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Dossie Tecnica Cunicultura
Dossie Tecnica Cunicultura
Cunicultura
Criação de coelhos
Novembro/2011
Cunicultura
O Serviço Brasileiro de Respostas Técnicas – SBRT fornece soluções de informação tecnológica sob medida, relacionadas aos
processos produtivos das Micro e Pequenas Empresas. Ele é estruturado em rede, sendo operacionalizado por centros de
pesquisa, universidades, centros de educação profissional e tecnologias industriais, bem como associações que promovam a
interface entre a oferta e a demanda tecnológica. O SBRT é apoiado pelo Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas
Empresas – SEBRAE e pelo Ministério da Ciência Tecnologia e Inovação – MCTI e de seus institutos: Conselho Nacional de
Desenvolvimento Científico e Tecnológico – CNPq e Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia – IBICT.
Dossiê Técnico SOUZA, Gabrielle Chaiben Consentino Franco de
Cunicultura
Instituto de Tecnologia do Paraná - TECPAR
10/11/2011
Resumo A criação de coelhos é uma atividade lucrativa e de pequeno
investimento, entretanto, exige muita higiene e cuidados
específicos de manejo. O dossiê trata das raças, alimentação,
manejo, higiene, instalações do criadouro, doenças, abate e
curtimento das peles de coelhos.
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Sumário
1 INTRODUÇÃO ............................................................................................................ 4
2 RAÇAS ........................................................................................................................ 4
2.1 Raças de grande porte ........................................................................................... 4
2.2 Raças de médio porte ............................................................................................. 6
2.3 Raças de pequeno porte ........................................................................................ 8
2.4 Raças anãs .............................................................................................................. 9
3 ALIMENTAÇÃO .......................................................................................................... 10
3.1 Cecotrofia ................................................................................................................ 10
3.2 Nutrientes essenciais ............................................................................................. 11
3.2.1 Água ...................................................................................................................... 11
3.2.2 Fibras..................................................................................................................... 12
3.2.3 Proteínas ............................................................................................................... 12
3.2.4 Energia .................................................................................................................. 12
3.2.5 Vitaminas ............................................................................................................... 13
3.2.6 Minerais ................................................................................................................. 13
3.3 Alimentação dos coelhos ....................................................................................... 15
3.3.1 Ração .................................................................................................................... 16
3.3.2 Forragem ............................................................................................................... 16
4 DOENÇAS ................................................................................................................... 16
4.1 Disenteria ................................................................................................................ 17
4.2 Coriza....................................................................................................................... 17
4.3 Sarna auricular ........................................................................................................ 18
4.4 Coccidiose hepática ............................................................................................... 19
4.5 Mixomatose ............................................................................................................. 20
4.6 Vermes intestinais .................................................................................................. 20
4.7 Indigestão ................................................................................................................ 20
4.8 Parasitas externos .................................................................................................. 20
4.9 Sarna do corpo........................................................................................................ 21
4.10 Torcicolo ou pescoço torto .................................................................................. 21
4.11 Pasteurelose ......................................................................................................... 22
4.12 Toxoplasmose ....................................................................................................... 22
4.13 Conjuntivite dos coelhos novos .......................................................................... 22
4.14 Fator lanudo .......................................................................................................... 23
7 HIGIENIZAÇÃO ........................................................................................................... 29
8 REPRODUÇÃO ........................................................................................................... 30
8.1 Escolha dos reprodutores ...................................................................................... 30
8.2 Idade para reprodução ........................................................................................... 31
8.3 Ciclo de estral e cio ................................................................................................ 31
8.4 Feromônio ............................................................................................................... 31
8.5 Acasalamento ......................................................................................................... 31
8.6 Gestação e parto ..................................................................................................... 31
8.7 Lactação .................................................................................................................. 32
8.8 Transferência dos láparos ..................................................................................... 33
8.9 Desmama ................................................................................................................. 33
REFERÊNCIAS .............................................................................................................. 36
Conteúdo
1 INTRODUÇÃO
Os coelhos são muitos semelhantes e às vezes são confundidos com as lebres. Apesar de
pertencerem à mesma ordem (lagomorfa), geralmente os coelhos são menores e têm
orelhas mais curtas. As diferenças maiores aparecem nos recém-nascidos. O coelho recém-
nascido é cego, não tem pelagem e apresenta dificuldade de locomoção. Já a lebre
enxerga, tem uma pelagem bonita e consegue saltar algumas horas depois do nascimento
(RIOS et al., 2011).
Devido ao rápido crescimento dos coelhos, sua precocidade reprodutiva, sua prolificidade,
seu pequeno período de gestação e sua pouca necessidade de espaço físico, a cunicultura
é uma atividade prática e simples no manejo e nas instalações (SIMONATO, 2008).
Assim, a cunicultura é uma atividade bastante viável ao produtor que pode implantar
criações intensivas para gerar uma fonte de renda familiar ou uma pequena criação na
propriedade para consumo próprio da carne, que é de ótima qualidade. No entanto, para
que se torne uma exploração viável, a criação exige alguns cuidados que devem ser
observados pelo cunicultor, principalmente os relacionados às matrizes, aos filhotes e ao
controle sanitário (GARCIA, [200-?]; SIMONATO, 2008).
2 RAÇAS
Há um grande número de raças de coelhos que podem ser classificadas com base em três
critérios: quanto à aptidão; quanto ao objetivo e quanto ao peso na idade adulta. Esta última
é a classificação mais utilizada e é dividida em quatro categorias: coelhos de grande porte;
coelhos de médio porte; coelhos de pequeno porte e coelhos anões ou minicoelhos
(DIONIZIO; VIEIRA; PEREIRA, [200-?]).
Os coelhos adultos pertencentes a esta categoria atingem no mínimo cinco quilos, podendo
ultrapassar os dez quilos. Por apresentarem boa velocidade de crescimento, são indicados
para o abate. Porém, pelo mesmo motivo, geralmente não são considerados bons
produtores de pele, pois o crescimento rápido influencia negativamente a qualidade da pele
(DIONIZIO; VIEIRA; PEREIRA, [200-?]).
Quando comparadas a outros grupos, as fêmeas não são consideradas boas reprodutoras,
pois, devido ao seu alto peso, a reprodução ocorre mais tardiamente. São consideradas
ótimas criadeiras, porém pouco prolíferas (DIONIZIO; VIEIRA; PEREIRA, [200-?]).
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DOSSIÊ TÉCNICO
A raça Gigante de Bouscat (FIG. 1), de origem francesa, é o resultado do cruzamento das
raças Gigante de Flandres, Prateado de Champagne e Angorá. Devido ao corpo alongado, é
indicada para a produção de carne. Sua coloração é branca albina e sua pelagem macia e
sedosa. Entre sete e oito láparos nascem por parto. Seu peso varia de 5 a 8 quilos e as
suas orelhas atingem de 15 a 18 centímetros de comprimento. A diferenciação do macho e
da fêmea é feita pela papada, uma prega localizada no pescoço que só as fêmeas possuem
(COELHO & CIA, [200-?]; DIONIZIO; VIEIRA; PEREIRA, [200-?]).
A raça Gigante de Flandres (FIG. 3) tem origem belga e foi obtida através do melhoramento
genético. Constitui a raça de maior porte, podendo ultrapassar os 10 quilos. Apresenta
pelagem com diferentes colorações como: parda, negra, areia e branca. Esta raça pode ser
utilizada tanto para a produção de carne como para a produção de pele. Sua prolificidade é
de 5 a 8 láparos por parto (COELHO & CIA, [200-?]; DIONIZIO; VIEIRA; PEREIRA, [200-?]).
Os coelhos da raça gigante Borboleta francês (FIG. 4) são de origem francesa e possuem
esse nome pois seu focinho possui uma mancha negra, que faz lembrar uma borboleta com
as asas abertas. São utilizados para a produção de carne e pele. A pelagem é
predominantemente branca com manchas pretas, amarelas ou azuis e os olhos são
evidenciados por círculos negros. Possuem uma risca alongada que se estende da calda ao
pescoço. Devido às marcas, sua pele apresenta características únicas, motivo pelo qual não
é muito valorizada. São animais rústicos, precoces, com prolificidade de 5 a 8 láparos por
parto e de fácil engorda. Atingem 2 quilos com 4 meses de idade, atingindo entre 5 e 6
quilos na idade adulta (COELHO & CIA, [200-?]; DIONIZIO; VIEIRA; PEREIRA, [200-?]).
Este grupo é considerado o mais importante, pois nele estão incluídas as raças mais
precoces, rústicas, resistentes e produtoras. Por este motivo, as raças pertencentes a esse
grupo são denominadas industriais ou econômicas. Seu peso varia de 3,5 a 5 quilos
(DIONIZIO; VIEIRA; PEREIRA, [200-?]).
As raças pertencentes a esse grupo são: Angorá, Azul de Viena, Belier Francês, Belier
Inglês, Borboleta Inglês, Califórnia, Castor Rex, Chinchila, Fulvo de Borgonha, Nova
Zelândia e Prateado de Champagne (COELHO & CIA, [200-?]).
