,


os reis da terra e os seus exércitos reunidos, para fazerem guerra
Aquele que estava assentado sobre o cavalo e ao seu exército.
Nesse dia nações de todos os quadrantes da terra, de norte a
sul e de leste a oeste, estarão ali representadas, lutando pela su­
premacia mundial. Os exércitos mundiais estarão concentrados
em Armagedom para ver com quem ficará o governo universal.
Líderes mundiais cujas mentes estarão alienadas de Deus e ob­
cecadas pelo poder, chegarão ao auge de suas ambições e procu­
rarão lutar contra o próprio Deus.
Tão grande será a matança na guerra de Armagedom que um
anjo reunirá as aves do céu para devorarem a carne dos mortos
na batalha. O Senhor Jesus profetizou aos discípulos que aonde
estivessem os corpos, aí se ajuntariam os abutres (Mateus 24.28).
Esta é a ceia para qual o anjo convida as aves a se fartarem de
mortos, homens de todo o tipo, que adoravam a besta e se deixa­
ram selar pela sua marca (conforme Jó 39.30 e Lucas 17.37).

Versículos 20 a 21: £ a besta foi presa e com ela, o falso profe­


ta, que diante dela fizera os sinais com que enganou os que rece­
beram o sinal da besta e adoraram a sua imagem. Estes dois fo ­
ram lançados vivos no lago de fogo e de enxofre. E os demais fo ­
ram mortos com a espada que saía da boca do que estava assen­
tado sobre o cavalo, e todas as aves se fartaram das suas carnes.
A segunda vinda do Senhor será em duas fases distintas: (1) o
arrebatamento, quando Ele descerá do céu até as nuvens para
receber a sua Igreja. Nesta primeira parte, Jesus virá para a sua
Igreja. Na segunda parte será a manifestação visível de Cristo
em glória com a sua Igreja. Na última parte da Grande Tribula-
ção, o anticristo ajuntará todos os grandes exércitos do mundo
para fazer guerra contra os judeus e apoderar-se de Jerusalém.
Assim terá lugar ao que a Bíblia chama de batalha de Armagedom,
a qual cremos ser a Terceira Guerra Mundial (Salmos 2.1-9; 21.8-
12; 76.7, 9 e 110.1-7; Isaías 2.1-19; 31.4, 5; 34.2, 3; 41.11, 12; 59.17-
146 Bodas do Cordeiro

19; 63.1-3 e 66.15,16; Jeremias 30.16; Zacarias 12.7-10; 13.7-9; 14.1-


5, 11, 12; M iquéias 7.16, 17; Lucas 19.27 e Rom anos 9.27). O
anticristo e o seu exército vencerá a maioria dos judeus, mas no
momento em que a sua vitória parece ser total e que o remanes­
cente de Israel estiver sem nenhum auxílio, aparecerá o Senhor
Jesus Cristo nos ares montado em um cavalo branco, acompa­
nhado por todos os seus santos, isto é, a Igreja que já tinha sido
arrebatada. Estará formado um grande exército celestial. O Se­
nhor Jesus Cristo destruirá o exército do anticristo e lançará este
último e o falso profeta no lago de fogo para sempre, sendo eles
os primeiros a entrarem nesse lugar. Os judeus olharão para Cris­
to e o reconhecerão como o seu verdadeiro Messias, a quem seus
pais crucificaram, pelas marcas nas suas mãos. Com grande cho­
ro, lágrimas e prantos de arrependimento, eles o receberão. En­
tão terá lugar o seu reino de mil anos de paz.
Capítulo 19

Satanás é preso, Cristo reina


(Apocalipse 20)

érsículos 1 a 3: £ vi descer do céu um anjo que tinha a


chave do abismo e uma grande cadeia na sua mão. Ele
prendeu o dragão, a antiga serpente, que é o diabo e Sata­
nás, e amarrou-o por mil anos. E lançou-o no abismo, e
ali o encerrou, epôs selo sobre ele, para que mais não enga­
ne as nações, até que os mil anos se acabem. E depois im ­
porta que seja solto por um pouco de tempo.
A única menção específica ao reino de mil anos de Je­
sus Cristo como o Rei dos reis e Senhor dos senhores na
Bíblia Sagrada encontra-se neste capítulo 6 vezes (vv. 2-
7). Entretanto, existem passagens por todas as Sagradas
Escrituras que podem aludir a esse tempo de paz em que
Cristo habitará na terra. Como exemplo, podemos citar
Isaías 11.6, que diz: Morará o lobo com o cordeiro e o leopardo
com o cabrito se deitará; e o bezerro, o leão novo e o animal cevado
viverão juntos; e um menino pequeno os conduzirá.
Convém examinarmos algumas posições quanto ao
milênio, uma vez que existem divergências de interpre­
tação sobre o assunto.
Amilenismo (do latim, “sem m ilênio”). Ensina que não
há um milênio terreno. Eles acreditam que o milênio é
148 Satanás é preso, Cristo reina

espiritual e composto de todos os crentes que estão no céu. Tra­


ta-se de um milênio espiritualizado.

Pós-M ilenism o (do latim, “depois do m ilênio”). Ensina que a


era atual é o milênio, e que o mesmo está sendo implantado ago­
ra através da pregação do Evangelho e da conversão da maioria
do mundo. Depois ocorrerá o retorno de Cristo. Esta composição
era sustentada por Agostinho, o qual interpretava o milênio como
a própria Igreja e sua existência.
O inventor do pós-m ilenism o moderno foi Daniel W hitby
(1638-1725). A alegação do pós-milenismo é que a Igreja está cum­
prindo agora todas as profecias do Antigo Testamento, portanto
não há necessidade de um milênio terreno.

Pré-m ilenism o (do latim, “antes do milênio”). É a posição mais


coerente com o ensino geral das escrituras. Ensina que haverá
um milênio literal e futuro na terra, após o arrebatamento da igre­
ja e a segunda vinda de Cristo em glória (Apocalipse 20.2-4, 6, 7).
As obras de escritores do segundo século afirmam o mesmo.
Justino Mártir que viveu em Éfeso por volta de 135 d.C., disse:
“Além disso, um homem entre nós de nome João, um dos após­
tolos de Cristo, profetizou em uma revelação que lhe foi feita
que aqueles que tiverem confiado em nosso Senhor passarão mil
anos em Jerusalém, e que após a ressurreição universal, terá lu­
gar o julgam ento” (História Eclesiástica 4.12, de Eusébio).
O milênio será uma era de bem-aventurança neste mundo. De
outra forma, centenas de profecias da Bíblia não poderiam ser
cumpridas de modo literal.
Um argumento a favor da validade do reino milenar terrestre
de Cristo é algo que o próprio Senhor Jesus disse: Ao que lhes disse
Jesus: “Em verdade vos digo a vós que me seguistes, que na regeneração,
quando o Filho do homem se assentar no trono da sua glória, sentar-vos-
eis também vós sobre doze tronos, para julgar as doze tribos de Israel”
(Mateus 19.28). Além disso, Pedro disse: Arrependei-vos, pois, e
convertei-vos, para que sejam apagados os vossos pecados, de sorte que
Vpocalipse, a Revelação Final_______________________________________________ ____149

venham os tempos de refrigério, pela presença do Senhor, e envie Ele a


Jesus Cristo, que já dantes vos foi pregado, o qual convém que o céu con­
tenha até aos tempos da restauração de tudo, dos quais Deus falou pela
boca de todos seus santos profetas, desde o princípio (At 3.19-21). Essas
duas passagens se referem à renovação de alguma coisa, a saber,
da terra para o reinado de Cristo (conforme Atos 15.13-16).
A vinda de Cristo para implantar o reino milenar será o cum ­
primento literal do texto que diz que “virá o desejado de todas
as nações” (Ageu 2.7). Começará então a era messiânica.
A doutrina do reino milenial tem sido também confirmada por
uma excepcional tradição judaica, chamada “A Tradição da casa
de E li”, segundo o qual o mundo durará cerca de 7 mil anos, que
é uma semana universal. Os primeiros 2 mil anos incluem Thalm,
que significa “deserto debaixo da iniqüidade”. Os seguintes 2
mil anos contém Thora, ou “a lei de D eus”. O 3o. período se cha­
ma Hamaschiach, que significa “dia do M essias”. E o 7°. milênio
será o Schabbat, isto é, o “sábado”. Portanto, 4 milênios depois da
criação do mundo, o Messias virá (o que já aconteceu na primei­
ra vinda de Cristo), e então o mundo estará sob sua influência
durante 2 mil anos para finalmente gozar do descanso, o sábado.
Depois de 6 dias mileniais vem o sábado do Milênio. Isto é pos­
sível se compararmos a divisão da Bíblia com um estudo das
sete dispensações bíblicas.
A prisão de Satanás obedece à seguinte ordem: (1) expulso do
céu para o espaço (Isaías 14.12-15; Efésios 2.2 e 6.12); (2) do espa­
ço para a terra, na metade da tribulação (Ap 12.7-9, 12); (3) da
terra para o poço do abismo durante mil anos (Apocalipse 20.1-
3); e finalmente (4) será lançado no lago de fogo para todo o sem ­
pre (Mateus 25.41 e Apocalipse 20.10).

