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Informativo da Sociedade Brasileira de Toxina Botulínica e Implantes Faciais


Vol. 2, No. 27, Abr. 2021 ISSN 2675-9489

LIPOLASTIA FACIAL
MECÂNICA
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LIPOLASTIA FACIAL MECÂNICA

CONSIDERAÇÕES RELEVANTES

Desde seu advento na década de 1970, a lipoaspiração se popularizou tornando-se a cirurgia


cosmética mais realizada no mundo.

Em 1987, com a descrição da técnica tumescente por Jeffrey Klein, o procedimento revolucionou seu
campo.

A descrição da técnica de infusão salina associada a anestésico no tecido subcutâneo, como única
forma de anestesia, até que se atingisse o estado de tumescência, foi um marco para a cirurgia(1).

O sucesso desta técnica na região abdominal fez com que os cirurgiões reproduzissem seus benefícios
em outros locais de acúmulo de tecido adiposo.

Desta maneira, a Lipoaspiração cervical tornou-se uma cirurgia de rotina nos consultórios médicos e, a
partir do artigo 3º da resolução 198/2019, também nos odontológicos(2).

As marcas registradas de uma face e um pescoço atraentes são bem conhecidas.

Características como uma linha da mandíbula bem definida e separação distinta da mandíbula e do
pescoço são reconhecidas como atributos de quem procura um pescoço estético.

Tradicionalmente, as opções cirúrgicas e não cirúrgicas incluem lipoaspiração, colocação de implantes


aloplásticos no mento, uso de preenchimentos dérmicos, lipoplastia química e cervicoplastia.

Cada opção tem suas próprias vantagens inerentes e desvantagens potenciais (2,3,4 ,5).
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PROCESSO DE ENVELHECIMENTO

O processo de envelhecimento é multifatorial.

Vários elementos coexistem, causando a descrição clássica de envelhecimento da região facial e do


pescoço.

Fatores internos e externos, como genética, exposição ao meio ambiente, tabagismo, falta de suporte
esquelético básico adequado (ou seja, microgenia), deflação de gordura e ptose dérmica / muscular
participam desse processo. Na região anterior do pescoço, o acúmulo de gordura submentual e a ptose
do músculo platisma contribuem bastante para a insatisfação do paciente (3,4).

GORDURA SUBMENTUAL

A lipomatose, ou acúmulo de gordura, depende de vários fatores, como sexo e hábitos.

Nos homens, pode ocorrer acúmulo significativo de gordura ao redor das áreas abdominais central e
lateral, enquanto nas mulheres as coxas laterais e mediais, bem como a parte superior das costas,
tendem a ser afetadas.

Na região anterior do pescoço, a lipomatose pode ocorrer em duas regiões gerais: supraplatismal e
subplatismal.

A gordura supraplatismal é a gordura superficial apenas profunda em relação aos tecidos subcutâneos
do pescoço, mas superficial ao platisma.

A gordura Subplatismal, por outro lado, é considerada uma gordura profunda e é localizada atrás do
platisma e apenas superficial aos ventres anteriores dos músculos digástricos.

A lipossucção da região submentual envolve a remoção da gordura supraplatismal. Embora ninguém


possa identificar o volume exato de gordura na região anterior do pescoço, é geralmente não mais do
que 10 a 15 ml com base nos achados da literatura6,7.
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A lipomatose, ou acúmulo de gordura, depende de vários fatores, como sexo e hábitos.

Nos homens, pode ocorrer acúmulo significativo de gordura ao redor das áreas abdominais central e
lateral, enquanto nas mulheres as coxas laterais e mediais, bem como a parte superior das costas,
tendem a ser afetadas.

Na região anterior do pescoço, a lipomatose pode ocorrer em duas regiões gerais: supraplatismal e
subplatismal. A gordura supraplatismal é a gordura superficial apenas profunda em relação aos tecidos
subcutâneos do pescoço, mas superficial ao platisma.

