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59º BATALHÃO DE INFANTARIA MOTORIZADO

NÚCLEO DE PREPARAÇÃO DE OFICIAIS DA RESERVA


PROGRAMA DE LEITURA

ALU 25- Ryan Gomes TORRES Barbalho Costa

Lawrence da Arábia
Alessandro Visacro

Maceió – AL
2020
RESENHA RESUMO

Nome do Leitor: Ryan Gomes Torres Barbalho Costa


Título da Obra: Lawrence da Arábia
Autor: Alexandre Visacro
Editora: Contexto
Data de Publicação:1 de setembro de 2010
Número de Páginas:140

1. INFORMAÇÕES BIBLIOGRAFICAS
Biblioteca do Exército.Lawrence da Arábia, 2010 – Editora Contexto; 1ª edição (1 setembro
2010)140p. São Paulo, São Paulo.

2. DADOS SOBRE O AUTOR


AlessandoVisacro é major das forças especiais do exército Brasileiro. Tendo se
graduado Aspirante a Oficial pela AMAN em 1991, serviu no 29º Batalhão de Infantaria
Blindado e no 26º Batalhão de Infantaria Paraquedista. Ingressou nas Forças de
operações especiais em 1997 e concluiu o curso de altos estudos militares na Escola de
Comando e Estado-Maior do Exército. Serviu no 1º Batalhão de Forças Especiais, na 3ª
companhia de forças especiais e no quartel-general da Brigada de Operações Especiais.
Publicou os livros: Guerra irregular: terrorismo, guerrilha e movimentos de resistência
ao longo da história (2009) e a guerra na era da informação (2018)

3. DADOS SOBRE A OBRA

RESENHA RESUMO

Thomas Edward Lawrence, o lendário Lawrence da Arábia, ou o rei sem coroa


da Arábia e entre outros nomes por quem ficou conhecido futuramente, nasceu no dia
16 de agosto de 1888, no país de Gales, na sua juventude era apenas apelidado de
“Ned”. Nascido durante a era vitoriana, apogeu do Império e do colonialismo britânico,
em 1896 a família Lawrence se mudou para Oxford, onde seus pais se estabeleceram
com o intuito de oferecer uma educação de qualidade a seus filhos.
Aos 18 anos, Ned entrou como bolsista na universidade de Oxford, onde
exerceu sua paixão pelo estudo de História e desenvolveu sua aspiração pelo estudo da
arquitetura militar das cruzadas, o que o fez viajar por toda a França sozinho para
escrever sua tese de Oxford. Em meio aos seus estudos, se deparou com a obra Viagens
à Arábia deserta, de Charles Doughty, obra essa que semeou no jovem o fascínio pela
região árida e mítica do Oriente médio.
Assim, Lawrence, fascinado pelo oriente médio, em 1909 desembarcou no
atual Líbano e por 4 meses percorreu a pé da síria até a palestina, a fim de estudar as
fortificações deixadas pelos cruzados e a cultura da região. Diferentemente de seus
contemporâneos, Lawrence partiu em sua pesquisa sozinho e sem intérpretes, levando
apenas de seu árabe básico e sua máquina fotográfica, assim como foi referido em sua
obra:
Fiz uma viagem esplendida, quase sempre a pé e sozinho, de maneira
que, vivendo como um árabe entre os árabes, pude ficar com uma
ideia mais correta a respeito deste povo do que aqueles que viajam em
caravanas acompanhados por intérpretes.