V ersículos 4 a 6: £ vi tronos; e assentaram-se sobre eles aque­


les a quem foi dado o poder de julgar. E vi as almas daqueles que
foram degolados pelo testemunho de Jesus e pela Palavra de Deus,
e que não adoraram a besta nem a sua imagem, e não receberam o
sinal na testa nem na mão; e viveram e reinaram com Cristo du­
150____ ___________________________________ ___Satanás é preso, Cristo reina

rante mil anos. Mas os outros mortos não reviveram, até que os
mil anos se acabaram. Esta é a primeira ressurreição. Bem-aven-
turado e santo aquele que tem parte na primeira ressurreição; so­
bre estes não tem poder a segunda morte, mas serão sacerdotes de
Deus e de Cristo e reinarão com ele mil anos.
Aqui está em foco o reinado de Cristo com os seus santos no
milênio. Embora não identificados aqui, o reino de Cristo inclui
os santos do Antigo e do Novo Testamento. Os dois grupos se
juntarão para reinar com o Senhor por mil anos (Mateus 19.28;
Apocalipse 2.26; 3.21 e 5.10).
O pré-milenarismo, a forma presente do reino de Deus, está
avançando em direção a um grande clímax. Quando Cristo vol­
tar, ocorrerá a primeira ressurreição (parte final) e seu reino achará
manifestação num reino visível e real de paz e de justiça na terra,
dentro da história, no tempo e no espaço.
Nesse glorioso reinado de Cristo terá terminado definitiva­
mente o tempo da opressão, da tirania e do governo humano.
Em Isaías 65 aprendemos que, durante este período, a morte
que até então era uma regra, será uma exceção. Ela só será per­
mitida durante o milênio como julgam ento por uma rebelião
aberta (conforme Apocalipse 20.9). O pecador de cem anos será
ainda jovem quando morrer (Isaías 65.20, 22). A longevidade será
uma das maravilhas do milênio (conforme Zacarias 8.4,5). Por
outro lado, os problemas das desigualdades sociais, da seguran­
ça, da educação, da saúde do meio ambiente da política, certa­
mente serão coisas de um passado que não mais existirá!

Glórias do Reino M ilenial


1. Longevidade do homem (Isaías 65.20, 22 e Zacarias 8.4, 5).
2. O conhecimento de Deus encherá a terra (Isaías 11.9 e 2.3).
3. Os animais não serão ferozes (Isaías 65.25; 35.9 e 11,6-9).
4. Haverá verdadeira paz e justiça no mundo (Isaías 11.35; 2.4
e 60.18).
Apocalipse, a Revelação Final 151

5. Haverá alimentaçao em abundância (Isaías 35.1,2 e Zacarias


14.8).
6. Cristo reinará pessoalmente no trono de Davi, tendo Israel
como cabeça das nações (Lucas 1.32, 33 e Isaías 9.7).
7. Satanás não terá liberdade para agir (Apocalipse 20.2).
8. A Igreja estará na Nova Jerusalém e participará do governo
de Cristo no mundo (1 Coríntios 6.2; Isaías 60.1-3; 62.7). Nos dias
atuais, nada há que se possa comparar ao reinado de Cristo. Je­
sus tinha razão quando ensinou os discípulos a pedirem “venha
o teu Reino" (Mateus 6.10).

A doutrina das ressurreições


As Escrituras usam três expressões para a ressurreição:
1. A ressurreição de mortos. Entende-se aqui, aqueles que vol­
taram a viver antes da ressurreição de Cristo pela manifestação
do podes de Deus, mas depois voltaram a morrer (1 Reis 17.21,
22; 2 Reis 4.34,35; 13.43,44; Lucas 7.11-17; 8.54,55; João 11.43,44).
2. A ressurreição dentre os mortos (1 Coríntios 15.23), come­
çando pela ressurreição de Cristo.
3. A ressurreição dos mortos. Esta é geral e abrange todos os
m ortos que m orreram em seus delitos e pecados (conform e
Daniel 12.2; João 5.28, 29; Atos 17.31 e Apocalipse 20.12).
A primeira ressurreição trata-se de um grupo dividido em cinco
partes. Refere-se a um acontecimento já pré-figurado em Levítico
23.9-11 e 22. Veja:
1. "Cristo, as prim ícias", isto é, a própria ressurreição de Cris­
to (Levítico 23.9-11; 1 Coríntios 15.20, 23).
2. "os que são de Cristo, na sua vinda", isto é, os crentes que
estiverem dormindo (mortos) por ocasião do arrebatamento da
Igreja (Levítico 23.22).
3. As duas testem unhas na metade da Grande Tribulação
(Apocalipse 11.11,12).
152 Satanás é preso, Cristo reina

4. Os mártires da Tribulação (conforme Apocalipse 7.9-11 e


20.4), os quais não ressuscitam até que Cristo retorne no final dos
7 anos da Tribulação.
5. Quanto aos crentes do Antigo Testamento, não há menção
que os mesmos ressuscitarão para encontrarem a Cristo nos ares
(arrebatamento), uma vez que eles dormiram na esperança do
Messias que viria para reinar. Assim sendo, a ressurreição de
Israel é, ainda, predita para depois da Grande Tribulação (con­
forme Jó 19.25-27; Isaías 26.19-21; Daniel 12.1, 2, 12; Oséias 6.1,2;
João 11.23, 24; Hebreus 11.13, 35, 40).

S e q ü ê n c ia d a s R e s s u r r e iç õ e s

1. Cristo , as p r i m íc ia s .
2. O s q u e s ã o de C ris to na sua
v in d a ( A r r e b a t a m e n t o ) . O s o u tro s
3. A s d u a s t e s t e m u n h a s . m ortos
4. O s m á r t ir e s da T rib u la ç ã o . J u í z o Final
5. O s s a n t o s do A n t ig o T e s t a m e n t o . 2 a m o rte

I a R e ssu r r e iç ã o 2 a R e s s u r r e iç ã o

— 1000 anos i|

7 o M ilê n io

T od os estes estarão com Jesus no Milênio

Tod os estes serão lançados no Lago de Fogo

A s d u a s g r a n d e s r e s s u rr e iç õ e s d e t e r m in a r ã o q u e m v iverá , ou
não, e t e r n a m e n t e com Cristo.

A época da Igreja não faz parte das profecias aí mencionadas,


pois a Igreja não era percebida no Antigo Testamento. Os profe­
tas não distinguiram o período da Igreja, mas sim a vinda do
Reino. A Era da Igreja era algo oculto para eles.
Em Zacarias 14.5 e Judas 14, lemos: (...) então virá o Senhor, meu
Deus, e todos os santos contigo, ó Senhor. Esta escritura indica que os
Apocalipse, a Revelação Final 153

santos do Antigo Testamento, bem como os mártires da Grande


Tribulação, deverão ressuscitar por ocasião da volta de Cristo
em glória.
Este primeiro grupo é conhecido na Bíblia como a “ressurrei­
ção dentre os m ortos”.
A segunda ressurreição trata-se dos “outros m ortos” e refere-
se àqueles que vão ressuscitar no final do milênio para o juízo
do Grande Trono Branco (conforme João 5.28, 29). Esta é a segun­
da ressurreição. É também conhecida como a “ressurreição dos
mortos”.

V ersículos 7 e 8: E, acabando-se os mil anos, Satanás será sol­


to da sua prisão e sairá a enganar as nações que estão nos quatro
cantos da terra, Gogue e Magogue, cujo número é como a areia do
mar, para as ajuntar em batalha.
Muitos têm dificuldade em aceitar a prisão de Satanás no sen­
tido literal. No entanto, a Bíblia faz menção de “espíritos em pri­
são” (1 Pedro 3.19; 2 Pedro 2.4 e Judas 6).
Passados os mil anos, Satanás será solto. Esta será a última
"evolta contra Deus, liderada pelo príncipe das trevas, o qual
arregimentará uma multidão tão grande como a areia do mar. A
sxpressão “como areia do m ar” prova que a população da terra
será enorme no final do Milênio. A expressão “Gogue e M agogue”
í a mesma dos capítulos 38 e 39 de Ezequiel. Esta batalha, contu­
do, será bem diferente. É uma simples comparação para mostrar
jue os tais agem exatamente como os povos não tementes a Deus.
[rata-se de uma época diferente e de povos diferentes.
É curioso o fato de que aquele povo nascido e vivido em ple-
1 0 reinado de Cristo (não todos) venha a aderir a esta rebelião
:ontra Deus. Isto nos ensina que mesmo tendo o grande privilé­
gio de ter Cristo reinando aqui, o pecador pode não receber ao
senhor como o seu salvador pessoal, não nascendo de novo e
iendo, assim , sem pre um pecador carente de salvação. No
nilênio, como em todas as dispensações, o homem terá também
154 Satanás é preso. Cristo reina

a sua prova e infelizm ente vai falhar, m ostrand o assim a


profundeza da pecaminosidade do seu coração, tendo o mesmo
inclinação constante para o mal. M ostra tam bém a natureza
irreversível do antigo inimigo de Deus, Satanás.