A gordura Subplatismal, por outro lado, é considerada uma gordura profunda e é localizada atrás do
platisma e apenas superficial aos ventres anteriores dos músculos digástricos. A lipossucção da região
submentual envolve a remoção da gordura supraplatismal. Embora ninguém possa identificar o volume
exato de gordura na região anterior do pescoço, é geralmente não mais do que 10 a 15 ml com base
nos achados da literatura6,7.

PELE SUBMENTUAL DO PESCOÇO

O tom e a flacidez da pele submentual, semelhantes a todas as outras áreas do corpo, estão
diretamente relacionados à idade do paciente. À medida que o processo de envelhecimento avança, a
concentração de fibras de colágeno e elastina diminui na derme papilar e reticular. Isso leva à flacidez
da pele subjacente.

Esse fato é agravado pela presença de lipomatose submentual e ptose platismal. Por esse motivo,
torna- se essencial uma avaliação prévia do grau de flacidez cervical antes da indicação de uma
lipoaspiração (3,4).

A aparência da região central do pescoço, bem como a flacidez e o tônus da pele devem ser avaliados. A
idade do paciente claramente terá um impacto neste fator, pois pacientes mais jovens tendem a ter um
tônus de pele mais “firme” e elástico. Esta é uma consideração importante quando se está
contemplando a lipoaspiração da região anterior do pescoço. Pacientes mais velhos com flacidez
moderada, linhas da mandíbula mal definidas irão, provavelmente, se beneficiar mais de uma
ritidectomia cervicofacial do que de uma lipoaspiração (4,7).
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TÉCNICA

Preparo prévio

A lipoaspiração é uma técnica muito utilizada na medicina para remoção de gordura ̈localizada ̈,
portanto, precisamos estar cientes que, pacientes com obesidade de moderada a grave, não são
candidatos a essa técnica. Além disso, pacientes com excesso de flacidez, como dito anteriormente,
também não se enquadram (2).

Consequentemente, o planejamento se inicia com a avaliação do grau de obesidade do paciente.


Indivíduos com Índice de massa corporal acima de 35 não devem submeter-se a esse procedimento.
Outra avaliação necessária é a da flacidez cervical. Testes como o de Illouz e a avaliação do paciente
quanto a classificação de Monasebian, auxiliam no correto planejamento do caso (Figura 1).

FIGURA 1- Avaliação do grau de elasticidade da pele.


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TÉCNICA

Após a correta seleção do paciente, deve-se realizar uma criteriosa anamnese, solicitação de exames
complementares e preenchimento do termo de consentimento.

Em seguida, o protocolo fotográfico, a avaliação da quantidade de gordura através de um adipômetro


(Figura 2), a higiene da região com clorexidina 2% e a marcação da área a ser aspirada com caneta
dermatológica estéril. Essa marcação deve respeitar os limites de segurança compreendidos entre a
base da mandíbula e o osso hióde(5).

FIGURA 2- Avaliação do tecido adiposo


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TÉCNICA CIRÚRGICA

É possível realizar apenas um acesso pela região central submentual ou associar à dois acessos na
região próxima ao ângulo mandibular bilateral, caso seja necessário lipoaspirar também a região lateral
do pescoço. Após a incisão, é realizada a anestesia tumescente da região a ser aspirada. Borges et al.
(2011) relataram o uso de uma média de 200ml da solução na região submentual, mas a quantidade de
líquido e a proporção deles pode variar muito de cirurgião para cirurgião.

O importante é utilizar uma solução contendo


anestésico, vasoconstritor, soro fisiológico e um
alcalinizante, em geral, bicarbonato de sódio
que minimiza a dor causada pela dispersão
inicial da lidocaína no tecido subcutâneo(7,8).

Após a anestesia tumescente realiza-se a


divulsão do tecido adiposo com cânulas e em
seguida, a lipoaspiração.

Terminado o procedimento cirúrgico e tão


importante quanto, seguem-se com os
cuidados pós-operatórios. Sugere-se utilizar
uma faixa compressiva por 72h e em seguida,
12h diárias nos próximos 20 dias (Figura 3).

Após o terceiro dia, em média, o paciente deverá


ser submetido a sessões de drenagem
pós-operatória realizada por um profissional
devidamente habilitado.

