Você está na página 1de 2

Depressão grave, depressão severa, transtorno de depressão maior, enfim; tantas

denominações para um sentimento dominante, para um sintoma que paralisa, escraviza e me


ouso dizer, mata a pessoa biologicamente viva. A depressão grave permanece orbitando em
nossa mente e ali faz morada com toda negatividade possível enquanto procuramos
desesperados por saídas e terminando sempre no mesmo lugar. Continuo relatando sobre a
sensação diária quando estamos severamente deprimidos: primeiro o relógio desperta ou
alguém lhe chama para acordar; então você abre o olho e seu corpo esta “pregado" no
colchão; em seguida sua mente procura repetidamente, uma atitude que mude isso. Os olhos
semiabertos na tentativa de focar um objeto ou uma vontade eficiente. Devo esclarecer que
esse “acordar” está longe, muito longe do despertar matinal saudável (por assim dizer); quer
seja por efeito do psicotrópico prescrito pela medicina ou pela simples condição de acordar
deprimido demais. Então, todos os dias esperamos resultados diferentes, evitamos alimentos,
apagamos as luzes (perseguindo fontes geradoras de a serotonina, mas pode ser dopamina...),
não assistimos isso e aquilo, nem lemos nada que gere descarga de adrenalina; mas o
resultado não é diferente. A segunda etapa ou o episódio seguinte é a luta contra o relógio, o
tempo entre abrir o olho, levantar, sair da cama, tomar café, etc e estar consciente de quem é,
onde está e para onde vai nos parece uma eternidade e o esforço para tal é enorme. Ninguém
no dia a dia que nos rodeia, pode entender de fato como nos sentimos e assim, como tem sido
desde sempre, você precisa corresponder às expectativas do outro (o outro pode ser seu filho,
seu parceiro, seu chefe, sua mãe, seu pai, seu funcionário e por ai vai). O fato seguinte que
chamarei terceiro episódio, que nos persegue, que esta no nosso encalço é como mudar sua
aparência, afinal, você não pode sair com a aparência que corresponde à sua depressão. É bem
aqui que tudo fica pior! Você precisa aparentar saúde física, mental e emocional para ser
aceito e manter sua situação conquistada, sua camada, sua casta, seu padrão ou posição
dentro da comunidade ou civilização que pertence. As demais horas do dia são melhores ou
piores dependendo das ocorrências pois, tudo no afeta. Essa etapa de aparência é muito
interessante porque se trata de construir uma imagem falsa de si mesmo ou piorar tudo. Os
cabelos, a pele, os dentes, os músculos, os olhos, etc todo conjunto de parte de nos são
afetados violentamente e temos que fazer uso de artifícios para construir essa imagem.
Usamos desde maquiagem até um guarda roupa sofisticado para distrair quem nos
olha e chamar a atenção para o artificio que escolhemos. Sabemos que os cinco sentidos
poderão ser usados e os usamos no disfarce para sobreviver numa sociedade exigente e
exclusiva para os que escondem mais e recebem notas altas em quoeficientes de inteligência
emocional. A isso dou o nome de hipocrisia, peço desculpas aos leitores que discordam, e
deixo uma pergunta para reflitam: Num mundo onde o ser humano destruiu e continua a
destruir os recursos naturais que lhes garante a perpetuação de seus descendentes, um ser
humano que mata sua espécie para toda ordem de motivos que nada tem relação com sua
sobrevivência, um ser humano que motivados são capazes de eliminar indefesos podem ser
dotados de inteligência emocional? Por essa sociedade contemporânea e num cenário de
cobrança maciça e persistente, sair do estado de depressão severa sem ajuda de um
profissional é quase impossível... O psicanalista vai acompanhar suas experiências diárias e
aquelas que lhe afetam mantendo a direção da cura. Como um navio a deriva, o deprimido
severamente e gravemente não pode estar à mercê das forças dos ventos e sim estar aos
cuidados do psicanalista que como o leme desse navio o conduzirá para a posição pretendida.
E assim, caros leitores, no final de nossos dias tão iguais somos tomados por um dos
sentimentos: vontade de morrer para não sentir mais (que não é ainda propensão ao suicídio e
sim morrer em si mesmo) ou euforia provocada por bons acontecimentos. A vontade de
morrer em nós mesmos é uma sensação do deprimido grave que lembra uma anestesia;
lembra um animal paralisado em risco de morte, ou uma separação do corpo. O deprimido
severamente abandona o mundo, a todos e a si mesmo. Fisicamente se torna quase incapaz
pois, ir da cama ate a cozinha lhe requer muita energia ( uma energia escassa como uma
lâmpada em vias de queimar e por isso evita se mexer ) ; mentalmente esta ausente num lugar
que não lhe requer qualquer raciocínio logico ( pode assistir a um episodio de um serie
qualquer sem parar repetidamente, pode desenhar mil vezes a mesma coisa, ou apenas olhar
para o nada ) . A euforia supracitada é quando algo lhe contagia com uma alegria passageira e
o deprimido se agarra e a transforma em algo extraordinário que não faz sentido algum para
alguém (pode ficar super feliz porque encontrou um objeto desaparecido ou recebeu um “bom
dia via digital” de um colega do passado). Enfim, desse momento em diante, entramos no
modo lupping...

Você também pode gostar