Versículos 9 e 10: E subiram sobre a largura da terra e cerca­


ram o arraial dos santos e a cidade amada; mas desceu fogo do
céu e os devorou. E o diabo, que os enganava, foi lançado no lago
de fogo e enxofre, onde está a besta e o falso profeta; e de dia e de
noite serão atormentados para todo o sempre.
Este capítulo é a consolidação, no que diz respeito a toda e
qualquer revolta do ser humano ou de hostes espirituais do mal.
O Cordeiro de Deus, tirará definitivamente o pecado do mundo
(João 1.29) e só existirá no Universo a semente do bem.
Satanás agora é lançado no lago de fogo e enxofre para sem­
pre. De lá jam ais escapará e nunca mais se oporá aos planos divi­
nos. Nesse mesmo lugar, já se encontram o anticristo e o falso
profeta há mil anos (Apocalipse 19.20). Ali ele não reinará, mas
será atormentado eternamente. Até que enfim, chegou o final da
carreira daquele que por séculos e milênios enganava a humani­
dade e incitava os homens contra Deus.

Versículo 11: E vi um grande trono branco e o que estava as­


sentado sobre ele, de cuja presença fugiu a terra e o céu e não se
achou lugar para eles.
Com Satanás fora do cenário, é chegada a hora do julgamento
final. O “Grande Trono Branco” indica pureza, santidade e gló­
ria. O que se assenta sobre o trono é o Rei dos reis e Senhor dos
senhores. Todo o juízo foi entregue ao Filho (conforme João 5.22,
23).
O universo físico não irá subsistir diante do fogo divino. Por
esta razão, serão destruídos a terra, os planetas, o sol, a lua e
todas as galáxias e estrelas (Isaías 51.6; 2 Pedro 3.7, 10-12; Salmos
102.25, 26; Isaías 34.4 e Mateus 24.35). O universo reage diante da
Apocalipse, a Revelação Final______________________________________________________ 155

espantosa presença do Todo-Poderoso. As suas leis são altera­


das pela presença de Deus, mas João não entende tal movimento
cósmico, e então, compara-o a uma fuga constante, dizendo que
não foi achado lugar para eles. Sim, não haverá mais lugar para a
antiga criação.
É verdade que sempre haverá uma terra, mas não necessaria­
mente a mesma.
Os servos do Antigo Testamento, a Igreja e os mártires da Gran­
de Tribulação não se encontrarão aqui incluídos, pois estão ao
lado de Cristo, livres de qualquer juízo e condenação (João 3.18,
36 e Romanos 8.1).

Versículos 12 e 13: E vi os mortos, grandes e pequenos, que


estavam diante do trono, e abriram-se os livros. E abriu-se outro
livro, que é o da vida. E os mortos foram julgados pelas coisas
que estavam escritas nos livros, segundo as suas obras. E deu o
mar os mortos que nele havia; e a morte e o inferno deram os m or­
tos que neles havia; e foram julgados cada um segundo as suas
obras.
Para muitos, a expressão “grandes e pequenos” do versículo
12 tem a ver com posição e status social; no entanto, à luz do con­
texto geral das Escrituras, somos de parecer que essas duas clas­
ses de seres que ali serão julgados referem-se: (1) aos anjos caí­
dos (2 Pedro 2.4, 11 e Judas 6) ; e (2) aos homens, em sentido geral
(Salmos 8.4, 5; Hebreus 2.6, 7; 9.27 e 2 Pedro 3.7).
A presença do Livro da Vida servirá para provar que os no­
mes dos perdidos estão riscados dele. Segundo a Bíblia, cada
pessoa que nasce neste mundo tem o seu nome escrito no Livro
da Vida. Porém, à medida que a pessoa chega à idade da razão e
escolhe, conscientemente, ou afastar-se de Deus ou aproximar-
se Dele, o seu nome é riscado desse livro ou mantido nele (con­
forme Salmos 139.16; Êxodo 32.32, 33; Lucas 10.20; Apocalipse
3.5).
A expressão “abriram-se os livros” trata-se dos 66 livros da
156 Satanás é preso, Cristo reina

Bíblia, a Palavra do Senhor. Isto tem a ver com tudo aquilo que a
pessoa praticou contrário à Palavra do Senhor. O juízo é segun­
do as obras de cada um, de maneira que não haverá engano ou
equívoco.

É evidente que o grande trono branco não é o mesmo do ju l­


gamento das nações (Mateus 25.31-46), o qual já terá ocorrido
mil anos antes.
Diante do trono, acharam-se todos os mortos; os perdidos de
todas as épocas da história, inclusive os que morreram perdidos
no milênio. Os ímpios receberão algum tipo de corpo na segun­
da ressurreição para julgamento, vergonha e desprezo eternos
(conforme Daniel 12.2 e João 5.29).
Os livros são abertos e os mortos julgados de acordo com o
registro das suas obras. Até os seus pecados mais secretos virão
à tona (Romanos 2.16). Sua sentença, sem dúvida alguma, é o
lago de fogo.
Milhões e milhões estarão ali a dizer eternamente: “Ah, as ver­
dades que eu menos gostava de ouvir eram aquelas que mais
precisava conhecer”.
A perdição eterna não é uma ficção literária, uma lenda ou
uma filosofia, mas sim uma realidade. A sua descrição nas Escri­
turas é no sentido literal e não simbólico ou figurativo. Infeliz­
mente, milhares de pessoas só vão reconhecer isso quando for
tarde demais. Conta-se que Voltaire, já em seu leito de morte,
exclamava: “Daria tudo para crer que não existe o inferno!”. Que
momento terrível será para milhões de pessoas, quando os “li­
vros” forem abertos!
Como a morte e o inferno deram os mortos que tinham, torna-
se claro que todos os ímpios mortos, em todas as épocas, serão
trazidos perante o trono branco para julgamento.
O julgamento será individual, pelas ordens de acordo com o
princípio do Evangelho (Romanos 2.16); e levando-se em consi­
deração os seus motivos.
Apocalipse, a Revelação Final 157

Haverá diferença na sentença e na punição, mas não na dura­


ção da pena (Lucas 12.47, 48). O fogo que arderá no lago é por
natureza inextinguível.

Versículos 14 e 15: E a morte e o inferno foram lançados no


lago de fogo. Esta é a segunda morte. E aquele que não foi achado
escrito no Livro da Vida foi lançado no lago de fogo.
O Livro da Vida contém os nomes daqueles que colocaram a
sua fé em Cristo para a salvação. Não é de se admirar ter Jesus
mandado os seus discípulos se alegrarem porque os seus nomes
estavam escritos no Livro da Vida (Lucas 10.20). Todos os nomes
que estiverem escritos no livro serão escritos ali antes desse dia.
Nada consta de nomes sendo escritos no Livro da Vida naquele
dia.
A Bíblia é muito cuidadosa em informar-mos que o destino
final dos perdidos é horrível, indo além da imaginação. Envol­
verá angústia, choro e ranger de dentes (Mateus 22.13 e 25.30 e
Romanos 2.9). É uma fornalha de fogo (Mateus 13.42, 50), que
traz como resultado prejuízo e horror eternos (2 Tessalonicenses
1.9). É nesse sentido que a Bíblia diz que horrenda coisa é cair
nas mãos do Deus vivo (Hebreus 10.31). Esta é a maior razão
porque devemos levar as boas novas do Evangelho de Cristo até
o fim do mundo.
Os crentes no Novo Testamento tinham nítida consciência do
destino de quem vive no pecado sem se arrepender. Por essa
razão, eles pregavam com lágrimas e defendiam a Palavra infalí­
vel de Deus e o Evangelho da salvação contra as distorções e as
falsas doutrinas.
Ao dizer que a morte e o inferno também são lançados no lago
de fogo, fica bem claro que terminou o tempo em que os seres
humanos morrem. Deste momento em diante, não haverá mais a
experiência da separação da alma do corpo. Tudo isto já se cum­
priu e não se repetirá.
Em se tratando de julgamentos, é bom que se faça uma análise
158 Satanás é preso, Cristo reina

cuidadosa de 1 Coríntios 6.2, 3, onde se fala em julgam ento do


mundo e julgam ento dos anjos, os quais serão efetuados pelos
santos. O primeiro ocorrerá na época do milênio, e nada tem a
ver com o juízo do Trono Branco (Daniel 7.22; Mateus 19.28; Lucas
22.30 e Apocalipse 2.26, 27). O último ocorrerá simultaneamente
à condenação de Satanás ao lago de fogo, um pouco antes do
ju ízo final (Jó 4.18; Lucas 10.17, 18; 2 Pedro 2.4; Ju das 6 e
Apocalipse 12.4).

E aqueles que nunca ouviram o Evangelho?


