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RESUMO
Este trabalho aborda a inovação tecnológica sob uma perspectiva de geração de
poder de combate para o uso da força pelo Estado. Na evolução das guerras é
possível identificar numerosos paradigmas tecnológicos, o que indica o aumento das
inovações bélicas para obter uma vantagem sobre os demais atores envolvidos nos
conflitos. Assim, o presente trabalho propõe-se a realizar uma revisão bibliográfica
para compreender o atual paradigma tecnológico militar e a importância da
inovação tecnológica no setor. O estudo investiga os primórdios das guerras e sua
relação com a evolução tecnológica, traçando um processo incremental até o século
XXI e, portanto, dedica atenção especial aos termos e conceitos relacionados à
tecnologia e à inovação. Com isso, espera-se contribuir com o ambiente acadêmico,
especificamente com as Ciências Política e Militar, ao ampliar a compreensão do
fenômeno guerra, incluindo na discussão perspectiva da inovação, da ciência e da
tecnologia.
Palavras-chave: paradigma, tecnologia, guerra, inovação, poder.
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* Doutorando em Ciências Militares pela Escola de Comando e Estado Maior do Exército, Mestre
em Operações Militares pela Escola de Aperfeiçoamento de Oficiais do Exército Brasileiro,
MBA em Gerência de Sistemas Logísticos pela Universidade Federal do Paraná, Especialista em
Bases Geo-Histórica para a Formulação Estratégica pela Escola de Comando e Estado Maior do
Exército, Direito Administrativo Aplicado pela Faculdade Dom Bosco e Instituto Romeu Felipe
Bacellar e Direito Militar pela Universidade Gama Filho. É Oficial do Serviço de Intendência do
Exército Brasileiro, possuindo 15 anos de experiência em gestão pública, com atuação nas áreas
de finanças, auditoria e logística. Atualmente desenvolve pesquisas nas áreas de Gestão de
Defesa e Estudos da Paz e da Guerra no Programa de Pós-Graduação em Ciências Militares da
Escola de Comando e Estado-Maior do Exército Brasileiro (ECEME) – Rio de Janeiro, RJ.Contato:
<damasceno_int2000@hotmail.com>
** Pós-Doutor em Relações Internacionais, pelo Instituto Universitário de Pesquisas do Rio de
Janeiro, Doutor em Ciência Política pela Universidade de Tübingen/Alemanha; Mestre em
Ciência Política, pela Universidade Federal Fluminense; MBA em Estratégias de Negociações
Internacionais, pela Universidade Cândido Mendes; e Bacharel em Relações Internacionais,
pela Universidade Estácio de Sá. É professor e pesquisador do Programa de Pós-Graduação
em Ciências Militares do Instituto Meira Mattos, da Escola de Comando e Estado-Maior do
Exército, com experiência de pesquisa nas áreas de Segurança Internacional e Assuntos Militares,
Prevenção de Conflitos Internacionais, e de consultoria empresarial na Alemanha. Contato:
<jmdallacosta@hotmail.com>
ABSTRACT
This paper approaches technological innovation from a perspective of
generating combat power for the use of force by the State. In the evolution
of wars it is possible to identify numerous technological paradigms, which
indicates the increase of the war like innovations to obtain an advantage
over the others actors involved in the conflicts. In tem way, the present work
intends to carry out a bibliographical review to understand the current military
technological paradigm and the importance of technological innovation in the
Sector. The study investigates the beginnings of wars and their relationship
with technological evolution, tracing an incremental process until the 21st
century and, therefore, gives special attention to terms and concepts related to
technology and innovation. With this, it is hoped to contribute to the academic
environment, specifically with the Political and Military Sciences, by broadening
the understanding of the war phenomenon, including in the discussion the
perspective of innovation, science and technology.
Keywords: Paradigm. Technology. War. Innovation. Power.
RESUMEN
Este trabajo aborda la innovación tecnológica desde una perspectiva de
generación de poder de combate para el uso de la fuerza por el Estado. En
la evolución de las guerras es posible identificar numerosos paradigmas
tecnológicos, lo que indica el aumento de las innovaciones bélicas para obtener
una ventaja sobre los demás actores involucrados em los conflictos. Así, el
presente trabajo se propone realizar una revisión bibliográfica para entender
el paradigma tecnológico militar actual y la importancia de la innovación
tecnológica em el Sector. El estudio investiga los inicios de las guerras y sur
elación com la evolución tecnológica, trazando um proceso incremental
hasta el siglo XXI y, por lo tanto, da especial atención a términos y conceptos
relacionados com la tecnología y la innovación. Conello, se espera contribuir
con el ambiente académico, específicamente con las Ciencias Política y Militar,
al ampliar la comprensión del fenómeno de la guerra, incluyendo en la discusión
la perspectiva de la innovación, la ciencia y la tecnología.
Palabras clave: Paradigma. Tecnología. Guerra. Innovación. Poder.
1 INTRODUÇÃO
2 CONCEITOS ESSENCIAIS
de Moisés que tratam da conquista hebraica de Canaã. Ainda, cabe destaque para
os inúmeros registros de guerras chinesas, gregas e romanas que ainda hoje são
estudados, em virtude da riqueza de detalhes dos fatos apontados (KEELEY, 2011).