A partir disso, já se percebe que entre os fatores que diferenciaram Lawrence como
líder e consultor militar dos xarifes árabes é a inteligência a qual foi precursor, a inteligência
Etnográfica, que irá lhe auxiliar no maior desafio de sua vida.
Posteriormente, Lawrence fez mais viagem à região do oriente médio em pesquisas
Arqueológicas, passando por Istambul, capital do Império Otomano, pela síria, mesopotâmia a
terra santa, adquirindo conhecimentos tanto sobre o terreno e cultura local, como acerca da
dinâmica política Otomana, o que teriam imenso valor tático em suas ações de guerrilha durante
a grande guerra.
Já em 1914, as tensões entre as potencias europeias acentuavam-se, e o Oriente médio
não ficou fora deste cenário. O império turco Otomano, antiga potência que controlava
o oriente médio, via-se ameaçado pelas pretensões neocolonialistas Europeias
celebradas pela tríplice-Entente (França, Inglaterra e Rússia). Em 28 de Julho de 1914,
com a morte de Franz Ferdinand e o início da Grande Guerra, e no contexto em que o
Império Otomano se encontrava de poucos aliados e inimigos poderosos, o Império em
declínio aliou-se às potências centrais.
Os Árabes, já inspirados pela causa nacionalista do fim da subjugação do povo
Árabe pelos Otomanos, neste período de instabilidade política e insatisfação com a
exclusão política dos Árabes no Governo, deram início à revolta Árabe, conflito
conhecido liderado pelo Xarife de Mecca, Hussein Ibn Ali e seus quatro filhos. Entre
eles, estava Faissal, o mais destacado entre os quatro e aquele que, através do auxílio de
Lawrence, se tornaria o mais bem sucedido líder militar da revolta Árabe.
A revolta Árabe, apesar de suas vitórias iniciais em Mecca e O porto de
Jeddah, se via enfraquecendo e incapaz de vencer a superioridade bélica e tecnológica
Otomana em conflitos de larga escala. Dessa forma, uma aliança com a Tríplice Entente
parecia cada vez menos repudiada pelo Xarife de Mecca, que, mesmo relutante diante
das intenções colonialistas, aceitou a proposta. Diante disso, além de peças de artilharia,
armamento e ouro, diversos oficiais Britânicos e Franceses foram enviados a Jeddah,
sede da revolta Árabe, a fim de dar apoio logístico aos xeiques árabes e adestramento de
tropas regulares beduínas.
Com o Front no Sul da palestina se encontrando em um impasse diante aos
avanços Britânicos e as posições defensivas Otomanas e a cidade de Medina, importante
posição de poder na região tendo como impenetrável, em 1915, o exército Britânico
realizou uma investida na mesopotâmia, atual Iraque, confiantes de que conseguiriam
uma vitória fácil, liderados pelo General Townshend. Após conquistar algumas cidades,
a ofensiva rumo a Bagdá ficou cercada na localidade de Kut El Amara. Lawrence, já
promovido a capitão, ficou incumbido de viajar até a mesopotâmia e negociar com os
turcos.
Apesar de a negociação ter sido recusada pelos Otomanos, a captura dos dez
mil homens e do general trouxe duas conclusões: A primeira, de que Lawrence ao ser
incumbido de tal missão, mostrou-se a confiança que o comando provava, o respeito e
reconhecimento que Lawrence já tinha nas fileiras de inteligência do exército. A
segunda, além de que estas perdas desnecessárias, como muitas outras, mostraram a
inadequação da guerra regular neste cenário, como foi censurado por Lawrence em um
relatório:
As condições eram ideais para um movimento árabe [...] As tribos do
Hai e do Eufrates teriam passado para o nosso lado, se tivessem
recebido qualquer promessa de apoio dos britânicos [...] Muitos
guerreiros locais teriam se juntado a nós, em número suficiente para
romper a linha de comunicações turca entre Bagdá e Kut El amara.
Lawrence, meses após o seu regresso ao Cairo, diante de seus serviços de
inteligência etnográfica, foi novamente chamado para a missão. Incluído na comitiva
chefiada por Ronald Storrs, partiram para contatar os líderes da revolução e estudar o
seu efetivo potencial militar e reinvindicações para oferecerem lealdade aos Britânicos.
Diante disso, Lawrence partiu para Jeddah onde tiveram contato com alguns
dos filhos de Hussein, dentre eles, Abdulla, Segundo filho de Hussein, a quem negociou
a possível aliança. Porém, Lawrence estava atrás de um líder militar que pudesse unir as
