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INLAYS e ONLAYS

Restaurações parciais em
resinas compostas e cerâmicas

Rogério Martins de Azevedo


Porto Velho, 29 de Julho de 2017.
INLAYS E ONLAYS
✓ Quando indicar inlays e onlays ao invés de resinas diretas?

✓ Qual material usar nas restaurações indiretas: resinas compostas


ou cerâmicas?

✓ Depois de definir entre resina e porcelana, devemos pensar: que


tipo de material utilizar?

✓ Como deve ser o preparo para inlays e onlays estéticos?

✓ Quando as cúspides devem ser recobertas no preparo para inlays?

✓ Qual a melhor forma de recobrimento?


INLAYS E ONLAYS
✓ Como evitar o problema da sensibilidade após a cimentação?

✓ Como e com qual material realizar a moldagem?

✓ Como e com qual material realizar os provisórios de inlays e


onlays?

✓ Quais são as técnicas de confecção das peças de resina composta?

✓ Como pode ser o passo a passo da cimentação das inlays e onlays?

✓ O que se deve saber sobre fibras de reforço associadas a resinas


laboratoriais?
QUANDO INDICAR INLAYS E ONLAYS AO
INVÉS DE RESINAS COMPOSTAS?

Resinas diretas:
Caixas proximais com términos cervicais visíveis;
Caixas proximais com paredes laterais não muito abertas e amplas;
Dentes sem perda de cúspide.

Inlays e onlays
Todas as demais situações em que haja possibilidade de evitar coroa
total.
A máxima preservação da estrutura
dental é um dos principais objetivos
da dentística restauradora.

Goldstein, G. R., The longevity of direct and indirect posterior restorations is uncertaiin and may be
affected by a number of dentist, patient and material- related factors. J Evid Based Dent Pract. 2010.
“ ... Estabelecer um limite preciso entre a
possibilidade de indicação de uma restauração
direta ou indireta é bastante difícil, porém deve-
se lembrar que quanto maiores forem as
dimensões do preparo dental, maiores serão as
dificuldades para restaurar o dente utilizando a
técnica direta ...”

Leinfelder, K. F. Indirect posterior composite resins. Compend Contin Educ Dent. 2005.
O erro mais frequente na decisão por
técnica direta ou indireta é acreditar que
ela se encontra somente na habilidade
do profissional em restaurar uma
cavidade média ou grande de forma
direta.
QUAL MATERIAL USAR NAS
RESTAURAÇÕES INDIRETAS: RESINAS
COMPOSTAS OU CERÂMICAS?

Resinas de laboratório:
Inlays e pequenos onlays

Porcelanas:
Grandes onlays e overlays
Quando houver mais que duas cúspides
destruídas, pense na possibilidade de realizar
a restauração em cerâmica. Em overlays com
todas as cúspides envolvidas, as cerâmicas
são a escolha certa. Reserve as resinas
compostas para restaurações pouco espessas
e com perda de uma ou mais cúspides.
DEPOIS DE DEFINIR ENTRE RESINA OU
PORCELANA, DEVEMOS PENSAR: QUE
TIPO DE MATERIAL UTILIZAR?

Resinas compostas indiretas:


Sistemas com grande quantidade de carga, micro-híbridas, com formas de polimerização
com adição de calor e pressão em unidades de polimerização específicas.

Resinas compostas técnica direta/indireta:


Resinas micro-híbridas / nanohíbridas / nanoparticuladas com grande quantidade de
carga;

Cerâmicas:
Cerâmicas com reforço de leucita ou dissilicato de lítio injetáveis
As resinas indiretas de segunda geração são
resinas compostas com partículas de
cerâmicas, numa porcentagem entre 60% a
70% em volume, com média de resistência
flexural entre 120 a 160 Mpa e módulo de
elasticidade de no mínimo 8.500 Mpa.