A história é marcada por guerras e pela evolução na forma de combater,
também pelo aumento da violência das estratégias e das táticas empregadas,
permitindo identificar uma relação entre guerra e tecnologia militar. Conforme
os registros arqueológicos, o exército Assírio garantia suas vitórias pelo efetivo de
soldados e pelo nível de treinamento no combate individual, havendo limitado
emprego de cavalos. Contudo, com a invenção dos estribos, este avanço tecnológico
permitiu o maior controle dos cavalos, capacidade esta, que possibilitou ao Islã e,
posteriormente, aos mongóis, erguerem grandes impérios no Oriente e Eurásia
pelo uso da cavalaria. Já no fim do século XV, outra tecnologia despontou na
Europa, a pólvora, que aliada à tecnologia naval, permitiu a ocorrência das grandes
navegações e o domínio de civilizações além-mar. O século XX foi marcado por duas
guerras quentes e uma fria, as Primeira e Segunda Guerras Mundiais e a Guerra Fria,
respectivamente, caracterizando um avanço tecnológico sem precedentes, com
emprego de blindados, aviões, entre tantos outros tipos de novas tecnologias, com
destaque para a Bomba Atômica. Hoje, a tecnologia militar avança rapidamente e
“armas de todos os tipos se tornam mais poderosas, flexíveis e capazes de infligir
baixas imensas” (GILBERT, 2005, p. 34).
No Oriente, especificamente na China, Sun Tzu, há cerca de 2.000 anos, por
volta do século I a.C., já valorizava veículos, armas, equipamentos e muralhas, ou
seja, fortificações (TZU, 2006), sendo tudo isto tecnologia militar. Foi dos chineses
que se obtiveram as tecnologias de cerco, de produção de bombas fumígenas e
morteiros, catapultas, entre outras (BARBOSA, 2006).
Embora, cada guerra seja um “fenômeno único, singular, irredutível”
(MAGNOLI, 2006, p. 15), e exista quem advogue a favor de uma única tipologia da
guerra (SERRANO, 2013) e até contra uma tipologia, pois tal seria mera ilusão (ARON,
2002), existem tentativas de criar uma tipologia das guerras. Assim, destacam-se
as tentativas de Toffler e Lind em criar tal tipologia, não pela validade dos tipos
apresentados, mas pela forma de verificação da evolução tecnológica militar no
contexto das guerras.
Uma vez que a história das guerras caminha pari-passo com a história
das civilizações, o entendimento de Alvin Toffler sobre as três ondas torna-se
relevante. O referido autor entende que existiram apenas três grandes mudanças,
as ondas, onde: (i) a primeira onda, que teria ocorrido há cerca de 10 mil anos
caracterizando-se pela produção agrícola de riqueza pelo trabalho físico e muscular;
(ii) a segunda onda (Revolução Industrial), que teria iniciado há cerca de 300 anos,
predominantemente nos EUA e Europa, caracterizando-se pela produção industrial
manufatureira e o comércio, pela valoração tangível do patrimônio, pela produção
em massa padronizada e pelo trabalho físico; e (iii) a terceira onda (Revolução
pelo capitalismo. Para ele, a tecnologia sozinha não é tudo, pois o empreendimento
capitalista seria a mola propulsora do progresso tecnológico, contudo a combinação
entre estes dois elementos produz efeitos produtivos diferentes (SCHUMPETER, 1961).
Assim, o desenvolvimento econômico seria, de certa forma, ditado pelas invenções
ou inovações tecnológicas, sendo a inovação a força motriz da evolução capitalista,
que exige a ação empreendedora para pôr em prática a inovação e torná-la relevante
socialmente, revolucionando a economia a partir de dentro (SCHUMPETER, 1982). Em
se falando das máquinas de guerra das nações capitalistas, essa evolução tecnológica
bélica também teria parcela de importância no progresso do sistema capitalista,
contribuindo para o status do país.
Assim, é importante lembrar que as trajetórias dos paradigmas tecnológicos
tendem, conforme estudo empírico de Jenner (1991), a ser irreversíveis, sendo o novo
sempre preferível aos anteriores. Logo, a cada novo armamento mais efetivo e eficiente
na ação de destruir e matar, o equilíbrio no poder relativo de combate em campo de
batalha estará alterado e o lado que se favorece não desejará regredir, sendo uma
possível explicação para a corrida armamentista no período da Guerra Fria.
Desta forma, conclui-se, parcialmente, que tanto a guerra como a tecnologia
evoluíram com o tempo e possuem íntima relação. Ainda, as inovações bélicas ao
longo dos séculos permitiram o surgimento de diversos paradigmas tecnológicos,
evoluindo a forma primitiva de fazer guerra para níveis cada vez mais avançados de
violência, com armamentos cada vez mais letais.
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
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Brasília: Ed UNB; IPRI; São Paulo: Imprensa Oficial do Estado de São Paulo, 2002.
BERKOWITZ, Bruce. The new face of war: how war will be fought in the 21st
century. New York: The Free Press, 2003.
GILBERT, Adrian. Enciclopédia das guerras: conflitos mundiais através dos tempos.
M. Books do Brasil: São Paulo, 2005.
HART, B. H. Liddel. The revolution in warfare. London: Faber and Faber, 1956.
LEE, Maw Lin. Impact, Pattern, and Durationof New Orders for DefenseProducts.
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NHS National Library for Health: Knowledge Management Specialist Library. ABC of
Knowledge Management, 2005.
PINSKY, Jaime. Apresentação do editor. In: MAGNOLI, Demétrio (Org.). História das
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SERRANO, Marcelo Oliveira Lopes. A guerra é filha única. Coleção Meira Mattos,
Rio de Janeiro, v. 7, n. 28, p. 65-78, jan./abr. 2013.
TOFFLER, Alvin. The thirdwave. EUA & Canadá: Bantam Books, 1980.
________; TOFFLER, Heidi. War andanti-war. New York: Warner Books, 1993.
TZU, Sun. A arte da guerra. Tradução de Sueli Barros Cassal. Porto Alegre: L&PM, 2006.