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Volume 02 Número 04 - Abril 2021

Desafios e
Soluções em
Restaurações
Cerâmicas
E MUITO +

Fazer o bem faz bem! Carta Aberta Especialistas não limitados

Artigos Científicos weKnow

FUN
(Não) Assuma a responsabilidade
por seus atos!
Equipe Editorial

Editor-chefe:
Colaboração e revisão:

Alexandre Coelho Machado


Gabriela Resende Allig

Professor da Universidade Federal de Uberlândia (ESTES-UFU)


Mariana Fernandes Pires

Doutor em Clínica Odontológica – PPGO.UFU.

Sílvio Scalia

Editora-Assistente:
Todos os direitos são reservados a iKnow Publishing e iKnow
Amanda Ribeiro Wobido
Journal, incluindo a versão traduzida de cada seção
Mestre em Clínica Odontológica – PPGO.UFU.

publicada. A transcrição após a publicação é permitida com a


citação da fonte.

Editores Associados:

Bruno Rodrigues Reis


Capa:

Professor da Universidade Federal de Uberlândia (ESTES-UFU)


Paulo V Soares

Doutor em Materiais Dentários – FOUSP.

Indexação:

Paulo Vinícius Soares


O iKnow Journal é indexado em:

Professor da Universidade Federal de Uberlândia (FO-UFU)


https://iknowodonto.com/iknow-journal

Doutor em Clínica Odontológica – FOP.UNICAMP.

Dados catalográficos:

Conselho Editorial:
iKnow Journal; Clínica e Ciência; Volume 2, Número 4; iKnow
Alexia da Mata Galvão
Publishing; Uberlândia-MG; 51 Páginas; Periódico no formato
Ana Laura Rezende Vilela
digital. ISSN 2675-9233.

Andrea Barros Tolentino

Breno Mont’Alverne
Endereço:

Carlos Godoy
Rua Engenheiro Diniz, nº 831. Sala 1. Martins. 38400-462.
Cássio Vinhadelli Ribeiro
Uberlândia-MG. E-mail: ikjournal@iknowodonto.com

Daniela Navarro Ribeiro Teixeira

Éverton Ribeiro Lelis


Instruções para autores:

Guilherme Faria Moura


https://iknowodonto.com/journal-submissao

Igor Oliveiros Cardoso

Leandro Augusto Hilgert

Declaração de Responsabilidade:

Lívia Fávaro Zeola

As declarações e opiniões dos artigos e colunas submetidos


Lucas Costa de Medeiros Dantas

e publicados no iKnow Journal são de responsabilidade


Marcela Gonçalves Borges

exclusiva do(s) autor(es), e não necessariamente do Conselho


Maciel Júnior

Editorial deste periódico.

Morgana Guilherme de Castro Silvério

Stephano Zerlottini Isaac

Thiago de Almeida Prado Naves Carneiro

Apoio:

Produção Editorial e Equipe de


Diagramação:

Engina Labs
Índice

Apresentação

01 O que tem no iKnow Journal? Volume 02 – Número 04

por Equipe iK Journal

03 Editorial: Degrau a Degrau... Passo a Passo

por Alexandre C Machado

Clínico ciEntífico

05 Fazer o Bem Faz Bem: Odontologia Nível A no SUS

por Rodrigo C Silveira

09 Carta Aberta: Posicionamento de Pesquisadores na Rede Social

por Rafael R de Moraes

14 Especialistas não Limitados: Restaura ou Recobre?

por Paulo V Soares e Gustavo Giordani

Coluna Fun

19 Fun – @iatrogenia.odonto

por André Maia e Cauli Capillé

Artigo CiEntÍfico

22 Faceta direta em resina composta em dente escurecido

Autores: Amanda A Oliveira, Tainah C Firmiano, Isabela S Brito, Thaíra C O Costa, Crisnicaw Veríssimo

31 Saúde oral de pacientes submetidos à quimioterapia antineoplásica

Autores: William E Pirola, Thaisa T Oliveira, Natália S Kusuke, Aline S Q Almeida, João Victor S Rodrigues,
Helio M Tanimoto, Emilze M Lima

40 Restauração Cerâmica em Incisivo Central Escurecido: Desafios e Soluções Clínicas

Autores: Paulo Vinícius Soares

weknow

48 weKnow

por Cecilia AAB Freire, Mayara T Marinho, Lucas H da Silva, Salomão Ostetto, Bruno R Reis, Paulo V Soares,
Carlos E Godoy, Daniel Almeida, Heitor Cosenza
O que tem no iKNOW JOURNAL?

Fazer o Bem Faz Bem


Fala pessoal, tudo bem?

Que a Odontologia está em Você sabia que mesmo diante de todos os


constante atualização todos obstáculos é possível realizar uma Odontologia
responsável e qualificada no âmbito do Sistema
nós sabemos. Mas será que Único de Saúde? Na coluna “Fazer o Bem Faz Bem”,
você também está atualizado o dentista do munícipio de Mineiros-GO, Rodrigo
e buscando oferecer o melhor Silveira, demonstra que é possível executar uma
Odontologia nível A no SUS.
tratamento aos seus
pacientes?

Carta Aberta
Se o seu objetivo é executar uma Odontologia
de alta qualidade, nós do iK Journal podemos As redes sociais são parte do nosso dia a dia e
te ajudar. Nesta publicação (iKJ v.2 n.4), dentro delas podemos consumir conteúdos de
assim como nas anteriores, você encontrará todos os tipos e qualidades. Pensando nisso, o
diversos conteúdos clínicos e científicos que professor Rafael Ratto trouxe na coluna “Carta
te ajudarão a alcançar uma prática clínica de Aberta” uma reflexão sobre o Posicionamento de
alta performance.

pesquisadores na rede social e os benefícios que


isso pode trazer.
Assim, nós agradecemos a todos os autores
que escrevem com tanta dedicação os nossos
Especialistas Não Limitados
conteúdos nos ajudando a entregar uma
Odontologia de qualidade aos nossos leitores.
E agradecemos também a você, da Quando um caso envolve mais de uma área, você
comunidade iKnow, que lê e compartilha busca resolver dentro da sua própria especialidade
nosso conteúdo.

ou trata de forma multidisciplinar? O professor


Paulo Vinícius Soares traz uma discussão
Então, vamos ver o que você encontrará no multidisciplinar sobre Lesões Cervicais Não
iKnow Journal – Vol 02 – Número 04? Cariosas e Recessão Gengival com o convidado
Gustavo Giordani. E aí, “Restaura ou Recobre”?

Editorial Fun - @iatrogenia.odonto

Além dos artigos e colunas publicadas em uma Mais uma vez a galera do @iatrogenia.odonto,
revista científica, existem diversos outros fatores professores André Maia e Cauli Capillé, estão aqui
que influenciam na qualidade de um periódico como para nos trazer de forma bem humorada reflexões
o iKnow Journal. Neste editorial, o editor-chefe sobre a prática clínica. E aí, preparado para rir um
Alexandre Machado nos mostra os bastidores do pouco sobre isolamento relativo, os motivos para
iKJ trazendo características que constroem um (não) se manter atualizado e o porquê de (não)
periódico científico de qualidade: “Degrau a colocar a culpa no protético?
degrau...Passo a passo”.

1
O que tem no iKNOW JOURNAL?

Artigos Científicos

Como realizar o tratamento estético de um dente


unitário escurecido em resina composta ou em
material cerâmico? Quais as características da
saúde bucal de pacientes oncológicos? Venha
conferir os artigos científicos de pesquisa e de
caso clínico de diversos autores e pesquisadores.
Está cheio de excelentes informações!

weKnow

Vocês sabem o tanto que gostamos dessa


comunicação direta e sincera com a comunidade
iKnow, né? Por isso, preparamos com muito carinho
respostas para diversos comentários feitos em
nossas redes sociais. E, lembre-se, esse espaço é
todo nosso! Então continue comentando nossos
conteúdos, sua opinião é muito importante para
nossa equipe!

Vem com a gente! Compartilhe essas


informações com seus amigos
dentistas.

Tá demais esse número!

Equipe iKnow Journal

Mariana F Pires e Gabriela R Allig

Equipe Editorial iKnow Journal


2
Editorial

Degrau a
degrau...
Passo a
passo
Caramba! O quanto é complexo trazer informações
de qualidade para o iKnow Journal! E o ponto de Alexandre C Machado

maior dificuldade não é sobre o convite aos Editor-chefe iKnow Journal

colunistas ou o recebimento de artigos. O mais Professor da Universidade Federal de


complexo é a rede de demandas que um periódico Uberlândia (ESTES-UFU)
científico sério e criterioso exige. Nossa equipe é
composta de professores, dentistas, pesquisadores,
graduandos, pós-graduandos e gestores que dão o Mas, a gente não pode parar por ai! A partir deste
máximo para que você possa confiar (mas sempre mês, as nossas publicações (futuras e passadas)
desconfiando, isso faz parte do critério científico) estarão vinculadas a outro registo, o DOI. O Digital
do conteúdo escrito aqui!

Objetc Identifier (Identificador de Objeto Digital) é


uma outra sequência de números e letras que
Este (iKJ, vol 02, nº 04) é o nosso sétimo número! E identificam publicações. Se o ISSN é o “CPF
não sei se vocês perceberam: desde janeiro de 2021 mundial”, o DOI é o “RG mundial”. Essa sequência
temos estampado na capa e na ficha catalográfica o de números e letras registra cada publicação em
código de barra e numeração do registro ISSN ambiente virtual, promovendo reconhecimento e
(2675-9233)! O ISSN (International Standard Serial fácil identificação digital. Assim, ao registrar no DOI,
Number; Tradução: Número Internacional o iKnow Journal recebe um número de prefixo
Normalizado para Publicações Seriadas ou Número (10.52140), que associado com um sufixo
Internacional Normalizado das Publicações em (composto pelo ISSN, abreviação do título do
Série) é um registro de oito dígitos usado para periódico, volume e número) criam uma
identificação única de uma publicação periódica, identificação única para cada publicação!

aceito internacionalmente. Resumindo, o ISSN é o


“CPF mundial” do periódico científico!

Nós, consideramos que a totalidade é mais


importante do que o individual! Vocês já perceberam
Com esse código, fica mais precisa a identificação que ao buscar um conteúdo no iKJ, vocês também
do iKnow Journal em uma base de dados e ao fazer leram outros que acharam tão (ou até mais)
download, ler, citar e referenciar um conteúdo interessantes? Para incentivar a leitura de vários
nosso. Além disso, esse registro facilita a aquisição assuntos, o nosso DOI é único para cada número e
de indicadores como fator de impacto, citações, não desmembramos os conteúdos do iK Journal!
índice-H; e possibilita que em uma próxima
avaliação do Qualis-CAPES, estejamos presentes!
3
Editorial

Esses passos iniciais e primeiros degraus podem


parecer pequenos vistos por periódicos mais
longevos. Mas, cada conquista deve ser celebrada
com orgulho! Como em qualquer início, vamos
aprendendo com o tempo! Assim como na prática
odontológica, a dificuldade agrega experiência e,
consequentemente, evoluímos. E, nós, do corpo
editorial, estamos sempre em busca de melhorar.
Temos a ambição de mudar os hábitos de estudos
da “massa dos dentistas brasileiros” com uma
leitura de qualidade, de fácil acesso e gratuita.
Apesar dos desafios, acreditamos na importância
da informação de qualidade e que estamos no
caminho certo.