A origem da raça Angorá (FIG. 5) é controversa, tendo alguns autores que apontam o
continente asiático e outros o continente europeu. O peso médio desta raça é de 3 a 4,5
quilos. Possui pelagem macia e sedosa que pode atingir de 15 a 20 cm de comprimento. A
principal aplicação dessa raça é a produção de pelos, mas também é utilizada na produção
de carne. As fêmeas são prolíferas (entre 5 e 10 láparos por parto). Para garantir a
qualidade da lã, as jaulas devem ser secas, limpas e confortáveis. São encontrados nas
seguintes variedades: branca, negra, cinza, azul e havana (COELHO & CIA, [200-?];
DIONIZIO; VIEIRA; PEREIRA, [200-?]).
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DOSSIÊ TÉCNICO
A raça Califórnia (FIG. 10), de origem americana, é resultante do cruzamento das raças
Chinchila, Russa e Nova Zelândia. Possui pelagem média de coloração branca com marcas
escuras nas extremidades: focinho, orelhas, calda e patas. É muito utilizada para
cruzamentos com outras raças de maior porte para a obtenção de animais rústicos e
precoces. As fêmeas são bastante prolíferas (8 a 12 láparos por parto). É utilizada para a
produção de carne e pele. Os coelhos desta raça têm pouca gordura, são volumosos e
apresentam boa distribuição da massa muscular. O peso das fêmeas é de
aproximadamente 4,5 quilos e dos machos 4 quilos (COELHO & CIA, [200-?]; DIONIZIO;
VIEIRA; PEREIRA, [200-?]).
Os coelhos pertencentes à raça Castor Rex (FIG. 11) são de origem francesa e foram
obtidos por melhoramento genético. A pelagem possui coloração marrom avermelhada,
apresentando variante branca. São animais com peso que varia de 3 a 4 quilos, rústicos,
precoces e com fêmeas prolíferas (de 5 a 7 láparos por parto). Sua pele, por ser curta e
possuir aspecto aveludado e acetinado, é vendida a preços elevados. Também produz
carne de boa qualidade (COELHO & CIA, [200-?]; DIONIZIO; VIEIRA; PEREIRA, [200-?]).
A raça Chinchila (FIG. 12) é de origem alemã e seu nome é proveniente de um pequeno
roedor que vive nos Andes. É a raça que melhor se adaptou às condições brasileiras, sendo
considerada uma das melhores por sua resistência física, precocidade e prolificidade (6 a 10
láparos por parto). Devido a estas últimas características, esta raça é muito utilizada para a
produção de carne e de pele. Quando nascem, a pelagem é mais escura e com tonalidade
clara na barriga. A partir do quarto mês, a coloração começa a se modificar, tornando-se
cinza prateada. Seu peso varia entre 3 e 4,5 quilos (COELHO & CIA, [200-?]; DIONIZIO;
VIEIRA; PEREIRA, [200-?]).
Os coelhos da raça Fulvo de Borgonha (FIG. 13) têm origem francesa e possuem aptidão
para produção de carne e pele. A pelagem é de cor avermelhada com nuances mais claras
na parte inferior e ao redor dos olhos. Atingem um peso de 3,5 a 4,5 quilos. As fêmeas
geram de 6 a 10 láparos por parto (COELHO & CIA, [200-?]).
A raça Nova Zelândia (FIG. 14) tem origem americana, sendo considerada uma das raças
mais adequadas para a produção de carne e pele. Os animais são precoces, chegando a
pesar de 1,8 a 2 quilos com 8 a 10 semanas de idade. Na idade adulta, o peso máximo
atingido é de 5 quilos. Devem ser sacrificados tardiamente para que a pele esteja em
melhores condições e obtenha maiores valores na comercialização. As fêmeas são boas
criadeiras e muito prolíficas, gerando de 8 a 10 láparos por parto. A pelagem é média,
sedosa e uniforme e é encontrada nas variedades branca, vermelha e preta (COELHO &
CIA, [200-?]; DIONIZIO; VIEIRA; PEREIRA, [200-?]).
De origem francesa, a raça Prateado de Champagne (FIG. 15) possui peso variando de 4,5
a 5,5 quilos. A prolificidade é de 5 a 8 láparos por parto. Estes nascem escuros e adquirem
a coloração prateada após a primeira muda. Esta coloração é produzida devido à presença
de alguns pelos de ponta azulada e outros, em menor quantidade, de coloração escura. É
precoce, rústica e fácil de criar. Produz carne saborosa e de ótima qualidade. A pele
também é de ótima qualidade e serve para fazer muitas imitações, atingindo alto valor no
mercado (COELHO & CIA, [200-?]; DIONIZIO; VIEIRA; PEREIRA, [200-?]).
O peso médio dos coelhos pertencentes a esse grupo varia de 1,5 a 3,5 quilos. Assim, são
de pequeno tamanho, de baixo rendimento e sua criação não é muito interessante para a
produção de carne. As fêmeas são excelentes criadeiras e, por esse motivo, são utilizadas
em cruzamentos com outras raças para melhorar a habilidade materna (DIONIZIO; VIEIRA;
PEREIRA, [200-?]).
Holandês, Negro e Fogo e Polonês são as raças pertencentes a esse grupo (COELHO &
CIA, [200-?]).
A raça Negro e Fogo (FIG. 17) tem origem inglesa e possui peso médio de 2 a 3 quilos. As
fêmeas geram de 5 a 6 láparos por parto. A pelagem é de duas cores: marrom avermelhada
e negra. Também é uma raça esportiva, podendo produzir carne e pele. A carne é saborosa
e a pele atinge grande valor na comercialização devido ao seu brilho intenso (COELHO &
CIA, [200-?]; DIONIZIO; VIEIRA; PEREIRA, [200-?]).
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DOSSIÊ TÉCNICO
Há dúvida quanto à origem da raça Polonês (FIG. 18), alguns a consideram de origem
russa, outros de origem holandesa. Com exceção das raças anãs, é considerada a menor
de todas as raças, com peso entre 1 e 1,5 quilos. Sua prolificidade é de 4 a 6 láparos por
parto. Sua pelagem branca, macia e sedosa imita a pele do arminho, um pequeno animal
cuja pele tem alto valor de mercado. A carne é de ótima qualidade, mas, devido ao tamanho
da raça, é produzida em pequena quantidade. Assim, a principal desvantagem dessa raça é
seu tamanho, pois, além da carne ser de ótima qualidade, a pele é uma das mais
valorizadas entre as produzidas por coelhos (COELHO & CIA, [200-?]; DIONIZIO; VIEIRA;
PEREIRA, [200-?]).
Os coelhos anões ou minicoelhos têm peso inferior a 1,5 quilos e são criados como hobby,
pois possuem baixa produção e rendimento. Neste grupo estão as raças: Mini Angorá, Mini
Belier, Mini Rex e American Fuzzy Lop (COELHO & CIA, [200-?]; DIONIZIO; VIEIRA;
PEREIRA, [200-?]).
Os coelhos da raça Mini Angorá (FIG. 19) são originários das raças Angorá Inglês e
Francês, possuindo as mesmas características de conformação corporal e pelagem, em
tamanho reduzido. A pelagem é densa e sedosa, sendo necessária, para sua conservação,
a escovação de 2 a 3 vezes por semana. O peso médio é de 1,5 quilos e gera de 3 a 4
láparos por parto (COELHO & CIA, [200-?]).
De origem alemã, o coelho Mini Belier ou Mini Lop (FIG. 20) possui pelagem densa, macia e
uniforme e peso ideal de 1,5 a 1,6 quilos quando adulto. A prolificidade é dependente do
melhoramento genético, pois, muitas vezes, ocorre a redução no número de filhotes devido
à redução no tamanho dos coelhos (COELHO & CIA, [200-?]).
A raça Mini Rex (FIG. 21) é originária da França. Sua pelagem é densa, sedosa, aveludada,
brilhante e com características felpudas. Seu peso varia de 1,7 a 2 quilos e sua prolificidade
é baixa (COELHO & CIA, [200-?]).
Originária dos Estados Unidos, a raça American Fuzzy Lop (FIG. 22) é resultante do
cruzamento de dois Holland Lops que possuíam o gene recessivo para a formação da lã tipo
felpuda ou, em inglês, fuzzy. Possui orelhas caídas, largas e longas. O corpo é coberto por
uma pelagem que pode ser de diferentes cores, fina e sedosa que necessita ser escovada
três vezes por semana. O peso máximo desta raça é 1,8 quilos e a prolificidade é baixa (4 a
5 láparos) (COELHO & CIA, [200-?]).
3 ALIMENTAÇÃO
3.1 Cecotrofia
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DOSSIÊ TÉCNICO
A alimentação dos coelhos independe da sua destinação (carne, pele, pelos, crias ou
reprodutores) e deve ser fornecida de acordo com a idade e peso dos animais. Deve ser
bem equilibrada, ou seja, deve possuir determinada quantidade de proteínas, hidratos de
carbono, gorduras, sais minerais e vitaminas, dentro de determinadas proporções para que
o animal consiga sustentar o seu peso e manter sua produção (AZEVEDO, 2008).