tribos da Arábia para lutarem em conjunto, sendo aquele que se sobressaiu entre os
demais, demonstrando as qualidades daquele que poderia ser o líder militar da revolta.
Para contatá-lo, Lawrence deixou a comitiva britânica e partiu para o deserto,
em Hamra, passando por um caminho árduo, a camelo e com apenas dois guardas
provendo sua segurança contra ataques de bandidos. Ao chegar ao acampamento de
Faissal, Lawrence o assessorou por dez dias, o apresentado aos planos de campanha
ingleses e conquistando sua confiança para guiar a revolta dos beduínos.
Dessa forma, Lawrence pôde concluir suas teorias quanto ao conflito no
Oriente médio e única alternativa à penosa guerra de atrito, que ocorria na Europa e que
estava prestes a se iniciar no Oriente, e o uso dos combatentes irregulares beduínos, que
mesmo não tendo o mesmo poder de fogo e números que os Otomanos, podiam realizar
pequenas incursões, a fim de destruir linhas telegráficas, sabotar linhas de trem e
assaltar comboios de suprimentos inimigos.
Assim, ao retornar ao Cairo, Lawrence escreveu um relatório que, através de
suas palavras incisivas, impressionou o comando britânico no Oriente médio com suas
considerações da realidade política em que a região se passava. Acrescentando ao seu
reconhecimento, o comando militar o enviou para servir como intermediário a faissal e
como assessor militar do líder revoltoso, com o propósito de garantir o retorno dos
investimentos bélicos e financeiros aos revoltosos.
Lawrence partiu para Mumbarak para encontrar o Emir Faissal, vilarejo não
muito longe de Medina, de onde partiu uma ofensiva Turca que quase capturou os
líderes revoltosos, que recuaram e receberam apoio de fogo da marinha Britânica.
Porém os próprios Otomanos possuíam deficiência logística, impedindo-os de realizar
grandes manobras a partir de Medina, fazendo com que as forças turcas recuassem e
permanecessem em cerco na grande cidade, mostrando mais uma vez a inviabilidade da
guerra regular nessas circunstancias em que esse teatro da guerra se encontrava.
Lawrence com o passar do tempo entre as fileiras da revolta árabe, para
aproximar-se dos nativos, tirando, pelo menos simbolicamente, o vão cultural entre os
oficiais auxiliares britânicos e os árabes, e também para melhorar sua própria vivência
no clima desértico diferente de Londres, abriu mão de seus uniformes caques típicos do
exército e começou a usar vestimentas características de um cheque árabe, criando
assim a imagem do Lawrence da Arábia que perduraria pela história.
Em janeiro de 1917, Lawrence já realizou sua primeira incursão ao lado dos
beduínos, liderando sua primeira incursão com não mais que o efetivo de um pelotão,
atacou um posto avançado Otomano com tiros de inquietação e se retirando, acabaram
por causar diversas baixas e capturar dois presos, sem que levassem nenhuma perda.
Após o ocorrido, as forças Beduínas se uniram e partiram para cumprir as
prescrições do governo Britânico e realizar um assalto em conjunto com tropas anfíbias
nas praias do Golfo, ideia que Lawrence se opôs, porém teve que cumprir.
A cidade portuária de Al wejh acabou por ser tomada, custando a vida de duas
dezenas de beduínos, resultado da dificuldade logística de movimentar os numerosos
beduínos, assim atrasando sua marcha em dois dias, tendo a força anfíbia atacado antes
do esperado.
A vitória de Al wejh serviu ao menos para incentivar o investimento britânico
para a revolta, tendo, dessa forma, a força de Hussein recebido novas levas de ouro,
armas, peças de artilharia e os novos veículos blindados Rolls-Royce trazendo novas
possibilidades para a mente estratégica de Lawrence da Arábia.
Por conseguinte, a cidade de Medina ainda estava intacta e suas forças ainda
sendo capazes de ser movimentadas e suplementadas pelas diversas estradas de ferro
Otomanas, surgindo assim a oportunidade de Lawrence provar o potencial das tropas
irregulares Beduínas.
Para este fim, Lawrence partiu para o deserto com uma força diversificada para
entregar o plano de ataques às estradas de ferro a Abdulla, que se localizava em Abu
markha, a 200 quilômetros de Wejh, em um caminho árduo, repleto de acidentes no
terreno que obrigava o grupamento a marchar a pé no sol escaldante e as noites frias,