Ao utilizar o código ISSN


2675-9233 e o prefixo
DOI 10.52140, o mundo
inteiro saberá que o
conteúdo foi publicado
no iKnow Journal!
Nossos agradecimentos por acreditarem, lerem e
participarem na missão e no crescimento do iKJ
(ISSN 2675-9233)! E lembre-se, se o iKnow Journal
te traz aprendizado, não segure esse conteúdo com
você: passe adiante!

Grande
abraço e
boa leitura!

4
Fazer o Bem Faz Bem

Odontologia

nível A no SUS

5
Fazer o Bem Faz Bem

entender e aprender com os professores que


devemos realizar o melhor tratamento
independente da situação imposta. E, assim,
estabeleço esta filosofia em meus tratamentos,
aproveitando dos bons materiais que são
fornecidos para desempenhar uma odontologia
nível A no SUS (Figura 1).

Rodrigo C Silveira

Dentista concursado pela Prefeitura de


Mineiros-GO.

Graduado em odontologia pela Universidade


Federal de Uberlândia

Especialista em Prótese Dentária – USP

Especialista em Implantes Dentários – Figura 1: Restauração adesiva direta realizada com isolamento
absoluto, nos elementos 37 e 46.
Facoph
O município conta com 11 consultórios
Agradeço ao iKnow Journal pela oportunidade em odontológicos, distribuídos em diferentes UBSs,
expor, mostrar que é possível e relatar minha além de 2 Centros de Especialidades Odontológicas
vivência clínica e prática no desenvolvimento de (CEO) – onde são oferecidos serviços como:
uma odontologia responsável e qualificada, periodontia especializada, cirurgias, endodontia,
desenvolvida no âmbito do Sistema Único de Saúde diagnóstico bucal, próteses dentárias,
(SUS), no município de Mineiros, localizado na odontopediatria e atendimento a pacientes
região sudoeste do estado de Goiás. portadores de necessidades especiais. Assim, são
oferecidos diversos tipos de tratamentos
É possível fazer uma odontológicos de forma gratuita para a população
mineirense.

odontologia nível A no
SUS! As UBSs estão distribuídas por territorialidade, e são
instaladas perto de onde as pessoas moram,
Há 04 anos fui aprovado em um concurso público trabalham, estudam e vivem, sendo consideradas a
para atuar como Cirurgião-Dentista na prefeitura de principal porta de entrada dos usuários na rede de
Mineiros-GO, exercendo carga horária de 40h atenção à saúde, onde realiza-se o atendimento
semanais. Quando compareci pela primeira vez à primário dos pacientes. O cirurgião-dentista que
Unidade Básica de Saúde (UBS) Ermínio Parralego atua nesse espaço tem alguns deveres a realizar,
me surpreendi com a boa qualidade dos materiais como: tratamentos de orientação, promoção,
odontológicos que eram fornecidos para tratamento prevenção e manutenção da saúde bucal, por meio
dos usuários do SUS. Ali, enxerguei a possibilidade de exemplificação, palestras e procedimentos
de desempenhar uma atividade clínica clínicos de todos os usuários. Também são
odontológica diferenciada.

realizados atendimentos de urgência por demanda


espontânea.
Em minha graduação, tive a oportunidade de
6
Fazer o Bem Faz Bem

De acordo com a Carteira de Serviços da Atenção Apesar do CEO possuir a especialidade de prótese
Primária à Saúde emitida pelo Ministério da Saúde dentária, nem todos os procedimentos são
em 2020, procedimentos clínicos como cimentação fornecidos nessa área, bem como as próteses fixas.
de prótese dentária, confecção de coroa provisória, A área está focada nas reabilitações com próteses
instalação de prótese dentária, moldagem parciais e totais removíveis (procedimentos da AB).
dento-gengival para construção de prótese dentária Sendo assim, é comum nos depararmos com
e reembasamento/conserto de prótese dentária pacientes que solicitam a extração de um dente
fazem parte da atuação do odontólogo de uma UBS com possibilidades de tratamento, pois relatam não
(Figuras 2 e 3). Apesar disso, é incomum a possuir condições financeiras para reabilitação,
efetivação dos procedimentos citados por uma muitas vezes com onlays, overlays, ou pinos e
equipe de saúde bucal (ESB) da atenção básica coroas. Desta forma, empregando os conceitos que
(AB). aprendi alguns anos atrás em minha graduação,
utilizo dos materiais disponíveis, a fim de oferecer
um tratamento de forma mais resolutiva aos
usuários, garantindo longevidade clínica ao
tratamento ofertado (Figuras 4 e 5).

Figura 2: Confecção de restauração indireta em resina


nanoparticulada no elemento 26. A cimentação foi realizada
com resina flow. Figura 4: Abordagem restauradora direta: remoção de cárie e
procedimento restaurador adesivo com resina composta
nanoparticulada (Z350, 3M) com várias opções de opacidades:
A2 dentina, A2 corpo e A2 esmalte.

Figura : Confecção de retentor intrarradicular (pino fibra de


3

vidro reembasado com resina composta) em raiz dentária do Figura 5: Confecção de restauração indireta em resina
elemento , á tratada endodonticamente. A coroa foi
14 j nanoparticulada no elemento 36. A cimentação foi realizada
confeccionada com resina composta e cimentada com resina com resina flow.
flow. 7
Fazer o Bem Faz Bem

É possível realizar
técnicas bem
conceituadas, que
permitem deixar de
lado a antiga
odontologia
mutiladora, dando
espaço a uma nova
odontologia
conservadora em Figura 7: Utilização da técnica do carimbo para remoção de
que se preserva os cárie e restauração com resina composta, reestabelecendo a
anatomia e contatos oclusais mais próximos ao momento
elementos dentais. pré-restauração.

Portanto, os casos clínicos realizados por mim, na


UBS Dr. Ermínio Parralego, e apresentados aqui
Fazer o
bem faz
(todos com autorização dos pacientes para
exposição) demonstram a possibilidade de realizar
uma odontologia diferenciada, com tratamentos
efetivos e com bons prognósticos clínicos (Figuras

bem
6 e 7).

Figura 6: Remoção de cárie profunda, capeamento indireto e


restauração com resina composta do elemento 46.
8
Carta Aberta

Posicionamento
de pesquisadores
na rede social
9
Carta Aberta

Há algumas semanas, uma frase que

postei rendeu certa discussão:

“A ciência brasileira

poderia ganhar muito

se pesquisadores(as)

usassem mais redes

Rafael Ratto de Moraes

sociais para divulgar


Doutor em Materiais Dentários

seu trabalho e não só Professor da Faculdade de Odontologia, UFPel

@moraesrafaelr

fotos de seus pets,

filhos ou o que
pensei tudo isso, nunca tive uma conta no

comeram no almoço.” Facebook, achava que não fazia sentido usar. Em

algum momento, percebi que havia muito

preconceito e estereótipo na forma como eu via a

Enquanto algumas pessoas concordaram, outras rede social. A última parecida que eu havia usado

discordaram, até questionaram se eu estava era o Orkut (kkkkk), onde não existiam ‘seguidores’ e

tentando ditar o que podiam ou não fazer nas redes. você só via os posts de quem você buscava.

Ou se não era crueldade sugerir a bolsistas virarem Quando o Facebook dominou as redes, me

blogueiros(as), além de tudo o que já tinham para incomodava o fato de eu ser cobrado para estar lá;

fazer. Meu tweet soou provocativo, porém a eu achava que, se entrasse, deveria usar a rede da

intenção era provocar reflexão. Está mais do que na mesma forma que outras pessoas faziam. Eu não

cara que redes sociais são ferramentas poderosas tinha interesse em compartilhar fotos de viagens,

de comunicação e que nossa sociedade, alunos e paisagens, yoga ou comida e achava, por ignorância,

pacientes, não vão deixar de usá-las em curto ou que as redes serviam só para isso. Ou que postar

longo prazo, à despeito dos males e vícios que isso era um problema.

podem causar. Por que, então, alguns participantes

do meio acadêmico ainda têm certo receio com o Acredito que muitos(as) pesquisadores(as) ainda

uso desses ambientes virtuais?

veem as redes sociais de uma forma recreativa,

para usar ‘quando chegam em casa’. Talvez ainda

Parte disso pode ocorrer em função das pessoas possam considerar algo fútil, que não deve ser

não conhecerem bem como funcionam as redes, misturado ao trabalho. E decidem mostrar somente

seu potencial de atingir pessoas e capacidade de sua família, animais ou momentos de lazer. Eu

difusão de informações, e podem se sentir entendo e respeito, mas suscito a reflexão: será que

intimidados(as). Medo do desconhecido, vergonha você não está vendo a rede social apenas como

de se expor publicamente, receio quanto ao uma ‘coluna social’, como eu fazia? Não acho que

julgamento de terceiros são outros aspectos as pessoas precisem postar o que não se sentem à

potencialmente envolvidos. A famosa ‘falta de vontade de fazê-lo, a decisão de como usar ou não é

tempo’ é sempre um bom motivo. Admito que já sua. Mas ofereço a seguir alguns aspectos que

10
Carta Aberta

aprendi, e reflexões que fiz, ao me encorajar a usar Uma das coisas que acho mais valorizadoras é
mais as redes para melhorar a comunicação em poder ser professor de quem escolheu ser seu(a)
ciência odontológica e aumentar a presença de aluno(a). Numa sala de aula, quantas pessoas
conteúdos acadêmicos nesses espaços. fizeram a escolha de ouvir você naquele dia? Nas

01.
redes sociais, as pessoas são atraídas por
interesses em comum, qualquer professor(a) se
sente valorizado quando alunos(as) escolhem
escutar o que você tem a dizer. E pesquisadores(as)
têm muito a dizer e ajudar na melhoria da
odontologia.
Fazer ciência não é
somente conduzir
estudos e publicar
artigos, o conhecimento
gerado tem importância
03.
para a sociedade e deve A rede social cria espaço
chegar até ela. para seu conhecimento
e experiência chegarem
a pessoas que teriam
Artigos são muito importantes, mas sabemos que a pouca ou nenhuma
comunicação por meio deles ocorre principalmente
com outros(as) pesquisadores(as) e que, muitas
oportunidade de lhe
vezes, não chegam aos usuários finais da ouvir.
informação. Quantos dentistas clínicos leem seus
artigos? Como conseguirão ler todos os artigos
publicados ao ano? Selecionar alguns para ler é Você tem vários anos de experiência em pesquisa e
suficiente? As redes sociais podem ser uma muito a dizer, porém onde você diz? Na reunião com
alternativa de divulgação de informações científicas 5 discentes, na aula para 50 discentes? Ótimo! Num
e uma forma de antagonizar desinformação e convite anual para falar nas sociedades de pesquisa
notícias falsas que, como você sabe, se difundem que você frequenta? Isso caso seja convidado(a),
pelos mesmos meios. com sorte duas vezes ao ano. É pouco para a

02.
velocidade atual da propagação de informações.
Você cumpre um papel social de difusão de
conhecimento e de fomento à valorização da
ciência, por que não usar espaços populares para
carregar esta bandeira? As pessoas já estão lá, a
oportunidade ‘certa’ para ser ouvido(a) pode nunca
Você pode ser chegar.
professor(a) na rede
social!