Assim, os coelhos que não são submetidos à produção intensiva necessitam apenas da
ração de conservação, enquanto que os de engorda, fêmeas em gestação, fêmeas em
lactação, reprodutores e produtores de pelo necessitam de uma ração de produção
(AZEVEDO, 2008).
3.2.1 Água
A necessidade diária de água para um coelho é de 125 ml/kg de peso corporal. Quando ele
está doente, tende a consumir maior quantidade. Fêmeas em lactação consomem mais
água do que as fêmeas não lactantes, pois este líquido constitui o principal componente do
leite. Se houver restrição da quantidade, a produção de leite pode diminuir ou até mesmo
parar. Além disso, as matrizes, após o parto, podem praticar o canibalismo, ingerindo suas
crias para suprir a falta de água. Em gestantes, a falta de água pode ocasionar aborto (RIOS
et al., 2011).
3.2.2 Fibras
Apesar de o coelho aproveitar a fibra bruta dos alimentos em menores quantidades que os
equinos e ruminantes, este componente é indispensável na sua dieta em quantidades
relativamente altas. A fibra bruta ajuda no funcionamento do aparelho digestivo, pois facilita
a progressão dos alimentos no tubo digestivo (TVARDOVSKAS; SATURNINO, 2007 apud
RODRIGUES, 2007).
Em altas quantidades, as fibras também são prejudiciais, pois reduzem a digestibilidade dos
demais nutrientes, piorando assim a conversão alimentar, o desempenho dos animais e a
eficiência da ração (RIOS et al., 2011).
3.2.3 Proteínas
As exigências proteicas variam conforme o animal, seu estado de saúde, sua idade e o
objetivo de sua criação. Na dieta de um coelho adulto, as proteínas devem representar de
10 a 12%. Os coelhos em crescimento, as fêmeas em gestação ou com crias necessitam de
maior quantidade. O leite da fêmea contém 15% de proteína, o que satisfaz as
necessidades dos filhotes ao nascerem (AZEVEDO, 2008).
Como a proteína é um fator importante na dieta, além de sua quantidade ser controlada,
deve-se verificar sua procedência e sua qualidade (AZEVEDO, 2008; TVARDOVSKAS;
SATURNINO, 2007 apud RODRIGUES, 2007).
O farelo de soja é a principal fonte de proteína usada nas rações para coelhos, embora
também se utilizem farelo de algodão e girassol (RIOS et al., 2011).
3.2.4 Energia
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DOSSIÊ TÉCNICO
3.2.5 Vitaminas
A principal função da vitamina D é regular a absorção de cálcio pelo organismo. Assim, sua
falta pode causar o raquitismo. Essa vitamina é produzida pela ação do sol (luz ultravioleta)
sobre a pele do animal. Por esse motivo, é quase improvável ocorrer deficiência nos
animais, a não ser que sejam criados em ambientes fechados, onde não ocorra a
penetração da luz solar (RIOS et al., 2011).
3.2.6 Minerais
Os minerais sódio, cloro e potássio estão envolvidos nos equilíbrios ácido-básico e orgânico
de água. O coelho necessita sempre ingerir sódio, pois ele não consegue retê-lo no
organismo. Assim, é necessário adicionar esse mineral na ração na proporção de 0,5. A
inclusão de sal na ração satisfaz simultaneamente as exigências de sódio e cloro. Não é
necessário adicionar potássio, pois ele é encontrado em grandes quantidades nos alimentos
que compõem as rações para coelhos (RIOS et al., 2011).
A exigência é pequena, entre 0,03 e 0,04% na ração. Dessa forma, não é necessário
adicioná-los, pois os alimentos utilizados como componentes das rações são ricos em
magnésio e fornecem níveis maiores do que os necessários (RIOS et al., 2011).
Quando nascem, os coelhos possuem grande reserva deste mineral e, por isso, não são
suscetíveis de anemia durante o aleitamento. Pelo fato do fígado conseguir armazená-lo e
os alimentos normalmente conterem ferro, não é necessário fornecê-lo na ração (RIOS et
al., 2011).
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DOSSIÊ TÉCNICO
A inclusão de cobre na dieta por meio da adição de sulfato de cobre na concentração de 125
a 250 mg/kg de ração, em alguns casos, reduz a incidência de diarreias, melhora o ganho
de peso e a conversão alimentar (RIOS et al., 2011).
O cobalto é necessário para a síntese da vitamina B12 que acontece no intestino grosso dos
coelhos pela ação microbiana. A flora microbiana desses animais é bastante ativa,
produzindo quantidades satisfatórias de vitamina B12 mesmo que a quantidade de cobalto
proveniente dos alimentos seja pequena. Dessa forma, não é necessário adicioná-lo na
ração (RIOS et al., 2011).
A alimentação nas criações caseiras não oferece os mesmos problemas que nas criações
industriais, comerciais ou em grande escala. Nas criações caseiras, parte da ração
granulada pode ser substituída por forrageiras, leguminosas, hortaliças, gramíneas, grãos,
cítricos, ervas aromáticas e subprodutos da alimentação humana. As hortaliças não devem
conter produtos tóxicos e devem ser pré-murchadas para evitar a fermentação que causa
distúrbios intestinais (AZEVEDO, 2008; TVARDOVSKAS; SATURNINO, 2007 apud
RODRIGUES, 2007).
Os animais das criações destinadas à comercialização são selecionados para alta produção
e para que deles seja obtida maior produtividade, eles precisam receber uma alimentação
adequada. A dieta desses animais deve ser composta de ração balanceada, ou seja, uma
ração com todos os nutrientes necessários para o bom desenvolvimento do animal. Os
reprodutores e as matrizes podem receber forragens à vontade e ração de forma controlada
dependendo do seu estágio fisiológico (AZEVEDO, 2008; RIOS et al., 2011; FUNDATER,
[200-?] apud RODRIGUES, 2007).
A quantidade de ração que um coelho deve receber varia de acordo com a sua idade e a
sua categoria, conforme descrito no Quadro 1.
Categoria g/dia
Reprodutores 120-150
Matrizes em crescimento 120-150
Matrizes em gestação 200-220
Matrizes em lactação com 7 láparos 400-500
Próximos ao desmame 700-800
Láparos do desmame ao abate 60-120
Quadro 1 – Necessidades diárias de ração por categoria
Fonte: Adaptado de (FUNDATER, [200-?] apud RODRIGUES, 2007)
Nas grandes criações, a distribuição das rações deve ser feita em horários determinados e
de uma a duas vezes por dia para facilitar a digestão e para evitar indigestões e outras
perturbações intestinais (AZEVEDO, 2008).
3.3.1 Ração
A ração peletizada é mais adequada, pois é constituída de pequenos grãos obtidos através
da prensagem do material em equipamento apropriado. Durante seu processamento,
ocorrem benefícios de natureza sanitária devido à ação de alta pressão e temperatura que
destrói possíveis micro-organismos nocivos que estão presentes nas matérias-primas
utilizadas na fabricação. Além desses benefícios, durante o processamento ocorre a
gelatinização do amido e da proteína, que melhora a digestibilidade da ração (RIOS et al.,
2011; RODRIGUES, 2007).
A quantidade de pó na ração não deve ser maior que 3%, pois o pó da ração farelada pode
provocar problemas respiratórios nos coelhos, como rinites e pneumonias. Além disso, pode
induzir os animais a rejeitarem a ração (RIOS et al., 2011; RODRIGUES, 2007).
3.3.2 Forragem
Diversas forrageiras podem ser utilizadas, destacando-se: rami, soja perene, guandu, alfafa,
gramíneas, restos culturais como palha de feijão e arroz, e pequenas porções de verdura
(RIOS et al., 2011).
As forragens podem ser fornecidas de duas formas: natural ou de feno. Caso a escolha seja
pela forma natural, deve-se ter o cuidado de fornecê-la com baixo teor de umidade para
evitar diarreias e timpanismo (dificuldade na eliminação de gases) e garantir a ingestão de
maior quantidade de matéria seca (RIOS et al., 2011).
4 DOENÇAS
Quando for verificado qualquer sinal de doença em um coelho da criação, este deve ser
isolado e mantido afastado dos outros animais. Essa medida é importante porque, caso seja
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DOSSIÊ TÉCNICO
uma doença infecto-contagiosa, outros coelhos não serão contaminados. A gaiola e todos
os acessórios com os quais o coelho doente teve contato devem ser desinfetados, incluindo
as fezes e demais detritos que devem ser queimados ou enterrados com um pouco de óxido
de cálcio (AZEVEDO, 2008).
Caso o criador não consiga identificar a doença, deverá chamar um médico veterinário. É
importante também observar a criação para verificar se outros coelhos também não foram
infectados (AZEVEDO, 2008).
