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SITUAÇÃO ÉTICA UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO

Departamento de Psicologia
NO CONTEXTO Disciplina: Ética Profissional (2021)

DE ESCOLA Docente: Marina Rezende Bazon


Discentes: Lívia R. Carniel (11793872)

PARTICULAR Carolina C. Jacomini (11297430)


1. Relato
2. Contextualização
SUMÁRIO
3. Questão ética
4. Atitudes
1.1. "Considerando a faixa etária, eu acho que a principal delas
[demanda] [...] é a comunicação “escola-aluno família”. Eu
explico isso com um caso. Infelizmente - vocês sabem,
vocês devem estar discutindo bastante isso na faculdade -
do aumento dos casos de suicídio, principalmente nessa
RELATO:
faixa etária, dos jovens [...]. Na nossa cultura, inclusive, ele
SUICÍDIO E é mais naturalmente polêmico, porque a nossa cultura
CONTEXTO defende o sucesso a qualquer preço, a qualquer custo e
ilimitado - o que não corresponde à realidade da vida de
ESCOLAR ninguém. Então isso, os meninos estão introjetando,
infelizmente, e uma das... um dos efeitos colaterais é a
questão do suicídio. Bom… no colégio X [nome do colégio]
não foi diferente, também notamos aqui, um aumento da
incidência de ideações suicidas..."
1.2. "Então um dos casos, foi de uma menina que me
procurou, ela chegou aqui na escola, ela foi me
procurar, então no período da manhã, logo cedo, pela
RELATO: manhã... ela tava meio esquisita... Daí falou que, sem
a família saber, ela já tinha ingerido durante a
CASO DE madrugada uma alta quantidade de remédio... Ela
TENTATIVA tinha tomado esses remédios durante a madrugada...
então, os efeitos que esse remédio poderia dar, os
SUICÍDA
mais críticos, a gente não tinha nem mais alcance,
porque já teria dado... Mas ela tava ainda com alguns
efeitos e ela estava muito assustada com o que ela
tinha feito..."
1.3. "No meu ponto de vista eu não podia pensar
assim: “ah, tá já passou”. A minha primeira,
atitude foi falar que era importante chamar a
mãe, o pai, levar ela num pronto atendimento,
RELATO: passar por um médico... Não tinha como ficar
PERSPECTIVA DO no colégio com ela daquele jeito. A menina
estava reticente... não queria que chamasse a
PROFISSIONAL
família. Fui falar com a coordenadora e ela
também disse: mas vamos fazer alarde?! A
família vai assustar, a menina não quer, depois
os alunos ficam sabendo e você sabe que tem
uma espécie de contágio, né?"
1.4.
"Bom... então, a gente tem que lidar tanto com as demandas
da escola, com as pressões, com as questão de sigilo, com
a pressão de ver o que é urgência"

RELATO:
CONFLITO Quebra de Sigilo Manter o Sigilo
Vulnerabilidade da aluna Não contrariar a aluna
Risco de outras tentativas Não contrariar a escola
Necessidade de cuidados "Criar alarde", "Assustar
médicos a família", "Contágio"
QUESTÃO ÉTICA: QUAL O DEVER
SER E O DEVER FAZER NESSA
SITUAÇÃO?
Qual seria uma conduta adequada
baseada em uma reflexão de
valores morais?
2.1. CONTEXTUALIZAÇÃO: O SUICÍDIO E
O DEVER DO PSICÓLOGO

• Segunda principal causa de morte de • É dever do psicólogo realizar o devido


jovens entre 15 e 29 anos no mundo estudo e preparo para a realização do
(2016); trabalho com as pessoas que apresentam
sinais de risco de suicídio e/ou com pessoas
• É um problema de saúde pública; que tentaram suicídio, bem como com os
familiares e demais pessoas impactadas por
• Geralmente caso pode ser evitado em tais situações (CRP-09 002/2019).
tempo oportuno (OPAS, 2018).
2.2. CONTEXTUALIZAÇÃO: AVALIAÇÃO
DE RISCO DE SUICÍDIO

É importante que a(o) profissional recorra à literatura científica e pesquisas atualizadas que
identifiquem fatores de risco para o suicídio, observando seu caráter multifatorial e seus
fatores predisponentes e causas precipitantes. (FUKUMITSU, 2014).

• Alguns sinais de risco: mudanças bruscas de personalidade ou de hábitos, afastamento de


familiares e amigos, perda de interesse por atividades que eram apreciadas, mudança no
padrão de sono, comentários autodepreciativos, desesperança e interesse crescente sobre
morte (Botega, 2015).
2.3. CONTEXTUALIZAÇÃO: SUICÍDIO E
QUEBRA DE SIGILO

"Botega (2015) considera a crise suicida como uma condição clínica muito grave, desta forma a
segurança do paciente toma precedência sobre a confidencialidade. Assim, pondera ser
desejável a obtenção da anuência do paciente para a comunicação da situação para um
familiar ou uma pessoa que lhe seja significativa. Contudo, ressalta que, mesmo que o
paciente não concorde, o contato com um familiar ou responsável para falar sobre o
risco de suicídio é mandatório, tendo em vista o objetivo de criar uma rede de proteção da
qual participam pessoas próximas ao paciente" (CRP-09 002/2019).
3.1. PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS DO
CÓDIGO DE ÉTICA

I. O psicólogo baseará o seu trabalho no respeito e na promoção da liberdade, da dignidade, da


igualdade e da integridade do ser humano, apoiado nos valores que embasam a Declaração
Universal dos Direitos Humanos.
II. O psicólogo trabalhará visando promover a saúde e a qualidade de vida das pessoas e das
coletividades e contribuirá para a eliminação de quaisquer formas de negligência,
discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão.
3.2. DE ACORDO COM O CÓDIGO DE ÉTICA...