As Escrituras ensinam que, pela “graça com um ”, Deus se re­
vela a todos e concede a cada um a capacidade de buscá-lo.
Há uma tríplice revelação de Deus:
1. A revelação interna da razão e da consciência, em cada indi­
víduo (Romanos 2.15 e João 1.9);
2. A revelação externa, na criação, a qual proclama o poder, a
sabedoria e a bondade de Deus (Romanos 1.19, 20 e Salmos 19.1-
4; 8.1, 3, 4, 9; 97.4-7; Hebreus 1.1);
3. A revelação especial através das Santas Escrituras, como tam­
bém na pessoa e na obra de Cristo, que confirma e completa as
outras duas revelações, exibindo a justiça, a santidade e o amor
de Deus.
Há no homem interior algo que de tal modo prende o sentido
de todas as coisas externas a ponto de resultar em um conheci­
mento instintivo de Deus. Esse conhecimento envolve deveres; e
os homens se tornam indesculpáveis quando, na possessão des­
se conhecimento, não cumprem tais deveres; ou, em outras pala­
vras, não glorificam a Deus como Deus, a quem sim reconhecem.
Em Romanos 1.21, a palavra “porquanto” mostra porque o
homem é indesculpável diante de Deus em qualquer tempo,
mesmo quem nunca tenha ouvido falar da Bíblia, nem de Cristo,
sem desculpa para não ter Deus na mais alta conta, pois todo o
universo criado revela. E, assim serão julgados, porquanto:
Apocalipse, a Revelação Final 159

1. Rejeitaram eles a revelação natural existente na mente hu­


mana.
2. Existe uma força intuitiva que conduz a Deus, mas eles re­
peliram essa força (conforme Efésios 4.18).
3. A própria natureza revela Deus, mas eles preferem adorar
ao que foi criado, e não ao Criador (conforme Romanos 1.20, 25).
Sem dúvida, o primeiro capítulo de Romanos ensina que os
homens podem ser justamente condenados ao julgam ento eter­
no até sem ouvir de Cristo e seu Evangelho, porque, moralmente
merecem tal castigo, porquanto rejeitaram a luz que Deus deu
na natureza e a conformidade com a luz recebida por cada um,
conforme também subentende o trecho de Atos 17.30.
Conforme Romanos 2.12, 15 e 16, “os que pecaram sem lei”,
referindo-se aos gentios e pagãos, Deus julgará segundo o en­
tendimento que a pessoa tem dele. Os gentios não serão conde­
nados por não obedecerem a uma lei que desconheciam. Sua con­
denação se dará por outros motivos (conforme Romanos 1.18-20
e 2.15).
A natureza moral dos pagãos, iluminada pela consciência (v.
15), funcionava tão bem para eles quanto à lei mosaica para os
judeus. Isto fica claro quando entendemos que muitos séculos
antes da lei, Deus já tinha revelado ao homem o único meio de
salvação através do sacrifício de animais (conforme Gênesis 3.21;
4.3-7 e 8.20, 21). O mesmo se pode dizer de Enos, de Abraão, de
Enoque e de Noé que viveram muitos séculos antes da lei, mas
temeram e obedeceram a Deus (Gênesis 4.26; 5,23, 24 e 12.1).
Capítulo 20

O novo céu e a nova terra


(Apocalipse 21)

érsículo 1 e 2: E vi um novo céu e uma nova terra. Porque


j á o primeiro céu e a primeira terra passaram e o m ar já
não existe. E eu, João, vi a Santa Cidade, a nova Jerusa­
lém, que de Deus descia do céu, adereçada como uma es­
posa ataviada para o seu marido.
Haverá “um novo céu e uma nova terra” (v.la). Enten­
demos aqui que a nossa terra e céu serão feitos novos. A
presente criação dará lugar a uma nova criação, onde não
existirá mais os terríveis efeitos do pecado. Será destruída
para que possa ser purgada de todo o mal (Isaías 65.17;
66.22 e 2 Pedro 3.12, 13).
A expressão “céu ” ou “céus” aqui, não se refere ao 3o.
céu ou o paraíso também conhecido como Eporânios, onde
está o trono de Deus (Salmos 148.4 e 2 Crônicas 6.18), mas
sim , ao I o. e 2o. céu s co n h ecid o s com o A u ron o s e
Mesorânios; o céu inferior, a face da expansão, a atmos­
fera (conforme Mateus 24.30 e Lucas 12.56), e o céu inter­
mediário, estelar e astronômico (Apocalipse 6.13, 14).
Pergunta-se: Qual o motivo para a destruição do pri­
meiro e segundo céus? Existem pelo menos duas razões
para que isto aconteça:
*r
162 0 novo céu e a nova ferra

1. A necessidade de uma purificação espiritual. O espaço foi


contaminado quando da queda de Lúcifer o qual tornou-se o
“príncipe das potestades do a r” (Efésios 2.2; conforme Lucas 10.18
e Apocalipse 12.4, 8 e 9).
2. A necessidade de uma purificação astronômica. As explora­
ções espaciais, as descobertas científicas e a curiosidade do ho­
mem fizeram do céu estelar uma verdadeira “lixeira” espacial.
O jornal Zero Hora, em sua edição do dia 16 de abril de 2008,
trouxe um artigo intitulado “A poluição do lixão espacial”, em
que afirma: “Um dos principais problemas ambientais no mun­
do, o lixo, não dá dor de cabeça apenas na superfície da Terra. A
Agência Espacial Européia divulgou ontem imagens impressio­
nantes do lixo espacial que orbita em volta do nosso planeta.
Conforme a agência, entre o primeiro lançamento, em 1957, e ja ­
neiro de 2008, cerca de 6 mil satélites já foram enviados para a
órbita - desses, apenas 800 continuam ativos. Além dos satélites
desativados, as imagens mostram resíduos, como fragmentos de
aeronaves espaciais que se quebraram, explodiram ou foram
abandonadas. Segundo a agência, cerca de 200 novos objetos são
lançados todos os anos. Tanto lixo pode prejudicar a ciência no
futuro. Em 2001, os pesquisadores americanos Donald Kessler e
Philip Anz-Meador afirmaram que, em 20 anos, talvez não seja
mais possível realizar missões em órbitas mais próximas da Ter­
ra. Como se não bastasse a ação devastadora do homem aqui na
Terra poluindo o meio ambiente, ele também têm poluído o pró­
prio espaço”.
A criação do novo céu e da nova terra é o ato preparatório
final que antecipa o reino eterno de Deus. Um reino no qual “ha
bita a ju stiça” (2 Pedro 3.13).
A dissolução do céu e da terra atuais ocorrerá no fim do
Milênio.
Quanto a purificação da terra, sabe-se que por causa do peca
do de Adão no Éden, Deus colocou uma maldição sobre a terra
(Gênesis 3.17 e 18). Torna-se necessário, portanto, retirar o últi­
mo vestígio dessa maldição da terra antes da manifestação do
Apocalipse, a Revelação Final 163

reino eterno (Mateus 24.35; Hebreus 1.10 a 12; Apocalipse 20.11;


2 Pedro 3.7, 10 a 13).
“O mar não mais existirá” (v. lb). Vejamos o significado deste
texto e porquê na eternidade o mar não existirá mais:
1. O mar é sím bolo de coisas ocultas e de m istérios (Salmos
104.25 e 1 Coríntios 13.12). Quantos mistérios existem neste imen­
so mundo aquático! Quantas coisas nos intrigam nessa vida, coi­
sas que gostaríamos tanto de saber, mas que estão ocultas nas
profundezas do grande mar da vida humana. No entanto, o dia
chegará em que Deus há de trazer à tona o que está oculto e há de
revelar ao seu povo todas as coisas que hoje nos são encobertas.
2. O mar é sím bolo de coisas impuras (Isaías 57.20). Assim
como o mar lança de si lama e lodo, o homem que vive longe de
Deus lança de si impurezas, contaminações e coisas semelhantes
em tantos setores da sociedade, como por exemplo, na política,
na família, no comércio e na religião, entre outros. Deus tem de­
clarado em sua Palavra que na vida futura não haverá mais lugar
para coisas ou pessoas impuras e contaminadas (Apocalipse 21.8,
27 e 22.14, 15).
3. O mar é sím bolo de separação e de lim itações (Gênesis 1.9,
10 e Provérbios 8.29). O mar separa continentes, coisas e até mes­
mo pessoas. Imaginemos o que isso representava para o velho
apóstolo João na ilha de Patmos, separado daqueles a quem
amava e desejava servir (Apocalipse 1.9). Assim sendo, o mar
tipifica morte e separação de nossos parentes e amigos, a quem
amamos. Quantas pessoas que estão sepultadas no mar! No en­
tanto, um dia terão que sair de lá (Apocalipse 20.13) Para os sal­
vos em Cristo Jesus, ao chegar o grande dia da eternidade, não
haverá mais o mar, as separações, os “adeus”, as despedidas ou
as lágrimas; e nem sequer algum tipo de limitação (Apocalipse
17.15 e Lucas 21.25).
4. O mar é sím bolo de inquietações e desordens. Ele repre­
senta as condições inquietantes da humanidade sem Deus. A cons­
ciência do homem sem Cristo é como um mar tempestuoso, agi­
164 0 novo céu e a nova ferra

tado e revolto. A paz e tranqüilidade só podem ser encontradas


em Cristo. Deus mostrou a João algo semelhante a um “mar de
vidro” ao redor do seu trono (Apocalipse 4.6 e 15.2), revelando
assim como será a paz, a calmaria e a bonança dos redimidos no
céu. Anelamos ansiosamente o dia quando as turbulências da
vida aqui terminarem e os salvos do Senhor a uma só voz pode­
rão dizer: O mar já não existe!
Nota: O versículo 2 é comentado nos versículos 9 e 10.