O aspecto físico também muda, os pelos ficam mais ásperos, foscos, sem brilho e
arrepiados; a pele fica enrugada apresentando tumores, ferimentos, inchaços, placas,
calombos e crostas; a boca apresenta inflamações ou abcessos; a orelha apresenta maior
quantidade de cerume. Além disso, o apetite diminui e eles acabam ficando mais magros
(AZEVEDO, 2008).
Os animais doentes apresentam também corrimento anormal com pus, catarro e sangue;
diarreia; febre (temperatura acima de 39ºC); aumento no número de movimentos
respiratórios e aumento na pulsação (AZEVEDO, 2008).
As doenças mais comuns são: disenteria, coriza, sarna auricular, coccideose hepática,
mixomatose, vermes intestinais, indigestão, parasitos externos, toxoplasmose, conjuntivite
dos coelhos novos, pasteurelose e torcicolo ou pescoço torto. Há também o fator lanudo,
que não é considerado uma doença, mas sim uma anomalia genética (AZEVEDO, 2008;
VIEIRA, 2009).
4.1 Disenteria
A disenteria é mais frequente nos coelhos na época do desmame. Pode ser ocasionada por
diversas causas, principalmente pelo consumo de alimentos fermentados ou sujos e pelo
excesso de forragem verde na alimentação. Também pode ser causada por intoxicações
alimentares, parasitas intestinais, alojamentos úmidos e calor intenso (ANIMAL PLANET
[200-?]; AZEVEDO, 2008).
Este é um sintoma comum em diversas doenças. Ela pode ser mais ou menos grave
dependendo das causas que a provocaram. A disenteria é detectada nas inspeções diárias
da coelheira pelo criador. Os animais doentes apresentam a pelagem em volta do ânus suja,
ventre inchado, perda de apetite, olhos embaçados; pelos arrepiados e consomem grande
quantidade de água (ANIMAL PLANET, [200-?]).
Os animais doentes devem receber uma dieta rica em elementos nutritivos. Folhas de
bananeira e de goiabeira também ajudam na recuperação da disenteria alimentar (ANIMAL
PLANET, [200-?]).
4.2 Coriza
Se a doença não for tratada, o corrimento nasal ficará mais espesso. Caso esta secreção
entre em contato com a ração, é formada uma massa consistente que, ao secar, pode
entupir completamente as fossas nasais e ocasionar a morte do animal por asfixia. A coriza
é mais comum durante o inverno (ANIMAL PLANET, [200-?]).
Quando a coriza é tratada a tempo, ela não apresenta nenhuma gravidade. Dessa forma, o
primeiro passo consiste na eliminação das causas determinantes da doença e o isolamento
dos animais doentes em lugares secos, limpos e fechados. A alimentação dos coelhos
doentes deverá ser rica em grãos, sais minerais, e vitaminas A e D. Em alguns casos, é
necessária a administração de antibióticos (ANIMAL PLANET, [200-?]; AZEVEDO, 2008).
A sarna auricular (FIG. 24) é comumente encontrada nos coelhários. O contágio é rápido, o
que facilita a sua propagação entre todos os animais em um curto período de tempo. É
ocasionada por dois parasitas, Psoroptes communis e Chorioptes cuniculis, que ficam
alojados dentro do ouvido do coelho, podendo ocasionar sua morte caso não seja tratada a
tempo (ANIMAL PLANET, [200-?]).
O primeiro sintoma é uma forte irritação no interior de um dos ouvidos do coelho. Depois,
ocorre a inflamação, seguida da formação de uma secreção espessa que, em poucos dias,
torna-se serosa e amarelada. Se a doença não for tratada, ocorre a formação de crostas
que se aderem à parte interna da orelha e causam o total fechamento do ouvido. Em
seguida, sangue e pus também são encontrados (ANIMAL PLANET, [200-?]; AZEVEDO,
2008).
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DOSSIÊ TÉCNICO
Os coelhos infectados ficam fracos, emagrecem rapidamente, inclinam a cabeça para o lado
doente e tentam coçar a orelha atacada com as patas (ANIMAL PLANET, [200-?]).
Como a doença é muito contagiosa, medidas profiláticas e de higiene devem ser tomadas
para impedir sua propagação. Assim, os criadores devem manter a coelheira limpa, não
devem permitir a entrada de animais doentes na criação e os coelhos devem ser
examinados periodicamente (ANIMAL PLANET, [200-?]).
Quando um animal doente for identificado, ele deve ser isolado imediatamente e a gaiola por
ele ocupada deve ser desinfetada (ANIMAL PLANET, [200-?]).
O tratamento da doença consiste na retirada das crostas do ouvido com uma pinça,
previamente pincelada em querosene para facilitar o amolecimento da camada. Em seguida,
aplica-se um sarnicida, de preferência em spray, que deverá ser novamente aplicado após
15 dias, até a cura completa do animal (ANIMAL PLANET, [200-?]).
A coccidiose hepática é muito frequente nas criações de coelhos e causa muito prejuízo aos
criadores devido à grande mortalidade que gera. É causada por protozoários, cujos ovos
são expelidos junto com as fezes dos animais contaminados. Todos os coelhos podem ser
atacados por esta doença, porém ela ataca preferencialmente os coelhos de 2 a 4 meses,
na qual a mortalidade é maior (ANIMAL PLANET, [200-?]; AZEVEDO, 2008).
Os coelhos adultos atingidos por esta doença são bem resistentes, o que os torna, muitas
vezes, portadores da coccidiose. Nesta condição, eles não apresentam os sintomas e
tornam-se os propagadores da doença pela eliminação do protozoário pelas fezes. Assim, a
propagação da doença ocorre por meio dos alimentos, água, coelheira e até pelo tratador.
Porém, a coccidiose só será transmitida se houver a modificação do protozoário. Estas
modificações são facilitadas pelo calor e pela umidade e tem início no momento em que os
micróbios são expelidos pelo coelho e continuam até o momento da sua ingestão por um
coelho sadio. Essas modificações demoram aproximadamente três dias. Durante esse
período, caso um coelho sadio ingira o micróbio, ele não será infectado (ANIMAL PLANET,
[200-?]).
A morte do animal pode ocorrer em dias ou de dois a três meses. A doença deve ser
diagnosticada por meio de exames laboratoriais, devendo o criador levar o animal doente ou
morto a um laboratório especializado (ANIMAL PLANET, [200-?]).
Os animais doentes devem ser isolados e os mortos devem ser queimados. Além disso, o
estrume dos animais doentes não deve ser usado em hortas ou plantações que se destinem
à alimentação dos coelhos (ANIMAL PLANET, [200-?]).
O tratamento curativo é feito a base de remédios sulfas. Porém, este só deve ser
administrado quando houver certeza do aparecimento da doença e com bastante cautela,
pois, em geral, causa perturbações no organismo do coelho. Os reprodutores que recebem
este medicamento ficam, durante alguns meses, frios e indiferentes, não sendo possível
4.5 Mixomatose
A mixomatose é uma das doenças mais graves, ocasionando grande mortalidade na criação
e propagando-se rapidamente entre os animais sadios. O sintoma inicial dessa enfermidade
é o corrimento nasal que vai aumentando, podendo dificultar a respiração do animal. Em
seguida, os olhos ficam congestionados e inflamados apresentando grande secreção
purulenta. Na base da orelha, nariz e lábios aparecem pequenos tumores que se estendem
por toda a cabeça, que incha. Esses tumores espalham-se pelo corpo todo, sendo
encontrados em maior número no ânus e nos órgãos genitais (ANIMAL PLANET, [200-?];
AZEVEDO, 2008).
Quando os tumores estão abertos, um líquido mucoso de cor rosa escorre. O animal doente
apresenta febre, emagrece e geralmente morre entre 4 e 8 dias após o aparecimento dos
primeiros sintomas. A transmissão da doença é feita por mosquitos e pulgas, sendo muito
contagiosa (ANIMAL PLANET, [200-?]).
Os animais devem ser vacinados preventivamente. Os mais doentes devem ser sacrificados
e os cadáveres devem ser queimados. As gaiolas devem ser desinfetadas pelo fogo,
utilizado o lança-chamas e uma desinfecção geral do local da criação também deve ser feita
(ANIMAL PLANET, [200-?]; AZEVEDO, 2008).
Os animais doentes devem receber uma dieta nutritiva contendo, além da ração normal,
uma colher de sopa de aveia para cada coelho e de 1 a 2% de sais minerais e vitaminas
(ANIMAL PLANET, [200-?]).
4.7 Indigestão
A indigestão é causada pela voracidade dos coelhos quando o criador não controla a
quantidade de ração distribuída, ocasionando o endurecimento do estômago e o inchaço do
ventre. O animal doente pode vomitar, torna-se inquieto e perde o apetite. A doença também
ocorre quando o animal consome grandes quantidades de verduras que fermentam e
originam gases ou no consumo de plantas tóxicas que provocam o envenenamento
(ANIMAL PLANET, [200-?]; AZEVEDO, 2008).