FIGURA 3 – Faixa compressiva.


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Nas figuras 4 e 5 observamos um caso de lipoaspiração utilizando os três acessos em uma paciente
jovem, sem flacidez e sem obesidade excessiva

FIGURA 4 – Antes da lipoaspiração e pós-imediato

FIGURA 5 – Pós-operatório de um mês


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COMPLICAÇÕES

Com a seleção de paciente adequada e técnicas minimamente traumáticas, muitas complicações


podem ser evitadas. A lipoaspiração excessivamente agressiva pode levar a seromas e a fibrose. A
infecção é extremamente incomum (<1% de incidência), e pode ser evitada por uma combinação de
técnica estéril, pequenas incisões e uma correta antibioticoterapia.

A complicação pós-operatória mais comum são irregularidades de contorno, com uma incidência de
2,7%. Isso pode ser causado por remoção não uniforme do tecido adiposo ou por fibrose pós-
operatória (Figura 6). Usar cânulas pequenas, não realizar lipoaspiração muito superficial (derme),
desligar a sucção na saída das incisões, analisar constantemente as áreas (visuais e táteis) e o
posicionamento adequado da cânula no tecido subcutâneo podem ajudar a reduzir a chance de
irregularidades no contorno.

FIGURA 6 – Fibrose
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COMPLICAÇÕES

A remoção não adequada da quantidade ideal de gordura pode ser corrigida com uma nova
intervenção cirúrgica. Já a fibrose pode ser evitada com uma técnica apurada e com a drenagem
linfática contínua pós-operatória. Muitos casos de fibrose após o procedimento podem ser tratados
com sessões de ultrassom alternadas com mais sessões de drenagem. Condições de pele relativamente
infrequentes, como hiperpigmentação, necrose e eritema também podem ser vistas. Doença do tecido
conjuntivo subjacente, tabagismo e lipoaspiração superficial agressiva podem contribuir para essas
complicações.

Complicações vasculares (Figura 7) e motoras são mais raras e refletem o posicionamento inadequado
(profundo) da cânula durante a sucção.

FIGURA 7 – Hemorragia pós- operatória


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Referências

1-Collins PS, Moyer KE. Evidence-Based Practice in Liposuction.


Ann Plast Surg. 2018 Jun;80(6S Suppl 6):S403-S405.

2-Alamoudi U, Taylor B, MacKay C, Rigby MH, Hart R, Trites JRB, Taylor


SM. Submental liposuction for the management of lymphedema following head and neck cancer treatment: a randomized
controlled trial. J Otolaryngol Head Neck Surg. 2018 Mar 26;47(1):22.

3-Fattahi T. Submental liposuction versus formal cervicoplasty: which one to choose? J Oral Maxillofac Surg. 2012
Dec;70(12):2854-8.

4-Newman J, Dolsky RL, Mai ST. Submental liposuction extraction with hard chin augmentation. Arch Otolaryngol. 1984
Jul;110(7):454-7.

5-Ziccardi VB. Adjunctive cervicofacial liposuction. Atlas Oral Maxillofac Surg Clin North Am. 2000 Sep;8(2):81-97.

6-Kovacs B, Smith RG, Cesteleyn L, Claeys T. Submental liposuction in maxillo-facial surgery. Acta Stomatol Belg. 1992
Mar;89(1):37-45.

7-Jacob CI, Berkes BJ, Kaminer MS. Liposuction and surgical recontouring of the neck: a retrospective analysis. Dermatol Surg.
2000 Jul;26(7):625-32.

8-Borges J, Cotrim CMMP, Dacier B Segurança em lipoaspiração usando a anestesia local tumescente: relato de 1.107 casos no
período de 1998 a 2004. Surg Cosmet Dermatol 2011;3(2):117-21.

CRÉDITOS:

Dr. Rogerio Romeiro


Dentista.
Especialista em CTBMF.
Especialista, Mestre e Doutor em Implantodontia.
Doutor em Biopatologia.
Pós-doutor em Periodontia e Engenharia
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