Touati , B. The evolution of aesthetic restorative materials for inlays e onlays: a review.
Pract Periodontics Aesthetic Dent. 1996.
EVOLUÇÃO DOS SISTEMAS CERÂMICOS
PARA RESTAURAÇÕES
As primeiras porcelanas utilizadas para a
confecção de restaurações livres de metal
foram as porcelanas feldspáticas, que
tradicionalmente eram aplicadas em coroas
metalocerâmicas.
COMO DEVE SER O PREPARO PARA
INLAYS E ONLAYS ESTÉTICOS?
✓ Términos externos arredondados;
✓ Ângulos internos arredondados;
✓ Preparos expulsivos;
✓ Espessura mínima de 2,5mm em áreas de
carga (cúspides de contenção cêntrica e
fossa/crista);
✓ Paredes da caixa proximal expulsivas para
proximal.
De forma genérica, os preparos se assemelham
bastante a pistas de skate.

Hirata, R. ; Mazzetto, A. H. and Yao E. Alternativas clínicas de sistemas de resinas compostas


laboratoriais: quando e como usar. JBC – J Bras Clin Estet Odontol, 1998.
Pontas diamantadas esféricas de grande dimensão
e egg form ou ovaladas são bastante interessantes
para oferecer expulsividade. As cilíndricas e as
cônicas de extremo arredondado são úteis em
caixas proximais e oclusais e resultam em um
preparo expulsivo com ângulos internos
arredondados.
Em caixas proximais, as paredes laterais devem
estar levemente expulsivas não somente para
oclusal, mas também para proximal, podendo ser
utilizada para esta região uma ponta 3195 (cônica
afilada) .
Usualmente, em dentes tratados
endodonticamente, um preenchimento ou core
deve ser realizado e é suficiente, tendo a função
de favorecer o preparo tornando-o mais
expulsivo sem necessidade de desgastes
adicionais, além de regularizar paredes pulpares
que apresentam superfície com cavidades e
pequenas retenções.

Magne, P. Composite resins and bonded porcelain: the postamalgam era? J Calif Dent Assoc 2006.
QUANDO AS CÚSPIDES DEVEM SER
RECOBERTAS NO PREPARO PARA ONLAYS?

Quando as cúspides tiverem menos de 2mm de sua


ponta até a margem do preparo.
QUAL A MELHOR FORMA DE
RECOBRIMENTO?

Recobrimento desgastando a cúspide de forma


plana, chanfrando ou biselando os ângulos finais
em vestibular ou palatino/lingual.
A forma mais simples e direta de recobrir uma
cúspide é simplesmente diminuir a altura,
desgastando-a reto e finalizando com um bisel
(broca 3195 ou 4138) ou chanfro (esférica
grande), melhorando o acabamento da margem.
COMO EVITAR O PROBLEMA DA
SENSIBILIDADE APÓS A CIMENTAÇÃO ?
Através da realização da pré-hibridação ou do selamento
imediato dentinário, que é o tratamento da dentina
superficial recém-preparada, e tem se mostrado uma
prática muito importante para melhorar a resistência de
união dente-prótese, diminuir a sensibilidade
dentinária, proteger o complexo dentina-polpa e
diminuir a formação de fenda na interface dente-
restauração.
Magne, P. Immediate dentin sealing: a fundamental procedure for indirect bonded restorations. J
Esthet Restor Dent, 2005.
Magne, P. ; So W. S. and Cascione, D. Immediate dentin sealing supports delayed restoration
placement. J. Prosthet Dent. 2007.
Magne, P. and Nielsen B. Interactions between impression materials ans immediate dentin sealing.
J Prosthet Dent, 2009.
Um dos materiais utilizados para a realização do
selamento dentinário imediato é o Contax / DMG.

Para fornecer expulsividade nas cúspides


socavadas deve-se usar uma resina flow do tipo
Luxaflow/DMG.

O ajuste oclusal deve ser realizado com carbonos


adequados para resinas compostas ou cerâmicas
( Bausch Progress / 100 micrômetros Bausch), uma
vez que nem todo carbono marca corretamente
superfícies polidas.
COMO E COM QUAL MATERIAL
REALIZAR A MOLDAGEM?