11
Carta Aberta

04. Aqui, deixo alguns bons


exemplos de uso da rede social,
também, para divulgação de
conteúdo científico.
O uso mais frequente da
rede social melhora seu
networking e sua forma
de se comunicar.

Depois que passei a usar a rede social de forma


mais frequente, tive a oportunidade de conhecer e
interagir com pesquisadores que não conhecia ou
autores que só conhecia o sobrenome. Quando você
posta algo, isso atrai pessoas. A rede social permite
contato com algumas que não frequentam os
mesmos ambientes e sociedades que você,
podendo até melhorar aspectos interdisciplinares de
sua pesquisa. A necessidade de ser mais objetivo e
conciso nas redes pode ajudar, também, na
comunicação criada em seus artigos.

Se você acha que redes sociais são relevantes,


fomente a ideia de desenvolver habilidades e
competências comunicativas em discentes. Um
editorial da Nature Medicine (2020)1 argumentou
que a pandemia de COVID-19 abriu canal direto
entre cientistas e o público, sugerindo que manter
esse canal aberto se torne parte da missão de
cientistas. Ao meu ver, todos podem ganhar no
processo, especialmente a sociedade, inclusive ao
valorizar o papel de quem faz pesquisa neste difícil
momento que passamos. A pandemia criou uma
janela de oportunidade para mais pesquisadores
usarem redes sociais. Você só conhecerá seu poder
na divulgação de conhecimento e popularização da
ciência se abrir espaço para que isso ocorra. A
escolha e o desafio são seus.

12
Carta Aberta

Referênci
Scientists, keep an open line of communication
with the public. Nature Medicine 2020; 26:1495.

13
Especialistas Não Limitados

Restaura

ou Recobre?
14
Especialistas Não Limitados

Pacientes com recessões gengivais (RGs) são cada


vez mais comuns na rotina clínica do dentista. Em
alguns casos, as RGs estão associadas à
Hipersensibilidade Dentinária (HD) e, em outros
casos, podem incomodar o paciente com relação a
estética do sorriso (como nos casos de sorriso
gengival, por exemplo). A RG é um desfecho clínico,
é a manifestação de algo importante: a falta de
tecido de suporte periodontal. As RGs podem ser
classificadas de diversas formas, e isso não será
discutido nesta coluna, pois não é o meu objetivo.
Eu, sinceramente, estou preocupado com o fato de
Paulo Vinícius Soares
ser algo extremamente comum na nossa rotina,
Professor da Universidade Federal de
Uberlândia (FO-UFU)
mas, ao mesmo tempo, algo extremamente
Pós-Doutorado University of Illinois-Chicago.
enigmático.

Sócio Fundador iKnow

Sócio Fundador Visage


Podemos encontrar RGs múltiplas ou isoladas na
cavidade oral. Quando eu escrevo “múltiplas" estou
me referindo a várias RGs adjacentes entre si, ou
seja, envolvendo um ou mais quadrantes da
cavidade oral. Quando o paciente procura você,
dentista, com 4 RGs nos elementos 13, 25, 37 e 44,
este caso é considerado de RGs isoladas. Existem 2
questões que serão abordadas nesta coluna: a
causa e o desfecho clínico para solucionar a
doença.

"PV, você disse doença?” Sim, eu disse e repito, é


Convidado: Gustavo Giordani
uma doença, pois não é normal. Doença é estado de
Especialista em Cirurgia e Traumatologia
Buco Maxilo Facial
não normalidade, e saúde é estado de normalidade.
Pós Graduado em Implantologia e Cirurgia Não existe um “meio termo” entre o que é normal e
Plástica Periodontal e Periimplantar
o que não está normal. Ou está saudável ou está
Fellowship International on Implants and
Periodontal Surgery with Dr. Eric Van Dooren - doente (sugestão do PV: leia sobre o conceito de
Antwerp - Belgium saúde e doença reformulado pela OMS nos 2
últimos anos).

Restaura ou
A prevalência de recessões gengivais aumentou
significativamente nas últimas décadas, incluindo
neste aumento, o número de casos em pacientes

Recobre ?
jovens associando RG e HD. Se você receber um
paciente de 25 anos com recessões isoladas ou
múltiplas na cavidade oral, considere que seu
paciente está doente, no quesito saúde bucal.

15
Especialistas Não Limitados

Se você receber um paciente de 85 anos com RG associada a LCNC (cavidade). Nesse caso o(a)
recessões gengivais múltiplas, isso pode ser dentista tem um desafio: Recubro ou Restauro? OU
considerado um evento fisiológico, sequela da recubro e restauro depois? OU restauro e recubro
reabsorção óssea provocada pelo envelhecimento depois? Para deixar bem claro, restaurar significa
do corpo. No entanto, em um paciente com 25 preencher com material restaurador, e recobrir
anos, vamos considerar Envelhecimento Precoce significa realizar a cobertura radicular através da
Bucal (EPB).

cirurgia periodontal. Convidei para esta coluna o


maestro, fera, professor e amigo Gustavo Giordani.
Infelizmente, as causas da RG são moduladas de Fizemos uma Live juntos em Agosto de 2020 com

acordo com a filosofia ou especialidade de quem este mesmo tema, “Restaura ou Recobre”, para mais
trata do assunto. Como assim, PV? Para algumas de 4.300 expectadores ao vivo durante a Jornada da
correntes da Periodontia por exemplo, as recessões Nova Ordem da Odontologia. Foi espetacular! Quem
gengivais só ocorrerão na presença de placa assistiu ganhou, e os integrantes do "Parlamento da
bacteriana. Em outras correntes, a causa principal é Odontologia - LNC” (grupo de inteligência iKnow)

o uso da técnica de escovação errada, traumática. tem acesso a essa Live. Decidi iniciar esta coluna
Quando converso com professores da prótese, com este tema e este convidado super especial.

dentística, ortodontia e/ou oclusão, escuto que a


causa principal é o trauma oclusal, a interferência Inicio a resposta sobre “restauro ou recubro”
oclusal, contato pré-maturo ou trauma ósseo gerado dizendo o seguinte: em casos de RG a prioridade é a
durante algum torque ou movimento ortodôntico cirugia periodontal de recobrimento radicular. E da
específico. No final, acredito que a causa seja mesma forma, sempre que houver uma LCNC com
multifatorial, mas mesmo assim temos que separar mais de 1.0mm de profundidade, esta deve ser
as situações clínicas. Principalmente nos casos de restaurada. Logo, nós temos 3 caminhos corretos a
RG isolada, por exemplo, no dente 14 e 26, não seguir:

acredito (e peço aqui a sua reflexão racional comigo) 1- Somente RG: Recobre.

que o paciente pratica a escovação de forma 2- Somente LCNC: Restaura.

correta em todos os dentes e somente no 14 e 24 3- LCNC com RG: avaliar a viabilidade do enxerto de

realiza de forma errada. Também não podemos tecido conjuntivo, avaliar a viabilidade da
acreditar que há maior colonização de placa no 14 e restauração em resina composta. Caso seja
26 desencadeando o processo de RG. Sabendo que aprovado o uso do enxerto e a LCNC tem mais de
nestes casos a RG é uma sequela ou sinal clínico de 1.0mm de profundidade, deve-se primeiro restaurar
reabsorção óssea, a pergunta então é: o que (somente a cavidade) e depois recobrir a porção
provocou a reabsorção óssea? Ainda vamos discutir radicular.

bastante sobre esse e outros temas na coluna


“Especialistas não Limitados”, pois este é o nosso Selecionamos um caso clínico passo a passo de
objetivo aqui: gerar a discussão multidisciplinar.

recobrimento radicular em situações clínicas de RG


(Fonte: Giordani G. Recobrimento Radicular, Cap. 5,
As doenças RG e HD são consideras doenças não Caso Clínico 17, Livro Soares PV, Machado AC e
cariosas, ou seja, não dependente de placa cols., Hipersensibilidade Dentinária: Guia Clínico,
bacteriana específica, como é o caso da doença Santos Pub, 2019.)

cariosa. Uma outra doença pode ocorrer,


concomitante a RG e HD: a Lesão Cervical Não Te desejo uma ótima leitura, até a próxima!

Cariosa (LCNC). É muito comum na rotina clínica Paz e Bem;

casos onde o mesmo elemento dental apresenta a PV.


16
Especialistas Não Limitados

Figura 1: Aspecto inicial de caso de recessões múltiplas Figura 5: Divisão do retalho para mobilidade e consequente
associadas a HD nos dentes 13, 14, 15 e 16. posicionamento coronal para o recobrimento radicular.

Figura 2: Incisão sulcular com microlâmina. Figura 6: Regularização e descontaminação mecânica das
raízes, por meio de ponta diamantada.

Figura 3: Desenho para delimitar a incisão, evidenciando a


criação da papila cirúrgica levando-se em consideração o Figura 7: Descontaminação mecânica das raízes, por meio de
tamanho da recessão gengival. curetas.

Figura 4: Incisão realizada de acordo com o desenho Figura 8: Desepitelização das papilas para sutura do retalho.
previamente apresentado.

17
Especialistas Não Limitados

Figura 9: Enxerto de tecido conjuntivo em posição.

Figura 10: Aspecto gengival sem grandes áreas de dentina exposta e ausência de HD (EVA = 0) após 90 dias.

18
FUN
fun - @IATROGENIA.ODONTO

19
fun - @IATROGENIA.ODONTO

(Não) assuma a responsabilidade


por seus atos! E para ajudar a
(esconder) assumir suas
responsabilidades, publicamos
nesta coluna duas referências para
justificar as escolhas erradas.
Além disso, tem uma ótima
André Maia
reflexão sobre como realizar o
Especialista em Dentística (UFF)

Mestre em Dentística (UFF)

isolamento do campo operatório!


Professor de Dentística (UNIGRANRIO) 2017/2020

Cauli Capillé

Especialista em Dentística (UFF), Mestre em Dentística (UFF),

Doutorando em Dentística (UFF), Professor de Dentística


(UNIGRANRIO) e Professor Substituto de Dentística (UFRJ)
2018/2020

“Se a culpa
é minha, eu Quando não entendemos a fundo a técnica
que estamos realizando, não damos

ponho em
importância às intercorrências que podem
acontecer a cada etapa de um
procedimento. O profissional que está

quem eu
sempre se atualizando tem,
automaticamente, um cuidado e um
capricho adequado ao seu atendimento!!

quiser!”
(Homer Simpson)
20
fun - @IATROGENIA.ODONTO

Quem nunca?? Nosso trabalho é sempre uma


parceria e quando ocorre uma falha ou uma
desadaptação, o erro é em conjunto também.
Em vez de apontar, converse, aprenda e
evolua. Valorize seu técnico!!