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DOSSIÊ TÉCNICO
A sarna do corpo é uma doença contagiosa que se diferencia da sarna auricular por atacar o
corpo do coelho. Caracteriza-se pelo aparecimento de crostas na cabeça, principalmente na
boca, olhos e nariz, podendo aparecer também nas patas e órgãos genitais (ANIMAL
PLANET, [200-?]; AZEVEDO, 2008).
Quando a sarna ataca a boca do animal, os lábios incham e o coelho não consegue comer
devido à dor e à dificuldade que sente ao mastigar. Dessa forma, ele emagrece e
enfraquece até morrer. Se as crostas forem localizadas ao redor do nariz ocorre inflamação
no local, o que dificulta a respiração (ANIMAL PLANET, [200-?]).
Se o coelho apresentar todos esses sintomas, a cura é muito difícil e, quando ocorre, o
animal já está muito fraco, sendo mais indicado o seu sacrifício. Entretanto, no início da
doença, o tratamento é fácil. Assim, o criador deve observar o aspecto do focinho do coelho
que, geralmente, é limpo e brilhante. Caso observe que ele está coberto por um pó branco
deverá examinar o animal e suas patas para verificar se também não há o mesmo pó branco
entre as unhas. As patas também apresentam este pó porque o coelho doente coça o local,
infectando as unhas (ANIMAL PLANET, [200-?]).
As partes afetadas devem ser esfregadas com querosene para provocar a queda das
crostas para então iniciar a aplicação diária do remédio. Geralmente, dez aplicações são
suficientes para a cura do animal. As coelheiras devem ser desinfetadas com lança-chamas.
Caso esse procedimento não seja possível, o ambiente deve ser desinfetado com uma
pintura de cal e soda em partes iguais (ANIMAL PLANET, [200-?]; AZEVEDO, 2008).
Os coelhos podem aparecer de um dia para o outro com a cabeça completamente virada
(FIG. 25). Se os coelhos nestas condições não estiverem contaminados pela sarna
auricular, essa torção é causada pela deficiência de vitamina B na ração (ANIMAL PLANET,
[200-?]).
A cabeça do coelho doente fica para um lado, o animal anda com bastante dificuldade e gira
frequentemente sobre um mesmo lado (ANIMAL PLANET, [200-?]).
4.11 Pasteurelose
Os sintomas iniciais são: febre, tristeza, falta de apetite e pelo eriçado. Os animais doentes
ficam em um canto da coelheira como se estivessem dormindo. Podem apresentar olhos
congestionados e respiração anormal. Depois, o coelho apresenta diarreia (geralmente
sanguinolenta) e convulsões com paralisia (ANIMAL PLANET, [200-?]).
A doença possui também a forma pulmonar cujos sintomas são: febre, espirros, falta de
apetite e respiração acelerada e dolorosa devido ao líquido sanguinolento que sai das
fossas nasais do animal (ANIMAL PLANET, [200-?]).
A doença aparece em locais onde não há higiene e limpeza e os coelhos estão mal
alojados, convivendo com outros animais. O contágio ocorre geralmente pela introdução de
coelhos doentes na criação (ANIMAL PLANET, [200-?]; AZEVEDO, 2008).
Assim que for constatada a presença de um animal doente, este deve ser isolado e suas
fossas nasais devem ser lavadas com água morna e bicarbonato para a retirada do muco
nasal. Depois, aplica-se azeite ou vaselina mentolada para descongestionar a mucosa e
facilitar a respiração. O animal doente morre em aproximadamente três dias. O corpo deve
ser queimado e as gaiolas desinfetadas com lança-chamas (ANIMAL PLANET, [200-?]).
Para casos mais graves não há tratamento eficaz. O único combate eficaz é a vacinação
dos animais que deve ser realizada anualmente (AZEVEDO, 2008).
4.12 Toxoplasmose
Os coelhos doentes devem ser isolados e ter sua alimentação rica em elementos nutritivos,
a base de alfafa e aveia (ANIMAL PLANET, [200-?]).
A conjuntivite dos coelhos novos acontece em coelhários onde não há uma boa higiene. Ela
ocorre devido ao forte cheiro de amoníaco que se desprende da urina e de excrementos,
atacando os olhos, especialmente dos coelhos novos (ANIMAL PLANET, [200-?];
AZEVEDO, 2008).
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DOSSIÊ TÉCNICO
O fator lanudo é genético hereditário e, por isso, seu aparecimento não está relacionado à
alimentação, estado de saúde dos reprodutores, instalações, época do ano, manejo, etc.
(VIEIRA, 2009a).
Como esta alteração genética é recessiva, no acasalamento entre coelhos com pelagem
normal e coelhos com fator lanudo, todos os filhotes apresentarão pelagem normal, mas,
serão portadores do fator. Se os coelhos resultantes forem cruzados, 25% dos
descendentes terão a pelagem alterada, 50% terão a pelagem normal e possuirão o fator
lanudo e 25% terão a pelagem normal e não possuirão o fator (VIEIRA, 2009a).
Assim, para evitar a propagação desta característica genética, o criador deverá identificar os
animais que não a possuam, e utilizá-los para reprodução (VIEIRA, 2009a).
5 SISTEMAS DE CRIAÇÃO
O sistema extensivo é praticado por criadores que exercem a atividade por passatempo e
para seu o próprio consumo, não tendo por finalidade a comercialização. Neste sistema, os
animais são criados soltos e praticamente inexiste o controle genético e sanitário. A
alimentação é a base de forragem, grãos de cereais e restos de legumes (PRODUÇÃO...,
2010).
6 INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS
6.1 Instalações
6.1.1 Localização
A cunicultura pode ser montada em qualquer lugar, mas as condições de conforto para o
coelho devem ser asseguradas. Para a escolha do local de implantação, alguns aspectos
devem ser observados (FERRE, 1996; FERRE; ROSSEL, 2000 apud CARVALHO, 2009):
• A distância entre os pavilhões da mesma exploração deve permitir uma boa ventilação e
dificultar a propagação de doenças.
Após a escolha do terreno, define-se a orientação dos pavilhões. Atualmente este fator
perdeu um pouco a importância devido à utilização de pavilhões fechados, entretanto, a
orientação adequada poderá contribuir para a redução de custos energéticos (CARVALHO,
2009).
Um bom isolamento térmico é importante para a climatização das instalações, pois impede a
fuga de calor para o exterior e a sua entrada quando a temperatura do lado externo é maior.
A aplicação de um bom isolante térmico torna possível que as temperaturas no interior do
pavilhão fiquem próximas à temperatura ótima para os coelhos e que as variações térmicas
sejam lentas e progressivas (CARVALHO, 2009).
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DOSSIÊ TÉCNICO
O ganho e a perda de calor ocorrem por condução por meio das paredes, teto e piso. Assim,
é importante a utilização de materiais adequados para a construção dos pavilhões
(CARVALHO, 2009).
O isolamento no pavilhão pode ser feito de diversas formas e diversos materiais podem ser
utilizados. Uma das alternativas para o isolamento é a construção de paredes duplas em
alvenaria e isoladas com poliestireno ou poliuretano (CARVALHO, 2009).
Independente da escolha, o isolante deve ser de fácil colocação, seguro, lavável, leve,
inócuo para as pessoas e animais, ter longa duração, não absorver água, não ser inflamável
e ter preço acessível (CARVALHO, 2009).
O teto é a parte mais importante, pois 60% da troca de frio e de calor é produzida por meio
dele. De 10 a 25% das trocas são produzidas pela parede, 5% pelo chão e de 10 a 25%
pela ventilação (LEBAS, 1991 apud CARVALHO, 2009).
6.1.3 Ventilação
• Sistemas de arrefecimento
Uma das estratégias para proteger os pavilhões da intensidade excessiva dos raios solares
durante o verão, sem comprometer o aquecimento solar durante o inverno, é a colocação de
árvores em volta da construção. Porém, em regiões quentes, essa medida não é suficiente
para que a temperatura fique controlada durante o verão, sendo necessária a instalação de
sistemas de arrefecimento (CARVALHO, 2009).
Uma das alternativas é aspergir água nos telhados dos pavilhões, o que reduz a
temperatura em 3 ou 4ºC. Porém, este procedimento demanda uma grande quantidade de
água. A instalação de microaspersores apresenta o mesmo problema. A alternativa é utilizar
nebulizadores que dispersam minúsculas partículas de água que são distribuídas por todo o
pavilhão quando a ventilação é adequada. O problema é que esse sistema pode aumentar o
risco da ocorrência de patologias respiratórias (CARVALHO, 2009).
O sistema mais eficiente é o que utiliza painéis que são colocados nas entradas de ar do
pavilhão. Nesse caso, o ar atravessa a estrutura porosa e é umedecido devido à presença
de uma corrente de água e, assim, a temperatura do ar que entra é reduzida. A eficácia
desse sistema depende da umidade relativa do ar (CARVALHO, 2009).