Art. 8º – Para realizar atendimento não eventual de criança, adolescente ou interdito, o


psicólogo deverá obter autorização de ao menos um de seus responsáveis, observadas as
determinações da legislação vigente:
[...]
§2° – O psicólogo responsabilizar-se-á pelos encaminhamentos que se fizerem
necessários para garantir a proteção integral do atendido.
3.3. QUESTÃO ÉTICA:
CONFLITO

MANTER SIGILO X QUEBRA DE SIGILO


3.4. TOMADA DE ATITUDE

QUEBRA DE SIGILO
É NECESSÁRIO QUEBRAR O
SIGILO, A ALUNA CORRE
RISCO DE VIDA!
Art. 9° – É dever do psicólogo respeitar o sigilo

4.1. profissional a fim de proteger, por meio da


confidencialidade, a intimidade das pessoas, grupos
ou organizações, a que tenha acesso no exercício
profissional.

Art. 10° - Nas situações em que se configure conflito


AÇÃO IMEDIATA: entre as exigências decorrentes do disposto Art. 9° e
as afirmações dos princípios fundamentais desse
QUEBRA DE SIGILO Código [excetuando-se os casos previstos em lei] o
psicólogo poderá decidir pela quebra de sigilo
baseando sua decisão na busca do menor prejuízo.

Parágrafo único: Em caso de quebra de sigilo


previsto no caput deste artigo, o psicologo deverá
restringir-se a prestar informações estritamente
necessárias.
4.2. Ao receber as demandas decorrentes da situação de
risco de suicídio, cabe à psicóloga quebrar o sigilo e
fazer os encaminhamentos que se fizerem necessários
à segurança e aos cuidados com a saúde dos
envolvidos, compartilhando as informações que julgar
AÇÃO IMEDIATA: importantes para contribuir com o serviço a ser prestado
COMUNICAÇÃO COM pelos outros profissionais/instituições.
A ESCOLA
Recomenda-se que a psicóloga repasse as informações
por meio de documento, no qual esteja mencionada a
responsabilidade, de quem as receber, de preservar o
sigilo, tendo em vista o caráter confidencial das
informações encaminhadas" (CRP-09 002/2019).
4.3.

AÇÃO IMEDIATA: Art. 13 – No atendimento à criança, ao


adolescente ou ao interdito, deve ser comunicado
COMUNICAÇÃO aos responsáveis o estritamente essencial para
COM A FAMÍLIA se promoverem medidas em seu benefício.
4.4.
No site do Ministério da Saúde a psicóloga poderá
ter acesso aos locais indicados para a obtenção de
ENCAMINHAMENTO ajuda na prevenção do suicídio: CAPS e Unidades
PARA A PREVENÇÃO Básicas de Saúde (Saúde da família, Postos e
Centros de Saúde); UPA 24h, SAMU-192, Pronto
DE SUICÍDIO
Socorro, Hospitais, e Centro de Valorização da Vida
(CVV)-188 (CRP-09 002/2019).
4.5.
É de responsabilidade da psicóloga a realização
da notificação compulsória das tentativas de
NOTIFICAÇÃO suicídio e automutilação para a Secretaria de
COMPULSÓRIA Saúde do município. Destaca-se que todas(os)
profissionais de Psicologia, em qualquer área de
atuação, são obrigados a realizar tal notificação.
4.6.

• Propor medidas de prevenção de MEDIDAS


suicídio a partir de campanhas de
POSTERIORES:
conscientização na escola para pais
e alunos. PREVINIR CASOS

Para uma efetiva prevenção, as respostas nacionais


necessitam de uma ampla estratégia multisetorial
(OPAS, 2018).
REFERÊNCIAS

Conselho Federal de Psicologia (2005). Código de Ética Profissional do Psicólogo.


Disponível em: https://site.cfp.org.br/wp-content/uploads/2012/07/codigo-de-etica-psicologia.pdf

Conselho Regional de Psicologia – Região 09. (2019). Nota Técnica CRP - 09 002/2019.
Disponível em: https://bit.ly/2SgnKVQ

Conselho Regional de Psicologia – Região 01. (2020). Orientação para a Atuação Profissional
frente a situações de Suicídio e Automutilação. Disponível em:
http://conselho.saude.gov.br/images/CRPDF-Orientacoes_atuacao_profissional.pdf
OBRIGADA PELA ATENÇÃO!
Questionamentos? Reflexões? Comentários?
Estamos abertas a discussão!

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