O “isolamento” é um tema controverso entre


os dentistas em geral. Somos suspeitos para
falar, pois, o isolamento absoluto é o nosso
queridinho, e na hora de realizarmos
procedimentos adesivos não pensamos duas
vezes sobre o seu uso.

O controle da umidade, além de dar mais


conforto na hora do trabalho, nos permite
garantir uma melhor adesão ao tecido
dentinário. Agora, até nas cimentações, o
isolamento absoluto tem sido preferido e
adotado.

Mas será que o isolamento relativo irá cair em


desuso? Através desta charge ele vem pedir
uma chance para você! Por mais
clareamentos e selantes!

21
Artigo de Caso Clínico
iK Journal; 2021 (abr); 02 (04); 22-30

Faceta direta
em resina
composta em
dente
escurecido
22
Artigo de Caso Clínico
iK Journal; 2021 (abr); 02 (04); 22-30

Reabilitação estética de dente anterior escurecido com faceta direta


em resina composta: Relato de caso

Amanda A Oliveira1, Tháira C Firmiano1,


Introdução:
Isabela S Brito2, Thaíra C O Costa2, Tramautismos dento-alveoalres na dentição
Crisnicaw Veríssimo3

permanente ocorrem com frequência em crianças e


adultos.1 Em decorrência do trauma, pode haver
1 Mestre em Clínica Odontológica - PPGO FO/UFG - uma alteração na coloração da coroa, tornando-se
Goiânia (Goiás), Brasil
escurecida.2 Além da saúde bucal, a cor dos dentes
2 Graduanda em Odontologia - FO/UFG - Goiânia reflete diretamente na satisfação do paciente com
(Goiás), Brasil
sua imagem, gerando impactos psicológicos que
3 Doutor em Clínica Odontológica – PPGO FO/UFU – podem interferir em sua qualidade de vida.3 Por
Uberlândia (Minas Gerais), Brasil. Docente do isso, a restauração de um dente anterior escurecido,
departamento de dentística da Universidade Federal de além de devolver estética e harmonia, também é
Goiás. capaz de influenciar positivamente na autoestima
do paciente.4

A reabilitação estética, de um único elemento


dentário com alteração cromática é desafiadora, as
Aplicabilidade Clínica:
opções de tratamento variam desde as mais
Os dentes escurecidos unitários são um simples, como o clareamento dental, até as mais
grande desafio para a Odontologia invasivas, como coroas totais cerâmicas.5 Para
Restauradora. Isso porque mimetizar com confecção de facetas cerâmicas em dentes
fidelidade os elementos dentários adjacentes escurecidos é necessário realizar preparos mais
é mais complexo do que confeccionar facetas invasivos, pois a cor do substrato influencia
em dois ou mais elementos. Nesse contexto, diretamente na cor final.6 Nessas situações,
as facetas diretas em resina composta procedimentos restauradores diretos passam a ser
representam uma excelente opção de uma alternativa altamente viável, favorecendo uma
tratamento, pois permitem ao abordagem menos invasiva.7 Neste cenário, o relato
cirurgião-dentista maior controle para de caso em questão tem a proposta de relatar o
estratificar a estrutura de acordo com o dente passo a passo da técnica operatória de uma faceta
adjacente. Além disso, as facetas diretas são direta com resina composta como uma alternativa
extremamente conservadoras, longevas e de tratamento de uma paciente com incisivo central
único escurecido por trauma.
apresentam excelente resultado estético.
Porém, para que o sucesso seja alcançado, o
profissional deve dominar a técnica, ter
habilidade manual e conhecer bem os
Objetivo:
materiais que utilizará. Relatar um caso de reabilitação estética de uma
paciente com um incisivo central superior
escurecido por trauma pelo método da faceta direta
Palavras-chaves: Unitário escurecido; Resina em resina composta.
Composta; Pigmentos para restaurações.

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Artigo de Caso Clínico
iK Journal; 2021 (abr); 02 (04); 22-30

Relato de caso:
Paciente jovem, sexo feminino, procurou endodôntico. Após anamnese, avaliação clínica,
atendimento devido à insatisfação com a coloração radiográfica e fotográfica (Figura 1), o plano de
do dente 21. A paciente relatou ter sofrido luxação tratamento foi realizado. A proposta foi de
lateral desse dente quando criança, por queda de clareamento dental e reabilitação estética do dente
patinete e nessa época foi realizado tratamento escurecido com faceta direta em resina composta.

Figura 1: Aspecto inicial A: Sorriso com dente 21 escurecido. B: Aspecto intrabucal em oclusão. C: Aspecto após clareamento dental
associando técnica de consultório e caseira.

Foi realizado clareamento dental associando a para tratamento de dentes traumatizados pelo risco
técnica de consultório com gel clareador a base de de ativar um processo de reabsorção dentinária.4

peróxido de hidrogênio-35% (Whiteness HP, FGM, A seleção de cores dos compósitos resinosos foi
Joinville, SC, Brasil) com 2 aplicações de 15 minutos realizada pela técnica de incrementos de resina
em 3 sessões clínicas; e caseiro realizado com gel fotoativada na superfície do dente adjacente (Figura
clareador a base de peróxido de hidrogênio-16% 2). Procedeu-se com a realização do isolamento
(Opalescence 16%, Ultradent, South Jordan, UT EUA) absoluto modificado e posicionamento do fio
com uso de 2 horas por dia por 15 dias. O dente 21 retrator nº 000 (Ultrapack, Ultradent, South Jordan,
não foi clareado. Vale a pena ressaltar que o UT, EUA) no dente 21 para posterior realização das
tratamento com clareamento interno não é indicado etapas do procedimento restaurador (Figuras 3 e 4).

24
Artigo de Caso Clínico
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A A

B C

C
E

Figura 2: Seleção de cor das resinas compostas. A:


Incrementos de resinas compostas nas regiões cervical, médio
e incisal. B: Mapa cromático com as cores escolhidas. C:
Fotografia com alta saturação para comparação de croma das Figura 3: Preparo dentário. A: Sulco de orientação cervical confeccionado com
resinas. D: Fotografia em escala cinza para comparação de ponta diamantada 1013 (KG Sorensen, São Paulo, SP, Brasil). B: Vista frontal dos
valor das resinas. sulcos de orientação da face vestibular. C: Confecção dos sulcos de orientação
com ponta diamantada 4138 (KG Sorensen, São Paulo, SP, Brasil) respeitando os
planos de inclinação cervical da face vestibular. D: Inclinação do terço médio. E:
Inclinação do terço incisal. F: Vista frontal final do preparo, após união dos
sulcos de orientação da face vestibular. G: Vista lateral do preparo finalizado,
com desgaste em torno de 1,0 mm a 1,5 mm, respeitando planos de inclinação
da face vestibular.

25
Artigo de Caso Clínico
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Figura 4: Procedimento restaurador. A: Condicionamento do esmalte com ácido fosfórico a 35% (Ultraetch, Ultradent, South Jordan, UT,
EUA) por 30 segundos. B: Aplicação do sistema adesivo Clearfil (Kuraray,Tokyo, Japão). Primer com aplicação ativa por 10 segundos
em dentina, seguido de leve jato de ar. C: Aplicação ativa por 10 segundos do adesivo, seguido de leve jato de ar. D: Fotoativação com
Valo Cordless (Ultradent, South Jordan, UT, EUA) por 20 segundos. E: Aplicação do agente opacificador Opaque White (Ivoclar Vivadent,
Inc, Amherst, NY). F: Confecção das faces interproximais com resina A1B Z350XT (3M Oral Care, St Paul, MN, USA) com auxílio de
matriz metálica pré-fabricada (Unimatrix, TDV, Brasil). G: Aplicação da resina de dentina A2D Z350XT (3M Oral Care) na região cervical.
H: Estratificação da camada subsequente com definição dos mamelos dentinários com resina de corpo A1B Z350XT. I: Aplicação de
resinas translúcidas AT Z350XT (3M Oral Care) e Blue Harmonize (Kavo Kerr,Pensilvania, EUA) entre os mamelos para caracterização da
incisal. J: Aplicação do pigmento FinalTouch White (Voco, Cuxhaven, Alemanha) para adicionar efeitos de cor. K: Aplicação de fina
camada de BL2 Estelite Omega (Tokuyama dental, Tokyo, Japão) na região cervical para elevação do valor da restauração. L: Aplicação
de resina CT Z350 XT (3M Oral Care) no terço incisal.

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Artigo de Caso Clínico
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A etapa de acabamento e polimento foi realizada 24 O acompanhamento de 18 meses apresentou a


horas após a restauração (Figuras 5 e 6). O mesma similaridade de cor e polimento comparado
resultado final está apresentado na figura 7. à avaliação imediata pós restauração (Figura 8).

Figura 5: Etapa de acabamento. A: Tiras de lixa Epitex de granulação grossa – azul (GC South America, São Paulo, SP, Brasil para
acabamento interproximal. B: Tiras de lixa Epitex de granulação média – verde. C: Tiras de lixa Epitex de granulação fina – branca. D:
Tiras de lixa Epitex de granulação extra fina – laranja. E: Acabamento com discos de lixa Optidisc (Kavo Kerr, Pensilvania, EUA) para
inclinação do terço cervical. F: Acabamento com discos para inclinação do terço médio. G: Acabamento com discos para inclinação do
terço incisal. H: Acabamento com discos para inclinação da palatina. I: Desenho das áreas de espelho em lápis e linhas em vermelho e
amarelo simulando as arestas do dente análogo para ajustes em disco. J: Aspecto final após acabamento.

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Figura 6: Etapa de polimento. A: Polimento inicial sendo realizado com taça de borracha Astropol Granulação Média - Azul (Ivoclar
Vivadent, Inc, Amherst, NY). B: Polimento realizado com taça de borracha Astropol Granulação Fina – Rosa. C: Polimento realizado com
discos em espiral Rosa EVE (Keltern, Baden-Württemberg, Alemanha). D: Polimento realizado com discos em espiral Cinza EVE. E:
Polimento final sendo realizada com disco de pelo de cabra e pasta diamantada - 1μ e 0,5μ Diamond Polish (Ultradent, South Jordan,
UT, EUA). F: Aspecto final imediato após etapa de polimento.

Figura 7: Aspecto final. A: Sorriso com harmonia de cor dos Figura 8: Acompanhamento de 18 meses. A: Sorriso. B: Aspecto
incisivos centrais. B: Aspecto intrabucal em oclusão. C: Aspecto intrabucal em oclusão. C: Aspecto com contraste de fundo
com contraste de fundo escuro. escuro.