Versículos 3 a 7: E ouvi uma grande voz do céu, que dizia: “Eis


aqui o tabernáculo de Deus com os homens, pois com eles habi­
tará e eles serão o seu povo e o mesmo Deus estará com eles e será
o seu Deus. E Deus limpará de seus olhos toda lágrima e não ha­
verá mais morte, nem pranto, nem clamor, nem dor, porque já as
primeiras coisas são passadas. E o que estava assentado sobre o
trono disse: “Eis que faço novas todas as coisas". E disse-me:
“Escreve, porque estas palavras são verdadeiras e fiéis”. E disse-
me mais: “Está cumprido; Eu sou o Alfa e Ômega, o Princípio e o
Fim. A quem quer que tiver sede, de graça lhe darei da fonte da
água da vida. Quem vencer, herdará todas as coisas e Eu serei seu
Deus e ele será meu filho ”.
O tabernáculo (v. 3) indica a comunhão inquebrável entre Deus
e o seu povo para sempre. Graças à presença divina, ali não ha­
verá mais tristeza. Por certo, nada que possa nos entristecer será
lembrado na eternidade (Isaías 65.17).
“Não haverá mais morte” (v. 4a). Atualmente não existe lar
onde a morte não entre; porém, no lugar para onde vamos, não
mais haverá cemitérios, nem enterros e nem despedidas.
“Não haverá mais pranto, nem clamor e nem dor” (v. 4b). Nos
dias atuais, as tristezas nos perseguem como uma sombra. Os
homens entram no mundo com choro e saem com gemidos. Aqui
no mundo, as dores e sofrimentos são permitidos por causa do
pecado; no entanto, a dor, que entrou no mundo com a queda de
Adão, não se conhecerá na nova terra.
ApocaIipse, a Revelação Final 165

Certo cristão afirm ou com propriedade: “Q uando vim ao


mundo, cheguei chorando e muitos cantaram; quando eu partir
daqui, irei cantando e muitos ficarão chorando”.
Não há mais qualquer motivo para desespero ou prantos.
Tudo isto já faz parte do passado, da história da humanidade.
Tudo começa em Deus, termina em Deus e continua em Deus!
Morte, lamento e dor são características de um mundo de pe­
cado que jazia no maligno. Não fazem parte daquilo que Deus
preparou para aqueles que o amam. Destacamos a seguir alguns
detalhes dessa bendita eternidade que nos aguarda:
1. Santidade perfeita (Apocalipse 21.27 e 22.3). O exaustivo
processo da santificação “sem a qual ninguém verá a Deus” terá
chegado ao seu estágio final (Mateus 5.8 e Hebreus 12.14).
2. Vida perfeita (Apocalipse 21.4, 27). A idéia de uma vida
perfeita nos fala da ausência de qualquer imperfeição na eterni­
dade, uma vez que viveremos eternamente num estado de gló­
ria e de incorruptibilidade.
3. Governo perfeito (Apocalipse 21.3 e 22.3). Nunca mais esta­
remos sujeitos às mazelas dos governos humanos, Deus mesmo
será o Rei. Seu reino será perfeito, eterno e glorioso.
4. Serviço perfeito (Apocalipse 22.3). Não haverá inatividade
alguma naquele novo mundo. Ao Senhor serviremos em perfeita
adoração e louvor.
5. Visão perfeita (Apocalipse 22.4). Na eternidade, nossa vi­
são não será como aqui, imperfeita e limitada. Veremos toda a
glória que Deus tem preparado para seu povo em toda a sua
extensão e plenitude.
6. Identificação perfeita (Apocalipse 22.4). Lá, conheceremos
e identificaremos todas as coisas ou pessoas como elas realmen­
te são. Aqui, nosso conhecimento é parcial e limitado; lá, porém,
será perfeito em todos os sentidos (1 Coríntios 13.12). No céu,
vamos nos conhecer uns aos outros, porém, não teremos lem­
branças das coisas passadas. Não só teremos um corpo glorifica-
166 0 novo céu e a nova terra

do, como também uma mente renovada. Teremos também um


novo nome (Apocalipse 2.17). Seremos conhecidos pela nossa per­
sonalidade sem perguntar a ninguém (conforme Lucas 9.28-36).
Iremos nos reconhecer mutuamente, cada um no seu corpo glori-
ficado, não mais na dimensão na vida terrena, mas sim, na da
celestial (conforme Marcos 12.18-25; 1 João 3.2 e Apocalipse 21.5).
7. Deus será tudo em todos (1 Coríntios 15.20-28 e Efésios 2.
3.11). Isso significa a entrega do reino ao Pai, depois de Cristo ter
destruído todo domínio, autoridade e poder das pessoas e for­
ças que se opõem a Ele. Então, Deus reinará por toda a eternida­
de e com Ele o seu povo em um novo mundo onde não existirá
mais o pecado.

Versículo 8: Mas, quanto aos tímidos, os incrédulos e aos abo­


mináveis; aos homicidas, aos fornicadores, aos feiticeiros, aos
idólatras e a todos os mentirosos, a sua parte será no lago arden­
te de fogo e enxofre, o que é a segunda morte.
Temos aqui uma lista detestável de pessoas que não entrarão
na nova terra. Aquele santo lugar será purificado de todos os
enganadores e mentirosos, sejam eles de qual for à espécie. Con­
fira detalhes desta lista hedionda:
1. Os tímidos são os que não têm coragem de confessar o nome
de Jesus. São estes os que se envergonham de Cristo (Mateus
10.33; Lucas 12.9; Romanos 10.10; 2 Timóteo 2.12 e Hebreus 4.14).
2. O incrédulo é o oposto do fiel, e nesta categoria estão inclu­
ídos muitos dos que já foram crentes, porém foram vencidos pelo
pecado.
3. Os abomináveis são os que foram poluídos pelas abomina-
ções da terra e pelas coisas do paganismo (Apocalipse 17.5).
4. Os homicidas são aqueles que tiram a vida, ato este que
somente Deus tem o direito. Os tais serão julgados pela quebra
do mandamento divino que ordena não matar (Êxodo 20.13).
5. Os fornicadores são aqueles que vivem dissolutamente sem
Apocalipse, a Revelação Final_______________________________________________________ 167

nunca se arrependerem. Estes serão julgados e lançados no lago


de fogo (Hebreus 13.4). A fornicação é uma perversão ligada ao
campo da sexualidade e tem sido nociva tanto a Deus, como à
família, bem como à sociedade em geral (conforme Efésios 5.5).
E por certo, todos os que a praticam tal coisa ficarão fora do céu
por ser este um lugar de pureza, amor e inocência.
6. Os feiticeiros. No grego, esta expressão que refere-se lite­
ralmente àqueles que traficam drogas, embora as Sagradas Escri­
turas refiram-se também a todos aqueles que se envolvem com o
ocultismo, a magia negra e as adivinhações. A feitiçaria está liga­
da ao mundo pagão e se entrelaça estritamente com o mundo
das trevas. São criaturas que se tornaram escravas dos demônios
(conforme 1 Coríntios 10.20).
7. Os idólatras são tantos quantos endeusam para si não so­
mente ídolos e imagens, como também a fama, os prazeres ilíci­
tos, a profissão, o homem e até a si mesmos. Deus condena toda
e qualquer forma de idolatria (Êxodo 20.4).
8. Os m entirosos são aqueles que se desviam da verdade e
juntam-se aos enganadores, especialmente os que negam que Je­
sus é o Cristo, o Filho de Deus (1 João 2.22). Os mentirosos atuam
também em muitas outras esferas da vida humana. Quem mente
se torna um agente do diabo, que é o pai da mentira (João 8.44).
A segunda morte mencionada neste versículo, não se refere
ao extermínio do corpo, mas sim a um estado de eterna separa­
ção de Deus, bem como de um eterno sofrimento.

V ersículos 9 e 10: E veio um dos sete anjos que tinham as sete


taças cheias das últimas sete pragas e falou comigo, dizendo:
“Vem, mostrar-te-ei a esposa, a mulher do Cordeiro ”. E levou-me
em espírito a um grande e alto monte e mostrou-me a grande ci­
dade, a santa Jerusalém, que de Deus descia do céu.
Não haverá somente um novo céu e uma nova terra, como tam­
bém haverá uma nova cidade, a Nova Jerusalém. Será uma cida­
de literal, que tem fundamentos (Hebreus 11.10). Paulo a chama
168 0 novo céu e a nova terra

de “a nossa cidade” (Filipenses 3.20). Tudo sugere uma cidade


literal: ouro, ruas, dimensões e pedras. Ela desce do céu, pois é
impossível construir uma cidade santa aqui.

Versículo 11: £ tinha a glória de Deus. A sua luz era sem e­


lhante a uma pedra preciosíssima, como a pedra dejaspe e como
o cristal resplandecente.
As cidades terrenas sempre tiveram a glória dos homens, mas
a Nova Jerusalém terá a glória de Deus. Não será jam ais poluída
como as cidades terrestres, pois nela não entrará coisa alguma
que contamine (v. 27).