Com silicones de adição na técnica simultânea,


normalmente com fio único, com uso de
moldeiras totais.
COMO E COM QUAL MATERIAL
REALIZAR PROVISÓRIOS DE INLAYS E ONLAYS ?

Com resinas resilientes ( Systemp inlay/onlay


(Ivoclair Vivadent) ou Clip F (VOCO)) presas ao
preparo sem cimentação, após ter sido realizado o
selamento imediato dentinário, o que deixará a
dentina protegida.
Se houver a necessidade de cimentação, um
provisório rígido deve ser realizado com resinas
acrílicas ou resinas compostas tradicionais.
QUAIS SÃO AS TÉCNICAS DE CONFECÇÃO DAS
PEÇAS DE RESINA COMPOSTA ?

Técnica indireta com resinas laboratoriais;

Técnica semidireta em consultório;

Técnica indireta com resinas para uso direto.


Na técnica indireta com resinas para uso direto,
após o preparo e moldagem, obtem-se os
modelos para confecção da peça com resinas para
uso direto, marcando-se uma segunda sessão
para cimentação da mesma.
Os passos para a confecção da peça são os
mesmos da técnica laboratorial, no entanto, são
utilizadas resinas tradicionais de consultório,
micro-híbridas ou nanopartículas (Tetric n-Ceram
dentin, esmalte cromático (para as duas
primeiras camadas) e Tetric Ceram bleach I /
Ivoclair Vivadent, para a última camada)).
As principais vantagens são a facilidade de
confecção, baixo custo, possibilidade de
execução em modelos e sobrepolimerização
em microondas em potência alta, por 4
minutos, dentro de um pote com água.

Após o uso de calor, as peças apresentam


potencialização das propriedades mecânicas e
também um aspecto de cerâmicas pós-queima
ou mesmo Isosit (resina laboratorial da Ivoclair
Vivadent que era polimerizada por pressão e
calor).
COMO PODE SER O PASSO A PASSO DA
CIMENTAÇÃO DOS INLAYS / ONLAYS ?

Prova da peça;
Isolamento do campo;
Preparo da peça;
Preparo do dente;
Escolha e aplicação do sistema adesivo;
Escolha do agente cimentante;
Cimentação propriamente dita.
PROVA DA PEÇA
Prova extraoral: Ainda no modelo de gesso,
verificar a correta adaptação da peça ao término
do preparo, a anatomia dental, o eixo de inserção
da peça e os pontos de contatos interproximais.

Prova intraoral: colocar a peça em posição, avaliar


a adaptação e ajustar pontos de contatos e oclusal.
O ajuste oclusal pode ser feito previamente a
cimentação, utilizando um cimento tipo try-in
(glicerina matizada) ou similar.
O ajuste nas proximais deve ser realizado com a
peça em posição, antes da cimentação, com o
uso de fio dental e tiras de carbono para
identificação das áreas a serem desgastadas.

O ajuste oclusal deve ser feito previamente a


cimentação, utilizando um cimento tipo try-in
(glicerina matizada) ou similar para acomodação
da peça e utilizando carbonos do tipo Bausch
Progress / 100 micrômetros ).
ISOLAMENTO DO CAMPO OPERATÓRIO
Prova extraoral: Ainda no modelo de gesso,
verificar a correta adaptação da peça ao término
do preparo, a anatomia dental, o eixo de inserção
da peça e os pontos de contatos interproximais.

Prova intraoral: colocar a peça em posição, avaliar


a adaptação e ajustar pontos de contatos e oclusal.
PREPARO DA PEÇA
Para resinas compostas faz-se o jateamento com
óxido de alumínio (Microetcher / Danville) na
superfície que entrará em contato com o cimento.
É realizada a limpeza da superfície da peça com
ácido fosfórico 30 a 37% por 10 segundos, apenas
para remover impurezas.
Para porcelanas, faz-se o condicionamento com
ácido fluorídrico 8 a 10% por 20 segundos (sistema
E-Max dissilicato de lítio / Ivoclair Vivadent) e 60
segundos demais sistemas.
PREPARO DO DENTE
Fazer a limpeza da cavidade com uma pasta à base
de clorexidina e pedra-pomes em uma escova de
Robinson.
Após esta etapa, pode-se jatear o preparo com
óxido de alumínio.