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Discussão: O domínio dos protocolos reabilitadores


Quando a desarmonia estética é causada por um associado ao uso de agentes opacificadores
único dente escurecido, as facetas de resina são essenciais para a otimização dos
resultados;
composta podem ser indicadas ao invés de facetas
de cerâmica.8 Isso porque, para mascarar um O procedimento devolveu harmonia ao
substrato escurecido utilizando cerâmica, é sorriso da paciente e influenciou
necessário desgaste da superfície dentária,6 o que positivamente em sua autoestima.
pode comprometer o sucesso do procedimento,
devido a chance de falha associada a cimentação
destas em áreas com exposição de dentina.9 Outro
fator é o mimetismo, mais fácil de ser conseguido
com as resinas compostas pois o cirurgião-dentista
consegue visualizar as características ópticas de
forma mais acertiva.10 Ademais, as facetas diretas
de resina composta possuem boa adaptação
marginal, dispensam procedimentos de cimentação,
possibilitam reparo, apresentam custo reduzido e
alta longevidade clínica.11,12,13,14

No presente caso clínico foi necessário trabalhar


com um agente opacificador, uma vez que esse
material não permite uma grande passagem de luz,
mascarando a região escurecida do remanescente Vídeo: Amanda A Oliveira, MS, DDS

dentário. Uma das vantagens da utilização de


opacificadores é proporcionar maior opacidade em Autor Correspondente:

Crisnicaw Veríssimo

uma espessura fina de material.15 Além da escolha crisnicaw.verissimo@ufg.br


minuciosa de cada material que compõe as
camadas da estratificação, é necessário realizar um Referências:

bom acabamento e polimento. Essa etapa final evita 1. Diangelis AJ, Andreasen J.O, Ebeleseder KA, Kenny D, Trope M, Sigurdsson
rugosidade superficial, ausência de brilho e A, Andersson L,Bourguignon C, Flores MT, Hicks ML. . International Association
of Dental Traumatology guidelines for the management of traumatic dental
instabilidade de cor para a restauração.16
injuries: 1. Fractures and luxations of permanent teeth. Dental Traumatology.
2012; 28 (1): 2-12


Conclusão: 2. Abbot P, Heah S. Internal bleaching of teeth: an analysis of 255 teeth.


Australian Dental Journal. 2009 Dez; 54 (4): 326-333


As facetas estéticas diretas com resina


3. Goulart MA, Condessa AM, Hilgert JB, Hugo FN, Celeste RK. Concerns about
composta são altamente viáveis e
dental aesthetics are associated with oral health related quality of life in
funcionalmente eficazes na reabilitação de
Southern Brazilian adults. CienSaude Colet. 2018 Nov; 23 (11): 3957-3964
dente escurecido;
29
Artigo de Caso Clínico
iK Journal; 2021 (abr); 02 (04); 22-30

4. Al-Zarea BK. Satisfaction with appearance and the desired treatment to 15. An JS et al., The Influence of a Continuous Increase in Thickness of
improve aesthetics. International Journal Of Dentistry. 2013; 2013 (1):1-7

Opaque-Shade Composite Resin on Masking Ability and Translucency. Acta


Odontologica Scandinavica. 2013 Jan; 71 (1): 120-129

5. Cardoso PC, Decurcio RA, Pacheco AFR, Monteiro LJE, Ferreira MG, Lima
PLA, Silva RF. Facetas Diretas de Resina Composta e Clareamento Dental: 16. Menezes MS, Vilela ALR, Silva FPS, Reis GR, Borges MG. Acabamento e
Estratégias para Dentes Escurecidos. Rev Odontol Bras Central. 2011 Jan; 20 polimento em resina composta: reprodução do natural. Rev Odontol Bras
(55): 342-347

Central. 2014 Dez; 23 (66):124-129

6. Azer SS, Rosenstiel SF, Seghi RR, Johnston WM. Effect of substrate shades
on the color of ceramic laminate veneers. The Journal Of Prosthetic Dentistry.
2011 Set; 106 (3): 179-183

7. Lima RBW, Leite JT, França RM, Brito MCT, Uchoa RC, Andrade AKM.
Reabilitação Estética Anterior pela Técnica do Facetamento - Relato de Caso.
Revista Brasileira de Ciências da Saúde. 2013 Dez; 17 (4): 363-370

8. Yanikian CRF, Yanikian F, Sundled D, Lins RBE, Martins LRM. Direct


Composite Resin Veneers in Nonvital Teeth: a still viable alternative to mask
dark substrates. Operative Dentistry. 2019 Jul; 44 (4): 159-166

9. Nalbaldian S, Millar BJ. The effect of veneers on cosmetic improvement.


British Dental Journal. 2009 Jul; 207 (2): 3-3

10. Machado AC, Reinke ACMA, Reis BR, Moura GF, Zeola LF, Costa MM,
Soares PV. Reabilitação estética e funcional com facetas diretas após
histórico de traumatismo dento-alveolar. Rev Odontol Bras Central. 2016 Set;
25 (74): 154-161

11. Coelho de Souza FH, Gonçalves DS, Sales MP, Erhardt MCG, Correa MB,
Opdam NJM, Demarco FF. Direct anterior composite veneers in vital and
non-vital teeth: a retrospective clinical evaluation. Journal Of Dentistry. 2015
Nov; 43 (11): 1330-1336

12. Lempel E. et al., Direct Resin Composite Restorations for Fractured


Maxillary Teeth and Diastema Closure: A 7 Years Retrospective Evaluation of
Survival and Influencing Factors. Dental Materials. 2017 Abril; 33 (4): 467-476

13. Demarco FF et al., Should my composite restorations last forever? Why are
they failing? Brazilian Oral Research. 2017 Agosto; 31 (1)

14. Korkut, Bora, Cafer T. Longevity of Direct Diastema Closure and


Recontouring Restorations with Resin Composites in Maxillary Anterior Teeth:
A 4‐year Clinical Evaluation. Journal of Esthetic and Restorative Dentistry. 2020
Dez;

30
ARTIGO DE PESQUISA INÉDITA
iK Journal; 2021 (abr); 02 (04); 31-39

Saúde oral de
pacientes
submetidos à
quimioterapia
antineoplásica
31
ARTIGO DE PESQUISA INÉDITA
iK Journal; 2021 (abr); 02 (04); 31-39

Saúde oral de pacientes submetidos à quimioterapia antineoplásica de


um hospital oncológico de referência

William E Pirola1,2,3; Thaisa T Oliveira2; Introdução:


Natália S Kusuke2; Aline S Q Almeida2; João Um dos problemas relacionados ao tratamento
Victor S Rodrigues4; Helio MTanimoto2; antineoplásico se dá porque a quimioterapia não é
Emilze M Lima2
capaz de diferenciar células neoplásicas das células
1 Hospital de Câncer de Barretos - Fundação normais que apresentam elevado turnover.1 Durante
Pio XII - Programa de Pós Graduação - o tratamento oncológico, podem ser
Barretos (SP) - Brasil

desencadeadas diversas alterações orais, dentre


2 Hospital de Câncer de Barretos - Fundação elas estão a lesão aftosa, a xerostomia e a
Pio XII - Departamento de Odontologia - mucosite, que são as complicações mais
Barretos (SP) - Brasil

frequentes entre os pacientes, a disfunção das


glândulas salivares, a disgeusia, a hipersensibilidade
3 Centro Universitário de Goiatuba - dentinária, as alterações de desenvolvimento
Departamento de Odontologia – Goiatuba
(GO) – Brasil

esquelético e dental, e o retardo de erupção, além


das infecções que podem ser virais, bacterianas ou
4 Universidade Estadual Paulista (Unesp) - fúngicas.2, 3

Faculdade de Odontologia, Araçatuba,


Departamento de Diagnóstico e Cirurgia,
Trabalhos da década de 90 já apontavam que os
Divisão Periodontia, Araçatuba (SP) - Brasil
pacientes precisavam de um rigoroso controle
odontológico a fim de eliminar focos infecciosos
antes de serem submetidos à quimioterapia
Aplicabilidade Clínica:

O presente estudo descreve a condição de antineoplásica (Figura 1).4, 5 Através do atendimento


saúde bucal de pacientes oncológicos durante odontológico é possível melhorar a qualidade de
a quimioterapia antineoplásica. Tais estudos vida do paciente antes e após o tratamento,
epidemiológicos tem a função de conhecer a
portanto, a presença do cirurgião dentista na equipe
condição bucal média a fim de associar os
dados com a literatura disponível e, desta multidisciplinar é imprescindível, uma vez que a
forma, guiar o profissional de odontologia na correlação da sintomatologia apresentada pelo
prevenção, diagnóstico e tratamento das paciente com a droga utilizada torna o tratamento
alterações que acometem a cavidade oral de
pacientes oncológicos durante a das manifestações e complicações orais mais
quimioterapia antineoplásica. fáceis, oferecendo, desta forma, mais qualidade de
vida ao paciente.3, 6

32
ARTIGO DE PESQUISA INÉDITA
iK Journal; 2021 (abr); 02 (04); 31-39

Foram avaliados os seguintes índices: CPOD; o


Índice de Placa (IP), Índice Gengival (IG) e presença
de lesões orais e uso de próteses. Para os IP e IG
foram avaliados seis elementos dentais, sendo eles:
16, 12, 24, 36, 32 e 46; em caso de ausência de
algum destes dentes, avaliou-se o elemento
adjacente. Em ambos exames avaliou-se 4 sítios por
elemento dental (vestibular, mesial, distal e
palatina/lingual).7

Resultados:
Os dados socioeconômicos e demográficos estão
descritos na Tabela 1. Ao associar as variáveis
socioeconômicas e demográficas com a condição
Figura 1: Paciente com necessidade de rigoroso controle
odontológico a fim de eliminar focos infecciosos. de saúde oral (Tabela 2), podemos observar
associações estatisticamente significativas. A

Objetivo: Tabela 3 apresenta a regressão logística do índice


de desdentados em relação à Renda Familiar e
Avaliar a condição de saúde bucal de pacientes Região de Origem do paciente. Em comparação à
submetidos aos diferentes ciclos de terapia renda familiar, foi observado que quanto maior a
antineoplásica através dos seguintes parâmetros renda, menor o Odds Ratio (O.R.). Os dados sugerem
odontológicos: Índices de Placa e Gengival, Índice que pacientes de baixa escolaridade apresentam
CPOD, condição periodontal e edentulismo. um índice CPOD mais elevado, ou seja, um maior
número de elementos dentais comprometidos
(Tabela 4).
Metodologia:
Trata-se de um estudo observacional transversal
com coleta prospectiva. O projeto foi aprovado pelo
Comitê de Ética e Pesquisa do Hospital de Câncer
de Barretos – Fundação Pio XII (CAAE: nº:
18242413.4.0000.5437).

Foram incluídos 110 pacientes admitidos no Centro


Infusional da Instituição, acima de 18 anos de idade,
que estavam realizando infusão de quimioterápico
antineoplásico entre o primeiro e o sexto ciclo.