Versículos 12 a 14: E tinha um grande e alto muro com doze


portas e, nas portas, doze anjos, e nomes escritos sobre elas, que
são os nomes das doze tribos de Israel. Da banda do levante, ti­
nha três portas; da banda do norte, três portas; da banda do sul,
três portas; da banda do poente, três portas. E o muro da cidade
tinha doze fundamentos e neles, os nomes dos doze apóstolos do
Cordeiro.
A Nova Jerusalém é o retrato do futuro lar de Deus para o seu
povo. As doze tribos de Israel representam os fiéis do Antigo
Testamento; e os doze apóstolos representam a Igreja. Durante o
Milênio, esta santa cidade estará acima da terra e será a morada
de todos os salvos na eternidade.
Com base nessas declarações, então, pode-se afirmar que a ci­
dade será habitada por Deus, pela Igreja, pelos redimidos de Is­
rael e pelos redimidos de todas as eras.
As doze portas estão abertas em todas as direções, para todo o
povo de Deus. As portas das cidades antigas precisavam ser fe­
chadas por causa de um possível ataque, bem como as portas
das nossas casas. Porém, na cidade que nos espera, não estare­
mos mais preocupados com essas coisas.
O número 12 ocorre mais de 400 vezes na Bíblia, levando-se
em conta seus variados sentidos, e é extremamente importante.
Apocalipse, a Revelação Final 169

Em Apocalipse ocorre cerca de 20 vezes e permeia o governo


patriarcal, apostólico e nacional.

Versículos 15 a 17: E aquele que fa la v a com igo tinha uma cana


de ouro p ara m edir a cidade, as suas p ortas e o seu muro. E a
cidade estava situ ada em quadrado; e o seu com prim ento era tanto
com o a sua largura. E m ediu a cidade com a cana a té doze m il
estádios; e o seu cumprimento, largura e altura eram iguais. E
m ediu o seu muro, de cento e quarenta e quatro côv ad os, confor­
m e a m edida de hom em , que é a de um anjo.
Essas medidas são múltiplas de 12, o número do povo de Deus.
A altura, a largura e o comprimento são iguais: doze mil estádi­
os, ou seja, aproximadamente 2.240 km. Uma dimensão equiva­
lente à distância entre Jerusalém e Roma. Nosso novo lar será
perfeito, na cidade cujo artífice e construtor é o próprio Deus
(Hebreus 11.10). Este lugar foi preparado para abrigar todo o povo
de Deus por toda a eternidade. Calcula-se que, se apenas 25%
desse espaço fosse usado para habitações, acomodaria conforta­
velmente vinte bilhões de pessoas. Há, portanto, nessa cidade
maravilhosa, lugar para todo aquele que crer em Cristo.

Versículos 18 a 26: E a fábrica do seu m uro era d e ja s p e , e a


cidade, de ouro puro, sem elhan te a vidro puro. E o s fundam entos
do m uro da cidade estav am adorn ados de toda pedra preciosa. O
prim eiro fu n dam en to e r a ja s p e ; o segundo, s a fira ; o terceiro,
calcedôn ia; o quarto, esm eralda; o quinto, sardôn ica; o sexto,
sárdio; o sétim o, crisólito; o oitavo, berilo; o nono, topázio; o
décim o, crisópraso; o undécimo, ja c in to ; o duodécim o, am etista.
E as doze p orta s eram doze p érolas: cad a uma das p o rta s era uma
p érola: e a p raça da cidade, de ouro puro, com o vidro transparen­
te. E nela n ão vi tem plo, porqu e o seu tem plo é o Senhor, Deus
T odo-poderoso, e o Cordeiro. E a cidade n ão n ecessita de so l nem
de lua, p ara que nela resplandeçam , porque a g lória de Deus a
tem alu m iado e o C ordeiro é a sua lâm pada. E a s n ações an d a­
ram â sua luz e os reis da terra trarão p ara ela a sua glória e
170 O novo céu e a nova terra

honra. E as suas portas não se fecharão de dia, porque ali não


haverá noite. E a ela trarão a glória e honra das nações.
O ouro mencionado no versículo 18 é de qualidade celestial.
Será um ouro transparente, presumivelmente de uma qualidade
desconhecida na terra. Será um ouro celestial, de origem divina.
O ouro é o emblema da natureza divina (Jó 22.25).
O templo era o principal lugar da adoração. Nenhum templo
será necessário na Nova Jerusalém, porque Deus mesmo estará
presente em toda a parte. Ele será adorado em toda a cidade e
nada nos impedirá de estar com Ele. A existência do sol e da lua
será coisa do passado (v. 23).
Aqui vemos também que no reino milenar, as nações andarão
sob a luz da Nova Jerusalém e a ela trarão a sua glória (vv. 24 e
26. Conforme Isaías 60.1-3). Na era presente, a honra e a glória
que pertencem a Deus têm sido dedicadas a outras criaturas (con­
forme Isaías 42.8; 48.11 e Romanos 1.19). Porém, na cidade do
Senhor, somente Deus e o Cordeiro receberão honras e glórias.
Nos versículos 24 e 26, encontramos os termos “nações e reis
da terra”. Uma vez que este capítulo trata da eternidade e não do
reino milenial, somos de parecer que ambos os termos referem-
se ao povo de Deus, do grego laoi, e não da palavra laos, que refe­
re-se às nações em sentido geral (conforme v.3; 22.2; 1 Pedro 2.9,
10 e Tito 2.14).
Durante o reino milenar, a Nova Jerusalém estará suspensa no
espaço (Apocalipse 22.24). No entanto, quando houver “novos
céus e nova terra”, descerá para a terra e será a morada dos sal­
vos eternamente. O que aqui afirmamos é possível, pois Deus
suspende a terra sobre o nada (conforme Jó 26.7). Grande é o seu
poder!

Versículo 27: (...) E não entrará nela coisa alguma que conta­
mine e cometa abominação e mentira, mas só os que estão inscri­
tos no livro da vida do Cordeiro.
Apocalipse, a Revelação Final_______________________________________________ 171

A forma de admissão na Nova Jerusalém é ter o nome escrito


no livro da vida do Cordeiro. Confie nele hoje, para assegurar a
sua cidadania nessa nova criação.
É também digno de nota que na Nova Jerusalém celeste não
poderão sobreviver seres humanos, mas, só celestiais. As nações
convertidas durante o Milênio serão transformadas quando o céu
e a terra passarem (Apocalipse 20.11; 2 Pedro 3.10, 12, 13).
Capítulo 2 Í]

O eterno e perfeito estado


(Apocalipse 22)

j / este capítulo trata especificadamente do estado per-


¥/ feito e eterno dos redimidos do Senhor, ou seja, a eter­
nidade.
Certo cristão perguntou a um veterano missionário:
- Quando começará a eternidade?
- Oh, meu filho! - respondeu o missionário. “Supo­
nhamos que um pássaro voasse até a maior praia do pla­
neta e de lá começasse a transportar em seu bico grão por
grão toda a areia existente naquela praia para o outro lado
do mundo. Quando o pássaro tivesse acabado de trans­
portar o último grão de areia, então, estaria apenas come­
çando a eternidade”, disse o velho missionário.
A eternidade, neste sentido, só terá início para os sal­
vos. Deus é eterno no sentido pleno e absoluto do termo
(conforme Salmos 90.2, 4 e 2 Pedro 3.8).

V ersículos 1 a 5: E m ostrou-m e o rio puro da água da


vida, claro com o cristal, que p roced ia do trono de Deus e
do Cordeiro. N o m eio da sua praça, e de uma e da outra
banda do rio, estav a a árvore da vida, que produz doze
174 0 eterno e perfeito estado

frutos, dando o seu fruto de mês em mês; e as folhas da árvore são


para a saúde das nações. E ali nunca mais haverá maldição con­
tra alguém; e nela estará o trono de Deus e do Cordeiro, e os seus
servos o servirão. E verão o seu rosto e na sua testa estará o seu
nome. E ali não haverá mais noite e não necessitarão de lâmpada
nem de luz do sol, porque o Senhor Deus os alumia; e reinarão
para todo o sempre.
A descrição final do paraíso lembra o jardim do Éden. A inti­
midade de Deus com o seu povo e a abundância da sua bênção é
grandemente enfatizada aqui. O estado final restaura a comu­
nhão perfeita entre o Criador e a criatura para sempre. O jardim
agora também é uma cidade e a luz da sua glória iluminará para
sempre, não havendo mais noite.
Por fim, veremos o rosto do Senhor (v. 4) e o veremos como
Ele realmente é! Quantos santos, profetas e justos desejaram isto
sem o conseguirem (Êxodo 33.11, 18-20 e 23). No entanto, breve
chegará o dia dessa bem-aventurança (Isaías 33.17; Mateus 5.8; 1
Coríntios 13.12 e 1 João 3.2). Então, teremos todos, corpos espiri­
tuais, transformados e glorificados, livres da matéria e das limi­
tações terrenas. Viajaremos pelo espaço como relâmpagos e es­
taremos em qualquer lugar (conforme Gênesis 5.24; 1 Reis 18.12;
2 Reis 2.9-12; Atos 8.39, 40; 1 Tessalonicenses 4.17).
A certeza desta glória vindoura tem confortado os salvos em
Cristo em tempos de tentação e perseguição. O rio puro da água
da vida (v. 1) pode se tratar de um rio literalmente, simbolizan­
do o Espírito Santo e a vida; a bênção e o poder que Ele provê
(João 7.37-39 e Apocalipse 22.17). A árvore da vida (v. 2) simboli­
za a vida eterna (Gênesis 2.9 e 3.22). As suas folhas indicam a
ausência de tudo o que causa sofrimento físico e espiritual. Note
que mesmo em nosso novo corpo dependeremos do Senhor para
a vida, força e saúde.
Contudo, é importante observarmos o fator contrastante entre
o “rio puro da água da vid a” aqui mencionado e o de Ezequiel
47.1,2, 8 a 12.
Apocalipse, a Revelação Final 175

Em Ezequiel 47.1,2,8-12 Em Apocalipse 22.1,2

0 rio tem sua nascente debaixo do umbral 0 rio tem sua nascente debaixo do trono de
da casa (o templo milenar, segundo v. 1 e Deus e do Cordeiro (segundo v. 1).
Zacarias 14.4,8).