• Sistemas de aquecimento
Quando a temperatura do pavilhão está baixa, é comum que o criador reduza a ventilação
para minimizar as perdas de calor, o que ocasiona o acúmulo de gases. Assim, é mais
vantajoso tanto para o bem-estar dos animais como para a produção que a proteção contra
o frio seja realizada por meio de sistemas de aquecimento e não pela redução da ventilação
(BLANES; TORRES, 2006 apud CARVALHO, 2009).
6.1.5 Fossa
Para reduzir a emissão de amoníaco proveniente dos dejetos, aconselha-se a sua remoção
diária ou após a venda dos animais ou de seus subprodutos, o que requer fossas de menor
altura (CARVALHO, 2009).
A remoção dos dejetos pode ser feita de forma manual ou mecânica. A água também pode
ser utilizada, eliminando os dejetos acumulados nas fossas pelo seu direcionamento para
uma fossa exterior. É um método de fácil aplicabilidade e com custo pequeno, porém
necessita de grandes quantidades de água, aumentando o volume de estrume a armazenar
e alterando a umidade do ambiente (CARVALHO, 2009).
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DOSSIÊ TÉCNICO
6.2 Equipamentos
6.2.1 Gaiolas
As gaiolas têm a função de proteger e abrigar os animais. Além disso, facilitam o manejo, o
controle sanitário e a alimentação racional (RIOS et al., 2011).
O controle sanitário é favorecido, pois os animais doentes são mantidos isolados. Assim,
eles não têm contato com os demais coelhos e não disseminam a enfermidade. A
alimentação também é favorecida, pois os animais recebem a ração em quantidades
diferenciadas, de acordo com o seu estado fisiológico: recria, reposição, gestante, lactante,
cria e reprodutor (RIOS et al., 2011).
Diversos materiais são utilizados na construção de gaiolas: bambu, madeira, tela em arame
galvanizado, entre outros. O arame galvanizado é o material mais indicado por apresentar
maior durabilidade, ser de fácil limpeza, não absorver dejetos e se manter sempre seco
(RIOS et al., 2011).
O espaçamento do arame no piso da gaiola deve ser grande o suficiente para permitir a
queda dos dejetos, mas também pequeno o suficiente para que não provoque lesões nas
patas dos animais (CARVALHO, 2009).
As gaiolas podem ser em um só plano ou sobrepostas, para que o espaço vertical do galpão
seja aproveitado. A disposição das jaulas em um só plano não permite a acomodação de
grande quantidade de animais, porém, é mais fácil manipulá-los e vigiá-los. Além disso, os
sistemas de ventilação e iluminação são mais eficazes e a remoção dos dejetos é mais fácil,
o que proporciona melhor qualidade de vida para os coelhos (CARVALHO, 2009).
A estrutura interna dos galpões que acomodam as gaiolas deve ser dividida da seguinte
maneira: 70 cm de largura para corredores longitudinais e 1 m para corredores transversais
a cada 30 gaiolas, com saída para o exterior para facilitar a circulação e a operacionalidade
da criação (RIOS et al., 2010).
6.2.2 Ninhos
O ninho é o local onde deve ocorrer o parto e a coelha deixa os filhotes. Além disso, o ninho
é indispensável para a sobrevivência dos láparos, pois propicia a eles um ambiente
adequado até que completem de 15 a 20 dias de idade. A partir dessa idade, eles adquirem
a pelagem infantil; a audição e a visão; desenvolvem seu sistema imunológico e
termorregulador; desenvolvem a habilidade de locomoção e são capazes de induzir a matriz
à amamentação (CARVALHO, 2009; RIOS et al., 2010).
Assim como as gaiolas, os ninhos podem ser confeccionados de diversos materiais. Entre
eles, a chapa galvanizada destaca-se por apresentar vantagens: maior durabilidade; mais
higiênica; leve e com pouca necessidade de manutenção. O plástico também pode ser
utilizado por ser duradouro e de fácil limpeza e desinfecção (CARVALHO, 2009; RIOS et al.,
2010).
Os ninhos devem ser amplos o suficiente para permitir melhor comodidade para a coelha
durante o parto e a lactação, apresentando as dimensões: 40 X 25 X 25 cm. Eles podem ser
instalados dentro ou fora da gaiola (CARVALHO, 2009).
6.2.3 Comedouros
Os comedouros devem ser construídos com materiais de fácil limpeza e desinfecção e seu
fundo deve ser perfurado para que seja possível a eliminação de restos alimentícios
farináceos. Para facilitar a distribuição dos alimentos, eles devem ser exteriores à jaula. Sua
base deve trazer o alimento para frente, de forma que fique acessível e ao mesmo tempo
impeça a entrada do coelho. Os comedouros devem conter um rebordo antidesperdício para
impedir que o animal derrame o alimento e possuir bom acabamento para não causar lesões
nos animais (CARVALHO, 2009).
6.2.4 Bebedouros
Os coelhos, por meio dos bebedouros, devem receber água em quantidade suficiente e de
boa qualidade, pois ela é necessária para o bom funcionamento dos processos digestivo,
reprodutivo e de manutenção, e controle da temperatura corporal. A água deve ser fresca e
livre de contaminantes, como poeira, pó de ração, urina, fezes, pelos e algas verdes (RIOS
et al., 2011).
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DOSSIÊ TÉCNICO
Tanto a tubulação como os depósitos deverão ser opacos para evitar o desenvolvimento de
algas microscópicas que poderão ocasionar distúrbios intestinais nos coelhos. Além disso,
todo o sistema de abastecimento deve ser limpo e desinfetado periodicamente
(CARVALHO, 2009).
À medida que os coelhos crescem e seu peso aumenta, eles podem apresentar feridas
graves nas patas se o piso da gaiola não for adequado. Trocar a gaiola é economicamente
inviável. Assim, para resolver o problema, coloca-se, sobre o chão da gaiola, retângulos de
plástico denominados repousa patas. Sua dimensão e estrutura variam conforme a marca
utilizada. Em média, possuem 38,5 X 26 cm (CARVALHO, 2009).
Estudos comprovam que o uso de repousa patas não afeta a fecundação, a fertilidade e o
nível de mortalidade das fêmeas, porém melhora o estado sanitário geral da criação. As
coelhas que possuem este equipamento na gaiola vivem mais tempo e, por isso, têm uma
produção acumulada superior (RUIZ et al., 2001 apud CARVALHO, 2009).
O problema de utilizar o repousa patas é que sua presença dificulta o processo de limpeza
das gaiolas. Mesmo assim, fazendo-se um balanço entre o seu custo, o aumento do esforço
de limpeza, o melhoramento do estado sanitário e o aumento da produtividade, observa-se
que é uma solução rentável e possível de ser aplicada em explorações já existentes
(CARVALHO, 2009).
6.2.6 Tatuador
7 HIGIENIZAÇÃO
A lavagem das gaiolas só deve ser realizada após a remoção dos dejetos, dos pelos e dos
restos de alimentos presentes nos comedouros. Este procedimento pode ser efetuado com
o auxílio de uma lavadora de alta pressão que, opcionalmente, poderá trabalhar com água
quente. A escolha do equipamento é muito importante, pois, apesar de um equipamento de
menor qualidade ter o menor custo, ele exigirá mais tempo do trabalhador para a lavagem,
aumentando o custo de mão-de-obra (CARVALHO, 2009).
O destino dos cadáveres é uma tarefa diária que também faz parte do processo de limpeza.
Eles devem ser armazenados em locais específicos ou congelados até a sua eliminação
(CARVALHO, 2009).
A lavagem dos ninhos é feita de diferentes maneiras em cada exploração, mas também
pode ser feita utilizando as lavadoras de alta pressão (CARVALHO, 2009).
Após o término da limpeza, a próxima etapa é a desinfecção, realizada por meio de agentes
desinfetantes de natureza física (fogo, vapor de água, etc.) ou química (formol, iodo,
creolina, etc.) (CARVALHO, 2009).
Quando o pavilhão está vazio, o processo de desinfecção pode ser realizado de forma mais
profunda. Alguns desinfetantes, como as pastilhas de formol, permitem uma desinfecção
completa, o que inclui as gaiolas, o edifício e os equipamentos. Para que o processo seja
eficaz, as instalações devem estar bem isoladas. Além disso, como alguns dos produtos
químicos utilizados são nocivos, eles devem ser aplicados por pessoas com equipamento de
proteção (CARVALHO, 2009).
8 REPRODUÇÃO
• Devem ser puros, pertencerem a uma raça aperfeiçoada ou ainda de tipos especiais
para uma determinada produção;
• Devem ser sadios, com pelos brilhantes, em bom estado de nutrição e musculosos;
• Devem ser provenientes de ninhadas numerosas, ou seja, com número de láparos maior
que sete.
Os machos devem ser fortes, vigorosos, de constituição robusta, ágeis, impetuosos, não
muito gordos, mas musculosos e com tórax bem desenvolvido. Não devem apresentar
nenhum defeito externo (RIOS et al., 2011).