33
ARTIGO DE PESQUISA INÉDITA
iK Journal; 2021 (abr); 02 (04); 31-39

Tabela 1: Caracterização socioeconômica, demográfica e clínica da população estudada durante a quimioterapia


Variável Categoria N % Média (dp)
< 45 anos 21 19,1
Idade 45 a 60 anos 50 45,5 -
> 60 anos 39 35,5
Sexo Feminino 82 74,5 -
Masculino 28 25,5
Cor da pele Branca 78 70,9 -
Não branca 32 29,1
Escolaridade Analfabeto/Ensino 68 61,7
Fun amental
d 23 20,9 -
Ensino m io éd 19 17,4
Ensino su erior p

Estado civil S olteiro 12 10,9


asa o/ nião est el 69 62,7
C d U

e ara o/ i orcia o
áv
14 12,7 -
S

V úv
p

i o
d D v d
15 13,6

R e da a iliar
n f m * 0a2 51 50,0
3a4 31 30,4 -
>5 20 19,6

R egi o de orige
ã m Centro - este O
15 13,6
Norte/Nor este d 12 10,9 -
Sul/ u este
S d 83 75,5
T opogra ia do t f um or i esti o Alto
D g v 10 9,1
i esti o Bai o
D g v x 30 27,3 -
Mama 35 31,8
Outros 35 31,8
Classi ica o do
f çã Alto risco a mucosite oral **
38 34,5
i ioterápico
qu m ***
Bai o risco a mucosite oral
x 71 65,5 -

D esde tadon Não 88 80,00 -


Sim 22 20,00
Ín dice C POD - 110 - 24,82 6,51
( )

dice de placa -
88 - 1,54 1,50
Ín

bacteria a n
( )

Ín dice ge gival n - 88 - 1,37 1,08


( )

D oe a periodo tal
nç n Não 63 57,30
Sim 25 22,70 -
E cluí os es enta os
x d (d d d )
22 20,00
Escova o diária çã Nunca 1 0,90
(de tes)
n 1 / ia
x d 3 2,70
2 / ia
x d 14 12,70
3 / ia
x d 54 49,10 -
4 / ia
x d 14 12,70
5 / ia
x d 1 0,90
6 / ia
x d 1 0,90
E cluí os es enta os
x d (d d d ) 22 20,0
Prese a de les o
nç ã Não 97 87,30 -
oral Sim 13 12,70

(*) Em salário mínimo. Não responderam (8).

(**)Quimioterpápicos considerados de alto risco à Mucosite Oral: Ciclofosfamida, Fluorouracil, Mercaptopurina, Metotrexato, Vincristina, Bleomocina,
Doxorrubicina, Hidroxieréia, Citarabina, Fluxoridina, Tioguanina, Vinblastina, Etoposina, Dactinomicina, Mitomicina, Procarbazina.

(***)Total 109 Pacientes (1 Missing)

34
ARTIGO DE PESQUISA INÉDITA
iK Journal; 2021 (abr); 02 (04); 31-39

Tab la 2
e : Número e porcentagem de indivíduos dentados e desdentados; e número e porcentagem de indivíduos com gengivite e com

gengiva saudável, de acordo com as variáveis socioeconômica, demográficas e clínicas na avaliação durante a quimioterapia.

Desdentado – Desdentado - P Gengivite – Gengivite – P valor


Variável Categoria Não Sim valor Sim Não
N (%) N (%) N (%) N (%)
Idade < 45 anos 21 23,9% 0 0,0% <0,001 16 25,4% 5 20,0% 0,767
45 – 60 anos 44 50,0% 6 27,3% 30 47,6% 14 56,0%
> 60 anos 23 26,1% 16 72,7% 17 27,0% 6 24,0%

Sexo Feminino 63 71,60% 19 86,40% 0,155 47 74,6% 16 64,0% 0,320


Masculino 25 28,40% 3 13,60% 16 25,4% 9 36,0%

Raça Branca 64 72,70% 14 63,60% 0,401 49 77,8% 15 60,0% 0,091


Não Branca 24 27,30% 8 36,40% 14 22,2% 10 40,0%

Escolaridade Até 43 48,90% 20 90,90% 0,001 29 46,0% 14 56,0% 0,464


Fundamental
completo
Ensino Médio 26 29,50% 0 0,00% 21 33,3% 5 24,0%
Incompleto/
Completo
Ens. Superior 19 21,60% 2 9,10% 13 20,6% 6 24,0%
Incompleto/
Completo

Renda 0a2 34 42,00% 17 81,00% 0,006 17 29,8% 17 70,8% 0,003


Familiar* 3a4 28 34,60% 3 14,30% 23 40,4% 5 20,8%
>5 19 23,50% 1 4,80% 17 29,8% 2 8,3%

Região de Centro -oeste 9 10,20% 6 27,30% 0,107 9 14,3% 0 0,0% 0,064


Origem Norte/Nordest 11 12,50% 1 4,50% 6 9,5% 5 20,0%
e
Sul/Sudeste 68 77,30% 15 68,20% 48 76,2% 20 80,0%

Topografia do i esti o Alto


D g v 7 8,00% 3 13,60% 0,520 3 4,8% 4 16,0% 0,184
T mor
u i esti o
D g v 25 28,40% 5 22,70% 21 33,3% 4 16,0%
Bai ox

Mama 30 34,10% 5 22,70% 21 33,3% 9 36,0%


O utros ** 26 29,50% 9 40,90% 18 28,6% 8 32,0%

Qu imioterapia Alto risco a 26 29,60% 12 54,50% 0,030 23 36,5% 3 12,5% 0,029


**** Mucosite (***)

Bai o risco a
x 61 70,10% 10 45,50% 40 63,5% 21 87,5%
Mucosite

(*) Em salário mínimo. Não responderam (8)

(**) Útero (7); ovário (7); pulmão (4); sarcoma de partes moles (3); glândula supra renal (2); pâncreas (2); localização mal definida (2); fígado (1); ossos

(1); retroperitônio (1); vulva (1); vagina (1); placenta (1), ureteres (1); bexiga (1).

(***)Quimioterpápicos considerados de alto risco à Mucosite Oral: Ciclofosfamida, Fluorouracil, Mercaptopurina, Metotrexato, Vincristina, Bleomocina,

Doxorrubicina, Hidroxieréia, Citarabina, Fluxoridina, Tioguanina, Vinblastina, Etoposina, Dactinomicina, Mitomicina, Procarbazina. Missing (1)

(****)Total 109 Pacientes (1 Missing)

35
ARTIGO DE PESQUISA INÉDITA
iK Journal; 2021 (abr); 02 (04); 31-39

Tabela 3: Valor médio e desvio padrão, mediana do Índice CPOD de acordo com as variáveis socioeconômica, demográficas e clínicas
na avaliação durante a quimioterapia.

Variável Categoria Índice CPOD Índice de Placa (IP) Índice Gengival (IG)
P P P

N Média (dp) valor N Média (dp) valor N Média (dp) valor


Idade < 45 anos 21 18,19 5,42 <0,001 21 1,49 0,55 0,307 21 1,19 0,35 0,030

45 – 60 50 24,3 6,27 50 1,47 0,51 50 1,31 0,47


anos
> 60 anos 39 29,08 3,49 39 1,73 0,72 39 1,63 0,69

Sexo Feminino 82 24,74 6,25 0,616 82 1,42 0,48 0,009 82 1,29 0,44 0,26
Masculino 28 25,07 7,34 28 1,85 0,71 28 1,54 0,71

Raça Branca 78 25,13 6,17 0,54 78 1,52 0,63 0,261 78 1,35 0,54 0,686
Não 32 24,09 7,33 32 1,61 0,44 32 1,4 0,54
Branca

Escolari - Até Funda - 63 26,62 5,95 <0,001 63 1,63 0,6 0,103 63 1,5 0,65 0,337
dade mental
completo
Ens Médio 26 19,88 6,11 26 1,57 0,47 26 1,22 0,32
Incom -
pleto /

C ompleto
Ens . 21 25,57 5,67 21 1,33 0,66 21 1,25 0,4
S uperior
Inc ./

C ompleto

Renda 0a2 51 26,84 5,83 0,003 51 1,74 0,59 0,025 51 1,56 0,57 0,006
Fa iliar
m * 3a4 31 21,94 7,22 31 1,44 0,51 31 1,24 0,47
>5 20 24,1 4,3 20 1,35 0,61 20 1,2 0,39

Regi o ã Centro - 15 27,4 6,09 0,103 15 1,47 0,54 0,019 15 1,51 0,7 0,271
de oeste
Orige m

Norte / 12 23,75 5,91 12 2,02 0,57 12 1,53 0,48


Nordeste
Sul / 82 24,52 6,62 82 1,48 0,57 82 1,32 0,52
Sudeste

T opogra - i esti o
D g v 10 29,7 2,71 10 2,02 0,83 0,01 10 1,76 0,71 0,112
fia do Alto
Tum or i esti o
D g v 30 23,67 6,69 0,013 1,31 0,54 30 1,26 0,58
Bai o x

Mama 35 23,34 6,83 35 1,45 0,46 35 1,38 0,48


Outros ** 35 25,91 6,12 35 1,75 0,56 35 1,34 0,48

i io -
Qu m Alto risco a 38 25,45 6,86 0,337 38 1,46 0,56 0,239 38 1,39 0,6 0,87
terapia *** Mucosite
* O ral ***

Bai o risco
x 71 24,51 6,39 71 1,59 0,6 71 1,36 0,51
a Mucosite
O ral

m salário mínimo. ão responderam


(*) E N (8)

tero ovário pulmão sarcoma de partes moles gl ndula supra renal p ncreas locali ação mal definida
(**) Ú (7); (7); (4); (3); â ígado ossos
(2); â (2); z (2); f (1);

retroperitônio vulva vagina placenta , ureteres


(1); (1); (1); e iga (1); (1) (1); b x (1).

(***)Quimioterpápicos considerados de alto risco ucosite Oral Ciclo os amida, luorouracil, ercaptopurina, etotre ato, Vincristina, leomocina,
à M : f f F M M x B

Do orru icina, idro ieréia, Citara ina, lu oridina, ioguanina, Vin lastina, toposina, Dactinomicina, itomicina, Procar a ina
x b H x b F x T b E M b z .

(****)Total Pacientes
109 issing (1 M )

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ARTIGO DE PESQUISA INÉDITA
iK Journal; 2021 (abr); 02 (04); 31-39

Tabela 4: Regressão logística – Odds Ratio e intervalo de confiança de pacientes desdentados em relação a Renda familiar e Região de
Origem. Regressão logística sobre Saúde Gengival em relação a Renda Familiar e topografia do tumor de pacientes durante a
quimioterapia.

Intervalo de Confiança – 95%


Variável Categorização O.R.* Limite Limite p valor
Inferior Superior
Pacientes Desdentados
Renda familiar**
0a2 0,007
3a4 0,147 0,034 0,631 0,010
>5 0,095 0,011 0,796 0,030
Região de Origem Centro Oeste 0,064
Norte/Nordest 0,062 0,005 0,769 0,030
e
Sul/Sudeste 0,235 0,052 1,057 0,059

Constante 2,125 0,315


Gengivite
Renda familiar** 0a2
3a4 0,106 0,024 0,464 0,003

>5 0,090 0,015 0,556 0,010


Topografia do tumor Digestivo Alto
Digestivo 0,184 0,019 1,789 0,145
Baixo
Mama 0,113 0,014 0,921 0,042
Outros** 0,075 0,008 0,689 0,022

Quimioterapia Alto risco a


Mucosite***
Baixo risco a 9,242 1,142 74,766 0,037
Mucosite

Constante 1,661 0,675


(*) Odds Ratio

(**) Em salario mínimo. Não responderam (8)

(***)Quimioterpápicos considerados de alto risco à Mucosite Oral: Ciclofosfamida, Fluorouracil, Mercaptopurina, Metotrexato, Vincristina, Bleomocina,
Doxorrubicina, Hidroxieréia, Citarabina, Fluxoridina, Tioguanina, Vinblastina, Etoposina, Dactinomicina, Mitomicina, Procarbazina.