0 rio é visto no reino milenar. 0 rio é visto já na eternidade.

0 rio tem início no momento em que Jesus 0 rio tem seu início mil anos depois, quando
tocar com seus pés o monte das Oliveiras iniciar o estado perfeito e eterno.
(Zacarias 14.4).

0 rio tem o seu leito na terra. 0 rio tem o seu leito na nova terra.
.. ...... ... . :............. ..... . ............ ............. .... ,
Esse rio será dividido seguindo em dois ca­ 0 rio da água da vida correrá na Nova Je­
nais diferentes: o primeiro, em direção ao rusalém, emanando ali a vida eterna para
Mar Oriental (Mar Morto); e o segundo se­ todos os salvos, além de qualquer imagina­
guirá em direção ao Mar Ocidental (Mar ção humana (conforme 1 Coríntios 2.9).
M editerrâneo, numa extensão de 80
quilômetros, conforme Zacarias 14.8).

Este é o alvo final da história da redenção: Deus habitando no


meio do seu povo para todo o sempre. Em M ateus 5.8, está
registrado: Bem-aventurados os limpos de coração, porque eles verão a
Deus.
Ali nunca mais haverá maldição (v. 3). Durante a longa histó­
ria da humanidade e após a queda no jardim do Éden, a maldi­
ção tem acompanhado os homens. Porém, na Nova Jerusalém
ela jamais entrará.
"E os seus servos o servirão". Muitos crentes têm a ideia de
que no céu não há nada para se fazer, no entanto, haverá também
serviço na eternidade (Apocalipse 7.15). Aquele que colocou o
homem no primeiro paraíso para cultivá-lo e guardá-lo, certa­
mente não o deixará inativo e ocioso no segundo.

Versículos 6 a 9: £ disse-me: "Estas palavras são fiéis e verda­


deiras. O Senhor, o Deus dos santos profetas, enviou o seu anjo,
para mostrar aos seus servos as coisas que em breve hão de acon­
tecer. Eis que presto venho. Bem-aventurado aquele que guarda
176 0 eterno e perfeito estado

as palavras da profecia deste livro E eu, João, sou aquele que vi


e ouvi estas coisas. E, havendo-as ouvido e visto, prostrei-me aos
pés do anjo que mas mostrava para o adorar. E disse-me: “Olha,
não faças tal, porque eu sou conservo teu e de teus irmãos, os
profetas, e dos que guardam as palavras deste livro. Adora a
D eus”.

A parte visionária central do Apocalipse encerra-se com o


versículo 5. O livro conclui agora com promessa, exortação e con­
firmação, a fim de ratificar a mensagem das visões e fortalecer a
esperança na vinda do Senhor.

Há sete testemunhos confirmando a autenticidade do livro do


Apocalipse:

1. O primeiro testemunho é de Deus, através do seu anjo (vv.


6 e 7. Veja também Apocalipse 1.7; 2.25; 3.3, 11 e 22.12, 20).
2. O segundo testemunho é o depoimento pessoal de João (v.
8).
3. O terceiro é o do anjo (vv. 10 e 11).
4. O quarto é do Senhor Jesus (vv. 12 a 16).
5. O quinto é o do Espírito Santo (v. 17a).
6. O sexto é o da esposa, a Igreja (v. 17b).
7. E o sétimo é de quem ouve (v. 17c).

Os versículos 3 a 5 falam também de sete glórias dos remidos,


que são:
1. A ausência de maldição;
2. O governo divino;
3. O serviço santo;
4. O ver a face do Senhor;
5. O nome na testa;
6. A ausência da noite;
7. Um reino eterno. Com efeito, As coisas que o olho não viu, o
ouvido não ouviu e não subiram ao coração do homem são as coisas que
Deus preparou para os que o amam (1 Coríntios 2.9; conforme Roma­
nos 8.18).
Apocalipse, a Revelação Final 177

No versículo 6, temos a confirmação do próprio Deus a res­


peito de tudo o que está para acontecer na tão conturbada histó­
ria do mundo; e no versículo 7, uma promessa fiel que se repete
ao longo deste livro (Apocalipse 1.7; 2.25; 3.11 e 22.12, 20). Consi­
derando-se todos os seus aspectos, a volta de Cristo é citada cer­
ca de 1.527 vezes no Antigo Testamento e 318 vezes no Novo,
totalizando 1.845 referências.

Versículo 10: E disse-me; “N ão seles as p a la v ra s da profecia


deste livro, p orqu e p róxim o está o tem p o ”.
Vemos aqui a última declaração contrastante da Bíblia. Cerca
de 600 anos antes, o anjo falou a Daniel que fechasse e selasse a
palavra até o fim dos tempos (Daniel 12.4, 9). No entanto, aqui
ocorre o contrário. A ordem é para que não sejam seladas as pa­
lavras da profecia deste livro, pois o tempo está próximo. Ora, se
nos dias de João - cerca de mil novecentos e quatorze anos pas­
sados - o tempo estava próximo, o que diremos nós hoje? Nos
dias atuais, Deus está revelando a sua Palavra mais do que em
qualquer outro tempo, pois “já está próximo o fim de todas as
coisas” (1 Pedro 4.7). A mensagem profética deve ser proclama­
da a todos, crentes e descrentes!
Não é possível determinar datas, segundo a própria Palavra,
mas é necessário discernir as características do tempo em que
vivemos! Fazemos parte de uma geração privilegiada, uma vez
que o arrebatamento é iminente!
O Apocalipse, confirm a toda a Bíblia Sagrada, sobretudo,
anuncia explicitamente o evento mais esperado por todo crente:
A volta de Jesus! Cada palavra aqui referida e cada versículo
deste livro é a verdade absoluta de Deus para o final dos tem­
pos.

Versículo 11: Quem é injusto fa ça injustiça ain da; e quem está


sujo, suje-se ain da; e quem é ju sto , fa ça ju s tiç a ain da; e quem é
santo, seja sa n tifica d o ainda.
178 0 eterno e perfeito estodo

Já dizia Montesquieu, pensador francês: “A injustiça que se


faz a um é uma ameaça que se faz a todos”. E certo autor desco­
nhecido assim afirmou: “Esquecida a justiça, a que se reduzem
os reinos (governos), senão a grandes latrocínios?
Vemos aqui a ironia divina para com aqueles que preferem o
caminho da injustiça e do pecado, em contraste com os que an­
dam no caminho da justiça e da santidade. O mesmo contraste
pode ser visto também nos versos 14 e 15 deste capítulo. A Bíblia
diz que estes receberão “o galardão da injustiça” (2 Pedro 2.13).
Na eternidade, não haverá mais oportunidade para o indiví­
duo alterar o seu destino. O que ele for, então, será para sempre
(conforme Hebreus 9.27).

V ersículos 12 e 13: E eis que cedo venho e o meu galardão está


comigo, para dar a cada um segundo a sua obra. Eu sou o Alfa e
Ômega, o Princípio e o Fim, o Primeiro e o Derradeiro.
A recompensa prometida aos vencedores será concedida em
forma de coroas:
1. Coroa incorruptível (1 Coríntios 9.25). Trata-se da recom­
pensa que terão aqueles que se guardaram da corrupção que há
no mundo (Tiago 1.27 e 4.4; 1 João 2.15 a 17).
2. Coroa da vida (Apocalipse 2.10). É a recompensa daqueles
que sofrem por amor a Cristo (2 Timóteo 2.12 e Tiago 5.11). Veja
como a promessa é dirigida a uma igreja sofredora, a saber, a
igreja que está em Esmirna.
3. Coroa da ju stiç a (2 Timóteo 4.8). É o galardão daqueles que
confiam na justiça de Cristo para a salvação e foram assim ju stifi­
cados (Romanos 5.1, 19).
4. Coroa de glória (1 Pedro 5.2, 4 e 1 Tessalonicenses 2.19).
Esta recompensa será para os ganhadores e apascentadores de
almas (Atos 20.28; João 21.15 a 17; Salmos 142.4).
Por certo, esta promessa terá o seu fiel cumprimento por oca­
Apocalipse, a Revelação Final_____ _________________ ______ 179

sião do tribunal de Cristo. Naquele dia, as nossas obras passarão


por um teste de fogo, a fim de recebermos ou não a aprovação
divina (Romanos 14.10; 1 Coríntios 3.10, 14 e 2 Coríntios 5.10).
Certamente ali pesará muito mais a qualidade do que a quanti­
dade daquilo que fizemos para Deus. A salvação não é concedi­
da por obras, mas as recompensas o são.