marcados pela escassez de água.
No entanto, mesmo chegando perto da morte durante sua jornada, Lawrence
finalmente chegou ao acampamento rebelde, e desta provação surgiu outro ensinamento
que Lawrence já aprendera com seus estudos acadêmicos sobre as campanhas de
Aníbal. Pois, para se conquistar o respeito de uma tropa, o líder militar deve comer e
beber da mesma água de seus homens, mostrando-se facilmente perceptível o motivo de
Lawrence ter sido tão respeitado e digno da lealdade dos combatentes Árabes.
Após chegar ao seu destino, passou dez dias em repouso pelas enfermidades de
sua jornada, porém, em meio à agonia do estado em que se encontrava, Lawrence
encontrou tempo para refletir e pensar no rumo em que a revolta tomaria. Em meio a
suas reflexões, ele percebeu que as características desse conflito eram diferentes dos
conflitos tradicionais ocorridos na Europa, e que a campanha na Arábia já estava ganha,
pois tudo que precisavam era do apoio da população e a interrupção das linhas de
suprimento e comunicações, para acabar com o poder ofensivo das tropas Otomanas e
eliminá-las.
A partir disso, após se recuperar, Lawrence já iniciou seus planos, novamente
com uma fração de não mais que um pelotão de Beduínos e um canhão fornecido, partiu
para a estação de trem de Aba El Naam, guardada por centenas de soldados turcos. Essa
era uma importante estação de onde partiam suprimentos para o Front e por onde
passava a linha telegráfica inimiga.
Através do uso de dinamites nos trilhos, as forças lideradas por Lawrence
aguardaram o instante em que a locomotiva chegasse e. no momento certo, dinamitaram
os trilhos, resultando na destruição das construções na instalação, danificação da
locomotiva, linhas telegráficas cortadas, além da morte e captura dos soldados turcos
estacionados e a bordo do trem pelo assalto beduíno.
Com o sucesso da missão, Lawrence e seus homens sabotaram e destruíram
mais duas estações da região, assim como destruíram uma ponte e a instalação de minas
terrestres que acabaram por destruir um comboio inimigo. Provou-se assim, a eficiência
do combate irregular como foi dito por Lawrence:
Nosso objetivo era o de procurar o elo material mais fraco do inimigo
e atacá-lo com exclusividade, até que toda a estrutura desmoronasse.
Nossos maiores recursos, os beduínos, sobre os quais deveríamos
basear toda a guerra, não estavam acostumados a operações formais,
mas ofereciam as vantagens da mobilidade, da resistência, da
confiança, do conhecimento do terreno e da coragem. No caso deles, a
dispersão era a força. Assim, deveríamos ampliar nossa frente ao
máximo, a fim de impor aos turcos a defesa passiva mais longa
possível, já que essa era a forma de guerra mais custosa para eles em
termos materiais.
Agora, com as linhas de ressuprimento e locomoção de tropas inimigas
prejudicadas, restava capturar a cidade estratégica de Akaba, e assim sitiar por completo
a guarnição de Medina, atacando-a pelo deserto. Para isso os xeiques se separaram e
foram em direção ao norte reunir-se às tribos locais, sob o estandarte do nacionalismo
árabe e garantir o esmagamento do inimigo.
Após uma difícil marcha pelo deserto, com poços dinamitados pelo inimigo,
eles chegaram à região próxima a retaguarda de Akaba, porém precisariam conquistar a
aldeia de Aba El Lissan, que possuía uma guarnição que guardava a passagem para o
deserto.
Depois de um violento combate, os insurretos saquearam a aldeia e Lawrence
utilizou dos prisioneiros para interrogá-los e descobriu que Akaba estaria praticamente
desguarnecida quanto ao ataque, partindo assim imediatamente com suas tropas para
conquistar a cidade.
Ao chegarem a Akaba, não havia quaisquer fortificações em direção ao
deserto, tornando quase inexistente a resistência inimiga.
Após a tomada de Akaba, Lawrence regressou novamente ao Cairo para
conseguir mais suprimentos às tropas Árabes, que já estavam no limite de seus recursos.
Ao embarcar em um trem em Suez a caminho do Cairo, Lawrence defrontou-se
com a comitiva do novo comandante da Força Expedicionária do Egito, que trocou o
comando do general Murray enquanto Lawrence estava combatendo ao norte do
deserto. O novo comandante era sir Edmund Allenby. Para a fortuna de Lawrence,