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DOSSIÊ TÉCNICO
As fêmeas devem ter boa conformação, linhas finas e terço posterior mais desenvolvido e
serem robustas, compridas, mansas, calmas, fecundas, boas criadoras e muito prolíferas
(RIOS et al., 2011).
Para que haja reprodução entre os coelhos, é necessário que eles alcancem a maturidade
sexual, que ocorre quando o animal atinge 80% do peso adulto (RIOS et al., 2011).
Nas raças gigantes, as fêmeas atingem a maturidade sexual aos nove meses de idade e os
machos aos dez meses. Nas raças médias, as fêmeas atingem a idade de reprodução aos
cinco meses e os machos aos seis meses (RIOS et al., 2011).
Depois da fase da puberdade, o aparelho genital feminino passa por uma série de
alterações, o que caracteriza o ciclo de estral (RIOS et al., 2011).
No período do cio, ocorre a exaltação dos instintos sexuais a alterações psíquicas e físicas.
Essa fase dura de dois a três dias, porém isso não significa que as fêmeas não estarão
férteis nos outros dias (RIOS et al., 2011).
8.4 Feromônio
Os machos têm o costume de esfregar o queixo em objetos para impregnar seu cheiro.
Dessa forma, quando a fêmea é levada para a gaiola do macho para reprodução, o cheiro
característico delimita o território, fornecendo mais segurança à cobertura (RIOS et al.,
2011).
8.5 Acasalamento
O acasalamento também pode ser chamado de cobertura, cobrição, salto, monta, cópula ou
coito e seu objetivo principal é a fecundação da fêmea para a continuidade da produção
(RIOS et al., 2011).
Para o acasalamento natural, a fêmea deverá ser levada para a gaiola do macho, pois
quando ele está fora de sua gaiola fica assustado e não realiza a cobertura. Além disso,
quando a fêmea está na gaiola do macho, devido ao cheiro do feromônio, ela fica excitada,
o que facilita o acasalamento. Após o acasalamento, a fêmea deve ser imediatamente
levada para a sua gaiola (RIOS et al., 2011).
No acasalamento em série, várias fêmeas são colocadas na gaiola do macho por um dia.
Essa forma de acasalamento apresenta as seguintes vantagens: possibilita a transferência
de láparos de uma fêmea para outra; facilita a formação de lotes maiores e mais uniformes e
facilita a separação por sexos, marcação e registro. Apesar das vantagens, o acasalamento
em série não permite um acompanhamento dos índices zootécnicos, por isso não deve ser
utilizado em criações comerciais (RIOS et al., 2011).
Durante a gestação, a anatomia das fêmeas é alterada. O útero aumenta de volume e sua
forma, localização e consistência são modificadas. Esse aumento é responsável pelas
fêmeas tornarem-se mais lentas e defenderem-se dos machos que tentam o acasalamento.
As mamas também aumentam de volume e elas procuram locais mais escuros e
sossegados (RIOS et al., 2011).
Outras modificações também ocorrem durante a gestação: digestão mais ativa (motivo pelo
qual as gestantes têm mais apetite e engordam com facilidade); temperatura elevada;
aumento da secreção urinária e láctea; e respiração mais acelerada (RIOS et al., 2011).
A alimentação das gestantes deve ser composta de alimentos nutritivos, proteicos e ricos
em diversas vitaminas. Associadas a uma ração balanceada, as forragens verdes
contribuirão para uma alimentação mais completa (RIOS et al., 2011).
Após o desenvolvimento do feto dentro do útero, ocorre o parto. Neste momento, mudanças
hormonais acontecem. A progesterona, responsável pela inibição das contrações uterinas
desaparece e a ocitocina, responsável pela aceleração das contrações é liberada (RIOS et
al., 2011).
Durante o parto, deve-se evitar a presença de outros animais que podem irritá-las. Além
disso, quando o parto ocorre com barulho e falta de água, pode ocorrer o canibalismo ou o
abando da cria (RIOS et al., 2011).
8.7 Lactação
Como o coelho é um animal mamífero, ele alimenta-se somente de leite materno até certa
idade. A precocidade e o desenvolvimento dos láparos são dependentes da qualidade e da
quantidade de leite (RIOS et al., 2011).
Para que a coelha alimente os láparos logo após o nascimento, a produção de leite e sua
secreção pelas glândulas mamárias entram em atividade com o parto. Esta produção
aumenta até a terceira semana após o parto, quando começa a decrescer (RIOS et al.,
2011).
O leite produzido pelas coelhas tem alto teor de nutrientes, contendo 13% de proteína, 9%
de gordura e 2,2% de minerais. O colostro, leite produzido nos dois ou três primeiros dias, é
mais rico que o leite normal em gordura e lactose (RIOS et al., 2011).
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DOSSIÊ TÉCNICO
Os láparos mamam apenas uma vez ao dia. A partir dos 30 dias eles já ingerem alimentos
sólidos e a produção de leite das coelhas diminui muito. Assim, nesse período deve ser
realizada a desmama (RIOS et al., 2011).
No dia seguinte ao parto, verificar as condições do ninho e, caso necessário, deve ser feita
uma limpeza para que os láparos mortos, raquíticos, deficientes e excedentes sejam
retirados. É aconselhável que essa operação seja feita na ausência das fêmeas para não
assustá-las e evitar que elas abandonem o ninho (RIOS et al., 2011).
Antes da retirada dos láparos do ninho, é necessária a exclusão de qualquer cheiro forte das
mãos. Para isso, ervas aromáticas (como capim limão e erva cidreira) devem ser esfregadas
nas mãos do operador e no ninho para que nenhum cheiro estranho permaneça, fazendo
com que as coelhas abandonem os filhotes (RIOS et al., 2011).
Para manter o controle sobre a transferência dos coelhos, os láparos devem ser transferidos
para uma fêmea que possua láparos de cor diferente (RIOS et al., 2011).
8.9 Desmama
A desmama pode ser normal ou precoce. A desmama normal ocorre quando os láparos
atingem 30 dias de idade e é indicada para criações que desejam obter reprodutores, pois
nessa idade os láparos já estão bem desenvolvidos e são alimentados como adultos (RIOS
et al., 2011).
A desmama precoce ocorre quando os láparos estão com idade de 15 (no sistema de
criação intensivo) até 28 dias (no sistema de criação semi-intensivo) e ocasiona problemas
metabólicos e digestivos, sendo a diarreia comum e frequente. Os láparos que são
desmamados precocemente devem receber uma alimentação forte e completa, composta de
ração balanceada e leite em pó (RIOS et al., 2011).
9 APROVEITAMENTO DO COELHO
9.1 Carne
Após o jejum, os coelhos são abatidos por degola com o rompimento da jugular, ocorrendo a
sangria. Este procedimento promove a morte do animal e mantém a qualidade, a maciez,
sabor, conservação da carne e preservação do cérebro pra uso em biotecnologia
(SIMONATO, 2008).
A carne de coelho tem sabor peculiar, sendo considerada magra e mais saudável que a
carne de outras espécies devido ao alto teor de proteínas, cálcio, fósforo e menor teor de
gordura e sódio. Além disso, apresenta baixo teor de colesterol, constituindo uma alternativa
para as pessoas que buscam uma dieta mais saudável (LEBAS et al., 1996 apud
SIMONATO, 2008; VIEIRA, 2008).
Devido ao seu sabor e valor nutricional, a carne de coelho é altamente consumida por toda a
Europa, principalmente na França e Espanha, os dois dos maiores produtores do mundo.
Nos Estados Unidos, o maior produtor, o consumo também é elevado (VIEIRA, 2008).
No Brasil, o consumo ainda é baixo devido ao tamanho reduzido da produção. Além disso, a
falta de organização do setor impede a difusão do hábito de consumo e a divulgação da
qualidade da carne (VIEIRA, 2008).
Para determinar o rendimento líquido da carne, soma-se o peso do couro, cabeça, patas,
sangue e vísceras e diminui o resultado do peso vivo dos coelhos. Em média, o rendimento
da carne de coelho é 60%, sendo maior do que de outros animais como boi e carneiro. O
rendimento depende de uma série de fatores como raça, sexo, estado de gordura ou
magreza, idade, precocidade, alimentação, entre outros (VIEIRA, 2009b).
A raça dos coelhos tem grande influência na produção de carne. Apesar das raças gigantes
produzirem carne em maior quantidade, o rendimento líquido é menor e a qualidade da
carne é inferior quando comparada com a carne proveniente das raças pequenas e médias
(VIEIRA, 2009b).
Em relação à idade, quanto mais velho for o coelho, maior é o rendimento em carne.
Quando o coelho está com 2 anos de idade o rendimento é maior, porém a qualidade da
carne diminui (VIEIRA, 2009b).
As raças precoces produzem maior quantidade carne em um tempo menor devido à alta
taxa de conversão alimentar (VIEIRA, 2009b).
9.2 Pele
A pele dos coelhos é muito apreciada devido à sua beleza e boa qualidade, sendo utilizada
para confecção de agasalhos, casacos, colchas, etc. As peles maiores, de boa qualidade e
comercializadas em grandes lotes são as mais valorizadas e para obtê-las é necessária a
criação de raças puras e selecionadas (EMPRESA DE ASSISTÊNCIA TÉCNICA E
EXTENSÃO RURAL, 2006).