Versículo 14: Bem -aventurados aqueles que lavam a suas ves-


tiduras no sangue do Cordeiro, p ara que tenham direito à árvore
da v ida e p ossam entrar na cidade p ela s portas.
Este versículo encerra a sétima e tiltima bem-aventurança do
Apocalipse. A primeira se encontra no capítulo 1.3 e é de profun­
do significando. Ela aparece na vida daqueles quem amam a Je­
sus e "lavam suas vestiduras" em seu precioso sangue. Essas
palavras e suas cognatas são usadas cerca de 50 vezes no Novo
Testamento.

Versículos 15 e 16: F icarão de fo r a os cães, os feiticeiros, os


que se prostituem , os hom icidas, os id ólatras e qualquer que am a
e com ete a mentira. Eu, Jesus, enviei o meu anjo para vos testificar
estas coisas nas igrejas. Eu sou a R aiz e a G eração de Davi, a
resplandecente Estrela da m anhã.
Na lista dos que certamente ficarão de fora da Cidade Santa
estão:
1. Todos os mentirosos;
2. Os que amam e cometem a mentira. A mentira é o pecado
final condenado na Bíblia, possivelmente porque foi uma menti­
ra que levou Adão à queda (Gênesis 3.1-5 e João 8.44). Esta é uma
séria advertência a todos os que acham que Deus tolera a menti­
ra e o engano. Martinho Lutero já dizia que todo pecado é um
tipo de mentira. Os "cães" aí mencionados referem-se a pessoas
de caráter vil (conforme Filipenses 3.2).
A parte final destes dois versículos juntos a outros, revela três
grandes verdades:
180 O eterno e perfeito estado

1. Para Israel, Cristo virá como o sol da justiça, trazendo cura


nas franjas de suas vestes (Malaquias 4.2 e Apocalipse 12.1).
2. Para o mundo, Ele virá como ladrão de noite (Mateus 24.43;
44; 1 Tessalonicenses 4-6 e 2 Pedro 3.10). Tal comparação é para
mostrar a situação de um mundo despercebido, indiferente e
adormecido por ocasião da volta de Cristo.
3. Para a Igreja, virá como a resplandecente estrela da manhã,
conforme a sua promessa no versículo 12 deste capítulo: Eis que
cedo venho e está comigo a minha recompensa, para retribuir a cada um
segundo a sua obra. Para a sua Igreja, Cristo virá como o precursor
de um novo dia. Esta é a última revelação de Cristo nas Escritu­
ras.

Versículo 17: E o Espírito e a esposa dizem: “Vem !”. E quem


ouve, diga: “Vem !”. E quem tem sede, venha; e quem quiser, tome
de graça da água da vida.
As cidades antigas eram, na maioria das vezes, todas mura­
das com uma só porta de entrada. Ao cair da tarde, a sentinela
gritava de cima do muro: “Vem! ”, e quem ouvia gritava aos mais
distantes a mesma mensagem, para que todos assim pudessem a
tempo entrar e estar abrigados durante a noite, antes que a porta
fosse fechada. Usando esta ilustração, João exemplifica a missão
da Igreja nestes últimos tempos antes que a “noite” venha (con­
forme João 9.4).
A m ensagem final do livro de A p o calip se é um apelo
evangelístico. Isto mostra a responsabilidade da Igreja em reali­
zar a obra missionária até o seu último dia aqui no mundo, uma
vez que cada crente está capacitado pelo Espírito Santo a ser uma
testemunha de Cristo (Atos 1.8).
A igreja do primeiro século teve a sua oportunidade e apro­
veitou, alcançando pelo menos 70% da população mundial. Agora
é a nossa vez.
Ouçamos o apelo do Espírito Santo nesta hora final. Pouco
tempo nos resta!
Apocalipse, a Revelação Final 181

Versículos 18 e 19: Porque Eu testifico a todo aqu ele que ouvir


as p alav ras da p rofecia deste livro que, se alguém lhes acrescen­
tar algum a coisa, Deus fa r á vir sobre ele as pragas que estão es­
critas neste livro; e se alguém tirar quaisquer p ala v ra s do livro
desta profecia, Deus tirará a sua p arte da árvore da vida e da
C idade Santa, que estã o escritas neste livro.
Esta advertência solene é dirigida contra qualquer perversão
na interpretação da profecia deste livro, feita por aqueles que
leram nele o que o Espírito Santo nunca quis ensinar (veja
Deuteronômio 4.2; 12.32 e Provérbios 30.6). Muitos pregadores
podem correr o risco de ensinarem as suas próprias ideias, como
se estas fossem a Palavra de Deus. O apóstolo Paulo ensina a
não irmos além daquilo que está escrito (1 Coríntios 4.6).

V ersículos 20 e 21: A quele que testifica estas coisas diz: "Cer­


tam ente, cedo venho". Am ém! Ora, vem, Senhor Jesus! A graça de
nosso Senhor Jesus Cristo seja com tod os vós. Amém!
Esta é a última promessa da Bíblia quanto à vinda de Cristo.
Como isto é precioso, depois de uma tão longa espera! Depois
de tanto sofrimento, de tantas provações, dificuldades e perigos,
como é bom termos conosco a fiel promessa da sua vinda! Ele
não faltará ao cumprimento daquilo que prometeu.
A Bíblia Sagrada termina com a promessa de que Cristo breve
voltará, à qual o apóstolo João responde: "Vem, Senhor Jesus".
Este deve ser também o anseio dos verdadeiros cristãos.
Algumas coisas entre tantas, são de vital importância enquan­
to esperamos a sua volta:
1. Nunca deixar de orar;
2. Aprender cada dia mais a Palavra do Senhor;
3. Contribuir sempre com a obra de Deus;
4. Não desistir de fazer missões;
5. Não perder a nossa identidade cristã;
6. Não deixar apagar a chama do Espírito;
7. Não perder a esperança da vinda de Jesus.
182 0 eterno e perfeito estado

Finalmente, no versículo 21, temos a última saudação da Bí­


blia. Em Gênesis 3.17, a terra ficou sujeita à maldição por causa
do pecado, mas aqui está falando sobre a graça.
Temos toda a razão para crermos que rapidamente aproxima-
se o dia em que Aquele que é chamado “a Palavra de D eus”
(Apocalipse 19.13) e a “resplandecente estrela da m anhã” (v. 16),
descerá do céu, a fim de levar da terra os seus fiéis para a casa do
Pai Qoão 14.1-3 e 1 Tessalonicenses 4.16-18). Depois disto, Ele
voltará em glória e triunfo para reinar para sempre como o “Rei
dos reis e Senhor dos senhores” (Apocalipse 19.16). Esta é a nos­
sa esperança e firme expectativa (2 Pedro 1.19).
Eis as últimas palavras de Lutero, o grande reformador da Igre­
ja, no século XVI: “Vós, gerações vindouras, orai e ocupai-vos
aplicadamente com a Palavra de Deus! Vivei como se Cristo ti­
vesse morrido ontem, ressuscitado hoje e estivesse voltando
am anhã”.
O dia e hora do arrebatamento aguarda somente a ordem do
Pai e o soar da trombeta. O apóstolo Pedro escreveu em sua últi­
ma epístola: Pelo que, amados, como estais aguardando estas coisas,
procurai diligentemente que por Ele sejais achados imaculados e
irrepreensíveis em paz... (2 Pedro 3.14).
Tendo em conta as coisas que já aconteceram, não nos admira­
mos das que acontecem agora e nem das que ainda hão de acon­
tecer. Preparemo-nos, pois, para o breve encontro com o Senhor
Jesus. Ele poderá vir a qualquer momento!
Amém! Vem, Senhor Jesus!
Bibliografia

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Apostilas e notas de estudos do autor.
Bíblia de Estudo Profética/ Tim Lahaye - São Paulo/SP. Editora
Hagnos, 2005.
A REVELAÇAO FINAL
imm . '*ám ..I

V , ‘
Escrito pelo apóstolo João no final do primeiro
século da era cristã, o Apocalipse é, sem dúvida, o
maior livro profético da Bíblia. Ele brilha qual farol em
meio à escuridão aos milhões que vivem sem
esperança e sem Deus no mundo. A promessa da
volta do Senhor é o tema central do livro.
Fruto de laborioso e exaustivo estudo, contendo
um a lin g u a g e m s im p le s e c o m p re e n s ív e l,
Apocalipse, a Revelação Final não só analisa
textualmente o conteúdo do último livro da Bíblia,
como também revela teológica e historicamente fatos
que comprovam a veracidade da profecia mostrando
que “já está próximo o fim de todas as coisas” . Daí,
porque entendemos ser o arrebatamento da Igreja um
evento que pode ocorrer a qualquer momento!
v Levando-se em conta as coisas que já
aconteceram, não nos surpreende as coisas que
acontecem agora e nem as coisas que ainda hão de
acontecer.

O Autor
Pastor presidente da Assembléia de Deus de
Alvorada/RS;
Mestre em Teologia;
Professor de Escatologia no Instituto Bíblico
Esperança (IBE);
Autor do Livro /As sete igrejas da Ásia.

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