37
ARTIGO DE PESQUISA INÉDITA
iK Journal; 2021 (abr); 02 (04); 31-39

D iscussão:
Evidenciou-se ainda que pacientes com neoplasias
malignas de digestivo alto apresentaram pior
condição oral em relação ao índice CPOD, com uma
média de 29,70 (dp: 2,71), sendo que um dos fatores
de risco para tais tumores é o consumo de tabaco e
dieta pobre, fatores que também podem estar
relacionados a uma piora da condição oral.
Pacientes tabagistas podem apresentar diversas
alterações orais, como dificuldade de cicatrização,
alterações gengivais, periodontais e queda na
vascularização.8

A análise do índice gengival retratou uma doença


moderada com escore de 1,37 (dp: 1,08) mostrando Autor Correspondente:

gengiva com coloração vermelho ou vermelho William Eduardo Pirola

azulada com sangramento a sondagem, podemos wepirola@gmail.com


verificar uma piora da saúde gengival em pacientes
idosos, e podemos verificar uma melhora da saúde
gengival quando maior a renda familiar. Tal situação
também foi constatada em outros estudos9,10 que Referências:

1. Berger Velten D, Zandonade E, Monteiro de Barros Miotto MH. Prevalence of


apontam uma piora da saúde gengival em pacientes
oral manifestations in children and adolescents with cancer submitted to
com renda familiar menor.

chemotherapy. BMC Oral Health. 2016;16(1):107.

Em relação ao protocolo de quimioterapia utilizado


2. Lalla RV, Sonis ST, Peterson DE. Management of oral mucositis in patients
pelo paciente quando comparado com gengivite, a
who have cancer. Dent Clin North Am. 2008;52(1):61-77, viii.

maioria dos pacientes (87,50%) com a patologia


faziam uso de drogas com baixo risco a mucosite
3. Hespanhol FL. Levantamento epidemiológico de manifestações bucais em
oral; estudos prévios apontam um aumento das
pacientes submetidos à quimioterapia. Tese de Mestrado Apresentado a
doenças periodontais em pacientes oncológicos
Universidade do Rio Grande “Prof José de Souza Herdy”. Duque de Caxias.
que fazem uso de quimioterapia.11, 12, 13
2007.

Conclusão: 4. Paiva CI, Zanatta FB, Flores DM, Pithan SA, Dotto GN, Chagas AM. Efeitos da
Quimioterapia na Cavidade Bucal. Disciplinarum Scientia. 2004;4(1):109-19.

Os pacientes oncológicos avaliados neste 5. de-Jesus LG, Cicchelli M, Martins GB, Pereira MCC, Lima HS, Medrado ARAP.
estudo apresentaram baixa condição de
Repercussões orais de drogas antineoplásicas: uma revisão de literatura [Oral
higiene oral, e elevados índices CPOD, gengival
effects of anticancer drugs: a literature review]. RFO UPF. 2016;21(1).

e de placa;
Observamos uma elevada casuística de 6. Epstein JB, Tsang AH, Warkentin D, Ship JA. The role of salivary function in
pacientes desdentados; modulating chemotherapy-induced oropharyngeal mucositis: a review of the
Há piora na condição oral ao relacionar as literature. Oral Surg Oral Med Oral Pathol Oral Radiol Endod. 2002;94(1):39-44.

variáveis socioeconômicas;

38
ARTIGO DE PESQUISA INÉDITA
iK Journal; 2021 (abr); 02 (04); 31-39

7. Pinto VG. Relacionamento entre padrões de doença e serviços de atenção


odontológica. Rev Saúde Pública. 1989;23:509-14.

8. Ribeiro ILA, Veloso HHP. Influência do Tabagismo nas Alterações Pulpares.


Robrac - Revista Odontológica do Bbrasil Central. 2012;21(58).

9. Iquejiri MH, Zárate-Pereira P. Influência dos aspectos socioeconômicos na


incidência da gengivite. Rev Int de Periodontia Clínica 2005;2(6)(107-14).

10. Borrell LN, Beck JD, Heiss G. Socioeconomic disadvantage and periodontal
disease: the Dental Atherosclerosis Risk in Communities study. Am J Public
Health. 2006;96(2):332-9.

11. Bueno AC. Condição periodontal de indivíduos submetidos à radioterapia


associada ou não à quimioterapia das vias aerodigestivas superiores: um
estudo prospectivo / Periodontal condition of individual submitted to
radiotherapy with or without chemotherapy of upper aerodigestive tract: a
prospective study. Tese de Mestrado Apresentada a Universidade Federal de
Mina Gerais. Belo Horizonte. 2009.

12. Sobue T, Bertolini M, Thompson A, Peterson DE, Diaz PI,


Dongari-Bagtzoglou A. Chemotherapy-induced oral mucositis and associated
infections in a novel organotypic model. Mol Oral Microbiol. 2018;33(3):212-23.

13. Hong BY, Sobue T, Choquette L, Dupuy AK, Thompson A, Burleson JA, et al.
Chemotherapy-induced oral mucositis is associated with detrimental bacterial
dysbiosis. Microbiome. 2019;7(1):66.

39
Artigo de caso clínico
iK Journal; 2021 (abr); 02 (04); 40-47

Restauração
em incisivo
central
escurecido
40
Artigo de caso clínico
iK Journal; 2021 (abr); 02 (04); 40-47

Restauração cerâmica em incisivo central escurecido: Desafios e


soluções clínicas

Paulo V Soares1, Caio M Mesquita2, Mariana


Introdução:
F Pires2, Alexandre C Machado3 A estética consiste em um conjunto de fatores
1 Professor da Universidade Federal de objetivos avaliados pelos profissionais (medidas,
Uberlândia (FO.UFU). Pós-Doutorado valores, proporções e simetrias) e subjetivos
University of Illinois – Chicago. Membro do dependentes de cada paciente (questões
Núcleo de estudo em Lesões Não Cariosas – socioculturais, psicológicas e emocionais).1
LNC.UFU.

Traumatismos dentoalveolares, alterações de cor,


2 Graduando em Odontologia – FO.UFU. anomalias dentárias de quantidade, forma, tamanho
Membro do Núcleo de estudo em Lesões Não e posição1,2 podem gerar impactos negativos na
Cariosas – LNC.UFU.

oclusão, fonética e estética, além da autoestima e


bem-estar psicossocial3-5, sendo fortemente
3 Doutor em Clínica Odontológica Integrada – recomendado reabilitar a harmonia
PPGO.UFU. Professor da Universidade Federal estético-funcional desses casos.1,5

de Uberlândia – ESTES-UFU. Membro do


Núcleo de estudo em Lesões Não Cariosas –
LNC.UFU. Para restaurar indiretamente esses casos, as
cerâmicas podem ser consideradas como uma
opção de sucesso. Mesmo os laminados
cerâmicos2,6-8 apresentam diversas vantagens como
Aplicabilidade Clínica:
capacidade de adesão ao substrato dentário,
A situação-problema de substrato escurecido
representa a dificuldade em aproximar a cor e estabilidade de cor, alta resistência e durabilidade,
translucidez da restauração com os dentes excelente lisura superficial, resistência à abrasão,
adjacentes, principalmente em casos baixo acúmulo de placa bacteriana, além de
unitários, onde será realizada apenas uma coeficiente de expansão térmica, rigidez e
restauração em meio a dentes hígidos. Este
propriedades óticas semelhantes ao esmalte
compilado teórico-técnico de extrema
relevância pode auxiliar cirurgiões-dentistas dental.9,10 Essas vantagens associadas à execução
em suas condutas clínicas relacionadas ao de técnica criteriosa permitem a mínima remoção
procedimento reabilitador estético de dentes de tecido dentário, manutenção da vitalidade do
escurecidos. dente e harmonia estética, também resultando em
baixas taxas de falha (entre 0 e 5%, de 1 a 5 anos).11
Palavras-chaves: Descoloração de Dente; Estética
Dentária; Facetas Dentárias.
41
Artigo de caso clínico
iK Journal; 2021 (abr); 02 (04); 40-47

Objetivos: moldagem com silicone por adição (Figuras 4 e 5),


registro oclusal (Futar D; Kettenbach, Ultradent
O presente artigo visou relatar um caso de Brasil) e confecção de provisório para o dente 21.
confecção de restauração cerâmica no dente 21 Após recebimento das restaurações cerâmicas
escurecido após fratura da antiga coroa e confeccionadas pelo protético, foi conferida a
reanatomização minimamente invasiva do dente 22 espessura (Figura 6) e isolamento para cimentação
com laminado cerâmico. (Figura 7). Foi realizado o condicionamento ácido do

Relato de caso
substrato dental (Figuras 8 e 9), aplicação do
sistema adesivo (Figura 10), aplicação de cimento

clínico: resinoso (Figura 11) e fotoativação por 20s em cada


face (Figuras 12 e 13). Por fim, ajustou-se a guia
anterior e foi realizado o polimento da cerâmica
Paciente do sexo feminino, 25 anos, compareceu à (Figura 14).
clínica odontológica após fratura e perda da coroa
do dente 21, o qual apresentava escurecimento e A
estrutura do preparo comprometida (Figura 1). Após
anamnese e exame clínico, foi constatado
tratamento endodôntico prévio com instalação de
pino de fibra de vidro. A conduta adotada foi
manutenção do pino de fibra de vidro previamente
instalado, realização de novo preparo e coroa
cerâmica no dente 21, além da confecção de
laminado cerâmico minimamente invasivo no dente
22 com o intuito de reanatomização.

Figura 1: Aspecto do dente 21 com preparo comprometido após


fratura e perda de coroa cerâmica.

Primeiramente, foi realizada a seleção de cor (Figura


2), seguida pela confecção da nova geometria do
preparo (com acréscimo de material restaurador e Figura 2 (A e B): Seleção de cor do dente 11 e do substrato de
desgaste) do dente 21 (Figura 3) e preparo dente 21 com auxílio de fotografia odontológica para facilitar a
comunicação com o protético na confecção das restaurações
minimamente invasivo no dente 22. Foi realizada cerâmicas.

42
Artigo de caso clínico
iK Journal; 2021 (abr); 02 (04); 40-47

Figura 3: Reconstrução com resina composta de baixa Figura 6: Espessura vestibular da coroa cerâmica (Dissilicato de
translucidez para mascaramento do substrato escurecido (Cor Lítio com cutbcak) com centro de 0,8mm.
A1D, FORMA, Ultradent) e afastamento gengival com a técnica
do fio duplo para realização de moldagem do preparo (Ultrapak,
Ultradent).

Figura 4: Molde de silicone de adição Panasil X-Light Figura 7: Vista frontal do provisório do dente 21 e do preparo
(Kettenbach, Ultradent). A moldagem foi realizada em 2 etapas: minimamente invasivo do dente 22 com controle de umidade e
(I) primeiramente individualizando a moldeira com o material isolamento modificado para cimentação.
Putty Soft; (II) e por fim inserindo o material fluido para cópia
detalhada.