Allenby serviu na África do Sul, durante a Guerra dos Bôeres, ou seja, ele possuía
experiência com insurgências e formas de guerra irregular contra forças insurgentes
nativas.
O motivo de Allenby ter recebido o posto de novo comandante das forças
expedicionárias do Egito é justamente pelas grandes baixas que o exército estava
sofrendo em grandes manobras de guerra regular para ganhos táticos pífios, como é
demonstrado na obra:
A última ofensiva do general Murray custara a vida de 5800 soldados
britânicos, porém, não trouxera nenhum ganho tático. As defesas
turcas em Gaza, embora castigadas, não foram rompidas. Os oficiais
de estado-maior, com todo seu garbo e eloquência, eram incapazes de
justificar a ausência de resultados palpáveis no campo de batalha.
Ao saber da vitória dos insurretos Árabes sobre a força Turca e a dominação do
Porto Estratégico de Akaba ao norte, naquela mesma estação, um navio de suprimentos
já foi direcionado a Akaba e Lawrence recebeu sua promoção a Major.
No gabinete do general, Lawrence discursou e apresentou seus argumentos e
fatos sobre as vitórias que obtivera atrás das linhas inimigas com suas forças irregulares
e apesar de certa hesitação, Allenby concordou em apoiar o exército de Faissal,
ajudando-os com armamentos, peças de artilharia e carros blindados.
Dessa forma, os exércitos de Mecca, como eram conhecidos, agiriam no flanco
direito Otomano e operariam atrás das linhas inimigas pelo vasto deserto Árabe
cortando linhas de comunicações, destruindo estradas de ferro e afetando a
infraestrutura do exército turco enquanto a força expedicionária Britânica avançava pelo
sul.
Com suprimentos e mais Homens chegando a Akaba, as tropas de Faissal já
tinham um novo objetivo: prejudicar ainda mais a Logística inimiga de Maã, cidade que
ligava Jerusalém e Damasco, com as forças turcas divididas em pequenas guarnições e o
alvo escolhido era uma importante estação de abastecimento de água para os trens que
passavam pela região.
Assim, partiu Lawrence, mais 200 guerreiros e peças auxiliares de
metralhadoras e morteiro comandadas por ingleses, logo os guerreiros, cobertos e
abrigados se posicionaram ao pé da estrada de ferro e ao sinal de Lawrence, a
locomotiva foi descarrilhada e os Otomanos em surpresa foram rechaçados pelas
metralhadoras.
Nessas incursões consecutivas, em apenas 4 meses 17 trens foram
descarrilhados e dessa forma, as forças Otomanas em Medina perderam por completo
seu poder de ofensa, ficando sitiados.
Mesmo com os resultados impressionantes das forças irregulares, Allenby
exigiu de Lawrence resultados mais significativos enquanto as tropas britânicas
preparavam uma grande ofensiva na Palestina.
Lawrence, assim, preparou uma incursão além das linhas inimigas para destruir
uma ponte que serviria de retirada para as tropas Otomanas, a expedição que foi
marcada de seu início ao fim por complicações devido a conflitos internos entre os
cheques árabes e a penosa condição meteorológica e relevo de seu itinerário, além disso,
a excursão acabou por falhar pela quebra de sigilo durante o cumprimento da missão,
acabando pela retirada da tropa. Por sorte, durante o regresso, Lawrence decidiu destruir
uma linha de ferro localizada na região, e ao dinamitar o trem que passava, matou um
general Turco que estava a caminho de Jerusalém com tropas em seu comboio.
Ao regressar a Akaba, Lawrence foi de encontro a Allenby, que pouco fez caso
da missão falha devido a vitória da ofensiva Britânica e tomada de Jerusalém, agora,
havia um novo objetivo para a vitória final no Oriente Médio, a tomada de amã que
sucederia damasco, capital da Síria. As forças Árabes, que agora já faziam uso constante
de viaturas em suas incursões nas estações inimigas, partiram para o norte, conquistando
as aldeias próximas de Amã, última grande cidade sobre controle Turco antes da Síria.
Enquanto aguardavam próximos objetivos na Aldeia de Tafilah, os rebeldes se
viram surpreendidos por uma força de contra-ataque Otomana de um Regimento de
infantaria. Sobre essas condições, Lawrence comandou a defesa da aldeia, usando
apenas a sua experiência militar e a teoria da guerra aprendida em Oxford, com a
realização de um ataque decisivo nos flancos dos Otomanos que se concentravam na