A pelagem dos coelhos destinados ao abate para a produção de peles deve apresentar bom
estado. Além disso, os animais que estiverem em processo de muda não devem ser
abatidos, pois os pelos soltam da pele durante o curtimento (VIEIRA et al., [200-?]).
www.respostatecnica.org.br 34
DOSSIÊ TÉCNICO
No processo de extração de pele, o coelho é suspendido pelas patas, de cabeça para baixo.
Então, a cabeça é cortada. Com uma faca, é feito um corte na pele, circundando as pernas
traseiras entre o pé e a perna. A partir do corte inicial, pela parte interna das patas, o corte é
prolongado até a região anal. Então, a pele é descolada com os dedos, saindo inteira. Antes
da retirada total da pele, é necessário fazer um corte circular nas patas dianteiras para que a
pele seja totalmente desprendida. Assim, ela sai fechada, em forma de luva ou bolsa
(VIEIRA et al., [200-?]).
Após a esfola, é conveniente que todos os restos de carne e gordura sejam removidos da
pele para aumentar o período de estocagem. Além disso, se as peles estiverem muito sujas,
elas devem ser lavadas com água e sabão, desde que sejam bem enxaguadas. O objetivo
desse procedimento é impedir a aderência de sangue nos pelos para que a pele não perca o
valor (VIEIRA et al., [200-?]).
9.2.1 Conservação
Caso não haja equipamentos disponíveis, a peles devem ser colocadas para secar, o mais
rápido possível. Essa secagem pode ser feita de duas maneiras: com a pele fechada ou
aberta. Para a secagem com a pele fechada, ela deve ser estendida em um esticador,
preferencialmente de madeira. Para a secagem com a pele aberta, ela deve ser esticada e
pregada em uma tábua, o que dispende maior tempo e custo. Além disso, nunca a pele fica
bem esticada e as pontas ficam viradas e encolhidas, causando a queda de pelos nesses
locais (VIEIRA et al., [200-?]).
A secagem do material deve ser feita à sombra e em locais bem ventilados. Dependendo da
temperatura ambiente, pode demorar de 5 a 15 dias. Esse tipo de pele pode ser
comercializado na categoria de pele seca (VIEIRA et al., [200-?]).
Caso as peles não sejam vendidas ou processadas logo depois da secagem, elas devem
ser guardadas em locais frescos e secos e em caixas bem fechadas para evitar a entrada de
insetos. Se necessário, podem ser usados produtos repelentes, como a naftalina (VIEIRA et
al., [200-?]).
9.2.2 Curtimento
O processo de curtimento inicia-se com a reação de uma película existente na parte interna
da pele. Então, a pele deve ser colocada em uma solução, denominada píquel, composta de
água, ácido fórmico e cloreto de sódio por 12 horas. A quantidade de cloreto de sódio deve
ser de 6 graus baumé e o pH deve ser mantido em 3 (JACINTO, 2010).
Após o período de 12 horas, o curtente deve ser adicionado. Se o objetivo for a obtenção de
couro branco, utiliza-se como curtente o sulfato de alumínio. Para a obtenção de couro
azulado, utiliza-se o sulfato de cromo. A quantidade a ser adicionada é de aproximadamente
6% do peso da pele, que deve permanecer nessa solução por mais 12 horas. Então,
adiciona-se bicarbonato de sódio, diluído em água na proporção 1:10. O pH deve ficar em
torno de 4. No dia seguinte, a pele deve ser bem enxaguada. Na parte interna, com o auxílio
de uma escova macia, aplica-se o óleo de engraxe aniônico (JACINTO, [200-?]).
Para o curtimento caseiro, pode ser preparada uma solução contendo 500 gramas de
alúmen em pó, 250 gramas de cloreto de sódio e 5 litros de água. Para a melhor dissolução
dos elementos químicos, a água pode ser aquecida. Entretanto, as peles só devem ser
mergulhadas quando a solução estiver morna ou fria. Essa solução pode ser usada para o
curtimento de 5 peles e pode ser utilizada 2 vezes desde que, após a primeira utilização, ela
seja coada com um pano (COMO..., 2011).
35 2012 c Serviço Brasileiro de Respostas Técnicas – SBRT
Cunicultura
O valor de comercialização das peles depende da aplicação correta das técnicas de abate,
esfola, secagem, curtimento e conservação (COMO..., 2011).
Os pelos dos coelhos podem apresentar duas utilidades, dependendo das suas
características. Os longos, produzidos por coelhos da raça Angorá, são utilizados em
tecidos. Os curtos podem ser misturados com outros pelos ou fibras para a fabricação de
feltros e tecidos especiais (EMPRESA DE ASSISTÊNCIA TÉCNICA E EXTENSÃO RURAL,
2006).
O esterco pode ser utilizado em qualquer plantação. Quando comparado ao do boi, cavalo
ou galinha, apresenta maior quantidade de nutrientes (EMPRESA DE ASSISTÊNCIA
TÉCNICA E EXTENSÃO RURAL, 2006).
O sangue dos coelhos abatidos pode ser utilizado na fabricação de soro. Esse soro,
devidamente esterilizado, é adicionado, na proporção de 5 a 10% do volume final, em meios
de cultura destinados ao cultivo de bactérias nutricionalmente exigentes, como as
pertencentes aos gêneros Leptospira e Streptococcus. O meio também pode ser usado para
a identificação de bactérias do gênero Staphylococcus, importantes na medicina humana e
veterinária (VIEIRA et al., [200-?]).
As orelhas podem ser utilizadas para a fabricação de gelatinas e a carcaça para a produção
de farinha. As vísceras podem ser utilizadas como farinha de carne em rações destinadas
ao consumo animal (GARCIA, [200-?]; SILVA, 2006).
Conclusões e recomendações
A cunicultura ainda é uma atividade pouco desenvolvida no Brasil. Isso ocorre porque não
há tradição do consumo de carne de coelho, havendo dificuldades de inserir esse produto
no cardápio dos brasileiros.
A criação de coelhos é uma atividade cujo retorno do investimento é rápido, pois é possível
produzir grande quantidade de carne em um curto espaço de tempo devido ao seu rápido
crescimento, sua prolificidade e seu curto período de gestação. Além disso, outras partes do
animal podem ser comercializadas.
Apesar de ser uma atividade simples, ela exige alguns cuidados, especialmente os
relacionados à higiene e a alimentação que, quando ignorados, podem levar o animal a
contrair doenças e fazer a produção cair.
Referências
www.respostatecnica.org.br 36
DOSSIÊ TÉCNICO
COELHOS BLOGS. Coelhos – torcicolo ou pescoço torto. [S.l.], 2011. Disponível em:
<http://coelhosblogs.blogspot.com/2011/02/coelhos-torcicolo-ou-pescoco-torto.html>.
Acesso em: 05 out. 2011.
COMO curtir a pele dos coelhos. Rural News, [S.l.], 22 jun. 2011. Disponível em:
<http://www.ruralnews.com.br/visualiza.php?id=494>. Acesso em: 03 out. 2011.
DIONIZIO, Marli Arena; VIEIRA, Jodnes Sobreira; PEREIRA, Renata Apocalypse Nogueira.
Criação de coelhos: principais raças utilizadas e suas finalidades. Lavras, [200-?].
Disponível em: <http://pt.scribd.com/doc/36455270/bol-21>. Acesso em: 13 jun. 2011.
GARCIA, Edson Marcelo Gonçalves. O que é cunicultura. [S.l.], [200-?]. Disponível em:
<http://pessoal.portoweb.com.br/clanalcateia/artigos/Cunicultura/cunicultura.htm>. Acesso
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JACINTO, Manuel C. Pele: receita para curtir bem. Globo Rural, São Paulo, n. 296, jun.
2010. Disponível em: <http://revistagloborural.globo.com/GloboRural/0,6993,EEC597373-
1489-6,00.html>. Acesso em: 03 out. 2011.
MAGALHÃES, Ana Cristina et al. Sarna auricular e o seu tratamento. In: Medicamentos
para uso veterinário. Bragança, 31 dez. 2010. Disponível em:
<http://medicamentosparausoveterinario.blogspot.com/search/label/Sarna%20Auricular>.
Acesso em: 05 out. 2011.
VIEIRA, Márcio Infante. A carne de coelho. Rural News, [S.l.], 06 nov. 2008. Disponível em:
<http://www.ruralnews.com.br/visualiza.php?id=479>. Acesso em: 29 set. 2011.
VIEIRA, Márcio Infante. Fator lanudo. Rural News, [S.l.], 14 nov. 2009a. Disponível em:
<http://www.ruralnews.com.br/visualiza.php?id=449>. Acesso em: 27 jun. 2011.
VIEIRA, Márcio Infante. Rendimento líquido da carne de coelho. Rural News, [S.l.], 16 jan.
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Cunicultura
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