Condicionar o esmalte e a dentina com ácido


fosfórico entre 32 a 37%, por 30 e 15 segundos,
respectivamente, lavar, secar e aplicar o adesivo.
ESCOLHA E APLICAÇÃO DO SISTEMA ADESIVO
A escolha do sistema adesivo a ser utilizado recai
sobre um adesivo dual, ou seja, de dupla
polimerização, mas isto não é uma regra
obrigatória.
A preferência se deve à conformação do preparo
cavitário, onde existem áreas que nem sempre
recebem a intensidade de luz ideal para a
polimerização completa do adesivo.
ESCOLHA E APLICAÇÃO DO SISTEMA ADESIVO
Marcas comerciais:

Excite DSC (Ivoclair/Vivadent),

Optibond Solo Plus e ativador Optibond Solo Plus


Dual Core (Kerr),

Prime & Bond 2.1 e o ativado Self Cure Activator


(Dentisply)
ESCOLHA DO AGENTE CIMENTANTE

Diante dos diversos tipos de cimentos presentes no


mercado odontológico (autoativados, fotoativados
ou dual), o cimento resinoso é o mais indicado
devido às suas características de adesividade ao
substrato dental, baixa solubilidade em cavidade
bucal, espessura da película pequena, fácil
manuseio, resistência ao desgaste e longevidade
clínica.
Kramer, N.; Lohbauer, U. and Frankenberg, R. Adhesive lutting of indirect restorations. Am J Dent, 2000.
A cimentação é um dos passos mais importantes
quando se fala em reabilitação através de
restaurações indiretas, pois qualquer falha neste
passo pode comprometer a longevidade da
restauração.
Nomes comerciais de cimentos dual:

Variolink II ( Ivoclair Vivadent)


Enforce (Dentsply)
Relyx (3M ESPE)
Panavia F 2.0 ( Kuraray América)
Fill Magic Dual Cement (Vigodent)
Allcem (FGM)
Fácil limpeza
CIMENTAÇÃO PROPRIAMENTE DITA

Polimeriza-se inicialmente por 60 segundos, aplica-


se um gel hidrossolúvel ( glicerina a 20% em gel de
carbopol) em toda interface dente-restauração
para não haver contato do cimento resinoso com o
oxigênio e finalmente fotopolimeriza-se cada face
por 60 segundos.

Realiza-se o ajuste oclusal final, o acabamento e o


polimento com pontas diamantadas finas e
extrafinas, discos, borrachas e pasta de polimento.
POSSÍVEIS FALHAS RELACIONADAS AOS
CIMENTOS RESINOSOS

Falhas no posicionamento correto da peça


podem gerar um assentamento incorreto
com consequente espessura de película de
cimento aumentada e um ajuste oclusal
mais agressivo.
POSSÍVEIS FALHAS RELACIONADAS AOS
CIMENTOS RESINOSOS

✓ Utilização do material fora do tempo de


trabalho preconizado pelo fabricante.

✓ Colocação de pouco cimento na peça,


resultando em infiltração.
POSSÍVEIS FALHAS RELACIONADAS AOS
CIMENTOS RESINOSOS

✓ Polimerização deficiente por pouco tempo de


exposição ou por algum problema na fonte de
luz, sendo que a potência adequada deve ser
entre 600 a 800 mW/cm2.
POSSÍVEIS FALHAS RELACIONADAS AOS
CIMENTOS RESINOSOS
CASO CLÍNICO
SITE PARA VÍDEOS DOS PROCEDIMENTOS

www.tips-book.com

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