linha central da defesa Beduína, a batalha se deu por vencida, tendo os turcos perdido
mais de 1000 homens nesse dia. Por sua façanha, Lawrence foi promovido a tenente-
coronel.
Após a conquista de Jericó, importante cidade bíblica, Allenby agora pretendia
investir contra Amã, para isso, o exército de Faissal deveria agir na retaguarda inimiga
impossibilitando a retirada de tropas Turcas. Lawrence ao chegar a Akaba, passou o
plano a Faissal e assim partiram para o norte, um ataque convencional foi realizado
pelos Beduínos comandados por Maulud, subordinado de Faissal, porém não tiveram
nenhum êxito significativo, e ao sul as forças acompanhadas por Lawrence agiram
numa ferrovia ao sul de maã, fazendo uso de viaturas motorizada em ataques rápidos
inutilizando 130 quilômetros de estrada de ferro.
Entretanto, o ataque Britânico ao norte fracassou. Isso, unido à grande ofensiva
alemã em Flandres ao final de abriu de 1918, na Europa, fez com que grande parte das
forças Britânicas do Egito fossem relocadas na Europa, levando assim a campanha no
Oriente Médio a uma estagnação temporária.
Em setembro de 1918, com novos reforços vindos da Índia e Mesopotâmia, o
exército inglês planejou uma nova empreitada, utilizando-se das ações de inquietação
próximas a Amã. Um Batalhão seria enviado para destruir uma ferrovia em Sinai com a
intenção de fazer os Otomanos acreditarem que o ataque a Maã se repetiria enquanto as
tropas fariam uma investida a Deraa, a caminho de Damasco. Dessa forma, os Exércitos
rebeldes partiram a fim de realizar incursões os ramos Ferroviários que partiam de
Deraa, que em 16 de setembro já se encontrava isolada de reforços do Sul e do Norte
utilizando-se de Blindados, aviões biplanos ingleses e cameleiros.
No dia 20 do mesmo mês a ofensiva de Allenby se deu por iniciada,
esmagando o exército Turco, seguido pela liberação de Deraa pelos rebeldes e, por
conseguinte, a tomada de Damasco, dando-se por finalizada a campanha Aliada no
Oriente Médio.
Com o fim da guerra, os interesses econômicos e políticos das potências
Europeias vencedoras predominaram, tendo a Síria se tornado um protetorado Árabe, e
os territórios ao sul correndo o risco de se tornarem meros Estados Fantoches da
Inglaterra, como exemplo do acordo secreto Sykes-Picot de 2016 que visava à divisão
de terras do Império Otomano entre a França, Inglaterra e Rússia após o fim da guerra.
Todavia, o maior fator que colaborou para a, mesmo que parcial, liberdade do
povo Árabe foi a dívida que Lawrence sentia com o povo que lutou sob a égide da
Inglaterra e proporcionou uma vitória grandiosa na grande guerra.
Assim, Lawrence esteve presente no Comitê oriental do Gabinete Da guerra,
em Londres, onde defendeu os direitos dos povos nativos do Oriente Médio, além e
publicar artigos em jornais populares da época. Participou também da Conferência de
Paz de Paris, em 1919, como intérprete da comitiva de Faissal e, ornado na cabeça com
o Keffiyeh Árabe pelo qual ficou conhecido para chamar a atenção à causa árabe.
Porém, não foram bem-sucedidos em convencer os Franceses a desistir de dominar a
síria, em contrapartida, conseguiram com que a dinastia de Hussein, xarife de mecca,
conseguisse estabelecer países independentes contando que favorecessem
comercialmente a Inglaterra.
Por conseguinte, a obra se encerra com o fim de Lawrence, que mudou de
identidade e tentou por muitas vezes fugir de sua fama com o anonimato e procurou
uma vida pacata como soldado da força aérea real, não clamando glória de seus feitos na
grande guerra.
Lawrence, ou Thomas Edward Shaw, sua identidade falsa, morreu em 19 de
maio de 1935, derivado de um acidente de moto, deixando, assim, o seu legado, como a
utilização de nativos contra um inimigo em comum, partisans e finalmente a chamada
guerra irregular, que futuramente seria utilizada nas ações de Comandos durante
segunda grande guerra pela Inglaterra no norte da África, se utilizando de patrulhas de
baixo efetivo e realizando sabotagens no território inimigo; além de ataques anfíbios
realizados pelos Comandos Ingleses nas praias da Europa, táticas essas que foram
abertamente inspiradas na estratégia pioneira de Lawrence, o rei sem coroa da Arábia.

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