Figura 5: Imagem aproximada do molde demonstrando a efetiva Figura 8: Condicionamento ácido substrato dental com ácido
cópia do preparo. fosfórico 35% (Ultra-Etch, Ultradent) por 30s em esmalte e por
15s no preparo da coroa.

43
Artigo de caso clínico
iK Journal; 2021 (abr); 02 (04); 40-47

Figura 9: Adequada tixotropia do ácido fosfórico durante o Figura 13: Fotoativação por 20s na face vestibular e 20s na face
condicionamento da superfície. palatina.

Figura 10: Aplicação do sistema adesivo universal. Figura 14: Polimento da cerâmica com espiral Jiffy para
cerâmicas (Ultradent), após refinamento do movimento de guia
anterior.

As figuras 15 e 16 representam o aspecto


imediatamente após a cimentação. Ao comparar o
inicial com o final (Figura 17), fica nítido a promoção
de estética e saúde; sendo que o resultado
proporcionou harmonia estética ao sorriso da
paciente (Figuras 18 a 20).

Figura 11: Inserção do cimento resinoso de cor opaca (Perma


Shade LC, Ultradent).

Figura 15: Vista aproximada da restauração cerâmica do dente


21 ao lado do dente 11 natural. Restauração cerâmica
Figura 12: Posicionamento do fotoativador tipo LED (Valo, confeccionada pelo técnico Rafael Stoque (Uberlândia, MG).
Ultradent).

44
Artigo de caso clínico
iK Journal; 2021 (abr); 02 (04); 40-47

Figura 16: Vista intra oral do caso finalizado. Foto realizada


imediatamente após remoção do dique de borracha.

Figura 18: Vista lateral direita final.

Figura 17: A:Situação clínica inicial. B: Situação clínica final. Figura 19: Vista lateral esquerda final.

45
Artigo de caso clínico
iK Journal; 2021 (abr); 02 (04); 40-47

Figura 20: Vista frontal final do sorriso da paciente.

Discussão:
A técnica para restauração com laminados trabalho; podendo ser utilizados em restaurações
cerâmicos pode harmonizar a cor de dentes entre 1,5 mm e 2mm de espessura dependendo da
escurecidos e reanatomizar dentes com preparo translucidez do material.17,18 A aplicação de silano,
minimamente invasivo. As cerâmicas vítreas de após o condicionamento da superfície cerâmica
dissilicato de lítio mimetizam propriedades óticas com ácido hidroflurorídrico de 8 a 10% por 20s,
do esmalte e dentina12,13, além de promoverem boa pode aumentar a resistência do agente de
adesão aos cimentos resinosos após união.2,14,19 Indica-se, também, a limpeza da peça
condicionamento ácido e silanização.12-14 Os protética com fricção de ácido fosfórico 32 a 37%
diferentes níveis de preparo, sobrextensão em com microaplicador por 60s antes da silanização
dentina para facetas convencionais7 e apenas a para remoção do precipitado de hexafluorsilicato
nível de esmalte quando minimamente invasivo2, formado.2,11

podem ressaltar certas considerações no


tratamento de superfície dentária, como: controle Vale ressaltar que essas recomendações são para
minuncioso de umidade para evitar o colabamento cerâmicas vítreas de dissilicato de lítio, não se
de fibrilas colágenas, preservação suficiente de aplicando a todas as cerâmicas disponíveis no
estrutura para promover bons resultados e mercado. Contudo, as informações presentes
longevidade da adesão.

podem ter extrema relevância para os


cirurgiões-dentistas que precisam embasar teórica
A recomendação para cimentos resinosos é que e tecnicamente suas condutas em situações
sejam usados os de ativação física (fotoativação) clínicas semelhantes ao caso relatado.
pela maior estabilidade de cor e ótimo tempo de
46
Artigo de caso clínico
iK Journal; 2021 (abr); 02 (04); 40-47
3. Goldstein RE, Garber DA, Goldstein CE, Schwartz CG, Salama MA, Gribble AR,

Conclusão: et al. Esthetic update: the changing esthetic dental practice. J Am Dent Assoc.
1994 Nov;125(11):1447-56.

4. Klages U, Bruckner A, Zentner A. Dental aesthetics, self-awareness, and oral


Restaurações cerâmicas podem conferir health-related quality of life in young adults. Eur J Orthod. 2004
harmonia estética tanto para dentes Oct;26(5):507-14.

escurecidos quanto para preparos 5. Korkut B, Yanıkoğlu F, Günday M. Direct composite laminate veneers: three
minimamente invasivos quando bem case reports. J Dent Res Dent Clin Dent Prospects. 2013;7(2):105-11.

executadas;
6. Walter RD, Raigrodski AJ. Critical appraisal: clinical considerations for
restoring mandibular incisors with porcelain laminate veneers. J Esthet Restor
Existem diferentes critérios a serem Dent. 2008;20(4):276-81.

analisados no processo reabilitador estético


com cerâmicas; 7. Soares PV, Zeola LF, Pereira FA, Milito GA, Machado AC. Reabilitação
estética do sorriso com facetas cerâmicas reforçadas por dissilicato de lítio.
ROBRAC. 2012 Oct;21(58):538-43.

Cirurgiões-dentistas devem estar preparados


para tratar essas demandas estéticas, que 8. Signore A, Kaitsas V, Tonoli A, Angiero F, Silvestrini-Biavati A, Benedicenti S.
podem gerar impactos além da perspectiva Sectional porcelain veneers for a maxillary midline diastema closure: a case
report. Quintessence Int. 2013 Mar;44(3):201-6.

de saúde biológica.
9. Higashi C, Reggiani RD, Kina S, Scopin O, Hirata R. Cerâmicas em dentes
anteriores: Parte I: indicações clínicas dos sistemas cerâmicos. Clin Int J Braz
Dent. 2006;2(1):22-31.

10. Giray FE, Duzdar L, Oksuz M, Tanboga I. Evaluation of the bond strength of
resin cements used to lute ceramics on laser-etched dentin. Photomed Laser
Surg. 2014 Jul;32(7):413-21.

11. Peumans M, Van Meerbeek B, Lambrechts P, Vanherle G. Porcelain


veneers: a review of the literature. J Dent. 2000 Mar;28(3):163-77.

12. Kina S. Cerâmicas dentárias. Rev Dental Press Estét. 2005;2(2):112-28.

13. Kelly JR, Benetti P. Ceramic materials in dentistry: historical evolution and
current practice. Aust Dent J. 2011 Jun;56 Suppl 1:84-96.

14. Soares CJ, Soares PV, Pereira JC, Fonseca RB. Surface treatment protocols
in the cementation process of ceramic and laboratory-processed composite
restorations: a literature review. J Esthet Restor Dent. 2005;17(4):224-35.

15. Cardoso MV, de Almeida Neves A, Mine A, Coutinho E, Van Landuyt K, De


Munck J, Van Meerbeek B. Current aspects on bonding effectiveness and
Autor Correspondente:
stability in adhesive dentistry. Aust Dent J. 2011 Jun;56 Suppl 1:31-44.

Paulo V Soares
16. Ozer F, Blatz MB. Self-etch and etch-and-rinse adhesive systems in clinical
paulovsoares@yahoo.com.br dentistry. Compend Contin Educ Dent. 2013 Jan;34(1):12-4.

17. Blatz MB, Sadan A, Kern M. Resin-ceramic bonding: a review of the


Referências:

literature. J Prosthet Dent. 2003 Mar;89(3):268-74.

1. Frese C, Staehle HJ, Wolff D. The assessment of dentofacial esthetics in 18. Belli R, Pelka M, Petschelt A, Lohbauer U. In vitro wear gap formation of
restorative dentistry: a review of the literature. J Am Dent Assoc. 2012 self-adhesive resin cements: a CLSM evaluation. J Dent. 2009
May;143(5):461-6.

Dec;37(12):984-93.

2. Soares PV, Spini PH, Carvalho VF, Souza PG, Gonzaga RC, Tolentino AB, et al. 19. Brum R, Mazur R, Almeida J, Borges G, Caldas D. The influence of surface
Esthetic rehabilitation with laminated ceramic veneers reinforced by lithium standardization of lithium disilicate glass ceramic on bond strength to a dual
disilicate. Quintessence Int. 2014 Feb;45(2):129-33. resin cement. Oper Dent. 2011 Sep-Oct;36(5):478-85.
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weKNOW
weknow

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weknow

Fala pessoal, tudo bem? Vamos bater um


papo de amigo(a) para amigo (a) e matar a
saudade da coluna weKnow? Aqui,
conversamos sobre conteúdos técnicos,
discutimos casos clínicos e também
respondemos algumas mensagens que
vocês nos enviam pelos diferentes canais
do iKnow.

@ceciliafreiree

O iKnow é a Odontologia se renovando. É uma


mega ideia que junta aula, curso e jornal
científico para fortalecer os dentistas.

Nome: Cecília Andréa de Andrade Barros Freire

Cidade-Estado: Natal-RN

@dra.mayaramarinho

Muita gratidão por todo esforço que tem tido


em prol da Odontologia! É realmente louvável
que cada um de vocês abra mão do tempo que
tem para entregar tanto conteúdo legal e
relevante! Parabéns e obrigada! =D (Já me sinto
uma dentista melhor e a meta é melhorar ainda
mais, ser melhor do que fui ontem!)

Nome: Mayara Terra Marinho

Cidade-Estado: Pirassununga-SP

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@lucashian

Olá, ótimo post! Realmente, concordo com vocês. Quando fazemos uso do termo “porcelana”
isoladamente, este nos remete as porcelanas de azulejos, sanitárias e chinesas. Estas
porcelanas apresentam maior teor de argila (caulim) em sua composição. Mas temos as
porcelanas feldspáticas. Porcelanas feldspáticas são as nossas conhecidas porcelanas
dentárias. Quando analisamos um diagrama ternário de fases das porcelanas, sendo a
composição principal definida por caulim, quartzo ou feldspato; teremos as porcelanas
feldspáticas odontológicas presentes. Elas são produzidas pela fusão incongruente da pedra
de feldspato e, por vezes, tem uma pequena pitada de caulim na composição. Elas são, até o
momento, um dos materiais cerâmicos mais estéticos que temos disponíveis para facetas,
inlays e onlays. A VITA Zahnfabrik (vm7, vm9, vm13...) é uma das fabricantes mais
renomadas destas porcelanas feldspáticas. Novamente, parabéns pelo post, sou um fã deste
grupo. Abraços.

Nome: Lucas Hian da Silva

Cidade-Estado: São Paulo-SP

@drsalomaoostetto

Parabéns pelo projeto. O Brasil, sendo ainda


um país de edêntulos, só teve a ganhar com
esta iniciativa.

Nome: Salomão Ostetto

Cidade-Estado: Joinville - SC

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@vários da comunidade iKnow

Cuidado com os golpes via


whatsapp e telefone!

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seus elogios, críticas, comentários e até seu caso
clínico para comentarmos aqui.

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Volume 02 Número 04 - Abril 2021

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